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Certificação de Empresa de Transporte Aéreo – RBAC 119/121/135

MÓDULO 3

CERTIFICAÇÃO DE EMPRESAS PARA OPERAÇÃO SOB AS REGRAS DO RBAC 121

UNIDADE 6 - ANÁLISE DE DOCUMENTAÇÃO E MANUAIS

OBJETIVOS

Ao final deste Módulo/Unidade, você deverá ser capaz de:

 descrever toda a documentação aplicável no processo de certificação de empresa de


transporte aéreo segundo RBAC 121 na área de competência da Superintendencia de
Aeronavegabilidade;

 reconhecer os normativos, políticas e critérios existentes para a correta avaliação dos


documentos de uma empresa requerendo a certificação segundo RBAC 121.

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Neste módulo vamos acrescentar as informações sobre o processo de certificação de


empresas de transporte aéreo segundo o RBAC 121. Poderemos observar que há várias
similaridades com o processo de certificação segundo RBAC 135. Começaremos o módulo
com uma unidade falando sobre a avaliação dos documentos e manuais. Boa aula!

A Fase 3 da certificação abrange a análise de todo material recebido pela ANAC; o


Pacote de Solicitação Formal (PSF) de empresa em certificação segundo o RBAC 121 agrega
o sistema de manuais da empresa previsto na seção 121.133, sendo que dentro da
competência da SAR estão:

PUBLICAÇÃO REQUERIDA REQUISITO AUTORIZAÇÃO


1. Manual Geral de Manutenção RBAC 121.135 Aceitação
RBAC 121.369
2. Programa de Manutenção RBAC 121.367 Aprovação
3. Programa de Treinamento de Manutenção RBAC 121.375 Aprovação
4. Manual do Sistema de Análise e Supervisão RBAC 121.373 Aceitação
Continuada
5. Programa de Confiabilidade Apêndice P do RBAC 121 Aprovação
RBAC 121.369(b)(12)
OBS: Lembramos que a Lista de Equipamentos Mínimos (MEL) faz parte do PSF é uma publicação de
competência da Superitendência de Padrões Operacionais (SPO) com a participação da SAR na sua avaliação.

Podemos destacar que, apesar de haver diferenças inerentes aos equipamentos e tipo
de operação da empresa em certificação segundo RBAC 121, não há um ponto de distinção
destacado dentro do RBAC 121 quanto a requisitos adicionais que impactariam no conteúdo
do PSF, como vemos no RBAC 135.

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Vamos então tratar dos manuais individualmente:

 Manual Geral de Manutenção (MGM):

É o principal manual envolvendo o controle


administrativo das atividades do pessoal de manutenção e
de suporte à manutenção, definindo procedimentos e
responsabilidade sobre as atividades de manutenção
própria e/ou contratada. É um dos documentos comuns às
certificações segundo RBAC 121 ou 135.

O conteúdo do manual pode variar bastante em


função do porte da empresa, tamanho da frota,
disponibilidade de recursos de apoio, outras certificações da
empresa, além das características operacionais (transporte de carga ou passageiro, operação
doméstica ou operação internacional, etc).

De forma geral, a ANAC recomenda que a empresa requerente produza seus manuais
e programas com atenção ao público alvo da manuteção, visando responder as seguintes
perguntas: Quem? O quê? Como? Quando? Onde? Por quê?

A IS 145-009 provê na seção 5.2.7.7 instruções gerais para elaboração de


procedimentos independente do tipo de manual que esteja sendo preparado e pode ser usado
como referência na elaboração do MGM. Quanto a documentos de cunho interno, o
MPR/SAR-142 apresenta a descrição do processo de análise do MGM pelo pessoal da ANAC.

 Programa de Manutenção Aprovado (PMA)

As aeronaves de empresas certificadas segundo RBAC 121 obrigatoriamente devem


ser mantidas utilizando o programa de inspeções aprovado pela ANAC independente da
aeronave ou tipo de operação pretendido.

O Programa de Manutenção Aprovado tem sua estrutura definida na IS 120-001


indistintamente do fato da aeronave estar sendo mantida sob as regras do RBAC 121 ou 135.
Um ponto particular para as aeronaves mantidas sob as regras do RBAC 121 é o Plano de
Implementação do Operador (PIO) para atendimento à seção 121.1109, visando garantir que
os operadores incluam as inspeções de tolerância ao dano dos reparos e modificações

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(Damage Tolerance Inspections – DTI) no programa de manutenção das aeronaves - PMA.


De cunho interno, o MPR/SAR-142 apresenta a descrição do processo de análise do PMA
pelo pessoal da ANAC.

 Programa de Treinamento de Manutenção (PTM)

De forma similiar ao descrito na certificação de empresa segundo RBAC 135, o PTM


deve ser elaborado considerando os níveis de manutenção pretendido em todas as bases de
manutenção da empresa, identificar claramente os níveis de habilidade requerido cada
posição na organização e ser adequado às funções designadas ao pessoal da empresa,
contendo treinamentos iniciais, periódicos e especiais. Também deve abordar sobre os tipos
de entrega do treinamento em si (presencial, e-learning, etc) e critérios para contratação de
treinamentos externos; também pode ser aceito sua utilização para atendimento às
certificações RBAC 121/145 simultaneamente.

A instrução que a ANAC fornece ao público


externo para a elaboração do PTM é também a IS 145-
010 (voltada para empresas certificadas segundo RBAC
145); considerando a aplicabilidade do requisito
121.363 para empresa certificadas segundo RBAC 121
que possuem manutenção própria, os operadores podem usá-la como referência e também
devem considerar critérios específicos relativos às operações especiais (PBN, RVSM,
ETOPS, etc). De cunho interno, o MPR/SAR-142 apresenta a descrição do processo de
análise do PTM pelo pessoal da ANAC.

Para um operador certificado segundo RBAC 121 há a obrigatoriedade da preparação


do programa de treinamento de manutenção independente da empresa possuir manutenção
própria ou terceirizada.

No caso da empresa não possuir manutenção própria, o PTM descreverá a


qualificação do pessoal de manutenção que as empresas terceirizadas precisarão atender
para manter as aeronaves da empresa contratante.

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 Manual do Sistema de Análise e Supervisão Continuada (SASC)

Da mesma forma como apresentado no módulo sobre a certificação segundo RBAC


135, o SASC em uma empresa certificada RBAC 121 também deve prever como uma
empresa monitora os programas de manutenção e inspeção de forma a contemplar os
requisitos da ANAC e as recomendações do fabricante.

Devido a maior complexidade e volume de trabalho


que a gestão da manutenção de um operador certificado
segundo RBAC 121 usualmente enfrenta, verificações
mais abrangentes, sistema de apoio mais robustos
(softwares para controle de atividades como auditorias
internas e externas, por exemplo) são comumente
implantado nessas empresas. É esperado que os
procedimentos de utilização dos possíveis sistemas
estejam bem definidos bem como as responsabilidades por cada atividade desempenhada.

Deve ser notado que a seção 121.373 estabelece a obrigatoriedade do SASC para
qualquer operador certificado segundo RBAC 121.

Após a revogação da IS 120-079, tem sido aceito a utilização por referência da AC


120-79 do FAA para o desenvolvimento do SASC para operadores certificados segundo
RBAC 121. De cunho interno, o MPR/SAR-142 apresenta a descrição do processo de análise
do SASC pelo pessoal da ANAC.

 Programa de Confiabilidade

O programa de confiabilidade é utilizado como parte integrante do programa de


manutenção aprovado para as aeronaves da empresa. Essencialmente baseado em
tratamento estatístico das ocorrências e reportes de panes realizados pela manutenção e
tripulação, incluindo um tratamento crítico dos resultados, deve guiar ações para
aprimoramento dos programas de manutenção. Analogamente à certificação segundo RBAC
135, os dados e conclusões obtidas pelo programa de confiabilidade integram as ações
previstas no SASC de uma empresa.

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Um operador certificado segundo RBAC 121 deve implantar um programa de


confiabilidade como parte de um SASC implantado (atendendo aos critérios de aplicabilidade
específicos do SASC), com acréscimo de detalhes para o desempenho dos motores, caso a
empresa deseje utilizar a aeronave para operações ETOPS, em conformidade com as seções
121.162 e 121.374, além do Apêndice P do RBAC 121.

Uma vez que não há IS específica em vigor atualmente sobre o tema, tem sido aceito
a utilização por referência da AC 120-17 do FAA para o desenvolvimento do programa. Há
também documentos emitidos pelos fabricantes que descrevem metodologias recomendadas,
além de oferta de softwares dedicados e de serviços de análises de resultados obtidos através
de contratos de terceirização. De cunho interno, o MPR/SAR-142 apresenta a descrição do
processo de análise do programa de confiabilidade pelo pessoal da ANAC.

 Outros manuais do PSF

Além dos manuais citados, devido ao perfil operacional da empresa, podem ser
acrescentados outras publicações ou documentos para análise pela ANAC.

a) Lista de Equipamentos Mínimos (MEL) – em conformidade com a seção


121.628, O operador deverá incluir em seu sistema de manuais uma MEL para
cada tipo de aeronave que possua uma MMEL publicada. A IAC 3507 descreve o
meio aceitável para preparação da MEL também aos operadores em certificação
segundo RBAC 121; considerando que a análise da MEL ocorre de forma conjunta,
a SAR possui o MPR/SAR-142 para a descrição do processo de análise.
b) Programa de Itens Não Essenciais (NEF) – Em adição à MEL, a empresa pode
apresentar uma lista de itens que, se inoperantes, danificados, ou faltantes, não
tem efeito na habilidade da aeronave ser operada com segurança em todas as
condições de voo, chamados itens NEF; em adição, deve apresentar
procedimentos de controle e gerenciamento da despachabilidade desses itens. A
IS 118-001 descreve o meio aceitável para preparação do Programa NEF; na SAR
temos o formulário F-900-80 com a descrição dos itens de avaliação do programa,
além de considerar como referência o capítulo 4 da ORDER 8900.1 do FAA.

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c) Programa de Antigelo/degelo –Caso a


empresa deseje operar em regiões de formação
de gelo, deve submeter à ANAC um programa
descrevendo o processo de aplicação e critérios
de treinamentos associados às ações de degelo
e antigelo no solo para suas aeronaves utilizando
pessoal próprio ou terceirizado. A IS 119-005 descreve o meio aceitável para
preparação da programa; internamente o MPR/SAR-142 apresenta a descrição do
processo de análise.
d) Manuais de Manutenção para operações especiais (ETOPS, PBN, RVSM, CAT
II/III, etc) – Devido a pretensão de alguma operação considerada “especial”,
manuais adicionais descreverão procedimentos específicos de despachabilidade,
critérios de treinamento para pessoal envolvido, identificação de itens críticos à
operação e da confirmação de completa abrangência de tarefas de manutenção
para os sistemas envolvidos na operação. As operações especiais possuem
instruções específicas publicadas em várias instruções Suplementares da ANAC,
tais como IAC 3501, IS 91-001, IS 91-005, etc.

Além dos manuais que comporão o sistema de manuais da empresa em certificação,


existem documentos que serão juntados ao PSF visando sua avaliação pela ANAC. Limitando
aos assuntos que a SAR participa da avaliação, podemos citar os seguintes:

I. Cadastramento de Pessoal de Administração requerido - Diretor de


Manutenção e Inspetor Chefe

A seção 119.65 estabelece que uma empresa certificada segundo RBAC 121 deve
possuir um profissional indicado para a função de Diretor ou Gerente de Manutenção e um
profissional para posição de Inspetor Chefe. A empresa deve submeter à ANAC os
documentos listados na IS 119-001. Há limitações importantes nos critérios de acúmulo de
responsabilidade de direção em mais de uma empresa. o MPR/SAR-144 apresenta a
descrição do processo de análise do currículo e critérios para aceitação do profissional
indicado.

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II. Capacidade de Execução de Manutenção Própria

Uma empresa que visa obter certificação


segundo RBAC 121 pode solicitar que também seja
autorizada a manter suas aeronaves; entretanto, os
parágrafos 43.3(f) e 43.7(e) do RBAC 43 determina que
o nível de manutenção que pode ser autorizado dentro
da cetificação RBAC 121 é até a complexidade da manutenção de linha.

A documentação que deve ser apresentada para obtenção da autorização de


execução de manutenção está descrita na IS 119-001; internamente o MPR/SAR-144
apresenta a descrição do processo de análise da documentação recebida.

Chegamos então ao fim dessa unidade. Na próxima unidade, conheceremos os


detalhes envolvendo a fase de demonstrações sobre as certificação segundo RBAC 121 na
área de competência da Superintendência de Aeronavegabilidade.

Até lá.

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Fontes:

Agência Nacional de Aviação Civil. Assuntos > Legislação > Acervo Normativo.
Disponível em: <http://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao> Acesso em: 27 de abril de 2018.
Scottish Refugee Council. Training. Disponível em:
<http://www.scottishrefugeecouncil.org.uk/what_we_do/training> Acesso em: 27 de abril de
2018.
Multipress. Página Inicial. Disponível em: <http://www.multipres.com.br/> Acesso em:
27 de abril de 2018.
Scottish Refugee Council. Training. Disponível em:
<http://www.scottishrefugeecouncil.org.uk/what_we_do/training> Acesso em: 27 de abril de
2018.
Aeroclube de Campinas. OS NÚMEROS PINTADOS NAS PISTAS DE POUSO E A
FAIXA DE PEDESTRE. Disponível em:
<http://aeroclubedecampinas.com.br/category/seguranca/page/2/> Acesso em: 27 de abril de
2018.
SILVA, C.T.. Processos de Aeronavegabilidade Continuada: Sistema de manuais
de empresa de táxi aéreo. In: SAERTEC, 2017, Porto Alegre.

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