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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA R. 15ª VARA CRIMINAL


DO FORO CENTRAL CRIMINAL DA BARRA FUNDA – COMARCA DE SÃO PAULO.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0007540-27.2015.8.26.0050 e código 8CB339.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIZ ANGELO CERRI NETO, protocolado em 22/02/2018 às 12:17 , sob o número WBFU18700273295 .
Processo n. 0007540-27.2015.8.26.0050

ZULENE AMÁLIA FERREIRA, já qualificada nos autos da


ação penal em epígrafe, que lhe é movida pelo Ministério Público do Estado
de São Paulo, por seu advogado e bastante procurador infra-assinado
(procuração, doc. Anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, tempestivamente, apresentar sua

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

com fundamento no artigo 396-A do Código de Processo Penal, nos seguintes


termos:
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A Peticionária está sendo processada como incursa na


conduta descrita no artigo 171, “caput”, c.c. o art. 71, todos do Código Penal,

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porque supostamente, no período compreendido entre janeiro de 2009 a

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outubro de 2014, em horários diversos, na empresa “Multigrain S/A”, obteve
para si e para outrem, vantagens ilícitas, no valor de R$ 1.778.391,50, em
prejuízo da empresa vítima.

A r. denúncia foi oferecida e recebida, sendo


determinada a citação para apresentação de Resposta à Acusação.

Trata-se, na realidade, de uma truncada narrativa,


escriturada nas folhas deste processo, e de uma verdade difícil de ser
estabelecida.

No entanto, há que se julgar o feito:

“O Juiz precisa, antes de tudo, de uma calma


completa, de uma serenidade inalterável, porque o
acusado apresenta-se diante de Vossa Excelência sob
a paixão violenta e apaixonada da opinião”.
“É necessário, portanto a máxima calma na
apreciação do processo. O Magistrado deve manter o
seu espírito sereno, absolutamente livre de sugestão de
qualquer natureza”. (Viveiros de Castro, in Atentado
ao pudor, Apud Souza Neto em A Tragédia e a Lei, fls.
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No julgamento da conduta humana,


notadamente ante a perspectiva de uma condenação, há que se atentar:
primeiro, para o conhecimento e a existência objetiva de cada fato atribuído
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ao agente e, segundo, para a tipicidade do mesmo, atentando-se, ao fim,


para a sua autoria e responsabilidade.

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Sempre útil e oportuna é a lição de CÍCERO, no
exórdio da defesa de Coeli, de que:

“Uma coisa é maldizer, outra é acusar. A acusação


investiga o crime, define os fatos, prova com
argumento, confirma com testemunhas; a
maledicência não tem outro propósito senão a
contumélia”.

Não é possível, assim, já em nossos dias, um


pedido de condenação de um acusado em incidência na lei sem uma
sequer análise de sua tipicidade, sem ao menos uma perfunctória discussão
do fato em consonância com o direito, sem um mínimo debate de prova e
finalmente sem uma débil apreciação conceitual da antijuridicidade dos
fatos à vista da lei, da doutrina e da jurisprudência, tanto mais quando se
deve ter presente a insigne lição do mestre CARRARA de que:

“O processo criminal é o que há de mais sério neste


mundo. Tudo nele deve ser claro como a luz, certo
como a evidência, positivo como qualquer grandeza
algébrica. Nada de ampliável, de pressuposto, de
anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica leal e nesta outra precisão mais salutar
ainda: a verdade sempre desativada de dúvidas”.

A simples leitura do caderno processual deixa claro


que não há qualquer tipo de prova neste processo que possa sustentar a
exordial.
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A Acusada nega qualquer envolvimento no delito.

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Por sinal, é importante destacar que a empresa vítima,
ao menos na época, possuía contrato para auditoria realizada pela
mundialmente prestigiada firma de consultoria “PricewaterhouseCoopers”,
sendo certo que nas auditorias realizadas, jamais constatou qualquer
irregularidade praticada pela Acusada.

O simples fato de existir empresa auditora da vítima é


suficiente para levar à impugnação dos documentos juntados pela empresa
vítima (fls. 614 a 1598) uma vez que produzidos de forma unilateral e sem a
realização de perícia contábil oficial, sendo omitidos os relatórios da auditoria
realizada.

Assim, a Acusada tem plena certeza de sua inocência


e requer a produção das seguintes provas:

1) a expedição de ofício à empresa vítima para que informe se a empresa


“PricewaterhouseCooper” foi a única a realizar auditoria no período
compreendido entre janeiro de 2009 a outubro de 2014; Caso a auditoria
nesse período tenha sido realizada por outra empresa, que conste no ofício o
nome da sucessora e, com a juntada do ofício, a concessão de vista dos
autos para pedido complementar de provas;

2) a expedição de ofício à empresa “PricewaterhouseCooper” para que


forneça, na íntegra, cópia de toda auditoria realizada na empresa vítima no
período compreendido entre janeiro de 2009 a outubro de 2014 e, com a
juntada do ofício e documentos, a concessão de vista dos autos para
complementação das provas a produzir;
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3) a realização de perícia contábil nos documentos de fls. 614 a 1598,


pugnando a Acusada a concessão de prazo para a formulação dos quesitos,

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haja vista a complexidade da causa;

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4) a oitiva, em caráter de imprescindibilidade das seguintes testemunhas:
4.1) Caio de Barros Brisolla Júnior – qualificado às fls. 564;
4.2) Karain Moldenhauer Gemballa – qualificado às fls. 573;
4.3) Maximiliano de Souza Galvão – qualificado às fls. 580;
4.4) Anselmo Francisco Carlos Brandão, residente e domiciliado na Rua
Gomes de Carvalho, n. 1569, 5º andar, nesta cidade e Comarca de São Paulo
– SP;

5) que todas as publicações sejam feitas em nome de ROBERTO BARTOLOMEI


PARENTONI e LUIZ ANGELO CERRI NETO, ambos os patronos constituídos, sob
pena de nulidade do ato;

Nesses termos,
Reivindica deferimento.

São Paulo, 15 de dezembro de 2017

LUIZ ANGELO CERRI NETO ROBERTO BARTOLOMEI PARENTONI


ADVOGADO ADVOGADO

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