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Betão Armado I: CAP II – Estado Limite Último de Flexão

2.1 Estado Limite Último de Flexão.............................................................................................19


2.1.1 Definição do Estado Limite Último de Resistência à Flexão, de Secções de Betão
Armado. ..................................................................................................................................19
2.1.2 Bases de Cálculo...........................................................................................................21
2.1.3 Possíveis Diagramas de Rotura. ...................................................................................25
2.1.4 Método do Diagrama Rectangular................................................................................28
2.2 Dimensionamento e Verificação da Segurança de Secções Sujeitas à Flexão Simples ......29
2.2.1 Método geral..................................................................................................................29
2.2.2 Método do Diagrama Rectangular Simplificado ............................................................31
2.2.3 Grandezas Adimensionais.............................................................................................32
2.3 Secções Rectangulares Sujeitas à Flexão Simples ..............................................................33
2.3.1 Secções Simplesmente Armadas..................................................................................34
2.3.2 Secções Duplamente Armadas .....................................................................................35
2.3.3. Secções Rectangulares. Formulas Simplificadas.........................................................38
2.4 Secções em T Sujeitas à Flexão Simples .............................................................................39
2.4.1 Largura efectiva do banzo .............................................................................................39
2.4.2 Dimensionamento de armaduras...................................................................................41
2.4.3 Flexão simples de secção T equivalente.......................................................................42
2.4.4 Vigas em T. Fórmulas Simplificadas .............................................................................43
2.5 Dimensionamento de Secções de Betão Armado Sujeitas à Flexão Composta...................44
2.5.1 Flexão Composta com Grande ou Média Excentricidade .............................................44
2.5.2 Elementos de Secção Simétrica - Flexão Composta com pequena Excentricidade .....46
2.6 Dimensionamento de Secções Submetidas a Tracção e Compressão Simples ..................47
2.6.1 Compressão simples .....................................................................................................47
2.6.2 Tracção simples.............................................................................................................47
2.7 Verificação da Segurança de uma Estrutura Reticulada ao Estado Limite Último de Flexão48
2.7.1 Análise Estática Linear dos Esforços Actuantes ...........................................................48
2.7.2 Análise Estática Linear dos Esforços Actuantes Seguida de uma Redistribuição de
Esforços..................................................................................................................................49

João Veludo/Paulo Fernandes


Betão Armado I: CAP II – Estado Limite Último de Flexão

2.1 Estado Limite Último de Flexão


2.1.1 Definição do Estado Limite Último de Resistência à Flexão, de Secções
de Betão Armado.
A determinação da capacidade resistente das secções de betão armado baseia-se em geral
na construção de um modelo simples que simule o comportamento último das secções e
em hipóteses simplificativas (artº 52 do REBAP) que especificam as condições em que
se considera que a secção atingiu a sua capacidade última (rotura convencional).

- Secções planas mantêm-se planas na deformação;


- As variações das deformações no aço e no betão envolvente são iguais (aderência
perfeita);

- O betão não resiste à tracção;


- A deformação máxima de encurtamento do betão é limitada a 0,0035 excepto quando toda
a secção estiver sujeita a tensões de compressão, situações em que variará gradualmente
entre 0,0035 e 0,002 (extensões uniformes em toda a secção);

- A máxima deformação de alongamento das armaduras ordinárias é de 0,010.

Figura 2. 1 - Diagramas correspondentes à rotura de uma secção de betão armado

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Zona 1 - Tracção simples ou composta (pequena excentricidade)


Toda a secção está traccionada. O betão não contribui para a capacidade resistente. A
recta de deformação roda em torno do ponto A. Extensão do aço 0,010 e a linha neutra
varia entre x=0 e x=-∞.

Zona 2 - Flexão simples ou composta (grande ou média excentricidade)


As rectas de deformação rodam em torno do ponto A. Extensão do aço εs=0,010 e a
extensão máxima de compressão do betão limitada a εc≤-0,0035. Linha neutra varia entre
x=0 e x=0,259d.

Zona 3 - Flexão simples ou composta (grande ou média excentricidade)


As rectas de deformação rodam em torno do ponto B. Extensão do aço εy≤εs≤0,010 e a
extensão máxima de compressão do betão igual εs=-0,0035. Linha neutra varia entre
x=0,259d e x=xlim.

Zona 4 - Flexão simples ou composta (pequena e média excentricidade-


- compressão)
As armaduras estão todas comprimidas e parte do betão traccionada. As rectas de
deformação rodam em torno do ponto B. Linha neutra varia entre x=d e x= h.

Zona 5 - Compressão simples ou composta (pequena excentricidade)


As armaduras e o betão trabalham à tracção. Extensão no betão
-0,002≤εc≤-0,0035. As rectas de deformação rodam em torno do ponto C. Linha neutra
varia entre x=h e x=+∞.

A rotura associada aos domínios 1 a 3 é uma rotura dúctil (grandes deformações até à
rotura) e nos domínios 4 e 5 rotura frágil (flechas e deformações muito pequenas). Deve

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evitar-se dimensionamentos à flexão simples que conduzam a estados limites


últimos associados aos domínios 4 e 5.
De acordo com o anteriormente descrito, uma secção pode atingir a rotura nas seguintes
situações:

- Peças submetidas à tracção, ou a pequena flexão, o estado limite último é originado pela
rotura das armaduras εs=0,010;

- Peças submetidas à flexão com excentricidade (média ou grande) o estado limite é definido
pela plastificação do betão com deformações da ordem εc=0,0035;

- Peças submetidas à compressão simples ou composta. O colapso verifica-se pela


plastificação do betão com εc=0,002.

2.1.2 Bases de Cálculo

a) Caracterização do estado limite


- tracção simples ou composta
- compressão simples ou composta

b) Compatibilidade de deformações
- As secções mantêm-se planas após a deformação (l0/h>2). A variação das deformações é
linear

- A deformação do betão e do aço é igual ( ε c = ε s ).

c) Relações tensões - extensões de cálculo do betão

MSd
LN

Figura 2. 2 - Diagrama parábola-rectângulo Figura 2. 3 - Diagrama rectangular simplificado

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d) Relações tensões - extensões de cálculo do aço

Figura 2. 4 - Relações tensões – extensões de cálculo do aço

e) Equações de Equilíbrio e de Compatibilidade


Seja uma secção simétrica, de forma qualquer, submetida a qualquer das solicitações. As
equações de equilíbrio, correspondentes ao Estado Limite Último, podem escrever-se da
seguinte forma.

Nr

c
F s2
s1 f s1
As2 Fc

As1 F s1
s2 f s2

Condições de equilíbrio de uma secção - caso geral

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e1) Equações de Equilíbrio

N r = ∫ by ⋅ f cy ⋅ dy + ∑ Asi ⋅ f si
h
(2.1)
0

M r = N r ⋅ e1 = ∫ by ⋅ f cy ⋅ (d − y ) ⋅ dy + As 2 ⋅ f s 2 ⋅ (d − a )
h
(2.2)
0

com o seguinte significado:


Nr = esforço normal de rotura;
e1 = excentricidade de Nr à armadura mais traccionada ou menos comprimida;
As1 = área da armadura mais traccionada ou menos comprimida;
As2 = área da armadura mais comprimida ou menos traccionada;
x = distância do eixo neutro à fibra mais comprimida;
d = altura útil (distância da fibra mais comprimida ao centro de gravidade das armaduras
traccionadas;
h = altura da secção;
by = largura genérica da secção;
y = profundidade genérica;
a= distância do centro de gravidade da armadura As2 à fibra mais comprimida ou menos
traccionada;
fcy = compressão do betão à profundidade y;
fs1 = tensão na armadura As1;
fs2 = tensão na armadura As2.

e2) Equações de Compatibilidade

εc εy ε s1 ε s2
= = =
x x− y d−x x−a

A determinação dos Esforços Resistentes (Mr, Nr) de uma secção sujeita à flexão simples
e composta obtêm-se para uma dada distribuição de armadura, a partir de possíveis
diagramas de rotura (que incluem as equações de compatibilidade), das relações
constitutivas dos materiais e das condições de equilíbrio da secção.

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Para um dado diagrama de deformação associado ao estado limite último, obtêm-se das
equações de equilíbrio um par de esforços (Nr, Mr).

Varrendo a secção com possíveis diagramas de deformações associadas aos estados


limites últimos obtêm-se um diagrama de interacção (Nr, Mr). Repetindo-se o
procedimento para vários níveis de armadura (%) obtêm-se os diagramas de
dimensionamento.

Nr

M Mr

Diagrama de interacção (Nr, Mr)

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2.1.3 Possíveis Diagramas de Rotura.

Zona 1 - Tracção simples ou composta (pequena excentricidade)


f s 2 ≤ f syd f s 2 = ε s 2 ⋅ Es ≤ f syd −∞ ≤ x ≤ 0

N r = As1 ⋅ f syd + As 2 ⋅ f s 2 M r = N r ⋅ e1 = As 2 ⋅ f s 2 ⋅ (d − a )

x+a
ε s 2 = 0,01 ⋅
x+d

c F s2
f s2
As2 s2 As2

Nr

As1 s1 f s1 As1 F s1

Figura 2. 5 - Tracção simples ou composta

Zona 2 - Flexão simples ou composta (grande ou média excentricidade)


f s 2 ≤ f syd f s1 = ε s1 ⋅ Es = f syd 0 ≤ x ≤ 0,259d

N r = −b ⋅ x ⋅ψf cd − As 2 ⋅ f s 2 + As1 ⋅ f syd

M r = N r ⋅ e1 = b ⋅ x ⋅ψf cd ⋅ (d − λx ) + As 2 ⋅ f s 2 ⋅ (d − a )

εc ε s2 0,01
= =
x x−a d−x

Flexão simples ou composta

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Zona 3 - Tracção simples ou composta (pequena excentricidade)


ε s 2 ≥ 0,002 f s 2 = f syd

N r = −0,688 ⋅ b ⋅ x ⋅ f cd − As1 ⋅ f syd + As 2 ⋅ f syd

M r = N r ⋅ e1 = 0,688 ⋅ b ⋅ x ⋅ f cd ⋅ (d − 0,416 x ) + As 2 ⋅ f syd ⋅ (d − a )

Flexão simples ou composta (média e pequena excentricidade)

Zona 4 - Flexão simples ou composta (média e pequena excentricidade)


f s1 = ε s1 ⋅ Es ≤ f syd xlim ≤ x ≤ d

N r = −0,688 ⋅ b ⋅ x ⋅ f cd − As 2 ⋅ f syd + As1 ⋅ f s1

M r = N r ⋅ e1 = 0,688 ⋅ b ⋅ x ⋅ f cd ⋅ (d − 0,416 x ) + As 2 ⋅ f syd ⋅ (d − a )

Figura 2. 6 - Flexão simples ou composta (média e pequena excentricidade)

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Zona 5 - Compressão simples ou composta (pequena excentricidade)

N r = −0,688 ⋅ b ⋅ x ⋅ f cd + As1 ⋅ f s1 + As 2 ⋅ f syd

M r = N r ⋅ e2 = b ⋅ h ⋅ f cd ⋅ (λ ⋅ h − a ) + As 2 ⋅ f syd ⋅ (d − a )

x−d
h ≤ x ≤ ∞ ε s1 = 0,002 ⋅ f s1 = ε s1 ⋅ Es ≤ f syd
x − 3/ 7 ⋅ h

Compressão simples ou composta (pequena excentricidade)

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2.1.4 Método do Diagrama Rectangular


Este método simplificado permite de uma forma simples o cálculo do momento resistente
(Mrd) e o dimensionamento das armaduras (As).

Para a utilização deste método admite-se as seguintes hipóteses:


- É nula a tensão numa zona igual a 0,20x a partir da linha neutra;
- Na restante zona (0,8x) a tensão considera-se constante e igual a:
- 0,85 fcd, para secções de largura constante ou quando a secção aumenta no
sentido das fibras mais comprimidas;

- 0,80 fcd, para secções que diminuem no sentido das fibras mais comprimidas;

Figura 2. 7 - Método do diagrama rectangular

Nota: A utilização deste método é particularmente útil para secções com geometria
complexa. Só é possível a utilização deste método para secções em que parte está
traccionada.

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2.2 Dimensionamento e Verificação da Segurança de


Secções Sujeitas à Flexão Simples
2.2.1 Método geral
Dados: geometria da secção, quantidade de armadura (As1 + As2), fcd e fsyd

As2 As2

MSd

As1 As1

Figura 2. 8 -

Incógnita: posição da linha neutra x?

O valor do momento resistente obtêm-se procurando, através de um processo iterativo, a


posição da linha neutra.

Este processo pode ser iniciado com um cálculo que permite verificar o tipo de rotura da
secção, se é condicionada pela deformação na armadura traccionada ou no betão
comprimido.

Fc = ψ ⋅ f cd ⋅ b ⋅ x

Fs 2 = f s 2 ⋅ As 2

Fs1 = f s1 ⋅ As1

Figura 2. 9 - Diagrama parábola rectângulo

Equações de Equilíbrio
- Equilíbrio Axial: Fs = Fc ⇔ ψ ⋅ fcd ⋅ b ⋅ x + f s 2 ⋅ As 2 = f s1 ⋅ As1

- Equilíbrio de momentos: ∑M As = M ⇔ M = ψ ⋅ fcd ⋅ b ⋅ x ⋅ ( d − λx ) + f s 2 ⋅ As 2 ⋅ ( d − a )

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Cálculo por iterações

1 – Fixar ε s = 0, 010 e ε c = 0, 0035

2 – calcular as forças axiais F

2a) Se Fc + Fs 2 > Fs1 então ε c < 0,0035 ,

LN tem de subir para diminuir Fc.

É necessário arbitrar valores de εc até que ΣF=0

2b) Se Fc + Fs 2 < Fs1 então ε s1 < 0, 010

LN tem de descer para aumentar Fc.

É necessário arbitrar valores de εs1 até que ΣF=0

3 – Conhecida a posição da LN e o diagrama de deformação correspondente ao estado


limite último calcular Mrd.

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2.2.2 Método do Diagrama Rectangular Simplificado

Fc

LN

M Rd

As1 Fs

Figura 2. 10 -

Dados: geometria da secção, quantidade de armadura (A), fcd e fsyd

i) Admitir a hipótese f s1 = f syd ( ε s1 ≥ ε syd ) – armadura em cedência;

ii) Determinar a posição da linha neutra;

Fc = Fs ⇔ 0,85 ⋅ f cd ⋅ Ac = As ⋅ f syd → x

iii) Calcular o momento resistente;

M Rd = As ⋅ f syd ⋅ ( d − 0,4 x)

iv) Verificar a hipótese admitida ε s1 ≥ ε syd

Rotura convencional:
- Pelo betão εc=0,0035
- Pelo aço εs1=0,010

Considerar εc=0,0035. Se ε s1 ≥ ε syd a hipótese está correcta.

Se ε s1 < ε syd ⇒ Fs < As ⋅ f syd é necessário diminuir a força de compressão e aumentar a

força de tracção → subir a posição da LN. Problema iterativo.

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2.2.3 Grandezas Adimensionais


Tem particular interesse o traçado de diagramas de interacção sob a forma adimensional
(independentes do tipo do betão).

As1

Figura 2. 11 - Diagrama parábola rectângulo

Equações de Equilíbrio
- Equilíbrio Axial: Fs = Fc ⇔ ψ ⋅ f cd ⋅ b ⋅ x + f s 2 ⋅ As 2 = f s1 ⋅ As1 (1)

- Equilíbrio de momentos: ∑ M As = M ⇔ M = ψ ⋅ f cd ⋅ b ⋅ x ⋅ ( d − λx ) + f s 2 ⋅ As 2 ⋅ ( d − a ) (2)

Substituindo 1 em 2 obtêm-se a seguinte expressão.


M = f s1 ⋅ As1 ⋅ (d − λx) − f s 2 ⋅ As 2 ⋅ (d − λx) + f s 2 ⋅ As 2 ⋅ (d − a) =

= f s1 ⋅ As1 ⋅ (d − λx) + f s 2 ⋅ As 2 ⋅ (λx − a) (3)

Considerando As 2 = β ⋅ As1 e f s1 = f syd , a equação (3) toma a forma:

⎛ x⎞ ⎛ x a⎞
M = f syd ⋅ As1 ⋅ d ⋅ ⎜1 − λ ⎟ + β ⋅ As1 ⋅ f syd ⋅ d ⋅ ⎜ λ − ⎟ ⇔
⎝ d⎠ ⎝ d d⎠
M A f syd ⎛ x⎞ A f syd ⎛ x a⎞ ⎛ a⎞
= s1 ⋅ ⎜1 − λ ⎟ + β ⋅ s1 ⋅ ⎜ λ − ⎟ ⇔ μ = ω ⋅ (1 − λ ⋅ α ) + β ⋅ ω ⋅ ⎜ λ ⋅ α − ⎟
b ⋅ d ⋅ f cd b ⋅ d f cd
2
⎝ d⎠ b ⋅ d f cd ⎝ d d⎠ ⎝ d⎠

x = α ⋅ d - posição da linha neutra;


M rd
μ= - momento flector reduzido
b ⋅ d 2 ⋅ f cd

As f syd
ω= ⋅ - percentagem mecânica de armadura
b ⋅ d f cd

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2.3 Secções Rectangulares Sujeitas à Flexão Simples


Para secções rectangulares submetias à flexão simples, as equações de equilíbrio,
correspondentes aos estados limites últimos, são as seguintes:

0 = ψ ⋅ f cd ⋅ x ⋅ b + As 2 ⋅ f s 2 − As1 ⋅ f s1

M r = Fc ⋅ z = ψ ⋅ f cd ⋅ (α ⋅ d ) ⋅ b ⋅ ( d − λ x ) + As 2 ⋅ f s 2 ⋅ ( d − a )

Em geral, o dimensionamento à flexão simples deverá requerer somente armadura na


zona traccionada. No entanto, em certas situações tal critério pode conduzir a situações
em que a armadura traccionada está a trabalhar abaixo da tensão de cedência. Nestas
situações deve ser colocada também uma armadura de compressão.

M Rd

Figura 2. 12 - a) secções simplesmente armadas b)secções duplamente armadas

x
Na situação limite a profundidade relativa da linha neutra, α = , é dada por:
d

0, 0035
α= (2.3)
0, 0035 + ε syd

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2.3.1 Secções Simplesmente Armadas


Para As2=0 e x ≤ xlim e f s1 = f syd :

Para o diagrama a) da figura 2.17 demonstra-se que:

Fc = 0,688 ⋅ x ⋅ f cd ⋅ d λx = 0,416 ⋅ x
e fazendo:
M rd A f syd x
μ= ω= α=
b ⋅ d 2 ⋅ f cd b ⋅ d f cd d

obtêm-se:

A f syd Fs Fc 0, 688 ⋅ b ⋅ x ⋅ f cd
ω= ⋅ = = = = 0, 688 ⋅ α (2.4)
b ⋅ d f cd b ⋅ d ⋅ f cd b ⋅ d ⋅ f cd b ⋅ d ⋅ f cd

M rd 0, 688 ⋅ b ⋅ x ⋅ f cd ⋅ ( d − 0, 416 ⋅ x )
μ= = = 0, 688 ⋅ α ⋅ (1 − 0, 416 ⋅ α ) (2.5)
b ⋅ d ⋅ f cd
2
b ⋅ d 2 ⋅ f cd

e atendendo às expressões anteriores:

μ = ω ⋅ (1 − 0, 605 ⋅ ω ) (2.6)

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2.3.2 Secções Duplamente Armadas


Adicionando uma armadura A*, distribuída pela armadura de compressão A*/2, e
aumentando a armadura de tracção de um valor igual A*/2, o acréscimo de momento vem
dado por:

dM rd = Fs * ⋅(d − a ) = ⋅ f syd ⋅ (d − a )
A*
2
sendo a variação de momento resistente com a área de armadura:
f syd
⋅ (d − a )
dM rd
= (2.7)
dA * 2
A s2
A*s /2

As A*s /2 As A
s1

situação A situação B
Figura 2. 13 - Secções simplesmente armadas e duplamente armadas

Em qual das situações o aumento da capacidade resistente da secção é maior em A ou B?

- Se a derivada do momento na situação A for superior à derivada do momento na situação


B → secção simplesmente armada

dM rd dM rd
>
dAs dA *

- Quando dM ( A) = dM ( B ) → secção duplamente armada

As ⋅ f syd
Fc = Fs → 0,688 ⋅ b ⋅ x ⋅ fcd = As ⋅ f syd → x=
0,688 ⋅ f cd

fazendo:

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dM rd ⎛ ⎡ As ⋅ f syd ⎤ ⎞
= d ⎜⎜ As ⋅ f syd ⋅ ⎢d − 0,416 ⋅ ⎥⎟
dAs ⎝ ⎣ 0,688 ⋅ f cd ⎦ ⎟⎠

dM rd ⎛ 2 As ⋅ f syd ⎞
= f syd ⋅ d − f syd ⎜⎜ 0,416 ⋅ ⎟⎟
dAs ⎝ 0,688 ⋅ f cd ⎠

= f syd ⋅ (d − 0,832 ⋅ x )
dM rd
dAs

dM rd dM rd
fazendo: =
dAs dAs *

f syd ⎛ a⎞
f syd ⋅ (d − 0,832 ⋅ x ) = ⋅ (d − a ) → x = 0,601 ⋅ d ⋅ ⎜1 + ⎟
2 ⎝ d⎠
x ⎛ a⎞
como α = → α = 0, 601⋅ ⎜1 + ⎟ (2.8)
d d ⎝ ⎠
Pode concluir-se, que é mais vantajoso (económico) colocar armadura de compressão
quando os valores dos momentos flectores ou da percentagem de armadura, forem
superiores aos calculados pelas expressões 2.5 ou 2.4, quando nelas se substitui o menor
valor de α:
0, 0035
α= (2.9)
0, 0035 + ε syd

⎛ a⎞
α = 0, 601⋅ ⎜1 + ⎟ (2.10)

d ⎠
⎧ 0, 0035
⎪ 0, 0035 + ε

α económico = mínimo ⎨
syd

⎪0, 601⋅ ⎛1 + a ⎞
⎪⎩ ⎜ ⎟
⎝ d⎠
O quadro seguinte mostra esta situação para os Aços A235; A400 e A500.
Quadro 2. 1 - Valores de μ, α, ω a partir dos quais é mais económico as vigas duplamente armadas
Relação
Tipo de aço
a/d
A235 A400 A500
0,05 μ=0,320 α=0,631 ω=0,434 μ=0,316
0,10 μ=0,330 α=0,661 ω=0,455 α=0,617
0,15 μ=0,339 α=0,691 ω=0,475 μ=0,332 α=0,668 ω=0,460 ω=0,424

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Calculo de As1 e As2:


A s2
A*/2 A*/2

LN

A*/2 A*/2
As A s1

Figura 2. 14 - Secções duplamente armadas. Cálculo de As1 e As2

MRd=Meconómico + ΔM (2.11)
em que:
- Meconómico = momento resistente correspondente à armadura mais económica
- ΔM = acréscimo do momento resistente devido á colocação de uma armadura As2
Fc ΔM M − M económico
As = e A* = As 2 = = rd (2.12)
f syd f syd ⋅ (d − a ) f syd ⋅ (d − a )

Fc ΔM ΔM
As1 = + e As 2 = (2.13)
f syd f syd ⋅ (d − a ) f syd ⋅ (d − a )

M Sd
Dados: fcd, fsyd, Msd e a/d → μ= ≥ μ lim ite
b ⋅ d 2 ⋅ f cd

Cálculo de As1: αecon → xecon=α.d → μecon (2.5) → wecon (2.4) →


f syd
As = wecon ⋅ b ⋅ d ⋅ → As1 = As + A * / 2
f cd

ΔM
Cálculo de As2: Δμ = μ − μ econ → ΔM = Δμ ⋅ b ⋅ d 2 ⋅ f cd → A* / 2 =
f syd ⋅ (d − a )

Outro procedimento consiste em recorrer às tabelas de dimensionamento. Seleccionar a


relação β = As1 / As 2 que conduz a uma armadura mais económica e controlar a posição da

linha neutra por forma a garantir que a tensão na armadura traccionada seja superior a
fsyd.

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2.3.3. Secções Rectangulares. Formulas Simplificadas


Secções simplesmente armadas

α ≤ α lim = 0, 601

μ ≤ μ lim = 0,310 (2.14)

ω ≤ ω lim = 0,41
A s1
ω = μ ⋅ (1 + μ )

Secções duplamente armadas

A s2

μ − 0,31
μ > 0,310 ω′ =
1− a / d
As 2 ⋅ f syd
ω = ω ′ + 0,41 ; ω ′ = (2.15)
b ⋅ d ⋅ f cd
A s1

Demonstração
As 2 = ΔA Δμ = μ − μ lim ΔM rd = ΔA ⋅ f syd ⋅ (d − a ) = As 2 ⋅ f syd ⋅ (d − a )

ΔM rd ΔA f syd ⎛ a ⎞ ⎛ a⎞
= ⎜1 − ⎟ Δμ = ω ′ ⋅ ⎜1 − ⎟
b ⋅ d ⋅ f cd b ⋅ d f cd ⎝ d ⎠
2
⎝ d⎠
Δμ = μ − 0,31 = μ − μ lim
μ − 0,31
ω′ = ω = ω ′ + 0,41
1− a / d

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2.4 Secções em T Sujeitas à Flexão Simples


2.4.1 Largura efectiva do banzo
De acordo com o REBAP (art.º 88)
“A largura a considerar para o banzo comprimido das vigas em T pode ser obtida, nos
casos correntes, adicionando à largura da alma, de um e do outro lado, uma largura igual
ao menor dos seguintes valores:

⎧ 1
⎪bw + ⋅ l0
bef = min ⎨ 5
⎪⎩bw + d a

com o seguinte significado:


- bw = largura da alma;

- l0 = distância entre secções de momento nulo;

- da = distância entre faces de alma de vigas contíguas;

Viga simplesmente apoiada lo= l

Vigas contínuas: lo=0.7 l (REBAP)

Figura 2. 15 - Definição do valor de lo

Figura 2. 16 - Definição do valor de ba

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Betão Armado I: CAP II – Estado Limite Último de Flexão

De acordo com o EC 2 (clausula 5.3.2.1)


“A largura a considerar para o banzo comprimido das vigas em T depende nos casos
correntes, das dimensões do banzo e da alma, do tipo de carregamento, do vão, das
condições de apoio e das armaduras transversais.”

A largura a considerar para o banzo comprimido das vigas em T ou em L pode ser obtida
pelas seguintes expressões:

bef = ∑ bef ,i +b w ≤ b

com bef = 0,2 ⋅ bi + 0,1 ⋅ l0 ≤ 0,2 ⋅ l0 e bef ,i

Figura 2. 17 - Definição de lo e dos parâmetros para o cálculo de bef

Nota: O comprimento da consola deve ser inferior a metade do vão adjacente e a relação
entre varões adjacentes deve situar-se entre 1 e 1,5.
Em projecto, nas situações correntes, pode assumir-se uma largura constante do banzo.

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2.4.2 Dimensionamento de armaduras

- Momentos positivos
hf
a) A linha neutra situa-se no banzo α ≤
d

Figura 2. 18 - Secção em T submetida a um momento positivo – LN no banzo

M rd
μ= equivalente a uma secção rectangular (bef x h)
bef ⋅ d 2 ⋅ f cd

hf
b) A linha neutra situa-se fora banzo α >
d

Figura 2. 19 - Secção em T submetida a um momento positivo – LN na alma

M rd
tabelas de secções em T μ=
bef ⋅ d 2 ⋅ f cd

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- Momentos positivos

Figura 2. 20 - Secção em T submetida a um momento negativo

M rd
tabelas de secções rectangulares μ=
bw ⋅ d 2 ⋅ f cd

2.4.3 Flexão simples de secção T equivalente

Figura 2. 21 - Flexão simples de secção T equivalente

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2.4.4 Vigas em T. Fórmulas Simplificadas

a) linha neutra situa-se no banzo ( α = x / d ≤ h f / d )

μ = 0,688 ⋅ (h f / d )⋅ [1 − 0,416 ⋅ (h f / d )] M rd = 0,85 ⋅ f cd ⋅ b ⋅ h f ⋅ (d − 0,5 ⋅ h f )

ω = 0,688 ⋅ (h f / d )
M rd
As1 = (2.16)
f cd ⋅ (d − 0,5 ⋅ h f )

b) linha neutra situa-se fora do banzo ( α = x / d > h f / d )

Fazer b / bw = ∞ , o que corresponde a desprezar a contribuição da alma

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2.5 Dimensionamento de Secções de Betão Armado Sujeitas


à Flexão Composta
2.5.1 Flexão Composta com Grande ou Média Excentricidade
2.5.1.1 Secções rectangulares

Figura 2. 22 - Flexão Composta com Grande ou Média Excentricidade

Através desta equivalência o problema da flexão composta resume-se a um problema de


flexão simples em que:
M sd = M sd − N d ⋅ ys (2.17)

Se μ sd ≤ μ lim ( x ≤ xlim ) → só armadura de tracção


f cd N sd
As1 = ω ⋅ b ⋅ d ⋅ + (2.18)
f syd f syd

Se μ sd ≥ μ lim → armadura de tracção e de compressão tal que x ≤ xlim


f cd N sd
As1 = ω ⋅ b ⋅ d ⋅ + armadura de tracção (2.19a)
f syd f syd

f cd
As 2 = ω ′ ⋅ b ⋅ d ⋅ armadura de compressão (2.19b)
f syd

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Formulas Aproximadas
Dados: Msd e Nsd

M sd M − N d ⋅ (h / 2 − a ) N sd
μ sd = = sd ; ν sd = (2.20)
b ⋅ d ⋅ f cd
2
b ⋅ d 2 ⋅ f cd b ⋅ d ⋅ f cd

Se μ sd ≤ 0,31 = μ lim → só armadura de tracção

f cd N sd
A = ω ⋅b⋅d ⋅ + (2.21)
f syd f syd

ω = μ sd ⋅ (1 + μ sd ) + ν sd (2.22)

Se μ sd ≥ μ lim → armadura de tracção e de compressão tal que x ≤ xlim

f cd N sd
A = ω ⋅b⋅d ⋅ + armadura de compressão (2.23)
f syd f syd

μ sd − 0,31
ω= (2.24a)
1− a / d
ω = ω ′ + 0,41 + ν sd armadura de tracção (2.24b)

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2.5.1.2 Secções em T

O processo é idêntico ao anteriormente considerado para secções rectangulares.


⎧ M sd
⎪μ sd = b ⋅ d 2 ⋅ f

M sd = M sd − N d ⋅ ys ⎨
cd
(2.25)
⎪ν = N sd
⎪⎩ sd b ⋅ d ⋅ f cd

Normalmente μ sd ≤ 0,31 = μ lim → só armadura de tracção

f cd N sd
A = ω ⋅b⋅d ⋅ +
f syd f syd

formula aproximada

1 ⎛ M sd ⎞
ω= ⋅⎜ + Nd ⎟ (2.26)
f syd ⎜d −h /2 ⎟
⎝ f ⎠
Nota: é necessário verificar a tensão compressão média no banzo
M sd
f cd =
(d − h f / 2) ⋅ b ⋅ h f < 0,85 ⋅ f cd (2.27)

No caso de μ sd ≥ μ lim é melhor redimensionar a secção

2.5.2 Elementos de Secção Simétrica - Flexão Composta com pequena


Excentricidade
Para elementos com secções rectangulares sujeitos a compressões elevadas a secção é
dimensionada com armaduras simétricas, recorrendo a diagramas de dimensionamento
(Nrd, Mrd), como anteriormente referido (ver figura 2.6).
As1
As1 = As 2 → β= =1
As 2

Para um dado par de esforços (Nsd, Msd) calculam-se os valores de ν e μ, obtendo-se dos
diagramas um valor de ωtot. A armadura vem dada por:
f cd
As ,tot = b ⋅ h ⋅
f syd

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2.6 Dimensionamento de Secções Submetidas a Tracção e


Compressão Simples
2.6.1 Compressão simples
A verificação da segurança pode ser feita através da seguinte expressão:

N Rd = 0,85 ⋅ f cd ⋅ Ac + f syd ⋅ As (2.28)

Nota: na expressão anterior o valor de fsyd deverá ser limitado a 400 MPa atendendo à
limitação das extensões a 0,002.

2.6.2 Tracção simples


A verificação da segurança pode ser feita através da seguinte expressão:

N Rd = f syd ⋅ As (2.29)

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2.7 Verificação da Segurança de uma Estrutura Reticulada ao


Estado Limite Último de Flexão
2.7.1 Análise Estática Linear dos Esforços Actuantes
Os esforços actuantes de cálculo são obtidos para as várias hipóteses de carregamento
obtendo-se uma envolvente de esforços.
M sd = γ g ⋅ M g + γ q ⋅ M q

em que
- Mg representa o momento devido às cargas permanentes

- Mq representa o momento devido às sobrecargas (ou outras acções variáveis)

- γg= 1,5 (ou 1,35) ou 1,0 consoante o efeito da acção é desfavorável ou favorável

- γq= 1,5 ou 0 consoante o efeito da acção é desfavorável ou favorável

As armaduras de flexão são obtidas por forma a que em qualquer secção Mrd>Msd.

Figura 2. 23 - Envolvente de Esforços

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2.7.2 Análise Estática Linear dos Esforços Actuantes Seguida de uma


Redistribuição de Esforços
De acordo com o art.º 49 do REBAP, é possível proceder a uma redistribuição de esforços
em estruturas reticuladas que apresentem as seguintes características:

- as vigas têm uma relação l/h < 20 (artº 89)


- nos pilares é dispensada a verificação da segurança em relação à encurvadura (artº 61.4)

Os momentos flectores máximos são obtidos multiplicando-os por coeficientes de


redistribuição δ, satisfazendo as seguintes condições:

x
δ ≥ 0,44 + 1,25 para betões de classe não superior a B40
d
x
δ ≥ 0,56 + 1,25 para betões de classe superior a B40
d

Figura 2. 24 - Redistribuirão de Esforços com δ=0,75

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