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ESTATUTO DA

CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Expediente
O Fórum Nacional DCA é um espaço democrático da sociedade civil que tem como missão garantir a efetivação dos direitos das crianças e
adolescentes, por meio da proposição, articulação e monitoramento das políticas públicas e da mobilização social, para construção de uma
sociedade livre, justa e solidária.

Secretariado Nacional
Secretária Nacional
Erivã Velasco
(Conselho Federal de Serviço Social – CFESS)

Secretário Adjunto
Oto de Quadros
(Associação Brasileira de Magistrados, Promotores e
Defensores Públicos da Infância e Adolescência – ABMP)

Secretária de Finanças
Francisco de Assis Santiago Júnior
(Aldeias Infantis SOS)

Secretário de Articulação
Valdir Gugiel
(União Catarinense de Educação – UCE/Marista)

Suplência
Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua – MNMMR e Fundação Bento Rubião.

Conselho Fiscal
União Geral dos Trabalhadores – UGT, Pastoral do Menor e Plan Internacional.
Suplentes do Conselho Fiscal: Federação Nacional dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas (Fenatribref).

Secretaria Executiva Fórum Nacional DCA


Secretária executiva: Selma Batista
Assistênte Administrativa: Maricélia da Mota Sousa

SAS Quadra 05, Bloco N, Lote 01, sala 221 – 70.070-913


(61) 3323-6992 ou 3322-3380
forumdca@forumdca.org.br
www.forumdca.org.br.

Assessoria de Comunicação
Luís Cláudio Alves – Reg. Prof. 2434 – DF
(61) 9982-8367
luisclaudioalves@yahoo.com.br.

Apoio
Aldeias Infantis – SOS, ABMP – Associação Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça da Infância e da Juventude, AMENCAR –
Associação de Apoio a Criança e ao Adolescente, CECUP – Centro de Educação e Cultura Popular,
CISBRASIL – Conferência das Inspetorias Salesianas de Dom Bosco do Brasil, CFESS – Conselho Federal de Serviço Social, CFP – Conselho
Federal de Psicologia, CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação,
CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura,
CONTRATUH – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade,
FENATIBREF (Federação Nacional dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas),
Fundação Fé e Alegria do Brasil, Fundo Cristão para Crianças – CCF – Brasil, Instituto WCF Brasil,
Kindernothilfe – KNH Brasil, Marista, Organização de Direitos Humanos Projeto Legal, PLAN Internacional – Brasil,
SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria e Visão Mundial.

Realização
Fórum Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adoslescente,
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda),
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) e Governo Federal.

Esta publicação é financiada com recursos do CONVÊNIO Nº 704076/2009 - SEDH.


ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
(Lei nº 8.069/1990)

Convenção sobre os
Direitos da Criança

Lei de Criação
do Conanda
(Lei nº 8.242/1991)

Brasília - Março de 2010


Impresso no Brasil

Distribuição Gratuita

Tiragem da publicação: 8000 exemplares

3ª edição - publicada pelo FNDCA


Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva

Vice-presidente da República Federativa do Brasil


José Alencar Gomes da Silva

Secretário Especial dos Direitos Humanos


Paulo de Tarso Vannuchi

Secretário Especial Adjunto dos Direitos Humanos


Rogério Sottili

Subsecretária Nacional de Promoção dos


Direitos da Criança e do Adolescente
Carmen Silveira de Oliveira

COMPOSIÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DOS


DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
(Gestão 2009 – 2010)

Presidente
Carmen Silveira de Oliveira

Vice Presidente
Fábio Feitosa da Silva

REPRESENTANTES GOVERNAMENTAIS

CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA


Titular: Ivanildo Tajra Franzosi
Suplente: Alessandro Ferreira dos Passos

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME


Titular: Solange Stella Serra Martins
Suplente: Francisco Antonio de Sousa Brito
MINISTÉRIO DA CULTURA
Titular: Marcelo Simon Manzatti
Suplente: Geraldo Vítor da Silva Filho

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Titular: Rosiléa Maria Roldi Wille
Suplente: Leandro da Costa Fialho

MINISTÉRIO DO ESPORTE
Titular: Danielle Fermiano dos Santos Gruneich
Suplente: Carlos Nunes Pereira

MINISTÉRIO DA FAZENDA
Titular: Marcos Aurelio Santos de Souza
Suplente: Fabio Eiji Kato

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


Titular: Eduardo Basso
Suplente: Ana Maria das Graças Santos Aquino

MINISTÉRIO DA SAÚDE
Titular: Thereza de Lamare Franco Netto
Suplente: Maria de Lourdes Magalhães

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES


Titular: Márcia Maria Adorno Cavalcanti Ramos
Suplente: Mariana Bierrenbach Benevides

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO


Titular: Mauro Ceza Nogueira do Nascimento
Suplente: Fernando Cesar Rocha Machado

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO


Titular: Renato Ludwig de Souza
Suplente: Luiz Vieira da Paixão
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Titular: Romeu Tuma Júnior
Suplente: Davi Ulisses Brasil Simões Pires

SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANOS


DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Titular: Carmen Silveira de Oliveira
Suplente: Cícera Bezerra de Morais

SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL


DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Titular: Cristina de Fátima Guimarães
Suplente: (a ser indicado)

REPRESENTANTES DE ENTIDADES
NÃO-GOVERNAMENTAIS TITULARES NO CONANDA

Inspetoria São João Bosco - Salesianos


Representante: Miriam Maria José dos santos

União Brasileira de Educação e Ensino - UBEE


Representante: Fábio Feitosa da Silva

Central Única dos Trabalhadores - CUT


Representante: Raimunda Núbia Lopes da Silva

Conselho Federal de Psicologia - CFP


Representante: Maria Luiza Moura Oliveira

Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - Pastoral do Menor – CNBB


Representante: Andrea Franzini

Associação Brasileira de Magistrados e Promotores da Justiça, da Infância e da Juventude - ABMP


Representante: Helen Crystine Corrêa Sanches
Aldeias Infantis SOS/Brasil
Representante: Sérgio Eduardo Marques Rocha

Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua - MNMMR


Representante: Maria Júlia Rosa Chaves Deptulski

Movimento Nacional de Direitos Humanos - MNDH


Representante: Ariel de Castro Alves

Ordem dos Advogados do Brasil/Conselho Federal - OAB


Representante: Glícia Thais Salmeron de Miranda

Pastoral da Criança – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB


Representante: Maristela Cizeski

Sociedade Brasileira de Pediatria- SBP


Representante: Carlos Eduardo Nery Paes

Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente - Anced


Representante: Djalma Costa

Instituto Brasileiro de Inovações em Saúde Social - IBISS


Representante: Tiana Sento-Sé

REPRESENTANTES DE ENTIDADES NÃO-GOVERNAMENTAIS SUPLENTES NO


CONANDA

Federação Brasileira das Associações Cristãs de Moços - ACM


Representante: Andrea Aparecida Nezio Paixão

Visão Munidial - VMB


Representante: Welinton Pereira da Silva

Federação Nacional dos Empregados em Instituições beneficentes, Religiosas e


Filantrópicas - Fenatibref
Representante: Francisco Rodrigues Correa
Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança – FADC
Representante: Roseni Aparecida dos S. Reigota

Conselho Federal de Serviço Social - CFESS


Representante: Erivã Garcia Velasco

Fundação Fé e Alegria do Brasil


Representante: Vilmar Burzlaff

Fundação São Paulo / Fundasp- PUC/SP


Representante: Maria Stela Santos Graciani

Associação Brasileira de Autismo - ABA


Representante: Marisa Fúria Silva

Sociedade Literária Caritativa Santo Agostinho - SLCSA


Representante: Iralda Cassol Pereira

Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá’Ís do Brasil


Representante: Mary Caetana Aune Cruz

Federação Nacional das Apae’s - Fenapaes


Representante: Aracélia Lúcia Costa
Esta edição especial do Estatuto da Criança e do Adolescente é mais um instrumento de reafirmação da mudança de
paradigma que esta nova legislação empreendeu no País. O Brasil começou a mudar a partir do Estatuto. E o Fórum
Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, mais do que nunca, quer popularizar o seu conteúdo.
Quer que todos os brasileiros – adultos, crianças e adolescentes - conheçam em profundidade suas determinações
e orientações, pois acredita que nelas estão as condições básicas para fazermos um País mais justo e igual.

O Estatuto da Criança e do Adolescente completa 20 anos em 2010. Neste período a sociedade brasileira passou
por importantes transformações. Ainda há muito o quê fazer para que os direitos infanto-juvenis sejam integralmente
respeitados em nosso País, mas os avanços alcançados nestas duas décadas são inquestionáveis. Para que continuemos
em franca evolução todos precisam conhecer de perto o Estatuto e esta edição especial faz parte do esforço para
que esta legislação chegue ao alcance do maior número possível de cidadãos.

O Fórum Nacional DCA nasceu dois anos antes do Estatuto e em 2010 completa 22 anos de atuação em defesa
dos direitos da criança e do adolescente. O Fórum é fruto do processo de mobilização de várias entidades. E ao
longo de sua trajetória, vem lutando para que a sociedade brasileira reconheça a criança e o adolescente como
prioridade absoluta. A mobilização em defesa dos direitos da criança e do adolescente, que culminou com a criação
do Fórum DCA, fez parte do processo de redemocratização deflagrado na década de 80.

Em 1987, aconteceu uma reunião para elaboração da emenda “Criança Prioridade Nacional”, remetida à Assembléia
Nacional Constituinte. A reunião revelou a importância das entidades se articularem.

Mas foi em março de 1988 que aconteceu a criação do Fórum Nacional Permanente de Entidades Não-
Governamentais de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum Nacional DCA), a partir do encontro
de vários segmentos organizados de defesa da criança e do adolescente.

Este movimento foi decisivo para a redação do capítulo da criança e do adolescente na Constituição Cidadã de
1988 e, posteriormente, na promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, considerada uma legislação de
vanguarda em todo o mundo.

De lá para cá, o Fórum vem fazendo história com a participação de inúmeros militantes e o envolvimento de diversas
organizações, tornando-se o principal articulador de ampla mobilização social em defesa dos direitos infanto-
juvenis.

Apesar dos avanços significativos alcançados neste período, o Fórum Nacional DCA entende que o processo de
transformação da sociedade ainda está em curso e é papel de cada um de nós trabalhar para alcançar estes
objetivos.

E uma das estratégias para promover esta transformação é levar o Estatuto para todos. Este texto deve estar nas
escolas, nas organizações, nas famílias e em todos os outros espaços de mobilização e articulação.

A publicação desta edição especial é fruto de um amplo leque de apoios e parcerias e tem a finalidade de popularizar
os direitos da criança e do adolescente.

Secretariado Nacional do
Fórum Nacional de Defesa dos Direitos
da Criança e do Adolescente
Apresentação
O Estatuto da Criança e do Adolescente, aprovado em 1990, é
fruto da mobilização de milhares de brasileiros e brasileiras e das
próprias crianças e adolescentes. Mais do que uma lei, o Estatuto
pode ser considerado um pacto nacional em defesa dos direitos
da infância e adolescência em nosso país.

Ao evocar a responsabilidade das famílias, da sociedade e do


Estado, a nova legislação deveria ser conhecida por todos nós e
sua publicação seria leitura obrigatória nas casas de todos os
brasileiros e brasileiras, nas escolas, nas empresas, nas instituições
e órgãos públicos, de um modo geral.

Todavia, este marco legal, que completa 20 anos em 2010, ainda


precisa chegar a muitos lugares e a muitas pessoas. Infelizmente,
seu desconhecimento tem influenciado para a circulação de idéias
distorcidas e preconceituosas sobre seus princípios e regramentos.
Por isto, favorecer a sua ampla circulação é uma estratégia
fundamental para suscitar seu permanente debate.

Não tememos a problematização do Estatuto. Nas ultimas


décadas, transformações contemporâneas nos levaram a novas
demandas e a própria sociedade brasileira mudou muito. Neste
sentido, algumas mudanças no Estatuto se fizeram necessárias,
para o aperfeiçoamento da lei e melhor garantia dos direitos de
meninos e meninas.

Ao participar da realização desta edição especial e comemorativa


dos 20 anos do ECA, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República e o Conselho Nacional dos Direitos
da Criança e do Adolescente buscam, mais uma vez, socializar
seu conteúdo junto ao maior número possível de pessoas e, acima
de tudo, convocar a todos em seu compromisso de aprovar e
implementar leis que assegurem um novo país para as novas
gerações.

Subsecretária Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente e


presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda)
Carmen Silveira de Oliveira
Sumário

Estatuto da Criança e do Adolescente 15

Convenção sobre os Direitos da Criança 93

Lei de Criação do CONANDA 121


ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990


Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono


a seguinte Lei:

Título I Art. 4º É dever da família, da comunidade,


Das Disposições Preliminares da sociedade em geral e do poder público
assegurar, com absoluta prioridade, a
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção efetivação dos direitos referentes à vida, à
integral à criança e ao adolescente. saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à
Art. 2º Considera-se criança, para os
efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
idade incompletos, e adolescente aquela entre e à convivência familiar e comunitária.
doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. A garantia de prioridade
Parágrafo único. Nos casos expressos em compreende:
lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto a) primazia de receber proteção e socorro
às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de em quaisquer circunstâncias;
idade.
b) precedência de atendimento nos
Art. 3º A criança e o adolescente gozam
serviços públicos ou de relevância
de todos os direitos fundamentais inerentes à
pública;
pessoa humana, sem prejuízo da proteção
integral de que trata esta Lei, assegurando- c) preferência na formulação e na
se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as execução das políticas sociais públicas;
oportunidades e facilidades, a fim de lhes d) destinação privilegiada de recursos
facultar o desenvolvimento físico, mental,
públicos nas áreas relacionadas com a
moral, espiritual e social, em condições de
proteção à infância e à juventude.
liberdade e de dignidade.
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente § 2º A parturiente será atendida


será objeto de qualquer forma de negligência, preferencialmente pelo mesmo médico que a
discriminação, exploração, violência, acompanhou na fase pré-natal.
crueldade e opressão, punido na forma da § 3º Incumbe ao poder público propiciar
lei qualquer atentado, por ação ou omissão, apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele
aos seus direitos fundamentais. necessitem.
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar- § 4 o Incumbe ao poder público
se-ão em conta os fins sociais a que ela se proporcionar assistência psicológica à
dirige, as exigências do bem comum, os gestante e à mãe, no período pré e pós-natal,
direitos e deveres individuais e coletivos, e a inclusive como forma de prevenir ou minorar
condição peculiar da criança e do adolescente as consequências do estado
como pessoas em desenvolvimento. puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Título II § 5o A assistência referida no § 4o deste
Dos Direitos Fundamentais artigo deverá ser também prestada a gestantes
ou mães que manifestem interesse em
Capítulo I entregar seus filhos para adoção. (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Do Direito à Vida e à Saúde
Art. 9º O poder público, as instituições e
os empregadores propiciarão condições
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a adequadas ao aleitamento materno, inclusive
proteção à vida e à saúde, mediante a
aos filhos de mães submetidas a medida
privativa de liberdade.
efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento Art. 10. Os hospitais e demais
sadio e harmonioso, em condições dignas de estabelecimentos de atenção à saúde de
existência.
gestantes, públicos e particulares, são
obrigados a:
Art. 8º É assegurado à gestante, através
I - manter registro das atividades
do Sistema Único de Saúde, o atendimento
desenvolvidas, através de prontuários
pré e perinatal.
individuais, pelo prazo de dezoito anos;
§ 1º A gestante será encaminhada aos
II - identificar o recém-nascido mediante
diferentes níveis de atendimento, segundo
o registro de sua impressão plantar e
critérios médicos específicos, obedecendo-se
digital e da impressão digital da mãe,
aos princípios de regionalização e
sem prejuízo de outras formas
hierarquização do Sistema.

18
Estatuto da Criança e do Adolescente

normatizadas pela autoridade casos de internação de criança ou


administrativa competente; adolescente.
III - proceder a exames visando ao Art. 13. Os casos de suspeita ou
diagnóstico e terapêutica de confirmação de maus-tratos contra criança
anormalidades no metabolismo do ou adolescente serão obrigatoriamente
recém-nascido, bem como prestar comunicados ao Conselho Tutelar da
orientação aos pais; respectiva localidade, sem prejuízo de outras
providências legais.
IV - fornecer declaração de nascimento
Parágrafo único. As gestantes ou mães
onde constem necessariamente as
que manifestem interesse em entregar seus
intercorrências do parto e do
filhos para adoção serão obrigatoriamente
desenvolvimento do neonato;
encaminhadas à Justiça da Infância e da
V - manter alojamento conjunto, Juventude. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
possibilitando ao neonato a 2009) Vigência
permanência junto à mãe. Art. 14. O Sistema Único de Saúde
Art. 11. É assegurado atendimento integral promoverá programas de assistência médica
à saúde da criança e do adolescente, por e odontológica para a prevenção das
intermédio do Sistema Único de Saúde, enfermidades que ordinariamente afetam a
garantido o acesso universal e igualitário às população infantil, e campanhas de educação
ações e serviços para promoção, proteção e sanitária para pais, educadores e alunos.
recuperação da saúde. (Redação dada pela Parágrafo único. É obrigatória a vacinação
Lei nº 11.185, de 2005) das crianças nos casos recomendados pelas
§ 1º A criança e o adolescente portadores autoridades sanitárias.
de deficiência receberão atendimento
especializado.
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer
gratuitamente àqueles que necessitarem os
medicamentos, próteses e outros recursos
relativos ao tratamento, habilitação ou
reabilitação.
Art. 12. Os estabelecimentos de
atendimento à saúde deverão proporcionar
condições para a permanência em tempo
integral de um dos pais ou responsável, nos

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Estatuto da Criança e do Adolescente

Capítulo II Capítulo III


Do Direito à Liberdade, ao Do Direito à Convivência Familiar
Respeito e à Dignidade e Comunitária

Art. 15. A criança e o adolescente têm Seção I


direito à liberdade, ao respeito e à dignidade Disposições Gerais
como pessoas humanas em processo de
desenvolvimento e como sujeitos de direitos
civis, humanos e sociais garantidos na Art. 19. Toda criança ou adolescente tem
Constituição e nas leis. direito a ser criado e educado no seio da sua
família e, excepcionalmente, em família
Art. 16. O direito à liberdade compreende
substituta, assegurada a convivência familiar
os seguintes aspectos:
e comunitária, em ambiente livre da presença
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e de pessoas dependentes de substâncias
espaços comunitários, ressalvadas as entorpecentes.
restrições legais;
§ 1o Toda criança ou adolescente que
II - opinião e expressão; estiver inserido em programa de acolhimento
III - crença e culto religioso; familiar ou institucional terá sua situação
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses,
devendo a autoridade judiciária competente,
V - participar da vida familiar e
com base em relatório elaborado por equipe
comunitária, sem discriminação;
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de
VI - participar da vida política, na forma forma fundamentada pela possibilidade de
da lei; reintegração familiar ou colocação em família
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. substituta, em quaisquer das modalidades
Art. 17. O direito ao respeito consiste na previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela
inviolabilidade da integridade física, psíquica Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e moral da criança e do adolescente, § 2o A permanência da criança e do
abrangendo a preservação da imagem, da adolescente em programa de acolhimento
identidade, da autonomia, dos valores, idéias institucional não se prolongará por mais de
e crenças, dos espaços e objetos pessoais. 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade
Art. 18. É dever de todos velar pela que atenda ao seu superior interesse,
dignidade da criança e do adolescente, devidamente fundamentada pela autoridade
pondo-os a salvo de qualquer tratamento judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
desumano, violento, aterrorizante, vexatório 2009) Vigência
ou constrangedor.

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Estatuto da Criança e do Adolescente

§ 3o A manutenção ou reintegração de mantido em sua família de origem, a qual


criança ou adolescente à sua família terá deverá obrigatoriamente ser incluída em
preferência em relação a qualquer outra programas oficiais de auxílio.
providência, caso em que será esta incluída Art. 24. A perda e a suspensão do poder
em programas de orientação e auxílio, nos familiar serão decretadas judicialmente, em
termos do parágrafo único do art. 23, dos procedimento contraditório, nos casos
incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos previstos na legislação civil, bem como na
I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Incluído hipótese de descumprimento injustificado dos
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência deveres e obrigações a que alude o art. 22.
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
relação do casamento, ou por adoção, terão de 2009) Vigência
os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias
Seção II
relativas à filiação.
Da Família Natural
Art. 21. O poder familiar será exercido,
em igualdade de condições, pelo pai e pela Art. 25. Entende-se por família natural a
mãe, na forma do que dispuser a legislação comunidade formada pelos pais ou qualquer
civil, assegurado a qualquer deles o direito deles e seus descendentes. (Vide Lei nº
de, em caso de discordância, recorrer à 12.010, de 2009) Vigência
autoridade judiciária competente para a
solução da divergência. (Expressão substituída Parágrafo único. Entende-se por família
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência extensa ou ampliada aquela que se estende
para além da unidade pais e filhos ou da
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de unidade do casal, formada por parentes
sustento, guarda e educação dos filhos próximos com os quais a criança ou
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse adolescente convive e mantém vínculos de
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº
as determinações judiciais. 12.010, de 2009) Vigência
Art. 23. A falta ou a carência de recursos Art. 26. Os filhos havidos fora do
materiais não constitui motivo suficiente para casamento poderão ser reconhecidos pelos
a perda ou a suspensão do poder familiar. pais, conjunta ou separadamente, no próprio
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de termo de nascimento, por testamento,
2009) Vigência mediante escritura ou outro documento
Parágrafo único. Não existindo outro público, qualquer que seja a origem da
motivo que por si só autorize a decretação filiação.
da medida, a criança ou o adolescente será

21
Estatuto da Criança e do Adolescente

Parágrafo único. O reconhecimento pode ou minorar as consequências decorrentes da


preceder o nascimento do filho ou suceder- medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
lhe ao falecimento, se deixar descendentes. 2009) Vigência
Art. 27. O reconhecimento do estado de § 4 o Os grupos de irmãos serão
filiação é direito personalíssimo, indisponível colocados sob adoção, tutela ou guarda da
e imprescritível, podendo ser exercitado contra mesma família substituta, ressalvada a
os pais ou seus herdeiros, sem qualquer comprovada existência de risco de abuso ou
restrição, observado o segredo de Justiça. outra situação que justifique plenamente a
excepcionalidade de solução diversa,
procurando-se, em qualquer caso, evitar o
Seção III rompimento definitivo dos vínculos
Da Família Substituta fraternais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Subseção I § 5 o A colocação da criança ou
Disposições Gerais adolescente em família substituta será
precedida de sua preparação gradativa e
Art. 28. A colocação em família substituta acompanhamento posterior, realizados pela
far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, equipe interprofissional a serviço da Justiça
independentemente da situação jurídica da da Infância e da Juventude, preferencialmente
criança ou adolescente, nos termos desta Lei. com o apoio dos técnicos responsáveis pela
execução da política municipal de garantia
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o
do direito à convivência familiar. (Incluído
adolescente será previamente ouvido por
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
equipe interprofissional, respeitado seu
estágio de desenvolvimento e grau de § 6 o Em se tratando de criança ou
compreensão sobre as implicações da adolescente indígena ou proveniente de
medida, e terá sua opinião devidamente comunidade remanescente de quilombo, é
considerada. (Redação dada pela Lei nº ainda obrigatório: (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos I - que sejam consideradas e respeitadas
de idade, será necessário seu consentimento, sua identidade social e cultural, os seus
colhido em audiência. (Redação dada pela Lei costumes e tradições, bem como suas
nº 12.010, de 2009) Vigência instituições, desde que não sejam
incompatíveis com os direitos
§ 3o Na apreciação do pedido levar-se- fundamentais reconhecidos por esta Lei
á em conta o grau de parentesco e a relação e pela Constituição Federal; (Incluído
de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar

22
Estatuto da Criança e do Adolescente

pela Lei nº 12.010, de 2009) Subseção II


Vigência Da Guarda
II - que a colocação familiar ocorra
Art. 33. A guarda obriga a prestação de
prioritariamente no seio de sua
assistência material, moral e educacional à
comunidade ou junto a membros da
criança ou adolescente, conferindo a seu
mesma etnia; (Incluído pela Lei nº
detentor o direito de opor-se a terceiros,
12.010, de 2009) Vigência
inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de
III - a intervenção e oitiva de representantes 2009) Vigência
do órgão federal responsável pela § 1º A guarda destina-se a regularizar a
política indigenista, no caso de crianças posse de fato, podendo ser deferida, liminar
e adolescentes indígenas, e de ou incidentalmente, nos procedimentos de
antropólogos, perante a equipe tutela e adoção, exceto no de adoção por
interprofissional ou multidisciplinar que estrangeiros.
irá acompanhar o caso. (Incluído pela
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
guarda, fora dos casos de tutela e adoção,
Art. 29. Não se deferirá colocação em para atender a situações peculiares ou suprir
família substituta a pessoa que revele, por a falta eventual dos pais ou responsável,
qualquer modo, incompatibilidade com a podendo ser deferido o direito de
natureza da medida ou não ofereça ambiente representação para a prática de atos
familiar adequado. determinados.
Art. 30. A colocação em família substituta § 3º A guarda confere à criança ou
não admitirá transferência da criança ou adolescente a condição de dependente, para
adolescente a terceiros ou a entidades todos os fins e efeitos de direito, inclusive
governamentais ou não-governamentais, sem previdenciários.
autorização judicial. § 4 o Salvo expressa e fundamentada
Art. 31. A colocação em família substituta determinação em contrário, da autoridade
estrangeira constitui medida excepcional, judiciária competente, ou quando a medida
somente admissível na modalidade de for aplicada em preparação para adoção, o
adoção. deferimento da guarda de criança ou
adolescente a terceiros não impede o exercício
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, do direito de visitas pelos pais, assim como o
o responsável prestará compromisso de bem dever de prestar alimentos, que serão objeto
e fielmente desempenhar o encargo, mediante de regulamentação específica, a pedido do
termo nos autos. interessado ou do Ministério Público. (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

23
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 34. O poder público estimulará, por (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
meio de assistência jurídica, incentivos fiscais 2009) Vigência
e subsídios, o acolhimento, sob a forma de Art. 37. O tutor nomeado por testamento
guarda, de criança ou adolescente afastado ou qualquer documento autêntico, conforme
do convívio familiar. (Redação dada pela Lei previsto no parágrafo único do art. 1.729 da
nº 12.010, de 2009) Vigência Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta)
em programas de acolhimento familiar terá dias após a abertura da sucessão, ingressar
preferência a seu acolhimento institucional, com pedido destinado ao controle judicial do
observado, em qualquer caso, o caráter ato, observando o procedimento previsto nos
temporário e excepcional da medida, nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação dada
termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência Parágrafo único. Na apreciação do
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pedido, serão observados os requisitos
pessoa ou casal cadastrado no programa de previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente
acolhimento familiar poderá receber a criança sendo deferida a tutela à pessoa indicada na
ou adolescente mediante guarda, observado disposição de última vontade, se restar
o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído comprovado que a medida é vantajosa ao
pela Lei nº 12.010, de 2009) tutelando e que não existe outra pessoa em
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a melhores condições de assumi-la. (Redação
qualquer tempo, mediante ato judicial dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
fundamentado, ouvido o Ministério Público. Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o
disposto no art. 24.
Subseção III
Da Tutela Subseção IV
Da Adoção
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos
da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos Art. 39. A adoção de criança e de
incompletos. (Redação dada pela Lei nº adolescente reger-se-á segundo o disposto
12.010, de 2009) Vigência nesta Lei.
Parágrafo único. O deferimento da tutela § 1o A adoção é medida excepcional e
pressupõe a prévia decretação da perda ou irrevogável, à qual se deve recorrer apenas
suspensão do poder familiar e implica quando esgotados os recursos de manutenção
necessariamente o dever de guarda. da criança ou adolescente na família natural

24
Estatuto da Criança e do Adolescente

ou extensa, na forma do parágrafo único do civilmente ou mantenham união estável,


art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, comprovada a estabilidade da família.
de 2009) Vigência (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 2o É vedada a adoção por procuração. Vigência
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 3º O adotante há de ser, pelo menos,
Vigência dezesseis anos mais velho do que o adotando.
Art. 40. O adotando deve contar com, no § 4o Os divorciados, os judicialmente
máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo
separados e os ex-companheiros podem
se já estiver sob a guarda ou tutela dos
adotar conjuntamente, contanto que acordem
adotantes.
sobre a guarda e o regime de visitas e desde
Art. 41. A adoção atribui a condição de que o estágio de convivência tenha sido
filho ao adotado, com os mesmos direitos e iniciado na constância do período de
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o
convivência e que seja comprovada a
de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo
existência de vínculos de afinidade e
os impedimentos matrimoniais.
afetividade com aquele não detentor da
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos guarda, que justifiquem a excepcionalidade
adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos da concessão. (Redação dada pela Lei nº
de filiação entre o adotado e o cônjuge ou
12.010, de 2009) Vigência
concubino do adotante e os respectivos
parentes. § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde
que demonstrado efetivo benefício ao
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre
o adotado, seus descendentes, o adotante, adotando, será assegurada a guarda
seus ascendentes, descendentes e colaterais compartilhada, conforme previsto no art.
até o 4º grau, observada a ordem de vocação 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
hereditária. 2002 - Código Civil. (Redação dada pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18
(dezoito) anos, independentemente do estado § 6o A adoção poderá ser deferida ao
civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de adotante que, após inequívoca manifestação
2009) Vigência de vontade, vier a falecer no curso do
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e procedimento, antes de prolatada a sentença.
os irmãos do adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
§ 2o Para adoção conjunta, é
indispensável que os adotantes sejam casados

25
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 43. A adoção será deferida quando § 3o Em caso de adoção por pessoa ou
apresentar reais vantagens para o adotando casal residente ou domiciliado fora do País,
e fundar-se em motivos legítimos. o estágio de convivência, cumprido no
Art. 44. Enquanto não der conta de sua território nacional, será de, no mínimo, 30
administração e saldar o seu alcance, não (trinta) dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou 2009) Vigência
o curatelado. § 4 o O estágio de convivência será
Art. 45. A adoção depende do acompanhado pela equipe interprofissional
consentimento dos pais ou do representante a serviço da Justiça da Infância e da
legal do adotando. Juventude, preferencialmente com apoio dos
técnicos responsáveis pela execução da
§ 1º. O consentimento será dispensado
política de garantia do direito à convivência
em relação à criança ou adolescente cujos
familiar, que apresentarão relatório minucioso
pais sejam desconhecidos ou tenham sido
acerca da conveniência do deferimento da
destituídos do poder familiar. (Expressão
medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
2009) Vigência
Vigência
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se
§ 2º. Em se tratando de adotando maior
por sentença judicial, que será inscrita no
de doze anos de idade, será também
registro civil mediante mandado do qual não
necessário o seu consentimento.
se fornecerá certidão.
Art. 46. A adoção será precedida de
§ 1º A inscrição consignará o nome dos
estágio de convivência com a criança ou
adotantes como pais, bem como o nome de
adolescente, pelo prazo que a autoridade
seus ascendentes.
judiciária fixar, observadas as peculiaridades
do caso. § 2º O mandado judicial, que será
arquivado, cancelará o registro original do
§ 1o O estágio de convivência poderá
adotado.
ser dispensado se o adotando já estiver sob a
tutela ou guarda legal do adotante durante § 3 o A pedido do adotante, o novo
tempo suficiente para que seja possível avaliar registro poderá ser lavrado no Cartório do
a conveniência da constituição do Registro Civil do Município de sua
vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, residência. (Redação dada pela Lei nº
de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 2 o A simples guarda de fato não § 4 o Nenhuma observação sobre a
autoriza, por si só, a dispensa da realização origem do ato poderá constar nas certidões
do estágio de convivência. (Redação dada do registro. (Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência

26
Estatuto da Criança e do Adolescente

§ 5o A sentença conferirá ao adotado o jurídica e psicológica. (Incluído pela Lei nº


nome do adotante e, a pedido de qualquer 12.010, de 2009) Vigência
deles, poderá determinar a modificação do Art. 49. A morte dos adotantes não
prenome. (Redação dada pela Lei nº restabelece o poder familiar dos pais naturais.
12.010, de 2009) Vigência (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
§ 6o Caso a modificação de prenome seja 2009) Vigência
requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva Art. 50. A autoridade judiciária manterá,
do adotando, observado o disposto nos §§ em cada comarca ou foro regional, um
1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Redação dada registro de crianças e adolescentes em
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência condições de serem adotados e outro de
§ 7o A adoção produz seus efeitos a partir pessoas interessadas na adoção. (Vide Lei nº
do trânsito em julgado da sentença 12.010, de 2009) Vigência
constitutiva, exceto na hipótese prevista no § § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á
6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força após prévia consulta aos órgãos técnicos do
retroativa à data do óbito. (Incluído pela Lei juizado, ouvido o Ministério Público.
nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º Não será deferida a inscrição se o
§ 8o O processo relativo à adoção assim interessado não satisfazer os requisitos legais,
como outros a ele relacionados serão ou verificada qualquer das hipóteses previstas
mantidos em arquivo, admitindo-se seu no art. 29.
armazenamento em microfilme ou por outros
meios, garantida a sua conservação para § 3o A inscrição de postulantes à adoção
consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei será precedida de um período de preparação
nº 12.010, de 2009) Vigência psicossocial e jurídica, orientado pela equipe
técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
Art. 48. O adotado tem direito de preferencialmente com apoio dos técnicos
conhecer sua origem biológica, bem como responsáveis pela execução da política
de obter acesso irrestrito ao processo no qual municipal de garantia do direito à convivência
a medida foi aplicada e seus eventuais familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
incidentes, após completar 18 (dezoito) 2009) Vigência
anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência § 4 o Sempre que possível e
recomendável, a preparação referida no § 3o
Parágrafo único. O acesso ao processo deste artigo incluirá o contato com crianças
de adoção poderá ser também deferido ao e adolescentes em acolhimento familiar ou
adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu institucional em condições de serem adotados,
pedido, assegurada orientação e assistência a ser realizado sob a orientação, supervisão

27
Estatuto da Criança e do Adolescente

e avaliação da equipe técnica da Justiça da responsabilidade. (Incluído pela Lei nº


Infância e da Juventude, com apoio dos 12.010, de 2009) Vigência
técnicos responsáveis pelo programa de § 9 o Compete à Autoridade Central
acolhimento e pela execução da política Estadual zelar pela manutenção e correta
municipal de garantia do direito à convivência alimentação dos cadastros, com posterior
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de comunicação à Autoridade Central Federal
2009) Vigência Brasileira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
§ 5o Serão criados e implementados 2009) Vigência
cadastros estaduais e nacional de crianças e § 10. A adoção internacional somente
adolescentes em condições de serem será deferida se, após consulta ao cadastro
adotados e de pessoas ou casais habilitados de pessoas ou casais habilitados à adoção,
à adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de mantido pela Justiça da Infância e da
2009) Vigência Juventude na comarca, bem como aos
§ 6o Haverá cadastros distintos para cadastros estadual e nacional referidos no §
pessoas ou casais residentes fora do País, que 5 o deste artigo, não for encontrado
somente serão consultados na inexistência de interessado com residência permanente no
postulantes nacionais habilitados nos Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
cadastros mencionados no § 5 o deste 2009) Vigência
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 11. Enquanto não localizada pessoa
2009) Vigência ou casal interessado em sua adoção, a
§ 7o As autoridades estaduais e federais criança ou o adolescente, sempre que possível
em matéria de adoção terão acesso integral e recomendável, será colocado sob guarda
aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de de família cadastrada em programa de
informações e a cooperação mútua, para acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº
melhoria do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 12. A alimentação do cadastro e a
§ 8o A autoridade judiciária convocação criteriosa dos postulantes à
providenciará, no prazo de 48 (quarenta e adoção serão fiscalizadas pelo Ministério
oito) horas, a inscrição das crianças e Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
adolescentes em condições de serem 2009) Vigência
adotados que não tiveram colocação familiar § 13. Somente poderá ser deferida
na comarca de origem, e das pessoas ou adoção em favor de candidato domiciliado
casais que tiveram deferida sua habilitação à no Brasil não cadastrado previamente nos
adoção nos cadastros estadual e nacional termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei
referidos no § 5o deste artigo, sob pena de nº 12.010, de 2009) Vigência

28
Estatuto da Criança e do Adolescente

I - se tratar de pedido de adoção § 1o A adoção internacional de criança


unilateral; (Incluído pela Lei nº 12.010, ou adolescente brasileiro ou domiciliado no
de 2009) Vigência Brasil somente terá lugar quando restar
II - for formulada por parente com o qual a comprovado: (Redação dada pela Lei nº
criança ou adolescente mantenha vínculos 12.010, de 2009) Vigência
de afinidade e afetividade; (Incluído pela I - que a colocação em família substituta é
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência a solução adequada ao caso
III - oriundo o pedido de quem detém a concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010,
tutela ou guarda legal de criança maior de 2009) Vigência
de 3 (três) anos ou adolescente, desde II - que foram esgotadas todas as
que o lapso de tempo de convivência possibilidades de colocação da criança
comprove a fixação de laços de ou adolescente em família substituta
afinidade e afetividade, e não seja brasileira, após consulta aos cadastros
constatada a ocorrência de má-fé ou mencionados no art. 50 desta
qualquer das situações previstas nos Le i ; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência III - que, em se tratando de adoção de
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 adolescente, este foi consultado, por
deste artigo, o candidato deverá comprovar, meios adequados ao seu estágio de
no curso do procedimento, que preenche os desenvolvimento, e que se encontra
requisitos necessários à adoção, conforme preparado para a medida, mediante
previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, parecer elaborado por equipe
de 2009) Vigência interprofissional, observado o disposto
nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta
Art. 51. Considera-se adoção
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
internacional aquela na qual a pessoa ou
2009) Vigência
casal postulante é residente ou domiciliado
fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 § 2o Os brasileiros residentes no exterior
da Convenção de Haia, de 29 de maio de terão preferência aos estrangeiros, nos casos
1993, Relativa à Proteção das Crianças e à de adoção internacional de criança ou
Cooperação em Matéria de Adoção adolescente brasileiro. (Redação dada pela
Internacional, aprovada pelo Decreto Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e § 3o A adoção internacional pressupõe a
promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 intervenção das Autoridades Centrais
de junho de 1999. (Redação dada pela Lei Estaduais e Federal em matéria de adoção
nº 12.010, de 2009) Vigência internacional. (Redação dada pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência

29
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 52. A adoção internacional observará estudo psicossocial elaborado por


o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 equipe interprofissional habilitada e
desta Lei, com as seguintes cópia autenticada da legislação
adaptações: (Redação dada pela Lei nº pertinente, acompanhada da respectiva
12.010, de 2009) Vigência prova de vigência; (Incluído pela Lei nº
I - a pessoa ou casal estrangeiro, 12.010, de 2009) Vigência
interessado em adotar criança ou V - os documentos em língua estrangeira
adolescente brasileiro, deverá formular serão devidamente autenticados pela
pedido de habilitação à adoção perante autoridade consular, observados os
a Autoridade Central em matéria de tratados e convenções internacionais, e
adoção internacional no país de acompanhados da respectiva tradução,
acolhida, assim entendido aquele onde por tradutor público
está situada sua residência juramentado; (Incluído pela Lei nº
habitual; (Incluído pela Lei nº 12.010, 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência VI - a Autoridade Central Estadual poderá
II - se a Autoridade Central do país de fazer exigências e solicitar
acolhida considerar que os solicitantes complementação sobre o estudo
estão habilitados e aptos para adotar, psicossocial do postulante estrangeiro
emitirá um relatório que contenha à adoção, já realizado no país de
informações sobre a identidade, a acolhida; (Incluído pela Lei nº 12.010,
capacidade jurídica e adequação dos de 2009) Vigência
solicitantes para adotar, sua situação VII - verificada, após estudo realizado pela
pessoal, familiar e médica, seu meio Autoridade Central Estadual, a
social, os motivos que os animam e sua compatibilidade da legislação
aptidão para assumir uma adoção estrangeira com a nacional, além do
internacional; (Incluído pela Lei nº preenchimento por parte dos postulantes
12.010, de 2009) Vigência à medida dos requisitos objetivos e
III - a Autoridade Central do país de subjetivos necessários ao seu
acolhida enviará o relatório à deferimento, tanto à luz do que dispõe
Autoridade Central Estadual, com cópia esta Lei como da legislação do país de
para a Autoridade Central Federal acolhida, será expedido laudo de
Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, habilitação à adoção internacional, que
de 2009) Vigência terá validade por, no máximo, 1 (um)
IV - o relatório será instruído com toda a ano; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
documentação necessária, incluindo 2009) Vigência

30
Estatuto da Criança e do Adolescente

VIII - de posse do laudo de habilitação, o II - satisfizerem as condições de integridade


interessado será autorizado a formalizar moral, competência profissional,
pedido de adoção perante o Juízo da experiência e responsabilidade exigidas
Infância e da Juventude do local em que pelos países respectivos e pela
se encontra a criança ou adolescente, Autoridade Central Federal
conforme indicação efetuada pela Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010,
Autoridade Central Estadual. (Incluído de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - forem qualificados por seus padrões
§ 1o Se a legislação do país de acolhida éticos e sua formação e experiência para
assim o autorizar, admite-se que os pedidos atuar na área de adoção
de habilitação à adoção internacional sejam internacional; (Incluído pela Lei nº
intermediados por organismos 12.010, de 2009) Vigência
credenciados. (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009) Vigência IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo
ordenamento jurídico brasileiro e pelas
§ 2 o Incumbe à Autoridade Central normas estabelecidas pela Autoridade
Federal Brasileira o credenciamento de Central Federal Brasileira. (Incluído
organismos nacionais e estrangeiros pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
encarregados de intermediar pedidos de
habilitação à adoção internacional, com § 4 o Os organismos credenciados
posterior comunicação às Autoridades deverão ainda: (Incluído pela Lei nº 12.010,
Centrais Estaduais e publicação nos órgãos de 2009) Vigência
oficiais de imprensa e em sítio próprio da I - perseguir unicamente fins não lucrativos,
internet. (Incluído pela Lei nº 12.010, de nas condições e dentro dos limites
2009) Vigência fixados pelas autoridades competentes
§ 3 o Somente será admissível o do país onde estiverem sediados, do
credenciamento de organismos país de acolhida e pela Autoridade
que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Central Federal Brasileira; (Incluído
Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - sejam oriundos de países que ratificaram II - ser dirigidos e administrados por
a Convenção de Haia e estejam pessoas qualificadas e de reconhecida
devidamente credenciados pela idoneidade moral, com comprovada
Autoridade Central do país onde formação ou experiência para atuar na
estiverem sediados e no país de acolhida área de adoção internacional,
do adotando para atuar em adoção cadastradas pelo Departamento de
internacional no Brasil; (Incluído pela Polícia Federal e aprovadas pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Autoridade Central Federal Brasileira,

31
Estatuto da Criança e do Adolescente

mediante publicação de portaria do concedidos. (Incluído pela Lei nº


órgão federal competente; (Incluída 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 5o A não apresentação dos relatórios
III - estar submetidos à supervisão das referidos no § 4o deste artigo pelo organismo
autoridades competentes do país onde credenciado poderá acarretar a suspensão de
estiverem sediados e no país de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº
acolhida, inclusive quanto à sua 12.010, de 2009) Vigência
composição, funcionamento e situação § 6o O credenciamento de organismo
financeira; (Incluído pela Lei nº 12.010, nacional ou estrangeiro encarregado de
de 2009) Vigência intermediar pedidos de adoção internacional
IV - apresentar à Autoridade Central terá validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela
Federal Brasileira, a cada ano, relatório Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
geral das atividades desenvolvidas, bem § 7o A renovação do credenciamento
como relatório de acompanhamento poderá ser concedida mediante requerimento
das adoções internacionais efetuadas no protocolado na Autoridade Central Federal
período, cuja cópia será encaminhada Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao
ao Departamento de Polícia término do respectivo prazo de
Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
de 2009) Vigência 2009) Vigência
V - enviar relatório pós-adotivo semestral § 8o Antes de transitada em julgado a
para a Autoridade Central Estadual, decisão que concedeu a adoção
com cópia para a Autoridade Central internacional, não será permitida a saída do
Federal Brasileira, pelo período mínimo adotando do território nacional. (Incluído
de 2 (dois) anos. O envio do relatório pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
será mantido até a juntada de cópia
autenticada do registro civil, § 9o Transitada em julgado a decisão, a
estabelecendo a cidadania do país de autoridade judiciária determinará a expedição
acolhida para o adotado; (Incluído pela de alvará com autorização de viagem, bem
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência como para obtenção de passaporte,
constando, obrigatoriamente, as
VI - tomar as medidas necessárias para características da criança ou adolescente
garantir que os adotantes encaminhem adotado, como idade, cor, sexo, eventuais
à Autoridade Central Federal Brasileira sinais ou traços peculiares, assim como foto
cópia da certidão de registro de recente e a aposição da impressão digital do
nascimento estrangeira e do certificado seu polegar direito, instruindo o documento
de nacionalidade tão logo lhes sejam com cópia autenticada da decisão e certidão

32
Estatuto da Criança e do Adolescente

de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº § 15. A Autoridade Central Federal


12.010, de 2009) Vigência Brasileira poderá limitar ou suspender a
§ 10. A Autoridade Central Federal concessão de novos credenciamentos sempre
Brasileira poderá, a qualquer momento, que julgar necessário, mediante ato
solicitar informações sobre a situação das administrativo fundamentado. (Incluído pela
crianças e adolescentes adotados. (Incluído Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 52-A. É vedado, sob pena de
§ 11. A cobrança de valores por parte responsabilidade e descredenciamento, o
dos organismos credenciados, que sejam repasse de recursos provenientes de
considerados abusivos pela Autoridade organismos estrangeiros encarregados de
Central Federal Brasileira e que não estejam intermediar pedidos de adoção internacional
devidamente comprovados, é causa de seu a organismos nacionais ou a pessoas
descredenciamento. (Incluído pela Lei nº físicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge Parágrafo único. Eventuais repasses
não podem ser representados por mais de somente poderão ser efetuados via Fundo dos
uma entidade credenciada para atuar na Direitos da Criança e do Adolescente e
cooperação em adoção estarão sujeitos às deliberações do respectivo
internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, Conselho de Direitos da Criança e do
de 2009) Vigência Adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
§ 13. A habilitação de postulante
estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá Art. 52-B. A adoção por brasileiro
validade máxima de 1 (um) ano, podendo residente no exterior em país ratificante da
ser renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, Convenção de Haia, cujo processo de adoção
de 2009) Vigência tenha sido processado em conformidade com
a legislação vigente no país de residência e
§ 14. É vedado o contato direto de atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo
representantes de organismos de adoção, 17 da referida Convenção, será
nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de automaticamente recepcionada com o
programas de acolhimento institucional ou reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº
familiar, assim como com crianças e 12.010, de 2009) Vigência
adolescentes em condições de serem
adotados, sem a devida autorização § 1o Caso não tenha sido atendido o
judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
2009) Vigência Convenção de Haia, deverá a sentença ser
homologada pelo Superior Tribunal de

33
Estatuto da Criança e do Adolescente

Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Central Estadual, que fará a comunicação à
2009) Vigência Autoridade Central Federal Brasileira e à
§ 2o O pretendente brasileiro residente Autoridade Central do país de origem.
no exterior em país não ratificante da (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Convenção de Haia, uma vez reingressado Vigência
no Brasil, deverá requerer a homologação da Art. 52-D. Nas adoções internacionais,
sentença estrangeira pelo Superior Tribunal quando o Brasil for o país de acolhida e a
de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de adoção não tenha sido deferida no país de
2009) Vigência origem porque a sua legislação a delega ao
país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de,
Art. 52-C. Nas adoções internacionais,
mesmo com decisão, a criança ou o
quando o Brasil for o país de acolhida, a
adolescente ser oriundo de país que não tenha
decisão da autoridade competente do país
aderido à Convenção referida, o processo de
de origem da criança ou do adolescente será
adoção seguirá as regras da adoção
conhecida pela Autoridade Central Estadual
nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
que tiver processado o pedido de habilitação
2009) Vigência
dos pais adotivos, que comunicará o fato à
Autoridade Central Federal e determinará as
providências necessárias à expedição do Capítulo IV
Certificado de Naturalização Provisório. Do Direito à Educação, à Cultura,
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) ao Esporte e ao Lazer
Vigência
Art. 53. A criança e o adolescente têm
§ 1 o A Autoridade Central Estadual, direito à educação, visando ao pleno
ouvido o Ministério Público, somente deixará desenvolvimento de sua pessoa, preparo para
de reconhecer os efeitos daquela decisão se o exercício da cidadania e qualificação para
restar demonstrado que a adoção é o trabalho, assegurando-se-lhes:
manifestamente contrária à ordem pública ou
não atende ao interesse superior da criança I - igualdade de condições para o acesso
e permanência na escola;
ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência II - direito de ser respeitado por seus
educadores;
§ 2o Na hipótese de não reconhecimento
da adoção, prevista no § 1o deste artigo, o III - direito de contestar critérios avaliativos,
Ministério Público deverá imediatamente podendo recorrer às instâncias escolares
requerer o que for de direito para resguardar superiores;
os interesses da criança ou do adolescente, IV - direito de organização e participação
comunicando-se as providências à Autoridade em entidades estudantis;

34
Estatuto da Criança e do Adolescente

V - acesso à escola pública e gratuita § 2º O não oferecimento do ensino


próxima de sua residência. obrigatório pelo poder público ou sua oferta
Parágrafo único. É direito dos pais ou irregular importa responsabilidade da
responsáveis ter ciência do processo autoridade competente.
pedagógico, bem como participar da § 3º Compete ao poder público recensear
definição das propostas educacionais. os educandos no ensino fundamental, fazer-
Art. 54. É dever do Estado assegurar à lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
criança e ao adolescente: responsável, pela freqüência à escola.
I - ensino fundamental, obrigatório e Art. 55. Os pais ou responsável têm a
gratuito, inclusive para os que a ele não obrigação de matricular seus filhos ou pupilos
tiveram acesso na idade própria; na rede regular de ensino.
II - progressiva extensão da Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino de ensino fundamental comunicarão ao
médio; Conselho Tutelar os casos de:
III - atendimento educacional especializado I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
aos portadores de deficiência, II - reiteração de faltas injustificadas e de
preferencialmente na rede regular de evasão escolar, esgotados os recursos
ensino; escolares;
IV - atendimento em creche e pré-escola III - elevados níveis de repetência.
às crianças de zero a seis anos de idade; Art. 57. O poder público estimulará
V - acesso aos níveis mais elevados do pesquisas, experiências e novas propostas
ensino, da pesquisa e da criação relativas a calendário, seriação, currículo,
artística, segundo a capacidade de cada metodologia, didática e avaliação, com vistas
um; à inserção de crianças e adolescentes
VI - oferta de ensino noturno regular, excluídos do ensino fundamental obrigatório.
adequado às condições do adolescente Art. 58. No processo educacional
trabalhador; respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos
VII - atendimento no ensino fundamental, e históricos próprios do contexto social da
através de programas suplementares de criança e do adolescente, garantindo-se a
material didático-escolar, transporte, estes a liberdade da criação e o acesso às
alimentação e assistência à saúde. fontes de cultura.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e Art. 59. Os municípios, com apoio dos
gratuito é direito público subjetivo. estados e da União, estimularão e facilitarão

35
Estatuto da Criança e do Adolescente

a destinação de recursos e espaços para Art. 66. Ao adolescente portador de


programações culturais, esportivas e de lazer deficiência é assegurado trabalho protegido.
voltadas para a infância e a juventude.
Art. 67. Ao adolescente empregado,
aprendiz, em regime familiar de trabalho,
Capítulo V aluno de escola técnica, assistido em entidade
Do Direito à Profissionalização e governamental ou não-governamental, é
à Proteção no Trabalho vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a horas de um dia e as cinco horas do
menores de quatorze anos de idade, salvo dia seguinte;
na condição de aprendiz. (Vide Constituição
Federal) II - perigoso, insalubre ou penoso;
Art. 61. A proteção ao trabalho dos III - realizado em locais prejudiciais à sua
adolescentes é regulada por legislação formação e ao seu desenvolvimento
especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei. físico, psíquico, moral e social;
Art. 62. Considera-se aprendizagem a IV - realizado em horários e locais que não
formação técnico-profissional ministrada permitam a freqüência à escola.
segundo as diretrizes e bases da legislação Art. 68. O programa social que tenha por
de educação em vigor.
base o trabalho educativo, sob
Art. 63. A formação técnico-profissional responsabilidade de entidade governamental
obedecerá aos seguintes princípios: ou não-governamental sem fins lucrativos,
I - garantia de acesso e freqüência deverá assegurar ao adolescente que dele
obrigatória ao ensino regular; participe condições de capacitação para o
II - atividade compatível com o exercício de atividade regular remunerada.
desenvolvimento do adolescente; § 1º Entende-se por trabalho educativo a
III - horário especial para o exercício das atividade laboral em que as exigências
atividades. pedagógicas relativas ao desenvolvimento
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos pessoal e social do educando prevalecem
de idade é assegurada bolsa de sobre o aspecto produtivo.
aprendizagem. § 2º A remuneração que o adolescente
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior recebe pelo trabalho efetuado ou a
de quatorze anos, são assegurados os direitos participação na venda dos produtos de seu
trabalhistas e previdenciários. trabalho não desfigura o caráter educativo.

36
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 69. O adolescente tem direito à Capítulo II


profissionalização e à proteção no trabalho, Da Prevenção Especial
observados os seguintes aspectos, entre
outros: Seção I
I - respeito à condição peculiar de pessoa Da informação, Cultura, Lazer,
em desenvolvimento; Esportes, Diversões e Espetáculos
II - capacitação profissional adequada ao
mercado de trabalho. Art. 74. O poder público, através do órgão
competente, regulará as diversões e
espetáculos públicos, informando sobre a
Título III
natureza deles, as faixas etárias a que não se
Da Prevenção recomendem, locais e horários em que sua
apresentação se mostre inadequada.
Capítulo I
Parágrafo único. Os responsáveis pelas
Disposições Gerais
diversões e espetáculos públicos deverão
afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à
Art. 70. É dever de todos prevenir a entrada do local de exibição, informação
ocorrência de ameaça ou violação dos destacada sobre a natureza do espetáculo e
direitos da criança e do adolescente. a faixa etária especificada no certificado de
Art. 71. A criança e o adolescente têm classificação.
direito a informação, cultura, lazer, esportes, Art. 75. Toda criança ou adolescente terá
diversões, espetáculos e produtos e serviços acesso às diversões e espetáculos públicos
que respeitem sua condição peculiar de classificados como adequados à sua faixa
pessoa em desenvolvimento. etária.
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei Parágrafo único. As crianças menores de
não excluem da prevenção especial outras dez anos somente poderão ingressar e
decorrentes dos princípios por ela adotados. permanecer nos locais de apresentação ou
Art. 73. A inobservância das normas de exibição quando acompanhadas dos pais ou
prevenção importará em responsabilidade da responsável.
pessoa física ou jurídica, nos termos desta Lei. Art. 76. As emissoras de rádio e televisão
somente exibirão, no horário recomendado
para o público infanto juvenil, programas com
finalidades educativas, artísticas, culturais e
informativas.

37
Estatuto da Criança e do Adolescente

Parágrafo único. Nenhum espetáculo será ou por casas de jogos, assim entendidas as
apresentado ou anunciado sem aviso de sua que realize apostas, ainda que eventualmente,
classificação, antes de sua transmissão, cuidarão para que não seja permitida a
apresentação ou exibição. entrada e a permanência de crianças e
Art. 77. Os proprietários, diretores, adolescentes no local, afixando aviso para
gerentes e funcionários de empresas que orientação do público.
explorem a venda ou aluguel de fitas de
programação em vídeo cuidarão para que Seção II
não haja venda ou locação em desacordo Dos Produtos e Serviços
com a classificação atribuída pelo órgão
competente. Art. 81. É proibida a venda à criança ou
Parágrafo único. As fitas a que alude este ao adolescente de:
artigo deverão exibir, no invólucro, I - armas, munições e explosivos;
informação sobre a natureza da obra e a faixa
etária a que se destinam. II - bebidas alcoólicas;
Art. 78. As revistas e publicações contendo III - produtos cujos componentes possam
material impróprio ou inadequado a crianças causar dependência física ou psíquica
e adolescentes deverão ser comercializadas ainda que por utilização indevida;
em embalagem lacrada, com a advertência IV - fogos de estampido e de artifício,
de seu conteúdo. exceto aqueles que pelo seu reduzido
Parágrafo único. As editoras cuidarão para potencial sejam incapazes de provocar
que as capas que contenham mensagens qualquer dano físico em caso de
pornográficas ou obscenas sejam protegidas utilização indevida;
com embalagem opaca. V - revistas e publicações a que alude o
Art. 79. As revistas e publicações art. 78;
destinadas ao público infanto-juvenil não VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
poderão conter ilustrações, fotografias, Art. 82. É proibida a hospedagem de
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas criança ou adolescente em hotel, motel,
alcoólicas, tabaco, armas e munições, e pensão ou estabelecimento congênere, salvo
deverão respeitar os valores éticos e sociais se autorizado ou acompanhado pelos pais
da pessoa e da família. ou responsável.
Art. 80. Os responsáveis por
estabelecimentos que explorem
comercialmente bilhar, sinuca ou congênere

38
Estatuto da Criança e do Adolescente

Seção III Art. 85. Sem prévia e expressa autorização


Da Autorização para Viajar judicial, nenhuma criança ou adolescente
nascido em território nacional poderá sair do
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar País em companhia de estrangeiro residente
para fora da comarca onde reside, ou domiciliado no exterior.
desacompanhada dos pais ou responsável,
sem expressa autorização judicial. Parte Especial
§ 1º A autorização não será exigida
quando: Título I
a) tratar-se de comarca contígua à da Da Política de Atendimento
residência da criança, se na mesma
unidade da Federação, ou incluída na Capítulo I
mesma região metropolitana; Disposições Gerais
b) a criança estiver acompanhada:
Art. 86. A política de atendimento dos
1) de ascendente ou colateral maior, até o
direitos da criança e do adolescente far-se-á
terceiro grau, comprovado
através de um conjunto articulado de ações
documentalmente o parentesco;
governamentais e não-governamentais, da
2) de pessoa maior, expressamente União, dos estados, do Distrito Federal e dos
autorizada pelo pai, mãe ou municípios.
responsável.
Art. 87. São linhas de ação da política de
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a atendimento: (Vide Lei nº 12.010, de 2009)
pedido dos pais ou responsável, conceder Vigência
autorização válida por dois anos.
I - políticas sociais básicas;
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao
II - políticas e programas de assistência
exterior, a autorização é dispensável, se a
social, em caráter supletivo, para
criança ou adolescente:
aqueles que deles necessitem;
I - estiver acompanhado de ambos os pais
III - serviços especiais de prevenção e
ou responsável;
atendimento médico e psicossocial às
II - viajar na companhia de um dos pais, vítimas de negligência, maus-tratos,
autorizado expressamente pelo outro exploração, abuso, crueldade e
através de documento com firma opressão;
reconhecida.

39
Estatuto da Criança e do Adolescente

IV - serviço de identificação e localização III - criação e manutenção de programas


de pais, responsável, crianças e específicos, observada a
adolescentes desaparecidos; descentralização político-administrativa;
V - proteção jurídico-social por entidades IV - manutenção de fundos nacional,
de defesa dos direitos da criança e do estaduais e municipais vinculados aos
adolescente. respectivos conselhos dos direitos da
VI - políticas e programas destinados a criança e do adolescente;
prevenir ou abreviar o período de V - integração operacional de órgãos do
afastamento do convívio familiar e a Judiciário, Ministério Público,
garantir o efetivo exercício do direito à Defensoria, Segurança Pública e
convivência familiar de crianças e Assistência Social, preferencialmente em
adolescentes; (Incluído pela Lei nº um mesmo local, para efeito de
12.010, de 2009) Vigência agilização do atendimento inicial a
adolescente a quem se atribua autoria
VII - campanhas de estímulo ao
de ato infracional;
acolhimento sob forma de guarda de
crianças e adolescentes afastados do VI - integração operacional de órgãos do
convívio familiar e à adoção, Judiciário, Ministério Público,
especificamente inter-racial, de crianças Defensoria, Conselho Tutelar e
maiores ou de adolescentes, com encarregados da execução das políticas
necessidades específicas de saúde ou sociais básicas e de assistência social,
com deficiências e de grupos de irmãos. para efeito de agilização do
(Incluído pela Lei nº 12.010, de atendimento de crianças e de
2009) Vigência adolescentes inseridos em programas de
acolhimento familiar ou institucional,
Art. 88. São diretrizes da política de
com vista na sua rápida reintegração à
atendimento:
família de origem ou, se tal solução se
I - municipalização do atendimento; mostrar comprovadamente inviável, sua
II - criação de conselhos municipais, colocação em família substituta, em
estaduais e nacional dos direitos da quaisquer das modalidades previstas no
criança e do adolescente, órgãos art. 28 desta Lei; (Redação dada pela
deliberativos e controladores das ações Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
em todos os níveis, assegurada a VII - mobilização da opinião pública para
participação popular paritária por meio a indispensável participação dos
de organizações representativas, diversos segmentos da sociedade.
segundo leis federal, estaduais e (Incluído pela Lei nº 12.010, de
municipais; 2009) Vigência

40
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 89. A função de membro do conselho registro das inscrições e de suas alterações,
nacional e dos conselhos estaduais e do que fará comunicação ao Conselho Tutelar
municipais dos direitos da criança e do e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei
adolescente é considerada de interesse nº 12.010, de 2009) Vigência
público relevante e não será remunerada. § 2 o Os recursos destinados à
implementação e manutenção dos programas
Capítulo II relacionados neste artigo serão previstos nas
dotações orçamentárias dos órgãos públicos
Das Entidades de Atendimento
encarregados das áreas de Educação, Saúde
e Assistência Social, dentre outros,
Seção I observando-se o princípio da prioridade
Disposições Gerais absoluta à criança e ao adolescente
preconizado pelo caput do art. 227 da
Art. 90. As entidades de atendimento são Constituição Federal e pelo caput e parágrafo
responsáveis pela manutenção das próprias único do art. 4o desta Lei. (Incluído pela Lei
unidades, assim como pelo planejamento e nº 12.010, de 2009) Vigência
execução de programas de proteção e sócio- § 3o Os programas em execução serão
educativos destinados a crianças e reavaliados pelo Conselho Municipal dos
adolescentes, em regime de: Direitos da Criança e do Adolescente, no
I - orientação e apoio sócio-familiar; máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-
se critérios para renovação da autorização
II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
de funcionamento: (Incluído pela Lei nº
III - colocação familiar; 12.010, de 2009) Vigência
IV - acolhimento institucional; (Redação I - o efetivo respeito às regras e princípios
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) desta Lei, bem como às resoluções
Vigência relativas à modalidade de atendimento
V - liberdade assistida; prestado expedidas pelos Conselhos de
Direitos da Criança e do Adolescente,
VI - semi-liberdade;
em todos os níveis; (Incluído pela Lei
VII - internação. nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1o As entidades governamentais e não II - a qualidade e eficiência do trabalho
governamentais deverão proceder à inscrição desenvolvido, atestadas pelo Conselho
de seus programas, especificando os regimes Tutelar, pelo Ministério Público e pela
de atendimento, na forma definida neste Justiça da Infância e da
artigo, no Conselho Municipal dos Direitos Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010,
da Criança e do Adolescente, o qual manterá de 2009) Vigência

41
Estatuto da Criança e do Adolescente

III - em se tratando de programas de Municipal dos Direitos da Criança e do


acolhimento institucional ou familiar, Adolescente, periodicamente, reavaliar o
serão considerados os índices de cabimento de sua renovação, observado o
sucesso na reintegração familiar ou de disposto no § 1o deste artigo. (Incluído pela
adaptação à família substituta, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
conforme o caso. (Incluído pela Lei nº Art. 92. As entidades que desenvolvam
12.010, de 2009) Vigência programas de acolhimento familiar ou
Art. 91. As entidades não-governamentais institucional deverão adotar os seguintes
somente poderão funcionar depois de princípios: (Redação dada pela Lei nº
registradas no Conselho Municipal dos 12.010, de 2009) Vigência
Direitos da Criança e do Adolescente, o qual I - preservação dos vínculos familiares e
comunicará o registro ao Conselho Tutelar e promoção da reintegração
à autoridade judiciária da respectiva familiar; (Redação dada pela Lei nº
localidade. 12.010, de 2009) Vigência
§ 1o Será negado o registro à entidade II - integração em família substituta,
que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) quando esgotados os recursos de
Vigência manutenção na família natural ou
a) não ofereça instalações físicas em extensa; (Redação dada pela Lei nº
condições adequadas de habitabilidade, 12.010, de 2009) Vigência
higiene, salubridade e segurança; III - atendimento personalizado e em
b) não apresente plano de trabalho pequenos grupos;
compatível com os princípios desta Lei; IV - desenvolvimento de atividades em
c) esteja irregularmente constituída; regime de co-educação;
d) tenha em seus quadros pessoas V - não desmembramento de grupos de
inidôneas. irmãos;

e) não se adequar ou deixar de cumprir as VI - evitar, sempre que possível, a


resoluções e deliberações relativas à transferência para outras entidades de
crianças e adolescentes abrigados;
modalidade de atendimento prestado
expedidas pelos Conselhos de Direitos VII - participação na vida da comunidade
da Criança e do Adolescente, em todos local;
os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, VIII - preparação gradativa para o
de 2009) Vigência desligamento;
§ 2o O registro terá validade máxima de IX - participação de pessoas da
4 (quatro) anos, cabendo ao Conselho comunidade no processo educativo.

42
Estatuto da Criança e do Adolescente

§ 1 o O dirigente de entidade que artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de


desenvolve programa de acolhimento 2009) Vigência
institucional é equiparado ao guardião, para § 5 o As entidades que desenvolvem
todos os efeitos de direito. (Incluído pela Lei programas de acolhimento familiar ou
nº 12.010, de 2009) Vigência institucional somente poderão receber
§ 2 o Os dirigentes de entidades que recursos públicos se comprovado o
desenvolvem programas de acolhimento atendimento dos princípios, exigências e
familiar ou institucional remeterão à finalidades desta Le i . (Incluído pela Lei nº
autoridade judiciária, no máximo a cada 6 12.010, de 2009) Vigência
(seis) meses, relatório circunstanciado acerca § 6o O descumprimento das disposições
da situação de cada criança ou adolescente desta Lei pelo dirigente de entidade que
acolhido e sua família, para fins da desenvolva programas de acolhimento
reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta familiar ou institucional é causa de sua
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) destituição, sem prejuízo da apuração de sua
Vigência responsabilidade administrativa, civil e
§ 3o Os entes federados, por intermédio criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
dos Poderes Executivo e Judiciário, 2009) Vigência
promoverão conjuntamente a permanente Art. 93. As entidades que mantenham
qualificação dos profissionais que atuam programa de acolhimento institucional
direta ou indiretamente em programas de poderão, em caráter excepcional e de
acolhimento institucional e destinados à urgência, acolher crianças e adolescentes sem
colocação familiar de crianças e adolescentes, prévia determinação da autoridade
incluindo membros do Poder Judiciário, competente, fazendo comunicação do fato em
Ministério Público e Conselho até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da
Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Infância e da Juventude, sob pena de
2009) Vigência responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº
§ 4o Salvo determinação em contrário da 12.010, de 2009) Vigência
autoridade judiciária competente, as Parágrafo único. Recebida a comunicação,
entidades que desenvolvem programas de a autoridade judiciária, ouvido o Ministério
acolhimento familiar ou institucional, se Público e se necessário com o apoio do
necessário com o auxílio do Conselho Tutelar Conselho Tutelar local, tomará as medidas
e dos órgãos de assistência social, estimularão necessárias para promover a imediata
o contato da criança ou adolescente com seus reintegração familiar da criança ou do
pais e parentes, em cumprimento ao disposto adolescente ou, se por qualquer razão não for
nos incisos I e VIII do caput deste isso possível ou recomendável, para seu

43
Estatuto da Criança e do Adolescente

encaminhamento a programa de acolhimento IX - oferecer cuidados médicos,


familiar, institucional ou a família substituta, psicológicos, odontológicos e
observado o disposto no § 2o do art. 101 desta farmacêuticos;
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) X - propiciar escolarização e
Vigência profissionalização;
Art. 94. As entidades que desenvolvem XI - propiciar atividades culturais, esportivas
programas de internação têm as seguintes e de lazer;
obrigações, entre outras:
XII - propiciar assistência religiosa àqueles
I - observar os direitos e garantias de que que desejarem, de acordo com suas
são titulares os adolescentes; crenças;
II - não restringir nenhum direito que não XIII - proceder a estudo social e pessoal
tenha sido objeto de restrição na decisão de cada caso;
de internação;
XIV - reavaliar periodicamente cada caso,
III - oferecer atendimento personalizado, com intervalo máximo de seis meses,
em pequenas unidades e grupos dando ciência dos resultados à
reduzidos; autoridade competente;
IV - preservar a identidade e oferecer XV - informar, periodicamente, o
ambiente de respeito e dignidade ao adolescente internado sobre sua
adolescente; situação processual;
V - diligenciar no sentido do XVI - comunicar às autoridades
restabelecimento e da preservação dos competentes todos os casos de
vínculos familiares; adolescentes portadores de moléstias
VI - comunicar à autoridade judiciária, infecto-contagiosas;
periodicamente, os casos em que se XVII - fornecer comprovante de depósito
mostre inviável ou impossível o dos pertences dos adolescentes;
reatamento dos vínculos familiares;
XVIII - manter programas destinados ao
VII - oferecer instalações físicas em apoio e acompanhamento de egressos;
condições adequadas de habitabilidade,
higiene, salubridade e segurança e os XIX - providenciar os documentos
objetos necessários à higiene pessoal; necessários ao exercício da cidadania
àqueles que não os tiverem;
VIII - oferecer vestuário e alimentação
suficientes e adequados à faixa etária XX - manter arquivo de anotações onde
dos adolescentes atendidos; constem data e circunstâncias do
atendimento, nome do adolescente,

44
Estatuto da Criança e do Adolescente

seus pais ou responsável, parentes, I - às entidades governamentais:


endereços, sexo, idade, a) advertência;
acompanhamento da sua formação,
relação de seus pertences e demais b) afastamento provisório de seus
dados que possibilitem sua identificação dirigentes;
e a individualização do atendimento. c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
§ 1 o Aplicam-se, no que couber, as d) fechamento de unidade ou interdição
obrigações constantes deste artigo às de programa.
entidades que mantêm programas de II - às entidades não-governamentais:
acolhimento institucional e familiar. (Redação
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) a) advertência;
Vigência b) suspensão total ou parcial do repasse
§ 2º No cumprimento das obrigações a de verbas públicas;
que alude este artigo as entidades utilizarão c) interdição de unidades ou suspensão de
preferencialmente os recursos da programa;
comunidade. d) cassação do registro.
§ 1o Em caso de reiteradas infrações
Seção II cometidas por entidades de atendimento, que
Da Fiscalização das Entidades coloquem em risco os direitos assegurados
nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao
Art. 95. As entidades governamentais e Ministério Público ou representado perante
não-governamentais referidas no art. 90 serão autoridade judiciária competente para as
fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério providências cabíveis, inclusive suspensão das
Público e pelos Conselhos Tutelares. atividades ou dissolução da
entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
Art. 96. Os planos de aplicação e as
de 2009) Vigência
prestações de contas serão apresentados ao
estado ou ao município, conforme a origem § 2 o As pessoas jurídicas de direito
das dotações orçamentárias. público e as organizações não
governamentais responderão pelos danos que
Art. 97. São medidas aplicáveis às
seus agentes causarem às crianças e aos
entidades de atendimento que descumprirem
adolescentes, caracterizado o
obrigação constante do art. 94, sem prejuízo
descumprimento dos princípios norteadores
da responsabilidade civil e criminal de seus
das atividades de proteção específica.
dirigentes ou prepostos: (Vide Lei nº 12.010,
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de
de 2009) Vigência
2009) Vigência

45
Estatuto da Criança e do Adolescente

Título II I - condição da criança e do adolescente


Das Medidas de Proteção como sujeitos de direitos: crianças e
adolescentes são os titulares dos direitos
Capítulo I previstos nesta e em outras Leis, bem
como na Constituição Fe d e r a l ;
Disposições Gerais
(Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Art. 98. As medidas de proteção à criança
e ao adolescente são aplicáveis sempre que II - proteção integral e prioritária: a
os direitos reconhecidos nesta Lei forem interpretação e aplicação de toda e
ameaçados ou violados: qualquer norma contida nesta Lei deve
ser voltada à proteção integral e
I - por ação ou omissão da sociedade ou
prioritária dos direitos de que crianças
do Estado;
e adolescentes são titulares; (Incluído
II - por falta, omissão ou abuso dos pais pela Lei nº 12.010, de 2009)
ou responsável; Vigência
III - em razão de sua conduta. III - responsabilidade primária e solidária
do poder público: a plena efetivação
Capítulo II dos direitos assegurados a crianças e a
adolescentes por esta Lei e pela
Das Medidas Específicas de
Constituição Federal, salvo nos casos
Proteção
por esta expressamente ressalvados, é
de responsabilidade primária e solidária
Art. 99. As medidas previstas neste das 3 (três) esferas de governo, sem
Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou prejuízo da municipalização do
cumulativamente, bem como substituídas a atendimento e da possibilidade da
qualquer tempo. execução de programas por entidades
Art. 100. Na aplicação das medidas levar- não governamentais; (Incluído pela Lei
se-ão em conta as necessidades pedagógicas, nº 12.010, de 2009) Vigência
preferindo-se aquelas que visem ao IV - interesse superior da criança e do
fortalecimento dos vínculos familiares e adolescente: a intervenção deve atender
comunitários. prioritariamente aos interesses e direitos
Parágrafo único. São também princípios da criança e do adolescente, sem
que regem a aplicação das prejuízo da consideração que for devida
medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de a outros interesses legítimos no âmbito
2009) Vigência da pluralidade dos interesses presentes

46
Estatuto da Criança e do Adolescente

no caso concreto; (Incluído pela Lei nº do adolescente deve ser dada


12.010, de 2009) Vigência prevalência às medidas que os
V - privacidade: a promoção dos direitos mantenham ou reintegrem na sua
e proteção da criança e do adolescente família natural ou extensa ou, se isto não
deve ser efetuada no respeito pela for possível, que promovam a sua
intimidade, direito à imagem e reserva integração em família
da sua vida privada; (Incluído pela Lei substituta; (Incluído pela Lei nº 12.010,
nº 12.010, de 2009) Vigência de 2009) Vigência
VI - intervenção precoce: a intervenção das XI - obrigatoriedade da informação: a
autoridades competentes deve ser criança e o adolescente, respeitado seu
efetuada logo que a situação de perigo estágio de desenvolvimento e
seja conhecida; (Incluído pela Lei nº capacidade de compreensão, seus pais
12.010, de 2009) Vigência ou responsável devem ser informados
dos seus direitos, dos motivos que
VII - intervenção mínima: a intervenção
determinaram a intervenção e da forma
deve ser exercida exclusivamente pelas
autoridades e instituições cuja ação seja como esta se processa; (Incluído pela
indispensável à efetiva promoção dos Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
direitos e à proteção da criança e do XII - oitiva obrigatória e participação: a
adolescente; (Incluído pela Lei nº criança e o adolescente, em separado
12.010, de 2009) Vigência ou na companhia dos pais, de
VIII - proporcionalidade e atualidade: a responsável ou de pessoa por si
intervenção deve ser a necessária e indicada, bem como os seus pais ou
adequada à situação de perigo em que responsável, têm direito a ser ouvidos e
a criança ou o adolescente se a participar nos atos e na definição da
encontram no momento em que a medida de promoção dos direitos e de
decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº proteção, sendo sua opinião
12.010, de 2009) Vigência devidamente considerada pela
autoridade judiciária competente,
IX - responsabilidade parental: a
observado o disposto nos §§ 1o e 2o do
intervenção deve ser efetuada de modo art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
que os pais assumam os seus deveres 12.010, de 2009) Vigência
para com a criança e o
adolescente; (Incluído pela Lei nº Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses
12.010, de 2009) Vigência previstas no art. 98, a autoridade competente
poderá determinar, dentre outras, as seguintes
X - prevalência da família: na promoção medidas:
de direitos e na proteção da criança e

47
Estatuto da Criança e do Adolescente

I - encaminhamento aos pais ou § 2o Sem prejuízo da tomada de medidas


responsável, mediante termo de emergenciais para proteção de vítimas de
responsabilidade; violência ou abuso sexual e das providências
II - orientação, apoio e acompanhamento a que alude o art. 130 desta Lei, o
temporários; afastamento da criança ou adolescente do
convívio familiar é de competência exclusiva
III - matrícula e freqüência obrigatórias em da autoridade judiciária e importará na
estabelecimento oficial de ensino deflagração, a pedido do Ministério Público
fundamental; ou de quem tenha legítimo interesse, de
IV - inclusão em programa comunitário ou procedimento judicial contencioso, no qual
oficial de auxílio à família, à criança e se garanta aos pais ou ao responsável legal
ao adolescente; o exercício do contraditório e da ampla
V - requisição de tratamento médico, defesa.(Incluído pela Lei nº 12.010, de
psicológico ou psiquiátrico, em regime 2009) Vigência
hospitalar ou ambulatorial; § 3o Crianças e adolescentes somente
VI - inclusão em programa oficial ou poderão ser encaminhados às instituições que
comunitário de auxílio, orientação e executam programas de acolhimento
tratamento a alcoólatras e toxicômanos; institucional, governamentais ou não, por
meio de uma Guia de Acolhimento, expedida
VII - acolhimento institucional; (Redação
pela autoridade judiciária, na qual
dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
obrigatoriamente constará, dentre
Vigência
outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
VIII - inclusão em programa de 2009) Vigência
acolhimento familiar; (Redação dada
I - sua identificação e a qualificação
pela Lei nº 12.010, de 2009)
completa de seus pais ou de seu
Vigência
responsável, se conhecidos; (Incluído
IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência
§ 1 o O acolhimento institucional e o II - o endereço de residência dos pais ou
acolhimento familiar são medidas provisórias do responsável, com pontos de
e excepcionais, utilizáveis como forma de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010,
transição para reintegração familiar ou, não de 2009) Vigência
sendo esta possível, para colocação em
família substituta, não implicando privação III - os nomes de parentes ou de terceiros
de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.010, interessados em tê-los sob sua
de 2009) Vigência

48
Estatuto da Criança e do Adolescente

guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, III - a previsão das atividades a serem
de 2009) Vigência desenvolvidas com a criança ou com o
IV - os motivos da retirada ou da não adolescente acolhido e seus pais ou
reintegração ao convívio responsável, com vista na reintegração
familiar ou, caso seja esta vedada por
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010,
expressa e fundamentada determinação
de 2009) Vigência
judicial, as providências a serem
§ 4o Imediatamente após o acolhimento tomadas para sua colocação em família
da criança ou do adolescente, a entidade substituta, sob direta supervisão da
responsável pelo programa de acolhimento autoridade judiciária. (Incluído pela Lei
institucional ou familiar elaborará um plano nº 12.010, de 2009) Vigência
individual de atendimento, visando à
§ 7 o O acolhimento familiar ou
reintegração familiar, ressalvada a existência institucional ocorrerá no local mais próximo
de ordem escrita e fundamentada em à residência dos pais ou do responsável e,
contrário de autoridade judiciária competente, como parte do processo de reintegração
caso em que também deverá contemplar sua familiar, sempre que identificada a
colocação em família substituta, observadas necessidade, a família de origem será incluída
as regras e princípios desta Lei. (Incluído pela em programas oficiais de orientação, de
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência apoio e de promoção social, sendo facilitado
§ 5o O plano individual será elaborado e estimulado o contato com a criança ou com
sob a responsabilidade da equipe técnica do o adolescente acolhido. (Incluído pela Lei nº
respectivo programa de atendimento e levará 12.010, de 2009) Vigência
em consideração a opinião da criança ou do § 8 o Verificada a possibilidade de
adolescente e a oitiva dos pais ou do reintegração familiar, o responsável pelo
responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de programa de acolhimento familiar ou
2009) Vigência institucional fará imediata comunicação à
§ 6 o Constarão do plano individual, autoridade judiciária, que dará vista ao
dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco)
de 2009) Vigência dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - os resultados da avaliação
interdisciplinar; (Incluído pela Lei nº § 9 o Em sendo constatada a
12.010, de 2009) Vigência impossibilidade de reintegração da criança
ou do adolescente à família de origem, após
II - os compromissos assumidos pelos pais
seu encaminhamento a programas oficiais ou
ou responsável; e (Incluído pela Lei nº
comunitários de orientação, apoio e
12.010, de 2009) Vigência
promoção social, será enviado relatório

49
Estatuto da Criança e do Adolescente

fundamentado ao Ministério Público, no qual Adolescente e da Assistência Social, aos quais


conste a descrição pormenorizada das incumbe deliberar sobre a implementação de
providências tomadas e a expressa políticas públicas que permitam reduzir o
recomendação, subscrita pelos técnicos da número de crianças e adolescentes afastados
entidade ou responsáveis pela execução da do convívio familiar e abreviar o período de
política municipal de garantia do direito à permanência em programa de
convivência familiar, para a destituição do acolhimento.(Incluído pela Lei nº 12.010, de
poder familiar, ou destituição de tutela ou 2009) Vigência
guarda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Art. 102. As medidas de proteção de que
2009) Vigência trata este Capítulo serão acompanhadas da
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério regularização do registro civil. (Vide Lei nº
Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o 12.010, de 2009) Vigência
ingresso com a ação de destituição do poder § 1º Verificada a inexistência de registro
familiar, salvo se entender necessária a anterior, o assento de nascimento da criança
realização de estudos complementares ou ou adolescente será feito à vista dos elementos
outras providências que entender disponíveis, mediante requisição da
indispensáveis ao ajuizamento da autoridade judiciária.
demanda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 2º Os registros e certidões necessários à
2009) Vigência regularização de que trata este artigo são
§ 11. A autoridade judiciária manterá, isentos de multas, custas e emolumentos,
em cada comarca ou foro regional, um gozando de absoluta prioridade.
cadastro contendo informações atualizadas § 3 o Caso ainda não definida a
sobre as crianças e adolescentes em regime paternidade, será deflagrado procedimento
de acolhimento familiar e institucional sob sua específico destinado à sua averiguação,
responsabilidade, com informações conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29
pormenorizadas sobre a situação jurídica de de dezembro de 1992. (Incluído pela Lei nº
cada um, bem como as providências tomadas 12.010, de 2009) Vigência
para sua reintegração familiar ou colocação
§ 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste
em família substituta, em qualquer das
artigo, é dispensável o ajuizamento de ação
modalidades previstas no art. 28 desta
de investigação de paternidade pelo Ministério
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Público se, após o não comparecimento ou a
Vigência
recusa do suposto pai em assumir a
§ 1 2 . Terão acesso ao cadastro o paternidade a ele atribuída, a criança for
Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão encaminhada para adoção. (Incluído pela Lei
gestor da Assistência Social e os Conselhos nº 12.010, de 2009) Vigência
Municipais dos Direitos da Criança e do

50
Estatuto da Criança e do Adolescente

Título III autoridade judiciária competente e à família


Da Prática de Ato Infracional do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde
Capítulo I logo e sob pena de responsabilidade, a
Disposições Gerais possibilidade de liberação imediata.
Art. 108. A internação, antes da sentença,
Art. 103. Considera-se ato infracional a
pode ser determinada pelo prazo máximo de
conduta descrita como crime ou contravenção
quarenta e cinco dias.
penal.
Parágrafo único. A decisão deverá ser
Art. 104. São penalmente inimputáveis os
fundamentada e basear-se em indícios
menores de dezoito anos, sujeitos às medidas
suficientes de autoria e materialidade,
previstas nesta Lei.
demonstrada a necessidade imperiosa da
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, medida.
deve ser considerada a idade do adolescente
Art. 109. O adolescente civilmente
à data do fato.
identificado não será submetido a
Art. 105. Ao ato infracional praticado por identificação compulsória pelos órgãos
criança corresponderão as medidas previstas policiais, de proteção e judiciais, salvo para
no art. 101. efeito de confrontação, havendo dúvida
fundada.
Capítulo II
Dos Direitos Individuais
Capítulo III
Art. 106. Nenhum adolescente será
Das Garantias Processuais
privado de sua liberdade senão em flagrante
de ato infracional ou por ordem escrita e Art. 110. Nenhum adolescente será
fundamentada da autoridade judiciária privado de sua liberdade sem o devido
competente. processo legal.
Parágrafo único. O adolescente tem direito Art. 111. São asseguradas ao adolescente,
à identificação dos responsáveis pela sua entre outras, as seguintes garantias:
apreensão, devendo ser informado acerca de I - pleno e formal conhecimento da
seus direitos. atribuição de ato infracional, mediante
Art. 107. A apreensão de qualquer citação ou meio equivalente;
adolescente e o local onde se encontra II - igualdade na relação processual,
recolhido serão incontinenti comunicados à podendo confrontar-se com vítimas e

51
Estatuto da Criança e do Adolescente

testemunhas e produzir todas as provas la, as circunstâncias e a gravidade da


necessárias à sua defesa; infração.
III - defesa técnica por advogado; § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto
IV - assistência judiciária gratuita e integral algum, será admitida a prestação de trabalho
aos necessitados, na forma da lei; forçado.
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela § 3º Os adolescentes portadores de
autoridade competente; doença ou deficiência mental receberão
tratamento individual e especializado, em
VI - direito de solicitar a presença de seus local adequado às suas condições.
pais ou responsável em qualquer fase
do procedimento. Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o
disposto nos arts. 99 e 100.
Art. 114. A imposição das medidas
Capítulo IV
previstas nos incisos II a VI do art. 112
Das Medidas Sócio-Educativas pressupõe a existência de provas suficientes
da autoria e da materialidade da infração,
Seção I ressalvada a hipótese de remissão, nos termos
Disposições Gerais do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser
Art. 112. Verificada a prática de ato aplicada sempre que houver prova da
infracional, a autoridade competente poderá materialidade e indícios suficientes da autoria.
aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
Seção II
II - obrigação de reparar o dano; Da Advertência
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida; Art. 115. A advertência consistirá em
admoestação verbal, que será reduzida a
V - inserção em regime de semi-liberdade;
termo e assinada.
VI - internação em estabelecimento
Seção III
educacional;
Da Obrigação de Reparar o Dano
VII - qualquer uma das previstas no art.
101, I a VI. Art. 116. Em se tratando de ato infracional
§ 1º A medida aplicada ao adolescente com reflexos patrimoniais, a autoridade
levará em conta a sua capacidade de cumpri- poderá determinar, se for o caso, que o

52
Estatuto da Criança e do Adolescente

adolescente restitua a coisa, promova o § 1º A autoridade designará pessoa


ressarcimento do dano, ou, por outra forma, capacitada para acompanhar o caso, a qual
compense o prejuízo da vítima. poderá ser recomendada por entidade ou
Parágrafo único. Havendo manifesta programa de atendimento.
impossibilidade, a medida poderá ser § 2º A liberdade assistida será fixada pelo
substituída por outra adequada. prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou
substituída por outra medida, ouvido o
Seção IV
orientador, o Ministério Público e o defensor.
Da Prestação de Serviços à
Comunidade Art. 119. Incumbe ao orientador, com o
apoio e a supervisão da autoridade
competente, a realização dos seguintes
Art. 117. A prestação de serviços
encargos, entre outros:
comunitários consiste na realização de tarefas
gratuitas de interesse geral, por período não I - promover socialmente o adolescente e
excedente a seis meses, junto a entidades sua família, fornecendo-lhes orientação
assistenciais, hospitais, escolas e outros e inserindo-os, se necessário, em
estabelecimentos congêneres, bem como em programa oficial ou comunitário de
programas comunitários ou governamentais. auxílio e assistência social;
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas II - supervisionar a freqüência e o
conforme as aptidões do adolescente, aproveitamento escolar do adolescente,
devendo ser cumpridas durante jornada promovendo, inclusive, sua matrícula;
máxima de oito horas semanais, aos sábados, III - diligenciar no sentido da
domingos e feriados ou em dias úteis, de profissionalização do adolescente e de
modo a não prejudicar a freqüência à escola sua inserção no mercado de trabalho;
ou à jornada normal de trabalho.
IV - apresentar relatório do caso.
Seção V
Da Liberdade Assistida
Art. 118. A liberdade assistida será
adotada sempre que se afigurar a medida
mais adequada para o fim de acompanhar,
auxiliar e orientar o adolescente.

53
Estatuto da Criança e do Adolescente

Seção VI § 3º Em nenhuma hipótese o período


Do Regime de Semi-liberdade máximo de internação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode parágrafo anterior, o adolescente deverá ser
ser determinado desde o início, ou como liberado, colocado em regime de semi-
forma de transição para o meio aberto, liberdade ou de liberdade assistida.
possibilitada a realização de atividades § 5º A liberação será compulsória aos vinte
externas, independentemente de autorização e um anos de idade.
judicial.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a será precedida de autorização judicial, ouvido
profissionalização, devendo, sempre que o Ministério Público.
possível, ser utilizados os recursos existentes
na comunidade. Art. 122. A medida de internação só
poderá ser aplicada quando:
§ 2º A medida não comporta prazo
determinado aplicando-se, no que couber, as I - tratar-se de ato infracional cometido
disposições relativas à internação. mediante grave ameaça ou violência a
pessoa;
II - por reiteração no cometimento de
Seção VII
outras infrações graves;
Da Internação
III - por descumprimento reiterado e
Art. 121. A internação constitui medida injustificável da medida anteriormente
privativa da liberdade, sujeita aos princípios imposta.
de brevidade, excepcionalidade e respeito à § 1º O prazo de internação na hipótese
condição peculiar de pessoa em do inciso III deste artigo não poderá ser
desenvolvimento. superior a três meses.
§ 1º Será permitida a realização de § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada
atividades externas, a critério da equipe a internação, havendo outra medida
técnica da entidade, salvo expressa adequada.
determinação judicial em contrário. Art. 123. A internação deverá ser cumprida
§ 2º A medida não comporta prazo em entidade exclusiva para adolescentes, em
determinado, devendo sua manutenção ser local distinto daquele destinado ao abrigo,
reavaliada, mediante decisão fundamentada, obedecida rigorosa separação por critérios
no máximo a cada seis meses. de idade, compleição física e gravidade da
infração.

54
Estatuto da Criança e do Adolescente

Parágrafo único. Durante o período de XV - manter a posse de seus objetos


internação, inclusive provisória, serão pessoais e dispor de local seguro para
obrigatórias atividades pedagógicas. guardá-los, recebendo comprovante
Art. 124. São direitos do adolescente daqueles porventura depositados em
privado de liberdade, entre outros, os poder da entidade;
seguintes: XVI - receber, quando de sua
I - entrevistar-se pessoalmente com o desinternação, os documentos pessoais
representante do Ministério Público; indispensáveis à vida em sociedade.
II - peticionar diretamente a qualquer § 1º Em nenhum caso haverá
autoridade; incomunicabilidade.
III - avistar-se reservadamente com seu § 2º A autoridade judiciária poderá
defensor; suspender temporariamente a visita, inclusive
IV - ser informado de sua situação de pais ou responsável, se existirem motivos
processual, sempre que solicitada; sérios e fundados de sua prejudicialidade aos
V - ser tratado com respeito e dignidade; interesses do adolescente.
VI - permanecer internado na mesma Art. 125. É dever do Estado zelar pela
localidade ou naquela mais próxima ao integridade física e mental dos internos,
domicílio de seus pais ou responsável; cabendo-lhe adotar as medidas adequadas
de contenção e segurança.
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares
e amigos; Capítulo V
IX - ter acesso aos objetos necessários à Da Remissão
higiene e asseio pessoal;
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento
X - habitar alojamento em condições
judicial para apuração de ato infracional, o
adequadas de higiene e salubridade;
representante do Ministério Público poderá
XI - receber escolarização e profissionalização; conceder a remissão, como forma de exclusão
XII - realizar atividades culturais, esportivas do processo, atendendo às circunstâncias e
e de lazer: conseqüências do fato, ao contexto social,
XIII - ter acesso aos meios de comunicação bem como à personalidade do adolescente e
social; sua maior ou menor participação no ato
infracional.
XIV - receber assistência religiosa, segundo
a sua crença, e desde que assim o Parágrafo único. Iniciado o procedimento,
deseje; a concessão da remissão pela autoridade

55
Estatuto da Criança e do Adolescente

judiciária importará na suspensão ou extinção VI - obrigação de encaminhar a criança ou


do processo. adolescente a tratamento especializado;
Art. 127. A remissão não implica VII - advertência;
necessariamente o reconhecimento ou VIII - perda da guarda;
comprovação da responsabilidade, nem
prevalece para efeito de antecedentes, IX - destituição da tutela;
podendo incluir eventualmente a aplicação X - suspensão ou destituição do poder
de qualquer das medidas previstas em lei, familiar. (Expressão substituída pela Lei
exceto a colocação em regime de semi- nº 12.010, de 2009) Vigência
liberdade e a internação. Parágrafo único. Na aplicação das
Art. 128. A medida aplicada por força da medidas previstas nos incisos IX e X deste
remissão poderá ser revista judicialmente, a artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23
qualquer tempo, mediante pedido expresso e 24.
do adolescente ou de seu representante legal, Art. 130. Verificada a hipótese de maus-
ou do Ministério Público. tratos, opressão ou abuso sexual impostos
pelos pais ou responsável, a autoridade
Título IV judiciária poderá determinar, como medida
Das Medidas Pertinentes aos Pais cautelar, o afastamento do agressor da
ou Responsável moradia comum.

Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais


ou responsável: Título V
Do Conselho Tutelar
I - encaminhamento a programa oficial ou
comunitário de proteção à família;
Capítulo I
II - inclusão em programa oficial ou Disposições Gerais
comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão
III - encaminhamento a tratamento permanente e autônomo, não jurisdicional,
psicológico ou psiquiátrico; encarregado pela sociedade de zelar pelo
IV - encaminhamento a cursos ou cumprimento dos direitos da criança e do
programas de orientação; adolescente, definidos nesta Lei.
V - obrigação de matricular o filho ou Art. 132. Em cada Município haverá,
pupilo e acompanhar sua freqüência e no mínimo, um Conselho Tutelar composto
aproveitamento escolar; de cinco membros, escolhidos pela

56
Estatuto da Criança e do Adolescente

comunidade local para mandato de três anos, II - atender e aconselhar os pais ou


permitida uma recondução. (Redação dada responsável, aplicando as medidas
pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) previstas no art. 129, I a VII;
Art. 133. Para a candidatura a membro III - promover a execução de suas decisões,
do Conselho Tutelar, serão exigidos os podendo para tanto:
seguintes requisitos: a) requisitar serviços públicos nas áreas de
I - reconhecida idoneidade moral; saúde, educação, serviço social,
II - idade superior a vinte e um anos; previdência, trabalho e segurança;
III - residir no município. b) representar junto à autoridade judiciária
nos casos de descumprimento
Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, injustificado de suas deliberações.
dia e horário de funcionamento do Conselho
Tutelar, inclusive quanto a eventual IV - encaminhar ao Ministério Público
remuneração de seus membros. notícia de fato que constitua infração
administrativa ou penal contra os direitos
Parágrafo único. Constará da lei da criança ou adolescente;
orçamentária municipal previsão dos recursos
necessários ao funcionamento do Conselho V - encaminhar à autoridade judiciária os
Tutelar. casos de sua competência;
Art. 135. O exercício efetivo da função de VI - providenciar a medida estabelecida
conselheiro constituirá serviço público pela autoridade judiciária, dentre as
relevante, estabelecerá presunção de previstas no art. 101, de I a VI, para o
idoneidade moral e assegurará prisão adolescente autor de ato infracional;
especial, em caso de crime comum, até o VII - expedir notificações;
julgamento definitivo. VIII - requisitar certidões de nascimento e
de óbito de criança ou adolescente
Capítulo II quando necessário;
Das Atribuições do Conselho IX - assessorar o Poder Executivo local na
elaboração da proposta orçamentária
Art. 136. São atribuições do Conselho para planos e programas de atendimento
Tutelar: dos direitos da criança e do adolescente;
I - atender as crianças e adolescentes nas X - representar, em nome da pessoa e da
hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, família, contra a violação dos direitos
aplicando as medidas previstas no art. previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
101, I a VII; Constituição Federal;

57
Estatuto da Criança e do Adolescente

XI - representar ao Ministério Público para dos Direitos da Criança e do Adolescente, e


efeito das ações de perda ou suspensão a fiscalização do Ministério Público. (Redação
do poder familiar, após esgotadas as dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
possibilidades de manutenção da
criança ou do adolescente junto à
família natural. (Redação dada pela Lei Capítulo V
nº 12.010, de 2009) Vigência Dos Impedimentos
Parágrafo único. Se, no exercício de suas
atribuições, o Conselho Tutelar entender Art. 140. São impedidos de servir no
necessário o afastamento do convívio familiar, mesmo Conselho marido e mulher,
comunicará incontinenti o fato ao Ministério ascendentes e descendentes, sogro e genro
Público, prestando-lhe informações sobre os ou nora, irmãos, cunhados, durante o
motivos de tal entendimento e as providências cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou
tomadas para a orientação, o apoio e a madrasta e enteado.
promoção social da família. (Incluído pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Estende-se o impedimento
do conselheiro, na forma deste artigo, em
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar relação à autoridade judiciária e ao
somente poderão ser revistas pela autoridade representante do Ministério Público com atuação
judiciária a pedido de quem tenha legítimo
na Justiça da Infância e da Juventude, em
interesse.
exercício na comarca, foro regional ou distrital.

Capítulo III Título VI


Da Competência Do Acesso à Justiça
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a Capítulo I
regra de competência constante do art. 147. Disposições Gerais

Capítulo IV Art. 141. É garantido o acesso de toda


Da Escolha dos Conselheiros criança ou adolescente à Defensoria Pública,
ao Ministério Público e ao Poder Judiciário,
Art. 139. O processo para a escolha dos por qualquer de seus órgãos.
membros do Conselho Tutelar será § 1º. A assistência judiciária gratuita será
estabelecido em lei municipal e realizado sob prestada aos que dela necessitarem, através
a responsabilidade do Conselho Municipal de defensor público ou advogado nomeado.

58
Estatuto da Criança e do Adolescente

§ 2º As ações judiciais da competência Capítulo II


da Justiça da Infância e da Juventude são Da Justiça da Infância e da
isentas de custas e emolumentos, ressalvada Juventude
a hipótese de litigância de má-fé.
Art. 142. Os menores de dezesseis anos Seção I
serão representados e os maiores de dezesseis Disposições Gerais
e menores de vinte e um anos assistidos por
seus pais, tutores ou curadores, na forma da Art. 145. Os estados e o Distrito Federal
legislação civil ou processual. poderão criar varas especializadas e
Parágrafo único. A autoridade judiciária exclusivas da infância e da juventude,
dará curador especial à criança ou cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua
adolescente, sempre que os interesses destes proporcionalidade por número de habitantes,
colidirem com os de seus pais ou responsável, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o
ou quando carecer de representação ou atendimento, inclusive em plantões.
assistência legal ainda que eventual.
Art. 143. E vedada a divulgação de atos Seção II
judiciais, policiais e administrativos que digam Do Juiz
respeito a crianças e adolescentes a que se
atribua autoria de ato infracional. Art. 146. A autoridade a que se refere esta
Parágrafo único. Qualquer notícia a Lei é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o
respeito do fato não poderá identificar a juiz que exerce essa função, na forma da lei
criança ou adolescente, vedando-se de organização judiciária local.
fotografia, referência a nome, apelido, Art. 147. A competência será determinada:
filiação, parentesco, residência e, inclusive,
iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) II - pelo lugar onde se encontre a criança
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão ou adolescente, à falta dos pais ou
de atos a que se refere o artigo anterior responsável.
somente será deferida pela autoridade § 1º. Nos casos de ato infracional, será
judiciária competente, se demonstrado o competente a autoridade do lugar da ação
interesse e justificada a finalidade. ou omissão, observadas as regras de
conexão, continência e prevenção.
§ 2º A execução das medidas poderá ser
delegada à autoridade competente da

59
Estatuto da Criança e do Adolescente

residência dos pais ou responsável, ou do VII - conhecer de casos encaminhados pelo


local onde sediar-se a entidade que abrigar Conselho Tutelar, aplicando as medidas
a criança ou adolescente. cabíveis.
§ 3º Em caso de infração cometida através Parágrafo único. Quando se tratar de
de transmissão simultânea de rádio ou criança ou adolescente nas hipóteses do art.
televisão, que atinja mais de uma comarca, 98, é também competente a Justiça da
será competente, para aplicação da Infância e da Juventude para o fim de:
penalidade, a autoridade judiciária do local
da sede estadual da emissora ou rede, tendo a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
a sentença eficácia para todas as transmissoras b) conhecer de ações de destituição do
ou retransmissoras do respectivo estado. poder familiar, perda ou modificação da
Art. 148. A Justiça da Infância e da tutela ou guarda; (Expressão substituída
Juventude é competente para: pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
I - conhecer de representações promovidas
pelo Ministério Público, para apuração c) suprir a capacidade ou o consentimento
de ato infracional atribuído a para o casamento;
adolescente, aplicando as medidas d) conhecer de pedidos baseados em
cabíveis; discordância paterna ou materna, em
II - conceder a remissão, como forma de relação ao exercício do poder familiar;
suspensão ou extinção do processo; (Expressão substituída pela Lei nº
III - conhecer de pedidos de adoção e seus 12.010, de 2009) Vigência
incidentes; e) conceder a emancipação, nos termos
IV - conhecer de ações civis fundadas em da lei civil, quando faltarem os pais;
interesses individuais, difusos ou f) designar curador especial em casos de
coletivos afetos à criança e ao apresentação de queixa ou
adolescente, observado o disposto no
representação, ou de outros
art. 209;
procedimentos judiciais ou extrajudiciais
V - conhecer de ações decorrentes de em que haja interesses de criança ou
irregularidades em entidades de adolescente;
atendimento, aplicando as medidas
cabíveis; g) conhecer de ações de alimentos;

VI - aplicar penalidades administrativas nos h) determinar o cancelamento, a


casos de infrações contra norma de retificação e o suprimento dos registros
proteção à criança ou adolescente; de nascimento e óbito.

60
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 149. Compete à autoridade judiciária Seção III


disciplinar, através de portaria, ou autorizar, Dos Serviços Auxiliares
mediante alvará:
I - a entrada e permanência de criança ou Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na
adolescente, desacompanhado dos pais elaboração de sua proposta orçamentária,
ou responsável, em: prever recursos para manutenção de equipe
interprofissional, destinada a assessorar a
a) estádio, ginásio e campo desportivo; Justiça da Infância e da Juventude.
b) bailes ou promoções dançantes; Art. 151. Compete à equipe interprofissional
c) boate ou congêneres; dentre outras atribuições que lhe forem
d) casa que explore comercialmente reservadas pela legislação local, fornecer
diversões eletrônicas; subsídios por escrito, mediante laudos, ou
verbalmente, na audiência, e bem assim
e) estúdios cinematográficos, de teatro,
desenvolver trabalhos de aconselhamento,
rádio e televisão.
orientação, encaminhamento, prevenção e
II - a participação de criança e adolescente outros, tudo sob a imediata subordinação à
em: autoridade judiciária, assegurada a livre
a) espetáculos públicos e seus ensaios; manifestação do ponto de vista técnico.
b) certames de beleza.
Capítulo III
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo,
Dos Procedimentos
a autoridade judiciária levará em conta,
dentre outros fatores:
Seção I
a) os princípios desta Lei; Disposições Gerais
b) as peculiaridades locais;
Art. 152. Aos procedimentos regulados
c) a existência de instalações adequadas;
nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as
d) o tipo de freqüência habitual ao local; normas gerais previstas na legislação
e) a adequação do ambiente a eventual processual pertinente.
participação ou freqüência de crianças Parágrafo único. É assegurada, sob pena
e adolescentes; de responsabilidade, prioridade absoluta na
f) a natureza do espetáculo. tramitação dos processos e procedimentos
§ 2º As medidas adotadas na previstos nesta Lei, assim como na execução
conformidade deste artigo deverão ser dos atos e diligências judiciais a eles
fundamentadas, caso a caso, vedadas as referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
determinações de caráter geral. 2009) Vigência

61
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 153. Se a medida judicial a ser tratando de pedido formulado por


adotada não corresponder a procedimento representante do Ministério Público;
previsto nesta ou em outra lei, a autoridade III - a exposição sumária do fato e o pedido;
judiciária poderá investigar os fatos e ordenar
de ofício as providências necessárias, ouvido IV - as provas que serão produzidas,
o Ministério Público. oferecendo, desde logo, o rol de
testemunhas e documentos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo
não se aplica para o fim de afastamento da Art. 157. Havendo motivo grave, poderá
criança ou do adolescente de sua família de a autoridade judiciária, ouvido o Ministério
origem e em outros procedimentos Público, decretar a suspensão do poder
necessariamente contenciosos. (Incluído pela familiar, liminar ou incidentalmente, até o
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência julgamento definitivo da causa, ficando a
criança ou adolescente confiado a pessoa
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto idônea, mediante termo de responsabilidade.
no art. 214. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Seção II Art. 158. O requerido será citado para,
Da Perda e da Suspensão do no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita,
Familiar indicando as provas a serem produzidas e
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, oferecendo desde logo o rol de testemunhas
de 2009) Vigência e documentos.
Parágrafo único. Deverão ser esgotados
todos os meios para a citação pessoal.
Art. 155. O procedimento para a perda
ou a suspensão do poder familiar terá início Art. 159. Se o requerido não tiver
por provocação do Ministério Público ou de possibilidade de constituir advogado, sem
quem tenha legítimo interesse. (Expressão prejuízo do próprio sustento e de sua família,
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) poderá requerer, em cartório, que lhe seja
Vigência nomeado dativo, ao qual incumbirá a
apresentação de resposta, contando-se o
Art. 156. A petição inicial indicará: prazo a partir da intimação do despacho de
I - a autoridade judiciária a que for nomeação.
dirigida; Art. 160. Sendo necessário, a autoridade
II - o nome, o estado civil, a profissão e a judiciária requisitará de qualquer repartição
residência do requerente e do requerido, ou órgão público a apresentação de
dispensada a qualificação em se documento que interesse à causa, de ofício

62
Estatuto da Criança e do Adolescente

ou a requerimento das partes ou do Ministério § 4o É obrigatória a oitiva dos pais sempre


Público. que esses forem identificados e estiverem em
local conhecido. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Art. 161. Não sendo contestado o pedido,
de 2009) Vigência
a autoridade judiciária dará vista dos autos
ao Ministério Público, por cinco dias, salvo Art. 162. Apresentada a resposta, a
quando este for o requerente, decidindo em autoridade judiciária dará vista dos autos ao
igual prazo. Ministério Público, por cinco dias, salvo
quando este for o requerente, designando,
§ 1o A autoridade judiciária, de ofício ou desde logo, audiência de instrução e
a requerimento das partes ou do Ministério julgamento.
Público, determinará a realização de estudo § 1º A requerimento de qualquer das
social ou perícia por equipe interprofissional partes, do Ministério Público, ou de ofício, a
ou multidisciplinar, bem como a oitiva de autoridade judiciária poderá determinar a
testemunhas que comprovem a presença de realização de estudo social ou, se possível,
uma das causas de suspensão ou destituição de perícia por equipe interprofissional.
do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e
§ 2º Na audiência, presentes as partes e
1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de o Ministério Público, serão ouvidas as
2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta testemunhas, colhendo-se oralmente o
Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de parecer técnico, salvo quando apresentado
2009) Vigência por escrito, manifestando-se sucessivamente
§ 2 o Em sendo os pais oriundos de o requerente, o requerido e o Ministério
comunidades indígenas, é ainda obrigatória Público, pelo tempo de vinte minutos cada
a intervenção, junto à equipe profissional ou um, prorrogável por mais dez. A decisão será
multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, proferida na audiência, podendo a autoridade
de representantes do órgão federal judiciária, excepcionalmente, designar data
responsável pela política indigenista, para sua leitura no prazo máximo de cinco
dias.
observado o disposto no § 6o do art. 28 desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de Art. 163. O prazo máximo para
2009) Vigência conclusão do procedimento será de 120
(cento e vinte) dias. (Redação dada pela Lei
§ 3o Se o pedido importar em modificação nº 12.010, de 2009) Vigência
de guarda, será obrigatória, desde que
possível e razoável, a oitiva da criança ou Parágrafo único. A sentença que decretar
a perda ou a suspensão do poder familiar
adolescente, respeitado seu estágio de
será averbada à margem do registro de
desenvolvimento e grau de compreensão
nascimento da criança ou do adolescente.
sobre as implicações da medida. (Incluído (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência

63
Estatuto da Criança e do Adolescente

Seção III Parágrafo único. Em se tratando de


Da Destituição da Tutela adoção, observar-se-ão também os requisitos
específicos.
Art. 164. Na destituição da tutela, Art. 166. Se os pais forem falecidos,
observar-se-á o procedimento para a tiverem sido destituídos ou suspensos do poder
remoção de tutor previsto na lei processual familiar, ou houverem aderido expressamente
civil e, no que couber, o disposto na seção ao pedido de colocação em família substituta,
anterior. este poderá ser formulado diretamente em
cartório, em petição assinada pelos próprios
Seção IV requerentes, dispensada a assistência de
Da Colocação em Família advogado. (Redação dada pela Lei nº
Substituta 12.010, de 2009) Vigência
§ 1o Na hipótese de concordância dos
Art. 165. São requisitos para a concessão pais, esses serão ouvidos pela autoridade
de pedidos de colocação em família judiciária e pelo representante do Ministério
substituta: Público, tomando-se por termo as
I - qualificação completa do requerente e declarações. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
de seu eventual cônjuge, ou 2009) Vigência
companheiro, com expressa anuência § 2o O consentimento dos titulares do
deste; poder familiar será precedido de orientações
II - indicação de eventual parentesco do e esclarecimentos prestados pela equipe
requerente e de seu cônjuge, ou interprofissional da Justiça da Infância e da
companheiro, com a criança ou Juventude, em especial, no caso de adoção,
adolescente, especificando se tem ou sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído
não parente vivo; pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - qualificação completa da criança ou § 3o O consentimento dos titulares do
adolescente e de seus pais, se poder familiar será colhido pela autoridade
conhecidos; judiciária competente em audiência, presente
IV - indicação do cartório onde foi inscrito o Ministério Público, garantida a livre
nascimento, anexando, se possível, uma manifestação de vontade e esgotados os
cópia da respectiva certidão; esforços para manutenção da criança ou do
V - declaração sobre a existência de bens, adolescente na família natural ou
direitos ou rendimentos relativos à extensa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
criança ou ao adolescente. 2009) Vigência

64
Estatuto da Criança e do Adolescente

§ 4 o O consentimento prestado por Art. 168. Apresentado o relatório social


escrito não terá validade se não for ratificado ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que
na audiência a que se refere o § 3o deste possível, a criança ou o adolescente, dar-se-
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de á vista dos autos ao Ministério Público, pelo
2009) Vigência prazo de cinco dias, decidindo a autoridade
§ 5o O consentimento é retratável até a judiciária em igual prazo.
data da publicação da sentença constitutiva Art. 169. Nas hipóteses em que a
da adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de destituição da tutela, a perda ou a suspensão
2009) Vigência do poder familiar constituir pressuposto lógico
§ 6o O consentimento somente terá valor da medida principal de colocação em família
se for dado após o nascimento da criança. substituta, será observado o procedimento
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) contraditório previsto nas Seções II e III deste
Vigência Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
§ 7o A família substituta receberá a devida
orientação por intermédio de equipe técnica Parágrafo único. A perda ou a modificação
interprofissional a serviço do Poder Judiciário, da guarda poderá ser decretada nos mesmos
preferencialmente com apoio dos técnicos autos do procedimento, observado o disposto
responsáveis pela execução da política no art. 35.
municipal de garantia do direito à convivência Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela,
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de observar-se-á o disposto no art. 32, e, quanto
2009) Vigência à adoção, o contido no art. 47.
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício Parágrafo único. A colocação de criança
ou a requerimento das partes ou do Ministério ou adolescente sob a guarda de pessoa
Público, determinará a realização de estudo inscrita em programa de acolhimento familiar
social ou, se possível, perícia por equipe será comunicada pela autoridade judiciária
interprofissional, decidindo sobre a concessão à entidade por este responsável no prazo
de guarda provisória, bem como, no caso de máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei
adoção, sobre o estágio de convivência. nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Deferida a concessão
da guarda provisória ou do estágio de
convivência, a criança ou o adolescente será
entregue ao interessado, mediante termo de
responsabilidade. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência

65
Estatuto da Criança e do Adolescente

Seção V Art. 174. Comparecendo qualquer dos


Da Apuração de Ato Infracional pais ou responsável, o adolescente será
Atribuído a Adolescente prontamente liberado pela autoridade
policial, sob termo de compromisso e
Art. 171. O adolescente apreendido por responsabilidade de sua apresentação ao
força de ordem judicial será, desde logo, representante do Ministério Público, no
encaminhado à autoridade judiciária. mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro
dia útil imediato, exceto quando, pela
Art. 172. O adolescente apreendido em gravidade do ato infracional e sua
flagrante de ato infracional será, desde logo, repercussão social, deva o adolescente
encaminhado à autoridade policial competente. permanecer sob internação para garantia de
Parágrafo único. Havendo repartição sua segurança pessoal ou manutenção da
policial especializada para atendimento de ordem pública.
adolescente e em se tratando de ato Art. 175. Em caso de não liberação, a
infracional praticado em co-autoria com autoridade policial encaminhará, desde logo,
maior, prevalecerá a atribuição da repartição o adolescente ao representante do Ministério
especializada, que, após as providências Público, juntamente com cópia do auto de
necessárias e conforme o caso, encaminhará apreensão ou boletim de ocorrência.
o adulto à repartição policial própria.
§ 1º Sendo impossível a apresentação
Art. 173. Em caso de flagrante de ato imediata, a autoridade policial encaminhará
infracional cometido mediante violência ou o adolescente à entidade de atendimento, que
grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, fará a apresentação ao representante do
sem prejuízo do disposto nos arts. 106, Ministério Público no prazo de vinte e quatro
parágrafo único, e 107, deverá: horas.
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as § 2º Nas localidades onde não houver
testemunhas e o adolescente; entidade de atendimento, a apresentação far-
II - apreender o produto e os instrumentos se-á pela autoridade policial. À falta de
da infração; repartição policial especializada, o
III - requisitar os exames ou perícias adolescente aguardará a apresentação em
necessários à comprovação da dependência separada da destinada a
materialidade e autoria da infração. maiores, não podendo, em qualquer hipótese,
exceder o prazo referido no parágrafo
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de anterior.
flagrante, a lavratura do auto poderá ser
substituída por boletim de ocorrência Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a
circunstanciada. autoridade policial encaminhará imediatamente

66
Estatuto da Criança e do Adolescente

ao representante do Ministério Público cópia do III - representar à autoridade judiciária para


auto de apreensão ou boletim de ocorrência. aplicação de medida sócio-educativa.
Art. 177. Se, afastada a hipótese de Art. 181. Promovido o arquivamento dos
flagrante, houver indícios de participação de autos ou concedida a remissão pelo
adolescente na prática de ato infracional, a representante do Ministério Público, mediante
autoridade policial encaminhará ao termo fundamentado, que conterá o resumo
representante do Ministério Público relatório dos fatos, os autos serão conclusos à
das investigações e demais documentos. autoridade judiciária para homologação.
Art. 178. O adolescente a quem se atribua § 1º Homologado o arquivamento ou a
autoria de ato infracional não poderá ser remissão, a autoridade judiciária determinará,
conduzido ou transportado em compartimento conforme o caso, o cumprimento da medida.
fechado de veículo policial, em condições
atentatórias à sua dignidade, ou que § 2º Discordando, a autoridade judiciária
impliquem risco à sua integridade física ou fará remessa dos autos ao Procurador-Geral
mental, sob pena de responsabilidade. de Justiça, mediante despacho fundamentado,
e este oferecerá representação, designará outro
Art. 179. Apresentado o adolescente, o membro do Ministério Público para apresentá-
representante do Ministério Público, no la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão,
mesmo dia e à vista do auto de apreensão, que só então estará a autoridade judiciária
boletim de ocorrência ou relatório policial,
obrigada a homologar.
devidamente autuados pelo cartório judicial
e com informação sobre os antecedentes do Art. 182. Se, por qualquer razão, o
adolescente, procederá imediata e representante do Ministério Público não
informalmente à sua oitiva e, em sendo promover o arquivamento ou conceder a
possível, de seus pais ou responsável, vítima remissão, oferecerá representação à
e testemunhas. autoridade judiciária, propondo a instauração
de procedimento para aplicação da medida
Parágrafo único. Em caso de não
apresentação, o representante do Ministério sócio-educativa que se afigurar a mais
Público notificará os pais ou responsável para adequada.
apresentação do adolescente, podendo § 1º A representação será oferecida por
requisitar o concurso das polícias civil e militar. petição, que conterá o breve resumo dos fatos
Art. 180. Adotadas as providências a que e a classificação do ato infracional e, quando
alude o artigo anterior, o representante do necessário, o rol de testemunhas, podendo
Ministério Público poderá: ser deduzida oralmente, em sessão diária
instalada pela autoridade judiciária.
I - promover o arquivamento dos autos;
II - conceder a remissão;

67
Estatuto da Criança e do Adolescente

§ 2º A representação independe de prova § 2º Sendo impossível a pronta


pré-constituída da autoria e materialidade. transferência, o adolescente aguardará sua
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável remoção em repartição policial, desde que
para a conclusão do procedimento, estando em seção isolada dos adultos e com
o adolescente internado provisoriamente, será instalações apropriadas, não podendo
de quarenta e cinco dias. ultrapassar o prazo máximo de cinco dias,
sob pena de responsabilidade.
Art. 184. Oferecida a representação, a
autoridade judiciária designará audiência de Art. 186. Comparecendo o adolescente,
apresentação do adolescente, decidindo, seus pais ou responsável, a autoridade
desde logo, sobre a decretação ou judiciária procederá à oitiva dos mesmos,
manutenção da internação, observado o podendo solicitar opinião de profissional
disposto no art. 108 e parágrafo. qualificado.
§ 1º O adolescente e seus pais ou § 1º Se a autoridade judiciária entender
responsável serão cientificados do teor da adequada a remissão, ouvirá o representante
representação, e notificados a comparecer à do Ministério Público, proferindo decisão.
audiência, acompanhados de advogado.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de
§ 2º Se os pais ou responsável não forem aplicação de medida de internação ou
localizados, a autoridade judiciária dará colocação em regime de semi-liberdade, a
curador especial ao adolescente. autoridade judiciária, verificando que o
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, adolescente não possui advogado constituído,
a autoridade judiciária expedirá mandado de nomeará defensor, designando, desde logo,
busca e apreensão, determinando o audiência em continuação, podendo
sobrestamento do feito, até a efetiva determinar a realização de diligências e
apresentação. estudo do caso.
§ 4º Estando o adolescente internado, será § 3º O advogado constituído ou o defensor
requisitada a sua apresentação, sem prejuízo nomeado, no prazo de três dias contado da
da notificação dos pais ou responsável. audiência de apresentação, oferecerá defesa
Art. 185. A internação, decretada ou prévia e rol de testemunhas.
mantida pela autoridade judiciária, não § 4º Na audiência em continuação,
poderá ser cumprida em estabelecimento ouvidas as testemunhas arroladas na
prisional. representação e na defesa prévia, cumpridas
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as diligências e juntado o relatório da equipe
as características definidas no art. 123, o interprofissional, será dada a palavra ao
adolescente deverá ser imediatamente representante do Ministério Público e ao
transferido para a localidade mais próxima. defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte

68
Estatuto da Criança e do Adolescente

minutos para cada um, prorrogável por mais § 2º Recaindo a intimação na pessoa do
dez, a critério da autoridade judiciária, que adolescente, deverá este manifestar se deseja
em seguida proferirá decisão. ou não recorrer da sentença.
Art. 187. Se o adolescente, devidamente
notificado, não comparecer, injustificadamente Seção VI
à audiência de apresentação, a autoridade Da Apuração de Irregularidades
judiciária designará nova data, determinando em Entidade de Atendimento
sua condução coercitiva.
Art. 188. A remissão, como forma de Art. 191. O procedimento de apuração
extinção ou suspensão do processo, poderá de irregularidades em entidade
ser aplicada em qualquer fase do governamental e não-governamental terá
procedimento, antes da sentença. início mediante portaria da autoridade
Art. 189. A autoridade judiciária não judiciária ou representação do Ministério
aplicará qualquer medida, desde que Público ou do Conselho Tutelar, onde conste,
reconheça na sentença: necessariamente, resumo dos fatos.
I - estar provada a inexistência do fato; Parágrafo único. Havendo motivo grave,
poderá a autoridade judiciária, ouvido o
II - não haver prova da existência do fato;
Ministério Público, decretar liminarmente o
III - não constituir o fato ato infracional; afastamento provisório do dirigente da
IV - não existir prova de ter o adolescente entidade, mediante decisão fundamentada.
concorrido para o ato infracional. Art. 192. O dirigente da entidade será
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, citado para, no prazo de dez dias, oferecer
estando o adolescente internado, será resposta escrita, podendo juntar documentos
imediatamente colocado em liberdade. e indicar as provas a produzir.
Art. 190. A intimação da sentença que Art. 193. Apresentada ou não a resposta,
aplicar medida de internação ou regime de e sendo necessário, a autoridade judiciária
semi-liberdade será feita: designará audiência de instrução e
julgamento, intimando as partes.
I - ao adolescente e ao seu defensor;
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as
II - quando não for encontrado o
partes e o Ministério Público terão cinco dias
adolescente, a seus pais ou responsável,
para oferecer alegações finais, decidindo a
sem prejuízo do defensor.
autoridade judiciária em igual prazo.
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a
§ 2º Em se tratando de afastamento
intimação far-se-á unicamente na pessoa do
provisório ou definitivo de dirigente de
defensor.

69
Estatuto da Criança e do Adolescente

entidade governamental, a autoridade certificando-se, em caso contrário, dos


judiciária oficiará à autoridade administrativa motivos do retardamento.
imediatamente superior ao afastado, Art. 195. O requerido terá prazo de dez
marcando prazo para a substituição. dias para apresentação de defesa, contado
§ 3º Antes de aplicar qualquer das da data da intimação, que será feita:
medidas, a autoridade judiciária poderá fixar I - pelo autuante, no próprio auto, quando
prazo para a remoção das irregularidades este for lavrado na presença do
verificadas. Satisfeitas as exigências, o requerido;
processo será extinto, sem julgamento de II - por oficial de justiça ou funcionário
mérito. legalmente habilitado, que entregará
§ 4º A multa e a advertência serão cópia do auto ou da representação ao
impostas ao dirigente da entidade ou requerido, ou a seu representante legal,
lavrando certidão;
programa de atendimento.
III - por via postal, com aviso de
recebimento, se não for encontrado o
Seção VII requerido ou seu representante legal;
Da Apuração de Infração IV - por edital, com prazo de trinta dias, se
Administrativa às Normas de incerto ou não sabido o paradeiro do
Proteção à Criança e ao requerido ou de seu representante legal.
Adolescente Art. 196. Não sendo apresentada a defesa
no prazo legal, a autoridade judiciária dará
Art. 194. O procedimento para imposição vista dos autos do Ministério Público, por cinco
de penalidade administrativa por infração às dias, decidindo em igual prazo.
normas de proteção à criança e ao Art. 197. Apresentada a defesa, a
adolescente terá início por representação do autoridade judiciária procederá na
Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, conformidade do artigo anterior, ou, sendo
ou auto de infração elaborado por servidor necessário, designará audiência de instrução
efetivo ou voluntário credenciado, e assinado e julgamento. (Vide Lei nº 12.010, de
por duas testemunhas, se possível. 2009) Vigência
§ 1º No procedimento iniciado com o auto Parágrafo único. Colhida a prova oral,
de infração, poderão ser usadas fórmulas manifestar-se-ão sucessivamente o Ministério
impressas, especificando-se a natureza e as Público e o procurador do requerido, pelo
circunstâncias da infração. tempo de vinte minutos para cada um,
prorrogável por mais dez, a critério da
§ 2º Sempre que possível, à verificação autoridade judiciária, que em seguida
da infração seguir-se-á a lavratura do auto, proferirá sentença.

70
Estatuto da Criança e do Adolescente

Seção VIII VIII - certidão negativa de distribuição


Da Habilitação de Pretendentes à cível. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Adoção 2009) Vigência
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 197-B. A autoridade judiciária, no
Vigência prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dará vista
dos autos ao Ministério Público, que no prazo
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei
domiciliados no Brasil, apresentarão petição nº 12.010, de 2009) Vigência
inicial na qual conste: (Incluído pela Lei nº I - apresentar quesitos a serem respondidos
12.010, de 2009) Vigência pela equipe interprofissional
I - qualificação completa; (Incluído pela encarregada de elaborar o estudo
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência técnico a que se refere o art. 197-C
desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010,
II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência
II - requerer a designação de audiência
III - cópias autenticadas de certidão de para oitiva dos postulantes em juízo e
nascimento ou casamento, ou testemunhas; (Incluído pela Lei nº
declaração relativa ao período de união 12.010, de 2009) Vigência
estável; (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009) Vigência III - requerer a juntada de documentos
complementares e a realização de
IV - cópias da cédula de identidade e outras diligências que entender
inscrição no Cadastro de Pessoas necessárias. (Incluído pela Lei nº
Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência
Art. 197-C. Intervirá no feito,
V - comprovante de renda e obrigatoriamente, equipe interprofissional a
domicílio; (Incluído pela Lei nº 12.010, serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
de 2009) Vigência que deverá elaborar estudo psicossocial, que
VI - atestados de sanidade física e conterá subsídios que permitam aferir a
mental; (Incluído pela Lei nº 12.010, capacidade e o preparo dos postulantes para
de 2009) Vigência o exercício de uma paternidade ou
VII - certidão de antecedentes maternidade responsável, à luz dos requisitos
criminais; (Incluído pela Lei nº 12.010, e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº
de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência

71
Estatuto da Criança e do Adolescente

§ 1o É obrigatória a participação dos Parágrafo único. Caso não sejam


postulantes em programa oferecido pela requeridas diligências, ou sendo essas
Justiça da Infância e da Juventude indeferidas, a autoridade judiciária
preferencialmente com apoio dos técnicos determinará a juntada do estudo psicossocial,
responsáveis pela execução da política abrindo a seguir vista dos autos ao Ministério
municipal de garantia do direito à convivência Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual
familiar, que inclua preparação psicológica, prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
orientação e estímulo à adoção inter-racial, 2009) Vigência
de crianças maiores ou de adolescentes, com Art. 197-E. Deferida a habilitação, o
necessidades específicas de saúde ou com postulante será inscrito nos cadastros referidos
deficiências e de grupos de irmãos. (Incluído no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência para a adoção feita de acordo com ordem
§ 2 o Sempre que possível e cronológica de habilitação e conforme a
recomendável, a etapa obrigatória da disponibilidade de crianças ou adolescentes
preparação referida no § 1 o deste artigo adotáveis. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
incluirá o contato com crianças e adolescentes 2009) Vigência
em regime de acolhimento familiar ou § 1 o A ordem cronológica das
institucional em condições de serem adotados, habilitações somente poderá deixar de ser
a ser realizado sob a orientação, supervisão observada pela autoridade judiciária nas
e avaliação da equipe técnica da Justiça da hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta
Infância e da Juventude, com o apoio dos Lei, quando comprovado ser essa a melhor
técnicos responsáveis pelo programa de solução no interesse do adotando. (Incluído
acolhimento familiar ou institucional e pela pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
execução da política municipal de garantia
do direito à convivência familiar. (Incluído pela § 2o A recusa sistemática na adoção das
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência crianças ou adolescentes indicados importará
na reavaliação da habilitação concedida.
Art. 197-D. Certificada nos autos a (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
conclusão da participação no programa Vigência
referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade
judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, decidirá acerca das diligências Capítulo IV
requeridas pelo Ministério Público e Dos Recursos
determinará a juntada do estudo psicossocial,
designando, conforme o caso, audiência de Art. 198. Nos procedimentos afetos à
instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº Justiça da Infância e da Juventude fica
12.010, de 2009) Vigência adotado o sistema recursal do Código de

72
Estatuto da Criança e do Adolescente

Processo Civil, aprovado pela Lei n.º 5.869, Art. 199. Contra as decisões proferidas
de 11 de janeiro de 1973, e suas alterações com base no art. 149 caberá recurso de
posteriores, com as seguintes adaptações: apelação.
I - os recursos serão interpostos Art. 199-A. A sentença que deferir a
independentemente de preparo; adoção produz efeito desde logo, embora
II - em todos os recursos, salvo o de agravo sujeita a apelação, que será recebida
de instrumento e de embargos de exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se
declaração, o prazo para interpor e para se tratar de adoção internacional ou se houver
responder será sempre de dez dias; perigo de dano irreparável ou de difícil
reparação ao adotando. (Incluído pela Lei nº
III - os recursos terão preferência de 12.010, de 2009) Vigência
julgamento e dispensarão revisor;
Art. 199-B. A sentença que destituir
IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de ambos ou qualquer dos genitores do poder
2009) Vigência familiar fica sujeita a apelação, que deverá
V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de ser recebida apenas no efeito devolutivo.
2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de Vigência
2009) Vigência Art. 199-C. Os recursos nos
VII - antes de determinar a remessa dos procedimentos de adoção e de destituição de
autos à superior instância, no caso de poder familiar, em face da relevância das
apelação, ou do instrumento, no caso questões, serão processados com prioridade
de agravo, a autoridade judiciária absoluta, devendo ser imediatamente
proferirá despacho fundamentado, distribuídos, ficando vedado que aguardem,
mantendo ou reformando a decisão, no em qualquer situação, oportuna distribuição,
prazo de cinco dias; e serão colocados em mesa para julgamento
sem revisão e com parecer urgente do
VIII - mantida a decisão apelada ou Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
agravada, o escrivão remeterá os autos 12.010, de 2009) Vigência
ou o instrumento à superior instância
dentro de vinte e quatro horas, Art. 199-D. O relator deverá colocar o
independentemente de novo pedido do processo em mesa para julgamento no prazo
recorrente; se a reformar, a remessa dos máximo de 60 (sessenta) dias, contado da
autos dependerá de pedido expresso da sua conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010,
parte interessada ou do Ministério de 2009) Vigência
Público, no prazo de cinco dias, Parágrafo único. O Ministério Público
contados da intimação. será intimado da data do julgamento e poderá

73
Estatuto da Criança e do Adolescente

na sessão, se entender necessário, apresentar inscrição de hipoteca legal e a prestação


oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº de contas dos tutores, curadores e
12.010, de 2009) Vigência quaisquer administradores de bens de
Art. 199-E. O Ministério Público poderá crianças e adolescentes nas hipóteses
requerer a instauração de procedimento para do art. 98;
apuração de responsabilidades se constatar o V - promover o inquérito civil e a ação
descumprimento das providências e do prazo civil pública para a proteção dos
previstos nos artigos anteriores. (Incluído pela interesses individuais, difusos ou
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência coletivos relativos à infância e à
adolescência, inclusive os definidos no
art. 220, § 3º inciso II, da Constituição
Capítulo V
Federal;
Do Ministério Público
VI - instaurar procedimentos administrativos
Art. 200. As funções do Ministério Público e, para instruí-los:
previstas nesta Lei serão exercidas nos termos a) expedir notificações para colher
da respectiva lei orgânica. depoimentos ou esclarecimentos e, em
Art. 201. Compete ao Ministério Público: caso de não comparecimento injustificado,
requisitar condução coercitiva, inclusive
I - conceder a remissão como forma de pela polícia civil ou militar;
exclusão do processo;
b) requisitar informações, exames, perícias
II - promover e acompanhar os e documentos de autoridades
procedimentos relativos às infrações municipais, estaduais e federais, da
atribuídas a adolescentes; administração direta ou indireta, bem
III - promover e acompanhar as ações de como promover inspeções e diligências
alimentos e os procedimentos de investigatórias;
suspensão e destituição do poder c) requisitar informações e documentos a
familiar, nomeação e remoção de particulares e instituições privadas;
tutores, curadores e guardiães, bem
como oficiar em todos os demais VII - instaurar sindicâncias, requisitar
procedimentos da competência da diligências investigatórias e determinar
Justiça da Infância e da Juventude; a instauração de inquérito policial, para
(Expressão substituída pela Lei nº apuração de ilícitos ou infrações às
12.010, de 2009) Vigência normas de proteção à infância e à
juventude;
IV - promover, de ofício ou por solicitação
dos interessados, a especialização e a

74
Estatuto da Criança e do Adolescente

VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos § 2º As atribuições constantes deste artigo
e garantias legais assegurados às não excluem outras, desde que compatíveis
crianças e adolescentes, promovendo as com a finalidade do Ministério Público.
medidas judiciais e extrajudiciais § 3º O representante do Ministério Público,
cabíveis; no exercício de suas funções, terá livre acesso
IX - impetrar mandado de segurança, de a todo local onde se encontre criança ou
injunção e habeas corpus, em qualquer adolescente.
juízo, instância ou tribunal, na defesa § 4º O representante do Ministério Público
dos interesses sociais e individuais será responsável pelo uso indevido das
indisponíveis afetos à criança e ao informações e documentos que requisitar, nas
adolescente; hipóteses legais de sigilo.
X - representar ao juízo visando à aplicação § 5º Para o exercício da atribuição de que
de penalidade por infrações cometidas trata o inciso VIII deste artigo, poderá o
contra as normas de proteção à infância representante do Ministério Público:
e à juventude, sem prejuízo da
promoção da responsabilidade civil e a) reduzir a termo as declarações do
penal do infrator, quando cabível; reclamante, instaurando o competente
procedimento, sob sua presidência;
XI - inspecionar as entidades públicas e
particulares de atendimento e os b) entender-se diretamente com a pessoa
programas de que trata esta Lei, ou autoridade reclamada, em dia, local
adotando de pronto as medidas e horário previamente notificados ou
administrativas ou judiciais necessárias acertados;
à remoção de irregularidades c) efetuar recomendações visando à
porventura verificadas; melhoria dos serviços públicos e de
XII - requisitar força policial, bem como a relevância pública afetos à criança e ao
colaboração dos serviços médicos, adolescente, fixando prazo razoável
hospitalares, educacionais e de para sua perfeita adequação.
assistência social, públicos ou privados, Art. 202. Nos processos e procedimentos
para o desempenho de suas atribuições. em que não for parte, atuará
§ 1º A legitimação do Ministério Público obrigatoriamente o Ministério Público na
para as ações cíveis previstas neste artigo não defesa dos direitos e interesses de que cuida
impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos
segundo dispuserem a Constituição e esta Lei. depois das partes, podendo juntar
documentos e requerer diligências, usando
os recursos cabíveis.

75
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 203. A intimação do Ministério processo, devendo o juiz nomear substituto,


Público, em qualquer caso, será feita ainda que provisoriamente, ou para o só efeito
pessoalmente. do ato.
Art. 204. A falta de intervenção do § 3º Será dispensada a outorga de
Ministério Público acarreta a nulidade do feito, mandato, quando se tratar de defensor
que será declarada de ofício pelo juiz ou a nomeado ou, sido constituído, tiver sido
requerimento de qualquer interessado. indicado por ocasião de ato formal com a
Art. 205. As manifestações processuais do presença da autoridade judiciária.
representante do Ministério Público deverão
ser fundamentadas. Capítulo VII
Da Proteção Judicial dos
Capítulo VI Interesses Individuais, Difusos e
Do Advogado Coletivos
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus Art. 208. Regem-se pelas disposições desta
pais ou responsável, e qualquer pessoa que Lei as ações de responsabilidade por ofensa
tenha legítimo interesse na solução da lide aos direitos assegurados à criança e ao
poderão intervir nos procedimentos de que adolescente, referentes ao não oferecimento
trata esta Lei, através de advogado, o qual
ou oferta irregular: (Vide Lei nº 12.010, de
será intimado para todos os atos,
2009) Vigência
pessoalmente ou por publicação oficial,
respeitado o segredo de justiça. I - do ensino obrigatório;
Parágrafo único. Será prestada assistência II - de atendimento educacional especializado
judiciária integral e gratuita àqueles que dela aos portadores de deficiência;
necessitarem. III - de atendimento em creche e pré-escola
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se às crianças de zero a seis anos de idade;
atribua a prática de ato infracional, ainda que IV - de ensino noturno regular, adequado
ausente ou foragido, será processado sem às condições do educando;
defensor.
V - de programas suplementares de oferta
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, de material didático-escolar, transporte
ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o e assistência à saúde do educando do
direito de, a todo tempo, constituir outro de ensino fundamental;
sua preferência.
VI - de serviço de assistência social visando
§ 2º A ausência do defensor não à proteção à família, à maternidade, à
determinará o adiamento de nenhum ato do

76
Estatuto da Criança e do Adolescente

infância e à adolescência, bem como causa, ressalvadas a competência da Justiça


ao amparo às crianças e adolescentes Federal e a competência originária dos
que dele necessitem; tribunais superiores.
VII - de acesso às ações e serviços de Art. 210. Para as ações cíveis fundadas
saúde; em interesses coletivos ou difusos,
VIII - de escolarização e profissionalização consideram-se legitimados concorrentemente:
dos adolescentes privados de liberdade. I - o Ministério Público;
IX - de ações, serviços e programas de II - a União, os estados, os municípios, o
orientação, apoio e promoção social de Distrito Federal e os territórios;
famílias e destinados ao pleno exercício III - as associações legalmente constituídas
do direito à convivência familiar por há pelo menos um ano e que incluam
crianças e adolescentes. (Incluído pela entre seus fins institucionais a defesa dos
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência interesses e direitos protegidos por esta
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não Lei, dispensada a autorização da
excluem da proteção judicial outros interesses assembléia, se houver prévia
individuais, difusos ou coletivos, próprios da autorização estatutária.
infância e da adolescência, protegidos pela § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo
Constituição e pela Lei. (Renumerado do entre os Ministérios Públicos da União e dos
Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de 2005) estados na defesa dos interesses e direitos de
§ 2o A investigação do desaparecimento que cuida esta Lei.
de crianças ou adolescentes será realizada § 2º Em caso de desistência ou abandono
imediatamente após notificação aos órgãos da ação por associação legitimada, o
competentes, que deverão comunicar o fato Ministério Público ou outro legitimado poderá
aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e assumir a titularidade ativa.
companhias de transporte interestaduais e
internacionais, fornecendo-lhes todos os Art. 211. Os órgãos públicos legitimados
dados necessários à identificação do poderão tomar dos interessados compromisso
desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, de ajustamento de sua conduta às exigências
de 2005) legais, o qual terá eficácia de título executivo
extrajudicial.
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo
serão propostas no foro do local onde ocorreu Art. 212. Para defesa dos direitos e
ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo interesses protegidos por esta Lei, são
terá competência absoluta para processar a admissíveis todas as espécies de ações
pertinentes.

77
Estatuto da Criança e do Adolescente

§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste § 1º As multas não recolhidas até trinta


Capítulo as normas do Código de Processo dias após o trânsito em julgado da decisão
Civil. serão exigidas através de execução promovida
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de pelo Ministério Público, nos mesmos autos,
autoridade pública ou agente de pessoa facultada igual iniciativa aos demais
jurídica no exercício de atribuições do poder legitimados.
público, que lesem direito líquido e certo § 2º Enquanto o fundo não for
previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, regulamentado, o dinheiro ficará depositado
que se regerá pelas normas da lei do em estabelecimento oficial de crédito, em
mandado de segurança. conta com correção monetária.
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o Art. 215. O juiz poderá conferir efeito
cumprimento de obrigação de fazer ou não suspensivo aos recursos, para evitar dano
fazer, o juiz concederá a tutela específica da irreparável à parte.
obrigação ou determinará providências que Art. 216. Transitada em julgado a sentença
assegurem o resultado prático equivalente ao que impuser condenação ao poder público,
do adimplemento. o juiz determinará a remessa de peças à
§ 1º Sendo relevante o fundamento da autoridade competente, para apuração da
demanda e havendo justificado receio de responsabilidade civil e administrativa do
ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz agente a que se atribua a ação ou omissão.
conceder a tutela liminarmente ou após Art. 217. Decorridos sessenta dias do
justificação prévia, citando o réu. trânsito em julgado da sentença condenatória
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do sem que a associação autora lhe promova a
parágrafo anterior ou na sentença, impor execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
multa diária ao réu, independentemente de facultada igual iniciativa aos demais
pedido do autor, se for suficiente ou legitimados.
compatível com a obrigação, fixando prazo Art. 218. O juiz condenará a associação
razoável para o cumprimento do preceito. autora a pagar ao réu os honorários
§ 3º A multa só será exigível do réu após advocatícios arbitrados na conformidade do
o trânsito em julgado da sentença favorável § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de
ao autor, mas será devida desde o dia em janeiro de 1973 (Código de Processo Civil),
que se houver configurado o descumprimento. quando reconhecer que a pretensão é
Art. 214. Os valores das multas reverterão manifestamente infundada.
ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos Parágrafo único. Em caso de litigância de
da Criança e do Adolescente do respectivo má-fé, a associação autora e os diretores
município.

78
Estatuto da Criança e do Adolescente

responsáveis pela propositura da ação serão autos do inquérito civil ou das peças
solidariamente condenados ao décuplo das informativas, fazendo-o fundamentadamente.
custas, sem prejuízo de responsabilidade por § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças
perdas e danos. de informação arquivados serão remetidos,
Art. 219. Nas ações de que trata este sob pena de se incorrer em falta grave, no
Capítulo, não haverá adiantamento de custas, prazo de três dias, ao Conselho Superior do
emolumentos, honorários periciais e Ministério Público.
quaisquer outras despesas. § 3º Até que seja homologada ou rejeitada
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o a promoção de arquivamento, em sessão do
servidor público deverá provocar a iniciativa Conselho Superior do Ministério público,
do Ministério Público, prestando-lhe poderão as associações legitimadas
informações sobre fatos que constituam objeto apresentar razões escritas ou documentos,
de ação civil, e indicando-lhe os elementos que serão juntados aos autos do inquérito ou
de convicção. anexados às peças de informação.
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, § 4º A promoção de arquivamento será
os juízos e tribunais tiverem conhecimento de submetida a exame e deliberação do
fatos que possam ensejar a propositura de Conselho Superior do Ministério Público,
ação civil, remeterão peças ao Ministério conforme dispuser o seu regimento.
Público para as providências cabíveis. § 5º Deixando o Conselho Superior de
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o homologar a promoção de arquivamento,
interessado poderá requerer às autoridades designará, desde logo, outro órgão do
competentes as certidões e informações que Ministério Público para o ajuizamento da
julgar necessárias, que serão fornecidas no ação.
prazo de quinze dias. Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no
Art. 223. O Ministério Público poderá que couber, as disposições da Lei n.º 7.347,
instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, de 24 de julho de 1985.
ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo
público ou particular, certidões, informações,
exames ou perícias, no prazo que assinalar,
o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público,
esgotadas todas as diligências, se convencer da
inexistência de fundamento para a propositura
da ação cível, promoverá o arquivamento dos

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Estatuto da Criança e do Adolescente

Título VII Parágrafo único. Se o crime é culposo:


Dos Crimes e Das Infrações Pena - detenção de dois a seis meses, ou
Administrativas multa.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou
Capítulo I dirigente de estabelecimento de atenção à
Dos Crimes saúde de gestante de identificar corretamente
o neonato e a parturiente, por ocasião do
Seção I parto, bem como deixar de proceder aos
Disposições Gerais exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes Parágrafo único. Se o crime é culposo:
praticados contra a criança e o adolescente,
por ação ou omissão, sem prejuízo do Pena - detenção de dois a seis meses, ou
disposto na legislação penal. multa.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos Art. 230. Privar a criança ou o adolescente
nesta Lei as normas da Parte Geral do Código de sua liberdade, procedendo à sua
Penal e, quanto ao processo, as pertinentes apreensão sem estar em flagrante de ato
ao Código de Processo Penal. infracional ou inexistindo ordem escrita da
autoridade judiciária competente:
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são
de ação pública incondicionada Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena
aquele que procede à apreensão sem
Seção II
observância das formalidades legais.
Dos Crimes em Espécie
Art. 231. Deixar a autoridade policial
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço responsável pela apreensão de criança ou
ou o dirigente de estabelecimento de atenção adolescente de fazer imediata comunicação
à saúde de gestante de manter registro das à autoridade judiciária competente e à família
atividades desenvolvidas, na forma e prazo do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de Pena - detenção de seis meses a dois anos.
fornecer à parturiente ou a seu responsável, Art. 232. Submeter criança ou adolescente
por ocasião da alta médica, declaração de sob sua autoridade, guarda ou vigilância a
nascimento, onde constem as intercorrências vexame ou a constrangimento:
do parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

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Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação
7.4.1997: de ato destinado ao envio de criança ou
Art. 234. Deixar a autoridade competente, adolescente para o exterior com inobservância
sem justa causa, de ordenar a imediata das formalidades legais ou com o fito de obter
liberação de criança ou adolescente, tão logo lucro:
tenha conhecimento da ilegalidade da Pena - reclusão de quatro a seis anos, e
apreensão: multa.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se há emprego de violência,
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, grave ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei
prazo fixado nesta Lei em benefício de nº 10.764, de 12.11.2003)
adolescente privado de liberdade: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. além da pena correspondente à violência.
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir,
de autoridade judiciária, membro do fotografar, filmar ou registrar, por qualquer
Conselho Tutelar ou representante do meio, cena de sexo explícito ou pornográfica,
Ministério Público no exercício de função envolvendo criança ou adolescente:
prevista nesta Lei: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos,
e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829,
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente de 2008)
ao poder de quem o tem sob sua guarda em
virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de § 1 o Incorre nas mesmas penas quem
colocação em lar substituto: agencia, facilita, recruta, coage, ou de
qualquer modo intermedeia a participação de
Pena - reclusão de dois a seis anos, e criança ou adolescente nas cenas referidas
multa. no caput deste artigo, ou ainda quem com
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega esses contracena. (Redação dada pela Lei
de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga nº 11.829, de 2008)
ou recompensa: § 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um
Pena - reclusão de um a quatro anos, e terço) se o agente comete o crime: (Redação
multa. dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas I – no exercício de cargo ou função pública
quem oferece ou efetiva a paga ou ou a pretexto de exercê-la; (Redação
recompensa. dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

81
Estatuto da Criança e do Adolescente

II – prevalecendo-se de relações I – assegura os meios ou serviços para o


domésticas, de coabitação ou de armazenamento das fotografias, cenas
hospitalidade; ou (Redação dada pela ou imagens de que trata o caput deste
Lei nº 11.829, de 2008) artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de
III – prevalecendo-se de relações de 2008)
parentesco consangüíneo ou afim até o II – assegura, por qualquer meio, o acesso
terceiro grau, ou por adoção, de tutor, por rede de computadores às
curador, preceptor, empregador da fotografias, cenas ou imagens de que
vítima ou de quem, a qualquer outro trata o caput deste artigo.(Incluído pela
título, tenha autoridade sobre ela, ou Lei nº 11.829, de 2008)
com seu consentimento. (Incluído pela § 2o As condutas tipificadas nos incisos
Lei nº 11.829, de 2008) I e II do § 1o deste artigo são puníveis quando
Art. 241. Vender ou expor à venda o responsável legal pela prestação do serviço,
fotografia, vídeo ou outro registro que oficialmente notificado, deixa de desabilitar
contenha cena de sexo explícito ou o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o
pornográfica envolvendo criança ou caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
11.829, de 2008) A r t . 2 4 1 - B. A d q u i r i r, possuir ou
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) armazenar, por qualquer meio, fotografia,
anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº vídeo ou outra forma de registro que contenha
11.829, de 2008) cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente: (Incluído
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, pela Lei nº 11.829, de 2008)
transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por
qualquer meio, inclusive por meio de sistema Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
de informática ou telemático, fotografia, vídeo anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829,
ou outro registro que contenha cena de sexo de 2008)
explícito ou pornográfica envolvendo criança § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/
ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, 3 (dois terços) se de pequena quantidade o
de 2008) material a que se refere o caput deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos,
e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de § 2o Não há crime se a posse ou o
2008) armazenamento tem a finalidade de
comunicar às autoridades competentes a
§ 1 o Nas mesmas penas incorre
ocorrência das condutas descritas nos arts.
quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando

82
Estatuto da Criança e do Adolescente

a comunicação for feita por: (Incluído pela Parágrafo único. Incorre nas mesmas
Lei nº 11.829, de 2008) penas quem vende, expõe à venda,
I – agente público no exercício de suas disponibiliza, distribui, publica ou divulga por
funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, qualquer meio, adquire, possui ou armazena
de 2008) o material produzido na forma do caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – membro de entidade, legalmente
constituída, que inclua, entre suas Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou
finalidades institucionais, o recebimento, constranger, por qualquer meio de
o processamento e o encaminhamento comunicação, criança, com o fim de com ela
de notícia dos crimes referidos neste praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº
parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, 11.829, de 2008)
de 2008) Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
III – representante legal e funcionários e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
responsáveis de provedor de acesso ou 2008)
serviço prestado por meio de rede de Parágrafo único. Nas mesmas penas
computadores, até o recebimento do incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829,
material relativo à notícia feita à de 2008)
autoridade policial, ao Ministério I – facilita ou induz o acesso à criança de
Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído material contendo cena de sexo explícito
pela Lei nº 11.829, de 2008) ou pornográfica com o fim de com ela
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei
artigo deverão manter sob sigilo o material nº 11.829, de 2008)
ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, II – pratica as condutas descritas no caput
de 2008) deste artigo com o fim de induzir criança
Art. 241-C. Simular a participação de a se exibir de forma pornográfica ou
criança ou adolescente em cena de sexo sexualmente explícita. (Incluído pela Lei
explícito ou pornográfica por meio de nº 11.829, de 2008)
adulteração, montagem ou modificação de Art. 241-E. Para efeito dos crimes
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo
representação visual: (Incluído pela Lei nº explícito ou pornográfica” compreende
11.829, de 2008) qualquer situação que envolva criança ou
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, adolescente em atividades sexuais explícitas,
e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos
2008) genitais de uma criança ou adolescente para

83
Estatuto da Criança e do Adolescente

fins primordialmente sexuais. (Incluído pela Pena – reclusão de quatro a dez anos, e
Lei nº 11.829, de 2008) multa.
Art. 242. Vender, fornecer ainda que § 1 o Incorrem nas mesmas penas o
gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, proprietário, o gerente ou o responsável pelo
a criança ou adolescente arma, munição ou local em que se verifique a submissão de
explosivo: criança ou adolescente às práticas referidas
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 10.764, de 9.975, de 23.6.2000)
12.11.2003) § 2 o Constitui efeito obrigatório da
Art. 243. Vender, fornecer ainda que condenação a cassação da licença de
gratuitamente, ministrar ou entregar, de localização e de funcionamento do
qualquer forma, a criança ou adolescente, estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975,
sem justa causa, produtos cujos componentes de 23.6.2000)
possam causar dependência física ou Art. 244-B. Corromper ou facilitar a
psíquica, ainda que por utilização indevida: corrupção de menor de 18 (dezoito) anos,
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) com ele praticando infração penal ou
anos, e multa, se o fato não constitui crime induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei
mais grave. (Redação dada pela Lei nº nº 12.015, de 2009)
10.764, de 12.11.2003) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
Art. 244. Vender, fornecer ainda que anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, § 1o Incorre nas penas previstas no caput
a criança ou adolescente fogos de estampido deste artigo quem pratica as condutas ali
ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
reduzido potencial, sejam incapazes de eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
provocar qualquer dano físico em caso de internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
utilização indevida: 2009)
Pena - detenção de seis meses a dois anos, § 2o As penas previstas no caput deste
e multa. artigo são aumentadas de um terço no caso
Art. 244-A. Submeter criança ou de a infração cometida ou induzida estar
adolescente, como tais definidos no caput do incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de
art. 2 o desta Lei, à prostituição ou à 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº
exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, 12.015, de 2009)
de 23.6.2000)

84
Estatuto da Criança e do Adolescente

Capítulo II ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos,


Das Infrações Administrativas de forma a permitir sua identificação, direta
ou indiretamente.
Art. 245. Deixar o médico, professor ou § 2º Se o fato for praticado por órgão de
responsável por estabelecimento de atenção imprensa ou emissora de rádio ou televisão,
à saúde e de ensino fundamental, pré-escola além da pena prevista neste artigo, a
ou creche, de comunicar à autoridade autoridade judiciária poderá determinar a
competente os casos de que tenha apreensão da publicação ou a suspensão da
conhecimento, envolvendo suspeita ou programação da emissora até por dois dias,
confirmação de maus-tratos contra criança bem como da publicação do periódico até
ou adolescente: por dois números. (Expressão declara
Pena - multa de três a vinte salários de inconstitucional pela ADIN 869-2).
referência, aplicando-se o dobro em caso de Art. 248. Deixar de apresentar à
reincidência. autoridade judiciária de seu domicílio, no
Art. 246. Impedir o responsável ou prazo de cinco dias, com o fim de regularizar
funcionário de entidade de atendimento o a guarda, adolescente trazido de outra
exercício dos direitos constantes nos incisos comarca para a prestação de serviço
II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: doméstico, mesmo que autorizado pelos pais
ou responsável:
Pena - multa de três a vinte salários de
referência, aplicando-se o dobro em caso de Pena - multa de três a vinte salários de
reincidência. referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência, independentemente das
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, despesas de retorno do adolescente, se for o
sem autorização devida, por qualquer meio caso.
de comunicação, nome, ato ou documento
de procedimento policial, administrativo ou Art. 249. Descumprir, dolosa ou
judicial relativo a criança ou adolescente a culposamente, os deveres inerentes ao poder
que se atribua ato infracional: familiar ou decorrente de tutela ou guarda,
bem assim determinação da autoridade
Pena - multa de três a vinte salários de judiciária ou Conselho Tutelar: (Expressão
referência, aplicando-se o dobro em caso de substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
reincidência. Vigência
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, Pena - multa de três a vinte salários de
total ou parcialmente, fotografia de criança referência, aplicando-se o dobro em caso de
ou adolescente envolvido em ato infracional, reincidência.
ou qualquer ilustração que lhe diga respeito

85
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 250. Hospedar criança ou Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes
adolescente desacompanhado dos pais ou ou quaisquer representações ou espetáculos,
responsável, ou sem autorização escrita desses sem indicar os limites de idade a que não se
ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, recomendem:
motel ou congênere: (Redação dada pela Lei Pena - multa de três a vinte salários de
nº 12.038, de 2009). referência, duplicada em caso de
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº reincidência, aplicável, separadamente, à
12.038, de 2009). casa de espetáculo e aos órgãos de
§ 1º Em caso de reincidência, sem divulgação ou publicidade.
prejuízo da pena de multa, a autoridade Art. 254. Transmitir, através de rádio ou
judiciária poderá determinar o fechamento do televisão, espetáculo em horário diverso do
estabelecimento por até 15 (quinze) dias. autorizado ou sem aviso de sua classificação:
(Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009). Pena - multa de vinte a cem salários de
§ 2º Se comprovada a reincidência em referência; duplicada em caso de reincidência
período inferior a 30 (trinta) dias, o a autoridade judiciária poderá determinar a
estabelecimento será definitivamente fechado suspensão da programação da emissora por
e terá sua licença cassada. (Incluído pela Lei até dois dias.
nº 12.038, de 2009). Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra
Art. 251. Transportar criança ou ou congênere classificado pelo órgão
adolescente, por qualquer meio, com competente como inadequado às crianças ou
inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e adolescentes admitidos ao espetáculo:
85 desta Lei: Pena - multa de vinte a cem salários de
Pena - multa de três a vinte salários de referência; na reincidência, a autoridade
referência, aplicando-se o dobro em caso de poderá determinar a suspensão do espetáculo
reincidência. ou o fechamento do estabelecimento por até
Art. 252. Deixar o responsável por diversão quinze dias.
ou espetáculo público de afixar, em lugar Art. 256. Vender ou locar a criança ou
visível e de fácil acesso, à entrada do local adolescente fita de programação em vídeo,
de exibição, informação destacada sobre a em desacordo com a classificação atribuída
natureza da diversão ou espetáculo e a faixa pelo órgão competente:
etária especificada no certificado de Pena - multa de três a vinte salários de
classificação: referência; em caso de reincidência, a
Pena - multa de três a vinte salários de autoridade judiciária poderá determinar o
referência, aplicando-se o dobro em caso de fechamento do estabelecimento por até quinze
reincidência. dias.

86
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 257. Descumprir obrigação constante Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro
dos arts. 78 e 79 desta Lei: ou dirigente de estabelecimento de atenção
Pena - multa de três a vinte salários de à saúde de gestante de efetuar imediato
referência, duplicando-se a pena em caso de encaminhamento à autoridade judiciária de
reincidência, sem prejuízo de apreensão da caso de que tenha conhecimento de mãe ou
revista ou publicação. gestante interessada em entregar seu filho
para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010,
Art. 258. Deixar o responsável pelo de 2009) Vigência
estabelecimento ou o empresário de observar
o que dispõe esta Lei sobre o acesso de Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a
criança ou adolescente aos locais de diversão, R$ 3.000,00 (três mil reais). (Incluído pela
ou sobre sua participação no espetáculo: Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Incorre na mesma pena
Pena - multa de três a vinte salários de o funcionário de programa oficial ou
referência; em caso de reincidência, a comunitário destinado à garantia do direito
autoridade judiciária poderá determinar o à convivência familiar que deixa de efetuar a
fechamento do estabelecimento por até quinze comunicação referida no caput deste artigo.
dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
Art. 258-A. Deixar a autoridade
competente de providenciar a instalação e
operacionalização dos cadastros previstos no Disposições Finais e Transitórias
art. 50 e no § 11 do art. 101 desta
Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 259. A União, no prazo de noventa
Vigência dias contados da publicação deste Estatuto,
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a elaborará projeto de lei dispondo sobre a
R$ 3.000,00 (três mil reais). (Incluído pela criação ou adaptação de seus órgãos às
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência diretrizes da política de atendimento fixadas
no art. 88 e ao que estabelece o Título V do
Parágrafo único. Incorre nas mesmas
Livro II.
penas a autoridade que deixa de efetuar o
cadastramento de crianças e de adolescentes Parágrafo único. Compete aos estados e
em condições de serem adotadas, de pessoas municípios promoverem a adaptação de seus
ou casais habilitados à adoção e de crianças órgãos e programas às diretrizes e princípios
e adolescentes em regime de acolhimento estabelecidos nesta Lei.
institucional ou familiar. (Incluído pela Lei Art. 260. Os contribuintes poderão deduzir
nº 12.010, de 2009) Vigência do imposto devido, na declaração do Imposto

87
Estatuto da Criança e do Adolescente

sobre a Renda, o total das doações feitas aos abandonado, na forma do disposto no art.
Fundos dos Direitos da Criança e do 227, § 3º, VI, da Constituição Federal.
Adolescente - nacional, estaduais ou § 3º O Departamento da Receita Federal,
municipais - devidamente comprovadas, do Ministério da Economia, Fazenda e
obedecidos os limites estabelecidos em Planejamento, regulamentará a comprovação
Decreto do Presidente da República. das doações feitas aos fundos, nos termos
(Redação dada pela Lei nº 8.242, de deste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de
12.10.1991) (Vide Lei nº 12.010, de 12.10.1991)
2009) Vigência
§ 4º O Ministério Público determinará em
I - limite de 10% (dez por cento) da renda cada comarca a forma de fiscalização da
bruta para pessoa física; aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos
II - limite de 5% (cinco por cento) da renda da Criança e do Adolescente, dos incentivos
bruta para pessoa jurídica. fiscais referidos neste artigo. (Incluído pela Lei
nº 8.242, de 12.10.1991)
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de
10.12.1997) § 5 o A destinação de recursos
provenientes dos fundos mencionados neste
§ 1o-A. Na definição das prioridades a artigo não desobriga os Entes Federados à
serem atendidas com os recursos captados previsão, no orçamento dos respectivos
pelos Fundos Nacional, Estaduais e órgãos encarregados da execução das
Municipais dos Direitos da Criança e do políticas públicas de assistência social,
Adolescente, serão consideradas as educação e saúde, dos recursos necessários
disposições do Plano Nacional de Promoção, à implementação das ações, serviços e
Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e programas de atendimento a crianças,
Adolescentes à Convivência Familiar, bem adolescentes e famílias, em respeito ao
como as regras e princípios relativos à princípio da prioridade absoluta estabelecido
garantia do direito à convivência familiar pelo caput do art. 227 da Constituição
previstos nesta Le i . (Incluído pela Lei nº Federal e pelo caput e parágrafo único do
12.010, de 2009) Vigência art. 4o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
§ 2º Os Conselhos Municipais, Estaduais de 2009) Vigência
e Nacional dos Direitos da Criança e do Art. 261. A falta dos conselhos municipais
Adolescente fixarão critérios de utilização, dos direitos da criança e do adolescente, os
através de planos de aplicação das doações registros, inscrições e alterações a que se
subsidiadas e demais receitas, aplicando referem os arts. 90, parágrafo único, e 91
necessariamente percentual para incentivo ao desta Lei serão efetuados perante a autoridade
acolhimento, sob a forma de guarda, de judiciária da comarca a que pertencer a
criança ou adolescente, órfãos ou entidade.

88
Estatuto da Criança e do Adolescente

Parágrafo único. A União fica autorizada § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o


a repassar aos estados e municípios, e os crime é praticado contra pessoa menor de
estados aos municípios, os recursos referentes catorze anos.
aos programas e atividades previstos nesta 4) Art. 213 ...........................................
Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos
direitos da criança e do adolescente nos seus Parágrafo único. Se a ofendida é menor
respectivos níveis. de catorze anos:

Art. 262. Enquanto não instalados os Pena - reclusão de quatro a dez anos.
Conselhos Tutelares, as atribuições a eles 5) Art. 214............................................
conferidas serão exercidas pela autoridade Parágrafo único. Se o ofendido é menor
judiciária. de catorze anos:
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 Pena - reclusão de três a nove anos.»
de dezembro de 1940 (Código Penal), passa
a vigorar com as seguintes alterações: Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de
31 de dezembro de 1973, fica acrescido do
1) Art. 121 ............................................ seguinte item:
§ 4º No homicídio culposo, a pena é “Art. 102 ...............................................
aumentada de um terço, se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa Art. 265. A Imprensa Nacional e demais
de prestar imediato socorro à vítima, não gráficas da União, da administração direta
procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou indireta, inclusive fundações instituídas e
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo mantidas pelo poder público federal
doloso o homicídio, a pena é aumentada de promoverão edição popular do texto integral
um terço, se o crime é praticado contra pessoa deste Estatuto, que será posto à disposição
menor de catorze anos. das escolas e das entidades de atendimento
2) Art. 129 ............................................ e de defesa dos direitos da criança e do
adolescente.
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se
ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa
§ 4º. dias após sua publicação.

§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto Parágrafo único. Durante o período de


no § 5º do art. 121. vacância deverão ser promovidas atividades
e campanhas de divulgação e esclarecimentos
3) Art. 136............................................. acerca do disposto nesta Lei.

89
Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513,


de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979
(Código de Menores), e as demais disposições
em contrário.

Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da República.

FERNANDO COLLOR
Bernardo Cabral
Carlos Chiarelli
Antônio Magri
Margarida Procópio

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. 16.7.1990

90
DECRETO N° 99.710, DE 21 DE NOVEMBRO DE 1990

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Promulga a Convenção sobre
os Direitos da Criança.

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
Constituição, e

Considerando que o Congresso Nacional DECRETA:


aprovou, pelo Decreto Legislativo n° 28, de
Art. 1° A Convenção sobre os Direitos da
14 de setembro de 1990, a Convenção sobre
Criança, apensa por cópia ao presente
os Direitos da Criança, a qual entrou em vigor
Decreto, será executada e cumprida tão
internacional em 02 de setembro de 1990,
inteiramente como nela se contém.
na forma de seu artigo 49, inciso 1;
Art. 2° Este Decreto entra em vigor na data
Considerando que o Governo brasileiro
de sua publicação.
ratificou a referida Convenção em 24 de
setembro de 1990, tendo a mesma entrado Art. 3° Revogam-se as disposições em
em vigor para o Brasil em 23 de outubro de contrário.
1990, na forma do seu artigo 49, inciso 2;

Brasília, em 21 de novembro de 1990; 169° da Independência e 102° da República.

FERNANDO COLLOR
Francisco Rezek
CONVENÇÃO SOBRE OS
DIREITOS DA CRIANÇA
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA
CRIANÇA
Adotada pela Resolução 44/25 da Assembléia Geral da ONU em 20 de novembro de 1989.
Assinada pelo Brasil em 26 de janeiro de 1990 e ratificada em 24 de setembro de 1990.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

PREÂMBULO

Os Estados Partes da presente Convenção, Recordando que na Declaração Universal


Considerando que, de acordo com os dos Direitos Humanos as Nações Unidas
princípios proclamados na Carta das Nações proclamaram que a infância tem direito a
Unidas, a liberdade, a justiça e a paz no cuidados e assistência especiais;
mundo se fundamentam no reconhecimento Convencidos de que a família, como grupo
da dignidade inerente e dos direitos iguais e fundamental da sociedade e ambiente natural
inalienáveis de todos os membros da família para o crescimento e bem-estar de todos os
humana; seus membros, e em particular das crianças,
Tendo em conta que os povos das Nações deve receber a proteção e assistência
Unidas reafirmaram na carta sua fé nos necessárias a fim de poder assumir
direitos fundamentais do homem e na plenamente suas responsabilidades dentro da
dignidade e no valor da pessoa humana e comunidade;
que decidiram promover o progresso social e
Reconhecendo que a criança, para o pleno
a elevação do nível de vida com mais
liberdade; e harmonioso desenvolvimento de sua
personalidade, deve crescer no seio da
Reconhecendo que as Nações Unidas família, em um ambiente de felicidade, amor
proclamaram e acordaram na Declaração
e compreensão;
Universal dos Direitos Humanos e nos Pactos
Internacionais de Direitos Humanos que toda Considerando que a criança deve estar
pessoa possui todos os direitos e liberdades plenamente preparada para uma vida
neles enunciados, sem distinção de qualquer independente na sociedade e deve ser
natureza, seja de raça, cor, sexo, idioma, educada de acordo com os ideais
crença, opinião política ou de outra índole, proclamados na Cartas das Nações Unidas,
origem nacional ou social, posição especialmente com espírito de paz, dignidade,
econômica, nascimento ou qualquer outra tolerância, liberdade, igualdade e
condição; solidariedade;
Convenção sobre os Direitos da da Criança

Tendo em conta que a necessidade de à Proteção e ao Bem-Estar das Crianças,


proporcionar à criança uma proteção especial especialmente com Referência à Adoção e à
foi enunciada na Declaração de Genebra de Colocação em Lares de Adoção, nos Planos
1924 sobre os Direitos da Criança e na Nacional e Internacional; as Regras Mínimas
Declaração dos Direitos da Criança adotada das Nações Unidas para a Administração da
pela Assembléia Geral em 20 de novembro Justiça Juvenil (Regras de Pequim); e a
de 1959, e reconhecida na Declaração Declaração sobre a Proteção da Mulher e da
Universal dos Direitos Humanos, no Pacto Criança em Situações de Emergência ou de
Internacional de Direitos Civis e Políticos (em Conflito Armado;
particular nos Artigos 23 e 24), no Pacto Reconhecendo que em todos os países do
Internacional de Direitos Econômicos, Sociais mundo existem crianças vivendo sob condições
e Culturais (em particular no Artigo 10) e nos excepcionalmente difíceis e que essas crianças
estatutos e instrumentos pertinentes das necessitam consideração especial;
Agências Especializadas e das organizações
internacionais que se interessam pelo bem- Tomando em devida conta a importância
estar da criança; das tradições e dos valores culturais de cada
povo para a proteção e o desenvolvimento
Tendo em conta que, conforme assinalado harmonioso da criança;
na Declaração dos Direitos da Criança, “a
criança, em virtude de sua falta de maturidade Reconhecendo a importância da
física e mental, necessita proteção e cuidados cooperação internacional para a melhoria das
especiais, inclusive a devida proteção legal, condições de vida das crianças em todos os
tanto antes quanto após seu nascimento”; países, especialmente nos países em
desenvolvimento;
Lembrado o estabelecido na Declaração
sobre os Princípios Sociais e Jurídicos Relativos Acordam o seguinte:

96
Convenção sobre os Direitos da da Criança

PARTE I ARTIGO 3
1. Todas as ações relativas às crianças,
ARTIGO 1 levadas a efeito por autoridades
administrativas ou órgãos legislativos,
Para efeitos da presente Convenção devem considerar, primordialmente, o
considera-se como criança todo ser humano interesse maior da criança.
com menos de dezoito anos de idade, a não 2. Os Estados Partes se comprometem a
ser que, em conformidade com a lei aplicável assegurar à criança a proteção e o
à criança, a maioridade seja alcançada cuidado que sejam necessários para seu
antes. bem-estar, levando em consideração os
direitos e deveres de seus pais, tutores
ARTIGO 2 ou outras pessoas responsáveis por ela
perante a lei e, com essa finalidade,
tomarão todas as medidas legislativas
1. Os Estados Partes respeitarão os direitos e administrativas adequadas.
enunciados na presente Convenção e
assegurarão sua aplicação a cada 3. Os Estados Partes se certificarão de que
criança sujeita à sua jurisdição, sem as instituições, os serviços e os
distinção alguma, independentemente estabelecimentos encarregados do
de raça, cor, sexo, idioma, crença, cuidado ou da proteção das crianças
opinião política ou de outra índole, cumpram com os padrões estabelecidos
origem nacional, étnica ou social, pelas autoridades competentes,
posição econômica, deficiências físicas, especialmente no que diz respeito à
nascimento ou qualquer outra condição segurança e à saúde das crianças, ao
da criança, de seus pais ou de seus número e à competência de seu pessoal
representantes legais. e à existência de supervisão adequada.

2. Os Estados Partes tomarão todas as


medidas apropriadas para assegurar a ARTIGO 4
proteção da criança contra toda forma
de discriminação ou castigo por causa Os Estados Partes adotarão todas as
da condição, das atividades, das medidas administrativas, legislativas e de
opiniões manifestadas ou das crenças outra índole com vistas à implementação dos
de seus pais, representantes legais ou direitos reconhecidos na presente Convenção.
familiares. Com relação aos direitos econômicos, sociais
e culturais, os Estados Partes adotarão essas
medidas utilizando ao máximo os recursos

97
Convenção sobre os Direitos da da Criança

disponíveis e, quando necessário, dentro de 2. Os Estados Partes zelarão pela


um quadro de cooperação internacional. aplicação desses direitos de acordo com
sua legislação nacional e com as
obrigações que tenham assumido em
ARTIGO 5 virtude dos instrumentos internacionais
pertinentes, sobretudo se, de outro
Os Estados Partes respeitarão as modo, a criança se tornaria apátrida.
responsabilidades, os direitos e os deveres dos
pais ou, onde for o caso, dos membros da
família ampliada ou da comunidade, ARTIGO 8
conforme determinem os costumes locais, dos
tutores ou de outras pessoas legalmente 1. Os Estados Partes se comprometem a
responsáveis, de proporcionar à criança respeitar o direito da criança de
instrução e orientação adequadas e acordes preservar sua identidade, inclusive a
com a evolução de sua capacidade no nacionalidade, o nome e as relações
exercício dos direitos reconhecidos na familiares, de acordo com a lei, sem
presente Convenção. interferências ilícitas.
2. Quando uma criança se vir privada
ARTIGO 6 ilegalmente de algum ou de todos os
elementos que configuram sua
identidade, os Estados Partes deverão
1. Os Estados Partes reconhecem que toda prestar assistência e proteção
criança tem o direito inerente à vida. adequadas com vistas a restabelecer
2. Os Estados Partes assegurarão ao rapidamente sua identidade.
máximo a sobrevivência e o
desenvolvimento da criança.
ARTIGO 9

ARTIGO 7 1. Os Estados Partes deverão zelar para que


a criança não seja separada dos pais
1. A criança será registrada imediatamente contra a vontade dos mesmos, exceto
após seu nascimento e terá direito, quando, sujeita à revisão judicial, as
desde o momento em que nasce, a um autoridades competentes determinarem,
nome, a uma nacionalidade e, na em conformidade com a lei e os
medida do possível, a conhecer seus procedimentos legais cabíveis, que tal
pais e a ser cuidada por eles. separação é necessária ao interesse

98
Convenção sobre os Direitos da da Criança

maior da criança. Tal determinação pode seja prejudicial ao bem-estar da criança.


ser necessária em casos específicos, por Os Estados Partes se certificarão, além
exemplo, nos casos em que a criança disso, de que a apresentação de tal
sofre maus tratos ou descuido por parte petição não acarrete, por si só,
de seus pais ou quando estes vivem conseqüências adversas para a pessoa
separados e uma decisão deve ser ou pessoas interessadas.
tomada a respeito do local da residência
da criança.
ARTIGO 10
2. Caso seja adotado qualquer
procedimento em conformidade com o
estipulado no parágrafo 1 do presente 1. De acordo com a obrigação dos Estados
Artigo, todas as Partes interessadas terão Partes estipulada no parágrafo 1 do
a oportunidade de participar e de Artigo 9, toda solicitação apresentada
manifestar suas opiniões. por uma criança, ou por seus pais, para
ingressar ou sair de um Estado Parte com
3. Os Estados Partes respeitarão o direito
vistas à reunião da família, deverá ser
da criança que esteja separada de um
atendida pelos Estados Partes de forma
ou de ambos os pais de manter
positiva, humanitária e rápida. Os
regularmente relações pessoais e
Estados Partes assegurarão, ainda, que
contato direto com ambos, a menos que
a apresentação de tal solicitação não
isso seja contrário ao interesse maior da
acarretará conseqüências adversas para
criança.
os solicitantes ou para seus familiares.
4. Quando essa separação ocorrer em 2. A criança cujos pais residam em Estados
virtude de uma medida adotada por um diferentes terá o direito de manter,
Estado Parte, tal como detenção, prisão, periodicamente, relações pessoais e
exílio, deportação ou morte (inclusive contato direto com ambos, exceto em
falecimento decorrente de qualquer circunstâncias especiais. Para tanto, e
causa enquanto a pessoa estiver sob a de acordo com a obrigação assumida
custódia do Estado) de um dos pais da pelos Estados Partes em virtude do
criança, ou de ambos, ou da própria parágrafo 2 do Artigo 9, os Estados
criança, o Estado Parte, quando Partes respeitarão o direito da criança e
solicitado, proporcionará aos pais, à de seus pais de sair de qualquer país,
criança ou, se for o caso, a outro familiar, inclusive do próprio, e de ingressar no
informações básicas a respeito do seu próprio país. O direito de sair de
paradeiro do familiar ou familiares qualquer país estará sujeito, apenas, às
ausentes, a não ser que tal procedimento restrições determinadas pela lei que

99
Convenção sobre os Direitos da da Criança

sejam necessárias para proteger a um representante ou órgão apropriado,


segurança nacional, a ordem pública, em conformidade com as regras
a saúde ou a moral públicas ou os processuais da legislação nacional.
direitos e as liberdades de outras
pessoas e que estejam acordes com os
demais direitos reconhecidos pela ARTIGO 13
presente Convenção.
1. A criança terá direito à liberdade de
expressão. Esse direito incluirá a
ARTIGO 11 liberdade de procurar, receber e divulgar
informações e idéias de todo tipo,
1. Os Estados Partes adotarão medidas a independentemente de fronteiras, de
fim de lutar contra a transferência ilegal forma oral, escrita ou impressa, por
de crianças para o exterior e a retenção meio das artes ou por qualquer outro
ilícita das mesmas fora do país. meio escolhido pela criança.
2. Para tanto, aos Estados Partes 2. O exercício de tal direito poderá estar
promoverão a conclusão de acordos sujeito a determinadas restrições, que
bilaterais ou multilaterais ou a adesão serão unicamente as previstas pela lei e
a acordos já existentes. consideradas necessárias:
a) para o respeito dos direitos ou da
ARTIGO 12 reputação dos demais, ou
b) para a proteção da segurança nacional
1. Os Estados Partes assegurarão à criança ou da ordem pública, ou para proteger
que estiver capacitada a formular seus a saúde e a moral públicas.
próprios juízos o direito de expressar suas
opiniões livremente sobre todos os ARTIGO 14
assuntos relacionados com a criança,
levando-se devidamente em consideração
essas opiniões, em função da idade e 1. Os Estados Partes respeitarão o direito
maturidade da criança. da criança à liberdade de pensamento,
de consciência e de crença.
2. Com tal propósito, se proporcionará à
criança, em particular, a oportunidade 2. Os Estados Partes respeitarão os direitos
de ser ouvida em todo processo judicial e deveres dos pais e, se for o caso, dos
ou administrativo que afete a mesma, representantes legais, de orientar a
quer diretamente quer por intermédio de criança com relação ao exercício de

100
Convenção sobre os Direitos da da Criança

seus direitos de maneira acorde com a 2. A criança tem direito à proteção da lei
evolução de sua capacidade. contra essas interferências ou atentados.
3. A liberdade de professar a própria
religião ou as próprias crenças estará ARTIGO 17
sujeita, unicamente, às limitações
prescritas pela lei e necessárias para
proteger a segurança, a ordem, a moral, Os Estados Partes reconhecem a função
a saúde pública ou os direitos e importante desempenhada pelos meios de
liberdades fundamentais dos demais. comunicação e zelarão para que a criança
tenha acesso a informações e materiais
procedentes de diversas fontes nacionais e
ARTIGO 15 internacionais, especialmente informações
e materiais que visem a promover seu bem-
1. Os Estados Partes reconhecem os estar social, espiritual e moral e sua saúde
direitos da criança à liberdade de física e mental. Para tanto, os Estados Partes:
associação e à liberdade de realizar a) incentivarão os meios de comunicação
reuniões pacíficas. a difundir informações e materiais de
2. Não serão impostas restrições ao interesse social e cultural para a
exercício desses direitos, a não ser as criança, de acordo com o espírito do
estabelecidas em conformidade com a Artigo 29;
lei e que sejam necessárias numa b) promoverão a cooperação internacional
sociedade democrática, no interesse da na produção, no intercâmbio e na
segurança nacional ou pública, da divulgação dessas informações e desses
ordem pública, da proteção à saúde e materiais procedentes de diversas fontes
à moral públicas ou da proteção aos culturais, nacionais e internacionais;
direitos e liberdades dos demais. c) incentivarão a produção e difusão de
livros para crianças;
ARTIGO 16 d) incentivarão os meios de comunicação
no sentido de, particularmente,
considerar as necessidades lingüísticas
1. Nenhuma criança será objeto de
da criança que pertença a um grupo
interferências arbitrárias ou ilegais em
minoritário ou que seja indígena;
sua vida particular, sua família, seu
domicílio ou sua correspondência, nem e) promoverão a elaboração de diretrizes
de atentados ilegais a sua honra e a apropriadas a fim de proteger a criança
sua reputação. contra toda informação e material

101
Convenção sobre os Direitos da da Criança

prejudiciais ao seu bem-estar, tendo em


conta as disposições dos Artigos 13 e 18. 1. Os Estados Partes adotarão todas as
medidas legislativas, administrativas,
ARTIGO 18 sociais e educacionais apropriadas para
proteger a criança contra todas as
formas de violência física ou mental,
1. Os Estados Partes envidarão os seus abuso ou tratamento negligente, maus
melhores esforços a fim de assegurar o tratos ou exploração, inclusive abuso
reconhecimento do princípio de que sexual, enquanto a criança estiver sob
ambos os pais têm obrigações comuns a custódia dos pais, do representante
com relação à educação e ao legal ou de qualquer outra pessoa
desenvolvimento da criança. Caberá aos responsável por ela.
pais ou, quando for o caso, aos
2. Essas medidas de proteção deveriam
representantes legais, a responsabilidade
incluir, conforme apropriado,
primordial pela educação e pelo
procedimentos eficazes para a
desenvolvimento da criança. Sua
elaboração de programas sociais
preocupação fundamental visará ao
capazes de proporcionar uma
interesse maior da criança.
assistência adequada à criança e às
2. A fim de garantir e promover os direitos pessoas encarregadas de seu cuidado,
enunciados na presente Convenção, os bem como para outras formas de
Estados Partes prestarão assistência prevenção, para a identificação,
adequada aos pais e aos representantes notificação, transferência a uma
legais para o desempenho de suas instituição, investigação, tratamento e
funções no que tange à educação da acompanhamento posterior dos casos
criança e assegurarão a criação de acima mencionados de maus tratos à
instituições, instalações e serviços para criança e, conforme o caso, para a
o cuidado das crianças. intervenção judiciária.
3. Os Estados Partes adotarão todas as
medidas apropriadas a fim de que as ARTIGO 20
crianças cujos pais trabalhem tenham
direito a beneficiar-se dos serviços de
assistência social e creches a que fazem 1. As crianças privadas temporária ou
jus. permanentemente do seu meio familiar,
ou cujo interesse maior exija que não
ARTIGO 19 permaneçam nesse meio, terão direito
à proteção e assistência especiais do

102
Convenção sobre os Direitos da da Criança

Estado. solicitado, as pessoas interessadas


2. Os Estados Partes garantirão, de acordo tenham dado, com conhecimento de
com suas leis nacionais, cuidados causa, seu consentimento à adoção,
alternativos para essas crianças. com base no assessoramento que possa
ser necessário;
3. Esses cuidados poderiam incluir, inter
alia, a colocação em lares de adoção, b) a adoção efetuada em outro país possa
a kafalah do direito islâmico, a adoção ser considerada como outro meio de
ou, caso necessário, a colocação em cuidar da criança, no caso em que a
instituições adequadas de proteção para mesma não possa ser colocada em um
as crianças. Ao serem consideradas as lar de adoção ou entregue a uma família
soluções, deve-se dar especial atenção adotiva ou não logre atendimento
à origem étnica, religiosa, cultural e adequado em seu país de origem;
lingüística da criança, bem como à c) a criança adotada em outro país goze
conveniência da continuidade de sua de salvaguardas e normas equivalentes
educação. às existentes em seu país de origem com
relação à adoção;

ARTIGO 21 d) todas as medidas apropriadas sejam


adotadas, a fim de garantir que, em
caso de adoção em outro país, a
Os Estados Partes que reconhecem ou colocação não permita benefícios
permitem o sistema de adoção atentarão para financeiros indevidos aos que dela
o fato de que a consideração primordial seja participarem;
o interesse maior da criança. Dessa forma,
atentarão para que: e) quando necessário, promover os
objetivos do presente Artigo mediante
a) a adoção da criança seja autorizada ajustes ou acordos bilaterais ou
apenas pelas autoridades competentes, multilaterais, e envidarão esforços,
as quais determinarão, consoante as leis nesse contexto, com vistas a assegurar
e os procedimentos cabíveis e com base que a colocação da criança em outro
em todas as informações pertinentes e país seja levada a cabo por intermédio
fidedignas, que a adoção é admissível das autoridades ou organismos
em vista da situação jurídica da criança competentes.
com relação a seus pais, parentes e
representantes legais e que, caso
ARTIGO 22

103
Convenção sobre os Direitos da da Criança

familiar, seja qual for o motivo, conforme


1. Os Estados Partes adotarão medidas o estabelecido na presente Convenção.
pertinentes para assegurar que a criança
que tente obter a condição de refugiada, ARTIGO 23
ou que seja considerada como
refugiada de acordo com o direito e os
procedimentos internacionais ou 1. Os Estados Partes reconhecem que a
internos aplicáveis, receba, tanto no criança portadora de deficiências físicas
caso de estar sozinha como ou mentais deverá desfrutar de uma vida
acompanhada por seus pais ou por plena e decente em condições que
qualquer outra pessoa, a proteção e a garantam sua dignidade, favoreçam sua
assistência humanitária adequadas a fim autonomia e facilitem sua participação
de que possa usufruir dos direitos ativa na comunidade.
enunciados na presente Convenção e 2. Os Estados Partes reconhecem o direito
em outros instrumentos internacionais de da criança deficiente de receber
direitos humanos ou de caráter cuidados especiais e, de acordo com
humanitário dos quais os citados os recursos disponíveis e sempre que a
Estados sejam parte. criança ou seus responsáveis reúnam as
2. Para tanto, os Estados Partes condições requeridas, estimularão e
cooperarão, da maneira como julgarem assegurarão a prestação da assistência
apropriada, com todos os esforços das solicitada, que seja adequada ao estado
Nações Unidas e demais organizações da criança e às circunstâncias de seus
intergovernamentais competentes, ou pais ou das pessoas encarregadas de
organizações não-governamentais que seus cuidados.
cooperem com as Nações Unidas, no 3. Atendendo às necessidades especiais da
sentido de proteger e ajudar a criança criança deficiente, a assistência
refugiada, e de localizar seus pais ou prestada, conforme disposto no
outros membros de sua família a fim de parágrafo 2 do presente Artigo, será
obter informações necessárias que gratuita sempre que possível, levando-
permitam sua reunião com a família. se em consideração a situação
Quando não for possível localizar econômica dos pais ou das pessoas que
nenhum dos pais ou membros da cuidem da criança, e visará a assegurar
família, será concedida à criança a à criança deficiente o acesso efetivo à
mesma proteção outorgada a qualquer educação, à capacitação, aos serviços
outra criança privada permanente ou de saúde, aos serviços de reabilitação,
temporariamente de seu ambiente à preparação para o emprego e às

104
Convenção sobre os Direitos da da Criança

oportunidades de lazer, de maneira que serviços sanitários.


a criança atinja a mais completa 2. Os Estados Partes garantirão a plena
integração social possível e o maior aplicação desse direito e, em especial,
desenvolvimento individual factível, adotarão as medidas apropriadas com
inclusive seu desenvolvimento cultural e vistas a:
espiritual.
a) reduzir a mortalidade infantil;
4. Os Estados Partes promoverão, com
espírito de cooperação internacional, um b) assegurar a prestação de assistência
intercâmbio adequado de informações médica e cuidados sanitários
nos campos da assistência médica necessários a todas as crianças, dando
preventiva e do tratamento médico, ênfase aos cuidados básicos de saúde;
psicológico e funcional das crianças c) combater as doenças e a desnutrição
deficientes, inclusive a divulgação de dentro do contexto dos cuidados básicos
informações a respeito dos métodos de de saúde mediante, inter alia, a
reabilitação e dos serviços de ensino e aplicação de tecnologia disponível e o
formação profissional, bem como o fornecimento de alimentos nutritivos e
acesso a essa informação, a fim de que de água potável, tendo em vista os
os Estados Partes possam aprimorar sua perigos e riscos da poluição ambiental;
capacidade e seus conhecimentos e d) assegurar às mães adequada assistência
ampliar sua experiência nesses campos. pré-natal e pós-natal;
Nesse sentido, serão levadas
especialmente em conta as necessidades e) assegurar que todos os setores da
dos países em desenvolvimento. sociedade, e em especial os pais e as
crianças, conheçam os princípios básicos
de saúde e nutrição das crianças, as
ARTIGO 24 vantagens da amamentação, da higiene
e do saneamento ambiental e das
medidas de prevenção de acidentes, e
1. Os Estados Partes reconhecem o direito
tenham acesso à educação pertinente e
da criança de gozar do melhor padrão
recebam apoio para a aplicação desses
possível de saúde e dos serviços
conhecimentos;
destinados ao tratamento das doenças
e à recuperação da saúde. Os Estados f) desenvolver a assistência médica
Partes envidarão esforços no sentido de preventiva, a orientação aos pais e a
assegurar que nenhuma criança se veja educação e serviços de planejamento
privada de seu direito de usufruir desses familiar.

105
Convenção sobre os Direitos da da Criança

3. Os Estados Partes adotarão todas as 2. Os benefícios deverão ser concedidos,


medidas eficazes e adequadas para quando pertinentes, levando-se em
abolir práticas tradicionais que sejam consideração os recursos e a situação
prejudicais à saúde da criança. da criança e das pessoas responsáveis
4. Os Estados Partes se comprometem a pelo seu sustento, bem como qualquer
promover e incentivar a cooperação outra consideração cabível no caso de
internacional com vistas a lograr, uma solicitação de benefícios feita pela
progressivamente, a plena efetivação do criança ou em seu nome.
direito reconhecido no presente Artigo.
Nesse sentido, será dada atenção ARTIGO 27
especial às necessidades dos países em
desenvolvimento.
1. Os Estados Partes reconhecem o direito
de toda criança a um nível de vida
ARTIGO 25 adequado ao seu desenvolvimento físico,
mental, espiritual, moral e social.
Os Estados Partes reconhecem o direito 2. Cabe aos pais, ou a outras pessoas
de uma criança que tenha sido internada em encarregadas, a responsabilidade
um estabelecimento pelas autoridades primordial de propiciar, de acordo com
competentes para fins de atendimento, suas possibilidades e meios financeiros,
proteção ou tratamento de saúde física ou as condições de vida necessárias ao
mental a um exame periódico de avaliação desenvolvimento da criança.
do tratamento ao qual está sendo submetida 3. Os Estados Partes, de acordo com as
e de todos os demais aspectos relativos à sua condições nacionais e dentro de suas
internação. possibilidades, adotarão medidas
apropriadas a fim de ajudar os pais e
ARTIGO 26 outras pessoas responsáveis pela criança
a tornar efetivo esse direito e, caso
necessário, proporcionarão assistência
1. Os Estados Partes reconhecerão a todas material e programas de apoio,
as crianças o direito de usufruir da especialmente no que diz respeito à
previdência social, inclusive do seguro nutrição, ao vestuário e à habitação.
social, e adotarão as medidas necessárias
para lograr a plena consecução desse 4. Os Estados Partes tomarão todas as
direito, em conformidade com sua medidas adequadas para assegurar o
legislação nacional. pagamento da pensão alimentícia por

106
Convenção sobre os Direitos da da Criança

parte dos pais ou de outras pessoas d) tornar a informação e a orientação


financeiramente responsáveis pela educacionais e profissionais disponíveis
criança, quer residam no Estado Parte e accessíveis a todas as crianças;
quer no exterior. Nesse sentido, quando e) adotar medidas para estimular a
a pessoa que detém a responsabilidade freqüência regular às escolas e a
financeira pela criança residir em Estado redução do índice de evasão escolar.
diferente daquele onde mora a criança, 2. Os Estados Partes adotarão todas as
os Estados Partes promoverão a adesão medidas necessárias para assegurar que
a acordos internacionais ou a conclusão a disciplina escolar seja ministrada de
de tais acordos, bem como a adoção maneira compatível com a dignidade
de outras medidas apropriadas. humana da criança e em conformidade
com a presente Convenção.
ARTIGO 28 3. Os Estados Partes promoverão e
estimularão a cooperação internacional
em questões relativas à educação,
1. Os Estados Partes reconhecem o direito
especialmente visando a contribuir para
da criança à educação e, a fim de que a eliminação da ignorância e do
ela possa exercer progressivamente e em analfabetismo no mundo e facilitar o
igualdade de condições esse direito, acesso aos conhecimentos científicos e
deverão especialmente: técnicos e aos métodos modernos de
a) tornar o ensino primário obrigatório e ensino. A esse respeito, será dada
disponível gratuitamente para todos; atenção especial às necessidades dos
países em desenvolvimento.
b) estimular o desenvolvimento do ensino
secundário em suas diferentes formas,
inclusive o ensino geral e ARTIGO 29
profissionalizante, tornando-o disponível
e acessível a todas as crianças, e adotar
1. Os Estados Partes reconhecem que a
medidas apropriadas tais como a educação da criança deverá estar
implantação do ensino gratuito e a orientada no sentido de:
concessão de assistência financeira em
caso de necessidade; a) desenvolver a personalidade, as
aptidões e a capacidade mental e física
c) tornar o ensino superior acessível a todos da criança em todo o seu potencial;
com base na capacidade e por todos
b) imbuir na criança o respeito aos direitos
os meios adequados;
humanos e às liberdades fundamentais,

107
Convenção sobre os Direitos da da Criança

bem como aos princípios consagrados criança que pertença a tais minorias ou que
na Carta das Nações Unidas; seja indígena o direito de, em comunidade
c) imbuir na criança o respeito aos seus com os demais membros de seu grupo, ter
pais, à sua própria identidade cultural, sua própria cultura, professar e praticar sua
ao seu idioma e seus valores, aos própria religião ou utilizar seu próprio idioma.
valores nacionais do país em que reside,
aos do eventual país de origem, e aos
das civilizações diferentes da sua;
ARTIGO 31
d) preparar a criança para assumir uma
vida responsável numa sociedade livre, 1. Os Estados Partes reconhecem o direito
com espírito de compreensão, paz, da criança ao descanso e ao lazer, ao
tolerância, igualdade de sexos e divertimento e às atividades recreativas
amizade entre todos os povos, grupos próprias da idade, bem como à livre
étnicos, nacionais e religiosos e pessoas participação na vida cultural e artística.
de origem indígena; 2. Os Estados Partes respeitarão e
e) imbuir na criança o respeito ao meio promoverão o direito da criança de
ambiente. participar plenamente da vida cultural e
2. Nada do disposto no presente Artigo artística e encorajarão a criação de
ou no Artigo 28 será interpretado de oportunidades adequadas, em condições
modo a restringir a liberdade dos de igualdade, para que participem da
indivíduos ou das entidades de criar e vida cultural, artística, recreativa e de
dirigir instituições de ensino, desde que lazer.
sejam respeitados os princípios
enunciados no parágrafo 1 do presente
ARTIGO 32
Artigo e que a educação ministrada em
tais instituições esteja acorde com os
padrões mínimos estabelecidos pelo 1. Os Estados Partes reconhecem o direito
Estado. da criança de estar protegida contra a
exploração econômica e contra o
desempenho de qualquer trabalho que
ARTIGO 30 possa ser perigoso ou interferir em sua
educação, ou que seja nocivo para sua
Nos Estados Partes onde existam minorias saúde ou para seu desenvolvimento
étnicas, religiosas ou lingüísticas, ou pessoas físico, mental, espiritual, moral ou social.
de origem indígena, não será negado a uma

108
Convenção sobre os Direitos da da Criança

2. Os Estados Partes adotarão medidas ARTIGO 34


legislativas, administrativas, sociais e
educacionais com vistas a assegurar a
Os Estados Partes se comprometem a
aplicação do presente Artigo. Com tal
proteger a criança contra todas as formas de
propósito, e levando em consideração
exploração e abuso sexual. Nesse sentido, os
as disposições pertinentes de outros
Estados Partes tomarão, em especial, todas
instrumentos internacionais, os Estados
as medidas de caráter nacional, bilateral e
Partes, deverão, em particular:
multilateral que sejam necessárias para
a) estabelecer uma idade ou idades impedir:
mínimas para a admissão em empregos; a) o incentivo ou a coação para que uma
b) estabelecer regulamentação apropriada criança se dedique a qualquer atividade
relativa a horários e condições de sexual ilegal;
emprego;
b) a exploração da criança na prostituição
c) estabelecer penalidades ou outras ou outras práticas sexuais ilegais;
sanções apropriadas a fim de assegurar c) a exploração da criança em espetáculos
o cumprimento efetivo do presente Artigo. ou materiais pornográficos.

ARTIGO 33 ARTIGO 35

Os Estados Partes adotarão todas as Os Estados Partes tomarão todas as


medidas apropriadas, inclusive medidas medidas de caráter nacional, bilateral e
legislativas, administrativas, sociais e multilateral que sejam necessárias para impedir
educacionais, para proteger a criança contra o seqüestro, a venda ou o tráfico de crianças
o uso ilícito de drogas e substâncias para qualquer fim ou sob qualquer forma.
psicotrópicas descritas nos tratados
internacionais pertinentes e para impedir que
crianças sejam utilizadas na produção e no ARTIGO 36
tráfico ilícito dessas substâncias.
Os Estados Partes protegerão a criança
contra todas as demais formas de exploração
que sejam prejudiciais para qualquer aspecto
de seu bem-estar.

109
Convenção sobre os Direitos da da Criança

ARTIGO 37 assistência adequada, bem como direito


a impugnar a legalidade da privação
Os Estados Partes zelarão para que: de sua liberdade perante um tribunal ou
outra autoridade competente,
a) nenhuma criança seja submetida a independente e imparcial e a uma
tortura nem a outros tratamentos ou rápida decisão a respeito de tal ação.
penas cruéis, desumanos ou
degradantes. Não será imposta a pena
de morte nem a prisão perpétua sem ARTIGO 38
possibilidade de livramento por delitos
cometidos por menores de dezoito anos 1. Os Estados Partes se comprometem a
de idade; respeitar e a fazer com que sejam
b) nenhuma criança seja privada de sua respeitadas as normas do direito
liberdade de forma ilegal ou arbitrária. humanitário internacional aplicáveis em
A detenção, a reclusão ou a prisão de casos de conflito armado no que digam
uma criança será efetuada em respeito às crianças.
conformidade com a lei e apenas como
2. Os Estados Partes adotarão todas as
último recurso, e durante o mais breve
medidas possíveis a fim de assegurar
período de tempo que for apropriado;
que todas as pessoas que ainda não
c) toda criança privada da liberdade seja tenham completado quinze anos de
tratada com a humanidade e o respeito idade não participem diretamente de
que merece a dignidade inerente à hostilidades.
pessoa humana, e levando-se em
3. Os Estados Partes abster-se-ão de
consideração as necessidades de uma
recrutar pessoas que não tenham
pessoa de sua idade. Em especial, toda
criança privada de sua liberdade ficará completado quinze anos de idade para
separada dos adultos, a não ser que tal servir em suas forças armadas. Caso
fato seja considerado contrário aos recrutem pessoas que tenham
melhores interesses da criança, e terá completado quinze anos mas que
direito a manter contato com sua família tenham menos de dezoito anos, deverão
por meio de correspondência ou de procurar dar prioridade aos de mais
visitas, salvo em circunstâncias idade.
excepcionais; 4. Em conformidade com suas obrigações
d) toda criança privada de sua liberdade de acordo com o direito humanitário
tenha direito a rápido acesso a internacional para proteção da
assistência jurídica e a qualquer outra população civil durante os conflitos

110
Convenção sobre os Direitos da da Criança

armados, os Estados Partes adotarão reintegração e seu desempenho


todas as medidas necessárias a fim de construtivo na sociedade.
assegurar a proteção e o cuidado das 2. Nesse sentido, e de acordo com as
crianças afetadas por um conflito disposições pertinentes dos instrumentos
armado. internacionais, os Estados Partes
assegurarão, em particular:
ARTIGO 39 a) que não se alegue que nenhuma criança
tenha infringido as leis penais, nem se
acuse ou declare culpada nenhuma
Os Estados Partes adotarão todas as
criança de ter infringido essas leis, por
medidas apropriadas para estimular a
atos ou omissões que não eram
recuperação física e psicológica e a
proibidos pela legislação nacional ou
reintegração social de toda criança vítima de
pelo direito internacional no momento
qualquer forma de abandono, exploração ou
em que foram cometidos;
abuso; tortura ou outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes; ou b) que toda criança de quem se alegue ter
conflitos armados. Essa recuperação e infringido as leis penais ou a quem se
reintegração serão efetuadas em ambiente acuse de ter infringido essas leis goze,
que estimule a saúde, o respeito próprio e a pelo menos, das seguintes garantias:
dignidade da criança. i) ser considerada inocente enquanto não
for comprovada sua culpabilidade
conforme a lei;
ARTIGO 40
ii) ser informada sem demora e diretamente
ou, quando for o caso, por intermédio
1. Os Estados Partes reconhecem o direito
de seus pais ou de seus representantes
de toda criança a quem se alegue ter
legais, das acusações que pesam contra
infringido as leis penais ou a quem se
ela, e dispor de assistência jurídica ou
acuse ou declare culpada de ter
outro tipo de assistência apropriada
infringido as leis penais de ser tratada
para a preparação e apresentação de
de modo a promover e estimular seu
sua defesa;
sentido de dignidade e de valor e a
fortalecer o respeito da criança pelos iii) ter a causa decidida sem demora por
direitos humanos e pelas liberdades autoridade ou órgão judicial
fundamentais de terceiros, levando em competente, independente e imparcial,
consideração a idade da criança e a em audiência justa conforme a lei, com
importância de se estimular sua assistência jurídica ou outra assistência

111
Convenção sobre os Direitos da da Criança

e, a não ser que seja considerado não tem capacidade para infringir as leis
contrário aos melhores interesses da penais;
criança, levando em consideração b) a adoção sempre que conveniente e
especialmente sua idade ou situação e desejável, de medidas para tratar dessas
a de seus pais ou representantes legais; crianças sem recorrer a procedimentos
iv) não ser obrigada a testemunhar ou a judiciais, contando que sejam
se declarar culpada, e poder interrogar respeitados plenamente os direitos
ou fazer com que sejam interrogadas humanos e as garantias legais.
as testemunhas de acusação bem como 4. Diversas medidas, tais como ordens de
poder obter a participação e o
guarda, orientação e supervisão,
interrogatório de testemunhas em sua
aconselhamento, liberdade vigiada,
defesa, em igualdade de condições;
colocação em lares de adoção,
v) se for decidido que infringiu as leis programas de educação e formação
penais, ter essa decisão e qualquer profissional, bem como outras
medida imposta em decorrência da alternativas à internação em instituições,
mesma submetidas a revisão por deverão estar disponíveis para garantir
autoridade ou órgão judicial superior que as crianças sejam tratadas de modo
competente, independente e imparcial, apropriado ao seu bem-estar e de forma
de acordo com a lei; proporcional às circunstâncias e ao tipo
vi) contar com a assistência gratuita de um do delito.
intérprete caso a criança não
compreenda ou fale o idioma utilizado;
ARTIGO 41
vii) ter plenamente respeitada sua vida
privada durante todas as fases do
processo. Nada do estipulado na presente
Convenção afetará disposições que sejam
3. Os Estados Partes buscarão promover o
mais convenientes para a realização dos
estabelecimento de leis, procedimentos,
direitos da criança e que podem constar:
autoridades e instituições específicas para
as crianças de quem se alegue ter a) das leis de um Estado Parte;
infringido as leis penais ou que sejam b) das normas de direito internacional
acusadas ou declaradas culpadas de tê- vigentes para esse Estado.
las infringido, e em particular:
a) o estabelecimento de uma idade mínima
antes da qual se presumirá que a criança

112
Convenção sobre os Direitos da da Criança

uma pessoa dentre os cidadãos de seu


PARTE II país.
4. A eleição inicial para o Comitê será
ARTIGO 42
realizada, no mais tardar, seis meses
após a entrada em vigor da presente
Os Estados Partes se comprometem a dar Convenção e, posteriormente, a cada
aos adultos e às crianças amplo conhecimento dois anos. No mínimo quatro meses
dos princípios e disposições da Convenção, antes da data marcada para cada
mediante a utilização de meios apropriados eleição, o Secretário-Geral das Nações
e eficazes. Unidas enviará uma carta aos Estados
Partes convidando-os a apresentar suas
candidaturas num prazo de dois meses.
ARTIGO 43
O Secretário- Geral elaborará
posteriormente uma lista da qual farão
1. A fim de examinar os progressos parte, em ordem alfabética, todos os
realizados no cumprimento das candidatos indicados e os Estados Partes
obrigações contraídas pelos Estados que os designaram, e submeterá a
Partes na presente Convenção, deverá mesma aos Estados Partes presentes à
ser estabelecido um Comitê para os Convenção.
Direitos da Criança que desempenhará
5. As eleições serão realizadas em reuniões
as funções a seguir determinadas.
dos Estados Partes convocadas pelo
2. O comitê estará integrado por dez Secretário-Geral na Sede das Nações
especialistas de reconhecida integridade Unidas. Nessas reuniões, para as quais
moral e competência nas áreas cobertas o quorum será de dois terços dos
pela presente Convenção. Os membros Estados Partes, os candidatos eleitos
do comitê serão eleitos pelos Estados para o Comitê serão aqueles que
Partes dentre seus nacionais e exercerão obtiverem o maior número de votos e a
suas funções a título pessoal, tomando- maioria absoluta de votos dos
se em devida conta a distribuição representantes dos Estados Partes
geográfica eqüitativa bem como os presentes e votantes.
principais sistemas jurídicos.
6. Os membros do Comitê serão eleitos
3. Os membros do Comitê serão para um mandato de quatro anos.
escolhidos, em votação secreta, de uma Poderão ser reeleitos caso sejam
lista de pessoas indicadas pelos Estados apresentadas novamente suas
Partes. Cada Estado Parte poderá indicar candidaturas. O mandato de cinco dos

113
Convenção sobre os Direitos da da Criança

membros eleitos na primeira eleição 12. Com prévia aprovação da Assembléia


expirará ao término de dois anos; Geral, os membros do Comitê
imediatamente após ter sido realizada estabelecido de acordo com a presente
a primeira eleição, o Presidente da Convenção receberão emolumentos
reunião na qual a mesma se efetuou provenientes dos recursos das Nações
escolherá por sorteio os nomes desses Unidas, segundo os termos e condições
cinco membros. determinados pela assembléia.
7. Caso um membro do Comitê venha a
falecer ou renuncie ou declare que por ARTIGO 44
qualquer outro motivo não poderá
continuar desempenhando suas
funções, o Estado Parte que indicou esse 1. Os Estados Partes se comprometem a
membro designará outro especialista, apresentar ao Comitê, por intermédio
dentre seus cidadãos, para que exerça do Secretário-Geral das Nações Unidas,
o mandato até seu término, sujeito à relatórios sobre as medidas que tenham
aprovação do Comitê. adotado com vistas a tornar efetivos os
direitos reconhecidos na Convenção e
8. O Comitê estabelecerá suas próprias
sobre os progressos alcançados no
regras de procedimento.
desempenho desses direitos:
9. O Comitê elegerá a Mesa para um a) num prazo de dois anos a partir da data
período de dois anos. em que entrou em vigor para cada
10. As reuniões do Comitê serão Estado Parte a presente Convenção;
celebradas normalmente na Sede das b) a partir de então, a cada cinco anos.
Nações Unidas ou em qualquer outro
lugar que o Comitê julgar conveniente. 2. Os relatórios preparados em função do
O Comitê se reunirá normalmente todos presente Artigo deverão indicar as
os anos. A duração das reuniões do circunstâncias e as dificuldades, caso
Comitê será determinada e revista, se existam, que afetam o grau de
for o caso, em uma reunião dos Estados cumprimento das obrigações derivadas
Partes da presente Convenção, sujeita da presente Convenção. Deverão,
à aprovação da Assembléia Geral. também, conter informações suficientes
para que o Comitê compreenda, com
11. O Secretário-Geral das Nações
exatidão, a implementação da
Unidas fornecerá o pessoal e os serviços
Convenção no país em questão.
necessários para o desempenho eficaz
das funções do Comitê de acordo com 3. Um Estado Parte que tenha apresentado
a presente Convenção. um relatório inicial ao Comitê não

114
Convenção sobre os Direitos da da Criança

precisará repetir, nos relatórios Infância e outros órgãos competentes


posteriores a serem apresentados que considere apropriados a fornecer
conforme o estipulado no sub-item b) assessoramento especializado sobre a
do parágrafo 1 do presente Artigo, a implementação da Convenção em
informação básica fornecida matérias correspondentes a seus
anteriormente. respectivos mandatos. O Comitê poderá
4. O Comitê poderá solicitar aos Estados convidar as agências especializadas, o
Partes maiores informações sobre a Fundo das Nações Unidas para Infância
implementação da Convenção. e outros órgãos das Nações Unidas a
5. A cada dois anos, o Comitê submeterá apresentarem relatórios sobre a
relatórios sobre suas atividades à implementação das disposições da
Assembléia Geral das Nações Unidas, presente Convenção compreendidas no
por intermédio do Conselho Econômico âmbito de suas atividades;
e Social. b) conforme julgar conveniente, o Comitê
6. Os Estados Partes tornarão seus transmitirá às agências especializadas,
relatórios amplamente disponíveis ao ao Fundo das Nações Unidas para a
público em seus respectivos países. Infância e a outros órgãos competentes
quaisquer relatórios dos Estados Partes
que contenham um pedido de
ARTIGO 45
assessoramento ou de assistência
técnica, ou nos quais se indique essa
A fim de incentivar a efetiva implementação necessidade, juntamente com as
da Convenção e estimular a cooperação observações e sugestões do Comitê, se
internacional nas esferas regulamentadas pela as houver, sobre esses pedidos ou
Convenção:
indicações;
a) os organismos especializados, o Fundo
c) o Comitê poderá recomendar à
das Nações Unidas para a Infância e
Assembléia Geral que solicite ao
outros órgãos das Nações Unidas terão
Secretário-Geral que efetue, em seu
o direito de estar representados quando
for analisada a implementação das nome, estudos sobre questões concretas
disposições da presente Convenção que relativas aos direitos da criança;
estejam compreendidas no âmbito de d) o Comitê poderá formular sugestões e
seus mandatos. O Comitê poderá recomendações gerais com base nas
convidar as agências especializadas, o informações recebidas nos termos dos
Fundo das Nações Unidas para a Artigos 44 e 45 da presente Convenção.

115
Convenção sobre os Direitos da da Criança

Essas sugestões e recomendações gerais


deverão ser transmitidas aos Estados
PARTE III
Partes e encaminhadas à Assembléia
geral, juntamente com os comentários ARTIGO 46
eventualmente apresentados pelos
Estados Partes. A presente Convenção está aberta à
assinatura de todos os Estados.

Artigo 47

A presente Convenção está sujeita à


ratificação. Os instrumentos de ratificação
serão depositados junto ao Secretário-Geral
das Nações Unidas.

ARTIGO 48

A presente convenção permanecerá aberta


à adesão de qualquer Estado. Os instrumentos
de adesão serão depositados junto ao
Secretário-Geral das Nações Unidas.

Artigo 49

1. A presente Convenção entrará em vigor


no trigésimo dia após a data em que
tenha sido depositado o vigésimo
instrumento de ratificação ou de adesão
junto ao Secretário-Geral das Nações
Unidas.
2. Para cada Estado que venha a ratificar
a Convenção ou a aderir a ela após ter
sido depositado o vigésimo instrumento

116
Convenção sobre os Direitos da da Criança

de ratificação ou de adesão, a Estados Partes permanecerão obrigados pelas


Convenção entrará em vigor no disposições da presente Convenção e pelas
trigésimo dia após o depósito, por parte emendas anteriormente aceitas por eles.
do Estado, de seu instrumento de
ratificação ou de adesão.
Artigo 51

ARTIGO 50 1. O Secretário-Geral das Nações Unidas


receberá e comunicará a todos os
1. Qualquer Estado Parte poderá propor Estados Partes o texto das reservas feitas
uma emenda e registrá-la com o Secretário- pelos Estados no momento da
Geral das Nações Unidas. O Secretário-Geral ratificação ou da adesão.
comunicará a emenda proposta aos Estados 2. Não será permitida nenhuma reserva
Partes, com a solicitação de que estes o incompatível com o objetivo e o
notifiquem caso apoiem a convocação de propósito da presente Convenção.
uma Conferência de Estados Partes com o
propósito de analisar as propostas e submetê- 3. Quaisquer reservas poderão ser
las à votação. Se, num prazo de quatro meses retiradas a qualquer momento mediante
a partir da data dessa notificação, pelo menos uma notificação nesse sentido dirigida
um terço dos Estados Partes se declarar ao Secretário-Geral das Nações Unidas,
favorável a tal Conferência, o Secretário- que informará a todos os Estados. Essa
Geral convocará Conferência, sob os notificação entrará em vigor a partir da
auspícios das Nações Unidas. Qualquer data de recebimento da mesma pelo
emenda adotada pela maioria de Estados Secretário-Geral.
Partes presentes e votantes na Conferência
será submetida pelo Secretário-Geral à ARTIGO 52
Assembléia Geral para sua aprovação.
2. Uma emenda adotada em Um Estado Parte poderá denunciar a
conformidade com o parágrafo 1 do presente presente Convenção mediante notificação
Artigo entrará em vigor quando aprovada pela feita por escrito ao Secretário-Geral das
Assembléia Geral das Nações Unidas e aceita Nações Unidas. A denúncia entrará em vigor
por uma maioria de dois terços de Estados um ano após a data em que a notificação
Partes. tenha sido recebida pelo Secretário-Geral.
3. Quando uma emenda entrar em vigor,
ela será obrigatória para os Estados Partes
que as tenham aceito, enquanto os demais

117
Convenção sobre os Direitos da da Criança

ARTIGO 53

Designa-se para depositário da presente


Convenção o Secretário-Geral das Nações
Unidas.

ARTIGO 54

O original da presente Convenção, cujos


textos em árabe chinês, espanhol, francês,
inglês e russo são igualmente autênticos, será
depositado em poder do Secretário-Geral das
Nações Unidas.
Em fé do que, os plenipotenciários abaixo
assinados, devidamente autorizados por seus
respectivos Governos, assinaram a presente
Convenção.

118
LEI DE CRIAÇÃO
DO CONANDA
LEI Nº 8.242, DE 12 DE OUTUBRO DE 1991
Cria o Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CONANDA) e
dá outras providências
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

Art.1º.Fica criado o Conselho Nacional II. Zelar pela aplicação da política


dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional de atendimento dos direitos da
(CONANDA). criança e do adolescente;
§ 1º.Este conselho integra o conjunto de III. dar apoio aos Conselhos Estaduais e
atribuições da Presidência da República. Municipais dos Direitos da Criança e do
§ 2º.O Presidente da República pode Adolescente, aos órgãos estaduais,
delegar a órgão executivo de sua escolha o municipais, e entidades não-
suporte técnico administrativo-financeiro governamentais para tornar efetivos os
necessário ao funcionamento do Conanda. princípios, as diretrizes e os direitos
estabelecidos na Lei nº 8.069, de 13
de julho de 1990;
Art.2º Compete ao Conanda: IV. avaliar a política estadual e municipal e
I. elaborar as normas gerais da política a atuação dos Conselhos Estaduais e
nacional de atendimento dos direitos da Municipais da Criança e do Adolescente;
criança e do adolescente, fiscalizando V. (vetado)
as ações de execução, observadas as
linhas de ação e as diretrizes VI. (vetado)
estabelecidas nos arts. 87 e 88 da Lei VII. acompanhar o reordenamento
nº 8.069, de 13 de julho de institucional propondo, sempre que
1990(Estatuto da Criança e do necessário, modificações nas estruturas
Adolescente); públicas e privadas destinadas ao
Lei de Criação do Conanda

atendimento da criança e do §1º(vetado)


adolescente; §2ºNa ausência de qualquer titular, a
VIII. apoiar a promoção de campanhas representação será feita por suplente.
educativas sobre os direitos da criança
e do adolescente, com a indicação das Art.4º(vetado)
medidas a serem adotadas nos casos
de atentados ou violação dos mesmos; Parágrafo Único. As funções dos membros
do Conanda não são remuneradas e seu
IX. acompanhar a elaboração e a execução exercício é considerado serviço público
da proposta orçamentária da União, relevante.
indicando modificações necessárias à
Art.5º O Presidente da República nomeará
consecução da política formulada para e destituirá o Presidente do Conanda dentre
a promoção dos direitos da criança e do os seus respectivos membros.
adolescente;
Art.6º Fica instituído o Fundo Nacional
X. gerir o fundo de que trata o art. 6º da para a criança e o adolescente.
lei e fixar os critérios para sua utilização,
Parágrafo Único. O fundo de que trata este
nos termos do art. 260 da Lei nº 8.069,
artigo tem como receita:
de 13 de julho de 1990;
a) contribuições ao Fundo Nacional
XI. elaborar o seu regimento interno, referidas no art. 260 da Lei nº 8.069,
aprovando-o pelo prazo de, no mínimo, de 13 de julho de 1990;
dois terços de seus membros, nele
b) recursos destinados ao Fundo Nacional,
definindo a forma de indicação do seu
consignados no orçamento da União;
Presidente.
c) contribuições dos governos e
organismos estrangeiros e
Art. 3º O Conanda é integrado por internacionais;
representantes do Poder Executivo,
d) o resultado de aplicações do governo
assegurada a participação dos órgãos
e organismos estrangeiros e
executores das políticas sociais básicas na
internacionais;
área de ação social, justiça, educação, saúde,
economia, trabalho e previdência social e, e) o resultado de aplicações no mercado
em igual número, por representantes de financeiro, observada a legislação
entidades não-governamentais de âmbito pertinente;
nacional de atendimento dos direitos da f) outros recursos que lhe forem
criança e do adolescente. destinados.

124
Lei de Criação do Conanda

Art.7º(vetado) Art.260 Os contribuintes poderão deduzir


Art.8º A instalação do Conanda dar-se-á do imposto devido, na declaração do Imposto
no prazo de quarenta e cinco dias da sobre a Renda, o total das doações feitas aos
publicação desta lei. Fundos dos Direitos da Criança e do
Adolescente - nacional, estaduais ou
Art.9º O Conanda aprovará o seu municipais - devidamente comprovadas,
regimento interno no prazo de trinta dias, a obedecidas os limites estabelecidos em
contar da sua instalação. Decreto do Presidente da República.
Art.10º Os arts. 132, 139 e 260 da Lei nº §1º.............................................
8.069, de 13 de julho de 1990, passam a
vigorar com a seguinte redação: §2º.............................................
“Art.132.Em cada Município haverá no §3º O Departamento da Receita Federal,
mínimo, um Conselho Tutelar composto de do Ministério da Economia, Fazenda e
cinco membros, escolhidos pela comunidade Planejamento, regulamentará a comprovação
local para mandato de três anos, permitida das doações feitas aos fundos, nos termos
uma recondução. deste artigo.
.............................................. §4º O Ministério Público determinará em
cada comarca a forma de fiscalização da
Art.139.O processo para a escolha dos aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos
membros do Conselho Tutelar será da Criança e do Adolescente, dos incentivos
estabelecido em lei municipal e realizado sob fiscais referidos neste artigo.”
a responsabilidade do Conselho Municipal
dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a Art.11º Esta lei entra em vigor na data de
fiscalização do Ministério Público. sua publicação.
.................................................... Art.12º Revogam-se as disposições em
contrário.

Brasília, 12 de outubro de 1991;170º da Independência e 103º da República.

FERNANDO COLLOR
Margarita Procópio

125

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