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LÍNGUA PORTUGUESA
Literatura Infantil
Literatura Infantil
TP7
TP7
I
Presidência da República
Ministério da Educação
LÍNGUA PORTUGUESA
LITERATURA INFANTIL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE ASSISTÊNCIA A PROGRAMAS ESPECIAIS
PROGRAMA GESTÃO DA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
GESTAR I
LÍNGUA PORTUGUESA
LITERATURA INFANTIL
BRASÍLIA
2007
© 2007 FNDE/MEC
DIPRO/FNDE/MEC
Via N1 Leste - Pavilhão das Metas
70.150-900 - Brasília - DF
Telefone (61) 3966-5902 / 5907
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IMPRESSO NO BRASIL
Sumário
TP7 : Literatura Infantil
Literatura
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 7
Cor
Corrreção das aati
tividades de estudo
tividades
UNIDADE 1................................................................................................................................... 99
UNIDADE 2................................................................................................................................. 102
UNIDADE 3................................................................................................................................. 106
Of icinas de FFor
Oficinas or mação de Professor
ormação es
Professores
Nosso propósito, portanto, é mostrar que a literatura infantil não pode ser reduzi-
da a exercícios de ensino da gramática ou a outros tipos de abordagem que privilegi-
am o caráter educativo do livro para crianças. É preciso oferecer aos alunos a oportu-
nidade de conviverem com textos cuja leitura seja fonte de prazer, de contato com a
língua e suas variedades, de conhecimento dos atos e dos sentimentos humanos.
Na Unidade 3, para que você possa aprimorar seu trabalho em sala de aula, serão
apresentadas sugestões de atividades de leitura e de produção que envolvem as três
modalidades de textos da literatura infantil analisadas na Unidade 2.
Na seção 3, trataremos das mudanças que ocorreram a partir dos anos 70 e identi-
ficaremos as novas tendências que marcam os textos da literatura infantil brasileira.
Pensaremos nos interlocutores desses textos e na relação que se estabelece entre eles,
ou seja, entre o adulto, que produz o texto com finalidades educacionais e/ou estéti-
cas, e a criança, destinatário principal desse texto. Analisaremos a linguagem empre-
gada e os traços temáticos e estilísticos mais comuns dos textos voltados para o públi-
co infantil.
DEFININDO NOSSO PO NT
PONT O DE CHEG
NTO AD
CHEGAD A
ADA
Esperamos que, no final desta unidade, você possa:
Teoria e Prática 7 • Unidade 1
9
Seção 1
Os conceitos de literatura e de texto literário
Professor
Quem não se lembra de uma história interessante, que foi contada, na infância,
pelos pais, avós, tios, mestres, ou que foi apresentada no cinema ou na televisão? E
quem esquece os poemas que aprendeu a declamar quando era criança?
Contos, fábulas, romances, poemas estão muito presentes em nossa vida. Esses tex-
tos nos proporcionam prazer, diversão, conhecimentos e experiências de vida. Sabe-
mos reconhecer os elementos que caracterizam esses tipos de textos e temos até nos-
sas preferências por alguns deles. Muitas vezes, ao lermos um poema, um romance,
um texto teatral, reconhecemos situações que vivemos ou que gostaríamos de viver,
compreendemos o que é adequado ou não para a convivência em sociedade, conhece-
mos, enfim, os seres humanos.
Pensar nesses textos, que nos proporcionam toda essa vivência, é pensar em litera-
tura. É pensar também no papel do professor, que deve estimular a formação de leito-
res apreciadores de literatura.
Atividade 1
a) Exponha, nas linhas abaixo, o modo como você costuma trabalhar na escola para
que os alunos desenvolvam o interesse e o gosto pela leitura. (É muito importante que
você relate sua experiência, sem preocupar-se com críticas. Nossa intenção é que você
faça uma avaliação constante de seu trabalho em sala de aula e observe se as suges-
tões aqui apresentadas podem contribuir para aprimorar seu desempenho como pro-
fessor.)
Teoria e Prática 7 • Unidade 1
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b) Agora, procure explicar como você diferencia um texto literário de um texto não-
literário.
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Se foi difícil responder, não se preocupe. Esta seção foi organizada para que você
compreenda os critérios que, em geral, são usados para caracterizar o texto literário.
Para isso, precisamos definir bem o que é litera tura
literatura
tura.
Pensemos no trabalho de um artista. Ao criar uma pintura, ele retrata a visão que
tem do mundo, das pessoas, dos acontecimentos. Essa visão é única, pessoal. Cada
artista tem um modo individual (um estilo) de retratar a sua época.
Atividade 2
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Teoria e Prática 7 • Unidade 1
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Das Frühstück: Pierre und Jean Renoir, 1898. London, Sammlung Lady Marks.
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Quem observa a obra de um pintor, como, por exemplo, essa de Renoir, pode reco-
nhecer ali acontecimentos e experiências que já viveu ou imaginou e pode experimen-
tar sentimentos e emoções (alegria, prazer, dor, medo etc.), que são únicos, pessoais,
como são os do artista. Este, por meio de traços e cores, nos permite recriar o mundo
a partir do que observamos. Assim, podemos imaginar as atividades, as funções, o
modo de ser das três figuras humanas retratadas; o local onde se encontram e os
traços desse ambiente. Percebemos os planos mais próximos e os mais distantes e
assim por diante.
Vamos fazer uma comparação dessa experiência com a que a literatura nos propor-
ciona. A literatura permite ao leitor, por meio da interação com o texto, tomar contato
com uma série de experiências, de conhecimentos, de impressões, que os homens
foram acumulando com o passar dos séculos. É como se esse conhecimento estivesse
guardado em nossa memória até o momento em que o reconhecemos nas manifesta-
ções artísticas. Esse reconhecimento é que provoca o prazer, faz sonhar, permite mui-
tas interpretações e recriações.
Convite
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Teoria e Prática 7 • Unidade 1
PAES, José Paulo. Poemas para brincar. São Paulo: Atica, 1990.
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Imagine quantas coisas podemos mostrar aos alunos para que percebam o modo
como o texto é organizado, como as palavras se combinam para dar um ritmo especial
ao texto e para levar o leitor a imaginar, a recriar situações.
Atividade 3
Pense na sua experiência em sala de aula e no que você já estudou sobre o poema
no caderno Teoria e Prática 6.
Para trabalhar o poema de José Paulo Paes com seus alunos, o que é preciso anali-
sar? Descreva a atividade que você pode propor.
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É bom lembrar que as primeiras manifestações literárias se deram em forma de
poesia. A literatura, portanto, tem origem na poesia. As histórias antigas de grandes
batalhas ou de viagens extraordinárias, em que os heróis são muitas vezes descenden-
tes dos deuses e realizam ações sobre-humanas, salvando até nações, foram escritas
em forma de poemas. Você já deve ter ouvido falar nos dois maiores poemas da Grécia
antiga, a Ilíada e a Odisséia. Esses textos, que são o resultado de uma longa tradição
oral de histórias e lendas, foram escritos em versos, pois dessa forma poderiam ser
memorizados mais facilmente e preservados de geração em geração.
É importante lembrar que, assim como todas as artes sofreram e sofrem transfor-
mações ao longo do tempo, a literatura também passou e passa por mudanças cons-
tantes. Há muitas diferenças entre obras literárias de épocas diferentes. O conjunto
dessas obras de diferentes épocas nos permite compreender a literatura de hoje, que
influencia nosso modo de pensar e de agir.
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A linguagem que caracteriza o texto literário é
uma linguagem plurissignif ica
plurissignifica ti
icati va
tiva
va, isto é, apresenta
muitos significados; é conota ti va
tiva
conotati va. Nesse tipo de texto, o
modo como o assunto vai ser tratado é tão importante
quanto o conteúdo a ser transmitido. O texto literário
exige, portanto, um leitor preparado para essa lingua-
gem que sugere, que admite interpretações diferentes.
Vamos, então, confrontar dois textos em prosa para identificar qual deles é um
texto literário.
TEXTO 1
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TEXTO 2
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Atividade 4
a) Indique qual dos dois textos (texto 1 ou texto 2) é literário e explique por que você
chegou a essa conclusão.
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b) Agora, explique por que o outro texto não é literário.
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c) Compare as duas respostas anteriores com a resposta que você deu ao item b da
Ati vidade 1 desta seção e responda:
Atividade
A forma de você definir um texto literário mudou com a leitura dos textos A volta do
Sítio do picapau e Pôr de sol de trombeta? Explique.
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É fácil perceber em qual dos dois textos o escritor se preocupa com o plano da
expressão, utilizando uma linguagem mais subjetiva, escolhendo e combinando as
palavras de modo a “jogar” com a imaginação do leitor, levando-o a também imaginar
e recriar experiências. Sua intenção é proporcionar prazer e diversão ao leitor e, ao
mesmo tempo, instigá-lo a questionar, a descobrir outros caminhos e soluções para os
problemas.
um assunto que seja do interesse das crianças), um texto narrativo ou poético (ou os
dois) e um texto informativo (depois de pesquisarem o assunto em livros, jornais,
revistas ou outras fontes). Se a turma puder ser dividida em vários grupos, inclua
também na atividade o texto jornalístico. Dessa forma, os alunos terão também a
oportunidade de identificar os elementos que envolvem a produção de cada tipo de
texto.
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O texto literário é diferente de um texto cujas finalidades são informar, explicar,
expor dados com exatidão, para esclarecer o leitor. Esse texto, não-literário, apresenta
uma linguagem mais objetiva, que não deixa espaço para mais de uma interpretação.
Seu autor mostra-se mais preocupado com o conteúdo a ser transmitido do que com o
plano da expressão. O leitor não é “chamado” a fazer parte do texto; situa-se externa-
mente a ele.
A literatura pode ser definida como uma forma de arte, a arte da palavra. Ela nos
permite vivenciar e recriar acontecimentos e experiências, experimentar sentimen-
tos e emoções.
O texto não-literário apresenta uma linguagem objetiva, precisa, que não admite
interpretações diversas. Quem produz um texto não-literário, em geral, quer trans-
mitir um conteúdo, apresentando dados, expondo fatos do mundo real. É um texto
que tem função utilitária.
Seção 2
O gênero “literatura infantil”: origens e
evolução
Teoria e Prática 7 • Unidade 1
Professor
Quanto mais nossos alunos tiverem contato com variados tipos de textos, fazendo
sua própria seleção, manuseando e conhecendo os livros, mais facilmente eles pode-
rão adquirir o gosto e o interesse pela leitura.
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Se a maioria dos textos que circulam entre os alunos dos primeiros anos do ensino
fundamental compõe o gênero a que chamamos literatura infantil, devemos compre-
ender bem o que caracteriza essa literatura, entender como se formou, saber quais
foram seus principais momentos, os autores mais importantes e as obras que devemos
selecionar para a leitura e o trabalho em sala de aula. Trataremos desses assuntos
nesta seção.
Atividade 5
Pense na sua experiência com os alunos e nos textos que você utiliza em suas aulas.
Você conhece as preferências das crianças, sabe como elas se comportam diante dos
livros. Responda, então:
Para que as crianças se interessem pela leitura, que características as obras de lite-
ratura infantil devem ter?
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Teoria e Prática 7 • Unidade 1
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Breve histórico da literatura infantil. Das origens a Monteiro Lobato
As obras que aparecem como pioneiras na história da litera-
tura infantil são aquelas que, no século XVII, eram considera-
das adequadas ou apropriadas às crianças: entre outras, na
França, as Fábulas, de La Fontaine (inspiradas na tradição de
fábulas de Esopo e também nas indianas) e os Contos de Ma-
mãe Gansa, de Charles Perrault, que recolheu e adaptou his-
tórias folclóricas muitas vezes inspiradas nos contos de fa-
das que deviam ser populares na época. Algumas das fa-
mosas histórias de Perrault são: O Gato de Botas, A
Borralheira, Barba Azul etc.
São do século XIX os famosos contos dos irmãos Grimm, da Alemanha (A Bela Ador-
mecida, Os Sete Anões e a Branca de Neve, Os Músicos de Bremen, O Chapeuzinho Verme-
lho, A Gata Borralheira), os contos do dinamarquês H.C. Andersen (A Sereiazinha, O
Patinho Feio, A Pequena Vendedora de Fósforos, A Roupa Nova do Imperador), As Aven-
turas de Pinóquio, do italiano Collodi, Alice no País das Maravilhas, do inglês Lewis
Carroll, entre muitas outras obras e coleções.
Atividade 6
Dentre as obras acima citadas, é provável que você conheça algumas. É possível até
que as utilize em aula. Descreva o modo como você as apresenta às crianças, indique
as histórias de que elas mais gostam, enfim, mostre sua experiência com esses textos
na escola. Se não as utiliza, explique a razão.
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Teoria e Prática 7 • Unidade 1
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No Brasil, até o final do século XIX, as obras destinadas às crianças eram traduções
que chegavam principalmente de Portugal, muitas delas com objetivos bem definidos
de educar e moralizar e, secundariamente, divertir. Em 1894, por exemplo, Alberto
Figueiredo Pimentel publicou os Contos da Carochinha, uma coleção de 40 contos po-
pulares, traduzidos ou adaptados de outros povos, entre os quais alguns de Perrault,
Grimm e Andersen.
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No século XX, precisamente em 1921, acontece
a publicação da obra A menina do narizinho arre-
bitado, de Monteiro Lobato, que inaugura a pro-
dução regular brasileira de obras destinadas às
crianças.
Atividade 7
Nas linhas abaixo, descreva sua experiên-
cia com as obras de Monteiro Lobato. (Mos-
tre se já leu alguma delas, se assistiu ao se-
riado O sitio do Picapau Amarelo, se reco-
mendou a leitura das obras de Lobato aos
alunos, se analisou com eles algum texto,
enfim, exponha o que achar importante
sobre essa experiência. Se não leu ou não
utiliza os textos de Lobato, diga por que
isso ocorreu ou ocorre.)
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Foi com Monteiro Lobato que, em nosso país, se começou a adquirir a consciência
de que a literatura infantil não deve ser considerada um gênero menor ou subliteratura.
Em suas obras destinadas aos públicos infantil e juvenil, Lobato discute temas históri-
cos, narra inúmeros contos e lendas de nosso folclore e cria aventuras de um mundo
imaginário, maravilhoso. Além disso, traz para o universo infantil assuntos e temas
que antes eram reservados ao público adulto. Consegue, em suas obras, expressar sua
preocupação com os problemas do Brasil e do mundo, apresentando, nas discussões
desses temas, o ponto de vista da criança ao lado ou em confronto com o do adulto.
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Leia um trecho de uma das obras de Lobato. Observe bem a linguagem que ele
apresenta.
O irmão de Pinóquio
— Coitada de vovó! – disse um dia Narizinho. De tanto contar histórias
ficou que nem bagaço de caju; a gente espreme e não sai mais nem um
pingo.
Era a pura verdade aquilo – tão verdade que a boa senhora teve de escre-
ver a um livreiro de São Paulo, pedindo que lhe mandasse quanto livro fosse
aparecendo. O livreiro assim fez. Mandou um e depois outro e depois outro e
por fim mandou o Pinóquio.
— Alto lá! – interveio dona Benta. Quem vai ler o Pinóquio para que
todos ouçam, sou eu, e só lerei três capítulos por dia, de modo que o livro
dure e nosso prazer se prolongue. A sabedoria da vida é essa.
— Que pena! – murmurou o menino fazendo bico. Não fosse a tal sa-be-
do-ri-a da vida, que nunca vi mais gorda, e hoje mesmo eu dava conta do
livro e ficava sabendo toda a história do Pinóquio. Mas não! Temos de ir na
toada de carro de boi em dia de sol quente – nhen, nhen, nhen...
Sua zanga, porém, não durou muito, e assim que chegou a noite e tia
Nastácia acendeu o lampião e gritou o “É hora!”, ninguém se mostrava mais
assanhado que ele.
A moda de dona Benta ler era boa. Lia “diferente” dos livros. Como quase
todos os livros para crianças que há no Brasil são muito sem graça, cheios de
termos do tempo da onça ou só usados em Portugal, a boa velha lia tradu-
zindo aquele português de defunto em língua do Brasil de hoje. Onde estava,
por exemplo, “lume”, lia “fogo”; onde estava “lareira” lia “varanda”. E sem-
pre que dava com um “botou-o” ou “comeu-o”, lia “botou ele”, “comeu ele” –
e ficava o dobro mais interessante.
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho, in Obra Infantil Completa. Vol. 1. Ed. Centenário
Teoria e Prática 7 • Unidade 1
22
Atividade 8
a) Leia a seguinte afirmação:
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Nessa época também muitos autores recorriam a animais como personagens de
suas obras. O próprio Lobato apresentava animais falantes em seus textos: o porco
Rabicó, o burro falante, o rinoceronte Quindim etc. Isso sem falar na boneca de pano
Emília, no sabugo de milho, o sábio Visconde de Sabugosa, na Cuca. Mas, nos textos de
Lobato, os animais e bonecos não substituem as crianças; pelo contrário, convivem
com elas, dividindo as aventuras, os sentimentos e emoções.
Leia um pequeno trecho da obra de uma autora que viveu na época de Lobato e
repare como são utilizados os animais.
A Macaca-de-Cheiro suspirou:
O marido encorajou-a:
— Vamos ter confiança e esperar. Quem sabe a Onça vai morrer e ainda
festejaremos o casamento de nossa filha!
DUPRÉ, M. J. O cachorrinho Samba na Floresta. 6ª ed. São Paulo: Ática, 1984, p.47, 1ª ed. 1940.
Teoria e Prática 7 • Unidade 1
Atividade 9
A ler o texto, percebemos que os animais se comportam exatamente como seres
humanos. O que nos faz perceber isso?
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O cachorrinho Samba é um personagem que, a partir de 1940, aparece em várias
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obras de Maria José Dupré. Narrativas como essa certamente foram inspiradas nas
fábulas e contos de fadas, cujas origens se perdem no tempo e que, muitas vezes,
trazem, como personagens, animais que “representam” seres humanos.
Samba desobedece aos donos, perde-se na floresta, passa por maus momentos,
luta para voltar e, enfim, consegue. O cachorrinho, animal pequeno, doméstico, repre-
senta a criança, a quem era preciso transmitir ensinamentos e modelos de comporta-
mento, já que era considerada uma criatura frágil e incapaz de pensar por si mesma.
Em geral, os valores transmitidos às crianças, naquela época, eram os valores do mun-
do dos adultos e um desses valores era a obediência.
Atividade 10
Releia o texto de Maria José Dupré e observe atentamente a linguagem que ela
utiliza.
A autora optou por utilizar um padrão mais próximo ao padrão culto da lín-
gua, tanto para representar o discurso do narrador, quanto para mostrar a
fala dos personagens; não há, assim, uma preocupação em representar fiel-
mente o “tom de conversa”, o diálogo entre os amigos.
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As primeiras obras européias destinadas ao público infantil surgiram no sé-
culo XVIII. Eram obras voltadas principalmente para a educação da criança.
Seção 3
A literatura infantil brasileira: dos anos 70 até
nossos dias
Objetivo a ser alcançado no final desta seção:
Professor
Como anunciamos no início deste caderno, nossa intenção é expor, aqui, um breve
Teoria e Prática 7 • Unidade 1
Nos anos 70, houve uma grande preocupação das autoridades educacionais com o
baixo índice de leitura dos alunos. Assim, o Instituto Nacional do Livro (fundado em
1937), em convênio com a iniciativa privada, começou a editar um grande número de
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obras da literatura infantil e juvenil, incentivando a publicação de novos títulos, patro-
cinando novos autores e fazendo chegar às escolas essa produção.
Muitos autores, já famosos na época, como Cecília Meireles, Mário Quintana e Clarice
Lispector, que escreviam para o público não-infantil, passaram a produzir obras volta-
das para crianças.
Outro aspecto que marca a literatura infantil nos anos 70 é que as obras apresenta-
vam cada vez mais os problemas da sociedade contemporânea, a pobreza, o sofrimen-
to infantil, a marginalização, os preconceitos, a injustiça social. Surgem obras como
Justino, o Retirante, de Odette de Barros Mott, Lando das Ruas, de Carlos de Marigny, A
Casa da Madrinha, de Lygia Bojunga Nunes, Nó na Gar-
ganta, de Mirna Pinsky. É pioneira na apresentação mais
fiel da realidade social muitas vezes cruel e violenta a
Coleção do Pinto, inaugurada por Wander Piroli, com a
obra O Menino e o Pinto do Menino, de 1975.
Teoria e Prática 7 • Unidade 1
27
Vamos ler um trecho da obra História meio ao contrário, de Ana Maria Machado, de
1979.
Mas isso é coisa de índio. Homem branco hoje em dia não liga mais para
essas coisas. Prefere saber escalação de time de futebol, anúncio de televisão,
capitais de países, marcas de automóveis e outras sabedorias civilizadas.
Você sabe a história dos seus pais? E dos seus avós? E dos seus bisavós? Eu
também não sei muito não. Mas quando não sei invento.
Tem gente que gosta, acha divertido. Tem gente que só quer saber de his-
tórias muito exatas e muito bem arrumadinhas – então é melhor mudar de
história, porque esta aqui é meio atrapalhada mesmo e toda ao contrário.
Ela nem começou direito e já apareceram aí em cima uns índios que não têm
nada a ver com a história. Mas é que eu gosto muito de índios e piratas (por
isso adoro a história de Peter Pan) e toda hora eu lembro deles.
... E então eles se casaram, tiveram uma filha linda como um raio de sol e
viveram felizes para sempre.
MACHADO, Ana Maria. História meio ao contrário. São Paulo: Ática, 1979.
Atividade 11
Teoria e Prática 7 • Unidade 1
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b) No trecho que lemos da obra de Ana Maria Machado, fica clara a finalidade do
texto. Também o título (História meio ao contrário) mostra a intenção da autora. Expli-
que qual é essa intenção.
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Ao iniciar a leitura do texto de Ana Maria Machado, você deve ter se lembrado dos
contos de fadas que geralmente terminam com “..e foram felizes para sempre”.
Observe como essas situações aparecem, lendo estes outros trechos da mesma obra
de Ana Maria Machado.
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Atividade 12
a) Que personagens e situações dos contos de fadas tradicionais você reconheceu
nesses trechos da obra de Ana Maria Machado?
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b) Que partes do texto mostram que nessa obra as situações dos contos de fada se
resolvem de forma diferente?
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Em História meio ao contrário, o príncipe se casa com a pastora e não com a prince-
sa. Essa alteração da história tradicional é exemplo das tendências da literatura infan-
til moderna.
Ao utilizar uma obra como a de Ana Maria Machado (História meio ao contrário)
na sala de aula, você não pode perder a oportunidade de ler para os alunos ou de
sugerir que eles leiam alguns contos de fada tradicionais, que terminam com o “...e
foram felizes para sempre” (Cinderela e Branca de Neve, por exemplo), apontando:
• as finalidades dos textos,
• os marcadores de tempo e de espaço,
• o apelo ao sonho e à fantasia,
• as provas pelas quais alguns personagens passam,
• as ações da bruxa e da madrasta má e seus merecidos castigos,
• o papel da fada-madrinha.
A comparação dos textos pode ser feita oralmente pelos alunos, que, primeira-
mente, contam a história tradicional e, em seguida, apontam as partes do texto que
foram subvertidas ou adaptadas a outros padrões.
Você e os alunos certamente terão muitos assuntos para o diálogo que essa ativi-
dade permite.
30
Nos textos da literatura infantil moderna e contemporânea, os personagens passam
a apresentar um comportamento e um modo de pensar muito mais próximos da maneira
de ser das crianças: questionam, imaginam, sonham, brigam, formam turmas,
enfrentam problemas em casa, na rua e na escola. Além das obras de Ana Maria Machado,
as de Lygia Bojunga Nunes (Os Colegas, Angélica, A Bolsa Amarela, O Sofá Estampado) e
de Ruth Rocha (Sapo Vira Rei Vira Sapo; O Reizinho Mandão; Marcelo, Marmelo e Outras
Histórias) são exemplos dessas novas tendências de representar o universo infantil.
Atividade 13
Leia o seguinte trecho de uma obra de Ricardo Azevedo e observe as ilustrações que
ele mesmo faz para seu texto.
31
título como centro. Com ele se envolve um grupo de crianças, amigos de escola e de
brincadeiras de rua. As ilustrações, criadas pelo próprio autor, reforçam certos deta-
lhes do enredo e criam um certo suspense, que pode provocar o interesse da criança
pela leitura da obra.
Atividade 14
Agora, leia trechos de outra obra, esta destinada a crianças menores. Observe bem
as ilustrações, os espaços em branco, a combinação das palavras.
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Imagine que você vai utilizar esse texto na sala de aula. O que você faria para des-
pertar nos alunos o interesse pela história?
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A autora constrói uma obra que tem duas capas e duas histórias paralelas (Formigarra,
Cigamiga e Cigamiga, Formigarra), inspiradas, como você deve ter notado, na fábula
tradicional que todos conhecemos. Por meio do jogo das palavras e dos movimentos
sugeridos pelas imagens, a cigarra e a formiga se fundem num só personagem e isso
acontece numa e noutra história. O meio do livro é exatamente o final das duas histó-
rias.
Não podemos deixar de mencionar, neste breve histórico, o texto teatral destinado
às crianças, que tem como principal representante Maria Clara Machado. Ela transferiu
para o palco, para o visual, para o animado, muitos elementos dos contos clássicos,
das histórias de piratas, pastores, reis, bruxas. São exemplos de suas peças: Pluft, o
Fantasminha, A Bruxinha que era boa, O Cavalinho Azul. Você vai estudar, na próxima
unidade deste caderno, o texto teatral na literatura infantil.
Teoria e Prática 7 • Unidade 1
33
Nos anos 70, houve um expressivo crescimento da produção literária infantil
brasileira, motivado, principalmente, pelos projetos de autoridades educacionais,
preocupadas com o baixo índice de leitura dos alunos e decididas a fazer chegar às
escolas um grande número de obras destinadas às crianças e aos jovens.
A expansão do mercado dessas obras, além de provocar o aparecimento de novos
títulos e de novos autores, favoreceu o aperfeiçoamento das técnicas de editoração
e de utilização de recursos gráficos e visuais.
Os temas moralizantes, conservadores e autoritários, que predominavam em épo-
cas anteriores, dão lugar ao humor, à narração de aventuras e de viagens espaciais,
ao envolvimento dos personagens nos problemas sociais e na busca de soluções.
Também na poesia destinada às crianças manifestam-se grandes transformações
nos temas e na própria construção do poema. Valoriza-se agora o poder comunicati-
vo das palavras, dos versos, dos sons.
As ilustrações passam a interagir efetivamente com o texto verbal, compondo o
conjunto significativo do texto.
Lição de casa
TEXTO 1
SPENCE, M.. Energia Solar. Coleção S.O.S. Planeta Terra. São Paulo: Melhoramentos, p.4.
34
TEXTO 2
Lição de Biologia
Eu plantei um pé de amor
no fundo da minha vida.
A semente foi brotando.
Primeiro criou raiz,
35
2 Modalidades de textos de
“literatura infantil”
Nesta unidade 2, você vai conhecer algumas modalidades dos textos da literatura
destinada às crianças. Ao longo deste projeto GESTAR, essas modalidades já foram
estudadas. Nesta unidade, porém, três modalidades serão trabalhadas mais
detalhadamente.
Na seção 2, você vai ler textos em prosa e analisar a forma, estilo, tom, motivos e
temas que caracterizam os textos em prosa destinados às crianças. A partir dessa aná-
lise, vai avaliar a qualidade dos textos a serem levados para a classe.
DEFININDO NOSSO PO NT
PONT O DE CHEG
NTO AD
CHEGAD A
ADA
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
37
Seção 1
Os textos visuais
textos
• Distingüir traços característicos dos textos visuais voltados para o universo infantil.
Professor
Você já estudou que, em leitura, todos os elementos (visuais ou verbais, entre ou-
tros) envolvidos no texto são importantes para a construção do sentido. Verificou que
é importante dar ao aluno a oportunidade de ler textos diversificados, tanto aqueles
em que predomina a linguagem verbal, como aqueles mais visuais.
Nesta seção, você estudará um texto puramente visual, para analisar as imagens, o
efeito que as cores e suas combinações produzem e verificar como tudo isso contribui
na construção do significado do texto. Vai, também, pensar nos textos visuais como
meios para desenvolver a habilidade de construir seqüências narrativas, bem como
para estimular a percepção visual, a reflexão e a fantasia.
Para iniciar esse estudo, você vai ler o texto Laura e Leo em Um Buraco No Telhado, de
Liliana Iacocca e Michele Iacocca.
Para tornar possível o acompanhamento da análise desse texto, o livro foi reprodu-
zido, tendo as imagens reduzidas e agrupadas na mesma página.
38
Leia atentamente as gravuras abaixo, na seqüência em que são apresentadas.
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
39
Atividade 1
É possível afirmar que essa seqüência de gravuras constitui um texto? Por quê?
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Você deve ter considerado que, na forma como o livro foi reproduzido, a leitura fica
prejudicada: o tamanho reduzido das imagens e a apresentação de várias delas na
mesma página limitam o campo de ação do leitor. Leve em conta que, na forma origi-
nal, cada quadro, identificado por um número no canto inferior, se encontra em uma
página. A passagem do olhar de uma a outra página, o ato de folhear o livro fazem o
leitor criar expectativas, experimentar surpresas, formular hipóteses. Tudo isso con-
corre para a construção de significados. Entretanto, essa foi a forma encontrada para
você poder acompanhar a análise. Seria desejável que a biblioteca da escola pudesse
contar com esse livro, para o aluno folheá-lo e apreciá-lo mais adequadamente. Ape-
sar dessas limitações, é possível acompanhar a seqüência das ações e construir signifi-
cados.
Atividade 2
Leia atentamente a imagem da página 1(do livro reproduzido). Observe que a ima-
gem apresenta uma visão ampla, geral, do ambiente em que os fatos acontecem.
b) Observe, agora, as imagens da página 2. Note que são visões mais restritas, par-
ticularizadas.
Que mudanças podem ser notadas? Por que é importante levar o aluno a perce-
ber a mudança que ocorre na imagem de uma página para outra?
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
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Você deve ter considerado que é importante levar a criança a observar as imagens
dentro do contexto em que aparecem. Dessa forma, pode ser possível que ela levante
hipóteses sobre os acontecimentos representados e acompanhe mais adequadamente
a seqüência das situações.
40
De acordo com Luís Camargo, em seu livro Ilustra-
ção do Livro Infantil, a criança lê a imagem em três ní-
veis de leitura, conforme a idade e o desenvolvimento:
Atividade 3
a) Volte à página 1 do texto reproduzido. Observe as cores que os autores usam e o
modo como fazem a combinação dessas cores. Que efeito esse uso e combinação
das cores produzem?
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b) Leia com atenção as outras páginas, observando o uso e a combinação das cores.
É possível afirmar que esses elementos sofrem variações, acompanhando mu-
danças na narrativa? Justifique.
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Teoria e Prática 7 • Unidade 2
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41
Atividade 4
a) Você deve ter notado que, até a página 6, há uma regularidade nos modos como
as imagens são apresentadas (à esquerda, uma visão mais ampla do ambiente e,
à direita, visões mais particularizadas de cada personagem) e, a partir da página
7, há uma variação. Qual é a regularidade e qual é a mudança que podem ser
identificadas?
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b) Que significados podem ser atribuídos a esses modos de apresentação das imagens?
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c) Observe que, nas páginas 13 e 14, outra alteração é percebida. Que significado
pode ser atribuído a esse novo modo de apresentação das imagens?
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Atividade 5
Suponha que você esteja utilizando, em sua classe, o texto Leo e Laura em Um Bura-
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
co no Telhado.
a) Por que é importante levar o aluno a observar elementos como o modo de apre-
sentar as situações (numa visão mais ampla ou mais restrita), o uso e a combina-
ção das cores, a forma como o texto se organiza?
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b) Depois dessa análise, que atividade você poderia propor para a classe?
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Certamente, você considerou que, durante essas atividades de análise, o aluno teve
a necessidade de verbalizar o que ia observando e que essa verbalização é fundamen-
tal para o desenvolvimento das habilidades de usos da linguagem. Ou seja, você deve
ter compreendido que, ao participar dessas atividades, o aluno teve oportunidade de
desenvolver habilidades relacionadas à leitura e produção de textos.
Atividade 6
Para que classes esse tipo de atividade – leitura e análise de livros de imagens –
pode ser adequado? Justifique.
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43
INDO À SALA DE AULA
• a apresentação das cenas (verificar se a cena dá uma visão geral do ambiente
ou restringe-se à apresentação dos personagens);
• a organização das partes da narrativa;
• o uso e a combinação das cores.
Depois dessa leitura, é possível você propor atividades que levem o aluno a:
Nesta seção, você estudou que a presença do livro de imagens na sala de aula
é importante porque contribui no desenvolvimento das habilidades de uso da lin-
guagem. Para ser possível essa contribuição, é preciso que o aluno seja levado a ler
e analisar livros de imagens, considerando as especificidades dos textos visuais des-
tinados às crianças. É importante que o aluno perceba:
quadro a outro;
• a organização da narrativa expressa pelas imagens;
• a possibilidade de verbalização das ações expressas pelas imagens;
• a possibilidade de produzir textos orais e escritos a partir das imagens.
A presença de livros de imagens é importante, sobretudo, para a fruição, o prazer
do contato com a arte.
44
Seção 2
Os textos em pr
textos osa
prosa
Objetivo a ser alcançado ao final desta seção
Professor
Nesta seção, estudaremos textos em prosa, uma modalidade muito comum na lite-
ratura em geral. Os textos em prosa se distinguem da poesia: não são escritos em
versos; em sua organização não são levados em conta o ritmo, a sonoridade que resul-
ta das rimas, aliterações, assonâncias e metro; levam em conta um ritmo decorrente
da própria organização da trama, articulada por uma tensão. São valorizados, ainda,
outros elementos como a seqüência lógica, as relações de causa e conseqüência, a
articulação das partes (coesão), formando um todo coerente. Muitos textos em prosa já
foram lidos e analisados em todos os cadernos estudados até aqui, na forma de narra-
tivas ficcionais.
Para esse estudo, vamos ler trechos de um texto em prosa, O Cavalinho Azul, de
Maria Clara Machado. Trata-se de um texto narrativo ficcional, derivado da peça de
teatro infantil, de mesmo título, da mesma autora. Esse texto foi escolhido porque
permite distinguir as características de um texto em prosa das de um texto de teatro (a
ser estudado na seção 3, desta unidade), destinados ao público infantil.
Vicente era um menino sonhador. Para ele, um velho pangaré feio, marrom, magro
era um cavalinho azul, mágico que cantava, dançava e, juntos, ele e o pangaré, sabiam
fazer coisas de circo. Depois que o pai vendeu o velho pangaré, o menino saiu pelo
mundo a sua procura. Encontrou uma menina que gostava de circo e aceitou sair em
sua companhia. Os dois enfrentaram bandidos interessados em roubar o cavalinho
azul, quando o menino o encontrasse. Os bandidos foram presos e Vicente continuou
sozinho, porque a menininha se cansou e voltou para casa. O menino conversava sem-
pre com um velho, João de Deus, que encontrara na estrada a quem confessou já estar
cansado e com saudade de casa, mas não voltaria enquanto não encontrasse o cavali-
45
nho azul. Vicente encontrou o cavalinho e voltou para casa, galopando nele.
O cavalo servia para puxar a carroça do pai de Vicente que levava para a
cidade verduras que ele colhia, vendia e ganhava um dinheirinho. Quando o ca-
valo não estava puxando a carroça quem brincava e dava capim a ele era Vicente.
Vicente adorava dar capim a seu cavalo. Era nesta hora que ele conversava
com o pangaré.
Ele dizia uma porção de coisas também quando o levava a beber água na
beira do córrego que passava atrás da casa.
— Bebe água, meu cavalinho azul! Este rio está meio sujinho, mas vou te levar
para um rio enorme de água limpa e branquinha que tem lá atrás daqueles mor-
ros! Vamos atravessar uma enorme campina verde, toda verdinha de tanto capim
verde! Depois, quando você estiver bem treinado, bem escovado, vou te levar para
o circo lá da cidade!
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
— Lá, vou andar com um pé só em cima de você, sem cair. O outro pé eu deixo
boiando no ar, para mostrar aos meninos que vão ao circo como nós dois sabe-
mos fazer coisas de circo! Nós vamos fazer outras coisas difíceis. E todo mundo vai
ficar olhando a gente, e admirando seu pêlo brilhando de tão azul naquela luz
forte do circo!
46
Ati vidade 7
Atividade
Na conversa inicial desta seção, você viu que texto em prosa se distingue de texto
em versos. Prosa tem também o significado de conversa, maneira natural de falar e de
escrever, uma forma simples de contar uma história.
A leitura desse trecho permite classificar o texto como uma prosa? Por quê?
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Atividade 8
Releia o trecho inicial do texto
Um velho com uma barba enorme, tão grande que quase chegava ao chão.
a) Observe que o narrador apresenta esta história dizendo Esta história foi um ve-
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
47
b) Observe as palavras e expressões que o narrador emprega para contar a história:
Andava pelas estradas vendo as coisas. ... sabia uma porção de histórias dos ou-
tros. Vendo as coisas. ...uma porção de histórias... são expressões normalmente
utilizadas em conversas. Você considera que esse modo de começar uma histó-
ria é adequado para atrair a atenção de leitores infantis? Por quê?
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Ao realizar essas atividades, você deve ter lembrado o que já estudou no caderno
Teoria e Prática 4 – TP 4: as narrativas ficcionais, os elementos que caracterizam essas
narrativas, analisando a importância do narrador e os diferentes modos como ele se
apresenta para contar a história. Esses diferentes modos podem revelar intenções que
motivam a produção de um texto.
Atividade 9
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
b) Releia o trecho que conta a conversa do menino com o cavalinho. Que caracterís-
ticas você pode identificar no personagem Vicente? Justifique.
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Você pode ter considerado que esse diálogo funciona como uma apresentação do
personagem para o leitor. O comentário inicial do narrador dá apenas algumas dicas
sobre as características de Vicente e esse diálogo permite que o leitor comece a conhecê-
lo.
c) Suponha que você vai ler esse texto com seus alunos. O que você considera im-
portante analisar com eles em relação à escolha e à combinação das palavras?
Justifique.
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• o texto é para ser lido de forma autônoma pelo aluno ou para ser lido pelo
professor?
• O assunto tratado é do interesse de que alunos?
• A linguagem é adequada aos alunos a quem se destina?
• O texto está bem articulado?
49
INDO À SALA
SALA DE A
AUL
ULAA
• O assunto é apresentado de forma suficientemente aberta, de modo a permi-
tir aos alunos desenvolverem a imaginação, a observação, o levantamento de
hipóteses, a ampliação de experiências?
• As ilustrações contribuem para ampliar a construção dos significados do
texto?
• A história foi produzida com a intenção de emocionar, divertir, instigar a
curiosidade , despertar o desejo de ler outros textos?
Esses são alguns questionamentos que podem contribuir na escolha de livros mais
adequados para que os alunos desenvolvam habilidades de leitura e se tornem leito-
res competentes.
Atividade 10
No trecho que leu, você pôde perceber um jeito particular de contar história: apre-
sentar os personagens, marcando a parte com um título. O narrador conta que conhe-
ceu essa história por meio de outro personagem, João de Deus. Além dessas caracterís-
ticas, constrói um personagem sonhador que transforma o mundo pobre, feio e mal-
vado em um mundo fantástico, azul e iluminado.
Você gostou desse jeito particular de contar história, observado neste texto? Por quê?
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Atividade 11
Você já estudou que o título deve ser uma síntese do texto.
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
Você considera que o título O Cavalinho Azul, bem como a apresentação da história
pelo narrador, o diálogo de Vicente com o cavalinho permitiram fazer uma idéia do
tema (assunto principal) desse texto? Justifique.
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50
O título, o início da história, o diálogo de Vicente com seu cavalinho, bem como a
linguagem utilizada dão mostras de que o tema se refere à capacidade de um menino
de inventar um mundo colorido, cheio de alegrias, para compensar tudo o que falta
ao seu mundo real.
Você deve observar que textos em prosa dirigidos ao leitor infantil se preocupam,
quase sempre, em desenvolver temas relacionados a esse universo de fantasia, com-
patível com o modo como a criança vê o mundo.
Atividade 12
Outro elemento importante a ser considerado na análise de um texto é identificar o
motivo que conduz toda a história.
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Você pode considerar que seria necessário ler o texto na íntegra para identificar o
motivo condutor da história. Mas é importante considerar, também, que um resumo
deve dar conta do tema e do motivo condutor da história para permitir ao leitor fazer
uma idéia do significado do texto.
51
Seção 3
Os textos tea
textos trais
teatrais
Professor
Nesta seção, vamos ler e analisar trechos de um texto teatral e discutir as razões que
justificam a presença desse tipo de texto em classes do ensino fundamental.
Para discutirmos a importância de o texto teatral estar presente nas salas de aula
do ensino fundamental, é preciso que analisemos o papel que o teatro, o jogo dramá-
tico exercem no processo de formação da criança. Chamamos de jogo dramático a
imitação, a representação, o “faz de conta”, em que a criança se envolve, imitando as
atitudes dos adultos, colocando-se no lugar do outro, aprendendo a se relacionar com
e no meio em que vive.
Maria Clara Machado é autora de textos teatrais para crianças. Além de escrever
textos, ela fundou o Tablado, uma oficina de teatro infantil. Dedicou a vida toda ao
teatro para crianças.
52
Vamos ler o trecho inicial da peça teatral
1 ato e 9 cenas
PERSONAGENS
Os personagens dos três elefantes podem ser os mesmos dos três soldados. Os qua-
tro cavalos podem ser os soldados, o 1º e o 2º homem.
CENÁRIO - O palco vazio com fundo azulado. Os elementos das várias cenas vão
sendo colocados à medida que a ação se desenrola.
1ª CENA
(Ao abrir-se o pano, vê-se apenas o palco vazio. Enquanto se ouve a música 1A, 1B, um
velho de longas barbas, maltrapilho e vagabundo, simpático e bonachão se dirige em
direção à platéia segurando um tamborete.)
53
Velho: Eu me chamo João de Deus. Sou vagabundo. Estou aqui para contar a
história do menino Vicente e de seu cavalo. Um dia perdi a tesoura de cortar barba e
tive que deixar crescer esta barba. No princípio não gostava; sujava muito quando eu
comia, mas agora gosto; quando faz frio cubro-me assim. (Mostra) e minha barba ser-
ve de cobertor. Também aprendi a comer com minha barba: faço assim. (Mostra.)
gosto dela também por causa do Vicente, que me achou parecido com o Padre Eterno.
Isto quer dizer que a minha barba se parece com a barba de Deus. Por isso cuido dela.
Barba de Deus é coisa séria. Vou contar como é que essa história começou. Aqui (Pela
esquerda entram o pai e a mãe carregando a casa.) morava Vicente com seu pai e sua
mãe, nesta casinha. (O pai e a mãe colocam a casa e o banquinho e desaparecem.) E
ali vem ele — nem me viu ainda — com seu cavalo. Vou deixar esta história contar-se
por si mesma, enquanto vou ajudando aqui, ao lado. (O velho senta-se no tamborete,
fora da cena, perto da cortina, na semi-obscuridade, enquanto a luz cresce dentro do
palco, onde se vê um menino pobre puxando uma enorme corda que prende ao pesco-
ço de um feio pangaré, sujo, magro, com cara infeliz. O menino, em êxtase, procura
convencer o cavalo. (Dois atores em pé, um fazendo a cabeça com uma máscara e o
outro fazendo o traseiro.)
Vicente: Se você der mais uma voltinha, só mais uma voltinha, meu cavalinho,
eu prometo levar você lá numa campina toda verdinha de tanto capim verde. Vamos,
vamos, meu cavalinho azul! (O cavalo se levanta com grande esforço e começa a trotar
em volta do menino.) Vamos, meu cavalinho azul! Upa! Upa! Upa! (O cavalo, cansado,
começa a se arrastar.)
Vicente: (Zangado.) Assim você não poderá trabalhar no circo! Não pode. Veja como
eu faço. Como aquele grande cavalo branco lá do circo da cidade. Buuuuuuuu, assim,
levantando as patas e depois me levando na garupa como a bailarina Lili, toda verde
de tão bonita, e o domador Rogério de boné dourado e calças vermelhas...Upa! upa!
Upa! Vamos, vamos! (O cavalo está exausto.) Bem, por hoje, chega. Amanhã treinare-
mos mais. Você está cada vez melhor e mais bonito.
Mãe: (Saindo com uma trouxa de roupas para lavar.) Venha estudar, menino.
Está quase na hora da escola.
Vicente: Já vou, mamãe. Deixa eu conversar mais um pouquinho só com meu cava-
linho azul.
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
Mãe: Que cavalinho azul, que nada! Um pangaré velho que não presta mais
nem para puxar a carroça de teu pai (Saindo com a trouxa.) Cavalinho azul!... Azul!
Vicente: (Baixo, para o cavalo.) Não liga não, meu cavalinho. (Para a platéia.) Ma-
mãe chama meu cavalinho de sujo e velho porque ela pensa que ele é sujo e velho,
porque mamãe é gente grande e gente grande tem que lavar roupa, fica cansada e
maltrata o cavalinho, sem querer. Como é que ela pode saber a cor do meu cavalo se
nem vê ele direito de tanto cozinhar, arrumar e lavar a roupa? Também ele anda um
54
pouco sujo hoje, mas é porque a água do nosso rio está quase seca, não lava mais
direito, (Para o cavalo.) mas amanhã vou também te levar num rio muito grande,
muito branco de tão limpo, que passa perto da campina verde. Lá você tomará um
banho e vamos para o circo. Quem não estiver muito limpo e lindo também não pode
entrar no circo, está ouvindo?
Pai: (Chegando com o balde.) Vicente, olha a ração do Mimoso. E chega de fazê-
lo rodar. Ele está muito magro, precisa descansar.
Vicente: Vou levar ele, papai, para a grande campina verde e vou dar um banho
nele no rio de água branca.
Pai: (Bem humorado.) Onde é que existe esta campina, menino? Tudo está seco,
isto sim. Seco e esturricado. Onde é que tem um rio grande e branco?
Vicente: Ora, papai, lá longe, do outro lado daquele morro mais longe.
Vicente: Vou buscar meu livro e venho estudar aqui, tá bem? (Entra por trás da casa.)
Pai: (Depois de misturar a comida do cavalo.) Toma, pangaré, come isto para
não morrer de fome. (O pangaré enfia a cara no balde. O pai sai e volta o menino.)
Vicente: Você sabe o que é uma ilha? É uma quantidade de terra cercada de
água por todos os lados... Um istmo (Diz baixinho, como procurando decorar.) Um
istmo ... é... Sabe, cavalinho, nós vamos lá... nós vamos na ilha cercada de água por
todos os lados, cercada de istmos... de cabos, de tudo. Depois vamos ao promontório.
Depois, eu monto em você e saímos correndo atrás das capitanias hereditárias... Vai
ser ótimo!
Mãe: (De dentro.) Vicente, venha estudar cá dentro. Sozinho, longe deste cavalo.
Pai: (Chegando e ouvindo as últimas palavras do filho.) Mulher! Venha cá. (A mãe
chega.) Mulher, temos que vender o pangaré. (O cavalo levanta a cara do balde, assus-
tado.)
Pai: Este pangaré não serve mais para nada. Já vendi a carroça. Este cavalo
só serve para comer mais dinheiro. Se for vendido, posso apurar uns cobres e com eles
comprar umas galinhas e começar uma criação.
55
Mãe: E o menino?
Pai: Está ficando doido: melhor é levar o cavalo logo. (Põe o chapéu, pega o
cavalo pela corda.) Vou à cidade vendê-lo. Pro menino trago um brinquedo. Adeus,
mulher. (Sai.)
Pai: (Depois de olhar para a platéia.) Vai contar na certa que sou um pai muito
ruim porque vou vender o pangaré!...
Pai: Depois quem vai arranjar dinheiro para o menino comer? É muito fácil
ter pena do pangaré, mas de mim ninguém tem. Adeus. (Sai muito zangado.)
Velho: O pai ficou muito zangado e partiu para a feira, onde vendeu o cavalo.
Pensamos que o menino ia ficar muito triste. Alguns dias se passaram, e vejam o nosso
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
Vicente sentadinho na porta, com sua bola, presente do pai. (Escurece no velho e
clareia na cena.)
2ª CENA
Vicente, sentado na soleira da porta, de vez em quando dá uma espiadela para fora.
(Ouve-se a música nº 3 A.)
56
Ati vidade 13
Atividade
Você leu a primeira parte da peça teatral O Cavalinho Azul. Trata-se da mesma história
apresentada na seção anterior como exemplo de um texto em prosa.
Você viu que o texto teatral apresenta uma estrutura bastante diferente daquela
apresentada em um texto narrativo ficcional. Veja como Maria Antonieta Cunha expõe
em seu livro Literatura Infantil: Teoria e Prática a explicação sobre a estrutura de uma
peça: A obra dramática apresenta normalmente três partes: a exposição, o conflito, o
desenlace.
Atividade 14
Lembre-se de que no texto narrativo ficcional O Cavalinho Azul, havia um narrador
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
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57
b) Um texto teatral necessita de um narrador? Por quê?
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c) Releia o trecho final da fala de João de Deus Aqui (Pela esquerda entram o pai e a
mãe carregando a casa.) morava Vicente com seu pai e sua mãe, nesta casinha. (O pai e a
mãe colocam a casa e o banquinho e desaparecem.) E ali vem ele — nem me viu ainda —
com seu cavalo. Vou deixar esta história contar-se por si mesma, enquanto vou ajudando
aqui, ao lado. (O velho senta-se no tamborete, fora da cena, perto da cortina, na semi-
obscuridade, enquanto a luz cresce dentro do palco, onde se vê um menino pobre puxando
uma enorme corda que prende ao pescoço de um feio pangaré, sujo, magro, com cara
infeliz. O menino, em êxtase, procura convencer o cavalo. (Dois atores em pé, um fazendo
a cabeça com uma máscara e o outro fazendo o traseiro.)
Observe que João de Deus afirma que vai deixar a história contar-se por si, en-
quanto ele vai ajudando ali do lado. Escreva abaixo o que você entendeu desse
trecho.
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A análise da mesma história expressa em dois tipos de textos, com objetivos dife-
rentes, permite identificar características que definem cada um deles. Num texto nar-
rativo-ficcional, a tensão que articula toda a história precisa ser sentida na leitura da
palavra escrita e o envolvimento do leitor depende do narrador. Num texto teatral,
não acontece o mesmo.
1ª CENA
(Ao abrir-se o pano, vê-se apenas o palco vazio. Enquanto se ouve a música
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
58
Ati vidade 15
Atividade
Leia o trecho seguinte:
Vicente: Se você der mais uma voltinha, só mais uma voltinha, meu cavali-
nho, eu prometo levar você lá numa campina toda verdinha de tanto capim verde.
Vamos, vamos, meu cavalinho azul! (O cavalo se levanta com grande esforço e
começa a trotar em volta do menino.) Vamos, meu cavalinho azul! Upa! Upa! Upa!
(O cavalo, cansado, começa a se arrastar.)
c) Suponha que você vai propor que seus alunos representem esse trecho. Você
considera que as indicações são suficientes para os alunos representarem esta
primeira cena? Justifique.
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Ao realizar estas atividade, certamente você considerou que estudar diferentes ti-
pos de textos permite ao aluno desenvolver habilidades de expressar-se de diferentes
modos, ler e atribuir significados a diferentes tipos de textos, atendendo a diferentes
objetivos de leitura e de escrita.
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
59
Professor: considerando que um texto teatral é es-
crito para ser representado, a leitura desse tipo de tex-
to em sala de aula, além de desenvolver habilidades de
leitura e de escrita, serve fundamentalmente para de-
senvolver habilidades de linguagem oral. O aluno tem
a oportunidade de vivenciar papéis diferentes, adequar
a fala a diferentes padrões, de acordo com o lugar, o
tipo de pessoa, a classe, o grupo social a que pertence o
personagem. Fatores relacionados à entonação, modu-
lação da fala, emoção expressa pelo uso da voz, das
expressões do rosto e do corpo todo são importantes
para a compreensão do que representa a linguagem
(verbal e não-verbal) na vida do ser humano.
Atividade 16
Releia as informações apresentadas no início do texto
O Cavalinho Azul
1 ato e 9 cenas
Observe o modo como o texto se organiza: é constituído de um ato, dividido em 9
cenas. Você leu uma cena completa e acompanhou a movimentação e as falas dos perso-
nagens Vicente, Pai, Mãe e Velho. Escreva, explicando o que você entendeu por cena.
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É importante que você leve os alunos a compreenderem que num texto teatral a
organização tem características diferentes das de uma narrativa ficcional. As cenas
fazem parte de uma organização textual. Apresentam indicações para serem seguidas
na representação, na encenação do conteúdo da história.
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
60
Ati vidade 17
Atividade
Você observou que nesse texto aparece a indicação de que é constituído de um ato. Essa
indicação significa que outros textos teatrais podem apresentar mais atos. Você considera
que é importante o aluno saber como se constituem os textos teatrais? Por quê?
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Convém considerar que o fato de você ter lido apenas a 1ª cena dificulta a compre-
ensão do significado que tem um ato num texto teatral. Seria conveniente que você
lesse um texto completo para poder chegar à definição pela própria experiência. Pela
limitação de espaço, porém, é possível dar a você uma definição rápida. Podemos
dizer que ato, na organização de um texto teatral, é uma parte do texto que apresenta
uma seqüência de cenas. Em alguns textos, toda a seqüência de cenas se dá em um
ato, como é o caso deste que estamos analisando. Outros, mais longos, são constituí-
dos de dois, três ou mais atos. Um texto mais longo pode cansar crianças menores.
Uma atividade que pode ser realizada em sala de aula (em classes de 2º, 3º e 4º
ano), sem a necessidade de recursos difíceis de serem encontrados, é a leitura dra-
mática de uma cena como a que está sendo analisada.
Você pode, inicialmente, fazer uma leitura em voz alta, para a classe ter o primei-
ro contato. Depois de um comentário, uma discussão sobre o assunto tratado, das
indicações dos personagens e dos cenários, os alunos devem receber uma cópia do
texto (caso não disponha de exemplares do livro suficientes para o acompanhamen-
to da leitura). Você deve dar um tempo para cada um fazer uma leitura silenciosa e
levantamento de algumas dúvidas a respeito da forma de apresentação do texto;
comentar as rubricas, a sua função. É importante que, além de ler silenciosamente,
os alunos façam a leitura em voz alta, como preparação da leitura dramática.
Em seguida, propor que cada aluno represente um personagem e leia as falas
correspondentes. As rubricas não devem ser lidas, mas as indicações devem ser se-
guidas na leitura. Por exemplo: Vicente (zangado) Assim você não poderá trabalhar
num circo! A fala de Vicente tem que expressar essa zanga e o aluno decide qual é a
forma mais adequada para representar esse sentimento.
Teoria e Prática 7 • Unidade 2
Esse tipo de atividade exige que todos estejam atentos, para entrar na hora certa
e com entonação, volume de voz adequados. Com certeza, a primeira experiência
não deve trazer um resultado muito agradável. Os alunos vão perceber que é preciso
ensaiar a leitura várias vezes, para conseguirem fazer uma leitura prazerosa. Prova-
velmente, surgirá o desejo de representarem o texto decorado, sem a necessidade de
tê-lo na mão. A partir desse momento, você estará proporcionando aos alunos a
oportunidade de experimentarem ser um outro, num mundo do faz de conta, buscar
soluções para os problemas que se apresentarem. Estará, enfim, dando a oportuni-
dade de os alunos pensarem sobre seu próprio mundo, seus problemas, descobrin-
do-se como pessoas.
61
Ati vidade 18
Atividade
a) Você analisou dois modos diferentes de contar a mesma história. É importante os
alunos poderem comparar formas diferentes de expressar o mesmo assunto? Por
quê?
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62
Nesta seção, você leu uma cena do texto O Cavalinho Azul, de Maria
Clara Machado, e analisou características que tornam o texto teatral dife-
rente de outros. Observou que, em virtude de seu objetivo de dar sustentação à
encenação, apresenta rubricas, que são importantes para os atores e diretores de
teatro.
• divide-se em atos;
• organiza os atos em cenas;
• apresenta rubricas que são indicações necessárias para a representação do
texto.
Lição de casa
Escolha um texto visual (uma foto, uma gravura, uma história em imagens entre
outros) e pense numa proposta de trabalho para sua classe (pode ser de 2º , 3º , ou 4º
ano) desenvolver a leitura e produção de texto visual, texto em prosa e teatral.
63
3 Atividades didáticas de leitura
de textos de literatura infantil
Nesta unidade, vamos retomar essas idéias, sugerindo atividades de leitura e inter-
pretação de textos das três modalidades estudadas na unidade 2, para que você possa
aprimorar seu trabalho em sala de aula.
Na seção 1, você vai encontrar sugestões de atividades com os textos visuais, tendo
em vista a necessidade de levarmos nossos alunos a aprenderem a ler de forma ade-
quada as histórias que são contadas unicamente por meio de imagens.
Na seção 2, vamos pensar nas atividades que podemos planejar para trabalhar ade-
quadamente os textos em prosa, em especial, o texto narrativo ficcional e levar os
alunos a identificarem as seqüências narrativas, o modo de apresentar os persona-
gens, as expressões que marcam o tempo e o lugar onde os fatos acontecem.
DEFININDO NOSSO PO NT
PONT O DE CHEG
NTO AD
CHEGAD A
ADA
Esperamos que, no final desta unidade, você possa:
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
65
Seção 1
Atividades de leitura e interpretação de textos
visuais
Objetivo a ser alcançado ao final desta seção
• organizar atividades de leitura e interpretação de textos visuais.
Professor
66
Atividade 1
a) É possível identificar uma história nessas imagens? Por quê?
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b) Que aspectos desse texto são importantes para a construção dos significados
(utilização dos traços, imagens, efeito das cores e de suas combinações)? Por quê?
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c) Você considera adequado o título? Por quê?
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d) O assunto desenvolvido na história é adequado às crianças a que o livro se desti-
na? Por quê?
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O fato de o texto não ser apresentado na íntegra prejudica a leitura. É possível
também considerar que o trecho citado apresenta uma unidade e permite fazer uma
leitura da parte inicial e levantar hipóteses a respeito de sua continuação.
Leve o aluno a analisar aspectos relacionados à utilização dos traços simples, linhas
retas e curvas; imagens nítidas, carregadas de informações comuns, que fazem parte
do cotidiano de crianças dessa época; cores e suas combinações. Tudo isso é muito
importante para uma compreensão mais ampla do texto e avaliar a adequação ou não
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
67
Atividade 2
Você observou, que durante a análise dos aspectos relevantes do texto, o aluno
verbaliza a leitura que a análise possibilita.
Atividade 3
É possível identificar uma seqüência narrativa, a partir dessas imagens? Escreva
abaixo a seqüência que você imaginou.
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Você pode ter imaginado a parte inicial da narrativa, ou seja, a Orientação: a situa-
ção inicial de equilíbrio com a apresentação dos personagens, do espaço e da passa-
gem do tempo. Além disso, você pode ter percebido o indício de uma complicação.
68
Atividade 4
Você já observou que foi apresentado o trecho da história que vai até o surgimento
de um elemento que pode significar uma complicação. Imagine uma continuação para
essa história e escreva-a no espaço a seguir.
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Ao continuar a história, é bom observar a coerência com a situação inicial. Mesmo
que você queira fazer uma seqüência surpreendente, a surpresa só pode ocorrer, quando
o leitor depara com algo que ele não esperava, dentro de uma situação apresentada.
Ou seja, os fatos devem estar articulados, com coerência, para poder criar expectativas
e ser possível frustrá-las com uma seqüência inusitada, permitindo ao leitor refletir e
buscar outras formas de resolução para o conflito.
69
Atividade 5
Leia, agora, um texto de Juarez Machado.
Ida e Volta
70
a) Que pergunta você pode propor, para levar o aluno a pensar na relação entre o
título e a história narrada?
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b) Escreva abaixo perguntas que, na sua opinião, ajudariam a criança a observar o
elemento que mais contribui para a compreensão do significado do texto e a conhecer
o personagem da história.
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c) Que tipo de perguntas você pode fazer, para direcionar a observação do aluno
para outros elementos que podem contribuir para a percepção de mudanças que
mostram a seqüência da história?
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Você deve ter em mente que a criança precisa ser acompanhada de perto, indican-
do os elementos importantes a serem observados. Ou seja, para a criança identificar a
presença de uma narrativa nessas imagens, ela precisa ser levada a reconhecer os
elementos que compõem uma narrativa: personagens, ação, o lugar, a seqüência das
ações.
Atividade 6
Pense, agora, em outros fatores importantes a serem considerados num texto visual
e elabore perguntas que levem os alunos a fazerem essas observações.
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Teoria e Prática 7 • Unidade 3
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Você deve lembrar-se de que nesse tipo de texto, é importante levar em conta a
forma como o autor utiliza os traços, as imagens, o efeito que as cores e suas combina-
ções produzem.
71
Atividade 7
Pense, agora, numa atividade para os alunos escreverem uma narrativa, a partir da
análise das imagens do livro Ida e Volta, apresentadas na Atividade 5.
Você pode propor outras perguntas que provoquem a imaginação do aluno, contri-
buindo para uma produção mais satisfatória. Pode, ainda, levar os alunos a observa-
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
rem a diferença que existe nas cores dos rastros da ida e da volta.
72
INDO À SAL
SALAA DE AUL
AUL A
ULA
Você pode levar a classe a ler as imagens, conversando sobre o que os alunos
sabem sobre a brincadeira da cabra – cega: qual é a regra dessa brincadeira? Depois,
observando as personagens, perguntar quem eles seriam: crianças, adultos? Que tra-
ços desses personagens contribuíram para a conclusão a que chegaram? Como é o
lugar onde se encontram? As cores utilizadas são adequadas para expressar a idéia
de alegria, brincadeira, divertimento entre amigos? Qual é a história que pode ser
lida na seqüência dessas imagens? O que mostra a última imagem?
73
Atividade 8
Organize uma atividade que leve os alunos a transformarem uma pequena história
em narrativa de imagens. Você pode pensar em pedir que os alunos criem uma histó-
ria, ou aproveitem outra que tenham lido.
Escreva uma proposta de atividade para alunos de sua classe (2º , 3º ou 4º ano).
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É importante que você leve seus alunos a vivenciarem diversas situações narrativas:
contar histórias por escrito, por meio de desenhos, pela música, gestos, expressão do
rosto, do corpo, com a utilização da voz. Em cada situação, os alunos são solicitados a
decidir sobre vários aspectos que contribuam para tornar mais adequada a narrativa.
• imagens;
• traços;
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
• cores;
• combinação das cores;
• seqüencia de imagens/quadros, definindo espaço, tempo, ação dos persona-
gens.
74
Seção 2
Atividades didáticas de leitura e interpretação
de textos em prosa
Objetivo a ser alcançado no final desta seção:
• Organizar atividades de leitura e interpretação de textos em prosa.
Professor
Já vimos que o trabalho com os textos da literatura infantil em sala de aula, para
ser eficiente, requer do professor uma série de cuidados. O primeiro deles é a seleção
rigorosa dos textos. Precisamos avaliar se o texto é apropriado ao leitor infantil, se o
autor optou por uma linguagem que sugere significados variados e provoca no leitor o
interesse em descobrir soluções, imaginar outras situações, experimentar sentimentos
e emoções. Precisamos também planejar com cuidado cada etapa do trabalho que
vamos desenvolver com o texto escolhido.
Vamos pensar nas estratégias que podemos adotar para levar os alunos a percebe-
rem como a história é construída, que partes compõem o texto, que recursos lingüísticos
foram utilizados e com que finalidades.
Sugerimos que você faça, antes de tudo, uma revisão das seções do caderno Teoria
e Prática 4, que foi destinado exatamente ao estudo do texto narrativo ficcional.
Primeiramente, vamos lembrar o que nos leva a classificar um texto como narrati-
vo ficcional e como podemos levar os alunos a reconhecerem os elementos que carac-
terizam esse tipo de texto.
Leia atentamente os seguintes trechos da obra Uni, Duni e Tê, de Ângela Lago. Ob-
serve bem como as ilustrações compõem, com o texto verbal, o sentido da obra. Ima-
gine que você selecionou esses trechos para seu trabalho em sala de aula.
Leia, então:
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
75
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
Antes de propor a leitura do texto aos alunos, é importante que você crie uma
expectativa de leitura, para que eles se interessem pelo texto e se lembrem do que já
sabem sobre o assunto.
76
Atividade 9
Explique o que você pode fazer para criar essa expectativa de leitura do texto de
Angela Lago.
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Sabemos que um texto não surge do nada, isto é, há sempre uma intenção por
parte de quem o produz e o assunto tratado levará o leitor a pensar em experiências e
acontecimentos que já viveu, que já ouviu ou que já leu em outros textos. Por isso
sempre será possível conversar com os alunos antes de propor a leitura de um texto. Os
conhecimentos e experiências que ele já tem e o que vai ouvir dos colegas e do profes-
sor, tudo, com certeza, vai contribuir para que ele se interesse pelo texto e faça uma
leitura mais proveitosa.
Atividade 10
Tendo escolhido o texto e tendo criado a expectativa para a leitura, o que você pode
propor em seguida? Explique com detalhes a sua proposta.
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É importante que, depois da leitura, o aluno se manifeste sobre o que encontrou no
texto e mostre se aprendeu algo, se gostou ou não do texto, se pensou em outras soluções
para os problemas apresentados. Trata-se de uma boa oportunidade para que os alunos
desenvolvam a habilidade de expressar-se oralmente.
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
77
A leitura compartilhada de um texto é uma boa oportuni-
dade para conversar com os alunos, auxiliando-os na compre-
ensão das partes que possam ficar obscuras e levando-os a
Atividade 11
Em seguida, é preciso que os alunos reconheçam os elementos que constituem um
texto narrativo ficcional.
b) o assunto do texto.
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7 • Unidade 3
78
c) os personagens e suas características.
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d) as palavras e expressões que marcam o tempo e o lugar onde os fatos ocorrem.
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Num texto narrativo, é o nar rador quem nos conta os fatos, organiza as seqüências
narrador
narrativas, constrói o enredo, apresenta os personagens, usa palavras e expressões que
marcam o tempo e o lugar onde tudo acontece. São fatos de um mundo imaginário,
vividos pelos personagens e organizados em episódios, que são articulados, em geral,
por um conf lito
lito. A essa organização dos fatos damos o nome de enr
conflito edo
enredo
edo.
Observe:
...arranjou um cravo no pé, que doía... Foi aí que... Comprou um paletó... Ele
se apaixonou pela Rosa... De cara, a pediu em casamento... Brigam e namo-
ram... A última briga foi... (Complicação/clímax)
Atividade 12
Você pode fazer o mesmo com o outro episódio. Identifique as três seqüências nar-
rativas que compõem as duas outras partes (O gato mudo e Na delegacia), preenchen-
do o seguinte quadro:
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
Complicação/clímax
Situação final
Depois dessa visão geral dos elementos que caracterizam um texto narrativo ficcional,
vamos pensar em alguns dados da autora e da obra que estamos analisando.
79
Angela Lago nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde vive. Além de escritora,
é ilustradora dos livros que escreve e também de obras de outros autores. A obra que
estamos analisando se encontra nas mais importantes listas de recomendações de
livros para crianças. Foi premiada pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, em
1981, e pela Fundação Nacional de Literatura Infantil e Juvenil, em 1982, e seleciona-
da para a CIRANDA DO LIVRO e para o Programa SALAS DE LEITURA MEC/FAE.
Vamos analisar outros aspectos da obra para que você verifique se vale a pena
recomendá-la aos alunos.
Atividade 13
Observe as palavras que a autora escolhe, como as combina, o “modo de dizer”, ou
seja, o padrão de língua que ela adota para produzir o texto, e responda:
Outro fator que chama a atenção no texto de Angela Lago é a presença do humor,
tanto nas ilustrações quanto na escolha e combinação das palavras e frases.
80
Observe atentamente a ilustração da capa do livro:
Atividade 14
Agora, observe novamente as ilustrações das três partes do texto que você leu.
_________________________________________________________________
81
INDO À SALA DE AULA
Uma boa estratégia para que os alunos desenvolvam o interesse e o gosto pela
leitura é criar na classe um “cantinho de leitura”. É fácil fazer isso.
Coloque numa estante, ou numa cesta grande, livros dos mais variados gêneros,
revistas, gibis, suplementos infantis de jornais, cartões de cartolina com textos pro-
duzidos pelos próprios alunos (poemas, histórias em quadrinhos, narrativas).
Você deve destinar uma parte de algumas aulas para que os alunos manuseiem o
material e escolham o que vão ler. Se possível, agrupe os alunos, sentados à vontade,
no chão, para fazer a leitura e trocar com os colegas impressões sobre as obras.
Estabeleça sempre um diálogo com eles sobre o que acharam do texto que esco-
lheram, peça detalhes dos personagens, das ações, dos assuntos tratados, das ima-
gens e sua interação com o texto verbal.
De acordo com as impressões que eles vão transmitindo sobre o que leram, ou-
tros podem interessar-se por fazer a leitura da obra. Por isso os materiais que com-
porão a estante ou a cesta devem ser muito bem selecionados.
Você pode informar-se sobre novos títulos por meio dos catálogos que as livrarias
e editoras enviam às escolas. Muitas delas enviam aos professores as próprias obras
para exame. Outra idéia é consultar a biblioteca de sua cidade, freqüentá-la e suge-
rir que os responsáveis atualizem o acervo de obras da literatura infantil.
É preciso, portanto, escolher com muito cuidado o livro ou os livros a serem suge-
ridos para a leitura ou analisados em sala de aula. É preciso observar se as imagens
compõem com o texto verbal um conjunto significativo, harmonioso.
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
Para o trabalho com o texto narrativo ficcional, é preciso utilizar estratégias que
permitam ao aluno imaginar situações, criar outras soluções para os problemas apre-
sentados, descobrir, aprender.
82
Seção 3
Atividades de leitura e interpretação de textos
teatrais
Objetivo a ser alcançado ao final desta seção
Professor
Na seção 3, da Unidade 2 deste TP7, você leu e analisou cena de uma peça teatral,
escrita por Maria Clara Machado, O Cavalinho Azul. Discutiu a importância de esse tipo
de texto estar presente na sala de aula do ensino fundamental: além da contribuição
que o teatro traz para a formação do ser humano, levar o aluno a reconhecer as carac-
terísticas próprias desse tipo de texto pode ser importante para a formação de um
leitor mais competente.
Nesta seção, você vai conhecer um texto teatral adaptado de um conto infantil, O
casamento de Dona Baratinha. O texto teatral é de Walmir Ayala, um escritor gaúcho,
autor de vários livros de poesia, romance, literatura infantil, contos, teatro, entre ou-
tros. Trata-se de um autor que já recebeu vários prêmios.
Esse texto foi escolhido porque permite ao professor ler o conto com os alunos,
reconhecer suas características textuais e, em seguida, ler a adaptação teatral, compa-
rando os dois tipos de texto.
Leia o texto
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
83
O Casamento de Dona Baratinha
PEÇA EM 1 ATO
Personagens: Dona Baratinha; O Galo; O Cachorro; Dom Ratão; Dona Baratona;
Dona Baratosa
Cenário: Numa rua qualquer de qualquer cidade do mundo. A fachada da casa
de Dona Baratinha, com porta e janela, uma cerca e um jardim estilizado.
Ao abrir o pano: Dona Baratinha, vestida, como uma senhora caseira, de vivas cores,
varre a frente de sua casa.
Dona Bara tinha: Ai, que vida triste. Trabalho, trabalho, trabalho. Varro, varro, varro
Baratinha:
e vivo tão sozinha. E sou tão pobre. Ai, ai! (E varre, varre, varre.) e dizem que sou feia, que
nunca terei amigos nem irei a bailes. (E varre, varre, varre.) Que fazer? (De repente encon-
tra uma moeda de prata.) Que é isso? Dinheiro? (Morde a moeda para ver se é verdadei-
ra.) Oh, estou rica! Meu Deus, que alegria! Estou rica! (Dança.) Lá, lá, lá, lá... Que farei?
(Pensativa.) Vou viajar. Não. Para quê? Vou comprar um palácio. Para quê? Para viver
sozinha?... Ah, já sei, vou me casar. Isto mesmo. Resolvido. Vou me casar. (Entra para
dentro da casa, põe-se à janela, a cantar.)
Quem quer casar com a Dona Baratinha
Que tem dinheiro na caixinha...
(Repete. Aproxima-se o galo.)
Galo
Galo: (Tirando seu chapéu de crista.) Bom dia..
Dona Baratinha: (Desmanchando-se.) Bom dia...
Baratinha:
Galo: Será que ouvi bem? A senhora procura um marido. E tem dinheiro?
Dona Baratinha: (Agitada.) É... na caixinha...
Baratinha: ...
Galo: Pois eu quero... quero me casar com a senhora.
Dona Baratinha: E o que é tu sabes fazer?
Baratinha:
Galo: Sei cantar. Quer ver?
Dona Bara tinha: Quero.
Baratinha:
Galo: Có—có—có—ri—có! Có—có—có—ri—có!
Dona Baratinha: (Batendo palmas.) Que bonito!
Baratinha:
Galo
Galo: (Vaidoso.)Có—có—có—ri—có! Có—có—có—ri—có!
Dona Baratinha
Baratinha
tinha: Lindo! Lindo! E quando canta você?
Galo: De manhã cedinho. Antes de amanhecer.
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
Dona Bara tinha: Ah, então não caso não. Não poderia dormir descansada o resto da
Baratinha:
minha vida. Pode andar. Não me interessa..
(O galo sai, muito jururu.)
Dona Baratinha: Quem quer casar com a Dona Baratinha
Baratinha:
Que tem dinheiro na caixinha?
(Aparece um cachorro velho e manso.)
Cachorro: Bom dia..
Dona Baratinha: Bom dia.
84
Cac hor
horrro: Procura marido?
Cachor
Dona Baratinha: Pois é, arranjei um dote.
Baratinha:
Cac hor
horrro: Pois eu quero me casar..
Cachor
Dona Baratinha: E o que sabes fazer?
Baratinha:
Cac hor
horrro: Dizem que sou o mais fiel dos animais. E sei guardar uma casa como
Cachor
ninguém.
Dona Baratinha: Ótimo! Só assim ninguém roubará o meu dinheiro. Você me serve.
Baratinha:
Cac hor
horrro: Ninguém ultrapassará o umbral desta casa sem se ver comigo!
Cachor
Dona Baratinha: Espere! (Sai de casa e enfia o braço no cachorro.) Estamos noivos.
Baratinha:
(Vão andando. De repente a baratinha pára para se coçar.) Que é isto?
Cac horrro: (Desapontado) Oh!
hor
Cachor
Dona Bara tinha: (Coçando sempre.) Meus Deus, que é que tem em você que está
Baratinha:
passando para mim?
Cac hor
horrro: São as pulgas, senhora minha noiva.
Cachor
Dona Bara tinha: Ah, é assim? Pois passe com suas pulgas e me deixe em paz. Não
Baratinha:
caso com você. (Entra furiosa para dentro de casa enquanto o cachorro sai com o rabo
entre as pernas. Vai para a janela e recomeça a cantilena.)
Quem quer casar com a Dona Baratinha
Que tem dinheiro na caixinha?
(Vem se aproximando Dom Ratão, muito empertigado, de cartola e bengala.)
Dom R
Raatão: Eu quero, eu quero!
Dona Bara tinha: Ah, Dom Ratão, mas o senhor é um nobre e eu sou uma pobre
Baratinha:
baratinha.
Dom R atão: Pobre nada, Dona Baratinha. Pobre sou eu, apesar de nobre. A senhora
Ra
tem dinheiro na caixinha.
Dona Baratinha: Pois eu sou rica. Vamos lá, o que sabe o senhor fazer?
Baratinha:
Dom R Raatão: (Tosse atrapalhado.) Bem, não sei fazer nada de excepcional. Mas descu-
bro os mais gostosos quitutes pelo faro. Queijos que ninguém sonha. E sou elegante. Veja.
(Desfila diante da baratinha maravilhada.) .)
Obs. Dom Ratão estivera espiando desde o princípio a chegada de outros pretenden-
tes.
Dom R
Raatão: E não faço barulho pela manhã. Gosto de acordar tarde. Nem canto para
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
acordar os outros, cada um que durma o quanto quiser. E não tenho pulgas. Minha pele
é limpinha e lisa.
Dona Baratinha: Oh, Dom Ratão, o senhor é exatamente o noivo que me convém.
Baratinha:
Dom R
Raatão: Marcamos as bodas?
Dona Bara tinha: Marcamos. Como estou feliz! Entre para combinarmos. (Entram em
Baratinha:
casa. Dona Baratinha volta em seguida para conversar com a garotada.) Agora vou me
casar. Vai ter festa e doce e guaraná e uma grande feijoada. Vocês todos estão convida-
dos. Vai ter doce que não acaba mais. Estou rica. E mandei comprar uma grinalda linda.
Vocês verão. Chega de varrer minha casinha sozinha. Agora passearei de braço com Dom
85
Ratão. Ele é lindo, vocês não acham? Pois estou muito feliz e a festa vai continuar,
esperem. (Entra. Põe véu e grinalda. Sai dando ordens a duas outras baratinhas. Uma
está com uma colher de pau na mão. A outra arranja a grinalda de Dona Baratinha.)
Dona Baratinha: Baratona, vá mexer o feijão para não grudar..
Baratinha:
Dona Bara tona: (Rindo.) Dom Ratão não sai de perto da panela. Está com o focinho
Baratona:
comprido e cheira o ar deliciado..
Dona Bara tinha: É o único defeito do meu noivo: a gula. (Dona Baratona entra para
Baratinha:
cuidar da feijoada.)
Dona Baratinha: (Grita.) Ai, você fincou um grampo na minha cabeça. Cuidado!!
Baratinha:
Dona Baratosa: Perdão, perdão! Estou tão nervosa!
Baratosa:
Dona Baratinha: Quem casa sou eu, Dona Baratosa.
Baratinha:
Dona Baratosa: Eu sei, eu sei, Dona Baratinha, mas quem vai cantar a Ave-Maria sou
Baratosa:
eu.
Dona Bara
Baratinha:
tinha: Ora, deixe de bobagem. Cantar é fácil. Casar é que é difícil.
Dona Bara tosa: Não acho não, Dona Baratinha. Cantar é muito difícil. (Dando os
Baratosa:
últimos retoques na noiva.) A senhora está linda. (Dá um espelho para ela.) Veja!!
Dona Baratinha: (Olha-se envaidecida.) Acho que todos vão se maravilhar.
Baratinha:
Dona Baratosa: Todos vão se maravilhar, garanto.
Baratosa:
Dona Baratina: Ah, estou tão nervosa!
Baratina:
Dona Baratosa: Casar é fácil, dona Baratinha.
Baratosa:
Dona Baratinha: Não diga tal asneira, Dona Baratosa.
Baratinha:
Dona Baratosa: É só achar dinheiro e colocar na caixinha, Dona Baratinha.
Baratosa:
Dona Baratinha: Ora, ora, Dona Baratosa.
Baratinha:
(Volta Dona Baratona, sempre empunhando a colher de pau.)
Dona Baratona: Acabo de colocar o toucinho no feijão.
Baratona:
Dona Baratinha: E o chouriço?
Dona Baratona: Também.
Dona Baratosa: Quando vai ser o banquete?
Baratosa:
Dona Baratinha: Depois da cerimônia, Dona Baratosa.
Baratinha:
Dona Baratosa: Espero não ficar muito nervosa para poder comer bastante..
Baratosa:
Dona Baratinha: Não se exceda, Dona Baratosa. Os convidados são muitos.
Baratinha:
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
(Música.)
Fim
87
Atividade 15
Imagine que você vai utilizar este texto na sala de aula.
a) Antes de dar o texto para a leitura dos alunos, o que você precisa informar a
respeito desse tipo de texto?
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b) Trata-se de um texto adaptado de uma história infantil que pode ser conhecida
pelos alunos. Você considera importante levar os alunos a compararem os dois textos?
Por quê?
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Fornecer informações que permitam ao aluno ir ao texto com alguma expectativa,
pode ser um meio de proporcionar condições para uma leitura mais ampla. O aluno
pode buscar elementos que satisfaçam essa expectativa, passando a compreender a
leitura como forma de conhecer aspectos diversificados do mundo.
Atividade 16
a) Ao comparar os dois textos, o conto e o teatro, que aspectos podem ser evidenci-
ados para caracterizar melhor o texto teatral? Por quê?
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b) Que atividade você pode propor para os alunos reconhecerem a função das ru-
bricas (lembre-se: rubricas são as indicações apresentadas entre parênteses)?
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Teoria e Prática 7 • Unidade 3
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_________________________________________________________________
Discutir com os alunos a forma de organização do texto em prosa, comparando
com a do texto teatral e observar as transformações que decorrem desses modos dife-
rentes de se organizar: narrador, personagens, formas de articulação do texto, pode
levar os alunos a compreenderem melhor as características específicas de cada tipo de
texto.
88
Atividade 17
Suponha que seus alunos queiram dramatizar o texto. O que eles precisam levar em
consideração?
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Discutir com os alunos a necessidade de a dramatização permitir ao espectador
compreender a história, observando o humor, a simpatia ou a antipatia que os perso-
nagens podem despertar; que esses sentimentos devem ser percebidos no conjunto
todo que compõe a dramatização, pode possibilitar ao aluno a compreensão do modo
como funciona o texto teatral.
ceitos.
89
Atividade 18
Antes de pensarem em dramatizar o texto inteiro, você pode propor que cada grupo
escolha um trecho e o prepare para uma apresentação.
a) Que orientação você pode dar para que os alunos tenham condições de fazer
uma apresentação prazerosa para o próprio grupo e para os outros?
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Teoria e Prática 7 • Unidade 3
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90
b) Por que é conveniente fazer esse trabalho prévio à dramatização do texto inteiro?
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Você deve considerar que um texto teatral apresenta muitas informações a que os
alunos não estão acostumados. Um trecho menor pode permitir que eles observem
detalhes importantes e que contribuem para tornar a encenação mais próxima do que
o texto propõe.
Atividade 19
Outra atividade prévia pode ser a leitura dramática do texto O Casamento de Dona
Baratinha.
Você deve considerar que a presença de texto teatral em sala de aula do ensino
fundamental está relacionada à importância de os alunos conhecerem variados tipos
de textos que utilizam linguagens diferentes e desenvolverem habilidades de usos da
língua em diversas situações.
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
É verdade, também, que a dramatização, o faz de conta, é uma atividade que agra-
da às crianças e permite a percepção da necessidade de adequação da linguagem às
situações, ao tipo de pessoa representada, por exemplo. Nesse sentido, desenvolver
atividades com jogos dramáticos pode ser interessante com alunos de qualquer idade.
91
Atividade 20
Suponha que você vai propor aos alunos pequenas dramatizações. O que você pode
propor? Pense e descreva uma atividade que poderia desenvolver com sua classe. Lem-
bre-se: o grupo vai brincar de faz de conta, eles devem colocar-se como personagens e
fingir que são outras pessoas. Quem poderiam ser? Que situações poderiam represen-
tar?
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É preciso considerar que esse tipo de atividade deve ser proposta com a intenção de
levar os alunos a desenvolverem a criatividade e a autonomia. Para isso, eles precisam
sentir-se livres para buscar soluções que considerarem mais adequadas para a situa-
ção que pretendem representar.
INDO À SAL
SALAA DE AUL
AUL A
ULA
Uma atividade interessante para os alunos compreenderem melhor o funciona-
mento de um texto teatral pode ser a proposta de eles produzirem pequenos textos
para serem representados na classe. Para isso, você pode dividir a classe em grupos,
de até quatro pessoas. Os grupos se reúnem, discutem, trocam idéias sobre o tipo de
situação que desejam encenar. Você pode sugerir que sejam situações do cotidiano
dos próprios alunos, seja na escola, em casa, na rua, na igreja, em lojas, lanchonetes,
cinema, parque, piscina, enfim, situações semelhantes às conhecidas pela classe.
Escolhida a situação, cada grupo vai escrever o texto que servirá de roteiro para
a encenação .Nesta fase, você deve orientá-los para que os textos apresentem:
92
INDO À SAL
SALAA DE AUL
AULAA
Depois de pronto, lido, relido, corrigido, os grupos devem trocar os textos entre si:
um grupo encena o texto escrito por outro. É uma forma de conferir se o texto foi
escrito de forma clara, se as rubricas foram bem colocadas e se essas orientações
forneceram elementos para o outro grupo realizar a encenação. Enfim, cada grupo
pode avaliar o seu e o texto do outro grupo, vivenciando as situações como especta-
dor e como atores responsáveis pela encenação.
93
Lição de casa
Agora é a sua vez de propor atividades, utilizando uma obra que você vai
escolher para analisar em sala de aula.
Atividade 1
Escolha a obra. Tenha em vista seu trabalho com as crianças, portanto seleci-
one uma obra que você possa usar realmente em suas aulas. Justifique sua esco-
lha e indique o ano para o qual se destina a atividade.
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Atividade 2
Elabore uma atividade de análise da obra, em que os alunos vão identificar
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Referências Bibliográficas:
O livro traça a história da literatura infantil brasileira, ao longo do século XX, num trabalho de
pesquisa e interpretação, de um modo completo e sistemático.
• MACHADO, Maria Clara. A AVENTURA DO TEATRO, Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
O livro, considerado pela autora como pequeno manual de Teatro, traz orientações para alunos
e professores que queiram iniciar um trabalho relacionado à arte da representação.
A autora ensina, numa linguagem acessível para quem nunca fez teatro, alguns exercícios para
o ator aprender a falar, a expressa-se com o corpo, a relaxar, a desenvolver a sensibilidade e a
imaginação. Ensina, ainda, a tratar de aspectos necessários para a produção de um espetáculo
teatral.
Teoria e Prática 7 • Unidade 3
95
7 A literatura infantil
Ati vidade: Sessão Presencial Introdutória (1h)
Atividade:
Professor
Nesta oficina, você vai conhecer alguns conteúdos básicos do caderno Teoria e Prática 7:
115
1ª etapa
etapa
Reúna-se com dois colegas para ler o texto e discutir as questões abaixo. Um de
vocês será o relator, que vai apresentar, na 2ª etapa, as conclusões do grupo.
2ª etapa
etapa
Um dos grupos será sorteado para apresentar as conclusões por meio de seu relator.
Depois da apresentação, os outros relatores poderão dar sugestões, completar as idéias
expostas, sugerir outras e compará-las com as de seu grupo.
3ª etapa
etapa
Todos vão fazer, juntamente com o formador, uma síntese do que discutiram. Se for o
caso, cada um anota as dúvidas que tiver para apresentá-las nas outras oficinas.
116
7 A literatura infantil
Ati vidade: Sessão Presencial Semanal (2h)
Atividade:
Unidade 11: A literatura infantil: origens e evolução.
Professor
Nesta oficina, vamos discutir alguns assuntos básicos da primeira unidade do ca-
derno Teoria e Prática 7:
1ª etapa
etapa
Os participantes, divididos em dois grupos (A
A e B), vão realizar as tarefas que se-
guem. Cada grupo deve escolher um relator para registrar as conclusões a serem apre-
sentadas na etapa seguinte.
Oficina de Formação de Professores • TP7 • Unidade 1
I. Tarefas do grupo A:
a) Analisar o texto de Monteiro Lobato (1944), justificando a idéia de que os assun-
tos tratados e a linguagem que utiliza (pioneiros na literatura infantil brasileira)
provocam na criança a reflexão, a busca de soluções, o desenvolvimento do raci-
ocínio, conforme o que se estudou no caderno TP7.
b) Supor que o texto de Lobato vai ser utilizado em atividades didáticas de leitura e
produção textual, com a finalidade de levar os alunos a perceberem o que carac-
teriza um texto literário. Descrever essas atividades, indicando o ano de escolari-
dade dos alunos a que elas se destinam.
117
II. Tarefas do grupo B:
a) Analisar o texto de Eva Furnari (1999), indicando os recursos temáticos e estilísticos
utilizados (texto verbal, recursos gráficos, imagens, ilustrações), que exemplificam
as características da moderna literatura infantil brasileira.
b) Supor que o texto será utilizado em atividades didáticas de leitura e produção
textual, para levar os alunos a reconhecerem a relação entre imagem e texto
verbal e a perceberem os elementos que caracterizam uma carta. Descrever es-
sas atividades, indicando o ano a que se destinam.
2ª etapa
etapa
Todos se reúnem em forma de plenária.
• as atividades foram bem detalhadas em relação aos objetivos e aos alunos a que
se destinam? Por quê?
• ao participarem dessas atividades, os alunos poderão desenvolver as habilida-
des de buscar significados, de criar, descobrir? Justificar, apresentando, se for o
caso, sugestões ao grupo que propôs as atividades.
Em seguida, o relator do grupo B apresenta o que registrou e expõe as atividades
propostas por seu grupo. Os participantes do grupo A vão analisar as atividades, consi-
derando os mesmos aspectos indicados acima.
a) textos literários;
b) textos de literatura infantil, adequados aos alunos dos primeiros anos do ensino
fundamental.
118
7 Literatura Infantil
Ati vidade: Sessão Presencial Semanal (2h)
Atividade:
Unidade 2:2 Modalidade dos Textos de Literatura Infantil
Professor,
Você estudou que cada uma dessas modalidades de texto tem características espe-
cíficas que os alunos devem aprender a reconhecer, para apreender de forma mais
ampla os significados contidos.
Nesta oficina, vamos rever essas três modalidades de textos, observando as possibi-
lidades de partir de uma, para desenvolver outras. Ou seja, de um texto em prosa
(narrativa ficcional) produzir uma narrativa de imagens e um texto teatral.
1ª etapa
etapa
Vocês devem formar três grupos, para realizarem as atividades propostas a seguir.
Primeiramente, leiam uma história, apresentada por Maria Clara Machado em seu
livro A Aventura do Teatro.Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
O fantasma
• TP7 • Unidade 2
119
2ª etapa
etapa
Cada grupo apresenta o texto produzido, para ser apreciado por todos.
3ª etapa
etapa
Avaliação da oficina.
120
7 A literatura infantil
Ati vidade: Sessão Presencial Semanal (2h)
Atividade:
Unidade 3:3 Atividades de leitura e interpretação de textos da literatura infantil
Professor
O propósito da oficina é que você desenvolva com seus colegas uma das atividades
que pode ser aplicada em sala de aula.
1ª etapa
etapa
Os participantes da oficina serão divididos em três grupos e cada um trabalhará
com uma das partes do texto.
O grupo primeiramente vai reescrever a parte que lhe cabe, transformando o texto
narrativo em teatral, não deixando de descrever o cenário, de escrever as marcações (o
que os atores devem fazer), indicar as falas dos personagens, as entoações de voz etc.
Oficina de Formação de Professores • TP7 • Unidade 3
2ª etapa
etapa
O grupo vai preparar a encenação. Vai escolher os personagens, preparar o cenário,
ensaiar as falas para apresentar na etapa seguinte.
3ª etapa
etapa
Os grupos, em seqüência, vão apresentar o que prepararam. Todos os participantes
vão avaliar tanto o texto transformado como a própria encenação de cada grupo. De-
vem anotar o que for preciso, para discutir na última etapa da oficina.
121
4ª etapa
etapa
Todos vão fazer, juntamente com o formador, uma avaliação do trabalho dos gru-
pos, utilizando as possíveis anotações que fizeram na 3ª etapa.
Vão também avaliar se esse tipo de atividade é adequada aos alunos dos primeiros
anos do ensino fundamental e por quê.
122
Ane
Anexxo 1
7 TP7 - Unidade 1
Texto 1
No dia seguinte
No dia seguinte pularam da cama muito cedo e retomaram a obra de
reforma da Natureza. Tudo era examinado e reformado no que lhes parecia
torto. A Rãzinha continuava com as idéias mais absurdas, de verdadeira
maluca. A reforma do Quindim, por exemplo, que a Rã fez sozinha, era a
coisa mais esquisita que se possa imaginar. Em vez do famoso chifre sobre o
nariz, que é característico de todos os rinocerontes, a Rã botou uma flecha de
Cupido com um coração assado na ponta. Assado, imaginem! E ornamentou
os cascos de Quindim com pinturas: Branca de Neve com todos os seus anões.
E trocou as quatro pernas do rinoceronte por quatro pernas diferentes – uma
de veado, outra de ganso, outra de jacaré, outra de pau. E substituiu aquele
couro duríssimo por um revestimento muito bem trançado de palhinha de
cadeira. Cauda, botou duas; depois três, depois dez, depois cem; deixou-o
com um verdadeiro varal de caudas dando volta inteira em redor do pobre
animal.
A reforma do Quindim saiu um tal disparate que nem andar ele podia –
uma perna não acompanhava a outra, e havia a tremenda atrapalhação de
tantas caudas, todas diferentes, umas com borlas(1) na ponta, outras com
espinhos de ouriço, outras com campainhas.
Quando Emília foi ver a “obra”, não pôde deixar de rir-se. Aquilo era o
“bisurdo dos bissurdos”. Quindim estava transformado num verdadeiro
destampatório(2).
Oficina de Formação de Professores • TP7 • Anexos
Glossário:
123
Ane
Anexxo 2
7 TP7 - Unidade 1
Texto 2
Oficina de Formação de Professores • TP7 • Anexos
125
Ane
Anexxo 1
7 TP7 - Unidade 3
Trocando as Bolas
[1ª parte]
127
[2ª parte]
Quando a irmãzinha do Troca Bolas pedia para ele contar uma histó-
ria, o menino se saía com esta:
- Era uma vez uma menina muito bonita, com a pele branca como a
neve, que vivia no castelo de uma madrasta muito má. Um dia, ela
colocou um chapeuzinho vermelho e foi levar doces para a vovozinha.
Aí ele ia subindo uma escada e perdeu o sapatinho de cristal. Por isso, a
bruxa prendeu a coitadinha numa torre e os cabelos dela ficaram com-
pridos e o príncipe subia para papear com ela agarrando-se nas tranças
da menina. Mas, de vez em quando, a bruxa mandava ela botar o dedi-
nho para fora para ver se estava gordinho, porque a bruxa só gostava de
crianças gordinhas. Mas daí a menina fugiu e foi jogando pedrinhas
coloridas pelo caminho para não se perder na floresta. Foi aí que apare-
ceu o Lobo Mau com uma maçã envenenada e soprou a casa de madeira
onde a menina tinha se escondido...
É claro que a irmã do Troca Bolas não entendia nada. Mas, como
ainda era muito pequena, ria a valer.
E assim Troca Bolas ia vivendo. Misturava tudo e o pessoal tinha de
fazer um esforço tremendo para desmisturar as histórias dele.
[3ª parte]
129
Todos aplaudiram:
- Grande idéia, Troca Bolas! Como é que você pensou nisso?
- Muito simples – respondeu o menino. – Vocês não estavam pensan-
do em tirar o gato da água? Pois eu pensei em tirar a água do gato!
131
PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
GESTAR I
Língua Portuguesa
Maria Antonieta Antunes Cunha
Doutora em Letras - Língua Portuguesa
Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG
Professora Adjunta Aposentada - Língua Portuguesa - Faculdade de Letras
Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG
Matemática
Cristiano Alberto Muniz
Doutor em Ciência da Educação
Universidade Paris XIII
Professor Adjunto - Educação Matemática - Faculdade de Educação
Universidade de Brasília/UnB
EQUIPE EDITORIAL
Assessoria Pedagógica
Maria Umbelina Caiafa Salgado
Consultora - DIPRO/FNDE/MEC
Coordenação Geral
Suzete Scramim Rigo - IQE
Coordenação Pedagógica
Regina Maria F. Elero Ivamoto - IQE
Elaboração
Marília Barros Almeida Toledo - Matemática - IQE
Suzana Laino Cândido - Matemática - IQE
Maria Valíria Aderson de Mello Vargas - Língua Portuguesa - IQE
Kahori Miyasato - Língua Portuguesa - IQE
Produção Editorial
Instituto Qualidade no Ensino - IQE