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Tribunal Regional do Trabalho 2ª Região

Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 1001786-22.2019.5.02.0000


em 30/07/2019 18:20:14 e assinado por:
- MARISA REGINA MURAD LEGASPE

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usando o código: 19073018201200000000051215574

19073018201200000000051215574
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO - 2a REGIÃO
DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE - DCG
PROC TRT/SP – SDC - 1001786-22.2019.5.02.0000
SUSCITANTE: SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DE SÃO PAULO
SUSCITADO : CETESB COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
DATA DA DISTRIBUIÇÃO: 27/06/2019
DESEMBARGADOR VICE-PRESIDENTE JUDICIAL: RAFAEL EDSON PUGLIESE RIBEIRO

Processo por Dependência ao DC n.º 1001519-50.2019.5.02.0000

PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

Trata-se de Dissídio Coletivo de Natureza Econômica, sob o Rito de


Greve, instaurado aos 27/06/2019 pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de
São Paulo - SEESP, em face da Suscitada Companhia Ambiental de São Paulo,
distribuído por dependência ao Dissídio Coletivo de Greve n.º 1001519-
50.2019.5.02.0000, suscitado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo –
CETESB, objetivando a concessão de tutela antecipada para garantir a data-base
para 01/05/2019, com a aplicação do reajuste salarial de 4,99%, com base no
IPC-FIPE, com efeitos a partir da data-base de 01/05/2019, devendo ser
aplicado o reajuste salarial na folha de pagamento de junho/2019, em todas as
verbas componentes da remuneração e em todas as cláusulas econômicas
praticadas pelas partes, bem como a prorrogação dos efeitos da norma coletiva
vigente, enquanto não ocorrer a solução do conflito e do mérito das
respectivas reivindicações da respectiva categoria profissional ( ID - 0ae6ed3
– 27.06.2017 ). Juntou os seguintes documentos:

1) procuração;
2) termo de posse da diretoria;
3) ata de assembleia;
4) ACT 2018/2019;
5) pauta de reivindicações do SEESP;
6) pauta de reivindicações 2019/2021;
7) ata de reunião;
8) situação financeira deficitária;
9) ata da reunião de mediação;
10) notificação de paralisação;
11) cópia do DC n.º 1001519-50.2019.5.02.0000

Designada audiência de instrução e conciliação para o dia


04/07/2019, às 16h pelo Exmo. Desembargador Vice Presidente Judicial Dr.
Rafael Edson Pugliese Ribeiro ( Despacho, ID - 6d11a5d2 – 22.11.2017 ), com
determinação, ainda, da juntada pelo Sindicato Suscitante ( SEESP ) do Edital
de Convocação válido e a última norma coletiva, ocasião em que a liminar
requerida seria apreciada ( Despacho, ID - 49e4e00 – 01.07.2019 ).

Manifestação da Suscitada ( CETESB ), requerendo o cancelamento


da audiência designada para o dia 04/07/2019, uma vez que não houve
autorização governamental para a concessão de reajuste salarial e
revalorização dos benefícios, requerendo, ainda, o apensamento dos presentes
autos ao Processo n.º 1001519-50.2019.5.02.0000, prazo para oferecimento de
contestação, e que seja negada a concessão da liminar pleiteada pelo Sindicato
Suscitante ( ID - 826c2df – 03.07.2019 ). Juntou o Despacho CPS/Pres. nº
18/2019 e o Ofício nº 330/2019/P ( ID´s - 002e637-4ae93b9 – 03.07.2019 ).

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Indeferido o requerimento de cancelamento de audiência
( Despacho, ID - e0bb32d – 03.07.2019 ).
Manifestação do Suscitante requerendo a juntada aos autos da
última norma coletiva e o edital de convocação válido ( Manifestação, ID -
2c21c2f – 04.07.2019 ).

Na audiência realizada em 04/07/2019, presente o Sindicato


Suscitante e a Empresa Suscitada, foi deferida a distribuição do presente
processo por dependência ao DC n.º 1001519-50.2019.5.02.0000, com apresentação
de esclarecimentos prestados pela Suscitada, sendo deferido pelo Desembargador
Vice-Presidente Judicial o prazo de 05 ( cinco ) dias requerido pela CETESB
para apresentação de defesa, com vista ao Sindicato Suscitante pelo mesmo
prazo, independente de intimação e, após, vista ao Ministério Público do
Trabalho ( Ata de Audiência, ID - 0cd2141 – 04.07.2019 ).

Em sede de contestação, a Suscitada, preliminarmente, argüiu


falta de interesse processual e litispendência e, no mérito, a improcedência
do presente Dissídio Coletivo ( ID - ba539c8 – 23.11.2017 ).

Encaminhados os autos ao Ministério Público do Trabalho ( ID -


21b69bf – 25.07.2019 ).

Eis o breve relatório.

Preliminares

1 – Falta de interesse processual: ausência de concordância da Suscitada em


relação à pauta específica dos pedidos do Sindicato dos Engenheiros.

A preliminar suscitada não prospera.

Dispõe o artigo 114, parágrafo 2º, da Constituição Federal:

“Artigo 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e


julgar:

...

Parágrafo 2º. Recusando-se qualquer das partes à


negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às
mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de
natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir
o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de
proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
anteriormente.”

O texto legal em comento deve ser aplicado em consonância com o


disposto no artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal, que consagra o direito
fundamental de amplo acesso ao Poder Judiciário. Com efeito, sem ferir o
conteúdo do parágrafo 2º, do artigo 114, da Constituição Federal, que
privilegia a negociação coletiva para o estabelecimento de normas de cunho
econômico e social aplicáveis a empregados e empregadores, deve se compreender
que, sem êxito na negociação ou com a sistemática recusa à negociação, capazes
de inviabilizar a regência das relações trabalhistas por normas coletivas
presentes em acordos ou convenções coletivas, ativa-se imediatamente o direito
ao acesso unilateral do Judiciário Trabalhista, visando salvaguardar o próprio
estabelecimento de normas coletivas para as categorias em conflito.

Ademais, a exigência do comum acordo para o ajuizamento de


dissídio coletivo é indubitavelmente negar vigência ao artigo 8º, III, da

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Constituição Federal, que assegura ao sindicato a defesa dos direitos e
interesses coletivos da categoria.

O sindicato, como representante da categoria tem o privilégio não


apenas na defesa dos direitos, mas também, e principalmente, nos interesses
dessa categoria, o qual não pode ficar submetido à vontade da outra parte.

Neste sentido a posição de Alice Monteiro de Barros, in “Curso de


Direito do Trabalho”, LTr, 2005, p. 1200:

“Consideramos que viola a autonomia do sindicato


condicionar o exercício do direito de ação à aquiescência
da outra parte.”

A respeito do tema, de oportuna citação os seguintes arestos


deste E. TRT/2ª Região:

"DISSÍDIO COLETIVO. EXPRESSÃO "COMUM ACORDO". EMENDA


CONSTITUCIONAL 45/2004. INTERPRETAÇÃO DA NORMA EM
CONFORMIDADE COM O PRINCÍPIO PROTETOR. A expressão "comum
acordo" não implica necessariamente petição conjunta, uma
vez que, a considerar-se a exigência de "comum acordo" ao
ajuizamento do Dissídio Coletivo, o conflito coletivo
poderia durar indefinidamente sem solução, e, em caso de
impasse a categoria profissional ficaria sem norma
coletiva, situação essa que não pode ser admitida em
virtude do princípio protetor que informa o direito do
trabalho, sob pena de causarem-se lesões irreparáveis aos
trabalhadores." ( Acórdão : 2008000573 Turma: SDC Data
Julg.: 06/03/2008 Data Pub.: 28/03/2008 Processo:
00188/2007-6 Relator: VANIA PARANHOS )

“Dissídio Coletivo. Ajuizamento de comum acordo.


Ajuizamento unilateral. Possibilidade. CF. Art. 8º, III x
EC. 45/2004, Art. 114, parágrafo 2º. Compreensão.
Possível o ajuizamento unilateral do dissídio coletivo
porque foi mantido mais que o poder normativo, ou seja, o
inciso III do artigo 8º da Constituição, quer dizer, a
defesa pelo sindicato de interesses - e não de direitos -
coletivos - e não meramente individuais - em questões
judiciais. Trocando em miúdos, dissídio coletivo de
iniciativa do sindicato para a defesa das reivindicações
da coletividade representada. Se o adversário recusa a
arbitragem privada e também a jurisdicional, o conflito
se mantém e os interesses dos trabalhadores, de melhores
condições de salário e de trabalho, com apoio na ordem
econômica, fundada na valorização do trabalho e social,
que tem como base o primado do trabalho e como objetivo o
bem-estar e a justiça social, são lesados, sem que se
permita o acesso ao Poder Judiciário para defendê-las,
como assegura a Constituição, no inciso XXXV do artigo
5º.” ( Processo SDC nº 00012/2005-2. Juiz José Carlos da
Silva Arouca – Juiz Relator )

“Dissídio coletivo econômico. Comum acordo. Faculdade: A


faculdade de ajuizamento conjunto (de comum acordo) não
exclui o ajuizamento unilateral, cujo amparo decorre de
cláusula pétrea constitucional, até porque estabelecer a
exigência do prévio comum acordo como conditio sine qua
non para a instauração do dissídio coletivo implica
forjar uma antinomia entre o artigo 114 e a cláusula
pétrea da indeclinabilidade da jurisdição, contemplada no

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inciso XXXV do artigo 5º da Carta Magna, resumida no
princípio segundo o qual a lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. ( Processo
SDC nº 20222200500002000. Juíza Wilma Nogueira de Araújo
Vaz da Silva – Juíza Relatora ).

Assim, não há que se falar em descumprimento do artigo 114, da


CF.

Portanto, a ausência de "comum acordo" não veda ou obstrui o


ajuizamento do dissídio coletivo com a finalidade de solucionar os conflitos
de interesses entre as partes.

Acrescente-se, ainda, a Orientação Jurisprudencial n. 02 da SDC


deste E. TRT/2ª Região que dispõe que “A falta de concordância expressa com o
ajuizamento do Dissídio Coletivo Econômico poderá ser suprida na audiência
instrutória ou a qualquer tempo no curso do processo”, hipótese dos autos.

Pela rejeição.

2 – Litispendência

A preliminar suscitada não prospera. Senão, vejamos:

Nos termos do § 1º, do art. 337, do CPC, verifica-se a


litispendência quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.

No caso dos autos, o DC 1001519-50.2019.5.02.0000 não possuí as


mesmas partes, apesar de versar sobre os mesmos pedidos suscitados no Dissídio
Coletivo Econômico n.º 1001519-50.2019.5.02.0000.

Além disto, conforme pode ser verificado na audiência realizada


em 04/07/2019, foi deferida a distribuição do presente dissídio por
dependência ao DC n.º 1001519-50.2019.5.02.0000 ( Ata de Audiência, ID -
0cd2141 – 04.07.2019 ).

Peja rejeição.

Do Mérito

No mérito, deve ser provido parcialmente o dissídio. Senão,


vejamos:

Trata-se de Dissídio Coletivo de Natureza Econômica, sob o Rito de


Greve, objetivando garantir a data-base para 01/05/2019, com a aplicação do
reajuste salarial de 4,99%, com base no IPC-FIPE, devendo ser aplicado o
reajuste salarial na folha de pagamento de junho/2019, em todas as verbas
componentes da remuneração e em todas as cláusulas econômicas praticadas pelas
partes, bem como a prorrogação dos efeitos da norma coletiva vigente, enquanto
não ocorrer a solução do conflito e do mérito das respectivas reivindicações
da respectiva categoria profissional .

O artigo 766 da CLT prevê que “Nos dissídios sobre estipulação de


salários, serão estabelecidas condições que, assegurando justos salários aos
trabalhadores, permitam também justa retribuição às empresas interessadas ”.

A CETESB ( COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO ) integra


a Administração Pública Indireta, conforme seus Estatutos ( ID – 82735bf /
1baf79e / 000575c – 05.06.2019 ).

As Empresas públicas e as Sociedades de economia mista,


integrantes da Administração Pública Indireta, sujeitam-se ao regime jurídico

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próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações
trabalhistas, nos termos do art. 173, § 1º, inciso II, da CF. Gozam, ainda, de
autonomia para concessão de reajuste salarial, sem necessidade de autorização
específica da legislação orçamentária, conforme a exceção do art. 169, § 1º,
II, da CF.

De acordo com a Sessão de Dissídios Coletivos ( SDC ) do C.


Tribunal Superior do Trabalho ( TST ), é possível a instituição de reajuste
salarial, via sentença normativa, para os empregados públicos de Entidades da
Administração Indireta, conforme ilustram os seguintes precedentes:

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CLÁUSULA 3ª - REAJUSTE


SALARIAL. As sociedades de economia mista, por terem
personalidade jurídica de direito privado, sujeitam-se ao
regime próprio das empresas privadas , inclusive quanto
aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas
e tributários (art. 173, §1º, da CF). Desse modo, é
possível o deferimento de reajuste salarial por meio de
acordo coletivo de trabalho, convenção coletiva de
trabalho ou de sentença normativa, não havendo
necessidade de autorização específica por meio da Lei de
Diretrizes Orçamentárias (art. 169, §1º, II, da CF).
Precedentes.

( RO - 214-93.2014.5.21.0000, Relator Ministro Mauricio


Godinho Delgado, DEJT 27/11/2015 )

‘DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. SOCIEDADE DE


ECONOMIA MISTA. CLÁUSULA SALARIAL. 1. Submetendo-se as
empresas públicas e as sociedades de economia mista ao
regime próprio das empresas privadas no tocante aos
direitos e obrigações trabalhistas (art. 173, inc. II, da
CF/88), não há óbice constitucional ao exercício do poder
normativo da Justiça do Trabalho para instituir cláusula
de natureza salarial. 2. Os arts. 37 e 39 da Constituição
Federal impõem a observância de princípios da
Administração pública a qualquer das empresas públicas ou
sociedades de economia, o que não exclui a sujeição a que
se refere o art. 173, § 1o, inciso II, da Constituição
Federal. 3. Recurso ordinário interposto pela Empresa
Suscitada a que se dá provimento parcial’

(RODC - 227/2004-000-20-00.8, Rel. Min. João Oreste


Dalazen, DJ 03.02.2006, decisão unânime).", Processo
nº RODC - 149400-71.2002.5.01.0000 Data de Julgamento:
23/02/2006, Relator Ministro: Gelson de Azevedo, Seção
Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação:
DJ 24/3/2006. ( Grifos nossos )

Por outro lado, o artigo 22, § único, I, da Lei Complementar


Federal n. 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF – veda qualquer
aumento de despesas se a despesa total com pessoal exceder a 95% do limite,
mas excepciona aqueles derivados de sentença judicial ou de determinação legal
ou contratual. E, o artigo 19, § 1º, IV, da LRF prevê que as despesas
decorrentes de decisões judiciais não são computadas na verificação do
atendimento aos limites. Portanto, os limites da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF ) não obstam o exercício do Poder Normativo pela Justiça do
Trabalho em relação às empresas públicas e sociedades de economia mista,
condicionando, tão somente, o percentual a ser arbitrado, como bem elucida o
seguinte julgado da Sessão de Dissídios Coletivos ( SDC ) da Corte Superior
Trabalhista:

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DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA. CLÁUSULA SALARIAL. A suscitada é empresa
pública, sujeita ao regime próprio das empresas privadas
quanto aos direitos e obrigações trabalhistas, ao teor do
art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal . Nessa
condição, segundo a jurisprudência desta Corte, a
restrição imposta pela Lei Complementar nº 101/2000 não
impede o deferimento do reajustamento salarial, por
intermédio da atuação do poder normativo . REAJUSTE
SALARIAL. Hoje, o quadro econômico do Brasil é de relativo
equilíbrio e estabilidade. Não obstante, é fato que,
diante da própria dinâmica do sistema capitalista, ainda
há o desgaste inflacionário, que produz impacto
significativo nos salários dos trabalhadores. Nessa
circunstância, a concessão de reajuste salarial, na data-
base da categoria, busca restituir aos trabalhadores
parte das perdas sofridas pelo aumento do custo de vida,
além de lhes devolver parcialmente ao patamar do poder
aquisitivo que tinham na data-base anterior . Após a
vigência da Lei nº 10.192/01, esta Corte passou a não
deferir, em dissídio coletivo, reajuste salarial
correspondente ao valor integral da inflação apurada, por
entender que não poderia estar atrelado a nenhum índice
de preços, diante da vedação do art. 13 da citada lei.
Entretanto, a jurisprudência predominante desta Corte
Superior admite reajustar os salários dos trabalhadores
em percentual ligeiramente inferior aos índices
inflacionários medidos pelo IBGE, considerando que, no §
1º do já citado dispositivo da norma estatal, a concessão
da revisão salarial na data-base anual é permitida.

( RO - 428-02.2012.5.05.0000, Relatora Ministra Kátia


Magalhães Arruda, DEJT 16/08/2013 ). ( Grifo nosso )

Dessa forma, as empresas públicas e sociedades de economia mista,


como empregadoras, têm as mesmas obrigações previstas na CLT atribuídas às
empresas privadas. Em outras palavras, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista, ao contratar pessoal subordinado ao regime celetista,
equiparam-se aos demais empregadores no que se refere aos direitos e encargos
previstos na CLT e nas demais normas positivas.

Assim sendo, os trabalhadores das empresas públicas e das


sociedades de economia mista têm direito a reajuste salarial em percentual que
se harmonize com o real cenário econômico do País.

Portanto, é plenamente viável a concessão judicial de reajuste


salarial aos empregados da CETESB - COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO
PAULO.

E, considerando que a concessão de reajuste salarial, na data-


base da categoria ( 30.05.2019 ), busca restituir aos trabalhadores parte das
perdas sofridas pelo aumento do custo de vida, além de lhes devolver
parcialmente ao patamar do poder aquisitivo que tinham na data-base anterior,
entendemos que as reivindicações atinentes a aumento salarial e majorações
salariais devem seguir a proposta sugerida pelo Exmo. Desembargador Instrutor :

““1- Reajuste Salarial de 4,99% (IPC/FIPE),


correspondente ao período de 01/05/2018 a 30/04/2019, a
ser aplicado em todas as cláusulas de natureza econômica;

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2 – Manutenção de todas as cláusulas sociais do Acordo
Coletivo imediatamente anterior, com prorrogação por mais
04 anos, em consonância com o Precedente Normativo 120 do
TST; e,

3 – Estabilidade no emprego para todos os trabalhadores


de 90 dias, a partir do julgamento do presente feito
( Ata de Audiência, ID - 93f8974 – 06.06.2019 ).

No mais, manifestamo-nos pelo balizamento da jurisprudência e


precedentes normativos deste E. TRT/2ª Região e do C. TST, para deferimento
das reivindicações.

Pelo provimento parcial ao dissídio coletivo, na forma da


fundamentação.

É o parecer.

São Paulo, 30 de julho de 2019

Marisa Regina Murad Legaspe


Procuradora Regional do Trabalho

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