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de Teologia
A importância do preparo teológico nos seminários para a
vida da igreja e do pastor
JÚNIOR MARTINS
Vamos falar
de Teologia
A importância do preparo teológico nos seminários para a
vida da igreja e do pastor
SÃO PAULO
JÚNIOR MARTINS
2019
VAMOS FALAR DE TEOLOGIA: A importância do preparo teológico
nos seminários para a vida da igreja e do pastor.
PRIMEIRA PARTE
OS DESAFIOS DA SALA DE AULA
PARA ESTUDANTES DE TEOLOGIA 14
VOCAÇÃO TEOLÓGICA 20
UMA DISTINÇÃO IMPORTANTE DAS TEOLOGIAS 27
COMO ESTUDAR? 32
SEGUNDA PARTE
PENSANDO TEOLOGICAMENTE
SEGUIR OU NÃO A LEI? 41
ESTUDAR ESCATOLOGIA É IMPORTANTE? 46
LEITURA CANÔNICA 49
NEM TUDO É PIADA 53
JOGANDO CONTRA 57
MAIS CÉREBROS NOS FRONTS EVANGÉLICOS 60
TERCEIRA PARTE
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS
PARA MENTES TEOLÓGICAS
CRISTIANISMO LÍQUIDO? 70
O DESAFIO DA SECULARIZAÇÃO 96
HOMOSSEXUALIDADE E IDEOLOGIA DE GÊNERO 163
CONCLUSÃO 212
PREFÁCIO
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PRIMEIRA PARTE
OS DESAFIOS DA SALA DE AULA
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análise histórica que algumas ideias se repetem, com nova roupagem, mas
essencialmente as mesmas como ciclos que seguem. Não temos a ultima
palavra. Às vezes nem mesmo a primeira.
Teologia é ferramenta humana e cheia de desacertos. Aprendemos
que, apesar de todos os nossos esforços, a almejada imparcialidade não
existe. Aliás, nem mesmo a coerência. A incoerência é, infelizmente, a
essência da existência humana. Todos tropeçam, todos erram e todos
falham. E não seria diferente no que diz respeito à Teologia. Há aqueles
que confundem a Palavra de Deus com a Teologia. Que não seja o nosso
caso aqui. Uma é uma coisa e a outra, outra coisa. Se a muitos teólogos
(não a todos!) fosse dada a chance de viver mais um pouco, ou mesmo de
voltar à vida tempos depois, parte deles negaria partes daquilo que
disseram, revisariam seus conteúdos, reformulariam suas ideias,
expandiriam suas afirmações, admitiram a existência de falhas em seus
sistemas teológicos, além de admitir inexatidões e falta de elementos.
Teologia é instrumento do pensar, do filosofar, no sentido próprio da
palavra.
Ainda há quem diga que Teologia é para quem quer teologar e não
necessariamente para quem quer melhor servir. Aqui jaz um antigo
problema e um questionamento que repousa sobre teólogos: qual a validade
desta área do saber humano para o bem estar da humanidade e,
principalmente da igreja? Ainda existe, e sempre existirá, quem teologue
sem ser útil. Que se corrija este erro, mas que não se engane aquele que
pensa nela apenas para o bem servir. Pode se frustrar. Ainda que a Teologia
possa fundamentar melhor o serviço cristão, a pregação do Evangelho, a sã
doutrina e o ensino bíblico em geral, admitamos que tudo possa (de alguma
forma) ser feito sem ela. Admita que sem um longo preparo do nosso
público (o que nunca vamos conseguir fazer!), não há espaço, e nem
necessidade, de compartilhar a menor parte daquilo com o que lidamos no
dia a dia (para aqueles que teologam). Para melhor servir basta-nos a fé, o
dom e a boa vontade.
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Então, por que teologar se parece que já não nos resta muito apoio
para isto? Há muitos motivos sim e elencaremos a seguir alguns deles.
A teologia nos tira do estado pueril e infantil, nos tira da inocência,
ainda que ela seja, em certo sentido, um simples ouvir falar porque trata de
coisas grandiosas demais para mente humana. Ela agora é matéria de sala
de aula acompanhada pelos professores certos, com bons livros nas mãos e
que nos dá alguma solidez na busca da fonte das razões da nossa fé e dos
porquês da vida. Além disto, pode nos ajudar e nos informar a respeito do
estado religioso contemporâneo, algo que também nos conecta com a
realidade da igreja, já que muitas das questões nascem do dia a dia da vida
da igreja e não dos gabinetes teológicos. Este contraste é, às vezes, parecido
com aquela fase da vida em que muitos ouviram a história (distorcida, falsa
e infantilizada), sobre como viemos ao mundo. Em época da vida que ainda
não podíamos (ou julgavam que não podíamos) saber exatamente como foi
que viemos ao mundo dados os detalhes íntimos e sórdidos da nossa
concepção. Alguns ouviram históricas sobre bebês trazidos por cegonhas.
Talvez ainda haja gente que pense que Deus, de alguma forma, jogou um
livro preto já pronto do céu que alguém achou. Ou ainda muitos que
pensam que a Bíblia, por exemplo, é o resultado de um ditado divino. Há
ainda aqueles que fazem uma simples conta ao somar os anos dos
personagens da Bíblia para chegar à suposta conclusão da idade exata da
Terra. Há quem creia no rosto de Cristo conforme apresentado nas
propagandas de TV. Um rosto com perfil europeu totalmente incompatível
com o perfil de um judeu do primeiro século que, com certeza, tinha pele
mais escura e cabelo mais crespo. Isto para falar das coisas mais simples.
Há os que afirmam que o ministério de Jesus durou apenas três anos e que
ele foi crucificado aos 33 anos sem conhecer a forma inocente com que se
faz essa conta, contando o número de Páscoas do Evangelho de João. Já vi
quem chorasse ao ouvir que Cristo nasceu entre 7 e 5a.C, ou seja, antes do
que costumas conceber porque há um erro no calendário Gregoriano, e que
chorou também ao descobrir que a verdadeira data do Natal não é
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Dezembro. Sem contar que muitos dos nossos pretensos heróis eclesiásticos
são muitas vezes desmascarados quando vistos de mais perto por olhares
acurados pela Teologia.
A Teologia nos ajuda a ver de onde viemos, ou como chegamos aqui,
e para onde estamos indo. Algo talvez muito pretencioso. O meu
encantamento com a história e a Teologia se deu exatamente por sua falta
de encanto. Em outras palavras, quanta sujeira e quantas coisas mal
contadas há no passado e do passado. O ser humano é ser humano sempre e
sempre, ou seja, não nega suas idiossincrasias. As ideias mal desenvolvidas
ou mal interpretadas do passado ainda fazem eco hoje. Os bons exemplos
do passado, ainda que poucos, são referência do que é possível e não é
possível fazer, mas também me tiram o peso de querer mudar ou
transformar o que não é possível ser mudado. Há um lastro enorme de
personagens que moldaram e mudaram os rumos da historia por suas ideias
e por suas vidas. Seu legado esta aí e ecoa na minha geração e na minha
vida. Cheguei num mundo pronto, peguei uma locomotiva desenfreada em
movimento. Não preciso reinventar a roda, mas saber como ela gira e
para onde vai.
A teologia nos dá os alicerces para defender nossa fé e para nos
fazer pensar. Certo professor nos disse: ¨Perdoem-me, me tornei uma
máquina de pensar!¨. Foi um pouco assustador ouvir aquilo pela primeira
vez e ainda recuso a me ver como uma máquina seja para o que for. No
entanto, a ideia parece bastante razoável: aprender a pensar. Não tenho
condições aqui de relacionar quais são os parâmetros para uma boa
conclusão a respeito de um assunto qualquer que seja, mas basta agora
saber que na Teologia, o apanhado dos temas, as reflexões às quais somos
submetidos em todo o tempo nos dão, pelo seu constante exercício, a
capacidade de reflexão, a robustez e a consistência necessária para o bom
pensar.
Este exercício cria limites para nossas invencionices e maus hábitos.
Ainda há quem se ocupe com muitas novidades. Infelizmente, há por aí
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VOCAÇÃO TEOLÓGICA
Boa noite a todos,
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vez mais rara e vazia, nas nossas reuniões de grupos pequenos, células, etc.
e, principalmente, nos nossos púlpitos.
Infelizmente, poucos parecem realmente convencidos do valor de
uma boa exposição bíblica e que, sem usar os jargões teológicos e sem a
necessidade de citar passagens em grego, hebraico ou até em latim,
consigam transmitir uma mensagem direta, que não deixe dúvidas, que
obrigue os ouvintes a se posicionar e que também seja uma resposta às suas
questões espirituais, emocionais e mais urgentes, fazendo os ouvintes
sempre tomar partido ao lado de Cristo e de sua Palavra. A boa teologia
acerta o coração e a mente, e faz o homem pensar, sentir e agir.
No entanto, não conheço ninguém que julgue ter alcançado tal feito
com precisão e alcance. Ouvimos histórias do passado de homens
poderosos em suas pregações, em seus ensinos, em suas virtudes, mas
quando nos aproximamos mais de suas histórias vemos que também
tiveram dificuldades, limitações e que nem sempre eram de fato tão
virtuosos quando vistos de perto. Nem sei por que muitos ainda se enganam
com pessoas, por mais virtuosos que tenham sido, já que só em Cristo
encontramos perfeição. Mesmo assim, ainda são pessoas que nos deixaram
um legado de persistência e de fé que somente a Palavra de Deus bem
pregada, bem ensinada e bem vivida pode sustentar para transformar a
igreja e o mundo.
A boa teologia não deveria se ocupar apenas na formação de mentes
excelentes, mas também em formar crentes vivos, ativos, quebrantados,
gente de oração e cheias de boas obras. A boa teologia não deveria se
ocupar em formar debatedores (apologeta), que hoje já temos aos montes,
mas formar se a base para a formação de bons servos. Uma boa teologia
assim formará melhores pastores, missionários, professores de EBD,
ministros de música. Enfim, pessoas mais pontoas para servir a Deus e à
igreja.
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COMO ESTUDAR?
Não vou aqui dar uma exposição do processo cognitivo, ou seja, de
como se dá o aprendizado, porque não sou capaz. Simplesmente por isto.
Vou dar algumas ideias que são uteis no processo de aprendizagem
pensando no conhecimento teológico.
Estudar é um processo complexo que não tem como objetivo apenas
a aquisição de conhecimento, mas de criar ferramentas que serão usadas na
reflexão e na vida diária. O conhecimento é acumulativo e nada do que já
foi visto é de forma alguma dispensável. É como uma grande bagagem que
carregamos na mente e coração, e é necessário guardar tudo o que foi
produzido, anotado, pensado e refletido seja na forma física ou no formato
digital. Guarde tudo!
O conhecimento é um patrimônio por si mesmo. A capacidade e a
disposição de compartilhá-lo uma grande benção! Aplicá-lo é sabedoria!
Acredito que estudar é a somatória de várias ações e habilidades.
Ler, anotar, fazer resumos, anotar os insights, participar de forma atenta a
aulas e cursos, meditar naquilo que foi aprendido, comparar vários autores
e conceitos, participar de grupos de debate e reflexão (que podem acontecer
nas aulas e cursos em grupos), revisar conteúdos (incluindo a releitura de
livros e artigos), acessar conteúdo digital (Internet) sobre assuntos
importantes. Além disto, é necessário ser perseverante, vibrante e
humildade diante dos estudos. Estudar também tem seus custos, quem
estuda também se cansa e machuca.
Quanto aos assuntos que nos interessam, podemos ser considerados
especialistas ou generalistas. O especialista tem um objeto de estudo
especifico e leva em consideração as disciplinas e temas que orbitam o seu
assunto principal. O generalista tem boa compreensão de todos os temas.
Há um debate se os estudiosos são generalistas ou especialistas, mas
deixamos este debate para os leitores interessados.
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filmes, artigos em blogs, sites e pdf, etc. O que não dizer das palestras,
congressos, fóruns, feiras culturais, etc, hoje tão comuns apesar de nem
sempre serem tão acessíveis quanto a valor e distância. A vantagem de
acessar tais conteúdos é a atualização do saber e do conhecimento.
Podemos ter acesso ao que estão pensando em termos de novidades e de
reflexões atualizadas sobre temas antigos. Neste sentido a Internet é de fato
uma benção e uma grande ferramenta. Não é necessário aqui discorrer
sobre a importância dos cuidados com o conteúdo acessado e quanto a
inocência comum a muitos ao acreditar cegamente em tudo que se lê e vê.
Livros de domínio público já aparecem em formato de áudio-livro no
YouTube, ou em sites específicos, e podem ser muito úteis. É preciso ter
cuidado com o conteúdo protegido por direitos autorais, além do cuidado
quanto às regras estabelecidas pelas Leis de proteção aos direitos autorais
quanto à citação e uso destes materiais. Há regras, limites e alguns autores e
editoras podem exigir uma solicitação formal para o uso de seus livros,
artigos e documentos. Estas informações restritivas costumam constar nos
próprios documentos. Não leia apenas o conteúdo de um livro ou
documento digital. Leia também a ficha catalográfica, prefácios,
apresentações e introdução que podem fornecer informações valiosas
quanto ao documento, autor, editora e restrições quanto ao seu uso e
citação.
A perseverança é um aspecto importante da vida como um todo e
uma disciplina espiritual fundamental a se considerar em tudo o que se faz.
Não poderia ser diferente no que diz respeito aos estudos. O conhecimento
é o resultado de anos a fio de estudos e reflexões. Podemos comparar ao
exercício físico. É dura a experiência de quem não consegue ter
continuidade e frequência na prática de atividades físicas. Poucos
resultados, efeito sanfona no corpo daqueles que pretendem emagrecer,
lesões por causa do pouco tônus muscular, etc. É a prática constante e
ininterrupta de exercícios físicos que traz benefícios relativamente rápidos.
No entanto, tais benefícios, como o emagrecimento, se perdem rapidamente
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SEGUNDA PARTE
PENSANDO TEOLOGICAMENTE
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1
Fica uma crítica quanto à tradução do termo antinomianismo. Já temo em português o
termo antinomismo que traduz a mesma palavra e ter precisão de significado. A palavra
antinomianismo é, inclusive, um trava língua (e trava leitura).
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ESTUDAR ESCATOLOGIA É
IMPORTANTE?
Entre alguns grupos religiosos que tem a Bíblia como guia de fé e
prática é comum que se tenha uma interpretação de como se darão os
eventos do futuro, quanto à ordem dos fatos, a importância e relevância de
cada um dos fatos além de, obviamente, interpretações literais ou
simbólicas de determinados eventos. O Milênio é um exemple destes temas
que podem ter múltiplas interpretações.
Infelizmente, é comum também que muitos escolham por não definir
sua posição escatológica por achar que podem deixar em aberto uma
questão tão importante. Didaticamente, os livros e compêndios de Teologia
Sistemática analisam os eventos finais (a escatologia) em seus capítulos
finais e, esta pode ser a causa provável deste desinteresse ou desta
despreocupação. A posição escatológica influencia a interpretação bíblica,
na prática pastoral e nas ações missionárias tanto quanto é resultado das
reflexões sobre as temáticas que naturalmente as antecedem. Quando não
influenciam diretamente nos aspectos práticos, influenciam na interpretação
dos eventos.
Um pós-milenista é extremamente otimista quanto ao papel da igreja
em suas ações missionárias porque compreende que as ações da igreja
podem antecipar ou acelerar a volta de Cristo. Momentos de avanço da
igreja ou de mudanças efetuadas pela igreja foram importantes para que
esta visão se firmasse. Foi uma intepretação comum durante o período da
Reforma Protestante. Um período de muitas mudanças e grande euforia no
ambiente cristão. Para estes, o Reino Milenar corresponde ao período da
igreja iniciado no Pentecostes, ou na Assunção de Cristo, que culminará
com o sucesso da igreja por meio de suas ações missionárias e de
transformações sociais ao vencer o mal, coroada pelo retorno literal de
Cristo como resultado destas ações. Segundo esta visão, está na mão da
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LEITURA CANÔNICA
É comum começarmos qualquer curso de Introdução à Bíblia, ou
mesmo de livros ou porções especificas da Bíblia, definindo conceitos
como Cânon e Canonicidade. Infelizmente, a definição e o uso destes
termos encerram nestas primeiras aulas e não são mais levados em
consideração de forma devida ao longo dos estudos e reflexões do texto
bíblico.
Quando falamos de Cânon nas aulas de Introdução Bíblica, sempre
argumentamos que o texto que temos em mãos atende a critérios da
inspiração plenária verbal, que são textos que foram aceitos pela tradição
judaica e pela tradição cristã, seja pelos apóstolos em primeiro lugar, ao
aceitarem mutuamente seus textos. Mais tarde também foram aceitos pela
igreja primitiva, pelos pais da Igreja e pelos concílios ecumênicos que ao
longo dos primeiros séculos do cristianismo reconheceram a autoridade dos
textos que ainda temos em mãos.
O que não nos damos conta é que além de apontar para a
confiabilidade do texto que temos em mãos, o conceito de Cânon aponta,
necessariamente, para a forma como lidamos com o texto bíblico, não
apenas nas questões devocionais, mas nas questões hermenêuticas e
exegéticas a partir de seu conteúdo e de sua estrutura, ou seja, a forma
como estão organizados e como foram originalmente produzidos.
O Cânon aponta para a unidade do texto bíblico. O Cânon só é
possível por causa desta unidade. Aqui não vamos entrar na longa
discussão sobre qual é o tema ou assunto que constrói todo o alicerce da
grande narrativa bíblica, mas nos ateremos a afirmar que há coerência e a
clara presença de elementos unificadores de todo o texto bíblico, no AT e
no NT, como entre ambos também2.
2
Para uma discussão introdutória do assunto da unidade do texto recomendamos a leitura do
livro A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO: e suas implicações hermenêuticas do mesmo autor.
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Como disse, é uma piada. E tem sua graça sim. Mas, como se diz por
aí, toda piada tem seu fundo de verdade e aí está a minha preocupação.
Recebi esta mensagem em grupos da igreja, incluindo grupos de
professores, vi na timeline do Facebook e em grupo de pastores e de
estudantes de teologia. Sim, recebi esta mesma mensagem em várias
ocasiões e grupos diferentes. Em um grupo seleto de pastores vi a seguinte
critica: ¨E isto tem acontecido em nossos púlpitos também. Vigiemos!¨
A piada pode ser entendida de diversas formas. A primeira é que o
¨Doutor Recém-formado¨ não tem noção do que as pessoas mais simples
são ou não capazes de entender, e julga que o que sabe seja facilmente
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Mas temo também por pastores que levam para o púlpito psicologia,
que levem para o púlpito psicanálise. Que levem palavras do hebraico para
o púlpito ou mesmo o grego. Temo pastores que filosofam e não pregam.
Mas não temo aqueles que são capazes de mostrar as falácias do
pensamento humano e mostrarem ao seu povo a superioridade de Cristo e
sua Palavra. Não temo a simplicidade alicerçada em conhecimento vasto e
profundo. Não temo aqueles pastores que querem ver suas ovelhas cada vez
mais sabidas e sábias. Não temo pastores que, através de um longo e
profundo trabalho, elevem o conhecimento de suas ovelhas a ponto das
mesmas não mais acharem que ¨hermenêutica, dogmática, pneumatologia,
exegese e metafísica...¨ correspondam a uma lista de doenças dos quais os
mesmos pastores devam se curar.
Entretanto, agora voltando a minha experiência de longos anos em
ambiente hostil ao conhecimento, fico feliz em informar que os frutos
vingaram. Alguns foram estudar para valer, incluindo a teologia entre estas
áreas. Formamos grupos de estudos bíblicos mais profundos na igreja às
segundas-feiras, incluindo grupos de estudos homiléticos. Como professor
de seminário teológico, tive a honra de ter pelo menos seis das minhas
ovelhas como alunos. Alguns se formaram e outros continuam estudando.
Há aqueles que lamentam não ter tido tempo ainda de se aprofundar em
teologia. Aliás, de se aprofundar em ¨hermenêutica, dogmática,
pneumatologia, exegese e metafísica...¨.
Concluo dizendo que a igreja é a noiva de Cristo. Cristo morreu por
ela. Ele tem dado homens segundo o Seu coração para liderar sua igreja.
Sua complexidade e grandeza exigem que homens sabidos e sábios a
dirijam. Homens que saibam transmitir com profundidade, mas também
com simplicidade. Homens que elevem a capacidade da igreja em todos os
sentidos e que a façam crescer.
E que Deus nos cure das verdadeiras doenças que maltratam sua
igreja, incluindo a aversão pelo saber.
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JOGANDO CONTRA
Não podemos perder o foco na Bíblia e no Cânon como expressão
escrita da Revelação, como algo superior e, por vezes, incompreensível. Há
um esforço generalizado para mostrar que nossa religiosidade e
compreensão da realidade são incompatíveis com a grandeza da verdade
que há em Cristo.
Isto parece verdade em gênero, número e grau, mas isto se faz para
justificar afirmações e atitudes incoerentes e muitas vezes na direção
contrária do bom senso e da verdade. Há em nosso tempo a compreensão
de que o que é verdadeiro e profundo é aquilo que tem cara de loucura e
insanidade. Para estes, quem parece normal, ou socialmente aceitável e sem
muitos enfeites, está dentro de uma caixinha social. Uma amarra social.
O surgimento de nomes relevantes na teologia brasileira, ainda que
nos faltem trabalhos realmente relevantes para a teologia de modo geral (o
que ainda temos é muita reprodução), o fato de estarmos rodeados com as
comemorações e reflexões dos quinhentos anos da Reforma Protestante, o
crescente interesse por uma teologia mais séria que faça contraponto ao
cansativo mercado gospel de futilidades, o crescimento do interesse do
brasileiro pela leitura, que parece oriunda da estabilidade econômica e,
ainda outros fatores oriundos da relação globalizada, tem feito chover
congressos, palestras e debates que, apoiados pelas redes socais e
facilidades de divulgação, fazem surgir novos deuses de um novo mercado
gospel: reformado, teológico, politizado, intelectualizado.
Este novo mercado não vai preencher o vazio e não vai trazer
respostas sérias se não se atualizar, se não se portar humildemente, se não
trouxer envolvimento, engajamento e seriedade para a igreja. Mercado que
tem pecado no fundamental: elevar a teologia a um status mais elevado e
não apenas como mais uma ferramenta (limitada) para a compreensão da
realidade. Uma teologia incapaz de lidar com os mistérios da revelação e
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Desafios de qualidade
Quanto tempo deve ser gasto (investido) para preparo de um
diácono, de um pastor, de um missionário, de um mestre ou de um doutor
para a igreja? Sem dúvida muitos anos.
Existe uma relação direta entre a quantidade de tempo gasto no
preparo de um líder e a qualidade de nossos ministros. De modo geral, estes
valores são diretamente proporcionais, ou seja, quanto mais tempo gastos,
melhor o preparo.
Anos de estudo, anos de trabalho supervisionado, anos de construção
via planejamento, com foco e intencionalidade. Infelizmente, a vocação e o
chamado ao lado do preparo estão sendo levados em consideração em
instâncias diferentes, separados e dicotomizados, quando na verdade são
instâncias únicas do mesmo processo.
Chamado implica na consciência do candidato e de sua congregação
quanto a ouvir a voz de Deus o convocando ao trabalho. Vocação implica
na capacidade reconhecida e lapidável do candidato diante das virtudes
minimamente necessárias a execução de seu ofício. O preparo é decorrente
destes reconhecimentos, o passo seguinte e necessário. Preparo implica na
sujeição ao longo caminho de disciplinas para a formação.
Há pessoas no ministério que não tem o respaldo de suas
congregações para sua formação e que nunca foram sequer foram boas
ovelhas de Cristo e de seus guias terrenos, os pastores.
A habilidade de falar e de animar auditórios é uma virtude exaltada
em nosso tempo, mas não indicadas como importantes àquele que se inclina
ao sacerdócio. Estamos precisando de pastores e lideres e não de
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O pragmatismo exagerado
O excesso de pragmatismo é outro problema. A partir da tradição a
igreja deve responder os desafios contemporâneos. É claro o isolamento de
pastores formandos a partir de uma escola apenas focada na tradição
dogmática. Muitas vezes há um déficit de cinquentas anos na teologia, que
é mutável e adaptável. Leem-se respostas para desafios antigos de terras
longínquas. Por outro lado, uma teologia tão alicerçada na cultura que não
se distingue dela em nada. O resultado é claro. Por um lado, guetos
ascéticos. Por outro lado, clubes animados.
Boa parte da produção teológica brasileira, senão toda ela é
reprodutiva e analítica, mas quase nunca é original e propositiva. Como
afirmamos no início deste trabalho, estamos nas mãos da produção
cientifica e bibliográfica de europeus e norte-americanos. Toda sua obra é
3
BAXTER, Richard. Manual Pastoral de discipulado. São Paulo: Cultura Cristã, 2015. 2ª
Edição. página 39.
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valorosa e importante para nós brasileiros, mas não nos tem catapultado na
direção de produção teológica própria. Como já afirmamos também, a
produção de uma obra brasileira que negue o passado e os pensadores
anteriores, além de uma insanidade, é inviável e improdutiva.
Particularmente não me aceito o título de teólogo e aceito com muita
dificuldade o título de pastor. A produção deve ter independência e
originalidade e deve ter espaço e lugar na igreja no dia a dia. Não é possível
uma teologia sem pratica, assim como uma pratica sem base teológica
viável.
Produzimos a Teologia da Prosperidade e captamos e adaptamos a
Teologia da Cura e da Prosperidade, dois substratos de baixa qualidade. Por
meio do avanço de congressos e divulgação de material reformado por
muitas editoras, temos a tentativa de trazer a Teologia Reformada para a
realidade brasileira, mas ela é ainda um elefante branco na realidade
brasileira, retumbante, grandiosa, mas insipida.
Poucos pastores, igrejas e ministérios têm de fato conquistado
avanços por meio da Teologia Reformada, avançar de maneira sadia como
igreja brasileira. Suspeitamos que um equilíbrio entre uma formação
clássica, conservadora e um misto com formação contemporânea e
filosófica, seja um caldeirão mais adequado para mentes e a possibilidade
de uma teologia brasileira (enquanto proposta prática) com pé em nossa
longa tradição como povo de Deus. Mas é uma conjectura.
Temos uma fraca cultura bíblica e teológica. Os próprios seminários
são incapazes de produzir pensadores porque ainda estão nos moldes de
uma teologia antiga e desconectada da realidade ou de uma teologia muito
contemporânea e desvinculada da tradição. Problemas que são
aprofundados com a falta de consciência de chamado e vocação e, muitas
vezes, da falta de experiência e de uma mentalidade moldada pela vontade
de Deus.
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Questões econômicas
Religião hoje em dia é um bom negócio, infelizmente. O dízimo e as
ofertas são hoje elementos necessários a uma boa liturgia, mas têm sido
usados para manipulação espiritual de um modo que não há precedentes
históricos.
Nem mesmo o período tão criticado das indulgências tenha chegado
a patamares tão vergonhosos como os que temos hoje. Por um lado, a
pressão da culpa sobre os fiéis pela obrigação de contribuir. Por outro lado,
os anseios materialistas de pastores e denominações ávidas por poder e
dinheiro. Líderes religiosos há muito tempo figuram entre as celebridades e
as pessoas mais ricas do país, ao mesmo tempo em que ocupam páginas
policiais e situações de escândalo. Uma liderança vendida e corrupta. Uma
liderança cuja mente está guiada por princípios mercantis não pode apontar
a verdade em Cristo e nem o caminho para o céu.
O controle das intenções, das pregações, dos eventos, das ações em
geral, vem do bolso e das contas bancárias e não de uma mente dominada
por Cristo. Já se vendem igrejas ativas com membros cooperadores como
ser vendem outros produtos no comércio – as porteiras fechadas. Mesmo
nas alas mais tradicionais, pastores são medidos pelo tamanho de suas
igrejas em número de membros e no valor total mensal das entradas
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Questões missionais
Infelizmente, as igrejas históricas tem se arrastado na plantação de
igrejas. Falta compreensão da missão, faltam recursos, falta motivação,
falta visão. O cuidado é com o próprio umbigo. A liderança padece da
mínima compreensão da missão e da necessidade de plantar igrejas.
Planos mirabolantes e impraticáveis são apresentados, mas o
entusiasmo inicial acaba diante das primeiras dificuldades e falta de
recursos. As lideranças sequer questionam sua razão de existir e a missão
está parada.
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PARTE 3
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS PARA
MENTES TEOLÓGICAS
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Vamos falar de Teologia 70
CRISTIANISMO LÍQUIDO?
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Vamos falar de Teologia 71
Será possível ser cristão sem igreja? Será possível servir a Deus sem
igreja? Seriam de fato leis meramente humanas, criadas por homens, sem
nenhum valor, as regras do jogo religioso? Devemos rechaçar a todo o
custo o termo religião? Será mesmo bom e saudável que cada um cuide
apenas de sua própria vida? Entendendo aqui o apenas de sua própria vida
como: faço o que quiser porque ninguém pode querer interferir naquilo que
faço, uma espécie de liberdade total? Será que tudo que é antigo perdeu o
valor simplesmente por sua antiguidade? Estamos todos em reais condições
de opinar sobre tudo e sobre todos de forma isenta, imparcial e completa?
Não estamos vivendo uma crise de comunicação exatamente pelo excesso
dela, o que acaba produzindo o efeito contrário: desinformação e
superficialidade, seja por causa da velocidade seja por causa da novidade
pela novidade, ou da efemeridade que no fundo são repetições constantes
de um processo que não é novo, mas repetições constantes de si mesmo?
Não vivemos uma crise de liderança que, de tão exposta, mostra a todo
instante suas fraquezas? Vivemos uma crise de incredulidade ou de
credulidade, uma vez que não pensamos mais como no passado,
doutrinariamente ou tradicionalmente, porque desmerecemos tudo que era
ensinado, mas ao mesmo tempo somos uma geração extremamente crédula,
que acredita em tudo? Será que não é tempo para abertura para novas
manifestações no formato de ser e fazer religião? E nossos vínculos: são
reais, verdadeiros, duradouros, resistirão aos princípios religiosos que
exigem fidelidade até a morte e, como explicar que ao mesmo tempo em
que os relacionamentos sejam tão fúteis e líquidos, as pessoas, uma vez
ligadas em rede, possuem cada vez mais capacidade de se relacionar e estar
atentas a tudo que acontece na vida de um número cada vez maior de
contatos? É possível ter quantidade com qualidade? Já soubemos algum dia
diferenciar o temporal do eterno, o que é de real valor e o que é efêmero?
Existe amor no nosso tempo? Existem firmeza e convicção teológica e
doutrinária no nosso tempo? Posso dar um ¨ctrl + alt + del¨ e recomeçar
sempre que quiser a vida e minhas relações sempre que quiser?
Júnior Martins
Vamos falar de Teologia 72
1
Se levássemos a sério o que o autor de Hebreus diz em 10.25
teríamos muito mais motivos para ir à igreja ou nos reunirmos como igreja
do que os antigos, isto porque o Dia Prometido, O Dia do Senhor, está cada
vez mais próximo. Em tese a igreja, em sua função mais básica, nos
estimula a/à fé, ao cuidado mútuo, a espiritualidade e ao amor. No entanto,
a igreja (local e humana) tem muitas vezes fracassado em sua tarefa de
acolher e ensinar.
Por um lado peca pelo exagero no controle e abuso da vida dos
crentes e fiéis, por outro lado os deixa muito à vontade. Ensina, muitas
vezes, de modo contraditório. Como diz João Alexandre em uma de suas
músicas: ¨é nem sim nem não!¨
O que salta aos olhos é a distância entre o discurso e a prática. Ela
disputa dia a após dia, com as inúmeras ofertas de sucesso, prosperidade,
bem-estar e consigo mesma uma vez que está tão seccionada e tão dividida.
Compete com os novos gurus do sucesso e bem-estar, compete com outras
religiões.
Por outro lado, poucos veem na religião a única forma de encontrar
conforto e segurança (se é este de fato o propósito – não creio!). O discurso
mais comum entre os crentes atuais é o de que não são pessoas religiosas, e
que sua religião não-religiosa é boa porque não lhes rouba a liberdade. E
comum é se multiplicam formas de igreja e de cultos alternativos, capazes
de atender as necessidades e demandas de um pouco cada vez mais
pragmático e descolado de sua religiosidade. Algo impensável há tempos
atrás, inimaginável. Ou seja, ser cristão sem igreja já é uma alternativa tida
como saudável.
Concordo que o processo, já bem adiantado e estruturado da
institucionalização, extremamente humanista, da igreja trouxe para ela
elementos de sua relação com o mundo (aqui entendido como país, leis,
regras...) que em muito tirou seu dinamismo e a capacidade necessária de
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Vamos falar de Teologia 73
contrastar e confrontar o mundo, sendo não apenas uma alternativa para ele,
mas seu contraponto.
Infelizmente a igreja perdeu sua leveza e relevância. Buscou e
encontrou pontos de convergência com outras áreas sociais e abandonou
sua vocação espiritual, sua vocação para a misericórdia e para o amor, mas
misericórdia e amor que andam de mãos dadas com a justiça, a Justiça de
Deus. Vista a olhos nus, não difere de outras formas de comunidades.
Precisamos de mártires novamente. Testemunhas que sejam realmente fiéis.
Precisamos de pessoas dispostas a amar. Pessoas sujeitas às autoridades,
pessoas conscientes de seus deveres sociais, financeiros, econômicos, mas
completamente entregue a vontade de Deus, prontas a ajudar, priorizando o
ser e estar na igreja, que ajudem outros a descobrir ou redescobrir o prazer
da comunhão, do compartilhar, da busca pelo sentido da vida, de dar
sentido a vida e ao serviço.
2
E quando falamos de regras? De leis? De organização? Estas
palavras parecem demônios a serem exorcizados. É quase um crime falar a
respeito. O assunto do momento é a liberdade, a graça, o viver livre e sem
culpa – que sonho! Que maravilha!
A Bíblia deste povo não tem Romanos 7 e 8, que trata da luta do
homem velho e do novo, da necessidade de mortificar as obras da carne
(8.13). Uma luta constante de todo crente. Sou categórico ao afirmar que
soam muito mais demoníacas do que celestiais estas afirmações
aparentemente libertadoras e espirituais. Apenas aparentemente! Fácil de
entender. Em qualquer ambiente é necessário que sejam estabelecidas as
regras mínimas do comportamento. Curioso que aceitemos isto em todas as
outras posições que ocupemos: temos que ser pontuais no trabalho, temos
que dar retorno (feedback) daquilo que fazemos, somos passiveis de multas
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Vamos falar de Teologia 74
no trânsito por infringir as regras, etc. Regras que sobre nós pesam, mas
que existem para nosso bem-estar e proteção.
Aí surgem as perguntas: Quem pode viver totalmente sem culpa?
Quem pode viver totalmente sem cobranças e exigências? Que progresso
espiritual, agora falo a crentes, pode ter qualquer pessoa que chegue à
conclusão de que tudo vai muito bem e que o melhor é não se preocupar?
Infelizmente, já chegamos lá. As pessoas não querem ser tratadas como
pecadoras e falhas, mas sempre como vitimas de outros, do sistema, da
vida. Não como pecadoras, mas como pessoas sem sorte na vida.
Curiosamente, vivemos nisto um paradoxo, ou seja, as igrejas neste nosso
tempo deveriam passar por um processo de esvaziamento muito rápido,
porque sua mensagem, pelo menos em tese, é incompatível com estes
pensamentos e estilos de vida. No entanto, o que vemos? ¨Templos, Tvs,
auditórios lotados, ouvindo o Evangelho da Marcha à ré¨. É o preço de
manter o negócio – vender suas convicções. Liquidez.
3
De todos os xingamentos mais terríveis, religioso é o pior. As
palavras ganham novos sentidos à medida que são usadas, este fenômeno é
incontrolável. A expressão religioso carrega em si sinônimos como:
hipocrisia, atraso, antipatia, legalismo. Mas quem é religioso é exatamente
o que? Não seria a chance ou oportunidade de mostrar que somos
diferentes? Na busca por um perfil contemporâneo, agregador, simpático, é
muitas vezes nossa armadilha, o diferencial que nos faz iguais. Deste modo
nega-se o que se afirma. Não preciso fazer aqui uma exposição
sobre religare. Ora, somos religiosos sim, e ainda mais: proselitistas e
exclusivistas. Nosso tempo é o tempo dos guetos, dos grupos. Não devemos
confundir nossa identidade, que deve ser marcante e aliada ao diálogo com
todas as áreas do conhecimento humano, com a mistura descabida do
aculturamento que nega aquilo que somos. É o momento que a liquidez se
manifesta: somos, mas negamos ser. Um paradoxo, uma espécie perigosa
de vida camaleão, uma crise de identidade. Interessante pensar que outrora,
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Nada mais importante, necessário e humano do que dar voz ao povo,
oportunidade para que se expressem. Como ficariam contentes os nossos
predecessores se soubessem o quanto nos comunicamos no nosso tempo,
ainda que a qualidade da nossa comunicação ainda seja ruim. Não só
porque as pessoas não sabem escrever, mas porque não sabem entender o
que é lido. Informação sobre informação girando a uma velocidade
estonteante, publicações curtas e muitas vezes desconexas. Quase ninguém
tem mais tempo para ler calmamente textos longos e bem elaborados. A
próxima novidade já está pedindo espaço para si. Informações sem cunho
de utilidade, porque trata muitas vezes de particularidades e coisas sem
muita importância ou relevância, giram muito rapidamente. Não há mais
tempo para longas conversas, longas leituras, reflexões profundas, debates
mais pensados e menos acalorados, mas enriquecedores e realmente
edificantes. O formato fast food da alimentação já encontrou espaço na
informação: rápida, cheia de gordura, pouco nutritiva e cara.
Rápida porque vemos nos celulares e tablets com uma simples
passada de olhos, inclusive o que mais vale hoje é informar primeiro do
que informar certo e com precisão.
Cheia de gordura porque enche os olhos, estufa a barriga, mas faz
mal e não bem.
Pouco nutritiva porque de fato não te ajuda a resolver suas
inquietações e não te faz um ser humano melhor, pelo contrário, aumenta
sua revolta e sentimento de que o mundo não tem jeito e o que vale é só
cuidar da própria vida.
E cara porque vem cheia de acessórios. Ou seja, maquiagens,
embalagens, marcas, conceitos e filosofias cujo preço está embutido no
produto. O maior instrumento dos manipuladores do nosso tempo é a
informação. Assim com uma distração à verdade. A maior armadilha dos
pobres enganados é a desinformação (ou a má informação), gerada,
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principalmente, pelo excesso dela mesma e pelo pouco tempo para refletir.
Palavras e mais palavras e muita aparência, sem comunicação de verdade.
As informações têm mais aparência que conteúdo de verdade. Há pouco
para se oferecer.
A igreja também embarcou no conceito fast food de informação.
Palavras com muita aparência e pouca eficiência são repetidas
exaustivamente em cultos por aí: vitória, glória, aleluia, repreende, pisa, e
por aí afora. Vemos coisas que seriam muito cômicas e engraçadas se não
fossem tão vergonhosas e incômodas.
Porções inteiras da Bíblia são negadas porque não são boas para os
negócios. Outras, que são cuidadosamente selecionadas, são usadas
exaustivamente para apontar a direção do gasofilácio das igrejas e não a
direção do céu. Um Evangelho de informações distorcidas, sem conteúdo e
sem propósito. Pecado, santidade, salvação, boas obras não entram neste
vocabulário líquido e vazio. Há falta de transparência em tudo que se
faz. Os incautos, pessoas comuns do povo, não percebem que são usadas
como marionetes em um jogo de desinformação e confusão.
A ignorância nunca rendeu tantos frutos, nem mesmo no Grande
Período de Trevas da Igreja durante a Idade Média quando se cobravam as
indulgências. Não há solidez onde não há informação verdadeira e reflexão
profunda. Há apenas liquidez e, neste caso, há liquidez financeira também.
Já que não dá para ser, vamos ter. E ter muito.
7
Os líderes do nosso tempo são fracos e ruins. E nem podia ser
diferente. Não quero colocar todo mundo em pé de igualdade porque há
pessoas melhores e mais nobres que outras. É fato. Mas os super-heróis,
que se multiplicam nos cinemas e filmes de hoje, energizados e mascarados
por toda a cosmética e avanço da medicina que ajuda com que sejamos
cada vez mais fortes e viris (fisicamente, diga-se de passagem), é uma
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A frase original foi: ¨eles fingem que pagam e eu finjo que jogo¨, foi dita pelo jogador
Vampeta jogando pelo Flamengo depois de retornar como Campeão do Mundo em 2002.
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Novos tempos e novos desafios pedem novos comportamentos e
novos posicionamentos, além da necessidade de respostas às novas
perguntas. Há uma corrida mundial para se adaptar as mudanças. Hoje
temos os cibercrimes e cibercriminosos, por exemplo. Ainda que na
essência os crimes sejam os mesmos, ou seja, subtrair dinheiro e
informação, as novas formas exigem novos procedimentos para investigar,
julgar e punir. Há novas formas de relacionamento também, que são cada
vez mais digitalizados e codificados. Os movimentos das minorias e a
ideologização dos comportamentos humanos provocam reações diversas e
novas formas de ver o mundo e o outro.
A própria igreja vem se adaptando a todas estas mudanças. Hoje é
possível assistir cultos ao vivo e online. É possível fazer aconselhamento
pelo computador, o que nem sempre é tão desvantajoso para quem vive em
metrópoles onde se gastam horas e horas em pequenos deslocamentos.
Os templos, por mais tradicionais que sejam, possuem bastante
tecnologia embarcada: Datashow, telões, sonorização profissional, bancos
acolchoados, ar condicionado, transmissão ao vivo, sites, blogs, etc.
Dividida em tribos e guetos, a humanidade possui códigos
particulares de comunicação e, imaginando que o Evangelho deverá atingir
todos e em todos os lugares, temos um desafio muito grande diante desta
comunicação tão líquida e fluída.
Nunca foi tão urgente, tão necessário e tão pertinente à igreja ser
multifacetada e plural em suas ações, capaz de comunicar-se nos mais
diferentes níveis e variadas formas, tornando-se receptiva e tolerante às
novas formas de ser igreja.
Estas novas formas de interagir e relacionar tem levado as pessoas a
uma nova relação com a religião e a igreja local. No há compromisso com
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superficiais e triviais, sem raiz e por isso não germinam ao ponto de dar
frutos. As pessoas usam e também são usadas. Há disputas internas na vida
da igreja que dificilmente veremos fora dela. É muito comum ouvir frases
como: a igreja é o único exército que abandona seus soldados feridos nas
trincheiras da grande guerra. Por muito pouco nossos laços e alianças se
desfazem. Vínculos cada vez mais eletrônicos (por meio de computadores e
outras interfaces). Há um cansaço que gera descontentamento, é mais fácil
tirar da tomada e desligar. Contrariam o ensinamento bíblico, sobretudo
exemplificado em Oséias, de um Deus que não nos abandona mesmo
quando nós o abandonamos, de um Deus que é fiel a si mesmo e às suas
promessas a ponto de não nos abandonar mesmo que mereçamos, de um
Deus que ama mais que uma mãe a seus filhos. Vínculo é sacrifício.
Vínculo só é possível a quem enxerga muito além do momento. Vínculo só
é possível para quem contempla a realidade da eternidade. Vínculo é algo
muito sólido, não é para gente líquida.
11
Menos é mais, já diria o sábio. Somos uma geração acumuladora de
coisas. Queremos coisas, compramos coisas, nos desfazemos de coisas para
ter mais coisas. Queremos crescer profissionalmente e financeiramente para
consumir, quanto mais consumimos, mais precisamos crescer para poder
consumir ainda mais. Estamos sendo engolidos pela nossa fome de ter.
Toda nossa capacidade, tempo, juventude, consumida pela vontade de
consumir. Nunca estamos satisfeitos. As novidades tecnológicas para casa,
para carros, etc., surgem na velocidade da luz. Mal adquirimos algo e
aquilo já está ultrapassado e já não serve mais. Hoje se discute a
engenharia reversa. Ou seja, como podemos reutilizar de lixo, a chamada
reciclagem. E o que fazer com tantas coisas que são descartadas em todo o
mundo todos os dias. Países mais industrializados, como o EUA, são
pioneiros nesta questão porque sofrem com isto há muito mais tempo. Na
contramão e por motivos óbvios, aqueles que produzem investem cada vez
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12
Tenho uma interpretação particularizada de João 3.12 - ¨se vos falei
de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das coisas
celestiais?¨, uma chamada dura de atenção de Jesus a Nicodemus. Jesus
aponta para a necessidade de conhecer as coisas celestiais, mas não sem
antes entender bem das coisas terrenas das quais ele falava: nascer de novo,
arrepender-se, batizar-se, etc.
Estamos cercados de gurus e super crentes, pessoas ligadas
diretamente ao trono de Deus. Entretanto, gente presa a terra demais, mas
com famílias destruídas, endividadas, com seus nomes envolvidos em toda
sorte de sordidez. Ainda devemos olhar para líderes e crentes como pessoas
que devem conduzir suas vidas com certa tranquilidade, não estando
envolvidas em escândalos e nem terem seus nomes constantemente
envolvidos em atividades suspeitas ou atos estranhos.
Mas ainda estamos diante homens que, no passado sabidamente,
estiveram envolvidos com estelionato, roubos, falcatruas e enganando fiéis.
O ruído espiritual e a aparência de vida cristã são tão importantes que
mesmo as mais aparentes formas de mau caratismo são relevadas.
Lembra-nos a famosa história da mulher de César, suspeita (jamais
confirmada) de um romance adúltero: à mulher de César não basta ser
honesta, mas parecer honesta também. Aplicando a nós deveríamos não
apenas ser, mas também parecer honestos, ou seja, o sermos por dentro e
por fora. Nenhum de nós ainda subiu ao céu, e por isto, não podemos fazer
muitas afirmações a seu respeito, mas podemos concluir, pela observação,
que são aqueles que (aparentemente) farão parte dele pelo seu
procedimento. Assim, fazem todo o sentido as palavras do Apóstolo Tiago
que nos invoca a prática das boas obras para mostrar a fé que se tem. Os
futuros cidadãos do céu já tem aqui um comportamento condizente com seu
estado final, apesar das limitações ainda presentes do pecado.
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Nossa percepção também é muito curta, não temos olfato, nem visão,
nem tateamos a nossa volta para saber o que acontece. As imagens a que
estamos acostumados falseiam muito bem a verdade. Estamos muito mais
condicionados pelas mensagens subliminares, não conscientes ao olho nu,
mas enriquecidas por uma cosmovisão contaminada pelo consumismo,
hedonismo, etc. Um mundo de cores e imagens cada vez melhor, mas que
esconde a verdade. Verdade que não queremos perceber. Ora julgamos que
as pessoas sofram por causa de seus próprios erros e decisões ou que
estejam pagando pelo mal que fizeram, ora culpamos o governo, ou a falta
de estrutura dos novos modelos familiares e nos escusamos de qualquer
responsabilidade. Um mundo colorido, sonoro, cheio de falsas sensações,
mas cheia de vazios.
A igreja precisa ser mais assertiva no sentido de praticar o amor, ou
seja, transformá-lo em ações praticas e objetivas, sem debate ou discussão.
Ela deve ser mais direta o sentido de caminhar na direção daqueles que
precisam de amor. Caso contrário, será liquida.
14
Concordo com aqueles meus professores de Teologia quando dizem
que a Teologia tem prazo de validade e que se ajusta e renova de tempos
em tempos. Ainda que seja uma tarefa grandiosa, basta ler a história da
igreja com todos os seus dilemas e os longos e acalorados concílios. Erros e
acertos foram cometidos no passado e hoje não é diferente. Um dos erros
da Teologia, em suas mais diversas fases, foi se deixar aprisionar por um
academicismo encarcerado em si mesmo. Ou seja, que não reproduzia na
vida e no dia a dia da igreja suas descobertas, reflexões e teses ou que não
seja oriunda da própria vida da igreja.
No entanto, vemos uma invasão de novas teses, teologias
moderninhas e interpretações das mais variadas e perigosas. A Teologia da
Cura e da Prosperidade, tão contestada e criticada, ainda é presente e vive
seu auge, invadindo a mente a e lógica de crentes e igrejas mais tradicionais
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O DESAFIO DA SECULARIZAÇÃO
Introdução
Aqui vamos tratar de uma das questões mais importantes nos debates
da Teologia Contemporânea e da Práxis Cristã: o processo de secularização
da fé cristã. Este processo não começou hoje e está muito longe de seu fim,
mas passou por diversas fases e veremos seu status atual. Geralmente é o
processo que explicar o esfriamento da fé Cristã na Europa. O problema da
secularização é do foro da ortodoxia5, da ortopraxia6 e da ortopatia7. Os
5
Um problema de conhecimento bíblico e doutrinário. "Caráter ou condição de ortodoxo;
conformidade absoluta com certo padrão, norma ou dogma; interpretação, doutrina ou
sistema teológico implantado como único e verdadeiro pela Igreja; dogmatismo religioso;
intolerância com relação ao que é novo e diferente”. É a verdadeira doutrina. Uma igreja
ortodoxa é aquela que se mantém em conformidade com o ensino das Escrituras Sagradas,
rejeitando todo e qualquer padrão que o mundo apresenta como certo e doutrinal. "Orto" diz
respeito ao que é correto, reto, verdadeiro, fiel, etc. "Doxia" ou "doxo", diz respeito à
doutrina, conjunto de ideias, aquilo que é correto e deve receber total atenção. Todo cristão
verdadeiro é ortodoxo, pois mantem-se fiel as Escrituras e sempre quer viver da maneira que
a Bíblia ensina como se deve viver. Isso também deve visto na prática, pois a verdadeira
vida cristã é aquela que é mantida pelos padrões da Bíblia e não em conformidade com as
ideias mundanas.
6
Um problema de prática de vida, cristã em boa medida oriunda da falta de conhecimento
doutrinário. A Ortopraxia é um problema da Ética cristã, tem a ver com a maneira do viver
do cristão e da vida litúrgica na prática. "Orto" - correto ou direito... "praxia" - procedimento
ou ação prática. É o exercício das reflexões apresentadas pelas Escrituras - falo pelo lado
ético cristão. Ex: os Dez Mandamentos tem a função de nos levar ser pessoas de fato cristãs,
e sua reflexão nos leva a entender a quem adoramos e como deve nosso procedimento para
com o nosso próximo. A ortopraxia é o uso correto daquilo que meditamos quando
escutamos uma pregação ou lemos a bíblia e colocamos tudo o que meditamos, na prática. É
aquilo Tiago nos ensina: “Tornai-vos cumpridores da palavra, e não ouvidores tão somente,
enganando-vos a vós mesmos” Tiago 1.22.
7
Um problema de coração, afeição, sentimento e de responsabilidade. Ortopatia é a
maneira correta do saber. Aquilo que aprendo que é certo devo colocar em prática. Diferente
da maneira que o mundo vê, a mente do cristão é ligada ao que Deus pensa. Ex: as pessoas
que não conhecem a Deus sabem que deve fazer o bem, mas o faz por egoísmo, por desejos
secundários de engrandecimento de si mesmo, ao invés do engrandecimento da pessoa de
Deus. Diferente da pessoa que conhece a Deus, os que não sabem a maneira cristã na prática
das boas obras, do entendimento da vida ou do ensino das Escrituras com relação às ações,
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sempre agirão de maneira diferente da qual Deus sabe e ensina que é correta. A ortopatia é o
uso correto daquilo que eu entendo como certo sem envolvimento do egoísmo, mas envolve
negação de si mesmo e humilhação perante o Deus, que sabe todas as coisas e comunica seu
entendimento ao nosso coração/mente. Isso leva a pessoa é ser piedosa. Como diz Pedro:
“Por isso mesmo vós, aplicando da vossa parte toda a diligência, ajuntai à vossa fé a virtude;
à virtude, a ciência; à ciência, a temperança; à temperança, a fortaleza; à fortaleza, a
piedade; à piedade, o amor dos irmãos; e ao amor dos irmãos, a caridade” 2 Pedro 1.5-7.
Podemos, por fim, entender ortopatia como: o verdadeiro e correto entendimento do certo
sem o ego pra trás. É eu saber o que é certo sem procurar meu próprio benefício, mas o
benefício do meu próximo. Isto está inteiramente ligado à vida cristã prática. A sabedoria de
Deus sendo usada de forma correta na minha vida e na vida das pessoas ao meu redor. É
também o que Tiago ensina sobre as obras e a fé: se eu sei que tenho fé, que amo e creio em
Deus com verdadeiro entendimento, eu devo, então, não só ter fé, mas colocá-la em prática
pelas boas obras, exercitando assim aquilo que compreendi do evangelho e que é certo; por
meio disso vem a piedade e o seu verdadeiro exercício.
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Reflexão geral em torno da natureza, etapas e limites do conhecimento humano, esp. nas
relações que se estabelecem entre o sujeito indagativo e o objeto inerte, as duas polaridades
tradicionais do processo cognitivo; teoria do conhecimento. Estudo dos postulados,
conclusões e métodos dos diferentes ramos do saber científico, ou das teorias e práticas em
geral, avaliadas em sua validade cognitiva, ou descritas em suas trajetórias evolutivas, seus
paradigmas estruturais ou suas relações com a sociedade e a história; teoria da ciência.
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Nova Versão Transformadora. Editora Mundo Cristão.
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Conf. http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/secularizacao.htm
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A Reforma Protestante
A tradução da Bíblia dos originais para o Alemão realizado por
Lutero é um fator importante na virada desta fase. Mas, note-se, houve um
grande questionamento das ações e do pensamento religioso também:
mentiras, excesso de poder, dominação do povo por sua ignorância. A
Reforma protestante é sem dúvida alguma valorosa por ser uma reação do
povo, ainda que impulsionada por clérigos. Lutero era um monge instruído
e com grande peso na academia. Não podemos nos esquecer disto.
Agora, cada um podia ter acesso as Escrituras em sua própria língua
e até mesmo interpretar o texto bíblico12.
Os conflitos e a cisão causados pelas teses de Lutero, a repercussão
da Dieta de Worms, o surgimento de diversos movimentos a partir do
protestantismo, e mesmo a reação católica com a Contrarreforma e todas as
perseguições infringidas, demoliram os alicerces da unidade da igreja.
A perda do domínio nas diversas ciências foi uma consequência
direta. Como resultado imediato disso tudo, a Igreja deixou de ser vista
como aquela que tinha uma resposta para todos os problemas da vida e da
sociedade. Com suas estruturas ideológicas abaladas, a Igreja Católica
perdeu muito de seu poder político e, por incrível que possa parecer,
12
Faço uma distinção entre ¨livre exame das Escrituras¨ com ¨livre interpretação das
Escrituras¨.
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Racionalismo Cartesiano
Um dos mais importantes filósofos do período moderno foi René
Descartes, um racionalista francês do século XVII, geralmente lembrado
pela ênfase na autoridade da razão em filosofia e ciências naturais, bem
como pelo desenvolvimento de métodos de verificação da verdade. Este é o
estopim para a exigência racionalista sobre a fé.
Sua influência ainda se faz sentir porque trouxe a razão como
principal fundamento da existência e colocou o homem no centro do
Universo, mas também trouxe a dúvida como elemento metodológico.
Mesmo sendo o precursor do racionalismo, e aquele em que os racionalistas
se apoiam, René Descartes criou suas teorias a partir de três sonhos que
teve. E como diz Ernesto Sabato: um belo começo para um defensor da
razão!¨14
Para Descartes a filosofia seria como uma árvore, na qual a
metafísica forma a raiz, a física seria o tronco e as diversas ciências os
galhos, sendo que o mais alto grau de sabedoria estaria na moral (elemento
que Kant vai explorar mais tarde), que pressupõem o conhecimento das
diversas ciências, sendo as principais a ética, a mecânica e a medicina.
13
http://www.historialivre.com/moderna/renascimento.htm
14
Ernesto Sabato, Antes do fim, página 60.
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que para Aquino, uma equivocação pura é um termo que, por simples
causalidade, é empregado para designar coisas diversas. O tautológico não
se relaciona com as coisas e se assim fosse, não teríamos dele
conhecimento algum; e por último, que os predicados positivos são
anunciados analogicamente de Deus e das criaturas. Em nossas
predicações, o ser compete primeiro às criaturas e depois a Deus. E não o
contrário, porque não há relações entre estes. Designamos Deus a partir do
que deparamos nas criaturas de modo infinito (nas relações, ocorre o
inverso, já que o predicado é anterior à natureza de qualquer substância).
Portanto, Santo Tomás de Aquino atribui à predicação de Deus e da
criatura, somente por analogia, evidenciando entre eles uma distância
infinita da qual nenhum conceito transpõe, já que Deus transcende
infinitamente a criatura.15
Outro motivo para sua a expansão do escolasticismo foi o início do
movimento universitário. O conteúdo do seu estudo era a Bíblia, os credos
dos concílios ecumênicos e os escritos dos Pais da igreja. A questão que
queriam resolver era saber se a Fé era ou não razoável. Sua metodologia era
norteada pela dialética lógica aristotélica. Esta dialética é mais dedutiva do
que indutiva e dá destaque para o silogismo como instrumento da lógica
dedutiva. As verdades gerais da filosofia eram tiradas da teologia; assim, os
escolásticos tentavam fazer conclusões legítimas a fim de criar um sistema
harmônico em ordem lógica.
A estrutura filosófica dos escolásticos baseava-se na filosofia grega e
dependia da posição, ou de Platão, ou de Aristóteles. Dentre elas se destaca
o realismo, onde Platão diz que os universais tem uma existência objetiva
em algum lugar do universo. Anselmo da Itália entendia a questão da fé e
da razão é de se estabelecer a fé como fundamento para o conhecimento.
Os livros-textos, como o Decretam de Graciano, um texto de lei canônica,
tiveram um lugar importante na vida da erudição medieval.
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De acordo com http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/cinco-vias-que-provam-existencia-
deus-santo-tomas-.htm.
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Adam Smith foi filósofo e economista britânico e que nasceu na Escócia. Teve como
cenário para a sua vida o atribulado século das Luzes, o século XVIII. É o pai da economia
moderna, e é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico.
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Vamos falar de Teologia 120
A pós-modernidade
Não faremos aqui novamente uma exposição desta fase da história
humana, ainda que nos seja tão importante, porque já consta em muitos de
nossos outros trabalhos. Basta afirmar que a pós-modernidade é o
surgimento de diversas vertentes do pensamento humanos onde a
metanarrativa é descartada, ou seja, a busca por um centro lógico que seja
capaz de explicar toda a realidade e o conflito com o papel da autoridade e
da tradição (dos pais, da sociedade, do Estado e da Igreja). Além do pós-
tradicionalismo, a pós-modernidade também se caracteriza pelo pós-
racionalismo.
A pós-modernidade fomenta a pluralidade de ideias e de crenças, tem
a tolerância como princípio da convivência social, além do aspecto
econômico do globalismo.
A insistência da religião, principalmente do cristianismo, como
aquela cosmovisão de abarca toda a realidade e como a única metanarrativa
de fato, passa a ser desprezada.
Círculos liberais do cristianismo liberal tentam viver uma versão
descristianizada do cristianismo? É possível? Sua tentativa, desde o
surgimento do Liberalismo Teológico, é a busca por um discurso onde a
aspectos transcendentes, como milagres, inspiração das Escrituras, o
nascimento Virginal de Cristo, entre outros assuntos, seja removido do
debate para que haja diálogo. Mas, como negociar fundamentos da fé e
manter a fé cristã ao mesmo tempo?
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BITUN, Ricardo. Mochileiros da fé. São Paulo: Reflexão. / RAMOS, Ariovaldo. Nossa
igreja brasileira. São Paulo: Hagnos. / RAMOS, Ariovaldo. Ação da Igreja na Cidade. São
Paulo: UP. / STEUERNAGEL, Valdir (org.). A missão da igreja. São Paulo: Missão.
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Ver https://professoragiseleleite.jusbrasil.com.br/artigos/428574420/a-etica-e-moral-na-
pos-modernidade.
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Vamos falar de Teologia 129
cada pessoa exerce por meio de suas atitudes o “estar junto com o outro”
na vida cotidiana.
A Ética da modernidade era a possibilidade de prever e se
preparar para o mundo. Na pós-modernidade é contingente, imprevisível e
relativa: na medida em que surge a dificuldade, ter-se-á apenas uma
resposta para sua solução. O homem pós-moderno, inclua-se o religioso,
é um homem desorientado. Desorientado não no sentido de perdido (ainda
que o seja), mas não condicionado por padrões pré-determinados. Nesta
visão, consideram-se, como estado de alienação ou de coação, agentes
condicionados por estas mesmas formulações estáticas pré-concebidas.
Não seria o caso dos religiosos?
As questões éticas e morais, no entanto, se impõe, seja no cotidiano
seja nas questões mais vitais da humanidade. O homem é assim, um ser
em constante angústia. Isto justifica a quantidade enorme de problemas
mentais da natureza da ansiedade e da depressão. Eis um novo confronto
moral versus sociabilidade e a solução: o politicamente correto as
consequências: esfriamento da religião e secularização da fé.
O que temos é uma espécie de particularização da fé, com
resultados a olhos vistos: os conflitos de natureza moral e ética relegados
ao particular e agora há o conflito entre o particular e o coletivo, mas a
moralidade não se estabelece no particular, mas no coletivo. Mas este
coletivo é o mercado (ver adiante).
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PROBLEMAS DE ORTOPRAXIA
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em si, ou seja, suas igrejas são conhecidas por eles, um verdadeiro culto
personalista, ocupam rádios, redes de televisão em horário nobre, lançam
produtos religiosos, disputam fiéis que se revezam em muitas destas
igrejas. Cultos são cada vez mais parecidos com shows cujas produções não
deixam em nada a desejar os espetáculos do mundo de entretenimento: há
um mercado e um público ávido por consumir religião a se conquistar.
Sucesso, neste caso, é medido em números: cifras monetárias,
tamanho e ostentação de luxuosos templos e quantidade de fiéis – valores
seculares e mundanos.
Gilles Lipovetysk, filósofo francês, e estudioso dos efeitos do
capitalismo sobre o comportamento humano, mostra claramente que este
sucesso impulsionado e sustentado pelo dinheiro influencia não apenas no
bolso e no poder aquisitivo, mas trazem transformação na cosmovisão.
Igrejas e pastores são pressionados por resultados. Devem dar lucro e
produzir cifras milionárias a cada mês. Há um claro conflito ao servilismo
desinteressado, pelo menos do ponto de vista material, por parte das igrejas.
Ainda que muitos se incomodem com este mercantilismo evangélico, o fato
é que igrejas estão cada vez mais lotadas e cada vez mais ricas. E cada vez
mais secularizadas. São negócios, verdadeiras empresas, e não mais
igrejas.
Envolvimento como expectador passivo oposto a contribuição de
cada membro
Aqui temos claramente o resultado do clientelismo religioso que boa
parte das igrejas evangélicas está sofrendo. Mas qual seria sua origem? Na
falta de exercício e compreensão do sacerdócio universal de todos os
crentes e, como já dito mais de uma vez, no próprio processo de
mercantilização da fé.
No entanto, esta situação de clientelismo é cômoda para uns e
favorável para outros. Muito provavelmente, as matrizes africanas e
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A Profissionalização da fé e da igreja
O que tratamos aqui é o conflito entre organismo e organização. É
igreja é chamada e reconhecida no registro bíblico com corpo (organismo)
de Cristo, do qual Cristo é a cabeça. Isto denota dinâmica, vida,
movimento, ações interdependentes.
Mas a igreja é também uma organização. Ela faz parte de um país.
Paga impostos, tem patrimônio dentro de uma cidade, movimenta pessoas,
pode ser responsabilizada civil e criminalmente e é convocada para se
posicionar diante da sociedade. A igreja pode ser composta de ministros
(chamados e vocacionados), profissionais (pagos pelas regras do país e da
cidade) e por voluntários (crentes da igreja com trabalhos e ministérios
específicos).
A igreja, como dito, possui ministros pagos em período parcial e
integral. John Piper, pastor batista, é categórico em afirmar que pastores
não são profissionais, mas homens com um chamado especial para pregar,
ensinar e cuidar. As igrejas nem sempre entendem bem como isto se dá.
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PROBLEMAS DE ORTOPATIA
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In: https://www.esbocandoideias.com/2017/01/pecado-mudar-de-igreja.html
acesso em 24/05/19 11.35.
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(4) Mas uma coisa que acho importante orientar é que, se for
sair da sua igreja, que busque sair em paz. Eu sei que nem
sempre isso é fácil, pois algumas pessoas ficam magoadas com
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Quanto à ortodoxia
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homem do povo¨, ¨ele é um homem que veio do povo¨, são frases que
ouvimos e que conhecemos bem. Por que não aprender com os mesmos,
mas a bem da verdade?
O povo gosta da ideia de que pastores se pareçam gente comum. E,
na verdade, são mesmo.
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Quanto à ortopraxia
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Teologia da Missão Integral.
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https://reflexoes-e-flexoes.blogspot.com.br/2017/09/sermao-de-10-de-setembro-em-isaias-
13.html
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http://prazerdapalavra.com.br/colunistas/oswaldo-jacob/14076-o-cristao-nominal-
oswaldo-jacob
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Vamos falar de Teologia 155
identificação plena com Cristo na Sua morte e na Sua ressurreição (Rm 6.1-
11). Ao se converter, não sendo mais nominal, ele testemunha
corajosamente do Evangelho de Cristo è semelhança de Paulo quando ele
diz: “Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de
Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também
do grego” (Rm 1.16). Para o cristão genuíno, o viver é Cristo e o morrer é
lucro (Fp 1.21). Ele possui um imenso prazer em servir a Cristo dentro e
fora do santuário sempre para a Glória de Deus Pai.
O cristianismo nominal, em última instância, não é cristianismo. Um
problema sério de disciplina é o que temos aqui, no que diz respeito a quem
faz parte ou não do corpo local de crentes e que pode representar a igreja,
mas uma questão importante. A quem compete este problema? Quem julga
e quem avalia? Difícil responder por causa do autoritarismo que pode gerar
se respondermos que é um agente humano e o subjetivismo se delegarmos
ao Espirito Santo (quem o ouve e interpreta sem erros?). Talvez caiba a
igreja como um todo este juízo e decisões de ordem disciplinares tão
importantes.
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Conclusão
Neste breve texto introduzimos um assunto fundamental para a
igreja: o processo avançado de secularização que vivemos.
O secularismo implica em um problema de cosmovisão que afeta a
religião e a compreensão da revelação e a relação de Deus com o mundo.
O secularismo cresce à medida que a igreja acua e não age de modo
integral no mundo. Mesmo as ações que vemos e que parecem dar certo
frescor a toda esta problemática, ainda são poucas e muito tímidas.
Os problemas de comunhão e testemunho da igreja são também uma
fonte de esfriamento do fervor religioso. A fé se tornou um item de
mercado, mas como o mercado é regido por leis de oferta e procura, relação
custo e qualidade, relação custo e satisfação, parece demais exigir
fidelidade a qualquer igreja ou sistema religioso que seja. A ética pluralista
do politicamente correto também impede que qualquer ideia queira se
sobrepor a outras.
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HOMOSSEXUALIDADE E IDEOLOGIA
DE GÊNERO
Vamos tratar introdutoriamente sobre um assunto amplamente
discutido e que trás a tona muitas questões importantes: a
homossexualidade. Nossa abordagem será bíblica e pastoral, mas não
fugiremos das questões ideológicas, biológicas e comportamentais.
O assunto mereceria vários encontros, grupos de debate,
apresentação de vídeos além de muita troca de informação, ideias e
opiniões, mas não temos tempo para isto. O tempo que temos no MJA deste
mês, cerca de 40 minutos, é pouco demais para tanto. Por isto, vamos soltar
alguns textos, áudios e sugerir alguns vídeos e textos para os que quiserem
se aprofundar um pouco mais e se munir de informações para reflexão.
Neste primeiro momento vamos apenas apontar algumas diretrizes e
propor algumas perguntas para começarmos a pensar. Os assuntos seguirão
certa ordem temática, mas abaixo estão misturados de propósito.
Por que o assunto é tão importante?
O que a Bíblia diz sobre a homossexualidade?
O que a ciência diz sobre a homossexualidade? Existe
cromossomo gay?
Por que falamos de ¨ideologia de gênero¨? Existe
mesmo uma instrumentalização sócio-política da
homossexualidade?
O que seria amar um homossexual e não sua
homossexualidade? Dá para separar as coisas?
Devemos aceitar uma teologia inclusivista?
Existem mais gays hoje do que antigamente? Será que isto não tem a
ver com as mudanças na alimentação e com a presença de alimentos
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MORLEY, Patrick; DELK, David; CLEMMER, Bret. Homens além do churrasco e
futebol. São Paulo: Hagnos, 2012. 263 p.
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Vamos falar de Teologia 167
quente¨ nas mãos de líderes. No nosso caso a coisa é ainda mais complexa
já que ninguém é capaz de afirmar que não se deve amar alguém
sabidamente e assumidamente homossexual, mas é sempre difícil
determinar os limites de uma relação que pode ser tensa, já que todos os
holofotes estão sobre ela.
Além disto, devemos desconfiar da agenda LGBT. Muitos afirmam
que se todos os projetos anti-homofobia passarem, teremos a criação de
uma espécie de super-cidadão intocável, porque com muita facilidade
alguém poderá ser acusado de homofóbico pagando caro na justiça por
causa disto. O simples fato de ser religioso, e se for padre ou pastor pior
ainda, cria o rótulo de homofóbico. Um colega de classe na psicanálise
levou mais de oito meses para dizer que era gay porque tinha medo de mim
já que rapidamente me apresentei como evangélico e pastor. Ele era filho
de pastor e tinha passado pela terrível experiência de ser expulso de casa
por ser homossexual. Ainda era 2010 e a coisa não era tão intensa como
hoje.
Outra questão importante diz respeito àqueles que querem deixar a
homossexualidade. Muitos dizem que não se deve falar disto e
pejorativamente criaram a expressão ¨cura gay¨. No entanto, muito
timidamente e secretamente, há muitos que gostariam de um tratamento ou
de poder falar do quanto ser gay pode ser angustiante, mas não encontram
espaço para isto. O CRP24 de um psicólogo, por exemplo, pode ser cassado
se porventura ele for denunciado fazendo terapia com alguém assim.
Neste ponto ainda temos outra questão: se é um comportamento que
a pessoa controla e decide, uma forma de construção social, por que os gays
não podem decidir o contrário, ou seja, decidir não ser mais gay? Se for
uma condição biológica, porque ninguém conseguiu provar isto, e porque o
próprio movimento não insiste nesta questão tão fundamental e que
24
CRP é o Conselho Regional de Psicologia, órgão que regulariza em cada estado a
profissão de psicólogo.
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Vamos falar de Teologia 169
a dia como pessoas e como servos de Deus. A Bíblia não trata com detalhes
de todas as possibilidades do convívio humano, mas baliza a conduta, o
caráter e nos mostra a vontade Deus para seus servos, além de apontar o
futuro da humanidade com base na sua relação com Cristo. A Bíblia é o
único documento confiável que temos e que revela a vontade de Deus.
Na Bíblia não vemos longos textos e longas explicações a respeito da
homossexualidade, mas apesar de pontuais são suficientemente claras
quanto ao que significa: pecado. E pecado é o que desagrada a Deus e nos
afasta dele (Rm 3.23). Alguns textos que tratam de homossexualidade na
Bíblia são:
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Uso estes dois termos nas seguintes condições. Por sexualizado compreendo um
ambiente onde o sexo está presente por suas mais diversas formas. Por sensualizado
compreendo o ambiente onde há insinuação e provocação de natureza sexual.
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A expressão pós-modernidade prevaleceu para explicar a realidade atual. Existem, no
entanto, outras expressões como modernidade líquida, modernidade tardia e
hipermodernidade. Cada uma delas revela uma faceta da complexidade que vivemos em
todos os aspectos.
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outras áreas externas àquele ramo da ciência. Não podemos negar que esta
última fase pode ser conflitante, e que interesses outros sempre existem nas
análises científicas, que podem readaptar os dados para que os resultados
atendam a interesses outros como políticos, econômicos, religiosos,
sociológicos, etc.
Um famoso caso aconteceu no EUA com o psiquiatra John Money e
a família Reimer. Bruce, filho da família Reimer, teve o pênis mutilado
após um erro médico durante uma cirurgia. Conhecendo a situação da
família, Reimer sugeriu que o pênis dilacerado fosse amputado e que seria
melhor para Bruce crescer como Brenda do que castrado. Aos 17 meses de
idade ele passou pela cirurgia e teve início um longo caso de
acompanhamento. Aos nove anos de idade de Brenda (Bruce), o Dr. Money
descreveu o caso como um caso de sucesso, ou seja, o meio e a criação
tinham sido determinantes para que Bruce se tornasse uma mulher,
ignorando diversas dificuldades de adaptação ao longo da infância quando
Brenda (Bruce) insistia em brincadeiras masculinas e dificuldades de lidar
com roupas femininas, por exemplo.
Aos 13 anos de idade, Brenda (Bruce) foi tomada por ideias suicidas.
As consultas com o Dr. Money pararam quando a família contou a Brenda
o que aconteceu e esta passou a tentar viver como David, passando por
tentativa de reconstrução do órgão genital. Ele chegou a se casar, mas aos
30 anos se divorciou e em 2002, aos 38 anos de idade, morreu por abuso de
drogas. Ainda se tenta tratar pessoas com aquilo que chamam de distúrbio
do desenvolvimento sexual, mas o caso usado como emblemático, é ainda
um caso de completo fracasso, mas vendido como bem-sucedido.
É possível, também, encontrar vídeos na Internet, material escrito,
palestras e gente defendendo a ideia de que há um processo de
homossexualização no mundo como consequência da alimentação. Os
defensores desta vertente afirmam que a larga industrialização de produtos
com conservantes, corantes e outros modificadores; o uso em larga escala
de agrotóxicos na natureza; a injeção de hormônios para rapta engorda
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Cruzadas e que persistem como uma sociedade, já não tão secreta, até os
dias de hoje. Ou mesmo a versão gnóstica do cristianismo.
Lembram-se do filme que virou livro: o Código Da Vinci? Nele o
autor sugere que o Santo Graal não seria um objeto que provaria que Jesus
viveu muito tempo após o período que supostamente teria ressuscitado,
tendo formado família, mas que o Santo Graal seria a proteção da
genealogia de Cristo, ou seja, de seus filhos biológicos com Maria
Madalena, e estes descendentes seriam guardados por esta organização até
hoje. A exposição deste segredo iria, segundo esta teoria, destruir os
alicerces da igreja cristã. A manutenção deste segredo sustentaria os
desmandos da igreja, o domínio social da religião, suas intervenções na
politica e economia.
Quem nunca ouviu falar da maçonaria? Uma sociedade quase
invisível, mas onipresente, com seus graus, seus cultos não muito claros e
não muito bem explicados, seus sinais, suas assinaturas, suas reuniões
secretas e que, aos que muitos insinuam, promete poder e riquezas aos seus
membros? Um rápido exame desta sociedade desmente muito destas
informações.
O século XX foi um século intenso e cheio de histórias mal contadas
e estranhas. As histórias que antecedem a Segunda Guerra Mundial em
1944 são volumosas, documentadas e cheias de detalhes. Uma das grandes
dificuldades apresentadas hoje em dia é sobre qual posição que Hitler
representava: de direita ou de esquerda? Talvez alguns bastidores da vida
de Hitler nos ajudem a entender.
Hitler queria o domínio da Europa, mas não conseguiria isto sozinho.
Stalin, seu contemporâneo, se orgulhava de ter instituído o comunismo da
antiga União Soviética e também sonhava com o comunismo em toda a
Europa. A união dos dois nunca ficou muito clara para o público daquele
tempo e até mesmo para o público de hoje. No entanto, há documentos de
acordos secretos feitos entre ambos na calada da noite. O ataque à Finlândia
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O programa Big Brother Brasil é uma versão nacional do programa internacional baseado
no livro de Orwell onde uma pessoa, ou todas, tem acesso à tudo o que as pessoas fazem e o
poder de decidir o que fazem também.
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A autoria do livro é de Engels, mas ele partiu de várias anotações deixadas por Marx.
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https://luizmuller.com/2017/09/10/a-origem-da-familia-da-propriedade-privada-e-do-
estado-um-texto-atual/
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Vamos falar de Teologia 192
condição social decaiu para um tipo de servidão. Essa tese, afirmando que a
origem da opressão é cultural e pode vir a desaparecer no futuro, refuta as
interpretações que buscam um fundamento biológico “natural” para a
opressão feminina, como ocorria, por exemplo, no liberalismo preocupado
com a questão da emancipação da mulher de Stuart Mill, que identificava a
origem da opressão feminina na maior força física dos homens.
O livro de Engels representa um posicionamento político diante de
todas as formas de opressão, que, para ele, possuem raízes comuns,
chegando a dizer que “na família, o homem é o burguês e a mulher o
proletário”. Nesse sentido, dando continuidade a uma tradição que tem
antecedentes no utopista francês Charles Fourier, ele participou da
fundação das bases teóricas do feminismo político contemporâneo. A
defesa não só da igualdade política, mas da conversão da economia
doméstica num assunto público, com a reincorporação plena das mulheres
na “indústria social” definiu um programa necessário para a emancipação
feminina.
Mas, como já dito anteriormente, ao custo da destruição da família.
A homossexualidade, dentro deste conceito, seria instrumentalizada
(vocabulário próprio do movimento) para atender a este fim maior.
Estrutura hegeliana, uso cientifico do termo gênero, discurso
desconstrucionista e senso de urgência na causa são os principais elementos
na construção desta agenda. Sendo a base para o feminismo, a
homossexualidade, entre outros assuntos desta mesma agenda.
Perceba que os conservadores, religiosos, entre outros, são aqueles
que defendem a família tradicional e, não necessariamente, apresentam a
uma agenda homofóbica, mas os defensores destas ideologias jamais
dissociam uma coisa da outra.
Teorias conspiratórias ou não, estamos nós aqui, nos debruçando
com muita atenção sobre o assunto. Teorias conspiratórias ou não, já é
possível assistir vídeos na Internet de mulheres europeias sofrendo pela
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desastrosa, mas não estou torcendo para isto. No entanto, alguém vai ter
que explicar isto melhor.
A informação repetitiva e insistente é capaz de nos sensibilizar e nos
dessensibilizar quanto ao seu assunto alvo. Quem detém os meios de
comunicação é capaz de ditar as nossas agendas e nossas preocupações.
Estar bem informado, ter informação de boa qualidade e em boa
quantidade, exige muito esforço, trabalho, tempo e pode custar muito caro
e, além disto, pouca gente tem esta gama toda de possibilidades e
capacidades, além da vontade. Alguns na verdade simplesmente regurgitam
o que vem a mente. A facilidade de produzir conteúdo tem formado uma
série de especialistas de plantão com milhares de seguidores, gente bem
intencionada, mas mal orientada e mal informada. Mas em meio a estes
sinceros, mas errados, existem aqueles que estão muito conscientes do que
dizem e onde querem chegar, tanto para o bem quanto para o mal.
Fecha parênteses.
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Mas estas listas não são definitivas, veja outra lista a seguir:
Gêneros binários: Feminino, Masculino.
Gêneros não-binários: Agênero, Andrógino, Genderqueer,
Homem não-binário, Mulher não-binária, Negativo,
Pangênero, Positivo, Transmasculino, Travesti não-binária.
Gêneros não-ocidentais: Alyha, Ay’lonit, Androgynos, Badés,
Baklâ / Bayot, Bissu, Calabai e Calalai, Dalopapa / Binabaye,
Ektomias, Fa’afafine, Fakaleiti.
Orientações sexuais / sexualidades: Androssexualidade,
Assexualidade, Bissexualidade, Ginessexualidade,
Skoliossexualidade.
Orientações românticas / romanticidades:
Androrromanticidade, Arromanticidade, Birromanticidade,
Ginerromanticidade, Skoliorromanticidade.
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Esta experiência foi farta para mim. Cresci em uma rua onde que
havia travestis e uma região onde a prostituição era comum. No entanto, é
muito raro ouvir que há embates, brigas, animosidades e divergências
muito sérias entre homossexuais e heterossexuais. Mesmo aqueles que são
cristãos dizem manter relações cordiais e honestas com homossexuais. As
queixas que costumo ouvir dizem respeito ao mau caráter de muitos, mas
ser mau caráter é característica da humanidade. Com certeza isto não é
condicionado pela sexualidade. Pelas igrejas que passei sempre tivemos
homossexuais presentes. Alguns se batizaram, se tornaram membros da
igreja, outros não, alguns manifestaram a homossexualidade tardiamente e,
por isto, causaram incômodos e muitas debates, mas de modo geral, tanto
eles quanto nós sobrevivemos.
Quando acontece a crentes que já estão na igreja há tempos e, muito
mais quando isto acontece em famílias cristãs, sempre haverá alguém
procurando a culpa ou responsabilizando alguém. Alguns podem afirmar
que há uma crescente aceitação por parte de cristãos guiada por um
comodismo gerado pelo tempo que é capaz de acalmar os ânimos e nos
fazendo arrefecer na disciplina. O fato é que, aqueles que se dizem ou
assumem como homossexuais, parecem saber seu espaço. Eu nunca me vi
obrigado a aceitar qualquer comportamento e nem mesmo a fazer qualquer
outra coisa da qual não estivesse convicto. As famílias cristãs que conheço
e que tiveram esta experiência, viveram tal experiência sob muita dor,
dúvidas, acusações internas e externas, mas para não dividir a família
definitivamente se viram obrigados a aceitar a nova condição e manter a
paz. O que digo aqui é apenas a observação sem qualquer juízo de valor.
No ambiente de trabalho, na escola ou na vizinhança, uma vez que
sejamos conhecidos como cristãos, somos rejeitados e muitos temem
nossos possíveis julgamentos e acusações, ou seja, ainda mais embates com
os homossexuais. Há toda uma mídia que semeia a ideia de que cristãos são
naturalmente e necessariamente avessos e antipáticos a pessoas
homossexuais. O contrário é verdade. Cada vez mais os cristãos,
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Vamos falar de Teologia 205
conscientes desta luta provocada por grupos específicos e pela mídia, têm
procurado se aproximar, dialogar e conviver com a homossexualidade.
Muitos têm sido escritos, cada vez mais vemos vídeos na Internet
discutindo a questão, mas muitos outros, caminhando para o extremo
oposto, têm usado indevidamente a Bíblia e assumido posições que
convencionamos chamar de inclusivista. Já há igrejas inclusivas e pastores
homossexuais casados com pessoas do mesmo sexo.
O relacionamento com pessoas homossexuais tem se tornado
delicado já que qualquer rejeição, recusa, crítica ou comentário logo é
associado à uma rejeição à opção sexual da pessoa. Apesar da insistência de
muitos que de a sexualidade não define a vida da pessoa como um todo,
estar nessa mesma condição é, no discurso de muitos, o motivo da
aceitação ou da recusa. É confuso? Sim.
Um grande debate dentro da questão diz respeito a homofobia, ou
seja, o medo dos homossexuais, que explicaria assassinatos, recusa de
ofertas de empregos, problemas familiares sérios. O fato é: há pessoas
assassinadas por serem homossexuais? Não tenho dívidas. Há pessoas cujas
portas de emprego lhes foram fechadas por causa da homossexualidade?
Sim. Há casos de jovens, por exemplo, expulsos de casa pelos pais por
causa da homossexualidade? Sim. Não podemos afirmar, em um país com
cerca de 208 milhões de habitantes e de perfil conservador, que coisas
como estas não aconteçam. Eu ainda namorava a Vera quando um
homossexual chegou à nossa igreja, com trejeitos muito claros. A aceitação
dele na igreja foi muito tranquila. A forma próxima e intensa dele cativou
muita gente. Eu e a Vera nos tornamos seus amigos. Passamos a visitar a
sua casa regulamente e a estudar a Bíblia com ele.
Poucos meses depois, infelizmente, ele descobriu que era soro
positivo, começou a sofrer as consequências da AIDS e resolveu abandonar
tudo e voltar para a casa dos pais na Bahia. Não foi possível impedi-lo. Não
havia tratamento com coquetéis de drogas como hoje. A última notícia que
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tivemos dele foi à de que seu pai simplesmente não permitiu que ele
permanecesse com eles por causa da homossexualidade e da AIDS e pouco
tempo depois ele morreu provavelmente em profunda solidão no interior da
Bahia. Mais de 20 anos depois ainda lembro bem dele e sei que foi um
prazer tem convivido com ele ainda que por tão pouco tempo, ter
compartilhado o Evangelho com ele, mas infelizmente saber que partiu em
situação provavelmente muito ruim.
Outro rapaz, que mais tarde assumiria sua homossexualidade, cantou
em meu casamento, cerca de dois anos depois deixaria a igreja, a família, o
bairro que morava e o contato com todos nós da igreja. Não me lembro de
ter vivido com a igreja grande dor ou embaraço por esta situação e
revelação. Havia em muitos o sentimento de verdadeira amizade com ele.
Ele era ativo na igreja e muito presente. Sua decisão de se afastar pode ter
evitado maiores problemas para ele e para a igreja. Não sei como seria se
houvesse insistência da parte as dele em permanecer assumindo sua
condição, principalmente nos idos da década de 1990. Como pastor, coloco
limites claros na relação de homossexuais com a igreja, mas eles são muito
mais respeitosos do que se pode imaginar. Os que conheci de perto
passaram por lutas, por dúvidas intensas, e sabiam da sua inadequação com
a Bíblia e com a igreja.
No entanto, nos últimos anos tem aumentado a exposição e certa
imposição da homossexualidade por meio da mídia, que explora o tema ao
máximo em todos os horários do dia em programas de entrevistas, filmes,
documentários e, sobretudo em novelas, além da marcha gay, evento anual
de grande repercussão e exposição. Os arredores da marcha gay são o palco
de atitudes indescritíveis. A mídia enfatiza a presença de religiosos, de
famílias com crianças, mas ocultam o lado sujo da história. Não somente
nas marcha gay, mas em encontros promovidos por movimentos LGBT,
sigla que muda a cada ano, podemos ver muita imoralidade e provocação
social. Mais uma vez, alguém pode afirmar que isto é muito generalista e
não descreve a situação de todos. Terei que concordar. O que quero dizer
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Conclusão
Estamos ainda muito longe de uma solução universal que seja capaz
de abarcar a totalidade da questão porque há mais do que a religião
envolvida na questão. Questões políticas, econômicas, questões relativas ao
direito às liberdades individuais estão envolvidas. O discurso dos
pregadores da ideologia de gênero é confuso e pode mudar ao sabor dos
ventos.
Há muito mais envolvido na questão, como vimos, do que
simplesmente a homossexualidade. A destruição da família, o
enfraquecimento das nações, a destruição do cristianismo também estão
envolvidos. Pautas como desarmamento da população, aborto, legalização
de drogas, entre outros assuntos, são pautas da mesma agenda e defendidas
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Há um vídeo sugerido no final do texto onde aparece uma patética manifestação de
homens na Europa. São incapazes de defender o próprio país e muitas mulheres têm sido
estupradas na Europa como resultado da invasão de países em guerras e conflitos.
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https://nacoesunidas.org/tema/ods5/
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CONCLUSÃO
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SOBRE O AUTOR
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