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15/08/2019 Pierre Bourdieu – Wikipédia, a enciclopédia livre

Pierre Bourdieu
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Pierre Félix Bourdieu (Denguin, França, 1 de agosto de
1930 — Paris, França, 23 de janeiro de 2002) foi um sociólogo Pierre Bourdieu
francês.

De origem campesina, filósofo de formação, foi docente na


École de Sociologie du Collège de France. Desenvolveu, ao
longo de sua vida, diversos trabalhos abordando a questão da
dominação e é um dos autores mais lidos, em todo o mundo,
nos campos da antropologia e sociologia, cuja contribuição
alcança as mais variadas áreas do conhecimento humano,
discutindo em sua obra temas como educação, cultura,
literatura, arte, mídia, linguística e política. Também escreveu
muito sobre a sociologia da Sociologia. A sociedade cabila, na
Argélia, foi o palco de suas primeiras pesquisas. Seu primeiro
livro, Sociologia da Argélia (1958), discute a organização
social da sociedade cabila, e em particular, como o sistema
colonial interferiu na sociedade cabila, em suas estruturas e
desculturação. Dirigiu, por muitos anos, a revista Actes de la
recherche en sciences sociales e presidiu o CISIA (Comitê Bourdieu em 1969
Internacional de Apoio aos Intelectuais Argelinos), sempre se
Nascimento 1 de agosto de 1930
posicionado claramente contra o liberalismo e a globalização. Denguin, França

O mundo social, para Bourdieu, deve ser compreendido à luz


Morte 23 de janeiro de 2002 (71 anos)
Paris, França
de três conceitos fundamentais: campo, habitus e capital.
Sepultamento cemitério do Père-Lachaise
Nacionalidade Francês
Cidadania França
Índice
Cônjuge Marie Claire Brizard
Biografia
Filho(s) 3
Teoria social
Construtivismo estruturalista ou estruturalismo Alma mater École pratique des hautes
construtivista études

Bourdieu e a educação Ocupação sociólogo

Obras Prémios Medalha de Ouro CNRS (1993)


A Dominação Masculina Empregador École des hautes études en
O Senso Prático sciences sociales, Collège de
Sobre a Televisão France, Faculdade de Artes de
Paris, École pratique des
La reproduction
hautes études, Universidade de
Outros textos Lille, Universidade de Paris,
Universidad de Lille 1
Ver também
Magnum opus A Dominação Masculina
Notas e referências
Notas Causa da carcinoma de células pequenas
Referências morte

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15/08/2019 Pierre Bourdieu – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ligações externas [edite no Wikidata]

Biografia
Nascido em uma família campesina, ingressou em 1951 na Faculdade de Letras, em Paris, na Escola Normal Superior e
em 1954 graduou-se em filosofia, assumindo um cargo de professor secundário em Moulins, Allier. Após prestar o
serviço militar na Argélia, assumiu em 1958 o cargo de professor assistente na Faculdade de Letras em Argel, quando
iniciou sua pesquisa acerca da sociedade cabila. Em 1960 torna-se assistente de Raymond Aron, na Faculdade de
Letras de Paris e principia seus estudos acerca do celibato na região de Béarn. Ainda em 1960 integrou-se ao Centro de
Sociologia Europeia, do qual tornou-se secretário geral em 1962.

Desenvolveu ao longo das décadas de 1960 a 1980 farta obra, contribuindo significativamente para a formação do
pensamento sociológico do século XX. Na década de 1970 estendeu sua atividade docente a destacadas instituições
estrangeiras, como as universidades de Harvard e Chicago e o Instituto Max Planck de Berlim. Em 1982 ministrou sua
aula inaugural (Lições de Aula) no Collège de France (instituição que três anos mais tarde se associou ao Centro de
Sociologia Europeia), propondo uma "sociologia da sociologia", constituída de um olhar crítico sobre a formação do
sociólogo como censor e detentor de um discurso de verdade sobre o mundo social. Neste sentindo, esta aula inaugural
encontra-se com a ministrada por Barthes (A aula) e Foucault (A Ordem do Discurso), privilegiando a discussão
acerca do saber acadêmico. É consagrado doutor honoris causa das universidades Livre de Berlim (1989), Johann-
Wolfgang-Goethe de Frankfurt (1996) e Atenas (1996). Morreu em Paris, depois de finalizar um curso acerca de sua
própria produção acadêmica, que servirá de fundamento ao seu último livro, Esboço para uma autoanálise.

Teoria social
Na agenda teórica proposta à teoria sociológica contemporânea, alguns
elementos merecem destaque: a releitura dos clássicos, a construção de
conceitos e a postura crítica do intelectual diante de uma tomada de
posicionamento político, elementos estes amalgamados em sua discussão
sociológica.

Ao compor, por exemplo a ideia de campo, Bourdieu dialoga com a ideia de


esferas, proposta por Max Weber e, ainda, com o conceito de classe social
de Marx.

Construtivismo estruturalista ou estruturalismo


construtivista
Túmulo de Bourdieu no Cemitério
Bourdieu, permitindo ter seu pensamento rotulado, adota como
do Père Lachaise.
nomenclatura o construtivismo estruturalista ou estruturalismo
construtivista.

Esta postura consiste em admitir que existe no mundo social estruturas objetivas que podem dirigir, ou melhor, coagir
a ação e a representação dos indivíduos, dos chamados agentes. No entanto, tais estruturas são construídas
socialmente assim como os esquemas de ação e pensamento, chamados por Bourdieu de habitus.

Bourdieu tenta fugir da dicotomia subjetivismo/objetivismo dentro das ciências humanas. Rejeita tanto trabalhar no
âmbito do fisicalismo, considerando o social enquanto fatos objetivos, como no do psicologismo, o que seria a
"explicação das explicações".

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O momento objetivo e subjetivo das relações sociais estão numa relação dialética. Existem realmente as estruturas
objetivas que coagem as representações e ações dos agentes, mas estes, por sua vez, na sua cotidianidade, podem
transformar ou conservar tais estruturas, ou almejar a tanto.

A verdade da interação nunca está totalmente expressa na maneira como ela se nos apresenta imediatamente. Uma
das mais importantes questões na obra de Bourdieu se centraliza na análise de como os agentes incorporam a
estrutura social, ao mesmo tempo que a produzem, legitimam e reproduzem. Neste sentido se pode afirmar que ele
dialoga com o Estruturalismo, ao mesmo tempo que pensa em que espécie de autonomia os agentes detêm. Bourdieu,
então, se propõe a superar tanto o objetivismo estruturalista quanto o subjetivismo interacionista (fenomenológico,
semiótico).

Bourdieu e a educação
Bourdieu dedicou parte significativa de seus mais de 40 anos de vida acadêmica para os estudos no campo da
educação, tendo exercido influência em gerações de intelectuais de diversas áreas, mas principalmente aos que se
dedicaram a estudos sobre educação.[1] Inicialmente tais estudos estiveram principalmente concentrados em
demonstrar os mecanismos escolares de reprodução cultural e social e as “estratégias” do sistema escolar para
diferentes agentes e grupos sociais. O sociólogo sempre manteve uma concepção pessimista em relação à escola e ao
sistema educacional, ele entendia como uma grande ilusão afirmar que o sistema escolar é um facilitador da
mobilidade social, quando na verdade na escola se demonstra como o ambiente onde todas diferenças de classes não
são atenuadas e assim coopera com a conservação social. São essas noções que posteriormente fundamentam
afirmações sobre a legitimidade das desigualdades sociais e meritocracia.[2][3]

Obras
Entre as obras de Bourdieu traduzidas para o português, contam-se:

A Produção da Crença: contribuição para uma


A Dominação Masculina, Rio de Janeiro, Bertrand economia dos bens simbólicos, Porto Alegre, Editora
Brasil, 1999. Zouk, 2001
Sobre a Televisão, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, As Estruturas Sociais da Economia, Lisboa: Instituto
1997. Piaget, 2001
O Senso Prático, Petrópolis, Vozes, 2009 Lições da Aula: aula inaugural proferida no Collége
A Reprodução: elementos para uma teoria do de France em 23 de abril de 1982. São Paulo: Ática,
sistema de ensino, Lisboa: Editorial Vega, 1978 2001.
Questões de Sociologia, Lisboa: Fim de Século, Esboço de Uma Teoria da Prática, Precedido de Três
2003 Estudos de Etnologia Cabila, Oeiras: Celta Editora,
O Que Falar Quer Dizer: a economia das trocas 2002
simbólicas, Algés: Difel, 1998. O Amor Pela Arte: museus de arte na europa e seu
A Economia das Trocas Simbólicas, São Paulo, público, Porto Alegre, Editora Zouk, 2003
Editora Perspectiva S.A., 2003 A Miséria do Mundo. Petrópolis: Vozes, 2003.
O Poder Simbólico, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, Esboço para uma Autoanálise, Lisboa : Edições 70,
1992. 2004
As Regras da Arte: génese e estrutura do campo Para uma Sociologia da Ciência, Lisboa: Edições 70,
literário, Lisboa: Presença, 1996 2004 (Trad. de: Science de la science et reflexivité)
Razões Práticas: Sobre a teoria da ação, Campinas, Os Usos Sociais da Ciência: por uma sociologia
Papirus Editora, 1996 clínica do campo científico. São Paulo: Editora
Razões Práticas: sobre a teoria da acção, Oeiras: UNESP, 2004.
Celta Editora, 1997 Ofício de Sociólogo: metodologia da pesquisa na
Contrafogos: táticas para resistir à invasão sociologia. Petrópolis: Vozes, 2004. (em colaboração
neoliberal. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. com Jean-Claude Chamboredon e Jean-Claude
Passeron.)
Meditações Pascalianas, Rio de Janeiro, Bertrand
Brasil, 2001. A Distinção: crítica social do julgamento, Porto
Alegre, Editora Zouk, 2007.
Contrafogos 2: por um movimento social europeu.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

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A Dominação Masculina
A Dominação Masculina (La domination masculine, em francês) é um livro escrito pelo sociólogo Pierre Bourdieu
e publicado em 1998 pela Éditions du Seuil. No Brasil, a obra foi publicado pela editora Bertrand Brasil.[4]

No livro, Bourdieu desenvolve uma análise sociológica das relações sociais entre os sexos, e procura explicar as causas
da persistência da dominação dos homens sobre as mulheres em todas as sociedades humanas. O livro baseia-se, em
particular, em um estudo antropológico da sociedade berbere Cabília.[carece de fontes?]

O Senso Prático
O Senso Prático (Le sens pratique) é um livro escrito pelo sociólogo Pierre Bourdieu, publicado em 1980. Foi
publicado no Brasil pela Editora Vozes.[5]

Sobre a Televisão
Sobre a Televisão (Sur la télévision, no original em francês) é um livro de 1996, escrito pelo sociólogo Pierre
Bourdieu, e publicado no Brasil por Jorge Zahar Editor.[6]

La reproduction
A reprodução[nota 1] (em francês: La reproduction) é título de uma obra de sociologia publicada em 1970.

Nesta obra co-escrita por Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, é desenvolvida uma teoria geral da violência
simbólica legítima.

Outros textos
BONNEWITZ, Patrice. Primeiras lições sobre a sociologia de P. Bourdieu. Rio de Janeiro: Petrópolis, 2003.
BOURDIEU, Pierre. Pierre Bourdieu entrevistado por Maria Andréa Loyola. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2002.
BOURDIEU, Pierre e MICELI, Sergio (orgs.) Liber 1. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1997.
ORTIZ, Renato. Pierre Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

Ver também
Construtivismo Crítico
Capital simbólico

Notas e referências

Notas
1. O título original completo é: La Reproduction. Éléments pour une théorie du système d'enseignement. Ed. Minuit,
1970. Na tradução portuguesa: A Reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino.

Referências
1. Ana Paula Hey e Afrânio Mendes Catani,Bourdieu e a educação (http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/bour
dieu-e-a-educacao/) Arquivado em (https://web.archive.org/web/20131210181305/http://revistacult.uol.com.br/ho
me/2010/03/bourdieu-e-a-educacao/) 10 de dezembro de 2013, no Wayback Machine., Site da Revista Cult,
31/04/2014

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Bourdieu 4/5
15/08/2019 Pierre Bourdieu – Wikipédia, a enciclopédia livre

2. NOGUEIRA, Maria Alice & NOGUEIRA, Claúdio M. Martins. Bourdieu & a Educação, p.49 a 60, Autêntica Editora,
2014
3. BOURDIEU, P. A Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In: Escritos de educação.
Organizadores Maria Alice Nogueira e Afrânio Catani. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007, p. 41-64.
4. «O CORPO COMO CAPITAL: PARA COMPREENDER A CULTURA BRASILEIRA» (https://web.archive.org/web/
20151004100336/http://boletimef.org/biblioteca/1930/artigo/BoletimEF.org_O-corpo-como-capital-para-compreend
er-a-cultura-brasileira.pdf) (PDF). Arquivos em Movimento. Boletimef.org. 2006. 9 páginas. Consultado em 7 de
julho de 2012. Arquivado do original (http://boletimef.org/biblioteca/1930/artigo/BoletimEF.org_O-corpo-como-capit
al-para-compreender-a-cultura-brasileira.pdf) (PDF) em 4 de outubro de 2015. "BOURDIEU, P. A Dominação
Masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999."
5. «A Escola e a Reprodução das Desigualdades Sociais» (http://www.sigeventos.com.br/jepex/inscricao/resumos/0
001/R1889-1.PDF) (PDF). sigeventos.com.br. 3 páginas. Consultado em 7 de julho de 2012. "BOURDIEU, P. O
senso prático. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009."[ligação inativa]
6. «Educação online» (http://books.google.com.br/books?id=-Cyr1pX0kGoC&lpg=PA185&ots=oB4u3Ry1Mp&dq=%2
2sobre%20a%20televis%C3%A3o%22%20bourdieu&lr=lang_pt&hl=pt-BR&pg=PA200#v=snippet&q=bourdieu&f=f
alse). Google Books. 200 páginas. Consultado em 9 de julho de 2012

Ligações externas
A engenhosa razão imperialista (https://web.archive.org/web/20151224061805/http://www.loicwacquant.net/asset
s/Papers/CUNNINGIMPERIALISTREASON.pdf), por Pierre Bourdieu
HyperBourdieu© WorldCatalogueHTM (http://hyperbourdieu.jku.at) (em alemão, em inglês, em castelhano e em
francês) (Bibliografia completa do autor)
Os óculos de Bourdieu (http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/showNews/iq05062000.htm)
Observatório da Imprensa
Putting habitus in its place: rejoinder to the symposium (http://www.loicwacquant.net/assets/Recent-Papers/PUTT
INGHABITUSPLACE-final.pdf) (em inglês) Loïc Wacquant sobre o conceito de habitus
Bourdieu, a herança sociológica, Maria Drosila Vasconcellos (http://www.scielo.br/pdf/es/v23n78/a06v2378.pdf)
Pierre Bourdieu: a teoria na prática, Hermano Roberto Thiry Cherques (http://www.scielo.br/pdf/rap/v40n1/v40n1a
03.pdf)
Precedido por Medalha de Ouro CNRS Sucedido por
Jean-Pierre Changeux 1993 Claude Allègre

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