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SIMPÓSIO
ABR / /
CIENTÍFICO
2018 BRASIL

1. Universidade Estadual de Maringá. Departamento de Arquitetura e Urbanismo

A PRODUÇÃO DE Av. Colombo, 5790, 87020-900, Maringá, Paraná, Brasil,


gabrieldeller@hotmail.com

PRÉDIOS PÚBLICOS 2. Universidade Estadual de Maringá. Departamento de Arquitetura e Urbanismo


Av. Colombo, 5790, 87020-900, Maringá, Paraná, Brasil,
aaaalves@uem.br

PELA SECRETARIA DE
AGRICULTURA DURANTE RESUMO

O PLANO DE AÇÃO DE O presente trabalho insere-se no conjunto de pesquisas dedicadas à produção

CARVALHO PINTO (1959 –


de prédios públicos durante o Plano de Ação de Carvalho Pinto (1959 – 1962). Tal
produção é abordada do ponto de vista da infraestruturação do território enquanto
parte do processo de modernização paulista e brasileiro. As atividades focalizam o

1963): INVENTARIAMENTO
inventariamento de prédios construídos pela Secretaria de Agricultura do Estado de
São Paulo durante o período, a partir das informações contidas nos exemplares do
Diário Oficial do Estado de São Paulo publicados durante a gestão deste governador.

DE PRÉDIOS A PARTIR
O estudo, ao identificar e reconhecer esse patrimônio arquitetônico contribui para
subsidiar os processos de proteção como tombamento pelos Conselhos de Defesa de
Patrimônio Arquitetônico Estadual e Municipal e, também, para estruturar atividades

DO DIÁRIO OFICIAL DO
de educação patrimonial.

Palavras-chave: arquitetura moderna; Plano de Ação; Secretaria de Agricultura.

ESTADO DE SÃO PAULO


AGUIAR, GABRIEL D.; ALVES, ANDRÉ A. A.

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rimônio edificado moderno paulista em tela, que por sua vez constitui condição
Introdução para seu reconhecimento e preservação.

O Plano de Ação (1959-1962) de Carvalho Pinto, governador do estado de São


Paulo, constitui experiência emblemática de planejamento estatal da passagem
A Secretaria de Agricultura e o Plano de Ação
das décadas de 1950 e 1960. De caráter desenvolvimentista, revela-se marcante
O Plano de Ação (1959-1962) foi um conjunto de diretrizes organizado com ob-
no que se refere à infraestruturação do território paulista, resultando em vasto
jetivo de promover o desenvolvimento do referido estado, de forma integrada e
acervo edificado de caráter moderno.
planejada. A figura do governador Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto expres-
sa em si os ideais de racionalidade e modernidade que caracterizam o período,
O presente trabalho se debruça sobre o setor da produção do Plano de Ação
quando afirma:
(1959-1963) constituído pelo acervo construído da Secretária da Agricultura, em
termos de seu inventariamento a partir das informações contidas nos exemplares Não sei trabalhar sem método, sem plano, sem objetivos bem definidos
do Diário Oficial do Estado de São Paulo, publicados no período da gestão deste [...]. O grande mal de que se ressente a administração pública brasileira
governador. A elaboração e execução do Plano de Ação na referida secretaria se [...] tem sido a improvisação, o crescimento desordenado dos órgãos,
deu por meio de investimentos em pesquisas aplicadas, fomento agropecuário, o funcionamento de serviços ao sabor da moda, do prestígio de seus
armazenamento e abastecimento, e mecanização do solo, em obras espalhadas chefes ou das conveniências políticas. (São Paulo (Estado), 1959, p.1)

ao longo do território paulista. Tais iniciativas são analisadas por meio de dados
Tais ideais expressam transformações sociais ainda mais amplas, no interior de
quantitativos de concorrências e contratos de obras, em sua grande maioria rela-
um intenso processo de modernização então vivido pelo país, marcado pelo auge
cionados a unidades experimentais, postos de mecanização e postos de sementes
de planejamento estatal e da arquitetura moderna brasileiros, com as experiên-
no interior do estado, assim como dados qualitativos encontrados nas notícias
cias do Plano de Metas e Brasília. Contemporânea à construção da nova capital, a
publicadas no DOSP.
produção de prédios públicos de desenho moderno no âmbito do Plano de Ação

Para além de seu ineditismo, tem-se que tal inventariamento soma-se a levanta- constitui testemunho significativo deste momento histórico, patrimônio a ser ain-

mentos anteriores – em muitos casos focados na produção promovida pelo Ipesp da devidamente valorado e preservado:

(Alves, 2008, 2011) – contribuindo para a construção de uma visão mais global das
O Plano de Ação e sua arquitetura marcam o território, as cidades
iniciativas de produção de prédios públicos pelo governo do Estado, que as colo-
e os espaços públicos do estado, num período que coincide com o
que sob uma nova lente, a dos contatos e imbricações da atuação de diferentes auge da arquitetura moderna nacional e de um amplo processo
organismos estatais. Ele também possibilita, futuramente, o cruzamento de dados de transformação estadual, cuja população urbana ultrapassa a
colhidos em diferentes bases documentais, visando o preenchimento de lacunas população rural e cujas participações do setor industrial e do setor
e correção de imprecisões destes dados e o esclarecimento de aspectos do fun- primário no PIB do estado invertem-se no período que vai do fim
cionamento e a atuação da Secretaria da Agricultura no Plano de Ação. O conhec- da Segunda Guerra Mundial até meados da década de 1950[...]
Considera-se que o levantamento de tal patrimônio edificado, assim
imento assim produzido contribui para a construção de um perfil do setor do pat-
contextualizado, seja relevante para sua valoração e preservação pelas

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comunidades locais, assim como pelos usuários dos prédios elencados. Outro problema apontado por Carvalho Pinto na análise feita ao assumir o posto,
(ALVES e HIRAO, 2013, p.33) foi a falta de investimentos, até então, na pecuária e no pescado, prejudicando o
fornecimento de alimentos proteicos para a população e relegando o habitante do
Assim que assume, Carvalho Pinto determina que se elabore o Plano de Ação do litoral - caiçara - a baixas condições de vida. (São Paulo (Estado), 1959)
Estado de São Paulo (1959-1963), o qual é concluído dentro do prazo estipulado, de
seis meses. Ele estrutura-se em três setores: 1) infraestrutura, 2) expansão agríco- As perspectivas para o futuro, não eram animadoras: a falta de terras para o cul-
la e industrial – com o financiamento da indústria de base e a constituição de uma tivo, a crescente urbanização, a demanda e crise no mercado de café apontavam
rede de fomento agrícola – e 3) investimentos para a melhoria das condições do para o abandono desta cultura e a intensificação das atividades no sentido da
homem – educação, cultura e pesquisa, justiça e segurança pública, saúde pública modernização da agricultura.
e sistemas de água e esgoto – inserindo a dimensão do desenvolvimento humano
no planejamento estatal da época (São Paulo (Estado), 1959). Diante disso, Carvalho Pinto e seu Plano de Ação priorizam este setor:

As análises de conjuntura econômica que norteiam a elaboração do Plano de Ação O setor agrário é onipresente na gama de iniciativas governamentais,
partem de um cenário em que, entre 1947 e 1958, a participação do setor ter- bem como nos três setores do Plano de Ação. Suas demandas são
atendidas em diferentes frentes, desde fundos de financiamento,
ciário mantinha-se praticamente estacionária, a participação da agricultura e da
investimentos em instituições de pesquisa existentes e criação de novos,
indústria de base invertia-se, passando a primeira de 30,7% para 24,2% e a segun-
infraestrutura para o escoamento e armazenamento da produção,
da de 23,1% para 30,2%. A falta de crédito, somados a carência de mão de obra além da constituição de toda uma rede de fomento e assistência técnica
limitavam o setor industrial, e a agricultura paulista, com característica extensiva, agropecuária [...]. (ALVES e HIRAO, 2013, p.36)
de permanente mudança de zonas agrícolas, provocava uma grande exploração
e destruição das terras do estado, sendo assim, São Paulo não mais dispunha de Dentro do planejamento para Expansão Agrícola e Industrial, os investimentos
faixas de “terras novas”, o que gerou um processo de descapitalização associado a foram divididos em: armazenagem e ensilagem, objetivando a expansão da rede
flutuações de renda, que atingiram o estado. (São Paulo (Estado), 1959) de armazéns e silos já estabelecidos; abastecimento, construindo e equipando o
Centro Estadual de Abastecimento na capital; rede de experimentação e fomen-
Em 1958, de acordo com o levantamento do governo, a agricultura para o mercado to agropecuário, compreendendo casas de lavoura, delegacias agrícolas, sedes
interno (produção animal e extrativa vegetal) encontrava-se em alta, em contraste de extensão agrícolas, edifícios, por sua vez, construídos pelo IPESP – Instituto
com a agricultura de exportação (café, algodão, mamona) que se encontrava es- de Previdência do Estado de São Paulo, além de entrepostos de pesca, postos
tagnada. Tal fato devia-se à expansão das fronteiras agrícolas e à política cambi- de sementes, centros de pesquisas, escolas de iniciação agrícola e postos de me-
al estabelecida. Até então, três instituições financiavam as atividades agrícolas canização; Fundo de Expansão Agropecuário, para financiamento a médio e longo
– Banco do Brasil, Banco do Estado de São Paulo e Banco Nacional Cooperativo prazo dos investimentos necessário ao setor; Fundo de Expansão da Indústria de
–; estes mantinham relação com apenas 10% das propriedades agrícolas. As di- Base, Fundo de Financiamento das Indústrias de Bens de Produção e participação
ficuldades para o financiamento, principalmente em relação aos arrendatários, na grande indústria de base. Estas iniciativas totalizavam 27,2 % dos investimen-
limitavam o acesso ao crédito. tos totais planejados pelo governo, e se somam a investimentos em outros seto-

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res, como o de infraestrutura viária e de energia, que favoreceram o escoamento Em síntese, estes pontos planificam e clarificam a intenção de caráter interven-
da produção agrícola. O programa da rede viária incluía a construção de 1.600km cionista do Plano de Ação, de incentivar o desenvolvimento da agricultura no es-
e pavimentação de 3.000km de rodovias por todo estado, além do programa de tado de São Paulo, aumentando sua produtividade e colocando as necessidades
pontes municipais, que objetivava a construção de 600 obras do tipo. (ALVES, 2016) da população ao lado das do setor produtivo. De modo geral, estes objetivos gov-
ernamentais materializaram-se em obras construídas em todas as regiões do es-
Ficou a cargo da Secretaria da Agricultura, chefiada por José Bonifácio Coutinho tado.
Nogueira, o trabalho de materializar estes objetivos do governo, pautados por
realizações físicas. Para tanto, o DOSP publicado em 09/02/1961 apresenta cin- A produção de prédios públicos pela Secretaria de
co pontos essenciais na aplicação do Plano de Ação na Secretaria da Agricultura,
que foram tomados como estruturadores da organização dos dados da presente
Agricultura no Plano de Ação
pesquisa. São eles: Efetuou-se levantamento de dados relativos aos prédios públicos produzidos
pela Secretaria de Agricultura no Plano de Ação nos exemplares do DOSP publica-
Pesquisas aplicadas: investimentos no Instituto Agronômico, na construção de sua
dos durante o mandato de Carvalho Pinto, de 31/01/1959 a 31/01/963. Os dados
nova sede e de uma rede de unidades experimentais em diversas cidades do inte-
foram sistematizados em planilhas dedicadas a contratos assinados, concorrên-
rior, assim como o Centro de Nutrição Animal.
cias públicas abertas e notícias sobre o Plano de Ação em geral ou sobre a atuação
da Secretaria de Agricultura, publicadas nas primeiras páginas de cada Diário. Ao
Fomento Agropecuário: criação de uma nova relação entre o governo e o produtor
todo, foram levantados e registrados 63 contratos, 116 concorrências e 124 notí-
agrícola, através do oferecimento de crédito pelo Fundo Agropecuário, e de mel-
cias nos Diários Oficiais do Estado de São Paulo entre 1959 e 1963.
hores condições de vida para o morador rural.

Armazenamento e Abastecimento: melhoria das condições de abastecimento à pop-


As Pesquisas aplicadas
ulação, e consequente controle de custos de vida e dos preços dos gêneros ali-
Os investimentos relacionados às pesquisas aplicadas no Plano de Ação de Car-
mentícios, além de provimento de melhores condições técnicas de transporte e
valho Pinto abrangem aqueles direcionados à construção de prédios do Instituto
armazenamento de cereais.
Agronômico, de uma rede de unidades experimentais em diversas cidades do in-
terior e do Centro de Nutrição Animal de Nova Odessa.
Mecanização e Conservação do Solo: recuperação de campos surrados, promov-
endo a reocupação das áreas próximas aos grandes centros, prejudicadas pelas
As extensas pesquisas do Instituto Agronômico demandaram importantes inves-
técnicas de cultivo predatório características da agricultura paulista até então, di-
timentos em obras, além da melhora do aparelhamento dos laboratórios e es-
ante da inexistência de “terras novas” para o cultivo.
tações experimentais. Foi inaugurado por Carvalho Pinto, ao fim de sua gestão, o
Centro Tropical de Pesquisas e Tecnologia de Alimentos – CTPTA, um prédio anexo
Outras Atividades: conservação dos recursos florestais e a plantação de mudas.
ao Instituto Agronômico em Campinas, destinado a laboratórios, atividades ad-
(São Paulo (Estado), 1961)
ministrativas e estudos na área de alimentos. (São Paulo. (Estado), 2013) A assina-

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tura do contrato deste prédio é publicada em 16/02/1961, junto a empresa “Júlio 14/09/1960. A concorrência compreendia a construção do prédio sede, duas casas
Capobranco S.A. Engenharia e Comércio”, no DOSP o edifício também é descrito rurais, matadouro, pocilgas, curral, estábulo e aviário.
com um aspecto “moderno e sóbrio”, sendo dividido em duas partes funcionais,
uma com a biblioteca, auditório e museu e outra com o setor administrativo, ocu- O setor de pesquisas aplicadas obteve, portanto, 25 concorrências e 8 contratos
pando uma área de 6.000m². (São Paulo (Estado), 1960) publicados nos DOSP, em sua maioria para obras complementares em estações
experimentais de diversas cidades do interior paulista.

O Fomento agropecuário
No setor do Fomento agropecuário se enquadram a construção de postos de se-
mentes, escolas agrícolas e do Centro de Treinamento de Campinas, ações estas
que visavam uma nova relação entre o governo e o produtor agrícola.

Em 1960 é anunciada a construção do Centro de Treinamento Agronômico de


Campinas, em terreno da estação experimental Teodureto Camargo, cedido pelo
Instituto Agronômico. (São Paulo (Estado), 1959) O centro se destinaria a formação
de pessoal técnico e capacitado, em falta nas lavouras paulistas. Nele, os agrôno-
Edifício CTPTA mos receberiam cursos, não só de atualização técnica, mas também de metodolo-
Foto: SAO PAULO (Estado). Governo do Estado. ITAL: 50 Anos. Campinas, 2013. gia de extensão agrícola e de assuntos correlatos, funcionando em íntima asso-
ciação com a Divisão de Assistência Técnica Especializada.
Ao todo foram observadas 8 concorrências para obras complementares, como
estufas, depósitos, sanitários, abrigos e residências do Instituto Agronômico, local- O CETREC era visto pelo secretário da agricultura como um marco no objetivo do
izados em Campinas, São Paulo e Pindamonhangaba. Plano de Ação de abrir novas perspectivas para a agricultura paulista, abrigando
em regime intensivo, várias turmas e constituindo, assim, uma base para a as-
Quantos aos postos experimentais, foram encontrados nos DOSP, 14 concorrên- sistência técnica prestada à lavoura. (São Paulo (Estado), 1959)
cias para obras complementares, porém somente o contrato para construção de
2 pavilhões de bovinos, colocação de tubos de concreto para captação de água O contrato de construção do edifício foi assinado com a Construtora Centenário
e cerca de fecho no Posto Experimental da Criação em Presidente Prudente foi em 28/04/1961 e publicado no DOSP, sendo descrito como um conjunto de dois
encontrado nos DOSP. blocos, um edifício-sede de 3 pavimentos, que abrigaria a administração e as ativ-
idades didáticas, e outro com alojamentos, com destaque ao ambiente da cozinha
A concorrência para o Centro de Nutrição Animal em Nova Odessa foi publicada que previa uma grande racionalização do trabalho, e ao desenho do mobiliário a
em 03/07/1960, e teve contrato assinado por Walter Hugo Mortari, assinado em fim de conferir um o melhor aproveitamento do espaço. (São Paulo (Estado), 1959)

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As obras foram orçadas em 189 milhões de cruzeiros e deveriam estar concluídas de construções do tipo relatados nas notícias publicadas no próprio DOSP e nas
em 10 meses, porém, de acordo com a Mensagem do governador Carvalho Pinto à mensagens anuais do governador à Assembleia Legislativa.
Assembleia Legislativa de 1962, o edifício acabou custando cerca de 250 milhões
de cruzeiros, com as obras complementares. O Armazenamento e abastecimento
No setor de armazenamento e abastecimento, tem-se a construção do Centro de
Abastecimento da capital e da rede de silos e armazéns por todo estado. As obras
desta rede eram realizadas pela CAGESP – Companhia de Armazéns Gerais do
Estado de São Paulo. Diversas concorrências foram abertas e contratos foram
assinados para construções de silos e armazéns em diversas cidades do interi-
or do estado ao longo do mandato de Carvalho Pinto, porém estes dados não
foram publicados no DOSP. Os relatórios enviados anualmente pelo governador à
Assembleia Legislativa informam o desenvolvimento das construções desta rede,
que possibilitaria ao pequeno lavrador, estocagem eficiente e pouco dispendiosa
dos seus produtos, que seriam assim submetidos, indiretamente, a um controle
de qualidade. Em 1960, de acordo com a mensagem enviada por Carvalho pinto a
Assembleia Legislativa, os armazéns construídos se localizavam em Adamantina,
Assis, Avaré, Barretos, Ituverava, Presidente Prudente, São José do Rio Preto e São
Joaquim da Barra, mas estes referem-se também aqueles que já se encontravam
Edifício CETREC em Campinas, atual CATI-CETATE. construídos antes da chegada do governador em 1959. Em março deste ano, cinco
Foto: Carlos Reys, disponível em <http://mapio.net/pic/p-29931407/> silos encontravam-se em concorrência em Avaré, Barretos, Ituverava, e São José
do Rio Preto, com capacidade de 25.000 toneladas. Estes silos já se encontravam
Outra obra de grande vulto publicada do DOSP, e relacionada ao fomento agro- em construção em março de 1961, além de mais seis silos em concorrência com
pecuário, é a de construção de blocos no Instituto Agronômico em Campinas. O capacidade para 60.000 toneladas, localizados em São Paulo, Santos, Campinas,
Diário Oficial de 27/02/1962 apresenta um contrato no valor de Cr$ 187.960.000,00 Bauru, Ribeirão Preto e Assis.
assinado junto a Companhia Construtora Centenário, para edificação do “4º con-
junto de obras para “Tecnologia” do Instituto Agronômico”, não sendo ali especifi- Já o Centro de Abastecimento da Capital – CEASA- deveria além de conferir maior
cado qual o programa especifico deste conjunto. eficiência ao processo de abastecimento da capital, atender ao aumento da de-
manda do comercio e do transporte mais eficientes. O centro e seu processo de
Quanto aos postos de sementes, apenas quatro contratos de construção, local- construção são referenciados ao longo dos 4 anos nos relatórios e nas notícias do
izados em Santo Anastácio, Araçatuba, Itapetininga e Registro, foram publicados DOSP, indicando sua importância para o setor no estado como um todo, porém
no DOSP ao longo de todo Plano de Ação, em contraste com o grande número

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não foram encontrados contratos referentes a obra, publicados durante o perío- a Secção de Mecânica Motores e Explosão, implementos agrícolas, máquinas de
do. benefício e analises, ensaios de máquinas, e instituição de cursos de aperfeiçoa-
mento e formação de pessoal técnico especializado. Na mesma data também foi
A Mecanização e conservação do solo relatada a liberação por parte do governador, de recursos complementares para
construção do complexo, devido ao elevado preço das propostas em concorrên-
No setor de mecanização e conservação do solo, foram criados diversos postos de cia.
mecanização visando o aumento da produtividade, substituição da mão de obra
e redução dos custos da produção agrícola. A mecanização da agricultura foi con- A Mensagem do governador à Assembleia Legislativa, publicada em março de
siderada de grande importância pelo governo por sua relação direta com o rendi- 1962, relata o andamento das obras do complexo, que de acordo com o texto, en-
mento e a adequação do solo para a atividade agrícola, num cenário recuperação contrava-se em fase de acabamento nesta data, não sendo encontrado no DOSP
das terras esgotadas do estado. nenhuma notícia referente à conclusão do mesmo, mas apenas informações rela-
tivas a obras complementares diversas.
O programa de Postos de Mecanização compreendeu a instalação e equipamento
de 6 novas unidades localizadas em Assis, Avaré, Barretos, Santa Cruz do Rio Par-
do, Marília e Campinas, compreendendo assim 16 unidades em funcionamento
até a data de publicação da Mensagem de 1962. Os postos de mecanização pos-
sibilitavam o fornecimento de um intenso serviço de tratores a preços abaixo do
mercado, favorecendo o lavrador.

Os DOSP apresentam os contratos para os postos de Franca, Ribeirão Preto, São


José do Rio Preto, Barretos, Avaré, Registro, Assis, Oswaldo Cruz, Marília, Bragança
paulista, e Jaú, em sua grande maioria assinados em 1962, com valores que variam
entre Cr$ 6.371.534,50 e Cr$ 19.476.047,00. (São Paulo (Estado), 1959)

Além dos postos, a Secretaria de Agricultura construiu o Centro de Mecânica de


Jundiaí, obra de grande relevância dentro do Plano de Ação, que deveria contribuir
significativamente para a autossuficiência nacional no setor de tratorização e
pesquisas para o estabelecimento de normas e requisitos técnicos. O DOSP de 26
de abril de 1961, enfatiza a importância deste centro e sublinha suas dimensões,
apresentando-o como “o maior e mais moderno empreendimento do gênero em
toda a América do Sul. ” (São Paulo (Estado), 1961, p.2) De acordo com a notícia,
o novo centro de mecânica abrigaria a sede da Divisão de Mecanização Agrícola, Centro de Mecânica Agrícola do Instituto Agronômico de Jundiaí - CEA IAC
Foto: Google Maps

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Conclusão Referências
Ao longo da pesquisa percebeu-se que os contratos, concorrências e notícias pub- ALVES, André Augusto de Almeida. Arquitetura escolar paulista 1959 – 1962: o PAGE,
licadas no DOSP não esgotam a ampla ação do Plano de Ação idealizado por Car- o IPESP e os arquitetos modernos paulistas. 2008. Tese (Doutorado em Arquitetura e
valho Pinto, mas constituem-se fontes fundamentais na formulação de uma base Urbanismo) – São Paulo: FAUUSP, 2008a.
documental e na apreensão da ação governamental como um todo. É preciso res-
saltar que nem todos os contratos assinados na secretaria foram publicados no ALVES, André Augusto de Almeida ; HIRAO, Helio . O patrimônio legado pelo Ipesp
DOSP, sendo estes, muitas vezes citados nas mensagens enviadas pelo governa- durante o plano de Ação Carvalho Pinto (1959 - 1963 na Alta Paulista. In: Rosio
dor anualmente à Assembleia Legislativa. Fernández Baca Salcedo; Nilson Ghirardello; Marta Enokibara. (Org.). Patrimônios
na cidade contemporânea. 1ed.Tupã: ANAP, 2016, v. , p. 33-57.
Os resultados alcançados, antes de esgotarem o tema, encerram uma etapa da
pesquisa fortemente calcada no conhecimento de seu objeto, sem descurar do SAO PAULO (Estado). Governo do Estado. ITAL: 50 Anos. Campinas, 2013.p.17
necessário marco teórico-metodológico, ainda bastante conciso, porém com
claras e impactantes implicações no direcionamento da pesquisa. Tais resultados ALVES, André Augusto de Almeida. “Planning the territory of São Paulo state, Bra-
também revelam como este balizamento teórico desdobra-se em uma série de zil, in the Democratic Period: Carvalho Pinto’s Action Plan (1959 – 1963)”. In Carola
problemáticas que vão desde a ocupação e infra estruturação do território paulis- Hein (ed.) International Planning History Society Proceedings, 17th IPHS Conference,
ta e as relações mais amplas entre arquitetura e sociedade. History-Urbanism-Resilience, TU Delft 17-21 July 2016, V.04 p.161, TU Delft Open,
2016.
Assim, o estudo, ao identificar e reconhecer esse patrimônio arquitetônico con-
tribui para subsidiar os processos de proteção como tombamento pelos Consel- SAO PAULO (Estado). Governo do Estado. Plano de ação 1959 – 1963: administração
hos de Defesa de Patrimônio Arquitetônico Estadual e Municipal e, também, para estadual e desenvolvimento econômico-social. São Paulo: Imprensa Oficial, 1959.
estruturar atividades de educação patrimonial.
SAO PAULO (ESTADO). GOVERNO DO ESTADO. Mensagem apresentada pelo gover-
nador Carlos Alberto A. de Carvalho Pinto à Assembléia Legislativa do Estado de São
Paulo em 14 de março de 1960. São Paulo: Imprensa Oficial, 1960.

SAO PAULO (ESTADO). GOVERNO DO ESTADO. Mensagem apresentada pelo gover-


nador Carlos Alberto A. de Carvalho Pinto à Assembléia Legislativa do Estado de São
Paulo em 14 de março de 1961. São Paulo: Imprensa Oficial, 1961.

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SAO PAULO (ESTADO). GOVERNO DO ESTADO. Mensagem apresentada pelo gover- SAO PAULO (Estado). Governo do Estado. Construção de rede de silos. Diário Ofi-
nador Carlos Alberto A. de Carvalho Pinto à Assembléia Legislativa do Estado de São cial do Estado de São Paulo, São Paulo, 08 out. 1959. Número 226, p.01.
Paulo em 14 de março de 1962. São Paulo: Imprensa Oficial, 1962.
SAO PAULO (Estado). Governo do Estado. Construção de edifício no instituto
SAO PAULO (Estado). Secretária de Estado dos Negócios da Agricultura. Fundo de agronômico. Diário Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, 05.Jul.1960. Número
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SAO PAULO (Estado). Governo do Estado. Fundo de Expansão Agro- Pecuário. Pág. SAO PAULO (Estado). Governo do Estado. 770 Milhões para construção e insta-
07. São Paulo: Imprensa Oficial, 1959. lação de novos postos de mecanização agrícola. Diário Oficial do Estado de São
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p.01.
SAO PAULO (Estado). Governo do Estado. Construção do centro de mecânica
SAO PAULO (Estado). Governo do Estado. Primeiras construções de armazéns e agrícola. Diário Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, 06. Out. 1959. Número
silos. Diário Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, 07 jun. 1959. Número 125, 224. p.02.
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