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Ao finalizar o Dilúvio, Deus fez um pacto com Noé de não voltar a destruir mais a
civilização humana com um dilúvio, e essa promessa selou o futuro da humanidade que
não voltará a ser destruída na sua totalidade por nenhuma causa.
É certo que nos “fim dos tempos”[1] haverá uma Grande Tribulação e que a
humanidade chegará ao borde de sua total aniquilação. Mas a promessa que Deus fez a
Noé e a seus filhos que originaram as nações que existem hoje será cumprida. Deus
intervirá em um futuro próximo e salvará uma parte da humanidade para dar
continuidade à civilização humana, só que sob seu governo teocrático, uma antessala
para a salvação de toda a humanidade, isto é, de todas as pessoas que, depois de
conhecer o verdadeiro caminho de Deus, se arrependam e decidam obedecer as leis
divinas.
Uma nova fase da história humana se iniciou depois do dilúvio com os três filhos de
Noé, Sem, Cam e Jafé, a mesma que começou com um incidente curioso, mas que
impactou fortemente na história das civilizações humanas.
Os primeiros anos foram passando, assim como Sem teve seu primeiro filho dois anos
depois do dilúvio, seus irmãos também começaram a ter seus filhos, pois a Bíblia diz
em Gênesis 9:19, o seguinte: “Estes três foram os filhos de Noé; e destes foi povoada
toda a terra”.
Quando deixaram a arca, a Bíblia relata uma história estranha cujo verdadeiro
cumprimento ainda é desconhecido por muitos estudiosos da Bíblia e da história.
“Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se e
se pôs nu dentro de sua tenda. Cam, pai de Canaã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber,
fora, a seus dois irmãos. Então, Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os
próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do
pai, sem que a vissem”. (Gênesis 9:20-23)
A Bíblia só menciona as idades que viveram Noé e seu filho Sem. Depois do dilúvio,
Noé viveu 349 anos (de um total de 950 anos) e Sem viveu depois do dilúvio mais 498
anos (de um total de 600 anos). Suponhamos que seus irmãos também viveram idades
similares a Sem.
Quando esse estranho evento ocorreu, Cam tinha pelo menos 4 filhos: Cuche, Mizraim,
Pute e Canaã, este último foi o menor de esses 4 filhos. Por isso estimamos que a
mencionada embriagues de Noé ocorreu unos oito anos depois do dilúvio.
Deus advertiu seu povo para não fazer o que era de costume na terra de Canaã, que
surgiu dos descendentes do filho menor de Cam. E seguindo nesse mesmo capítulo,
entre várias coisas, Moisés escreveu em Levítico 18:8 “Não descobrirás a nudez da
mulher de teu pai; é nudez de teu pai”.
A Bíblia reforça isso de uma maneira muito mais clara em Levítico 20:11 “O homem
que se deitar com a mulher de seu pai terá descoberto a nudez de seu pai…” Por tanto
Cam profanou o matrimônio de seu pai, deitando com sua mãe, definido como incesto.
E qual foi a consequência de Cam ter visto a nudez de seu pai? Gênesis 9:24-27
responde: “Despertado que foi Noé do seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe
fizera; e disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos. Disse mais:
Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a
Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo”
A pergunta é: Se Cam foi quem cometeu o delito, porque Noé amaldiçoou seu neto?
Cam foi realmente o culpado e por incrível que pareça, Noé amaldiçoou a Cam. Isso foi
parte dos costumes que perdurou por muitos séculos onde os pais recebiam a honra da
grandeza alcançada pelos filhos. Temos um exemplo desse costume nos tempos do Rei
Saul.
“Quando Saul viu Davi sair e encontrar-se com o filisteu, perguntou a Abner, o chefe
do exército: De quem é filho esse jovem, Abner? Respondeu Abner: Vive a tua alma, ó
rei, que não sei. Disse então o rei: Pergunta, pois, de quem ele é filho”. (1 Samuel
17:55-56)
Saul necessitava saber quem era o pai de Davi para poder honra-lo segundo o costume.
E desse exemplo, podemos entender também que quando um pai louvava seu filho,
estava louvando a si mesmo. Quando Noé disse “¡Bendiga O Eterno, mi Deus, a Sem”
e “Alargue Deus a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem”, estava louvando a si mesmo
como pai.
Mas se Noé tivesse lançado uma maldição diretamente sobre seu filho Cam, estaria
maldizendo a si mesmo. Por isso, para que a maldição caísse sobre seu filho Cam, autor
do delito, Noé teve que maldizer o filho de Cam. Fazendo isso com o seu neto, então a
maldição cairia no pai dele, isto é, em Cam, filho de Noé.
Mas antes de falar sobre a origem das nações, vamos voltar à criação do homem. Deus o
criou com três necessidades básicas: a espiritual, a intelectual e a física. A espiritual, no
sentido de que o homem necessita uma relação com seu criador. A intelectual está na
sua necessidade de raciocinar. A física vai no sentido de que o homem tem a capacidade
de transformar seu mundo entorno a ele. Em poucas palavras, o ser humano é um ser
espiritual, intelectual e físico, e, estas características o leva a desenvolver a religião, a
filosofia e a tecnologia.
Quando Adão e Eva falharam com seu Criador, estas três características se dividiram na
sua descendência. A descendência justa de Sete desenvolveu a espiritualidade, como diz
a Bíblia em Gênesis 4:26 “A Sete também nasceu um filho, a quem pôs o nome de Enos.
Foi nesse tempo, que os homens começaram a invocar o nome do Senhor”.
O ser humano estaria completo com esses três elementos juntos e equilibrados. O
espírito, sua relação com Deus. Sua alma, que é sua capacidade de raciocinar. Seu
corpo, que interage com o mundo físico para transformá-lo.
Pelo fato que as nações originaram-se das famílias de Sem, Cam e Jafé, elas possuem
personalidades adquirida de seus pais fundadores. As características religiosas se
manifestaram na descendência de Sem, a filosófica na descendência de Jafé, enquanto
que a tecnológica, na descendência de Cam. E isso é muito importante para identificar
às nações. Nessas descendências também se manifestaram certas características físicas,
ou seja, a variação das raças, branca e “colorida”: os caucasianos (brancos), os
negroides (negros) e os mongoloides (amarelos).
As pessoas de pele clara povoaram inicialmente as regiões mais frias, enquanto que as
de pele escura a as regiões mais cálidas do planeta.
Por isso, para rastrear às nações que surgiram da descendência dos três filhos de Noé é
necessário estudar três variáveis importantes. As variáveis são: 1) características físicas
como o cor da pele, 2) a linguagem e 3) as características humanas: religiosa, filosófica
e tecnológica.
Cam, desde um princípio foi o mais numeroso. Dos 70 descendentes dos três filhos de
Noé descritos em Gênesis 10, quase a metade é camita, isto é, 43%. No princípio, antes
da confusão das línguas, a maioria dos sumérios eram camitas. E foi justamente um neto
de Cam que quis liderar a todos os descendentes de Sem, Cam e Jafé, em um desafio
aberto contra Deus.
“Cuche (um dos filhos de Cam) também gerou a Ninrode, o qual foi o primeiro a ser
poderoso na terra … O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na
terra de Sinar”. (Gênesis 10:8 e 10)
Sinar é a palavra em hebraico para Mesopotâmia assim como Babel é Babilônia. Esse
camita Ninrode estava aglutinando toda a raça humana em uma só região, isto é,
Mesopotâmia.
Nesse momento histórico Deus teve que intervir e em Gênesis 11:6 encontramos a razão
dessa intervenção: “e disse: Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o
que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem
fazer”.
A maldade dos homens com a universalidade do conhecimento e da língua, estava
abrindo caminho para repetir o que passou no mundo antigo.
“Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua
do outro. Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de
edificar a cidade”. (Gênesis 11:7-8)
Os seres humanos mantiveram anteriormente uma só língua durante 1656 anos, de Adão
até o dilúvio, por duas razões principais: a primeira, pela longevidade que os habitantes
antediluvianos tiveram. Viveram uma média de 900 anos e acompanharam
pessoalmente o desenvolvimento de muitas outras gerações. Essa foi uma das causas
principais de não variar-se o idioma no mundo antigo antes do dilúvio, pois esse
acompanhamento foi como um controle de qualidade para que o idioma no varia-se
muito.
A segunda causa foi que o homem não se dispersou pelo mundo, como Deus ordenou
quando disse “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra”. O homem frutificou e se
multiplicou, mas, no mundo antediluviano, nunca abandonou a região da Mesopotâmia.
A civilização manteve-se homogênea, contra a vontade de Deus, e, o idioma no variou
muito.
Foi Deus que provocou o aceleramento dessa variação e como foi lido: “Assim os
dispersou o Senhor desde ali sobre a faz de toda a terra, e deixaram de edificar a
cidade”.
Pelegue foi a quarta geração depois de Sem. Nasceu 101 anos depois do dilúvio e a
Bíblia afirma que recebeu esse nome, que significa “divisão”, porque em seus dias a
terra („eretz ou globo terrestre) foi repartida. Por tanto, não foi uma divisão de um lote
ou uma região entre os descendentes de Sem, mais sim de uma repartição dos
continentes, de todo o globo terrestre, entre as descendências dos três filhos de Noé.
Fazendo as contas, o dilúvio ocorreu no ano 2325 a.C. e 101 anos depois Deus acelerou
a variação das línguas pela ocasião da construção da torre de Babel. Esse fato ocorreu
no ano 2224 a.C., isto é, a 4240 anos atrás.
Ninrode tinha nesse então uns 70 anos e já havia fundado várias cidades na baixa
Mesopotâmia, como: Babel (Babilônia), Ereque, Acade e Calné.
Depois da confusão das línguas, Ninrode se foi para o norte da Mesopotâmia e fundou
novas cidades que deram origem, mais tarde, ao império Assírio.
“Desta mesma terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir, Calá, e
Résem entre Nínive e Calá (esta é a grande cidade)”. (Gênesis 10:11-12)
É interessante, que sendo os camitas em maior quantidade que seus irmãos semitas e
jafetitas, tiveram como divindade principal a Ishtar, deusa da fertilidade. Essa deusa foi
a mesma Asterote dos filisteus, a Isis dos egípcios, Inanna dos sumérios e Astarte dos
fenícios. Mais tarde essa deusa foi assimilada também na Mitologia Nórdica e
Germânica como Easter – a deusa da fertilidade e da primavera, cujos símbolos foram
as lebres e os ovos coloridos, símbolos da fertilidade e renovação. Isso originou à
pascoa florida festejadas pela maioria das pessoas que professam o cristianismo, com
coelhinhos da páscoa y ovos de chocolate.
Deus distribuiu nos descendentes dos filhos de Noé essas diferencias bem marcadas
com o propósito de evitar, muito cedo, a ruína da civilização surgida depois do dilúvio.
Mas não foi a variação da raça humana nos filhos de Noé, nem as diferentes
capacidades humanas em cada uma de suas linhagens que fizeram os descendentes de
Sem, Cam e Jafé se dispersarem sobre o globo terrestre. A intervenção de Deus, com a
variação da linguagem, foi o que realmente causou a dispersão do homem fora da
Mesopotâmia.
Por esse motivo linguístico, os grupos humanos foram obrigados a separar-se e a terra
teve que ser repartida entre eles. E sobre essa dispersão inicial não há dúvidas de que o
castigo da aceleração da confusão de língua caiu de maneira mais contundente sobre os
descendentes de Cam, porque eles foram os que instigaram aos outros dois grupos,
semitas e jafetitas, a unirem-se a ele em um desafio direto contra Deus.
O filólogo alemão Friedrich Max Müller publicou em Londres entre 1855 e 1898 um
estudo denominado “Leitura da Ciência da linguagem”, definindo que todos os idiomas
falados em todo o mundo originaram-se de três grandes famílias linguísticas: A Família
Linguística Aria, a Família Linguística Semítica e a Família Linguística Turania.
Essas três grandes famílias linguísticas detectadas por Müller tiveram origem nos
descendentes dos três filhos de Noé, sendo a linguagem Semita dos descendentes de
SEM, a linguagem Ario dos descendentes de JAFÉ e a linguagem Turiano dos
descendentes de CAM.
Figura 11-01. Os descendentes de Noé antes das grandes navegações e conquistas
“europeias” a partir do final do século XV (elaborado por Wanderson Esquerdo)
“Os filhos de Cão (Cam): Cuche, Mizraim, Pute e Canaã”. (Gênesis 10:6)
Cuche originou a Etiópia, Mizraim a Egito, Pute a Líbia e Canaã a Palestina.
“Os filhos de Cuche: Seba, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá; e os filhos de Raamá são
Sebá e Dedã. Cuche também gerou a Ninrode, o qual foi o primeiro a ser poderoso na
terra”. (Gênesis 10:7-8)
Cuche, que originou a Etiópia, teve 6 filhos diretos. Seba, por exemplo, estabeleceu-se
em um princípio na arabia passando posteriormente a África onde fundou a Saba,
segundo o historiador Flavio Josefo[2]. Outras tribos antigas africanas como os yorubas
(descendentes de Ninrode) surgiram de Cam.
Hete (Pai dos chineses) e filho de CANAÃ originou ao império hitita (norte da
Mesopotâmia e Turquia) que ao cair, os sobreviventes foram para o leste. Os hititas, que
em cuneiforme se escreve “Khittae”, aparecem no leste com o nome de “Cathay”, e
segundo a antropologia física, tinham traços mongoloides e vestidos originais da
cultura chinesa. É importante também sinalizar que os hititas desenvolveram a arte
da fundição do ferro e a doma dos cavalos, façanhas que se repetiram nos começos da
cultura chinesa.
Das várias cidades fundadas pelo Camita Ninrode, uma delas é Résem, entre Nínive e
Cala no norte da Mesopotâmia (Gênesis 10:12). Era costume nomear as cidades pelos
nomes de seus fundadores ou pelos nomes de seus filhos ou ainda de algum outro
parente muito próximo.
A civilização etrusca que habitaram o que hoje se conhece pela região de Toscana,
Itália, foi tão importante que sua arte, o direito, os costumes e a tecnologia foram
assimilados como próprio por outro povo, os romanos, descendentes de Jafé. Os
romanos denominaram esse povo de Etruscos, embora esse povo se chamava a si
mesmos de Rasenas. Pelos estudos linguísticos sabe-se que os Rasenas ou etruscos
vieram da Ásia Menor, antes da invasão indo-europeia na Europa e Índia. Muitas
palavras etruscas assemelhavam-se às sumérias, na Baixa Mesopotâmia.
Os gregos, por exemplo, acreditam que originaram-se de Japeto, que sem dúvida
nenhuma é Jafé. No relato da Índia sobre o dilúvio, eles dizem que Satyaurata (que
sabemos foi Noé) teve três filhos: Jyapeti, que originou aos hindus e logo a Sharma
e Charma (Sem e Cam).
“Os filhos de Jafé: Gomer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras”. (Gênesis
10:2)
Esses filhos de Jafé e seus netos migraram à Europa e Norte da Índia onde foram
estabelecendo-se, deslocando e conquistando aos descendentes de Cam que já
estavam ali.
Obs: Os filhos de Jafé conquistaram o norte da India onde já se encontravam os filhos de
CANAÃ que foram os primeiros habitantes das terras hoje chamada India
O reino do norte (Israel), que estavam formados por 10 tribos, foram conquistados e
levados cativos a Assíria, onde mais tarde, depois da caída do império Assírio, eles
migraram ao norte da Europa, conformando vários outros países. O curioso é que eles
assimilaram os idiomas indo-europeu e os costumes de seus irmãos jafetitas.
Dessa maneira, cumpriu-se a maldição de Noé sobre Cam quando disse: “ Maldito
seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos “. (Gênesis 9:25).
Cam espalhou-se primeiro sobre todo o globo terrestre, em todos os continentes. Eram
os mais numerosos e foram fragmentando-se linguisticamente, mais que seus dois
irmãos.
Figura 11-02. Palestra sobre a Tabela das nações exposta em La Paz, dezembro de
2015 (foto Wanderson Esquerdo)
[1] O fim dos tempos é uma figura profética sobre o período de tempo que antecede o estabelecimento do Reino de
Deus sobre a terra com uma série de eventos catastróficos que porão fim ao sistema humano.
[2] Flavio Josefo (37 — ca. 100) foi um historiador e apologista judaico-romano, que registrou in loco a destruição
de Jerusalém, em 70 d.C., pelas tropas do imperador romano Vespasiano. Autor das obras A Guerra dos Judeus (c.
75) e Antiguidades Judaicas (c. 94)
[3] Festival da Antiga Roma em honra ao deus Saturno, celebrada do dia 17ao 23 de dezembro. Nessa festa se
derrubava as normas sociais romanas com um jogo onde era permitido os senhores oferecerem serviço de mesa a
seus escravos. O historiador Luciano de Samósata (125-181 d.C) escreveu que na saturnália “todos tinham
igualdade de direitos, os escravos e os livres, os pobres e os ricos”.