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Cidade "boa" é aquela que oferece suficiente número e qualidade de espaços para
que todos os cidadãos possam escolher os lugares em que se encontrem. O lugar,
seja qual for o objetivo, será sempre um ponto de encontro, ou seja, um espaço
que acolha um encontro.
De acordo com Eduardo Rojas, em Volver al Centro (BID, 2004), para cada
milhão de dólares investidos pelo Estado, o setor privado investiu 4,4 milhões.
Obedecendo a uma orientação inicial liberal, a iniciativa não tinha um projeto
rígido e custou a deslanchar. Quando o Estado implantou a extensão do metrô que
une Docklands à City em onze minutos e iniciou uma linha de trem,
empreendedores decidiram "acreditar" na iniciativa e começaram a investir. É o
caso da empresa Olympia & York, que implantou o setor de Canary Wharf. O
projeto inicial de Skidmore, Owings and Merrill, foi revisto. Seu edifício
principal de 50 pavimentos foi projetado por Cesar Pelli e a importante estação
ferrometroviária por Norman Foster. O restante foi projetado e construído por
empresas privadas. Percebe-se a importância de ancorar novas urbanizações com
edifícios projetados por arquitetos famosos por sua qualidade e originalidade.
A implantação começou pelo novo uso dado aos armazéns, hoje ocupados
basicamente por restaurantes e bares no térreo e escritórios nos andares
superiores. No entanto, hotéis e edifícios institucionais já foram construídos do
outro lado das bacias. A proximidade do centro da cidade garantiu o êxito do
empreendimento, típico de cidades que possuem uma frente "aberta" para o mar
(no caso, o vasto rio), ensejando ganhar áreas novas próximas ao centro, seja
mediante aterros, como no Rio de Janeiro, seja reciclando funções portuárias,
como em Puerto Madero.
No Brasil, em que pese não possuirmos grande tradição em desenho urbano, além
dos já históricos exemplos do aterro de Botafogo, de Roberto Burle-Marx, e da
Pampulha, de Oscar Niemeyer e Burle-Marx, é preciso apontar os bons projetos
que foram implantados mais recentemente por iniciativa pública em diversas
cidades. Um exemplo é o desenho urbano da Avenida Paulista - primeira via
paulistana a ser realmente projetada, feito em 1973 por Rosa Kliass, Cauduro &
Martino e Esther Stiller.
Acima, área do projeto Feliz Lusitânia, em Belém, idealizado por Paulo Chaves e
sua equipe da Secretaria de
Cultura, com participação de Rosa Kliass. A região abrange numerosos edifícios
históricos da capital do Pará.
Abaixo, vista do mercado Ver-o-Peso, também em Belém, revigorado a partir de
projeto do carioca Flávio Ferreira
Nesses exemplos - que certamente não constituem uma resenha completa do que
se tem feito na última década - cabe assinalar a fusão que na prática ocorre entre
questões ambientais e urbanismo ao nível do desenho urbano. Sempre considerei
que o meio ambiente é a dimensão física do planejamento urbano, não sendo
conveniente a separação entre eles, nem na atividade de criação, nem nas
instituições que desenvolvem políticas públicas. Nos exemplos, mencionados por
sua qualidade e importância social, o trabalho de paisagistas se integra no desenho
urbano ao dos urbanistas.