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Parceria diretor e coordenador pedagógico

Ana B. G. Brentano e Elza Cossi

Na proposta de formação do Instituto Avisa lá um dos aspectos que temos


pautado no programa de formação é a parceria entre diretor e coordenador
pedagógico, na busca de uma ação comum que beneficie a qualidade do
atendimento às crianças e a profissionalização de todo o pessoal da unidade
escolar. A prática tem demonstrado que os projetos de institucionais, visam
mudanças na instituição, seja de caráter pedagógico ou organizacional e, estes
acontecem de forma a mudar a prática estabelecida que muitas vezes é
desgastante, com muitas tarefas administrativas para o diretor cumprir e, as tais
emergências é o que não faltam. Para atenuar essa situação e, visando a formação
do diretor, temos investido nos projetos institucionais, de forma que CP e diretor
possam manter as especificidades da função, mas atuando em consonância para
integrar suas ações.

Geralmente os projetos institucionais começam com a abordagem de algo que se


pretende mudar, que traz algum desconforto no âmbito do atendimento à criança.
Mas, nem sempre coordenador ou diretor estão com a mesma visão, pois nem
sempre têm oportunidade de trocar ideias sobre as concepções de trabalho, as
atividades desenvolvidas, o que observam e não gostam, enfim o tempo é sempre
escasso e cada um fica com seu pedaço.

No entanto quando a proposta de mudança está firmada na parceria e, que se


propõe a diagnosticar uma situação inadequada que incomoda a ambos, surgem
as aberturas de possibilidade de trabalhar junto e criar um projeto institucional que
dê conta da mudança. A parceria se integra por que tem como um dos
fundamentos a complementaridade de olhares entre esses parceiros e, na
construção de ações coletivas onde todos os profissionais participam, almejando o
mesmo objetivo.

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É importante mencionar que quando essa parceria se estrutura na ação
possibilita a integração de todas as áreas, saúde, pedagógico e gerencial,
possibilitando que as diferentes equipes atuem com a mesma intencionalidade
para o alcance das propostas. Sem dizer que os pais também participam de forma
colaborativa.

Vista dessa forma a parceria é um jeito de trazer o diretor para as questões


pedagógicas e educacionais e do cp poder ajudar no que precisam para mudar,
que muitas vezes esbarra em decisões de organização de espaços, material etc.

Outra estratégia para firmar a parceria é a construção de conceitos comuns a


partir da organização do corpo de direção, isto é, encontros com a participação
dos coordenadores pedagógicos, diretores e vice-diretor ou similar. Esse encontro
é semanal com 1 hora de duração com pauta preestabelecida.

Outra saída é a elaboração de registro e síntese e ou registro das decisões de


forma que as decisões possam ser tomadas de forma coerente, integrada e
apresentada oportunamente a todos os profissionais da unidade escola seja creche
ou Educação infantil II.
Segundo as gestoras Silvana e Cristina EMEI ARAUJO JORGE comentam na síntese
Existe necessidade de que estes nós sejam divulgados, as experiências significativas de
alguns encontram vida perante todos e se firmam enquanto produção de conhecimento.
A possibilidade desta “divulgação” pressupõe que realizemos uma organização do
pensar e do fazer, caminho percorrido forçosamente através de sínteses bem elaboradas.
Destacando-se a diferença entre sínteses realizadas durante uma reunião de formação que
por acompanhar a linguagem falada fica desconexa, pois o momento vivido é rico em
expressões, gestos e intenções de comunicação que não vão para o papel e a síntese
realizada posteriormente que traduz reflexão, memória e pesquisa.
Todo este trabalho acaba fazendo parte da construção da identidade profissional de cada
participante, ”Assim é para o adulto, assim é para a criança”. Um olhar de valorização ou
de desvalorização acarreta diferentes construções de imagem. A formação da nossa auto-
imagem não é definitiva é construída.
Um ponto que vale á pena ser destacado é que o nosso olhar, o nosso ouvir, a nossa
atenção contribui significativamente para que nossa auto-imagem seja positiva ou
negativa.

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“Assim como é para a criança é para o adulto”. Como exemplo se uma criança muito
pequena precisa chamar muito pela professora para ser atendida é porque esta professora
não está valorizando a voz da criança, gerando com isto uma ausência de cuidado e
passando para a criança uma mensagem de que ela não é importante, que não tem voz;
provocando assim atitudes mais extremadas de: choro, birra, mudez, negação em ouvir o
que o professor fala para ela, ou seja, a tal da indisciplina tão conhecida em nosso meio
escolar, caracterizando uma situação de que para ser reconhecido é necessário usar a
força bruta , sem fazer uso de regras de convívio, gerando uma relação conturbada onde o
volume da voz pode se tornar cada vez mais elevado .Destacamos com isso a importância
de se sentir e ver o trabalho da instituição divulgado e valorizado. Portanto a elaboração
de sínteses permeia a construção de cultura permanente, criando novos hábitos através da
rotina.
Um dos maiores entraves que temos em nossas instituições é a a dificuldade por parte do
gestor em tomar decisões em cima da “Construção de Conhecimento” e de não ter claro
que é de sua alçada formar a equipe escolar .Portanto antes de tudo a maior preocupação
do gestor é pedagógica e depois administrativa, ou melhor administrar pedagogicamente!
Se esta é a premissa de um estabelecimento de ensino que se pretende “educador”, nada
mais interessante que nos envolvamos com construção de conhecimento de cuidados com
as crianças da instituição.

Tivemos oportunidade de observar algumas ações de parcerias que com sucesso


promoveram várias mudanças em suas unidades CEIs e EMEIS nas coordenadorias
de Itaquera, São Mateus e São Miguel que participam do projeto de formação
Capacitar Educação Infantil ZL em São Paulo.

A CEI Danielle Monteiro implantou o projeto institucional no eixo do Cuidar Educar


– visando que as crianças aprendessem o autocuidado na higiene do nariz. Uma
ação simples, focada no hábito de higiene, baixo custo e pouca demanda por parte
dos profissionais, mas que tem como objetivo a promoção da saúde e bem-estar
das crianças, principalmente, na época do inverno quando elas ficam com coriza e
resfriado durante vários meses. Rita CP e Filó diretora investiram nessa ideia e
saíram a busca de soluções para as questões que apareciam como a compra de
prateleiras com gavetas, uma bancada completa. Rita foi atrás de verba e
conseguiu a realocação no uso da mesma para as compras.
Os pais também participaram da proposta se integrando a essa atividade, uma
mãe ficou entusiasmada com a fala do filho sobre o cantinho da higiene que se

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prontificou a levar caixa de lenço de papel, mesmo não sendo solicitado, para
ajudar na manutenção do material.
As crianças se encantaram com o espelho a prateleira com gavetas e ampliaram a
função do canto, trouxeram pente, batom e outros apetrechos transformando o
canto mais completo.
Para o sucesso do projeto foi fundamental a parceria entre diretor e cp assim
como o desencadeamento de ações com todos os profissionais da CEI no alcance
do objetivo proposto.
Como podemos observar o projeto rendeu uma ação consistente que com certeza
irá ajudar as crianças a criar o hábito de cuidar da higiene pessoal do seu nariz.

Além dessa experiência tivemos outra com a EMEI Maria Montessori. A diretora
Sandra iniciou a participação na da formação sem o coordenador pedagógico, mas
quando Gabriela chegou estabeleceram uma parceria e cumplicidade para mudar
aquilo que era necessário para implantar as atividades de cantos diversificados e
brincadeiras no pátio. Enquanto Sandra corria atrás do setor de manutenção da
coordenadoria, para arrumar os pátios, tanque de areia, etc, Gabriela trabalhava
com as professoras na organização dos kits dos cantos.
A escola foi toda remodelada, desde pátio, cozinha, área de serviço, para integrar
as ações de forma que as brincadeiras pudessem acontecer num ambiente
organizado e seguro.

Do ponto de vista dos formadores que atuam na formação dos diretores a parceria
é o grande aliado das mudanças. Sem ela, possivelmente diretor e CP
continuariam com suas funções, mas a riqueza da troca de experiência, da ajuda
no diagnóstico para detectar o que precisa mudar e principalmente a reflexão
sobre as práticas pedagógicas fizeram toda a diferença.
Exemplo do projeto Rir & Educar

Formar educadores mais conscientes de seus fazeres é uma tarefa importante do


projeto de formação na instituição de Educação Infantil. No entanto, transformar a

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cultura e o funcionamento de uma instituição, é uma meta maior que exige
investimentos para além das aprendizagens individuais. Muitas das mudanças que
se mostram necessárias dependem de decisões institucionais que possibilitem a
construção coletiva e o desenvolvimento de um processo compartilhado entre
todos os profissionais da instituição. Por isso, o projeto Rir & Educar priorizou o
investimento na formação da equipe de dirigente. É esta equipe que liderar a
construção de uma rotina bem equilibrada para o sucesso das aprendizagens das
crianças, professores e pais, viabilizando horas para reuniões de formação,
encontros com orientações específicas com os pais. O investimento no diretor,
coordenador pedagógico e auxiliar de enfermagem pode garantir a consolidação e
a permanência da formação na instituição como um todo.

Trabalhar em dupla profissionalmente não significa amizade no âmbito pessoal,


mas na medida em que conhecemos os nossos parceiros no dia-a-dia acabamos
muitas vezes desvendando diversas qualidades neles, passamos a admirá-los e a
incluí-los na nossa vida pessoal. Para fortalecer esta parceria, os encontros e
tarefas pós-encontros devem contar com a presença da dupla e com a reflexão e
produção em conjunto.

O fio condutor dos encontros estaria em olhar as qualidades e recursos de cada


um e não as ausências. É uma abordagem desafiadora na medida em que fomos
treinados a olhar a ausência. Quando temos desafios com alguns profissionais no
trabalho, acabamos focando nosso olhar apenas neles e deixamos de ver tudo o
que o restante (grande maioria) da equipe tem construído. Precisamos focar no
que está dando certo, olhar e ajudar quem faz e constrói em primeiro lugar.

A consciência do grupo de que as ações preventivas são fundamentais, mas que


devem ser articuladas com as ações de recuperação de saúde bucal concretiza o
conceito contemporâneo de como a promoção a saúde, a prevenção e a
recuperação devem estar articuladas. A construção da interdisciplinaridade entre a
enfermagem, a pedagogia e a odontologia também é um desafio apenas iniciado.
Existe ainda a necessidade de construir outras parcerias para estabelecer e
qualificar diferentes ações institucionais por exemplo:

Conseguir o atendimento odontológico junto aos serviços de saúde locais ou com


parceiros privados e profissionais liberais foi um dos grandes desafios do Projeto.
A maior parte das unidades conseguiu realizar esta parceria e algumas delas
ainda persistem em busca de apoio.
Maria de Lourdes de Almeida CP da EMEI Charles Chaplin também
conseguiu a parceria com um dentista para fazer uma palestra aos pais. Eles não
conseguiram apoio diretamente da UBS e a estratégia utilizada foi pedir apoio do
Agente de Saúde da Comunidade, este profissional fez a ponte entre a UBS e a
escola.

A construção de parcerias foi fundamental para o sucesso do projeto, na zona leste,


de S. Paulo, foram estabelecidas diferentes parcerias com dentistas, nutricionistas,
agentes de saúde e outros. Esses parceiros qualificaram o Projeto, permitiram um

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maior envolvimento da comunidade local nas ações propostas e maior empenho da
comunidade escolar.
Os relatos abaixo confirmam o valor do trabalho em parcerias diversas.

RELATO SOBRE O PROJETO SAÚDE BUCAL- EMEI Felipo de Oliveira


Escrito por Dalva de Souza Franco e Selma Zeferino Macedo

No segundo semestre de 2009, a EMEI se inscreveu na formação: “Projeto Rir e


Educar” oferecido pela DRE São Mateus e pelo Instituto Avisa lá, em parceria com a
empresa Oral B, com o objetivo de melhorar a nossa, já existente, prática pedagógica
referente ao tema. Ao longo do ano de 2010, dentro do nosso Projeto Político Pedagógico,
um dos temas discutidos para a efetivação do trabalho foi à construção da identidade e do
pertencimento da criança, o qual abarcou dentre os vários projetos a serem trabalhados no
coletivo da escola, a concretização do tema “saúde bucal” com o projeto: A ESCOVAÇÃO
DE DENTES PARA ALÉM DO CUIDAR.

O projeto tem como objetivo oferecer às crianças a possibilidade de conhecer a


importância dos dentes e da saúde bucal; proporcionar situações onde a criança consolide a
sua autonomia com relação à higiene bucal; garantir à criança o acesso aos bens culturais
de forma diferenciada contribuindo assim com o seu desenvolvimento como cidadão;
sensibilizar a família, quanto à importância da higiene bucal desde os primeiros anos de
vida. Nesse sentido realizamos atividades de brincadeiras, rodas de estórias, escovação
diária dos dentes, além de palestra para a comunidade escolar.
Neste processo de construção e efetivação do projeto tivemos a contribuição da
dentista Dra Ana Silvia dos Reis Borges S. Santos, funcionária pública que presta serviços
junto a UBS Jardim Santa Bárbara, bairro vizinho a nossa escola, que veio complementar e
enriquecer muito o nosso projeto.
A Dra Ana Silvia vem à escola duas vezes por mês (a cada quinze dias), sendo que
uma vez para trabalhar com as crianças, professoras e demais funcionárias do turno da
manhã e a outra com as da tarde. Sua interferência ocorre junto às crianças na escovação
utilizando o “bocão” e diretamente na orientação a cada uma, no mostrar e acompanhar, do
como fazer para escovar corretamente os dentes.
Atua também orientando as professoras e demais funcionárias sobre o processo de
escovação, além de realizar palestras para a comunidade sempre que solicitamos. Faz
aplicação de flúor, quando necessário, e acompanhamento da dentição das crianças. Para

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realizar estes procedimentos solicitamos autorização das mães e/ou responsáveis pelas
crianças. É uma parceria muito agradável e rica, que nos trouxe muito prazer em
concretizar as atividades de cuidar e educar nossas crianças, cabendo ressaltar a sua alegria
no trato com nossas crianças, pois ela é muito carinhosa e atenciosa com elas. Acreditamos
que, este tipo de parceria, deve ser estimulada e ampliada no cotidiano escolar, bem como
valorizado este perfil profissional que nos remete ao além do cuidar.

EMEI FELIPE D’OLIVEIRA – Prefeitura Municipal de São Paulo – Secretaria Municipal


de Educação.
Diretora: Selma Zeferino de Macedo;
Coordenadora Pedagógica: Dalva de Souza Franco
Dentista: Ana Silvia dos Reis Borges S. Santos

CEI Nossa Senhora Aparecida. A dentista do posto estava super aberta para
conversar. Pediu que fosse encaminhado um ofício solicitando sua visita. Eles
enviaram. Depois documentaram o que ela fez, número de crianças atendidas.
Fizeram carta com relatório da visita e encaminharam para diretor. Receberam
retorno do diretor e dentista voltou com fonoaudióloga.

Para que as diferentes parcerias funcionem é fundamental que o Corpo de Direção


da unidade escolar esteja unido, tenha clareza onde deseja chegar e assim,
coordenar ações de outros parceiros vindos de instituições diversas. A parceria só
ocorre quando reconhecemos as nossas competências e limites e as competências
especificas do outro.

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