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A amamentação

Técnica da amamentação – o que mais cai em prova

- O leite é produzido nos alvéolos mamários, que são sensíveis à


ação da prolactina. Ao redor de cada alvéolo mamário, tem-se
uma camada fina de células musculares mioepiteliais que são
sensíveis à ação da ocitocina.
- Após o alvéolo mamário, o leite segue para os ductos lactíferos,
que são canalículos que se juntam nos seios lactíferos. Estes,
situados sob a aréola.
- Quanto mais seios lactíferos a boca do bebê pegar, mais
eficiente será a mamada.
- A pega consiste numa perfeita ordenha desses seios lactíferos.

A pega perfeita tem 4 características básicas:


1 – Boca bem aberta
2 – Aréola não é visibilizada ou quase não é visibilizada (pode ver
um pouco acima da boca do bebê).
3 – O lábio inferior virado para fora – a língua está ordenhando a
mama
4 – O queixo do bebê está tocando a mama

A posição perfeita para a mamada também tem 4 características:


1 – Bebê bem apoiado;
2 – Corpo do bebê próximo ao da mãe;
3 – Bebê com a cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido)
4 – Rosto do bebê de frente para a mama, com o nariz na altura
do mamilo.

Quais as dificuldades para a amamentação


1 – Choro – a mãe precisa saber que nem toda vez que a criança
chora, significa fome. Ela acha que não está produzindo leite de
modo adequado.
2 – Peso – o bebê perde peso, de maneira fisiológica, nas
primeiras semanas e isso precisa ser explicado.
3 – Aspecto do leite – a mulher espera que o seu leite seja aquele
branco e opaco da televisão, mas nas primeiras semanas de vida
o leite é amarelado e ralo.

Como eu sei que a amamentação está sendo adequada


1 – Ganho ponderal
2 – Hidratação – de olho na diurese.

Se isso não estiver ocorrendo é preciso verificar a técnica. É


preciso afastar possíveis dores maternas, que levam ao efeito
adrenérgico e diminui sua produção.

Queixas/complicações comuns– falha na pega ou na posição.


- Hipogalactia – “pouco leite” – é raríssimo na espécie humana.
- Fissura – “peito rachado” – a pega está inadequada.
- Ingurgitamento mamário – “seio empedrado” – mamas cheias e
com discreto aumento de temperatura, sem sinais flogisticos.
- Mastite puerperal – processo inflamatório da mama, que pode
ou não ser acompanhado de infecção bacteriana, comumente o
S. aureus.

1 – Fissuras mamárias
- Pega ou posicionamento incorreto.
- Pequenas lesões dolorosas no bico do seio
- Embora doa, deve-se manter a amamentação para se evitar
uma estase de leite.
- Orientar a mãe a colocar o bebê em uma posição diferente: Ao
mudar a posição, se muda o ponto de apoio da boca no seio da
mãe. São três as posições: Cavaleiro, deitada e invertida.
- Orientar ordenha – faz o reflexo de ejeção e o leite já está
pronto para chegar na boca da criança, sem a latência do início
da pega e a liberação, que causa dor. Diminui a intensidade e
frequência da sucção

2 – Ingurgitação mamária
- Há uma estase do leite que vem com uma congestão vascular e
obstrução da drenagem linfática.
- Há um aumento da mama.
- Apesar da dor, o tratamento é manter a amamentação por livre
demanda, corrigindo problemas na pega e posição.
- Orientar a ordenha para diminuir a congestão.
- Orientar compressas frias que geram vasoconstricção. O
suporte de sangue que chega nos alvéolos é menor, com menor
concentração de prolactina chegando na mama e diminuindo um
pouco a produção.

3 – Mastite – é uma complicação da ingurgitação mamária,


associada a um intenso processo inflamatório.
- No geral, está apenas em um quadrante mamário.
- Num primeiro momento, se tem a estase com processo
inflamatório. Se isso não ser resolvido, se tem uma infecção
associada.
- A mulher começa a ter alterações sistémicas como febre e
calafrios.
- O principal agente etiológico é o estafilococo aureus.
- O tratamento é checar a técnica de amamentação e fazer o
escoamento do leite.
- Cefalexina ou amoxicila-clavulanato são os ATB mais usados.
- Não contraindica a amamentação, sendo inclusive melhor
estimulá-la.
- A mastite pode complicar em um abscesso, e aí não se
amamenta enquanto não drenar esse abscesso. Alguns autores
dizem que se o abscesso não está drenando para o bico do seio,
é possível amamentar. Mas a dor, geralmente impede.

Contraindicação à amamentação

Ligadas à mãe
1 – Absolutas
- HIV +
- HTLV 1 e 2 +
- Um tempo atrás, se considerava a psicose puerperal como
contraindicação absoluta. Hoje, é possível, desde que a mulher
tenha condições, queira e esteja sob supervisão.

2 – Relativas
- Citomegalovirose materna – a mãe pode amamentar se o RN
tiver mais que 32 semanas, pois com essa idade a infecção é
branda com poucas ou nenhuma consequência.
- Lesão herpética na mama – ela só pode amamentar após a
cicatrização das lesões. O herpes labial e em outros sítios não
contraindica. Apenas é preciso cobrir a lesão e lavar as mãos.

Ligada ao lactente
1 – Absoluta
- Galactosemia – um erro inato onde tem alteração no
metabolismo da galactose, que em excesso leva à sobrecarga
hepática e renal com lesões graves. Essa criança não pode
receber leite de nenhum mamífero. O leite usado é o com base
na proteína de soja.

2 – Relativa
- Fenilcetonúria – um erro inato com alteração no metabolismo
da fenil alanina. A fenil alanina é um aminoácido essencial para o
lactante, mas aqueles com Fenilcetonúria não podem receber
em grande quantidade, pois isso pode levar ao retardo mental.
- Mantem-se o aleitamento materno, alternando-o com o leite
sem fenil alanina (fórmula). É preciso ficar dosando os níveis
séricos no decorrer da vida dessa criança. Esse acompanhamento
deve ser feito por um profissional que saiba manejar essa
alteração.

Medicamentos que contraindicam a amamentação


- A lista é imensa, mas existem 5 que tem que decorar:
- Imunossupressores
- Antineoplásicos
- Radiofármacos
- Amiodarona – o iodo da Amiodarona leva ao hipotireoidismo
do lactente.
- Sais de ouro – pouco utilizados hoje em dia.

Falsas contraindicações à amamentação (pegadinhas)


- Hepatite B – hoje é questionável se o vírus passa pelo leite
materno. Além disso, a criança recebe nas primeiras 12 horas de
vida a vacina contra a hepatite B. Aquele que é filho de mãe
sabidamente portadora de hepatite B também recebe a
imunoglobulina específica para a Hepatite B. Isso dá quase 100%
de proteção ao lactente.
- Hepatite C
- Tuberculose – na mãe bacilífera, o lactente não recebe a BCG e
começa a quimioprofilaxia com Isoniazida por 3 meses. A mãe
deve ao amamentar, usar uma máscara e de preferência em um
ambiente arejado. Após os 3 meses, se faz um teste
tuberculínico. Se não for reator, se faz a BCG. Se for reator, se
mantém a quimioprofilaxia por mais um tempo. Se em algum
momento esse lactente tiver clínica de tuberculose, se faz o
tratamento.
- Fenda palatina – malformação do palato, que não contraindica,
embora algumas vezes torne o ato mais difícil.

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