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Estudo de Caso em webQDA

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Estudo de Caso em com o

webQDA
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Autora
Dayse Neri de Souza

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ESTUDO DE CASO EM 7 PASSOS COM O
webQDA
Introdução
A versatilidade do software webQDA (www.webqda.net) verifica-se pelo
facto de ser uma ferramenta que pode ser usada para todo e qualquer
tipo de Investigação Qualitativa. Possibilita editar, visualizar, interligar e
organizar documentos, bem como criar e aplicar categorias. Este software
facilita o utilizador na codificação das unidades de texto, procurar as
palavras mais frequentes nos dados, e o que consideramos mais pertinente,
a capacidade de questionar e cruzar os dados codificados para obter os
resultados relacionadas com as questões de investigação. Desta forma,
o software está completamente sob o domínio do investigador, que terá
pleno controlo dos seus dados e poderá utilizá-los de acordo com a teoria
definida para a análise.
Outro aspeto que consideramos digno de nota é o facto de o webQDA
estar na nuvem e facilitar o acesso do utilizador ao seu projeto de
investigação e à sua análise em qualquer lugar com ligação à internet.
Além de viabilizar aos utilizadores trabalharem em rede com vários
investigadores que estejam envolvidos no projeto de investigação e
que necessitem de acompanhar todo o processo de análise e, assim,
poderem colaborar.
No caso específico que aqui propomos, iremos destacar em 7
simples passos, como utilizar o webQDA em investigações com o uso
do método de Estudo de Caso. O método de Estudo de Caso está
envolvido por algumas áureas estereotipadas e questões inquietantes,
como por exemplo: o estudo de caso é só direcionado para estudos
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qualitativos? O Estudo de Caso é o método que deve ser indicado só
para a educação? Ou ainda: realizar uma investigação com o método
de estudo de caso é científico?
São recorrentes as indagações dos positivistas sobre a veracidade e
credibilidade dos estudos qualitativos, nomeadamente os resultados
que são obtidos pelo método de Estudo de Caso. Devido ao facto de a
investigação qualitativa não objetivar medir nem aferir quantitativamente
os dados, é colocado em questão se os resultados qualitativos são
científicos (Antwi & Hamza, 2015; Pratt, 2008).
Convém ter em conta que há meios de garantir a fiabilidade dos
resultados qualitativos. Podemos indicar 4 meios, a saber: o primeiro e
comumente utilizado é a revisão pelos pares das transcrições realizadas
das entrevistas; a segunda é a triangulação dos vários dados recolhidos
por variadas técnicas de recolha e apontamentos no sentido de obter
uma maior consistência e precisão; a terceira é a transparência de todo
o processo de investigação, ou seja, como foram definidas e executadas
todas as fases do processo. Por fim, um meio sugerido por Neri de Souza,
Neri de Souza e Costa (2014) que é a utilização do Quadro de Coerência
Interna Geral da Investigação, o qual contempla todos os campos.
Esta coerência deve contemplar desde a pergunta de investigação, os
objetivos da investigação, o corpus de dados, os tipos de análise e as
observações, as expectativas e as perguntas subsidiárias. Estes são
meios ou estratégias que os investigadores poderão empregar com a
finalidade de mostrar a validação dos resultados.
Antes de iniciar o processo de análise no webQDA, o investigador já
deverá ter definido qual a teoria de análise sustentará a sua análise,
como por exemplo o sistema de análise de conteúdo Bardin (2009).

É importante destacar os principais elementos que compõem o software
para a realização de estudos de casos com base no webQDA. Estes
elementos formam o corpo de análise. O software é composto pelo
Sistema de Fontes, onde são inseridos todos os dados/documentos
recolhidos de cada caso, Sistema de Codificação, onde são criadas e
aplicadas as dimensões e categorias, correspondendo aos sistemas-
sínteses de cada caso, e o Sistema de Questionamento onde são
realizadas as pesquisas de palavras e textos, e as matrizes para se obter
o cruzamento de codificações, propiciando a triangulação e a construção
de respostas às questões de investigação.
No sentido de indicar caminhos simplificadores de utilização do software
webQDA para investigações que utilizam o método de Estudo de
Caso, apresentamos 7 passos básicos e genéricos a serem seguidos:
1) Definir o caso no webQDA; 2) Introduzir os dados/documentos dos
casos; 3) Fazer codificação dos casos; 4) Criar categorias dos casos; 5)
Codificar as referências (unidades de texto) nas dimensões, categorias e
subcategorias; 6) Criar os atributos dos casos nas classificações e, por
fim, 7) Realizar associação dos atributos de cada caso com as categorias
de análise dos códigos em árvore.
1. Definir o Caso no webQDA
O método de Estudo de Caso tem algumas características a serem tidas
em atenção. Ele tem como principais utilizadores os estudiosos das
Ciências Humanas e Sociais, mas também de outras áreas científicas
(marketing, contabilidade, etc...). Desta forma, o Estudo de Caso pode
se apropriar de instrumentos de vertente qualitativa e quantitativa, como
inquérito por questionário para obter de forma plena os resultados
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e, assim, ultrapassar fronteiras e realidades sem o objetivo claro de
generalizar, mas claramente transcender fronteiras locais (Voss, Tsikriktsis
& Frohlich, 2002).
Pelo facto de um dos objetivos do método de Estudo de Caso ser a
compreensão do fenómeno ou a natureza do caso, ele tem uma forte
vertente qualitativa. O principal foco do Estudo de Caso é definir o caso.
Qual é o caso em estudo? O caso pode ser uma comunidade, uma
escola, uma turma, os alunos, um professor, uma disciplina, um hotel, um
restaurante, um hospital, ... Para compreender “o caso” é imprescindível
levantar todas as informações, todos os dados de forma exaustiva.
Para tanto, aconselha-se que o investigador utilize o maior número
de instrumentos, técnicas de recolha e estratégias. Como salienta Yin
(2007), o uso de múltiplas técnicas proporcionará à investigação uma
maior credibilidade aos resultados.
Atende-se ao facto de que para obter sucesso na aplicação das variadas
técnicas, é necessário um planeamento prévio no sentido de respeitar
as peculiaridades do “caso” e do ambiente onde se realizará a recolha.
No âmbito deste e-book, para concretizar um exemplo, o caso será
alguns alunos que sofreram Bullying no contexto escolar. Assim, como
apresentado na Figura 1, devemos definir os casos em “Descritores”,
neste exemplo, uma lista de códigos com o nome dos alunos deste
Estudo de Caso.

Figura 1 – Descrição dos casos nos descritores
2. Introduzir os dados/documentos dos casos
Neste passo, o investigador deverá introduzir no webQDA todos os
dados que foram recolhidos acerca de cada caso (neste exemplo, os
alunos). Os dados devem ser inseridos na área “Fontes” do webQDA
por meio de pastas que distinguem por tipo de dado/documento
recolhido: entrevistas, diário de bordo, notas de campo e observação
não participante (ver Figura 2).
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Figura 2 – Criação de pastas e importação de todos os tipos de documentos referentes a cada caso
3. Codificação nos casos
A codificação nos casos significa que o investigador deverá inserir
em cada caso (criados no passo 1 em Descritores) todos os dados/
documentos que foram recolhidos acerca de cada aluno. Esta codificação
será realizada através do processo de codificação em Descritores. Para
isso, o utilizador deverá abrir cada documento na Fonte, de seguida
selecionar os descritores e “Codificar” a referência (unidade de texto) no
caso e clicar no comando codificar (Ver indicações das setas na Figura
3). A codificação confirma-se quando a unidade de texto fica em amarelo
e o número de referência aparece na coluna à direita. Neste exemplo, o
caso Elimário com 1 referência (primeiro parágrafo selecionado). Com
a sequência de codificações das referências o seu número vai sendo
somado na coluna à direita de cada caso.

Figura 3 – Codificação de uma referência de um documento num caso
4. Criar as Categorias dos Casos
A criação das dimensões, categorias e subcategorias fica ao critério
dos investigadores que podem definir a priori ou a posteriori. Em muitas
situações, o investigador tem por base a criação das dimensões e
categorias de análise a partir da fundamentação teórica, ou mesmo de
conversas com especialistas da área. Já relativamente às subcategorias,
emergem das falas dos participantes da investigação.
No webQDA as dimensões, categorias e subcategorias são definidas
na área Codificação nos Códigos Árvore, uma vez que neste item,
o investigador poderá hierarquizar as categorias (ver Figura 4). É
importante sublinhar a importância de fazer a descrição das dimensões,
categorias e subcategorias. O preenchimento deste campo facilitará o
trabalho de escolha do código na codificação das referências (unidades
de texto) e evitará que o investigador cause enganos nestas escolhas.
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Figura 4 – Lista de dimensões e categorias criadas e suas respetivas definições
5. Codificar as Referências (unidades de texto)
no sistema de Códigos
O processo de codificação no webQDA contribui ricamente na
organização, sistematização e praticidade na análise dos dados de cada
caso. A forma de visualização do sistema de codificação é muito amigável
e promove um maior rigor. Em muitos casos o investigador poderá sentir
alguma dificuldade na codificação das referências, por isso, voltamos a
salientar a importância de fazer a descrição (definição) das dimensões,
categorias e subcategorias de análise.
Para codificar as referências dos documentos, o utilizador deverá abrir
o documento e de seguida clicar no Código Árvore para visualizar o
sistema de códigos criados no passo anterior. O passo seguinte é ler
o documento e selecionar a unidade de texto, selecionar para qual
categoria tenciona codificar e clicar no comando Codificar.
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A Figura 5 mostra o documento com as unidades de texto em amarelo, revelando

que já foram codificadas e na coluna da direita as categorias com o número de
referências (unidades de texto) de cada caso e registadas nas categorias.

Figura 6 - Sistema de criação de codificação a ser atribuído a cada caso

Após criar os atributos, o investigador deverá associar o atributo ao Caso

de cada participante, criados no passo 1 em Descritores/Casos/Nome
do Caso. No exemplo da Figura 7, devemos selecionar ao caso Carla os
Figura 5 - Sistema de códigos e codificação de referências de cada caso seus atributos (idade, nível de escolaridade, nacionalidade).

6. Criar os atributos dos casos nas Classificações

Os atributos de cada caso são definidos no sistema de “Classificações”
do webQDA a partir das características do perfil dos participantes. O
investigador deverá na recolha dos dados, obter o maior número de
informação acerca dos participantes para poder criar as definições
desejadas nos “Atributos” do webQDA. Na Figura 6 apresentamos o
sistema de “Classificação dos Códigos” de acordo com a necessidade de
cada projeto, neste exemplo, colocamos a idade e o nível de escolaridade
dos alunos que sofrem Bullying.
Figura 7 - Codificação dos dados de um caso para os Atributos

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7. Realizar associações dos atributos de cada É possível também ter esta mesma matriz por cada caso específico
caso com as categorias de análise dos Códigos em (ver Figura 9). É possível perceber que podemos obter a informação
Árvore por número de casos, número de referências e número de fontes. Cada
célula da matriz é ativa e podemos aceder diretamente ao texto que foi
No Sistema de Questionamento, que pode ser considerado o “coração”
filtrado pela interceção da linhas-colunas na Matriz.
do webQDA, o utilizador poderá elaborar perguntas que possam
relacionar e obter respostas às questões de investigação, por meio das
opções disponíveis. O utilizador poderá fazer uma busca pelas “Palavras
mais Frequentes” ou “Pesquisa de Texto” e/ou fazer os cruzamentos
por meio das “Matrizes” do webQDA (ver mais detalhes no Manual do
webQDA). Neste exemplo, iremos explorar o cruzamento dos atributos
descritivos de cada caso com as categorias de análise codificadas em
Árvore. A Figura 8 mostra uma matriz elaborada a partir das categorias
de análise e a categoria descritiva/atributos dos alunos que sofreram
Bullying por faixa etária.

Figura 9 - Casos (alunos) do projeto por Categorias Interpretativas do Bullying

Note-se também que o webQDA possibilita o envio do resultado da

Figura 8 - Matriz entre os Códigos em Árvore e as Faixas Etárias dos casos
Matriz para o programa Excel, onde o utilizador poderá escolher o modo
de apresentação. Poderá apresentar por tabela, gráficos, histogramas,
etc., além de fazer as estatísticas que considerar pertinente. Em face do
que foi exemplificado nestes 7 passos, podemos verificar que o uso do
software webQDA poderá contribuir para uma melhor qualidade e rigor
na análise de dados realizados com o método de Estudo de Caso. Como
informamos anteriormente, a versatilidade do software, juntamente com

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a definição do desenho de investigação, permite ao utilizador encontrar

Ficha Técnica
outras formas de análise, sem descurar da fiabilidade dos resultados. Título: Estudo de Caso em 7 passos com o webQDA
Contudo, o que foi apresentado aqui é uma forma simplificada e prática Versão 1 - 280317
Editores da série: António Pedro Costa, Francisle Neri de Souza e Dayse Neri de Souza
de analisar os dados do método de Estudo de Caso com apoio do
Autora: Dayse Neri de Souza
webQDA. Design e Paginação: Fábio Freitas
Edição: Ludomedia
Rua Centro Vidreiro, 405
São Roque · 3720-626 Oliveira de Azeméis
REFERÊNCIAS Aveiro - PORTUGAL
Revisão: Sónia Mendes
Antwi, S. K.; Hamza, K. (2015). Qualitative and quantitative research paradigms in business research:
a philosophical reflection. European Journal of Business and Management 7 (3), pp.217-225 E-mail: info@ludomedia.pt
www.ludomedia.pt
Bardin, L. (2009). Análise de Conteúdo. Coimbra: Edições 70 ISBN: 978-972-8914-70-7

Neri de Souza, Neri de Souza e Costa (2014). Importância do questionamento no processo de

investigação qualitativa. In Costa, A. P.; Neri de Souza, F.; Neri de Souza, D. Investigação
Qualitativa: inovação, dilemas e desafios. Oliveira de Azeméis, Aveiro: Ludomedia

Pratt, M. (2008). Fitting oval pegs into reound holes: tensions in evaluating and publishing qualitative
research in top-tier American Journals. Organizational Research Methods, 11, pp. 481-509

Voss, C.; Tsikriktsis, N.; Frohlich, M. (2002) Case research in operations management. International
Journal of Operations & Production Management, 22(2), pp.195-219

Yin, R. (2007). Estudo de caso. Planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman

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