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Superior Tribunal de Justiça

EDcl no AgRg no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.182.102 - RJ


(2010/0033282-3)

RELATOR : MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE)
EMBARGANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR : ANGÉLICA VELLA FERNANDES DUBRA
EMBARGADO : SIMONE MACIEL SAQUETO
ADVOGADO : RENATA SUPPA MEIRA E OUTRO(S)
EMENTA
ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
CONCURSO PÚBLICO PARA PROCURADOR AUTÁRQUICO
DO INSS. NOMEAÇÃO E POSSE POR FORÇA DE
ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA CONCEDIDA EM
17/3/2000. SITUAÇÃO FÁTICA CONSOLIDADA. EXCEPCIONAL
APLICAÇÃO DA TEORIA DO FATO CONSUMADO.
INOCORRÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU
OBSCURIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE
PREQUESTIONAMENTO DE DISPOSITIVOS
CONSTITUCIONAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
REJEITADOS.
1. Os embargos de declaração destinam-se a suprir omissão, afastar
obscuridade ou eliminar contradição existente no julgado.
2. No caso em apreço, o aresto embargado solveu
fundamentadamente toda a questão posta não se constatando a
presença de quaisquer dos vícios elencados no art. 535 do CPC.
3. É vedado a este Tribunal apreciar a violação de dispositivos
constitucionais, ainda que para fins de prequestionamento, uma vez que
o julgamento de matéria de índole constitucional é reservado ao
Supremo Tribunal Federal. Precedentes do STJ.
4. Embargos de declaração rejeitados.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,
rejeitar os embargos. Os Srs. Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi, Gurgel de Faria e Newton
Trisotto (Desembargador Convocado do TJ/SC) votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 28 de abril de 2015(Data do Julgamento)


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MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE)
Relator

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Superior Tribunal de Justiça
EDcl no AgRg no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.182.102 - RJ
(2010/0033282-3)

RELATOR : MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE)
EMBARGANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR : ANGÉLICA VELLA FERNANDES DUBRA
EMBARGADO : SIMONE MACIEL SAQUETO
ADVOGADO : RENATA SUPPA MEIRA E OUTRO(S)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) (Relator):
Cuida-se de embargos de declaração no agravo regimental no recurso
especial opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ao
acórdão, assim ementado (e-STJ fl. 950):

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO


REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. CONCURSO PÚBLICO
PARA PROCURADOR AUTÁRQUICO DO INSS. NOMEAÇÃO E
POSSE POR FORÇA DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA
TUTELA CONCEDIDA EM 17.03.2000. SITUAÇÃO FÁTICA
CONSOLIDADA. EXCEPCIONAL APLICAÇÃO DA TEORIA DO
FATO CONSUMADO. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Não se olvida que a jurisprudência do STJ orienta pela
inaplicabilidade, em regra, da teoria do fato consumado em matéria
de concurso público. Todavia, em situações excepcionais, mediante
acurada análise do caso concreto, esta Corte tem admitido a
incidência do referido preceito à luz do princípio da segurança
jurídica. Precedentes.
2. No caso dos autos, a autora conseguiu, por meio de antecipação
de tutela, nomeação e posse no cargo de procurador autárquico em
17.03.2000, tendo sido aprovada no estágio probatório (fls. 604), o
que revela a consolidação da situação fática apta a autorizar a
excepcional aplicação da teoria do fato consumado.
3. Agravo regimental improvido.

Sustenta o recorrente que o acórdão embargado está eivado de relevantes


omissões. Reitera os argumentos anteriormente expendidos no sentido de que a ora
embargada permaneceu no certame por força de liminar, de forma que sua nomeação e posse

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foram dotadas de caráter meramente provisório e, portanto, com o risco da reversibilidade,
sendo incabível, na hipótese, a aplicação da teoria do fato consumado.

Pugna pelo prequestionamento dos arts. 5º, caput, XXXVI, e 37, caput, e
inciso II, da Constituição Federal, que entende terem sido afrontados.

Por fim, requer que sejam acolhidos os aclaratórios.

É o relatório.

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EDcl no AgRg no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.182.102 - RJ
(2010/0033282-3)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) (Relator):
De início, cumpre esclarecer que o art. 535 do CPC é peremptório ao
prescrever as hipóteses de cabimento dos embargos de declaração; trata-se, pois, de recurso
de fundamentação vinculada, restrito a situações em que patente a incidência do julgado em
obscuridade, contradição ou omissão, não servindo ao rejulgamento da lide mediante o
reexame de matéria já decidida.

Com efeito, os embargos de declaração não podem ser utilizados com a


finalidade de sustentar eventual incorreção do decisum hostilizado ou de propiciar novo exame
da própria questão de fundo, em ordem a viabilizar, em sede processual inadequada, a
desconstituição de ato judicial regularmente proferido.

No caso em apreço, não se constata a presença de qualquer vício a macular


o acórdão embargado, o qual expressamente examinou todas as alegações deduzidas,
assentando que "a autora conseguiu, por meio de antecipação de tutela, nomeação e
posse no cargo de procurador autárquico em 17.03.2000, tendo sido aprovada no
estágio probatório (fls. 604), o que revela a consolidação da situação e autoriza a
excepcional aplicação da teoria do fato consumado" (e-STJ fl. 956).

Destarte, de fato, todas as questões postas nos autos foram suficientemente


decididas, com a devida fundamentação e clareza, nos limites necessários e possíveis à solução
da lide.

Outrossim, cabe destacar que é vedado a este Tribunal Superior apreciar a


violação de dispositivos constitucionais, ainda que para fins de prequestionamento, uma vez
que o julgamento de matéria de índole constitucional é reservado ao Supremo Tribunal
Federal.

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A propósito:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO.
OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. MANIFESTAÇÃO
FUNDAMENTADA DO ACÓRDÃO RECORRIDO SOBRE TODOS
OS PONTOS SUSCITADOS NO AGRAVO REGIMENTAL.
DISPOSITIVOS DA CONSTITUIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.
INADMISSIBILIDADE. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO STF.
EMBARGOS DECLARATÓRIOS REJEITADOS.
1. O acórdão recorrido não foi omisso, e, fundamentadamente,
entendeu após a interposição do regimental, a alegada omissão
revela-se, na verdade, mero inconformismo da parte com o
resultado do julgado.
2. No julgamento do agravo regimental, ficou explicitado ser
possível a desaposentação, possibilitando a concessão de nova
aposentadoria mais benéfica, com o aproveitamento de tempo de
contribuição, sem necessidade de devolução de parcelas pretéritas
percebidas pelo mesmo título.
3. Não há, portanto, falar em omissão no julgado, estando ausentes
os requisitos autorizadores dos embargos declaratórios.
4. A apreciação, em sede de embargos declaratórios, de suposta
ofensa a dispositivos da Constituição Federal, uma vez que o
prequestionamento de matéria essencialmente constitucional, por
esta Corte Superior, ensejaria a usurpação da competência do STF.
5. Embargos declaratórios rejeitados. (EDcl no AgRg no REsp
1325162/RS, Rel. Min. MOURA RIBEIRO, Quinta Turma, DJe
23/9/2013)

PENAL E PROCESSUAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


CONFISSÃO QUALIFICADA. ATENUANTE GENÉRICA.
INCIDÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIA
CONSTITUCIONAL. INVIABILIDADE.
1. Os embargos de declaração têm ensejo quando há ambiguidade,
obscuridade, contradição ou omissão no julgado e, por construção
pretoriana integrativa, erro material.
2. Hipótese em que não há no acórdão embargado nenhuma
situação que dê amparo ao recurso interposto.
3. Esta Corte passou a adotar o posicionamento de que, mesmo
configurada a modalidade qualificada, é cabível o reconhecimento
da incidência da atenuante da confissão prevista no art. 65, III,
"d", do CP.
4. A finalidade pretendida pelo embargante de prequestionar
dispositivo constitucional não pode ser satisfeita na via especial,
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por se tratar de matéria reservada pela Constituição Federal à
apreciação do Supremo Tribunal Federal.
5. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no AgRg no AREsp
517.140/AM, Rel. Min. GURGEL DE FARIA, Quinta Turma, DJe
2/2/2015)

Com base nessas considerações, rejeitam-se os embargos de declaração.

É o voto.

MINISTRO LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE)
Relator

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

EDcl no AgRg no AgRg no


Número Registro: 2010/0033282-3 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.182.102 / RJ

Número Origem: 200051010090378

EM MESA JULGADO: 28/04/2015

Relator
Exmo. Sr. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/PE)
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JORGE MUSSI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO XAVIER PINHEIRO FILHO
Secretário
Bel. MARCELO PEREIRA CRUVINEL

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : SIMONE MACIEL SAQUETO
ADVOGADO : RENATA SUPPA MEIRA E OUTRO(S)
RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR : FERNANDO LINO VIEIRA E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Concurso


Público / Edital - Prova de Títulos

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR : ANGÉLICA VELLA FERNANDES DUBRA
EMBARGADO : SIMONE MACIEL SAQUETO
ADVOGADO : RENATA SUPPA MEIRA E OUTRO(S)

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos."
Os Srs. Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi, Gurgel de Faria e Newton Trisotto
(Desembargador Convocado do TJ/SC) votaram com o Sr. Ministro Relator.

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