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2- O pessimismo e o ideal de vida sublime

No fim da idade média a alma geral do povo sofria por uma tenebrosa melancolia. No
século XV pairava a moda do pessimismo com a vida, era comum desprezar e condenas os
tempos vividos, sendo perceptível até nos retratos feitos pelos artistas. Podemos ver esta
influencia até o início do humanismo com, por exemplo, Erasmo de roterdam, que possuía um
otimismo temperado com o velho desprezo do estoicismo cristão.
No século XIV, a palavra melancolia era dita para significar três coisas diferentes:
tristeza, reflexão e fantasia. O principal expoente do pessimismo deste período é Eustache
Dechamps que tinha por alguns dos seus temas: “feliz aquele que não tem filhos”, ”solteiros”,
“declínio do corpo na velhice”, “aleijados são deformados também no espírito” e “o mundo é
como um velho caído em demência”. Outro autor parecido e tão pessimista foi Jean Gerson.
Porém, em todos os tempos a visão de uma vida sublime se instaurou na alma dos
homens, e sempre foram utilizados três caminhos diferentes em todas as épocas: 1- o
abandono do real; 2- melhoria do mundo e das condições sociais; 3- o do sonho. Na idade
média, não havia a idéia de continuidade e melhoria social, pois, o remédio dos males
mundanos estava no indivíduo e não nas instituições que foram feitas por Deus, mas
corrompidas pelos homens. A lei medieval mais olhava para o passado ideal do que para um
futuro terreno, o futuro para eles era o juízo final. O otimismo social foi uma criação bem
posterior, apenas no século XVII.
Quanto mais primitiva é a sociedade maior a necessidade de por a vida real de acordo
com um padrão idealizado, na modernidade, por exemplo, o padrão ideal democratizou-se e
quase extinguiu-se, já no declínio da idade média, a vida aristocrática laica ataviada de formas
ideais, douradas pelo cavalheirismo (távola redonda). Na idade média havia o antagonismo das
escolhas se dava por Deus e o mundo, e a alma individual é que sofreria as conseqüências
destas escolhas. A beleza era manchada com o pecado do mundo, mesmo as artes religiosas
eram atingidas pelo pecado, logo, a beleza da nobreza, da alta cultura que professava a cultura
da cavalaria e toda a sua adoração corporal, vaidosa e amorosa, ou seja, pecaminosa,
precisava enobrecê-las para torná-las virtuosas. A aristocracia da alta idade média busca como
escapatória da situação a representação de um “sonho” sublime com todo o seu cerimonial e
etiqueta ritualística.

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