Que sentimento! Finalmente acabou! Para alguns, um alívio (ou será para
todos? - risos); para muitos, tenho certeza, ficará a saudade: de assistir a todas aquelas
aulas, de estagiar em um contraturno, de participar de congressos, debates, de dormir
tarde escrevendo e reescrevendo trabalhos, daquelas V.A.’s memoráveis, dos amigos e
amigas, das aulas dos seus mestres, etc. Certeza de que vocês também sentirão falta disso.
Talvez, agora, vocês não tenham ideia de que este é um sentimento possível, mas eu
garanto, por experiência própria, que é algo que volta, como quando saímos de casa pela
primeira vez e resolvemos nos aventurar pelo mundo sob nossa própria responsabilidade.
Foi assim que me senti ao me formar em 2014, lá na UAG, em Letras. “E agora?” – pensei
naquele dia. Para mim, a transição era aterrorizante (o que coincide com o incerto muitas
vezes), mas tinha a certeza de que carregaria dentro da bagagem toda uma sorte de
experiências que valeram por cada uma daquelas horas, transformadas em dias, em anos,
molhadas de suor e preenchidas com aqueles e aquilo que fizeram parte de todo este
processo.
Eu sei que as incertezas são muitas neste momento do país, mas, como quis
dizer anteriormente, as nossas certezas também podem ser várias. E por que não seriam
essas últimas mais fortes? Por exemplo, a certeza de que levaremos conosco uma
formação que contribuirá para uma sociedade mais justa e democrática; ou, então, a
certeza de que, independente de nossa carreira, uma expressão-palavra estará sempre
conosco, uma que deveria ser início e fim nos nossos olhares: o ser humano. As
diferenças tantas entre nós caem por terra quando lembramos que interdependemos uns
dos outros – o que me lembra uma palavra interessante: a alteridade.
Em uma leitura que fiz antes de preparar este discurso, pensei em dizer a
vocês, já iniciando minhas palavras finais, que vocês saem daqui aptos a enfrentar
todos os desafios, a evitar todas as falências. Se resta dúvida a alguém para que serve
uma universidade como a nossa, em um país cujo poder se especializou na distorção de
um discurso, na manipulação da palavra e na ofuscação da verdade, explico didaticamente
que esta serve para salvar da ignorância, para dar cidadania, para ensinar como se diz ao
estelionato constituído. Mas, como se isso não bastasse, e me dirijo novamente e
diretamente às minhas agora colegas das Letras, ainda somos capazes também de formar
professores que, teimosamente tentam manter em pé um sistema educacional que não
necessariamente interessa, porque faz pensar. Tenham coragem para mudar o pensamento
sempre que necessário, e sejam fortes para suportar os duros golpes proferidos pela vida.
Um forte abraço e que vocês tenham grandes encontros nesta nova jornada, como
tive a oportunidade de ter com vocês. Muito obrigado!
1
SABINO, Fernando. Encontro Marcado. 78.ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.