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COSMA, José; BAPTISTA, Ni LUCKESI, Cipriano; BARRETO, El Corte Fazer universidade — uma proposta metodologica. 17 ed. Sao Paul Sees Universidade: criagdo e produgao de conhecimento CAPITULO 2 [4A Ac lor o presente capitulo, em primeiro lugar, importa que 0 Ieitor, a6-apropriarse dos conteides apresenitadas, este cients de que fora escrito ne inico dos anos 1980, 0 que faz com que este vazadlo nurna linguage 6 importante considerar que 3 funglo deste capitulo, na Primeirs Parte do livro, era nos anos 1980 « & agora introdiavir 0 estudante. que inicia'6s estudos untversitarios, no seu espaco especifico. Os psstuces universitérion pressupSent a maturidadedo jovers estudart tee nto mais doadolescente estudants, Em fungio disso, a inten era e& conviclaro eshidante a “passear” pels caminhos histiricas propria daguele periodo, Por outro lado, seguidos pela instituicao dentro da qual ingressa nesse momento e ‘que se espera ese deseja dele, O copitulo € coneluido oom as ea racteriaticas da “universidade que' as cavacteristicas da “universidade que queremos”. Desejamos, com lessas compreensoes, subsidiar o estudante nao s6 a assimilar ele guistemos", acim como com mentos tedricos de compreen 0 da instituicio universitiria, mas, so-msema tempo, odquitie recurtoe econvingbes étieaé que poderio jé-los nn seio dos nowosesticos enovas.aprendizagens, com os quais ira deparar En nossa cuttura, « processe de conhecer, esperifica da ser humano, std profundamente vinculado 3 escola, componente basico dosistema ceducacional, em nosso pats. (nosso sistema educacional, por sta Vez, no que se refere a escola, compreende os graus: primeiro inicial; se- undo médio, profissionalizante ou técnico; terceire superior com a fungao ambigua de profissionalizagéo,’ Diantedo sistema educacional, comoum todo, ¢ da universidadle, nivel superior, proporemes:a nossa reflewdo na busca de entender a a nosso tentativa de construir a universidade que temos € de clare universidade que pretendemos, ou soja, no uma mera consumidora ce repetidors de informagSes importadas para “profissionalizar”,? mas sim um recanto privilegiado onde se cultive a reflexao critica sobre a realidade e se criem conhecimentos com bases cientificas, Aut 110— Cen ai ica rate por ob qo bce privat, as pro soir bs panltinaiwersio eerie primi abo dale: reexade no at pb eon, han araitaumnperereiop! Jistopancpal maporeencty se preocupaytes ras sila Se Superioe Ps 2. INTL! No perso an ‘0 de conhcimieno nypytada do ne 4 aprenazager © Lees nto cos HAP Daremos, de inicio, um rapido mergulho na historia da universi dad, a fie de buscarmos os sinais eos esforcos de construgio de umta universidacle onde inteligéncias se unem para conhecer; criar © pro- duzir conhecimento, Ao final desse texto, diremos come sonhamos uma universidade, hoje. para o Brasil, As erigens do nosso sono, de nossas ulopias, esto noesforgo doshomens, das culturas, através da hist6ria, para conquis tar um espaco em que possa o homem se constituir pleaamente homem 1. Auniversidade através da historia 1.1. Algumas gies do histéria geral da universidade Na Antiguidadle Classica, o Ocidente, peincipalmente na Grécia e em Roma, ji dispunhade escolas tidas como de alto nivel, para formar especialistas de classificacdo refinada em medicina, filosotia, retorica, direito, Discipulos se reuniam em torno de um mestre, cuja conside- rivel bagagem de conhecimentos era zelosamente transmitida, Avs discipulos cabia aprender do mestre, espelho e modelo de aperfeigoa mento, Cada mesire conduzio a sua escola, fazia escola, Tinha-se, pois, nesses tempos, uma comunidade de discipulos gravitando em torno Ge um mestre, ce um cabega de escola, ‘As tumultuasas invasces bérbaras;*entre os séculos V e X, inter de ensino “superior”.t romperam esse proc E, no entanto, entre © final da Idade Média ea Reforma (entre 03 sécules XI ¢ XV) que propriamente nasce a universidade, identifican- 2 IN) Admnomunaian“nvasoes bats steve bastante pesenteem nosso tro6e denon nade hithare” foram poe tbat" he, 6 compres lengo periods, comes trates prem Adeniominacke ‘ont boven is cope ACE Casenuro dost ILMO Reforna universtiiae cio Wiss In: Waller E GARCIA (ie) teas bela ddo-se logo “com sua sociedacte ¢ sua cultura, tornando-se efetivamen- te 0 drgio de elaboragdo do pensamento medieval”? Algreja Catslica desse tempo é a responsdvel pela unificagio do ensino superior em lum $6 érgao, « “universidade”. Isto ocorre como resultante de todo um esforgo da Igreja no sentido de fundamentar a sua agao politica € religioas, enquanto preparava seus quadros, 0 clera especificamente. Observames nesse épeca, por um lado, o forte clima religioso, determinado pela Igreja Catdlica, que, naquelas circunstantcias, gereva © dogmatismo, a imposigie de vercades, tao a gosto dos ambientes autor tirios ainda em nossos dias; as universidades nio ficaram ileses do ambionte dogmatico. Por outro lado, & nesses tempos que nascs € se cultiva, nas eseolas universitarias, 0 habito das diseussées abertas, dos debates publicos, das disputes como elementos integeantes do curricula e especificidade de certas diseiplinas. Eelaro que tais debates sempze aconteciam sab a vigilaneia do professor que, além de mode or, garantia a ortodonia das ideias & eventuais conclusdes. Manter 2 unidacte do conhecimento basico para todasas especia- lidades e proporcionar aos futuras especialistas uma formacio inicial ‘unitaria ¢ geral é um esforgp caracteristico desse tempo. £ claro que ito podemos falar ainds de conhecimento cientifico, ao menos como Eentendide hoje. Grande parte do trabalho intelectual desenvvolvilo nesoes tempos gravita em torna das verdades da (6, religiéo ¢, para tanto, og estudos flosdticos. — a Filesofla — sto bastante culttvados. Aristételes, Platio e outros Flésatos grogos S40 muito explorados pola escoléstica, cuja influéncia no pensamento ocidental ¢ ainda hoje sen tida. Nao obstante, muitas das qualidades hoje requeridas para 0 trabalho cientitico, como por exemplo, rigor, seriedade, logica do pen- ssmtento, busca da prova et. Iniciam a sistematizar-se por esses tempos, Outressim, grandes pensadores surgem, organizam suas douirinas, criam suas “escolas” de pensamento, formadas por crescentes grupos de estudiosas, que aderem a tais sistematizagées o as défendem com 5 Newton SUCUVINA,Acensigstualdanmerate 2 enfase. Nao nbs esquegamos, entretanto, de que a [greja Catélica man- sinha severa vigiléncia sobre qualquer producto intelectual da época, talvez come exigéncia do pr6prio contexto social de entao:* (Qs movimentes da Renascenga ¢ da Reforma ¢ Contrarreforma (século XVI) inauguram a Idade Modema. E marcante nesse momento uma crescente rebelde burguesa? contea a ordem medieval, cujorestl- taclo é de um lado, o ripido desenvolvimento de uma mentalidade individualista ¢, de outro, 0 desenvolvimento da ciéncia modema. Notamos, nessos tempos, uma consideravel diversificagao do conhect mento humano ¢ uma fragmentacdo dos Orgaos de transmissao de saber. O conceito de universidade torna-se, entao, ineorsistente com ¢ realidade. Pademos dizer mesmo que a universidade existente nao scompanha 0 espirito difundido pela Renasvenga e pela Reforma, Hi sobre 0s sets quadros certa imposigeo de uma stitusle defensiva, de guarda das verdades jd constitufdas, definidas e definitivas, estiticas © restritivas, no sentido de no acrescentar aos valores do passado as numerosas descobertas que se faziam. Nessa fase a universidade se caractetiza pelas repetigdes dogmatices, testiveis cle cétedras. Os dogmas eram impostos —ensinados — atra- yes de teses autoritariamente demonstrativas Tals teses, secontestadas, _geravama ira dasautoridzdles clas instituigees guardioes da crtodoxia, © que implicava sempre em penas que variavam de acordo com a gra- vidade da coniestacio,come a fogueira, pristo,afastamento das fungoes, perda da cétedra, excormunhao, index ett... Aqui €acolé, ainde hoje, sofremos resquicios dessa época; Censino autorititio, abel 0 professor fitadas, como verdades incon asst ne-a postura de quem detém o critério de verdade © o aluno sie plesmente repete 0 projessor ¢ os livros de texto ou manuals; a arrai- ada dificuldacle para o livee debate das ideias ete 1 INU] Beat. era Cais pera saberan sea sce gee pteula sin pots il ee, pa manor en goon nko pie ade nentanne Ket snurpetog da else fue ro fos staves dese cones, conser Senos A intiukto da Inqusi & tesemha disso. Ser ques i hae snitise marta. slfeente Go qe 3 enend na Burp mesheval cs piles pi No século XVII surge, com os enciclopedistas, © movimento ilu minista que questiona 0 tipo de saber estribado nes “surnias medie~ vais”. Seta, porém, o século XIX, coma nascente industrializagio, 0 responsavel pelo “golpe” @ universidade me al pela cnironizayio da universidade napolednica —na Franca —caracterizada pela pro- gressive perda do sentido writirio da alta cultura ea crescente aqui sigao do cariter profissional, profissionalizante, na linha do espitito positivist, pragmatico e utiltarista do Ihuminismo2 A universidade snapoleéni cstrutura-se fragmentaca em escoles superiores, cada uma isolada em seus bjetivos priticos. além de surgir em furicao de necessidades profissionais, 5 quais Notamos entielanto, que, ao lado da universidade napoleonica, surge também, em consequéncia das transformacées impostas pela industrializacéo, uma outra mentalidade enderegada para a pesquisa Gentifica. Ha como que um despertar da letangia intelectual vigente e a universidade, entao, tenta retomar a li torma-se centro de pesquisa, O marco dessa transformagio ocorre em 1810, quando da criagio da Universidade de Berlim (Alemanha), por Humboldt. A universidade modema, enquanto centro de pesquisa, 6, portanto, uma criagio alema, preocupand-se em preparar o/homem jeranga do pensamento, para para descobrir, formular ¢ensinarciéncia, levando em contaas transfor magGesda época * Maria de Lourdes Favero ao analisar essa mentalidade nas lembra K. Jaspers (nosso contemporaneo, falecido em 1969) que diz censinar..é participarda pacesso de pesqpisa. SOohomem yoltado para «pesquisa pode realmente ensinar;do conirario, ee reds seu trabalho f tansmitir wm pensamento inerte, mesmo ser dordenado, yo lugar dé comunicara vida do pensamenta."* peddagogicamente TINAI Niose pode escgutce que, nse htc ina ents ores eto iteato olen do eéeula XVI, ere gus Francs Hain que afruava que “eonbecer per Deer o contesinene éeter wie pods de ain ‘CI Ankio TEIEIRA. Uma perspective tdecaosuperor no asl. Rete Ethie Mase Coandes FAVERO. Reflexes sobeunivercade na soci tual Heide Pes yp 20,105 Em 1851, 0 cardeal Newman, fundador da Universidade de Du biin, [rlanda, sonha com ima Universidade que soja lugar do ensina do saber universal, Percebemos, assim, no pensamento de Newman, a aspiragao por uma universidade que seja centro de eriacao-e difusio do saber, da cultura. Até nossos clias aspiramos a tais qualidades para nossa universidade, ‘Observamos que nessé estorgo de construcdo da universidade ie h4, concomitantemente, uma busca pela livre autonomia vel para questionar, investigar, europ Universitaria, como condigao indispen propor salugées de problemas leyantadas pela atividade humana, A sociedade como um todo cabia suscitar e manter um clima de liberda- de, como garantia de uma ago racional de critica, de autonomia cul- tural da nagao, condigdes necessérias a um povo que buscava sua ‘dentidade e autodeterminagao social e politica 1.2 Auniversidadeno Brasil Até 1808 (chegada da familia real a0 Brasil), os luso-brasileinos faziam seus estudos superiores na Burops, principalmente em Coimbra — Portugel. Ha noticias de 2500 brasileiros diplomaidos até 1808, em sua maioria religiosos. Portugal ndo permitia, apesar dos esforgos dos Jesuitas, a eriagao de uma universidadeno Brasil. Js nos demais paises da America Latina, de colonizacao espanhola, o comportamento foi outro.” ‘Com a vinda de Dom Joao Vi para a Colonia, 6 instituide aqui o chamado ensino superior. Nascem as aulas régias, os cursos, as acade. mntas, em resposta as necessidades militares da Colonia, consequencia dainstalagao da Corte no Rio de Janeito, A Faculdade de Medicina da Bahia (1808) ¢ resultanteda evolu de cursos — durante a época colonial — de anatomia, cirurgia e me- 1 Em Liew, Per, 1554; Mexia, 155% Cb Arentins, 161%: Sani Ding: 1838 Fy [622 Cao, Poa, 1492 Havana, JH, Seailogsy hie 178, dlicina; as Faculdades de Dircito de Sto Paulo e Recife (1854) resultam dos cursos juridieos." Em 1874, sepacam-se os cursos eivis dos milit- res, com aconstituigao da Escola Militar e Escola Politéenica do Rio de Janeiro. Logo depois, om Ouro Preto— Minas Gerais —é inaugurada a Fscola de Engenharia. Por volta de 1900 estava consolidado, no Bra- sil, oensino superior em forma de Faculdade ou Escola Superion* Apautir de 1930 inicia-se o esforgo de arrumagao e transformacao doensino superior no Brasil. O sjuintamento de trés oumais faculdades podia legalmente chamar-se de universidade. F nesses termos que se fundam as Universidades de Minas Gerais — reorganizada em 1933 a Universidade de Sao Paulo, que em 1934 jé expressa uma preo- cupacao de superar o simples agrupamento de faculdades. Em 1935, o “profeta” Anisio Teixeira pensa uma universidade brasileira como centro de debates livres de ideias, Seria, provavelmen- te,a primeira universidade realmente universidade, Mas, com a che- gada da ditadura, coma implantacao do Estado Novo em 1937, cai por terra o sonho do extraordinario Anisio Teixeira, porque as ditadu- ras sio incompativeiscom os clebatesea verdaceira universidade deve ser edificacla sobre e a partir do debate livre das ideias. Até mais ou menos 1960 continuamos com os agrupamentos de escolas e faculdades, Mas as ideias ndo morrem, apesar de muitos dus seus criadlores serem decapitados. Pos isso 6 que renasce cam forga a ideia de Anisio Teixeira, egoza com a lideranga de um seu amigo € discipulo, e como » expresso da vontade das bases intelectuais do pais: Darey Ribeiro. exigidos por uma realidade nova, elabora 0 projeto, convence 0s g0- vernantes funda a Universidade de Brasilia Era'a esperanga de uma a partir de uma reflevao nacional, sobre os prablemas nacionais. Criava-se propriamente uma universi- ‘om uma equiped intelectuais,em moles novos, universidade brasileira, nascida HDT a ai deuce SS em 1S. p. h 1. Casenito don FILHO, Op. psl867, “ CK AED COM BAPTA, dade nova, numa cidade nova — Brasilia — em circunstancias total mente novas. A ideia tomou corpo e foi bravamente iniciada a sua implantagao. Mais uma vez, as forsas contnsrias 4 renovecao das ilelas impedem despoticamente o desenvolvimentoda nascente universida de brasileira. Isso ocorre em 1964. A quase totalidade daquela equipe de professores foi afastada de suas fungdes de refletir, de renovar o saber. Fm suia grande maioria, aqueles professores e cientistas emigra ram ¢ foram engrandecer © pensamento da humanidade em paises ingeiros, porque, aqui no Brasil, “nao havia lagar para eles” est Em nosso pats, mais que nos paisesatino-americanoscolonizados pelos espanhsis, o processo de transplante cultura, ligado sompreaos interesses do colonizador, condicionou as fungies dae universidad existentes. Sempre imporiamos ténicas e recursos culturais. Nesses termos, Anisio Teixeira dizia que na universidade brasileira, além do preparar profissionais para ascarveiras liberais e técnicas que exigem uma formacio de nivel superiox, « que fem havido € ume preceupagiis muito fuida com a intiacao do esti dante na vida intelectual. Dai poder-se alirmar gue, essalvando 0 a pecto habilitagao profissional, 2 siniversidade brasileira nd logos constituir-se verdadeizamente com uma instituicio de pesquisa ¢ trans- sissora de uma cultura comum nacional, nem logrou se ternar um centro de conseféncia critica ¢ de pensamento-ctigdon! E Darcy Ribeiro constata quea universidade terv-se limitado.a ser um Srgao de repetigao e difusdio do saber elaborado em outras reali dades e que muito pouco tem contribuido para uma inte on cago na nal, consequéncia de uma andlise critica de nossa realidad.” Percebemos, por conseguinte, que as funcbes da universidade existente no Brasil, mesmo apés a dita independéncia politica, Conti= <0, aplicagio e difus da atividade intelectual dos grandes centios técnico-cientificos das nuam a ser de abson 10 do saber humano, feuto DEIR gi a re, 2856 15. Convener vrs dé Day RINEIRO, A nara acta uneeasoune nagdes Gesenvolvidas. Nossas escolas Lniversitirias, quando muito, entela informada dos resultados das investigacées feitas sobre problemas de outras realidades e nao daqueles emergentes das nevessidad ntém sua el © desafios de nossa nayao e de nosso povo. Longe estamos de pensar que 0 problema da universidade bras leira pode ser refletido a margem do compiexo € abrangente sistema ‘educacional como um todo, com suias relagoes com 0 sistema politico vigente, de orientagio explicita yente tecnocrata ¢ voltado para inte resses dos grandes capiltais internacionais. B esse quadro que determi na um segundo ou terceito plano para a educagao nacional. Entreten: to, mesmo diarite de um quadro to pouco promissor, constatamos a existéncia de centros universitarios no Brasil que, sem medic esforgos, lutam por conquistar a possibilidade de constragao de uma persona: {nsia do mais alte nivel lidade universitiria livre e critica, aliando a do saber a efetiva preocupagae com os problemas nacionais. Portanto, ainda esta viva uma tentativa de gerar, fazer nascer @ crescer uma ‘uléntica universidade brasileira. Sao sinais dessa conquista os esfor sos que fazem tantos intelectuals, dentro e fora do Brastl, de mostrar a nagao; de propor um abrir de olhos aos Tesponsiveis peles seus destinos. Por outro lado, as camadas sociais a realidade em quese mo} se manifestam, os estudantes tentam se ageupar para pensar 0 que fazer, discutir o seu: papel, descobrir 0 seu caminho, criar umia forma de atuacao e interferéncia nos nossos destinos. E nestes termos que escuitamas com esperanca certos antincios profétices como, por exem plo, este da Conferéncia Episcopal Latino-Americana (Celam): lestamos com uma educagao uniform em sm mamento em gue a coma nidade latino-americana desperiou para a riqueza de sow juralisma humano; passiva, quando ja Soou a hora para niosses povos de desea brite seu priprio ser, pleno de originulicade est arientada no sentido ida na 4e sustentae uma economia do “ter mais", quando juventude latino-americana exige “ser mais”, na posse de sua autorroa lizagao peto servico e no amr Em especial a formato de nivel médio © superior sactifica com frequéncia a profindidade hurmana ern no- ime do pragmatismo e do imediati © para ajustarse is exigéncias do ‘mercada de trabalho, Este tipo deeducagao ¢ responsavel pela colocaglo do homem a vervigo da economia «nfo desta 4 service do homem. As bases universitarias, insatisfeitas com as tomadas de posicao e com as decisoes autoritarias, a exemplo da Lei n. 5:340/68 (Lei da Reforma Universitéria), cujes efeitos, hoje, sao nadaanimadores, man. tiém acesa a esperanga de que seja revitalizado o processo de transfor: magio da universidade brasileira, ae lado do sistema educacional, 20 tempo em que estuda para descobrir como interferir nos rumos da educagao nacional. F, entio, na perspectiva de participar e interferir que a universi- dade é, urgentemente, chamada a abandonar seu papel tradicional de receptora e transmissora de uma cultura téenico-cientifica importada, com o rotulo de “desinteressada”, e assumir a luta pela conquista de uma cultura, um saber comprometicocom os interesses nacionais, Ela fhamada a assuumir-a formagio de uma personalidad brasileira em dialog, de igual para igual, com os demais centros de saber e da cul lura, sem perder de vista que nds tems de reelaborar 0 saber da humanidade em fungiio de nosso preblemas eepecticos, primeiny dasquais 6a buscade nossa identidade eautoromiaculturais™™ Desse répide mesgulho na histéria da universidade podemos, em sintese, dostacar alguns sinais da universidade que queremos: da Antiguidade Classica, a comunidade de diseipulos que, ouvindo e tefletindo, tentava, ao redor de seu mesire, conservar e transmitir a cultura, os saberes e encaminhar cada um dos seus membros @ tor: narse especialistas; da Kdade Média, a universidade como érgao de elaboragao do pensamento da época, idlentificada com sua cultura, 1s. Const pssopal Latino Amen (Clam) Concusdes de Medelinssbre stucco, Cars dt ABC ra — Deane les bre cha ABC do Bl Ro ane 7. Catenin dos FILHO. Op: it p20. Ei iste de protundae od tHe Dany RIBEIRO, Op. ci 10. Ue wenger descminho Fenestie ERNANENS, Urner de crf revo centro de debates e discussdes ea exigéncia de veriedade ggica na demonstrasio das verdades; da universidade alem3, 0 set tentendimento como centro de pesquisa; de Newman, a dimensao de criagio e difusio do saber e da cultura. Essas sao manifestacoes efe- tivas do “fazer universidade” que. histona registra. Faz-se necessa- rio, no entanto, ressaltar que elas sao fruto de um processo dialético: na Idade Média, por exemplo, se surgist @ universidade do debate, cria-se a vigilancia da ortodoxia na produgio intelectual. Saindo do clima de debates, a universidade assume, com a Renascenca, uma posture de guardia c defensors das verdades definidas e estaticas, para depois perceber que o conhecimento 56 evolui se @ passivel de crise, de questionamento, Entre n6s, no Brasil, o processo de nossa universidade nao tent sido diferente: os primeiros sinais da instituigso da universidade bra sila aparecem com a marca europeia da universidade napoleonica sao varios cursos profissionalizantes em instituigoes isoladas de 0 superior. Na década de trinta nasce, com Anisio Tebeira, a idein de uma universidade centro livre de debate das ideias, que ¢ sepultada pelo Bstado Novo, Novamente ideias toma corpo e ressurgem espe- rangas de uma universidade nova, livre, criadora, encarnada eeritiea a Universidade, de Brasilia, bloqueada bruscamente pelo movimento de 1964, com seu caracteristico patrulhamento idenlogico, Todos esses passes e crises do-processe deisamevidente que ideins ndomorrem € que, dieleticamente, 6 homem inteligentesempre soube construit 6 novo com as ligdes incorporadas das refietidas experiéncias do passado, E com essa Fé que vemos renascer sinais de uma universidade brasil cientificamente 2 nossa tealidade, refleti, analisar, criar proposicdes 1 que quer descobrir-se universidade, para poder conhecer novas, sugerit ¢ avaliar; nfio mais apenas repetir ¢ importar;universi- dade voltada para o homer e nao a exclusiva servigo da economia polarizada pelo lucro, desvinculada do sentido do hornem excravize- daa teenocracia. Na expectativa, enfim, de criar um clima de reflex, naga na hist6ria do universidade, pela de esperanga, luta e transfex qual somos corresponsiveis, € que langamos os olhos sobre a univer sidade que temos ea denunciamos, enquanto abrinios os olhes para a universidade que almejamos e nos propomos.a conquistar, construir 2, Auniversidade que nao queremos Nao queremos uma wniversidade-escola, em que se faca ta0 $0- menteensing, ondenao exista efetivamente campo, abertura e infraes- trurura que permitam eincentivema pesquisa. Uma universidade sem pesquisa ndo deve, rigorasamente, ser chamada de universidade. Oensino repetitive 8, geralmente, verbalistica, livresco e desvin= cculado da realidace concreta um que estamos. ASaulas sao constitufdas por falagces do professor eaudigdes dos alunos, nommalimente desmo~ tivados. O aprendizado é medido pelo volume de “conhecimentos” informagées memorizedas ¢ facilmente repetidas nas provas, nunca refletidas ou analisadas. Rejeitamos um modelo de universidade que no exercita 9 eriati vidade, nao identifica nem analisa problemas concretos a serem esti dades, que nio incentiva o habito do estude exitico. Estudar, nesse modelo, é, simplesmente, ler matéria a fim de se preparar para fazer provas, ¢ todo um processo de erescimento intelectual & aprofunda ‘mento, em determinada area ou disciplina, fica encerrado com o ann cio da nota ou conceita obtide na prova. O melhar professor ¢ aquele que traz maior mimero de informagoes, erucligoes; 0 melhor alun que mais fielmente repeteo professore seus eventuais extos nas provas Nao queremos uma unuversidade desvinculads, atheia a realida de ondeesté plantada, simplesmente como uma parasita ou uin quis to, Set alheia, desvinculada cu descomprometida com a realidad sindnimo de fazer coisas, executar ensino, onde 0 conte forma nao dizem ‘to a um espaco geogritico © a wn momento histérico concretis. Fm outs termos, & verbalizar “conhecimentos “eradigoes” sem uma paralela visio do contexto social, ral econcreto, E-voeiterar indistintamenté as mesmas coisas ditas na Franga, Fstados Unidos, URSS neidade de lugar, de cultura, de tempo e das reais necessidade: Japao ete, sem levar em conta, criticamente,a hetero do aqui e do agora. Verdades estudadas ha dez, cinco, anos passados podem até continuar vilidas, hoje, mas o jeite de estudé-las, de per- cebé-as 6 necessariamente novo, porque em der, cinco, um ano, a realidade muda, Sacralizar verdades, contetidos e formas é implicita- mente apregoar uma mentalidade estatica, avessa as modificacoes, docil ao status quo, bloqueadiora de qualquer crise, portanto, contréria ao erescimento, a evolugdo no sentido de constcuir um mundo onde o-homem seja mais homiem, sujeito de um proceso e coastrutor de sua historia Nao queremos ume universidade na gual © professor aparece como 0 tinico sujeito, v magister, © mestre que Fala, diz verdades ja prontas, estruturadas, indiscutivelmente cortas @ detém os critérios incontestiveis do certo © do errado, O aluno 6 0 ouvinte, © receptor passive do que é emitide pelo professor-mestre; sua hungao8, portan. to, de ouvir, aprender, isto é memorizar e repetir bem 0 que ihe & transmitido. Trata-se de uma fungao nitidamente objetificante, porque testa ao aluno-objeto pouca ou nenhuma possibilidade de criagio, de argumentacao, a nao ser aquela ditada pelo professor. Percebemos que esse clima de estuclo € objetificante e orientado para uma simples repeticao cultural, repredugao de ideias sem qual quer forca de criagto continua, de produgao nova, uma ver que se bloqueia a fecundidade ¢ o exereicio da critica Nao queremos uma universida — integrante fundamental do conjunto, mas nunca a definigao tltima da uriversidade —surja partir de org e nde a diregso-administragao pismos e razies outros que 10 os eminentemente pedagigicos ¢ diditicos, indicada pura e sim- fo réncia de sua eélula bisica —aluno e professor — e aja como se fosse senhora de tudo, 0 centro da sabecioria e das decisdes, a revelia do corps de professoves @ alunos. plesmente pelos donos do poder politica e econdmico sem a int Emr sintese, nio queremos uma universidade originada da impo- sigioe meramente discursiva Auniversidade que queremos Queremes construir uma universidade, nao uma simples escola de nivel superior Presumimos que, nessa universidade, todo 0 seu corpo seja constituido por pessoas adultas: todos jé sabem muitas coisas a respeito de muitas coisas; portante, por pessoas eapazes de wiletir ¢ abertas a reflexao, a0 intercimbio das ideias, a participacao em iniciativas constrativ professores — alunos — aciministracio, precisa comprometer-se com areflexde, criando-a, provocando-a, permitindo-a e lutando continua: ‘damente para conquistar espagos de liberdiade que assegurem a refle ado. Sem um minimo declima de liberdade, ¢ impossivel sma univer: sidade centro de teflendo critica : Nestos termos, toda o corpo universitario, Nesse centro buscaremes 0 maximo possivel de informagdes a todosos niveis, a fim de que a realidade seja percebida, questionada, avaliasta, estuclada ¢ entendida em todos os seus angulos ¢ relegoes, ‘com rigor, para que possa ser continuamente transformada. Buscare ‘mos, ainda, estabelacer uma mentalidade criativa, comprometida ex clusivamente com a busea cada ver mais séria da verdade, através do exercicio da assimilagao— nao simples degluticao — da comparacio, da analise, da avaliagao das proposicoes e clos conhecimentos. pesquisa sera, em consequéneia, a atividade fundamental des- mito. Todas as demais atividacles tomaraa significado 86 na me- dida em que concorram para proporcionar a pesquisa, a investigacao ctitica, o trabalho criativa no se: dia humanidode; Uma uni tanaotem o direito de estratificar, absolutizar qualquer conhecimento como um valor em si: ao éontrario, teconhece que loca conquista do ilo de aumentar o cabedal cognitive idacle que se prope a ser critica e aber- pensamento do homem passa a ser relativa, na medida em que se es paco-temporaliza. Ha sempre nevessidade de um entenclimento nova Porconseguinte, formando profissionais dealto nivel tecnoligico ® fazendo ciéncia, a universidade deve ser o lugar par excelincia do Cultivo do espirito, do saber. e onde se desenvolvem as mais altas formas dacultura ¢ da reflexao, A universidade que nao tornaa siesta tarefa de refletir criticamentee de maneira continuaca sobre o momen to histéricoem que ela vive, sobre o projeto de sua comunidade, nao esté realizando sua esséncia, sua curacteristica que a especifica como tal critica. sto nos quer dizer que a universidade é, por exceléncia, razi0 concretizada, inteligncia instituciemalizads, dai set, por natu- 023, erica, porque a ra230'6 eminentomente critica. Se entendemos a fungiaespecifica da universidade como desenvolvimento da dimen- sao de racionalidade, poderemes visualizar 0 processar-se dessa mes- ‘ma racionalidade em dois momentos complementares: primero, a racionalidade instrumental-crftica, porque tem a universidade a res- ponsabilidade de formar es quadros superiones exigidos pelo deser volvimento do pais; segundo, a racionalidade eritico-criadora, porque sua missio nia se esgota na mera transmissio do que i esté sabido, de tomar ola deve fazeravangar osaber: Criadora e critica, porqueal consciéncia continuamente do que faz, cleve se colocar em ttm proces: so permanente de revisdo de suas prOprias categorias, porque isso marca 2 historicidade critica de uma instituicao humana; criadora ctitica, porque especitico da universidade ¢ o esforco de ser e dese volver nos seus membros a dimensdo de uma consciéncia critica, ou jantemente ativo na leit: seje, aquele potencial humane radional cons ra dos acontecimentoe da realidade, para ver, para analisar, comparas, julgar discernir¢, inalmente, propor perspectivas racionais de agio, em acando sempre com as exigéncias do hamem que aspira a sernias dentro do processo hiatérico. Para ser consciénca critica, portanto, a universidac deveestar continuamente em interacao com asoctedade, arealidlade que a gera e sustenta,"" Com essas pretenséies, queremos construir uma universidade plantada em uma realidade conereta, na qual tera suas raizes, para que possa criticamente identifica ¢ estudiar seus reais esignificatives pro blemas e desafios Newt 1H Has tems fi cto da Aula augur! da Lniversdade de Fara ce f0R i 0 deren peri pal profes ‘vd Ker abt: Do Vitra SALOMON. Ci sews mongrgia 9125. Nenana penpecth cel e habitual trabathar, refletira nossa realidade hist5rico-geogrdfica nos seus niveis Queremos uma universidade onde se tome po social, politico, econdimico.e cultural, desde a esfera mais préxima, o municipio, a microrregiao, o Estado, a regiio, 0 pais, até as esferas mais remotas, 0 continente latino-americano, 0 Terceiro Mundo, 0 planeta: Estar atentos para 0s desafios dessa nossa realidade e estu- da-los é a grande tarefa do corpo universitario, Queremos, enfim, uma universidade “conscincia critica da sociedad”, ou seja, um corpo resporsivel por indagar, questionar, investigar, debater, discernir, propor caminhos de solugdes, avaliar, na medida em que exercita ay fungdes de criagdo, conservagae e transmissio da cultura. A un ‘ersidade, entretanto, s6 poderd de sempenhar tais fungdes quando for capaz de formar especialistas para os quadros dirigy entes da propria universidade, do municipio, do Estado, da nasao, comaguda consciéncia de nossa realidade social, politica, econfmica e cultural e equipada com idequado instrumen tal cientifico e téenico que. permitindo ampliar o poder do homem. sobre a natureza, ponha a servico da realizacao de cada pessoa as conquistas do saber humano. Proponddo-se a formar cientistas, pro: a sociedade na busca de encontrar os instrumentos intelectuais que, dando ao homem cons: cléncia de suas necessidades, Ihe possibilitam escolher mei lissionais do saber, a universidade aj 1s de superagdo das estruturas que 0 oprimem: Podiamos sintetizar as 1s da universidade no esforco para imprimir eficicia na agaio transformadora do homem sobre si mesma e sobre instituigdes que historicamente criow." Queremos produzir conhecimente a partir de uma realidade Vivida e nao de crite os estereotipados & pré.definidos por situacies culturais distantes e alheias as que temos aqui ¢ agora. Nesse conte toa validez de qualquer conhecimento sera mensurada.na proporcao, em que este possa, ou nao, fazer ent ente a realidacle concteta, der melhor e mais profunda Queremos uma universidade em continue fazer-se. Nao imagi pamos.um modelo definitive deuniversidade, mas pretendamos achar inventar, conquistar nosso modelo, na medida em que a estiverntos construindo. Nessos termos, queremos criar um inter-relacionamento professor-aluno, fundamentado no principio do incentivo a criativi- dade, a critica, 20 debate, ao estudo e, com isso, marcando a corres- . portante, em edificar a ponsebilidade na concugao do proprio processo. Trate de criar uma reacdo entre dos Sujeitos empenhados reflexdo critica: de um lado. professor, sujeite decriagio, coordenagao, proposigao de estudos, questionamentos e debates; de outro, 0 aluno, sujeito — nunca objeto — de sou aprendizado, exercitando © desen- volvendo seu potencial critica, através de um esforce inteligente de assimilagio, de eriagao, de questionamento. nente necessiria qe 0 Para que wm tal clima ge faga, 6 obv professor esteja sempre bem informado da tealidade como um todo, @ de sun area de especializagao em particular, através do estudo e pesquisa, a fim de que possa proporcionar # seus alunos temas de reflexao concretos, problemase fontes deestuctos, proposigies criativas originais, decorrentes da incessante observagéo critica da realidade de reflexio critica dos Ocasionando © desenvolvimento do potene! alunos, o professor se tora um motivador do saber. Dessa forma nao se trata mais de uma tniversidade em quem sabeemuitos naosebem, mmiag em que muitos sabem algo e quereni saber muito mais. Enfim, unta universidade onde, além dese eonsumir conhecimento, professor sentido queo Celam e aluno optaram por crid-loe produzrlo. £ nes oeducando é 0 primeiro agente do process educative, € ele quem se educa a st mesma": a0 educader compele apenas estimular © ondenar PNA TA eapsto dei fi eucando “qe se cast esto" Jo bastarse unit inflata de Poul Free, que riemerie can «sergio para arecesidace de que av impntasabr que defao.o educa Joqueemdeemitacy mame Inteligenterente ue nto Seje anulada a es pontarei 0; pelo contranio, deve chegar a expre icamente pesscal ¢ seu contetdo, Eniim, cabe a0 professor-educador descobrir, efetivamente, como to ea didilogo coma realidade, com oaluno;aoalino, fazer-se ‘em dliélogocom o professor; com os demais companheiros,com areaiidacle social, politica, de interacio sem professor @ aluno voltados para a eri eja construidda a universidad. ue jamais poderd existir construgio do saber engajado, por isso transtormador. ‘Queremos uma universidade democtéticae voltada inteiramente para as lutas democraticas. © corpo universitirio, professor-aluno & aciministragao, necessita de espaco para assumir, cada um a seu nivel, 4 respensabilidade pelo todo. & nesses termos ¢ pretendemos um corpo universitério que lute para eleger seus diretotes a partie de cri Wriog que idan 20s objetives da univ lade. Um corpo universitatio nciar passivamente a nomeacio de m critérios antidemweraticos de Simpatia, servicalismo e subserviéncia a0 poder dominante, politico ‘ou economic, Queremos, enfim, uma universidade onde possamos lutar para conquistar espacos de liberdade, Enquanto easamos livremente, squestionamos livremente, propomes liv remente e livremente avaliamos a nossa responsabilidade Producao e transmissio do conhecimento como forma de fazer universidade IN.R.] Imbuido da compreensss do sighificade 66 “fazer universe ade", 0 estudante, agora, & convidedo a essUmir 0 Set papel de Sujeito do conhecimento, aquele que se dedica a compreender a realidace € @ tornar publica essa compreensae-como um recurso. nevessario a si € aos autros paras bem viver A Segunda Parte deste livia & dedicada 4 produgao e trans. ‘miss do conhecimenta como misso, prépria ida universielide A universidade se faz universidade 4 medida que pratica atc cotidianos de pesquisar, ensinare diwigar coftiecimentos Desea forma, importa que metodologicamente 0 estudante compreenda © que € 0 conhecimento e seu papal na vids humana (cap. 1), os pos de conhecimento que corppete & universidade cuidar (cop 2), 88 condutas éticas da: pesquisador (cep. 3) e, por tltime, un Pouco de histéria da produgéo e transmissda do: conhecimenio no Brasil (cap. 4). Corn 9 estudo dos cepitillos desta parte do livre sitanlo incorpore e \ranspire em seus atos a universidade como ura irstituicab vive esperar > € desejamos que © estudante univer Nada se faz na vida que néo tenha uma conotacao.ética Como é agit eticamente na produgéo e itansmissao do-cenhecimento? De fate, formar-se:metodologicamente, assimilando, produzind € transmitinds conhecimentos, significa aprender a a i eticamente Como pesquisador ¢ divulgador de conhecimentos. iste @ urn ser humano que incorporou a universidade oma uma instituisdo viva EntSo, 0 propésito desta Terceita Parte da lvro — estudande 6 conhecimento, condutas na sua producdo ea histéria da producao Ge conhecimento:no pals — ¢ auxiliar o educando a imbuiese de Papel de sujeito do conhecimento. O conhecimento como compreensdo do mundo e como fundamentacao da acgao CAPITULO 1 (N.B.1 Compreendero que &0 conbecimento, assim coma sew papel na vida humana, ¢ ponto de partida para poder servir-se de recursos metodolégicos para apreendé-lo e prextuzi-lo, lendoem vista colo clo a servigo da vida. Este capitulo tom a intengio de poseibil da que éa conheciments, de 8 Vida individual ecoletva auseducandos a eompreen conhiecer bem como 6 seu significa ° Os autoresacreditim quew papel do etucadoré auxilitr cada edu piles comprender iano; veattande ampere dm Bee a a ai vento com o mundo. nkecer para 5 miestoe pata‘ seu relciorament Corteer¢um ato fuamertal eiberiadorna vida mara. Quem conhece sabe o que faze assim como 0 mode de agit ‘Acgmas entendendo © enteniemos agindat Doi atos nods qué, cvidentes saltam-nes aosolhos, imediatamente, quando nos eolocamos 2 mirar-0 nosso modo de ser. Na medida em que agimos, buscamos compreender 6 mundo.no qual e coi 9 qual aginese, na medida ei queocomproondemos, cuidams dete “iluminados” pelo entendimento conseguide. rienare reorientar nossa acio, Aacio é elemento fundamental — ¢ basic — para que haja en- tendimento e oentendimento transforma-se em suporte poderuso da conducao da a¢ao. Imbricadamente, 11m todo que sé didaticamente podem ser separados, os ates de “agir entendenda” e de “entender egindo” ca ‘cterizam, distintivamente, o modo de ser do ser humano. © conhecimento —como entendimento da mundo —nioé, pois, um enfeite ou uma ilustragao da mente ¢ dla meméria, mas um meca niismo fund imental para tomar a vida mais satisfatéria © mais plena mente realizade, Pretenclemios, aqui, neste capitulo de abertura das discussies das uestes do conhecimento, discuti-Io como uma forma ao mesmo tempo tebrico pratica € pratico-testica de compreender a realidade que nos corea € no simplesmente como uma “ilustracao verbalistica’ stitucionalizacta, Ou Seja, pretencemos meditar em tarno da ideia de que o conhecimento da mente. processada, no geral, pela educagi ‘60 produto de um enfrentamento do mundorealizado pelo ser buma no que s6 faz plenamente sentido na medida em que o produzimose © reteitios como um modo de entender a realidade, que nos facili ‘nos melhore o modo de viver, endo, pura e simplesniente, como uma forma enfadonha desinteressante de menorizar {Grmulas abstratas P intieis para a nossa vivéncia e convivencia no e com o mundo, 1, Oconhecimento como mecanismo de compreensio e transformacéo do mundo Estamosno mundo ¢enfrentamosos seus desafics, Aonascetmos, somos dados man munelo e submetido: Suas leis, aomesmo tempo, em que, aa longo da duracao, oenfrentamos ecom ele fazemos muitass coises. Transformamo-to, segundo nossas necessidades, tornando-0 “d6ci” a0 nossos anseios. Dentro deste mundo no qualsamos dados, perceseme-nos diver sos dele © compreencemo-locomo “outro”, como urn contextoquenos desafia com suas resisténcias a que o enfrentemos e o lornemos mais, ‘Aoss0, no sentido de que ele seja arrumado e ordenado segundo 0 ‘nosso modo de ser, Fazemos do mundo, que nos é dado, um mundo propriamente humano: wn im do nose viver e sobreviver neste mundo, ido cultural. E isso se da pela pratica Isto significa, entre outras coisas, que tenes © mundo As mA0s, com 0s seus seres, com os seus clementos. Nossa viela, no mundo, consiste, pois, em tratar comas coisas, sob diversas formas. Elas esta 9 traiamento com elas nna nossa vida e para a nossa vida. O ni manifesta-se de modo enormemente variado: Enquanto vivemos no mundo e como mundo, praticamos variadissimos alos: observamas a atureza € nos alegramos com ela e, as Yezes, a tememos; plantamas 4rvores, modificamos paisagens, construimos equipamentos, nos re- lacionamos com outras pessoas, transpomes distancias... Todos estes atos e muitissimos outtros aio acompenhados de natoespecial: o ato de pensar. Praticamos ages com as coisas do mundo, ao mesmo tem po em que pensamos nelas, no seu modo de ser'e no seu modo de teagira nossa acéo. Pensamos, também, em nosso priipria ata de pra Hicar. Somos capazes de nos vera praticar estes atos, entendendoo que lestd ocorrendo. Ou seja, somos seres de re flexdo: possuimosa capact dade de fletir (dobrar) sobre nos mesnos e entendermo-nos em nosso mododesereentender o mundoem seu medade ser. Comprezndemias ‘© mundo, enquanto com ele praticamos ¢ nos comproendemos em nossa pripria pritica Nesse nosso proceso de compreender 0 mundo, vamos identifi- cahdo que parte dos seus elementos nos so agradaveis, que outros, ainda, nos sio intiteis e desagradaveis, |e que muitos nos opdem resisténcia, nos dificultam a vida. E, para viver temos queentrenta-los, temos que contorna-los, temos que estabelecer rodetes, para encontrar o meio de compreendé-Ios ¢ transformé-los em rwalidacle satisfatGria as nessas necessidades. Desde a mais tenra fancia até a mais vetusta idade, teremos no mundo uma fonte cons Jig@ncia, no teis, quo outros nos so tante de mistérios que nes desafiam a imaginacdo ea int busca de compreensiio, na busca de entendiments, Esta agio de pensar as coisas com as quais vivemon, di uma di- 10 nova a tude: a dimensio signiicativa da compreensao. En- quantondo entram na esfera da compreensio, as coisas do mundo so somente senes existentes e no objets para o ser humane. Estando no mundo, submetido as suas leis, conseguimos, pelo processo de enten- dimento, desvencilhar-nos dessa submissio, na medida mesmo em que agimos sobre ele, nos distanciamos, transcendendo-o. Pelo ato dialético de entender, entranhado em nossos atos de transformar, as coisas adquirem um modo de ser: nao sao mais coisas opacas e sim “iJuminadas”, conhecidas, entendidas Temos como pressupasios bésicos que 0 conhecimento 4 nasce da pratica com o mundo, enfrentando os seus desafios e resistancias e que © conheciments s6 tem seu sentido pleno na sua relagao com a realidade. Muitas de nossas préticas escolares — a maioria delas —, pornio levar a sério esta compreensio do fenémeno de conhecimnen- to, escamoteiam-no. Substituem, falsamente, os desafios da realidacl por desafios (armadilhas) articulados em “tarofas'" e testes ditos “di- ficeis”. As dificuldades naturais, desafiadoras da imaginagio criativa, sao substituicias por dificuldades falsas e abstralas, impostas por um modelo autoritéria do sistema edueacional, O que importa, na escola, nna maioria das vezes, nao € conhecer o mundo e a realidad, mas ber responder”, a imagem e semelhanga do mestre, as questbes que ele coloca, Torna-se, assim, mais importantesatisiazer oautoritarismo do mestre que a verdadeira autoridade da walidade. Oconhecimento, enquanto entencimento e compreensao da tea. lidade, faz 6 ser humano um ser diverso dos demais, na medida em que Ihe possibilita fugir da submissio a naturezs Enquanto o animal se submete 3 naturces —noe diz Lednidas Hegem berg —, o homem aprenddeu a discernis, no gue o cerca, aquilo que fhe ‘causa migow e terror daquilo que lhe agredtae Ihe ¢ tt, Aprendet a usar 06 objétos para adaptar-se & circunstancia ou para modlficé-la, tomando-a mais acolhedora # agradivel. O.ctos se altora: sobre o eng ‘matico dado pri cincunstincia dctada de uma interpretagdo. O hemem altera o meio, dé-the contornos ce orgmizacdo, transforma-o-om mundo, local em que pode viver com maior ou menor facilidade, porq ‘as Uteis ox inuteis, atraentes ou repugnantes: o constréi-se um mivido, ito muilas coisas} mio Sto misty ‘A submissao ao peso ¢ opacidade do mundo substituida pela transoendéncia decorrente do entendimento, tomando 0 ser humano “senhordasituagao".O fa do, segundo 0 no: inizar os dados do mun- deconseguiror modo de sere segunda as nossas necessidades, significa que; pela nossa agio e entendimento, conseguimos superar a regras do mundo, as quais estariamon submetidos cco no ex se a nossa capacidade de conhecer. Os elusivamente submetides ds suas leis; nbs, seres: humano, nimais vivem no mundo, ex ho mundo ¢ com 0 mundo, porqueestamos ai, mas possulimes a capa- cidade de “fazer coisas" com o mundo, tornando-o noss0, salisfatirio ag nossas necessicades, Transcendemo-lo! Por conhecimento, pe aqui, ade alguma coisa, mas também 4 sua traducae -ntenclemos niosé a compreensio tee m “mode de wentoe “maclo ce fazer” slo dias fazer”, em teenplogia. Alias, entendi face: inseparaveis do mesmo ato de conhecer. Teoria ¢ pritica, acdoe reflexae sac elementos indissocidveis de um todo, que sé didaticamen. te podem ser distinguidos. Na medida em quenao conhécemossisficientemente uma situacao, 10s inteiramente submetidos ala, podemes ser o seu objeto, per esta etnias HEGEMBERS. Expl cris p21 ® porestarmos quake que “alogados” nela. Lembrémo-nos de situacses ondle cada um de nds, por desconhecer 0 significado das coisas ¢ suas "oes, entramos praticamente em panico. Situagies soxiais, situagBes psicoldgicas, situacdes de saride...O desconhecimento nos magnetiza pelo medo. Proporcionalmente, enquanto vamos saindo do nosse es- lado de ignorancia a sespeito de uma dada situagdo, vamos nos tor- nando 0 “seu senhor”, dominando-a, pela compreensao tedrice-prati: «a, pela transformagao tecnolégica. A saida da ignorincia ¢ um dos modos de libertar-nos da sujeicdo e processarmos a transcendéncia, (O conhecimento é uma eapacidade disponivela ns, seres husna- hos, para que processemos de forma mais adequada a nossa vida, com ‘Menos riscos ¢ menos perigos. O conhecimento tem o poder de trans: formar a opacidade da realidade em caminho “ilurinado”, de tal forma que nos permite agir com certeza, Seguranca e previsio. (Oentendimento do mundo — como conhatimento — se faz tanto em situagoes simples do dia a dia quanto env situagies complexas dos laboratérios cientificos. Pode ser produzido em todas as situagies em que nos encontramos; diante de um desafio, diante de uma impossii- lidade que nos obstaculize a aco. Estas oportunidades impeditivas da ag80 podem ocorrer-nos tanto ria cozinha da nossa casa quanto na 1, no trabalhoda campo quanto na indistria, nas brincadeiras dascriangas quanto nes laboratirios de pesquisa. A pritica do conhecimento nao é ois, privilégiode ninguém, Mas um direitodetodosos seres humans, dotados de consciéncia.O privilegiamente quese faz do contexts esco- tar, como o nicho sagrado onde se produze de onde emana 0 comheci- mento, esté baseado num posicionamento ideolbgico que pretence obscurecer o fatode que todes conheveme podem conhecer, asseguran- dom esquema de autoritarismo,onde a venlade deve ser dilada pelos mestres para osdisefpulos, pelos escolarizados para as ni eacolarizadlos Para esclarecer este ponto de vista vamcs aos fatos, ainda que Ficticios, Fit sentatives de nossas priti os, sim, porém stficientemente peneralizadoreserepre- cas constantes do conbeciment Um camponés, por exemple, pratica o plantio de um determinad produto, ruma determinada terra, numa determinada epoca ilo ano, ‘com determinaco modo de plantar. Passados os intervalos de germina: ‘sto, crescimento e maturagio, 0 seu plantio nao apresenta os resultados esperados. O impasse esid posto, uma resistencia da realidade 4 ack humana. Que foi que houve? Por que a coca nao produzius? Bssas & ‘muitas outras pergunias so gerades na intimidade mesma da pratica. E, entio, passar-se-a a verifieas se foi a qualidade da terra que nao era boa para 6 tipo de produto cultivado, se 0 plantio foi feito em periodo inadequado do ano. se assementes oram de qualidade satisfatéria, Ene fim, se faz: um esforgo de identificar onde est4 a possfvel explicagao do desfecho malsucedido da pratica do plantio, Encontrada uma resposta plausivel para o impasse, sera necessério testé-lo novamente na pritica do regado, a fim de verificar se a resposta inventada sobre as dados ‘observacos tem sustentagio, ou seja, se ela sera “bem-sucedtitla” e, con: sequentemente,certa. Se for certa, garantiré a “alimentagio” de um agir ‘mais satisfatsrio, mais seguro, pois quese sabers evitar o erro antexior ‘Sendo surgirem novos desvies decorrentes de fatores ainda nao conhe cidos e controlados, os resultados futittos da a evidentemente, satisfatorios. Ter-se-4, assim, adquiriclo umnoveconhe- 0 serio previsiveis e cimento, uma nova compreensio da ralidade, procedente da tomada decor iencia sobre uma prética exercitada no dia a dia Na vidla social ¢ politica cotidiana, ouvimos os discursos dos pretenlentes a postos parlamentares, Accitamas, por veces. as suas s pliblicos, mas s6 0s fatos, a sua pratics parla- vi modo desere posturas, compromiss -mentar, nos gerantir36 um conhecimento eritico dos de agir $5 a0 longo da observacio da prética dos nossos representan- tes politicos, que pocemos adquirir um efetivo conhecimento de como eles efetivamente 530, Séatravés desse mecenismo, podemos deseobeir —conhecer 0 seu modo de ser. Muitas outras situagdes do dia a dia poderiam ser relembradas aqui, a titulo de exemplificar 0 fato de que conhectmente ve as em. wis elaborada: todas e quaisquer situacdes das mais corriqusiras As Num proceso de laboratério, © conhecimento (wilizar-se-8 de maneira semelhante. O pesquisador profissional, apés observagio de certos “impedimentos’, cerios desafios aprosentadas pela realidade » JRE BARRETO“ COSMAS ASIA pritica humana, inventara hipoteies explicativas para esses fats & passard a testé-las em laborat6rio, tendoem vista verificar a sua verdade ou nao, O seu problema de pesquisa nasce da observagao de préticas ide outras pessoas ou de sua propria prética; eo teste de suas hipsteses explicativas€ pratico, também. O cientist experiencia, executa-a, controlando varidveis, na tentativa de prevendoresultados de sua ontificar a resposta correta para © impasse observado. Encontrada a solucio “en-sucedida”, tem-se iui nove conhecimente —que se tradur em uma nova compreensao do mundo circundante — que possibilitard nova ago, com mais seguranca emails previsao, 0 mesmo peocesso ocorre coma buses de compreensies marais e juridicas que norteiem a pritica social de um determinado grupa- mento humano, Cada pove, dentro de suas relagdes e praticas histori- ces, buses ¢ encontra compreensies valorativas que ditem as regras sociais emorais do “jogo da vida’ entre as pessoas, Na medida em que uma cultura entra em crise, os seus valores sA0 revistos ¢ reinventados, Os velhos valores sao substitufdos dia riores compreensoes valorativas da vida sao substituidas por novas que vém atender as necessidaces emergentes sticamente por novos. As ante Nao hd, pois, conhecimento que se faca fora da pritica do sujeito com o mundo que 0 cerca, ¢ a0 qual é necessirio compreender, pela criagio de significados e senticlos (Os conhesimentos que ocorrem parceladamente, nas diversas praticas, fisicas ouespiritaais, na sua sintese, compoem uma compreen- sao geral do mundo, que possibilita wna ago coerente e globalmente direcionada. O mundo, 10 menos o mundo perceptivel por cada um, 2 INA] Hor fusions: orem robe de investiga, lary e prec er uma Hips pause se sprog (eters) tiny sls dso dla ebdad compat com prcblna eahupetse fara titimo, procera umacermere hater doscadon Heticanc ou nego a pes de epost ko problema. Sem exe cade, et 3S ica cea ween andamerl opens Bec deve ser entendido globalmente para que se possa desenvolver uma agio coerente e adequads. CContudo, esse conhecimento, que vimos analisando, nao Se pro- a tao individualmente como pode estar parevendo, Ele se da no social eno hist6rico.*A realidade do mundo, gue nos circundla, media- \ias. Serve de migleo ¢ objeto de pensamento ¢ tiza as nossas consci reflexio de diversos indivieluos, 20 mesmo tempo. Numa reda de sam- ba, 0 que une as pessoas é 0 ritmo ¢ harmonia du miisica que faz. com gue cada um saia de si mesmo e se coloque no movimento do grupo. Todos sio mediatizados pela nniisica, como fator que une.a todos. A realidade, no caso do conhecimento, 60 fator que une todas as cons- sno esforge de busca de sta compreensio. Naw 6 um individuo sozinho, como ium brixxo fechaco e isolado em seu sétdo, que vai en- contra a sollugio e a saida para os impasses que a vida lhe apresenta. Mas é o individno relacionado a outros individues pela mediagao da realidade, que podera encontrar uma saida, O vonkeeimento é social. Se; aqui e agora, nao existem outras pessoas discutindo conosco, este mesmo momento, existem outras pessoas pensando sobre a mesma realidad, comunicando seus pensamentos, seja de modo oral, seja de modo escrito, Oentendimento que adquiro da mealidadenaoé uum entendimento somente meu, Fago-0 sinteticamente, na medida mesma em que me ilumino na relago com outras consciéncias. ‘Mem de ser social, o conhecimento que, aquie agora, produzimos, nao nasce “de pronto”, “ex-abrupto”. Ele € lustdriea, Nada se epreser- ta como definitivaments pronto, semn que antes tenia sido germinado no tempo. Para produzirmosa compreensao que temos de um impas s€ que s¢ nos apresenta hoje, ulilizames multiplas contribuigdes do {INR He temos cane due pesetsidor linet amenweconchvador cone tempo, em por ote cionado € peaguiaudor repre ruilarcomente ibid o presente ¢o utsto. Ha af disc eve tiv pendant 5.0 Pee That de CHARDIN. 0 fest eva Sporn Sau pas cen si d respon pil pe ara ati each pastado, mesmo que se manifestem como entendienentoe de partes re adaedo nosso presente objeto de discussio, Para exempliicar:ts ver eta esferoxatica que agera tenho aqui em minka frente, deposs= Ga no porta-canotat,ndo é fruto 6 deste momento atual de singh Fie ¢ tolalmente nova, mas traz, entranhada em si, koda uma Historia dc contribuigSes. As primeitas preacupayses com a.escita, 9 SCF Comenrv, ainvengfo das tintas coloridas, a produgio deescnta com, penas de aves, a invencao cas penas de metal: as ‘canvetas-tinteito. fps eio exemplos de conhecimentos precedentes e prototupos Histo sicos que possibilitaram a(ctiagBo de uma caneta totalmente nist “Sierente de todas as anteriores, mas absberandlo-se de todas as suse ‘eoniribusigoes: 2 esferogréfica "Acompreensao do mundo que possimos hoje sea nos seus 35° pecosdidrios, sejanos seus especten ciontifios, ja nos seusaspeses Flosoficos, € produto de uma pratica que se faz social ehistoricamss tesituada 2, Oconhecimente como uma necessidade para a agao _nléin da capacidade distintiva do ser humano, que se manifeste palo exercicio da entenidimento © onganizagi do mando, 0 conheci mento € uma necessidade. {Em primeiro lugar 0 coahecimento & uma necessidade cnauaty to modo de "ituminacdo” da reatidade. No se pode agir a7nao ser que se “veja” 0 caminho, Na‘nossa pritica de visio fisica, sabemos que igo conseyuimeos nos movimentar sem que tenhamos o senso da direqao eo dimensionamento dos obstéculos e das passagens lives ‘Quando, eatando em «smambiente qualquer, fata, inesperadamente mineidéacia de luz, sentimo-nos um tanto inseguros @ isto se mani festa pelo nosso ato de parar imediata acomadacao visual. No momento em que os vultos dos objeros = 005 rente, tentando algum tipo de Jolineiam novamente, reiniciamos nossos movimientes,movimentes gerais evidentemente, desde que agi 1s minuciosas dependerio de incidéncia de claridade suficiante para o seu exercicio. Analog” mente, isto também ocotre com o conhecimento. Ele é nscessine oem uma “luz” que ijumina 0 ncsse caminho, na prética da agt0 sr ae eoikas do mundo circundante. Nao avers, aqui também, seve agit com critéio, sem que se tena uma clareza de com ¢ a «oriole, quals s20 suas resiténcias, osmodos(rodeios) necessérios para domind-la. Por desconhecermos omodo de agiradeguaderet> orepre alguma resistencia do mundo, em nOss9 ace, nem SE™PFe Consegulmos atingir aqui a que nos propos. Se conh redo, tanto nos aspectos tedricos quanto tecnoldgices, sertamente ngir os n0s- «que nv terfamos ertose difculdarles na tentativa deat 50s objetivos. Sempre algumtipa de explicacto paraarealidade torns-seneces iri, mom que sja magico. Os nossos indigenas, 0s Brupamentos raspano intitaladasde primitivas,e mesmo grupos hmanos Rocies whos manifestam interpretagies da realidade que nao tem Sustenasie we vealidade, mas que sto compreensdes provis6rias, Poms & Nesey nao ter atguma compreenedo. Para evemphificar, vars os Iem># dJo fato que para 09 nossos indigenas 0 ttovao signibicava 4 fs da dé csi ndo € compativel com a realidade das vindade, Essa compre Ulescargas elétricas atmostéricas constitativas do trov89, vodavia era tum tipo de compreensio que Ihes dava tima seurancy A seguranca de que com stuais magicos disponiveisconseguiiam aplacaradivin- Sag livrarse de perigp. Quanice de nossas familias, aiwla HO}, evntedas tempestades no acendom velas bentase queimaim Palmas ‘ga comana santa? Quantos no ecorrem ainda 20s “boz08"/ )° PA vetrar 0 “mau olhado" ov para boti-lo? Compativel va nio 6o8) & Tealidade, uma forma de compreensao tortia-se necesssiay Poe Te ee ge comoegue viver e sobreviver sent algum tipo de acamodagao cognitiva sobre o mundo. GINRIOsH “eit esd “tance esp Todavia, sabemos que 0 conhecimento necessirio para o ser hu- mano 6 0 conhecimento verdadeito, suficientemente funcional para a vida humana. $6 a criticidade do. conhecimento pode faz2-lo satisfatorio, -ompativel com 2 realidade ¢ Decorrente deste primeiro aspecto, 0 segundo que se nos apre- senta & que o conhecimento & necessario para o progesso, para o de- senvolvimento de um mundo cada ver mais adaptado ao atendlimen- todas necessidades do ser humano. Isto nao querdizer que tudo o que jf se tenha feito com 0 conhecimento tenha sido para 0 bem estar do ser humano, Muita coisa jé fol realizada com este mesmo mecantsmo ‘em detrimento de necessidades humanas bisicas. Contuco, 0 conhe~ ‘imento ¢ uma caréncia que, se néo atendida, © desenvolvimento naa se faz. Como temos visio anteriormente, ele & condigio da agio ade- quada. E 0 progresso 36 pode ser Feito com ages adequadas,? 3. Oconhecimento como elemento de libertacao (© conhecimento, como compreensao da realidade ¢ como néces- sidade para o ser bumano, pode ter uma fungio de libertacdo ou de opresséo. Enquarto 0 conhecimento serve de mecanismo ao ser humano para que atve de jsalequada e mais condizente com stuas necessidades, Liberta o sujeito do temor do desconhecido, colocando-0 como ‘senhor da situagao” endo como seu “objeto”- Uma situacao absolu- tamente desconhecida porte ver temerosa e apavorante. Nao se sabe 0 que fazer com todos ¢s scus elementos, pois que eles nada dizen ¢ podem nos inibir totalmente, agredindo-nos, inclusive. 7 INK) A expresso “aghes adequades” cents ser compre de dot ponte de vista |) adequades porgue sistent nam colecienia cenpnovadaient cet, seguro tints dametodolgn exetoree 2 adeqaic por de sak da te 2.42 ehagiocem vous ‘Oconhecimento liberta o sujeito porque Ihe da independéncia autonomia. Desde que se saiba, que se conhega, pode-se agir se estar dependendo da alienagao de nossas necessidades 6 outros. [st nao quer, de forma alguma, negar a necessidade que possuimos d interrelagao social. Falamos aqui da alienagio mesmo, isto &, entreg, do poder pessoal ao outro, devido ignorancia de como agit Quand do sabemos como cuidar do nosso corpo, alienamo-lo a0 méclice coniianlo que ele seje profissionalmente competente ¢ moralment idéneo. Infelizmente, nem sempre 6 €, Quando nao podemos, po dispositivos de tei, gerie nosso ineresses juridicos, alienamos nosso: direitos a0 advogado, que, munido de aparatos socialmente definidos eaceitos na maior parte das vezes, usufrui dessa situagao. Desconhe cernassos direitos torna-nos seres dependentes. Ignorar nossas capa cidades e nossos poderes de luta e transformagao concliz-nos 20 en: treguismo e a0 comodismo social e historico, Os detentores de ‘qualquer tipo’ de poder aproveitam-se de nossas alienagoes. © conhecimento pode ser libertaddor no s6 de indi cde grupos humanos e de nagGes. Nes tempos atuais, a detencao dc conhecimento € um tipo de poder dispuado entre as nagdes. Cone: imentos de diversos ambites, s80 transformaddos em “segredos de do", a fim de que nao sejam repassados a outras nagies © possart vine ser utilizados no futuro com exclusividade, tendo em vista ¢ nento do proprio poder. As nagGes desenvolvidas e avangedas, num processo de preser vagio do sett poder, impedem, por todos os meios possiv que os paises subdesenvolvidos ¢ em vias de desenvolvimento procoscem ‘conhecimentos novos, Os paises nfo ava tal, segundo esta posicao, devem manter-se fis na dependén- cia cultural e, evidentemente, politica eecondmica. As grandes inchs tries multinacionais nao investern em educagao e pesquisa nos paises dos da civilizacio eciden- ri oma do pode INE. Paro ete edit. tendo en vss preisar comets ont aenagso", bk acrescreva re ong de WL 2 xpreato-"|-| etn. ety ed out dd gr 9.01 fos Late LOPES. Canc Ite periféricos® do Terceiro Mundo. Investem, sim, em seus paises de Grigem, le onde devem vir os conhecimentos e as tecnologias a serem consuunidas pelos povos subdesenvolvides ou em vias de desenvol vimento. Diante disso, esté claro que o conheeimento e sua produacio invdapehdente & eroa ds forwian detthactacia: SS puck ncpldioag importa lembrar que, em 1948, aproximadamente, havia no Rio de Janeiro, no Brasil, um grapo de cientistas fisicos especialmente, pren- cupados com a energia nuclear. Por mais que profetizasseme fizessem projetns € propsias ao govemo brasileira, nao conseguiram suficien: te ajuda para ciesenvolver os conhecimentos sobre energia nuclearem nosso pais. Agora, na década de 1980," trinta anos aps equelas pro postas, estamos, dependentemente, compiando um sistema gerador dcenergia nuclear de povos colonialist,” tormando-nos mais depen- entes do ques osomos. No entanto,se os centistasde 1948 tivessem Sido ouvidos,o pais, hoje, no 86 nio necessitaria de estar a adquirir sistemas desconhecidos de energia nuclear, mas poderia estar a ofere- cer ea permutar esses sistemas, desde que teria desenvolvido conbe- cimentos suficientes para a sua independéncia Contudo, se 0 conhecimento & um mecanismo de libertacao, pode ser usado tambem como um mecanismo de opressite dos outros, Do ponto de vista individual, praticamente todos 0s profissionais podem usar oseu conhecimento em detrimento do seu sliente. Nem sempre ¢ assim, todavia, pole acontecer. Psieélogos, médicos, ad ‘vogades, professores, vigdrios, pastors, marceneiros, pedreiros, 1954, cites “LJ 90 gues marl e pelercse." Como 9 ‘sian peteritaosaupeim’-le nesta I7* eda, mantendo sete 0 ‘spt pic? ound fam epost pret expoou ha et INR] Naat dees afimmacio imp ter pre que 2 referincia ans anos 1980 tem aver com épocaem quem wig orginal destelive lors publinda 1.IN\K Nosanos 980s povos hoje depominaes “deseecvdos” ear usual eininad “oli, po qos petiamunts tenon pove tog fran cobras {uso amas auida ts Ontente, a Alcea as Arc Corer edo Sl Tame Gye anes desc e “clonal cterporanes” a postuca doc govertos Noemie ean de tar jn aos pov wbeenerebidor ou wy via. de devenocl msn nos rstnos eagys jrognii, asualmente aves de enpresesranmnacirah@ de expanse ication denaculiin seu modo de wr via mend PAZERUNNERSOADE alfaiates,eletricistas e tantos outros... podem fazer uso do'seu saber, de mmdoetiamenteradeqade, Ouattosndo aunec snake, tos que detém para atuar ostensiva como negativamente sobre os outros? {sso que ocorre com os individuas poce ser transposto para os Povos e para as nagces. Quantas nao so as nagbes que se utilizar ieetonfccemeres que detém para oprimir? O Vietna, a Nicaragua, FiSalvador!tsi0 9 exempios mais gritantese violntas destestiltimos fempos. Poném, situagdes menos agressivas esto presentes em toda «historia das relagdes colonialistas entre es paves. No Brasil, no pe- ‘iodo colonial, nao se permitin a criagso de escolas superiores, no se Permitiv a imprensa, nio se permitiramn empresas grafices, Ou fso sates que poder consis produces done te ‘conhecimentes foramn reprimidos, pois que poderiam ser veiculos de libertasao. E sabemos bem como tem sida dificil 0 caminho da pro- dugio de conhecimentos:no Brasil © nos pases do Tercero Mund, em geral A pesquiise, em nosso pais, tem sofrido percalgos para ganhar fos de idan poi gue oplsesnlrpelianas a tudopry manter a sua hegemonia na veiculago c imposigdo de conhecimentos € tecnologias 20s pafses subdesenvolvides. Nos Estados Unidos exis- tem, inclusive, instituigGes responssveis para verificar os tipos de co- nhecimento que devem ser remetidos ans paises subdesenvolvidos, até sob as formas de “pacotes” educacionais. i 15S] O pms palo htop nn dat 4 94, gu «pnt ming oman ocetsmer tanned ergs fee eee ‘ankem we as mse de arena dont 'Optoe amas fone ec ny ete in et dopeninedese com Seldon nodes an pu dreahocmens 4s peso oat a pgunent serv ascent dest dpe don ciesiirbcs padre prnacimedepennce cop, sain pgs O mtn ondvoped opens quanto eaereenenneee ei fom cs tna aa deepens” madeleines algurta formu, estava presente certa descjilifinaco ce profisionais capecticon - 14 0 es ro parses econ enue nora WO i taste pa et oma og mest a opt co Todavia, sabemos que 6 conhecimento necesssrio para 0 Sor hu mane € 0 conhecimento verdadeiro, compativel com a realidade e suficientemente funcional para a vida humana. $6 a crificidade do. conhecimento pode fazé-lo satisfatorio, Decorrente deste primeiro aspecto, o segundo que se nos apre- senta € que o conhecimento é necessirio para a progresso, para o de- senvolvimento de um mundo cada ver mais adaptado ao atendimen- todas necessidades do ser humano. Isto nao quer dizer que tudooque jf se temha feito com 0 conhecimento tenha sido para o bem estar do ser humeno. Muita coisa jé foi realizada com este mesmo mecanismo em detrimento de necessidades humanas basicas, Contudo, 0 conhe- mento ¢ uma caréncia que, se ndo atendida, o desenvolvimento nia se faz Como temos visto anteriormente, cle é condigao da agio ade- quiada. E 0 progresso s6 pode ser ieito com ages adequadas’” 3. Oconhecimento como elemento delibertagio (© conhecimento, como compreensio da realidade e como neves. sidade para 0 ser uumano, pode ter uma fungao de libertacao ou de opressio, nquanto © conhecimento serve de mecanismo ao ser humane Para que atue de mnancira mais adequada emais condizente com suas nbcossidadtes, élibertador. Liberte 0 sujeito do temor do desconhecida, eolocando-o coma “senhor da situacio” e ndo como seu “objeto”. Uma situacao absolu- tamente desconhecidla pode ser temerosa eapavorante, Nio se sabe 0 que fazer com todos 05 seus elementos, pois que eles nada dizem ¢ podem nos inibir totalmente, agredindo-nos, inclusive. 7. IN] Acapresao “ten adoundas” acess sr competi de doy ponies de wists) adequadas pore sustetaias mum cenbecimento axmpeovaamonte crt segundo osliitesds motos wt, «2 alequadar porque isa do pont de visa da et © conhecimento liberta o sijeito porque The da independéncia e sutonomia, Desde que se saiba, que se canheca, pode-se agir sem estar cependendo da alienacao de nossas necessidactes a outs. Isto ado quer, de forma alguma, negar a necessidade que possuimos de interrelagao social, Falamos aqui da alienacio mesmo, isto é entrega do poder pessoal ao outro, devide ignorincia de como agin* Quanda 1nao sabemos como cuidar do nosso corpo, alienamo-lo a0 médico, confiando que ele seja profissionalmente competente ¢ moralmente idOneo. Infelizmente, nem sempre © €. Quando no podemos, por ispositivosde lei, gerir nossos interesses juridicos,alienamos nossos direitosav advogado, que, munido de aparates socialmente definidos eaceitos na maior parte das vezes, usurui dessa situagdo. Descorhe- (er nossos direitos torna-nos seres dependentes. Ignorar nossas capa- cidades e nossos poderes de luta transformagio conduz-os a0 en treguismo e 20 comodismo social « histérico. Os detentores de qualquer tipo’ de poder aproveitam-see de nossas alienagies Ozonhecimenio pode ser libertador 0 56 de indivicuos como dle grupos humanos e de nagSes. Nos tempos atuais, a detengio do conhecimento é um tipo de poder disputado entre as nagoes. Conhe imentos de diversos ambitos, sia transformados em Estado” «fim de que nao sejam repassados a outras nagiese possam vir a scr utilizades 10 future com exclusividade, tendo em vista o nto do proprio poder sgredos de As nagées desenvolvidas © avangadas, num proceso dé preser- vacito do seu poder, impedem, por todos os meios possivels, que os paises eubdesenvolvidos & em vias de de navolyimento processem eonhecimentos novos, Os paises nao ayangaclos da civilizagao ociden- na dependén- ia cultural e, evidentemente, politica e cconéimica. As grandes indi tal, segundo esta posicio, devem manter-se fis {rias multinacionais nao investem em echcagio e pesquisa nos paises AINE Pana a cg ase i sei o terms obonaio. 4 aoacentad § fase origina! de 14 expen. | ste ere da pod Psi a ut, evo ignorvia decom 2g 8.Ch us Leite LOPES. Cini agi Oconhecimento, pois, essa capacidade distintiva de ser humano, «que serve paré a libertacao e independencia das pessoas e dos paves pode ser usado para a opressao dos outros, A reflexio que vis fazendo sobre o conhecimento, no decorrer deste capitulo, nos permite concluic que 0 conhecimento, em primeiro lugar e antes que tudo, € uma forma tesrico-pritica de compreensio do mundo. Iss nos permite avaliar a nossa pritica escolar que esi ‘muito mais preocupacta com a repeticio de conhecimentos jé envelhe ‘edos do que em orientar e estimular a criatividade construtiva dos educandos. Uma pratica escolar adequada e, por consequéncia, uma [Petia universitarta satisfatoria, deve ter presente este entendimento do conhecimento ¢ seu processo, £ impossivel fazer da universidade uum centro critico de produgao de conhecimento, caso nao se assuma © significado fundamental do ato de conhecer e seus mecanismos epistomolgicos O papel de consciéneia critica que possui ¢ universidade, como tivemos oportunidade de definie em momento anterior desta publica~ io, nao poder ser realizado sem que se compreendla 0 conhecimen to como1um entendimeato do mundo e que essa comproensio oriente ‘os menores atos pedagegicos e académices da pratica universitiria, A hossa pratica pedagogica universitiria — pratica de professores © alunos, de educadores ¢ educardos — naa podera desvincular-se desse entendimento ¢ crientagdo sem que se caia no perigo constante de fazer da instituigio de ensino superior um “escola” retentor e re petidor de velhas {Semulas ja desacteditadas pelo tempo. A compreensdo episiemolégica do conthecimento —como enten- mento do mundo — deve ser um dos meios teéricas gue norteiem a nossa pritica universitaria saci, se queromos efetivamente “fazer 3 uuniversidace” Ses * {TULO 2 Spe Conhecimento filosdfico ecientifico INR1 Oconhecimento apresenta quatidades difersinciadas, em con: Formidade com as categorias dentro das quais se-situa, Existe uma wrbalidade de conttecimento deneminada senso comuam, que & esal, pectence « todas. Todos as homens, mulheres, adolescer- tes ectiangas — cada um om sua faixa tia — io possusidores de conhecimento no nivel dosensocomum,queégenéricowadguirido através da convivéncia didria com wma determineda cultura, assim ‘como com determinacla comunidade, Contudo, existe outa mode- lidade de contiecimento, denonvinada critica lsso significa que 6 im ‘conhecimento obtide por investigagao, per busca consciente e de- {erminada, A universidade tem como meta produzie eonhecimento ‘etitien, isto &, conhicimento que ¢ ciente de sua validade-c eetieza, Porque baseado ma busca de provas sustentada em dados ox em Yalures consistentemente estabelecides, Este capitulo destina-se tantoa subsidiar o professor de Metoctologia quanto sev estuclante {a estatem atentos ao tipo de contiecimente que necessitany husext tendo em visia cumprir 4 meta do "lazer universidade”. Ele # umn ‘canvite a tomar posse de uma compreensie do tipo de conhecimen: to a0 gual deve dediear-se © professor universtérig, bem como seu estudante

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