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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Física Armando Dias Tavares


Departamento de Eletrônica Quântica

Ana Paula Mattos Costa – Matrícula: 201610004714


Eletricidade e Magnetismo IA (Laboratório) – Professor: Armando

Experimento II – Polarização de Dielétricos e Linhas de Campo Elétrico

A. Objetivo

Verificação da diferença entre os campos elétricos criados por separação de cargas e polarização
mediante observação do comportamento no condutor e no dielétrico. Observação de linhas de força
criadas por configurações de cargas conhecidas.

B. Introdução

No experimento I, falou-se sobre a eletrização por indução em um condutor, onde observa-se a


separação de cargas quando da proximidade de um bastão carregado no eletroscópio. A eletrização
também pode ser induzida em materiais dielétricos (isolantes), porém, com a ausência de elétrons
de condução nesse tipo de material (diferentemente dos condutores), o que se observa é uma
deformação da nuvem eletrônica dos átomos (ou moléculas), tornando-os mais positivos ou
negativos de um lado do que do outro, formando um dipolo elétrico. A esse fenômeno dá-se o nome
de polarização elétrica.

Figura 1: Polarização em um dielétrico.

Analogamente ao campo gravitacional que envolve um planeta, existe um campo de força em


torno de corpos carregados eletricamente que influencia outros corpos eletrizados que não estão em
contato mútuo. A esse campo de força chamamos de campo elétrico.

O campo elétrico é um campo vetorial (possui módulo, direção e sentido) tridimensional definido
por 𝐸⃗ = 𝐹⁄𝑞, onde 𝐹 é o vetor força elétrica e 𝑞 é a carga de um corpo que sofre a influência dessa
força elétrica exercida por um objeto carregado eletricamente. Ele pode ser representado
geometricamente por linhas de força elétrica que, por convenção, apontam para fora de um corpo
positivamente carregado e para dentro no caso de um corpo com carga negativa.

Experimento II – Polarização de Dielétricos e Linhas de Campo Elétrico (2017.1)


Figura 2: Algumas configurações de campo elétrico.

O princípio da superposição diz que a resultante das forças elétricas em um determinado ponto
do espaço é igual à soma vetorial das forças exercidas individualmente por cada corpo ou partícula.
O mesmo princípio se aplica ao campo elétrico. Usando-se uma carga de prova 𝑞0 no ponto onde
deseja-se determinar o campo elétrico resultante, tem-se que:

𝐹01 𝐹02 𝐹0𝑛


𝐸⃗ = + + ⋯+ = 𝐸⃗1 + 𝐸⃗2 + ⋯ + 𝐸⃗𝑛
𝑞0 𝑞0 𝑞0

C. Material Utilizado

1ª Parte

1. Eletroscópio
2. Bastão de acrílico
3. Papel
4. Placa isolante

2ª Parte
1. Mini-cubas
2. Anteparo de retroprojetor
3. Retroprojetor
4. Cabos elétricos
5. Fonte de corrente contínua
6. Óleo
7. Farinha de mandioca
8. Eletrodos de várias formas

D. Procedimento Experimental

1ª Parte

1. Atritou-se vigorosamente o bastão de acrílico com um papel, carregando-o.


2. Aproximou-se o bastão carregado da placa do eletroscópio. Tocou-se a placa com o dedo,
afastando-o logo e, em seguida, afastou-se o bastão.
3. Descarregou-se o bastão. O executor do experimento certificou-se de que estava
descarregado tocando em algum objeto de metal no laboratório.

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4. Conectou-se a placa de outro eletroscópio à extremidade do bastão e aproximou-se e
afastou-se essa placa à do eletroscópio carregado repetidamente sem tocá-las.
5. Repetiu-se o procedimento anterior com uma placa isolante.

2ª Parte

1. Verificou-se a formação das linhas de campo elétrico para 7 arranjos de eletrodos com
diferentes geometrias:
a) Carga pontual
b) Dipolo elétrico
c) Carga pontual no centro do anel com carga oposta
d) Anéis concêntricos com cargas opostas
e) Condutor retilíneo carregado
f) Condutor retilíneo carregado com carga pontual e polaridades opostas
g) Condutores retilíneos paralelos com cargas opostas

OBS.: Procedimento executado pelo professor com a utilização de um retroprojetor, mini-


cubas para comportar o meio (óleo) e as partículas (farinha) sob alta tensão.

E. Resultados Experimentais

1ª Parte

Nessa parte do experimento, observou-se a indução eletrostática, isto é, a separação de


cargas no eletroscópio induzida pela aproximação do bastão carregado. Ao tocar a placa do
eletroscópio com o dedo, as cargas que estavam em desequilíbrio foram neutralizadas através do
fluxo de elétrons entre eletroscópio e Terra. Afastando-se o bastão, o eletroscópio voltou a um estado
de desequilíbrio, ficando carregado opostamente ao bastão e levando a uma deflexão do ponteiro
em relação à haste.

Ao aproximar a placa metálica do outro eletroscópio à placa do que está carregado, nada foi
observado uma vez que o campo elétrico é muito fraco. No entanto, a deflexão deveria ter diminuído
um pouco devido à influência do campo elétrico da placa carregada sobre a outra placa condutora,
provocando uma separação das cargas desta (indução).

Fazendo o mesmo com a placa isolante, obtém-se o mesmo resultado. Uma deflexão quase
imperceptível causada pela influência do campo elétrico do eletroscópio sobre a placa isolante
levando à polarização de suas cargas.

2ª Parte

A farinha, como um dielétrico, sofre polarização de suas cargas. Foi observado, então, nessa
parte, o alinhamento da farinha ao longo das linhas de força do campo elétrico gerado pelos
eletrodos.

a) Carga pontual: observou-se o aspecto radial das linhas de força, mais afastadas à medida
que se afastam da carga.

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Figura 3: Linhas de força de uma carga pontual (a) positiva e (b) negativa.

b) Dipolo elétrico: observou-se uma maior densidade de linhas de força entre as cargas opostas.

Figura 4: Linhas de força de um dipolo elétrico.

c) Carga pontual no centro do anel com carga oposta: observou-se a presença de campo elétrico
dentro e fora do anel, sendo a densidade de linhas de força maior dentro do anel.
d) Anéis concêntricos com cargas opostas: observou-se a presença de campo elétrico intenso
entre os dois anéis e algumas poucas linhas de força externas ao anel maior; já na região
interna do anel menor, não foram notadas linhas de força.
e) Condutor retilíneo carregado: observou-se linhas de força no entorno do condutor, análogas
às observadas para a carga pontual.
f) Condutor retilíneo carregado com carga pontual e polaridades opostas: configuração análoga
ao item (b), porém com um condutor retilíneo substituindo uma carga pontual; observou-se
maior densidade de linhas de força entre o condutor e a carga pontual, formando um campo
elétrico homogêneo, já que as cargas têm mesma intensidade e apenas sinais opostos.
g) Condutores retilíneos paralelos com cargas opostas: configuração também análoga à do item
(b), onde observou-se maior densidade de linhas de força entre os condutores e o chamado
efeito de borda.

F. Conclusão

Na 1ª parte do experimento, se tivesse sido possível visualizar bem o que deveria acontecer,
ver-se-ia a influência do campo elétrico sobre uma carga.

Na 2ª parte, foi possível observar que as linhas de força de um campo elétrico dependem da
configuração e dos tipos de cargas (positiva ou negativa), bem como da geometria e da distância
entre os eletrodos.

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G. Questionário
1. Por que, já que a quantidade de cargas sobre o eletroscópio não se altera com a aproximação
de uma placa, a indicação do eletroscópio varia quando isso acontece?
A indicação do eletroscópio varia devido à indução, no caso da placa metálica, e à
polarização, no caso da placa isolante. Em ambos os casos, a carga em excesso no
eletroscópio carregado tende a atrair para perto de si a carga oposta que está em equilíbrio
nas placas que são aproximadas dele, mas não há transferência de carga.

2. Baseado na resposta anterior, além do tradicional, que outras considerações de caráter


geométrico devem ser feitas na definição de campo elétrico?
A geometria do corpo carregado determina a intensidade do campo elétrico em determinado
ponto.

3. Qual a diferença relevante entre as situações das cargas nas placas da 1ª parte da
experiência?
Foram utilizadas duas placas sendo uma condutora e uma isolante. Na placa condutora, tem-
se o fenômeno de indução, ou seja, os elétrons livres se separam da carga positiva ficando a
carga oposta à do eletroscópio carregado mais próxima deste. Já na placa isolante, que não
possui elétrons livres, ocorre a polarização, deformando os átomos e transformando-os em
dipolos elétricos, de maneira que a carga oposta fique mais próxima à carga em excesso do
eletroscópio.

4. Que relação guardam as intensidades do campo elétrico numa dada região antes e depois
de nela inserirmos um dielétrico? Explique.
A intensidade do campo elétrico aumenta ao inserirmos um dielétrico numa dada região
devido à sua polarização. A densidade de linhas de força tende a aumentar entre a carga que
gera o campo elétrico e o dielétrico.

5. Na segunda parte da experiência, os grãos de farinha conseguem ficar em equilíbrio, apesar


do campo elétrico externo causado pelas cargas sobre os eletrodos. Como isto é possível?
Da sua explicação é possível justificar a maior ou menor concentração de grãos?
O equilíbrio é possível devido à polarização que faz com os grãos da farinha se alinhem
devido à formação de dipolos elétricos. A maior concentração de grãos se encontra mais
próxima aos eletrodos, onde o campo elétrico é mais intenso, diminuindo com a distância aos
eletrodos, conforme a intensidade do campo vai se reduzindo.

6. Seria possível realizar a experiência com cargas pontuais ao invés dos dipolos em que os
grãos de farinha se tornam, por ação do campo elétrico criado pelas cargas sobre os
eletrodos? Como funcionam os grãos?
O procedimento (a) da 2ª parte utiliza uma carga pontual e mostra o caráter radial das linhas
de força de campo elétrico através da polarização dos grãos de farinha que funcionam como
dielétricos, conforme mencionado nos resultados experimentais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HALLIDAY, D., RESNICK, R., WALKER, J. Fundamentos de Física – Vol. 3. 10ª Ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2016.
HEWITT, Paul G. Física Conceitual. 11ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.

JABORANDI, Francisco. Condutores e Isolantes. Publicado em 20 de abril de 2008.


<http://eletricidadejaborandi.blogspot.com.br/2008/04/condutores-e-isolantes.html>. Acesso em 10
de setembro de 2017.
NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de Física Básica 3 – Eletromagnetismo. 1ª Ed. São Paulo:
Edgard Blücher, 1997.
SILVA, José Carlos Xavier da, et al. Física Experimental – Laboratório de Eletricidade e
Magnetismo (UERJ). 1ª Ed. Rio de Janeiro, 2002.

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