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SUMÁRIO
I - Introdução
II - Atividades Sindicais
2.1. Considerações gerais
2.2. Delimitação
2.3. Funções sindicais
2.4. Atuação das organizações sindicais
III - Abuso de Direito
3.1. Histórico
3.2. Definição
3.3. Abuso de direito como instituto distinto de ato ilícito, de ato emulativo,
de fraude à lei e de colisão de direitos
3.4. Teorias subjetiva, objetiva e mista
3.5. Requisitos
3.6. Abuso na legislação brasileira
3.7. Critérios para a verificação do abuso do direito
3.7.1. Desproporcionalidade
3.7.2. Princípio da boa-fé
3.7.2.1. Funções da boa-fé objetiva
3.7.3. Função social
3.7.4. Função econômica
3.7.5. Bons costumes
IV - Abuso do Direito Sindical
4.1. Atos abusivos
4.2. Abuso do direito sindical
4.3. Casuística
4.3.1. Cláusulas anti-sindicais
4.3.2. Cláusulas coletivas abusivas
4.3.3. Desconto de contribuições sindicais
4.3.4. Abuso do direito de greve
4.3.5. Atividades sindicais abusivas durante a greve
4.3.6. Abuso na organização sindical
4.4. Efeitos da abusividade
4.5. Controles da abusividade
V - Conclusão
VI - Bibliografia
I. INTRODUÇÃO
V
isa o presente trabalho um estudo acerca das atividades sin-
dicais e do abuso de direito sindical.
Considerando-se a extensa dimensão do tema ora tratado,
analisaremos, en passant, o que sejam as atividades sindicais, depois tra-
taremos do abuso de direito, e, por fim, faremos um corte metodológico
para restringir o nosso estudo ao abuso do direito sindical.
Em que pese haja na doutrina poucos trabalhos sobre o abuso do
direito sindical, é certo que, na prática, aparecem inúmeras situações que se
configuram como abusivas, seja por parte dos empregadores, ao buscarem
a inserção, nos instrumentos normativos, de cláusulas prejudiciais aos
trabalhadores, seja por parte destes ou de seus sindicatos, que, através de
instrumentos de ação operária direta, inclusive da greve, eventualmente
se excedem no exercício dos seus direitos.
Ao final do trabalho, como não poderia deixar de ser, apresentaremos
alguns casos concretos, de molde a tornar mais claro o que seja o abuso
do direito sindical, e finalizaremos com as nossas conclusões pessoais.
2.2. Delimitação
As atividades sindicais, conforme delineadas por Brito Filho, compre-
endem “o estudo das funções cometidas às entidades sindicais e às pessoas
e grupos com atuação no campo das relações coletivas de trabalho, com
destaque para a contratação coletiva”, e a “atuação das organizações sindi-
cais (...) quando da utilização dos meios de solução dos conflitos coletivos,
bem como quando do uso dos instrumentos de ação sindical direta,”. Dentro
das atividades sindicais estão incluídas, também, “as atividades que são
desenvolvidas pelas, genericamente falando, organizações sindicais, sendo
o sindicato, em sentido estrito, a principal delas,” (Brito Filho, 2000, p. 161).
Vê-se, pois, que as atividades sindicais englobam a gama de atribuições
postas sob a cura das organizações sindicais, inserindo-se nesse rol, em
síntese:
1) as funções acometidas às entidades sindicais; e
2) a atuação de referidas organizações.
2.3. Funções sindicais
3.2. Definição
Na doutrina, há definições bastante elucidativas como a proposta por
Lúcio Flávio Vasconcelos Naves, citado por Edilton Meireles, que, simplifi-
cadamente, define abuso de direito como “o exercício, ou a mera pretensão
de exercício injusto de um direito legítimo” (apud Meireles, 2005, p. 21).
Fernando Augusto Cunha Sá, arrimando-se no artigo 334 do Código
Civil português, que prescreve que “é ilegítimo o exercício de um direito,
quando o titular exceda manifestamente os limites impostos pela boa fé,
pelos bons costumes ou pelo fim social ou econômico desse direito”, define
o abuso de direito como sendo “um acto ilegítimo, consistindo a sua ilegi-
timidade precisamente num excesso de exercício de um certo e determinado
direito subjectivo: hão-de ultrapassar-se os limites que ao mesmo direito
são impostos pela boa fé, pelos bons costumes ou pelo próprio fim social ou
econômico do direito exercido.” (SÁ, 1997, p. 103).
O atual Código Civil brasileiro, inspirado no Código Civil português,
também define, em seu art. 187, o que seja abuso de direito, enquadrando-o
no título dos atos ilícitos, in verbis:
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé
ou pelos bons costumes.”
3.5. Requisitos
A partir da definição do abuso de direito, podem ser traçados os seus
pressupostos caracterizadores, que consistem nos seguintes:
a) prática de um ato permitido pelo direito positivo – o abuso somente
ocorre em face de um direito próprio, protegido por específica prerrogativa,
permitido pela legislação e que possa ser exercido; se não há o direito per-
mitido, a hipótese será de ato puramente ilícito; se o direito não é protegido
por específica prerrogativa, ter-se-á colisão de direitos e não abuso;
b) decorrer de um ato comissivo ou omissivo – pode decorrer de um
ato omissivo (ex.: o sujeito deixa a buzina do alarme do carro tocando a
noite inteira) ou de um ato comissivo (ex.: alguém que dá uma festa até
altas horas da noite, com o som em volume acima do tolerável, perturbando
o sono alheio);
c) ultrapassar os limites normais do exercício regular de um direito –
deve haver mau uso de um direito, ou seja, exercício do direito excedendo
os seus limites, pois, ao revés, se o ato é contrário à lei, configura-se o ato
ilícito;
d) não há necessidade de que do ato decorra dano – conforme pro-
mana da inteligência do art. 187, do CC, não é imprescindível que do
abuso decorra dano moral ou material a terceiro; frise-se que, em sentido
contrário, entendia Orlando Gomes, para quem o exercício do direito não
é abusivo quando não causa dano;
e) não precisa derivar de conduta culposa – o ato abusivo pode surgir
independentemente da prática de conduta culposa pelo agente, isto é, não
precisa haver dolo ou culpa para a sua caracterização.
3.7.1. Desproporcionalidade
Este critério está vinculado ao princípio da comutatividade ou da jus-
tiça contratual, por força do qual impõe-se a equivalência das prestações
contratadas tanto sob a ótica econômico-financeira, quanto em função
da capacidade das partes e em razão das circunstâncias específicas que
caracterizam a relação.
Por isso, “sempre que ocorrer a ruptura do equilíbrio contratual, em
tese, estar-se-á diante de uma cláusula ou prática abusiva” (Meireles, 2005,
p. 50).
4.3. Casuística
Considerando-se a amplitude da matéria ora tratada, analisaremos,
em seguida, algumas hipóteses em que pode restar configurado o abuso
do direito sindical, à vista de tudo o quanto foi visto acima.
V. Conclusão
Os misteres desenvolvidos pelas organizações sindicais são muito
amplos, abarcando questões relativas à organização sindical, à atuação
das entidades sindicais, às funções sindicais, dentre as quais se situa a
mais importante tarefa entregue aos sindicatos, qual seja o poder negocial,
que envolve as atividades ligadas à instauração e composição de conflitos
(negociação coletiva, contratos coletivos de trabalho, conflitos coletivos,
formas de composição e greve).
Essas atividades sindicais, como visto, podem sofrer extrapolações.
Com efeito, embora o ato seja praticado em aparente conformidade com os
cânones legais, dele pode resultar abuso de direito, se excedidos os limites
impostos pela boa-fé, pelos bons costumes e pelas funções econômica e
social.
O abuso do direito sindical pode levar à nulidade do ato e ensejar,
ainda, direito a indenização, sem prejuízo de outras cominações nas esferas
cível, penal e trabalhista, haja vista a condição de espécie de ato antijurídico
do ato abusivo.
Deve-se frisar, contudo, que abuso somente haverá onde não
existir disposição legal proibindo ou obrigando conduta humana, ou
seja, somente haverá abuso no vazio da lei. Afinal, na hipótese de ser
praticado ato contrário à lei, estar-se-á diante de autêntico ato ilícito, e
não de mero abuso.
Disso concluímos que, malgrado teoricamente seja possível vislumbra-
mos uma variedade de situações abusivas, é fato que, na prática, dada a
pletora de leis (em sentido amplo) no ordenamento jurídico pátrio, queda-
se difícil imaginar acontecimentos que sejam abusivos apenas, sem que, ao
mesmo tempo, configurem ilícitos. De todo modo, o resultado será sempre
igual: a nulidade de pleno direito da cláusula ou prática abusiva.