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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
FUNDAMENTOS DA SECAGEM............................................................................................................. 11
CAPÍTULO 1
CONCEITO E OBJETIVOS DA SECAGEM................................................................................... 11
CAPÍTULO 2
MEIOS DE SECAGEM E CLASSIFICAÇÃO DOS SECADORES...................................................... 17
CAPÍTULO 3
TIPOS DE SECADORES: BANDEJA, ROTATIVOS, LEITO FLUIDIZADO, PNEUMÁTICOS E ROLOS.
PRINCIPAIS SECADORES UTILIZADOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS............................................ 23
UNIDADE II
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES......................................................................... 39
CAPÍTULO 1
PROPRIEDADES E CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS ÚMIDOS..................................................... 39
CAPÍTULO 2
PROPRIEDADES DO AR, GÁS DE SECAGEM.............................................................................. 53
UNIDADE III
ISOTERMAS E CINÉTICA......................................................................................................................... 56
CAPÍTULO 1
ISOTERMAS DE SORÇÃO, HISTERESE NAS CURVAS DE ADSORÇÃO E DESSORÇÃO. MODELOS PARA
PREDIÇÃO DE DADOS DE EQUILÍBRIO: EXEMPLOS DE ISOTERMAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A
ÁREA DE ALIMENTOS ............................................................................................ 56
CAPÍTULO 2
CINÉTICA DE SECAGEM.......................................................................................................... 61
UNIDADE IV
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO................................................................... 66
CAPÍTULO 1
TÉCNICAS DE SECAGEM. DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA. SECAGEM NATURAL. ATOMIZAÇÃO.
EXTRUSÃO. LIOFILIZAÇÃO. INSTANTANEIZAÇÃO......................................................................... 66
CAPÍTULO 2
SECAGEM EM LEITOS FLUIDODINAMICAMENTE ATIVOS............................................................. 76
CAPÍTULO 3
QUALIDADE DO PRODUTO EM FUNÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SECAGEM ............................... 80
CAPÍTULO 4
ESTUDO DE CASO DE SECAGEM DE ALIMENTOS COM ARTIGOS CIENTÍFICOS ......................... 85
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 100
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
6
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
A secagem é um processo extremamente utilizado na conservação de alimentos. Tem
sido utilizado por agroindustriais de pequeno, médio e grande porte. Tem como objetivo
principal a conservação de alimentos por meio da redução de umidade. É um processo
importante na valoração econômica de frutas, hortaliças, farináceos, entre outros. A
avaliação dos compostos nutricionais é uma ferramenta importante para obter resposta
às condições de secagem. As temperaturas altas e longos períodos de secagem são os
principais fatores responsáveis por essas perdas. Condições mais brandas de secagem
podem ser obtidas em leito fluidizado, porém nem todas as matérias-primas estão
sujeitas à fluidização. As perdas nutricionais se tornam inversamente proporcionais
a processos de secagem econômicos. Ou seja, quanto menores as perdas nutricionais,
mais oneroso é o processo de secagem, sendo a liofilização a melhor operação para obter
esse resultado. No entanto, ainda não pode ser utilizada por pequenos agroindustriais
em virtude do elevado custo do equipamento.
Devemos ressaltar que a secagem dos alimentos traz mudanças tanto desejáveis como
indesejáveis, sendo importante avaliar as características peculiares a cada alimento,
o processo de secagem ideal em relação ao custo/benefício e, ainda, em relação às
características pós-desidratação que se deseja obter no produto final.
8
Objetivos
»» Abordar os princípios da secagem, priorizando seu conceito, objetivos, os
meios para atingir a secagem, a classificação e tipo de secadores.
9
10
FUNDAMENTOS DA UNIDADE I
SECAGEM
CAPÍTULO 1
Conceito e objetivos da secagem
11
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
Conceito
A grande maioria dos alimentos possui facilidade em deteriorar-se. Tornam-se
necessárias, portanto, técnicas que proporcionem conservação, e, consequentemente,
aumento da vida útil desses produtos. Dentre os processos mais antigos utilizados para
conservar alimentos, destacamos a secagem.
Fellows (2006) define secagem ou desidratação como a aplicação de calor sob condições
controladas para promover, por evaporação, a maior parte da água normalmente
presente em um alimento. Essa definição irá excluir outras operações unitárias que
removam água de alimentos, como, por exemplo, separação mecânica e concentração
por membranas, evaporação e assamento, pois elas, em geral, removem muito menos
água do que a secagem.
Celestino (2010) define secagem como sendo a operação em que a água ou outro líquido
é removido de um material. Sendo esse conceito também aplicável à evaporação,
que pode ser definida como a concentração de soluções líquidas. Para facilitar nossa
compreensão, na tabela 1 estão listadas algumas diferenças entre secagem e evaporação.
Secagem Evaporação
Retirada de líquido de material sólido. Retirada de líquido de solução líquida.
Retirada de líquido por centrifugação ou vaporização. Retirada de líquido por vaporização.
Vaporização ocorre em temperatura inferior à de ebulição do líquido Vaporização ocorre na temperatura de ebulição do líquido que se
que se deseja retirar do material sólido. deseja retirar da solução.
12
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
Objetivos da secagem
O objetivo máximo de qualquer processamento é a manutenção das qualidades
do produto. Portanto, para o dimensionamento e controle ótimos de processos e
equipamentos de processamentos é necessário quantificar a deterioração da qualidade
do material que está sendo manuseado. (PARK, et al. 2007)
A redução de peso no alimento que sofre secagem é um dos objetivos secundários desse
método de conservação. Em geral, os alimentos têm o peso reduzido entre 50% a 80%.
Consequentemente, ocorre a redução também do volume, que tem sua importância na
embalagem, no transporte e no armazenamento. (GAVA, 2008)
Devemos ressaltar que a remoção da umidade deve ser realizada em um nível em que
ocorra equilíbrio entre o produto, o ar e o ambiente onde será armazenado, devendo ser
feita preservando a aparência e as qualidades nutritivas. (SILVA, 2008)
Ainda de acordo com Silva (2008), a retirada da umidade é obtida pela movimentação
da água que ocorre por uma diferença de pressão de vapor de água entre a superfície do
produto a ser secado e o ar que o envolve. Portanto, para que o produto seja submetido
ao processo de secagem, é necessário que a pressão de vapor sobre a superfície do
produto (pp) seja maior do que a pressão de vapor de água no ar (par).
13
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
Em síntese:
A secagem, além de prolongar a vida útil do produto, não gera ao alimento grandes
perdas nutricionais, pois, apesar das perdas que acontecem, há a concentração do valor
nutritivo do produto. A secagem facilita o transporte e a comercialização do produto,
devido o alimento estar mais leve, compacto e, ainda, suas qualidades permanecem
inalteradas por longos períodos. O processo de secagem pode ser bem econômico. Os
secadores semi-industriais têm baixo custo, a mão de obra não possui a necessidade de
ser especializada, e produtos que sofreram desidratação não possuem custos adicionais
com a armazenagem. A secagem pode ainda reduzir perdas pós-colheita. (CELESTNO,
2010)
14
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
15
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
16
CAPÍTULO 2
Meios de secagem e classificação dos
secadores
Meios de secagem
De acordo com Evangelista (2008), a desidratação só é aplicada ao método de secagem
de alimentos baseado na extração de água, por aquecimento, evaporação e sublimação,
sob condições controladas.
Radiação
O calor é transferido de um corpo para outro por meio de raios caloríficos, ou seja, de
ondas eletromagnéticas, projetadas em direção retilínea (Figura 2). O calor oriundo
do sol, do forno, da lareira, da exposição de raios infravermelhos, são exemplos de
transmissão de calor por radiação. A proporção de calor transmitido irá depender das
características da superfície receptora, como natureza e forma. A matéria receptora
reflete parte do calor recebido e retém o restante. Algumas superfícies irradiam menos
calor do que outras, por exemplo, as brilhantes irradiam menos do que as rugosas. Os
salgados são exemplos de alimentos que sofrem aquecimento por radiação (empanados,
bolinhos, pastéis etc.) (EVANGELISTA, 2008). A energia do campo de radiação é
transportada por ondas longas eletromagnéticas. Enquanto a transferência de calor
por condução e convecção requer a presença de um meio material (sólido ou fluído),
17
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
a radiação ocorre no vácuo, sem precisar de meio, mas pela transferência de calor que
envolve a edificação. (ORDENES et al., 2008)
Condução
A transferência de calor por condução se dá por contato direto (Figura 2), ou por choque
de uma molécula contra outras (EVANGELISTA, 2008). Geralmente, bons condutores
elétricos são bons condutores de calor e vice-versa. E isolantes elétricos são também
isolantes térmicos, em geral. (MOREIRA, 2005)
18
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
Convecção
19
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
De acordo com Evangelista (2008), existem vários tipos de secadores para o processo
de secagem de alimentos, o tipo varia de acordo com as características do alimento,
como: facilidade de processamento, volume, quantidade, estado do produto, fatores de
origem econômica e a forma que se deseja dar ao produto final.
O autor acima citado afirma que de acordo com o modo de transmissão do calor ao
produto, os secadores podem ser divididos em:
Na secagem por secadores adiabáticos, o calor é levado ao interior dos aparelhos por
meio de um gás quente. Esse gás concede calor à água do produto, expulsando para o
exterior o vapor de água gerado. Na secagem por secadores por transferência de calor
20
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
em superfície sólida, é utilizado calor por condução, que é transportado ao produto por
meio de uma placa metálica. Esse último possui duas vantagens em comparação com a
secagem por ar quente. A primeira é que não há necessidade de aquecer grandes volumes
de ar antes da secagem. A segunda é que a secagem pode ser realizada na ausência de
oxigênio para a proteção de componentes dos alimentos, que são facilmente oxidados.
Além disso, são necessários, ainda, que sejam realizados testes para cada matéria-prima
a ser desidratada e para estabelecer ajustes nos parâmetros de processo. (CORNEJO et
al.,2003)
21
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
Figura 4
a. Figos desidratados b. Caquis desidratados
22
CAPÍTULO 3
Tipos de secadores: bandeja, rotativos,
leito fluidizado, pneumáticos e rolos.
Principais secadores utilizados na
indústria de alimentos.
Tipos de secadores
São exemplos de secadores a ar quente:
»» secadores de caixa;
»» secadores de forno;
»» secadores pneumáticos;
»» secadores rotatórios;
»» secadores tubulares.
23
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
Fonte: <http://i01.i.aliimg.com/photo/v0/109121083/Herb_Dryer_Dehydrator_with_cabinet_tray_by.jpg>.
24
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
Secadores rotativos
São secadores de operação contínua. Consistem em câmeras cilíndricas inclinadas, que, ao girar,
mantêm o produto em movimento contínuo. O cilindro é provido de pás ou aletas internas, que
favorecem a mistura do produto e seu contato com ar quente, evitando que grude nas paredes. O
modo de aquecimento pode ser direto ou indireto. O direto ocorre quando os produtos estão em
contato íntimo com ar quente, enquanto o indireto ocorre quando o ar circula pelo interior da
câmara. O aquecimento, nesse caso, ocorre por condução e radiação através da parede câmara
do secador. Alguns equipamentos combinam os dois modos de aquecimento. A circulação do
ar e do produto pode ser tanto concorrente como contracorrente. São secadores adequados
para produtos que apresentam tendência a aderir e resistência mecânica, temos como exemplo,
cubos de caldo de carne, açúcar cristalizado e sementes de cacau. (ORDÓÑEZ et al., 2005)
25
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
26
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
Secadores pneumáticos
São secadores que possuem princípio de funcionamento semelhante aos de leito fluidizado, por
estarem fundamentados na aplicação de convecção forçada para dispersar o produto, sendo,
nesse caso, o grau de dispersão total. São secadores que possuem condutos metálicos verticais
27
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
28
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
29
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
30
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
De acordo com Foust et al. (1982), há ainda secadores de tambor geminado (figura 13c),
que se caracterizam por operar com o mesmo princípio do secador a tambor duplo,
porém giram em direções opostas.
O secador de rolos é composto por dois cilindros de aço de grandes dimensões que
se voltam para si e são aquecidos internamente por vapor. O produto concentrado
é aplicado ao tambor quente em uma fina camada que seca durante menos de uma
revolução (entre 20 segundos e 3 minutos), sendo raspado do tambor por uma lâmina
de aço. É muito utilizado na indústria de derivados do leite. (FELLOWS, 2006)
31
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
32
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
Esses secadores são constituídos por uma câmara que recebe as bandejas com o
produto e por um compartimento onde é feito o condicionamento do ar de secagem.
O ar é impulsionado por um ventilador, passando por um sistema de aquecimento
e entrando em contato com a matéria-prima, iniciando o processo de secagem. Em
secadores de grande capacidade, as bandejas são colocadas em carrinhos para facilitar
o carregamento e a movimentação para o equipamento.
33
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
34
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
35
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
Operações de secagem
Nas operações de secagem, o ar ambiente é aquecido em trocador de calor
antes de entrar no secador. Na saída do secador, o ar está com uma umidade
maior e com uma entalpia superior à entalpia do ar ambiente. O descarte desse
ar na atmosfera representa um desperdício de energia. Porém, ele não pode ser
totalmente reciclado, pois sua umidade relativa alcançará a saturação (UR=100%)
após algumas passagens seguidas pelo secador. No entanto, o reciclo (reuso) de
uma fração desse ar, misturado com ar ambiente aquecido, é possível e pode
ser utilizado para economizar energia e para controlar a umidade relativa de ar
de secagem (ar que entra em contato com o produto no interior do secador).
(MEIRELES; PEREIRA, 2013)
36
FUNDAMENTOS DA SECAGEM│ UNIDADE I
A grande maioria das frutas como maçã, pera, uva, entre outras, possuem
desidratação semelhante, caracterizada pelo corte em fatias finas da polpa,
sendo que cada fruta possui espessura particular, seguida da desidratação.
(FIGUEIRA, 2009)
37
UNIDADE I │FUNDAMENTOS DA SECAGEM
38
PROPRIEDADES
DOS MATERIAIS UNIDADE II
ÚMIDOS E DOS
GASES
Nessa unidade, iremos compreender a definição de umidade e seu comportamento na
secagem. Conheceremos também os conceitos das umidades, entalpia do gás úmido,
saturação adiabática, gás saturado e não saturado, evaporação na superfície úmida,
temperatura de bulbo úmido e cartas de umidade.
CAPÍTULO 1
Propriedades e classificação dos
materiais úmidos
39
UNIDADE II │PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES
A secagem completa de um alimento não acontece de uma única vez. Na primeira fase,
a eliminação da água consome a energia correspondente ao calor latente de vaporização,
porém, na segunda fase, agora com menos água, se torna necessário fornecer, forçosamente,
uma maior quantidade de energia calorífica. Isso acontece porque há a existência de
moléculas de água com propriedades e distribuição diferentes. Sendo possível constatar que
há, pelo menos, dois tipos de água num determinado alimento: a água livre (umidade não
ligada), fracamente ligada a um determinado substrato que atua como solvente e permite
o desenvolvimento dos microrganismos; e a água combinada (umidade ligada), ligada
mais fortemente ao substrato, de difícil eliminação, que não permite o desenvolvimento de
microrganismos e retarda reações químicas. (CASTRO, 2003)
A água é um dos mais importantes componentes dos alimentos, afetando todas as suas
propriedades físicas. A forma como a água afeta a natureza física e as propriedades
dos alimentos é complicada devido à interação entre a água e o meio, o que envolve
a estrutura física, bem como a composição química dos diversos solutos incluindo
polímeros e coloides ou partículas dispersas. (PARK et al., 2001)
40
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES│ UNIDADE II
Dados de umidade de equilíbrio podem ser determinados por meio de método estático,
utilizando-se diferentes soluções salinas saturadas em determinadas temperaturas.
Nesses experimentos, são utilizados reservatórios hermeticamente fechados contendo
soluções salinas, que recebem as amostras pesadas dos materiais, e o conjunto é
colocado em estufa para controle de temperatura. (TEIXEIRA NETO, 1997)
Alterações no flavor
Ésteres, aldeídos e cetonas são os principais compostos que fornecem sabor e aroma
aos vegetais. Os açúcares encontrados nas frutas são os redutores (glicose e frutose)
e não redutores (sacarose). Durante o amadurecimento dos frutos, ocorre aumento
desses açúcares entre os sólidos totais e redução de ácidos, como o cítrico, tartárico e
málico. Essa mudança caracteriza o sabor adocicado típico de frutos que passaram pelo
processo de maturação. (CELESTINO, 2010)
41
UNIDADE II │PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES
O calor vaporiza não somente a água como causa perda de compostos voláteis em
alimentos desidratados. O grau de perda depende da temperatura, do teor de umidade do
alimento, da pressão de vapor e solubilidade de vapor dos voláteis d’água. A porosidade
dos alimentos facilita a perda de aroma, pois permite o acesso do oxigênio, o que causa
oxidação dos voláteis e dos lipídios durante a estocagem. (FELLOWS, 2006)
Outra causa importante da perda de aroma é a oxidação das vitaminas e dos lipídeos
durante o armazenamento, pois a estrutura porosa dos alimentos desidratados permite
acesso ao oxigênio. A velocidade de deterioração é determinada pela temperatura de
armazenagem e pela atividade de água do alimento. A maior parte das frutas e hortaliças
contém baixa quantidade de lipídios, mas a oxidação dos ácidos graxos insaturados
produz hidroperóxidos que reagem por polimerização, desidratação ou oxidação; e
produzem aldeídos, cetonas e ácidos, que promovem odores rançosos e rejeitáveis.
(OETTERER, 2006)
Textura
Escurecimento enzimático
42
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES│ UNIDADE II
Oxidação de vitamina C
São inúmeras as causas de perda de cor em alimentos que sofreram desidratação, pois
a secagem altera as características de superfície, alterando a refletividade e a cor desses
produtos. Quanto mais alta a temperatura, maiores as perdas dos pigmentos.
43
UNIDADE II │PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES
Ordóñez et al., (2005) nos trazem outras alterações que os alimentos podem sofrer ao
passarem por processos de secagem. São elas: endurecimento superficial e movimento
de sólidos solúveis.
Oxidação de lipídios
44
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES│ UNIDADE II
Frutas secas, normalmente, apresentam atividade de água entre 0,6 e 0,85, intervalo
que coloca a oxidação lipídica como uma das principais causas de deterioração de
alimentos desidratados durante o armazenamento. Nesse caso, para uma longa vida
útil dos alimentos ricos em ácidos graxos, devem-se utilizar antioxidantes (recomenda-
se a sulfitação) para evitar a formação de peróxidos; e utilizar embalagem que proteja o
alimento da luz e que diminua a concentração de oxigênio (atmosfera modificada ativa,
vácuo). Outro método de conservação que retarda a oxidação lipídica é a refrigeração
ou congelamento. (CELESTINO, 2010)
Endurecimento superficial
Pode ocorrer por diversas vias e fatores. Quando a secagem inicial é muito rápida, o
vapor d’água na superfície do produto é eliminado mais rapidamente do que a água do
centro do alimento. Quando isso acontece em frutas, carnes, peixes e embutidos, pode
aparecer forte retração da camada superficial do alimento, se comportando como uma
película dura e impermeável, oferecendo forte resistência à transferência posterior de
vapor. Esses problemas podem ser evitados utilizando ar com umidade relativa elevada,
em baixa velocidade e em temperatura elevada para que se possa favorecer a difusão
interna da água do alimento. Em alguns casos, pode ocorrer a formação de crosta
(case hardening), devido à concentração de açúcares em estado vítreo, ou devido a
elevadas temperaturas atingidas nas camadas externas no final do processo de secagem,
acarretando mudanças físicas e químicas complexas. (ORDÓÑEZ et al., 2005).
Ainda segundo Oetterer (2006), podemos afirmar que as enzimas, em sua grande
maioria, são sensíveis aos tratamentos que empregam calor úmido combinado com
temperaturas superiores às de sua atividade, porém não são sensíveis ao calor seco. Essa
propriedade inerente às enzimas é atenuada pelo uso de calor úmido ou pela aplicação
de agentes químicos na etapa anterior à desidratação da matéria-prima.
45
UNIDADE II │PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES
A última parte do alimento a secar é o centro, assim, quando ele seca, ocorre um
encolhimento, o que provoca a formação de fendas, rachaduras e estruturas semelhantes
à uma capa dura, o que gera mudanças indesejáveis na textura do alimento. Ao se aplicar
altas temperaturas na superfície de um alimento, ocorre uma não uniformidade, com a
formação de uma pele seca muito rapidamente, antes mesmo de a umidade central ter
sido retirada. Essa pele é impermeável e bloqueia a água remanescente. Assim, a taxa
de secagem cai rapidamente, a superfície fica menos côncava e rígida, o encolhimento
interno é maior com o aparecimento de mais estruturas ocas. Durante a secagem lenta,
com temperaturas e velocidade de ar mais baixas, a superfície fica mais côncava e densa.
(CELESTINO, 2010)
46
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES│ UNIDADE II
Modelos de encolhimento
Por muito tempo o fenômeno do encolhimento foi assumido como fator insignificante
para facilitar as soluções equacionais de transferência de calor e massa, no entanto,
durante a secagem de material biológico, esse fenômeno físico é observado e deve ser
levado em consideração.
47
UNIDADE II │PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES
A
= (cX(t) + d) n
Onde: A0
n = Coeficiente de encolhimento.
ρ0
C=
X 0 +1
d= 1 + c - ρ0
48
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES│ UNIDADE II
Seleção de frutas
A qualidade do fruto desidratado depende quase totalmente das condições
iniciais da fruta. Essa deve ser colhida em seu ponto ótimo de maturação. Frutas
verdes ou “de vez” resultam em produtos desidratados de qualidade inferior, pois
se apresentam descoradas, pouco saborosas e com grau reduzido de doçura.
Todavia, as frutas em estado de maturação avançada resultam em produtos de
coloração escura e com sabor de fruta passada.
Lavagem e preparação
Primeiro faz-se a seleção das frutas e das hortaliças de boa qualidade, retirando-
se as danificadas e com contaminação microbiana. Em seguida, são lavadas
em água corrente e sanificadas com cloro, nas proporções de 10 a 50 ppm,
podendo ser enxaguadas ou não, dependendo das concentrações de cloro.
Posteriormente, procede-se à remoção de talos, folhas e porções muito maduras.
Descascamento e corte
As operações de descascamento e corte facilitam a desidratação e contribuem
para dar melhor aparência às frutas, resultando em aumento de sua vida útil e
qualidade sensorial. Em frutas de casca espessa, como abacaxi, mamão e banana,
o descascamento é uma operação fundamental.
Outras, como pêssego de caroço solto, ameixa e damasco, podem apenas ser
partidas pela metade, sem a retirada da pele: a fruta se separa em duas metades e
se extrai o caroço, operação que pode ser mecânica ou manual, dependendo da
quantidade a ser processada. Podem também ser inteiros; nesse caso, requerem
banhos de lixívia e sulfuração prévios. Para isso, mergulha-se o pêssego por 30
a 60s em uma solução aquecida de hidróxido de sódio com concentração de 1
a 2%, a 40° C. Em pêssegos de caroço preso, essa operação resulta em produto
final de melhor qualidade.
Frutas parafinadas devem receber tratamento com banho alcalino aquecido para
a retirada parcial da película cerosa, facilitando a desidratação. Essa operação
49
UNIDADE II │PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES
Sulfuração
O tratamento com dióxido de enxofre possui ação eficaz na conservação da
cor e do sabor naturais do fruto, prolonga sua conservação, retarda a perda
de vitaminas A e C e promove a desinfecção parcial e a inativação enzimática.
Essa operação é realizada após descascamento e corte da fruta, facilitando a
absorção do dióxido de enxofre. Similarmente ao branqueamento, a sulfuração é
empregada em frutas com alta atividade enzimática e sujeitas ao escurecimento.
50
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES│ UNIDADE II
Por fim, é necessário abordar que, de acordo com a legislação, o nível máximo de
dióxido de enxofre permitido no produto final é de 200ppm ou 0,02%.
51
UNIDADE II │PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES
Armazenamento
O armazenamento deve ser feito em local fresco, limpo, seco e arejado, separado
de outros recintos da planta de processamento e com portas e vitrôs telados.
Deve ser mantida constante vigilância contra insetos roedores.
52
CAPÍTULO 2
Propriedades do ar, gás de secagem
53
UNIDADE II │PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES
»» a temperatura do ar;
É também chamada umidade específica. Pode ser definida como sendo o peso de água
em forma de vapor por unidade de peso de ar seco, podendo ser considerada a seguinte
equação (ORDÓÑEZ et al., 2005):
Pode ser definida como a relação entre a pressão parcial de vapor (Pv) e a pressão parcial
de vapor saturado (Ps) (CELESTINO, 2010). O termo saturado é referente ao vapor de
água, onde o ar pode ou não estar saturado dele.
O alimento absorve calor do ar quente, o que gera o calor latente necessário para que
ocorra a evaporação da água da superfície do alimento. A temperatura do ar medida em
um termômetro é denominada temperatura de bulbo seco. Caso o bulbo seja coberto
por um tecido molhado ou água propriamente dita, é retirado calor por evaporação da
água e a temperatura cai. A essa temperatura baixa, dá-se o nome de temperatura de
bulbo úmido.
54
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ÚMIDOS E DOS GASES│ UNIDADE II
Compreendendo a importância da
desidratação
A água que é removida de um alimento durante a desidratação não pode ser
recolocada da mesma forma quando o alimento é reidratado, pois a reidratação
não pode ser considerada o inverso da secagem. Perdas na pressão osmótica
celular, mudanças na permeabilidade da membrana, migração de solutos,
cristalização de polissacarídeos e coagulação de proteínas celulares contribuem
para as mudanças de textura e perdas de voláteis, ambas irreversíveis (RAHMAN;
PEREIRA, 1999). O calor reduz o grau de hidratação do amido e a elasticidade das
paredes celulares e coagula proteínas reduzindo a sua capacidade de retenção
de água. A taxa e o grau de reidratação podem ser utilizados como um indicativo
da qualidade do alimento. Os alimentos que são desidratados em condições
ótimas sofrem menos danos e se reidratam mais rapidamente e de uma forma
mais completa do que os desidratados de forma mais precária.
55
ISOTERMAS E UNIDADE III
CINÉTICA
Nessa unidade iremos aprender sobre isotermas de sorção, histerese nas curvas de
adsorção e dessorção. Veremos exemplos de isotermas e sua importância para a área de
alimentos. Iremos entender como funciona as curvas e mecanismos de secagem.
CAPÍTULO 1
Isotermas de sorção, histerese nas
curvas de adsorção e dessorção.
Modelos para predição de dados de
equilíbrio: exemplos de isotermas e sua
importância para a área de alimentos
Isotermas de sorção
Cada alimento possui suas características a uma determinada temperatura, pela
sua isotérmica de sorção. Todas essas isotérmicas têm uma forma semelhante e as
diferenças que possam existir se devem a modificações da estrutura, composição
química e capacidade de retenção da água pelo alimento. (CASTRO, 2003)
56
ISOTERMAS E CINÉTICA│ UNIDADE III
A atividade de água (aw) pode ser definida como a intensidade das forças que unem a
água com outros componentes não aquosos e, consequentemente, a água disponível
para o crescimento dos microrganismos e para que se possam realizar diferentes reações
químicas e bioquímicas (ORDÓNEZ, 2005). É a relação existente entre a pressão de
vapor de uma solução ou de um alimento (P) com relação à pressão de vapor da água
pura (Po), a uma mesma temperatura: Aa = P/Po. Assim, Aa irá variar de 0 a 1, sendo
que 0 corresponde à ausência de água livre, e 1 refere-se a água livre. (CASTRO, 2003)
Na figura 20, podemos observar três segmentos: A, B e C, e três zonas: I, II e III, que
indicam a forma como a água está ligada aos alimentos.
57
UNIDADE III │ISOTERMAS E CINÉTICA
58
ISOTERMAS E CINÉTICA│ UNIDADE III
isso, ela se encontra mais livre. Com a mesma quantidade de água, há mais água livre
na adsorção, ou seja, a atividade de água é maior na adsorção. Por isso, em geral, a
isoterma de adsorção para um produto determinado não é equivalente à isoterma de
dessorção. Isso gera falta de coincidência dos dois gráficos. (ORDÓÑEZ et al., 2005)
Ainda de acordo com Ordóñez et al., (2005), a viscosidade do produto também é alterada,
sendo maior na adsorção do que durante a dessorção, devido à menor quantidade de
água. Esse fenômeno tem importância em produtos desidratados que precisam ser
reidratados para a comercialização, apresentando atividade de água ligeiramente
superior à esperada, aumentando o risco de deterioração. Esse fator deve ser levado
em consideração principalmente quando se lida com alimentos acondicionados muito
higroscópicos.
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UNIDADE III │ISOTERMAS E CINÉTICA
60
CAPÍTULO 2
Cinética de secagem
Podemos entender como cinética de secagem a rapidez com que o alimento perde
umidade. Ela é controlada pela matriz do alimento e pelas variáveis: temperatura,
umidade relativa do ar e velocidade. O conteúdo de umidade de um alimento, durante
o processo de secagem, apresenta um comportamento mostrado pela curva da figura.
Para se obter essa curva, amostras de alimentos são retiradas de tempos em tempos
para se determinar a umidade. É necessário salientar que as amostras retiradas do
processo de secagem devem estar quentes e devem ser resfriadas em dessecadores e a
temperatura deve estar próxima à temperatura ambiente para a determinação do peso
inicial. Imediatamente após, devem ser colocadas em estufa a 105° C até que tenham
peso constante. (CELESTINO, 2010)
61
UNIDADE III │ISOTERMAS E CINÉTICA
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ISOTERMAS E CINÉTICA│ UNIDADE III
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UNIDADE III │ISOTERMAS E CINÉTICA
Figura 23. Período de taxa constante. Figura 24. 1o período da razão decrescente
Figura 25. 2o período da razão decrescente. Figura 26. Taxa de período de razão decrescente.
Fonte:Silva, 2008.
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ISOTERMAS E CINÉTICA│ UNIDADE III
65
TÉCNICAS DE
SECAGEM, UNIDADE IV
QUALIDADE DO
PRODUTO SECO
Nessa unidade iremos conhecer as técnicas de secagem, como desidratação osmótica,
secagem natural, atomização, extrusão, liofilização, instantaneização. Iremos entender
como funciona a secagem em leitos fluidodinamicamente ativos. Observaremos a
qualidade do produto em função das condições de secagem e teremos estudo de caso de
secagem de alimentos com artigos científicos.
CAPÍTULO 1
Técnicas de secagem. Desidratação
osmótica. Secagem natural.
Atomização. Extrusão. Liofilização.
Instantaneização.
Desidratação Osmótica
Consiste na imersão de produtos com alto conteúdo de água em soluções concentradas
com altos teores de açúcar ou sal, havendo transferência simultânea de massa em
contracorrente entre o produto e a solução, ocorrendo a passagem de grande proporção
de água do produto para a solução, e ao mesmo tempo, há a transferência de solutos
dela para o produto. Esse processo exige um gasto de energia muito menor em relação
aos outros, pois não implica na mudança do estado da água. Além disso, ao mesmo
tempo em que ocorre a desidratação, é possível impregnar ao produto substâncias de
interesse como conservantes, suplementos nutritivos, melhoradores de propriedades
sensoriais etc. A utilização de soluções muito concentradas (50 a 75g de soluto por
100g de solução) permite eliminar até 40 a 70g de água por 100g de produto inicial,
66
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
com incorporação mínima de solutos (5 a 25g de soluto por 100g de produto inicial) em
tempo relativamente curto. A desidratação osmótica é aplicada em frutas e hortaliças e,
mais recentemente, em carnes, peixes e géis. (ORDÓNEZ, 2005)
Secagem natural
A secagem sob ação da luz solar era inicialmente restrita às frutas que continham
porcentagens elevadas de açúcar, as quais ao serem colhidas poderiam secar
rapidamente, sem muitos prejuízos provocados pelos fungos e pela fermentação.
Embora novas variedades tenham sido selecionadas para esse fim, a secagem natural já
não é praticada tão intensivamente. (OETTERER, 2006)
67
UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
Porém, Fellows (2006) considera que a secagem ao sol (sem equipamentos de secagem)
é a operação de processamento agrícola mais amplamente utilizada no mundo. Mais
de 250 milhões de toneladas de frutas e grãos são secos com energia solar por ano.
Em alguns países, os alimentos são simplesmente dispostos no campo, em telhados
ou outras superfícies planas e virados regularmente até secarem. Métodos mais
sofisticados (secadores solares) coletam a energia solar e aquecem o ar que é utilizado
para a secagem. Os secadores solares são classificados em:
Tanto a secagem solar como a secagem ao sol são tecnologias simples e baratas, em
termos de capital inicial e de custos de operação. Não há necessidade de energia nem
de mão de obra qualificada, e, na secagem ao sol, grandes quantidades podem ser
secas a baixo custo. As maiores desvantagens são o baixo controle das condições de
secagem e as taxas de secagem menores do que as encontradas em secadores artificiais,
resultando em produtos com menor qualidade e maior variabilidade. Além disso,
a secagem depende das condições climáticas e da hora do dia e requer mais mão de
obra do que outros métodos. Existe um grande número de desenhos de secadores
solares diferentes. Secadores solares pequenos têm sido investigados em instituições
de pesquisa, principalmente em países em desenvolvimento, por muitos anos. No
entanto, a sua, muitas vezes, baixa capacidade e as melhorias insignificantes na taxa
de secagem e na qualidade do produto, quando comparada à secagem ao sol higiênica,
têm restringido sua utilização comercial a apenas três ou quatro aplicações no mundo.
Secadores solares maiores, com ventiladores alimentados por energia fotovoltaica e
com capacidade de 200 a 400 kg/batelada, foram desenvolvidos pela Universidade de
Hohenheim (Alemanha) para operação em escala comercial. Centenas de secadores
estão em uso atualmente nos países mediterrâneos para a secagem de frutas com padrão
de exportação para os mercados europeus (AXTELL; RUSSEL, 1991). Desenvolvimentos
potenciais utilizando energia solar podem ser incluídos no preaquecimento de ar para
obter uma diminuição do consumo de energia em secadores a combustão. (FELLOWS,
2006)
A secagem natural pode ser aplicada em regiões com temperatura média de 35 a 40° C,
com boa taxa de radiação solar, baixa umidade relativa do ar e baixo índice de poluição.
Os alimentos secos ao sol apresentam coloração mais intensa do que os desidratados
68
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
Atomização
A secagem por atomização, ou, também chamada, pulverização ou, ainda, spray-drying
é caracterizada por um processo contínuo no qual um líquido ou pasta é transformado
em produto seco, caracterizando-se pelo tempo de secagem relativamente curto. É um
processo que consiste na pulverização do líquido num compartimento que recebe fluxo
de ar quente. A evaporação rápida da água permite manter baixa a temperatura das
partículas de maneira que a alta temperatura do ar de secagem não afete de maneira
drástica o produto. É um processo utilizado na indústria alimentícia, farmacêutica, de
detergentes etc. (GAVA, 2008)
1. atomização do líquido,
3. evaporação da água e
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UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
o líquido e projeta as gotículas de maneira radial ao fluxo de ar quente que entra pelo
dispersor de ar, localizado na parte superior da câmara. Essa, geralmente, possui uma
forma cilíndrica na sua parte superior e cônica na sua parte inferior. Já a atomização
por bicos especiais poderá ser ocasionada por bombas de alta pressão ou por sistema
pneumático (ar comprimido). A pressão do bico ejetor determina o tamanho da
partícula. A utilização de pressões altas, até 30Mpa, ocasiona um pó bem fino e com alta
densidade. O uso de pressões mais baixas, entre 5 e 20 Mpa, forma partículas maiores
(GAVA, 2008). Nas figuras 28 e 29 temos um atomizador por bico e um atomizador por
discos.
Legenda:
1. Geração de ar quente.
2. Sistema de bombeamento.
3. Sistema de pulverização.
4. Câmara de secagem.
5. Válvula dosadora.
70
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
Os produtos geralmente desidratados por essa técnica são líquidos ou massas e purês
com viscosidade adequada para serem atomizados, como leite, soro, caseínas, produtos
de ovos, preparados para alimentação infantil, café, chá, proteínas, aromas em cápsulas,
extrato de carne e leveduras etc. Os produtos termoplásticos com conteúdo elevado
de açúcar ou de outros sólidos solúveis (sucos de frutas ou de tomate) apresentam
tendência a fundir-se e aderir às paredes da câmara, mesmo quando estão secos. Por
isso, se torna necessário resfriar a parte inferior da parede interna da câmara e/ou
adicionar compostos que reduzam a tendência do pó desidratado a aderir as paredes da
câmara. (ORDÓÑEZ et al., 2005)
Liofilização
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UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
Extrusão
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TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
Instantaneização
A tecnologia da instantaneização foi implantada com grande êxito. Ela se caracteriza pela
produção de alimentos que podem ser dissolvidos rapidamente, sem o inconveniente
da presença de grumos. O produto elaborado por essa técnica é conhecido por
instantâneo ou solúvel, é obtido em secadores de desenho especial ou em equipamentos
de aglomeração trabalhando sincronizadamente com secadores por atomização.
(EVANGELISTA, 2008)
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UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
1. depósito de água;
2. bomba;
3. bico pulverizador;
4. alimentação do pó;
5. câmara de umedecimento;
7. sistema vibratório;
8. aquecimento de ar;
9. saída do pó aglomerado.
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TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
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CAPÍTULO 2
Secagem em leitos
fluidodinamicamente ativos
76
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
De acordo com Park et al. (2007), método de secagem por leito fluidizado consiste na
imersão do corpo sendo seco em um leito de uma substância dissecante, fluidizada pelo
ar (figura 35). O mecanismo de transferência de umidade da superfície do material para
o leito dissecante possui uma natureza penetrativa; a força de secagem do processo é
uma diferença entre o conteúdo de umidade do material dissecante em equilíbrio com
a superfície e o centro do leito fluidizado.
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UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
Conservação de alimentos
A preocupação em conservar alimentos surgiu com os primeiros agrupamentos
humanos. As pessoas intuíram que as provisões dos dias de fartura poderiam
ser mantidas para os tempos de escassez. Passando a secar a carne ao sol, se
observou que a camada externa, depois de seca, possibilitava a conservação da
parte interna por mais tempo. Com o advento do fogo, surgiram os métodos
de defumação utilizados até hoje. Em seguida, descobriu-se a salga, outro
sistema de conservação de prática bastante simples, além de extremamente
higiênica. Na Grécia antiga, a salga do peixe era muito utilizada. Já os fenícios
descobriram um método específico para a conservação da carne de caça:
mantinham-na submersa no mel. Alguns povos da Ásia Menor tinham o hábito
de preservar a carne imersa em banha, o que reduzia consideravelmente o risco
de deterioração. Outro método de conservação de alimentos descoberto há
muito é o da fermentação. O chucrute, repolho cortado em tiras e deixado para
fermentar, hábito comum em algumas regiões, é uma imitação do que fazem os
habitantes das regiões polares, no intuito de conservar alimentos vegetais por
longos invernos. Alguns desses métodos antigos são ainda hoje utilizados.
78
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
79
CAPÍTULO 3
Qualidade do produto em função das
condições de secagem
As mais diversas matérias-primas podem ser desidratadas tais como vegetais (cenoura,
batata, mandioquinha, mandioca, couve etc.), frutas (morango, banana, açaí, acerola
etc.), carnes (bovina e de aves), produtos lácteos (doce de leite, leite condensado etc.)
etc. Os produtos desidratados podem ser apresentados em: fatias, cubos, rodelas,
palitos, flocos, granulado ou pó.
Existem alguns tratamentos que podem ser utilizados para auxiliar o processo de
secagem, visando minimizar os aspectos indesejáveis da desidratação e melhorar a
qualidade do produto final.
Tratamento pré-secagem
Nos vegetais, o escurecimento ocorre por causa da presença da enzima polifenoloxidase
(PPO), que é ativada com a exposição das partes internas do vegetal ao oxigênio, por
causa do fatiamento. As temperaturas utilizadas nos processos de secagem aceleram
essa reação enzimática que causa escurecimento. Perdas nutricionais e modificações
sensoriais (cor, sabor, aroma e textura) indesejáveis são as consequências desse
processo. Além disso, a ação de microrganismos também é causa de deterioração. O uso
de antioxidantes e a operação de branqueamento prolongam a vida útil dos produtos
desidratados. (CELESTINO, 2010)
Uso de antioxidantes
Branqueamento
Desidratação osmótica
81
UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
82
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
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UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
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CAPÍTULO 4
Estudo de caso de secagem de
alimentos com artigos científicos
Artigo 1
Reinato e Borém (2006) estudaram a variação da temperatura e do teor de água no café.
O que os autores relatam desse fato é que possivelmente aconteceu tanto por não ter
ocorrido gradiente de temperatura, como também por uma provável movimentação
longitudinal do café mais eficiente. As variações de temperatura observadas
longitudinalmente na massa de café foram menores do que na direção radial. O uso
do GLP como combustível resulta em maiores gradientes de temperatura, porém
menores variações de teor de água. Os maiores gradientes de teor de água do produto,
85
UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
Artigo 2
Os ensaios de desidratação osmótica foram realizados num sistema tipo batelada com
agitação e com controle de temperatura. As frutas foram imersas na solução no interior
de suportes individuais, feitos de tela de aço e identificados por números. Utilizou-se
um volume de 20 litros de solução osmótica em cada experimento, de tal forma que a
relação entre a massa de fruta e a massa de solução não variasse significativamente nos
diferetnes experimentos.
O conteúdo de água das bananas foi medido antes e depois dos tratamentos osmóticos
por método gravimétrico utilizando uma estufa a 105° C por 4 horas. O conteúdo de
açúcar das frutas foi medido antes e após os tratamentos osmóticos.
86
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
mas constatou-se que não houve entrada de quantidades apreciáveis de secarose nas
bananas (na média, cerca de 10% da massa de açúca inicial das frutas), bem como a
variação na quantidade de sacarose das frutas.
O valor predito de perda de água nestas condições é 86%. Dois experimentos realizados
nessas condições levaram a uma perda média de água pelas bananas de 84%. Esse
resultado mostra que o modelo é considerado adequado.
Artigo 3
A etapa de desidratação osmótica foi realizada em tacho de aço inoxidável, com camisa
de aquecimento por resistência elétrica e sistema de vácuo por bomba d’água.
Os xaropes foram preparados por meio da adição de açúcar à água (até atingir o teor
de sólidos solúveis desejado), sob aquecimento. Em seguida, foram adicionados ácido
87
UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
cítrico (até atingir pH 3,0) e benzoato de sódio (0,1%). A quantidade de xarope utilizada
no processo deve ser a necessária para se estabelecer a proporção fruta:xarope de 1:4.
A utilização de maiores quantidades de xarope minimiza o efeito da diluição do xarope
osmótico aumentando a eficiência da desidratação.
Para que eles avaliassem os tratamentos osmóticos foram retiradas amostras de manga
(15 cubos por amostra) no início e a cada hora de desidratação osmótica. Durante a
secagem, foram retiradas amostras a cada duas horas, até a finalização da secagem.
Foram realizadas as seguintes determinações:
Eles verificaram que o uso de xaropes mais concentrados, apesar de ter intensificado a
perda de água, apresentou o inconveniente aumento do ganho de sólidos. Observaram
ainda, nas mesmas figuras, que os tratamentos em que se utilizaram xaropes de sacarose
a 55º e a 65ºBrix alcançaram valor de perda de água de aproximadamente 45 e 50%,
respectivamente. Nota-se que o aumento na concentração do xarope ocasionou maior
88
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
Na desidratação osmótica a vácuo, a perda de água foi maior do que o ganho de sólidos,
o que levou a uma perda de peso do produto.
O final da secagem foi estabelecido como o instante em que os frutos alcançaram níveis
de atividade de água inferiores a 0,75. Assim, os tempos de secagem em estufa dos
frutos pré-tratados osmoticamente à pressão atmosférica e a vácuo diferiram entre si,
tendo sido de 16 e 14 horas.
Ao final da osmose, eles observaram uma diferença nos valores de sólidos solúveis
totais entre os dois tratamentos, tanto sob pressão atmosférica (T1), quanto sob vácuo
(T2), o que pode ser justificado pela maior incorporação de sólidos durante o processo
osmótico sob vácuo. Ao final da secagem, verifica-se um aumento no teor de sólidos
solúveis totais, devido à remoção de água no decorrer do processo ter provocado a
89
UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
concentração dos sólidos solúveis nos produtos. Observaram ainda, que os tratamentos
osmóticos proporcionaram considerável redução nos níveis de umidade e atividade de
água. Entretanto, produtos com essas características não são estáveis em prateleira,
confirmando a necessidade de processamento complementar, conferindo-lhes
características que os tornem estáveis sem necessidade de refrigeração, o que pode ser
verificado nos valores de umidade e atividade de água dos produtos após a secagem em
estufa, enquadrando-se como alimentos de umidade intermediária.
Artigo 4
Vieira et al. (2012) estudaram a liofilização. O objetivo do estudo foi avaliar a cinética
de secagem e os parâmetros de qualidade – conteúdo de vitamina C, reidratação e
textura – de fatias de abacaxi liofilizadas em função da espessura e da temperatura de
congelamento. Abacaxis do tipo Havaí, variedade Smooth Cayenne, foram adquiridos
no mercado local (São José do Rio Preto-SP) algumas horas antes do processamento.
Em cada ensaio, foram utilizados dois a três abacaxis, de tamanho médio, maduros e
sem injúrias nas cascas, descascados manualmente e fatiados transversalmente com
auxílio de um fatiador mecânico nas espessuras de 0,5, 1,0 e 1,5 cm. Para garantir
a uniformidade do diâmetro nas fatias, utilizou-se apenas a região central da fruta,
descartando as extremidades.
90
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
O equipamento utilizado por eles foi um liofilizador de bancada (modelo L-101, marca
Liotop, São Carlos-SP, Brasil), que consiste basicamente de uma câmara de secagem
acrílica cilíndrica e transparente. Na parte superior da câmara, há uma tampa em aço
inox que acopla oito torneiras de silicone para o encaixe dos frascos (cones) de vidro
com o sistema de alívio de vácuo e, no interior da câmara de secagem, há um suporte
em aço inoxidável para quatro bandejas de inox.
Após o congelamento das amostras, três quartos delas foram dispostos no interior da
câmara de secagem do liofilizador em operação por um período de 24h, para a avaliação
dos testes de textura, vitamina C e reidratação, enquanto o restante das amostras foi
colocado no interior dos cones laterais do liofilizador e pesados em conjunto para a
obtenção da cinética de secagem.
As amostras liofilizadas por 24h foram cortadas com auxílio de uma faca em aço
inoxidável em tamanhos uniformes (1,5 × 1,5 cm) para serem condicionadas em
dessecadores contendo solução saturada (K2CO3) a 25° C, correspondente à umidade
relativa de equilíbrio de 0,432. As amostras, de peso inicial conhecido, foram então
sobrepostas às placas de suporte perfuradas dos dessecadores, sendo pesadas em dias
consecutivos até atingirem peso constante.
91
UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
pelo software Texture Expert V.1.22 (Stable Micro Systems) e uma média foi calculada
a partir de cinco réplicas para cada condição de liofilização experimental fixada.
92
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
Artigo 5
Zuchi et al. (2009) estudaram diferentes métodos de secagem. O objetivo do seu estudo
foi avaliar dois períodos de colheita com secagem natural e artificial e a qualidade
fisiológica de sementes de mamona.
Os racemos de mamona foram colhidos em duas épocas, quando apresentavam 70% dos
frutos secos (colheita antecipada) e 100% dos frutos secos (retardamento da colheita).
Depois de colhidos, foram depositados em sacos porosos de fibra, identificados e
encaminhados ao Laboratório de Grãos da FAEM para a secagem dos frutos e separação
das sementes.
93
UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
Para análise fisiológica das sementes, foi utilizada metodologia para o teste padrão
de germinação preconizada pelas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992),
com quatro repetições de 50 sementes, distribuídas em papel toalha para germinação,
umedecimento com água destilada, 2,5 vezes o seu peso, acondicionadas a 25º C de
temperatura em germinador modelo Mangelsdorf. Para o teste de vigor foi utilizada a
primeira contagem do teste padrão de germinação, aos sete dias, obtendo-se a geminação
ao final dos 14 dias, com a segunda contagem. Na segunda contagem foi anotado
também o número de plantas anormais e sementes duras. Para verificar a presença
de dormência nas sementes, empregou-se o método de superação de dormência, pré-
94
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
O vigor das sementes da cultivar Al Guarany 2002 foi maior na colheita antecipada
com secagem a 40º C, em relação às sementes colhidas com retardamento e secadas
naturalmente na planta mãe. Tomando-se por base a temperatura de secagem de
40º C, constatou-se uma diferença de 19 pontos percentuais (pp) no vigor e 15pp na
germinação, entre as sementes colhidas antecipadamente e secadas artificialmente a
40º C para com as sementes colhidas tardiamente e secadas naturalmente no campo,
na própria planta mãe. Entretanto, quando aplicado tratamento para superação da
dormência das sementes, a germinação das sementes secadas naturalmente na planta
mãe foi de 76%, diminuindo a diferença de qualidade de 15 para 5pp.
A colheita antecipada com secagem a 60º C teve efeito danoso sobre a qualidade
fisiológica das sementes de mamona. Essa temperatura teve desempenho inferior tanto
no vigor (30%), quanto na germinação (56%). Sementes de milho-doce colhidas em
espiga com 40-50% de umidade e secadas a 40º C mostraram menor deterioração
durante o armazenamento, entretanto, a temperatura de secagem pode ser elevada para
50º C, sem prejuízos a qualidade das sementes, desde que as sementes sejam colhidas
com 20-30% de umidade.
95
UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
96
TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO │ UNIDADE IV
As sementes da cultivar BRS 188 Paraguaçu foram afetadas pela secagens a 80 e 100º
C. As reduções no vigor e na germinação das sementes de mamona provocadas por
estas secagens, induziram um aumento no número de plantas anormais e sementes
duras. Sementes de milho colhidas com 28,5% de umidade e secadas a 60º C, por 10
minutos, tiveram mais de 50% de sementes trincadas, mas com germinação e vigor
acima de 90%, contudo, se expostas por 15 minutos, reduziu-se a germinação em 5pp e
o vigor em 24pp.
Eles concluíram que a colheita antecipada de mamona, com 70% dos frutos secos, e
secagem dos frutos com temperaturas superiores a 40º C diminui acentuadamente
a qualidade fisiológica das sementes. A secagem de frutos de mamona à 40º C é
considerada apropriada, quando os frutos são colhidos com 25% de grau de umidade
(70% dos frutos secos). A colheita de frutos de mamona com 100% dos frutos secos
pode induzir dormência nas sementes.
Artigo 6
Inicialmente, as amostras foram higienizadas e parte das cascas seca em estufa a vácuo
a 70° C por três horas. Foi calculada a quantidade de carboidratos totais das amostras
a partir da diferença entre a massa inicial da amostra (100 gramas) e o total da massa
de proteínas, de lipídios, de resíduo mineral fixo e de fibra alimentar. Seu valor calórico
total foi calculado aplicando-se os valores de conversão para carboidratos (4,0 kcal),
lipídios (9,0 kcal) e proteína (4,0 kcal). (IAL,1985)
97
UNIDADE IV │ TÉCNICAS DE SECAGEM, QUALIDADE DO PRODUTO SECO
A umidade foi determinada por gravimetria, eles utilizaram para isso estufa a vácuo
mantida a 70º C até obtenção de peso constante da amostra (IAL, 1985). O resíduo
mineral fixo da casca também foi determinado por gravimetria, por meio de carbonização
em fogareiro elétrico e incineração em forno mufla a 550º C até a obtenção de cinzas
claras (IAL, 1985). Os lipídios da casca foram determinados pela extração em aparelho
Soxhlet, utilizando-se éter de petróleo como solvente (IAL, 1985). Os teores de proteínas
da casca do maracujá foram quantificados pelo método Kjeldhal, conforme as normas
analíticas do IAL (1985).
Analisaram a fibra bruta, onde a casca foi submetida à digestão ácida com solução
de ácido sulfúrico 1,25%, seguida por digestão alcalina com hidróxido de sódio 1,25%
(IAL, 1985). Utilizaram o método enzimático gravimétrico para a determinação de fibra
alimentar, comparando a solução tampão (pH = 6,0) e a solução “mes-tris” (pH ≅ 9,0),
pela metodologia da AOAC (2000).
Nos seus resultados, afirmou que a casca do maracujá apresenta alto índice de fibras,
principalmente, a solúvel; e sugere que novos produtos a base de fibras, obtidos da casca
do maracujá, podem ser formulados para a prevenção de doenças. Afirmou também
que a casca do maracujá amarelo representa complemento em potencial para novos
produtos alimentícios, como farinha da casca e sucos com adição dessa farinha.
98
Para (não) Finalizar
A umidade final do produto desidratado costuma situar-se entre 1 e 5%, o que permite
sua conservação durante períodos de tempo relativamente longos (até um ano).
Contudo, durante seu armazenamento, podem surgir diversas causas de alteração, que
normalmente podem ser evitadas com embalagem adequada e correta manipulação.
O crescimento de alguns microrganismos só é possível depois da reidratação parcial.
Para impedir isso, e devido à higroscopicidade dos alimentos desidratados, é necessário
utilizar materiais de embalagem que sejam impermeáveis ao vapor d’agua ou realizar
o armazenamento em condições higrométricas apropriadas. Em grãos de cereais e
farinhas conservados em silos, uma passagem de umidade pode favorecer a proliferação
de mofos. Evitam-se esses acidentes utilizando locais termicamente isolados.
99
Referências
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