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Análise de Vibração Aplicada em Máquinas Rotativas de Baixa Velocidade2
Análise de Vibração Aplicada em Máquinas Rotativas de Baixa Velocidade2
Análise de vibração em
máquinas de baixa
velocidade
Autores:
Edgar A. Estupiñan (eestupin@uta.cl)
Professor Dpto. de Engenharia Mecânica
Universidade de Tarapacá
Casilla 6-D – Arica (Chile)
RESUMO
Prevendo a presença de defeitos nos rolamentos de máquinas que operam em baixa
velocidade, usar a análise espectral das vibrações é uma tarefa difícil. As vibrações
geradas por estas máquinas são de baixa amplitude e o nível de ruído em muito dos
casos pode ser o suficiente para não ser capaz de identificar as vibrações geradas pela
presença de defeitos.
Este Trabalho ilustra tanto os testes de laboratório como os casos históricos e reais da
industria de celulose e papel. Com uma análise integrada do espectro e de forma de
onda é possível detectar defeitos em mancais de máquinas de baixa velocidade.
Também é ilustrado com a análise de um caso, a utilidade da técnica PeakVue de
análise de vibrações de alta freqüência.
INTRODUÇÃO
Hoje as indústrias mais modernas, dentro de seus programas de manutenção
preditiva, utilizam o monitoramento da análise de vibração, a fim de estabelecer o que
o estado de saúde mecânica do equipamento e, em particular seus elementos mais
críticos, tais como rolamentos, mancais, engrenagens, e desta forma prevenir falhas
catastróficas.
Sem dúvida, quando as máquinas giram a baixa velocidade, a análise é complicada,
principalmente porque a magnitude das forças dinâmicas que geram as vibrações
diminui com a velocidade de rotação. Por exemplo, o desbalanceamento gera uma
força centrifuga proporcional ao quadrado da velocidade.
Alem disso, máquinas de baixa velocidade normalmente são maiores em tamanho e
peso, portanto o sinal de vibração medido nos mancais é frequentemente de
baixíssima amplitude e baixa relação sinal-ruído.
Para analisar as vibrações provenientes de máquinas de baixa velocidade exige-se
uma seleção adequada e uso de componentes que formam a cadeia de medição, a fim
de obter a melhor razão possível do sinal-ruído, Robinson(1995).
Neste artigo, o termo “máquina de baixa velocidade” refere-se a máquinas que
operam entre 6 e 300 cpm (ciclos por minuto). Os rolamentos são componentes mais
críticos de máquinas e que falham com mais freqüência. O estudo realizado neste
trabalho tem se concentrado principalmente no diagnóstico de defeitos de rolamentos
BPFO (Ball pass frequency of the outer race) é a frequência de passagem dos elementos
rolantes por um defeito na pista externa.
BPFI (Ball pass frequency of the inner race) é a frequência de passagem dos elementos
rolantes por um defeito na pista externa.
BSF (Ball spin frequency) é a freqüência de giro dos elementos rolantes
FTF (Fundamental train frequency) é a frequência de giro da gaiola
Por meio da média espectral se reduz a variação das amplitudes espectrais do ruído
aleatório em proporção direta a raiz quadrada do número de médias, Robinson
et.AL(1992).
O espectro da figura 2(a) foi obtido com um maior número de médias(100) e pode-se
observar que o espectro é mais suave que o mostrado na figura 1.
No entanto, mesmo com este espectro não é possível distinguir os componentes da
vibração real, devido a baixa SNR. Agora se você tomar a medição com maior número
de linhas (3200), a energia é distribuída entre maior número de pontos discretos,
diminuindo assim a amplitude espectral dos componentes aleatórios produzidas pelo
ruído como se pode observar na figura 2(b).
Neste espectro, que possui uma melhor SNR é possível identificar as componentes
devido a vibração, as quais correspondam a múltiplos BPFO do rolamento, indicando
assim a presença de um defeito na pista externa.
*2 SNR : Razão sinal-ruído, proveniente da terminologia inglesa: Signal to Noise Ratio
Fig. 3. Espectro e forma de onda de rolamento com pista externa defeituosa e velocidade variável
Para realizar a análise espectral em máquinas que variam sua velocidade utilizando a
técnica de análise de Ordens (Order Tracking Analysis), com a qual o analisador de
FFT usa uma frequência de amostra que está diretamente relacionada à velocidade
de rotação do eixo, Harris (1988).
Para Ao utilizar as técnicas de análise de Ordens, no caso do agitador, obtemos o
espectro da Figura 4, onde, pode-se identificar claramente os componentes
harmônicos da BPFO, ao contrário do espectro obtido com a análise normal.
Com as informações obtidas a partir das vibrações geradas pelo rolamento, o pessoal
de manutenção decidiu programar a troca. A Figura 6 mostra a fotografia do
rolamento com defeito e observar-se claramente os defeitos localizados na pista
Fig. 9. Evolução da forma de onda da vibração axial do Rolamento motriz da segunda prensa
A chave para diagnosticar que o rolamento tinha uma pista interna defeituosa, foi que
em todos os casos, os intervalos entre um e outro impacto variou na mesma
proporção que o fez na periodicidade de cada ciclo de geração de impactos. Também
se deve ter em conta que o defeito está na pista interna. Os impactos de grande
escala ocorrem sempre que o defeito passa pela zona de carga e isso se produz uma
vez por cada revolução do eixo. Embora a velocidade de rotação sempre fosse a
mesma, a periodicidade do ciclo de impactos mudou com o tempo, provavelmente
devido a um ajuste insuficiente entre a pista interna do rolamento e eixo, permitindo
deslizamentos ocasionais.
Segundo a análise realizada, foi diagnosticado que o rolamento provavelmente tinha
um defeito na pista interna e também estava deslizando sobre o seu eixo, portanto, a
equipe de manutenção programou a troca do rolamento para 02 de Novembro. A
Figura 10 mostra (esquerda) mostra o defeito encontrado na pista interna e a Figura
10 (direita) mostra a superfície do eixo em que o rolamento é suportado e pode-se
ver nelas marcas causadas pelo deslizamento entre o anel interno do rolamento e
eixo, confirmando assim o diagnostico feito anteriormente.
Fig. 10. Defeito localizado na pista interna (esquerda), e superfície do eixo sobre o qual apóia o
rolamento (direita).
Um Após o rolamento ter sido trocado, o espectro e a forma de onda da vibração axial
do rolamento são mostrados na Figura 11. Observa-se a ausência de impacto na
forma de onda e de componentes espectrais significativos. Analisando este caso,
pode-se ilustrar a utilidade da análise da forma de onda para diagnosticar um
problema que apresentou sintomas atípicos e onde as técnicas tradicionais de
diagnóstico não foram eficazes.
Fig. 11. Espectro e forma de onda da vibração, depois que o rolamento foi substituído
Imagem ilustrativa
Fig. 12. Espectro dos rolamentos lado motriz (interno) e lado livre (externo) (Fmáx = 200kcpm).
Fig. 13. Espectros de Peakvue dos rolamentos lado motriz (interno) e lado livre (externo) do tambor
inferior
Fig. 14. Espectro normal (acima) e do Peakvue (abaixo) do rolamento lado motriz do tambor superior
CONCLUSÕES
Por meio deste trabalho, se pode demonstrar que o uso da análise de vibração é
viável para monitorar e diagnosticar o estado da condição mecânica de máquinas de
baixa velocidade e em particular de seus rolamentos considerados como elementos
fundamentais para seu bom desempenho. Para se chegar a um diagnóstico preciso é
necessário realizar estudos de suas vibrações, utilizando de forma integrada várias
técnicas disponíveis hoje em dia nos vários equipamentos de análise de vibração
modernos. Para a análise de vibrações de frequências mais baixas, deve-se fazer uma
seleção adequada e uso de componentes que compõem a cadeia de medição, de
modo que seus componentes não sejam filtrados ou atenuados. Na etapa de medição
da vibração, deve-se realizar grandes esforços para a melhoria da relação sinal-ruído,
a fim de obter informações mais confiáveis para a análise e para alcançar cada vez
diagnósticos mais precisos.
BIBLIOGRAFIA
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