Bergson
Inteligência e intuição | Por Henri Bergson
” Instinto é comunhão. Se essa comunhão pudesse entender seu objeto e também refletir
sobre si mesma, ela nos daria a chave das operações vitais – assim como a inteligência,
desenvolvida e reformada, nos introduz na matéria. Porque, nunca será demais repetir, a
inteligência e o instinto estão voltados a dois sentidos opostos: a inteligência, no sentido
da matéria inerte; o instinto, no sentido da vida. A inteligência, por intermédio da ciência
que é sua obra, acabará por nos revelar paulatinamente o segredo das operações físicas;
da vida ela não nos dá. nem aliás pretende dar, senão uma tradução em termos de inércia.
Ela gira em volta, tomando, de fora, o maior número possível de ângulos desse objeto que
ela atrai para si, em vez de entrar nele. Mas, o próprio interior da vida é que nos conduziria
a intuição, quero dizer, o instinto que se tornou desprendido, consciente de si mesmo,
capaz se refletir seu objeto e de o ampliar infinitamente.
Texto retirado de: BERGSON, Henri. A evolução criadora. Cartas conferências e outros
escritos. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 200 – 202. Coleção “Os Pensadores”