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"Dilemas...

maçónicos"

Ao longo da vida de um maçom, ele irá ser confrontado com vários tipos de dilemas e
situações em que terá de refletir sobre as decisões a tomar e a responsabilizar-se pelo que
decidir e optar.

Neste texto em concreto, irei abordar apenas alguns dos potenciais "dilemas" que serão
possíveis de aparecerem ao longo do percurso de uma "vida maçónica".

Naturalmente que não irei responder a nenhuma das questões ou dilemas que irei apresentar
porque a ideia é levar à reflexão sobre as mesmas e as ditas respostas apenas poderão ser
dadas e concretizadas por quem por estes dilemas passar. E portanto, tal poderá diferenciar de
pessoa para pessoa como de situação para situação.

E como tal ação "reflexão/execução" é do foro privado de cada um, considero apenas que tal
deve ser feito da melhor forma que considerem que lhes serve e com a qual se sintam melhor,
por forma a não se prejudicarem nem a prejudicar terceiros.

Deste modo passarei a citar potenciais dilemas que existem ou poderão vir a surgir durante a
caminhada maçónica a que se proporá um maçom a fazer:

* Encontrando-se um maçom há tempo considerado suficiente para progredir (subir de Grau) e


tal ainda não ter sucedido, por questões que lhe sejam alheias...

* Pertencer ao quadro de obreiros de uma Respeitável Loja e já não se identificar com a


generalidade dos seus membros...

* Estar numa Obediência, mas sentir que deve prosseguir o seu caminho noutra que não a
original...

* Auxiliar na fundação de uma nova Respeitável Loja e consequentemente não ter a certeza
em qual ficar a pertencer em "exclusividade"...

* Se sentir desapoiado ou desintegrado da Respeitável Loja que o acolheu, mas pretender


continuar a seguir uma vida na Maçonaria...

* Ter atingido o grau de Mestre e não saber decidir se deve optar pela continuação dos seus
"estudos maçónicos" nos designados "Altos Graus" ou "Graus Filosóficos"...

* Ter entrado numa Ordem Maçónica e ter afinal chegado à conclusão que não se identifica
com a sua substância, mas que se sente integrado e gosta de conviver com os seus "Irmãos"...

Estas questões que acima apresentei são, por certo, dilemas que um maçom poderá vir-se a
debater, seja na sua totalidade ou em parte. E saber o que fazer é que será o busílis da
questão.

Não será fácil decidir sobre tal, mas também não poderá tal ser feito de uma forma
intempestiva dadas as consequências que por norma advêm de tais decisões.

Estas decisões ou escolhas deverão ser feitas após uma reflexão extensiva e ponderada, por
forma a que nada nem ninguém saia beliscado com a decisão final a ser tomada.

-Não existe ação sem reação, já o afirmava Newton...-


E gerir este tipo de situações, enquadrá-las como deverão ser feitas, sem melindres ou
condicionantes, será difícil o fazer, apesar de não ser impossível tal. Respeito e Amor Fraterno
serão essenciais para levar a bom porto qualquer decisão que venha a ser tomada e
executada!

O melhor conselho que posso dar a quem passa ou puder vir a passar por alguma das situações
que abordei é que um processo refletivo aprofundado e debatido com quem nos tiver mais
próximo e também que nos possa elucidar sobre o tema é sempre bem-vindo, pois trará
alguma "luz" à situação.

Mas, importa ter em atenção que a decisão a ser tomada deve impreterivelmente ser
confortável para quem a toma. Uma vez que é fundamental que quem decide deve estar de
bem consigo e com o seu "espelho", e não obstante, se sentir integrado e apoiado na decisão
que vier a tomar, seja ela qual for.

Isto é deveras importante, pois é normal sempre surgirem opiniões adversas que colidam com
o interesse de quem tem de decidir o que fazer e/ou o caminho a tomar. Pois a vida é feita de
ações/atitudes, tanto que as palavras são usualmente levadas pelo vento.

É preciso sentir, refletir e por fim, decidir.

Se bem, se mal, apenas o tempo o poderá demonstrar, mas queira o Grande Arquiteto do
Universo iluminar com a sua sapiência quem passa por estas situações, pois de facto não são
fáceis por quem por elas passa ou tem de passar. O apoio dos seus Irmãos será crucial nesse
processo refletivo e consequente ação.

Mais que tudo, o importante é se estar confortável (como já afirmei) com a decisão e que nos
sintamos bem no local onde estivermos ou no sítio onde viermos a estar a pertencer. Nada
será mais relevante que isso.

Por isso meus queridos e estimados Irmãos, se passarem por alguma destas situações que
abordei, pensem, repensem, clarifiquem e somente depois façam!

O resto virá por si…

Contradição fundamental

A Maçonaria regular só admite no seu seio crentes. Deixa, porém, ao critério de cada um a
crença concreta que cada um professa, nada lhe importando a forma como cada um vive a sua
crença. as obrigações que respeita (ou infringe...), a forma como se organiza (ou não) a
estrutura que porventura enquadre a prática da religião professada, nem sequer a designação
que cada um atribui à divindade que concebe e em que crê. Por isso, adotou uma forma de se
referir à Divindade por cada um venerada, que é independente da designação utilizada em
qualquer religião e que pretende seja reconhecida por cada crente como referindo-se à
Divindade da crença que professa: Grande Arquiteto do Universo.

Assim, para a Maçonaria, um maçom pode perfeitamente, sem problemas ou reservas, ser
católico, batista, anabatista, mórmon, pentecostal, evangélico, luterano, calvinista,
testemunha de Jeová, muçulmano, judeu, hindu, ou o que quer que seja. A sua crença é do seu
foro íntimo e é com ela que se junta aos demais maçons para que, em auxílio mútuo, cada um
se aperfeiçoe pessoal, ética, moral e espiritualmente.
No sentido inverso, no entanto, as coisas não se processam de forma tão simples e clara.

No âmbito da religião católica, é conhecido que repetidas vezes vários Papas emitiram
documentos de condenação da Maçonaria, tendo mesmo, durante largo tempo, o Código de
Direito Canónico punido com a excomunhão o católico que a ela aderisse. Hoje, não é já assim,
mas o último documento proveniente da Cúria Romana continua a não ser particularmente
simpático para a Maçonaria:

Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações


maçónicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da
Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações
maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada
Comunhão.

(excerto da Declaração sobre a Maçonaria de 26 de novembro de 1983 do então Prefeito da


Congregação Para a Doutrina da Fé, Cardeal Ratzinger).

No âmbito da religião islâmica, também se conhecem posições de responsáveis nada


lisonjeiras para a Maçonaria:

Dado que a Maçonaria se envolve em atividades perigosas e é um grande perigo, com


objetivos perversos, o Sínodo Jurisdicional determina que a Maçonaria é uma organização
perigosa e destrutiva. Todo o muçulmano, que se filiar nela, conhecendo a verdade dos seus
objetivos, é um infiel ao Islão.

(excerto final do parecer de 15 de julho de 1978 do Colégio Islâmico Jurisdicional).

No campo das crenças cristãs resultantes da Reforma, também não é difícil encontrar posições
contrárias à maçonaria:

A COMISSÃO FAZ A SEGUINTE PROPOSTA:

1) - QUE SEJA REAFIRMADA A POSIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO CONTRÁRIA A MAÇONARIA E OUTRAS


SOCIEDADES SECRETAS;

(...)

4) - QUE A AIBRB FAÇA UM APELO COM BASE NO AMOR CRISTÃO, AOS CRENTES FILIADOS À
MAÇONARIA, PARA QUE, POR AMOR A CRISTO E AO TRABALHO DE DEUS QUE NOS FOI
CONFIADO, AFASTEM-SE DE TAL SOCIEDADE.

(excertos de proposta aprovada na 12.ª Assembleia da Associação das Igrejas Batistas


Regulares do Brasil).

Não é de estranhar que existam posições antimaçónicas em vários setores ou hierarquias -


normalmente os mais integristas, ortodoxos ou fundamentalistas - de várias confissões
religiosas, se tivermos em atenção a contradição fundamental entre a Maçonaria e as religiões.

Cada religião, e particularmente nas religiões monoteístas, considera que o seu caminho, a sua
doutrina, a observância dos seus preceitos é que conduz à Salvação. Portanto todos os que se
posicionam no exterior do seu caminho, da sua doutrina, dos seus preceitos, estão destinados
à Perdição.
Já para a Maçonaria, a questão não se põe nestes termos. Cada um é livre de seguir o seu
caminho, de professar a sua religião, de seguir os preceitos dela e todos são considerados
iguais e aptos para serem bons e se tornarem melhores. A Maçonaria (o maçom) não concebe
que o mesmo Criador, chame-se-Lhe Deus, Allah, Jeovah, Krishna, Manitu, ou o que se Lhe
chamar, conceba, admita, queira, que os que O veneram por um nome sejam salvos e os que O
conhecem por outro se percam, que os que seguem preceitos de uma Tradição religiosa
recebam eterna recompensa e os que tiveram a desdita de nascer e viver num ambiente com
diversa Tradição religiosa eternamente sejam punidos.

Para a Maçonaria, o que importa é o comportamento, a postura ética, o reconhecimento do


Transcendente e do Divino, não o cumprimento específico de normas, de práticas, de posturas,
quantas vezes decorrentes de diversos ambientes, de diferentes culturas, de separações feitas
pelos homens daquilo que o Criador fez igual.

Para a Maçonaria não há caminhos certos nem errados. O caminho de cada um é o certo para
ele, se estiver de boa-fé e for perseverante nos seus propósitos.

A contradição fundamental entre a Maçonaria e as diferentes hierarquias religiosas está na


Tolerância, que é inerente à Maçonaria e que os integristas, os ortodoxos e os
fundamentalistas não aceitam. Tão simples como isto!

Rui Bandeira

Maçons, "livres-pensadores"...

Aqui há uns tempos em conversa com um amigo sobre determinado tema, disse-lhe eu isto:
“eu apenas te mostro o mapa, caberá a ti escolheres o caminho”. E de facto esta é a realidade
em que temos de viver. Ou seja, nós somos as nossas “escolhas”, nós somos as “decisões” que
tomamos e as ações que decidimos praticar.

Por mais que uns nos digam para irmos para a “esquerda” , outros para a “direita” e alguns
inclusive nos digam para seguir pelo “meio”, a decisão final sairá de nós próprios, da nossa
vontade, independentemente das indicações e dos conselhos que recebamos e que possam
nos auxiliar na decisão a tomar.

Se decidirmos agir de certa maneira, coincidindo ou não com o que a generalidade ou somente
com o que alguns considerem sobre tal , foi a nossa mente que o decidiu.

Assim, todos nós na nossa Vida somos - e seremos sempre - responsáveis por aquilo que
decidirmos, sejam ações ou palavras e até mesmo pelos mais simples pensamentos.

- Fomos nós que os criamos/produzimos, logo somos nós responsáveis por eles, por inerência-.

Por mais influências que recebamos externamente, é o nosso íntimo, o nosso “Soi”, que irá
efetuar a escolha do que concretamente iremos fazer.

Será a mais correta?!

Será a mais eficaz?!

Será a mais proveitosa?!


O que sabemos é que é a nossa decisão e apenas isso. Foi o que optámos por decidir. E que tal
decisão seja sempre tomada em consciência com os princípios que advoguemos e com os
quais nos sintamos devidamente identificados.

-Sejamos honestos, íntegros e coerentes nas nossas decisões!-

Os maçons, “livres-pensadores” como orgulhosamente se assumem, devem ter bem a noção


de tal. Não bastará assumir algo ou determinada coisa para depois não se praticar isso na
realidade.

É sempre esperado que um maçom use o seu bom senso e os seus bons costumes para decidir,
se possível sempre, da melhor forma possível face às situações que a vida lhe apresenta.

-Tem o dever de agir dessa forma!-

O que poderá acontecer, e muitas vezes é inevitável tal, é que nem sempre as decisões
tomadas possam ser as melhores ou mais corretas, uma vez que o maçom, tal como outro ser
humano qualquer, também erra, mas como maçom tem a obrigação de aprender com esse
erro e evitá-lo no seu futuro.

E aqui assumo que os maçons também erram, infelizmente algumas vezes e talvez, digo eu,
vezes demais. Mas como o maçom é alguém que busca evoluir espiritualmente, ele também
estará susceptível de efetuar mudanças no seu comportamento; logo também as suas decisões
serão influenciadas pelas mudanças/”transformações” que sofrer e as suas atitudes se
revelarão melhor no seu comportamento e carácter. Tudo isto em prol do seu auto-
aperfeiçoamento enquanto ser humano.

Isso será o tal “polimento”, o tal “burilamento da pedra bruta” que na Maçonaria tanto se fala.

Os vícios ou erros comportamentais que possam ter existido na sua conduta no passado,
deverão ficar aí mesmo, no passado. E “como de passado apenas vivem os museus” (como é
usual se afirmar), no momento da Iniciação, no momento em que o recém neófito encontra a
sua primeira centelha da Luz, nasce como uma nova pessoa, um “novo Homem”, e como tal
terá acesso a “ferramentas sociais e espirituais” que poderá utilizar para melhor atingir o seu
“nirvana”, por assim dizer.

O que interessa por vezes não é o mapa mas o caminho que se seguiu, mesmo para o nosso
auto-aperfeiçoamento, o que importa é que decidimos livremente as decisões que tomámos e
que escolhemos sempre, mediante o que a vida nos vai apresentando e mediante as condições
que temos, mas que foram as melhores decisões que considerámos que podíamos e/ou
devíamos tomar ou ter tomado. Isso sim, é o mais importante nisto tudo.

Este caminho que seguimos é feito sozinho (somos nós que o temos que fazer) mas não é
solitário (pois outros o fazem também) e temos ter a consciência e a noção disto.

Se olharmos para o lado veremos alguém a viver as mesmas situações ou outras, com decisões
tomadas semelhantes ou completamente diferentes daquelas que, se fosse connosco,
tomaríamos. A vida é isto mesmo, cheia de imponderáveis e é essa uma das mais valias de
viver, a cada passo dado, a cada momento, nunca sabemos o que se seguirá, apenas o
podemos tentar prever e nada mais.
O que concluindo posso afirmar é que independentemente das decisões e escolhas que
tomemos, somos nós que o deveremos fazer e não outrem. E por elas nos responsabilizarmos.
São estas decisões que nos definem como pessoas!

A grande diferença que temos em relação aos restantes seres vivos é a nossa “massa
cinzenta” e que é devido a ela que pudemos livremente pensar.

É altura de a começarmos a valorizar mais e principalmente em a começar a usar de uma


forma correta e eficiente.

E posto isto, porque não… pensar?!

Criar e fabricar

Jean Staune

A Loja Nacional de Investigação da Grande Loge Nationale Française tem o nome de Villard de
Honnecourt, um arquiteto gaulês do século XIII. Esta Loja publica trimestralmente Les Cahiers
Villard de Honnecourt. No decorrer da minha recente visita à Respeitável Loja Fraternidade
Atlântica, o seu Venerável Mestre teve a amabilidade de me oferecer o último volume então
publicado, o n.º 69, dedicado genericamente ao tema Aspetos do sagrado.

Logo nas páginas iniciais deste volume, encontrei e li uma interessante entrevista concedida
por Jean Staune, fundador da Universidade Interdisciplinar de Paris e professor convidado em
duas Universidades Pontificais em Roma e na Universidade de Shandong, na China. Considera-
se um filósofo das ciências, trabalhando na encruzilhada entre a filosofia, a teologia, as
ciências e a gestão. O seu último livro foi um sucesso editorial em França e tem um título
significativo: A nossa existência tem um sentido?

Na entrevista, toca temas como a a necessidade humana da transcendência, em pleno século


XXI, o papel de Deus no seu pensamento filosófico, o choque de civilizações, a busca iniciática,
a Tradição.

Uma passagem da sua entrevista chamou-me particularmente a atenção e aqui a publico, em


tradução livre minha:

A minha conceção de Deus foi muito influenciada por autores judeus, como Hans Jonas e o seu
O Conceito de Deus depois de Auschwitz. Ele demonstra bem que a ideia de um Deus
Omnipotente é contraditória com a ideia de uma verdadeira liberdade. Deus abdicou de uma
parte da sua omnipotência, dando-nos uma verdadeira liberdade. Se Deus pudesse agir
permanentemente para nos impedir de fazer esta ou aquela coisa, é claro que não seríamos
livres. E se Ele não pode intervir, não é Omnipotente. Ele pode intervir, mas não pode suprimir
a nossa liberdade, entre outras, a de fazer o mal.

Este conceito da abdicação parcial da Omnipotência em virtude da Criação não o tinha ainda
encontrado e, na sua simplicidade, parece apto a responder ao paradoxo invocado a propósito
dos atributos de Deus (Deus Omnipotente e Deus Omnisciente são conceitos incompatíveis
entre si: se Deus, tudo sabe, sabe o que acontecerá até ao fim da eternidade e então não pode
mudar o que vai acontecer; se pode mudar, não pode saber o que vai acontecer) e, sobretudo,
ao entendimento de que só o ateísmo é compatível com o Livre-Arbítrio, pois a crença no
Criador e na Criação implica que aquele, tendo Criado e podendo Mudar, a seu bel-prazer,
tudo determina e, portanto, impede que haja verdadeiro Livre-Arbítrio.

Criar não é sinónimo de fabricar. Fabricam~se artefatos, que deverão ser como nós queremos,
enquanto quisermos, como quisermos. O ato da criação implica algo mais profundo, mais
dinâmico (muito mais interessante...): implica que o que criamos não fique sob o nosso
absoluto controlo, que cresça e evolua por si, mesmo contra a nossa vontade.

Fabricam-se automóveis ou frigoríficos ou colheres. Tudo que se fabrica é estático. É e será o


que foi fabricado, como foi fabricado, para o que foi fabricado. Nem mais, nem menos, nem
diferente.

O que é criado tem potencial de evolução próprio e independente do seu criador. Uma criança
como um cachorro, como uma planta, como uma obra de arte, que será vista, entendida e
interpretada por mil maneiras diversas e imprevistas pelo seu criador (ou então não será uma
obra de arte, antes qualquer coisa verdadeiramente não criada, apenas fabricada...).

O ato de criar implica então abdicar da possibilidade de determinar, do controlo, da decisão.


Implica admitir que a criatura vai desenvolver-se, não como nós quereríamos, mas como ela
própria se desenvolver, vai agir, não como gostaríamos, mas como ela própria decidir agir.
Para o bem e para o mal.

Criar é, inevitavelmente, um ato de Liberdade e, mais do que isso, um hino à Liberdade.


Porque usamos a nossa Liberdade para possibilitar que algo exista com Liberdade própria.

Deus só pode ter sido Omnipotente ANTES da Criação. Continuaria a ser Omnipotente se nada
tivesse criado. Quando muito, se tivesse apenas... fabricado... Mas, quando optou por Criar,
aceitou (quis aceitar, usou o seu poder de aceitar, sabendo qual a sequela de o fazer e
querendo e aceitando essa sequela) a inevitável consequência de que tal ato implicava a
abdicação da sua Omnipotência, em favor do Livre Arbítrio que criava e do que criava.

Este conceito não se me tinha ainda mostrado e descobri-o com esta passagem da entrevista
de Jean Staune. Os ateus continuarão a dizer que nada prova sobre a existência de Deus. Eu
continuarei a defender que a melhor prova da existência do Criador é a simples e mera
observação do que está por cima da nossa cabeça ao ar livre numa noite de Verão sem
nuvens... Aos que acenam com o Big Bang, continuarei eu a inquirir-lhes sobre o que e quem o
despoletou... Esta ideia que encontrei nada resolve, sobre nada é definitiva. Mas, para mim,
serviu para pensar um pouco, sob uma perspetiva em que não tinha ainda pensado.

Esta ideia que encontrei é apenas uma pedra que, por si só, nada constroi, nada acaba. Mas é
uma pedra que encontrei e pontua o MEU caminho. Tanto me basta!

Rui Bandeira

O LIVRE ARBÍTRIO

A vontade quer o bem. Mas os bens deste mundo são muitos, são imperfeitos e são diferentes;
a vontade pode escolher entre eles: daí o livre arbítrio de que é dotado o ser humano. Em
geral, a liberdade é o poder de fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Estar livre é estar isento
de vínculos; daí, serem tantas as formas de liberdade quantos são as espécies de vínculos, que
podem ser classificados em físicos e materiais, que forçam à inércia ou ao movimento, e em
morais, que prescrevem certos atos e proíbem outros, sem tirar ao homem o poder de os
omitir ou de os executar; estas, são as leis e as obrigações, ou deveres. O maçom precisa ser
não só livre de vínculos, mas precisa também ser de bons costumes.

O livre arbítrio é o poder que tem a vontade de se determinar por si mesma, por sua própria
escolha, a agir ou não agir, sem ser constrangida a isso por força alguma, externa ou interna.

Assim, entre dois ou mais pensamentos que nos solicitam em sentidos opostos, o livre arbítrio
decide qual deles seguirá. Do mesmo modo que, em um litígio, as partes recorrem a um
árbitro, assim também atua o livre arbítrio, que decide em favor de uma ou de outra parte.

Ele – livre arbítrio – é prerrogativa essencial do ser humano; a violência pode privá-lo da
liberdade física e a autoridade pode restringir a sua liberdade moral; no entanto, o seu livre
arbítrio está acima de tudo; enquanto conservar a razão, ele será sempre livre para querer ou
não querer.

AS PROVAS MORAIS

As provas morais da existência do livre arbítrio baseiam-se no fato da obrigação e da


responsabilidade (o remorso e o mérito são conseqüências da responsabilidade).

Com efeito, só nos sentimos moralmente responsáveis pelos atos de que somos a causa livre,
isto é, pelos atos cuja execução – ou não execução – só dependem de nós. Os atos de que não
podemos nos abster, podem se constituir em motivo de alegria ou de tristeza, mas não serão
motivos de remorso ou de insatisfação moral.

AS PROVAS SOCIAIS

Todas as sociedades possuem sanções que têm por objeto a recompensa ou a punição de
certos atos. O castigo só é justo, e a recompensa só é lisonjeira, quando são merecidos; por
sua parte, o mérito supõe o livre arbítrio.

Leibniz e os deterministas não admitem esta prova. Para eles, o castigo se justifica como meio
de defesa para a sociedade e como meio de intimidação para aqueles que pensam em
prejudicá-la. Leibniz conclui que os castigos e as recompensas seriam justificados, ainda que as
ações do homem fossem motivadas pela necessidade.

O livre arbítrio se demonstra também pelas promessas e pelos contratos, por meio dos quais
os homens se comprometem mutuamente a cumprir certos atos em determinadas
circunstâncias. É evidente, com efeito, que não podemos nos comprometer com antecipação a
um ato, se não estivermos certos de que esse ato depende da nossa livre vontade.

A PROVA METAFÍSICA

O homem não conhece somente os bens particulares e concretos; por meio da razão, graças à
noção abstrata do bem, eleva-se à noção do bem absoluto, no qual não existe o mal. Deste
modo, a escolha fica restrita a bens particulares que se opõem, mas que sempre são bens,
ainda que de outra ordem.

Assim, o ser humano se encontra sempre em presença de uma ou outra escolha, e a


indeterminação da sua vontade mantém-se até ele a quebrar, decidindo-se por um ou outro
bem; nisto consiste precisamente o livre arbítrio. Exposta a natureza do livre arbítrio,
demonstrada a sua existência, resta conhecer um pouco os sistemas que o rejeitam.
O DETERMINISMO

Determinismo é todo o sistema que nega o livre arbítrio, e afirma que o homem está
submetido a certas influências. Chama-se Fatalismo à forma especial de determinismo, que
atribui todos os nossos atos voluntários a uma causa transcendente, superior a toda a regra.

As teorias deterministas podem reduzir-se a três tipos: o Fatalismo Teológico, que se


fundamenta nos argumentos da natureza de Deus; o Fatalismo Científico, que se baseia nas
leis gerais do mundo; e o Fatalismo Psicológico ou Fisiológico, que se baseia nas leis da
natureza humana.

O FATALISMO PANTEÍSTICO

É evidente que todo o sistema panteísta leva à negação do livre arbítrio. Esta espécie de
fatalismo refuta-se do mesmo modo que o panteísmo em que se origina, pela consciência da
nossa livre personalidade.

O panteísmo é a teoria que afirma a identidade substancial de Deus e do mundo, isto é, Deus e
o mundo são uma só e a mesma substância, considerada sob diversos aspectos.

Na história da filosofia o panteísmo aparece sob duas formas:

a) O Panteísmo naturalista, que absorve o infinito no finito, Deus no mundo, e tende assim ao
materialismo e ao ateísmo.

b) 0 panteísmo idealista, que absorve o finito no infinito, o mundo em Deus, e leva ao puro
fenomenismo. Também neste caso, o ateísmo é a alternativa.

FATALISMO TEOLÓGICO

Segundo este fatalismo, Deus, inteligência infinita, conhece, desde a eternidade, os nossos
futuros atos. Como diria um muçulmano, Maktub – estava escrito e determinado por Deus no
livro do destino. Esta teoria não se sustenta, porque Deus não está submetido à duração
sucessiva do tempo, porque nem o futuro nem o passado existem para Deus, mas tão somente
o presente eterno, o qual, na sua indivisível simplicidade, abraça todos os tempos passados e
futuros. Assim sendo, Deus não prevê o que sucederá; Ele vê o que existe, como existe, e
porque existe. Deste modo, sendo a presciência divina e a liberdade humana duas verdades
igualmente certas, nada autoriza a negação de nenhuma destas verdades.

O LIVRE ARBÍTRIO E O DETERMINISMO UNIVERSAL

É princípio fundamental que os fenômenos estão unidos entre si por meio de relações
necessárias, de modo que cada um deles tem a sua razão necessária e suficiente naquele que o
precede. Isto não se verifica no ato suposto livre, que é, por definição, um fenômeno que não
está ligado – necessariamente – a nenhum dos seus antecedentes.

Considerando que a vontade, colocada sucessivamente em circunstâncias idênticas, pode


tomar decisões opostas, conclui-se que o ato livre não está em oposição ao princípio de causa
e efeito.
O LIVRE ARBÍTRIO E A CONSERVAÇÃO DA ENERGIA

Nada se perde e nada se cria na natureza; não existem senão transformações, princípio este
que se aplica às forças e às substâncias. Se é verdade que esta lei se aplica no domínio da física
e da química, o mesmo não acontece no domínio da atividade livre. A decisão livre em si
mesma, como força imaterial, escapa à lei da conservação da energia; a força corporal
necessária à execução da vontade, já existe nos músculos do corpo e se alimenta pela nutrição;
O papel da vontade livre se limita a dirigir, neste ou naquele sentido, a transformação destas
forças.

O DETERMINISMO FISIOLÓGICO

O determinismo fisiológico diz que os atos voluntários são apenas as reações do organismo,
que resultam das influências exteriores. Neste caso, a vontade nada mais é do que a resultante
de todas as forças que atuam sobre o ser humano. E se os homens não atuam todos do mesmo
modo é porque são diferentes em sua conformação. Assim pensaram Cabanis, Broussais,
Taine, e todos os materialistas.

A verdade é que, pela reflexão, o homem tem o domínio de si mesmo, e a sua vontade
conserva sempre o poder de resistir aos incitamentos, quaisquer que sejam eles. Para o
determinista fisiológico, a virtude se confunde com um temperamento sadio, e o vício se
confunde com a doença. Esta teoria materialista suprime a moral por completo.

O DETERMINISMO PSICOLÓGICO

Este sistema, desenvolvido por Leibniz, afirma que as decisões da vontade são sempre
determinadas por um forte motivo. Segundo Leibniz, a vontade é uma atividade inteligente, e
nunca se decide sem um bom motivo. Neste caso, se uma decisão é tomada tendo por base
um forte motivo, então esta decisão não é tomada livremente, segundo o princípio do livre
arbítrio.

A verdade é que nem sempre se faz o que se julga ser o melhor. A consciência nos diz que uma
decisão não é função de um impulso, mas sim o resultado de um ato livremente praticado.
Leibniz andou longe da verdade quando comparou a vontade a uma balança, que pende
sempre para o lado que estiver mais pesado. Sem dúvida, a decisão consiste em pesar os
motivos; mas não se pode esquecer que esta operação é da inteligência, cujos juízos são
determinados pela evidência. Mas não é por isso que a vontade fica menos senhora de suas
decisões, apesar do atrativo mais intenso do prazer, do conselho mais ajuizado do interesse,
ou da ordem mais forte do dever. É precisamente nisto que consiste o livre arbítrio.

Concluindo, pode-se dizer que o livre arbítrio é uma faculdade da vontade humana, e da sua
capacidade de escolher entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. O livre arbítrio consiste
em escolher entre os impulsos dos desejos, os cálculos do interesse, e as idéias da razão. É,
assim, a condição da moralidade, que quer o bem pelo próprio bem. Passível de variações de
pessoa para pessoa, o livre arbítrio varia de acordo com o desenvolvimento da reflexão e do
domínio que o homem possa ter sobre os seus apetites e os seus desejos. Ele é mais forte na
idade madura do que na infância, pode ser aperfeiçoado, mas nunca suprimido pelo
temperamento, pelas paixões, pelo caráter ou pelos hábitos, que são os princípios das virtudes
e dos vícios.
Em síntese, o livre arbítrio é a principal ferramenta que o maçom precisa usar no desbaste da
Pedra Bruta, no seu aperfeiçoamento como ser humano, na subida da Escada de Jacó, na
busca do Eu Superior, o Grande Arquiteto do Universo.

Bibliografia

Descartes

Hobbes

Kant

Leibniz

Locke

Spinoza

Schopenhauer

ANTÓNIO ROCHA FADISTA

SER COMPANHEIRO MAÇOM

Pelos IIr.: Roberto Rocha Verdini e Robson Batista Ser Companheiro Maçom é ter o sentimento
de solidariedade,

que nasce da sincera e íntima comunhão entre IIr.: e será a nossa eterna preocupação. Se a
Liberdade é o ideal de quem está iniciando como Maçom que almeja a Luz, o Comp.: M.: deve
estar procurando a Igualdade para que possa edificar os sentimentos de Fraternidade.

Ao ser elevado ao 2° grau devemos acrescentar às nossas aspirações a capacidade de realizar


praticamente, em atividades dignificantes e construtivas, os conhecimentos adquiridos.

O nosso progresso depende de nossa crescente capacidade de interpretar os elementos


fundamentais do simbolismo, de forma a realizá-los com mais utilidade e proveito.

É pelo trabalho que poderemos aperfeiçoar os nossos corações e pela prática da moral e pela
observância da ciência não devemos esquecer que a elevação é mais uma iluminada, profunda
e melhor entendimento das doutrinas, base do edifício maçônico.

Em qualquer ciência, religião ou hierarquia, a divisão em graus é de fundamental importância.


Sem embargo, a cerimônia é necessária, na recepção do candidato, para demonstrar a
evidência de seu progresso.

Com os ensinamentos de seu mestre interno, em quem depositou toda a sua confiança, o AP.:,
para adquirir a arte da superação, chegou, depois de muito esforço em servir, ao merecimento
de receber melhor salário e maiores luzes de conhecimento. Estas luzes nos capacitaram a
escalar a Superação.
A cerimônia de recepção no 2° grau demonstra, em seu simbolismo, as etapas da perfeição
adquiridas pelo maçom ou construtor, por meio de nossos esforços pessoais. Sem
constrangimento, apesar de nosso adiantamento, nós como CComp.: temos que seguir ainda
aos nossos mestres, que dirigem e vigiam nossos passos sobre a Senda, porque, não obstante
nosso progresso, não somos capazes de caminhar sozinhos, sem a necessidade de um guia.

O 2° grau tem por finalidade fazer o neófito um vidente, isto é, abrir-nos o olho interno a fim
de seguir com uma luz interior em direção ao Magistério.

Para abarcar o saber, foi-nos solicitado em exame, para vocês meus IIr.: poderem apreciar o
adiantamento que estávamos alcançando. Este exame não se limita a conhecimentos
superficiais, senão a trabalhos sérios e a praticas fundamentais do Ap.: Este exame se efetua
no Templo e, em plena luz, isto é, nós aspirante damos conta de nosso progresso ao nosso
mestre interno, e, desta vez, não somos despojados de nossos metais inferiores, porque, com
o esforço de nossa alquimia, transmutamo-os em metais superiores. Nós já conhecemos a
verdade ou o caminho da verdade e já temos idéia sobre o vício e a virtude. Devemos sim,
esclarecermos o que descobrimos sobre a verdade e a prática da virtude, porque sem virtude,
não podemos chegar à verdade.

Cinco são as perguntas que muitas vezes variam com os rituais:

O que é o Pensamento? O que representa o primeiro aspecto do Deus Íntimo, no reino do


homem e concluímos que O PRIMEIRO CAMINHO PARA O MUNDO DIVINO É O PENSAMENTO;

O que é a Consciência? É o que significa “com conhecimento” e pelo pensamento podemos


chegar à consciência e chegamos também a dar-nos conta. Com a consciência, o homem se
sente que é EU e pensa porque é. E por ser EU penso, e, porque penso, adquiro consciência de
meus pensamentos.

O que é a Inteligência? Acreditamos que é a faculdade que penetra para ler no interior das
aparências e por meio dela, o homem chega a conhecer a natureza de todas as coisas que
caem sob seus cinco sentidos e assim, por meio desta faculdade, já poderá conhecer as Leis
que governam o Universo e, sobretudo AQUELAS QUE GOVERNAM SEU PRÓPRIO MUNDO
INTERNO, SUA PRÓPRIA VIDA ÍNTIMA, FÍSICA, MENTAL E ESPIRITUAL.

O que é a Vontade? É a faculdade de desejar e de trabalhar. Ela guia nosso ser para desejar o
bom e o justo e nos impulsiona à ação, sendo estas faculdades gêmeas uma da outra que
completam-se mutuamente.

Existem pensamentos inferiores e superiores que refletem a classe dos desejos;


há pensamentos expressos pela consciência e pela
subconsciência e ainda existem vontades racionais e instintivas.

O que é Livre Arbítrio? A resposta a este quesito, sempre preocupou e continua preocupando a
mente humana, desde as mais remotas idades. Da solução desta questão, depende a
irresponsabilidade ou responsabilidade do homem e, portanto, o utilidade de todo o esforço.

O verdadeiro maçom deve solucionar este problema porque, se não fosse para o homem ter
liberdade, nem ser livre, não teria razão de existir. O homem é tal como pensa seu coração, e
assim sendo, cada um recebe o fruto de seus pensamentos e de suas ações conscientes ou
inconscientes.
Por conseguinte o Livre Arbítrio existe para o homem em proporção de seu desenvolvimento
inteligentemente espiritual. O homem dominado por suas paixões, não tem a liberdade
individual que tem o homem virtuoso e iluminado. O homem escravo de suas paixões, é
escravo dos demais, enquanto que o homem liberto é o rei do mundo.

O Livre Arbítrio é uma realidade para o MESTRE QUE CONHECE A VERDADE, porque a
VERDADE O FAZ LIVRE.

Ainda cabe uma sexta pergunta. Quem somos e de onde viemos? Esta pergunta foi respondida
pelo profeta David e pelo mesmo Divino Mestre, quando disseram: _”VÓIS SOIS DEUSES”. E
assim podemos responder:

_”SOMOS DEUSES”, porém inconscientes de nossa divindade e por isto necessário se torna
que a Iniciação Interna nos abra a Inteligência à Luz da Verdade.

Na primeira viagem identificamos que é a primeira etapa do adiantamento ou progresso. Ao


levarmos nesta viagem o malhete e o cinzel entendemos que serviam para desbastarem a
Pedra Bruta e representam as duas faculdades gêmeas no homem que são a Vontade e o Livre
Arbítrio. Fortificando a Vontade por meio do auto-sacrifício, chega-se ao Livre Arbítrio. Um
Mago certa vez disse: _”A VONTADE DO HOMEM JUSTO É A VONTADE DE DEUS”.

Nesta viagem, aprendemos a usar nossa Vontade e sua


determinação inteligente, significa eliminar da pedra bruta toda a sua aspereza e partes
supérfluas. Foi a perfeita união do Amor com a Sabedoria.

Na segunda viagem, constituímos como uma obrigação para o progresso intelectual, levando a
Régua e o Compasso. Deus Geometriza e devemos adestrar-nos em Geometria, que nos dá a
chave da arte da construção e só assim nos convertêramos em cooperar com o G.: A.: D.: U.:

A régua nos traça a linha reta, ou seja, o caminho reto na vida, que nos conduz ao mais justo,
sábio e melhor e nos lembra que nunca deveremos nos desviar de nosso ideal.

O compasso nos fornece o círculo e demonstra o raio e o campo de ação de nossas


possibilidades. Juntos eles representam a HARMONIA E O EQUILÍBRIO.

Na terceira viagem, conservamos em nossa mão esquerda a Régua e tomamos na mão direita
a Alavanca que se apóia no mesmo ombro direito. Esta representa as possibilidades que nos
são oferecidas, com o desenvolvimento de nossa inteligência e compreensão. Ela significa, em
suas duas pontas, a POTÊNCIA E A RESISTÊNCIA e deve ser utilizada para regular e dominar a
inércia dos instintos, levantando-os e movendo-os para abrigá-los a trabalhar na construção
de nosso Templo Individual, para expressarmos exteriormente o desejo íntimo de nossos
corações. Ela é a FÉ, sendo forjada pelo nobre pensamento e a vontade de levantar o mundo.

Na quarta viagem, mantida a Régua e desta vez acompanhada pelo Esquadro, simboliza os
propósitos segundo o ideal que inspira.

O Esquadro é o símbolo do TAU egípcio, isto é a união do Nível com o Prumo, por meio dos
quais construímos a base que solidifica o edifício. Estes dois instrumentos significam a medida
perfeita dos materiais que usamos para a construção e devem ser empregados para que
possamos construir o nosso Templo Interior com a homogeneidade, estabilidade e harmonia.
A Pedra Cúbica, que entendemos ser a individualidade desenvolvida em todas as suas faces,
não ser ainda para o edifício social.

Entendemos é que a pedra esteja em perfeito esquadro em suas seis faces e que
necessitamos estar desenvolvendo e trabalhando a pedra de nossa personalidade com as seis
faculdades espirituais que são representadas pelos seis instrumentos que levamos, em nossas
viagens.

Na quinta viagem, não necessitamos mais de nenhum instrumento usados em viagens


anteriores e isto demonstra o completo desenvolvimento das faculdades internas já
enumeradas.

Para tanto, iniciamos esta viagem em sentido oposto ao que vínhamos fazendo até então. Esta
direção significa que, depois de termos desenvolvido as seis faculdades principais no mundo
exterior e revendo tudo aquilo que já tínhamos passado, estávamos, agora, obrigados a
penetrar no mundo interno, para buscar a sétima faculdade que é o PODER DO VERBO,
representado pela letra “G”, localizada e escrita dentro da Estrela Microcósmica ou
Flamejante. O abandono dos instrumentos demonstra o domínio dos cinco sentidos,
representados pela Estrela de Cinco Pontas, porém agora a Estrela irradia a luz interior.

A Retrogradação da quinta viagem tem então, por objetivo, o volver de novo ao mundo
Interno, ao Paraíso, de onde saímos ao mundo de DEUS que está dentro de cada um de nós.

O número cinco é a base do grau de Comp.: e nós temos que deixar a Col.: do N.:, do lado
esquerdo, onde reina a força, passivo do homem, para ingressarmos na beleza da Col.: do S.:

Estando neste lado temos que subir e escalar 5 degraus da escada, para poder chegar ao Anjo
da Escada, que vigia a Porta do Edem. Eles representam o que precisamos atravessar para
chegarmos ao 1° Vig.:

O primeiro degrau representa o triunfo sobre o elemento terra, o segundo corresponde à


prova do ar, o terceiro à água, o quarto à do fogo e o quinto á a etapa do triunfo, ou o domínio
di espírito sobre os quatro elementos, é a Estrele Flamejante.

Neste degrau adquirimos a iluminação ou a visão interna


espiritual e a partir daí, somos um vidente e nos convertemos em uma Estrela Flamejante.

No íntimo passamos a irradiar dos nossos corações, com toda claridade uma luz que guia os
nossos passos e dos nossos IIr.:

Esta Estrela é o símbolo do homem perfeito, do filho que somos de DEUS e tem cinco pontas
que correspondem aos quatro elementos e ao Espírito e que são simbolizados pelos metais
ordinários inferiores e comuns ao homem; o cobre e seus desejos, o ferro e sua dureza, aos
quais se une ao mercúrio que a todos amalgama e domina.

Este pentagrama, os magos elegeram como símbolo do Poder e com uma só ponta voltada
para cima é a imagem de DEUS, que reflete a verdade, a sabedoria e o amor, afastando todos
os demônios dos erros, das paixões, dos instintos e dos preconceitos e principalmente
expressa o homem espiritual que dominou a natureza interior. A estrela de luz é o homem cuja
cabeça está erguida para o alto.
A letra “G” está escrita dentro da Estrela Flamejante, porém deve ser a letra “G” do alfabeto
latino que ocupa este posto?

A nossa mente é muito fértil e todos os manuais dão interpretações muito formosas sobre ela
que pode até ser considerada como sinal hieroglífico. Dessas interpretações podemos tirar,
Geração, Geometria, Gênio, Gnose, Gravitação, Graça, Gozo e não sabemos porque
esqueceram de citar outras centenas de adjetivos grandiosos que começam por esta letra.

Para que os verdadeiros maçons possam entender o verdadeiro significado da letra “G”
necessário se faz que estejam em perfeita harmonia com o seu Templo Interior, que é sem
dúvida o caminho que nos leva ao G.: A.: D.: U.:

Ela simboliza o organismo em função, ou o dinamismo vivente. No plano espiritual é o poder


da expressão, no mental é a Trindade do espiritual, mental e físico, no material é a
manifestação, a geração dos desejos, idéias e atos que expressam o gozo do exercício de
nossos atributos. Vocalizar o “G”, entendemos que expressa a Magia do Verbo, promete a
criação de idéias sãs,

produção de riquezas espirituais, abundância de tolerância e principalmente triunfo sobre os


obstáculos.

Ela é por si só sagrada, na Maçonaria Iniciática e acreditamos que devemos pronunciá-la com
as crianças, ou seja, “GUE” e pode ser entendida como o VERBO DO CRIADOR e o FOGO DO
CRIADOR.

Finalmente queremos tecer comentários sobre a Marcha do Grau, o T.:, e o S.:

Depois de darmos os 3 passos do Ap.:, acrescentamos outros dois diferentes dos anteriores.
Cinco passos recordam cinco viagens, cinco golpes, cinco pancadas de bateria, assim como o
sinal de reconhecimento. Os 3 primeiros passos do Ap.: simbolizam as 3 primeiras viagens ou
esforços para a superação, o 4° passo se desvia para a região S.:, enquanto que o 5° passo
volta em linha reta sobre nossos primeiros esforços.

Já o T.: entendemos que traduz que: quem mais tem, mais deve dar.

O S.:. com a M.: D.: sobre o Cor.:, órgão da vida e altar do G.: A.: D.: U.:, significa que
prometemos, como Homens de DEUS ou filho dele e reafirmo minha promessa de COOPERAR
NA OBRA DO G.: A.: D.: U.: e a M.: Esq.: aberta e levantada forma a Estrela de 5 pontas, que é o
símbolo do homem triunfante em suas provas.

Assim, entendemos que ser Comp.: M.: é ser obreiro reconhecido e apto a exercer sua arte
estando consciente de nossa energia a ser empregada no trabalho, cujo dever é realizar,
praticamente o plano teórico traçado pelos MM.:, em sintonia ampla com o nosso Templo
Interior, a fim de nos aproximarmos cada vez mais da verdadeira luz emanada pelo G.: A.: D.:
U.:

Oriente de Itaparica, 21 de agosto de 2006.

Ir.: Roberto Rocha Verdini Ir.: Robson Batista

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