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Sistema de Informação
Cartográfica (SIG)

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Sistema de Informação
Cartográfica (SIG)

SUMÁRIO

QUEM SOMOS? ...................................................................................................................3


PARCEIROS DESSA INICIATIVA ..............................................................................................4
COMO VOCÊ PODE CONTRIBUIR? .........................................................................................5
Ajude-nos a capacitar profissionais de saúde! ...................................................................5
INTRODUÇÃO AO GEOPROCESSAMENTO .............................................................................7
VAMOS PRATICAR?............................................................................................................ 18
CONTEÚDO COMPLEMENTAR ............................................................................................ 36
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 55

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Cartográfica (SIG)

QUEM SOMOS?

A Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo (ProEpi) é


uma organização civil, de âmbito nacional, pessoa jurídica de direito privado, com
natureza e fins não lucrativos. Fundada em abril de 2014, a ProEpi atua como
instrumento facilitador para o fortalecimento das ações de prevenção e melhoria da
saúde pública, sejam governamentais ou não governamentais, visando a capacitação e
aprimoramento das estratégias de saúde pública e dos profissionais atuantes na área,
de maneira a atuar como fomentador de cooperação para as instituições e para a
sociedade civil.
Temos como principais objetivos:
 Estimular o desenvolvimento e aperfeiçoamento da capacidade
técnica dos profissionais de saúde pública e áreas afins;
 Promover a qualidade de vida da população, contribuindo de
maneira gratuita, com a educação continuada de seus associados e
profissionais interessados por meio de cursos, treinamentos, atualizações
entre outros eventos científicos e acadêmicos;
 Promover e difundir conhecimentos produzidos no âmbito da
epidemiologia de campo para todos os interessados pelos meios
pertinentes.
Para isso, atuamos com parceiros nacionais, internacionais e com Entidade
Governamentais ou Não Governamentais, em projetos que visem o bem-estar
socioambiental, para proporcionar a redução de índices de morbimortalidade na
população, apoiando os gestores das três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde
(SUS) com a qualificação e ampliação da capacidade de detecção, monitoramento e
resposta aos Eventos de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) e Internacional
(EPII).

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PARCEIROS DESSA INICIATIVA

Como modo de estimular o desenvolvimento e aperfeiçoamento da capacidade


técnica dos profissionais de saúde, conforme mencionado na página anterior, a ProEpi
colabora e faz parte da promoção, desenvolvimento e execução de cursos e
treinamentos nas áreas de epidemiologia, saúde pública e afins.
De encontro a esse objetivo da ProEpi, há desde 2009, o Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Institucional do SUS criado pelo Ministério da Saúde (MS). Desde
então, o Instituto Sírio Libanês de Pesquisa (IEP/HSL) realiza projetos focados em
assistência, ensino e pesquisa e englobam estudos de avaliação, incorporação de
tecnologias e capacitação de recursos humanos.
Mediante essa linha de ações do IEP/HSL, a ProEpi vem desde de 2015 propondo
o desenvolvimento de cursos on-line, no contexto e-Learning, em novas tecnologias e
ferramentas conhecidas na rotina das ações de vigilância em saúde. Inicialmente, a Rede
Sul-Americana de Epidemiologia de Campo (REDSUR) também era parceira dessa
iniciativa.
Já foram desenvolvidos desde o começo dessa parceria, os módulos básicos em
Epi Info e também em Excel/Tabwin, que foram, neste ano de 2017, atualizados.
Para a proposta de criação deste curso de Geoprocessamento em Saúde, a
ProEpi buscou apoio de uma equipe incrível que incluiu: o Centro de Tecnologias
Educacionais Interativas em Saúde da Universidade de Brasília (CENTEIAS/UnB), os
grandes profissionais e sócios da ProEpi, José Uereles Braga e Zênia Guedes, além do
estimado Professor Walter Ramalho, a Especialista Renata Gracie e o Desenvolvedor em
Ensino, Renato Lima. Todos eles, alinhados com a equipe da Secretaria Executiva da
ProEpi, deram forma a essa iniciativa.
Esperamos que todos façam um bom curso!

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COMO VOCÊ PODE CONTRIBUIR?

Ajude-nos a capacitar profissionais de saúde!

A ProEpi surgiu de um sonho em reunir profissionais de epidemiologia de campo


com o objetivo de ser uma ponte entre as atividades realizadas na rotina dos serviços
de saúde e a aplicação da epidemiologia, sendo possível melhor subsidiar a tomada de
decisão e a resposta oportuna aos problemas de saúde pública enfrentados.
Por sermos uma organização não governamental, sem fins lucrativos, políticos
ou partidários, podemos transformar nossos recursos em ações rápidas e pontuais. Para
nós, sua doação é um investimento!
No ano de 2016, a ProEpi esteve envolvida em mais de 10 treinamentos,
considerando que este foi o seu primeiro ano de trabalho independente. Para que essas
atividades se tornassem realidade, nós contamos com o apoio de muito trabalho
voluntário, o que resultou em mais de 1.000 horas de trabalho voluntário conosco!!!
Outra estratégia de apoio ao profissional de saúde recentemente implantada é a
nossa plataforma de ensino a distância que só em seu primeiro ano teve mais de 1.000
alunos capacitados em ferramentas que objetivam aprimorar o seu trabalho na rotina
com dados.
Também tivemos a oportunidade de apoiar em ações internacionais em Angola,
Moçambique, Paraguai e Guiné Bissau por meio do apoio da nossa rede de profissionais.
A mobilização social de profissionais para assuntos de saúde pública também é uma das
áreas de atuação da Rede.
Todas essas ações foram feitas voltadas para prática e aprendizado dos
profissionais de saúde. Afinal, quem melhor do que os nossos profissionais de saúde
para desenvolverem dados e análises importantes para melhorar a qualidade de vida da
nossa população? A nossa Rede surge com a principal estratégia de mecanismos de
aprendizagem para aprimorar aspectos importantes que influenciam no resultado da

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vigilância em saúde e da saúde pública. A ProEpi também realiza projetos que tenham o
desenvolvimento em saúde como foco.
Ficou interessado? Seja nosso sócio!
Entre em contato conosco através dos e-mails proepi.associacao@gmail.com ou
contato@proepi.org.br e saiba como se tornar um sócio ProEpi

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publicações na área da saúde. Fique por dentro!

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INTRODUÇÃO AO GEOPROCESSAMENTO

O geoprocessamento é o processamento informatizado de dados


georreferenciados e consiste em um conjunto de técnicas, utilizadas em diversas áreas
do conhecimento e, desde os anos 2000, foi incorporado por profissionais da área da
saúde nas práticas de vigilância e planejamento. O uso do espaço na estratégia da saúde
tem aumentado exponencialmente, com a associação de bases de dados
epidemiológicos, ferramentas cartográficas e estatísticas computadorizadas. Ainda,
pressupõe modelos que auxiliam na compreensão do processo saúde/doença, baseados
em variáveis espaciais como a distância, vizinhança e inter-relacionamento com dados
de caracterização do lugar.

Uma das vantagens da abordagem espacial é a representação de dados


epidemiológicos em plano geométrico, tendo como premissa elementos espaciais
próximos que compartilham condições socioambientais semelhantes. Os mapas de
indicadores epidemiológicos podem demonstrar padrões de distribuição de eventos, a
identificar fatores de risco que influenciam a sua ocorrência no espaço. Observa-se, na
Figura 1, três possibilidades de distribuição espacial de um determinado indicador com
padrões espaciais diferentes.

Figura 1: Diferentes padrões de distribuição de eventos da saúde em um mapa.


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Fonte: Santos e Barcellos, 2006.

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1. Taxas elevadas em uma determinada região sugerem a existência de uma


fonte única de exposição como, por exemplo, emissões de poluentes de uma indústria.

2. Taxas elevadas de forma contínua e em formato de uma faixa, podem


indicar exposição em formato linear como, por exemplo, uma estrada ou rio.

3. Observa-se, ainda, padrões espaciais em formato de mosaico, ou seja,


aglomerados com fontes de exposição distribuídas na região, evidenciados pela
análise da situação de saúde na forma de organização social das cidades (Santos e
Barcellos, 2006).

Salienta-se que esses tipos de mapas são uma representação simplificada de


um problema de saúde pública que, em geral, pode apresentar complexidade e
causalidade multifatorial. O mapa tem como pressupostos a homogeneidade
interna e a independência das unidades espaciais de agregação e análise de dados.
Cada tipologia, ou seja, cada maneira de construção do espaço corresponde a um
conceito e a um conjunto de métodos e técnicas de análise que se deseja emprega-
lo.

A possibilidade de se fazer mapas simples com indicadores é uma das funções do


geoprocessamento que você terá a oportunidade de aprender nas aulas seguintes.

As técnicas que o geoprocessamento compreende são técnicas de coleta,


tratamento, manipulação e apresentação de dados espaciais, tais como:
 Cartografia digital;
 Estatística Espacial;
 Sensoriamento Remoto e
 Georreferenciamento.

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Cada uma dessas técnicas desempenha funções e objetivos específicos,


descritos abaixo.

Figura 2: Sistema de Informação Geográfica e conexões.

Fonte: Carvalho, 2000.

A cartografia digital desenha ou delimita objetos geográficos naturais ou


artificiais, visíveis na paisagem, unidades de análise e/ou divisões político-
administrativas, em formato digital. Atualmente, a produção de mapas no formato
analógico ou em papel é reduzida. A maioria dos mapas produzidos são digitais e podem
ser editados no computador e impressos, posteriormente, em papel (Magalhães, 2014).

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Fonte: Centro de Tecnologias Educacionais Interativas em Saúde (Centeias UnB).


A estatística espacial é o ramo da estatística que analisa e identifica a localização
espacial de eventos e fenômenos que se materializam no espaço geográfico. Além disso,
gera modelos da ocorrência desses fenômenos, com a incorporação de fatores
determinantes, estrutura de distribuição espacial ou identificação de padrões, por
exemplo (Santos, 2007).
Figura 3: Casos confirmados de dengue em Curitiba por distrito.

Fonte: Secretaria Municipal da Saúde. Infografia: Gazeta do Povo.

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Sensoriamento remoto (Processamento digital de imagens) é o conjunto de


técnicas que mensura características físicas de um objeto remotamente, sem toca-lo na
superfície da Terra, com uso de sensores de recuperação, de forma passiva ou ativa de
imagens. Os Modelos Digitais de Terreno (MDT) armazenam a forma da superfície da
Terra, úteis na análise de situação de saúde ambiental (Pina & Cruz, 2000).

Figura 4: Imagem de satélite do Rio Uruguai em Rio Grande do Sul e Santa Catarina/
Brasil.

Fonte: Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto e Meteorologia.


Disponível em http://www.ufrgs.br/srm/. Acesso em 04 de agosto de 2017.

O georreferenciamento trabalha com a busca de cada endereço na base


cartográfica de logradouros escolhida. O sistema identifica o logradouro por meio do
nome, interpola o número da casa no trecho do logradouro e retorna ao usuário o par
de coordenadas. Esse processo é disponibilizado pela maioria dos programas comerciais
ou livres de SIG (Magalhães, 2014). O QGIS utiliza a base de dados do Google Maps, com
informações de todos os lugares, inclusive dos mais remotos.

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COMPOSIÇÃO E FUNÇÃO DE UM SIG

As técnicas de geoprocessamento vistas acima são realizadas em programas


(software) de computador específicos que permitem o uso de informações
georreferenciadas, ou seja, informações que possuem área e posição geográfica
definida, ou podem estar integradas em um SIG, que são sistemas computacionais
usados para capturar, armazenar, gerenciar, analisar e apresentar informações
geográficas. Esses sistemas reúnem grande quantidade de dados convencionais e de
expressão espacial, por isso, o SIG é uma ferramenta essencial na geração de banco de
dados e manipulação de informações geográficas em diversos formatos (Fonte). Eles
permitem análises espaciais complexas com rapidez e cenários diversos, a fim de
subsidiar os administradores no planejamento e tomada de decisões.
Os objetivos dos SIG são:
 Organizar e georreferenciar os dados;
 Integrar dados por diversas fontes;
 Visualizar informações espaciais;
 Analisar dados;
 Predizer ocorrências.
 Você pode ver mais detalhadamente sobre os objetivos do SIG no material
complementar.
As vantagens apresentadas para a implementação de um SIG são:
 Melhor armazenamento e atualização dos dados;
 Recuperação de informações, de forma mais eficiente;
 Produção de informações mais precisas;
 Rapidez na análise de alternativas;
 Possibilidade de decisões mais rápidas e com maior precisão.
 O SIG necessita de referência da localização de onde está a informação, ou seja,
a informação tem que ter uma posição geográfica, que pode ser referida com o

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par de coordenadas ou endereço ou, ainda, com polígonos a partir do código que o polígono
representa, um geocódigo.
As informações associadas a feição geográfica apresentam quatro componentes:
 Posição geográfica – caracteriza a posição de um objeto em relação a um
sistema de referência qualquer;
 Atributos geométricos – descrevem os objetos geometricamente;
 Tempo – referencia as informações geográficas a determinada época ou
período de tempo;
 Relacionamentos espaciais ou topologia – refere-se à posição de um
objeto em relação aos demais. Podem ser: adjacência, conectividade,
contingência e proximidade.

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Figura 5: Estrutura de um SIG.

Fonte: Adaptação de Câmara, 1998.


As quatro funções prioritárias de um SIG são:
 Aquisição de dados;
 Gerenciamento;
 Organização e manejo de grandes quantidades de bancos de
dados;
 Análise.
Vamos entender cada uma delas?

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Aquisição de dados: captura, importação, validação e edição são procedimentos


que envolvem as etapas necessárias à alimentação dos dados no sistema. Os dados
também podem ser importados em outros formatos ou confeccionados
especificamente para inclui-los no sistema com sensoriamento remoto, restituição
aerofotogramétrica, digitalização de levantamentos topográficos, digitação de dados
em tabela, vetorização, entre outros. Entretanto, existem condições às quais esses
dados devem apresentar, como, por exemplo, estrutura. Por isso, precisam ser
analisados adequadamente e, eventuais incoerências ou imperfeições, corrigidos.
Gerenciamento: armazena dados de forma estruturada e facilita análises. A
forma como os dados são estruturados é crucial para o sistema, para gerar informações
que orientam e norteiam a intervenção do gestor.
Para que o SIG represente feições próximas à realidade, necessita-se adotar
procedimentos essenciais para o bom desempenho do sistema. Um desses
procedimentos é a modelagem dos dados para aplicações. O modelo de dados é um
conjunto de regras usado na conversão dos dados geográficos reais em pontos, linhas
ou polígonos. Um mapa é, portanto, uma representação de elementos espaciais, de
forma simples, e aproximação do mundo real (Aronoff, 1991).
Organização e manejo de grandes quantidades de banco de dados: devido à
necessidade de obter resultados em menor tempo e atualizar o banco de dados
frequentemente, um bom SIG deve apresentar capacidade de processar muitos
registros e várias camadas de dados gráficos e, ainda, exibir resultado em mapas
sínteses, de boa qualidade. Os mapas, anteriormente feitos à mão, transformam-se
atualmente em produto de operações desenvolvidas dentro do SIG, com atualização de
conteúdo.
O SIG permite integrar dados oriundos de diferentes fontes, nos mais variados
formatos, escalas e sistemas de projeção. O mapa armazenado nesse sistema pode estar
associado a novos dados, provenientes de diversas fontes, a somar o trabalho de

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diferentes órgãos e instituições. Além disso, permite combinar vários tipos de dados,
como, por exemplo, àqueles obtidos em campo por sistema de navegação global por
satélite - GNASS.
Atualmente, temos dois sistemas em funcionamento, inclusive com aparelhos
receptores: o Global Positioning System - GPS e o Globalnaya Navigatsionnaya
Sputnikovaya Sistema – GLONASS. Podem-se utilizar também de topografia
convencional, tabelas, mapas, entre outros. Nos Módulos 4 e 5, trabalharemos com mais
detalhes sobre o assunto de aquisição de bases de dados tabulares e gráficas.
Análise: a principal função do SIG é a análise, pois opera, extrai e gera novas
informações do espaço geográfico, a partir de critérios estabelecidos pelo próprio
usuário. Essa função é extremamente útil no gerenciamento, planejamento e execução
de projetos, quaisquer que seja o âmbito da aplicação.
Nas análises relacionadas especificamente a componentes geográficos dos
dados, as operações mais comuns são a pesquisa de dados e a busca de informações de
acordo com critério de seleção (por exemplo, pela localização, proximidade, tamanho,
valor), a análise espacial que envolve modelagem e análise de padrões espaciais e de
relacionamento de dados.

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Figura 6: Pessoas com Insuficiência de Alimentos (mil pessoas).

Fonte: POF/IBGE. Elaboração dos autores com Philcarto.

Alexandre Gori Maia e Antonio Marcio Buainain, « Pobreza objetiva e subjetiva


no Brasil », Confins [Online], 13 | 2011, posto online no dia 30 Novembro 2011,
consultado o 08 Agosto 2017. URL : http://confins.revues.org/7301 ; DOI :
10.4000/confins.7301
É crescente a utilização de programas livres (gratuitos), mas a aquisição de bases-
gráficas ainda é desafio no Brasil, apenas por empresas privadas. Assim, buscam-se
convênios em diversas instituições públicas e privadas. As secretarias municipais e
estaduais como, por exemplo, as de saúde, educação, transporte e planejamento,
podem articular em conjunto para dividir os custos da estruturação desse investimento
(Davis, 2006).
A decisão de implementar um SIG basea-se na análise dos custos e benefícios,
pois o processo de estruturação é longo e caro, a depender da região do Brasil a ser
implantado (Carvalho et al, 2000).

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VAMOS PRATICAR?

Você viu nesta aula o que compreende o georreferenciamento e agora irá


praticar. Nesta prática você vai aprender a georreferenciar diferentes hospitais regionais
do entorno da cidade de Brasília-DF e abrir esses pontos georreferenciados no QGIS.
Antes de você iniciar o passo a passo crie uma conta GMAIL caso ainda não tenha,
pois iremos usar o May Maps para marcar os hospitais.
Atenção: Salve os arquivos gerados nesta prática na pasta práticas que
sugerimos que criasse na segunda aula.
É muito importante que mantenha a organização, então sugerimos que crie
pastas dentro da pasta práticas para que saiba achar os arquivos de cada prática feita.
Veja abaixo nossa sugestão:

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Parte I – Georreferenciando pontos no May Maps

1º: Abra o seu navegador e coloque na barra de endereço o seguinte endereço


eletrônico: https://www.google.com/maps/about/mymaps/. Clique em iniciar.

2º: Abrirá a janela da conta do google para que faça o seu login.

3º: Após se logar clique em criar um novo mapa no canto superior esquerdo.

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4º: Na janela que se abriu você irá buscar por oito hospitais regionais do entorno da
cidade de Brasília. Para buscar pelo primeiro hospital, vá até a barra de pesquisa e digite
Hospital Regional da Asa Norte. Clique na primeira opção e aperte Enter ou clique na
lupa.

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5º: No canto superior esquerdo você encontra a marcação do Hospital Regional


da Asa Norte. Para adicioná-lo à camada é necessário clicar no ícone +

6º: O Hospital Regional da Asa Norte foi adicionado ao seu mapa com um alfinete

. Sugerimos que troque para o ícone de hospital . Para isso clique no ícone e
depois em mais ícones.

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7º: Clique em Crise ou digite em Filtro a palavra Hospital e selecione o ícone

antes de clicar em ok.

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Após marca o primeiro Hospital temos que marcar mais 6 Hospitais públicos que
estão localizados em Brasília e para realizar esse desafio é só repetir o passo a passo a
partir do item 4.
Nomes dos Hospitais:
a) Hospital Regional da Asa Norte (Exemplo)
b) Hospital Regional de Ceilândia
c) Hospital Regional de Samambaia
d) Hospital Regional do Guará
e) Hospital Regional do Gama
f) Hospital Regional do Paranoá
g) Hospital Regional de Sobradinho

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8º: As marcações dos hospitais ficarão conforme imagem abaixo. Se desejar,


pode dar um título ao mapa e as camadas da forma que preferir. Para essa prática
deixaremos como título das camadas Hospitais Regionais – Entorno Brasília-DF.

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Parte II – Exportando as camadas criadas


Depois de georreferenciar todos os hospitais é hora de exporta para o QGIS.

1º: Clique na função e depois clique em Exportar para KML.

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2º: A janela Exporta para KML abrirá. Selecione a opção Hospitais Regionais –
Entorno Brasília-DF e marque a opção Exportar para um arquivo .KML (para total
compatibilidade do ícone, use KMZ). Depois clique em Download.

3º: Ao finalizar o download peça para Mostrar na pasta e cole o arquivo na


pasta de práticas que foi criada.

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Parte III – Abrindo no QGIS as camadas exportadas


1º: Faça o download do arquivo regioes_administrativas_df disponível na
plataforma e transfira esse arquivo para a pasta de práticas e faça sua extração na pasta.
2º: Execute o QGIS.

3º: Clique no ícone para adicionar uma camada vetorial, como foi
ensinado na aula 2, e procure pelo arquivo ras_codeplan.shp, que deve estar dentro da
pasta de práticas, e clique em Abrir. Nessa camada vetorial o Distrito Federal está
separado por suas regiões administrativas.

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4º: Clique duas vezes sobre a camada. Abrirá a janela Propriedades da camada
– ras_codeplan. Dessa forma você pode editar a cor de preenchimento da camada e sua
transparência, o contorno, o estilo e a espessura da linha da borda.

Agora você vai aprender a alterar a cor de preenchimento da camada


ras_codeplan para conseguir ver melhor os pontos que georreferenciou.

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5º: Na aba Estilo clique em Preenchimento simples e depois na seta de expansão


do preenchimento. Na janela que abrir selecione Preenchimento transparente. Clique
em Aplicar e depois em ok.

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Depois de seguir esses passos a sua camada vai ter essa aparência.

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Parte IV – Categorização das camadas


Agora vamos adicionar e categorizar a camada .KML georreferenciada no May
Maps ao mapa.
1º: Para representarmos diversas informações qualitativas atribui-se a cada uma

um símbolo ou uma cor diferente. Para isso inicie clicando no ícone . Abra a
camada Hospitais
Regionais – Entorno Brasília-DF, como foi ensinado na aula 2. Os pontos devem
aparecer distribuídos sobre o mapa.

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2º: Clique com o botão direito sobre a camada Hospitais Regionais – Entorno
Brasília-DF e em seguida clique em Propriedades.

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3º: Abrirá a janela de Propriedades da camada. Na aba Estilo clique na seta de


expansão de Símbolo simples e escolha Categorizado.

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4º: Em Coluna (a variável a ser categorizada) escolha nome e clique em Classifica.


Observe que aparecerão os nomes dos Hospitais georreferenciados e as cores aleatórias
que as representarão no mapa. Clique em Aplicar e OK.

Ao clicar em ok o seu mapa ficará assim.

Siga o passo a passo da parte IV agora para a camada ras_codeplan.

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CONTEÚDO COMPLEMENTAR

O SIG permite estruturar modelo de dados associado ao conjunto de regras na


conversão de dados geográficos reais em pontos, linhas e polígonos. É, portanto, uma
abstração digital ou aproximação do mundo real (Aronoff, 1989).

Um SIG, além da localização geográfica definida, também reconhecida com


dados georreferenciados, caracteriza-se por dois componentes fundamentais: gráfica e
não gráfica. Esses componentes devem conter formato de apresentação cartográfica de
diversos tipos (pontos, linhas e polígonos) em conjunto; banco de dados com
geocódigos idênticos na base não gráfica e gráfica que permita realizar consultas e
manipulação dos dados geográficos com facilidade na entrada de dados, de maneira
integrada; e boas ferramentas de uso do usuário na análise espacial (Pina, 1997).

Os objetivos nos projetos no SIG podem interferir na escolha da unidade espacial,


escala adotada, variáveis, entre outras. Essas escolhas implicam análises e resultados
distintos (Gracie, 2014). Tanto os dados gráficos (mapas) quanto tabulares (tabelas)
devem ter mesma unidade espacial e código idêntico para que os atributos estejam
relacionados com os mapas. Ou seja, dados presentes nas tabelas possam ser inseridos
nos mapas, segundo objetivo do projeto, em questão (Câmara, 1994 e 1998).

É fundamental ter clareza quanto aos objetivos da aplicação do SIG. Para isso,
devemos fazer as seguintes perguntas:

 Que produto se deseja e que fenômenos sociais devem ser estudados, ou


seja, quais são os objetivos da aplicação?;
 Como desenhar esses processos e fenômenos reais por meio de um
sistema?;
 Quais são os dados relevantes e necessários para a geração de
informações?;

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 Como se integram às informações de acordo com o modelo?;


 Que produtos ou variáveis de saída são, de fato, passiveis de construção
e de aplicação na gestão local?
É importante esclarecer essas questões antes do início da implantação de um SIG
(Silva, 1999). Não existe o "melhor modelo" e cada experiência possui contexto político,
prazos, recursos disponíveis e objetivos distintos (Davis, 2003).

Detalhamento dos principais objetivos do SIG


Visualização das informações: há diversas maneiras de apresentar informações
geoespaciais pelo SIG.

No mapa abaixo, observa-se a presença das informações de pluviosidade e classificação


de uso do solo, e, nos mapas menores, as incidências de malária (IPA) de 2003 e de 2010,
junto a estradas federais e áreas indígenas.

Figura 1: Uso e cobertura do solo na faixa de fronteira da Amazônia brasileira. Nos


mapas menores a esquerda a taxa de transmissão (IPA) de malária em 2003 e em 2010,
a direita.

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Fonte: Gracie et al, 2014.

Diante da diversidade na apresentação das informações geoespaciais pelo SIG,


mapas subsidiam na tomada de decisões pelos gestores a partir do diagnóstico
situacional de saúde ambiental, por exemplo.

Organização e georreferenciamento dos dados: o SIG é um poderoso organizador das


informações georreferenciadas. Permite combinar tipos diferentes dessas informações
como, por exemplo, limites de bairros, localização pontual das unidades de saúde,
volume do fluxo entre duas localidades, entre outras.

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Figura 2: Integração de dados em um SIG.

Fonte: Pina, 2008.

Integração de dados advindos de diversas fontes: nos mais diversos formatos, escalas
e sistemas de projeção, o mapa armazenado no SIG pode associar a novas informações,
provenientes de diversas fontes, a fim de somar o trabalho com diversos órgãos e
instituições.

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Figura 3: Integração de dados de diferentes instituições.

Fonte: Notas de aula, Christovam Barcellos, 2016.

Análise dos dados: utilizamos as operações, tais como:

 Recuperação – operações básicas de seleção de informações baseadas em


critérios espaciais ou não espaciais. Assim, por exemplo, é possível selecionar
todos os setores censitários situados a 500 metros de uma fábrica (dados
gráficos) cuja renda média seja inferior a três salários mínimos (dados não
gráficos);
 Sobreposições – funcionam a partir da sobreposição de camadas de dados
gráficos, com o intuito de realizar operações entre eles. Esse procedimento será
abordado no item seguinte;
 Vizinhança – avalia as características da área ao redor de uma localização
específica; e
 Conectividade – trata-se de análises de rede, tais como cálculo do caminho
mínimo entre duas ou mais localizações. O SIG permite transformar dados em
informações úteis ao processo de tomada de decisões pelos gestores de saúde

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acerca das prioridades nos programas de atendimento às populações nessas


áreas.
Figura 4: Casos de leptospirose na Região Administrativa de Jacarepaguá e
Cidade de Deus

A classificação
de áreas
consideradas
“favelas” pelo
IBGE são
atualizadas
apenas a cada
10 anos.

Fonte: Notas de aula, Renata Gracie, 2008.

Predição de ocorrências: a partir da análise de séries históricas, mapeiam-se os


eventos, estudados em diferentes períodos. Ao comparar os mapas em diferentes

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períodos, é possível identificar em quais áreas ocorreram modificações, bem como


poderão configura-los no decorrer dos próximos anos.

2007

Fonte: Estudo da Qualidade da Água consumida e da ocorrência de doenças de


veiculação hídrica no território de Manguinhos na cidade do Rio de Janeiro – RJ.
Coordenação: Paulo Barrocas.

Nesses mapas, observamos baixa incidência de Hepatite A no início do período e


elevada incidência da doença, ao final do período, em análise. Diversos fatores
associados podem estar associados e sinalizam o gestor quanto à necessidade de
recrutar recursos na área mais afetada por essa doença.

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O mapa abaixo demonstra as áreas de concentração de eventos climáticos


extremos, relacionados a deslizamentos, inundações bruscas e graduais no Brasil, bem
como óbitos resultantes desses eventos, acumulados de 2000 a 2011. Este mapa ainda
evidencia áreas de maior concentração de eventos e de menor registro de óbitos, assim
como áreas de menor concentração de eventos e maior registro de óbitos. Tais
diferenças podem indicar o grau de vulnerabilidade e o resultado, positivo ou negativo,
de políticas públicas de prevenção (Xavier, 2014).

Figura 5: Concentração de eventos climatológicos extremos e óbitos relacionados a


deslizamentos, inundações bruscas e graduais - Brasil: 2000 - 2001.

Fonte: Xavier, 2014.

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Para alcançar os objetivos do SIG, é necessário utilizar um programa que permita


realizar operações geográficas.

Figura 6: Localização - o que está neste ponto.

Fonte: Santos e Barcellos, 2006.

Ao localizar um evento ocorrido em determinado endereço no mapa e


selecionado na tabela, observamos cor diferente no mapa e vice-versa. Se
selecionarmos registros segundo determinado critério na tabela, tais registros serão
marcados no mapa. Isso demonstra indexação dos dados inerente entre a tabela de
registros e os objetos no mapa.

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Medição

Com o uso de instrumentos do SIG, podemos medir distâncias entre objetos em um


mapa. No exemplo abaixo, é possível calcular a distância (em metros ou quilômetros)
entre o local de residência de uma pessoa e objetos geográficos de interesse social, que
promovem a qualidade de vida da população, como escolas, unidades de saúde, locais
de lazer, entre outros. Os caminhos entre o local de residência e esses indicadores
sociais estão marcados em linhas vermelhas, amarelas e laranjas (Palma, 2016).

Figura 7: Mapa de percursos para completude de bairro de Itararé. Três percursos


acessados nos raios de 400 e 800 metros tendo como centro o empreendimento do
Minha Casa Minha Vida localizado no bairro de Itararé.

Fonte: Dissertação de Mestrado de Rodrigo Codovila de Palma, 2015.

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Cartográfica (SIG)

No mapa a seguir, podemos observar ligação entre os objetos no mapa e tabela


de dados. Para localizarmos qualquer um desses objetos, usam-se expressões que
busquem determinado atributo e demonstrem os objetos selecionados no mapa. Por
exemplo, na figura há bairros selecionados com maior proporção de área de favelas no
Rio de Janeiro. Os resultados dessa seleção são mostrados na tabela (lista de bairros) e
no mapa (iluminados com contorno azul).

Figura 8: Buscar (query): Seleção dos bairros, que tem maior proporção de
favelas nos bairros no município do Rio de Janeiro com distribuição de taxa de
incidência de leptospirose entre 1996 e 1999.

Fonte: Renata Garcie, 2016.

Podemos analisar dados de saúde, socioeconômicos e ambientais,


concomitantemente. Esses dados são coletados e disponibilizados por diversas
instituições e, em geral, nas unidades de análises georreferenciais. Quanto melhor for a

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qualidade dos dados, tanto do nível de detalhamento da unidade de análise quanto da


sua atualização, as análises de risco serão mais assertivas para recrutar esforços nessas
áreas onde as ações devem ser priorizadas.

As técnicas de Geoprocessamento contemplam coleta, tratamento,


armazenamento, visualização e análise de dados espaciais. Essas técnicas estão divididas
segundo as suas funções: Cartografia digital, Conversão de dados, Estatística Espacial,
Processamento digital de imagens, Sistemas de Informação Geográfica-SIG. A última
técnica é amplamente utilizada e divulgada, pois é capaz de integrar com as demais
técnicas.

Contudo, ressaltamos que os resultados de análise espacial estão diretamente


atrelados à qualidade dos dados fornecidos pelos diferentes institutos responsáveis
como: Ministério da Saúde - MS, Ministério do Meio Ambiente - MMA, Agência Nacional
de Águas - ANA, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Centro de
Sensoriamento Remoto - CSR, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA, Ministério das Cidades - MCidades, Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Solos, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
- CPRM, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, Agência Nacional de Energia
Elétrica - ANEEL, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA entre outros (Geo-
Lista, 2015).

No ambiente de SIG, há dados gráficos: mapas em formato digital que


armazenam as feições dos objetos geográficos; e dados não gráficos: tabelas que
qualificam as feições dos mapas. Para qualificar um mapa, devemos estruturar os dados
em tabelas com os dados de saúde, socioeconômicos e ambientais. Por isso, necessita-
se que esses dados estejam relacionados a uma entidade espacial, um ponto, uma linha,
ou um polígono. Atualmente, os programas de ambiente de SIG também visualizam,
armazenam e calculam dados rasters de imagens de satélite.

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Tabela 1: Descrição e exemplificação dos tipos de feições que representam os objetos


geográficos.

Fonte: Renata Gracie, 2014.

Cada feição armazena camada de informação (Figura 14) e geram mapas de risco.
Devemos organizar a ordem de visualização e realizar as operações entre camadas, de
forma adequada.

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Figura 9: Exemplificação do armazenamento em camadas/layers dos dados em


ambiente de SIG e o mapa resultante da estruturação destas camadas.

Casos

Áreas Inundáveis

Áreas verdes

Setores

Fonte: Renata Gracie, 2014.

As camadas de ambiente como, por exemplo, áreas inundáveis, uso do solo


(rural, urbano e etc.) não obedecem a nenhuma unidade de análise ou divisão político-
administrativa. Ao organizar os dados em tabelas e realizar testes estatísticos, utilizamos
as operações geográficas dentro do SIG.

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Figura 10: Exemplo de operações geográficas realizadas em ambiente de SIG.

Fonte: Renata Gracie, 2014

Abaixo, exemplificamos as ferramentas do SIG para dados ambientais que não


estão em nenhum tipo de unidade político-administrativo, mas os incluem dentro desse
ambiente.

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Figura 11: Aquisição e estruturação dos dados de fontes diferentes.

Fonte: Gracie, 2014 e 2016.

Ao recortar camadas de informação, devemos calcular a proporção de área


ocupada por determinado tipo de uso do solo e identificar a existência de risco de
doença ou agravo.

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Para que as camadas de informação estejam corretas, uma por cima da outra, é
importante sinalizar que todas essas camadas estejam com as mesmas configurações
cartográficas. Caso contrário, as operações geográficas estarão incorretas e a
visualização e análises, comprometidas. Para aprofundar a funcionalidade dessas
configurações, acesse o link:
http://www.capacita.geosaude.icict.fiocruz.br/referencia.php, Volume 1, Capítulo 2 -
Sistemas de Informações Geográficas em Saúde, sub-tema Noções de Cartografia.

Importante! Ao trabalhar com dados distribuídos por território, define-se a


escala (Figura 14) para análise de risco segundo esfera de atenção: nacional, estadual e
municipal. Ressaltamos que a escolha de escalas e de unidades de análise é
metodológica, pois os dados de saúde, ambiental e socioeconômico são coletados e
agregados segundo divisões políticas-administrativas.

Mesmo quando não se restringe a construção do espaço geográfico orientamos


estruturar esses dados, de forma agregada, nas unidades de análise. Iremos abordar as
possibilidades no capítulo de Geoprocessamento, segundo âmbito de atenção à saúde,
abaixo.

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Figura 12: Lista de possibilidades da escala geográfica e unidades de análise


relacionada as diferentes esferas de atenção.

Fonte: Gracie, 2014.

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A escolha das escalas deve enfocar nas diferentes esferas de vigilância em saúde
do Brasil e detalhar especificidades dos determinantes socioeconômicos e ambientais
para explicar a transmissão de leptospirose. Lembre-se! Não há escolha definitiva e
devemos testar os dados, do mais ou do menos detalhado, e identificar as informações
geradas nas unidades de análise.

Podemos observar essa diferença na figura abaixo no Município do Rio de


Janeiro. Neste mapa, não apresenta áreas de vegetação e corpos d' água, quando
comparado em conjunto com o Estado do Rio de Janeiro. Escalas distintas apresentam
impressões e resultados distintos.

Figura 13: Áreas verdes em diferentes escalas resultando em diferente


percepção.

Fonte: Renata Gracie, 2014.

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Cartográfica (SIG)

REFERÊNCIAS

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WDL Publications. 1991.
Barcellos, C. Notas de aula, 2016.
Barrocas, P. (coordenador) Gracie, R. (vice-coordenadora) Relatório do Estudo da
Qualidade da Água consumida e da ocorrência de doenças de veiculação hídrica no
território de Manguinhos na cidade do Rio de Janeiro – RJ, Departamento de
Saneamento Ambiental, Fiocruz financiado pela CGVAM/MS, 2014.
Câmara, G. Davis, C. Monteiro, A. M. V. Introdução à ciência da geoinformação, Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial-INPE, São José dos Campos, 1998.
Carvalho, M. S. Pina, M. F. Santos, S. M. (organizadores) Conceitos básicos de sistemas
de informação geográfica e cartografia aplicados à saúde, RIPSA, 2000.
Davis Jr., C. A.; Alves, L. L. Infra-estruturas de dados espaciais: potencial para uso local.
IP. Informática Pública, Belo Horizonte (MG), v. 8, n.1, p. 65-80, 2006.
Labgis (organização) o Sistema Labgis compilação de base de links com dados
geográficos gratuitos para consulta link: https://www.labgis.uerj.br/fontes_dados.php,
baixado em dezembro, 2015.
Gracie, R. Notas de aula, 2008.
Gracie, R. Barcellos, C. Magalhães, M; Souza-Santos, R. Barrocas, P. Geographical Scale
Effects on the Analysis of Leptospirosis Determinants. International Journal of
Environmental Research and Public Health, v. 11, p. 10366-10383, 2014.
Gracie, Xavier, R. D. Peiter, P. Mutis, M. S. Franco, V. Malária e uso do solo na fronteira
do Brasil. Congresso de Geografia da Saúde dos Países de Língua Portuguesa, Geosaude
2014, Coimbra, 2014.

Ministério da Saúde, (prelo) Manual de Vigilância e controle da leptospirose.


Georreferenciamento, Renata Gracie, 2014.
Gracie, Renata. Efeito da escala geográfica nos determinantes da Leptospirose. 1. ed.
Saarbrücken: Novas Edições Acadêmicas, 2016.

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Cartográfica (SIG)

Magalhães, M. A. F. M. Matos, V. P. Medronho, R. A. Avaliação do dado sobre endereço


no Sistema de Informação de Agravos de Notificação utilizando georreferenciamento
em nível local de casos de tuberculose por dois métodos no município do Rio de Janeiro.
Cadernos Saúde Coletiva (UFRJ), v. 22, p. 192-199, 2014.
Palma, R.C. Habitação Social e Urbanismo Sustentável: O Programa Minha Casa Minha
Vida na cidade do Rio de Janeiro, Dissertação de Mestrado do PROURB/FAU/UFRJ, Rio
de Janeiro, 2015.
Pina, MF. Armazenamento dos dados em SIG. In: Carvalho, M.; Pina, M. F.; Santos, S..
(Org.). Conceitos Básicos de Sistemas de Informação Geográfica e Cartografia aplicados
à Saúde. Brasília: Organização Panamenricana de Saúde, 2000, v. , p. 41-66.
Pina, M,F. Cruz, C.M. Moreira, R . Aquisição de Dados Digitais. In: Carvalho, M.; Pina, M.
F.; Santos, S.. (Org.). Conceitos Básicos de Sistemas de Informação Geográfica e
Cartografia aplicados à Saúde. Brasília: Organização Panamericana de Saúde, 2000, v. 1
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Pina, F. Notas de aula, 2008.
Santos, S. M. Barcellos, C. (organizadores) Série B. Abordagens espaciais na saúde
pública Volume1. Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz; Brasília - DF 2006.
Santos, S. M. Chor, D. Werneck, G.L. Coutinho, E. S. F. Associação entre fatores
contextuais e auto-avaliação de saúde: uma revisão sistemática de estudos multinível.
Cadernos de Saúde Pública (ENSP. Impresso), v. 23, p. 2533-2554, 2007.
Xavier, D. R. Barcellos, C. Barros, H. S. Magalhães, M. A. F. M. Matos, V. P. Pedrodo, M.
M. Organização, disponibilização e possibilidades de análise de dados sobre desastres
de origem climática e seus impactos sobre a saúde no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva
(Impresso), v. 19, p. 3657-3668, 2014.

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