Você está na página 1de 6

UECE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FILOSOFIA 2013 – 2 DIURNO

TÓPICOS DE FILOSOFIA
Professor Venceslau Jales
Aluno: Davi Duarte de Farias (1271479)
RESUMO “A ARTE DE VIVER”

1
RESUMO “A ARTE DE VIVER”

Aluno: Davi Duarte de Farias (1271479)

A ARTE DE VIVER - Epicteto

Algumas coisas estão sob o nosso poder e outras não. Sob o poder do homem estão
apenas o pensamento, o impulso, a vontade de adquirir e a vontade de evitar, em outras
palavras apenas as coisas que resultam de sua ação, as coisas que não estão sob seu
poder incluem o corpo, a propriedade, a reputação, o cargo e, em outras palavras, tudo
aquilo que não resulta de sua ação ele não pode controlar.

Coisas sob o poder do homem são, por natureza, livres, não encontram obstáculos à sua
frente, não são por nada limitadas por outro lado às coisas que não estão sob o seu poder
são fracas, servis, sujeitas a limitações e dependentes de outros fatores.

O homem para alcançar o que é de melhor para si, deve atingir altos intuitos que para
isso precisa de um grande esforço e deverá abandonar definitivamente certas coisas por
toda sua vida.

E caso ele venha a querer possui elementos como cargo e riqueza, pode ser que não
consiga chegar a felicidade plena, pelo fato que o seu desejo está fixado nestas coisas
fará com que certamente falhe em alcançar aquelas coisas que trazem consigo a
liberdade e a felicidade.

O homem deve fugir da vontade de obter coisas como riqueza e caso ele tente apenas
evitar aquilo que é não natural que não é de seu controle, ele deve então escapar de tudo
aquilo que deseja evitar, mas não deve se preocupar em evitar a doença ou a morte,
porque será considerado miserável.

A sua vontade em evitar deve se preocupar com aquilo que não está no poder do
homem, mas apenas para as coisas situadas dentro seu poder do e que são contrárias à
natureza. Neste momento, ele deve remover completamente a vontade de adquirir;
porque se deseja obter algo que não esteja em seu poder, inevitavelmente será
desafortunado porque nenhuma das coisas que se encontram em seu poder
inevitavelmente está fora do seu alcance.

Deve controlar impulso para agir e não agir na hora correta exercitando este
ensinamento.

Havendo coisas desde a mais ínfima ou a mais superior, o mais atraente é o útil, que está
dentro do poder da natureza.

Ele deverá sempre acatar todas as situações naturais como a morte e a doença, pois
assim ele estará se preparando para o natural que virá e não sofrerá com possíveis
perturbações.

2
O homem deverá estar preparado para qualquer situação desfavorável, sempre
recordando da natureza das coisas.

No caso de um banho deverá relembrar como a água pode ser despejada sobre alguns,
outros sendo atirados nela, outros resmungando, outros roubando, deverá recordar da
natureza da água e atuar de forma segura porque se caso algo vier a prejudicá-lo no
decorrer do seu banho, estará preparado emocionalmente para este revés.

O julgamento sobre os eventos é que perturba a mente dos homens e não os eventos em
si.

A morte não deve ser considerada horrível, pois isto é a penas um julgamento do
homem.

É considerado falta de educação quando estamos impotentes ou perturbados ou ansiosos


colocar a culpa sobre os outros quando a mesma é nossa, devido aos os nossos próprios
julgamentos.

A natureza do homem está em se orgulhar daquilo que realmente lhe pertence, pois isto
é o correto, a base de seu orgulho deverá ser o que é seu, ou seja as impressões devem
ser de acordo com a natureza.

Para ter paz, o homem não deve questionar a formar que os eventos acontecem, pois
eles não ocorrem devido à sua vontade, mostra que a doença não deve ser obstáculo
para o ser do homem, pois sendo superada com naturalidade não impedirá mais que o
homem desempenhe suas funções.

O homem deve treinar hábitos nobres como continência, a resignação e paciência para
que sejam empregados nos momentos mais oportunos que a vida trará, desta forma
estará sempre agindo voltado para a natureza dentro de si, o homem não deve se apegar
as coisas, pois sempre que achar que estar perdendo alguma coisa na verdade estará
devolvendo, sempre estas coisas em natureza não pertencem ao homem são apenas
passageiras.

Para progredir o homem deve abandonar raciocínios deste tipo: "Se um abandonar os
meus negócios, não terei nada para viver". "Se eu não punir o meu filho, ele será
malvado". Porque é melhor morrer de fome, de tal maneira que você esteja livre da dor
e livre do medo, do que viver na abundância e estar com a mente perturbada. É melhor
que o seu filho cresça malvado do que você ficar miserável.

Portanto, inicie com coisas pequenas. Uma gota do seu óleo derramou? A sua sopa foi
roubada? Diga para si mesmo, "Este é o preço pago pela liberdade da paixão, este é o
preço de uma mente quieta". Nada pode ser obtido sem um preço a pagar. Quando você
chama o seu jovem escravo , reflita que ele poderá não ser capaz de ouvi-lo, e se ele vier
a ouvi-lo, ele poderá não ser capaz de realizar nada que você queira. Mas ele não está
tão bem que nele resida a capacidade de lhe conferir a paz da mente, para Epicteto não é
fácil manter a sua mente em harmonia com a natureza e ao mesmo tempo manter o
controle das coisas externas; se você dá atenção a uma, você necessariamente tem de
negligenciar a outra.

3
Para não perder tempo e se desesperar o homem deve exercitar naquilo que está em seu
poder, pois mestre de cada homem é o homem, ele mesmo possui autoridade sobre
aquilo que ele deseja e não deseja, de se assegurar de um e de afastar o outro. Que
aquele que deseja estar livre não venha a desejar por algo ou evitar algo que dependa de
outros, ou então ele está fadado a ser um escravo de suas próprias impressões.

O homem deve se comportar na vida como se estivesse num banquete. Um prato lhe é
passado pelo círculo dos convivas até lhe chegar, estenda a sua mão e polidamente o
segure. Ele passa por você; não pare o seu movimento. Ele ainda não chegou até você,
não seja impaciente para obtê-lo, mas espere até que chegue a sua vez. Contenha-se
assim com relação às crianças, esposa, cargo, riquezas, até que um dia você venha a ser
digno do banquete com os deuses. Mas se quando eles (todos esses elementos da vida)
estiverem postados à sua frente, você não os considerar, mas sim, desprezar, então você
não somente irá compartilhar do banquete dos deuses, mas também do seu poder. Foi
assim fazendo que Diógenes e Heráclito e homens como eles foram chamados de
divinos e mereceram esse título.

O que incomoda o homem não é o evento, porque isso não incomoda outra pessoa, mas
sim o seu julgamento sobre o evento, deve se trabalhar a questão das impressões, que
sempre estão vinculadas ao que o homem não pode controlar, deste modo ele deve
concentra-se no que está em seu alcance para que possa viver sem frustrações.

Podemos controlar nossas opiniões, aspirações e desejos e as coisas que nos causam
repulsa ou nos desagradam. Fora do nosso controle estão as circunstâncias, as
intempéries do tempo e o fato de ter nascido rico ou pobre. Tentar controlar aquilo que
não pode ser controlado gera angústia e aflição. Por isso, pede que evitemos assumir as
questões dos outros, porque estas tiram-nos ou desviam-nos do nosso caminho.

O homem deve contentar-se com o papel que foi lhe dado no mundo, lembrando-se que
não lhe cabe o questionamento, pois este papel foi lhe dado de maneira a ser apenas
cumprido de forma digna, quando as impressões negativas aparecem cabe ao homem
saber que todo beneficio conseguido na vida depende de como o homem busca este
beneficio, o homem pode ser invencível, se ele nunca entrar em um desespero onde a
vitória não está sob o seu poder. Cuidado para que, quando você vir um homem erguido
à fama ou à alta reputação, você não seja dominado por elas. Porque se a realidade do
bem está naquilo que está em seu controle, então não há espaço para a inveja ou
desconfiança. E você não irá desejar ser um pretor, ou prefeito ou cônsul, mas sim ser
livre; e existe apenas um único caminho para a liberdade - desprezar aquilo que não está
em seu poder.

A morte é uma coisa que não está no controle do homem, portanto o homem não deve
colocar seus pensamentos naquilo que não está em seu poder, se vier a lhe acontecer ser
conduzido para as coisas externas, de tal maneira que você deseje agradar uma outra
pessoa, saiba que você perdeu o plano da sua vida. Contente-se então em ser apenas um
filósofo; se você deseja ser considerado como um, então mostre a si próprio que você é
um filósofo e você será capaz de alcançar essa meta.
A verdadeira finalidade da filosofia é aprender a viver. E aprender a viver é o mesmo
que alcançar a vida boa ou felicidade. Alcançar a vida boa deve ser aquilo que a

4
filosofia nos permite ao ensinar a virtude, a qual se traduz numa vida de simplicidade,
de autodomínio e de aceitação das circunstâncias que não dependem de nós.
No primeiro caso temos os desejos e apetites, os impulsos, a aversão e, em geral, o que
resulta das nossas ações. No segundo caso temos o nosso corpo, os bens, a fama, o
poder e, em geral, tudo o que não resulta das nossas ações.

Querer intervir no que não nos é possível resulta sempre em frustração e infelicidade.
Por isso não vale a pena lutarmos contra o que não depende de nós. Em vez de nos
deixarmos levar pelo desejo de mudar a realidade, temos antes de nos controlar a nós
próprios, moderando os nossos desejos e anulando as nossas ambições, ao mesmo
tempo em que aceitamos as coisas como elas são.

A raiz de toda a frustração e infelicidade reside, segundo Epicteto, na interpretação


fantasiosa da realidade e nos juízos falsos que fazemos sobre ela. A filosofia tem assim
um papel importante na busca da felicidade porque nos ensina a distinguir as falsas
impressões, ou aparências, da verdade. A natureza só pode ser boa, pelo que nada há de
errado e de censurável nela.

O que nos afasta da virtude e causa infelicidade são os juízos falsos que fazemos sobre a
natureza. Por isso devemo-nos abster de fazer juízos sobre a natureza. Assim, é a
ignorância que leva à infelicidade, o que está muito próximo do princípio socrático
segundo o qual só se erra por ignorância. Se levarmos uma vida filosófica seremos,
então, capazes de nos aproximar dos dois grandes ideais que constituem a felicidade: a
tranquilidade e a paz de espírito. Por isso recomenda:
“Preocupa-te, por isso, em dizer claramente a cada ilusão enganadora: "és uma ilusão e
nem de perto és o que pareces ser". Analisa-a de seguida e testa-a segundo essas normas
que possuis, das quais a primeira e mais importante é saber se pertence à categoria das
coisas que dependem de nós ou à das que de nós não dependem. Então, se for das que
não dependem de nós, tem bem pronta a resposta: "não é nada comigo".
Seguindo este princípio, Epicteto dá numerosos exemplos concretos ao longo do livro
sobre o modo como devemos encarar as coisas: a propriedade, a morte, a família, as
necessidades do corpo, o sexo, etc. Eis o que recomenda a propósito da inevitabilidade
da morte:

A morte nada de terrível representa por si , assim teria parecido ao próprio Sócrates,
mas o julgamento da morte como algo terrível, isso sim é um mal. Por isso, quando
estamos de pés atados, perturbados ou atormentados, ninguém mais podemos culpar
para além de nós próprios, ou melhor, dos nossos julgamentos.
Outras passagens são verdadeiramente únicas:
Culpar-se a si é já próprio de quem deu início à sua formação.

Jamais te orgulhes de qualquer mérito que não seja teu. [..] O que é, em boa verdade,
pertença tua? Apenas o uso das impressões externas.

Jamais digas, acerca do que quer que seja, "perdi-o", antes "devolvi-o". O teu filho
morreu? Foi devolvido. Morreu a tua mulher? Foi devolvida. "A minha herdade foi
roubada!" Pois bem, também ela foi devolvida. "Mas foi um malvado que ma roubou!"
Mas que importa por que meio Aquele que ta deu vem buscá-la de volta?
Posto que te foi ofertada, cuida dela enquanto pertença de outrém, tal qual os viajantes
desfrutam do seu hospedeiro.

5
Quando alguém se envaidece por compreender e interpretar os livros de Crisipo, tem
para ti próprio que "se Crisipo não tivesse escrito de forma obscura, nada teria esse
homem com que se vangloriar".
Mas que pretendo eu? Examinar a fundo a Natureza e seguir os seus ensinamentos.
Busco, por isso, quem seja capaz de interpretá-la. E tendo ouvido dizer que Crisipo é
esse homem, abordo a sua obra. Mas não compreendo os seus escritos. E continuo a
minha busca, agora de quem consiga interpretar Crisipo. E até aqui, nenhum motivo de
orgulho. Mas quando encontrar um intérprete capaz, é imperativo pôr em prática os seus
preceitos. E apenas nisto há lugar para admiração. Se, contudo, admirar apenas a sua
intepretação, que outra coisa me tornarei senão gramático, em vez de filósofo? Tão só,
em vez de Homero, interpretei Crisipo.

Você também pode gostar