1- O que são as “propriedades elétricas” de um material?
São as condições físicas que permitem que uma carga elétrica se mova de átomo para átomo em um material específico. Tais propriedades diferem entre sólidos, líquidos e gases. As propriedades elétricas de materiais sólidos, como por exemplo o metal são altas, enquanto as cargas elétricas não se movem tão facilmente na água e, especialmente, nos gases. Porém em cada elemento, há exceções, alguns sólidos são maus condutores e alguns gases podem se tornar excelentes condutores. Portanto, nem todos os sólidos possuem as propriedades elétricas fortes dos metais, este é o caso da madeira, do vidro e do plástico que são considerados isoladores porque os elétrons isolados não compartilham cargas elétricas facilmente. Quando uma corrente elétrica é introduzida a esses materiais, nada acontece. As propriedades elétricas encontradas em líquidos variam de acordo com o material. A água salgada, por exemplo, tem propriedades que permitem excelente condutividade de eletricidade, porque os íons no sal promovem um fluxo livre de energia elétrica. Outros líquidos, como gasolina, óleo e querosene, contêm ainda melhores propriedades de isolamento, porque a eletricidade tem difícil passagem. Nos gases é onde ocorre a maior variação das propriedades elétricas. Em um estado normal, gases como oxigênio, carbono e dióxido de nitrogênio, são tão maus condutores de eletricidade que são realmente considerados não-condutores. Se estes gases são expostos a diferentes elementos, no entanto, as propriedades mudam rapidamente. Por exemplo, quando ocorre a queda de pressão barométrica, no caso de uma tempestade elétrica, os gases se tornam melhor condutores de eletricidade. A pressão cria uma atmosfera mais densa e permite que a eletricidade, muitas vezes sob a forma de um raio, consiga se mover mais livremente. 2- O que é corrente elétrica? A corrente elétrica é a quantidade de carga que flui através de uma área especificada por unidade de tempo. Vamos explicar o conceito de corrente elétrica a partir de um condutor metálico, um fio elétrico por exemplo. Dentro desses condutores há muitos elétrons livres descrevendo um movimento caótico, sem direção determinada. Ao aplicar-se uma diferença de potencial entre dois pontos do metal, ligando as pontas do fio a uma bateria, por exemplo, estabelece-se um campo elétrico interno e os elétrons passam a se movimentar numa certa ordem, constituindo assim a corrente elétrica. A corrente elétrica é definida como a razão entre a quantidade de carga que atravessa certa secção transversal do condutor num intervalo de tempo. A unidade SI de corrente e o ampère, igual a um coulomb por segundo (1 A = C/s). A corrente I que passa na área A depende da concentração n e da carga q dos portadores de carga, bem como do modulo da sua velocidade de arraste. 3- Descreva o modelo clássico para a condução elétrica em metais. Nos metais sólidos os átomos são dispostos em uma estrutura cristalina e mantidos juntos pelos seus elétrons de valência externa em ligações metálicas. As ligações metálicas em metais tornam possível a livre movimentação dos elétrons de valência, uma vez que estes são compartilhados por muitos átomos, não sendo presos a nenhum em particular. Algumas vezes, os elétrons de valência são visualizados como formando uma nuvem de carga eletrônica. Outras vezes, os elétrons de valência são considerados como elétrons livres individuais, não associados a qualquer átomo em particular. No modelo clássico da condução elétrica em metais sólidos, os elétrons de valência externa são admitidos como completamente livres para se moverem entre os centros de íons positivos na rede metálica. À temperatura ambiente, os centros de íons positivos possuem energia cinética e oscilam em torno de sua posição na rede. Com o aumento da temperatura, estes íons oscilam com amplitudes ainda maiores, havendo uma troca constante de energia entre os centros de íons e os seus elétrons de valência. Na ausência de qualquer potencial elétrico a movimenta dos elétrons de valência é aleatória e limitada, de modo que não haja nenhum fluxo líquido de elétrons em qualquer direção e, portanto, nenhuma corrente elétrica. Ao se aplicar um potencial elétrico, os elétron atingem uma velocidade de deriva direcionada proporcional ao campo elétrico aplicado, porém em sentido contrário. A primeira tentativa para explicar o comportamento elétrico dos sólidos foi proposta por Paul Drude, que considerou um metal como um gás de elétrons livres em uma caixa, sendo os íons positivos que forma a estrutura do material representados por esferas dura, impenetráveis e fixas. No modelo de Drude, os elétrons se movem entre os íons, e ocasionalmente se chocam com eles. Choques entre os elétrons são desprezados. Drude usou algumas ideias da Teoria Cinética dos Gases, e descreveu as colisões entre os elétrons e os íons probabilisticamente, postulando a existência de um tempo de relaxação τ, definido como o tempo médio entre duas colisões sucessivas de um elétron, sendo 1/τ o número de vezes que um elétron colide por unidade de tempo e considerando as colisões elásticas, ocorrendo de maneira aleatória. 4- Por que o modelo clássico não descreve adequadamente os resultados experimentais para a corrente elétrica em metais? O modelo de Drude teve relativo sucesso, explicando os valores da condutividade elétrica de metais, da constante Hall para elétrons, etc. Em 1905, Lorentz publicou um trabalho explicando uma lei conhecida como lei de Wiedmman-Franz para metais, que diz que a razão entre a condutividade terma (k) e constante de condutividade elétrica (σ) é igual a uma constante vezes a temperatura. Como a concordância com os resultados experimentais era muito boa, este trabalho parecia consagrar em definitivo o modelo de Drude. Entretanto, já na segunda década do século XX, os físicos acumulando resultados experimentais onde a física clássica parecia não ser aplicável, olhavam com ressalva o modelo de Drude. Por exemplo, se realmente os metais podem ser considerados como um gás de elétrons regidos pelas leis da física clássica, como explicar o comportamento do calor específico dos metais à temperatura ambiente? (Nesse modelo deveríamos ter uma 3 contribuição eletrônica ao calor específico de 𝑛𝑘𝑏 que nunca era observada). Ou então como explicar o 2 comportamento do paramagnetismo dos metais? (Se cada átomo do metal contribui com no mínimo um elétron 𝑛𝜇 2 livre, por que nunca foi observado um altíssimo paramagnetismo ( ). Ou ainda, como explicar o aparecimento 𝑘𝑏 𝑇 de uma carga positiva em algumas experiências de efeito Hall? Então esse três resultados experimentais dentre outros exemplos não podiam ser explicados dentro de modelos baseados na física clássica, surgindo a necessidade da aplicação da Mecânica Quântica. Então com o passar dos anos e o desenvolvimento da teoria quântica foi possível tratar o modelo de gás de elétrons com outra abordagem teórica, reformulando o modelo de Drude utilizando conceitos e propriedades introduzidos pela mecânica quântica.