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FACULDADE DE FILOSOFIA,
LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
TESE DE DOUTORADO
VOLUME I
Março de 2007
CLIMATOLOGIA DINÂMICA DA ANTÁRTIDA:
CICLONES EXTRATROPICAIS QUE ATUARAM
NOS VERÕES E INVERNOS DE 2001 A 2006
NA REGIÃO DA PENÍNSULA ANTÁRTICA
TESE DE DOUTORADO
VOLUME
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA,
LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
TESE DE DOUTORADO
Março de 2007
AGRADECIMENTOS
São muitos os agradecimentos e acredito que vale citar todos. Cada um deles
teve uma participação, direta ou indireta, em maior ou menor grau, para que minha
carreira tenha chegado até aqui. São todos amigos acadêmicos que ajudaram ou
incentivaram a carreira e esta pesquisa.
Agradeço, inicialmente, ao Prof. Dr. Paulo Marques dos Santos. Além de ser o
mentor da minha carreira, sempre foi uma fonte de inspiração. A continuidade das
minhas pesquisas na área de instrumentação meteorológica e aplicação direta da
Meteorologia foram espelhadas na sua vivência. De fato, o que é hoje o Departamento
de Ciências Atmosféricas (antigo Departamento de Meteorologia) foi graças à sua visão
e empenho. Foi com muito orgulho que creditamos seu nome ao nosso antigo centro
acadêmico, obra de nós, “alunos da velha guarda” que o considerávamos, de maneira
pessoal, respeitosa e carinhosamente como o nosso Mentor do IAG, pela maneira como
ele demonstrava o seu apreço por nós.
Agradeço ao Prof. Dr. José Bueno Conti que aceitou o cargo de orientação desta
pesquisa, de direito e fato, de um aluno “estranho no ninho” que apareceu no
Departamento de Geografia. Ele vislumbrou o trabalho e sua utilidade enriquecedora
para o Departamento desde a primeira entrevista. Foram muitos os momentos de
discussão, dos mais variados temas, em geral, da Climatologia e da Antártida. Foram
nestas conversas que aprendi a ver a Meteorologia por outro ponto de vista.
Sinceramente, foi uma honra tê-lo como meu orientador.
iii
Ao Prof. Dr. Ricardo de Camargo que, há mais de dez anos, é companheiro das
atividades de pesquisa e instrução, desde a Oceanografia Física até a Meteorologia
Sinóptica. Quem diria que a brincadeira de “colecionar ciclones”, através das imagens
de satélite para compor as aulas, poderia gerar indícios para um trabalho de doutorado.
Nem eu imaginava.
Agradeço ao Prof. Dr. Tarik Rezende de Azevedo que, desde o início, apoiou e
confiou muitas das atividades desta academia às minhas mãos. Além disto,
notadamente, seus ensinamentos me fizeram observar a Climatologia por outros
aspectos que hoje, completam a minha formação profissional. Acredito que isto me
tornou um “Meteorologista Geógrafo”, ampliando o meu campo geral de visão, em
todos os aspectos.
iv
participação nesta academia. Quanto ao laboratório, boa parte da coleta de imagens foi
realizada em suas dependências, etapa essencial para a elaboração da pesquisa.
Agradecimentos aos amigos Dr. Frederico Luiz Funari, Prof. Dr. Emerson
Galvani e Prof. Ms. Mário Festa, pelas explicações sobre alguns dados meteorológicos e
o companheirismo acadêmico. Ao Prof. Ms. Fernando Shinji Kawakubo pela ajuda com
os softwares de tratamento de imagens de satélite e dados, além das indicações para que
eu ministrasse algumas aulas de Climatologia na UNESP. Ao Prof. Dr. Cláudio Solano
Pereira, pelo fornecimento de material de Oceanografia Antártica e pelo seu apoio
incondicional, dado nos tempos do INPE. Aos amigos Dr. Mateus da Silva Teixeira e
Ms. Reinaldo Olmar Kneib, pelo apoio e a diligência em dirimir dúvidas de pesquisa.
v
Climatologia Dinâmica da Antártida:
Ciclones Extratropicais que Atuaram
nos Verões e Invernos de 2001 a 2006
na Região da Península Antártica
RESUMO
vi
Dynamic Climatology of Antarctica:
Extratropical Cyclones Who Acted
in the Summers and Winters of 2001 to 2006
in the Antarctica Peninsula Region
ABSTRACT
vii
SUMÁRIO
Pág.:
LISTA DE TABELAS............................................................................................... xi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS.............................................................. xvii
PRÓLOGO................................................................................................................. xxi
1. APRESENTAÇÃO................................................................................................ 2
2. OBJETIVOS.......................................................................................................... 8
3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 10
4.1 A Antártida...................................................................................................... 14
4.2 Características Peculiares................................................................................ 15
4.3 Breve Discussão do Clima e Tempo da Antártida........................................... 17
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 21
6. DADOS É MÉTODOS:
6.1 Dados............................................................................................................... 35
6.2 Métodos........................................................................................................... 36
6.2.1 Metodologia de Varredura Visual – MET-1....................................... 36
6.2.2 Metodologia de Análise de Dados Meteorológicos – MET-2............ 42
6.2.3 Metodologia de Análises Estatísticas – MET-3.................................. 49
7. RESULTADOS...................................................................................................... 57
7.1 Resultados da Metodologia de Varredura Visual – MET-1............................ 57
7.2 Resultados da Metodologia de Análise de Dados Meteorológicos – MET-2. 135
7.2.1 Pressão Atmosférica em Superfície.................................................... 135
7.2.2 Temperatura do Ar na EACF.............................................................. 147
7.2.3 Velocidade dos Ventos na EACF........................................................ 162
7.2.4 Sentido Predominante dos Ventos na EACF...................................... 180
7.2.5 Umidade Relativa na EACF................................................................ 191
7.2.6 Precipitação Acumulada em 24 Horas na EACF................................ 208
7.3 Resultados da Metodologia de Análises Estatísticas – MET-3....................... 219
7.3.1 Parâmetros Meteorológicos Limitantes.............................................. 219
viii
7.3.2 Casos de Ciclones e as Variáveis Meteorológicas Extremadas.......... 251
7.3.3 Casos de Ciclones Avaliados pelos Formatos Físicos ou
Comportamentais............................................................................. 257
8. CONCLUSÕES..................................................................................................... 265
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 286
ix
LISTA DE TABELAS
LISTA DE TABELAS
Pág.
Capítulo 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6.2.1.1 Exemplo da Tabela de Varredura Visual das Imagens de Satélite – Dezembro de 2005 – Posição 55
Relativa à EACF................................................................................................................................
Capítulo 7 RESULTADOS
7.1 – Resultados da Metodologia de Varredura Visual – MET-1
7.1.1A Varredura Visual das Imagens de Satélite – Dezembro de 2001 – Posição Relativa à EACF.......... DVD1
7.1.1B Varredura Visual das Imagens de Satélite – Janeiro de 2002 – Posição Relativa à EACF............... DVD1
7.1.1C Varredura Visual das Imagens de Satélite – Fevereiro de 2002 – Posição Relativa à EACF........... DVD1
7.1.2A Varredura Visual das Imagens de Satélite – Dezembro de 2002 – Posição Relativa à EACF.......... DVD1
7.1.2B Varredura Visual das Imagens de Satélite – Janeiro de 2003 – Posição Relativa à EACF............... DVD1
7.1.2C Varredura Visual das Imagens de Satélite – Fevereiro de 2003 – Posição Relativa à EACF........... DVD1
7.1.3A Varredura Visual das Imagens de Satélite – Dezembro de 2003 – Posição Relativa à EACF.......... DVD1
7.1.3B Varredura Visual das Imagens de Satélite – Janeiro de 2004 – Posição Relativa à EACF............... DVD1
7.1.3C Varredura Visual das Imagens de Satélite – Fevereiro de 2004 – Posição Relativa à EACF........... DVD1
7.1.4A Varredura Visual das Imagens de Satélite – Dezembro de 2004 – Posição Relativa à EACF.......... DVD1
7.1.4B Varredura Visual das Imagens de Satélite – Janeiro de 2005 – Posição Relativa à EACF............... DVD1
7.1.4C Varredura Visual das Imagens de Satélite – Fevereiro de 2005 – Posição Relativa à EACF........... DVD1
7.1.5A Varredura Visual das Imagens de Satélite – Dezembro de 2005 – Posição Relativa à EACF.......... DVD1
7.1.5B Varredura Visual das Imagens de Satélite – Janeiro de 2006 – Posição Relativa à EACF............... DVD1
7.1.5C Varredura Visual das Imagens de Satélite – Fevereiro de 2006 – Posição Relativa à EACF........... DVD1
7.1.6A Varredura Visual das Imagens de Satélite – Junho de 2002 – Posição Relativa à EACF................. DVD1
7.1.6B Varredura Visual das Imagens de Satélite – Julho de 2002 – Posição Relativa à EACF.................. DVD1
7.1.6C Varredura Visual das Imagens de Satélite – Agosto de 2002 – Posição Relativa à EACF............... DVD1
7.1.7A Varredura Visual das Imagens de Satélite – Junho de 2003 – Posição Relativa à EACF................. DVD1
7.1.7B Varredura Visual das Imagens de Satélite – Julho de 2003 – Posição Relativa à EACF.................. DVD1
7.1.7C Varredura Visual das Imagens de Satélite – Agosto de 2003 – Posição Relativa à EACF............... DVD1
7.1.8A Varredura Visual das Imagens de Satélite – Junho de 2004 – Posição Relativa à EACF................. DVD1
7.1.8B Varredura Visual das Imagens de Satélite – Julho de 2004 – Posição Relativa à EACF.................. DVD1
7.1.8C Varredura Visual das Imagens de Satélite – Agosto de 2004 – Posição Relativa à EACF............... DVD1
7.1.9A Varredura Visual das Imagens de Satélite – Junho de 2005 – Posição Relativa à EACF................. DVD1
7.1.9B Varredura Visual das Imagens de Satélite – Julho de 2005 – Posição Relativa à EACF.................. DVD1
xi
7.1.9C Varredura Visual das Imagens de Satélite – Agosto de 2005 – Posição Relativa à EACF............... DVD1
7.1.10A Varredura Visual das Imagens de Satélite – Junho de 2006 – Posição Relativa à EACF................. DVD1
7.1.10B Varredura Visual das Imagens de Satélite – Julho de 2006 – Posição Relativa à EACF.................. DVD1
7.1.10C Varredura Visual das Imagens de Satélite – Agosto de 2006 – Posição Relativa à EACF............... DVD1
7.1.11 Índice Remissivo do Catálogo Climatológico de Ciclones 2001-2006............................................. 59
7.1.12 Critérios Adotados para a Divisão dos Ciclones Ocorridos Dentro da Área de
Interesse............................................................................................................................................. 61
7.1.13 Valores Médios de Ciclones por Dia, Sazonais e Mensais................................................................ 63
7.1.14 Valores Médios de Ciclones por Dia, Grandes e Pequenos, nos Verões e seus Respectivos Meses,
com a Taxa Relacional entre os Sistemas.......................................................................................... 66
7.1.15 Valores Médios de Ciclones por Dia, Grandes e Pequenos, nos Invernos e seus Respectivos
Meses, com a Taxa Relacional entre os Sistemas.............................................................................. 71
7.1.16 Índice Remissivo das Tabelas de Síntese de Ciclones 2001-2006.................................................... 74
7.1.17 Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2001/2002, Seguindo o Procedimento
de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares
Adjacentes.......................................................................................................................................... 75
7.1.18 Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2002/2003, Seguindo o Procedimento
de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares
Adjacentes.......................................................................................................................................... 77
7.1.19 Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2003/2004, Seguindo o Procedimento
de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares
Adjacentes.......................................................................................................................................... 79
7.1.20 Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2004/2005, Seguindo o Procedimento
de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares
Adjacentes.......................................................................................................................................... 81
7.1.21 Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2005/2006, Seguindo o Procedimento
de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares
Adjacentes.......................................................................................................................................... 83
7.1.22 Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2002, Seguindo o Procedimento de
Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares
Adjacentes.......................................................................................................................................... 85
7.1.23 Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2003, Seguindo o Procedimento de
Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares
Adjacentes.......................................................................................................................................... 87
7.1.24 Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2004, Seguindo o Procedimento de
Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares
Adjacentes.......................................................................................................................................... 89
7.1.25 Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2005, Seguindo o Procedimento de
Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares
Adjacentes.......................................................................................................................................... 91
7.1.26 Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2006, Seguindo o Procedimento de
Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares
Adjacentes.......................................................................................................................................... 93
7.1.27 Valores Totais de Ciclones que Atuaram nos Verões e Invernos Cadastrados no Universo do
CCC, suas Freqüências Relativas e a Taxa Relacional entre os Períodos de Invernos e Verões...... 95
7.1.28 Valores Totais de Ciclones que Atuaram em cada Período de Verão e suas Freqüências
Relativas............................................................................................................................................. 96
7.1.29 Valores Totais de Ciclones que Atuaram em cada Período de Inverno e suas Freqüências
Relativas............................................................................................................................................. 99
7.1.30 Valores Totais e Freqüências Relativas de Ciclones de todos os Verões Distribuídos em
Categorias Evolutivas........................................................................................................................ 102
7.1.31 Valores Totais de Ciclones Grandes e Pequenos, de todos os Verões, Distribuídos em Categorias
Evolutivas.......................................................................................................................................... 103
7.1.32 Valores Totais e Freqüências Relativas de Ciclones de todos os Invernos Distribuídos em
Categorias Evolutivas........................................................................................................................ 106
7.1.33 Valores Totais de Ciclones Grandes e Pequenos, de todos os Invernos, Distribuídos em
Categorias Evolutivas........................................................................................................................ 107
7.1.34 Valores Totais de Ciclones que Atuaram em cada Mês dos Períodos de Verão e suas Freqüências
Relativas............................................................................................................................................. 110
xii
7.1.35 Valores Totais de Ciclones que Atuaram em cada Mês dos Períodos de Inverno e suas
Freqüências Relativas........................................................................................................................ 112
7.1.36 Taxas Relacionais Obtidas dos Valores Totais de Ciclones de Todos os Verões e Invernos, com
Relato da Estação que se Destacou nas Categorias Evolutivas......................................................... 114
7.2.1.1 Valores Médios da Pressão Atmosférica em Superfície ao NMM (Máxima, Mínima, Amplitude e
Média) dos Meses de Verão, em Todos os Períodos......................................................................... 138
7.2.1.2 Valores Médios da Pressão Atmosférica em Superfície ao NMM (Máxima, Mínima, Amplitude e
Média) dos Meses de Inverno, em Todos os Períodos...................................................................... 143
7.2.2.1 Valores Médios da Temperatura do Ar (Máxima, Mínima e Amplitude) dos Meses de Verão, em
Todos os Períodos.............................................................................................................................. 151
7.2.2.2 Valores Médios da Temperatura do Ar (Máxima, Mínima e Amplitude) dos Meses de Inverno,
em Todos os Períodos........................................................................................................................ 158
7.2.4.1 Valores Absolutos do Setor Predominante Diário do Vento em Superfície e Dias Calmos na
EACF, nos Meses de Verão, em Todos os Períodos......................................................................... 182
7.2.4.2 Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último Setor dos Meses de
Dezembro, em Todos os Períodos de Verão...................................................................................... 184
7.2.4.3 Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último Setor dos Meses de Janeiro,
em Todos os Períodos de Verão........................................................................................................ 185
7.2.4.4 Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último Setor dos Meses de
Fevereiro, em Todos os Períodos de Verão....................................................................................... 186
7.2.4.5 Valores Absolutos do Setor Predominante Diário do Vento em Superfície e Dias Calmos na
EACF, nos Meses de Inverno, em Todos os Períodos....................................................................... 187
7.2.4.6 Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último Setor dos Meses de Junho,
em Todos os Períodos de Inverno...................................................................................................... 189
7.2.4.7 Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último Setor dos Meses de Julho,
em Todos os Períodos de Inverno...................................................................................................... 190
7.2.4.8 Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último Setor dos Meses de Agostos,
em Todos os Períodos de Inverno....................................................................................... 191
7.2.5.1 Valores Médios da Umidade Relativa do Ar (Máxima, Mínima e Amplitude) dos Meses de
Verão, em Todos os Períodos............................................................................................................ 196
7.2.5.2 Valores Médios da Umidade Relativa do Ar (Máxima, Mínima e Amplitude) dos Meses de
Inverno, em Todos os Períodos.......................................................................................................... 203
xiii
7.2.6 – Precipitação Acumulada em 24 Horas na EACF
7.2.6.1 Valores de Precipitação Acumulada e Médias dos Meses de Verão, em Todos os Períodos............ 211
7.2.6.2 Valores de Precipitação Acumulada e Médias dos Meses de Inverno, em Todos os Períodos......... 216
7.3.1.1 Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Pressão Atmosférica Média, em
Superfície ao NMM, Igual ou Inferior a 975,0mb nos Meses de Verão, em Todos os Períodos...... 222
7.3.1.2 Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Pressão Atmosférica Média, em
Superfície ao NMM, Igual ou Inferior a 975,0mb por Períodos de Verão........................................ 224
7.3.1.3 Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Pressão Atmosférica Média, em
Superfície ao NMM, Igual ou Inferior a 975,0mb nos Meses de Inverno, em Todos os Períodos... 225
7.3.1.4 Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Pressão Atmosférica Média, em
Superfície ao NMM, Igual ou Inferior a 975,0mb por Períodos de Inverno..................................... 227
7.3.1.5 Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Temperatura do Ar Positiva, nos Meses
dos Períodos de Verão....................................................................................................................... 229
7.3.1.6 Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Temperatura do Ar Positiva, nos Meses
dos Períodos de Inverno..................................................................................................................... 230
7.3.1.7 Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Ventos de Velocidade Média Não
Restritiva, nos Meses dos Períodos de Verão.................................................................................... 233
7.3.1.8 Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Ventos de Velocidade Média Não
Restritiva, nos Meses dos Períodos de Inverno................................................................................. 235
7.3.1.9 Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Sentido Leste na Predominância do
Vento, nos Meses de Verão, em Todos os Períodos.......................................................................... 237
7.3.1.10 Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Sentido Leste na Predominância do
Vento por Períodos de Verão............................................................................................................. 238
7.3.1.11 Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Sentido Leste na Predominância do
Vento, nos Meses de Inverno, em Todos os Períodos....................................................................... 239
7.3.1.12 Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Sentido Leste na Predominância do
Vento por Períodos de Inverno.......................................................................................................... 240
7.3.1.13 Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Umidade Relativa Abaixo de 80,0%,
nos Meses dos Períodos de Verão...................................................................................................... 241
7.3.1.14 Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Umidade Relativa Abaixo de 80,0%,
nos Meses dos Períodos de Inverno................................................................................................... 242
7.3.1.15 Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Sensação Térmica Acima de Zero Grau
Celsius, Separados pelo Método Clássico, de Siple e Novo, do MSC, nos Meses dos Períodos de
Verão.................................................................................................................................................. 245
7.3.1.16 Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Sensação Térmica Acima de Zero Grau
Celsius, Separados pelo Método Clássico, de Siple e Novo, do MSC, nos Meses dos Períodos de
Inverno............................................................................................................................................... 247
7.3.1.17 Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Condição NORMAL de Windchill,
Separados pelo Método Clássico, de Siple e Novo, do MSC, nos Meses dos Períodos de Inverno. 250
Capítulo 8 CONCLUSÕES
8.1 Cômputo de Ciclones que Decaíram nos Setores Sudoeste e Sudeste do Ano de 2002, Divididos
por Tamanhos e Totalização em Duas Classes Evolutivas................................................................ 267
8.2 Cômputo de Ciclones que Decaíram nos Setores Sudoeste e Sudeste do Ano de 2003, Divididos
por Tamanhos e Totalização em Duas Classes Evolutivas................................................................ 268
8.3 Cálculo das Probabilidades de Recorrência Setorial de Nascimento para os Ciclones Pequenos
dos Verões que Nasceram na Área de Controle, mas a Abandonaram, Utilizando Valores
Absolutos dos Setores Preferenciais e Taxa Relacional.................................................................... 271
xiv
8.4 Cálculo das Probabilidades de Recorrência Setorial de Saída para os Ciclones dos Verões que
Nasceram na Área de Controle, mas a Abandonaram, Utilizando Valores Absolutos dos Setores
Preferenciais e Taxa Relacional......................................................................................................... 271
8.5 Cálculo das Probabilidades de Recorrência Setorial de Entrada para os Ciclones dos Verões que
Vieram Decair na Área de Controle, Utilizando Valores Absolutos dos Setores Preferenciais e
Taxa Relacional................................................................................................................................. 272
xv
LISTA DE SIGLAS
E ABREVIATURAS
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
xvii
IAG – Instituto Astronômico e Geofísico;
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais;
IR – Infravermelho, espectro observável pelo sensor embarcado em satélite
(Infrared);
LMO – Laboratório de Meteorologia e Oceanografia;
MB – Marinha do Brasil;
METEOSAT – Satélite Meteorológico da União Européia (European Union
Meteorological Satellite – EUMESAT);
MSC – Serviços Meteorológicos do Canadá (Meteorological Services of
Canada);
NApOc – Navio de Apoio Oceanográfico – Marinha do Brasil;
NCEP – Centro Nacional para Previsão Ambiental (National Centers for
Environmental Prediction);
NMM – Nível Médio do Mar;
NOAA – Administração Nacional de Oceano e Atmosfera (National Ocean and
Atmosphere Administration);
OACI – Organização da Aviação Civil Internacional (International Civil Aviation
Organization – ICAO);
OFCM – Escritório do Coordenador Federal para Serviços Meteorológicos e
Apoio à Pesquisa (Office of the Federal Coordinator for Meteorological
Services and Supporting Research – OFCM)
OMM – Organização Meteorológica Mundial (da sigla WMO – World
Meteorological Organization);
Open Office® – Pacote livre de software que contém planilha eletrônica;
OPERANTAR – Operação Antártica, com início na saída do NApOc “Ary Rongel” do
porto da Marinha do Brasil, Rio de Janeiro, em outubro e final, no seu
regresso, em março;
Origin Pro 7.0® – Software de análises estatísticas;
PA – Posto Avançado;
Pixel – Acrônimo de Elemento ou Célula Pictórica (Picture Element ou Picture
Cell);
PNMM – Pressão ao Nível Médio do Mar, cujo valor de referência é 1.013,25mb;
Ponto CSV – Extensão de nomes de arquivos digitais, com formatação de registros,
cujos campos são separados por vírgulas, ou seja, Vírgulas Separando
Valores (Comma Separating Values);
Ponto DAT – Extensão de nomes de arquivos digitais, em alusão à dados (data);
Ponto XLS – Extensão de nomes de arquivos digitais que seguem o padrão do
software de planilha eletrônica Excel®;
PROANTAR – Programa Antártico Brasileiro;
SOP – Período Especial de Observação (Special Observing Period);
string – Forma de descrever, em linguagem de Processamento de Dados, um
cordão de caracteres;
SYNOP – Código Meteorológico adotado pela OMM, confeccionado pelas
estações meteorológicas do mundo a cada 3 horas;
xviii
TSM – Temperatura da Superfície do Mar;
U.S.NAVY – Marinha dos Estados Unidos (United States Navy);
UKMO – Escritório Meteorológico do Reino Unido (United Kingdom
Meteorological Office);
VIS – Visível, espectro observável pelo sensor embarcado em satélite (Visible);
Visual BASIC® – Linguagem de Programação BASIC – Código de Instruções Simbólicas
para Iniciantes de Propósito Geral (Beginers All-purpose Symbolic
Instruction Code) – para ambiente operacional visual do Windows®;
VOLMET – Transmissão de Dados Meteorológicos Via Rádio, dentro dos horários
sinópticos;
WV – Vapor D’água, espectro observável pelo sensor embarcado em satélite
(Water Vapour);
Windows®, Excel®, Visual BASIC®, Open Office®, Origin Pro 7.0® são marcar registradas de seus
respectivos proprietários.
xix
PRÓLOGO
PRÓLOGO
É aceito por este autor, desde o princípio, que muitos mecanismos tenham
passado “despercebidos” de discussões mais aprofundadas, para se evitar o
agigantamento da obra e fuga do escopo de trabalho, mas estas ficaram como “pistas”,
deixadas para novos estudos. Com isto, em muitos aspectos, esta pesquisa espera servir
de fomento na geração de outras em Meteorologia, Oceanografia, Sensoriamento
Remoto e Climatologia Antártica. Ela também teve o caráter de despertar o gosto de
novos estudantes, com uma linguagem que seja mais acessível dos “termos do gelo”.
Isto visou a formação de novos recursos humanos nesta área, tão escassa e
monopolizada, local e mundialmente. Propositadamente, as conclusões lançaram
perguntas que tendem à reflexões mais profundas sobre os mecanismos da mecânica
atmosférica, da Climatologia Antártica e Global.
Também foi objetivo deste trabalho, versar um pouco das experiências vividas
operacionalmente em campo, na Antártida. As dificuldades de trabalho, em ambiente
extremamente dinâmico, requerem atenção redobrada para todas as finalidades
logísticas, operacionais ou científicas. Cabe às equipes de Meteorologia uma grande
responsabilidade.
xxi
O trabalho também comportou discos ópticos, de formato DVD-RAM, que
contêm todas as informações que foram utilizadas nesta pesquisa, como os textos,
figuras, planilhas de dados, planilhas de processos adotados, tabelas das ocorrências
ciclônicas sazonais e as imagens de satélite. Desta maneira, disponibilizou-se as
informações, facilitando acesso aos dados e que novas pesquisas possam ser elaboradas.
Todas as séries temporais de três meses, integrantes do livro de figuras, foram
preparadas para impressão, em formato A3, e seus arquivos estão no disco DVD-RAM.
Boa Leitura!
xxii
APRESENTAÇÃO
1. APRESENTAÇÃO
Além de Cousteau, uma menção ao seriado científico de Carl Sagan deve ser
feito, devido à fabulosa inspiração que este me causou. No ano de 1980 chegou às
televisões do mundo o seriado COSMOS. O programa abordou temas da mais variada
ordem da cosmologia, desde os confins do universo até o código genético. Mas o que
mais chamou a atenção foi a descrição dos outros planetas, através dos programas
espaciais Mariners, Venera e Voyagers, e como suas condições são severas. Fazendo
uma analogia com a Terra, quão pacífico é o nosso planeta. Os fenômenos naturais aqui
são mais escassos e as condições são calmas, quando comparamos ao contraste térmico
de Mercúrio, às altas pressões e temperaturas de Vênus, às pálidas condições de Marte,
aos terríveis tormentos de Júpiter, às velocidades supersônicas das nuvens de Saturno,
Urano e Netuno, ao gélido Plutão (SAGAN, 1980). Acredito que a presença do
continente antártico e o contínuo trânsito dos ciclones extratropicais sejam os fatores
que elevam nosso planeta ao status de poder pertencer ao sistema Solar. Não é a toa que
2
muitos experimentos espaciais são testados na Antártida. Tanto nas condições costeiras
como principalmente no interior do continente.
3
a 1.13). Dentre nove candidatos fortes (incluindo a rede Globo de televisão) nosso
projeto foi aprovado, após seis meses de argumentações. A vida militar pesou a nosso
favor. Ambos tínhamos estudado nas melhores academias militares e servimos às Armas
de Guerra.
4
fevereiro de 2002). Logo, de princípio, verifiquei a dúvida da missão anterior. Constatei
que o pessoal do INPE que trabalhava com Meteorologia, na estação, relatava aqueles
sistemas sinópticos como frentes frias (Fig.1.14). O disparate era verificar que a
temperatura do ar aumentava com a passagem destas frentes. Isto só poderia ser causado
por forte advecção de massa de ar quente. Além disto, esses sistemas atingiam a região
advindos de latitudes mais baixas. Se o ar frio está exatamente na região oposta, seria
impraticável que eles produzissem queda de temperatura. Os centros de baixa pressão,
quando plotados em cartas, apareciam nas oclusões. Aliando as duas informações, o
aumento de temperatura e as fortes oclusões, só poderíamos estar diante de um tipo de
fenômeno sinóptico: os Ciclones Extratropicais. Até aquela missão, ainda se reportava
“frente fria” na fonia da Meteorologia Antártica brasileira. Isto mudou durante o meado
da minha estadia nesta expedição e após o término do trabalho de mestrado. Agora, o
termo ciclone é empregado rotineiramente e o vórtice espiral de nuvens, associado à ele,
é descrito com a alcunha de “braço do ciclone”, pois representa melhor a realidade.
5
Geofísico não possui mais, em seus quadros curriculares, a abordagem operacional da
Meteorologia. O INPE não adota como critério climatológico, a atividade de rastreio e
classificação de sistemas sinópticos por imagens de satélite. O projeto estava pronto,
porém sem um lugar que adotasse a metodologia com a visão climatológica que ele
merece. A solução apareceu no Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas – FFLCH – USP. Sob sua óptica, o trabalho de climatologia
se justifica pela análise de séries temporais de dados e de cartas sinópticas, com a
mesma idéia da Meteorologia Operacional. Nesta pesquisa, substituiu-se as cartas pelas
imagens geoestacionárias dos satélites da série GOES (Geostationary Orbit
Environment Satellite). Além destes, os estudos relativos aos ciclones extratropicais
foram representados em mapas esquemáticos. As representações de suas categorias
evolutivas, rotas, predominâncias e estudos estatísticos tornaram estas entidades
meteorológicas, fatores geográficos. Os ciclones extratropicais terão localização,
distribuição e quantificação relacionados com uma área específica do planeta. Estas
premissas fizeram com que este trabalho, em Climatologia Antártica, pudesse achar seu
lugar científico, com o propósito correto.
6
OBJETIVOS
2. OBJETIVOS
A região estudada foi limitada pelos paralelos 45ºS e 73ºS e pelos meridianos
30ºW e 100ºW (Fig.2.1). A climatologia foi elaborada com os dados pertencentes aos
verões e invernos de 2001 a 2006. Os ciclones foram classificados de acordo com o
tamanho, forma e trajetória, segundo Felicio (2003).
8
JUSTIFICATIVA
3. JUSTIFICATIVA
10
É importante ressaltar que eventos peculiares surpreendem as equipes
operacionais e meteorologistas na Antártica, alterando cronogramas de execução das
tarefas das expedições brasileiras (tal como observado na XXª Operação Antártica
Brasileira – participação pessoal como previsor de tempo na Estação Antártica
Comandante Ferraz – EACF, no verão de 2001/2002). Em janeiro de 2004, a EACF
completou 20 anos de existência, firmando o compromisso da presença do Brasil na
região. Desde o início até agora, em 2007, consagramos XXV Operações Antárticas e,
durante todo este período, as pesquisas na área de Meteorologia e de Climatologia se
limitaram a coleta de dados meteorológicos, com pouca análise e elaboração de teorias,
aplicações de experimentos e chegada à resultados.
11
meteorológicas importantes da ilha de Biscoe, pois a estação automática de superfície
ficou sem manutenção instrumental por mais de um ano. Com isto, cancelou-se o
estabelecimento do Posto Avançado – PA brasileiro em 2002, retomado somente em
2006. Um exemplo mais grave foi o acidente ocorrido durante o verão de 2003/2004
com a equipe coreana na própria ilha Rei George, onde pesquisadores realizavam
tarefas de coleta em botes, sem prognósticos de tempo. Acabaram surpreendidos por
mudança de tempo severa que causou a perda de vidas. Entre estes acontecimentos e
outros, como o caso da missão do navio Endurance, em 1916, onde as equipes
antárticas ficaram presas no gelo por mais de um ano (ALEXANDER, 1998) este
trabalho se justifica para uma melhor compreensão e avaliação das condições
meteorológicas, indispensáveis para a presença do Brasil na Antártida.
12
INTRODUÇÃO AO
CONTINENTE ANTÁRTICO
4. INTRODUÇÃO AO CONTINENTE ANTÁRTICO
4.1 A Antártida:
Desde tempos remotos, a Terra Australis Nondum Cognita, ou Terra Austral não
Conhecida, era grafada nos mapas antigos como sendo uma região existente, porém não
descoberta. Tal território, já idealizado pelos antigos gregos, mas descoberto há pouco
mais de um século é a Antártida. É difícil oficialmente dizer quem foi o explorador, ou
melhor, qual a expedição, que encontrou o continente, pois muitas ocorriam
simultaneamente. Com isto, diversos países, inclusive o Brasil, participaram de
expedições às regiões sub-polares e polares. Porém, empregando as tecnologias dos
séculos XVIII e XIX, tais jornadas eram muito críticas e trabalhavam no limite extremo
entre a vida e a morte. Podemos fazer uma idéia de como tais missões eram perigosas
quando comparamos com os dias atuais. Se mesmo hoje ainda existe muita dificuldade
na prestação de socorro para um acidente nos mares antárticos, ou mesmo sobre o
continente, imaginemos há mais de 100 ou 200 anos atrás. Os expedicionários realmente
tinham um espírito aguçado de aventura. Infelizmente, nem todos portavam uma visão
ecológica e científica acurada. Avaliando a História, podemos dizer algumas coisas
interessantes de um grande personagem do descobrimento antártico. Seu nome é
Bellingshausen.
14
próprio comandava, em 1772, foi que ele conseguiu chegar ao ponto Sul máximo até
aquela época. Tal marca só foi batida em 1933 na expedição do almirante americano
Richard Bird. Considera-se quase uma fatalidade Cook não ter descoberto a Antártida,
pois avançou até o paralelo 71º10’S, mas na longitude 160º54’W, ou seja, penetrou na
região mais profunda e exaurida de terras da Antártida, o mar de Ross. Se não fosse por
esse fato, sua expedição teria descoberto o continente já no século XVIII
(CAPOZZOLI, 1991).
Contudo, nem sempre foi assim, pois a Antártida derivou da área equatorial. Há
500 milhões de anos atrás, este continente se situava bem no Equador. Depois, há 230
milhões de anos, localizava-se na parte oriental do continente africano. Por volta de 180
milhões de anos, a Antártida se separou totalmente da Pangea e iniciou seu longo
percurso para o Sul do planeta (AVÉROUS, 1993). Como ela foi oriunda de uma região
tropical, comportou florestas e animais. A existência disto foi comprovada por estudos
geológicos da região que mostraram excelentes reservas de carvão, petróleo e madeira
15
petrificada. Além disto, há diversos minerais cuja quantificação excede muitas reservas
exploradas em outras regiões do mundo, como depósitos de ferro, cobre e outros metais
preciosos. Por estas poucas características, a Antártida já se tornou uma área de relativo
interesse econômico (METZENBACHER, 1986). Contudo, a obtenção destes minerais
não são viáveis no momento, devido ao altíssimo custo de exploração, manutenção e
resistência às intempéries climáticas severas. Talvez por isso, e se afirma que somente
por isso, eles ainda não tenham sido explorados de fato (CAPOZZOLI, 1991).
A neve precipitada vai se tornando gelo com o passar dos dias. Em meses, esse
gelo vai se concentrando, formando camadas mais compactas e se aprofundando. Desta
maneira, a Antártida serve como registro congelado da história do nosso planeta. Em
cada camada de gelo estão aprisionadas pequenas amostras da atmosfera. Os
glaciologistas perfuram o gelo e conseguem estimar diversos parâmetros da atmosfera
primitiva através de pequenos blocos, denominados de Testemunhos. Pode-se avaliar o
gelo de 780 mil de anos atrás, descobrindo concentrações dos principais gases
16
atmosféricos, por exemplo (AVÉROUS, 1993). Tais estimativas poderão alcançar a
impressionante marca de 820 mil anos a até um milhão, o que mostra a importância
deste laboratório natural para o estudo da Climatologia global (SIMÕES, comunicação
pessoal, 2005).
Toda a neve não pode se acumular em forma de gelo eternamente. Com o estudo
obtido por marcadores feitos em geleiras e mais modernamente se utilizando dos
satélites, percebeu-se que as geleiras se movem do interior do continente para o litoral.
A velocidade de deslocamento pode ser de um metro por semana à impressionante
marca de um metro por dia. Quando chega a região costeira, a geleira atinge o mar.
Nesta interface, surgem rachaduras gigantescas que formam os icebergs. Então, pode-se
dizer que cada iceberg é um bloco de gelo, que um dia foi neve, a muitos milhares de
anos atrás e que agora é devolvido à fase líqüida do ciclo hidrológico. Cada iceberg é
um retorno na máquina do tempo do nosso planeta. Contudo, os icebergs antárticos
diferem totalmente dos seus pares do Ártico. Enquanto no hemisfério Norte eles são
pontiagudos, pois derivam de rachaduras de geleiras próximas ao mar, na Antártida
imperam os tabulares, originados da quebra do talude congelado sobre os oceanos. Com
isto, os icebergs antárticos podem ter dimensões surpreendentes. Em minha missão à
Antártida, em 2001/2002, tive a oportunidade de rastrear pelo satélite russo da série
Meteor, dois tabulares muito maiores que a Ilha Rei George, local onde se situa a
estação brasileira e que tem cerca de 100 x 20km. Outros podem ser rastreados pelos
satélites de órbita polar da National Oceans Atmosphere Administration – NOAA e que
vagam pelos mares de Weddell, partindo da plataforma Ronne ou no mar de Ross,
quando se quebram em sua plataforma (Figs.4.2.5A e B).
17
cercado de continentes por todos os lados e estreitas faixas de oceanos livres, no Sul, a
configuração é exatamente oposta. Há um continente de fato, a Antártida, cercada de
oceano por todos os lados, o oceano Circumpolar Antártico. Este é um motivo chave
para os deslocamentos dos fluidos geofísicos do planeta: os oceanos e a atmosfera. Com
a ausência de perturbações causadas pela presença de massas continentais, os fluidos
podem circular livremente (TURNER, 1996).
18
alto, segundo o Calendário Atlante de Agostini de 2006, é o Vinson Massif, com 5.140
metros (78,6ºS e 85,4ºW) e o vulcão mais alto é o Erebus, com 3.784 metros (Fig.4.3.5).
O platô Antártico, localizado no centro do continente, possui altitude de mais de 4.400
metros (AVÉROUS, 1993). Nesta região central, em altitude, o ar superior converge,
assim, há subsidência com o transporte deste ar para a superfície. Desta maneira,
forma-se um grande anticiclone e semi-permanente no platô Antártico (ASTAPENKO,
1964). Como o escoamento do ar no anticiclone é divergente, teremos condições
propícias para a formação de fortes ventos em superfície muito frios que caminham para
o litoral. Porém, não podemos esquecer que a forte declividade entre o alto platô central
até a costa, ao nível do mar, serão fatores determinantes para o surgimento dos mais
intensos ventos frios catabáticos da Terra. A velocidade máxima de vento registrada na
Antártida foi de 327km.h-1 na estação francesa de Dumont D’Urville em julho de 1972
(SCHWERDTFEGER, 1984).
19
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
21
particulares que levam a extremos meteorológicos e estão associados às frentes frias, às
baixas concatenadas, que formam alinhamentos de mesociclones muito próximos uns
dos outros (CARRASCO e BROMWICH, 1997 a, b), ao Jato Frio Inercial, um
fenômeno particular da península em que o vento catabático de Leste, proveniente do
interior do continente, desvia-se para oeste na ponta da península, dentre outros
(SCHWERDTFEGER e AMARUTO, 1979). Há casos em que podem ser observadas
influências sub-antárticas, particularmente em situações sinópticas sobre o Brasil, como
a atuação de frentes frias muito extensas e de forte intensidade, associadas aos ciclones
extratropicais, embora sejam raras (MARENGO et al., 2001).
22
distinta do planeta (SCHWERDTFEGER, 1984). O contraste térmico entre as massas de
ar provenientes do interior do continente antártico e aquelas que se deslocam sobre os
oceanos sub-antárticos é o principal fator de desenvolvimento de sistemas de meso-
escala e de pequenas perturbações sinópticas na região, podendo estes mesos, evoluírem
para grandes sistemas (TURNER e THOMAS, 1993; CARRASCO e BROMWICH,
1996). No cinturão de baixas pressões, entre 60º a 70ºS, os sistemas ciclônicos regionais
podem ser vistos, principalmente durante o verão austral. No estreito de Drake, em
particular, entre 50º a 65ºS, há maior interação entre sistemas de meso e escala sinóptica
(CARLETON et al., 1993; BROMWICH, 1997). É nesta área que são observadas as
maiores depressões atmosféricas que afetam sensivelmente os aspectos climáticos e de
tempo no Norte da península Antártica e nas regiões circunvizinhas (TURNER e KING,
1997; BROMWICH e PARISH, 1998). O campo climatológico de pressão à superfície
do mar (Fig.5.5) evidencia três centros de baixa pressão quase estacionários e o
transporte de umidade das latitudes mais baixas para as latitudes polares (BROMWICH
e PARISH, 1999).
23
Modernamente, com o surgimento dos satélites, foi possível examinar os
fenômenos meteorológicos com detalhes. Os primeiros trabalhos de mapeamento e
classificação dos ciclones extratropicais foram realizados por Streten e Troup (1973).
Até aquele momento, não se tinha noção de que modo se pareciam, como se
comportavam e, muito menos, qual era a sua abrangência sobre os oceanos ou
continentes, dada a pouca quantidade de informações de regiões remotas, como aquelas
além do Círculo Polar Antártico. Com o advento dos imageadores de satélites, Streten e
Troup realizaram análises de centenas de imagens, definindo a formação dos ciclones
extratropicais pelo acompanhamento de suas trajetórias e identificando, posteriormente,
as etapas de surgimento, amadurecimento e decaimento. O resultado deste trabalho foi a
classificação morfológica dos ciclones extratropicais, como apresentada na Figura 5.6 e
na Tabela 5.1.
24
migra para uma das fases de dissipação ou desintegração Dx ou Dy. A classe Dx é
caracterizada por espessa nebulosidade homogênea e tende a permanecer próxima ao
centro de baixa. A classe Dy é caracterizada quando a nebulosidade fica espalhada em
fragmentos perto do centro de baixa pressão. Os tipos F e G correspondem às categorias
Dx e Dy, mas nos casos em que o vórtice não esteja associado a uma banda nebulosa.
Quanto à Trilha das Depressões, convém citar uma parte histórica importante
que pertence às pesquisas realizadas no continente antártico. Ela foi investigada por
mais de 40 anos com trabalhos em fases distintas. Primeiramente, nos anos 1940 e 1950,
as informações eram adquiridas dos navios, principalmente os pesqueiros russos, que
circundavam a região antártica oceânica. Essas informações, de dados in-situ, foram
trabalhadas por Lamb (1959), Van Loon (1960) e Astapenko (1964) e produziram as
primeiras estimativas do posicionamento da Trilha das Depressões (relato histórico de
Turner e King, 1997). Nos anos 1960, com o advento da poderosa ferramenta dos
imageadores dos satélites meteorológicos, foi possível estimar com maior precisão sua
posição. Finalmente, dos anos 1970 em diante, houve o início de trabalhos com
modelagem computacional sobre a ação de sistemas atmosféricos na região antártica.
25
muito maiores e mais fortes que seus correspondentes do hemisfério Norte. Os grandes
vórtices do hemisfério Sul, segundo Carleton, têm a possibilidade de ter um tempo de
vida mais longo, além de contribuir para o desenvolvimento de outros sistemas
ciclônicos, logo após a fase de decaimento de um sistema anterior.
Turner et al. (1993) atuaram numa pesquisa sobre casos específicos de meso-
escala, desta vez no mar de Weddell, utilizando, para tanto, imagens de satélites e dados
de superfície da estação inglesa Halley, localizada na região Leste do mar de Weddell,
no platô gelado de Brunt. Foram os primeiros a relatar as dificuldades encontradas no
trabalho com as imagens de satélite, quanto às bandas semi-transparentes de
nebulosidade baixa ou formação de Cirrus em altitude. As sondagens do perfil de
temperatura, obtidas pelos instrumentos e mesmo as observações feitas pelo canal na
banda do visível, dificultavam a localização dos sistemas com precisão. Identificaram,
com mapeamento, o desenvolvimento de um vórtice ciclônico em terra, sobre a região
do platô gelado de Brunt, e o classificaram como um forte sistema baroclínico. Na
região estudada, o ar quente, transportado para a direção do pólo, encontra-se com o ar
frio descendente do platô Antártico. O sistema se intensifica quando esse ar frio
continental se associa com uma onda curta em nível mais elevado. Turner, neste
26
trabalho, faz uma citação importante a relatar nestas referências: “(...) os trabalhos são
de considerável interesse para os meteorologistas da área operacional, devido ao
impacto das condições severas do tempo nas operações marítimas polares (...)”. Em uma
comparação entre os vórtices de ambos os hemisférios, verificou-se que os da região
antártica, e próximos à área costeira, possuem um fator de forçante muito mais
baroclínica.
Outro trabalho elaborado por Bromwich et al. (1994) foi a realização de uma
estatística climatológica dos aspectos de meso-escala dos ciclones. Primeiramente foi
pesquisada a região do mar de Ross, de forma semelhante ao realizado no trabalho de
Carleton e, depois, na área das proximidades da península Antártica. O estudo
estatístico de ciclogênese de meso-escala, com dados do ano de 1988, ocorreu próximo
à baía de Terra Nova e da geleira Byrd. Ele foi conduzido com imagens de satélite de
alta resolução e dados das AWS’s que estavam espalhadas pela região do mar de Ross e
por suas superfícies congeladas. Os resultados indicaram que, em média, durante o
verão, formaram-se dois ciclones de meso-escala, por semana, próximos à baía de Terra
Nova, enquanto que, durante o inverno, formou-se apenas um próximo à geleira Byrd.
Esse trabalho identificou estas duas áreas como regiões de ciclogêneses de meso-escala.
Nesta pesquisa, foi ampliada a área de vigilância dos ciclones para todo o mar de Ross e
suas planícies congeladas. Os resultados sugeriram que a parte Sul das terras de Mary
Byrd pode ser considerada outra área de formação ciclônica de meso-escala. Entretanto,
a atividade ciclônica de meso-escala mais freqüente foi notada sobre o mar de Ross e
nas planícies congeladas ao seu redor, onde foram observadas, em média, seis e três
vórtices de meso-escala, por semana, no verão e inverno respectivamente. O número de
ocorrências também tem o máximo definido no verão e o mínimo no inverno. As
formações típicas foram de nebulosidade estilo “vírgula invertida”. O surgimento destes
mesociclones, neste trabalho, foi também associado à redução do geopotencial em
500hPa pelos ventos catabáticos frios, provenientes do interior do continente, que
desceram pelas escarpas das montanhas Transantárticas. Um fator importante,
encontrado por Bromwich et al. (1994) foi a correlação positiva entre a advecção
quente, causada pelo decaimento de ciclones sinópticos próximos às terras de Mary
Byrd, e os ventos catabáticos intensos e frios, provenientes do Leste da Antártida, os
quais se dirigem para o Sudoeste do mar de Ross. Nestes casos, maior será a formação
dos mesociclones sobre a zona baroclínica criada na camada limite.
27
Posteriormente, Carrasco e Bromwich et al. (1997) fizeram trabalhos
semelhantes para a área da península Antártica. Mapearam regiões de possíveis
ciclogêneses de meso-escala durante o inverno. Considerando-se os diversos trabalhos
realizados, percebeu-se que a maioria deles foram realizados para o mar de Ross e o mar
de Weddell, mas poucos para a região da península Antártica, onde há uma grande
diferença de forçantes topográficas. O mar de Ross e o mar de Weddell são regiões de
reentrância do litoral, enquanto que a península Antártica é uma extensa saliência
(avança para dentro do oceano) além de apresentar uma barreira de montanhas de
grande altitude próximas ao mar, conhecidas como os Antartandes e que podem atingir
4.000 metros de altitude. Estas características morfológicas certamente influenciam o
escoamento atmosférico de maneiras distintas. Deve-se lembrar que a troposfera, nas
regiões polares, é muito mais baixa, atingindo cerca de 8.000 metros de altitude. As
barreiras orográficas fazem grande diferença na Antártida, pois representam obstáculos
com, as vezes, mais de 50% de toda a troposfera livre para a atuação dos fenômenos
dinâmicos.
28
– FROST, realizado em 1994/1995. Esse programa foi organizado por um grupo do
Comitê Científico de Pesquisa de Física e Química da Atmosfera Antártica, com auxílio
de diversas instituições alemãs, australianas, estadunidenses e inglesas. FROST foi
criado para assegurar a qualidade numérica das análises e prognósticos de tempo e suas
modificações sazonais sobre o continente antártico e plataformas dos mares congelados.
Durante o período do programa FROST, avaliou-se a qualidade das análises, tanto em
superfície, quanto em níveis mais elevados da atmosfera. Os dados observados foram
introduzidos nos modelos globais de prognósticos de tempo, em operação no Escritório
de Meteorologia do Reino Unido (United Kingdom Meteorological Office – UKMO) ou
no sistema utilizado pelo Birô Australiano de Assimilação e Previsão Meteorológica
Global (Australian Bureau of Meteorology’s Global Assimilation and Prediction –
GASP) para análises diagnósticas em pontos de grade. O plano estipulado foi a
produção de análises revisadas sob o ponto de vista de dados de superfície,
radiossondagens e imagens de satélite. Diferentes processos foram adotados para a
elaboração de reanálises sobre o oceano Circumpolar Antártico, Antártida Leste e
Antártida Oeste.
29
Os resultados revelaram que geralmente os grandes ciclones percorrem as posições
climatológicas de longo período, reconstituída pelo esquema. Os autores observaram
que muitos sistemas são gerados na parte Oeste da Antártida, sobre o oceano, e migram
para Leste, às vezes para o Sul, em direção à parte costeira do continente antártico. Nos
três períodos dos SOP’s, encontrou-se concentrações de trilhas de baixa pressão
atmosférica ao Norte do continente Antártico, próximos à região Sul do oceano Índico.
Ao mesmo tempo foram encontradas algumas diferenças marcantes entre a Climatologia
e o observado em regiões específicas. Anomalias positivas de pressão de até 10hPa
foram encontradas no oceano Pacífico e no Sul da Austrália. Aparentemente, estruturas
anômalas de ciclones nestas áreas geraram anomalias na Pressão ao Nível Médio do
Mar – PNMM. Os resultados obtidos com essa análise de alta qualidade, durante os
SOP’s, confirmaram que a costa da Antártida é uma região com grande atividade
ciclogenética. A identificação de alta freqüência de ciclogênese costeira pareceu diferir
dos estudos anteriores. Nestes últimos, sugeriu-se que a maior atividade ciclogenética,
durante o inverno, ocorria com maior intensidade somente no cinturão latitudinal entre
40ºS e 50ºS. Entretanto, os resultados encontrados no FROST, que foi o estudo mais
elaborado recentemente, confirmaram a hipótese ciclogenética na região costeira da
Antártida, mostrado por Hutchinson et al. (1999), já que o programa utilizou imagens
de alta resolução e modelagem em quatro camadas na análise de dados (superfície, 700,
500 e 250hPa).
30
em superfície. No interior do continente foram geradas por erros topográficos e na
região costeira, por efeito adicional dos ventos frios catabáticos. Sobre o continente
Antártico, diversos ajustes precisaram ser feitos nos primeiros dias de integração
numérica para um prognóstico de médio prazo de temperatura, altura do geopotencial e
cobertura de nuvens.
31
uma onda baroclínica curta. A validação feita com as saídas simuladas do vapor d’água,
integrado na coluna atmosférica, mostraram boa aproximação da estimativa da
velocidade do vento próximo à superfície.
32
Portanto, este trabalho veio complementar as lacunas onde os métodos
computacionais objetivos não conseguem cobrir, ou seja, a verificação de todas as
ocorrências de sistemas sinópticos e sub-sinópticos ciclônicos, dentro de períodos
distintos. A metodologia empregada, utilizou a observação direta das imagens de
satélite, ou seja, o que era real e podia ser observado, e não campos numéricos de saídas
de modelos que possuem dificuldades operacionais, inclusive, em avaliar o que é real,
além de fatores como intensidade, tamanho e tempo de duração de cada sistema.
33
DADOS É MÉTODOS
6. DADOS E MÉTODOS
6.1 Dados:
35
infravermelho (esquerda). Todas as imagens se encontram em posse do Laboratório de
Climatologia e Biogeografia – LCB.
O estudo começou no verão de 2001, ano este que marca o início do banco de
dados de imagens sub-antárticas geradas pelo CPTEC. Foram cinco anos de análises,
período que justifica o mínimo para a elaboração de uma climatologia dinâmica.
Embora as imagens sejam geradas continuamente, durante todo o ano, dentro dos
horários sinópticos (00, 03, 06, 09, 12, 15, 18 e 21UTC ou Z, em referência ao
meridiano Zulu, Greenwich) as análises deste trabalho foram sazonais, cobrindo os
períodos de verão (dezembro, janeiro e fevereiro) e inverno (junho, julho e agosto). Os
meses que demarcaram esses períodos são meramente referenciais e aceitos
mundialmente, na literatura científica, como representantes destas estações. Além disto,
foi mais prático a adoção deste padrão, em intervalos mensais, para as comparações
estatísticas que foram realizadas. A escolha de períodos distintos de verão e inverno
para análise, refletiu a idéia de comparar a dinâmica destes dois períodos e seus
contrastes, além de tentar verificar se procedem os efeitos relatados na literatura em
geral, sobre a atuação dos ciclones extratropicais na “Trilha das Depressões”.
6.2 Métodos:
36
erros pertinentes de discussão, os quais poderiam ser levantados para a execução desta
pesquisa.
Os mais novos satélites da série GOES estão equipados tanto com instrumentos
imageadores como também sondadores. Os imageadores do GOES são instrumentos
multicanais, capazes de medir as radiações eletromagnéticas no visível e infravermelho.
Atualmente, são 19 canais, com pixels nas resoluções de 0,5 x 1km no visível, 2 x 4km
no infravermelho termal e 2 x 8km no vapor d’água. Há uma grande resposta espectral
que, aliada a um baixo nível de ruído, maior resolução espacial, reduzido intervalo
temporal e boa distribuição radiométrica, fazem deste satélite, um dos melhores para a
observação de fenômenos meteorológicos diversos (FERREIRA, 2006).
37
afetou a pesquisa, pois a mesma não se importou com valores de pixel, ou suas
respectivas temperaturas, dentro de uma escala linear.
38
facilidade. As técnicas de processamento que compatibilizam a imagem de satélite com
uma projeção cartográfica são executadas pela equipe do DSA – INPE e melhoram
significativamente a posição dos sistemas, mesmo que a distorção esteja sempre
presente na imagem. Além destes, são aplicados processos de realce para que se
melhorem os contornos dos sistemas meteorológicos e de nuvens em complexos abertos
ou fechados (ZANUTO, 1998).
Uma vez abordado e discutido todos os problemas referentes aos satélites que
seriam utilizados, passou-se a formar os bancos de imagens sazonais. Estes, foram
colecionados, classificados, depurados de erros e devidamente divididos em visível
(VIS), infravermelho (IR), vapor d’água (WV) e composição colorida (CC) para se
iniciar os processos classificatórios da MET-1. Foram observadas, uma a uma, todas as
imagens no canal infravermelho e quando um sistema sinóptico foi identificado (ou
avistado) como um ciclone extratropical, dentro da área de estudo, imediatamente se
aplicou a técnica de classificação desenvolvida por Streten e Troup (1973). Todas as
fases de desenvolvimento do sistema identificado foram avaliadas, de acordo com as
categorias de vórtices de nuvens (W, A, B, C, D). Cada ciclone foi catalogado através
de um número. Este identificador batizou o sistema como um nome. O número
identificador começou a registrar os sistemas no primeiro dia de um período de
observação e terminou no último dia. Para cada período de observação (um verão, por
exemplo) a numeração recomeçou.
Além disto, durante a sua trajetória, com o passar das horas, ele recebeu uma
posição cardeal/colateral de rastreio em relação à estação Comandante Ferraz (que
ocupa a posição central da área de estudo). A classificação foi categorizada por tamanho
dos ciclones e fases evolutivas dentro da área de controle. Entende-se por tamanho, a
distância entre a base contrária do centro de baixa pressão, até o final do vórtice de
nebulosidade, durante a fase madura (C) exemplificado na Figura 6.2.1.3. Quando esta
não ocorrer, foi utilizada a fase de maior desenvoltura, mesmo quando em fase de
decaimento (Dx/Dy). Com isto, ciclones foram considerados sinópticos (grandes)
quando seu tamanho foi maior que 10º de latitude, o que corresponde a
aproximadamente 1.000km. O estado de maturação foi quem definiu o tamanho dos
sistemas, dentro desta estimativa aproximada. Os ciclones identificados abaixo desta
39
medida foram considerados mesos (HOLTON, 1979). É importante lembrar que os
mesociclones só foram catalogados sob rígidas regras:
1 – Pelo menos duas fases evolutivas foram avistadas nas imagens em seis horas; e
2 – Uma das fases evolutivas, obrigatoriamente foi a fase madura (C), salvo exceções
em que se observou nitidamente a existência de mesociclone (mas não de miniciclone).
Também é necessário relatar que a área de controle recebeu ciclones nas mais
diversas fases evolutivas ao mesmo tempo. Portanto, foram divididos cinco casos
possíveis de catalogação:
40
de Conti (1975) que avaliou diversos dados de estações da região do Vale do Paraíba,
Litoral Norte e Serra da Mantiqueira, correlacionando os sistemas frontais de escala
sinóptica com a intensidade e localidade das chuvas. A pesquisa visou determinar
efeitos orográficos na gênese da chuva, algo que poderá ser interessante na
determinação da influência dos Antartandes na ação dos ciclones extratropicais. Tais
trabalhos de análise rítmica de pluviosidade também foram realizados intensamente por
Monteiro (1973) na realização do Atlas Climatológico e Gallo (1988) no que tange à
Oceanografia, com determinação da ação das correntes na costa Leste da América do
Sul, principalmente a brasileira, através de lançamento de cilindros flutuantes
identificados, chamados de Corpos de Deriva.
Ainda sobre a discussão da MET-1, haveria uma hipótese que poderia ser feita
nesta pesquisa e digna de ser firmada: será que um sistema conseguiria entrar na área de
controle pelo setor Oeste, percorrer todo o trajeto, sair pelo setor Leste, dar a volta na
Antártida, seguir pela “Trilha das Depressões” e surgir novamente na área de controle
por Oeste, recebendo uma nova catalogação? Para responder a esta pergunta, um teste
de validade foi executado com uma montagem de imagens de satélite que cobrem três
quartos do planisfério. Este mosaico utiliza imagens dos satélites GOES e METEOSAT
(Fig.6.2.1.6) e permitiu que se verificasse esta situação. Durante um período de
avaliação de dois meses, nenhum caso foi registrado que tornasse a afirmação
41
verdadeira. Observou-se os casos de grandes ciclones que praticamente ocuparam quase
toda a área de controle e, mesmo estes, não foram possíveis candidatos à
circunavegação antártica. Estes sistemas conseguiram, no máximo, perpetuar sua
baroclinia para além dos mares sul-africanos, sobre a Corrente Circumpolar Antártica e
serem fomento para a geração de outros sistemas. Mesmo estes novos sistemas não se
aproximaram sequer da área de controle por Oeste, permanecendo ao Sul da Austrália
(Fig.6.2.1.7). Outro mosaico de imagens de satélites de órbita polar (Fig.6.2.1.8)
exemplifica bem o cinturão ciclônico da “Trilha das Depressões”. Um maior cuidado foi
tomado para caso um sistema passasse por um dos cantos limítrofes da área de controle,
saísse e reentrasse. Isto poderia gerar a falsa impressão de que um sistema abandonou a
área e outro sistema chegou para decair, por exemplo. Apenas um caso foi identificado e
devidamente registrado para não ser duplamente contabilizado.
42
A AWS de Ferraz se encontra em um sítio com cerca de 18,3 metros de altitude,
ao lado da Torre dos Ingleses (denominação da torre metálica que comporta os
instrumentos meteorológicos de vento, em alusão à antiga Estação G britânica). Os
instrumentos de medida ficam protegidos das intempéries diretas por abrigo
meteorológico característico. O sítio é composto por terreno rochoso, de origem
vulcânica (como todo o arquipélago das Shetlands do Sul). Durante o inverno e o início
do mês de dezembro, no verão, o sítio permanece com cobertura de neve que, com o
passar dos dias, endurece em uma das formas de cristal de gelo (Figs.6.2.2.1A e B).
43
e utilizado, por exemplo, na Estação Meteorológica do IAG – Água Funda, que no ano
de 2007 fez 75 anos de funcionamento, segue abaixo.
x
Onde: P é a pressão atmosférica do local (medido) em milibares [mb] ou hectopascais
[hPa]. Uma vez executado o cálculo, obtêm-se o valor da Função f(P). Este valor será
utilizado na equação y para a obtenção da pressão parcial de vapor. O processo é
exponencial/logarítmico, porque representa o comportamento da função Pressão
Atmosférica:
y
Onde: T é a temperatura do ar (medido) [ºC]. Obtida a pressão parcial do vapor d’água,
aplica-se a equação z que, através de uma fórmula de regra de três simples e,
utilizando-se o valor da umidade relativa medida, obtêm-se a pressão parcial do ar seco:
z
Onde: UR é a umidade relativa (medido) [%]. Uma vez estabelecido os valores parciais,
aplica-se a equação { para resultar a temperatura do ponto de orvalho To:
44
No caso destas equações, a temperatura do termômetro de bulbo úmido não foi
utilizada. Praticamente todas foram rescritas e adaptadas matematicamente, pelo autor,
para o propósito desta pesquisa.
45
anteriormente, portanto, aparentam estar em uma tabela, cujas linhas divisórias não
existem. São apenas linha de texto contínuo, com o caracter de controle <ENTER>
(código 13 do American Standard Code for Information Interchange – ASCII) inserido,
ao final da hora cheia, para executar a quebra de linha. O arquivo é fechado após o
registro e reaberto na próxima hora no modo APPEND, ou seja, modo de “acréscimo de
informação”. Uma vez registrados os dados in situ de todo o mês, o arquivo é encerrado.
Estas são as informações que compõem um arquivo com extensão .DAT (ponto DAT,
em alusão ao inglês data, ou dados). Com este formato, a informação não tem como ser
utilizada. É preciso manipular os dados em forma de texto, para que as informações se
tornem úteis para processamento matemático. Para isto, abriu-se o arquivo de dados do
mês e se removeu os espaços em branco entre as informações, concatenando todos os
dados, separando-os por “ponto-e-vírgulas” ou por apenas “vírgulas”. A posição segue
rigorosamente a ordem, anteriormente pré-estabelecida, de o que cada valor registrado
representa. O mesmo foi aplicado ao cabeçalho do arquivo, onde estão os nomes das
futuras colunas de dados de parâmetros meteorológicos. Após este processo, foi gerado
um arquivo com extensão .CSV (ponto CSV, em alusão à Comma Separating Values,
ou Vírgulas Separando Valores). A partir deste ponto, um novo processamento para
formatação foi executado. Para tanto, fez-se necessário o uso de algum software
utilitário de planilhas eletrônicas como o exemplo do Excel® ou Open Office®. Neste
processo, removeu-se os separadores dos dados de cada cordão de caracteres (os
“ponto-e-vírgulas” descritos acima) e, um a um, os valores foram alocados para uma
célula da planilha. Neste momento, extinguiu-se os cordões de caracteres e se criaram as
células de dados. O procedimento foi realizado automaticamente pelo software, restando
ao usuário, apenas a certificação de que nenhuma informação foi alocada, erroneamente,
nas colunas. Para finalizar, como os dados numéricos decimais seguem o padrão
estadunidense de registro, foi preciso substituir os valores decimais, registrados pelo
caracter “ponto decimal”, pelo caracter “vírgula”. Desta maneira, os softwares de
planilhas eletrônicas, em versão nacional, reconheceram os valores decimais. O
procedimento foi simplificado quando se utilizou a seqüência de comando “Editar
Substituir”. Deve-se escolher para o campo “Localizar”, o caracter “ponto” e para o
campo “Substituir por”, o caracter “vírgula”. Após este procedimento, gerou-se o
arquivo .XLS (ponto XLS, relativo ao formato Excel®) que já possui os dados prontos
para processo matemático.
46
Ao término de todas as manipulações de texto para a conversão matemática,
iniciou-se a busca pelos erros de registros e valores incoerentes. Neste procedimento,
corrigiu-se informações de velocidade de ventos abaixo de zero (com valores de um
décimo negativo, resultantes da discriminação de valores em bytes, quando ocorre a
interpolação de velocidades, algo comum de ocorrer quando uma estação AWS
interroga um instrumento). Para os casos de registros com valores exorbitantes,
recorreu-se aos dados manuais feitos em Ferraz ou se verificou se houve alguma
incompatibilidade no processo de conversão do arquivo de dados original (.DAT) para o
arquivo de cordão de caracteres (.CVS).
47
variável vetorial (possui um valor escalar – simplesmente quantitativo, e um valor
direcional, com azimute, que o caracteriza como vetor).
48
descrito anteriormente. Um dia calmo, representado neste trabalho, foi aquele em que o
número de horas cheias, registradas com calmaria (ou quadrante zero) superou qualquer
quadrante predominante de vento. Contudo, foi possível ter dias calmos em que a
velocidade média predominante foi maior que 0,3m.s-1. Um exemplo seria um dia com
15 registros de horas de vento zero, mas em cujas outras nove horas, os registros de
vento médio alcançaram apenas 1,5m.s-1 (valor este que pode ser empregado como
indicativo de calmaria, quando for representante do vento médio diário). Neste exemplo,
o vento médio diário seria de aproximadamente 0,6m.s-1. Embora seja considerado um
dia calmo, pela quantidade de horas calmas, ou moda zero de direção, deve-se chamar a
atenção para o fato de que a sua velocidade média diária, alcançou a faixa de ventos de
0,4 a 1,5m.s-1, correspondente a Força 1 pela escala Beaufort1 (viração ou “baba” de
vento). Um dia calmo, em toda a sua plenitude, teve muitas horas de calmaria e
cômputo de vento médio diário, com valor igual ou inferior à 0,3m.s-1. De qualquer
modo, este trabalho registrou como dias calmos, ambas as situações, tanto de calmaria
plena, como predominância de horas calmas, com valores pouco significativos de
velocidade média diária de até 1,5m.s-1.
50
obtido por uma equação empírica que processa os valores de temperatura do ar e da
velocidade média dos ventos. Os estudos da influência da velocidade do vento,
combinadas com o valor da temperatura, começaram na Antártida na década de 1930,
precisamente na estação Litlle America durante a 2ª Expedição Byrd (1939-1940) com o
cientista americano Paul Siple que, através de recipientes cilíndricos plásticos cheios de
água em temperaturas diversas, expostos às diferentes temperaturas do ar e velocidades
do vento, conseguiu estimar qual era a quantidade de calorias que eram dissipadas pelos
elementos meteorológicos, marcando o tempo em que a água demorava para congelar.
A partir daí, conseguiu-se estabelecer uma equação que relacionava a perda de calorias
do corpo humano, com a pele seca, em relação a estes dois elementos: temperatura do ar
e velocidade do vento. Mais tarde, uma segunda equação matemática foi sugerida por
Falconer (1968) e Dare (1981) que, derivando a equação de Siple (1945)2 encontraram a
relação entre a temperatura ambiente, a velocidade do vento e a temperatura da pele
seca do ser humano. Com estes fatores, determinou-se uma nova temperatura. Esta
temperatura é denominada de "sensação térmica" e tecnicamente chamada de
Temperatura Equivalente de Windchill (Tw). Esta "nova" temperatura representa a
temperatura que um ser humano estaria sentindo, nas condições estipuladas pela
velocidade do vento e temperatura do ar. A equação original de Siple foi rescrita por
Felicio (1997) apenas como ajuste matemático, facilitando os cálculos computacionais.
Denominou-se de Método Clássico, quando a obtenção do valor da sensação térmica
utilizou o cálculo de Siple. Esta equação apresenta a seguinte forma:
Onde: v é a velocidade média, ou instantânea do vento (medido) em metros por segundo
[m.s-1] e T é a temperatura do ar (medido) em graus Celsius [ºC]. O resultado é expresso
em Tw que representa a temperatura equivalente de windchill clássica, em graus Celsius
[ºC]:
2
Siple (1945); Falconer (1968) e Dare (1981) foram referências dadas apenas a título de orientação, pois
o conteúdo específico destes trabalhos visaram sensação e conforto térmico, além de estudos de
Biometeorologia, com ênfase em Antártida, mas que não pertencem diretamente ao escopo desta pesquisa
sobre atividade ciclônica (FELICIO, 1997).
51
agosto de 2001, o MSC elaborou um plano para a implementação e substituição do
método clássico, para a obtenção da sensação térmica, desenvolvida por Siple. O novo
índice, criado no inverno de 2001/2002, reuniu esforços científicos de um grupo
especial, coordenado pelo Escritório do Coordenador Federal para Serviços
Meteorológicos e Apoio à Pesquisa (Office of the Federal Coordinator for
Meteorological Services and Supporting Research – OFCM). A equipe foi constituída
por pessoal técnico do próprio MSC, de membros da comunidade de pesquisa
acadêmica das universidades de Indiana, Purdue, Delaware e Missouri, além de
membros da Sociedade Internacional de Biometeorologia. Este grupo avaliou a
possibilidade da existência de uma nova fórmula, na obtenção da sensação térmica,
aplicando as mudanças necessárias na fórmula antiga.
Em 2002, ajustes pela ação do Sol, ou seja, a incidência de radiação solar para
uma variedade de condições de céu e cobertura de nuvens (ensolarado, parcialmente
ensolarado, esparso, nublado e encoberto) foram adicionadas para o cálculo do modelo.
52
Embora a equação tenha sido desenvolvida para valores de velocidade do vento,
em milhas por hora [mph] e temperatura do ar, em graus Fahrenheit [ºF] cuja
temperatura equivalente de windchill também resulta nesta grandeza, este autor
rescreveu a nova fórmula, nas unidades usuais e padrão, com velocidade do vento em
metros por segundo [m.s-1] e temperatura do ar e de windchill em graus Celsius [ºC].
Desta maneira, familiarizou-se o seu emprego, nesta pesquisa, e se tornou prática para a
utilização nas atividades brasileiras, A equação resultante se apresentou na seguinte
forma:
Onde: v é a velocidade média, ou instantânea do vento (medido) em metros por segundo
[m.s-1] e T é a temperatura do ar (medido) em graus Celsius [ºC]. O resultado é expresso
em Tw que representa a temperatura equivalente de windchill nova, em graus Celsius
[ºC]:
53
causados pela determinação de altos valores de umidade relativa, por quadriláteros
verdes (Código Nevoeiro – Mist). A localização de pontos geográficos, ou a citação de
um ciclone qualquer, foram indicados por setas verdes.
54
Tabela 6.2.1.1: Exemplo da Tabela de Varredura Visual das Imagens de Satélite
Dezembro de 2005
Posição Relativa à EACF
55
RESULTADOS
7. RESULTADOS
57
registro de sistema, indicou que o mesmo abandonou a área de controle; e, finalmente, o
símbolo “menos-menos (--)” indicou que o sistema decaiu por completo ou deixou de
existir. Chama-se a atenção para as casas relativas aos dias de ocorrência de sistemas.
Estas, são livres, podendo receber mais de um ciclone por dia, como de fato ocorre na
Natureza antártica. A adoção destas técnicas, nas tabelas do catálogo, visou facilitar a
criação futura de outros algoritmos computacionais, já que os softwares envolvidos na
sua criação, como o Excel®, permitem programação em Visual BASIC® em suas bases,
ou adoção de funções próprias.
58
Tabela 7.1.11: Índice Remissivo do Catálogo Climatológico de Ciclones 2001-2006.
Dentro da categoria dos ciclones que tiveram seu ciclo completo dentro da área
de interesse, entendeu-se que os mesmos deveriam ter a fase inicial, A ou W e a sua fase
de decaimento, seja Dx ou Dy totalmente dentro da região coberta pelo estudo. Foi uma
59
das categorias em que mais se registraram casos, em todos os períodos estudados,
destacando-se muito mais no inverno.
A categoria de ciclones que vieram para dissipar na área, ou seja, tiveram sua
fase de decaimento totalmente dentro da região do estudo, compreendeu os casos em
que os ciclones entraram na área já nas fases de decaimento Dx ou Dy somente.
Também estão incluídos os casos dos ciclones que entraram na fase de amadurecimento
C, seguidas de decaimento por Dx ou Dy, e finalmente, os casos de ciclones de fase B,
seguidas de amadurecimento da fase C e decaídas em fases Dx ou Dy, ou seja, a fase A
inicial, não poderia fazer parte do cômputo desta divisão. Foi uma categoria que
chamou a atenção por se destacar em segundo lugar nas categorias em estudo. Este
destaque foi bem mais acentuado quando se tratou de ciclones grandes.
60
sucessivos casos semelhantes como ciclones que entraram na área de interesse na fase B
e a abandonaram na fase C ou nas fases Dx e Dy e os casos em que os sistemas
entraram na área na fase C e a abandonaram nas fases Dx ou Dy também foram
computados nesta divisão. Como este trabalho envolveu uma ampla área de observação,
desde a região da península Antártica e áreas adjacentes, seriam virtualmente
impossíveis cômputos de pequenos ciclones nesta divisão. Mesmo para os mesos e
sinópticos, a contagem foi escassa de casos que podiam satisfazer as condições desta
divisão. Contudo, a presença desta categoria se fez necessária para não permitir
omissões de casos.
Tabela 7.1.12: Critérios Adotados para a Divisão dos Ciclones Ocorridos Dentro da Área
de Interesse.
CONDIÇÕES POR FASE
DIVISÃO
Entra Nasce Decai Sai
Ciclones com ciclo completo - A/W Dx/Dy -
A/W A
Ciclones que nasceram na área mas a abandonaram - A/W - B
A/W C
B Dx/Dy
Ciclones que decaíram na área C - Dx/Dy -
Dx/Dy Dx/Dy
A A
A B
A C
A Dx/Dy
B B
Ciclones que atravessaram a área em alguma fase B - - C
B Dx/Dy
C C
C Dx/Dy
Dx/Dy Dx/Dy
A/W A*
Ciclones que não se desenvolveram A/W B*
(* fase de desaparecimento ou absorção)
61
Além das classes descritas, os sistemas foram divididos por tamanhos, sendo
esta contabilidade repartida em grandes e pequenos. A análise também foi realizada por
sazonalidade que incluiu os cinco verões e invernos e os meses pertencentes a eles.
Desta maneira, o trabalho analítico, após encerrada a varredura das imagens e
catalogação dos ciclones, pormenorizou todos os detalhes possíveis de conexões de
dados. A seguir, as informações destas divisões foram relacionadas. O cruzamento dos
dados seguiu um padrão lógico em forma de triângulo (Fig.7.1.1). Isto permitiu formar
as sínteses de dados que auxiliaram nos estudos e descrições de todos os processos
verificados.
62
O valor numérico de cada dia se referiu aos ciclones que operaram
simultaneamente na área de controle. Porém, não houve necessariamente, relação entre
os sistemas. Isto significa que valores de dias vizinhos podem ter muita ou pouca
relação entre si. Diversos exemplos deste fato ocorreram durante a pesquisa: um grande
ciclone podia permanecer por três dias dentro da área de controle, enquanto que
mesociclones apenas por algumas horas ou um dia (Fig.7.1.2). Os gráficos gerados com
estas informações foram formatados em linhas com vértices. Não se adotou a forma
ondulada exatamente para se diferenciar este fato. Os Pulsos Ciclônicos tiveram por
objetivo apenas quantificar as ocorrências dos sistemas dentro da área de controle, não
se importando com as suas formas de atuação. Além disto, serviram para relatar os
períodos de maior atividade, médias diárias sazonais (verões e invernos) e mensais.
Notou-se que a flutuação foi mínima, porém mais intensa no mês intermediário
de cada estação, segundo a climatologia destes cinco anos estudados. Contudo, um dos
aspectos que chamou a atenção foi a diferença entre inverno e verão. Ao se realizar esta
operação, obteve-se 1,5 ciclones por dia a mais para os invernos. Quando se multiplicou
este valor por 90 dias, que é o tempo de uma estação sazonal, obteve-se 135 ciclones a
mais para o inverno. Esta seria a média teórica dentro deste estudo.
63
A atividade ciclônica dos cinco verões estudados mostrou que, em cada ano, o
comportamento foi distinto (Fig.7.1.3). Percebeu-se que nos verões de 2001-2002 e
2003-2004, os pulsos de ciclones estiveram abaixo da média geral de 5,1 ciclones por
dia, enquanto que os verões de 2002-2003 e 2005-2006, a distribuição de sistemas teve
um comportamento superior à este valor. Apenas o verão de 2004-2005 apresentou uma
declinação nos pulsos. Este verão iniciou com leve superioridade à média, mas, em
meados do período, mostrou tendência para baixo desta. Aplicou-se uma linha de
tendência polinomial de sexta ordem (linha preta) sobre os dados de médias diárias
(linha amarela com círculos vermelhos, configuração formalizada para todos os
gráficos). Notou-se que a equação da reta não conseguiu exprimir uma aproximação
razoável, pois sua representação conseguiu um índice muito baixo, de apenas 21,97%.
Pode-se explicar este fato pelo comportamento da atividade ciclônica na área de estudo.
Ele, em geral, é de alta freqüência e por isto, dificultou qualquer aproximação de retas
de tendência. Outras aproximações foram empregadas, com resultados ainda piores.
3
Derivabilidade de um ponto, em uma função, pode ser entendido, em linhas gerais, como o local da
função onde se pode aplicar uma operação de variação delta, onde:
∆ = (número final do intervalo) – (número inicial do intervalo)
mas que o intervalo desta operação seja tão pequeno que, no limite desta proximidade, ele atinja um valor
zero.
64
na sua reta ascensional, a tendência logarítmica se aproximou, com 88,24% de precisão.
A tendência linear (ou polinomial de primeira ordem) alcançou 99,58%, e as
polinomiais de segunda e sexta ordens atingiram 99,61 e 99,68% respectivamente.
65
dias com marcas de oito ou mais ciclones. Fevereiro do período de 2004-2005 indicou o
final da tendência de baixa deste verão. Os verões de baixa atividade de 2001-2002 e
2003-2004 permaneceram desta maneira em fevereiro. Registrou-se apenas um dia de
fevereiro, em 2001-2002, com atividade acima das médias do verão e do mês.
Tabela 7.1.14: Valores Médios de Ciclones por Dia, Grandes e Pequenos, nos Verões e
seus Respectivos Meses, com a Taxa Relacional entre os Sistemas.
66
Notou-se que a relação de ocorrências de ciclones grandes ficou maior ou muito
próxima de dois para um (2:1) ou seja, se houvesse uma padronização da atuação dos
sistemas, para cada dia teríamos dois ciclones grandes, operando na área de controle,
com apenas um mesociclone, atuando no mesmo dia.
67
Finalizando o verão, os meses de fevereiro (Fig.7.1.11A até E) mostraram
tendências um pouco diferentes dos outros meses. Fevereiro do período de 2001-2002
apresentou baixa, como nos outros meses, porém com maior declínio dos sistemas
grandes. O outro período de baixa (2003-2004) manteve o mesmo padrão em fevereiro,
mas com cerca de um terço do mês, sem nenhuma atividade de mesociclones. Durante
estas ausências, os ciclones grandes tiveram ligeiro aumento de ocorrências. Nos
períodos de alta, fevereiro do verão de 2002-2003 apresentou ocorrências acima das
médias, em quase todos os dias, para ambos os tamanhos de ciclones. Como registrado
anteriormente, este mês de fevereiro, em especial, registrou nove ciclones sinópticos no
dia 21. Contudo, o outro período de alta (2005-2006) não demonstrou uma atividade tão
intensa, como todo o período de verão indicou. Houve três grandes exceções, com pico
de atuações, de grandes e pequenos sistemas, em dias distintos.
Uma vez terminada a análise dos verões, aplicou-se o mesmo estudo para os
cinco períodos de inverno. A média geral de todos os invernos foi de 6,6 ciclones por
dia. Sua atividade ciclônica foi superior à registrada nos verões em uma taxa média de
1,29:1. Uma outra observação de interesse foi a oscilação maior da atividade ciclônica,
em geral, durante esta estação (Fig.7.1.12). A atuação dos ciclones teve um rápido
declínio nos primeiros dias de junho, seguidos de uma estabilização próxima da média
diária de atividade. Ao se aproximar de meados de julho, a atividade intensa retornou.
Alguns invernos alcançaram a impressionante marca de 12 ciclones operando, na área
de controle, simultaneamente. O final do período de inverno registrou, em maior ou
menor grau, um declínio geral da atividade ciclônica, para todos os anos analisados. Do
mesmo modo que no estudo dos verões, aplicou-se uma linha de tendência polinomial
de sexta ordem (linha preta) sobre os dados de médias diárias (linha amarela com
círculos vermelhos). Observou-se que a equação da reta também não conseguiu
exprimir uma aproximação razoável, mas esta, foi melhor que a processada nos verões.
O índice, embora baixo, com apenas 35,0% de precisão, devido à alta freqüência dos
sistemas, pôde indicar um fato interessante: o comportamento dos períodos foi
levemente mais parecido, nesta climatologia. Contudo, só um aprofundamento de
estudos de maior período, aliado a outras ferramentas matemáticas, poderão verificar se
isto é um fato cíclico mais permanente. Outras linhas de tendências foram aplicadas,
apenas para efeito comparativo, sendo descartadas por obterem resultados não
aceitáveis.
68
Na avaliação da atividade ciclônica mensal dos invernos, observou-se que os
meses de junho (Fig.7.1.13) obtiveram uma média de 6,5 ciclones por dia, praticamente
a mesma da média geral de 6,6 dos invernos. Todos os meses de junho começaram com
uma declinação da atividade, com oscilações de oito a dez ciclones por dia, até o valor
médio do mês. Houve uma convergência das atividades por volta do dia 12 de todos os
meses, entre cinco a oito ciclones por dia. Contudo, a partir deste dia, junho de 2005
apresentou uma queda abrupta que permaneceu até o final do mês. Junho de 2003
apresentou um pico de atividade no dia 19 e depois, seguiu o comportamento dos
demais meses, levemente abaixo das médias, com algumas poucas exceções.
69
no dia 10. Em seguida, houve uma tendência de queda e com uma baixa atividade até o
término do mês. O dia 26 registrou a menor atividade ciclônica de todo o inverno,
marca esta, equiparada ao dia 15 de junho de 2005: apenas um ciclone na área de
estudo.
70
Tabela 7.1.15: Valores Médios de Ciclones por Dia, Grandes e Pequenos, nos Invernos
e seus Respectivos Meses, com a Taxa Relacional entre os Sistemas.
71
Os meses de julho (Fig.7.1.17A até E) apresentaram-se com destaque da alta
atividade dos ciclones. Como dito anteriormente, o número de ocorrências dos
mesociclones aumentou consideravelmente. Julho de 2002 registrou a supremacia de
sistemas menores, na área de controle, por quase um terço do mês. Caso semelhante
ocorreu em julho de 2006. Os meses de julho de 2003, 2004 e 2005 registraram
inatividade de mesociclones por períodos de mais de um dia, com destaque para 2004
que registrou sete dias sem a ocorrência destes sistemas pequenos. Contudo, durante
essas fases, os sistemas grandes estiveram atuando com atividade acima da média do
mês. Em linhas gerais, excetuadas as inatividades de mesociclones de poucos dias, os
meses de julho registraram muitas ocorrências, com pulsos de ciclones da ordem de
nove sistemas por dia, quando computado apenas um tamanho. Julho de 2004 e 2005 se
destacaram nesta configuração de picos de atividade, inclusive com sobreposição de
ocorrências de ambos os tamanhos.
72
permaneceu alta por cerca de 12 dias consecutivos, sendo este, o período onde os
mesociclones acompanharam a mesma tendência de alta, acima da média, nos meses de
agosto.
Além dos ábacos, para uma melhor organização dos trabalhos seguintes,
dividiu-se as avaliações em três grupos de análise. Cada um destes, possui um
organograma para descrever os procedimentos seguidos nesta pesquisa. O intuito do seu
uso foi cumprir a meta de análise, em forma de triângulo, como descrito anteriormente.
Primeiramente pelos vértices e depois, as interações possíveis. Com isto, todas as
possibilidades foram cobertas. O organograma dos grupos auxiliou em se seguir a linha
de pensamento em cada etapa
73
Tabela 7.1.16: Índice Remissivo das Tabelas de Síntese de Ciclones 2001-2006.
74
Tabela 7.1.17: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2001/2002,
Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 2 9, 77.
A, B 1 160.
A, B, C 3 41, 58, 166.
W, A/B 1 51.
W, A/B, C 1 53.
A 0
A, B 2 29, 67.
A, B, C 1 142.
W, A/B 0
W, A/B, C 0
B, C, Do 1 69.
C, Do 2 11, 25.
Do 0
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Dezembro Janeiro Fevereiro
75
Tabela 7.1.17: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2001/2002,
(Continuação) Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
>A> 0 >A> 0
> A, B > 0 > A, B > 0
> A, B, C > 0 > A, B, C > 0
> A, B, C, Do > 0 > A, B, C, Do > 0
>B> 0 >B> 0
> B, C > 1 96. > B, C > 0
> B, C, Do > 0 > B, C, Do > 0
>C> 0 >C> 0
> C, Do > 0 > C, Do > 0
OBSERVAÇÕES:
CICLONES PEQUENOS Todos os Mesos e Minis Ciclones encontrados visualmente pelas imagens.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Dezembro Janeiro Fevereiro
76
Tabela 7.1.18: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2002/2003,
Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 2 4, 187.
A, B 3 42, 98, 246.
A, B, C 5 9, 10, 33, 41, 177.
W, A/B 0
W, A/B, C 0
A 2 54, 158.
A, B 1 191.
A, B, C 3 25, 225, 230.
W, A/B 0
W, A/B, C 0
B, C, Do 2 28, 45.
C, Do 6 8, 77, 97, 101, 149, 163.
Do 1 84.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Dezembro Janeiro Fevereiro
77
Tabela 7.1.18: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2002/2003,
(Continuação) Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
>A> 0 >A> 0
> A, B > 1 204. > A, B > 0
> A, B, C > 0 > A, B, C > 0
> A, B, C, Do > 0 > A, B, C, Do > 0
>B> 0 >B> 0
> B, C > 0 > B, C > 0
> B, C, Do > 0 > B, C, Do > 0
A 2 120, 213.
A, B 3 5, 102, 123.
W, (A/B) 0
A 1 243.
A, B 11 12, 40, 50, 62, 86, 92, 110, 121, 137, 185, 245.
W, (A/B) 0
OBSERVAÇÕES:
CICLONES PEQUENOS Todos os Mesos e Minis Ciclones encontrados visualmente pelas imagens.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Dezembro Janeiro Fevereiro
78
Tabela 7.1.19: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2003/2004,
Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 0
A, B 1 16.
A, B, C 6 67, 83, 100, 113, 121, 122.
W, A/B 2 71, 107.
W, A/B, C 1 44.
A 0
A, B 0
A, B, C 0
W, A/B 0
W, A/B, C 2 70, 75.
B, C, Do 0
C, Do 1 106.
Do 0
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Dezembro Janeiro Fevereiro
79
Tabela 7.1.19: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2003/2004,
(Continuação) Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
>A> 0 >A> 0
> A, B > 0 > A, B > 0
> A, B, C > 0 > A, B, C > 0
> A, B, C, Do > 1 50. > A, B, C, Do > 0
>B> 0 >B> 0
> B, C > 1 87. > B, C > 0
> B, C, Do > 0 > B, C, Do > 0
>C> 0 >C> 0
> C, Do > 3 39,55,120. > C, Do > 0
A 1 42.
A, B 6 18, 27, 45, 60, 85, 103.
W, (A/B) 1 117.
A 1 73.
A, B 4 31, 48, 59, 77.
W, (A/B) 0
OBSERVAÇÕES:
CICLONES PEQUENOS Todos os Mesos e Minis Ciclones encontrados visualmente pelas imagens.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Dezembro Janeiro Fevereiro
80
Tabela 7.1.20: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2004/2005,
Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 1 108.
A, B 1 140.
A, B, C 13 4, 30, 31, 52, 75, 88, 96, 103, 114, 116, 124, 132, 191.
W, A/B 2 69, 129.
W, A/B, C 3 162, 173, 180.
A
A, B
A, B, C
W, A/B
W, A/B, C 1 78.
B, C, Do 2 171, 175.
C, Do 2 35, 95.
Do 3 39, 146, 185.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Dezembro Janeiro Fevereiro
81
Tabela 7.1.20: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2004/2005,
(Continuação) Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
>A> 0 >A> 0
> A, B > 1 109. > A, B > 0
> A, B, C > 0 > A, B, C > 0
> A, B, C, Do > 0 > A, B, C, Do > 0
>B> 0 >B> 0
> B, C > 0 > B, C > 0
> B, C, Do > 0 > B, C, Do > 0
A 2 86, 159.
A, B 3 143, 150, 183.
W, (A/B) 4 62, 84, 142, 163 (142 e 163 somente W).
OBSERVAÇÕES:
CICLONES PEQUENOS Todos os Mesos e Minis Ciclones encontrados visualmente pelas imagens.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Dezembro Janeiro Fevereiro
82
Tabela 7.1.21: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2005/2006,
Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 2 3, 149.
A, B 4 17, 92, 106, 120.
A, B, C 5 2, 15, 43, 63, 128.
W, A/B 0
W, A/B, C 0
B, C, Do 1 101.
C, Do 23 14, 18, 29, 30, 36, 44, 50, 58, 61, 75, 77, 108, 136, 153, 161, 163, 164,
200, 222, 223, 229, 258, 265.
Do 16 6, 7, 33, 46, 62, 86, 100, 109, 119, 126, 142, 144, 150, 166, 194, 241.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Dezembro Janeiro Fevereiro
83
Tabela 7.1.21: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Verão de 2005/2006,
(Continuação) Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
>B> 0 >B> 0
> B, C > 1 107. > B, C > 0
> B, C, Do > 0 > B, C, Do > 0
A 2 13, 154.
A, B 7 12, 110, 122, 152, 203, 206, 257.
W, (A/B) 0
A 1 70.
A, B 8 27, 34, 42, 81, 90, 94, 121, 175.
W, (A/B) 0
OBSERVAÇÕES:
CICLONES PEQUENOS Todos os Mesos e Minis Ciclones encontrados visualmente pelas imagens.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Dezembro Janeiro Fevereiro
84
Tabela 7.1.22: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2002,
Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 2 8, 46.
A, B 1 278.
A, B, C 9 25, 51, 53, 119, 190, 228, 255, 259, 283.
W, A/B 0
W, A/B, C 0
A 0
A, B 0
A, B, C 8 118, 141, 161, 168, 192, 211, 231, 238.
W, A/B 0
W, A/B, C 0
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Junho Julho Agosto
85
Tabela 7.1.22: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2002,
(Continuação) Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
OBSERVAÇÕES:
CICLONES PEQUENOS Todos os Mesos e Minis Ciclones encontrados visualmente pelas imagens.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Junho Julho Agosto
86
Tabela 7.1.23: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2003,
Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 0
A, B 2 215, 257.
A, B, C 3 74, 111, 230.
W, A/B 0
W, A/B, C 0
B, C, Do 1 109.
C, Do 10 28, 31, 41, 85, 138, 141, 154, 169, 216, 247.
Do 4 200, 201, 214, 218.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Junho Julho Agosto
87
Tabela 7.1.23: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2003,
(Continuação) Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
>A> 0 >A> 0
> A, B > 0 > A, B > 0
> A, B, C > 0 > A, B, C > 0
> A, B, C, Do > 0 > A, B, C, Do > 0
>B> 0 >B> 0
> B, C > 0 > B, C > 0
> B, C, Do > 0 > B, C, Do > 0
A 2 100, 222.
A, B 2 38, 90.
W, (A/B) 0
OBSERVAÇÕES:
CICLONES PEQUENOS Todos os Mesos e Minis Ciclones encontrados visualmente pelas imagens.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Junho Julho Agosto
88
Tabela 7.1.24: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2004,
Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 1 118.
A, B 1 161.
A, B, C 4 143, 146, 185, 224.
W, A/B 0
W, A/B, C 0
B, C, Do 1 256.
C, Do 4 164, 203, 231, 247.
Do 4 122, 147, 195, 235.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Junho Julho Agosto
89
Tabela 7.1.24: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2004,
(Continuação) Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
>A> 0 >A> 0
> A, B > 0 > A, B > 0
> A, B, C > 0 > A, B, C > 0
> A, B, C, Do > 0 > A, B, C, Do > 0
>B> 0 >B> 0
> B, C > 0 > B, C > 0
> B, C, Do > 0 > B, C, Do > 0
A 3 7, 124, 201.
A, B 3 99, 107, 175.
W, (A/B) 1 197.
OBSERVAÇÕES:
CICLONES PEQUENOS Todos os Mesos e Minis Ciclones encontrados visualmente pelas imagens.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Junho Julho Agosto
90
Tabela 7.1.25: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2005,
Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 2 9, 71.
A, B 5 36, 110, 169, 178, 201.
A, B, C 11 12, 42, 45, 57, 94, 171, 177, 186, 206, 211, 227.
W, A/B 1 76.
W, A/B, C 1 226.
A 1 235.
A, B 2 75, 275.
A, B, C 3 27, 50, 151.
W, A/B 1 229.
W, A/B, C 1 155.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Junho Julho Agosto
91
Tabela 7.1.25: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2005,
(Continuação) Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 1 137.
A, B 16 10, 17, 63, 70, 77, 79, 97, 99, 126, 164, 191, 213, 251, 256, 266, 293.
W, (A/B) 3 91, 106, 249.
OBSERVAÇÕES:
CICLONES PEQUENOS Todos os Mesos e Minis Ciclones encontrados visualmente pelas imagens.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Junho Julho Agosto
92
Tabela 7.1.26: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2006,
Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
A 1 65.
A, B 3 234, 250, 268.
A, B, C 13 22, 45, 50, 74, 91, 130, 159, 185, 195, 198, 254, 257, 262.
W, A/B 3 62, 129, 165.
W, A/B, C 0
B, C, Do 1 152.
C, Do 37 1,6,17,25,32,36,37,44,48,52,56,69,78,89,94,122,125,138,156,170,190,
204,216,220,223,226,230,231,232,233,236,240,241,246,248,253,261.
Do 13 9, 16, 28, 57, 58, 71, 79, 87, 107, 123, 134, 162, 206.
B, C, Do 0
C, Do 12 2, 93, 140, 142, 143, 155, 181, 188, 189, 192, 193, 217.
Do 2 68, 212.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Junho Julho Agosto
93
Tabela 7.1.26: Contagem e Separação dos Casos Ocorridos no Inverno de 2006,
(Continuação) Seguindo o Procedimento de Divisão de Fases Evolutivas nas Cercanias
do Estreito de Drake/Península Antártica e Mares Adjacentes.
>A> 0 >A> 0
> A, B > 0 > A, B > 0
> A, B, C > 0 > A, B, C > 0
> A, B, C, Do > 0 > A, B, C, Do > 0
>B> 0 >B> 0
> B, C > 1 187. > B, C > 0
> B, C, Do > 0 > B, C, Do > 0
A 1 239.
A, B 2 24, 251.
W, (A/B) 2 86, 243.
OBSERVAÇÕES:
CICLONES PEQUENOS Todos os Mesos e Minis Ciclones encontrados visualmente pelas imagens.
Legenda de Cores nos Algarismos para a Divisão dos Meses: Junho Julho Agosto
94
A primeira informação geral, de todo o CCC, foi o número de ciclones que
atuaram, dentro dos períodos cobertos por esta pesquisa (Fig.7.1.19). Em um universo
de 2.374 ciclones, 1.012 atuaram nos períodos de verão e 1.362 atuaram nos períodos de
inverno. A Tabela 7.1.27 relata estes totais, os valores relativos ao CCC, bem como a
taxa relacional entre os invernos e os verões.
Tabela 7.1.27: Valores Totais de Ciclones que Atuaram nos Verões e Invernos
Cadastrados no Universo do CCC, suas Freqüências Relativas e a Taxa
Relacional entre os Períodos de Invernos e Verões.
95
dados. Finalizou-se a análise com a integração das três informações. Um organograma
da primeira fase de análise do verão relatou estas etapas (Fig.7.1.21).
Tabela 7.1.28: Valores Totais de Ciclones que Atuaram em cada Período de Verão e
suas Freqüências Relativas.
Ao se realizar a análise destes valores, mas pela óptica da divisão dos tamanhos,
classificados como ciclones sinópticos e mesociclones, as observações foram
interessantes. Os dois períodos de verão, 2002-2003 e 2005-2006 obtiveram um
96
aumento significativo das ocorrências de sistemas menores, sobrepujando os valores de
grandes ciclones. Esta constatação não ocorreu nos outros períodos de verão, onde os
sistemas sinópticos atuaram acima dos mesociclones em uma taxa de dois para um (2:1)
em 2001-2002 e 2004-2005. O mesmo ocorreu em 2003-2004, o ano de mínima
atividade, porém em uma taxa mais elevada: quase três para um (3:1) para os grandes
sistemas (Fig.7.1.23). Procedeu-se da mesma maneira para cada mês pertencente ao
período de verão (Fig.7.1.24A até C). Constatou-se, no verão de 2001-2002, o mesmo
comportamento de maior ocorrência de sistemas sinópticos sobre os mesociclones, que
permaneceu nos três meses do período, com um acentuado aumento desta ação no mês
de janeiro. O verão de 2002-2003, um dos períodos considerados de alta atividade,
apresentou o mesmo comportamento geral, onde os mesociclones ultrapassaram as
ocorrências de sinópticos. Isto só não foi observado no mês de dezembro, onde as
ocorrências praticamente foram as mesmas (33 sinópticos para 30 mesos). O verão de
menor atividade de 2003-2004, registrou o mesmo comportamento de destaque da
atividade dos grandes sistemas sobre os menores. Isto se manteve nos três meses do
período, sendo que janeiro indicou uma atenuação desta diferença, reduzindo a taxa para
quase dois para um (2:1) em favor dos grandes. Contudo, em fevereiro a taxa se elevou
para cerca de quatro para um (4:1) para os sistemas sinópticos. Esta foi a maior taxa
registrada de toda a climatologia deste estudo. No verão de 2004-2005, verificou-se a
repetência do mesmo comportamento do verão 2001-2002, ambos períodos de verão,
considerados similares neste estudo. A diferença entre eles foi a maior taxa de atividade
entre grandes e pequenos. Dezembro e fevereiro indicaram cerca de dois para um (2:1)
enquanto que em janeiro, esta aumentou para quase três para um (3:1). Finalmente, o
verão de 2005-2006, o último de alta atividade, indicou um comportamento semelhante
ao seu par (2002-2003). A diferença foi que o suave registro de maior ocorrência de
grandes sistemas aconteceu em fevereiro, neste verão, enquanto que no outro,
antecipou-se em dezembro. Também igualmente ao seu par, o mês de janeiro, para
ambos, mostrou a mais alta atividade mesociclônica dos verões.
97
ocorreu nos verões de 2001-2002 e 2002-2003. O verão de 2003-2004 registrou
ocorrências quase que idênticas em cada mês (45, 42 e 40 ciclones para dezembro,
janeiro e fevereiro respectivamente). Além de similares, foram estes valores mensais, os
mais baixos registrados em todos os verões. Na seqüência, 2004-2005 e 2005-2006
indicaram uma tendência de queda, sendo que este último, registrou 99 ciclones em
dezembro e 98 em janeiro, as duas maiores marcas dos verões. Como os registros de
inverno, que antecederam alguns destes verões, indicaram forte atividade ciclônica,
imaginou-se que tais ciclos possam ter se perpetuado até meados do verão. Isto poderia
explicar os altos valores registrados no início de 2004-2005 e 2005-2006
98
relata os valores absolutos e relativos de ciclones contabilizados para cada período de
inverno.
Tabela 7.1.29: Valores Totais de Ciclones que Atuaram em cada Período de Inverno e
suas Freqüências Relativas.
Os invernos registraram pouco menos que três pontos percentuais nas oscilações
dos registros de seus cinco períodos (Fig.7.1.28A e B). Os invernos 2003 e 2004
marcaram as menores contagens, quase empatados, com 257 e 258 ciclones
respectivamente. Estas menores marcas de inverno praticamente alcançam a maior
marca de verão (268 ocorrências). A maior contagem ocorreu no inverno de 2005, com
294 ciclones catalogados. Os invernos de 2002 e 2006 registraram uma variação
aproximada de 1,5% tanto para mais, quanto para menos, dos valores registrados neste
estudo. Não se conseguiu avaliar a presença de períodos de transição, nesta ordem geral
de ocorrências dos ciclones. Há grande probabilidade de que os invernos, na área de
controle, permaneçam com intensa atividade ciclônica, seguindo a tendência desta
climatologia de cinco anos.
99
registros a mais para os sinópticos (148 casos). Finalmente, em 2006, os mesociclones,
com 131 ocorrências, registraram seis casos a mais que os sinópticos (Fig.7.1.29).
100
energia térmica, em energia cinética. Contudo, na realização deste trabalho, o número
de ciclones grandes ou pequenos que poderiam intervir, não seria uma constante.
101
ocorrências dentro de cada mês constituinte dos verões. Estas etapas da segunda fase de
análise foram dispostas em um organograma relacional (Fig.7.1.33).
A categoria dos ciclones com ciclo completo dentro da área de controle superou
todas as outras categorias juntas (Fig.7.1.34A e B). Esta categoria registrou 54,4% dos
casos dos ciclones catalogados no verão, seguidos pela categoria de ciclones que vieram
para decair na área, com 22,9%. Esta primeira informação coincide com a registrada no
primeiro estudo de ciclones realizado no verão de 2001-2002 (FELICIO, 2003). Com
uma taxa de mais de dois para um (2:1) em relação ao segundo colocado, a categoria de
ciclones com ciclo completo, computou muitos casos que pertenciam à “Trilha das
Depressões”. Outras contribuições surgiram de latitudes mais baixas, contudo, a maior
parte destas eram compostas por ciclones em algum estágio evolutivo mais adiantado
que, logo a seguir, dissiparam na região em estudo. Estes, foram computados como
ciclones que vieram decair na área. Com estes valores, obtidos da climatologia de cinco
anos, percebeu-se que a área avaliada possuiu baroclinia suficiente para gerar e
amadurecer os ciclones, até seu ponto de dissipação. Porém, os registros de ciclones que
nasceram na área de controle, mas a abandonaram foi muito menor do que o esperado.
Por esta climatologia, em linhas gerais, pôde-se definir que a região Leste da área de
controle, não gerou um número expressivo de ciclones que fossem terminar seu ciclo
102
evolutivo para além de 30ºW, no Sul do Atlântico ou, mais além, sobre o próprio
oceano Circumpolar Antártico. A proximidade desta categoria com os valores da
categoria dos ciclones que não se desenvolveram, também representou um fato
interessante, pois era esperado que os ciclones que abandonassem a área de controle
superasse os que não se desenvolveram, dada a forte baroclinia comentada
anteriormente.
103
mesociclones. Uma explicação plausível pode ser o tamanho da área de controle. Por ser
grande o suficiente, a maior parte dos sistemas pequenos teve tempo de desenvolver
todo seu ciclo evolutivo. No caso dos ciclones que chegaram para decair, os sistemas
grandes contabilizam o maior número de casos. A taxa registrada foi uma das maiores,
com cerca de 5,5:1 contra os sistemas pequenos. Isto indicou que a região teve uma
forte tendência em receber ciclones evoluídos que terminaram seu ciclo na área de
controle. Os esparsos registros de ciclones que apenas atravessaram a área de controle
se mantiveram sob o domínio dos sistemas grandes. Quase a totalidade dos casos
ocorreu na passagem de ciclones em pontos extremos da imagem de satélite.
Observou-se, durante a pesquisa, que o setor Nordeste foi o que mais registrou nesta
categoria. Ao término destes registros, os ciclones que não se desenvolveram também
tiveram poucos casos. Os mesociclones registraram mais ocorrências que os sistemas
maiores. Verificou-se que isto ocorreu devido a dois fatores: ou o ciclone menor foi
absorvido por um ciclone maior, quando este se deslocava, ou o ciclone menor saiu de
fase de desenvolvimento, quando a baroclinia tendeu para a formação de ciclones
maiores, cujos centros de baixa pressão atmosférica foram mais acentuados.
104
Finda as avaliações parciais, procedeu-se a análise integrada da segunda fase,
com a sobreposição das informações de todos os ciclones ocorridos em cada período de
verão, divididos pelos tamanhos e distribuídos nas cinco categorias evolutivas
(Fig.7.1.37). Observou-se que, nos períodos de verão de 2002-2003 e 2005-2006, houve
a maior contribuição numérica para que a contagem dos ciclones pequenos, com ciclo
completo dentro da área, fosse maior que os ciclones sinópticos. Nos outros períodos de
verão, ela foi menor em cerca de um terço. Em contrapartida, para os ciclones que
chegaram para decair na área, em todos os períodos de verão, a hegemonia foi dos
sistemas sinópticos. O verão de 2003-2004 registrou a maior diferença desta
climatologia, com 32 sistemas grandes para apenas um pequeno. Para os sistemas que
não se desenvolveram, apenas os períodos de verão de 2001-2002 e 2002-2003
registraram ocorrências quase dobradas em favor dos mesociclones. Os outros verões
praticamente empataram no numero de casos, com leve diferença positiva para os
sinópticos. Os casos de ciclones que nasceram na área, mas a abandonaram, registraram
ocorrências maiores para os sistemas sinópticos em todos os períodos de verão. A maior
diferença ficou registrada em 2004-2005, com 20 sistemas grandes para apenas um
pequeno. A inexpressividade da categoria dos ciclones que passaram pela área de
controle, em alguma fase evolutiva, registrou tão poucos casos que não houve relatos
observados, a não ser que quase a totalidade destes registros foi de sistemas grandes.
105
Analogamente à segunda fase analítica de verão, aplicou-se a mesma avaliação
para os dados de inverno. O mesmo processo foi descrito em um organograma, onde se
relatou as etapas de estudo (Fig.7.1.41).
106
observados, certos ciclones sinópticos conseguiram cruzar grandes distâncias dentro da
região de estudo, não mudando de fase evolutiva, ou as vezes, apenas em duas fases.
Este fato ocorreu com o decaimento de sistemas sinópticos com mais de 3.000km.
107
surgiram praticamente no meio da área de controle, saindo desta, ainda antes de seu
decaimento. Estes relatos foram baseados nas observações das varreduras das imagens.
Além disto, atentou-se para o fato de que não houve um aumento de casos de ciclones
sinópticos, com ciclo completo, quando se comparou o inverno e o verão. O aumento
dos casos de ciclones sinópticos que nasceram na área, mas a abandonaram, também foi
muito pequeno, na ordem de 10%. A categoria dos ciclones que não se desenvolveram,
tiveram um decréscimo nas ocorrências dos sistemas grandes e um leve aumento dos
pequenos, quando comparados ao verão. Finalmente, a categoria dos ciclones que
passaram pela área de controle aumentou em cerca de 100% em relação ao verão. Este
fato também pôde explicar o surgimento de um número maior de mesociclones com
ciclo completo, pois um sistema sinóptico que atuasse nas bordas da área de controle
poderia fomentar maior baroclinia ao seu redor.
108
ciclones que apenas passaram pela área de controle, quando estes não registraram o
mesmo número de ocorrências, como nos invernos de 2002 e 2006.
109
contagem geral tenha registrado uma taxa de dois para um (2:1) à favor dos
mesociclones.
Tabela 7.1.34: Valores Totais de Ciclones que Atuaram em cada Mês dos Períodos de
Verão e suas Freqüências Relativas.
110
Terminada esta avaliação sumária, dividiu-se o cômputo dos casos mensais pelas
cinco categorias evolutivas (Fig.7.1.51). O resultado demonstrou novamente hegemonia
na distribuição, respeitando os estudos anteriores de colocação ordinal das categorias,
ou seja, os ciclones com ciclo completo permaneceram em primeiro lugar, seguidos
pelos que vieram decair na área e com ligeira alternância de posição entre os que
nasceram na área, mas a abandonaram e os que não se desenvolveram. Contudo, neste
cruzamento de informações, permaneceu a supremacia dos casos em janeiros, com as
exceções ocorridas nas categorias dos que nasceram na área, mas a abandonaram, que
registrou um cômputo superior geral nos meses de dezembro e, nos que passaram pela
área, onde o maior valor ocorreu nos meses combinados de fevereiro.
111
Os valores das ocorrências de ciclones durante os cinco invernos, distribuídos
pelos meses de junho, junho e agosto também se apresentou uniforme. A Tabela 7.1.35
relata estes valores, absolutos e relativos, dos ciclones contabilizados em cada período
de inverno.
Tabela 7.1.35: Valores Totais de Ciclones que Atuaram em cada Mês dos Períodos de
Inverno e suas Freqüências Relativas.
Os meses dos invernos registraram oscilações ainda menores que os verões, com
apenas 2,0% na distribuição dos casos, quando comparados junhos e agostos contra
julhos. Estes, destacaram-se levemente com 35,7% das ocorrências, contabilizando 486
ciclones nos registros dos cinco períodos (Fig.7.1.55A e B). Os valores, além de mais
altos, como se verificou nas primeiras análises, tiveram uma divisão simétrica nos
meses de junho e agosto, centradas neste máximo de julho. A variação em valores
absolutos foi de 50 ciclones entre o mês de registro máximo e os dois meses de registro
mínimo, porém similares.
112
sinópticos contabilizaram maiores ocorrências que os mesociclones, com significativo
destaque, apenas nos meses combinados de junhos. Esta diferença foi de 73 casos, onde
se registrou 256 sinópticos contra 183 mesociclones. Para os meses combinados de
julhos, os mesociclones passaram os sinópticos em apenas 10 casos, sendo 248 e 238 os
números de casos, respectivamente. Finalmente, os meses combinados de agostos
registraram 222 sistemas grandes e 215 pequenos.
113
Tabela 7.1.36: Taxas Relacionais Obtidas dos Valores Totais de Ciclones de Todos os
Verões e Invernos, com Relato da Estação que se Destacou nas
Categorias Evolutivas.
114
novamente que a divisão das categorias permaneceu praticamente a mesma nas duas
estações climáticas. Os ciclones com ciclo completo se destacam em ambas, seguidos
pelos que vieram decair na área. Outro fato observado e recém comentado foi a
distribuição nos meses. Esta, seguiu um padrão de máximo no meio das estações, ou
seja, janeiro, para os verões e julho, para os invernos, com duas exceções, uma em cada
estação.
115
Seguindo esses procedimentos, no cômputo de todos os períodos de verão, a
categoria dos ciclones com ciclo completo dentro da área de interesse, registrou três
setores predominantes para o nascimento dos sistemas. Os maiores valores absolutos
ocorreram nos setores Noroeste, Norte e Oeste, com 143, 129 e 88 casos
respectivamente. Para a fase de decaimento, os maiores registros ocorreram nos setores
Nordeste, com 137 casos, Sudoeste, com 81 e Sudeste, com 75 ciclones (Fig.7.1.65).
Por estas informações, em geral, os ciclones tiveram tendência de nascerem nos setores
centrados à Noroeste. Este fato implicou que a formação destes sistemas, possui relação
específica com o Sul do oceano Pacífico. Pode-se estimar que a energia contida neste
trecho do oceano é suficientemente alta para a geração de fortes baroclinias, causando o
surgimento de grandes ciclones sinópticos. Este fato pôde ser verificado quando se
dividiu, por tamanhos, a categoria dos ciclones com ciclo completo (Fig.7.1.66).
Observou-se que a maior parte dos ciclones que compuseram os valores dos setores
Noroeste, Norte e Oeste são sinópticos, com 84, 56 e 29 casos, respectivamente. Para os
outros setores, os registros são mínimos, onde muitos deles ficaram com apenas 10% do
valor máximo. Quanto ao decaimento, os ciclones sinópticos registraram 72 casos no
setor Nordeste. Isto pode implicar que um maior número de ocorrências neste setor,
influenciem o clima no Sul da América do Sul, com conseqüências para o Brasil.
Mesmo em fase de decaimento, estes ciclones ainda mantêm sua circulação horária,
causando o transporte de ar frio para latitudes mais baixas. O segundo setor
predominante de decaimento de grandes sistemas foi o Sudeste. Este foi um fato
interessante, pois com estas ocorrências, um transporte de ar mais frio, de latitudes mais
baixas, provenientes do mar de Weddell, tem mais probabilidade de ocorrer. Outro fato
interessante foi o terceiro setor predominante de Sudoeste, com 31 casos. Os sistemas
que decaíram neste setor, normalmente eram provenientes de Noroeste e ganhavam
muitos graus de latitude em pouquíssimas horas, com deslocamento praticamente
meridional. O decaimento no mar de Bellingshausen pode influenciar em alguns fatores
que serão comentados mais adiante, na MET-3.
116
excetuando-se Sudeste e Centro. Este último, foi considerado como uma área em um
raio aproximado de 200km da estação Ferraz. Na fase de decaimento, os mesociclones
registraram valores altos, similares ao sinópticos, no setor Nordeste, com 65 casos. Este
fato pôde ter contribuído com transporte de ar frio para latitudes mais baixas, como
descrito para os sinópticos. Em segundo lugar, ficaram os setores Norte e Sudoeste. Este
último, representa a área do mar de Bellingshausen, já descrito como região propícia ao
decaimento de sistemas sinópticos, com ciclo completo. O provável remanescente de
energia destes sistemas gerou muitos casos, aqui registrados, pelas observações.
117
(Fig.7.1.70). O verão de 2001-2002 registrou pouca atividade, com destaque para os
setores Sul, Sudoeste e Oeste. O verão de 2003-2004 foi um dos mais fracos, mas
mesmo assim, os seus registros indicaram o setor Noroeste como o mais ciclogênico,
seguido pelos setores Norte e Oeste. O verão de 2004-2005 destacou o setor Oeste, com
13 casos. Notou-se que os altos valores de 2002-2003 e 2005-2006 também se referiram
aos mesociclones que surgiram no final da América do Sul e que partiram para Nordeste
ou Leste da área de controle, com a finalidade de decair (Fig.7.1.71). Notou-se que a
maior parte dos mesociclones, em todos os períodos de verão, decaíram em todos os
setores, com mais destaque para os cobertos pela península Antártica, ou seja, setores
Sudoeste, Sul e Sudeste. Porém, os verões de 2002-2003 e 2005-2006 registraram
ocorrências de decaimento muito altas no setores Nordeste, Norte, Leste e Sudoeste.
Prováveis conexões com os sistemas sinópticos ou as interações costeiras foram
previstas para estes períodos, já que os mesmos foram períodos descritos como de
intensa atividade ciclônica.
118
mesmo mês. Os outros setores tiveram destaque homogêneo em todos os meses, com
número significativo de ocorrências. Apenas o setor Oeste foi o que menos registrou
(Fig.7.1.75).
119
anterior, em cada mapa, os histogramas setoriais indicaram as freqüências absolutas de
ocorrências de nascimento ou de saída dos sistemas. Os ciclones grandes registram suas
predominâncias de nascimento, como descrito anteriormente, no setor Nordeste, onde os
verões 2005-2006 e 2002-2003 se destacaram em casos, seguido de Norte, com maiores
ocorrências nos verões de 2004-2005. Notou-se que o verão de 2001-2002 possuiu
baixo cômputo geral, com seu máximo de quatro casos, no setor Norte (Fig.7.1.79). O
setor de saída dos ciclones grandes, em quase todos os períodos de verão, concentrou-se
no Nordeste. O maior registro foi no verão de 2005-2006, com 14 casos, seguido do
período de 2004-2005 e 2002-2003. Outras concentrações menores de períodos
ocorreram nos setores Leste e Sudeste. Apenas um ciclone, em 2001-2002 saiu pelo
Norte, ou seja, sistemas sinópticos praticamente não se deslocam para a direção Sul da
América do Sul (Fig.7.1.80).
120
homogeneamente os casos pelos meses combinados dos verões. Nos outros setores,
quase não se registrou ocorrências.
No término desta análise de verões, a categoria dos ciclones que vieram decair
na área, para todos os períodos de verão, os ciclones registraram dois setores
preferenciais de entrada na área de controle. O primeiro lugar ficou com o setor Oeste,
com 106 casos registrados, seguido pelo setor Noroeste, com 82 ocorrências
(Fig.7.1.87). Um terceiro setor, que contribuiu com relativa significância foi o Sudoeste,
com 30 casos. Todos os outros juntos registraram 14 ocorrências e foram considerados
desprezíveis. Para esta categoria, o setor central não computou casos para entrada de
sistemas, pois isto não seria fisicamente possível. Todos os registros gráficos, neste
setor, resultaram em zero. O decaimento dos ciclones, em todos os verões, registrou
duas predominâncias muito próximas. A primeira foi o setor Sudoeste, com 68 casos e a
segunda foi o setor Noroeste, com 52 ocorrências. Este primeiro setor indicou que esta
climatologia conseguiu confirmar a alcunha do mar de Bellingshausen, conhecido como
“Cemitério das Baixas”. A região mostrou, para esta categoria de ciclones estudados,
que as ciclólises são recorrentes, com possível ligação com a barreira de montanhas
pertencentes à península Antártica, cuja altitude pode atingir 4.000 metros. Uma
estatística preliminar foi efetuada, com dados do verão de 2001-2002, e confirmaram
esta hipótese, pois duas situações ocorreram na chegada de sistemas neste setor: ou o
sistema decaiu completamente, ficando preso no mar de Bellingshausen, ou houve
atrasos na sua travessia, forçada pela península Antártica. Contudo, seguindo na
descrição dos setores, uma terceira posição, pouco menos considerável, foi dada para
dois setores, Oeste e Norte, com valores similares de 39 e 34 casos, respectivamente.
Notou-se que, em geral, os ciclones com ciclo completo seguiram o esperado, ou seja,
121
entrarem na área de controle por setores derivados de Oeste, e decaírem próximos
destes.
Os últimos mapas temáticos de verão, referentes aos ciclones que vieram decair
na área de controle, demonstraram a atividade desta categoria em cada período desta
122
estação. Para os setores de entrada dos ciclones sinópticos, houve uma singular
hegemonia de ocorrências dos verões (Fig.7.1.90). O setor Oeste praticamente registrou
18 casos em quase todos os períodos. Houve um destaque singular, no verão de
2002-2003, para setor Noroeste, o segundo em casos de verão. O setor Sudoeste,
embora tenha registrado de cinco a oito ciclones nos verões, não registrou um caso no
verão de 2003-2004. Todos os outros setores foram insignificantes para os verões, em
geral. Contudo, ao se verificar as ocorrências de decaimento dos ciclones sinópticos,
notou-se flutuação nos registros dos valores absolutos de casos (Fig.7.1.91). Em maior
ou menor grau, os casos de todos os períodos de verão se distribuíram nos setores
derivados de Oeste, com leve predomínio de Sudoeste, seguido de Oeste e Noroeste. O
verão de 2004-2005 se destacou nas ocorrências de Sudoeste, 2001-2002 nos casos de
Oeste, mas o verão de 2002-2003 registrou 13 casos em três setores: Norte, Sudoeste e
Noroeste. Foi importante verificar estes casos de decaimento de sistemas sinópticos, na
área do mar de Bellingshausen, porque estes levantaram uma interessante hipótese:
seriam os anos de maior incidência de decaimento neste setor, aqueles em que o mar
congelou menos, ou houve maiores registros de aquecimento costeiro no setor Oeste da
península Antártica, com tendência a liberação de icebergs? Esta pergunta é de difícil
resposta, primeiro por causa de fatores locais de circulação. Em segundo, pelo fato do
congelamento do mar não ser uma função linear4. Em terceiro, por não ter havido uma
estatística desta natureza, dos sistemas ciclônicos, que tornassem esses fenômenos,
fatores intrínsecos da Geografia Antártica.
Os mapas temáticos dos mesociclones que chegaram para decair na área foram
de avaliação mais simples, contudo, com pouca significância para esta climatologia,
devido ao baixo número de casos. Os setores Oeste e Noroeste, de entrada de ciclones,
se destacaram dos casos. O verão de forte atividade de 2005-2006 registrou mais
ocorrências, mas mesmo este, não passou de seis casos. O período de verão de
2003-2004 chegou a registrar apenas um caso no setor Noroeste (Fig.7.1.92). Para o
4
Dados de congelamento dos mares antárticos foram verificados, no intuito de apenas ilustrar, através
de um comentário, como se comportam os bancos de gelo. Segundo a NOAA, até centenas de
quilômetros de distância da costa, na superfície marinha, podem congelar, em uma semana, na Antártida.
As informações são obtidas diariamente, por satélites, bóias, ou até mesmo por observações feitas de
navios. A não linearidade do congelamento, comentada no texto, referiu-se à dificuldade em se
demonstrar, através de funções matemáticas ou empíricas mais simples, o modo de como se comportam
os mecanismos de congelamento marinho na Antártida. A explicação vem do fato de que as variáveis
envolvidas, como presença de ciclones, ventos, temperatura do mar etc. também não serem lineares ou de
difícil avaliação.
123
decaimento dos mesociclones, quase todos os setores registraram um mínimo de
ocorrências, espalhadas pelos verões (Fig.7.1.93). O único destaque significativo, para
mesociclones, foi o verão de 2005-2006, com cinco casos no setor Sudoeste.
124
dois pares de setores predominantes foram identificados para o nascimento dos
sistemas. Os maiores valores absolutos ocorreram no par de setores Noroeste, com 176
casos, e Norte, com 164 casos, seguidos, em um segundo escalão, pelo par de setores
Oeste (91 casos) e Nordeste (88 casos). Para a fase de decaimento desta categoria, os
maiores registros ocorreram no setor Nordeste, com 178 casos, seguido por um par de
setores que registrou semelhança de valores, Sudeste, com 96 ciclones e Norte, com 91
ciclones (Fig.7.1.99). Houve um destaque maior para as ocorrências dentro do raio de
controle central, próximo da Estação Antártica Comandante Ferraz. Foram 18
nascimentos e 17 decaimentos registrados.
125
com 76 casos (Fig.7.1.101). A fase de decaimento teve um destaque para o setor
Nordeste, com 106 casos. A segunda posição preferencial de decaimento obteve valores
semelhantes para cerca de cinco setores, Norte, Noroeste, Sudeste, Sudoeste e Oeste,
onde os valores oscilaram entre 65 e 48 ocorrências. O maior destaque do setor central
ocorreu para os mesociclones, onde 11 nasceram e dez decaíram.
126
2005 registrou sua maior ocorrência de nascimentos no setor Norte, com 28 casos. O
mesmo se repetiu para o inverno de 2003, com dois setores predominantes: Norte e
Sudoeste, este último, com forte ligação com os decaimentos de sistemas sinópticos que
ocorreram na região do mar de Bellingshausen. Um detalhe final observado foi uma
certa homogeneidade nas ocorrências de nascimento no setor Oeste. Para os
decaimentos dos mesociclones, houve muita oscilação para os invernos, com alternância
do predomínio, conforme o período (Fig.7.1.105). O setor Nordeste apareceu com
predominância em todos os invernos, com destaque para 2002, mas com reduções em
2003 e 2004. O inverno de 2003, particularmente quase registrou quatro setores de
predominância de decaimento de mesociclones: Nordeste, com 18 casos, Sudeste e
Sudoeste, ambos com 17 casos e Oeste, com 13 ocorrências. Antecipando uma conexão
com os ciclones que vieram decair na área, verificou-se que este mesmo inverno
registrou um grande número de decaimentos no setor Sudoeste, sobre o mar de
Bellingshausen. Esta situação foi seguida por um aumento de casos de mesociclones.
Prosseguindo, o inverno de 2002 registrou o setor Noroeste como seu segundo
predominante. Para o setor Norte, os invernos de 2005 e 2006 tiveram um aumento
considerável de casos de decaimento, o que acompanhou o crescimento destes mesmos
invernos, no setor Nordeste.
127
períodos de inverno, começando menor, nos meses de junho e se tornando muito
intensa, nos meses de agosto. Nordeste e Sudoeste tiveram atividade significativa e
similar. Para a fase de decaimento, os mesociclones se dividiram em todos os setores e
em todos os combinados de meses de inverno, em maior ou menor grau. Os destaques
ficaram para o setor Nordeste, nos combinados de julho (Fig.7.1.109).
128
predominância. A realização de um cálculo de probabilidades, neste caso, não seria fiel
ao descrito pela natureza destes sistemas, já que muitos setores teriam a mesma chance
de concorrer com as duas supostas segundas predominâncias, como Leste e Sudeste,
apontadas nos casos gerais. Isto aconteceu porque setores como o Sudoeste ficaram
significativos em ocorrências de nascimento de mesociclones, exatamente pela
característica deste setor, sobre o mar de Bellingshausen, ser um local de preferência de
decaimento dos sistemas sinópticos. Nos setores de fuga de mesociclones,
registraram-se quatro predominâncias, com destaque para o setor Nordeste, com 19
casos. Os setores Leste, Sudeste e Sudoeste registraram quase os mesmos valores, na
ordem de 50% da primeira predominância. Os cálculos de probabilidades, aqui, foram
realizados com os três principais setores de saída e depois, no combinado dos quatro
maiores. Isto resultou em valores da ordem de 78%, com três setores, e pouco mais de
95%, para os quatro combinados.
129
Os mapas temáticos dos mesociclones que nasceram na área, mas a
abandonaram, indicaram nos registros que dez ciclones pequenos nasceram, no inverno
de 2006, no setor Nordeste (Fig.7.1.115). Este foi o maior destaque, seguido de quatro
casos de 2004, no mesmo setor. O inverno de 2002, registrou seu máximo, embora
tênue, com 3 mesociclones, no setor Sudoeste. Em geral, as ocorrências dos anos, foram
mínimas e ficaram distribuídas majoritariamente nos três setores supracitados. Para a
definição dos setores de saída dos mesociclones, observou-se que os padrões
identificados nos períodos de inverno prevaleceram (Fig.7.1.116). O inverno de 2006 se
destacou muito nos registros, em relação aos outros invernos. Sua predominância no
setor Nordeste marcou 12 mesociclones. O inverno de 2002 registrou a segunda maior
marca, com cinco sistemas no setor Sudoeste. Os outros anos ficaram, com suas
concentrações inferiores, nos setores Nordeste, Leste e Sudeste.
130
setor Leste teve maiores valores absolutos nos meses combinados de julho e agosto. No
setor Sudeste, a distribuição dos poucos casos foi homogênea em todos os meses do
inverno. Finalmente, houve um segundo pico de ocorrências nos meses combinados de
julhos, mas no setor Sudoeste.
Ao se dividir a categoria dos ciclones que vieram para decair na área por
tamanhos, notou-se que os sistemas sinópticos foram os responsáveis pelo
comportamento geral desta classe, com semelhança nas ocorrências de setores
preferenciais de entrada dos sistemas (Fig.7.1.122). Com isto, o setor Noroeste se
131
destacou novamente com quase 80% das ocorrências do quadro geral desta categoria.
Foram registrados 119 ciclones grandes neste setor, seguidos de 90 casos no setor
Sudoeste. O terceiro setor, Oeste, registrou bem menos, com 62 casos, mas teve sua
significância, pois as probabilidades de entrada registraram mais de 90%, no combinado
dos três setores. Para o decaimento dos sistemas sinópticos, verificou-se a situação de
“empate técnico” entre três setores, com valores muito próximos. Em primeiro,
Sudoeste, com 61 casos, seguido por Noroeste, com 58 e Norte, com 52 ocorrências. Os
outros setores e a região central tiveram casos entre 32 a seis casos verificados. A
distribuição de decaimento pelos setores ficou tão próximo da homogeneidade, que
mesmo com alguns predominantes, o cálculo das probabilidades ficou muito baixo com
poucas combinações. Foi necessário aglutinar cinco setores para que ele registrasse mais
de 70%, o que o tornou inviável.
Quanto aos mesociclones que vieram para decair na área, além de menor número
de casos, os setores que predominaram para a entrada de sistemas foram Oeste e
Noroeste, os quais também se apresentaram em situação de empate, com 31 e 30 casos,
respectivamente. A probabilidade de mesociclones entrarem por estes dois setores ficou
em 75%. O setor Sudoeste registrou apenas 17 casos, mas, com a adição deste setor, as
probabilidades chegaram a mais de 96% (Fig.7.1.123). No que tange ao decaimentos
dos mesociclones, os setores Sudoeste, com 23 casos, Noroeste, 17, e Oeste, com 16
ocorrências, foram os mais destacados, mas a distribuição ocorreu em quatro setores. O
setor Norte apresentou 14 casos. Todos os outros foram exíguos. Com isto, as
probabilidades de decaimento só se tornaram interessantes com a combinação destes
quatro setores, o que inviabilizou a eficácia do cálculo probabilístico.
132
muito dispersa, como foi relatado anteriormente, no estudo de tamanhos (Fig.7.1.125).
O inverno de 2002 registrou seu máximo no setor Noroeste, seguido por Norte, Em
2003 e 2004, o setor predominante passou para Sudoeste, seguido por Noroeste. Os
invernos de 2005 e 2006 registraram, no setor Norte, as suas primeiras predominâncias,
seguidos de Sudoeste e Noroeste. Contudo, as atividades se espalharam, inverno a
inverno, em outros setores, o que pode demonstrar que as atividades de dissipação de
grandes ciclones não seguiu um padrão específico e que o remanescente desta energia
pode ficar em setores específicos da área de controle. Isto provocaria efeitos locais
distintos, como citados anteriormente: temperatura mais elevada, aumento de TSM,
surgimento de mais mesociclones, congelamento ou derretimento da água do mar etc.
133
Os mesociclones também concentraram suas atividades de entrada de sistemas
nos setores Sudoeste, Oeste e Noroeste. Para todos estes, junhos foram os meses mais
fracos, aumentando as atividades em direção aos meses de agosto, com exceção do setor
Sudoeste que reduziu as ocorrências nestes meses combinados (Fig.7.1.130). O
decaimentos dos mesociclones ficou esparso em alguns setores e meses combinados
(Fig.7.1.131). A maior atividade foi registrada nos meses de julho, setor Sudoeste. A
atividade se manteve igualmente distribuída, no setor Noroeste, para todos os meses
combinados dos invernos. O setor Oeste teve um declínio nos meses de julho,
antagonicamente aos registros do setor Norte, que tiveram aumento de casos nestes
meses combinados.
134
7.2 Resultados da Metodologia de Análise de Dados Meteorológicos – MET-2:
135
Se por um lado as pressões atmosféricas, em superfície, nas baixas ou médias latitudes
têm pouca variação diária, mesmo sob efeito da maré barométrica, no litoral da
Antártida, na a região próxima da latitude de 60º Sul, estes valores são extremados. Para
demonstrar este efeito, construiu-se um modelo matemático de variação da pressão em
superfície (Fig.7.2.1.1A até D). Os dados foram produzidos, e não obtidos, portanto, seu
caráter bem comportado não demonstrou os efeitos reais caóticos e turbulentos da Trilha
das Depressões. Contudo, sua aplicação, neste texto, foi apenas didática. Ele
exemplificou como a maré barométrica atua sobre toda a superfície do globo, em
latitudes mais baixas, com pouca variação, onde recebe também a alcunha de “Pântano
Barométrico”. Demonstrou também que, a partir das médias latitudes, baseado em
dados reais, o comportamento da onda foi alterado, quando se aproximou das latitudes
correspondentes aos ciclones antárticos. A amplitude das ondas e sua freqüência
aumentaram consideravelmente, mas a média abaixou muito, algo que realmente
ocorreu no estudo dos dados. Pode-se notar que a crista destas ondas não ultrapassou a
PMNM, fato este verificado na pesquisa. Quanto à unidade de pressão atmosférica,
preferiu-se utilizar o milibar5 [mb] unidade tradicional no emprego meteorológico e
aeronáutico.
onde 1 dina [dyn] equivale a força de 10-5 Newtons [N] sob a ação da gravidade de 9,80665m.s-2. Existem
outras unidades, como Pascal [Pa] adotada nos anos de 1990, onde 1mb equivale exatamente 1hPa.
136
do dia, em qualquer parâmetro analisado. Observou-se que, na série completa de verão,
a pressão não foi uniforme, como era esperado e comentado anteriormente, devido à alta
freqüência da atividade ciclônica (Fig.7.2.1.2). Aplicou-se, também, uma linha de
tendência polinomial de sexta ordem (linha preta) sobre os dados de médias diárias
(linha amarela com círculos vermelhos). Novamente o resultado foi uma equação de
reta que não conseguiu exprimir uma aproximação razoável. O índice alcançado foi de
38,49%. Outras aplicações foram realizadas em cada série anual, com resultados tão
baixos quanto este. Em uma observação direta à série temporal, foi possível verificar
que a pressão pode ter variações muito pronunciadas de um dia para outro, como
também mudanças menores e menos bruscas. Os motivos foram a presença de ciclones
grandes e velozes, que invadiram todo o setor, seguidos de calmarias de alta pressão, ou,
baixas pressões concatenadas, em forma de pequenos ciclones atuando em conjunto,
próximos à EACF. Contudo, pelas observações das imagens de satélite do período,
alguns sistemas grandes, mais próximos da AWS, as vezes não causavam baixas
pronunciadas nos valores de pressão, quanto a outros sistemas menores e relativamente
mais afastados. Por esta climatologia, notou-se que houve uma tendência de elevação da
pressão média nos meses de dezembro, excetuando-se a forte queda no verão de
2001-2002. Logo após este período, houve uma ligeira concentração de todos os verões,
com tendência de queda, nos princípios dos meses de janeiro. Em meados das estações
de verão, houve uma tendência geral de divergência completa da atuação da pressão
média, padrão este que perdurou até o final de todos os meses de fevereiro. Os verões de
2003-2004 e 2005-2006 permaneceram com valores muito elevados, enquanto que os
verões de 2001-2002 e 2004-2005 representaram os valores mais baixos. Em uma
rápida conexão com a MET-1, estes foram justamente os verões que indicaram uma
razoável atividade de decaimento no setor Sudoeste, para ciclones grandes, com ciclo
completo. Em linhas gerais, o comportamento da pressão média na EACF, para esta
climatologia, apresentou-se com ligeiro aumento no início dos verões, seguido de uma
queda no meio do período e, a partir deste ponto, uma divergência geral entre os cinco
verões. O valor médio da pressão, com dados de todos os cinco verões, foi de
991,58mb, o que representou uma diferença de 21,67mb para abaixo do valor da
atmosfera padrão de 1013,25mb para NMM. Outro detalhe importante foi o fato de que
a pressão média diária, em raras ocasiões, chegou ou ultrapassou este valor, resultando
em apenas três registros destas ocorrências. Duas destas, no final do mês de fevereiro,
para o verão de 2003-2004 e uma, no mesmo mês, para o verão de 2005-2006.
137
Para uma análise mais refinada, elaborou-se séries temporais locais e
comparativas, com duração de apenas um mês. Os resultados, obtidos desta
climatologia, foram expressos na Tabela 7.2.1.1, onde se relatou os valores médios da
pressão máxima, mínima, amplitude diária e média. Calculou-se as médias de referência
aos valores de cada mês, nos verões combinados.
138
Prosseguindo com a avaliação refinada em meses, iniciou-se o trabalho com os
valores de pressão atmosférica máxima diária dos dezembros (Fig.7.2.1.3). Verificou-se
que a maior pressão registrada foi de 1011,9mb em dezembro do verão de 2002-2003. O
menor valor de pressão máxima ocorreu no verão de 2004-2005, com 972,0mb. O mês
de dezembro do verão de 2001-2002 se destacou por ter um comportamento, quase que
predominantemente, abaixo das médias diária e do mês. Para a pressão mínima dos
dezembros (Fig.7.2.1.4) observou-se que o maior valor obtido foi de 1009,3mb no verão
de 2005-2006. A menor mínima pressão atmosférica registrada, para todos os verões
desta climatologia, foi de apenas 959,4mb, justamente no dia 22 de dezembro, do verão
de 2001-2002, onde houve o destaque para as baixas pressões. O verão de 2004-2005 se
destacou pela inversão em relação ao verão de 2001-2002. Na maior parte do mês, a
pressão mínima permaneceu mais alta que as médias de dezembro. Para o caso das
amplitudes diárias, os valores se destacaram, com a chegada rápida dos sistemas
ciclônicos. Os períodos em que a variação foi mínima significaram que a área de Ferraz
estava sob influência direta de um ciclone, onde a pressão era regida diretamente pelo
centro de baixa. Outro caso possível foi a presença de raros períodos de calmaria,
causados por alta pressão entre um ciclone e outro (Fig.7.2.1.5). Neste mês de
dezembro, o verão de 2001-2002 se destacou novamente com a maior marca de
amplitude: 26,5mb. Além disto, foi o período de verão que apresentou oito grandes
amplitudes, sendo seis delas as maiores do mês. O mês de dezembro, do verão de
2002-2003, apresentou comportamento semelhante apenas no início, tendendo para
baixa amplitude no final. O verão de 2004-2005 ficou com as amplitudes praticamente o
mês todo abaixo das médias do mês. Os valores de pressão média de dezembros
seguiram razoavelmente as tendências descritas acima (Fig.7.2.1.6). O dia 22 de
dezembro, do verão de 2001-2002, registrou o menor valor médio da pressão, com
966,1mb. Este também foi o menor valor médio de todos os cinco verões estudados.
139
intervalo de 5,0 a 10,0mb, com raras exceções. Para as mínimas pressões, os registros
não acompanharam esta tendência (Fig.7.2.1.8). Embora o padrão geral de queda tenha
sido verificado, houve dispersão maior entre os verões. Isto pôde ser verificado pelo
aumento da passagem de ciclones neste mês em estudo. O aumento da freqüência das
amplitudes demonstrou que a alta atividade influenciou diretamente a área da EACF
(Fig.7.2.1.9). Janeiro de 2003-2004 se destacou nos registros de mínimas pressões,
quanto de grandes amplitudes, sendo um dos mais ativos deste mês. Para o valor médio
da pressão, este mesmo verão de 2003-2004, em geral, permaneceu bem abaixo da
média do mês (Fig.7.2.1.10). Os valores, em geral, retornaram a um padrão de
agrupamento, no final do mês.
140
Após todas as compilações, elaborou-se gráficos analíticos que sintetizaram as
informações de pressão atmosférica, dentro dos períodos de verão. Os valores foram
distribuídos em categorias, precisamente elaboradas para estudos antárticos, onde as
pressões são mais baixas. Com isto, examinou-se o número de ocorrências de pressão
máxima acima de 1013,25mb, pois estas seriam suficientes para serem consideradas
situações de alta pressão, ou candidatas à bloqueios atmosféricos antárticos, na
passagem do estreito de Drake. Em seguida, dividiu-se os valores de pressão mínima em
três classes: menores ou iguais a 960,0mb; de 960,0mb até menor ou igual a 970,0mb
(cuja simbologia foi ]960—970] ); e, por último, de 970,0mb até menor ou igual a
980,0mb ( ]970—980] ). A última classe elaborada, determinou os casos em que a
pressão média do dia foi menor ou igual a 975,0mb. Este último valor foi definido,
empiricamente, como um limiar entre os casos comuns, de baixa pressão, e os
excepcionais. Nesta análise da pressão em categorias, o mês de dezembro, apresentou
uma predominância de pressão mínima na classe ]970—980]mb nos verões de
2001-2002 e 2002-2003, com 11 e sete casos, respectivamente (Fig.7.2.1.15). A
predominância de dezembro, do verão de 2001-2002, com tendência à mínimas muito
baixas, estendeu-se para todas as classes, enquanto que nos outros verões, os casos
foram exíguos. Para a média abaixo de 960,0mb, a soma dos casos de 2004-2005 e
2005-2006, não alcançam os valores de 2001-2002. Nos meses de janeiro, o verão de
2001-2002 concentrou seus registros na classe de mínimas ]970—980]mb porém,
2003-2004 e 2004-2005 também predominaram nesta classe (Fig.7.2.1.16). Para a
classe ]960—970]mb, a predominância ficou apenas no verão de 2003-2004. Contudo,
chamou a atenção que o mês de janeiro de 2005-2006 não registrou uma ocorrência
sequer nas classes de baixa pressão. Todos os seus valores de mínima e média ficaram
acima de 980,0mb. Registros de pressão média abaixo de 975,0mb também foram
reduzidos. Os meses de fevereiro diferiram dos anteriores com significativo número de
ocorrências na classe de pressão ]970—980]mb, com exceção de 2003-2004 que apenas
teve um caso (Fig.7.2.1.17). Além disto, no mês de fevereiro deste verão, em particular,
a pressão esteve mais alta, onde registrou máximas além dos 1013,25mb. A maior
característica deste mês foi a concentração de casos, em uma só classe de pressão
mínima, com pouquíssimas ocorrências de pressão média abaixo de 975,0mb.
141
menos uniforme ainda que nos verões. Isto indicou que a alta freqüência da atividade
ciclônica se intensificou, como era esperado, pelo maior número de ocorrências
registradas (Fig.7.2.1.18). A linha de tendência polinomial de sexta ordem (linha preta)
aplicada sobre os dados de médias diárias (linha amarela com círculos vermelhos)
retornou um valor de aproximação mais baixo, com índice de 21,33%. Aplicou-se o
mesmo método em cada série anual, com os mesmos resultados baixos. Com as
observações realizadas na série temporal, verificou-se que, entre os invernos, as
diferenças da pressão média chegaram a 70,0mb. A oscilação ficou entre 40,0mb. São
valores muito altos, quando comparamos com outras regiões do planeta. Além disto,
estas variações pronunciadas ocorreram de um dia para outro, ou com 48 horas de
diferença. Os motivos foram os mesmos do verão: a presença de ciclones grandes.
Contudo, muitos destes sistemas foram acompanhados de mesociclones que
proliferaram em todos os setores ao redor da EACF, principalmente ao Noroeste, Norte
e Nordeste, como descrito na MET-1. A avaliação de tendências dos períodos de
inverno ficaram muito mais difíceis, pois se observando a série temporal de 92 dias,
verificou-se que, embora houvesse muita variação entre os anos, aparentemente um
período compensou o outro. A tendência da média pareceu oscilar entre 990,0 e
1000,0mb, com certas exceções. Os invernos de 2003 e 2004 mostraram alguns valores
altos de pressão média no início do período, mas ao final, registraram as menores
pressões médias. Os invernos de 2004 e 2006 mostraram as menores pressões médias
apenas em meados do período. O valor médio da pressão, com dados dos cinco
invernos, foi de 995,01mb, o que representou uma diferença de 18,24mb para abaixo do
valor da atmosfera padrão de 1013,25mb para NMM. Esta diferença foi ligeiramente
menor que dos períodos de verão. Outro detalhe importante que destacou o inverno dos
verões foram os valores de pressão média. Estes, ultrapassaram os 1013,25mb do NMM
em diversas ocasiões, em maior ou menor número, mas em todos os invernos. Em 2003
e 2005 este fato ocorreu no início do período. Em 2002, as ocorrências foram no final
do inverno. Contudo, o inverno de 2006 se destacou, pois suas ocorrências foram
distribuídas por todos os meses. Os menores valores de pressão média ocorreram no
meio do período.
142
relatados na Tabela 7.2.1.2, onde também se descreveu os valores médios da pressão
máxima, mínima, amplitude diária e média. As médias de referência aos valores de cada
mês dos invernos combinados também foram calculadas.
Verificou-se uma suave queda da média nos meses de julho, pois, segundo a
MET-1, foram nestes meses em que houve um aumento na ocorrências de ciclones.
Contudo, a suavidade do valor foi causado pelo deslocamento da Trilha das Depressões
para os setores derivados de Norte, em relação à EACF, como visto também na MET-1.
143
Iniciou-se as análises refinadas mensais, com os valores de pressão atmosférica
máxima diária, dos meses de junho (Fig.7.2.1.19). Verificou-se que a maior pressão
registrada, para estes meses, foi de 1031,0mb no inverno de 2005. O menor valor de
pressão máxima também ocorreu neste inverno, com 974,4mb. O mês de junho, em
geral, registrou, em todos os invernos, uma tendência de valores baixos de pressão
máxima, apenas nos dez primeiros dias. A partir deste ponto, os meses de junho dos
invernos de 2003, 2004 e 2005, tiveram tendência a ficarem acima da média do mês.
Para a pressão mínima de junhos (Fig.7.2.1.20) observou-se que o maior valor obtido
foi de 1023,9mb no inverno de 2005. A menor mínima pressão atmosférica registrada,
em junho, foi de 966,4mb, no inverno de 2002. Para este mês, os invernos de 2004 e
2005 se destacaram como os que mais registraram mínimas pressões significativas. Para
o caso das amplitudes diárias, os valores se destacaram no final do mês, com registros
de grandes amplitudes, nos invernos de 2002, 2003, 2005 e 2006 (Fig.7.2.1.21). A
maior amplitude deste mês ficou registrada em 2002, com 31,7mb. No caso, dois
sistemas ciclônicos atingiram a região de Ferraz, dentro de um intervalo de quatro dias,
e causaram os maiores registros de amplitude da pressão, com baixas pronunciadas.
Outro destaque ocorreu no meio do mês, no inverno de 2004. Os valores de pressão
média de junhos, realçaram os valores registrados em 2002, abaixo da média do mês
(Fig.7.2.1.22). O menor registro de pressão média ocorreu em junho do inverno de
2005, com 970,7mb, embora tenha demonstrado uma tendência acima das médias,
diária e do mês. Junho de 2003 também se destacou como um período que registrou
valores quase sempre acima de ambas as médias.
144
demonstrou a MET-1. Como nos verões, a alta freqüência das amplitudes indicou que
houve um aumento significativo de atividade sobre a EACF (Fig.7.2.1.25). A maior
amplitude do mês ocorreu no dia 9 de julho, do inverno de 2002, com 32,1mb. Este
inverno, em particular, registrou a maior freqüência de oscilação das amplitudes no mês.
Para o valor médio da pressão, este mês de inverno registrou a marca recorde da
climatologia deste período. O dia 29 de julho do inverno de 2004 marcou 960,4mb
(Fig.7.2.1.26). Contudo, os valores deste inverno, como dos invernos de 2002, 2005 e
2006 estiveram, em muitos dias deste mês, acima das médias. Julho de 2003 se destacou
por ser o inverno com menores pressões médias, com registros de diversas depressões.
145
semelhante entre todos os invernos. A tendência dos registros foi de alta no início do
mês, com uma queda generalizada em meados de agosto, mas terminando com a
retomada de elevação da média, para o final do inverno. A única exceção ficou com o
inverno de 2006, que aparentou manter a tendência de abaixar os valores de pressão
média, com pequenas retomadas de crescimento.
146
permaneceu com flutuações de amplitude menores que 20,0mb. No final do inverno, na
avaliação dos registros de todos os meses de agosto, notou-se a alta concentração de
casos de pressão máxima acima de 1013,25mb, excetuando-se o inverno de 2005
(Fig.7.2.1.33). Agosto de 2002 obteve o registro recorde de dias em que a pressão
máxima ficou além deste valor. Foram 12 dias computados. Para os valores de mínima
pressão, a maior concentração, em todos os invernos, ocorreu na classe de pressão
]970—980]mb. As classes inferiores permaneceram com registros altos apenas no mês
de agosto do inverno de 2003. Este último, também deteve o maior número de casos de
médias iguais ou inferiores à 975,0mb. O mês de agosto, do inverno de 2002, registrou
apenas valores altos de pressão, em todas as classificações. Sua média diária mais baixa
ficou em 979,7mb. Em destaque, o inverno de 2003 se categorizou como o que mais
registrou casos nesta compilação das análises.
147
conhece ainda da Antártida. Esta área funde a Meteorologia (condições meteorológicas
nos sítios de estudo) Climatologia (Comportamento climático de longo período nos
mesmos sítios) Geologia (estudo dos substrato, camadas do solo, rochas e
intemperismo) e Geografia (permafrost, mapeamento, catalogação e quantificação
destes novos fatores geográficos). Neste contexto, a temperatura entra como um dos
fatores determinantes de diversas situações diretas e indiretas de avaliação.
148
provenientes de neve sazonal. Estas fendas, na realidade, recebem um nome especial e
são conhecidas por gretas6.
6
Greta é o termo oficialmente utilizado, pelo Programa Antártico Brasileiro, na denominação das
rachaduras nos campos de gelo, sobre as geleiras (ou glaciares). A maior parte das gretas é formada pelo
avanço descontínuo das geleiras em direção ao mar. As diferentes acelerações provocam rachaduras que
podem ter um metro, como trincas, ou centenas de metros, como abismos. O maior problema surge
quando a neve precipitada cobre a greta, tornando-a invisível. Como a neve sempre permanece na mesma
temperatura do ar, quando esta é positiva, formam-se pontos de fusão que rapidamente perdem calor para
o gelo vizinho e voltam a se congelar. Este processo de congelar e fundir, em temperaturas positivas,
enfraquece o tampão de neve que se formou sobre a greta. Um expedicionário que passar sobre ela, a pé
ou motorizado, corre o risco de quebrar a cobertura e se precipitar para o abismo oculto, dentro da geleira.
149
de todos os períodos de verão foi de 0,5ºC, ou seja, mesmo com muitas ocorrências de
registros diários de mínimas negativas, a média desta climatologia indicou um valor
positivo de temperatura, na estação meteorológica de Ferraz. A menor temperatura
mínima, de todos os verões, ocorreu no dia 7 de dezembro do verão de 2003-2004, com
o valor de –7,4ºC. O maior valor ocorreu no dia 22 de janeiro, do verão de 2005-2006,
com o valor de 5,7ºC. Em uma análise sumária entre as temperaturas máxima e mínima
diárias, com conexão aos estudos da MET-1, observou-se que os registros de quedas
estão associados aos ciclones que se situam na região Sudeste da EACF, ou situando
geograficamente com referências, sobre o mar de Weddell. Esta discussão será
deliberada na MET-3.
150
onde se relatou os valores médios destas temperaturas e a amplitude diária. Calculou-se
também as médias que fizeram referência aos valores de cada mês dos verões
combinados.
151
precipitados sólidos como neve, água-neve, chuva congelada e gelo. A configuração de
chegada de sistemas pelos outros setores, sempre acusaram temperaturas mais elevadas,
muitas vezes, mesmo depois da passagem dos sistemas sobre a EACF.
152
deste dia, houve ligeiras quedas no meio do mês, em todos os períodos. Uma nova
retomada ascendente ocorreu da terceira semana, com poucas flutuações, encerrando o
mês de todos os períodos em queda. As grandes amplitudes ocorreram em menor
freqüência (Fig.7.2.2.12). Os maiores destaques ficaram para fevereiro de 2001-2002.
153
de todos os verões, houve concentração no intervalo ]–5,0—0,0]ºC nos períodos de
2003-2004 (em quase todo o mês) 2004-2005 e 2005-2006 (com dois terços do mês). Os
períodos de 2001-2002 e 2002-2003 estiveram com as máximas ocorrências na classe
positiva de ]0,0—3,0]ºC ao redor de dois terços do mês também (Fig.7.2.2.14). Foram
os períodos de pequena amplitude térmica. Pouquíssimos casos foram registrados nas
outras classes, sendo que mínimas menores ou iguais a –10,0ºC não ocorreram.
154
fevereiros, foram distribuídos na primeira classe negativa, [–5,0—0,0[ºC, com destaque
para 2005-2006. Para a classe superior, acima de 3,0ºC, este ano se destacou novamente
com nove ocorrências, enquanto que os outros períodos, estiveram em similaridade. As
classes negativas abaixo de –5,0ºC não registraram nenhuma ocorrência, igualmente aos
meses de janeiro.
155
nas ilhas antárticas oceânicas. Mesmo quando os valores forem positivos, mas que
durem menos de dois ou três dias, esta segurança ainda estará garantida. Isto porque o
degelo requer muito tempo para ocorrer, dada a condição do gelo ser um isolante
térmico. Continuando o estudo, a aplicação da linha de tendência polinomial de sexta
ordem (linha preta) sobre os dados de médias diárias resultou em valores muito abaixo
do aceitável. Este fato espelhou a grande variabilidade das temperaturas durante o
período de inverno. As amplitudes das ondas, em todos os períodos, ficaram a oscilar
entre 15,0 a 25,0ºC. No que tange aos registros recordes, o dia 1º de julho do inverno de
2005 registrou –18,5ºC, a mais baixa temperatura máxima de todos os períodos. Foi
seguido pela tendência de queda do inverno de 2006, pois o dia 24 de agosto deste
período registrou –16,3ºC. Os maiores valores de temperatura máxima ocorreram no
inverno de 2004, no dia 3 de junho, com 5,7ºC e no inverno de 2003, em dois dias
seguidos, de 28 e 29 de agosto, com 5,6ºC.
156
Aplicando o estudo para as amplitudes térmicas diárias, a série temporal indicou
que as oscilações dos períodos de inverno foram as mais acentuadas (Fig.7.2.2.21). Os
valores refletiram exatamente o transporte de energia que ocorre, com a passagem dos
ciclones, pelas ilhas da Antártida Oceânica. As amplitudes, em linhas gerais,
concentraram-se em faixas preferenciais de, no mínimo, 8,0ºC. Notou-se que as
amplitudes de 10,0ºC também foram comuns. A partir de 12,0ºC de amplitude, os casos
foram recorrentes com certa freqüência, pois todos os períodos de inverno obtiveram
valores desta magnitude. O destaque se deu para todo o inverno de 2005, seguido por
períodos de 2002. Com isto, houve novamente uma correspondência muito baixa na
linha de tendência aplicada. A maior amplitude registrada ocorreu no dia 2 de julho do
inverno de 2005, com 15,7ºC de variação.
157
em todos os períodos de inverno, no mês de junho, foi significativa (Figs.7.2.2.23).
Novamente, o inverno de 2002, para este mês, destacou-se com os valores mais baixos
de mínimas. Os invernos de 2003 e 2005 também obtiveram valores consideráveis, com
profundas oscilações em intervalos de três dias. Este fato se refletiu nas amplitudes, que
chegaram a atingir de 12,0 a 14,0ºC com a chegada de sistemas na área da EACF
(Fig.7.2.2.24).
158
de fusão da água. Situação inversa ocorreu com 2004, com poucas variações e acima de
todos os padrões das médias, além da linha de zero grau Celsius. Para as temperaturas
mínimas, o padrão dispersivo continuou a ocorrer nas comparações dos meses de julho
(Fig.7.2.2.26). Os destaques, para as mais baixas mínimas, ficaram com os invernos de
2002 e 2003. O inverno de 2004 continuou a registrar os valores elevados. Em uma
rápida intervenção com os dados da MET-1, deve-se ressaltar que este inverno obteve
muitos registros de ocorrências de ciclones que vieram decair na área de controle.
Muitos destes casos, justamente no setor Sudoeste. Com a vanguarda dos sistemas
transportando ar mais aquecido, este fato poderia indicar as tendências de valores
maiores para o período. Quanto às amplitudes, o mês de julho apresentou valores
dispersos, com freqüências amplificadas além de 10,0ºC (Fig.7.2.2.27). O mês de julho
de 2004 foi o que menos registrou amplitudes bem definidas. A incidência dos ciclones,
como comentado logo acima, deve ter mantido um fluxo de calor com certa constância
por períodos de dias, das latitudes mais baixas sobre a EACF.
159
em conta que houve temperaturas muito mais baixas neste período sazonal, portanto,
uma discriminação maior se fez necessária. Além do fato de que as temperaturas
determinam as atividades humanas, no exterior das estações, a composição com vento
pode atingir situações de extremo perigo de congelamento. Tal problema será abordado
mais a frente, no tópico sobre ventos e na MET-3. Contudo, as temperaturas máximas
foram divididas em cinco classes: menor que –10,0ºC; maior ou igual a –10,0ºC até
–5,0ºC ( [–10,0— –5,0[ ); maior ou igual a –5,0ºC até 0,0ºC ( [–5,0—0,0[ ); maior ou
igual a 0,0ºC até 5,0ºC ( [0,0—5,0[ ) e maiores ou iguais a 5,0ºC. A primeira e última
classes comportaram os valores extremados de inverno, para os padrões da Antártida
Oceânica. Para o caso das temperaturas mínimas, as classes foram diferenciadas das
máximas, com o acréscimo de mais uma classe, além do destaque próximo de zero grau
Celsius. Para seguir o padrão adotado no verão, transferiu-se o limite fechado das
classes para o lado superior, exatamente para que todas as temperaturas menores ou
iguais a zero grau Celsius tenham a mesma diferenciação. As classes foram definidas
nos seguintes intervalos: menor ou igual a –15,0ºC; maior que –15,0ºC e menor ou igual
a –10,0ºC ( ]–15,0— –10,0] ); maior que –10,0ºC e menor ou igual a temperatura de
–5,0ºC ( ]–10,0— –5,0] ); maior que –5,0ºC e menor ou igual a 0,0ºC ( ]–5,0—0,0] );
maior que 0,0ºC e menor ou igual a 3,0ºC ( ]0,0—3,0] ); maior que 3,0ºC.
160
–15,0ºC. As ocorrências de mínimas acima de zero grau Celsius foram exíguas. Junhos
mais quentes, citados acima, de 2004 e 2006, foram os que obtiveram mais registros,
com três casos cada um. Nenhum caso foi registrado além de 3,0ºC.
161
classes negativas, com mais casos em ]–10,0— –5,0] e ]–5,0— 0,0]ºC. Agosto de 2003
registrou quase dois terços do mês na classe negativa, vizinha ao zero grau Celsius. Os
meses de agosto de 2002, 2004 e 2005 concentraram as ocorrências mais para as classes
negativas de ]–10,0— –5,0] e ]–15,0— –10,0]ºC. Para esta última classe, agosto de
2006 obteve sua maior marca, com 13 casos. Este mesmo inverno registrou seis
ocorrências abaixo ou igual a –15,0ºC. Os casos de temperaturas mínimas na classe
]0,0— 3,0]ºC ficaram concentrados no mês de agosto de 2003. Nenhuma ocorrência de
mínima acima de 3,0ºC foi relatada nesta climatologia, em todos os meses de inverno.
7
Gaussiana ou Curva de Gauss, em linhas gerais, é uma função matemática contínua, derivável em todos
os pontos, cuja a aparência se assemelha a uma montanha. O valor central é o mais elevado, ou Moda da
função (o termo que mais predomina) reduzindo para ambos os lados, conforme se afasta deste ponto
central. Difere da parábola porque suas extremidades “abrem” com tendência a se aproximarem de zero,
na sua correspondência com os valores da incógnita y. O caso mais clássico de experimento de Gauss
pode ser obtido jogando-se 100 vezes dois dados. A maior concentração de resultados ocorrerá nos
valores próximos de sete ou oito, mas poucos nos valores dois e doze. Existem vários termos
modificadores da curva de Gauss que podem alongar, compactar, amplificar, reduzir e deformar sua
aparência.
Exemplo:
35
30
25
20
15
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
162
região costeira e na Antártida Oceânica, o regime dos ventos é regido pela passagem
dos ciclones extratropicais e polares. A área da Trilha das Depressões é o setor do
planeta com a maior variabilidade de ventos ciclônicos. Neste estudo, em particular,
observou-se as variações de comportamento dos ventos nos verões e invernos,
demonstrando diferenças que podem ocorrer com a variação sazonal, no setor da EACF,
sendo esta, uma amostra do que ocorre em toda a região circumpolar.
163
de sexta ordem (linha preta) sobre os dados de médias diárias, resultou uma equação de
reta que não conseguiu exprimir uma aproximação, com índice baixo, situação típica
para valores de velocidade de ventos na Antártida. Em uma outra conexão com a
MET-1, notou-se também casos em que alguns mesociclones foram capazes de gerar
ventos mais intensos e rajadas maiores que alguns ciclones sinópticos. Na avaliação
desta climatologia, verificou-se que os períodos de verão de 2001-2002 e 2002-2003
registraram fortes e intensas rajadas, destacando-se principalmente no início do período.
Nos outros três períodos, 2003-2004, 2004-2005 e 2005-2006, as tendências foram de
menores ocorrências, com algumas mudanças excepcionais, para o final do verão. A
rajada máxima, recorde desta climatologia, ocorreu no dia 11 de dezembro do verão de
2002-2003, com a impressionante marca de 47,1m.s-1 (169,5km.h-1 ou 91,5kt). O verão
de 2001-2002 foi o detentor de ocorrências de rajadas acima de 35,0m.s-1 (126,0km.h-1
ou 68,0kt) com quatro casos.
Para os registros de vento médio diário, a série temporal de 90 dias teve grande
oscilação, ditada pela atuação dos sistemas ciclônicos na área de controle (Fig.7.2.3.3).
164
A média geral das velocidades médias, de todos os períodos de verão, foi de 5,2m.s-1
(18,7km.h-1 ou 10,1kt) dentro dos 445 dias. Em uma avaliação geral, do comportamento
dos valores médios de vento, verificou-se que os primeiros trinta dias dos verões
indicaram uma tendência descendente nas velocidades, seguido de certa estabilidade no
meio dos verões, com retomada de alta, por mais 20 dias e finalização em queda.
Alguns períodos de verão se destacaram deste padrão, como o verão de 2001-2002,
cujas velocidades médias estiveram mais elevadas que os outros períodos, por um
tempo maior. O verão de 2004-2005 obteve significativos registros de médias baixas.
Não se observou uniformidade nos ventos médios, devido ao destaque na variação de
altas e baixas, o que também prejudicou a aproximação da linha de tendência polinomial
de sexta ordem (linha preta) sobre os dados de médias diárias. A maior velocidade
média registrada ocorreu no dia 11 de dezembro do período de 2002-2003, com
14,9m.s-1 (53,6km.h-1 ou 28,9kt). Outro caso semelhante, em janeiro do verão de
2001-2002 será discutido logo abaixo, nas particularidades mensais.
165
Elaborando a análise refinada de verão, realizou-se as séries temporais locais e
comparativas, com duração de apenas um mês. Os resultados, obtidos desta
climatologia, foram expressos na Tabela 7.2.3.1, onde se relatou os valores médios das
rajadas máximas, do vento mínimo, do vento médio e do número de horas calmas.
Calculou-se também as médias referentes aos valores de cada mês dos verões
combinados.
166
janeiro, com a compensação de um suave aumento nas horas de calmaria. Houve uma
retomada aos valores maiores no mês de fevereiro, em todos os valores de vento, com
redução significativa das calmarias.
Para a análise dos dados dos meses de janeiro, as rajadas máximas diminuíram
em relação ao início do verão, concentrando-se entre 10 e 30m.s-1 (Fig.7.2.3.9).
Destacou-se o verão de 2001-2002, com a maior parte das ocorrências acima das
médias, seguido pelo verão de 2003-2004. Foi no dia 1º de janeiro, do verão de
2001-2002, que se registrou a maior marca do mês, com 36,0m.s-1 (129,6km.h-1 ou
69,9kt). Esta citação foi feita como registro, pois este dia se destacou na velocidade
média. Novamente, os verões de 2001-2002 e 2003-2004 registraram dois terços do mês
com valores acima das duas médias. Para o vento mínimo, quase a plenitude dos dados
indicaram valores abaixo de 3,0m.s-1 (Fig.7.2.3.10). No cômputo geral, os meses de
janeiro foram os que registraram os menores valores de velocidade de vento. Isto
indicou que houve intervalos significativos, pelo menos uma vez ao dia, na atuação dos
167
sistemas ciclônicos sobre o setor. O verão de 2004-2005 foi o que mais registrou
velocidades zero em pelo menos uma hora de observação. O verão de 2001-2002
registrou mais casos que os outros meses de janeiro, sempre acima das médias do mês.
Para as informações do vento médio, houve uma concentração e queda generalizada dos
valores no mês de janeiro (Fig.7.2.3.11). Excetuando-se 2001-2002, as médias tiveram
tendência de permanecer, na maior parte dos casos, abaixo de 6,0m.s-1. Reporta-se aqui,
a falha já comentada do anemômetro, com ausência de dados do dia 17 ao 22 de janeiro
de 2004-2005. Conforme comentário acima, o dia 1º de janeiro, do verão de 2001-2002,
registrou o segundo maior vento médio desta climatologia. Diferiu muito pouco do
valor de 14,9m.s-1 do dia 11 de dezembro, do verão de 2002-2003. Este dia, em
particular, ocorreu o sistema batizado por Nexus (FELICIO, 2003) cujo vento médio do
dia, foi de 14,7m.s-1 (52,9km.h-1 ou 28,5kt). Este caso, em particular, em conexão com a
MET-1, ocorreu no intervalo de dois sistemas ciclônicos sinópticos gêmeos. O conjunto
dos sistemas, um à Leste e outro à Oeste do Drake, configuraram um corredor de vento
que perdurou por 36 horas, com o máximo ocorrendo no dia citado. Para o dia seguinte,
registrou-se baixa velocidade média e horas de calmaria, com brilho solar intenso.
Quanto aos valores de horas calmas, o mês de janeiro registrou um suave aumento das
ocorrências em todos os períodos, com grande destaque para o verão de 2004-2005
(Fig.7.2.3.12). Embora todos os parâmetros de vento tenham declinado neste mês e, as
horas calmas, em geral, aumentado, a elevação da média das horas de calmaria tiveram
muita influência dos valores de 2004-2005. O mês de janeiro do verão de 2005-2006 foi
o que menos registrou horas calmas.
168
tiveram os valores mínimos mais altos, com destaque para este último período e a marca
recorde de mínima elevada deste mês, com 9,1m.s-1 no dia 18. Os valores de vento
médio de fevereiro demonstraram um comportamento interessante, com aproximação
em todos os períodos (Fig.7.2.3.15). Os valores ficaram muito próximos, numa
diferença de apenas 6,0m.s-1. Houve uma tendência geral de elevação das velocidades
médias, nos primeiros dez dias dos meses de fevereiro. Em seguida, uma estabilidade
até o dia 17, terminando em uma tendência de queda para todos os períodos,
excetuando-se 2002-2003 e 2005-2006, onde este padrão não ficou muito evidente. O
valor mais alto da velocidade média do mês ocorreu no dia 11 de fevereiro, do verão de
2001-2002, com 14,5m.s-1. As horas de calmarias de fevereiros se destacaram por serem
as mais baixas da climatologia de verão (Fig.7.2.3.16). Excetuando-se 2004-2005, as
médias quase registraram zero. Embora o valor médio do mês tenha se assemelhado ao
valor do mês de dezembro, a configuração da contribuição dos períodos foi a
responsável pela elevação. Enquanto dezembro obteve valores distribuídos pelos
períodos, fevereiro praticamente não registrou casos, sendo apenas alguns picos de
ocorrências, os responsáveis pela elevação do valor médio. Foi o caso, novamente, do
verão de 2004-2005, com o recorde de 16 horas de calmaria ocorrido no dia 16, com
outra marca de 15 horas, no dia seguinte.
169
maior ou igual a 5,0m.s-1 até 7,5m.s-1 ( [5,0––7,5[ ); maior ou igual a 7,5m.s-1 até
10,0m.s-1 ( [7,5––10,0[ ) e maiores ou iguais a 10,0m.s-1.
170
respectivamente. As duas últimas classes, de ventos médios mais velozes, reduziram
significativamente as ocorrências. A classe mais veloz teve contribuições dos verões de
2001-2002 e 2002-2003 somente. Não houve registros de casos na classe das calmarias
plenas.
171
20,0m.s-1) foram recorrentes. Com isto, além da alta freqüência da passagem de
ciclones, os valores dos registros se comportaram em funções com deslocamentos muito
diferentes. Nestes termos, ao se aplicar da linha de tendência polinomial de sexta ordem
(linha preta) sobre os dados de médias diárias, obteve-se um resultado que não
representou a função. Como comentado anteriormente, esta situação foi corriqueira para
valores de velocidade de ventos na Antártida Oceânica. Na avaliação desta climatologia,
verificou-se que o período de inverno de 2002 e 2003 registraram fortes e intensas
rajadas, por quase todo o período. O inverno de 2004 começou com valores próximos da
média, no início, mas acompanhou as fortes rajadas, dos dois períodos anteriores, no
final do inverno. O inverno de 2004 foi o mais atenuado, com rajadas de baixo valor e
extensos dias de velocidades em zero. Finalmente, o inverno de 2006 permaneceu muito
próximo da média. A rajada máxima, recorde desta climatologia, ocorreu no dia 28 de
julho do inverno de 2004, com a marca de 46,2m.s-1 (166,3km.h-1 ou 89,8kt) ficando
abaixo da marca de verão por apenas 0,9m.s-1. O inverno de 2003 obteve a marca
recorde de rajadas acima de 35,0m.s-1 (126,0km.h-1 ou 68,0kt) com dez casos.
172
mais altas. A maior mínima registrada nesta climatologia ocorreu no dia 3 de agosto, do
período de 2003, com 17,3m.s-1 (62,2km.h-1 ou 33,6kt).
173
de julho e 12 de agosto, com as situações sinópticas mais curiosas dentro da área de
controle deste estudo, que serão discutidas na MET-3. Conforme era esperado, não se
observou padrões na média diária de horas calmas, de todos os invernos, indicado pela
baixa aproximação da linha de tendência polinomial de sexta ordem (linha preta).
Obteve-se vários dias com registros de 24 horas de calmaria. Estes foram considerados
os dias calmos plenos. A seqüência recorde, desta climatologia de dias calmos, ocorreu
no inverno de 2002, do dia 26 ao 29, ou seja, quatro dias calmos plenos, com 24 horas
de registros de velocidade zero.
Pelos cálculos das médias dos invernos, obteve-se como resultado que os meses
de agosto foram os mais intensos, inclusive com registros de calmarias semelhantes aos
verões. Contudo, houve uma tendência de leve crescimento nos parâmetros de vento do
início ao fim do inverno, exatamente o oposto do que ocorreu no verão. Conforme era
esperado, o contrário ocorreu com o cômputo das horas calmas.
174
Tabela 7.2.3.2: Valores Médios de Velocidade do Vento em Superfície
(Rajada/Máximo, Mínimo, Médio) e Horas de Calmaria na EACF, nos
Meses de Inverno, em Todos os Períodos.
do mês, com apenas 0,2m.s-1, que seria considerado, pela média, um mês calmo,
segundo os padrões da OMM. Os outros períodos de inverno tiveram as suas oscilações
de vento mínimo ao redor de 2,0m.s-1. Para os registros de vento médio, junhos
apresentaram os registros abaixo de 10m.s-1, com poucas flutuações acima disto
(Fig.7.2.3.29). Junho de 2003 novamente se destacou com um valor médio maior que os
seus meses pares. A segunda maior marca dos invernos ocorreu neste mesmo período de
2003, com 20,4m.s-1 (73,4km.h-1 ou 39,6kt) de média. As maiores amplitudes, seguidas
de vento médio, ocorreram no inverno de 2006, com a chegada contínua de ciclones
sobre a EACF. Os menores registros de vento médio continuaram ocorrendo no período
175
de 2005. Para o cômputo de horas calmas, os meses de junho tiveram a maior média dos
invernos, com 2,7 horas (Fig.7.2.3.30). O destaque para este valor mensal foi
responsabilizado pelos extensos e contínuos períodos de calmarias do inverno de 2005.
O referido período, somente neste mês, registrou três dias de calmaria plena, com 24
horas sem vento. Além destes, outros nove dias também registraram 16 horas ou mais
de calmaria. Este mês de 2005 foi o recordista, desta climatologia, com destacada marca
média de 10,6 horas (10 horas e 36 minutos). O mês de junho de 2006, opondo-se ao
período de 2005, praticamente não registrou horas calmas, com a marca de apenas 0,2
hora (12 minutos).
Para as séries temporais dos meses de julho, as rajadas máximas iniciaram sua
tendência de aumento, discutida na série completa de inverno (Fig.7.2.3.31). A
flutuação dos registros ficou compreendida entre 15 e 30m.s-1. Destacou-se o inverno de
2005, como era esperado, com seus registros aquém deste intervalo. Além deste, houve
o destaque da súbita queda ocorrida no final do mês de julho, no período de 2002, que
atingiu a marca zero, perpetuada por três dias consecutivos. Contrapondo-se à este
inverno, o período de 2004 registrou a rajada máxima recorde da climatologia de
inverno, com 46,0m.s-1 (166,3km.h-1 ou 89,8kt) no dia 28 de julho. Para o vento
mínimo, o mesmo padrão, de elevação dos valores, foi observado nos meses de julho
(Fig.7.2.3.32). Os maiores valores médios de vento mínimo ficaram com os invernos de
2004 e 2006, indicando maior atividade ciclônica. O inverno de 2005, novamente, foi o
que mais registrou velocidades zero em pelo menos uma hora de observação. Para os
dados de vento médio, todos os períodos registraram uma concentração entre 5,0 até
10,0m.s-1 (Fig.7.2.3.33). Além disto, a média geral do mês também se elevou. O valor
de vento médio de destaque, em julho, ocorreu no dia 14, no inverno de 2002, com
16,8m.s-1 (60,4km.h-1 ou 32,6kt). A marca recorde de dias com vento médio igual a
zero, na climatologia de inverno, ocorreu entre os dias 26 a 29, do período de 2002, ou
seja, quatro dias consecutivos. Excetuando-se 2005, as médias tiveram tendência de
permanecer, na maior parte dos casos, acima de 6,0m.s-1. Para o estudo das horas
calmas, o mês de julho registrou um suave decréscimo das ocorrências, de modo geral
(Fig.7.2.3.34). Contudo, a média do mês se manteve alta devido a grande contribuição
do período de 2002, que deteve a marca recorde de quatro dias de calmaria plena, do dia
26 ao 29. A segunda maior contribuição continuou com o inverno de 2005. O inverno
de 2006 praticamente não registrou calmarias neste mês, com um registro médio de
176
apenas 0,1 hora (seis minutos). No panorama geral, o mês de julho, intermediário do
inverno, registrou aumento em todos os parâmetros de vento, com decréscimo das horas
calmas.
177
Na elaboração dos gráficos analíticos, o mesmo padrão do verão foi adotado
para o inverno. Continuou-se a utilizar as rajadas máximas e os valores de velocidade
média do vento como os dois parâmetros de vento mais significativos. Estas variáveis
têm mais importância ainda, durante o inverno, como indicadoras de segurança para as
atividades antárticas. Os valores das rajadas máximas foram distribuídos em cinco
classes de velocidades, com limites de intervalo, idênticos aos do verão, onde os
conjuntos foram descritos do mesmo modo: [0,0—10,0[; [10,0—20,0[; [20,0—30,0[;
[30,0—40,0[ e maiores ou iguais a 40,0m.s-1. A primeira classe comportou as
ocorrências de máximas velocidades quando houve a inexistência de rajadas. Estes
casos não foram tão raros como no verão. Para os gráficos do vento médio, adotou-se a
mesma divisão de seis classes, como no verão. Porém, no inverno, foi mais necessário
ainda a adoção de classes com menores amplitudes para cobrir as ocorrências. A classe
de calmaria plena obteve muitos registros, principalmente no já discutido inverno de
2005. Os conjuntos das classes foram descritos da mesma maneira: de zero, inclusive,
até 0,3m.s-1, inclusive; [0,0––0,3]; ]0,3––2,5[; [2,5––5,0[; [5,0––7,5[; [7,5––10,0[ e
maiores ou iguais a 10,0m.s-1.
178
classe calma, com três casos. Os outros dias, ficaram divididos nas classes acima
citadas. A classe mais veloz de [30,0—40,0[m.s-1 obteve registros de todos os anos, com
destaque para 2002, com mais registros e 2004, com apenas um. A classe mais veloz,
com valores iguais ou maiores que 40,0m.s-1, registrou homogeneidade em quase todos
os períodos de inverno, com três casos cada, diferindo apenas 2005, com dois casos.
179
rajadas máximas, os invernos de 2003 e 2004 se dividiram nas classes de [20,0—30,0[ e
[30,0—40,0[m.s-1, com casos na marca de um terço do mês cada um, com leve destaque
para 2006, nesta primeira classe veloz. Para as velocidades acima de 40m.s-1, houve
apenas um registro para os períodos de 2002, 2003 e 2004. Para o vento médio, os
meses de agosto continuaram a trilhar a tendência de aumento deste mês, mas com
maior concentração das ocorrências em duas classes, alternadas pelos períodos
(Fig.7.2.3.44). Agosto de 2005 e 2006 registraram metade dos dias na classe de
velocidade de [2,5––5,0[m.s-1, enquanto 2002, apenas um terço e os outros períodos
foram mínimos. Contudo, a classe vizinha de [5,0—7,5[m.s-1 comportou ao redor de um
terço do mês de todos os períodos, salvo 2005 que só obteve dois casos, para todas as
classes superiores de vento médio. A classe de velocidade [7,5—10,0[m.s-1 indicou um
queda abrupta dos registros, mas destacou uma segunda predominância menor de casos
com velocidades maiores ou iguais a 10,0m.s-1. Estas ocorrências foram significativas e
ajudaram a elevar a média geral de agosto. Os destaques, na ordem foram para 2003,
2004, 2002 e até mesmo um caso de 2005. Findando o mês de agosto, nenhuma
ocorrência foi registrada na classe de calmas.
8
Direção é a representação de uma linha imaginária que pode ser transitada em dois sentidos, ou seja,
“direção Norte-Sul” é o mesmo que “direção Sul-Norte”, pois ambas apenas indicam qual a linha a se
seguir. Casos semelhantes são direção meridional, latitudinal etc. Nenhum deles indica realmente para
onde se transita, ou seja, o seu sentido. Completando o primeiro exemplo, Sentido Norte-Sul é diferente
de Sentido Sul-Norte. Segundo Resnick, R. e Halliday, D. (1989) uma grandeza vetorial, como o vento, é
um conceito que envolve módulo, direção e sentido. Seu módulo é dado pelo valor escalar e seu vetor,
definido pela direção e sentido. Em Meteorologia, seguindo os preceitos aeronáuticos, as direções são
dadas por ângulos de azimute, contudo, novamente o conceito de sentido é necessário, pois uma aeronave
transitando na “direção 360” é diferente de um “vento 360”. Nos dois casos o sentido ficou implícito, mas
não definido. Uma aeronave voa do ponto central da bússola para a marca 360 e o vento faz o percurso
inverso, ou seja, atinge o centro da bússola pela marca 360. Para este trabalho, adotou-se o padrão da
Física, onde o vetor necessita de direção e sentido, sendo que a direção ficou implícita na descrição do
sentido.
180
O estudo do sentido predominante foi realizado pela observação do valor da
moda diária, nos dados coletados nas 24 horas da EACF. O estudo difere um pouco dos
padrões adotados para as outras variáveis meteorológicas. Para o sentido do vento,
realizou-se, primeiramente, a avaliação do cômputo geral de todos os dias de verão e
inverno separadamente. A seguir, voltou-se ao padrão normal de avaliação da
contribuição de cada mês constituinte, tanto da estação sazonal, quanto de cada período
anual de verão/inverno. Finalmente, houve a fusão das duas informações integradas,
com dados dos meses e períodos.
Com estes valores, observou-se, para os verões desta climatologia, que a maior
predominância no sentido dos ventos ficou com o setor Oeste (Fig.7.2.4.1). Este setor
foi o responsável por 29,7% dos dias predominantes de todos os verões (Fig.7.2.4.2). O
segundo setor predominante de vento foi o Norte, com 19,8% dos casos, imediatamente
seguido pelo setor Leste, com 18,2%. Estes números representaram, em boa parte, a
181
Tabela 7.2.4.1: Valores Absolutos do Setor Predominante Diário do Vento em
Superfície e Dias Calmos na EACF, nos Meses de Verão, em Todos
os Períodos.
182
austral dos ciclones (no hemisfério Sul, sentido horário ao redor do centro de baixa
pressão). O setor que menos registrou dias de predominância foi o Sul, com 1,6%. Os
ventos deste setor tem a característica de serem muito frios. Suas ocorrências estiveram
associadas às quedas abruptas de temperatura, e fenômenos como neve, chuva
congelada e água-neve.
183
Procedeu-se na divisão destas ocorrências pelos meses que compõem o verão.
Os resultados de dezembro foram semelhantes ao cômputo geral por períodos, com a
troca dos setores da segunda e terceira predominância, como visto na divisão mensal
(Fig.7.2.4.5). Ocorreram algumas alterações interessantes, regidas por casos de ciclones
em particular. Estes, foram os principais responsáveis pelas mudanças ocorridas nos
meses e reafirmaram a grande variabilidade dos ventos neste setor antártico, ou seja,
embora em média os valores tendam a ter um certo comportamento, localmente, estes
podem se apresentar muito diferentes (entendendo este “localmente” como um intervalo
de tempo observacional menor). Com a finalidade de se facilitar a leitura das
informações de predomínio, criou-se um resumo, expresso na Tabela 7.2.4.2, com as
três primeiras predominâncias do mês de dezembro, de cada período de verão, e a
última predominância computada.
Tabela 7.2.4.2: Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último
Setor dos Meses de Dezembro, em Todos os Períodos de Verão.
VERÕES SETORES
MESES PERÍODOS 1ª Pred. 2ª Pred. 3ª Pred. Última Pred.
2001-2002 Oeste Nordeste Norte S / SE / NW / C
2002-2003 Norte W/E NE / SE Sul / Calmo
2003-2004 Leste W / SE Norte Sul
DEZEMBROS
2004-2005 Leste Oeste Sudeste Sul
2005-2006 Oeste Leste Sudeste Calmo
TODOS Oeste Leste Norte Sul / Calmo
VERÃO GERAL Oeste Norte Leste Sul
184
predominâncias de vento estiveram muito próximas. Esta congruência ficou mais
evidente no caso dos segundo e terceiro setores predominantes. A Tabela 7.2.4.3
resumiu os predomínios de setores dos meses de janeiro e os setores que menos casos
registraram.
Tabela 7.2.4.3: Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último
Setor dos Meses de Janeiro, em Todos os Períodos de Verão.
VERÕES SETORES
MESES PERÍODOS 1ª Pred. 2ª Pred. 3ª Pred. Última Pred.
2001-2002 Oeste Norte NE / SW Noroeste / Calmo
2002-2003 Leste Sudeste Norte Sul / Calmo
2003-2004 Oeste N/E NE SW NW Sul / Calmo
JANEIROS
2004-2005 Oeste Calmo Leste S / NE / SW
2005-2006 Oeste N / SW Nordeste NW / SE / Calmo
TODOS Oeste Norte Leste Sul
VERÃO GERAL Oeste Norte Leste Sul
185
Tabela 7.2.4.4: Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último
Setor dos Meses de Fevereiro, em Todos os Períodos de Verão.
VERÕES SETORES
MESES PERÍODOS 1ª Pred. 2ª Pred. 3ª Pred. Última Pred.
2001-2002 Oeste N / NE Sudoeste Sudeste / Calmo
2002-2003 Norte Oeste Leste Noroeste / Calmo
2003-2004 Oeste Norte Leste NE / SE / Calmo
FEVEREIROS
2004-2005 Oeste Sudoeste Leste S / NW / SE
2005-2006 Leste Norte W /SW Sul / Calmo
TODOS Oeste Norte Leste S / SE / Calmo
VERÃO GERAL Oeste Norte Leste Sul
186
18,9%. Estes dois últimos trocaram de posição em relação aos verões, mas pela
proximidade dos valores absolutos, novamente este fato era esperado. Pôde-se avaliar
que a segunda predominância de ventos ficou empatada entre estes dois setores,
principalmente porque, nos invernos, a mudança ocorreu por causa de um caso.
187
os setores Sul, Nordeste, Sudeste, Sudoeste e Noroeste. Quanto ao setor menos
predominante de vento, dos 460 dias de invernos, apenas um foi de sentido Sul,
representando apenas 0,2% das ocorrências. Neste caso, os ventos deste setor apenas
esfriaram mais a região da EACF, pois durante o inverno, as temperaturas já foram
suficientemente baixas para formarem os diversos fenômenos, como a neve.
188
Avaliou-se as ocorrências de todos os invernos, mas se dividiu os casos pelos
meses. Os resultados de junho tiveram as predominâncias trocadas, como visto no caso
da divisão mensal. Notadamente, neste mês de junho, os períodos alternaram a sua
predominância para o setor Leste (Fig.7.2.4.12). Como dito anteriormente, outras
alterações também ocorreram nos setores, regidas por casos de ciclones em particular.
Tabela 7.2.4.6: Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último
Setor dos Meses de Junho, em Todos os Períodos de Inverno.
INVERNOS SETORES
MESES PERÍODOS 1ª Pred. 2ª Pred. 3ª Pred. Última Pred.
2002 Oeste Norte Sudeste S / NW / Calmo
2003 Leste Oeste NE / SE S / SW / Calmo
2004 Oeste Norte Calmo S / NW / SW
JUNHOS
2005 Calmo Leste N / W / SE S / NE / NW/ SW
2006 Leste Norte Oeste Sul / Calmo
TODOS Leste Oeste Norte Sul
INVERNO GERAL Oeste Norte Leste Sul
189
nos setores, foi a mais divergente e de difícil avaliação. Um exemplo pôde ser notado no
cômputo dos predomínios do inverno de 2002. Além do setor predominante ser de
Oeste, os dias calmos também registraram o mesmo valor de casos, detendo assim, o
recorde desta climatologia de inverno, com 14 casos. O inverno de 2003 conseguiu
empatar, na segunda predominância, o valor de três setores. Outro caso ocorreu no
inverno de 2005, com o empate nas ocorrências dos setores Oeste e Leste, pela primeira
predominância. Os dias com calmaria marcaram predominâncias no mês de julho, em
dois períodos de inverno desta climatologia. Em outros casos, houve muitos empates de
segunda ou terceira predominâncias, não tão significativos. A Tabela 7.2.4.7 resumiu os
predomínios de setores, dos meses de julho, e indicou aqueles em que se registraram o
menor número de casos.
Tabela 7.2.4.7: Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último
Setor dos Meses de Julho, em Todos os Períodos de Inverno.
INVERNOS SETORES
MESES PERÍODOS 1ª Pred. 2ª Pred. 3ª Pred. Última Pred.
2002 W / Calmo Norte Leste Noroeste
2003 Norte W / E / NE Sudeste Sul / Sudoeste
2004 Oeste Norte Leste Sul / Sudoeste
JULHOS
2005 W/E Calmo Norte Sul / Sudoeste
2006 Sudoeste Leste N / W / NW Sul
TODOS Oeste Norte Leste Sul
INVERNO GERAL Oeste Norte Leste Sul
190
Tabela 7.2.4.8: Tabela Resumo dos Primeiros Três Setores Predominantes e Último
Setor dos Meses de Agostos, em Todos os Períodos de Inverno.
INVERNOS SETORES
MESES PERÍODOS 1ª Pred. 2ª Pred. 3ª Pred. Última Pred.
2002 Oeste Noroeste Norte S / SE / Calmo
2003 N/W Nordeste Leste S / SW / Calmo
2004 Oeste Norte Leste Sul / Calmo
AGOSTOS
2005 Oeste Norte NW / NE / C Sul
2006 Leste N / SE W /SW Sul / Calmo
TODOS Oeste Norte Leste Sul
INVERNO GERAL Oeste Norte Leste Sul
191
estudos do microbiologista Wolf Vladimir Vishniac (1922-1973) criador da “armadilha
biológica” para descoberta de vida em outros mundos. Seus testes eram executados no
vale seco de Asgard, onde a umidade relativa pode alcançar valores como 10,0% ou
menos. O local fica próximo do monte Balder, estação Mc. Murdo. Vishniac, em suas
pesquisas antárticas, conseguiu descobrir vida microbiológica neste vale seco, onde se
encontram as piores condições do planeta. Seu último registro, em vida, foi encontrado
pelas equipes de busca, próximo de uma de suas estações de coleta de dados e dizia:
“Estação 202 – recolhida. Dez de dezembro de 1973. Hora: 22:30. Temperatura do
Solo: –10,0ºC. Temperatura do ar: –16,0ºC”. Estas eram as condições típicas de um dia
de verão em Marte. Vishniac desapareceu na Antártida e nunca foi encontrado
(SAGAN, 1980). Em geral, a secura do ar trás diversos problemas para as atividades
externas e internas. Nas externas, aumenta a desidratação, pois esta ocorre mesmo em
condições frias. As mucosas e os olhos também são muito atingidos por valores baixos
de umidade relativa. Quanto às atividades internas, equipamentos elétricos e eletrônicos
podem gerar muita carga eletrostática e esta se emanar pelo ar. Aumentam-se os casos
de choque e danos aos equipamentos eletrônicos dentro dos módulos antárticos,
principalmente rádio-transmissores. Esta situação é agravada pela dificuldade em se
produzir aterramento eficiente no continente antártico.
192
dias de amplitudes maiores, o ar tende a se resfriar rapidamente, ou pelo setor da
retaguarda de sistemas ciclônicos, que fazem a função de transporte de ar mais frio, com
ventos em sentidos Sudeste-Noroeste ou Sul-Norte, ou pela ausência de insolação e
aumento da perda de energia de forma radiativa, no final do dia. Como discutido para a
secura do ar, a alta umidade também gera alguns problemas. Primeiramente de ordem
técnica, pois se aumentam as corrosões das estruturas antárticas, principalmente com o
depósito de sal marinho. Para as atividades humanas, há fatores limitantes também. As
roupas, por exemplo, tornam-se de difícil secagem e em atividades de pesquisa de
campo, o conforto térmico, em associação com os parâmetros de temperatura e
velocidade do vento, podem aumentar a sensação térmica de frio, já que se gastam 1000
calorias (1000cal, ou 1kcal) para se aquecer um grama (1g) de água, valores baseados
na variação de 14,0 a 15,0ºC. Os ferimentos, em geral, não se cicatrizam por semanas.
193
não menor que 93,0%. O verão de 2005-2006 foi o que registrou marcas inferiores de
umidade relativa máxima. O verão de 2004-2005 seguiu aproximadamente esta
tendência, mas somente no primeiro mês de verão. Com poucas exceções, em linhas
gerais, todos os outros períodos de verão mantiveram seus registros, de máxima
umidade relativa, acima de 90,0%. A média de todos os verões foi de 95,5% de umidade
relativa máxima. A aplicação da linha de tendência polinomial de sexta ordem (linha
preta) sobre os dados de médias diárias, resultou uma equação de reta que conseguiu
exprimir uma aproximação baixa de 33,47%. O dia de menor umidade relativa máxima
ocorreu em 22 de dezembro do verão de 2005-2006, com a marca de 77,0%. Os
registros de valores máximos ficaram em torno de 99,0%, em alguns anos, e 99,8% em
outros. Contudo, estes valores foram considerados, neste trabalho, como pontos de
saturação, onde o índice seria de 100,0%. Constatou-se que a ausência de valores de
máxima umidade relativa possível, ocorreu devido às calibrações e ajuste de curva do
instrumento. Foi cogitado que o valor máximo de umidade relativa que o instrumento
detectou, não foi correlacionado com o máximo valor possível da escala 0,0––100,0%
ao se fazer a programação da estação e os ajustes de curva in situ. Isto geraria uma
pequena diferença, que seria notada no ponto máximo da escala, ou seja, no valor
saturante. Uma vez que o instrumento chegava ao seu máximo, por falta de resolução, o
valor descrito pela AWS não era de 100,0%, mas muito próximo disto. Preferiu-se não
acrescentar um valor de deslocamento do tipo “para cima, com distribuição uniforme”
nos valores. Isto poderia ser facilmente executado para que houvesse uma
correspondência direta de todos os anos, mas se preferiu que estes permanecessem
como os originais. Contudo, fez-se a ressalva que isto ocorreu e que a diferença entre
alguns anos é menor que 1%, um erro9 muito aceitável.
195
Tabela 7.2.5.1: Valores Médios da Umidade Relativa do Ar (Máxima, Mínima e
Amplitude) dos Meses de Verão, em Todos os Períodos.
196
Iniciando a avaliação mensal, os meses de dezembro foram os que registraram os
valores mais dispersos em todos os períodos (Fig.7.2.5.4). O período de 2005-2006 se
destacou com os menores valores de umidade relativa máxima, com marcas de 70,0%.
Além disto, este período foi o que obteve mais casos diários, com seis casos abaixo de
85,0%. O período de 2004-2005 vem a seguir, com menores registros de umidade
relativa máxima. Para os casos de maior regularidade, próximo da média diária e do
mês, destacou-se o verão de 2001-2002 que, em quase todos os seus dias de registro,
oscilou sobre as referidas médias. O mês de dezembro de 2003-2004 foi o que mais
vezes registrou pontos máximos de umidade relativa, próximos ou na saturação.
Para os valores de umidade relativa mínima, o mês de dezembro também obteve
registros dispersos em todos os períodos. A média diária de todos os verões oscilou de
72,1 a 86,0% (Fig.7.2.5.5). Houve três marcas significativas abaixo de 60,0%, nos
verões de 2001-2002, 2004-2005 e 2005-2006. A menor delas ocorreu no dia 5 de
dezembro do verão de 2001-2002 com 54,8%. Em três dias ocorreram marcas de
saturação (aqui computadas como 98,8%). O verão de 2003-2004 registrou esta marca,
em dois dias seguidos, quando um ciclone em decaimento, provocando chuva,
permaneceu sobre a EACF. Para os valores de amplitudes diárias da umidade relativa, o
mês de dezembro registrou marcas significativas, quando predominou tempo ensolarado
sobre a EACF, mas que, no mesmo dia, foi atingida por um ciclone em fase madura
(Fig.7.2.5.6). Este foi o caso, por exemplo, do dia 25 de dezembro do verão de
2005-2006. Neste dia, registrou-se a máxima amplitude de todos os períodos em
dezembro, com 42,9 pontos percentuais de diferença. Em geral, para os dias de
amplitude zero, o quadro meteorológico foi de chuva leve sobre a estação brasileira. A
média diária, de todos os meses de dezembro, oscilou de 9,8 até 22,3 pontos
percentuais.
197
60,0% no verão de 2005-2006. Contudo, não foram registradas mínimas que chegassem
ao ponto saturante. A maior mínima registrada foi de 95,3% e ocorreu no dia 21 de
janeiro, do verão de 2004-2005. Para as amplitudes de umidade relativa, os meses de
janeiro indicaram a tendência de aumento, como visto anteriormente (Fig.7.2.5.9).
Observou-se registros além de 35,0 pontos percentuais que incluíram a marca recorde
desta climatologia de verão. O mês de janeiro de 2005-2006 foi o que registrou mais
casos de grandes amplitudes. Para o caso das menores amplitudes, o verão de
2001-2002 foi o que marcou mais ocorrências, todas próximas de apenas 5,0 pontos
percentuais. Não se observou amplitudes zero.
198
parâmetros de máximas e mínimas ocorrências registradas diariamente. Estas variáveis
poderiam indicar as possibilidades de ocorrências de outros fenômenos atmosféricos.
Dentre estes, pode-se relatar os fenômenos restritores de visibilidade, como nevoeiro ou
possibilidade de névoa seca, provocada por aerossol marinho em suspensão. Altos
valores de umidade relativa mínima, por exemplo, também indicariam teto baixo ou
chuva leve ocorrendo por muitas horas. Contudo, os principais fenômenos ocorrem em
altas concentrações de vapor d’água na atmosfera. Por isto, a divisão de classes desta
variável foi mais seletiva em um ponto extremo da escala, ou seja, mais próximo de
100,0%. Então, para cobrir as necessidades operacionais das atividades antárticas,
principalmente de logística, adotou-se, neste trabalho, os padrões OACI para a definição
do estado de umidade da atmosfera. Estes padrões definem apenas três classes de
umidade relativa. A primeira classe vai de zero, inclusive, até 80,0% ( [0,0—80,0[ ) e
define a classe de atmosfera seca, com possibilidade de ocorrência de névoa seca. A
segunda classe inicia em valor maior ou igual a 80,0% até 97,0%, mas que, no caso
deste trabalho, será substituído por 96,0% ( [80,0—96,0*[ ). Esta classe define a
atmosfera como úmida e aumentam as possibilidades de ocorrências de névoa úmida.
Finalmente, a última classe inclui os valores maiores ou iguais a 97,0%, mas que
também foi alterada para 96,0%. Nesta classe, define-se a atmosfera como
saturante/saturada e as possibilidades de ocorrência de nevoeiros são a mais altas
possíveis, além das ocorrências de precipitação. Preferiu-se limitar as duas últimas
classes em 96,0% pelo fato discutido anteriormente, onde os registros de umidade
relativa poderiam estar deslocados um ponto abaixo do valor máximo de 100,0%. Com
isto, o ponto intermediário entre as duas últimas classes pôde descrever, com melhor
distinção, os casos de atmosfera úmida da atmosfera saturante/saturada. Em todos os
gráficos analíticos, o valor 96,0%* representa esta modificação, do valor OACI que é de
97,0%. Estas escalas foram aplicadas para os valores de umidade relativa máxima é
mínima.
Após as definições das classes, as análises por divisão indicaram que em todos
os períodos de verão, no mês de dezembro, os valores de umidade relativa máxima
ficaram nas duas classes superiores [80,0—96,0*[% e iguais ou maiores que 96,0%
(Fig.7.2.5.13). A distribuição foi homogênea, com cerca de metade dos dias para cada
classe. A exceção foi o verão de 2001-2002, que registrou todos os seus dias de
dezembro na classe úmida de [80,0—96,0*[%. Isto significou que não foi possível a
199
ocorrência de nevoeiros neste mês, fato constatado pelos registros de fenômenos. O mês
de dezembro de 2005-2006 registrou duas ocorrências na classe seca. Nenhum outro
período teve registros nesta classe. Para as análises de umidade relativa mínima, o mês
de dezembro dividiu as ocorrências entre a classe seca e a úmida, mas não de maneira
igual (Fig.7.2.5.14). O verão de 2005-2006 foi o que mais registrou casos na classe seca
de [0,0—80,0[% com 24 casos. Nesta mesma classe, o verão de 2002-2003 computou
menos casos. Em contrapartida, foi o período que registrou mais casos na classe úmida
de [80,0—96,0*[% com dois terços dos dias computados. Os outros períodos de verão
distribuíram as ocorrências entre a classe seca e úmida, ao redor de metade dos dias do
mês. Para a classe saturante/saturada, ocorreram registros apenas nos verões de
2003-2004, com três casos e 2002-2003, com um caso. As outras classes não
registraram umidade relativa mínima nesta classe superior.
200
períodos registraram o restante de seus dias nesta classe. Fevereiro do período de verão
de 2001-2002 registrou apenas cinco casos, porém só foram computados 23 dias válidos
por causa de pane instrumental. Como em janeiro, nenhum período de verão registrou
casos na classe seca de [0,0—80,0[%. Para os valores de umidade relativa mínima,
verificou-se também a tendência de crescimento (Fig.7.2.5.18). A classe úmida de
[80,0—96,0*[% obteve um aumento significativo de casos nos períodos de 2004-2005 e
2005-2006. Os outros períodos registraram cerca de um terço do mês nesta classe. Para
a classe seca de [0,0—80,0[%, o verão de 2003-2004 se destacou nos registros, com 14
casos. Os outros verões registraram um terço dos dias. Para a classe saturante/saturada,
apenas o verão de 2002-2003 registrou três casos. Como dito anteriormente, fevereiro
de 2001-2002 teve 23 dias válidos de registros de umidade relativa mínima, também.
201
umidade relativa máxima. O dia de menor umidade relativa máxima ocorreu em 16 de
junho, do inverno de 2005, com a marca de 79,0%. Os registros de valores máximos
ficaram em 99,0%. Como descrito para os verões, estes valores também foram
considerados como pontos de saturação, por limite instrumental, onde o índice seria de
100,0%.
202
registrada de toda a climatologia deste trabalho ocorreu no dia 23 de junho, com 51,0
pontos percentuais. Neste dia, em rápida conexão com a MET-1, houve tempo bom,
sem a ocorrência de ciclones sobre a EACF. A média dos invernos ficou em 9,9 pontos
percentuais de amplitude de umidade relativa. Este valor foi cerca da metade do valor
de verão.
203
Os valores mensais indicaram que houve um leve aumento, na média da
umidade relativa máxima, no meio do inverno, com tendência de elevação até o final da
estação. Este fato foi generalizado em todos os períodos, excetuando-se 2002, que
declinou continuamente por todo o inverno. Este comportamento também ocorreu com
os registros de umidade relativa mínima média dos meses, mas não se repetiu em todos
os invernos. Os períodos de 2002 e 2003 registraram tendências de queda por todo o
inverno. O período de 2006 se manteve em tendência de crescimento por toda a estação.
As amplitudes registraram seu máximo valor no final da estação, no mês de agosto, com
11,4 pontos percentuais. Em geral, as amplitudes foram bem menores que os valores
obtidos para os verões.
204
10,0 pontos percentuais. O mês de junho registrou algumas marcas de amplitude zero
nos invernos de 2004 e 2005.
205
do inverno (Fig.7.2.5.30). As marcas acima de 30,0 pontos percentuais ocorreram nos
invernos de 2002 e 2006. Destacou-se o inverno de 2004 com o maior número de
amplitudes significativas seguidas, mas também pelas três ocorrências diárias
consecutivas de amplitude de 0,1 ponto percentual. Em geral, todos os meses de agosto
obtiveram mais casos de registros de amplitudes maiores e persistentes. Além disto, este
mês de inverno também obteve mais casos de amplitude zero, destacando-se o mês de
agosto, do inverno de 2006, com três casos.
As análises dos meses de junho indicaram que a maior concentração dos valores
de umidade relativa máxima, ficou concentrado nas duas classes superiores
(Fig.7.2.5.31). Houve um leve predomínio da classe de valores iguais ou maiores que
96,0%, constatado pelos registros de cerca de dois terços de dias dos meses, em junhos
de 2003 e 2004 e metade dos dias dos períodos de 2002 e 2006. Junho de 2005 registrou
pouco menos da metade dos dias, pois quase dois terços foram registrados na classe
[80,0—96,0*[%, com 17 casos. A classe da atmosfera úmida comportou o resto dos dias
ocorridos nos invernos. Excetuando-se 2005, que foi o único período a registrar uma
ocorrência na classe seca. Para as análises de umidade relativa mínima, o mês de junho
concentrou praticamente todos os dias na classe úmida de [80,0—96,0*[%
(Fig.7.2.5.32). Os meses de junho de 2002, 2003 e 2005 registraram acima de 25 dias
nesta classe. Os outros dois períodos de inverno de 2004 e 2006 registraram dois terços
e metade do mês, respectivamente. A classe seca de [0,0—80,0[% registrou casos de
todos os períodos, com destaque para os 12 casos do inverno de 2006. Os invernos de
2002 e 2003 foram os que registraram menos casos na classe seca. Para a classe superior
206
igual ou maior que 96,0%, apenas junhos, dos invernos de 2004, 2005 e 2006,
obtiveram registros, sendo que o primeiro deles se destacou com quatro casos.
207
valores iguais ou maiores que 96,0%, registrou o maior número de casos apenas no
inverno de 2006, com seis ocorrências. Em segundo, ficou o inverno de 2004, com três
e o inverno de 2003, com apenas uma. Os outros períodos não computaram nesta classe.
208
1mm = 0,001m
1dm3 = 1ll
(0,001m) x (1m) x (1m) = (0,001m) x (1m2) = 0,001m3
0,001m3 = 1dm3 = 1ll
portanto, utilizando os preceitos de e , e calculando , o resultado de indica que
1mm de precipitação em 1m2 é equivalente a 1l.m-2, ou numericamente, um milímetro
equivale a um litro.
209
2004-2005, com 34,6mm. Como executado nos outros parâmetros, gerou-se a média de
precipitação acumulada diária, dos cinco dias de cada verão, como descrito
anteriormente (linha amarela com círculos vermelhos). A falta completa de
regularidade, das ocorrências de precipitação acumulada, gerou médias diárias que se
alternaram consideravelmente. A aplicação da linha de tendência polinomial de sexta
ordem (linha preta) sobre os dados de médias diárias, resultou em uma equação de reta
que não conseguiu exprimir uma aproximação, como era esperado. Verificou-se que os
períodos de maior precipitação foram os verões de 2001-2002, 2002-2003 e 2004-2005,
embora este comportamento tenha sido distribuído, diferentemente, nos meses de verão
de cada período. Os períodos de 2003-2004 e 2005-2006 se destacaram pelos baixos
valores de precipitação acumulada. Estes períodos tiveram valores maiores, depois do
meio de janeiro, mas mesmo estes, ainda eram menores que os anos mais chuvosos. Em
linhas gerais, o aumento de precipitação ocorreu, para todos os períodos, no final do
verão, concentrando-se no mês de fevereiro. Todos os períodos obtiveram maiores
valores, mas as quantidades seguiram a descrição particular, relatada anteriormente,
para cada um deles.
210
Tabela 7.2.6.1: Valores de Precipitação Acumulada e Médias dos Meses de Verão, em
Todos os Períodos.
211
e 2005-2006, neste mês, registraram altas em relação ao mês passado. A maior marca do
mês ocorreu no dia 12 de janeiro, no verão 2002-2003, com 20,5mm de precipitação
acumulada nas 24 horas. Mesmo com leve alta, o mês de janeiro, do verão de
2005-2006, foi o que menos registrou precipitação acumulada, tanto diária como
mensal. O verão de 2001-2002 foi o que registrou mais picos de precipitação, com
quatro ocorrências entre 7,0 a 10,0mm.
212
Na elaboração dos gráficos analíticos, dividiu-se as ocorrências em classes, de
modo que se pudesse avaliar o número de ocorrências dos acumulados de precipitação
diária, bem como os dias de total ausência de precipitação. Para esta finalidade,
escolheu-se cinco classes que representassem estes valores, verificados nos dados da
climatologia de verão. Nestes termos, as classes foram assim estabelecidas: dia de
registro zero, ou seja, nenhuma precipitação; dia com precipitação acumulada diária
maior que zero até 10,0mm, inclusive ( ]0,0—10,0] ); precipitação acumulada diária
maior que 10,0mm até 20,0mm, inclusive ( ]10,0—20,0] ); maior que 20,0mm até
30,0mm, inclusive ( ]20,0—30,0] ) e maiores que 30,0mm.
213
2003-2004. A classe superior de ]20,0—30,0]mm obteve apenas um dia de ocorrência,
no verão de 2002-2003. Nenhum verão registrou na classe de precipitação acumulada
diária maior que 30,0mm.
10
Dia 9 de agosto do inverno de 2003 foi uma ocasião em que havia um observador que pôde relatar o
ocorrido, pois no momento da avaliação dos dados, questionou-se se tal marca foi possível e se buscou
mais informações para confirmarem o fato. Contudo, segundo o relato do Sr. Flávio Santos, técnico
responsável pela manutenção dos programas do INPE na EACF, durante o inverno de 2003, neste dia,
houve muita precipitação de neve, seguida de precipitação líquida que permaneceu por horas, em forma
de chuva contínua. A precipitação, as 15:00 horas Zulu, alcançou o ápice, com 10,8mm.h-1. Pelos
registros da MET-1, a área de Ferraz esteve encoberta, durante todo o referido dia, com nebulosidade de
um gigantesco ciclone sinóptico. O próprio técnico, um veterano de missões antárticas, relatou que nunca
havia presenciado algo assim no inverno.
214
ocorrências de precipitação acumulada diariamente. Como era esperado, a aplicação da
linha de tendência polinomial de sexta ordem (linha preta) sobre os dados de médias
diárias, não exprimiu uma aproximação. Com valores tão baixos, a determinação de
períodos de inverno de destaque, ficou indiferente. Em uma avaliação sumária, os
poucos casos isolados foram os que determinaram, o inverno de 2003 e de 2004, como
os maiores em registros de precipitação acumulada, o que não necessariamente
representa a tendência geral. O inverno de 2006 foi o que registrou menor valor de
precipitação acumulada.
Pela observação dos registros, o único mês que registrou valores elevados de
precipitação acumulada mensal, causados pelas ocorrências isoladas, foi agosto, nos
invernos de 2003 e 2004. Em geral, a particularidade do inverno foi indicar que a
influência sobre os dados de precipitação acumulada mensal, derivaram dos casos
especiais de registros mais altos de precipitação acumulada diária, e não da tendência
geral do mês.
215
Tabela 7.2.6.2: Valores de Precipitação Acumulada e Médias dos Meses de Inverno, em
Todos os Períodos.
216
Estes, contribuíram para o significativo aumento do acumulado mensal de todos os
períodos, com 111,9mm (Fig.7.2.6.13). Neste mês, houve o registro da marca recorde,
descrita na série temporal de 92 dias, no inverno de 2003. Contudo, o padrão de
aumento não ocorreu para nenhum dos períodos de inverno, neste mês. Esta elevação da
média só ocorreu pelos pontos singulares de precipitação acumulada, não refletindo o
comportamento mensal de cada série. Se estes fossem subtraídos, agostos tornar-se-iam
escassos em registros, como os outros meses.
217
quais não foram registrados como sem precipitação. Nenhum inverno registrou casos na
classe de precipitação acumulada diária ]10,0—20,0]mm ou nas outras classes
superiores a esta.
Assim, encerrou-se a MET-2. Ressalta-se que muitos dos valores, aqui descritos
e analisados, serão tema de discussões particulares na MET-3. Contudo, alguns
comentários dos casos especiais e certas conclusões, foram pertinentes durante a própria
descrição dos valores estudados. Utilizou-se este artifício para que certas linhas de
raciocínio não se perdessem durante as descrições, incluindo algumas relações com a
MET-1.
218
7.3 Resultados da Metodologia de Análises Estatísticas – MET-3:
A MET-3 também abriu espaço para discussão dos assuntos gerais observados
durante a MET-1. Estes temas foram mais pertinentes de serem comentados nesta etapa,
pois muitos deles descreveram as condições físicas de formato e comportamento dos
ciclones na Trilha das Depressões. Em mais de uma ocasião, as observações diretas das
imagens revelaram as diversas possibilidades do caos, com formações ciclônicas de
comportamentos anômalos, diferentes, desafiantes aos padrões costumeiros, verificados
nas médias latitudes. Além destes, abriu-se espaço para os comentários das observações
realizadas, durante a MET-1, da influência da orografia da península Antártica e da ilha
Geórgia do Sul, na atividade ciclônica. Estas informações também foram trabalhadas
como estatísticas, pois casos foram computados.
219
As condições meteorológicas selecionadas foram as que diretamente
influenciaram as mais diversas atividades brasileiras na Antártida. Como citado
anteriormente, a logística e as operações dependem de fatores climáticos que
possibilitem a sua realização. A atividade de vôo, navegação, lançamento de botes,
transporte de combustíveis e pesquisas externas possuem limites que precisam ser
respeitados, para que estas sejam realizadas com o máximo de segurança possível.
Fazendo uma alusão aos programas espaciais, com suas “janelas” de lançamento ou
pouso, a atividade antártica possui as suas “Janelas Meteorológicas” que definem,
dentro das 24 horas do dia, quando se pode laborar. Contudo, sempre foi possível
resistir ou enfrentar as condições impostas e desrespeitar os limites operacionais, mas,
nestas situações, conta-se sempre com o apreço da sorte ou o acaso e, em muitos relatos
antárticos, como já realizado anteriormente nesta pesquisa, tais situações acarretaram a
morte de expedicionários e perda total de equipamentos. O último incidente grave na
ilha Rei George ocorreu recentemente, em 19 de setembro de 2005, quando dois
argentinos, utilizando motos de neve, precipitaram-se para dentro de uma greta, oculta
por tampão de neve, quando cruzavam um dos domos de geleira da ilha. Na ocasião, a
temperatura do ar estava positiva e isto facilitou o rompimento do tampão de neve, pois
este se tornara mais frágil em temperaturas positivas. Equipes de resgate chilenas
desceram até 50 metros de profundidade e não alcançaram o fundo da greta. Ambos
foram dados como desaparecidos e presumidamente mortos.
220
quanto ao tipo de atividade operacional. Desta maneira, adotou-se o emprego das
variáveis que, por si mesmas, foram limitadoras, as quais se definiu como
independentes. Em outros casos, aplicou-se algoritmos que utilizaram mais de uma
variável que, neste caso, foram definidas como variáveis combinadas. Os limites
relacionados a cada variável foram discutidos particularmente. O processo das decisões
lógicas, adotados para os dados diários de verão, e a descrição dos seus conjuntos,
foram detalhados em um organograma relacional (Fig.7.3.1.1). Analogamente,
adotou-se os mesmos processos para os dados diários de inverno e a descrição de suas
decisões lógicas foram demonstradas no organograma relacional de dados de inverno
(Fig.7.3.1.2).
221
Também é notório ressaltar que estes relatos, de baixa pressão, representaram as mais
extremas quedas. Nem todos os ciclones necessariamente, atingiram tais valores, mas
provocaram diversos outros fenômenos meteorológicos que limitaram as operações.
VERÕES HORAS
MESES PERÍODOS TOTAIS Freq. Absoluta (h) Freq. Relativa (%)
2001-2002 744 158 21,24
2002-2003 744 24 3,23
2003-2004 744 0 0,00
DEZEMBROS
2004-2005 744 55 7,39
2005-2006 744 35 4,70
TODOS 3720 272 7,31
2001-2002 744 42 5,65
2002-2003 744 2 0,27
2003-2004 744 69 9,27
JANEIROS
2004-2005 744 5 0,67
2005-2006 742* 2 0,27
TODOS 3718 120 3,23
2001-2002 672 47 6,99
2002-2003 672 29 4,32
2003-2004 696** 0 0,00
FEVEREIROS
2004-2005 672 52 7,74
2005-2006 672 19 2,83
TODOS 3384 147 4,34
VERÃO COMPLETO 10822 539 4,98
* Duas horas sem dados; ** Fevereiro bissexto.
222
distribuíram as ocorrências das pressões médias horárias, nos meses que constituíram os
verões e a contribuição de cada período, dentro deste cômputo mensal. Foi possível
observar que os meses de dezembro obtiveram a maior porcentagem de casos de todos
os períodos, sendo que em seu acumulado de 3720 horas úteis, cerca de 272 horas, ou
seja 7,31% estiveram com pressão abaixo da marca. Isto representou 50,46% de todos
os casos ocorridos, nos cinco períodos de verão (Fig.7.3.1.4). Dentro deste conjunto, o
mês de dezembro, do verão de 2001-2002, com seus já citados 21,24% de horas
computadas, na marca limite ou abaixo desta, destacou-se de todos os outros meses de
dezembro, com o valor de 58,09% de todos os casos deste grupo de meses. Para os
meses de janeiro, com quase o mesmo número de horas úteis de dezembros, apenas 120
horas ou 3,23% foram dentro ou abaixo da marca de pressão média determinada. Isto
representou 22,26% do total de horas registradas em todos os verões, com o destaque
para o mês de janeiro, do verão de 2003-2004, com 69 horas ou 9,27% que
representaram 57,50% de todos os casos deste grupo de meses (Fig.7.3.1.5). Finalmente,
os meses de fevereiro, com 3384 horas úteis, tiveram 147 horas ou 4,34% deste total,
com registros de pressão média iguais ou inferiores a 975,0mb. Este valor representou
27,27% do total de horas de verão, com destaques para fevereiro, do verão de
2004-2005, com 52 horas ou 7,74% e fevereiro, do verão de 2001-2002, com 47 horas
ou 6,99%. Cada um destes meses representou 35,37 e 31,97% dos casos ocorridos neste
grupo de meses (Fig.7.3.1.6).
223
Tabela 7.3.1.2: Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Pressão
Atmosférica Média, em Superfície ao NMM, Igual ou Inferior a
975,0mb por Períodos de Verão.
VERÕES HORAS
PERÍODOS TOTAIS Freq. Absoluta (h) Freq. Relativa (%)
2001-2002 2160 247 11,44
2002-2003 2160 55 2,55
2003-2004 2184* 69 3,16
2004-2005 2160 112 5,19
2005-2006 2158** 56 2,59
* Conteve fevereiro bissexto; ** Duas horas sem dados.
No estudo geral e detalhado, percebeu-se que não houve uma regra específica,
em tempos determinados, para a chegada de sistemas intensos de baixa pressão, na área
demarcada como central, onde se situa a EACF. Primeiramente, pelo fato da área total
do estudo ser de grandes proporções. Em segundo, pela localização geográfica da
Estação Antártica Comandante Ferraz. Pela avaliação da MET-1, notou-se os setores
predominantes de chegada e decaimento de ciclones e os seus deslocamentos. As
trajetórias dos centros de baixa pressão não necessariamente passaram por sobre a
EACF. Normalmente pouco mais deslocados ao Norte e em alguns casos, para o Sul.
Não houve periodicidade nas escolhas das trajetórias, como visto anteriormente. Isto
também se refletiu para os casos sobre a EACF.
224
informou os valores obtidos para os cinco períodos de inverno, no grupo lógico dos
sistemas ciclônicos “Proximidade de Ciclones Severos”, com totais de horas dos meses
e de ocorrências na área da EACF.
INVERNOS HORAS
MESES PERÍODOS TOTAIS Freq. Absoluta (h) Freq. Relativa (%)
2002 720 21 2,92
2003 720 0 0,00
2004 720 52 7,22
JUNHOS
2005 720 59 8,19
2006 720 12 1,67
TODOS 3600 144 4,00
2002 744 52 6,99
2003 744 157 21,10
2004 744 81 10,89
JULHOS
2005 744 0 0,00
2006 744 89 11,96
TODOS 3720 379 10,19
2002 744 3 0,40
2003 744 159 21,37
2004 744 40 5,38
AGOSTOS
2005 744 51 6,85
2006 744 1 0,13
TODOS 3720 254 6,83
INVERNO COMPLETO 11040 777 7,04
225
verões e não nos invernos, informações estas, constatadas na MET-2. Mas isto só
indicou que, em geral, houve uma redução de centros de baixa pressão sobre o exato
ponto da EACF, mas não na área de estudo. Os ciclones que atingiram a EACF do seu
exato ponto central, foram os que indicaram as mais acentuadas quedas de pressão.
Também não se pode esquecer de que os invernos computaram um número maior de
ciclones, ocorrendo na área de estudo. Todos os períodos de inverno obtiveram valores
de registro acima de 200 ciclones.
226
ou 7,04% destas, dentro da marca estipulada. Ao se comparar os valores por períodos, o
inverno de 2003 se destacou, pois das 2208 horas úteis, 316 horas, ou 14,31% estiveram
nas condições estipuladas de pressão média. O inverno de 2002 foi o que registrou
menor número de ocorrências iguais ou inferiores a 975,0mb, com 76 horas ou 3,44%
do seu total de horas úteis. Contudo, em linhas gerais, os períodos de inverno foram
superiores aos de verão em horas dentro da marca. A Tabela 7.3.1.4 apresentou todos os
valores calculados, no acumulado por período.
INVERNOS HORAS
PERÍODOS TOTAIS Freq. Absoluta (h) Freq. Relativa (%)
2002 2208 76 3,44
2003 2208 316 14,31
2004 2208 173 7,84
2005 2208 110 4,98
2006 2208 102 4,62
Pôde-se notar também que não houve ciclos determinados, na área da EACF,
para a chegada de sistemas intensos de baixa pressão. As ocorrências não indicaram
regras específicas para o local em estudo. Contudo, não se descartou teleconexões com
outras áreas e ciclos de maior período, não coberto nesta primeira climatologia de cinco
anos. Também não foi verificado alguma relação direta com o número de casos de
ciclones da MET-1 influenciando diretamente os valores de baixa pressão acentuada,
como era esperado.
227
Nesta avaliação, um dos fatores abordados foi a temperatura do ar como variável
independente. Tal parâmetro auxilia em diversas atividades e pode prevenir acidentes
como o descrito anteriormente, ocorrido com os argentinos na ilha Rei George. O
procedimento adotado dividiu os valores em três classes de interesse: menores ou iguais
a –10,0ºC, considerados os mais frios e que permitiram maior segurança, nos
deslocamentos à pé ou motorizados, sobre as áreas de risco, como domos de geleiras e
plataformas de mar congelado; valores de –10,0ºC até –2,0ºC, inclusive (]–10,0–– -2,0])
considerados os seguros para deslocamentos em geleiras, mas não sobre plataformas de
gelo, formadas por água do mar, principalmente se os valores estiverem próximos do
limite superior; e de –2,0ºC até zero grau Celsius, inclusive ( ]–2,0––0,0] ) que
representou o ponto de congelamento da água doce, no limite superior e um valor
próximo de –1,8ºC que representou o congelamento da água do mar. Tais valores são
empíricos e representaram apenas um auxílio na segurança das atividades, devendo o
bom senso e outras técnicas específicas de cada logística, serem empregadas. É
importante lembrar que os valores de temperatura do ar podem dificultar algumas
atividades, mas facilitar outras. Por exemplo, valores muito baixos de temperatura
auxiliarão na segurança de travessias que necessitem caminhar sobre os domos gelados,
mais prejudicarão atividades de coleta de amostras de solo, ou saídas de botes para
coletas de amostras marinhas. Cada logística antártica possui a sua coleção de
parâmetros que a auxiliam ou a limitam.
228
EACF é extremamente favorável para as atividades que não dependam de valores
negativos de temperatura, pois a quase totalidade dos registros se concentraram na
classe ]–2,0––0,0]ºC. Mesmos estes, ocuparam poucas das horas úteis. O maior valor
ocorreu em janeiro, do verão de 2003-2004, com 88 horas ou 11,83% das 744 horas. O
único registro, na classe intermediária mais fria, ocorreu no mês de fevereiro, do verão
de 2002-2003, que obteve apenas uma hora. Como dezembros, os meses de janeiro e
fevereiro não registraram horas na classe mais fria. A Tabela 7.3.1.5 informou o número
de horas restantes em cada mês, por período, que não se enquadraram nestas classes, ou
seja, valores positivos de temperatura do ar. Verificou-se, nesta climatologia, que os
meses de janeiro e fevereiro foram os que obtiveram menos tempo de restrições.
VERÕES MESES
DEZEMBROS JANEIROS FEVEREIROS
PERÍODOS
Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%)
2001-2002 694 93,28 738 99,19 664 98,81
2002-2003 591 79,44 681 91,53 604 89,88
2003-2004 187 25,13 656 88,17 660 94,83
2004-2005 508 68,28 671 90,19 647 96,28
2005-2006 381 51,21 737 99,33 590 87,80
TODOS 2361 63,47 3483 93,68 3165 93,53
Paralelamente aos verões, a situação dos invernos, como era esperado, mudou
drasticamente. Não houve sequer um mês, da climatologia dos cinco invernos, que
obtivesse metade das suas horas úteis, com temperaturas do ar acima de zero grau
Celsius. Além disto, todas as classes de temperatura registraram ocorrências
(Fig.7.3.1.12). A classe de temperaturas ]–10,0–– –2,0]ºC foi a que concentrou o maior
número de horas. Isto favoreceu as atividades que supostamente pudessem ocorrer,
próximos às geleiras, na área da ilha Rei George. Contudo, não necessariamente as
plataformas de gelo marinho, que porventura estivesses formadas ou em formação,
pudessem estar estáveis. A única garantia foi que, nestas condições, o ar sobre o mar,
por estar mais frio que a temperatura de congelamento da sua água, facilitaria a
mudança de fase, ou sorveria a energia proveniente deste. Aqui, não se considerou
229
outras formas de energia e transmissão que, porventura, estivessem envolvidas, como
calor latente do oceano e a própria inércia térmica das trocas etc. Em uma avaliação
sumária, o período de inverno de 2002 foi o que menos registrou, em todos os meses,
valores positivos de temperatura do ar. Grande parte das horas destes meses registraram
na classe ]–10,0–– –2,0]ºC e na classe mais fria, iguais ou abaixo de –10,0ºC.
Chamou-se a atenção para um comportamento interessante em forma de padrão. Os
períodos de verão de 2003 e 2005 registraram valores crescentes de horas com
temperaturas positivas, conforme se passaram os meses. A situação foi completamente
oposta nos períodos de 2004 e 2006. Destacou-se os valores do mês de agosto, do
período de 2006, que permaneceram 333 horas ou 44,76% na classe ]–10,0–– –2,0]ºC e
326 horas ou 43,82% na classe mais fria igual ou menor que –10,0ºC. Além disto, a
classe ]–2,0–– 0,0]ºC obteve apenas 73 horas ou 9,81%. A grande concentração, nas
duas classes de menores temperaturas, indicou que o mês foi um dos mais frios. Das
744 horas úteis, restaram-se apenas 12 horas de valores com temperatura do ar acima de
zero grau Celsius. A Tabela 7.3.1.6 informou o número de horas restantes em cada mês,
por períodos de inverno, com valores positivos de temperatura do ar. Os invernos, em
geral, obtiveram valores sem restrições muito próximas na totalização dos meses, nesta
climatologia.
INVERNOS MESES
JUNHOS JULHOS AGOSTOS
PERÍODOS
Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%)
2002 23 3,19 32 4,30 74 9,95
2003 45 6,25 209 28,09 323 43,41
2004 220 30,56 154 20,70 72 9,68
2005 57 7,92 110 14,78 136 18,28
2006 217 30,14 96 12,90 12 1,61
TODOS 562 15,61 601 16,16 617 16,59
Outro parâmetro que exerce uma função fundamental nas atividades em geral,
principalmente na Antártida, é o vento. Seus dados também foram interpretados, nesta
etapa da pesquisa, como uma variável independente. O vento, em linhas gerais, limita as
230
atividades pelo seu próprio efeito mecânico. Os botes infláveis, do tipo Zodiac, ao
navegarem no meio da enseada Martel ou na baía do Almirantado, interior da ilha Rei
George, podem simplesmente virar, quando estiverem em deslocamento. Primeiramente
pelo fato de serem leves e, em segundo, pelo tamanho das ondas do mar, geradas pelo
próprio vento. A Força 3 da escala Beaufort, que corresponde às velocidades na faixa de
3,4 até 5,4m.s-1 (12,2 a 19,4km.h-1 ou 6,5 a 10,4kt) são suficientes para que as ondas
tenham alturas de 60cm até 1m. Para a Força 4, com velocidades no intervalo de 5,5 a
7,9m.s-1 (19,8 a 28,4km.h-1 ou 10,6 a 15,3kt) as ondas já alcançam de 1m até o máximo
de 1,5m. Estas velocidades são muito comuns na região costeira da Antártida,
principalmente na área da ilha Rei George. Portanto, merecem considerável atenção
para a utilização operacional dos botes e lanchas. A atividade ciclônica, com ventos
fortes, determinaram as horas de operações navais seguras. Escolheu-se a marca
superior da Força 3 como a limitadora de segurança, norma aceita na EACF.
231
marca inferior de 7,7m.s-1 (27,7km.h-1 ou 15,0kt) foi escolhida para as limitações de
operações com helicópteros.
Por último, mas não menos importante, são as atividades externas, em solo, na
EACF. O limite regulamentar é de 15,4m.s-1 (55,5km.h-1 ou 30,0kt). Manusear objetos,
como placas e fios metálicos, ou experimentos de maior dimensão podem ser perigosos,
pois o vento, nestas condições e com rajadas, aumentam as possibilidades de ocorrência
de acidentes, alguns até fatais. As atividades que necessitem técnicas de montanhismo
ou mesmo alpinismo, possuem limitações ainda menores. Não é raro escutar relatos de
colegas que literalmente saem voando, quando transitaram de um módulo de trabalho
externo, em retorno ao complexo principal da EACF.
232
valores, dos meses de fevereiro. No comportamento dos meses de dezembro,
verificou-se um padrão decrescente nas limitações, por esta climatologia, conforme se
passaram os períodos (Fig.7.3.1.13). O mês de dezembro, do período de 2001-2002,
iniciou a climatologia com mais restrições. Estas, foram se reduzindo até um mínimo,
no mês de dezembro, do verão de 2003-2004. A partir deste mês, as restrições
aumentaram de valor, até dezembro do verão de 2005-2006, onde os valores são
semelhantes ao primeiro mês de dezembro avaliado. Os meses de janeiro não tiveram
um comportamento semelhante (Fig.7.3.1.14). Embora o período de 2001-2002 tenha
permanecido com valores altos de restrição, principalmente nas atividades de botes,
janeiro do verão de 2005-2006, não correspondeu da mesma maneira, pois seus valores
diminuíram. Janeiro do período de 2004-2005, mesmo com ausência de alguns dias de
dados, não obteve tantas horas de restrição. Os meses de fevereiro tiveram, em geral,
aumento de restrição em todas as atividades, com destaque para fevereiro, do verão de
2004-2005 (Fig.7.3.1.15). No cômputo geral, por períodos de verão, o maior destaque
de horas gerais de restrição, ocorreu no verão de 2001-2002. Dois de seus meses,
dezembro e fevereiro, tiveram pelo menos 50,0% das horas totais, sob alguma das
restrições descritas. Além disto, foi o período de verão que mais registrou horas em
restrição máxima, incluindo as atividades externas à EACF. A Tabela 7.3.1.7 informou
o número de horas restantes em cada mês, por período, que estiveram fora das restrições
de velocidade média do vento, nesta pesquisa. Nos acumulados mensais, os meses de
janeiro foram os que menos restrições ofereceram por ventos fortes.
VERÕES MESES
DEZEMBROS JANEIROS FEVEREIROS
PERÍODOS
Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%)
2001-2002 271 36,42 435 58,47 283 42,11
2002-2003 360 48,39 536 72,04 397 59,08
2003-2004 505 67,88 461 61,96 397 57,04
2004-2005 394 52,96 444 76,29 270 40,18
2005-2006 329 44,22 500 67,39 354 52,68
TODOS 1859 49,97 2376 66,82 1701 50,27
233
Embora o NApOc Ary Rongel e seus helicópteros Esquilo não operem no
período de inverno, manteve-se as classes restritivas para estes equipamentos, à título de
comparação. Contudo, outras nações, como é o caso do Chile, mantêm aeronaves de
asas rotativas na ilha Rei George, aeródromo Tte Rodolfo MARSH Montalva, na
Estação Antártica Pdte. Eduardo FREI Montalva. Durante os invernos, estas aeronaves
operam, prestando serviços para o Brasil. Portanto, fez-se necessário manter estas
classes restritivas, para efeito de interpretação operacional também. Quanto ao estudo
dos dados dos invernos, a situação apresentou uma característica particular interessante.
O período de tempo das restrições por vento diminuíram, com poucas exceções,
contudo, os conjuntos internos, ou seja, os períodos de restrições mais severas,
aumentaram. Um exemplo foi o número de horas de restrição às atividades externas em
Ferraz. Em geral, elas foram muito baixas nos verões, mas nos períodos de inverno, seus
valores aumentaram consideravelmente. O caso de maior destaque foi marca recorde,
ocorrida no mês de agosto, do inverno de 2003. Das 744 horas úteis, 113 horas ou
15,19% estiveram na restrição máxima por velocidade média dos ventos. Para os meses
de junho, somente o do período de inverno de 2005 registrou mais de 50,0% das horas
úteis fora de alguma restrição (Fig.7.3.1.16). O maior destaque foi para o mês de junho,
do inverno de 2003, onde 442 horas ou 61,39% das 720 horas úteis estiveram restritas,
no mínimo, para atividades navais com botes. Os meses de julho registraram um
aumento significativo, nos períodos de inverno de 2004 e 2006, e redução no período de
2005 (Fig.7.3.1.17). os valores de restrição de atividades externas à EACF registraram
aumento em todos os períodos, exceto 2006. Finalizando o inverno, os meses de agosto
registraram aumentos de restrição em três períodos, sendo que o mês de agosto, do
inverno de 2003, obteve a marca recorde de mínima restrição, com 543 horas ou
72,98% das 744 horas úteis (Fig.7.3.1.18). Na avaliação por período, o inverno de 2003
e 2004 foram os que mais ofereceram restrições em número de horas. Cada período
possuiu 2208 horas úteis e deste montante, 1396 horas ou 63,22% e 1370 horas ou
62,05% estiveram sob alguma restrição por velocidade do vento média. O período de
menor restrição ocorreu no inverno de 2003, com 621 horas ou 28,13%. Para o
acumulado por meses de inverno, a variação de horas sem restrições ficou muito
próxima, dentro de uma variação de menos de 3,0 pontos percentuais entre o maior
valor, ocorrido no grupo de meses de junho, e o menor, no grupo de agostos. A Tabela
7.3.1.8 informou o número de horas restantes em cada mês, por período, que estiveram
fora das restrições de velocidade média do vento.
234
Tabela 7.3.1.8: Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Ventos de
Velocidade Média Não Restritiva, nos Meses dos Períodos de Inverno.
INVERNOS MESES
JUNHOS JULHOS AGOSTOS
PERÍODOS
Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%)
2002 349 48,61 399 53,63 371 49,87
2003 278 38,61 333 44,76 201 27,02
2004 347 48,19 243 32,66 248 33,33
2005 489 67,92 554 74,46 544 73,12
2006 358 49,72 303 40,73 412 55,38
TODOS 1821 50,61 1832 49,25 1776 47,74
12
Growler é o nome dado para os pequenos icebergs. Normalmente são blocos de gelo gerados nos
desabamentos das frentes de geleira ou degelo de icebergs. Em uma comparação bem simples, o tamanho
de um growler pode variar desde a dimensão de um tijolo comum até um pequeno caminhão. Alguns
growlers de 10 a 20ton podem romper os casco de navios, que não sejam reforçados, pelo simples
impacto a menos de 10 Nós. Particularmente, os growlers muito menores, do tamanho da palma de uma
mão, são mais perigosos para os botes infláveis zodiak. O derretimento forma pontas muito afiadas que
se tornam literalmente facas. Os rasgos nas câmaras de ar são freqüentes e se contabilizam como um dos
incidentes de maior ocorrência na Antártida Oceânica.
236
Tabela 7.3.1.9: Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Sentido Leste
na Predominância do Vento, nos Meses de Verão, em Todos os
Períodos.
VERÕES HORAS
MESES PERÍODOS TOTAIS Freq. Absoluta (h) Freq. Relativa (%)
2001-2002 744 47 6,32
2002-2003 744 148 19,89
2003-2004 744 237 31,85
DEZEMBROS
2004-2005 744 183 24,60
2005-2006 744 106 14,25
TODOS 3720 721 19,38
2001-2002 744 80 10,75
2002-2003 744 148 19,89
2003-2004 744 114 15,32
JANEIROS
2004-2005 582* 100 17,18
2005-2006 742** 73 9,84
TODOS 3556 515 14,48
2001-2002 672 55 8,18
2002-2003 672 118 17,56
2003-2004 696*** 59 8,48
FEVEREIROS
2004-2005 672 76 11,31
2005-2006 672 175 26,04
TODOS 3384 483 14,27
VERÃO COMPLETO 10660 1719 16,13
* Anemômetro inoperante por 162 horas; ** Duas horas sem dados; *** Fevereiro bissexto.
237
setor Leste. A Tabela 7.3.1.10 apresentou todos os valores calculados, no acumulado
por período.
VERÕES HORAS
PERÍODOS TOTAIS Freq. Absoluta (h) Freq. Relativa (%)
2001-2002 2160 182 8,43
2002-2003 2160 414 19,17
2003-2004 2184* 410 18,77
2004-2005 1998** 359 17,97
2005-2006 2158*** 354 16,40
* Conteve fevereiro bissexto; ** Anemômetro inoperante por 162 horas; *** Duas horas sem dados.
238
Tabela 7.3.1.11: Valores Absolutos e Relativos de Horas que Registraram Sentido
Leste na Predominância do Vento, nos Meses de Inverno, em Todos
os Períodos.
INVERNOS HORAS
MESES PERÍODOS TOTAIS Freq. Absoluta (h) Freq. Relativa (%)
2002 718* 146 20,33
2003 720 251 34,86
2004 720 104 14,44
JUNHOS
2005 720 184 25,56
2006 720 140 19,44
TODOS 3598 825 22,93
2002 744 74 9,95
2003 744 140 18,82
2004 744 123 16,53
JULHOS
2005 744 135 18,15
2006 744 93 12,50
TODOS 3720 565 15,19
2002 744 44 5,91
2003 744 53 7,12
2004 744 83 11,16
AGOSTOS
2005 744 24 3,23
2006 744 260 34,95
TODOS 3720 464 12,47
INVERNO COMPLETO 11038 1854 16,80
* Duas horas sem dados.
Não se verificou uma variação muito diferente dos verões, quando se comparou
os valores do período. Os meses de junho se destacaram um pouco, mas como casos
isolados. No cômputo geral dos invernos, com 11.038 horas úteis, 16,80% destas
estiveram dentro do setor Leste. Este valor foi muito próximo do obtido na climatologia
de verão. Quando os valores foram comparados por períodos, o inverno de 2006 se
destacou em ocorrências. Das 2208 horas úteis, 493 horas, ou 22,33% registraram
predominância de sentido no setor Leste. O período de inverno, com menor número de
ocorrências, foi 2002, onde 11,97% ou 264 das 2206 horas úteis, registraram restrições
239
de setor Leste. A Tabela 7.3.1.12 apresentou todos os valores calculados, no acumulado
por período.
INVERNOS HORAS
PERÍODOS TOTAIS Freq. Absoluta (h) Freq. Relativa (%)
2002 2206* 264 11,97
2003 2208 444 20,11
2004 2208 310 14,04
2005 2208 343 15,53
2006 2208 493 22,33
* Duas horas sem dados.
Por se tratar de uma área insular, dentro da região da Antártida Oceânica, era
esperado que os valores de umidade relativa estivesses sempre muito altos, com
possíveis situações favoráveis de formação de névoa úmida, nevoeiro ou formação de
precipitados, como constatado na MET-2. Com isto, verificou-se que os valores de
240
umidade relativa, nesta climatologia de verão, estiveram na maior parte das horas,
dentro da faixa de umidade de [80,0––96,0[% para todos os meses, em geral, sem
exceções. Também não houve um mês de verão que obtivesse, em mais da metade de
suas horas úteis, valores de umidade relativa mais baixos que 80,0% (Fig.7.3.1.21). A
situação mais favorável, para os verões, foi a formação de névoa úmida na área da
EACF. A situação de nevoeiro foi menos expressiva nos meses de dezembro, com suave
tendência de aumento, do número de horas, para os meses de fevereiro. Para a saturação
total, com possibilidade alta de precipitados ou nevoeiro, os meses de janeiro se
destacaram no número de horas, seguidos dos meses de fevereiro. Apenas quatro meses,
dos 15 desta climatologia de verão, não obtiveram valores próximos da saturação total.
Dois destes ocorreram nos meses de dezembro, dos verões de 2001-2002 e 2005-2006,
onde a temperatura do ar também foi mais fria. O número de horas em que a umidade
relativa esteve abaixo de 80,0% foi bem reduzido. Isto diminuiu a possibilidade de
formação de névoa seca, na área da EACF. Para o acumulado por meses de verão,
notou-se que os valores de horas, com umidade relativa na faixa seca, abaixo de 80,0%
decresceu no acumulado por meses, partindo de dezembros até fevereiros. Houve uma
exceção significativa apenas no verão de 2002-2003, onde janeiro registrou mais horas
secas. O verão de 2003-2004 se diferenciou, mas não significativamente, pois obteve
em janeiro e fevereiro, valores muito próximos. A Tabela 7.3.1.13 informou o número
de horas de umidade relativa abaixo de 80,0%, por períodos de verão e os valores
obtidos por grupo de meses.
VERÕES MESES
DEZEMBROS JANEIROS FEVEREIROS
PERÍODOS
Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%)
2001-2002 114 15,32 49 8,31 11 2,31
2002-2003 56 7,53 114 15,32 68 10,12
2003-2004 114 15,32 69 9,27 78 11,21
2004-2005 129 17,34 81 10,89 36 5,36
2005-2006 211 28,36 118 15,90 52 7,74
TODOS 624 16,77 431 12,09 245 7,69
241
A situação dos meses de inverno foi bem diferente. A baixa temperatura do ar e
a alta umidade, fornecida pelo oceano, mantiveram a umidade relativa constantemente
em valores altos. Novamente, a classe de umidade de [80,0––96,0[% predominou em
todos os meses de inverno, sempre acima de 50,0% do total de horas úteis dos meses
(Fig.7.3.1.22). A segunda maior ocorrência ficou com a classe [96,0––98,5[% em todos
os meses, excetuando junho e agosto de 2004, onde a classe saturante foi maior. Para
esta mesma classe, onde as possibilidades de precipitados e nevoeiro foram altas, o
inverno de 2002 obteve valores de ocorrências muito baixos e os invernos de 2005 e
2006 não obtiveram valor algum, em horas, em todos os seus meses. Verificados os
dados de inverno, percebeu-se que houve alta probabilidade de formação de névoa
úmida e nevoeiro na área de Ferraz. Tal fato sempre foi constatado nos relatos
meteorológicos, principalmente quando o vento sopra, por sobre as geleiras da ilha Rei
George, causando nevoeiro glacial nas imediações da enseada Martel. Para o caso de
valores abaixo de 80,0% de umidade relativa, os invernos obtiveram os menores
índices. A variação entre os acumulados, obtidos por meses dos invernos, foi muito
baixa, não diferindo mais do que 2,7 pontos percentuais. A Tabela 7.3.1.14 informou o
número de horas de umidade relativa abaixo de 80,0%, por períodos de inverno e os
valores obtidos por grupo de meses.
INVERNOS MESES
JUNHOS JULHOS AGOSTOS
PERÍODOS
Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%) Fr.Abs(h) Fr.Rel(%)
2002 3 0,42 42 5,65 83 11,16
2003 4 0,56 2 0,27 9 1,21
2004 46 6,39 15 2,02 29 3,90
2005 53 7,36 23 3,09 38 5,11
2006 108 15,00 39 5,24 14 1,88
TODOS 214 5,94 121 3,25 173 4,65
242
cômputo de casos foi significativamente escasso, dada a pouca precipitação ocorrida na
área da EACF. Os casos ocorridos foram exceções muito distintas, temporalmente
espaçadas, que não puderam ser consideradas fatores de limitação consistentes. Estes
casos estiveram ligados diretamente com a passagem de ciclones sobre Ferraz.
Concluiu-se, pela avaliação dos dados da MET-2 desta climatologia, que o parâmetro
precipitação, não constituiu um fator rotineiramente limitante, como ocorreu com os
outros parâmetros.
243
meses dos verões (Fig.7.3.1.23). Os registros de sensação térmica iguais ou abaixo da
temperatura de –10,0ºC foram mais significativos nos meses de dezembro, de maneira
geral e no período de verão de 2001-2002 e, em seguida, do período de 2005-2006. Pelo
método clássico, todos os meses registraram valores na classe mais fria de sensação
térmica. Ao se aplicar o novo método de avaliação da sensação térmica, verificou-se
que a totalidade dos meses registrou mais de 50,0% do total de horas válidas, na classe
da faixa de ]–10,0––0,0]ºC. Em muitos casos, esse valor foi além de 70,0%,
principalmente nos meses de dezembro. Este fato ocorreu pela atenuação dos valores de
sensação térmica, quando se utilizou o novo algoritmo de temperatura equivalente de
windchill, dado o modo como operaram os seus parâmetros de correção. Esta atenuação
ocorre principalmente nos valores de temperatura muito próximos de zero grau Celsius
e velocidades do vento até 15,0m.s-1, exatamente os padrões corriqueiros que ocorreram
na EACF, nos meses de verão desta climatologia.
Foi importante notar que as horas com valores de sensação térmica iguais ou
abaixo de –10,0ºC ocorreram em quatro, dos cinco meses de dezembro, em nenhum mês
de janeiro e em apenas um dos meses de fevereiro. Este foi um fato muito importante,
pois indicou que o perigo por congelamento, durante os períodos de verão, foi
extremamente baixo. Ao se utilizar os parâmetros para a emissão de sinais de AVISO
ou ALERTA, verificou-se que apenas o mês de dezembro, do verão de 2003-2004,
obteve cinco horas dentro da situação de AVISO, ou ]–31,7–– –23,3]ºC, e somente pelo
padrão clássico de Siple. Nenhum outro mês dos verões indicou condições de perigo,
para que se fosse possível emitir algum sinal. Tais fatos garantiram que as melhores
condições externas de trabalho ocorreram nos verões. Além disto, também garantiram
que a sobrevida, em casos de acidentes, poderia ser maior, se o socorro for diligente.
244
Tabela 7.3.1.15: Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Sensação
Térmica Acima de Zero Grau Celsius, Separados pelo Método Clássico,
de Siple e Novo, do MSC, nos Meses dos Períodos de Verão.
Foi possível notar, pelos valores obtidos, que o método novo do MSC, de
avaliação da sensação térmica, indicou um maior número de horas com valores
positivos, quando comparado com o método clássico, excetuando-se os meses de
dezembro que foram mais frios. Avaliando os verões por períodos, verificou-se que pelo
método clássico, as horas com Tw positivo foram menores nos meses de dezembro,
crescendo em janeiro e reduzindo em fevereiro. A mesma avaliação, pelo método novo,
indicou mais horas de sensação térmica favorável, no geral, conforme se avançaram os
meses do verão, com ligeira exceção dos períodos de 2004-2005 e 2005-2006. O
período de verão de 2002-2003 foi o que computou mais horas, com valores positivos,
de sensação térmica, pelo método clássico. Das 2160 horas úteis, 665 horas ou 30,79%
estiveram acima de zero grau Celsius. Pelo método novo, o mesmo período registrou
mais ocorrências positivas, com cerca de 851 horas ou 39,40%. O período de verão de
245
2001-2002 foi o que registrou menos horas, com valores positivos, pelo método
clássico. Das 2160 horas úteis, 392 horas ou 18,15% estiveram nesta faixa. O método
novo amainou o valor deste mesmo período de verão, com 528 horas ou 24,44% de
valores positivos de sensação térmica.
246
Tabela 7.3.1.16: Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Sensação
Térmica Acima de Zero Grau Celsius, Separados pelo Método Clássico,
de Siple e Novo, do MSC, nos Meses dos Períodos de Inverno.
247
térmica nos meses de julho, para os invernos de 2002 e 2003, e uma tendência de
decréscimo dos valores horários, partindo de junhos até agostos, nos invernos de 2004,
2005 e 2006. O período de inverno de 2005 foi o que computou mais horas com valores
positivos de sensação térmica, pelo método clássico. Das 2208 horas úteis, 780 horas ou
35,53% estiveram acima de zero grau Celsius. Pelo método novo, o mesmo período
registrou mais ocorrências positivas, com cerca de 585 horas ou 26,49%. O período de
inverno de 2003 foi mais frio, pois registrou menos horas com valores positivos, pelo
método clássico. Das 2208 horas úteis, 156 horas ou 7,07% estiveram nesta faixa. Pelo
método novo, este mesmo período de inverno ficou com 64 horas ou 2,90% de valores
positivos de sensação térmica. Contudo, pelas diferenças inerentes aos dois métodos, o
inverno de 2006 obteve 159 horas ou 7,20% das 2208 horas úteis, com valores
positivos, pelo método clássico. Este valor foi muito próximo do inverno de 2003, mas
pelo método novo, este mesmo inverno de 2006 registrou o valor mais baixo de valores
positivos de sensação térmica desta climatologia, com apenas 16 horas ou 0,72% do
total.
Uma vez verificado que os invernos obtiveram, de fato, os valores mais baixos
de sensação térmica, aplicou-se a metodologia de sinais de AVISO ou ALERTA de
valores perigosos de windchill utilizados pelo MSC. Desta vez, todos os meses de
inverno registraram situações em que os sinais puderam ser emitidos (Fig.7.3.1.25). A
importância deste fato indicou que o perigo por congelamento, durante os períodos de
inverno, deve ser levado em consideração nas atividades externas. Ao se utilizar o
método clássico de obtenção do valor de Tw, na emissão de sinais de AVISO ou
ALERTA, verificou-se que todos os meses do inverno registraram horas sob a condição
de AVISO, onde Tw esteve na faixa de ]–31,7–– –23,3]ºC. A maior marca ocorreu no
mês de junho, do inverno de 2003, com 203 horas ou 28,19% das 720 horas úteis. A
menor marca ocorreu no mês de agosto, do inverno de 2005, com 31 horas ou 4,17%
das 744 horas úteis. Ainda sob a óptica do método clássico, a condição de ALERTA,
onde Tw esteve igual ou abaixo de –31,7ºC, ocorreu em todos os meses de inverno,
excetuando-se apenas o mês de junho de 2004, com marca zero. A maior marca sob
condição de ALERTA ocorreu no mês de junho, do inverno de 2002, com 130 horas, ou
18,11% das 718 horas úteis. Este mês, além de ser frio, registrou maiores velocidades de
vento médio que, nesta combinação, contribuiu para maior número de horas nesta
condição. Prosseguindo na avaliação, mas se utilizando o método novo para a obtenção
248
dos valores de sensação térmica, a condição de AVISO, na faixa de ]–31,7–– –23,3]ºC
de valores de Tw, esteve presente em quatro, de cada cinco meses, tanto em junho,
como julho e agosto. A maior marca ocorreu no mês de agosto de 2006, com 136 horas
ou 18,28% das 744 horas úteis, seguida de junho de 2002, com 130 horas ou 18,11%
das 718 horas úteis. A condição de ALERTA, obtida pelo método novo, foi bem mais
seletiva. Apenas dois meses de junho, nos invernos de 2002 e 2005, registraram 15
horas ou 2,09% de seus respectivos totais de horas úteis, com valores de sensação
térmica igual ou abaixo de –31,7ºC. Apenas em dois meses de julho se verificou esta
condição, mas em valores menores de horas. Encerrando os invernos, o mês de agosto
do período de 2006 foi o único que registrou a condição de ALERTA para o grupo de
agostos, com 15 horas ou 2,02% das 744 horas úteis que, segundo a MET-2,
correspondeu a um dos meses mais frios de inverno. Tanto as ocorrências de junho,
quanto a última de agosto, foram as maiores marcas nesta condição. Uma vez que as
condições mais perigosas foram definidas, elaborou-se a Tabela 7.3.1.17 que informou
o número de horas em que a condição windchill, avaliada pelos dois métodos, esteve na
situação NORMAL, por períodos de inverno e os valores obtidos por grupo de meses.
Verificou-se que, pelo método clássico, houve uma melhora nas condições,
segundo os acumulados mensais, ou seja, as horas de condição NORMAL apresentaram
tendência crescente, conforme se passaram os meses. Esta mesma situação não foi
observada pelo emprego do método novo, onde o acumulado dos meses de julho foi o
que mais registrou horas em condição NORMAL. Nas avaliações particulares, o mês de
agosto, do inverno de 2005, obteve o maior número de horas sem restrições de perigo,
com 711 horas ou 95,56% das 744 horas úteis, pelo método clássico e o valor total de
100,0% pelo método novo. Ocorrências semelhantes, mas apenas pelo emprego deste
último método, ocorreram no mês de junho, do inverno de 2004, e julho, do inverno de
2006. O mês com menor número de horas foi junho, do período de 2003, com 439 horas
ou 60,97% das 720 horas úteis, pelo emprego do método clássico.
249
Tabela 7.3.1.17: Valores Absolutos e Relativos de Horas com Registro de Condição
NORMAL de Windchill, Separados pelo Método Clássico, de Siple e
Novo, do MSC, nos Meses dos Períodos de Inverno.
250
7.3.2 – Casos de Ciclones e as Variáveis Meteorológicas Extremadas:
251
de verão foi o mais singelo, pois não haviam outros sistemas operando na área. Para os
dois casos de inverno, o primeiro ocorreu em 29 de julho, do inverno de 2004, com
945,9mb (Fig.7.3.2.2A a D). A situação consistiu da atuação de um mesociclone, em
fase madura, que evoluía para sinóptico, proveniente do setor Noroeste. A passagem do
centro de baixa pressão coincidiu exatamente com a posição da EACF, registrando,
neste momento, o menor valor. Seu deslocamento final foi em direção ao mar de
Weddell, em fase de decaimento. O segundo caso de inverno consistiu da atuação de
dois ciclones, ocorridos em 10 e 11 de agosto, do inverno de 2005, com passagens
simultâneas sobre Ferraz (Fig.7.3.2.3A a D). O primeiro ciclone, de porte sinóptico, em
fase de decaimento, registrou um centro de baixa pressão sobre a EACF, com 955,9mb.
Conforme se deslocava para Leste, um mesociclone, em fase madura, com 955,4mb
alcançou Ferraz no dia seguinte
252
ciclone, no setor Nordeste, em geral, foi notadamente a mais responsável pelas situações
em que o ar frio alcançou o Sul da América do Sul. Quanto aos valores baixos de
temperatura em Ferraz, pelas avaliações realizadas entre a MET-1 e MET-2, estes
ocorreram com a presença de ventos do setor Sul, originados por condições ciclônicas,
principalmente na retaguarda dos sistemas.
253
(Fig.7.3.2.9A a D). Nesta ocorrência, um pequeno ciclone semi-estacionário, sobre o
estreito de Drake, ao Norte, bem próximo da EACF, manteve o seu setor de
nebulosidade sobre a ilha Rei George. A circulação favoreceu a formação de fraca
advecção fria, mas com a alimentação de umidade proveniente do setor de vanguarda do
ciclone. Esta configuração manteve a umidade relativa alta.
Também foram escolhidos dois casos, tanto para os verões como para os
invernos, onde se verificou os maiores valores de precipitação acumulada diária. Para os
verões, o primeiro caso ocorreu no dia 12 de fevereiro, do período de 2004-2005, com
34,6mm.d-1 (Fig.7.3.2.12A a D). A situação sinóptica envolveu dois ciclones, um ao Sul
e outro à Noroeste, que formaram uma confluência de advecção quente e úmida sobre a
EACF. Este fato causou o alto valor de precipitação registrado no dia. Com o passar das
horas, o ciclone ao Sul se deslocou para o mar de Weddell, encerrando a configuração
de confluência. O segundo caso de verão ocorreu no dia 15 de fevereiro, do período de
2002-2003, com 26,3mm.d-1 (Fig.7.3.2.13A a D). Nesta situação, um grande ciclone
sinóptico, à Oeste da EACF, provocou forte advecção quente e úmida na sua região de
vanguarda. Isto permitiu a formação de uma área de precipitação intensa sobre a ilha
Rei George. A configuração permaneceu, mesmo com o deslocamento do ciclone para
Sudoeste.
254
Para os invernos, o primeiro caso ocorreu no dia 20 de agosto, do período de
2004, com 15,7mm.d-1 (Fig.7.3.2.14A a D). O quadro sinóptico foi muito semelhante ao
último caso de verão. Um ciclone sinóptico, à Oeste da EACF, provocou a advecção
quente e úmida, originada de toda a área do estreito de Drake. A saturação causou a
precipitação sobre a península Antártica. A situação permaneceu, mesmo com menor
intensidade, após o deslocamento do ciclone para o setor Sul. Já o segundo caso,
ocorrido no dia 9 de agosto, do inverno de 2003, registrou a maior marca de ambas as
climatologias, com 60,1mm.d-1 (Fig.7.3.2.15A a D). A situação envolveu um grande
ciclone, em decaimento tipo Dx, sobre a península Antártica e estreito de Drake,
combinado com outro ciclone, à Noroeste da EACF. Houve uma intensa advecção
quente e úmida por esta fusão, causando precipitação considerável sobre Ferraz. A
situação permaneceu durante a aproximação do ciclone pelo setor Noroeste.
Os casos seguintes foram escolhidos pelo maior valor do vento médio, mas
aliados ou não à presença de ciclones. Com isto, para os verões, escolheu-se o dia 19 de
fevereiro, do período de 2004-2005, com 13,5m.s-1 de vento médio, mas sem a presença
de ciclone diretamente sobre Ferraz (Fig.7.3.2.16A a D). A configuração consistiu em
um dos raros casos de ausência de ciclones na área de estudo, com fortes ventos de
Oeste, que seguiram a circulação básica da latitude de 60ºS. O segundo caso ocorreu no
dia 11 de fevereiro, do verão de 2001-2002, com 14,5m.s-1 (Fig.7.3.2.17A a D). Neste
exemplo, um ciclone se aproximou por Noroeste, sobre a península Antártica. No seu
núcleo, as advecções fria e quente foram intensas e ocorreram com muita proximidade.
Isto fomentou uma forte baroclinia que intensificou o vento, no setor de vanguarda do
ciclone. Este caso permaneceu praticamente longitudinal, por vários graus de latitude e
recebeu a alcunha de “Caso Represa”. Estas configurações, em forma de represa,
transferiram os intensos gradientes de temperatura da posição zonal para a meridional e
fomentaram fortes baroclinias, intensificando os ciclones.
255
vento de Nordeste, sobre a EACF, nas primeiras horas do dia. O segundo caso ocorreu
no dia 3 de agosto, do inverno de 2003, com 20,9m.s-1 (Fig.7.3.2.19A a D). Comportou
dois ciclones nos setores Noroeste e Nordeste, mas muito distantes da EACF. Isto não
permitiu que suas respectivas circulações interferissem no escoamento básico de Oeste,
o qual permaneceu intenso, até a chegada do ciclone pelo setor Noroeste.
256
como demonstrou a MET-2. Na maioria dos casos, houve a presença de situações de
bloqueio antártico ou geração de centros de alta pressão. O primeiro caso de maior
calmaria ocorreu na seqüência de dias entre 19 a 21 de junho, do inverno de 2005, com
99 horas seguidas (Fig.7.3.2.23A a D). O quadro sinóptico apresentou dois ciclones
distantes, locados no setor Nordeste, que não influenciaram na circulação. Além disto, a
alta pressão atmosférica, registrada na EACF, anulou a circulação de Oeste. Isto ocorre
com mais freqüência nos invernos pelo fato da Trilha das Depressões se deslocar para o
Norte, durante esta estação. A permanência da situação sinóptica perdurou até o
enfraquecimento do centro de alta pressão atmosférica. O último caso estudado, não
diferiu muito na configuração. Ocorreu em uma distribuição temporal de quase sete
dias, com paralisação total em quatro deles, de 26 a 29 de julho, do inverno de 2002. O
cômputo geral foi de 165 horas de calmaria (Fig.7.3.2.24A a D). A configuração
envolveu um ciclone ao Norte da EACF, cuja circulação da advecção fria foi
neutralizada pela advecção quente de um outro grande ciclone sinóptico, à Sudoeste. O
quadro favoreceu a formação de bloqueio, com uma região de alta pressão sobre a área
da ilha Rei George. O centro de alta permaneceu estacionário, conseguindo bloquear o
tráfego de ciclones e a circulação básica de Oeste por muitos dias.
Nesta etapa da MET-3, abriu-se espaço para discussões sucintas de ciclones que
se diferenciaram pela sua aparência física ou comportamental. Os registros gerais, na
íntegra, foram realizados nas próprias tabelas que compuseram o Catálogo
Climatológico de Ciclones, elaborado pelas observações da MET-1. Os ciclones de
maior curiosidade geral foram descritos, nesta etapa, e utilizados como exemplos.
Alguns receberam alcunhas que categorizaram o modo de formação de uma classe
inteira de ciclones, como por exemplo, os “Ciclones Galáxia”. O objetivo foi
demonstrar o quanto a área de estudo é dinâmica e como o seu comportamento
influenciou nas atividades de transformação de energia térmica, proveniente das baixas
latitudes, em energia cinética, intensificando os ventos, tanto de superfície, quanto de
altitude, principalmente a corrente de jato polar que circula por todo o continente
antártico. Também serviu como uma demonstração de que a área circumpolar desafia os
olhares analíticos ortodoxos, pois apresentou configurações não triviais dos sistemas
meteorológicos. Estas características devem ser consideradas e difundidas na formação
257
de novos recursos humanos em Meteorologia e Climatologia Antártica, tanto no
emprego como instrução.
258
de ambas as ocorrências simultâneas. O desfecho do caso foi verificado quando houve
falta de provimento energético, do setor quente, nos mesociclones de vante e retaguarda.
259
do Brasil. A circulação deste sistema deslocou um ciclone menor que se formava nas
altas latitudes, portanto mais frio. Contudo, este mesociclone se apresentou com uma
configuração de nebulosidade voltada para o setor Oeste. Ao se aproximar do ciclone
grande, a circulação do setor quente do mesociclone, iniciou um processo de
desintegração do ciclone sinóptico, pois lhe cortou a fonte primária de energia
(Fig.7.3.3.5A a D). O processo atingiu um estado mais crítico no dia seguinte, quando
os dois ciclones ficaram em paralelo, na mesma latitude (Fig.7.3.3.5E a H). Neste
momento, o mesociclone evoluiu para a sua fase de maturidade C. A circulação inferior,
mais aquecida do ciclone sinóptico, em decaimento e abandonando a área de controle,
foi forçada para um fluxo frio, na retaguarda do ciclone que se originou das latitudes
mais altas. Isto causou a formação de uma zona baroclínica intensa que, em poucas
horas, fomentou um novo mesociclone (Fig.7.3.3.5I a M). Após a saída da área de
controle do que ainda restou do ciclone sinóptico inicial, os ciclones remanescentes se
mantiveram em transição, ao redor de um centro comum, semelhante ao movimento dos
Ciclones Galáxia.
260
oclusão do ciclone. A presença da corrente de jato, muito próxima do centro de baixa
pressão, atribuiu ao sistema uma forma atípica de triângulo esférico que, descontada a
navegação da imagem, permaneceu por algumas horas.
261
formação ocorreu com a presença de um intenso mesociclone, em latitudes mais baixas,
que se aproximou da parte superior do alinhamento de ciclones (Fig.7.3.3.10E a H). A
dado momento, verificou-se a formação de nebulosidade em forma de estrela triangular,
com cada ciclone determinando a condição do sentido dos ventos. A profunda advecção
quente, em um dia de inverno como este, foi um exemplo típico de casos em que se
proliferaram a formação de meso e mini-ciclones por toda a área. Isto demonstrou que a
energia disponível ainda era suficientemente grande para a formação de pequenas
oclusões, com formação de vórtices menores, conhecidos por eddies14. Estes núcleos, de
escala inferior, podem ser considerados os remanescentes de energia dos grandes
sistemas. Os casos não foram raros no setor da Antártida Oceânica.
O caso seguinte foi escolhido por ser um exemplo didático da conexão entre os
altos e baixos níveis (Fig.7.3.3.12A a D). No exemplo, verificou-se uma configuração
extremada da corrente de jato polar, com formação em “V” (letra vê) que acompanhou o
setor de vante de um mesociclone. Foi possível observar a nebulosidade Cirrus formada
na corrente de jato, com distinção da nebulosidade baixa e fechada do ciclone.
Conforme o tempo passou, a configuração contribuiu para o aumento de vorticidade do
sistema, acarretando seu crescimento e mudança de escala. Ao mesmo tempo, a energia
térmica foi transformada em cinética, intensificando a corrente de jato. Com uma
troposfera mais baixa, esses efeitos repercutiram em níveis próximos da superfície,
aumentando a advecção quente, que por sua vez, intensifica mais o ciclone. O
deslocamento para o Sul fez com que o sistema encontrasse uma barreira orográfica, os
Antartandes da península Antártica (Fig.7.3.3.12E a H). Desta maneira, um efeito físico
14
Eddies é um termo dado aos pequenos vórtices de nuvens que se formam no setor frio, como se cada
um deles indicasse uma pequena oclusão ciclônica. Em muitas pesquisas que se combinaram as teorias da
Matemática e Meteorologia, os pequenos vórtices foram tratados tanto pela teoria do Caos, quanto pela
teoria dos Fractais.
262
de corte e bloqueio, em uma troposfera mais baixa, foi um eficiente atenuador de
deslocamento. Porém, uma grande quantidade de energia térmica poderia estar
disponível para conversão e ficou contida para ser dissipada por outros processos,
inclusive aquecendo a área do mar de Bellingshausen.
263
CONCLUSÕES
8. CONCLUSÕES
265
controle. Quando subtraídos dos 89 ciclones que nasceram, mas abandonaram a área,
obteve-se o resultado de 208 ciclones que vieram para decair. Seria esta uma entrada de
energia a mais, no setor sub-antártico, que provocaria alguns registros de aquecimento
local? A possível resposta seria sim! Seria a configuração geográfica, com a disposição
física em forma de gargalo, do Sul da América do Sul e Norte da península Antártica,
uma grande influência? A possível resposta também seria sim! Durante o decaimento
dos sistemas, em geral, grande parte de sua energia térmica será convertida em energia
cinética, mas não se sabe a estimativa de quanto desta permaneceu para participar de
outros processos, como o de aquecimento da área costeira da Antártida, principalmente
na península, onde as anomalias de longo prazo da temperatura do ar, de 1950 a 2000,
foram positivas (Fig.8.1A e B).
266
de ciclones da MET-1, alguns aspectos se evidenciaram, embora esta seja uma avaliação
preliminar, iniciando uma climatologia sistemática de ciclones extratropicais antárticos.
Como o aquecimento registrado dos valores de anomalia se concentraram em ambos os
lados da península Antártica, com o mar de Bellingshausen à Oeste e o mar de Weddell
à Leste, computou-se todos os casos de ciclones grandes e pequenos que tiveram seu
ciclo completo dentro da área de interesse, mas que o setor de decaimento fosse
Sudoeste e Sudeste, respectivas posições dos mares citados acima, em relação à EACF.
Aplicou-se a mesma contagem para os ciclones que vieram decair na área, cujos setores
finais de decaimento fossem Sudoeste e Sudeste. Para isto, os valores dos meses foram
agrupados nos seus respectivos anos, e não mais por períodos de verão ou inverno. A
Tabela 8.1. demonstrou os valores processados para o ano de 2002.
Tabela 8.1.: Cômputo de Ciclones que Decaíram nos Setores Sudoeste e Sudeste do
Ano de 2002, Divididos por Tamanhos e Totalização em Duas Classes
Evolutivas.
Para o ano de 2002, verificou-se que o número de ciclones que decaíram no setor
Sudoeste foi considerável, em ambas as classes evolutivas. Ele também se destacou dos
casos ocorridos no setor Sudeste, na proporção de 2,15:1. Ao se verificar os valores de
anomalia da temperatura para o referido ano, pelo processo de sensoriamento remoto,
observou-se um valor bem baixo, dentro da faixa de 0,2 até 0,5 pontos positivos, em
ambos os setores, ao redor da península Antártica (Fig.8.2). Com esta informação,
267
realizou-se o mesmo processo para o ano seguinte de 2003, onde os valores computados
de ciclones, que decaíram nos mesmos setores, foram avaliados, analogamente ao ano
anterior. Os resultados foram expressos na Tabela 8.2.
Tabela 8.2.: Cômputo de Ciclones que Decaíram nos Setores Sudoeste e Sudeste do
Ano de 2003, Divididos por Tamanhos e Totalização em Duas Classes
Evolutivas.
268
sensoriamento remoto, os valores anômalos decaem completamente. A região do mar de
Bellingshausen chegou a registrar anomalias negativas na faixa entre –0,1 a –0,3 pontos.
A área da península se manteve neutra e o mar de Weddell registrou um setor de alta,
com pouca significância, na faixa entre 0,1 até 0,3 pontos positivos (Fig.8.4). Uma
conclusão de fato, para este setor, só poderia ser obtida com mais dados da atuação dos
ciclones e suas categorias. Contudo, os exemplos citados forneceram pistas interessantes
de pesquisa que devem ser continuadas. Além disto, a média de longo prazo demonstrou
aquecimento, a de prazo intermediário, resfriamento. Estes fatos indicaram que houve
ciclos, muito provavelmente ligados à atuação dos ciclones na área.
Quanto a atuação dos ciclones, notou-se que, para os sistemas com ciclo
completo, os setores próximos à costa da península Antártica não computaram tantos
casos de nascimento de sistemas sinópticos, mas se registrou muitos casos de
mesociclones nestas paragens. Os relatos fornecidos por alguns autores, referentes ao
surgimento de mesociclones na área costeira do mar de Ross, também foram verificados
em todo o litoral da península Antártica, principalmente nos setores Sudoeste, Sul e
levemente no Sudeste, em relação à EACF. O fato destes fenômenos serem registrados
nesta área, pode ser explicado pela forte baroclinia das forçantes dos ventos frios
catabáticos, provenientes das escarpas das montanhas, e seu encontro com o ar mais
aquecido, sobre o mar de Bellingshausen.
269
Quase em todos os anos de inverno e alguns de verão, a elevação do número de
casos de decaimento de ciclones, no setor Sudoeste, ocorreu ao mesmo tempo em que se
registraram o aumento na formação de mesociclones, no setor Sudeste. Muitos destes se
formaram pela perturbação da onda, através de fortes escoamentos sobre a península
Antártica, e outros, pela dissipação da energia remanescente do decaimento de grandes
ciclones. A energia que por ventura não foi utilizada para aumentar a velocidade dos
ventos, ou formar mesociclones, ficou retida à Oeste da península Antártica,
provavelmente mantendo o ar mais aquecido. Este, por sua vez, poderia aquecer
levemente a superfície dos oceanos, derreter parte de geleiras e soltar icebergs.
Contudo, apenas como nota de comentários, os anos de pouca atividade ciclônica, sobre
o mar de Bellingshausen, foram aqueles em que a superfície do mar se manteve
congelada por mais tempo. Um exemplo foi vivido pelas expedições antárticas
brasileiras, naquelas águas, quando foi necessário atingir a ilha Biscoe, bem mais ao
Sul.
270
tamanhos, apenas os sistemas pequenos conseguiram um cômputo aceitável. A Tabela
8.3 demonstrou os setores predominantes de nascimento e a probabilidade calculada.
271
agrupados, satisfez as condições. A Tabela 8.5 demonstrou os setores predominantes de
entrada e a probalidade calculada.
272
Finalizando os cálculos, a categoria de ciclones que vieram decair na área de
controle durante os invernos, também não satisfez as condições estabelecidas, ao se
realizar o cálculo das probabilidades para o setor de entrada dos sistemas, no cômputo
geral. Quando se fez distinção por tamanhos, apenas os sistemas pequenos obtiveram,
nos setores de entrada Oeste e Noroeste, os valores de 75,3% (taxa de 3,05:1) de
probabilidade de recorrência. Aplicando-se o mesmo processo para o setor de
decaimento, no cômputo geral, os invernos também não obtiveram um valor
significativo. O mesmo resultado negativo foi obtido com a distinção por tamanhos.
273
estreito de Drake e as condições que permaneceram nas cercanias da península
Antártica. Como conclusões observadas pelos dados gerados na MET-1 e MET-2,
verificou-se que as condições de pressão atmosférica não tem relação direta ao número
de casos de ciclones, mas sim pelo posicionamento e trajetória dos mesmos.
Esperava-se que esta hipótese fosse confirmada com os dados de Ferraz, como ocorreu,
mas também se aguardava que alguns sistemas de grande porte, acima de 3000km,
conseguissem reger valores locais de pressão atmosférica mais baixa. Esperava-se que
os sistemas maduros, em fase C, com muitas espiras nebulosas, conseguissem obter esta
performance, já que os mesmos possuíam um grande alcance setorial, ou cobertura de
área maior. Isto, de fato, embora tenha ocorrido, não foi uma regra. Observou-se que
tais casos registraram valores de pressão não tão pronunciados, quando comparados a
certos ciclones de porte sinóptico, mas com tamanho menor. Alguns mesociclones, bem
desenvolvidos, também registraram valores de pressão atmosférica mais baixas,
inclusive. Esta observação valeu para os verões e invernos. Contudo, observou-se
também que os meses de inverno, com maior incidência de ciclones pequenos com ciclo
completo dentro da área de interesse, registraram valores de pressão mais baixa. O
mesmo se repetiu, de maneira geral, para os meses que obtiveram maiores valores de
ocorrências de ciclones grandes que vieram decair na área. Via de regra, a maior
regência ficou com o posicionamento.
274
Baseando-se nestas informações, a verificação da velocidade do vento
acompanhou as mesmas descrições. As maiores velocidades médias e rajadas estiveram
atreladas à casuística de trajetórias de ciclones. Se estes eram constituídos por centros
de baixa pressão mais intensos, as velocidades eram maiores, não importando o
tamanho dos ciclones. Apoiando-se nestes dois parâmetros meteorológicos e se
observando as imagens de satélite, inclusive em campo, como meteorologista da EACF
no verão 2001-2002, a frase “Cuidado com os Pequenos!” será aqui relatada. Isto deve
soar como um alerta operacional para as futuras equipes de trabalho, na área da
Antártida Oceânica. Normalmente, a observação de grandes sistemas ciclônicos, tanto
por sensoriamento remoto, como por acompanhamento dos dados meteorológicos
sinópticos, emitidos pelas estações de rádio antárticas, ou VOLMET, já fazem com que
o meteorologista tenha um posicionamento cauteloso de maneira natural. Contudo, pode
não agir da mesma maneira ao observar sistemas menores. Fora do ambiente
operacional, a mesma regra deve ser utilizada para os trabalhos científicos puros de
climatologia, executados em gabinete, que necessitem avaliar casos especiais de
ciclones, quando a premissa de escolha for apenas o parâmetro visual, observado pela
imagem de satélite. Um forte indício que pode auxiliar na identificação de sistemas
intensos, foi verificado quando se observou a nebulosidade. Os sistemas reportados com
maiores velocidades de vento, aliados aos menores valores de pressão atmosférica,
indicaram nebulosidade espiral bem coesa, com alto brilho. Uma verificação sumária,
executada em paralelo durante a MET-3, indicou que os valores de pixel foram mais
altos, no canal infravermelho, das imagens de satélite utilizadas na MET-1. É possível
que haja outras ferramentas operacionais para serem descobertas, com avaliações mais
precisas.
275
intensos, temperaturas em suave ascensão e céu encoberto. Estes sistemas foram os que
ofereceram mais condições restritivas de trabalho, por parâmetros derivados de
velocidade dos ventos e rajadas. Os ciclones que vieram para decair na área de controle
pertenceram a categoria que mais contribuiu para estas ocorrências.
Outro caso de registro de baixas temperaturas pôde ser verificado com a atuação
dos ciclones em conjunto. A circulação horária particular de cada um deles, determinou
a predominância dos ventos e direcionou a advecção fria para a EACF, mas pelo setor
Leste. Este caso, apresentado anteriormente, torna discutível o argumento da forçante
276
inercial, derivada de Coriolis, do Jato Frio Inercial, fenômeno que atinge o Norte da
península ocasionalmente (SCHWERDTFEGER, 1984). A presença de um grande
ciclone, em fase madura C, ou em decaimento prolongado Dy, provoca a advecção fria
com ar proveniente do interior do continente. Com a passagem simultânea de dois
ciclones transientes menores (mesos ou sinópticos) em fase de amadurecimento B, por
exemplo, a advecção fria pode ser conduzida para Leste (Fig.8.10). Pelo que foi
observado, o que faz a dependência do fluxo ser de maior ou menor intensidade, está
ligado ao estágio evolutivo e força dos ciclones transientes que trafegam pelo Drake. Se
a condição for favorável, como o alinhamento latitudinal dos centros de baixa pressão, o
fluxo de ar frio tem grande probabilidade de permanecer, por algumas horas, atingindo a
EACF.
277
intervalo de 20 ou 30 graus de latitude. Portanto, para fluxos muito frios que conseguem
abaixar consideravelmente as temperaturas no Sul do Brasil e, as vezes, até mesmo na
região Sudeste, provêm de uma configuração sinóptica particular, na área de estudo
desta pesquisa. Esta configuração é determinada pela presença de dois grandes ciclones,
atuando em conjunto, mas não necessariamente nas mesmas fases evolutivas, desde que
estas estejam além da madura fase C. O primeiro, precisa estar posicionado no mar de
Weddell e o segundo, no setor Nordeste (Atlântico Sul). Os fluxos de advecção fria, de
ambos os ciclones, podem ser conduzidos até as latitudes de 20ºS com muita eficiência
(Fig.8.12). Embora o fluxo frio, advindo do interior do continente antártico pelo mar de
Weddell, consiga baixar a temperatura do ar até o Sul do Brasil, com valores de queda
consideráveis, estes não podem ser admitidos como via de regra.
278
avaliados. Portanto, afirmar que o ar frio que atinge o Brasil, proveniente de Weddell, é
uma mudança provocada pelo “aquecimento global” parece não ser a explicação mais
acertada. Os ventos sobre a península, quando sob regime do escoamento básico de
Oeste, sempre geraram centros de baixa pressão à sotavento dos Antartandes, sobre o
mar de Weddell, exatamente como o fazem na região da América do Sul, na
transposição dos Antes, intensificando cavados. Não parece ser acertado declarar que
houve mudança do ar polar, que atinge o Sul da América do Sul, por causa da geração
de “ventos mais intensos” sobre a península. Estes, sempre existiram, como ficou
demonstrado diversas vezes nos dados da MET-2 e em trabalhos anteriores (FELICIO,
2003) quando não havia ciclones operando na área de controle, os quais determinassem
os regimes de ventos, situação observada na MET-1. Parece ser mais fácil categorizar a
origem do ar proveniente de Weddell, por uma configuração particular de grandes
ciclones, relatada e verificada anteriormente, do que a mudança por ventos fortes
originados do Pacífico.
279
no verão e pela região Sudeste também. Esta conclusão foi prematura e necessitaria de
mais dados para avaliação.
280
Um último exemplo de que estes fatos podem ser isolados, mas que devem ser
avaliados devido a sua importância de causas e efeitos, sobre condições climáticas no
Brasil, ocorreu no dia 10 de julho de 2006. O quadro sinóptico se definiu como um
grande ciclone extratropical, no setor Nordeste da área de estudo (Fig.8.17A a D). A
banda nebulosa da espira de nuvens gerou uma frente fria muito ativa, com centro de
baixa pressão que se desenvolveu paralelamente, com o passar das horas. A
determinado momento, a frente de destacou do ciclone originário e seguiu rumo ao
Norte, associada ao seu próprio centro de baixa pressão (Fig.8.18A e B). O ciclone
sinóptico que fomentou a advecção fria, com ar proveniente do mar de Bellingshausen,
e não de Weddell, seguiu rumo à latitudes mais altas, em direção à Antártida,
adiantando sua fase de decaimento Dy. Situações semelhantes, de geração de outro
centro de baixa pressão, embutido na banda nebulosa de ciclones sinópticos, com
quebra do sistema, também foram avaliadas, em paralelo, durante a execução da
MET-3. Constatou-se que estes casos não são raros e se avaliou as possíveis novas
ferramentas de prognóstico. Estas, poderiam considerar os valores de pixel destes
setores, por exemplo, nas imagens infravermelho, dos satélites da série GOES.
Sempre foi possível desafiar a Natureza e suas forças, mas manter isto por muito
tempo se torna insustentável. No caso da Antártida, é possível realizar operações se
utilizando os diversos equipamentos disponíveis de uma sociedade tecnológica,
adicionados de pessoal eficiente. Pode-se vencer diversas barreiras e restrições
demonstradas neste trabalho, principalmente na MET-3. Contudo, estes casos, na área
de estudo da Antártida Oceânica e, expandindo para o interior de todo o continente, não
são mero acaso, ou situações isoladas. Estas são as condições predominantes.
281
mais fáceis de se obter, pois certamente um número elevado de pessoas aceitariam tais
condições, por encará-los como desafios pessoais. A pergunta para o fator humano
seria: por quanto tempo? Também teríamos outro problema empresarial, já que treinar
homens antárticos e formar diversas equipes de trabalho, também gerariam outros
custos (transporte, estadia, seguro, alimentação etc.).
282
² Haveria um número crescente de ciclones extratropicais na região antártica, mas as
velocidades dos ventos e da corrente de jato seriam as mesmas;
² Não haveria um número crescente de ciclones extratropicais na região antártica, mas
as velocidades dos ventos e da corrente de jato seriam intensificadas;
² Ficaria indefinida qual divisão por tamanhos cresceria mais: mesociclones poderiam
ser mais eficientes neste processo de transformação de energia;
² Ficaria indefinida, para a área deste estudo, qual categoria evolutiva se destacaria
mais.
283
informações poderão avaliar tendências planetárias, no que se refere a climatologia
dinâmica dos ciclones extratropicais no hemisfério Sul, tanto os comuns quanto os
polares.
284
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290
ANEXOS
ANEXO I - ÁBACOS DE CONSULTA
ÁBACO PARA DEFINIÇÕES E LEGENDAS GRÁFICAS CONSTANTES
3 – Nascimento do sistema dentro da área de controle. · (FASE) – Entrou na área de controle na fase evolutiva descrita posteriormente.
⊗ – Decaimento ou não desenvolvimento do sistema dentro da área de controle. (FASE) · – Saiu da área de controle na fase evolutiva descrita anteriormente.
GRÁFICOS ANALÍTICOS DA CLASSIFICAÇÃO DOS CICLONES
LEGENDAS DE TAMANHOS E PERÍODOS
CORES TAMANHOS ANO DO VERÃO MESES INCLUSOS CORES TAMANHOS ANO DO INVERNO MESES INCLUSOS
GRANDES GRANDES
2001-2002 dez 001/jan e fev 002 2002 jun, jul e ago 002
PEQUENOS PEQUENOS
GRANDES GRANDES
2002-2003 dez 002/jan e fev 003 2003 jun, jul e ago 003
PEQUENOS PEQUENOS
GRANDES GRANDES
2003-2004 dez 003/jan e fev 004 2004 jun, jul e ago 004
PEQUENOS PEQUENOS
GRANDES GRANDES
2004-2005 dez 004/jan e fev 005 2005 jun, jul e ago 005
PEQUENOS PEQUENOS
GRANDES GRANDES
2005-2006 dez 005/jan e fev 006 2006 jun, jul e ago 006
PEQUENOS PEQUENOS
OBS.: o tamanho considerou a medida entre a base contrária Final do vórtice de nebulosidade espiral
do centro de baixa pressão, até o final do vórtice de nebulosidade,
durante a fase madura (C). Quando esta não ocorreu, o parâmetro
utilizado foi a fase de maior desenvoltura, mesmo quando em
decaimento (Do).
Base contrária do centro de baixa pressão
ANEXO II - DISCOS DVD-ROM