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1.

Desempenho do Setor de Construção Civil na Bahia e no Brasil

No que concerne o comportamento do crescimento do PIB do estado da Bahia e o PIB


da construção civil no estado, percebe-se que a partir de 2005 o aumento do produto
interno da construção supera o do estado, sendo que no ano de 2010 apresenta valor
máximo quando houve uma evolução expressiva no PIB da construção de 15,6%. No
ano de 2011 há um declínio, o crescimento do PIB do estado foi de 2% enquanto a
construção registra 6%.

Comparando o crescimento do PIB Brasil e o PIB da construção civil no país, percebe-


se comportamento semelhante ao gráfico em relação ao do estado da Bahia. Sendo que
o ano de 2009 há um declínio decorrente a crise financeira internacional e um novo
crescimento no ano de 2010, sendo que a partir desse ano há um novo arrefecimento
decorrente a redução das vendas e do número de lançamentos. Embora durante todo
esse período de 10 anos os financiamentos tenham crescido de forma significativa.
A conjuntura econômica do país, nos últimos anos, tem colaborado com esse quadro de
aquecimento do setor imobiliário. Uma vez que há uma tendência na redução dos juros
e uma maior flexibilização do crédito decorrente a ampliação nos prazos de 30 para 35
anos e a portabilidade bancária desses financiamentos.

Conforme dados do Valor Econômico, enquanto a renda média do trabalhador brasileiro


subiu de 43% entre 2007 e 2011, o valor médio dos financiamentos e aquisições de
imóveis feitos pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) aumentou 83%. As novas
regras de flexibilização no crédito habitacional acabam colaborando com o
descompasso entre a capacidade de endividamento das famílias e o financiamento
imobiliário.

2.Evolução dos Empregos Formais da Construção Civil na Bahia

A construção civil tem apresentado um ótimo desempenho nos últimos anos na Bahia.
Esse superaquecimento do setor tem se refletido diretamente na contratação de mão de
obra. Conforme dados do CAGED, o setor começa a obter um desempenho mais
significativo e consistente, no que se refere a saldo de empregos formais, a partir de
2007. Em 2008 há uma breve queda devido à crise financeira mundial, contudo em 2009
e 2010 a construção civil apresenta um desempenho extremamente significativo. Nesses
dois anos a construção civil gerou 26.919 e 25.453 postos de trabalho com carteira
assinada respectivamente. Em contraste aos dois anos anteriores o setor apresentou uma
forte queda em 2011, quando foi apurado um saldo de 5.121 empregos formais. Em
termos percentuais isso implicou numa diminuição de 81% em relação a 2010. Para o
primeiro quadrimestre de 2012 pode-se observar um esboço de recuperação.

O subsetor que mais contribuiu para o desempenho da construção civil na Bahia foi a
Construção de Edifícios . Dos 77.026 postos de trabalho criados em todo período em
análise o subsetor foi responsável por 52% do saldo, mesmo considerando que em 2011
foi contabilizado um saldo negativo de 5.004 empregos formais. Em todos os anos, a
exceção de 2008 e 2011, esse foi o subsetor da construção civil que mais gerou postos
de trabalho. É bom frisar que o subsetor de Serviços Especializados está ligado ao de
Construção de Edifícios, haja vista que nesse subsetor estão categorias como;
Demolição e preparação do terreno, Instalações Elétricas e Hidráulicas em
Construções e Obras de Acabamento.
Do desempenho da Construção de Edifícios cabe destacar positivamente os anos de
2009 e 2010. Em 2009 o subsetor foi responsável por 52% dos 26.919 empregos
gerados na Bahia. Esse foi o ano que a construção civil apresentou melhor desempenho
pois outros dois subsetores, Serviços Especializados e Obras de Infra-Estrutura tiveram
também seus melhores desempenhos. Já em 2010, apesar do saldo total não ter superado
o do ano anterior, a Construção de Edifícios apresentou se maior saldo no montante de
20.487, que foi 47% maior do saldo de 2009 (13.900). Em 2010 esse subsetor teve uma
participação de 80% no saldo total da construção civil.

Além da geração de empregos da Construção Civil nos últimos anos estar concentrada
em grande medida na Construção de Edifícios, o saldo gerado por esse setor encontra-se
também sensivelmente concentrado geograficamente. A criação de novos postos de
trabalho nesse subsetor ocorreu majoritariamente em cinco municípios: Salvador,
Camaçari, Feira de Santana, Vitória da Conquista e Lauro de Freitas. Ainda assim cabe
frisar o desempenho extremamente superior de Salvador em relação aos outros
municípios. A capital do estado gerou 65% do total do saldo de empregos gerados pelo
subsetor de Construção de Edifícios no período.

A participação do subsetor de Construção de Edifício no saldo de empregos em


Salvador tem um comportamento muito semelhante ao da Bahia. Ele é a principal
gerador de oportunidades de trabalho no período, tendo um bom desempenho em 2007 e
decaindo em 2008 em função da crise. Em 2009 e 2010 apresenta saldos expressivos
caindo sensivelmente em 2011, porém não chega a apresentar um saldo negativo como
foi registrado no estado.
Nos anos de melhor desempenho, 2009 e 2010, o subsetor Construção de Edifícios foi
responsável por 53% e 86% do saldo de empregos formais na construção civil
respectivamente. Apesar de em 2009 ter gerado 469 empregos a mais, sua participação
relativa foi menor em função dos outros dois subsetores terem apresentado ótimos
desempenhos. Já em 2010, embora a Construção Civil tenha tido um bom resultado,
esse se deveu majoritariamente à construção de edifícios, que se encarregou de gerar
86% dos postos formais de trabalho na construção civil em Salvador.

3.Expectativas dos Empresários do Ramo da Construção Civil

Com base no Indicador de Confiança do Empresariado Baiano (ICEB), calculado pela


Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), elaborou-se um
indicador trimestral específico do empresariado ligado ao ramo da construção civil. Tal
indicador seguiu a mesma metodologia do ICEB, contudo se baseou somente nas
respostas às questões setoriais dadas pelas seguintes instituições: ADEMI (Associação
de Dirigentes do Mercado Imobiliário da Bahia), SINDUSCON (Sindicato da Indústria
da Construção Civil) SINPROCIM (Sindicato da Industria de Produtos de Cimento) e
SECOVI (Sindicato da Habitação).
Conforme o gráfico, a confiança do empresariado saiu de 419 pontos no segundo
trimestre de 2010, para 94 pontos no primeiro trimestre de 2012. Cabe frisar que o
ICEB começou a ser elaborado a partir de março de 2010. Essa queda representa em
termos qualitativos que a confiança do empresariado baiano ligado à construção civil e
ao setor imobiliário passou de um cenário de otimismo (quase grande otimismo) para
otimismo moderado (quase pessimismo moderado). É interessante observar que este
gráfico está em linha com a o gráfico da geração de empregos no subsetor de construção
de edifícios para Bahia e Salvador.

4.Mercado Imobiliário

Com base nos dados do Banco Central do Brasil (BACEN), houve uma evolução
significativa, nos últimos anos, no montante de recursos destinados aos financiamentos
imobiliários no estado da Bahia para a construção, compra de material de construção,
reforma e ampliação. Sendo que no ano de 2002 este valor correspondia a
aproximadamente R$ 13 milhões chegando a R$ 3,12 bilhões no ano de 2012.

Observa-se também que o financiamento para a aquisição de imóveis (comerciais e


residenciais) também cresceu sensivelmente nos últimos anos. Enquanto que em 2002 o
montante de financiamentos para aquisição era de quase 26 milhões de reais, em 2011
passou para 1,5 bilhões em 2011. Este crescimento dos financiamentos no estado é
decorrente de novas linhas de crédito imobiliário, redução nas taxas de juros e da carga
tributária, além do programa “minha casa minha vida” que também tem contribuído
para o crescimento do setor.
Quanto à evolução das unidades vendidas e lançadas, também houve um crescimento
expressivo entre os anos de 2005 a 2008. Sendo que em 2009, decorrente da crise
financeira nos mercados internacionais, há um arrefecimento. Apesar da crise neste
último ano a demanda mantém-se aquecida fazendo com que as unidades vendidas
ultrapassem os lançamentos pela primeira vez na série analisada. Tal inversão é
decorrência das políticas de indução do consumo efetuadas pelo governo afim de
reaquecer a economia minimizando os impactos da crise. No ano de 2010, há uma
recuperação momentânea decorrente de flexibilizações de financiamentos imobiliários
com objetivo de alavancar o setor de atividade, mas logo depois em 2011 ocorre uma
nova inflexão de declínio.
As regiões hachuradas e os respectivos valores no gráfico representam a diferença entre
as unidades lançadas e vendidas em cada ano, portanto o hiato entre a oferta e a
demanda de imóveis novos. Como se pode observar é a partir de 2006 que passa haver
um descolamento cada vez maior entre oferta e demanda, culminando em 2008 quando
a diferença chega a 3.246 unidades lançadas a mais que as vendidas. O interessante é
que embora tenha havido um descolamento, tanto a oferta quanto a demanda crescem no
período, a diferença reside no fato da primeira ter crescido com mais intensidade.

Em 2009, como já ressaltado, em função da crise e das políticas de indução ao consumo


o número de unidades lançadas cai drasticamente, fazendo com que o número de
unidades vendidas as superem em 5.001 unidades. De certa forma, a crise de 2008 foi
positiva para o mercado imobiliário baiano, haja vista que ela ajudou a equalizar a
diferença cada vez maior entre unidades lançadas e vendidas. Somando a diferença de
2006 a 2008, vê-se o hiato já estava em 5.939 unidades. A partir de 2010 o número de
unidades lançadas volta a superar o de unidades vendidas chegando a 3.013 unidades de
diferença em 2011, segundo maior hiato da série. Apesar da diferença positiva, observa-
se nesses dois últimos anos uma tendência diferente da apresentada nos anos pré-crise.
Qual seja, tanto o número de unidades lançadas quanto vendidas estão em um
movimento decrescente o que indica um certo arrefecimento do setor.

Como já ressaltado a construção civil tem recebido grandes incentivos que estão
resultando em uma grande expansão do setor tanto pelo lado da oferta quanto da
demanda. Apesar do aquecimento do setor ter resultado na expansão do valor
adicionado e geração de empregos formais vê-se por outro lado um aumento
significativo no atraso do pagamento das parcelas dos contratos de financiamentos
habitacionais.

Conforme o gráfico, vê-se que na Bahia, a partir de 2006, o número de contratos com
parcelas em atraso aumentaram consideravelmente. Enquanto em dezembro de 2002
haviam 1.963 contratos com parcelas atrasadas (com até 3 meses e com mais de 3
meses) no mesmo perído de 2011 esse número passou para 5.943, o que representou um
crescimento de 203%. Nota-se também que houve uma mudança na natureza desses
atrasos. Enquanto que em 2002 as parcelas com mais de 3 meses em atraso
representavam 58% do total, em 2011 sua participação caiu para 13%. Através do
gráfico pode se observar que no período o número de contratos em atraso com até 3
meses foi o que obteve um crescimento expressivo. Apesar desse aumento relevante da
inadimplência na Bahia, deve-se ressaltar que esse fenômeno se dá em âmbito nacional.

O padrão do aumento dos contratos firmados até 1998 com parcelas em atraso no Brasil
seguem a mesma tendência do caso baiano, só que com uma variação ainda mais
radical. Assim como na Bahia, a paritr de 2006, o montante de contratos em atraso passa
a crescer de forma mais aguda. Porém tal montante, no caso brasileiro, passa de 25.329
contratos com parcelas em atraso em dezembro de 2002 para 154.342 em 2011. Em
termos percentuais isso representa uma variação de 509%. Do total, 89% consiste em
contratos com parcelas com até 3 meses de atraso.

Como já ressaltado os consumidores baianos que firmaram contratos a partir de Junho


de 1998 têm tido uma dificuldade crescente em honrar suas parcelas. É interessante
notar que, embora número de contratos em atraso na Bahia tenham crescido 203% eles
apresentaram uma diminuição na participação relativa dentro do contexto nacional.
Enquanto que em dezembro 2002, a Bahia era responsável por 7,8% do total dos
contratos em atraso (parcelas com até 3 meses de atraso e parcelas com mais de 3 meses
em atraso) no Brasil em 2011 esse percentual passa para 3,9%. Isso implica que se em
2002 a Bahia era o terceiro estado com o maior número de contratos em atraso, ela
passou a ser o sexto em 2011 ficando atrás de: São Paulo ,Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Paraná.

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