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00000000000 OOOO SS! ESCOLA DE SERVICO SOCIAL DE PERNAMBUCO UMA EXPE NCIA DEE} AO POPULAR CENTRO DE CULTURA PD. OLEGARINHA Trabalho apresentado 3 Escola Serviga Social de Pernambuco, pe la aluna ZAIRA ARY,para obte do titulo de As Introdug I = A EDUCAGKO COMUNITARIA NO MOVIMENTO DE CULTURA POPULAR Comunitdria, numa insticuigao como M.C.P A) Edu stuagao do Servigo Social, como instrumento para esta Educagao. B) 0 Projeto de Educagio de Advltos: Centro de Cultura. IL ~ CENTRO DE CULTURA D. OLEGARINHA A) Razio da escolha da rea de trabalho B) Estudo ¢) Planejamento de atividades D) Execugao das atividades 1. Inauguragao 2. Funcionamento inicial » Diregio do Centro 4. Atividades desenvolvidas Através de grupos a ~ Aulas para os adultos b ~ abastecimento d"agua-chafaris c ~ Curso de corte e costura 4 ~ Clube de mies € ~ Clube de Jovens f = Clube Infantil 5. Outras atividades E) Avaliag3o Conclusides Bibliogr: Apres s Este trabalho 3 Escola de Servigo Social de 0, para obtengao do titulo de Assistente Social, em cumpri nento a um dispositivo legal, que disciplina © Curso de Servico So- cial. Relatamos aqui o trabalho realizado no Pogo da (Casa Forte ~ Recife), onde, em novenbro de 1961, iniciamos 0 Cen- tro de Cultura D. Olegarinha e participanos de s 2 coordenagio, até novenbro de 1962. Esse 8 0 primeiro Centro de Cultura do Projeto de Educa glo de Adultos, do Movimento de Cultura Popular (¥.C.P.). Tendo elaborado o projeto "Centro de Cultura", 0 profes~ sor Paulo Freire, (coordenador do Projeto de Educagio de Adultos do -P.), convidou-nos para trabalhar na prineira experiéncia deste projeto. Aceitamos es a experigneia, pois era nossa aspiracio uti lizar os conhecimentos adquiridos na Escola de Servico Socia trabalho essencialmente educativo. Assim, como aluna concluinte do Curse de Servigo Social, realizamos o est&gio final, que foi supervisionado pela assistente social Maria Dolores Cruz Coelho, 2 quem somos grata pela ajuda que nos prestou, com bastante solicitud Este trabalho @ modesto, ¢ revela, além de nossas limita gSes pessoais, 2 caréncia de estudos mais aprofundados, de nossa parte. Relatamos a experiéncia realizada no Centro de Cultura, procurando expressar o espirito que nos animava ao trabalhar com os adultos e a maneira como atuamos, para ajudi-los a alcangar os obje tivos daquele Centro. Na parte primeira (1), fizemos una tentativa de fund tar a nossa opgao por uma educago denocrStica e comunita oxigéncia para uma reslizagao mais auténtica do homem e da Socied de. Esta educagae « ser desenvolvida pelo C.P., (em coeréncia com seus objetivos estaturarios), através de seus projetos, entre os quais esta o "Centro de Cultura". Neste, 0 Servigo Social, pe- los processos de grupo ¢ de organizagao de comunidade, € um instru mento eficaz na educagio do povo para a vida conunitaria. da parte (II), descrevenos 0 Centro de Cultura D. Olegarinha, (desde o inicio do trabalho, até o momento em — que nos afas ando a ou 10S, P estudante do Servico Social a sua ao); no que se refere 3 nossa experiéncia, relatamos o de senvolvimento dado as fases do processo de organizagao de comu de ~ estudo, plane} ento, execugao é. avaliagao Por fim, apresentames algum: s conclusdes, frute das obser vagdes e reflexdes que fizenos sobre a experiéncia do primeiro ano do Centro de Cultura, no Pogo da Panela. Queremos agradecer a oportunidade deste estudo, de mode especial, aos moradores do Pogo - frequentadores do Centro - ao professor Paulo Freire, mestre e amigo e ad. Maria Dolores Cruz Coelho, nossa supervisora. J.-A EDUCAGRO COMUNETARIA NO MOVIMENTO DE CULTURA POPULAR (NCP) (0 como 0 Movimento A) A Educago Comunitaria, numa instituig: de Cultura Popular (M.C.P.). ~ A atuagio do Servigo Social, como instrumento para esta educagao 0 Movimento de Cultura Popular, sediado no Recife, inscre veu em seus Estatutos’ os seguintes objetivos: 1 = Promover ¢ incentivar, com a ajuda de particulares ¢ dos poderes piblicos, a educagio de criangas © adul~ 2 - Atender ao objetivo fundamental da educagao que @ 0 des do de desenvolver plenamente todas as virtual r humano, através da educagdo integral de base co- munitaria, que assegure, também, de acordo com a Constitvigio, o efisino religioso facultativo; 3 ~ Proporcionar a elevagie do nivel cultural do povo balho; preparando-o para a vida ¢ para ot) 4 = Colaborar para melhoria do nivel material do povo através da educagao especializada; 5 - Formar quadros destinados a interpretar,sistematizar © transmitir os:miltiplos aspectes da cultura popu- lar". Destacamos, para algumas consideragdes, entre esses obje tivos, a que se propde c M.C.P., 0 que se refere 4 educagdo em base ‘A educagdo popular ten se constituide, na atualidade, ob- jeto da atengao tanto de iniimeros estudiosos e de educadores quanto de governantes de diferentes NagSes. Segundo informan publicagdes da UNESCO,2 multiplicam-se experiéncias educativas, em paises desen volvidos, como naqueles em processo de desenvolvimento, nuna tenta~ tiva de integrar as massas na luta pelo progresso econdmico, social e cultural de suas comunidades. Esse peneralizado interesse pela educagao popular se ex- plica por varias razbes: Do punto de vista econdmico, a edueagZo popular se consti tui num elemento indispensavel 4 propria melhoria das condigdes ma teriais de vida das grandes camadas da populagéo, principalmente nos paises em estagio de subdesenvolvimento, Nestes, no entanto, Estatutos do M.C.P. ~ Recife, 1961. T Ecudes et i'information - Centro de documentation — du Depa: eeeoeeeee SPOCHOOSHOSSOHSSSSOHOSECHOSOSHSSHSOHSHHOSEOHOOOO ecoo como 6 0 caso do Brasil, a falta de recursos limita enormemente a tidade de inversoes en programas de educagao popu sty desde possi que nesne a educacio primaria nao pode ser estendida a todas 8 8 deva partir g existentes, integrande em tal esforge o principal interessade, ave 4 © prdprio povo was a educagio popular & também de grande im ortancia e Guando, partindo dos valores culturais de Povey visa 3 as do howem, sej2 Co! interesse, responder aos problem m referéncia @ sua intesra vcousciente e total na Sociedade, Sejs do ponce 2° vista de sua sic yealizagio pesso: ‘a1 ~ problemas que se,coloran en todas as Nagoes, wer nas economicamente Wadiantadas", quer nas que lutam por supe w rar 0 "gubdesenvolvimento” - cterindo-se 3 problenitica do honen de nosso Eempoy PY ticularmente dos grandes aglomerados, assim 6° expressou o profes yjeto “Centro de Cultura”: sor Paulo Freire, na fundamentagao 40 Pp’ viyma dus preocupagses presentes a estudiosos dos proble- mogerno nos centras urbanos ven sendo ode mas do homem jveladora de mas Jo", afogado ne domesticacao m sua “demiss: cifieagdo. 0 hamem dos centros modernos vFPanOS» submeti to a una série infinda de controler que ele mesma N40 6% hece @ que quase sempre no percebe, ver assumindo for- nas de conportamento standartisado, Suas reagdes_ perdem as mais das vezes a nota individual. Suas respostas $a0 respostas generalizadas. 08 neios modernos de difusao, de propaganda, de comunicagao com as massas, vem pondo 0 homem desses centros em atitudes preponderantemente seri- ticas, ingnvas. A propaganda comercial, cof toda a sua forga convincente, vem se juntandey servindo-se dos mes~ de principios. Cor mos meios ~ a propaganda de idéias, de sua massifica a desumanizagéo do hom re-se or de sva desespiritualizacio as condicoes existencials do cao, Jdentificamos nossa analise ¢) nosso povo, que sé se totalidade do homem moderno a situacao da qu aaerestmente degafiags pelo processo de desenvolvinento ¢ de man guciedade brasileira, se busca de ome gas socials por que estruturas econdmicas, 1 so- denocratizagae das suas Nesse contexto, para que se efetive essa denocratizagio, a politica educacional deve visar, antes de mais nada, a integragao do hoen brasileiro na nossa realidade, para que ele interfira cons cientemente e livremente na construgao de estruturas mais humanas para a nossa socied. A construi de uma ordem econdmica e social, de que o ho 2ja realmente seu sujeito, valorizando-se o trabalho e reconhe cendo-se a elevada dignidade da pessoa, exige uma educayo, que pre impregna: pare o homem, libertando-o do indivjdualismo que se ach a nossa civilizagao e levando-o a formas novas de convivencia. Una educaco capaz de cumprir essa fungao tem de gu coeréncis entre 0 que se propée e os meios de que se serve. Dai que os seus métodos e processos dever3o, em si mesmos, proporcionar a tic formagao da mentalidade e comportamerito demo! = partindo do homen, de sua situagdo concreta e singular e levando-o = uma colabo ragio ativa na sua educagde. E proporcionar também o desenvolvimen to de um espirito comunitario - que torne o homem consciente de seu existir o outros, de sua solidariedade com os semelhantes, em unidades de diferentes dimensdes: a famflia,associacées, 1 erupo ec a classe, a comunidade local, nacional, internacional A educagio popular, assim concebida e realizada em forma assistendtica, deverd encontrar 0 educando em seu meio ¢ atuar,prin cipalmente, junto aos grupos de localidade ou em associagées forma das por interésses diversos. Assim ela poder ser desenvolvida em associagées de bairros, recreativas, Centros Sociais, - em Centros de Cultura, ete.. Nessa tarefa educacional, o Servigo Social seri um instru mento importante, se procurar constantemente rever seus métodos ¢ processos e delimitar a sua fungo junto ao trabalho de outros téc~ nicos, inserindo-se no processo de transformacao da realidade brasi leira. Assim, o papel do Assistente Social e a sua contribuigao 3 educagio da pessoa, dos grupos ¢ da comunidade sero validos ¢ efi- cazes, na medida em que a atuagao desse profissional se fizer, p tindo de uma realidade concreta ¢ total, no desejo de contribu nGo s8 para o desenvolvimento, mas sobretude para a humanizagdo da sociedade brasileira. No que se refere @ educagio do povo, particvlarnente nas comunidades urbanas, 0 Servico Social tem atuado, em geral, junto e. e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e e aos Centres Sociais, onde, através dos processos de grupo e organi zagao da comunidade, estuda, interpreta e diagnostica problemas ¢ recursos dessas comunidades, ejudando-as a se desenvolverem, promo— vendo atividades de diversas ordens, planejadas com base naqueles recursos, salientando-se entre estes, as potencialidades dos grupos hunanos que as integram. De acdrde com o Grupo de Estudos, que, no II Congresso Brasileiro de Servigo Social, estudou "o Centro Social como Instru~ mento de Vida Comunitdria",! assim podemos defini-1o: “... instituigo Local em que.as pessoas pertencentes a uma mesma coletividade, coordenando seus esforgos e com a ajuda de técnicos dirigentes, empreendem e executam pro jetos e atividades, destinadas a satisfazer suas necessi- dades particulares ¢ a melhorar suas condigdes de vida". 0 Projeto Centro de Cultura prevé uma instituigio de ca racteristicas bastante semelhantes Zs dos Centros Sociais, dando én fase J elevagdo do nivel cultural de determinado grupo humano. Nos Centros de Cultura, deverdo ser aproveitados, ao ma~ sino, os meios informais de educac’o, como televisdo, biblioteca, cinema, jogos, esportes, - que surgem (solicitados pelos frequenta dores ou a eles propostos) como elementos de motivacio ¢ instrumen tos para a formagio cultural do povo. 5) 0 Projeto de Educago de Adultos: Centro de Cul Transcrevemos, @ seguir, em resumo, 0 projeto Centro de witura (Anexo 1), como @ concebeu o professor Paulo Freire: ".., 0 Centro de Cultura @ uma unidade educativa enfeixan do um conjunto de motivos, que agregam grupos, que os le vam a atividades de objetivos semelhantes". niicleos diferentes de motivacao, m porém entrelaca o assim um trabalho ar das e sistematizadas, possibilic ganicamente educative". TI Congresso Brasileiro de Servigo Social - ANAIS, pag. 248. Rio, Confederagao Nacional do Comercio, 1961. "a televisdo, a leitura, a costura, ¢ 0 arranjo da casa, 0 reereio, a educacio dos filhos sao motivos gerado res de atividades, a congreger grupos, a se alongeren on clubes, que compoem o Centro de Cultura” “Assim, havera tantos clubes no Centro de Cultura sejen os niicleos motivadores de atividedes especi ficas” “OQ motivo TELEVISAO agrega pessoas que, — exercitando determinadas atividades, se constituem em clube. 9 Tele~ clube. Da mesma forma o livro, que provoca a _leitura, debate a leitura, a interpretagao da leitura e di origem ao clube de leitura, assim sucessivamente" "0 clube de leitura, 0 de corte, o tele-clube, ete. congregando pessoas em torno de seus niicleos motivadores, nao as desintegran do todo, que € 0 Centro de Cultura Por isso mesmo € que as atividades desses clubes sao i terdependentes e visam a um mesmo objetivo ~ a educagao da pessoa, dos grupos e da comunidade. Os clubes dentro do Centro sao dimensoes préprias do Centro. Dai que nao possam crescer sozinhos. Nem distorcer-se. Nem perder o sentido de unidade de visao que caracteriza o Centro de Cultura". "K medida que os grupos fornados em torno destes moti vos vao se estruturando e ganhando a forme de clubes, com toda a sua dinimica ~ se apresenta ao Centro de _ Cultura uma oportunidade excelente de propiciar a experiéncia de auto-governo a seus lideres, como a seus liderado “A administracéo do » que de infcio cabe ao as- sistente social do MCP; ~ passa gradativamente a democra tizar-se, fazendo-se colegiada. 0 Centro passara a ter um Conselho de Diregio compost de representante do NCP ~ assistente social - e do Diretor de cada clube componente do Centro de Cultura”. “Este Diretor sera escolhide por eleigao entre os par ticipantes de cada clube". "9 Conselho de Direcio tera um Diretor Executivo, por perfodo determinado - 0 mesmo do Conselho de Direcao ~ es colhido entre os participantes deste Conselho" “Ao lado deste, existira um outro, que sera consulti vo e sera formado pelos educadores que trebalham no Cei tro". “Nio serd demasiado chamarmos a ateng3o para o que significa do ponto de vista da educacao democratica e a fornacdo de lideranca a propria estrutura administrativa ge um Centro de Cultura, nesses moldes. Esta estrutura ja &, em si mesma, educativa. Acrescentaw-se agora, 3 esse cla formadora de una administracao assim ors atividades normais de cada clube dentre do Centro e sen tir-se-a o alcance de uma experiéncia desta ordem entre nizada, as “projegao do Centro na Comunidade - estruturados os clubes dentro do Centro, nascentes e j4 atuantes os Conse Thos = 9 de Direcao eo Consultivo ~ alongados j4 os Ide res emergentes dos grupos ou dos clubes em educadores pa pulares, partiria 9 Centro para coatactos estreitos cof Bs instituigoes de sua area de repercussao" "A area de repercussdo do Centro poder ser encontra da ou delimitada por meio de pesquisa. Em seu trabalho de educacao da comunidade, se esforgaré o Centro em trans formar a area de reperussao en Area de influencia". stituigoes da "Pstreitando as suas relagdes com as Grea, marcha o Centro para a criagao de um Conselho de Co munidade, de que ele participard com um de seus lideres. A este Conselho cabera entao o estudo, analise dos proble mas da comunidade local, com a colaboracao do Movimento de Cultura Popular e 0 encaminhamento de sugesto deres publicos, bem como a motivagao do e toes aos elo-Clube - 0 Telecluke sera formado por _ pessoas que pretendem fazer da televisao um instrumento de culty ra e educagio". “Com a participagao e a coordenacao de educadores es- pecialmente preparados em componentes do Tele-clube dis cutirao programas de televisdes locais, de capacidade critica". olvendo sua “Pretende-se com esses debates a superagio de atitu- des ingenuas de que decorre a aceitagao passiva a qual~ quer tipo de propaganda ou divulgagao". "Os Tele-clubes, como de resto o Centro de Cultura terdo de centrar todo seu esfarco educativo na busca des se senso critico, somente como sera possivel vitarmos sigdes domesticadoras". "E natural, contudo, que haja,no Centro de Cultur: programas de televisdo que ndo estejam sujeitos a deba~ tes - partidas de futebol, por exemplo, em que pese que y também discutidas. - Estes programas atenderao 0 ainda nao interessado pelo tele~clube". possa “outros tantos clubes poderio surgir depois do funcio namento regular do Centro de Cultura". tum clube de saide, por exemplo, pode vir a ser um de les, de importancia enorme na area local". NTRO DE CULTURA D. OL DE ESCOLHA DA AREA DE TR eriéncia do Em novembro de 1961, iniciamos a prime projeto “Centro de Cultura”, numa areal de observagao do professor Panela,” em Casa Forte, no Rec Paulo Freire, localizada no Pogo ¢ fe 5 A area ofcrecia algunas condigdes para a instalagao de um centro, pois era desprovida de servicos senclhantes ©, nao send muito extensa, possibilitava uma experiancia em pequenas propor goes. A iddia do Centro veio a coincidir com uma aspitagao, nes ge sentido, do Monsenhor Lobo, Vigario da Paréquia de Casa Forte, da qual faz parte o Pogo da Panels. ceder, para séde Sendo assim, resolveu o Monsenhor 1s go Centro,a casa de D. Olegatinha, que havia sido doada A Pardquia e onde ja funcionava, pela manh@, uma escola primiria estadual ‘A casa & muito ampla e tem uma boa localizagao, pois prdxima ao rio Capibaribe, na margem do qual om mocanbos, e num largo onde se situa, também, uma Igreja (de ¥.S. da Sadde), local em que se realiza, em janeiro, tradicional festa, de carater religioso © popular. B)ESTUDO Dispondo j de local para a séde do Centro, e como pro~ jeto, que definia qual deveria ser sua estrutura basica, faltavar nos, para a instalagdo, un eleneato de inportincia capital - 0 co- nhecimento do povo, a Fim de leva-lo a fazer funcionar 0 Centro, participando dele ativamente. wnidad, por lhe faltarem as onceitua, por exenplo, J, Arthur 3b do S.NE.S., Rio, 1954 nidade) aos grupos de Loc seus problemas e finalidad ests 3 con Nao denosina (en "A Educagao dos Bi)i "2. resetvamos 0 que possuem uma idéia clara de cujos grupos constituintes meiros e atingir as segundas". importante, pela referéncia que se fa cal @ historicamente que alin José Mariano e D.Olegari 1 causal abolicioni agem organicamente para resolver os pri, ° Pogo importa mento Brea da Comecamos assim, pelo estudo da area, para que nosso. tra balho partisse da realidade loca Esse estudo foi feito através de visitas 3s famflias,quan do, juntanente com duas colegas, estudantes de Servico Social, apti cvamos em pequeno qu io (anexo II), depois de explicarmos o que seria o Centro de Cultur Escolhemos, aleatoriamente, determinadas casas, sobretude as da margem do rio e das proximidades da casa onde funcionaria o Centro ¢ visitamos quarenta (40) familias. Iniciaimente present’ eto (enexo ITI), com desenho e algunas palavras sobre © Centro, o que facilitava o rel acionamento e, depois, levantavanos alguns dados relativos situacdo social da familia e © seu grav de participagio em atitidades e associagdes de varias ordens. Podemos dizer que foi feito um estude mais informal do que sistemitico, desde que, nos contatos como povo, consideramos mais importante o relacionamento e as informacdes que os entrevista dos nos davam, do que a coleta de dados, como se faz propriamente numa pesquisa. ssim, no inicio do trabalho, j4 tinhamos um relative co hhecimento daquela area do Poco, - fruto de abservacdo, conversas com 0 povo © resultado do questionario aplicado nas vi tas Como sabemos, 0 estudi lo, isto &, a primeira £ 1 do proc: so de Organizagao Social da Comunid. de, assim como as demais — fa- Ses, nao @ estanque, mas se estende durante todo o processo Contudo, tomando o estude como etapa inicial, era, no com mego, essa a visio que tinhamos da Zrea: © Poco da Panela @ uma Srea com caracteristicas préprias, sendo tradicionalmente “fechada". Como j fizenos referéncia, © lo cal @ historicamente importante. Colhemos algunas formegées so~ bre sua histSria, de um dos moradores mais antigos do Poco, st. J. de B. (um preto de aproximadanente 90 anos). Ele nos contou que pas sou a residir no Pogo em 1890, onde, nesse tempo, sd havie trés ca sas, numa das quais residia o lider abolicionista » D.Olega @ Mariano. Dis @ que este © sua espdsa 1a, protegiam os craves, fugi tivos de seus senhores, e que muites vezes chegavam ali, quase portas da rorte, em consequincia dos maltrates sofride: D.Olegarinia tratava dos ferimentos dos escravos e os enbarcava no rio Capih: » atrs de sua casa, em canoas cobertas de capiny e eles fugian para 0 Ceara e outras provincias do Norte (que primeire aboliram a escravidao). Visitas as familias Estudo in formal Caracteris ticas da © abolicionista José Mariano foi preso, em 1893. depois, morreu D. Olegarinha. Gonstatamos que, aproximadamente hi dez anos, comegaram a surgir no local os primeiros mocambos, na maioria pertencentes a pessoas vindas do interior. Atualmente, na Brea que podemos chamar de ponto central do Poco da Panela, esto localizados, além de algumas casas i casinhas e mocambos, nas proximidades da Igreja de N.S da Saide, da casa de D. Olegarinha (hoje 0 Centro de Cultura) e do rio Capibaribe. Com relativa seguranca, podemos fazer algumas considera~ gdes, em torno da vida dos moradores dessa Grea do Pogo, por nds vi sitados Em relagdo 4 instrugie, observamos que @ maior o namero de homens analfabetos ou ligeiramente alfabetizados, do que o de m Iheres, sendo que estas, num bom indice, témo curso primario, 4s vezes incompleto. Quanto as criangas em idade escolar, quase todas esto na escola De una maneira geral, quanto aos adultos, podemos falar cultural. Apesar disso, @ curioso encontrarmos ai um senhor, protestante, bem idoso, que nunca fora & escola, lendo © co cafisica" de Aristételes... - Outros - sao leitores mentando a de Histéria e de Machado de Assis. ofisso, & pequeno o niimero daqueles que a tén Quanto 3 ps definida. Podenos falar, com mais preciso, de ocupagées viirias. Entre estas, a que mais caracteriza a area é a dos “canoeiros", que trabalham extraindo e transportando aceia do rio, a qual é vendida para as construgdes. Segundo informagdes (obtidas mais recentemen te) dos préprios trabalhadores, ocupam-se nesse trabalho, nesta ivea, cérca de sessenta homem, além de outros (cinco), que 90 pro~ ham prietérios das embarcagdes e que, em alguns casos, também craba na extragio de areia. nde que @b Tivemos in do que no Pogo da Pancla o de tros "portos", a0 longo do rio Capibaribe se", que trabalha extragao de areia em o n outras pocas, quando ainda nao se tinham desenvolvido ov canoas, que hoje servem quase som: tros meios de transporte, a te para a extragao de areia porte de mercadorias, e até de pessoas, entre bairros do B Nivel de instrugao Profissao Nimero de 0 trabalho se realiza nos dois periodos de vazante ré (seis horas, cada vazante), quando os “canoeiros" extraem areia Go rio @ vio enchendo as enbarcagdes, que comportam dois a trés me tros citbicos de areia. At ha pouco tenpo, a extracdo ere feica com pls e exigia ” crabalhassem mergulhando, para apanhar a arei no fundo do rio ~ o que era muito prejudicial Atualmente, eles tém um nove instrumento de trabalho, 0 "trado", que se assemelha a um grande funil e pos em mergulhar, exigindo, porém, maior emprego de £ Vale ressaltar que todos os instrumentos de trabalho, co mmo canoas, pas, “trados" pertencem a cerca de cinco proprietarios Uns poucos trabalhadores possuem sua prépria canoa Depois de cheia a embarcacdo,-o canoeiro paga a alguém $ 25,00) para a descarregar, num pequeno "porto"; ele nao mais © suporta esta tarefa, em virtude do cansago que comeca a venci 0 regime de trabalho &, teoricamente, a "meia", pois a areia 6 vendida pelos trabalhadores aos proprietarios das embarca gdes, por menos da metade de seu prego, ov seja, a Cr$ 200,00 (du- zentos cruzeiros) o metro cubico (atualmente). Por sua vez, 0 pro sede s areia diretamen prietario das canoas, se possui a intermediarios te Js enpresas construteras; se 830, a entr: Podenos dar uma idéia aproximada da renda do trabalhador, calculando a parti de alguns dados que nas forneceram: Em méia, um trabalhador enche 10 canoss (de 3 metros ci~ bicos), por semana; tomando os 30m? de areia e multiplicando pot Cr§ 200,00, por quanto cada m? @ vendido pelo trabalhador, —temos que ele ganha Cr$ 6.000,00, por semana e, portanto Cr$ 24.000,00 A (inte e quatro mil cruzeiros), por nés. so acrescenta-se que a renéa da décima canoa de areia & toda do trabalhador (reivindica beraia-se, porém, o que o “canoeiro" pa cao partida de um deles); ga pela descarga da embarcagio, e os dias em que deixa de traba~ ihar, por motives diversos. Quanto aos proprietarios - un deles, que possui seis Ses, vendendo a areia a Cr§ 450,00 om? (subtraia~se os Cré Cr$ 200,00 pagos ao trabalhador), tem um lucro da ordem de aprox! madanente Cr$ 160.000,00, por mes. scrigao do traba~ tho Regime de trabalho Remuneragic do trabalho Como vemos, este trabalho € rendosa, principalmente _ pox que hd uma grande procura de areia; esta, depois de extraida, imediatamente colocada, em virtude da existéncia de um nimero pre crescente de construgdes no Recife Toda a falta, lamentavelmente, organizagao 0 grupo de trabalhadores empregados nessa atividade; sua situagio é de total inseguranga, pois nfo tém contrato de trabalho regularizado,nao sao dos da Previdéncia So ficando absolutamente —prejudica~ seg dos, nos casos de doenga, velhice, etc., © deixendo a fam{lia desam parada, quando morrem. Contam eles, que, nessas ocasides de necessidade, se aju- dam mutuamente, fazendo quotas. Ginquenta por cento (50%) das famflias do Poco (visita~ das) tinham renda superior ao salario m no vigente, 3 @poca da aplicagao do questionario; vinte por cento (202) tinhan renda equi valente e os outros trinta por cents (302), inferior ao minimo re~ gional. os moradores da area recor Quando tém problemas de s rem aos mais variados recursos, sendo frequente procurarem médicos conhecidos (politicos, em alguns casos), que os atenden gratuitamen A religiao predowinante @ a catélica. Notamos, — porén, uma generalizada falta de conhecimento da religiao e uma frequéencia muito reduzida & Igreja, restringindo-se quase sonente as mulheres. Contudo, nao podemos deixar de salientar que se sente um interesse mais ou menos Latente por ssuntos religiosos No que dia respeito A recreaco, o cinema desperta certo interesse, sobretudo da parte dos jovens e de alguns chefes de fami, lia, assim como 0 futebol. Ha um interesse especial por natagio, pois alguns dos moradores da Grea sao atletas nadadores da Policia, e ainda pelo jogo de domind, que parece ser a diverséo _ preferida dos homens. H4 um relativo grau de sociabilidade, pois eles se visi- tam com certa frequéncia, principalmence aos parentes ¢ amigos, pa ‘a prestar alguea Na nilias visitades, encontramos 19 eleite res. 0 que muito nos surpreendeu foi o niimero relativamente gran de dos que diziam acreditar na politica, segundo dadas ao questionario que aplicamos. Contudo, como verenos, mais adiante, Col do produ Instabilide balhagore Poder aqui- sitive fami liar Saiide Religiao Diversées uma das dificuldades que enfrentou o Centro foi precisamente uma ca, decorrente das promessas falsas de alguns po profunda desconfia Liticos ao povo, (instalando instituigdes “fantasmas", que morrem logo apds as eleigdes) ero muito reduzido dos tr Pogo icalizados. Ponquissimos pert gio. um dos elementos dessa fase do estudo, que muito nos dou a ter objetividade, no trabalho posterior, foi a questdo Perguntavamos se eles acreditavam Fé num es forgo come que levantavamos, em cada visita: que se poderia melhorar a vida do Pogo, & base de um trabalho em cooperacio; © pedianos sugestées para o Centro de Cultura, que se 6 iria fundar. Muitos responderam positivamente, enquanto outros nifestavam relativa descrenga As necessidades mais sentidas pelos moradores da Sree e aula para manifestadas em resposta ao nosso questionario fora Sugestoes para oo Centro adultos, curso de corte © costura para as mulheres € a obtengdo de curso de 0, foram feitas algumas sugestées um chafariz. Além 4 datilografia; construcao de uma praca (num pequeno largo ali exis tente e ja praticamente tomado por nocanbos) . ¢) PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES Segundo Balbina Otoni Vieira,’ "o planejamento se define Planejamen to como a organizagio de dados conhecidos para determinar uma agao fun tura..." “Para o assistente social, o planejamento @ a maneixa Ja qual ele induzird a comunidade a escolher uma solugio ¢ ¢ tos as providéncias necessarias a sua execucao". Planejamen No Centro de Cultura D. Olegarinha, podemos falar de um to imediate um planejamento propriamente dito. planejamento imedi de ividades imediatas constou de: prepa ragdo da inauguragao do Centro (0 que contou com a participagéo ati va de varias pessoas da area, ja interessadas na iniciativa) © pro~ mento inicial do Centro de Cu’ ura, com vidéncias para o funcic bibl © um aparelho de televisa Balbina ~ “Intredugao 4 Organiz: SC, Rio, 1958, pag. Oconi Vieira, Publicagao do SE nidade" priamente dito diz respeito @ organiza cio de todas as atividades (fim prdximo) que o Centro viria a ter, la vez maior e mais consciente dos: fre visando a uma participagao ca quentadores em sua auto~educagéo, para alcangarem uma realizagao mais humana (fim renoto) © planejamento @ um processe dinamico, que co desenvolver, acompanhando a vida do Centro, sendo assim concomitan te & execucio das atividades. Partiu-se das sugestdes do projeto do professor Paulo Freire - os lubes - ¢ das necessidades e inte~ resses manifestados pelo povo. Deixamos, inicialmente, que as idéias a asse respeito ama durecessem, enquanto aprofundivamos 0 nosso contato com os frequen, tadores do Centro. idades, de per Aos poucos, foram sendo planejadas as at si, (planejamento parcial), em reunies gerais com os frequentado- res, @ na reunigo semanal da diretoria. Nesta, ainda, procedianos a revisdes do funcionamento do Centro, como um todo, planejando glo balmente as suas atividades. D) EXECUCAO DAS ATIVEDADES 1 - Inauguragao Consideramos que o Centro comegou a funcionar, a partir da primeira re os moradores do Poco, para preparar a inauguragao. Nas Gltimas visitas, realizadas com o obje tivo de conhecer a Grea, marcanos a data da reuniac e pediamos que fossem transmitindo, uns aos outros, o convite. Fizemos, também,um convite ge al, por intermédio do Padre que celebra Missa, aos domin gos, na Tgreja local. K reuniao compareceram, aproximadamente, setenta adultos. Esclarecendo 0 motivo do convite, fizemos uma interpretagao das fi- nalidades do Centro, de sua missao cultural e da necessidade da par ticipagdo de codes, para sus vitalid os, entdo, a plane jar 2 inauguracdo, com as pessoas presentes, tendo sido marcata a data, discutido o programa, divididas as tarefas de preparagao, em comissdvs: de convites, de arrunag3o da séde do ¢ do nome do Centro, ete... nejamento propriamente Primeira 0 Centro i imaugurado no dia 17 de dezenbro de 1961, com a presenga do sr. Prefeito do Recife, do Piroco de Casa Forte, do Presidente do Movimento de Cultura Popular, do autor do Projeto Centro de Cultura" e outros conv. dos, além do povo do Poco. Depois da abertura de sesso e da palavra de varias ee soas, inclusive alpumas do local, houve uma “aula _inaugu pelo professor Paulo Freire, em que ele fez a ligagao entre a hist do Pogo, na luta pela Libertaco dos eseravos, e 2 luta que en to se estava iniciando, por uma libeftagio cultural. A aula foi ilustrada com fichas contendo desenhos, que eram projetadas por epi diascdpio. 2 - Funcionamento inicial Nos primeiros dias da vida do Centro, foi se dando o enga jamento lento, mas progressivo, de novas pessoas. Houve certa re sisténcia, por parte dos adultos, que atribufamos ao eansago provo~ cado pelo trabalho pesado, 4 falta de habito (os moradores da rea se recolhiam muito cedo, antes da criagao do Centro) e a uma aver- 50 natural ao excessivo barulho, que era feito pelas criangas.Eles Erequentavam 0 Centro sobretudo nos dias de reunido (estabeieceu-se reuniao geral, as quartas~feiras) e para assistir algun prog mas de televisio. -Aos poucos, conegaram a apresentar novas suges~ tes, nas conversas informais que mantinham conosco A assisténcia 4 televisdo comecou a suscitar alguns pro- , tais como preferéncias discordantes pelas duas — estago presenga das criangas, ete.. Um dos frequentadores, porém, desde © primeiro dia, procurou coordenar as diferentes vontades, encarre gando-se de manejar a mudanga de canal, no aparelho receptor, de acordo com os programas ¢ 0 desejo da maioria. 0 problema das criangas foi discutide com os pais, ¢ uma das educadoras ficou de escolher os meThores programas, indicados para as criangas. Como sabenos, esta € uma carefa diffeil, pois nzo temos muitas alternati ves, diante da qualidade dos programas que a TV nos oferece. A biblioteca, desde o infcio até hoje, temexercido atragSo muito limitada. Isto talvez se deva 4 qualidade dos livros 14 expostos e a0 avel cultural pouco desenvolvido da maioria — dos frequentadores do Centro. Tnavguragao Engajamento Televisao Ultimamente, a biblioteca tem melhorado um pouco, desde (ginasiana) se dispas a se encartegar de seu fu que uma mocinbs namento. Discutimos com essa jovem as sugestées capazes de fazerem mos que ela assumisse realme: a biblioteca funcionar melhor, © de te a tarefa escolhida Assim, uo primeiro més, foram se esbocando problemas de > interna do Centro © tentativas de solugao de proble~ administrag , desde o inicio,cons mas comunitarios. Vale salientar que tinha cigncia da necessidade de imprimirmos uma orientagao flexivel ao 0 povo, e devianos trabalho, uma vez que estivamos trabalhando respeita-lo integralmente, chand-lo a uma participagao cada vez mais ativa na solugio dos problemas comuns, enfim, c possibilidades, muitas vezes latentes, oferecendo condigdes para um despertar, em que cada um descobrird 0 vaior de sua pessoa e do es de forgo comunitario, que & preciso fazer, para o desenvolvim todos. 3 - Direcao do Centro: T = Formagao Como estava previsto no "projete", a diresao do Centro coube, de inicio, 3 Assistente Social. Aos poucos, ela deveria pas 9, a ser composto do representante do sar ao Conselho de Direc M.C.P. - assistente social ~ e dos diretores, eleitos em cada clube componente do Centro de Cultura. A formagio dos clubes ou grupos diversos, todavia, se dew muito Lentanente. Por motivo de forca maior, necessitamos nos afastar do trabalho, no segundo més da vida do Centro, sendo substitulda na coordenacio por outra concluinte de Servigo Social, que também tra balhava conosco. Ela comegou a sentir que o Centro precisava ter logo uma diretoria ¢, talvez com um pouco de precipitagle, lancou a idéia numa reuniao geral. Assim foi constituida uma diretoria, de ce 3 © duas rulheres), que se apresen: elementos (cinco hom poniveis a uma colaboracao mais intensa nas atividades do 0, as suas fungdes; Esta diretoria assumiu, de imedia ver um dos problemas iniciais, a que ja primeira decisao, para res¢ fizemos referéncia, proibindo a frequéncia das eriangas ao Centro,a e domingos) noite, (exceto aos saba Plexibilida do traba Tho Direg: gundo o jeto" Durante certo tempo, alguns diret: iona wita organicidade, através de uma divisio empirica de determinad tarefas, tais como: um se encarreganda da organizagia de "shows" outro, de incentivar esportes, levantande a idéia de wu leibol; outro ainda, responsabilizando- praticamente, pelo fur eionamento interno do Centra, isto @, sbrinda e iechando controlando o aparelho de televisao, zelando pelo cumprimento da de cisdo da diret: om relagio 3s criangas, enfim, mantendo co a das ocorréncias do Cen permanente com 2 coordenagio, infor tro e formulando sugestdes. Essa diretoria, assim formada, tinha o carater de sdria" e deveria funcionar até quando fosse possivel haver eleicio nos clubes, a fim de que ela fosse realmente representativa dos gry pos e pudesse exercer uma Lideranga efetiva.. Ao reassumixmos o tra balho, procuramos deixar bem clara essa idéia, principalmente para a propria diretoria Na primeira reuniao geral que coordenamos, ao voltarmos a0 Centro, lembramos a necessidade de a diretoria se reunir ¢ proce ranos definir 0 seu papel na vida e no crescimento do Centro. As sim, comecamos « ajudar a diretoria a cssumir a sua fungio na coor denagao do Centro de Cultura II - Nossa Fung40 na Direcdo do Centro Como referimos anteriormente, 0 Centro, de inicio, era di gido pela assistente social. Contudo, 4 medida em que foi ce senvolvendo a lideranga de determinados membros da diretoria, proc! ramos fazer com que todas as decisdes partissem dela, funcionando como um colegiado. Com a preocupagio de ter um relacionamento educative e humano com todas as pessoas que frequentavam o Centro, esforcano: nos por coordenar, com a diretoria, as diversas atividades A nossa atuacao se fez, sobretudo, através das reunides com a diretoria, em conversas com pessoas, isoladamente ou e pos, nas reunides perais, ou nas comi ue se formaram em dife ntes ocasio visendo, ora % realizacio de atividades inter Diretoria “provisdria Papel do as sistente so cial 111 ~ Gs Membros da Diretoria Faremos, em linhas gevais, uma apresentacie dos elementos que cons:ituiram, durante o ano de 1962, a diretoria —"provisdria" do Centr de Cultura D. Olegerinia. Foram eles 2) 0.6.8. — senhor de 39 anos de idade; @ pai de seis fi- Ihos. até Wd pouco tempo, era “canoeiro"; agora @ vendedor ambulan equentou, du- te. Sabe ler, mas escreve com certa dificuldade. rante algum tempo, a aula do Centro, para os alfabetizados. Morava na beira do rio, mas sua casa caiu, numa grande,cheia, em 1962. Engajou-se no Centro desde 0 inicio, tendo feito parte da primeira comissdo que se formou, na preparacao da inauguragao. O st. 0. & inteligente, ativo, dedicado, responsavel de um excepcional. bom senso. ree, desde o principio, uma lide~ runga efetiva no Centro, pois, embora algumas vezes se pronuncie co mo um chefe autoritario, devido a sua personalidade forte, esforga~ -se por atuar democraticamente. Ele @ disponivel ao dialogo e 20 aprendizado de novas atitudes e idéias. Podemos testemmbar que sua atuacao reflete um amadurecimento adquirido na direcao do Cel tro. 0 sr. 0. goza de aceitagio entre os demais frequentaco res do Centro, salvo em relacdo a algunas pessoas: "ele quer ser do no do Centro", dizem aqueles que © consideram um tanto desejoso de "projetac™ sua personalidade. b) AsS.N. - tem 45 anos de idade e & chofe de uma familia nu merosa, Trabalha no servico de pavimentagdo da Prefeiture do Reci, fe. Era um dos cinco analfabetos que comegaran a estudar, na pri- neira experincia de alfabetizagio feita no Centro; mas teve de de- sistir, por motivo de saide. Mora na beira do rio 0 sr. A. aderiu, de logo, ac Centro e passou a frequen ta-lo, juntamente com seus filhos. ‘le @ um homem bom, mas desanimado e de pouco traquejo. Certa ocasiao, ms 1 desejo de deixar a diretoria eatindo com a incomprecnsao de Erequentadores do jogo de domi 3, pela qual ele era responsavel junto 3 diretoria. Nés 0 conven cemos a superar o incidente e continuar colabor sua fun go. jovem, solteire, aus trabatha num per de > situada Centro (sendg See 40 Pogo). Regt Ne ett Casa Forte e tem 0 curso pj sial incompieto, : inferessourse, loxo, pelo Centro, manifestando proocy Passo pela integraco no mesmo das > pessoas de diferent Mantém um bo: Getta vez, E. quis deixar diretoria » depois de y tendimento qu teve com out stor. Desistiu, porgm, ands uma Somversa conosco, em que se mostrox compteensivo, reconhecendo Parcela de culp ana desavenca. © Es > rapas tanbim soiteiro, que mora Perto do Centro. Nig tinha o¢ ‘uPagao definida, quando entr. 4 Tia, © que ocor- Feu Tego quando eta se organizou. tem instrugdo prindrig 4 principio 45 suas terefas de » ele se ent 9S0u com facilidade, execubando retor; depois balho. que passou a assumir, fora toria compromisso de Deixou a Dire de 37 anos de idade Thas pequenz quatro gj_ F mecdnico ¢ tem instrugio primaria va * visita que the Fize * avondo da aplicasio do gues tonirio na drea, percebenos ter o) Lideranga, sistimos para que patticip Ele s. des do Centro, asse do Centro, © entrosou, desde os primeizos tempos, nas ativiga- Sugerindo e colaborando na erganizagao de "shoug", Em maio, foi convidado a integrar a diretoria, do-se de or; nizar festas, “sho encarregan » ete Homem inteligente © de iniciativa, a sua presenc toria levou na dire ute Serta difusdo da lideranca, antes « cide quase exelusivanente st Personalidade forte, um rant eritario, relura . acei fa¥ algunas auitudes e id@ias domocrities » Como ~ “isso g, Centro & dees” preende a). Todavia et quando se Ihe explica melhor esta orientagao, Ultimamente, novas responsabilidades de trabalho impossi bilitaram-no de continuar tendo a mesma atuacao na diretoria; por isso afastou-se del Permanece, porém, disponivel e colabor nas atividades do Centro, o quanto Ihe @ possivel. £) 1.8. - joven senhora, com ers fithos pequenoss 8 17) do um dos diretores. Tem instrugdo primaria; mora na beira do rio gajou-se no Centro, desde 0 comeco, com bastante interesse; da “ala” fey ina, @ das que frequentam com maior assiduidade o 1.8. & inceligente, responsivel e muito preoet m0 Centro; no inicio, era um tanto retraida, mas j4 venceu boa parte de sua timidez. Exerce uma lideranga descreta, sobretudo no clube de cor te e costura (anteriormente) € no clube de mies, grupos que repre sente junto 4 diretoria Certa vez, também quis deixar a diretoria porque achou que haviam “trocado" dela, quando dirigiv uma reunifo geral, — cono diretora executiva, Mudou de idéia, so ponderarmos sobre o seu pa- pel no Centro e pedirmos que refletisse mais, antes de se decidir g) Nav. - & senhora de 45 anos, que trabalha como lave- deira numa instituigdo religiosa, em Casa Forte. Tem filhos adul cos, rapazes © mocas, alguns dos quais frequentam 0 Nora pronimo 3 sede deste. Foi alfabetizada, na primeira experiéncia de alfabetizacdo do Centro, em tempo recorde Dona N.A. tem um Cemperanento forte e una grande de vontade. Comegou a frequentar o Centro, contra a opinigo de seus familiares e assim também aprendeu a ler. Frequentemente,dia te de comentarios hostis ao Centro, faz a sua defesa, numa exalta~ so enocional. Dona resolveu deixar a diretoria; mas continua a fre quentar o Centro, tomando parce em diferentes atividades, como- clube de mies ¢ aula para os jf alfabetizados IV - Reuniées da Diretoria Como vemos, o namero de diretores variow bastante, duran, te o ano. Foram sete os que se apresentaram, inicialmente, pa constituir a diretoria, sendo que um deles permaneceu muito poco tempo, por ter ido residir no Rio de Janviro; # diretoria SOCHOHOHOSSHSHOHSHSHSHSHSHHSHSHSHSHSHSHHHOHHHSHSHHHHHSHHHHHHHHOHHEOOO rtanto, composta, a principio, de seis membros. Depois, foi con vidado sais um que, juntamente com dois outros, j@ deixou a direto- ria. Atualmente so, pois, quatro os diretores do Centra, — sendo se alguns dos que safram ainds prestam a sue colaboraco As reunides da diretoria, nas segundas-feiras, compare cem, também, algumas vézes, a professora de corte e costura, a diri gente do clube infantil, a professora da turma de alfabetizados uriosos" Qua (nossa colega, estudante de Servigo Social) e alguns se todos os diretores eram assiduos Js reunides. Preparavanos a pauta da reuniZo e, no seu inicio, perguntavamos se eles tinham al- gum assunto a acrescentar. Discutiamos, entao, sobre as atividades do Centro, problemas surgidos ou decisoes a tomar. No final, esco- Ibfamos o diretor executivo, que deveria dirigir a reuniao geral, na quarta-feira, juntamente conosco, quando comimicavamos os assun- tos discutidos ¢ deliberados na reunido da diretoria, ¢ havia possi bilidade de debate com os outros frequentadores. Cada diretor se responsabiliza por determinados setores de atividade do Centro: assim, um @ responsavel pelo controle do aparetho de televisdo ¢ pelo chafariz: outro se encarrepe dos shows" e festas; um terceiro cwida das atividades esportivas dos rapazes; outro, ainda, & responsivel pelo jogo de domind. ¢ assim por diante. Una ocasiado, eles sentiram a necessidade de redistribuir as funcoes; alguns sugeriram e apresentaram um elemento "auxiliar", para sua fungo respectiva. Essa medida, porém, ndo foi adiante. Nas reunides da diretoria (howe cerca de vinte), procura mos, alén de estimular as discussées e apresentar sugestes, inter pretar continuamente os objetivos educacionais do Centro e 0 papel ga direcio ~ de planejar, coordenar e dirigir as suas atividades, num verdadeiro espirito de equipe. V ~ Reunides Gerais Um dos principais meios de conseguir uma maior participa diversas So © entrosanento dos frequentaderes do Centro, nas sus atividedes, foi a reuniao_geral, que comegamos a fazer, desde a pre paragdo para a inauguragdo. As primeiras decisdes no Centro foram tomadas, com os que estamos presentes a essas reunides. Como j8 Frequén Pauta e me nismos funcioname: Divisdo & responsabi dades SOCHOOHOSSSSHSHSHSHSHSHHSHSHSHSSHSHHSHSHHSHHOHSHSHHOHHOHHOSHHOHHHOOECOSS vinos, a prdpria diretoria surgiu numa delas. E os assuntos debati, dos nes reunides da diretoria cram, como dissemos, Levados aos de- mais frequentadores, na reuniao geral. AL surgiam novas idéias ¢ preocupagoes Venos, assim, que as reunides gecais sao de grande impor a vida do Centro, sobretudo como instrumento de educa tancia par democratica e comunitaria. s gue, 8 restringia a alguns elementos, melhorou um pouco, 4 A participagio nos debates das reunides gerai principio, se medida que os frequentadores foram se Habituando ao dialogo, em tor no de assuntos de interesse geral. A algomas reuniges gerais, em que foram tratados determi~ nados problemas, coma o do chafariz, o do campo de voleibol, a expe rigncia de alfabetizagao, etc., estiveram presentes pessoas espe~ foco. Assim cialmente convidadas, por sua ligagéo com 0 assunto ¢ 1d estiveram, em diferentes ocasides, entre outros, um engenheiro municipal, 0 diretor da divisdo de esportes do M.C.P., ¢ © profes sor Paulo Freire. VI ~ Diregdo: perspectives novas Kio foi possivel, até agora, concretizar o esquems previs no que se refere 4 formagao do Conselho de Dire= to no "projeto", gio, por diretores eleitos nos eludes, em virtude de um insuficien te desenvolvimento autdnowa destes Nas reunides gerais, tém surgido criticas 4 atuagio dos jntegrantes da diretoria provisdria, nen sempre justas, de vex que thes ten faltado una maior colaboragio dos frequentadores, para a vitalizaggo des diferentes atividades do Centro. A partir dessas criticas, porém, nasceu a iddia de una eleigao direta dos diretores, Gade, com um mandate conferido pelos membros do Centro, ¢ — levando tendo em vista dar-lhes maior autori~ estes a se sentirem obrigados a uma cooperagao mais efetiva con 0s que escolheram, para o exercicio de suas atribuigses. Nesse sencido, a nova coordenagéo de Centro! ¢ ome vendo reunides, pare discutir com os frequentadores qual © processo de formagao dessa diretoria, @ ser eleita. Lg coordenagao do Centro passou, vltimanente, para uma de nossas solcens, (protessora da turna de alfabetizados), desde que estamos licenciadas do trabalho Participagao nos debates Eleigao da diretoria \tividades desenvolvidas As atividades desenvolvidas no Centro de Cultura D. Olega rina surgiran, ora dos interesses manifestades pelos frequentado- res, ora das respostas as motivagdes que o Centro oferece, tais co moi televisio, biblioteca, etc.. xistem, assim, atividades de diferentes orde ivas e de coordenag3o de esforcos para so nais-culturais, reer sao de problemas comui renos, a seguir, @ descrigdo das atividades desenvolvi, das através de grupos e, posteriormente nos referirenos as demais atividades: a) AULAS PARA OS ADULTOS 1 - Experigncia de Alfsbetizacio Sendo a “escola para os adultos" um dos pe insisten tes dos moradores do Poco, a colega de Servicgo Social que, no ini- cio do trabalho, nos substituiu por algum tempo, solicitou do oro- fessor Paulo Freire’ que iosse centro uma experiéncia de al fabetizagao, que ele estava preparando. Aceita a idéia, 0 professor Paulo Freire pediu que se pro curasse cinco analfabetos da area, dispostos a aprender a ler. Foi assim iniciada, em janeiro (1962), a primeira tentati va de alfabetizacao, no Centro de Cultura D. Olegarinha: com cinco adultos (quatro homens e¢ uma mulher) sob a orientagao de um univer sitrio, servindo-se de ajudas visuais (desenhos em fichas, projets gas de um epidiascépio) ¢ enpregando um nétado eclético.! Em dois meses, com aproximadamente trinta horas, um dos alunos estava lendo trechos relativamente diffceis. Isso represen- de alfabetizs ta um verdadeiro recorde de tempo, em experiénei: so Por varias circunst&ncias, inclusive doenga, houve desis- ia de quatro alunos; desse modo, apenas un foi al fabetizado. km margo, Forno: va turma, para reperir a experié cia, obtendo~se resultados semelhantes. © professor Paulo Freire ainda est4 elaborando un relatdrio, Alfabetiz em tempo corde Il - Aulas para os alfabetizados Paralelamente 3 experiéncia de alfabetizagao, fizenos no Centro uma turma para os alfabeti ados, que comegou com cerca de quinze alunos. Estes recebiam aula de uma universitaria, es do Servigo Social (que mito nos ajudow no Centro) bastante heterogénea... Inicialmente, as aulas eram dadas com um texto especi Imente elaborado; depois, por sisténcia dos alunos, adotou-se um livra. Dessas turmas que tivemos no Centro, podemos fazer algu- Observacées ~ apesar da insisténcia no pedido de aulas para adultos P , poucos se apresentaram para estudar; ~ foi bastante acentuado o problema da evasdo escolar, com queda de fre: to (802); neia dos inscritos, dz ordem de oitenta por cen~ - outro problema que se manifestou claramente foi o da re sisténcia a novos métodos de ensino. Em nossos debates com 9 frequentadores do Centro, procu s analisar e es fendmenos e insistir no aproveitamento do que © Centro thes cferecia, cumPoportunidade para uma elevagao de seu nivel cultural, que poderia, inclusive, refletir~se em uma melhora de suas condigoes de vida; nao percebemos, contudo, respostas mito significativas a essas preocupacoes. b) ABASTECIMENTO D'AGUA: CHAFARIZ Outro dos problemas referidos mais insistentemente fete povo, nas visitas de aplicagio do questionario e nos contatos poste riores, no Centro, eta o da falta d'Sguayna Zrea do Pogo da Panela. Nos discursos de inauguracao do Centro, moradores é'alf Giante do st. Prefeito Maniefpal, reivindtcaran a Instalag3o de un $25 8r chafariz, que, en vrias oportunidades, ja havia sido objeto de pro messas de politicos. No infeio de janeiro (1961), promoveu-se uma primeira reu nigo das pessoas mais ressadas na solugio do problem constituida uma comissao para tratar do assunto junto 3 Prefeitura. No contato como sr. Prefeito, este, apés explicar que outros bairros tinham piores condigdes de abastecimento d'Apua, SCOHOOHSHHOHOHSSOHSHSSHSHSHSHHSHHSHSHOHSHSHSHHHHHHHHHHHHHHHHHHOOOES rie prometeu que mandaria examinar o local, pelo engenheiro do setor competente. Este visitou 0 Pogo, informando-se de que os moradores ca compravam dgua, pagando senanalmente Cr$ 40,00 Decorreram cerca de dois meses, sem providéncias a resp io, da parte do servico wunicipal de instalagao de chafarizes, quanto no Centro insistia-se na necessidade de solugao deste probly na, ao lado da discussio de outras questdes. a0 do Centro, procu Ao reassumirmos, em margo, @ coorden ramos orientar 0 pove, no sentido de “que se buscasse a solucio de cada problema 2 seu tempo, dando Enfase, pordu, ao caso do chafa~ riz. Em contato como engenheiro da Prefeitura, ja referido, disse-nos este que havia outras areas necessitando de atendimento prioritario, na matéria, por serem mais populosas, determinando um adiamento em relacao ao pleito dos moradores do Poco. Sugerimos, en to, que ele fosse explicar isto, na reunido geral do Centro de Cul tura. Ao mesmo tempo, fizemos sentir aos frequentadores que nio de ¢ na solucao do problena. veriam se conformar com protela Em novo contato como engenheiro M. B., quando Ihe fomos lembrar a reuniZo do Centro, a que ele se comprometera a comparecer, para expor a impossibilidade do atendimento imediato 8 reivindica~ ga0 dos moradores do Poco, tivemos oportunidade de apresentar-1he no vos argumentos em favor da instalagao do chafariz: 1 - 0 niimero de familias residentes na area a ser beneficiada - mais de cinquenta 2 - risco de se comprometer toda a experiéncia (0 Centro ~ educacdo de adultos), se nao fosse atendida a justa pretensao do povo, etc.. © engenheiro H. B. mudou, entdo, de opiniio, © considerou que tal- vez ce pudesse instalar, pelo menos, uma pena d'@gua (1 ou 2 tornei ras), por ser de menor custo. Tsso, alias, ja havia sido sugerido por um diretor do Centro. Em fins de margo, 0 engenheiro N.B., do servigo municipal de instalagdo de chafarizes, a quem vinos fazendo referéncia, compa receu a una reunigo geral do Centro, onde discutiu com 0 pove sobre © problema em foco, ficando acertado que um diretor manteria enter jmontos posteriores com aquele servico, para encaminhar as > do problema. Nas semanas seguintes, foram tomadas diversas provi- Géncias a respeito: fons com elementos do Centro, em comissao, Providéneias da Municipa lidade Marchas e contra-mar~ chas sucess, vas falar com o Vigirio de Casa Forte, acerca da instalagao do chafa~ riz no terreno da casa onde nciona o Centro (de propriedade da Pa rdquia), tendo @ Mons. Lobo dado permissio para que se escolhesse 0 local considerade 0 melhor; 0 diretor do Centro, encarregado ée fi- car en contate com o engeric M.B., encaminhou « decumentagio retratos da pessoa que seria o zelador do chafariz, para que a Prem feitura solicitasse & repartic3o estadual do Saneamento licenga pa. ra @ construgao do chafariz © ligagdo da gua. Passaram-se, ento, mais algumas semanas, sem novas ine Sta. fornagaes sobre o andamento da qu Estivemos no Departamento de Saneanento do Estado, onde, com a ajuda de um amigo, funciandrio ali, descobrimos que 0 proces~ so em que a Prefeitura solicitara a licenga para ligacao da gua, juntamente com outros, estava "engavetado", em virtude de desenten~ dimentos politicos entre os poderes estadual e municipal. Entranos em contato com 0 funciondrio que chefiava o setor de concessao des sas licengas, e ele se interessou pela solugdo do problema, assegu- rando-nos que o préprio D.S.E. cuidaria da construgao e instalagao do chafariz. Sucederam-se os entendimentos: ida nossa e de pessoas do Centro % repartigo a0 saneenenco, @ cobrar o prometido. Afinal,er fins de agosto, © chafariz ficou pronto, marcando-se 4 inauguragao para o dia 2 de setembro. Decidiu-se, porém, antecipd-ia para dia primeiro de setembro, em virtude de viagem do Secretario de Viacao © Obras Piiblicas. Nesse dia, surgiram dificuldades para infornar povo dessa antecipagdo, em face do defeito no serviga de auto~falan te, que se havia contratado para a ocasiao. Contudo, & hora da inauguracio, foram se aproximando mora “dores da rea, da sede do Centto, onde se encontravat as autorida- des convidadas: Presidente do Movimento de Cultura Popular, prof sor G.C., © outros diretores do M.C.P., 0 Vigério de Case Forte, 0 dr. J.C., do Departamento de Saneamento do Estado, o Secretario de Viacao e Obras Publicas. Realizou-se, entio, uma rapida solenidade de inauguracao, com discurses do Mons. Lobo, do professor Paulo Freire ¢ do Secreta Fio U.5.. Nessa ocasio, denos Gafase ao Lato de que Se conseguira afinal, a instalagio do chafariz, gragas ao esforgo conjunto dos me radores da Srea e 4 sua persistincia na reivindicagao- Novas difi- culdades Afinal: solugdo A inavgura, Gao Gompista « pove, SPOHSOSHOHSSSHSHSHSSHSSHSSHSHSHSHOHHSHSHSHSHSHSHSHOHHOHHSHHOHEOSHSCHOSOOE A conquista do chafariz abteve favorfvel repercuss3o no Pogo da Pancla, resolvendo um sério problema dos moradores dalf contribuindo para uma maior confianca de povo no trabalho do Centro de Cultura. ¢) CURSO DE coRT! E COSTURA Esta foi ovtra das atividades que logo se desenvolveu,ten despertado, de comego, grande interesse no setor feminino. Contrata Ga uma professora, as aulas tiveram infcio a @ de janeiro, com trin ta e duas alunas matriculadas, realizando-se duas vezes por sema~ Ao voltarmos no Centro, em marco, fizemos uma reumide com a professora, quando procuranos avaliar o andamento dessa atividade 0 interesse © a integragao das alunas, o desenvolvimento do curso, os problemas surgides, como se exercia 2 lideranga na turma. Naque 1a Spoca, 0 curso tinha uma boa frequincia (26) e as alunes se en- trosavam bem. As alunas M.J.A. € T.A. (uma das diretoras do Cen~ tro) pareciam exercer uma lideranga positiva no grupo Apesar de ainda estarem aprendendo a cortar os moldes, as serena colocer 0 problena da maquina, que seria neces: ria, quando fossem aprender a costurar. A primeira sugestao levan~ tada foi que aquelas que possuissem miquinas colocassem 3 disposi~ gio das outras. Contudo, essa sugestio no era vilvel em relaglo a0 curso. Na reunido com a professora, conversamos ainda sobre a ne cessidade de todas as atividades estarem entrosadas, a fim de que o Centro formasse um todo e realizasse integralmente sua funcio educa tiva. Surgiu entdo uma dificuldade concreta, de coincidéncia de ho rario de duas atividades: curso de corte e aula de alfabetizagio; a professora encarregou-se de consultar se alguma aluna _preferia passar a estudar nas turmas de alfabetizacio. Na atividade que estamos referindo ~ curso de corte e cos tura - paralelamente a0 aprendizado do corte, desenvolveu-se um tra balho educstivo, em torno da aquisicio de uma maquina de costura, a ser feita pelo Contro. Essa id@ia surgiu muma reunigo geral: fa~ riam uma caixa comum ~ todos contribuiriam para a compra da maqui- na. Um dos direcores fez uma caixa de nadeira e doou ao Centro. Outras sugestoes foram surgindo: algumas alunas fizeram leiloes (de polos, galinha, ete.), durante os 'shous' realizados no Centro. Inicio atato c a professor costura Caixa comun SOCHOOHCHOSHSHSSOHSHSHSHSSHSHHHHSHHOHSHSHSHSHHHSHHHHOHHHHHHHHHOHHOCEOSE Eu conversa com M.A. e T.A., estas deram a entender a opi nido, segundo a qual o M.C.P. deveria dar a maquina. Procuramos interpretar @ posicao da instituigdo, explicande que, num trabalho educative - ndo se devia doar todas as coisas, mas, a0 contrario, constantemente, 0 esférgo conjunto ¢ 2 era importante estimuler, participagao de todos na solugdo de problemas comuns. Em seguida, passamos a tomar informagio dos precos de m: quinas de costura, mo comércio. Numa reunigo da diretoria (24.4.62), onde explicamos 0 an damento do problema da naquina, decidiv-se compra-le na loja Mesbla, a prazo, sendo 0 pagamento feito, a metade pelo Centro (que pronove ria a obtencio de recursos para isso), e a outra parcela pelo MCP. Fizemos, entao, uma "solicitagao" (anexo IV) A presidencia do Movi- mento de Cultura Popular, pedindo a participac3o financeira da ins~ tituigdo na compra da referida maquina. Ao recebermos o apoio do M.C.P. a nossa proposta, fomos, em comiss3o com duas alunas do curso, efetuar a compra da maquina de costura, na Mesbla (dia 8.5.62). ssa turma de corte, que comegara com tanto entusissmo, foi aos poucos desanimando, reduzindo-se bastante o némero das aly nas que frequentavam. Varias vezes sony & professore sobre a diminuigao da frequéncia} procuravamos descobrir uma manei ra de manter contato com as alunas que haviam se afastado, a fim de saber os motives da desisténcia, ouvir as suas possiveis queixas e obter sugestdes para a organizagao de novas turmas. Nesse tempo, ocorreu a cheia do rio (comego de julho) que paratizou as atividades normais do Centro, desde que este se trans- fornou en abrigo provisério para muitas families Depois disso, apesar de o Centro ja ter uma maquina de costura, a turma de corte praticamente se desfez, ficando reduzida a poucas pessoas, que iam 14 costurar algumas roupas. Fizemos uma reunide com a professora e algumas das alu- nas, quando procuranos informar-nos das causas, que determinaran 0 seu resultado desta atividade. Nessa ocasigo, a3 alunas afirmaram que o motivo principal ogo de easino da professora: suas explica do insucesso foi o m ado etam suficientemente pormenorizadas, cono as alunas desejavan. maquina Quede_ne frequéncia Cheia do vio Insucesso Avaliagao SPOHSHSHHSHSSHHSHHSHSHSHSHSHSHSHSHSHHSHSHSHSHSHHSSHOHHHHHHHOSEHEHOEE ees Além da razio apontada pelas alunas - (a professora justi, ficou-se,atirmando que ensinara como aprendera e que estava dispos- ta a adotar overo método) ~ podenos acrescentar que algns interva los longos, como 9 da compra da miquina € 0 da cheia do rio, leva ram varias alunas a desanimar Atualmente, estando a professora de corte sem exercer suas fungdes, passou a substituir o professor de alfabetizacao,apés receber trein amento especifico para isso. Além do curso de corte, houve no Centro uma pequena turma de bordado, com a mesma professora. Tanbém esta turma se desfee, 40s poucos, se bem que as alunas cenham conseguido alguns ensinanen tos bisicos, come o “pano de amostra” 4) CLUBE DE MAES A id@ia de um clube de ma foi langada por nossa colega (que nos substituiu, quando estivemos afastadas), no inicio do Cen- tro, entre as maes que frequentavam o curso de corte, tendo sido bem aceita por muitas delas. Cono sabenos, para a criacao ¢ funcionamento de um clube_ de maes, se faz necessario uma orientadora com certa disponibilide- de de tempo, a fim de manter todos os contatos para a motivacao & formagao do mesmo, assim como para acompanh’-lo em suas atividades normais, para que atinja seus objetivos. Uma das principais dificuldades que retardou a formacio do clube de mies, nos primeiros meses do Centro, foi precisamente a falta de una orientadora disponivel De nossa parte, procurivanos nfo acumular demasiadas res- ponsabilidades, a fim de evitar dispersdo na coordenacio do Centro. Contudo, em agosto, decidimos orientar o clube e esperamos que sur~ gisse uma ocasiio propicia, para levantarmos a idéia novamente. Comegamos 2 combinar com os diretores e algumas mes, pri ipalmente T.A., (uma das componentes da Diretoria), a melhor maneira de lancar 0 clube no Centro. T.A., por sugestdo nossa, fez pequenos esttazes, anunciands o clube de macs. Procurando utilizar, para a divulgagdo da idéia, os meios mais acessiveis, explicamos, nun reunido geral do Centro, 0 que seria o clube de mies, em linhas gerais, acentuando a sua impor, GAncia para as familias do Poco. Falando da necessidade de divul Antecedentes SPOSOOSHSOHOHHHOSHHSHOHHHOHHOHHOHOHHOHSOHOOOOHEOOECOOSE gagao do clube, solicitamos a colaboragio de todos, sus maridos e filhos que transmitissem as suas esposas e mées convite 2 se discutiria a possibilidade para uma primeira reuniao, em q Jago do clube. Para surpresa nossa, porém, foi quase nula a re percussZo dessa reuniao. Depois, em contato com a Diretoria do Centro, pedimos a opiniao dos diretores sobre o fato. Todos acharam que ndo deveria ixdssen instalagio s para depois mos comegar © clube Logos fariz e das eleicdes, para conquistarmes maior confianga dos fre quentadores. Alguns dias apds, Monsenhor Lobo (com quem haviamos con- versado sobre este assuato) participou de uma reunido geral no Cen- tro © fez ¥eferdncia aos beneficios que um clube de maes —poderia trazer para as familias do Poco. Em outra oportunidade, decorridos alguns dias, ¢ aprov tando a presenga de um considerdvel niimero de maes no Centro, quan- do da distribuigao de dleo alimenticio (restante do tempo da cheia Go rio),! procuramos mostrar que o Centro necessitava, também, da particip cdo ativa das mulheres € que, se nos reunfssemos, poderi a muito pele bem de todos, principaimente através de ut be de maes. Nessa ocasiao, acrescentamos que sabiamos serem as mies muito atarefadas, restando-lhes pouco tempo disponivel; mas nao ines seria impossivel reservar duas horas por semana, quando se versaria sobre assuntos varios, aprender~se-iam coisas novas e, en~ fim, elas poderiam se divertir um pouco. Uma das professoras do Centro, presente na oportunidade, e uma mae, T.A. (da diretoria) também falaram, incentivando a idéia. Comegamos a indagar o dia e hora mais convenientes para uma outta reuniao, em que explicarfamos, com mais pormenores, como seria o clube, Quase todas preferiram 3 noite, marcando~se pera as -feira seguinte. Manifestou-se, e vinte horas da quint nae, d. aluna do Centra, insistindo no comparecil todas as presentes (cerca de quinze), e no seu interesse em 6 para a reunido narcad Preparanos a reuniio, consultando una publicagao ¢o | Vide “CHEIA", pagina 40 anha Edueativa’ ~ M.S. ~ Departanento Nacio 1960 Clube de Mies da Can anga. Colegio D.N.Cr., n? 161. Rio de Janeir Langamento do clube "Clube de ™ desse clube os segui sivel, Pogo es da Campanha Educativa', que enumera como objetivos nte: "i. Despertar nas mies a consciéncia da responsubilidade social decorrente de sua missio como esposa e mie 2, Orienta-las quanto aos direitos e deveres da fantlia, relacoes dos seus menbros entre si, uniao na defesa dos direitos da familia. 3. Despertar-Lhes a responsabilidade dos cuidados pré. patais e leva-las a compreender as vantagens da frequén- cia regular ao Posto de Puericultura ou a outros servico: maternos-infantis. 4. Suseitar-Thes © interessé pelos problemas da crianga ede sua educagao 5. Incentivar-Lhes 0 gosto pelo trabalho e indicar-Ihes os meids de realiz@-lo de maneira agradave) e produtiva. 6. Proporcionar-Ihes orientacao na medida de suas neces sidades, considerando casos de desajustamento e — encami, nhé-las aos servigos sociais da, comunidade. 7. Estimula-las & cooperacao ativa, despertar-Ihes a responsabilidade através do desenvolvimento de atividades praticas © da participacdo na direcao dos clubes, interes sa-Las pela promogao dos meios necessarios 3 sua’ manuten cao 8. Facilicar-1hes 0 aproveitamento e criagao de recur- sos na cominidade, de acordo com as necessidades indivi- duais e coletivas" Procurando explicar esses objetivos da maneira mais aces~ assim fizemos a primeira reunido do clube, com as sw Chegando ao Centro, encontramos 0 salao todo arrumado (me Sa com toalha e jarro com planta, enfeitando). Aproximando-se a hora marcada,comecaram a chegar algunas maes Desligada a televiséo, as criangas safram, ficando apenas as menores, no colo de suas maes. A professora de corte (que estava sem tarefa, no momento) organizou brincadei~ ras com as criangas, no terrago do Centro. Enguanto esperavamos que chegassem outras mies, as que ja estavam na sala permaneciam caladas, demonstrandohaver pouca espontaneidade entre elas. Consultamos, entao, a to das se poderiamos iniciar logo a reuniao, ou se deveria mos aguardar durante mais alguns minutos de tolerancia, entabolando uma conversagio informal, para desfazer a ink bigao Instantes apds, demos comeco 4 reuniao pedindo que cada uma sc identificasse. Estavan presentes dezesseis mies. Inicialmente, perguntamos se sabiam o que era um clube de mées. Diante da generalizada resposta negativa,procuramos explicar que as maes, que tem tanta responsabilidade numa familia e, portanto, um papel importante na Sociedade, fi can quase sempre 'de lado’, isto 2, om suas casas, supor tando todo 6 peso do trabalho familiar, sem una possibill dade de renovacao ou de participagao em autras ativida des Observanos ser este fendmeno mais acentuado nas camadas sociais mais pobres. Objetivos do Clube de Maes Primeira reuniao ruido com a participagiio © Canpo de esportes! seria cons dos rapazes, ¢ 0 material seria conseguido com ajuda do H.C.P., ds Prefeitura Municipal, etc. sar de todo esse esforgo, os rapazes acabaram Contudo, por desaninar, talvez em virtude de ter cherado a Gpoca das chuvas e diante de dificuldades surgidas com relacio 3 ajuda do Movin ge Cultura Popular Notamos que particularmente as jovens estavam freque que atraissem especifica do o Centro, sem encontrar nele ativi Pensamos, entao, na possibilidade de form nente o seu intere nte, viria a se transfor gao de um grupo de jovens, que, posterior: mar em clube Por esse tempo, comegou a trabalhar conos tra colega (estudante do Servigo Social), que se encarregou de orga nizar e orientar esse novo clube. clube de Jovens se desenvolveu, tendo como principal in Ka teresse atividades esportivas. ntengdo de arquirir uma bola Ge voleibol, as mogas promoveran rifas, exibigazo de filmes, etc., ~ revertendo 2 renda para aquele fim. Alguns rapazes (mais jovens) passaram também a se interesser, integrando~se no cl Adquitida @ bola, iniciaram treinos, dos quais participam muitos rapazes. 0 Clube de Jovens vem se integrando, aos pouccs, nas ati- vidades gerais do Centro de Cultura Fizemos, ainda, com algumas mocas, um debate, a partir de sobre um assunto de interesse delas.> 0 um programa de televisio, — 'AlS, dogura.' A experigncia foi positiva, programs utili nfo sendo, porém, repetida. £) CLUBE INFANTIL Entre os frequentadores do Centro, talvez os mais duos sejam as eriancas, que sdo atraidas (irresistivelmente) pela televisao. za de wma pequena re Para esse Fim, 0% rapazes fizeram e do Centro (é Tado de fora). proxima ao muro da Uieimamente, os rapazes ~ cotizando-se ~ pola e fizeram uma rede de voleibol. Ver 0 ‘Centro de Cultura’ ~ anexo T. eeceeeee SCOOOHOOHOHOHOHHOHOOHHOHOHHHHHHHOHHHHHOSOOOOSE Como ja referimos, logo no inicio das atividades do Cen- tro de Cultura surgiram problenas em relagio @ frequéncia das erian cas. A Diretoria estaveleceu, entio, que elas sé poderiam assistir B televisdo aos sabados e domingos. Contudo, essa medida nio foi reino,em dias cunprida, pois acs poucos foi-se permitido ligar 0 comuns, para que elas assistissem a um ou outro programa interessan te. Certa vez, com 0 atraso de uma aula, ligou-se 2 televi- sao, estando a sala cheia de criangas., Sucediam-se programas (his- térias em série), em que o tema central era a violéncia Conversanos, ent%o, com alguns grupos de adultos, que tavam presentes, sobre esses programas - salientando o critério pu- ranente comercial de sua exibigio e o espirito imitativo dos produ tores dessas séries; principalmente, comentamos acerca do mal que elas fazem as criangas, excitendo-as e tornando-as agressivas. Muitos concordavam conosco; outros dizian - "mas sao os programas de que eles mais postam!" -. Uma senhora nos contou, na ocasiao, que seu filhinho, de cinco anos, pedira ao pai que compri se um revélver, “para ele matar o ladréot" Do local onde conversavamos, ouviamos as miisicas de "sus- pense", que acompanham esses filmes seriados, e podiamos avaliar o seu efeito psicoldgico sobre as criangas. Fizemos observagdes quanto 4 impossibilidade pratica de os pais vetarem tais programas para seus filhos, s nfo ser que um grande niimero se organizasse e protestasse coletivamente junto aos organizadores dos progranas, nas emissoras de TV. Sugerinos,enfin, a possibilidade de promovermos palestras para os pais, abordando es ses problemas na edueagao dos filhos. Tinhamos em mente, ainda, em relagio as criangas, organi, zar algumas atividades recreativas no Centro de Cultura, destinadas expecialmente a elas. Aproveitando a disponibilidade de uma jovem, frequentado ra do Centro, propusemos a criaglo de um clube infantil, que seria orientada por ela; discutimos com ela quais as atividades que pode~ ria ser desenvolvidas pelo clube, como ela se prepararia para ovienti-lo, e quando poderises inicia-le. Quanto as atividades do clube,pensamos em brincadeiras di versas, jogos recreativos e na organizagdo de uma biblioteca infan cil. 38 Uma preparagao imediata da recreadora foi feita, através da Leitura de um Livro especializado no assunto, ¢ de debates em torno desse tema, con um grupo no Movimento de Cultura Popular. 0 clube infantil iniciow suas atividades em outubro, na fest anizada pelas maes e pela recrealorat na oca sido, algunas criangas, numa "esquete", apresentaram 0 clube as de mais, e todas cantaram um pequeno bino do clube. Todas as segundas e quintas~feiras, as criangas se reunem na sede do Centro com a recreadora E-F., quando brineam o fazem al~ gumas leituras, Todavia, as atividades do clube so ainda bastante Limitadas, devido & caréncia de condigdes materiais. 5 ~ Qutras atividades 0 Centro de Cultura D. Olegarinha desenvolveu, ainda, vidades de ordem mais geral, tais como: A) PALESTRAS Promovemos algunas palestras, de educadores © de outras pessoas disponiveis para colaborar com o Centro, em diversas oporty nidades. Entre outros assuntos, foram discutidos: o analfabetismo, © custo de vida, a SUDENE, educacio familiar (no dia das maes), © sentido da Pascoa, et Essas palestras eram geralmente ouvidas com atengao, por um nimero consideravel de pessoas, ¢ em quase todas houve uma parti cipagio satisfatéria dos-presentes nos debates, que se seguian B) FILM Foi feita no Centro uma experiéncia de exibigdo de filmes cducatives, em colaboragio com © Consulade Americano, que teve boa 2 foi possivel, porém, fazer, come pretendiamos, um do assunto levantado debate posterior & exibig3o do filme, em torn por est virtude do grande niinero de assistentes e da presenca das criangas, que atrapalhavam um pouco. Con nir as mes presentes e, numa espécie de reunifo estraordindria do is interessante) - "A clube mies, comentanos um dos filmes trio realizado vida em nossas mos" ~ que narra o esforco co por uma pequena comunidade rural, para resolver um de seus proble~ No debate-conentirio desse filme, algunas nies observarar trabalho da cowunidade apresentada e as ativi- a semelhanca en dades promovidas ou incentivadas pelo Centro de Cultura. c) "snows Por svgestdo de um dos Diretores do Centro, foram apresen tadas alguns "shows", com a participagio dos préprios freqventado~ tiram as familias do Poco. Algun es, - que muite dive: s festas d res, ~ que mui dan m, sob a orientacio dos mesmos dire- cantes foram organizadas, ¢ tores Para essas promoces, tém eles de enfrentar certas difi culdades, como @ falta de um servigo de amplificagio de som (0 do M.C.P. nao é muito disponivel). Quando nao conseguem este, alugam niquina sonora particular, cotizando-se para o pagamento, dentro de um espirito de cooperacao. D) JOGOS DE SALAo homens por jogo de Aproveitando o interesse natural do seloe. dominé e cam o objetivo de atraf-los para o tes dois jogos (adquirides pelo M.U.P.), além de um outro,doado por um frequentador Acualmente, em todas as horas de folga, os homens do Poco v3o 13 jogar domind (no terraco do Centro): em trés mesas, eles se revesam continuamente, dando oportunidade a todos que querem jogar. 0 jogo de domind realmente atraiu a muitos que nao fre~ quentavan o Centro. Mas a maioria dos que se divertem jogando domi~ nd, absorvidos por este, nao tém se interessado em participar de ou tras atividades do Centro, deixando-nos preocupados quanto ao risco de desvirtuamento de suas finalidades. Por isso, tencionam-se regu a divers lar 0 hordrio dess Jo, suspendendo-a durante as aulas, quan- do se reiniciarem estas, em 1963. os rapazes tanbim se interessam pelo domind © participam do jogo, frequentemente. entre 0s jogos de sallo, preferen 6 am-ne em mesa pi da par um dos rapazes éo go, tendo o material sido adquirido por eles mesnas no Teen ESTUDO, 3 pagina 14. SCOHCHOSOSOHOOHSHSHSHOHOHHSSSHHHOHOHHHHHOSHOHHHSHHOSEOEHOOS ~34- Por isso, dissemos, surgiram os clubes de mies, como un instrumento de educagao ¢ de integragao das macs na vida social. Passamos, entao, a expor os objetivos do clube, mais pormenorizadamente. Nessa altura, elas comecaram a participar mais ativanente da reuniao, sobretudo quando indagamos se diziamos @ ver- dade em relagao 3 situacao das maes na nossa realidade: Uma delas deu testemunho de quanto se sentia bem em vir a0 Centro, depois de um dia cansativo de trabalho. Insis- tiu na diferenca entre como se sente agora e como se sen- ia antes, quando nao havia o Centro, pois vivia com a cabega chei Quera disse que s8 se alesra, em meio 3s preocupagies, "quando olha para o Céu e apela para Nosso Senhor". | Wao gosta de divertimentos, e deste mondo nao espera nada. Aproveitando este depoimento, acrescentanos que Nosso Se~ nhor estava também nas outras pessoas,! o que, do ponto de vista cristao, as alegrias e as tristezas devem | ser postas em comum, como tanbém os conhecimentos, para que se possa resolver os problemas, com ajude mitua. Perguntamos, entao, se haviam entendido ben a exposicgo e se ja Sabian as finalidades de um clube de macs. ‘Mgunas se manifestaram, dizendo ser "para aprender a edu car os filhos", “para ter aonde ir", etc.. Esforgamo-nos por mostrar que o clube era feito por elas, © que todas so importantes nele; do grau de participacao delas (sugerindo, reclamando contra o que nao gostassem, atuando, colaborando), dependia a existéncie e vitelidade do clube ow seu insucesso. Ae ura, fizenos a pergunta: querem mesno o clu be? ~ Todas responderan sim, algunas com mais entusiasmo. Fxplicanos que aquelas que dessen seus nomes para inte= gar o clube, deveriam vir a todas as reunices, faltando apenas por motivo sério. Finalmente, acertanos o dia. e hore de reuniao, mais convenientes para todas. Concluiram mesmo pela quinta-feira, as 19:30 horas. Dizendo que todas tentassem trazer, pelo menos mais uma nae, para a préxima reunido, combinamos o assuato a ser tratado nessa. Sugerinos una palestra de D. Dolores Coc~ tho.2 Uma das maes presentes, porém, discordou, ponderan do que deverfamos fazer unas tres reuniées, sem” convidar ninguém de fora, a fim de que elas se acostumassem, mais naturalmente, ad didlogo entre elas mesmas. Apoianos es~ sa opiniao, e decidinos que cada uma penseria alguns “pon tos", para fazermos o programa do clube,apresentando suas sugestoes na reuniao seguinte. Com 0 que se finalizou es= ta primeira reuniao, as 21 horas, Demonstranos, na oportunidad, ter a mesma confiss’ religiosa dessa senhora - Cristianismo. D. Dolores Coelho, nossa supervisora, j4 havia Eeito una palestra no Centro, no dia'das mées ~ sobre educacao familiar ~ agradando plenanent’. -35- Ses que as proprias mies davam, como assunto para as mesmas. Vale salientar que, até entao, eias nZo se inclinares ao aprendizado de novas tarefas. Nessas reunides tin 0S como assuntos principais: discus elo clube » avaliago dessa festa (que foi muito positiva); palestra de D, Dolores sobre educagio dos fi lhos, cebates sobre o tema dessa palestra, debates sobre educagao sexual dos filhos; organizagio do clube, recreacdo, et Como esperava uma das mes, na primeira reunigo, as rela~ goes dos membros do clube foram se desenvolvendo, aos poucos.0 clu- be se integrou bem no Centro, sendo notdria a participagao das maes nas suas atividades, como, por exemplo, na festa do primeiro aniver sdrio do Centro, e em varias outras ocasiées. e) CLUBE DOS J VENS Um certo niimero de jovens, que frequentam o Centro, nani ou, desde o inicio deste, interesse por esportes, particularm te por voleibol ios entendimentos foram tentadas, no sentido da cons- erugio de um campo de esporte, no terreno ao lado do Centro (pert: cente, também, % Pardquia). Levantaran-se iniimeros obstaculo: nuaram 05 interessados empenhando-se em concretizar a iniciativa surgiu, entdo, @ idéia de se fazer o campo fora do muro do Centro. Noma das reunides gerais do Centro, esteve presente o di- retor da Divisio de Esportes do M.C. Discutiu-se, nessa oc: sobre 0 que seria necessario para a construgo de um campo ea forma cao de um "time". A essa altura, ja era maior o interesse por 'fute bol de salao'. 1 ~ A auséncia do interesse nesse sentido talvee se explique pela sua pequena disponibilidade de tempo e pola falta de condicdes to Cx Um deles era uma 'plantaclo', da zeladora da_igreja, existente na quele terreno, pela qual ela pedia indenizagio exces Campo de esporte TA DO RIO una ocorréncia extraordinaria, que acarretou sérios pro- ce ann (2962). cerca de trinta fanflias, das que ficar igadas, fo de seus casebres pelas em consequéneia da inva was do rio, alo jarancse no Centro.? Toman 3 varias providéncias, no sentido de solucionar ou | em comissio Forma minorar aquela situagdo calenitosa: dirigimo-n a fim de soli- da com alguns pais de familia da area, 3 Prefeitura citar material para conserto das casas danificadas, no que tivenos pronto atendimento. Entramos, ainda, em contado com a Divisdo de Gatide do Movimento de Cultura Popular, que efetuou a distribuigao de remédios e vacinagdo de muitas pessoas. Finalmente, solicitamos da 7 fe,alimentos ritas", organizacao da Arquidiocese de Olinda € Rec a sanar a situagdo de energéncia a fome das familias, cujos che pa fes estavam impossibilitados de trabalhar, pois 2 majoria, que tra balha na extrag3o de areia do rio, tinha de esperar que as aguas baixassem, para reiniciar a sua atividade equente alojamento Lias no prédio do Centro ocasionaram a paralizagao das atividades normais deste, por cerca de quinze dias. F) TENTATIVA DE ORGANIZAGAO DOS "CANOETROS" noeiros", descrita Tendo conhecimento da situagio dos "c anteriormente, era preocupacdo nossa reuni-los, para discutir a es~ los a se organizarem melhor em se respeito, numa tentativa de Le seu trabalho As primeiras infornagses que tivenos sobre o problema nos foram dadas por um dos Diretores do Centro de Cultura, desde o inf- cio deste; mais de uma vez discutimos com ele a vi bilidade de reu~ ido dos interessados, para trater do assunco iSes semelnantes, o Vigario de Casa Forte permitira adas se alojassem, ora na Igreja do Poco, as desab no "colégio" (hoje, o Centro). que Ihes inidades de tra josamente, os “canoeiros” alegram-se com a cl a traz maiores o as baixam um pouco, grande quantida r ao, cantando, reve= Sestroi os macambos. E que batho para eles: quando a de de areia pode ser extrafi lando assim seu contentamento balham, Todavia, sé em novembro foi possivel marcar uma reunigo dos: ros", apds un contato denorado com um pequeno grupo ée~ les, que frequenta o Centro. Um dos “eanoeires", sr. E.B., além de nos fornecer novas do que manda infor preparou conosco a reuni um convite pessoal escrito, além do que cle faria verbalmente # ca~ da trabalhador. Elaboramos um pequeno convite,! que ele se encarre gou de entregar aos conpanheitos. Convidamos, também, para orien= tar as discussdes, um advogado, colaborador do Centro, entendido em legislagio trabalhista. K reunigo estavam presentes o advogado convidado,cerca de vinte trabalhadores, um proprietario de varias canoas, ¢ mais dois “canoeiros" que tém sua prdpria canoa, cada um, além de alguns curiosos. Inicialmente, fizemos uma justificagdo do convite para aquele encontro, salientando 0 objetivo do Centro de aju da-los a melhorar suas condigoes de vida, sobretudo pela discussio de seus problemas comuns, a fim de que se escla recessem acerca das solugoes viaveis para os mesmos, as quais deveriam buscar, todos eles, com empenho. Demos continuidade 3 reuniao, examinando a situacao dotra balho deles, a partir das informacoes que ja obtivéramos. A-essa altura, eles comegaram a participar mais ativamen- te dos debates, confirmando os dados que haviamos apresen tado. 0 advogado examinou, eutso, com os presentes, os problemas: da identificacao profissional (Carteira do Mi- nistério do Trabalho), contrato de trabalho, previdencia social, etc.. (Apenac uns trés tinhan Carteira profissio~ nal ~ ndo assinada - e ninguém tinhe previdéncia social). Discutiu-se sobre as vantagens (e desvantagens?) de eles se tornarem segurados do Instituto (IAPI, no caso). Nvi- tos relutam em se associar, devido 4 coatribuicgao mensal que teriam de recolher para o Instituto e ao conceito (quase sempre merecido) dos TAPs, quanto ao mau atendimen to que dispensam aos segurados; contudo, consideramos com os “canoeiros" que, mesmo mal atendidos, eles teriam un pouco mais de seguranca, ~ com a Previdéncia - em confron to com a sua situagdo atual; absolutamente desprotegidos em casos de doenca, velhice ou morte. 0 proprietario presente afirmou que segurat os trabalhado res na Previdéncia traria vantagem para os patroes uma vez que alguns (como era o seu caso) ajudam os empregados,quan do estes necessitam; a contribuicao patronal 8 Previden cia corresponderia a essa ajuda, que eles (alguns) dio. tualmente. Referiu-se, ainda, este patrao a casos de trabalhadores irresponsaveis (principalmente solteiros), que abondonan 0 trabalho, quando esta0 devendo dinheiro adiantado pelos patrdes"(?) “caro amigo ~ Comparega ao Centro de Cultura, Termos do convi as 19 para ume reuniao especial sobre seu trabalho, sexta-feira horas. Contamos com sua presenca. Agradecida". A reuniao SOHOHOSHOHSHOHHSHSSHSHSHHSHHSHSHHHHSHSHHHHSHHSHOHHHHHHHHHOOCOCOO inalmente, perguntamos aos trabalhadores se eles deseja vam midar de situagdo © estavam dispostos a lutar por is 50, ou se preferian continuar 3 margem da Previdencia e de outras garantias da legislagio social. Quase todos res ponderam que queriam melhorar sua condigao de trabalho. — Ficaram con conclusdes dessa reuniao as seguintes: a) 0s presentes couversariam sobre © assunco com outros colegas trabalhadores e com os patroes} b) todos os que nao tinham identificagao profissional fi- caram de providenciar a sua Carteira do Ministério do Tra balho, ~ de acordo com a orientagao do advogado ~ © proce Far seus respectivos patrdes, para assinar contrato de trabalhoy 5 c) ficamos de marcar nova reuniao, uns quinze dias apos essa, para a qual eles deveriam convidar outros trabalha dores, e o advogado traria um funcionario do IAPI, para orientagao assim completa sobre inscricao no Instituto,co mo segurados. ~ Ainda durante a reuniao, levantou-se a hipotese de funda cao de um Sindicato. Explicando as finalidades deste, © advogado considerou inviavel a concretizacao da idéia, a curto prazo, em virtude do pequeno niimero de integrantes da categoria profissional (trabalhadores na indistria de extragao de areia), no Pogo da Panela, a falta de entrosa mento com os trabalhadores da mesma categoria em cutros, locais e a quase inexisténcia de espirito associative en tre eles, bem como dificuldades burocraticas para a funda cdo © reconhecimento legal de Sindicato ~ processo basten te demorado. ~ Depois dessa reuniao, procuranos manter um contato perma nente com os interessados no problema, principalmente com o Sr-E.B. a fim de marear a reuniao seguinte, que ficara previsto. Soubemos, porém, apds © nosso afastamento do trabalho (nessa Gpoca), que 0s “canoeiros" estavam desanimados, e a segunda reuniao ndo foi | reali zada. Entre as dificuldades surgidas, para a regularizagao da situagio profissional dos trabalhadores (ben como a sua inscrigao como segurados da Previd@ncia), destaca-se a necessidade de prévia regularizagao dos patrdes, cujas pequenas empreses nao tém qualquer registro junto as repartigées competentes, nem tém maior interesse nisso, para evitar a tributaco. Ba fiscalizagao dessas reparti gdes, que deveria compelir os proprietarios a regularizarem sua si ruacao, nem sempre funciona 2 contento. £ & muito diffeil atvar em relagao a empresas de pequeno porte, sem sede, ou quase nada que a! bora tenbam renda consideravel, como demonstrama identifique. (B anteriormente) Em sum , nao foi possivel levar avante a idéia de or- Disposigao dos traba~ Thadores Inviabilidade de criagao e um Sindicato Desanimo dos trabalhadores “43 ganizacao dos trabalhadores na indi: tria de extragao de la Panela, visande a welhorar do-Ihes um pouco de seguranca, através das conquist social A lugar a esforgos futuros, para modificar a a craba~ Ihadores - de absoluta instabilidade. E)AVALIAGAO Depois de havermos relatado essa pequena experiéncia, rea Ja no Poco da Panels, julgams necessario avalia-la, examinande rincipais dificuldades encontradas no decorrer da mesma, © © que podemos considerar como resultados positives. Entre os obstdculos que impediram um maior tendimento de nosso trabalho, destacamos os seguintes: I ~ Nossa falta de experi@ncia, necessria em trabalhos de organizagdo da comunidade, “determinou iniimeras dificuldades na coordenagio do Centro de Cultura. Nao podemos deixar de registrar, no entanto, que essa situagio foi bastante amenizada, pela inestind vel ajuda que recebemos de nossa supervisora. Ii - Como ja fizemos ligeira referéncia, no relato da ex riéncia, 0 Centro de Cultura teve de se impor ante uma onda de crédito, manifestada por muitos moradores do Poco da Panela, quanto 3 seriedade do trabalho e os objetivos da entidade nascente Esse problema se originou de boatos espalhados por alg mas pessoas do local, criando-se 2 id@ia de que o Centro teria fins politicos. Foi ardua a nossa luta, assim como de muitos frequenta dores, no sentido de interpretar as finalidades educativas do Cen- tro, alheias a intereses eleitorais. Mas assume tal proporgao a desconfianga do povo nos politicos, que, apesar de toda a nossa se riedade e fidelidade a iv por mito objetives do Centro, persi tempo, entre outras, a idéia de que o Centro encerraria suas ativi- dades, apds as eleigdes governamentais do Estado, em outubro. Vale ressaltar, contudo, que essa falsa crenca existia mais difundida en tre as pessoas que nao frequentavam o Centro. IIL ‘- Diante das diferentes motivagées de ordem educacio- que o Centro de Cultura oferecia aos seus frequentadores, rom insatisfatérias as suas respostas, ocasionando um — rendimento Snimo da experiéncia, sob esse aspecto. A pequena procura das aulas t urmas orgenizadas no Centro, 0 desinteresse pela biblioteca,a pre réncia notéria pelas atividades recreativas jo isso nos levo da parte dos morado~ 4 pensar numa possivel inapeténcia educa res do Pogo. A respeito desse problema, levantamos alguns pontos para reflexdo, sem pretendermos, contudo, determinar aqui as razdes ex plicativas do fendmeno Tera sido a escolha do local infeliz para a instalagao de um Centro, levande a um desperdicio de recu - Estaria a falha aa seleco e escolha das atividades edu cativas do Centro? - Serfo as condigées de vida dos moradores do Pogo da Pa nela determinantes da acomodagio (observada sobretudo nos adultos), dificultanda assim uma maior participagdo dos mesmos no seu desen— volvimento cultural? ntadores em melhores con- os free Estarao, atualmente, digdes de participarem das atividades educacionais, apds um ano de existéncia do Centro, em que se desenvolven relativanente um espiri io entre eles? exio destas questdes poderd trazer novos elementos, para o planejamento de unidades semelhantes ao Centro de Cultura D. Olegatinha, ou ajudar uma critica construtiva do trabalho do Po g4o, com rendimento educacional go da Panela, visando 3 sua contin ais apreciavel. WV ~ Fazendo a avaliagdo da direco do Centro, encontrare~ nos varios pontos positives na sua atuagdo. Todavia, a Direroria "provisdria" enfrentou muitas dificuldades, decorrentes, principal- mente, de sua formagao ter sido um tanto precipitada. Por nio ha ver sido eleita. ela careceu dz condigao de representativida: que deveria ter. Talvez por isso tenha Ihe faltado maior reconhecimen— to, apoio ¢ cooperagao, da parte dos frequentadores do Centro. - A Escola pr: estadual, que funciona, pela manha, na mesma sede do Centro de Cultura, poderia se constituir um elemen to altanente positive na educagio dos adultos, desde que, num tra balho de cooperaco ~ Escola ¢ Centro - permitisse a formagio de ‘ iam os pais 2 participare sence na educagao dos filhos. Sendo, porém, a Escol Apesar de havernos tontado, ndo conseguimos 3 colaboraca sea da manh3, para un trabalho conjunto ~ Escola e Centro 2. Contudo, novas centativas nesse sentido pode ser feitas pele Centro SOCHHOSSHOHSHSSSHSSHSHHHSSHHSSHSHSHSHSHSHSHSHHHOSHSHOSOHSHHSHOHOESCOECOEO até VI - Numa instituigao nova ¢ ainda em formagdo, como o Mo vimento de Cultura Popular, a implantagao de cada projeto educacio 1 nele elaborado significa abertura de novos canpos de atuagio. No M.C.P., estes campos tém se ampliado consideravelmente, exigin 4 tituigdo um revisSe constante de sua estrutura organizat va, para que e a se adeque Sncias do seu crescimento. Entre tanto, essa revisdo, por motivos que nao cabe examinar aqui, nao tem sido feita. No trabalho do Centro de Cyltura D. Olegarinha, faltou-nos, da parte do M.C.P., como instituigdo mantenedora, apoio suficien te ~ que significaria mais estimilo e disponibilidade de condigdes materiais, necessi ias ao desenvolvimento da experiéncia. Nio pode mos, porém, deixar de ressaltar a boa vontade, em relagio ao nosso trabalho, do coordenador do Projeto de Educag. io de Adultos do MCP., setor de que faz parte o Centro ée Cultura Podemos considerar que a experiéncia do Centro de Cultura D. Olegarinha, no periodo aqui relatado, apres: seguintes pontos positives: 1 - 0 nosso relacionamento com as diversas pessoas © os Jiferentes grupos, no Centro, foi realmente construtivo, pois ane, em termos de amizade e respeito, procuramos ajuda~los a tomar cons- cia de suas necessidades e possibilidades, estimulando-os a per ticiparen conscientemente da vida de Centro Il ~ Levando em conta as dificuldades relatadas acima, foi ico de muitos frequentadores nas bastante satisfatdria a part s atividades do Centro. Entre outros fatos, que demonstram nte participago e um engajamento consciente dos morado- res do Pogo da Panela no Centro de Cultura, temos a destacar - 0 esforco de alguns frequentadores, para a aquisigio de objetos necessarios a divers: s atividades, principalmente recreati_ - a decisao tomada pelos frequentadores, no sentido de que sles - e nfo o M.C.P. - 2 que deveriam pagar a conta da energia elétrica consumida na sede do Centro; © propdsito de niio deixar que o Contre se extinguisse, di ue eventuais dificuldades enfrentadas pelo 4.C.P., pois se convenceram de que o Centro Ihes pertence realmente; ~ a persisténcia manif na Tuta para que os poderes tentes instalassem na Srea do Pogo da Panela um ~ objetive visado desde o inicio da vida do Centr ga dos moradores do local), afinal alcancado. - Finalmente, podemos iderar que, enbora decorrido pou co tempo da experigncia educacional e de organizacao da comunidade aqui brevemente relatada, 0 Centro de Cultura D. Olegarinha conse guiu despertar a ajudar a desenvolver-se um espirito comunitario em nivel apreciavel, entre os moradores do Pogo que frequentam a enti- dade. concLuséeEs blemas levantados neste alho Refletindo s . formulamos despretensiosamente algumas observacoes, @ guisa de con clusdes; estas, no entanto, nao tém absolutanente carater de defini tivas, podendo ser reformuladas, desde que novos estudos e refle xdes e, principalmente, maior experigncia nos capacitem para tanto ial bastante —elevado, bora implique num custo so sobretude para as nacdes economicamente atrasadas, a educagdo popu lar se impde por duas razdes basicas: a) a recuperagdo das grandes massas dos que ndo — tiveram Escola significara um incremento dos mais valiosos dos re~ ¢ dessas nagdes ~ que constituen o seu mais precioso capital - no esforgo pelo desenvolvimento econdmico e social,en au: se empenham; b) © esforgo pelo desenvolvimento se justifica, entre ou tras consideragdes, pela aspiragio 2 una convivéncia legitimanente Jenocratica (que assegure a todos liberdade ¢ iguaidade de cond gaes) dos individuos © grupos sociais das diversas cominidades hung nas - locais, nacionais, internacional e para tornar as massas = torna-se indis a realizar essa aspiracio - que & de justi pensdvel proporcionar-Ihes um minimo de formacao educacional. Bevem, portanto, as diferentes forcas sociais ~ 0 Estado, como as instituicgdes particulares - promoverem programas de educa 0 especial em situagdes como a do soso pais, Ao popular, de onde as caréncias nesse setor assumem indices verdadeiramente alar mantes. II - Essa educagao deve levar os adultos a participaren, conscienteneate, do processo de mudanca das estruturas econdmicas ¢ tario, que supere os vicios do sociais, dentro ce un espfrite com Individualismo, em busca de formas mais justas e auten! 111 = 0 Centro de Cultura um instrumento valido, en pro rama educagao popular - em moldes denocracicos e al je educagao populal -49- IV ~ A atuagao dos Centros de Cultura, como de outras ini- ciativas visando A educacio do povo, deve se integrar em progranas amplos de desenvolvimento da comunidade, como os planos de_urbani- zagio ou de reforma das estruturas agrarias, para que possa atingir plenamente seus objetives. V - A luca pela recuperacao ou conquista, através da edu cagao, das massas de adultos incultos, para que tenham condigées de nelhor participar dos beneficios do progresso ¢ da civilizagio,cons titue uma tarefa bastante rdua, cujos resultados nao se aleancam muito rapidamente. BIBL CLUBE DE MAES da mpanha Educativa IIQ Congresso Brasileiro de Servico Social - JUNQUEIRA, Helena Traci - OLIVETRA, Nair Cruz de - RECIFE. MOVIMENTO DE CULTU- RA POPULAR ~ RIOS, José Arthur - VIEIRA, Balbina Ottoni ~ 50+ IOGRAFLIA Rio de Janeiro. Ministério da de - Departamento Nacional daCria gal 1960. Rio de Janeiro. Anais - Confedera~ go Nacional do Conércio. 1961. "curso de Servico Social de Comuni dade", - Sao Paulo. 1954. "uma experiéncia de Centro Social". Rio de Janeiro. SESC, ~ 1955. tatutos do M.C.P. ~ Recife. 1961. "A Educagdo dos Grupos" ~ Rio de “Introdugde 3 Organizacae Social de Comunidade" - Rie de Janeiro. Plano Introdug 1 - A Educagao Comunitaria no Movimento de Cultura Popular A) A Educagio Comunitiria, numa Instituicao co mo o M.C.P.. ~ A atuagao do Servigo Social como instrumento para esta Educacao .. B) 0 Projeto de Educagio de Adultos: Centro de Culcura ..eeseee 11 = Centro de Cultura D. Olegarinha A) Razdes de Escolha da Area de Trabalho I) teh) aeegeonno0d0 ©) Planejamento de atividades -....2--000eee00 D) Execugiio das atividades E) Avaliagio .eeccceeees Conclusdes ... Bibliografia Pai SOCHOSHOSHSSHSHSHSSSHSHSSHSHSHHHHSSHSHHHHSHOHHHSHOHSHSHHHSCOCOEOOE ANE MOVIMENTO DE CULTURA POPULAR ~ Projeto de Educagao de Adultos: Centro de Cultura ~ (Paulo Freire) “Uma das preacupagées presentes 4 estndiosos dos problemas do homem moderno nos centros urbanos vem sendo o de sua “demissao", afogado na domesticacso niveladora da massificacao. © homem dos centros modernos urbanos, submetido a uma série infinda de controles que ele mesmo ndo conhece € que quase sempre nao percebe, vem assumindo formas de comportanento standardizado. Suas rea goes perdem as mais das vezes a notd individual. Suas respostas 830 Tespostas generalizadas. 0s meios modernos de difusao, de propaganda, Ge cominicagao com as massas, vem pondo o homem desses centros em ati~ tudes preponderantemente acriticas, ingénuas. ‘R propaganda comercial, com toda a sua forga convincente,vem se juntando, servindo-se dos mesmos meios ~ a propaganda de idgias, de princIpios Corre-se o risco da desumanizaco do homem, de sua massifica ga0, de sua desespiritualizacao. ° Dai que socidlogos como Manheim, representante de uma das correntes preocupadas com este problema ~ insistem tanto em uma educa do advertida deste perigo. . ~ Em uma educacao que busque a inser¢ao conscientemente criti- ca do homem na sua problemacica. "9 método, diz Manheim, consiste em voltar a descobrir os efeitos educativos dos grupos primarios, em criar tais grupos onde nao existam (centros comunais, centros de saiide comunal) - centros de cul— nos - em sublinhar sua continuidade e sua veili (Libertad, Poder y Planificacion democratica - pag. 293). ‘No caso brasileiro, parece-nos crescer este perigo, precisa mente pela inexperiéncia democratica enraizada em nossas matrizes cul- ture, dade" turais. . Se no transito em que vivemos para uma sociedade “aberta" £2 tos novos estao dia a dia pondo o homen brasileiro em atitudes mais de mocraticas, nao nos esquegamos de que o nosso passado anti-dialogal,por jeso anti-democcatico se afirma constantemente em noss2s posigoes. Ha hoje toda uma Psicologia historica esciarecendo a forga dessas marcas de ontem na composigao de atitudes individuais e coleti vas do homem de uma sociedade. Somos assim dos que, participando felizes do transito que faz a sociedade brasileira, veem criticamente a necessidade que temos de nao largarmos 0 homem para que nao se perca em posigdes massifica- das. Dos que véem a necessidade de desenvolver a capacidade critica do homen brasileiro, agregando-o em grupos, através de que faga —aquela educagio a que se referiu Manheim. Nao ha na verdade democtacia sem consciéncia critica e nao ha criticidade nas posigoes massificadas. Dai a énfase que teremos de dar 3 educagao para a criticidade. ‘O contro de cultura € uma unidade educative enfeixando um 5 do motives que agregan grupos, que os levan 9 atividades dé 5 semelhantes. Estas atividades variadas, respostas a variagies de nicleo: diferentes de motivacao, se acham porém entrelagadas e sistematizadas, possibilitande assim um trabalho orginicamente educativo. ‘A televisao, a leitura, a costura e o arranjo da casa, o re~ ereio, a educagio dos filhos sao motives geradores de atividades, Congregar grupos, a se alongarem em clubes, gue conpoen 0 Centro’ de cultura. im, haverd tantos clubes no Centro de Cultura quantos se jam os niicleos motivadores de atividades especificas. ~ 0 motivo TELEVISAO agrega pessoas que, exercitando determina das atividades, se constituem em clubes: 0 Telenclube. Da mesma forma © livro, que proveca a leitura, debate a leitura, a interpretacao da leitura e dé origem ao clube dé Lleitura, assim sucessivanente 0 clube de leitura, o de corte, o Tele-clube, etc., 0 clube de Pais congregando pessoas em torno de seus niicleos motivadores nao fas desintegram do todo, que é 0 Centro de Cultura. Por isso mesmo & que 2s acividades desses clubes sao interdependentes ¢ visam a um mes- to objetivo - a educagao da pessoa, dos grupos e da comunidade. Os clu bes dentro do Centro sao dimensées préprias do Centro. Dai que nao pos, sam crescer sozinhos. Nem distorcer-se. Nem perder o sentido de unida de de visao que caracteriza o Centro de Cultura. K medida que os grupos formados em torno destes motivos _v3o se estruturando ¢ ganhando a forma de clubes, com toda a sua dinami- ca ~ se apresenta ao Centro de Cultura uma oportunidade excelente de propiciar a experiéncia de auto-govérno a seus lideres, como a seus 1i derados. ~ A administragao do Centro, que de inicio cabe a0 assistente social do MCP, passa gradativanente a democratizar-se, fazendovse cole giada. 0 Centro passard a ter um Conselho de Diregao ccmposto de te~ presentante do MCP - assistente social - ¢ de Diretor de cada clube componente do Centro de Cultura. Este Diretor sera escolhido por eleicao entre os participan tes de cada clube. = 0 Conseiho de Diregio tera um Diretor executivo, por periodo determinado - o mesmo do Conselho de Diregao - escolhido entre os par- ticipantes deste Conselho. ‘ho lado deste, existira um outro, que sera consultivo e sera formado pelos educadores que trabalham no Centro. Nao ser demasiado chamarmos a atencao para_o que significa do ponto de vista da educagao democratica e da formacdo de lideranca a propria estrutura administrativa de un Centro de Cultura, nesses mol- des, Esta estrutura ja @, em si mesma, educativa. Acrescenten-se ago ra a essencia formadora de umd administracdo assim organizada, as ati- Vidades normais de cada clube dentro do Centro e sentir-se-a 0 alcance de uma experiéncia desta ordem entre nos. = PROJEGAO DO CENTRO NA COMUNTDADE ~ Estruturados os clubes dentro do Centro, nascentes e ja atu antes os Conselhos - 0 de Diregao e 0 Consuitivo ~ alongedos os lide res emergentes dos grupos ou dos clubes em educadores populares, parti ria o Centro para contactos estritos com as instituigdes de sua’ area de repercussao. ‘A area de repercusso do Centro podera ser encontrada ou de~ Limitada por meio de pesquisa. Em seu trabalho de educacao da comunida de, se esforgara o Centro em transformar a area de repercussao em area de influéncia Estreitando as suas relagoes con as instituigdes da area,mar cha o Centro para a criagao de um Conselho de Comunidade, de que ele participara com um de seus Ideres. A este Conselho caber entao_o es~ tudo, andlise dos problemas da comnidade local, com a colaboragio do Movimento de Cultura Popular e 0 encaminhamento de sugestées aos pode- res piblicos, bem como a motivagao do esforgo comum. ~ TELE-CLUBE ~ 0 Tele-clube sera formado por pessoas que pretendem fazer da televisdo um instrunento de cultura e de educagao. Com a participagio e a coordenacao de educadores especialmen . preparados, of componentes do Tele-clube discutirae programas das hoes locais, desenvolvendo sua capacidade critica. Pretende-se com esses debates a superagao de atitudes in; russ de que decorre a aceitacao passiva a qualquer tipo de propaganda tel ou divulgagao Os Teie-clubes, como de resto o Centro de Cultura, terao de centrar todo seu esforco educative na busca desse senso critico, somen te como sera possivel evitarnos posigdes domesticadoras. As sociedades que transitam como 2 nossa, de formas fecha Gnti-dialogais para formas em processe de abertura, se uma das, tribais, inserem num amplo e crescente processo de “rebeldia", que exige educagao voltada para a criticidade- Quanto mais se desenvolva essa criticidade, tanto mais firnard a capacidade decisoria do homem, fundamental e indispensivel 20 funcionamento da democracia, que antes de ser forma de governo @ dispo sicdo mental - & atitude. ~ ‘Os centros urbanos brasileiros vem apresentando um tipo pre ponderante de consciéncia, que vimos chanando de transitivo-ingénua.Ps, pontipo de conseiéncia vem gendo 0 resultado de uma promocao automati ocada por modificagoes infra-estruturais, de um tipo de consci 0 passo indispensavel da transiti, porém, 0 resultado da educ ca, prov @ncia que chamamos de intransitiva. Vidade ingsnua para a critica ha de ser, fio, fundada em condicdes culturais propicias. Se ndo congeguirmos es seer asso, corresos 0 Tisco de distorgdes ~ nao de Involugdes ~ que nos leven 2 “conseiéncia Fanatica", propria da massificacao 0 Tele-clube, dentro ov fora do Centro de Cultura, poder’ ¢ devera desenvolver um éficieate esforco neste sentido. Scrvitase-ao 0s educadores das técnicas de discussao em prom no e terao de desenvoiver em si também um alto teor de criticidade. natural, contude, que haja no Centro de Cultura, progranaé de televisao que ndo estejam sujeitos a debates - partidas de futebol, jor exemple, em que pese que possan ser tanbém discutidas. Estes pro- Botmas arenderao ao pablico ainda no interessado pelo tele-clube. = CLUBE DE LETTURA ~ Agrupa todas as pessoas que se interessam por leitura, quer seja esta feita no Centro de Cultura ou,em casa, com 0 Livro retirado por emprestimo. ~ Objetivos: wy propiciar aos participantes do Centro maior acesso 3 boa leitura. b) Desenvolver a “consciéneia critica" do homem, através do trabalho educativo em torno do Livro e em conbinagao com elementos audiovi- suais. c) Desenvolver 0 espirito commnitario nos participantes do clube, inte grando-os criticanente com os problemas de sua comunidade local. Q) Propiciar de futuro aos adultos analfabetos ora alfabetizando-se nas eseglas radiofonices do Novimento instruments de sua capacidade de ler. ¢) Motivar e desenvoiver a apeténcia pe £) Motivar seus participantes para que vo cada no espirico do Centro, nos seus objetivos. Oe educadores ligados aos clubes de leitura farao discussoe con os participantes do clube, ora sobre leituras feitas por eles, ora Sobre Ieituras realizadas pelos préprios educadores. Ampliarao esses locais partindo de 3. la leitura nas areas populare Vez mais se integrando anilise das instituigoes @ , auxiliadas por meios audiovisuais ebates sobre proble servico da comunidade = CLUBE DOS PATS ~ 6 clube dos pais congregara as fanflias de alunos das _esco las do MCP existentes no Centro de Cultura; 0 clube se estruturaré a partir dos cizculos de pais e professores ~ na verdade, um dos capitu- los da educacao de adultos. Recebord esse clube a colaboracie de educadores, de um lado, Go proprio Projeto de Educagzo de Adultes, de que © Centro de Cultura Sum dos aspectos, do outro, a divisao do ensino do MCP. = CLUBE DE COSTURA ~ Este clube abrigaria senhoras donas de casa e jovens, a quem daria conhecimentos objetivos que visam ajudar sensivelmente o orcanen to familiar. ~ No programa de educagio de base a ser dado As _participantes desse clube se dara os prineipios cooperativistas, no sentido da cris de produgao, que teria nas feiras a Gg0 posterior de uma cooperativa serem instituidas nos Centros Artesanais da Divisao de Artes Plasticas © seu mercado. Parece-nos que uma experiéncia desta ordem podera ser tenta~ da. = CLUBE RECREATIVO ~ Reunira as pessoas ~ sobretudo os jovens ~ em torno de ativi dades desportivas, como jogos de sala, Seus componentes —_receber a0 igualmente educacao de base. Muitos dos jogos que este clube pode dinamizar terao seu ma~ terial construido pelo proprio clube, estimulando-se assim o senso de colaboragao, de participagao. 0 Centro de Cultura se <: er "doagoes”, csim 2 uma das conotagdes fundamentais da filosefia éa NCP Outros tantos clubes poderao surgir depois do funcionamento regular do Centro de Cultura. Un clube de sadde, por exemplo, pode vir a ser um deles, de adequado a! importancia enorme na area local. — MECANISMO ESTRUTURAL DO CENTRO DE CULTURA ~ be infeio a Assistente Social comandard o Centro. Trabalhara no sentido de motivar pessoas a integrar-se nas inicia a Grea proxina, tivas do Centro. . Com 2 criagdo dos clubes e o surgimento de lideranga natural, forma-se 0 Conselho de Direcao. ~ RELAGAO DO CONSELHO DE DIREGAO COM OS CLUBES ~ 0 diretor de cada clube, participante do Conselho, prestaré contas a seus companheiros de clube do que passa na alta diregso do Centre. Levaré ao Conselho as posicoes de seus companheiros. 0 Conse- Tho, por sua vez, fara reunides de assembléia geral, de que perticipar rao 0s componentes de todos os clubes etoordenador do projeto de Educagao de Adultos, por sua vee, chicas de educagao informal, com osmem fara reunides mensais, usando t bros do Conselho de Diregao. Nestas reunides, essencialnente educativas, se iri fazendo 0 trabalho de formagao de uma aut@ntica lideranca,preparan do Centro de Cultura na comunidade local. The de Comunidade, fara o Projeto de Educa agora junto aos menbros deste Conse~ indispensavel do-se j@ a ctapa de projes Nesta fase, criado o Conse: ga0 de Adultos o mesmo trabalho, ino". ANEXO IT MOVINENTO DE CULTURA POPULAR EDUCAGAO DE ADULTS CULTURA D. OLEGARTNHA POCO DA PANELA RECIFE 0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0- 0-0-0 0-0" 9~0-0-0- 0-0-0 0-90-9909 -0-0-0= 9-0-0 NOM nascimento / Nimero de pessoas até 7 anos de 7als de 14 em di __ Registrados rau de instrugdo - sabe ler ___ sabe escrever assina 0 ‘em curso completo (em caso positivo designar) Entre as. pessoas de 7 a 14, quantas estdo na escola? Se hd algunas sem escola, por que ___ Quando alguém adoece na familia, a quem procura? Onde faz suas compras? _ Faz suas compras por se mana ou diariamente?, Profissao - Em que trabalha Tem uma profissao? Qual _HG outras pessoas na fanflia, que trabalham? Em que?_ a (soma dos estercos) Poder aquisitivo da fai Religiao ~ Tem religiao? dual? Se nao tem, por Se tem, cunpre seus princfpios ____ Por que? Visita ou recebe frequentemente visitas de seus amigos? Por que? Gosta de contar ou ouvir bistérias?_ Quais as histdrias que mais Ihe interessam? (Indagar sobre histérias mal assombradas) Gutras diversdes sindicalizado? Por que __ Faz parte de alguna sociedade ou de algun Clube? _ ___ Por que _Na sociedade ou no clube hi eleigdes? Vota nas eleigdes do clube ou sociedade? Por que? tem ti tuo de eleitor? Se no tem, por que? ee ee _ Quem tirou seu titulo, algum anigo?_. Algum politico? credita em eleigoes?__ _Por que? Que gostaria de ter no Centro de Cultura? Acredita que se pode melhorar a vida no Poco da Panela, 3 base de um trabalho em colaboragio? (Esclarecer a questo, fazendo a pergunta com outras palavras)_ ANEXO_IV "Recife, 8 de maio 1962. Solicitagio do CENTRO DE CULTURA D. OLEGARINHA do Projeto de Educagio de Adultos do M.C.P 0 Clube de Costura @ atualiente uma das principais ativida des do Projeto de Educagao de Adultos ~ Centro de Cultura D. Olegari nha, atividade cuja necessidade sentinos desde o inicio do trabalho ds MCP no Pogo e vem encontrando todo o apoio de nossa parte. Consideramos 0 Clube de Costura de grande utilidade: a)_0 aprendizado da costura contribuira para aumentar a re- ceita da familia; b) & um dos meios de maior entrosamento das mulheres, no Centro; c) & uma atividade que pode e deve ser utilizada para a so cializagao des mesma; = 4) hd 26 mulheres frequentando regularnente a la. turma do Curso de Corte e Costura, que atualmente estao sendo iniciadas nas au las de costura. ~ Tendo em vista que para o melhor funcionamento desse Curso @ indispensavel, inicialmente, pelo menos uma maquina de costur noradores do bairro, que participam mais ativamente das atividades do Centro, tomaram a iniciativa de criar uma "caixa comum", a fim de ar- recadar fundos para aquisicao de uma maquina. Considerando 0 que expusemos acima, pedimos Direcdo do MCP que participe do financiamento para a compra da referida maquina, nas seguintes condigdes: 1) estamos informadas de que uma maquina marca "Long Life custa Cr$33.460,00 (crinta e trés mil, quatrocentos sessenta cruzeiros) pagaveis em 24 prestagdes de Cr$ Cr$1.365,00 (hum mil trezentos e sessenta e cinco crusei ros), além de Cr$700,00 (setecentos cruzeiros) de entra 2) 0 Centro se responsabilizaria pelo pagamento da entrada 12 (doze) prestacoes; 0 MCP se responsabilizaria pelo pagamento de 12 (doze) prestacoes; 3) 0 MCP e 0 Centro se responsabilizariam alternadamente pe lo pagamento mensal das prestacoes Agradecendo desde ja a ateng30 dada a esse nosso pedido, firmamo-nos Zaire Ary Educadora do Projeto Pela Direcoria Proviséria do Centro idéncia do Movimento

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