Belo Horizonte – MG
2011
2
Belo Horizonte – MG
2011
2
“Embora o Senhor te dê pão da adversidade e a água da aflição, contudo não se esconderão mais os
teus mestres, os teus olhos verão os teus mestres.”
“Que te desvies para a direita, que te desvies para a esquerda, teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma
palavra, dizendo: Este é o caminho, anda por ele.”
Isaías 30:20-21
3
Resumo
A leishmaniose é fonte de grandes discussões pela alta incidência no país. O presente relato traz o uso
da acupuntura como auxilio ao tratamento alopático na tentativa de reverter uma das principais
sintomatologias da doença, a anemia, reflexo das varias lesões provocadas pelo parasito à medula e
aos rins. No tratamento com acupuntura os pontos escolhidos VG14, B20, E36 foram tonificados com
moxabustão. Outros pontos foram acrescentados mediante a inspeção, língua, pulso, sintomatologias
descritas pelo proprietário avaliadas diariamente. A resposta ao tratamento foi positiva tendo um
progressivo aumento do hematócrito chegando a 158% três meses após o inicio das sessões.
Sumário
Resumo........................................................................................................................................3
1. Introdução ............................................................................................................................... 7
2. Revisão de literatura ............................................................................................................... 7
2.1. Leishmaniose Visceral Canina ................................................................................................. 7
2.1.1. Epidemiologia................................................................................................................. 7
2.1.2. Ciclo e sintomas da Leishmaniose Visceral Canina (LVC) ................................................. 9
2.2. Anemia na Medicina Ocidental ............................................................................................ 11
2.3. Anemia na Medicina Chinesa ..................................................................................................14
3. Tratamento ...............................................................................................................................16
3.1. Tratamento pela Medicina Ocidental .....................................................................................16
3.2. Tratamento pela MTC ............................................................................................................16
4. Relato de Caso .........................................................................................................................19
5. Conclusão .................................................................................................................................22
6. Referências bibliográficas --------------------------------------------------------------------------------------23
5
Lista de figuras
Figura 1 Distribuição de casos autóctones de Leishmaniose visceral segundo município, Brasil 2002 ..8
Figura 2 Cão com sinais clinicos de LVC ............................................................................................. 10
Figura 3 Ciclo de Leishmaniose.......................................................................................................... 11
Figura 4 Causas de palidez de mucosa (Ettinger, et al 1992) .............................................................. 13
Figura 5 Formação de Qi e Xue (Ross, 1994) ...................................................................................... 15
Figura 6 Cadela Janes 5 meses após o inicio do tratamento com acupuntura em 13/10/2011 ........... 22
6
Lista de Tabelas
Introdução
A Leishmania sp. parasita macrófagos, célula do sistema fagocitário presente em todo o organismo;
por conseqüência lesa vários tecidos sendo os mais afetados o baço, o fígado, os rins, medula óssea e
pele, essas lesões advêm da ocupação do espaço funcional ou deposição de imunocomplexos.
Apesar dos problemas jurídicos envolvendo o tratamento da Leishmaniose, este é realizado por muitos
veterinários que discutem justamente a ineficácia de métodos como a eutanásia. Diante desse quadro,
o controle do parasito através de medicamentos faz-se necessário e a medicina complementar é
utilizada para harmonizar e dar condições para a recuperação de lesões já instaladas.
A anemia é uma das conseqüências dessa infecção e que muitas vezes, dependendo da intensidade,
não se consegue resposta ao tratamento, tanto pela medicina ocidental quanto oriental, mas, visto a
gravidade, aliar os dois métodos aumenta as chances de recuperação.
A Medicina Tradicional Chinesa é utilizada em animais há mais de 3500 anos, traz uma visão
holistica, alcança níveis que nossa medicina moderna ocidental não alcança devido à sua fragmentação
e direcionamento sintomático. A MTC consegue uma abordagem mais abrangente e holística
(Schwartz, 2008), visto que todos os seres são integrais e complexos como uma grande teia.
2- Revisão de literatura
Luís (MA), Fortaleza (CE), Camaçari (BA) e mais recentemente as epidemias ocorridas nos
municípios de Três Lagoas (MS), Campo Grande (MS) e Palmas (TO).
Figura 1- Distribuição de casos autóctones de Leishmaniose visceral segundo município, Brasil 2002
9
O agente etiológico são protozoários tripanossomideos, do gênero Leishmania, a espécie mais comum
isolada nos casos de LVC é Leishmania chagasi (Noli e Auxilia, 2005). O protozoário é parasita
intracelular obrigatório do sistema fagocitário mononuclear dos vertebrados na forma amastigota e
passando por fase promastigota no sistema digestivo dos invertebrados transmissores. (MS, 2007)
Os cães, raposas e marsupiais são reservatórios. No meio urbano destaque para a importância dos cães
já que estes tem se mostrado mais prevalentes que o homem. (MS, 2007)
O período de incubação é bastante variável tanto no homem, quanto no cão; um cão pode levar de 2 a
12 meses para apresentar sintomas, em cães infectados experimentalmente foi observado período de
incubação de até 25 meses. (Oliveira et al., 1993)
10
adiantadas da doença, observa-se, com grande freqüência, onicogrifose (crescimento exagerado das
unhas), esplenomegalia, linfoadenopatia, glomérulo nefrite, alopecia, dermatites, úlceras de pele,
ceratoconjuntivite, coriza, apatia, diarréia, hemorragia intestinal, edema de patas e vômito, além da
hiperqueratose. Na fase final da infecção, ocorre em geral a paresia das patas posteriores, caquexia,
inanição e morte. Entretanto, cães infectados podem permanecer sem sinais clínicos por um longo
período de tempo. (Ettinger, et al 1992)
Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Leishmaniasis_life_cycle_diagram-es.svg
A anemia é uma condição de deficiência de sangue seja por hemorragia, seja por destruição celular ou
deficiência na sua produção. (Figura 4)
Na LVC temos como causa mais significativa da anemia a diminuição na produção das células
sanguíneas por dois mecanismos prováveis, a insuficiência renal levando a redução na produção de
eritropoietina e a própria Leishmania sp na medula reduzindo e até comprometendo sua função.
As células tronco são responsáveis pelo constante reabastecimento dos componentes celulares do
sangue, com a sua falência, citopenias e suas manifestações clinicas são esperadas. A falência das
células tronco pode ser resultado de vários processos patológicos incluindo danos causados por drogas
ou toxinas, doenças imunomediadas, agentes infecciosos, estimulação insuficiente de citocinas e
fatores de crescimeto, ou alteração do nicho das células tronco (isquemia, inflamação, etc.) (Jain,
2010) A Leishmania sp, parasita intracelular obrigatório, multiplica-se dentro dentro do sistema
linforeticular. (Kontos, 1993)
12
O reticulócito é uma célula precursora eritroide, em muitas espécies é a primeira a migrar da medula
óssea para a corrente sanguinea, como é o caso do cão, em outras como em vacas e ovelhas só é
possível observá-las no sangue durante a resposta regenerativa. (Jain, 2010) Em cães, podemos utilizar
o reticulocito como chave para definir a resposta medular. As anemias regenerativas são aquelas onde
há resposta satisfatória da medula óssea. A anemia pouco regenerativa é aquela onde há uma
diminuição na resposta a estímulos. E, finalmente, as arregenerativas onde não se observa resposta aos
estímulos medulares devido a falta de precursores eritroides na medula. (Carneiro, 2004)
13
O sangue (Xue) na Medicina Tradicional Chinesa é uma forma de Qi muito denso e material. O Qi e
Xue são inseparáveis, Qi é que dá vida a Xue. (Maciocia, 1996.) Sua principal função assim como na
medicina ocidental, é a nutrição dos tecidos corporais.
O sangue (Xue) deriva, na maior parte do Qi dos alimentos (Gu Qi) transformado pelo Baço/Pancreas
(Pi), isto ocorre no Coração (Xin) através da ação impulsora do Qi do pulmão. A essência (Jing)
armazenada pelo Rim (Shen) é que gera a medula e contribui também para formação de Xue.
(Maciocia,1996)
O conceito de deficiência refere-se geralmente quando existem padrões internos crônicos associados
com a debilidade de uma ou mais substâncias e de um ou mais Zang Fu (órgãos e vísceras). (Ross,
15
1994) Se as funções do Baço/Pâncreas (Pi) estão enfraquecidas poderá haver deficiência de energia
(Qi) e sangue (Xue) além de possível estagnação de líquidos orgânicos (Jin ye).
O Baço/Pâncreas (Pi) além de participar da formação de Xue também o governa mantendo-o assim
dentro dos vasos sanguineos. (Ross, 1994)
A desarmonia de qualquer um dos órgãos envolvidos na síntese do sangue (Xue) leva a alteração na
sua formação. Logo, estão envolvidos o Pulmão impulsionando o Gu Qi para o coração, o Baço/
Pâncreas responsável por sua base, o coração governando-o e controlando seu transporte; o Fígado o
armazena; os Rins contribuindo na sua síntese com o Qi Pré Natal.
Podemos lembrar também dessas agressões pela teoria dos Cinco Elementos. Estes têm o equilíbrio
quando em harmonia, uma vez que haja o desequilíbrio de um desses elementos outros deixarão
instável esse ciclo. Cada sistema é mantido sob controle pelo outro, nos quadros mais comuns da
origem da anemia, como na deficiência do yang do Baço/Pâncreas, o Baço/Pâncreas também irá falhar
na sua função de controle do Rim desempenhando inadequadamente as funções de excreção dos
fluidos. Se o fogo (mãe) não aquecer a terra (filha) o Baço/Pâncreas falhará na sua função de
transformar e transportar levando a uma deficiência de Xue.
Na MTC a anemia significa deficiência de Xue, mas nem sempre na deficiência de Xue teremos
anemia. Geralmente na Medicina Ocidental quando temos um quadro anêmico não se trata de um fator
primário mas secundário a uma serie de outras patologias, para tanto é necessário fazer todo o
16
diagnóstico com o maior número de elementos (pulso, língua, teoria dos cinco elementos, oito
princípios) e juntos identificar as possíveis desarmonias.
3- Tratamento
O tratamento pela Medicina Ocidental para a anemia consiste em eliminar a causa primária. No caso
da leishmaniose não há protocolo curativo, apenas um controle do parasito, sem provas de cura
efetiva. A legislação preconiza a eutanásia dos animais portadores, mas tratamentos têm sido
realizados por diversos médicos veterinários, visto que o papel do cão no ambiente familiar transpôs a
categoria de apenas um animal de estimação para se tornar um membro da família envolvendo varias
questões sócio-psicológicas.
Diversos protocolos são instituídos atualmente utilizando um coquetel de drogas. Drogas como a
anfotericina B, também usada no tratamento humano, é utilizada por alguns veterinários em alguns
desses protocolos, essa droga é utilizada também em infecções micóticas, ela rompe a membrana
celular do parasita provocando sua morte.
O glucantine bloqueia o metabolismo do parasito, inibe a síntese de ATP e bloqueia a síntese de DNA.
Atualmente uma das drogas mais utilizadas nesse tratamento é o Milteforan na dosagem de 2mg/Kg de
peso vivo, uma vez ao dia durante 28 dias. De acordo com a bula, a miltefosina impede a penetração
da Leishmania nos macrófagos. Está disponível apenas na Europa, comercializado para o mercado
veterinário pela Virbac. Ainda não há permissão para entrada legal desse medicamento no Brasil.
Ainda utiliza-se no tratamento, corticóides para evitar a formação de complexos imunes, complexos
vitamínicos, principalmente contendo ferro, a eritropoietina para os casos de anemia causada pela
lesão renal, suportes como protetores gástricos e hepáticos e, o alopurinol conhecido por suas
propriedades leishmaniostáticas.
Alguns pontos escolhidos para tratamento da anemia refletem a necessidade de estimular a produção
do sangue sendo o mais adequado o método de tonificação ou moxa.
A moxibustão é um estímulo no ponto de acupuntura aplicando, para isso, calor. É utilizada nos
padrões de deficiência, vazio, fraqueza para aumentar a energia vital e calor. (Kothbauer, 1990).
O nome de Moxibustão provém do japonês „mogusa‟ (Artemísia seca), por ser esta a erva (Artemisia
vulgaris), envolta em papel ou em cones, a mais utilizada. Estes charutos ou cones são acesos e usados
sobre os pontos de acupuntura. (Becke, 1989)
Auerswald (1982) identificou aumento de hemoglobina e eritrócitos, além de taxas de leucócitos que
se normalizaram após aplicação de moxibustão em tratamento de asma utilizando os pontos VG14,
VG15 e B13.
Localização: Uma largura de costela, lateral a extremidade interior do processo espinhoso da 12ª
vértebra torácica.
De acordo com Maciocia (1996) este ponto pode apresentar efeitos opostos de acordo com o
método de punção. Com sedação é utilizado nos ataques externos de vento-calor. Regulariza o
18
Visto que as desarmonias se envolvem em um ciclo, outros pontos, de acordo com a sintomatologia e
métodos diagnósticos, devem ser acrescentados ao longo do tratamento.
B18 (Ganshu) Ponto Shu do Fígado – Ponto do Fígado. Equilibra e fortalece o Fígado e pode
ser usado em todos os desequilíbrios de deficiência de sangue do Fígado. Todos as
deficiências de sangue (Xue) podem ser beneficiadas pela tonificação do sangue do Figado,
Baço/Pancreas e Rim. (Schwartz, 2008)
Localização: Um tsun lateral à extremidade inferior do processo espinhoso da 10ª vértebra torácica.
B23 (Shenshu) Ponto Shu do Rim- fortalece os Rins (Shen), harmoniza a via das águas
principalmente do aquecedor inferior. (Ross, 1994). Uma vez que participa na formação do
sangue pode ser tonificado na sua deficiência. Beneficia os ossos e a medula. Resolve a
umidade, fortalece a função do Rim (shen) de recepção do Qi. (Maciocia, 1996)
Localização: Uma tsun lateral à extremidade inferior do processo espinhoso da 2ª vértebra lombar.
BP6 (Sanyinjiao) Ponto de cruzamento dos 3 meridianos Yin – harmoniza o Rim e o Fígado e
fortalece o Baço/Pâncreas.(Ross, 1994). Utilizado com o E36 tonifica o Qi do Sangue (Xue).
Resolve a Umidade. Ponto de encontro dos meridianos do Baço/Pâncreas (Pi), Fígado (Gan) e
Rim (Shen), portanto tem ação sobre todos esses meridianos. Nutre o Sangue e o Yin.
(Maciocia, 1996)
19
Localização: Exatamente atrás da extremidade medial da tíbia, na altura de uma linha vertical da
tuberosidade calcânea (se repartirmos por quatro a linha do côndilo medial ao maléolo medial, assim o
ponto estaria no limite do quarto inferior.
Localização: Partindo perpendicularmente à pele para cima da base posterior da concha acústica para a
linha central da abobada do crânio.
R3 (Taixi) Fenda mais alta – tonifica o Rim (Shen) em qualquer padrão de deficiência do Yin
ou do Yang do Rim (Shen). Tonifica os ossos, a essência e a medula. (Maciocia, 1996)
Localização: Medial na extremidade superior do osso metatársico II, visto aqui o 1º dedo não ser
desenvolvido.
De acordo com Lapertosa (2009), que utilizou em um experimento os pontos BP6, E36, B10, B17,
B18, B20, VB39, F8, IG11, P3, VG20 objetivando a estimulação e tonificação do sangue, muitos
desses pontos utilizados no tratamento da cadela Janes, teve como resultado, num período entre
estimulo e coleta de 24 horas, um aumento de 16,1% na contagem de eritrócitos e 41,98% na
leucometria. Isso justifica a utilização da acupuntura em casos de deficiência de sangue (Xue).
4- Relato de Caso
Cadela Janes, SRD, idade indeterminada, aproximadamente 2 anos. Chegou ao consultório em agosto
de 2010, com relato do proprietário de sangue vivo e muco nas fezes. Estado geral bom, normorexia,
normodipsia. Vacina octupla ética em dia. O diagnostico clinico foi giardíase. O hemograma realizado
estava com os resultados dentro dos parâmetros normais, apenas uma tendência para linfocitose. Foi
realizado o tratamento com o uso de associação de sulfa com metronidazol, na dose de 20mg/kg, 2
vezes ao dia, por 5 dias, descanso de 5 dias, retorno com a mesma medicação por mais 5 dias. Nesse
período ocorreu o desaparecimento dos sintomas perdurando por até 7 dias após o ultimo dia do
20
tratamento, quando houve o retorno da manifestação clinica, foi realizado nesse período exame de
fezes que obteve resultado negativo para ovos, larvas de helmintos, cistos e trofozoitos de
protozoários. O proprietário foi então abordado sobre a possibilidade de outra doença estar envolvida,
no caso a leishmaniose então muito discutida no município devido a grande incidência de casos. O
proprietário não realizou o exame solicitado e abandonou o tratamento.
Aproximadamente 2 meses depois houve o retorno ao consultório e então foi realizado exame
sorológico para leishmaniose. Nessa fase Janes já estava com vários sinais clínicos, apesar de comer
normalmente, ocorreu um emagrecimento considerável, escore corporal 2, peso vivo 6,2 kg,
descamação da pele, pelos opacos, linfadenomegalia.
Chegado o exame sorológico o resultado foi definido como Elisa reagente e RIFI 1/40. A proprietária
optou por procurar uma clínica onde poderia ser realizado o tratamento.
Periodicamente Janes vinha ao consultório para os exames de rotina. O controle, de uréia e creatinina,
foi efetivo e a preocupação tornou-se a constante queda dos valores dos eritrócitos.
Foram realizadas duas tentativas com eritropoietina, cada bloco com aproximadamente cinco
aplicações além de reposição de ferro, mas a queda do hematócrito continuou até alcançar o valor
próximo de 12% (Janes continuava bem clinicamente, se alimentando e ativa.). A veterinária
responsável pelo tratamento da leishmaniose informou a proprietária sobre os danos do protozoário na
medula e reforçou a importância do retorno as terapias complementares, já instituídas e abandonadas
anteriormente. Nessa fase (maio, 2011) as drogas principais para o controle do protozoário e dos
sintomas já haviam sido ministradas (fevereiro, 2011), ficando apenas o alopurinol e o sulfato ferroso.
O diagnóstico pela Medicina Chinesa através do pulso, palpação de pontos e temperatura, relato do
proprietário sobre comportamento e eventuais sintomas surgidos no período.
21
Foi utilizada moxabustão em 3 pontos: VG14, B 20, E 36 por aproximadamente 5 minutos em cada
ponto a uma distancia de 1 cm. E para casa tratamento com florais de Minas, trabalhando a agitação, o
ciúme, a carência.
O diagnóstico através do pulso foi utilizado constatando com freqüência padrões alterados na posição
do Pulmão, Baço/Pancreas e Rim. Nas primeiras sessões, a posição do Rim era quase que
imperceptível tanto para o Yin quanto para o Yang do rim.
A língua, poucas vezes observada, apresentava palidez, saburra branca fina em toda a sua extensão.
A cor da língua mais pálida, esbranquiçada geralmente é encontrada em casos de Vazio-Frio, Yang Qi
enfraquecido, insuficiência de Xue. (Auteroche & Navailh, 1992)
Outros pontos utilizados durante o tratamento: B23, B18, B14, R3, F3, P5, VG20, BP6 utilizando
agulha.
Os hemogramas foram realizados a cada duas ou três semanas após a sessão. No primeiro mês foram
feitas duas sessões semanais de acupuntura e moxa, depois uma sessão por semana. O resultado foi um
progressivo aumento do hematócrito.
Tabela 4- Alguns dados hematológicos antes e após inicio das sessões de acupuntura da cadela Janes
Plaquetas (x10³) 23/05- Primeiro hemograma após inicio das sessões de acupuntura.
22
5- Conclusão
A utilização da moxabustão nos pontos VG 14, B20 e E36 mostrou-se efetiva, é fato que houve
influência de outros pontos que foram utilizados de acordo com o diagnóstico pela medicina chinesa
de pulso, língua, inspeção, palpação de pontos e temperatura, relato do proprietário, mediante a
avaliação no devido momento.
É claro que, haviam condições fisiológicas favoráveis a essa recuperação. O grande problema é que a
maioria dos proprietários só procura auxilio quando as lesões, agravadas pelo tempo, se mostram
irreversíveis.
Convém lembrar que o objetivo desse relato não é estimular o tratamento da leishmaniose, visto que
todo o tratamento tem por objetivo apenas conter os sintomas diminuindo a carga parasitária.
REFERÊNCIAS
JAIN, N.C. Essentials of veterinary hematology. 5 ed. Willians e Wilkins: Philadelphia, 1993.
ROGERS, K.S. Anemia. In: Ettinger, SS., Feldman, E.C. (Eds). Textbook of Veterinary Internal
Medicine. Sounders: Philadelphia, 2001.
ROSS, JEREMY; Zang Fu: sistemas de órgãos e vísceras da medicina tradicional chinesa. São
Paulo, Roca. 1994.
SCHALMS. Veterinary hematology. 6.ed. Edited by: Douglas, J.Weiss e K. Jane Werdrop. Ed. Willy
black well.