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Orquesografias musicais do movimento no espaço que dança.

O bailarino e cantor Thiago Alixandre convida o músico Anderson Charnoski para


uma parceria inédita. Juntos propõem um curso para bailarinos, músicos, cantores,
atores e artistas do corpo em geral no qual desenvolvem instruções
orquesográficas. O curso propõe explorar compositivamente o tempo, espaço e
movimento através de matérias sonoras e coreográficas. E um desafio para artistas
do corpo e músicos, pensar o tempo e o espaço compositivamente com seus
instrumentos que produzem movimento e som, seja o corpo que dança, a voz que
canta, ou o instrumento musical que se move ao fazer música.

O curso é destinado para artistas do corpo (bailarinos, atores, cantores,


performers, músicos e etc) com ou sem experiência na dança e/ou musica. A
iniciativa é agregadora e democrática para todos os tipos de corpos e habilidades,
pois trabalha com as possibilidades anatômicas de cada corpo. A metodologia do
curso abriga diversos tipos de artistas e contempla a participação de interessados
com menor experiência.

O mini curso tem duração de 5 dias, com 4 horas por encontro. No quinto dia os
participantes poderão convidar amigos e familiares para a mostra de
encerramento que consiste numa Conferência Coreográfica, uma espécie de aula
aberta com resultado das experiências trabalhadas durante a semana.
Informações da proposta.
Orchesis do grego significa dança e graphe escrever, então Orquesografia seria a
escrita da dança, ou seja, um modo técnico de nomear coreografia. Em 1588 Thoinot
Arbeau escreveu um tratado sobre danças sociais da França Renascentista do final do
século XVI e o nomeou de Orchesographie.

Os fatos históricos estudados por Thiago Alixandre foram motivadores na construção das
aulas que desenvolve em seu curso regular de dança no Parque da Autonomia na cidade
de Votorantim e por isso resolveu fazer uma versão otimizada para este curso no qual a
novidade é acolher não apenas bailarinos, mas pessoas de outras áreas, misturando
movimentos, sons e ritmos através de partituras musico-espaço-temporais.

No curso as materialidades da dança e da música como planos, tempo, espaço, som,


ritmo, melodia, harmonia se estruturam de modo não convencional propondo jogos
compositivos. A metodologia consiste em tridimensionalizar partituras de escrita
musical nos corpos dos participantes em movimento no espaço.

Thiago Alixandre reflete sobre a tradição da dança ter de obedecer aos ritmos e
propõe uma relação inversa; no curso os músicos terão o desafio de traduzir
movimentos de dança em escrita musical, ou seja, interpretar e tocar a música que
nasce dos corpos quando um corpo dança. Anderson Charnoski, o músico parceiro de
Thiago nesta iniciativa reforça a importância deste tipo de iniciativa em termos
pedagógicos, pois para ele é um outro modo de explicar a teoria musical, de modo
empírico, com o corpo em movimento, diferente dos métodos tradicionais de
conservatórios por exemplo no qual a partitura é uma folha de papel bidimensional,
sem espaço, sem volume, sem tempo e sem participação do corpo.
PROGRAMA DE ENSINO

Curso: Dança e música contemporânea Horas/Aula: 20


Disciplina: Orquesografia Sonoro-Espacial Turno: noturno
Professor: Thiago Alixandre e Anderson Charnoski 18h as 22h
Ano/sem: 2019/2º
Período: 5 dias

 OBJETIVOS GERAIS
Estudar a dança e a música a luz de suas materialidades lógicas, propondo a
vinculação entre prática e teoria. Praticar a música e a dança como
manifestações de fenômenos de natureza física: espaço-tempo-matéria.

 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Desenvolver habilidades do pensamento crítico através do corpo que dança e
faz música.
Construir competências técnicas e filosóficas.
Construir argumentos sobre dança e música no viés da indisciplinaridade e
pensamento crítico.
Apresentar referencias práticas/teóricas para ampliar o conhecimento sobre
dança e música.
Colaborar com a elaboração da autonomia coreográfica, artística, rítmica,
musical e psicomotricial do aluno.

 METODOLOGIA
O curso se desenvolve através de atividades com práticas corporais sempre com
música ao vivo em diálogo com as proposições espaço-temporais. Se utilizando
de partituras musicais, técnicas de silabação, técnicas de dança e comentários
com formulações teóricas que orientam os fazeres práticos.
Ementa:

Orquesografia Sonoro-Espacial

RELAÇÕES MÚSICO-TEMPORAIS DO MOVIMENTO NO ESPAÇO QUE DANÇA:

Desenvolver partituras e notações espaço-temporais através de


instruções orquesográficas.
Orchesis do grego significa dança e graphe escrever, então Orquesografia
seria a escrita da dança, ou seja, um modo técnico de nomear coreografia. Em 1588
Thoinot Arbeau escreveu um tratado sobre danças sociais da França Renascentista
do final do século XVI e o nomeou de Orchesographie.
No renascimento esta tentativa de partiturar uma dança tinha o intuito de
codificar passos, direções e deslocamentos espaciais. Aqui na proposta deste
curso não se trata disso, mas sim de, ao invés de determinar passos de dança,
determinarmos métricas de tempo nos movimentos, que por consequência
organizam um espaço, e isso entendemos como espaço que dança, uma
coreografia.
O curso propõe explorar compositivamente o tempo, espaço e o
movimento através de matérias sonoras e coreográficas. É um desafio para
artistas do corpo e músicos. É um pensar-corpo, um pensar-tempo e um pensar-
espaço compositivamente com instrumentos que produzem movimento e som,
sejam o corpos que dança, corpos que cantam, ou instrumentos musicais que
se movem para fazer música e assim se tornam corpo.
Em síntese, explorar com o corpo o espaço-tempo através da música e da
dança.
Lidar com as materialidades da dança e da música como planos, tempo,
espaço, som, ritmo, melodia e harmonia através de relações não convencionais,
propondo jogos compositivos.
Um dos objetivos é tridimensionalizar partituras de escrita musical nos corpos
dos participantes em movimento no espaço.
Escapar da tradição da dança ter de obedecer aos ritmos e propor uma relação
inversa; no curso os músicos terão o desafio de traduzir movimentos de dança em
escrita musical, ou seja, interpretar e tocar a música que nasce dos corpos quando um
corpo dança.
Vale ainda reforçar a importância deste tipo de iniciativa em termos
pedagógicos, pois explorar outros modos de investigar a teoria musical, de modo
empírico, com o corpo em movimento, diferente dos métodos tradicionais de
conservatórios e instituições formais nos quais, em geral, a partitura é uma folha de
papel bidimensional, sem espaço, sem volume, sem tempo e sem participação do
corpo, parece ser mais que importante, imprescindível.
Nesta proposta o corpo é a relação central que articula tempo, espaço e
matéria.
Programa de Ensino

1º dia - Aquecimento com caminhadas rítmicas em andamentos variáveis,


deslocamentos atonais, desmontagem dos planos do corpo em escala Dom Dim.
Escalas crescentes e decrescentes sinalizadas com membros do corpo através de
movimentos isolados. Exercício de deslocamento nos planos médio e alto com
orientação de BPM demarcados por um metrônomo, qualidades exigidas no
movimento: staccato, tonificada e precisa. Acertar cabeça do tempo como alvo cuja
flecha é o movimento. Investigar registro temporal no corpo quando a distância
referencial do tempo é maior. Objetivos corporais: andamento, pulso, pausa, ritmo,
memorização, percepção, tônus, domínio motricial e autonomia rítmica.

2º dia – Apresentação das figuras rítmicas semibreve, mínima, semínima, colcheia e


semicolcheia no corpo, silabação do Konnacoll como ferramenta perceptiva, vivência
coletiva de cada figura através de movimentos silabados e solfejados vocalmente.
Composição de naipes corporais rítmicos, movimentos como voz do corpo e melodia
como desenho espacial. Composição de motivos rítmicos. Desmame do metrônomo e
das silabações de modo a construir o tempo e a voz nos gestos.

3º dia - Aquecimento através de caminhadas em andamentos propostos pelo músico,


memorizar distâncias temporais de até 10 e 9 tempos como desafio cognitivo e
desafiar a percepção com referências ímpares. Exercícios de contratempo e
caminhadas coreográficas com fracionamentos temporais/espaciais. Abertura de
vozes do corpo e dos instrumentos.

4º dia – Aquecimentos com percepção de acordes maiores e menores, compassos


ímpares usando colcheias, exercício de acentuação, proto-partituras de contra tempo,
desafio da fusa + aumento de bpms e composição coletiva de um compasso para uma
partitura orquesográfica. Estruturar compasso de convenção com vocabulário gestual.

5º dia - Revisão dos exercícios, execução da partitura composta nos 4 dias


antecedentes e conferência orquesográfica com exibição de trechos de obras
coreográficas referenciais para o pensamento do curso + roda de conversa/avaliação.
CONHEÇA OS PROFISSIONAIS:

THIAGO ALIXANDRE é bailarino e cantor profissional, estudante de violão


popular e piano erudito, produtor cultural, crítico de dança no Jornal Gazeta
de Votorantim desde 2013, presidente do conselho municipal de cultura de
Votorantim (2016/2018), professor de teoria e prática da dança, filosofia e
teorias do corpo. Idealizador e coordenador do Núcleo de Artes e Educação
Parque da Autonomia, idealizador e coordenador da Mostra Nacional Dança
na Pedreira (2011, 2012, 2014 e 2016), graduado em Filosofia pela UNIMES e
mestrando em Comunicação e semiótica pela PUC-SP orientado pela
professora e crítica de dança Helena Katz. É ainda membro pesquisador do
CED (centro de estudos em dança da PUC-SP).

ANDERSON CHARNOSKI é graduado em música pela FAB, formado em Violão


(Conservatório Municipal Henrique Castellari), cursa “Musicalização para
Educadores” (Conservatório de Tatuí), tem especialização em Guitarra
Fusion (Mozart Mello) e ainda é formado em guitarra pelo método IG&T
(Instituto de Guitarra e Tecnologia). É estudante de filosofia poltica e
professor de violão e musicalizaçao infantil no Parque da Autonomia.

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