Você está na página 1de 4

Brenda Alves

Uma lei de migrações para o Brasil


O Brasil hoje, é um país que vem ganhando cada vez mais visibilidade no sistema
internacional, e com esse destaque, atraímos também, os olhares de pessoas que
querem deixar o seu país, à procura de uma melhoria de vida no Brasil.Com a
globalização e a emersão do país no plano internacional, o fluxo migratório no Brasil
despontou, principalmente recebendo pessoas de países africanos, latino-americanos,
asiáticos e europeus. Apesar de o povo brasileiro ser bastante receptivo e acolhedor, a
legislação vigente do Estatuto do Estrangeiro ainda se mostra ultrapassada,
constituída nos moldes da época do regime militar, inspirada na Doutrina de
Segurança Nacional, onde o estrangeiro é tratado quase como uma “ameaça”. Essa lei,
está claramente incompatível com o momento e com os compromissos internacionais
que o Brasil está vivendo nos últimos anos, diante disso, o Ministério da Justiça criou
ano passado uma comissão de especialistas para propor uma Lei de Migrações e
promoção dos direitos dos migrantes no Brasil.Administrar o fluxo de migrações não é
fácil, além disso muitos migrantes são discriminados e ou explorados aqui no Brasil, o
que é incompatível com a imagem que o Brasil quer passar no cenário internacional. A
Lei de Migrações baseada nos direitos humanos contribuíra para uma sociedade
humanamente e culturalmente mais abundante.
CIDADANIA, MIGRAÇÕES E INTEGRAÇÃO REGIONAL – NOTAS SOBRE O

BRASIL, O MERCOSUL E A UNIÃO EUROPÉIA.

A história das políticas e leis imigratórias do Brasil tem suas origens desde da época da
colonização, quando os índios foram aniquilados pelos colonizadores, os sobreviventes
migraram para o interior, mas não tiverem sua identidade reconhecida.O mesmo aconteceu
com os negros que só tiverem seus direitos reconhecidos após a abolição da escravatura,
com isso o Estado incentivou a imigração de colonos europeus para trabalhar nas fazendas e
povoar áreas antes não exploradas, com o objetivo mascarado de “branquear” a população
brasileira.Isso mostra que o histórico das políticas e leis de imigração que aconteceram nos
anos seguintes a essas práticas, são o reflexo do qual o atual Estatuto do Estrangeiro se
acimenta. As restrições que se coloca a entrada de imigrantes favorecem diversos problemas
sociais, tais como o tráfico de pessoas, a exploração laboral e diversos outros que violam os
direitos humanos, além disso há restrições aos direitos políticos e sindicais dos
imigrantes.Não é apenas o Brasil que não dá muita atenção ao que diz respeito aos direitos
dos migrantes, em geral os países sul-americanos precisam dar mais ênfase a esse tema.
Brasil e o Paraguai foram os únicos países que assinaram o Tratado Constitutivo da Unasul,
referente aos direitos humanos dos migrantes, e não o ratificaram ainda. Além disso em
2009 entrou em vigor um Acordo de Residência para nacionais dos Estados Partes do
Mercosul, que exige somente a apresentação de um documento de identificação; certificado
e declaração de ausência de antecedentes criminais e pagamento de taxas, além disso o
pedido feito com base no acordo do Mercosul dá direito a residência temporária por dois
anos, que pode vir se tornar permanente mediante a comprovação de poder se sustentar.As
ações migratórias de cidadãos argentinos para o Brasil são ainda bem mais fáceis em virtude
de um acordo bilateral. Já na União Europeia, o Tratado de Maastricht de 1992, que decidiu
que a circulação e residência não significavam mais um exercício de atividade econômica,
mas do status de cidadania reconhecido aos nacionais dos países membros, além de
implementar a cidadania europeia, previu a proteção diplomática fora da EU por outro
Estado-Membro, o direito de usar qualquer uma das línguas oficiais ao se dirigir às
instituições ou órgãos europeus, direito de petição ao Parlamento Europeu e acesso ao
Provedor de Justiça. No Brasil e na América do Sul é tudo ainda muito precário e
fragmentado, ainda tem muito a ser construído para termos um desenvolvimento político e
social justo.
A Política do Brasil para Migrações Internacionais

A primeira medida de importância concedida aos brasileiros no exterior, se deu


quando o então Ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique Cardoso,
implementou o Programa de Apoio aos Brasileiros no Exterior, que consistia nos
chamados “consulados itinerantes”. No ano seguinte, outra mudança na legislação
reconhecia a importância da emigração brasileira e a necessidade de garantir o direito
dos cidadãos brasileiros em território estrangeiro: a possibilidade da dupla cidadania;
para suprir os direitos de cidadãos brasileiros que estavam constituindo família no
exterior.Com um grande fluxo de brasileiros emigrantes, cresce também o número de
votantes cadastrados no exterior, que tem crescido a cada eleição, pensando nisso, em
2002, o então presidente Lula, divulgou a” Carta aos brasileiros longe de casa”, no qual
junta com sua proposta de campanha anexava um conjunto de propostas políticas,
como a redução da taxa para remessas, e melhorias na assistência consular para
brasileiros no exterior. Além disso no Documento de Lisboa articulado em Portugal, no
Primeiro Encontro Ibérico da Comunidade de Brasileiros no Exterior, demandava a
criação de um grupo de trabalho interministerial para tratar de emigração,
mecanismos de representação dos emigrantes brasileiros, comissões para tratar de
assuntos específicos de interesses de brasileiros no exterior, além da ampliação dos
consulados itinerantes.Além disso há um grande interesse do Estado brasileiro em
políticas específicas voltadas para os emigrantes em países vizinhos, essa migração
tem uma diferença entre aquelas para os EUA, Japão e Europa: são menos
organizadas, tem menos recursos e exigem políticas de caráter bem específico. Para
atuar com a questão de fronteiras o Brasil tem atuado de três formas diferentes: por
meio de acordos multilaterais amplos, por meio de acordos bilaterais e por meio de
políticas localizadas.É importante trazer o tema de migrações nas diretrizes dos
direitos humanos a fóruns internacionais para reforçar a política externa brasileira,
além de evidenciar a posição do Brasil diante da incompatibilidade entre o discurso e o
tratamento que países e blocos como EUA e União Europeia tem para com os seus
imigrantes.

Você também pode gostar