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PRIMEIRA QUESTÃO - FICHAMENTO TEXTUAL

Psicologia Geral e Jurídica

Prof. Betânea Moraes

REFERÊNCIAS

RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Erikson e a teoria psicossocial do


desenvolvimento. Disponível em <http://www.josesilveira.com>. No dia 28 de
julho de 2019.

RESUMO/CONTEÚDO DE INTERESSE

O artigo inicia trazendo um breve histórico sobre a vida de Erik


Homburguer Erikson, nasceu na Alemanha, em 1902 e faleceu em 1994. Teve
seu contato com a psicanalise devido à um convite que recebeu para trabalhar
em uma escola para pacientes sujeitados à psicanalise, onde obteve contato
com Anna Freud. Foi para o Estados Unidos e lá se tornou o primeiro psicanalista
infantil americano.

Erikson, em seus estudos, focou mais na parte do problema de identidade


e das crises do ego, aportado em âmbito sociocultural. No entanto sem negar a
teoria de Freud sobre o desenvolvimento psicossexual. Diante de viver em um
momento onde a psicanalise transferia o enfoque do id para os conflitos do ego,
o estudo da identidade se tornou ardiloso para Erikson. Visto que as variações
do foco da teoria psicanalítica ocorreram antes mesmo da morte de Freud, seus
próprios discípulos modificaram e discordaram de suas teorias em sua presença.
Logo após a morte de Freud a psicanalise sofreu uma grande ampliação em seus
campos de estudos, ideias foram transformadas, abafadas, porém a maioria
possuiu extensão, devido o contato da psicanalise com a psicologia. Um dos
avanços de extrema relevância para o estudo humano na época (séc. XX) foi o
da teoria freudiana com seu foco no ego. Com Freud, o ego está em muitas
vezes sujeito ao id, já Anna Freud propôs ao ego uma autonomia, um maior
poder de decisão e de atuação, além de transformar os estágios psicossexuais
de Freud em estágios de busca de domínio do ego, dando base para o estudo
de Erik Erikson. Vale ressaltar que esse período na psicanalise ficou conhecido
como fase da “Psicologia do Ego”, na qual o foco no inconsciente foi reduzido.
Na metade do século XX, Erikson inicia o processo de construção de sua
teoria psicossocial do desenvolvimento humano, tendo sempre em mente que o
ser humano é um ser social, logo vive em sociedade e é influenciado e
pressionado por ela. Erikson dividiu o desenvolvimento do humano em fases
assim como muitos pensadores porém possui algumas peculiaridades como o
fato de desviar o foco da sexualidade como fundamento das relações sociais, os
estágios do desenvolvimento vão além da infância, pois Erikson afirma que a
personalidade que desenvolvemos quando criança pode ser parcialmente
modificada ao decorrer dos acontecimentos da vida, a pessoa cresce a partir das
exigências internas de seu ego, como também exigências do meio em que habita
logo, é necessário o exame da cultura e da sociedade em que vive, em cada
estágio o ego passa por uma crise, esta crise pode ter uma conclusão positiva
ou negativa, se a solução for positiva o ego se torna mais forte e rico se for
negativa o ego se torna mais frágil, a cada crise passada a personalidade vai se
reorganizando de acordo com os momentos vividos, assim como o ego vai se
adaptando a suas vitórias e derrotas.

Erikson formulou alguns estágios que ele nomeou de psicossociais, no


qual ele descreve as crises que o ego passa ao decorrer do ciclo vital. Estas
crises seriam organizadas, ao modo que, ao término dela, o sujeito sairia com o
ego mais forte ou mais frágil e isso dependeria do desenrolar do conflito, o
desfecho da crise influenciaria significativamente o início do outro estágio, sendo
que o desenvolvimento da pessoa estaria sujeito absolutamente ao seu contexto
social, alicerce destas crises. As crises do ego, resumidamente, são elas:

Confiança Básica x Desconfiança Básica

Essa seria a fase inicial na infância, onde a atenção do bebê é voltada


para sua mãe, a pessoa que satisfaz suas necessidades e promove seu conforto,
esta é a primeira relação social do bebê e é quando a criança sente a falta da
mãe que ela vai lidar com algo que Erikson denomina de força básica, nesta fase
a força é a esperança, quando o bebê toma noção de que sua mãe não está ali
ele cria a esperança de que ela voltará e quando a mãe volta ele começa a
compreender que as pessoas e objetos existem mesmo que não se possa ver
temporariamente. Quando a criança vive esses momentos positivamente surge
a confiança básica, caso contrário surge a desconfiança básica onde a criança
vê o mundo de formar ruim, porém é importante que a criança conviva com
pequenas frustações pois a partir daí ela poderá entender quais esperanças
podem se realizar e quais não podem o que Erikson chamou de ordem cósmicas
(as regras que controlam o mundo).

Autonomia x Vergonha e Dúvida

Nessa fase a criança já tem um certo controle muscular que quer exercitar
de toda forma direcionadas a exploração e o desejo da autonomia, porém ela
percebe que não pode gastar toda sua energia à vontade, tendo que fazer uma
relação entre manutenção muscular, conservação e controle. Sendo assim, a
aceitação desse controle pela criança faz com que ela aprenda quais são seus
privilégios, obrigações e limitações. Assim como, surge a capacidade da criança
de julgar. No aprendizado do controlo que surge a força básica vontade,
fundamentada no livre arbítrio, um pré-requisito para o desenvolver saudável da
autonomia. A forma como algo acontece acarreta a forma como a criança reage
aquele acontecimento, se ao invés da vontade, o controle for quem dita que a
regra deve ser cumprida, a criança entenderá que todo e qualquer
descumprimento deve ser punido, ou seja, a punição venceu a compaixão. Se
sua autonomia é exigida demais ela não dará conta e se sentirá incapaz, se é
pouco exigida, ela se sentirá abandonada e duvidará de sua capacidade, se a
criança é muito protegida, ela se tornará frágil e envergonhada. Portanto, os pais
devem proporcionar autonomia, mas sempre estar por perto quando o serviço
for além das capacidades da criança.

Iniciativa x Culpa

Nesse estágio a criança já desenvolveu a confiança e a autonomia, agora


ela associará esses dois e desenvolverá a iniciativa, pela expansão intelectual.
A iniciativa se caracteriza pelo sentimento de determinação quem vem da
combinação confiança-autonomia, o crescimento intelectual adquirido da
alfabetização e a extensão do círculo social proporciona a capacidade de
planejamento e realização da criança. Já o sentimento de culpa está entrelaçado
com o Freud dissertou sobre o Complexo de Édipo, para Erikson o sentimento
de culpa na criança, quando na mente da criança, pode se associar a sensação
de fracasso acarretando em ansiedade em atitudes futuras. Com a iniciativa e o
proposito a criança desenvolve a responsabilidade querendo ajudar e realizar
tarefas é nesse momento importante que os pais ensinem que a tarefas que não
podem ser realizadas por elas ainda.

Diligência x Inferioridade

Erikson dá um enfoque a essa fase pois é nela que se trata do controle,


tanto físico quanto mental. Com a educação formal agora a criança aprende o
sentido de valor e passa a valorizar as coisas assim como perceber que existem
recompensas a longo prazo para coisas que são feitas no presente, portanto ela
desenvolve um interesse pelo futuro. Assim como, a criança começa a se
interessar pelo trabalho pois ele remete competência, sendo assim a criança se
dedica a realizar suas tarefas e percebe que possui habilidade quando conclui a
tarefa com êxito, este prazer de realização das forças ao ego. É nessa fase em
que a criança precisa de uma forma regular que ela possa gastar toda sua
energia psíquica, ela encontra essa forma no estudo. É também aqui onde a
criança começa a pensar no que ela quer ser quando crescer.

Identidade x Confusão de Identidade

Essa fase foi a que Erikson desenvolveu mais trabalhos, o adolescente


aqui passará a se perguntar “Quem sou eu? ”, “Sou diferente de meus pais? ”, “
O que quero ser? ”. Dessa forma ele tenta encontrar seu papel social, de onde
surge pendencias como sua escolha vocacional, os grupos a qual participa, seus
objetivos para o futuro, etc. Para Erikson o que comanda a formação de grupos
seria o envolvimento ideológico, ou seja, o compartilhamento das mesmas ideias
e pensamentos, toda essa preocupação em encontrar seu papel na sociedade
provoca no adolescente uma crise de identidade, onde a opinião alheia sempre
será importante e o adolescente se molda e remodela tentando se encaixar cada
vez mais. Nesta confusão de identidade o adolescente pode se sentir triste,
solitário, ansioso, isolado, etc., no entanto essa crise de identidade pode ter um
bom desfecho, quanto melhor ele tiver resolvido suas crises mais rápido ele
alcançará a estabilização da identidade, sendo estável com os outros e leal e fiel
consigo mesmo e com suas metas e desejos, obtendo o senso de identidade
contínua.

Intimidade x Isolamento

Aqui se trata das relações sociais, quando o indivíduo estabelecer sua


identidade como fixa e forte este estará pronto para se unir à outra identidade.
Pode se falar da relação com intimidade e parceira, quando há dois egos fortes
e autônomos possíveis de não se sentirem ameaçados pela relação um com
outro e do isolamento quando há pessoa tem medo de compromissos e não quer
se relacionar, pois prefere manter seu ego frágil e acha que se relacionar não
trará segurança para seu ego, se isso acontecer durante um pequeno período
de tempo, é compreensível, pois todo mundo precisa de um isolamento as vezes,
para fortalecer seu ego ou até mesmo saber se ele busca uma associação,
porem quando é por um longo período de tempo se considera que a crise teve
um desfecho negativo. Ademais, Erikson afirma que o elitismo é quando se forma
um grupo fechado onde se limita muito o tipo de ego com o qual se relaciona.

Generatividade x Estagnação

A preocupação com tudo que pode ser criado, dos filhos até ideias e
negócios caracteriza essa fase. É nesse momento que o sujeito acredita que sua
personalidade será enriquecida e não transformada , é o momento onde ele vai
repassar tudo aquilo que aprendeu e viveu e sentirá que tudo valeu a pena, pois
esse ato de ensinar e repassar já é algo enraizado no ser humano, é uma forma
de colocar um pouco de si nos outros, não havendo essa transmissão o indivíduo
se dá conta que tudo o que fez e construiu não valeu a pena pois não será
lembrado e não haverá prosseguimento, seja no filho, seja no negócio, seja em
uma ideia, que Erikson chamara de estagnação , um grande exemplo é Brás
Cubas da obra de Machado de Assis que morreu sem deixar nenhum legado.

Integridade x Desespero

Nessa fase o indivíduo começa a refletir e rever sua vida, o que fez, o que
deixou de fazer, o que quer fazer, o que se arrepende de ter feito, há duas formas
de enfrentar essa retrospectiva uma é quando a pessoa se desespera pois a
morte se aproxima , senti a sensação de que o tempo acabou e que nada mais
pode ser feito, são pessoas que vivem em eterna nostalgia e tristeza por sua
velhice e a outra forma é lembra do que fez com felicidade e integridade com a
sensação de dever cumprido que fez o que tinha que ser feito e o que deu para
fazer, assim como divide sua sabedoria e vivências com outras pessoas.

Teoria do Plano de Vida

Esse plano de vida é algo que para Erikson seria construído naturalmente
durante o desenvolvimento do indivíduo e as crises pela qual ele passa. A
confiança básica é uma das crises que colaboram para a elaboração do plano
de vida, assim como o a iniciativa e a diligência onde a criança, pela educação
se insere no mundo social, é aqui que a criança exercita características e
habilidades para seu futuro. Na adolescência onde o indivíduo sempre se
preocupa com a opinião externa é revivenciado todas as crises já sofridas pois
o indivíduo tenta se encaixar no padrão da sociedade. O plano de vida consolida-
se quando o sujeito define quem ele é e o que ele fara da sua vida. Ademais,
vale ressaltar a importância da generatividade para o plano de vida pois haverá
a passagem desse plano.

Inovação da Teoria Eriksoniana

Erikson trata da importância do contexto histórico e cultural como


instrumentos de analise, visto que são eles que proporcionam o conhecimento
sobre a formação de uma identidade, construída e mantida pela sociedade, que
Erikson denomina de ego grupal. Segundo Erikson somente a psicanalise e as
ciências sócias poderiam continuar com o levantamento do andar da vida
particular no contexto de uma comunidade que vive em mudanças.

Diante disso, os estudos de Erikson são de significante relevância, muito


me chama atenção a divisão em crises no decorrer do ciclo vital para a formação
da identidade do ser humano e o possível fortalecimento de seu ego ou
enfraquecimento. Vale ressaltar que Erikson inovou o pensamento da época com
seu estudo da identidade, suas teorias são semelhantes à de Freud, a diferença
é que Freud foca na sexualidade e na questão do inconsciente, ou seja do id, já
Erikson foca mais no ego. Logo, a teoria psicossocial do desenvolvimento de
Erikson é muito relevante ser estudada assim como, serve de base para a
análise da construção das identidades individuais desenvolvidas pela sociedade.
SEGUNDA QUESTÃO – HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

A saúde mental é importante para que o indivíduo tenha uma boa


qualidade de vida. O atendimento em psiquiatria se faz necessário no âmbito de
saúde pública e também nos planos de saúde. No entanto, a psiquiatria nem
sempre foi uma área que teve grande foco e importância como atualmente, casos
de perturbações mentais estão registrados por toda a História e são, desde as
épocas mais remotas, citados por historiadores, poetas, pintores, escultores e
médicos. Apenas para citar algumas figuras históricas conhecidas, temos os
exemplos dos Imperadores Romanos Calígula e Nero, os reis franceses Clóvis
II e Carlos VI, este último chamado de Carlos, o Louco, o qual acreditava ser
feito de vidro e que inseria pequenas hastes de ferro em suas roupas a fim de
prevenir que se partisse em pedaços.

Há registros de que em civilizações muito antigas, como Babilônia e Egito,


havia indivíduos, muitos deles sacerdotes, os quais descreveram alguns
transtornos mentais, mesclando explicações místico-religiosas em suas
descrições. Os egípcios, pelo seu conhecimento em anatomia humana,
adquirido pelo hábito de embalsamar cadáveres, produziram escritos
destacando o papel do cérebro e do útero na origem de transtornos mentais,
sendo o termo histeria (de hysteros, útero) utilizado até mesmo em nossos dias.

Na Grécia, algumas doenças mentais eram vistas como sendo vinganças


dos deuses, porém com o materialismo grego, passou a atentar mais detalhada
e profundamente para aspectos naturais como sendo causadores de doenças
mentais, e nessa época foram iniciados tratamentos médicos para alguns
transtornos, dos quais não participava a mitologia grega. Empédocles (séc. V
A.C.) foi um desses precursores.

Hipócrates (460-377 A.C), por chamado por muitos de o pai da medicina,


foi o primeiro a afirmar que a epilepsia era uma doença cerebral, e, sabiamente,
dizia que a cura das doenças se dá com a participação principal da própria
natureza, sendo os médicos apenas auxiliares para os processos de cura. Para
ele o cérebro era o órgão central e principal do corpo humano, de onde
provinham os pensamentos e as emoções. Os seguidores de Hipócrates
parecem ter sido os primeiros a produzir uma classificação das doenças mentais.
Porém durante o período medieval consta, segundo alguns autores, que
prevaleciam as explicações místico-religiosas para a origem de transtornos
mentais. E a Inquisição da Igreja Católica Romana torturava e queimava doentes
mentais em fogueiras sob a alegação de que necessitavam ser destruídos, pois
estariam possessos por demônios. E as supostas possessões teriam se iniciado
por algum envolvimento deliberado desses doentes com o Diabo.

Os primeiros que criaram hospitais para enfermos mentais foram os


árabes, conforme Ackerknenecht. A cidade de Fez, em 700, foi a primeira a
possuir um hospital para este fim. Najab ud-din Muhamed foi um exemplo de
como algumas compreensões cientificas gregas foram conservadas, e ele
descreveu 9 níveis de doenças mentais com 30 formas de tratamento clínico. No
continente europeu, durante a Idade Média até o século XIII, por conta da
religiosidade, acreditava-se que a enfermidade psíquica estava relacionada a
bruxaria, libertinagem, e os enfermos eram excluídos do convívio social em
estado de reclusão ou eram mortos.

Compreensões mais precisas sobre distúrbios psíquicos foram


formuladas a partir do século XVI. Algumas destas novidades foram de:
entendimento de estados depressivos por Robert Burton; classificação de
sintomas de histeria, hipocondria e nervosismo por Thomas Sydenham; e
investigação de motivos psicossomáticos para doenças por Johann
Langermann.

O primeiro grande passo para o progresso científico da Psiquiatria ocorreu


apenas no século XVIII, com os estudos do médico francês Philippe Pinel, o qual
instituiu reformas humanitárias para o cuidado com os doentes mentais. As
ideias humanistas da Revolução Francesa combatendo a degradante concepção
das doenças mentais tiveram seu ápice no gesto do médico francês Philippe
Pinel, diretor do manicômio de Bicêtre, nos arredores de Paris. Pinel conseguiu
a autorização para libertar os asilados, muitos deles algemados há mais de 30
anos.

Deve-se a Pinel a primeira tentativa séria de classificação das doenças


mentais, que agrupou em quatro categorias: "manias" ou delírios gerais,
"melancolias" ou "delírios exclusivos", "demências" e "idiotias". Seus estudos e
reformas constituíram a Primeira revolução psiquiátrica, introduzindo os
conceitos de moral e liberdade. As No século XIX, Dorothea Dix, ativista
estadunidense em favor de indigentes com problemas mentais que, através de
um vigoroso programa de lobby no Congresso dos Estados Unidos, criou a
primeira geração de manicômios nos EUA, lutou por melhoras nas condições
dos locais que abrigavam doentes mentais.

O médico alemão Emil Kraepelin, pai da psiquiatria moderna, defendia


que as doenças psiquiátricas são principalmente causadas por desordens
genéticas e biológicas. Após demonstrar a inadequação dos métodos antigos,
Kraepelin desenvolveu um novo sistema diagnóstico. Suas teorias psiquiátricas
dominaram o campo da psiquiatria no início do século XX e a base dessas teorias
continua sendo utilizada até os dias de hoje, ele foi o primeiro a subdividir as
Psicoses em dois grupos: A Psicose Maníaco-Depressiva e a Esquizofrenia.

Kraepelin, reuniu todas as variedades e mais as chamadas formas


essenciais da mania e melancolia no grupo único da psicose maníaco-
depressiva. Suas observações haviam mostrado que estados maníacos e
depressivos se sucedem, tornando-se mesmo raríssimos os doentes
manifestantes de estados exclusivamente de excitação ou depressão, sem um
episódio contrário no decurso da perturbação mental.

A psicose maníaco-depressiva em sua fase ou estado maníaco se traduz


pelo humor alegre, associação rápida de ideias e movimentação exagerada, ao
passo que a melancolia o contrário se observa, isto é, humor triste, ideação lenta
e movimentação diminuída.

Já a esquizofrenia trata da demonstração de padrões específicos na


genética destas perturbações e padrões específicos e característicos do seu
curso e prognóstico. Isto é, existem mais esquizofrênicos entre parentes de
esquizofrênicos do que na população geral, enquanto a psicose maníaco-
depressiva é mais comum nos familiares de doentes maníaco-depressivos.

Kraepelin também descreveu padrões de curso e prognóstico dessas


perturbações. Ele acreditava que a esquizofrenia tinha curso deteriorante no qual
a função mental continuamente declina, enquanto a psicose maníaco-depressiva
tem curso intermitente, com períodos livres de sintomas nos intervalos que
separam os episódios.

No caminho do grande desenvolvimento científico do século XIX, a


medicina se firmou como uma ciência. A psiquiatria veio a se firmar como ciência
médica algumas décadas mais tarde.

Com a introdução dos medicamentos psiquiátricos e o uso de exames


laboratoriais na relação entre o psiquiatra e o paciente, a mudança da psiquiatria
em ciência foi interpretada como falta de preocupação com o doente. Outros
argumentavam que a psiquiatria se constituía numa forma de controle social e
exigiam que o internamento psiquiátrico fosse abolido, seguindo as ideias de
Philippe Pinel. Diversos incidentes de abuso por parte de psiquiatras ocorreram
durante regimes totalitários, como parte do sistema de controle político, com
algum abuso presente ainda nos dias de hoje. Exemplos históricos de abuso na
psiquiatria ocorreram na Alemanha nazista, na União Soviética sob Psikhushka,
e no regime de apartheid na África do Sul.

A psiquiatria acompanhou, em ritmo mais lento do que outras


especialidades, o desenvolvimento da Medicina como ciência. Porém, devido ao
complexo objeto da Psiquiatria, a mente humana, houve uma mescla temporária
científico-filosófica da Psiquiatria com a Psicologia, esta última surgida da
filosofia em meados do século XIX.

É importante quando se fala sobre a história da psiquiatria tratar sobre a


luta antimanicomial, um movimento que é um processo organizado de
transformação dos serviços psiquiátricos (antipsiquiatria), derivado de uma série
de eventos políticos globais, baseado no discurso do médico italiano Franco
Basaglia. No Brasil, o dia 18 de maio remete ao Encontro dos Trabalhadores da
Saúde Mental, ocorrido em 1987, na cidade de Bauru, no estado de São Paulo,
que reuniu mais de 350 trabalhadores na área de saúde mental. A Carta de
Bauru é um marco na luta antimanicomial por propor a substituição das
internações por um tratamento mais humanizado, dando outra atenção aos
pacientes com transtornos mentais.

Na sua origem, está ligado à Reforma Sanitária Brasileira da qual resultou


a criação do Sistema Único de Saúde - (SUS); está ligado também à experiência
de desinstitucionalização da Psiquiatria desenvolvidas na Itália, pelo médico e
psiquiatra Franco Basaglia na década de 1960 com a Psiquiatria Democrática
Italiana e o Pensamento Basagliano. Através de transformações no modelo de
assistência psiquiátrica, transformando o hospital em comunidade terapêutica e
melhorias nas condições de hospedaria, no cuidado técnico aos internos e, nas
relações entre a sociedade e a insanidade mental.

Com o passar dos anos, começou então a discussão e luta pela


implantação de serviços de saúde mental no Brasil. Devido á isso que surgiram
as primeiras instituições, no ano de 1841 na cidade do Rio de Janeiro, que era
um abrigo provisório, logo após surgirem outras instituições como hospícios e
casas de saúde. Somente no final do século XX é que a militância por serviços
humanizados consegui às primeiras implantações de Centros de Atenção
Psicossocial os CAPS.

A Lei sanciona em 2001 que redireciona a assistência em saúde mental,


privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária,
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais,
ainda assim não instituiu mecanismos claros para a progressiva extinção dos
manicômios.

As condições da saúde mental no Brasil evoluíram, porém, a Luta


Antimanicomial não parou. Ainda acontecem manifestações em todo o país no
dia 18 de maio, para que se mantenha vivo o cuidado com os doentes, e para
que fique claro que eles não devem ser excluídos da sociedade e maltratados
como eram antigamente, mas sim orientados e acompanhados para que possam
encontrar seu lugar no mundo.
TERCEIRA QUESTÃO – O PACIENTE PSIQUIÁTRICO NA CENA
CONTEMPORÂNEA

Ao longo do que foi tratado pode-se perceber que a psiquiatria possui um


enfoque sobre as patologias mentais mais graves, ou seja, doenças mentais
mais visíveis e preocupantes que levam ao delírio, etc., no entanto, com o passar
dos anos, com a grande evolução da sociedade e da globalização, a psiquiatria
já faz quase que parte do cotidiano de muitas pessoas, o que nos leva ao
questionamento. O que mudou? A sociedade está cada vez mais doente ou só
está perdendo a capacidade de lidar com a própria vida? Pois é evidente e fato
que hodiernamente frente a um obstáculo como tristeza, desilusão ou qualquer
outro sofrimento existencial o ser humano deseja um remédio. Sendo assim é
importante tratar quem o paciente psiquiátrico no mundo contemporâneo.

É notório que o número de pessoas que procuram psiquiatras aumenta


bastante nos últimos tempos, visto que há três tipos de paciente, o mais antigo
que era tido como “louco” que sofrem de delírios e alucinações, ou seja, possuem
uma insanidade mental, o deprimido aquele que é ansioso, solitário, melancólico
bipolar e depressivo e tem aquele que representa mais a cena contemporânea
aquele que pode não possuir uma doença mental mas necessita de consulta e
remédio.

Esse paciente não alucina, muito menos sofre de alguma patologia social,
porém ele possui um sofrimento amoroso seja por não conseguir ou perde-lo,
sofrimento profissional quando não consegui arrumar um emprego ou então não
se sente realizado com o que faz ou um sofrimento existencial que por mais que
realize várias coisas durante sua vida sempre acha que falta algo ou então que
sua existência não faz diferença no mundo. Essas preocupações antes eram
ditas a amigos e familiares, porém, atualmente, as pessoas preferem ir ao
psiquiatra para resolver de alguma forma essas crises. Diante disso, desenvolve-
se um novo desafio ao psiquiatra para tratar dessas pessoas que não possuem
insanidade mental, mas mesmo assim desejam consulta e remédios.

Com isso, se traz ao debate a questão de como a sociedade e a família


veem o paciente que vai ao psiquiatra, é fato que essas pessoas sofrem muito
preconceito, visto que, o paciente nem sempre foi paciente, os “loucos”
antigamente não eram tratados por médicos e sim por padres, bruxos e policiais.

Somente com Pinel é que os pacientes passam a ser visto diferentes


como pessoas que necessitam serem tratados, o que foi um grande avanço para
a época pois eles não se diferenciavam dos agressores da lei e dos vagabundos,
até os dois últimos poderiam servir de utilidade para a sociedade produtiva, mas
o louco não, pois eles na esfera de produção só atrapalhavam não possuíam
nenhuma utilidade e foi com esse pensamento que surgiram os manicômios, pois
a sociedade não tinha capacidade de viver com os loucos e eles eram colocados
à margem da sociedade junto com os leprosos e vagabundos.

Na sociedade hodierna o louco é tratado em um espaço apropriado no


período matutino através de terapias grupais e são acompanhados de seus
familiares, a reforma psiquiátrica brasileira foi de extrema relevância para a
mudança de como era a vida das pessoas com problemas mentais pois, o
mesmo hoje vão ao cinema, festas e bares como qualquer outro ser humano.
Atualmente, não somente os pacientes com insanidades mentais que vão ao
psiquiatra como também, as pessoas que desejam algo que anestesie sua dor,
algo que faça com que eles possam lidar com o que estão passando.

Nesse contexto, observa-se que o que caracteriza esses pacientes é a


angustia, que hoje em dia está sempre associada a doença, a sociedade acredita
que a felicidade é um direito fundamental do indivíduo assim como a saúde,
segurança, educação, etc. No entanto não é dessa forma que as coisas ocorrem,
nesses casos a psiquiatria tratas pacientes que na realidade não estão doentes,
mas como já bastante pautada desejam remédios, pois veem no remédio uma
maneira de fugir, um método de fuga muito mais prático. Diante disso, é notório
o desafio que é para a psiquiatria o tratamento desse novo paciente configurado
pela sociedade contemporânea.

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