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LOK. fo \ : Estado e Partidos & Politicos no’ Brasil t i | | k [ 2 : pW Gaeta luton de Hana en ent IStOR € ‘othr, ta CEP Ossog BIBLIOTECA, ALFA-OMEGA DE CIENCIAS SOCIAIS ! Maria do Carmo C. Campello de Souza Série 18 — Volume 3 POLITICA 8 ° Migeese pat Estado e Partidos Politicos . “no Brasil (1930° a 1964) ° » (Universidade de Campinas - SP) EDITORA ALFA-OMEGA Sto Paulo 1983, Lees | | . a | Ak. i Planejamento grafico e produgo Tereza R. Guilares Capa . Agune, Falangui & Tedeschi Revisio i Carlos A. L. Salum Direitos Reservados EDITORA ALFA-OMEGA LTDA. 05413 — Rua Lisboa, eae = Tel. 01000 — Sao Paulo — ee Unpresso no Brasil Printed in. Brazil ORIGENS DO-SISTEMA PARTIDARIO. BRASILEIRO, — 1945-1964 . CONTEGDO ‘Sobre'a Autora xt Nota da Autora xvi Prefécio x Introdugéo XIX Primeira Parte ORIENTAGAO TEORICA CAPITULO 1 — © problema ¢ sun historia... a 43 8 46 32 {> Tnuttuctonalizagho,dferencingio idooldpiea ¢incorporagio ~ 57 ‘Segunda Parte CAPITULO 111 — Origens do sistema parti 6 CAPITULO IV — Os mecanismos da:cent 83 1 ied 8 2. jerventorias 87 3 iyo do tervigo publica 2 DASH) 98 4 ‘grupos-téenicos 98 5. O-papel das forcas armadas 101 6. Conclusio 103 CAPITULO V = Do ios 1s Introdugéo 105 2. A-conjuntura . 108 ‘Terveira Parte BVOLUGAO-E CRISE DO SISTEMA PARTIDARIO CAPITULO VI — © mecanismo em marcha 1. Introdugio it 124 134 SOBRE A AUTORA Maria do Carmo, Campello de Souza’ é doutora em -Ciéncia Filosofia, Letras e Ciéncias Humanas da U. atualmente. Bacharel em Ciéncias.Sociais pela Faculdade de-Filosofia, Cién- cias e Letras da U.S.P., obteve a sua pés-graduagio na mesma Uni- Partidéria na Primeira Repi- “© processo politico-parti- , onde leciona 'S, Paulo, 1966, Participou na coordenagio da pesquisa sobre “Eleighes de novembro de’ 1974", cujos resultados foram publicados no livro Editora Paz ¢ Terra, Rio de Janeiro, 197 Durante dois. anos desenvolveu, como bolsista da, Fundagto de Amparo & Pesquisa do Estado de Sio Paulo, pesdui brasileira no perfodo de 1889 a 1937 e em diversas entidades de.ensino sobre InstituigSes Politicas Brasileiras , ¢ Historia Politica do Brasil. ‘Em suas atividades:universitérias € coordenaitora dos, cursos de es Politicas Brasileiras” “Representagdo pol esenvolve. pesquisa sobre o tema “So Paulo € @ paulista”, xI obra, concebida que analisada no-eiteulo uni profundeza pondo que o objeto do-estudo, em sua realidads,imediat, 59 409 interdocutores. © piblico, no entanto, & heterogéneo, especialmente 0 que seré io académica sobre 0 nosso sistema partid de pontos de vista al Desconternse tambe ‘gem, mesmo dos. espec igice de quem pretendetia qué @ lingua , produzisse sempre a mais ampla comu- nicagio — certes ps u_expressGes de- sentido’ muito afastado do ‘comum, ou indicativas do que se poderia chamar idémiea, ou mais ~ vinculadas @ ulgum’ autor, sem os necessérios esclarecimentos 0 leitor mediano. Relovemsse ainda, aqui ¢-ali i am de ser lidos duas_ vyezes, porque sua espinka yerbal desce .quase a do restante fra, seado, quando deveria emergi a8, Fem concurso nia cétedra interiaa. de cigncia politica, 26 contava, 4 rigor, nas letras braslciras, com as luzes pioneiras de Orlando Carvalho, com estudos histéricos, jurfdicos © mais escassamente sociolégicos, com’ enstios de doutrinagdo social e com depoimenios do mals variado nivel dlispersos em numerosas fontes. : Maria do Carmo — permite-se nfo ser cerimonioso a quem: wersar com ela durante tantas péginas — dispée de biblio- izada para aprofundar-se num breve que @ precederam, mais. problem: pesquisa do que propriamente afirmativas dout © disse repetidamente, 2 modesta ¢ atenciosa, porque nfo concordar jé 0 é basicamente uma , mas no dogmética : vam ou simplemente deixarom ie lee condicionante do Estado em relagio ao sistema sirio brasi- 0 nos penta dizer, com as deformagoes do exagero, Gut nso ena paridaro que meds Estado, mas 0 Estase que models o sistema parvo, o qe sia mais ao muxmo tempe tence de ae dizer quo cada povo tom o sistema parang ue Em sua fnks de pensamento, a a como emanagdo de poder, Htoricemen real de im aun exrtura junain'e bom asin 0 ldekio om gue supine o se senile & poems caviar consnso ¢ vigor. Dal sun comin peoeupao eo Tascanimos © precessos de deco, coin dado em vo mc mio. dado emprico. de Através desas “arenas dessérias”& que melhor se pode ex 2 fangao de sistema par do em seu fl), a mar ou ment representathvidade (epuandose primeivo e que deris representa), sua maior ou itenor otsio intra (oem desgeey bildade por pate das bases poltas despepane i da propria sobestencia do de no aja lugar para cites de sfcance pubic sts ceaca reas c-0 grau de importincia dae decison em ta bem como a medide de sua fflubacia em tais desieen Important para & ators, nessa cok : ‘ a, nessa eolsagto do problema, é considera 4 avid olden o objeto peep de um eanpo independents de et. os; a ser posgusads,portanto, em sis eaactrisias eapelica, Teed “oxIV is tenderio a refletir a natu- assim 0 cientista poltico de investiga, com’ dados émpiricos, sempre.no nivel do objeto estudado, 0 que 6 que influi em que, como influi © com quo recultados. ey ‘Ao mencionarmos 0 nivel do. objeto estudado, queremos significar a mo se pudésse: - ssimos de mi Quando das classes soci izam pressupostos muito genécicos — como 0 interesse pata explicar nfo somente uma tendéncia ou orien ‘mas todos ou quase-todos 0s atos politicos de um perfodo, 0 vielo da desproporsio entre os elementos con- ‘de excala, 20 qual talvez se pudesse dar a deno- frontados, ou minagdo, todavia medonha, de anescalismo. B desnecessério lembrar que nfo estou reproduzindo expressies da “qutora, mas tio somente procurando seguirlhe o raciocinio, até possi yelmente com erro, Mas ela observa, por exemplo, que nfo € certo, ou pelo menos nfo esté demonstrado, que se deva tomar como. hipétese. fundamental, no estudo dos partidos, que sua representatividade seja estu- dada & base dos interesses das classes que cles houvessem de representar; ou que:idéias tio genéricas como interesses agrérios, em con traposigio a interesses ‘urbanos, pudessem ser mais explicativos da. att vyitdetie do Congresso ou do Executive do que- outros elementos. como, por exemplo, a regionalizagio: des forgas politicas. inde de se analisar cada problema politico no seu nivel ¢ na. totalidade do seu contento, dificilmente se poderia manter a autonomia da ciéncia poll- tica na ampla érea, dos estudos socisis.. Assim, voga do nosso sistema partidério e procurou colocar 0 fem outres. bases metodolégicas, para ver em. que. me circunstfincias de tempo ¢ lugar, o-Estado condiciona 0 ‘pera o desempenho dessa tarefa esclarecedora, no Brasil, no perfodo de 1945 a 1964, duas datas muito’ significativas na ‘evolugio do nosso regime representativo. desse tema partidério (aotadamente a partir da revolugio de 1950), 0 que impediu ‘tivéssemos, no petfodo estidado uma vigorosa vide partdiéria, Pelas mesmas razdes, por deixar de atender a. apo condicionante do Estado, seria prematuro Imente errOnco dizerse que nfo haveré condigies no Bresil — ive pela problemética do nosso tempo — para a instauragio de. um sistema partidério mais digno do apreco dos analistas, dentro’ fora’ das universidades. Parece-me que a autora demonstrou a fertlidade da colocagéo que fer do seu tema. Foi tar com os dados et seadas em pressupostos diversos, as quais representam, nao obstante, va- liosat contribui para © conhecimento dos nossos problemas econémi- s. Para la, 0 maior mérito de sua tese de doutoramento foi haver aberto perspectives para novas investigagées. Realmente abriu. E um deles soré investgar, de um lado, porque o Estado brasileiro, dorante tio longo tempo, vem acentuando, no fundamental, sou caréter sutoritério ¢ contralizador, que tanto condicionow nosso sistema pertidéeio uo pe- iodo de que se ocupou es de outro lado, investigar que perspec- tivas existe para uma possivel mudanga de rumo. Isso no entanto arrastaria © debete do seu deliberado enclausuramento espacial & tem- poral para © mer crespo de maicres controvérsies, © porventura com resultados devepcionantes. até onde, nessa areia moveitiga das decistes ar, com base emplrica, nfo apenas que razio de certos pressupostos que também ao sejam Considerando que este é 0 grande desafio da cigneia pe rebelde ozes subrepticiamente, nas obras, como esta, i ipre, sob aspectos’ diferentes, 0 politica. E € de se esperar que. as uni- versidades prossigam no seu luminoso esforgo. std de parabéns Maria do Carmo Carvalho Campello de Souza, que 16 publioae um substan tragoindoével na primeira itna dor nosso Setembro, 1976, < = € 0 processo que ~ NOTA DA AUTORA Meu interesse pel parte do curso dé desde 1966 na Uni adequadamente a tudo provém ein’ grande por mim’ ministrado tornourse clara para mim neése ci 808. estudantes, cujo senso. eritico, co pesquisa. Dado 0 estégio ainda precério dos estidos, sobre o sistema part brasileiro, & quase desnecessirio assinalar que o presente estudo, muitos aspectos exploratério.” Muitos problemas que considero impor- tantes. foram ‘somente indicados, Em particular, creio que as_rclagSes -partidirio eas grandes transformagdes. econd- enta deverdo ser objeto de aprofundamento aum trabalho posterior. Naoobstante,. confio em que o, mapeamento. das questies © as suigesties tedricas neste livro poderdo ser tel que se interessarem pelo estudo .daquel ios outros estuides que muito me teriam ejucado na interpretacdo. da problemética partidatis brasileira, embora a meu ver néo alterem .as concluses a que cheguei, Entre tais estudos, devo citar 0 de Luciano. Politique et Developpement Economique: Structure de Pouvoir , editada por Bolivar itora Pax e-Terra, 1976. Lamounier € F. H. Cardoso, Sou muito grata aos’ professores. Fabio Wanderley Reis, Ledncio Martins Rodrigues, Michel Debrun 8 S..Perrcia, pelas suges- tes que fizeram-¢ que foram,-na medide do possivel, incorporadas 20 XVIL, XVIIT ainda o estimulo e 2 orien- iga ¢ contundente tornou INTRODUCGAO Um estudo sobre o sistema partidério brasileiro num momento como © atual, em que’ os partidos politicos atravessam uma fase de patente smarginalidade e franco desprestigio, deve partir do reconhecimento de que 0 tema em aprego nfo se auojutifca-ov pelo mebos, de que. nfo fo do processo de , quando examinarios, por exemplo, dos patses per 108 histéricos ‘observa por toda: parte-€-0 cardter. ‘natureza dos partidos e dos. novos serem enearnados por esse tipo de ina. quanto né México, no Peru tanto sparéncias, o caso brasileiro tampotco | que se vem generalizando no contexto la Em eetratura’s fengto, Podemoe; pelo mance, deayresa como ingens aquelas, concepgBes que agodedamente: passariam seu atestado de dbito. a, @ tentativa de reestruturar.o poder estatal com: base ide de reformar sew ma consubstanciada na dot té passando a mostr im, Movides por forgas distintas e realizando trae "Argentina ¢ México tendem a se cruzar num mesmo ponto: 0 reconhecimento di dade de um Estado quie’se arvora em substi ito das estruturas que medeiam suas relagoes com a sociedade. Na Argen- foi forgado de baixo para cima gragas a vita- ‘uma variedade de organizagSes parapartidarias. Submetido a niveis sriveis de pressfo, 0 sistema politico teng se debatido ent fortalecimento dos partidos. No México, ao que tudo seja, menos a partir das necessidades de representagéo experimentadas pelos diferentes set lacdo que pelas necessidades de controle fe de apoio sentidas pelos cfroulos governamentais. Néo parece descabido fag_semelhantes le nfo € menos aguda a crise: resultante da idequadamente o papel dos partidos no cor iva governamental peruana consubstanciada na fal (SINAMOS), produ- lagio das organizacoes’ pol ruago dos agrupamentos ‘agrupamentos tendem a vincular suas chances de sobrevivéncia e de conservacio de sua auto-identidade & propria’ preservagao do sistema partidatio como um todo, Nesses condigdes, verifica-se stualmente no Peru um complexo processo de formagao, de aliangas, observando-se mes- mo orgs de renago ‘mais radical recusarem seu apoio a inicia- i iderada pelos jew © que parecia mais difundido na América Lat tamente de uma intrinseca inadaptabilidade das instituig6es democrético-representativas a um proceso de mudanga XX ‘io profundo, ou de uma constelagéo-especificamente chilena de fatores Interessa‘nos apenas sublinhar que o desafio a que estamos fazendo refe- réncia — da, conceituasio do papel dos partidos e de sua prética no ‘contexto latino-americano — nfo desapareceu. com o advento do-regittie naquele pafs. Da-mesma maneira que os. setores radicais fa nao chegaram a formular um modelo capaz de: prescindit partidério, também 0 atual governo parece cada vez menos capaz de legitimarse no poder, eng lade, o mesmo dilema que reencon- de compaginar 0s projetos desen- nnisaios de um sistema d Em artigo publicado no “O Estado de S, Patil 1 goveno Castelo Branco, Roberto de Oliveira Campos, formul terpretasio das opgies bésicas etualmente enfrentadas pelo siste- ta politico brasileiro: ‘desde 1964, 0 Brasil vem sendo governado por uma allanga entre tecnoeratas’e militares. Contudo, as tarefas socials no s80. 'O citcanento de procurdo¢ om prblene ibuigéo & tum problema politica (,..). A’ co-gestio ‘teenocritica ‘nfo deve. ter veleidades de so sbstituir indefinida- partidaria (...). Nada rx triplice fungio de condensar aspinag Gems, eis o_protesto ¢ rotizer & substiuiezo de lide Naturalmente 0 ponto de vista acima mencionado choca-se com outra corrente que v6 a centralizago.do poder em méos burocréticas como a nica salvaguarda real ‘para 0 projeto de emancipacdo econdmica e pol {isa do pals. No artigo "Draill — Estados Unidos: dos 60 20s 70", Carot stevam Martins consi , 20 modelo. politico em vigor, o papel dos Partdor como locus da lta pelo poder pawsou a sor Jeengeshda por tum ontro tipo de agra A partir das bases estrutursis represen- tadas pela burocracia piblica e pela empresa internacional articularamse grupos ou faceses que, embora nao sendo de modo algum. partidos. poll Pinos mecviann jos na acepsfio completa do termo, comportainse cotno tais, pelo menos tePiaatde We que produzem e ifundem concepsbes ideolGgieas, visam os cargos de diego do aparelho estatal € di de um corpo eleitoral restrito, fo 08 autores citados captaram de fato sspectos signi fa polo brastir, impoese @ snclisfo de que 0 debate sobre © modelo politico brasileiro nio ¢ sendo a reprodugo, em conformidade om as condigées locais, da exise © do debate que igualmente se propagam tim outtos paises latino-americanos. Aqui, como athutes, também estamos, fem busca de uma nova forme de organiza¢lo institucional. Aqui também seqilén , politicas, sociais e éticas decorrentes do fui namento desta o daquela modalidade concreta de sistema partidério. ‘So essas, mum pl as razGes que nos levaram a escolher os partidos po! de estudo, Num plano mais concrete & 0} 1, partimos da premissa de que a compreensio do Yenémeno pattidério nos dias de hoje impOe 0 conhecimento do periodo de 1945-1964, © até mesmo do perfodo anterior, no qual da Terceira Repiblica. Trata, de 1945-1964: pretende. ser uma cont en pela qual se constituiu seu sistema partidério. O objetivo nao ¢ elaborar um estudo monogré- fico sobre este ou aquele partido — embora reconhecamos a urgente ne- cessidade de estudos desse tipo. Ao contrério, a intengdo abrigada & ampla e de cardter fundamentalmente tedrico-interpretativo, Procuramos na Primeira Parte, & luz dos dados ¢ da literatura exis- i itucionalizacio do coma pattidario € af concebida em vels: o da organi- zagio das bases eleitorsis, da articulaglo vertical interna dos quadros a dos partidos, vale di ‘cbjativo ambicioro cuja aproximagio supde conti esquisadores, fe a reflexdo apenas reavivar ¢ éstender a literafura exis: ide cumprir fungao de idores contemporaneos, 1980, dados muitas vezes tio ponderéveis quanto aleitorais, ou os resultados objetivos de decisdes. © aspecto talvez maiy. extraordinétio do nosso problema € a inexistncia na bibliografia politica XXII brasileira de uma. teoria con fa persisténcia dos autores em lente rospeito desse passado, ou ainds, tar uma situago de pluripartidarismo razoavelmiente competitiva e democritica a partir de uma concepedo auto ritiria dos partidos, © de um obscurecimento no menos sistemético do. tema. pertidério formado’ apés a” a, 0 estido que aqui apresentamos ae tebries, a partir de uma nova i, das condigges histéricas de sua Na Terceira Parte discutimos as transformagdes do sistema pa de 1945 @ 1964: 0 mecanismo em marcha. Procutamos af si ser complementado por um estudo dos pro“ cessos decisérios, em todos as niveis de governo, pois, ai é que se acham talvez 0s, principais enigmas © os veios menos éxplorados para a com- Preensio do sistema partidario brasileiro. Embora estejamos apresentan- do uma: elaboragio conceitual razoavelmente ampla sobre este ponto, femos conscigncia de que nossa contribuicdo empitica neste particular, se existe, € modesta, nao passando da tentativa de reunir hipdteses e indi. eagdes para pesquisas Futuras, No tocante a pesquisas anteriores; notar-se grave lacuna no que se rofere ao estudo direto, através de t de survey, das bases sociais dos partidos, vale dizer, das atitudes, preferéncias sas ¢ do com- Portamento politico dos cidadios. Além do desejo do ndo estender em: ia 0 texto, a lacuna que ora confessamos tem outra ¢ mais feliz stificapfo. E que as pesquisas existentes permitem conclusSes razoa- fe seguras. Indicam elas.a existéncia de diferenciagoes sociais objetivas e de imagens subjetivas razoavelmente’claras’associadas aos pattidos do regimé anterior, © ato de que algumas dessas pesquisas teuhaim sido realizadas apés 4 extingo dos’ partidos, com carter retrospective — 0 que sob diversos ui-uma desvantagem — € sem divida positivo para o sob a cobertura de hipétese bastante assim, 08 estudos que acabamos de mencionar, que s do regime anterior — os ts principal, pelo menos = embora distassem muito de obter 2 adeséo ou a prefertncia da maioria da populacéo, eram nio obstante apoiedos de mancita acentuadamente iferencial pelas distintas camadas ou estratos sécio-econdmicos, além, quais, como ideologicamente diferenciados, 0 PSD-e a XXII UDN préximos ao polo 12 ou conseryador e © PTB a0 pélo esquer- ou reformista, Nao nos cabe neste momento entrar nos pormenores desses pesquisas, Cumprenos, contudo, mencioné-las, no somente na esperanga de que nos seja perdoada tal lacuna, mas também com 0 in- tuito de evitar interpretagdes demasiado u is do argumento deste livro. Com efei peso condicionante. que a expansio at brasileiro exerceu sobre o sistema partidér mento 6 precisamente 0 de The marcaram a origem, 0 quada institucionalizagao como forma de represent nizar © governo, e tendénclas ao fortalecimento, & medida em que se iam linhando ¢ organizando suas bases de apoio. ‘A ser correta esta perspec- me de 1946, no sentido de abandonar tanto a nosio de fatalidades igindrias quanto a visio economicista que situa a causagao apenas nas dificuldades econdmicas imediatas. XXIV — = Primeira Parte ORIENTACAO TEORICA . Capitulo 1 © PROBLEMA E SUA HISTORIA ica brasileira no pericdo 1945-1964, focalizando-a relagio entre 0 partidérié. © Estado, entendido este, basicamente, como organizagéo de governo, somo mesanismo para e tomada ¢ implementagio de decisbes, cempirica, Aniet de tentarmos especifesla, parece conveniente apresentar de maneira resumida a tese principal do estudo: nosso argumento’ que sio do regi: jtucionalizagio do sistema’ partidari Por sua vez, um estudo das relagdes iva, si0 escassos 08 estudos existentes. Embgra a bi- fodo tenha jé seamaalo nan epee mon de tulos, parece-nos que esse volume é ipagto dos partidos nas eleigSee. daquele is de descrever 0s diversos partidos a partin. ideolGgieas © dos setores que pretendiam repre- spnter") para no falar da vasta evista ra de Estudos Pol e4"'in’ Revista Brasileira de Estudos Politicos, janeiro, 1967, Oracy Nogueits, “Os Movimentos e Partidos Politicos em Itapetinings” in Revista Brasileira de > a vitupereva, ora por screm “indiferenciados” © dost , ora pela raz8o precisame s ha pouco, parece haver, em foda a jgumas premissas comuns e, nosso importante é sem divida a pou relagdes entre o sistema par este, como dissemos, em sua qualidade de tes sobre as bases jos partidos descon- sidera por completo a burocracia estatal © 0 processo de: policy-making; da mesma forma que os estudos sobre policy-making, objeto que foram 198 anos, raramente:fazcm’ qualquer referén- . © 8 abstém inteiramente de. investigar. 28 estruturas e processos decisdrios como um possivel condicionante da insti- tucionalizacio do sistema partidério. de notével impulso nos alt leita sobre os partidos nacionais sejam necessariamente errd- que elas nao se integram num paradigma te6rico consis- fente e dessa forma | iteratura extenso de 1. Limiter. acura, em “~ Contraposigio aos quais os objetivos especificos deste livro.possam ser destacados. « isa, a literatura tem tido a tendéncia bésica de focalizar os partidos politicos apenas como produto da sociedade atuando sobre 0 Estado, ¢ nfo na direego inversa, também valid A abordagem corrente manifesta-se, de modo geral, nos seguintes aspectos: 7 ‘4 — privilegia 0 estudo de eada partido separadamente, ¢ no’ sie tema partdério om sua relagio com o Estado, burocracia © b — destaca no partido’ fungio néo estatdis, quase que reduzi gencia a func Jago de sua relapao com o-sistema junto; ¢ deste com 0, Estado, yale dizer, com ‘4 maneira como se acha estruturado o sistema deci plementagdo.de pol o— tende a ver 0 pat ‘mais como um agrupaménto social *espontineo”. do. que como imento € uma forma de organizaggo do poder. Essa, Gtica, cuja orlgem deve ser buscada no pensamento politico 20 regime de 1946, sedimentou-se-na bibliografia brasileira com ide” quase ‘axiomiética, resultando numa perspectiva singular; mente unilateral na formulagéo dos problemas. Ateavés dela, a a rio passa a sen di gualdde den ora em supostas fatalidades. his volvimento dependents. ricas, das origens colonials ao subdesen+ 3. Um dos primeiros autores & destecar 0 peso di condisionante do processo politico. fol Raymundo Faoto, ‘Alegre, 19: trufra estatal como vie Doeéneia, Uni Simon Sehwvartzman, “Represent Dados, n*"7, Rio de Janeiro, 1970, 29 modificagéo das premissas apontadas acinia parece portanto uma chegar a uma compreensao mais adequada Serie exxOnco supor que a bibliografia existente apresente um diag- néstico homepéneo consensual sobre o sistema partido, O destaque dado a certos pressupostos comuns poderia levar a crer que of analistas 40 fenémeno partidério brasileiro de 1945 a 1964 chegaram a flaras e uniformes, Por certo no quetemos dizer isso. No. ost sechoques, pois, como prefendemos mostrar na segunda parte deste estado, © antipartimo € uma norma ideoligiea vigorosa ¢ 25s0z brsiezo. pprincipalmente na rogigo éentro-sul do pafs, clara 2, cause ¢ feito de uma reprerentatvidad também entre classes ou estratos sociais. Do outro lado, uma imbs to amples, ca- dora, rentes, por enquanto, de especifieagzo quanto a tempo e lugar, nfo se confirmam nem se deixam refutar de maneira breve e cabsl. O impor- e assim por di , a saber: ponto que preferimos manter como essencielmente problem sob que condigdes 0s agrupamentos socisis se estruturam de maneica % Destacam-se ot trabalhor de Glaucio A.D. Soares pela persisténcia com aque defendew essa toe. 30 nitida © se fazem representar através de organizagées fol ifereniciadas & auténomes. ¢ __ Em contraposig8o as perspectivas apontadas acim, tomamos como otto de partida as seguintes proposigées: 5 2 — 0 estudo do sistema partidario, em vez dos partidos tomados individualmente, permite dirigir a atengo para os aspectos mais amplos. de policy-making, socializagdo, recrutamento ¢ comunicagio de todo 0 sistema polftico ¢ consttui, a nésso ver, um foco mais proficuo de an: bb — acreditamos que as stividades partidétias possam set dissecadas quanto, pela fungao governativa, Os dos politicos néo sio somente-mobilizadores do eleitorado. So tam- bém seletores de candidatos aos postos de comand, e constituem |. Jmportante no exereicio do poder e na corrente do policy-making | Nao 6, pois, mera questo de. preferéncia pessoal.o estudarmos 0 sis artidério nestes tetmos. Podemos mesmo perguntar, em contraposigao 05 estudos que implick m & fungo repre é sndé-la sem 0 contraponto da fungéo também 6 por si mesma w desenvolvimento ¢ a posterior configut tema partido. © peso funcional do sistema partdétio seré tanto maior quanto.-menos stvante 2 organizasto burocrética do Estado, visto que essa condigao prévia faci lita a articulasio‘de intezesses © clivagens, e a propria institucionslizagéo do contlivo, em termos partidarios Assim, a maior ou menos eficécia no desempenhio das fungbes te- Presentetivas ¢ govemativas pelos agrupamentos partidétios esté-na de. ___pendéncia da forma do Estado, ao mesino tempo que, obviamente, é um indicedor desta’. ‘ais quest6es nfo sid méromenté cad: _fexpretagies do quadro politico brasileizo de * Jado aquelas que nao chegam a transcender a lamentagio. personalista sobre a “qualidade das liderangas”, yerficemos que elas invariavelmente referem, soja & ocorréncia de um “vécuo de poder”, seja a erise do J$nodclo de: desenvolvimento baseado na “substituigéo de importagdes” « s, Se tomarmos as i 5.1964, e deixando de ‘The State as a Conceptual Variable” in’ World Pol 967. HS grands 0 nimoto de woes qs seis « lireartg os rxime ‘Gone pcb Be gta es ec steele, do senine codes Sim Samra cages agate impose 31 neo economicisino da segunda destes smo confissSea de ignorncia do que propria mmo explicaglo do fuacionamento do sistema politico. Em ambos te a auséneia de um prisma analitico como o gue inten- tamos definir neste estudo; um “sor estrutural, seja eo mesmo tempo adequado & esp da esfera po 20 tipo de ex diretamente na exaustio do no tem: pretagio. segundo — nio muito restringe-se a apontar, com maior ou: menor s presentativa, do sistema partidériobr Bice” dos partidos, 8 fragilidade re- pola “caréncia. ideols- ja pelo controle que os grupos agrérios exercem jase entéo, de -um lado, ¢: personalismo * como a ica fundamental e explicativa de todo o sistema de partidos ou, por ouiro lado, o carter retrégrada e parcial do Congresso. Nacional, onde, sustentadas pela méquitia coronelista, assentavam-se ainda as forgas agrarias, desalojadas embora da.coalizéo de poder desde a queda da Velha Repiblica®, tem A nogdo de um * cem uma rendncia ant racional do prot fara elaboragso de uma E nosso propésito, por conses: di \demos argumentar que a fraqueza do sistema partidario & cla mesma sintoma da no institucionalizagéo da participago polit | Assim como, no perfoda 1950-1945, @ criasao de uma estrutura va implicava em no incorporacio de novos grupos a um regime ‘de participacdo *, do mesmo modo, no periodo a ser analisado, 0 sistema partidério mantevese precariamente instit para adquirir substancia ele (takes) da pol sm os quals nada teria a oferecer. iva in lopende 8 expresses de Ge eubgrupos interesses agrérios, ‘aprovou ¢ para o desenvolvi econémico brasi Camente se opor. Essa -abordagem toma-se, imprecisa quando se-consideram. as ligagées entre. suas proposigdes te6- icas globais e a desericdo empirica dos partidos. Assim, ora vé UDN © PSD. como partidos bastante distintos, em virtude das diferencas exis- fentes. entre suss bases. sot Fa os toma como idénticos (quando istos sob 0 angulo de sua atuagao): conservadores tradicionali te do baixo grau de controle exercido pelo a poueas alternativas, cond ‘mo no Brasil © Mé&i icos, indiforenciados, Secial (por ex. empreguisino, inflago) pode ser extremamente alto; Afimmagio feita acima no texto sobre, 8 austncia de _medingbes te abies essa perspectiva &-0 livro de Luciano Mar Miutagdor Burguesiz Nacional e Desenvol Saga, 168 otiema do “vécuo do poder", presents'difasemente em grande parte eres baal € formulas i iodo mais claro por Guerreiro: 7 as, A Crise de Poder no 9 Como argumenta, Sartori em relagio A Ttilia. Ver, Giovanni Sartori, Ends suropean Political Parties: The. case of polarized plaratism” in La Palombers ‘and Weiner, Myron (¢d.}; Political Parties and Political Development, Prin ston Univ. Pres, 1966 Essa dificuldade torna-se ainda’ maior quando se trata de explicar © pacto PSD-PTB. Tendo esse pacio se mantido durante todo 0 indo mesmo um dado essencial para @ compreenséo do convincente. Com efeito, ou bem se dios como expresses de, respectivamente, burgues e classe operaria, ou bem se reconhece que, a ser ¥ sm disso, que em todas estas interpretagées, sta”, 0 fendmeno do “clientelismo” , tomado bésica™, Ele 6 visto como o fator interveniente ja entre o nivel “oculto” do como premissa ex; impede uma correspondéncia ad na medida em que, através do elintlismo, perpetusriam as relagées ene Estado e sistema, pa quadro, entender as fungSes objetivas (estruturais) do cl apenas como expresso de uma estrutura social atrasads, o clientelismo ou ni s da crise que leva & quebra do regime em 1964. Poderfamos la na afirmacéo de que os partidos nfo tém, no perfodo conside- rado, capacidade de estruturar o universo politico para as suas respectivas bases ou, se possuerm, o fazem inadequadamente, visto que os conteridos correspondentes &s imagens dos-diveisos partidos no correspondem ao éelineamento dos, problemas “reais” do perfodo. Além do prisma normative a que “esse agndstico facilmente se -presta, vemos como a literatura corrente negligencia um aspecto decisivo dda questfo, a saber: esta adequagéo entre lagdo de alfernativas quanto aos 1s “reais” de fato a0 elcence deles, bastandolhes um mudanga ortamento ou nos padrées para'a selego de seus membros? descompasso'decorrente da prépria organizagéo do Estado ido, portanto, fodo © problema das relagées entre o sistema rio ea estrutura estatal que'Ihe-cra preexistente?. Caso a resposta nna segunda diregio (como acreditamos ser © e880), como , poderiamos abordar o estudo do sistema partidério no perfodo considerado 4 fim de contribuir para « clucidagéo desse descompasso? Tomeremés como ponto de partida a nogko de. que, s¢ se mostraram incapazes de articular os problemas mais si erspectiva, @ resposta pelo menos para um dos aspectos da ado até agora, talver se encontre na propria distribui relagso aos demais atores. relevantes, € forgas armeda ni mais considerar como um probleme © em considerar que tal explicago deva ser buscada legitimamente como na representagio das “bases soci vesma das arenas decis6rias. Desta maneita, no somente abandonamos 4 perspectiva normative implicita nas anélises correntes, como também série de novas questdes para pesquisa. caracteristica caso, partidos) que desta forma procuram tuigdes, claro, maior propensdo entre determiniados setores so- rem dlesse meio, ¢ seu predominio em determinado partido ‘em parte seu clientelismo. O simples fato, porém, deo 10 se -haver revestido, no Brasil, de muito maior amplitude, . deveria deseconselhar tal abordagem do sistema partidario, como iremos argumentar dentro em-pouco. © essencial, portanto, 6 que o grau em que 35 0s partidos brasilelros do periodo 1945-1964, indistintamente, se alimentam {fo ‘clientelismo e farem dele uma estratégia de aquisiio ¢ consolidagso dde poder pode ser tomado como indicador dos obstéculos 2 instituciona- fo do sistema partidério como um todo., Este argumento torna-se mais nitido quando comparamos o caso brasileiro com sistemas politicos fm que o sistema partidério é importante. Verificamos, com efeito, que, onde os partidos tém fungSes importantes na formulagio de Sionais ¢ na articulagio de altemativas quanto a interesses bésicos da populacdo, embora existe sem divide a chamada “patronage”, ela no fem as mesmas proporgées que 0 fendmeno assumia. no caso brasileizo. casio em . decisSrias fundamentais), € a propria importéncia do pattido como insti- tuigfo. Nio parece exagerado generalizar, portanto, que clientelismo declina fem importéneia como forma de controle e utilizagio de reour tado favor surgimento'do siste- iculdade & sua instituciona- ma partidério cons lizagdo e um estimulo & tuagées, como 6 0 caso do Bs por si mesma, tica clientelista. i, & evolugio dos partidos fd apontalas, ou seja, pseudo- tem que se partidarismo, Ne ivo do periodo, eis um teste bésico para qualquer esquema de and lise que pretenda co mesmo tempo trabalhar em nivel estrutural e reter icidade dos processos politicos. 4¢ Mutilo Carvalho, “Barbacena: a Pe Esta orientagio geral para a andlicé das ielagdes entre clientelismo, tado- pe em relevo 0 contexto poli tico do policy-making governamental. & curios observar que, sob este aspecto, a literatura que trata especificamente dos partidos politicos pa rece estar em atraso com relaglo aos estudos sobre decisdes; visto: que, nestes, € mais explicito um angulo de sbordagem estrutural do cliente: lismo. Leff, por exemplo, desenvolve 6 argumento segundo o qual uma funsdes do cl — nilo enquanto intengio subjetiva dos. jores, mas em seu funcionamento como processo concreto — terja si teger o Executivo das pressbes sociais, conferindo-the grande autonomi no processo. decisério governamental *...No quadro politico assim co: figurado, os grupos de interesse e os partidos s6 podem dentro dos parimetros da politica tragada pelo Exec necessariamente limitado. Sem capacidade formulasio de decisées de grande alcance social, e mais que isso, forgados dispersa.e mesmo deslegitimadora de seu papel.” sistema de partidos no tem chances apre- ida de decisdes confirma-se 10, que @ com> ma politico, re- ‘assim, em sentido estrutural, a forca e a fraqueza dos partid jem @ penetragio da anélise de Leff, cuje validade empirica preci testada em pesquisas mais amplas.e cuidadosas, outros estudos ‘making referidos & América Latina daquele perfodo adotam pa- 1 andlogo, embora no cheguem as mesmas conclusbes- Com raras ey0es, afirmam que, & medida que a sociedade e a eeonomin dos paises comple, 6 crescentemente caracterizado “romendos” e a prover decisées simbél a solugdo dos grandes problemas do, desenvolvimento * de interpretagio uma. combinagio de duas persp Nathaniel HL Letf, Bconornic 1947-1964, Consideremios brevemente cada um destes aspectos. Nossa premissa geral.6 que a maior ou metiot coesSo de um parti lado, vé nos procedimentos ¢ priticas ‘reminiscentes do jonamento do. ipagio has decisdes do Estado *, -B. porém e dente que essa participayfo também depende substantivamente do. tipo de issue a respeito do qual uma decisdo deva ser tomada. Algumas ‘questdes ttm como caracteristica bésica a relativa “in dade” de suas conseaiiéncias no momento da implantacao, 6 que, presumivelmente, com que of interesses potencialmente.afeta (uenciar a prépria formulagéo Por demais mergulhados no universo conceitual da." wenyolvimento”, ¢ demasiado propensos a ver um antal leresses turbanos e agrérios, a maior parte dos autores bra 105 de 1946 1964, em ver de focalizar a maneira como se esttt= jonalmente as decisbes no Estado, sua centralizagio no Exe- . € seu efeito condicionante no comportamento e na evolucéo do sistema partidé it geira de Cigncie al, embora eseassos, nfo parccem ‘Ao conttério do que esta a leitorado parece ter essociado imagens police ideologies cezodvelmente bm definidas aos partidos do periodo considerado neste trabalho *, Feito cee tipo de confronto com o resultado de pesquisas empiricas, a questo da falta de coesio dos partidos se reformula, como & 0 caso da Inglaterra *. Ainda que nfo altere substancislmente as teses correntes sobre 4 estrutura partidéria bras Vorse-i, om particular, a necessidade de especificar: yuanto aos niveis da organizagao do partido p. so”, cuja auséncia se pretende caracterizar, pode ser ra rada desde a base eleitoral, passando pelos escal6es. interme oapula. Implicaria este perepectiva nevessariamente em coledionar minticias, pondo a’perder os ganhos de uma anélise globelizante, como’ aquela que tomamos como ponto de partida para esta discussio, que consiste em 9A atuago do exército no policy-making governamental, jf na désada 30, tan telagko A politica doa ontado.por John’ D. Wirth, em 21 Os problemas de organi ical_Devele pment, Prineson University proaches 10 the Study of Politica! Party > 1368, a : 39 A anélise de estrutura de poder do Estado Novo nos permite entender dos problemas do quadro partidério. que emerge no apés guerra. 10 como © sistema politico nos anos trinta atendeu a0 problema de ‘ioralizagéo do poder por certo afetou ¢ condicionou a futura ca idade © evolugio dos partidos. como, interesses, Sem empregado em reduzit os intrbduziu no campo transformagées econémicas dem ederalizasdo politica da autoridsde baseade na médui 4 Com o estabelecimento do regime democrético em 1945, 0 eixo po- rizador em torno do qual se ¢strururam dois dos grandes partidos na. > foi o sistema de interventorias: Os politicos que se encontravam importincia do acima exposto parece evidente. A estrutura’ par- formouse em grande medida. por. decisio governamental, estru- ma de produséo agra rando'se em funsio de fatores marcadamente conjunturais (anti ou pré- © problema que acabamos de di ibliografia historica que aia da questio das inicrventorias, temiticos sobre elas, Refertncias esparsas sto encon. ‘da época, em algumas andlises globais sobre © jcamente €m estudes sobre 0 DASP.. Ver adiante, Canpania do UDN (194-1943) ftardo. Gomes, ha de ‘Benédito. Valadares, Fem c ra Civlizasso Brasileira, 19¢6; Orlando ) Bdisdes da Revista Brasileira de Es jose Olympio Pdi Taneiro, Lives sgens sGcio-econdmicas nitidas. Por isto, o marco ‘varguismo) e no pot damental para o entendimento da atuagio das federativo 6 tat agremiagées pa sobre 0 Estado, queremos colocar a estatal como condicionante da formagio, evolucio e atuagio dos perspectiva giestiona a possibilidade do se analisar a fungéo de represeataglo_ partidéria sem.o conhecimento do padréo de govero; portanto, a de se compreender 0 “amorfismo” partidério brasileiro cem ‘nos indagarmos sobre 0 efeito diluidor exercido pelo Estado, Capitulo I PERSPECTIVAS TEORICAS PARA O ESTUDO DO : SISTEMA PARTIDARIO. 1. Conceito de sistema partidério (© estudo dos sistemas partidirios apresenta dificuldades consideréveis. fe torns patente a dificuldade de especificar reyelantes. dessa rede de relagées de que Par dos quai divereos autores tm peat, claborar tipolo- gias de sistemas. partidatios sc partidrtas se superpSom os, 20 conti, indicando o cardter mais ou menos polarizado. d) a proporeéo da populagéo filiada a um ow outro partido, em istintos graus de militénc Partidos (treze ao final do periodo),-a pouca diferenciagio ideolégica 3 attidério”? A resposta a esta perguntacdeve ser Nenhum esindo de sistemas partidérios, por mais, em aparéncie, pode deixar de colocarse questes ‘como ponte de relagio a ele que a possi desse processamento ou d ser determinados. tira sobre a formagio do Estado no desenvolvimento capi- tum ésquema de andlise capaz de ssidade de aspectos em que se traduz nna pritica — através de formulas e implementagéo amente do nivel assinalado pelo conceito globalizante Para uma’ andlise de processos ‘como decorréneia espontinea ar © estudo da representagio_prect daquilo em relagio # que os grupos demandam representagio, vale dizer, a arena decisérie. construgio tedriea, 2 conexio entre os pards de um lado, © os processos mediante os quais ela mad fago com © contrasté abstrato entre “Estado” € “So- ciedade” j4 se tenha tornado um lugar comum * nfo € raro encontrarmos, a relagio que, no ambi belecer entre essa conceituagao analitica do sistema politica os, dados indicativos do papel. condicionante da extrutra estate sobre 0 sistema par 2. Institcionalizagso, representatividade centralizagio do poder E bésica nesta abordagem a intengio de conceber 0 nivel como um sistema relstivamente auténomo, do qual o sists 8 grupos de interesse, 0 Estado (em avepefo, como & Sbvi mente ostrita) algumas des partes, Embora possa parecer trivial rtes” ou “subsist interdependentes. Isto ndo quer-dize fem sentido vago, mas que a existe nantes das possibilidades de surgimento e con mas. Uma vez configurados novos grupos soci as sécio-econdmicas, um dos print ‘acesso a posigdes de poder & a exi tufdas e capazes de controlar recur poderiam eventualiente-controlar® oo © Estado, que pata os ot como uma orgenizapio de’ émt que procura monopolizar determinedas fungées, ¢ que, aciona os recursos dispo- niveis para a sua realizagio com efetividade incomparavelmente, maior ‘que as demais organizagées sociais — & unt dos principai 2 Boa parte das interpretagies do, sindicalismo.brasi “de argumentagio, embora. nfo explicitando “a premissa - Bygneieo Wetton, Clases P ‘fo Paulo, Duusto Furopsie do Livre, f0.¢ Atitudes Operdrias, Sho Paulo, Ed. Brasiiease, 1970; Trabalhadores Sea'grandos ‘organizagdes privadas: E, E. Schattschneider, The Semi-Sovereign People, Rine> hart and Winston, 1960. 46 j ' | | eA IATA concebé-lo como um espago em que s movem diferentes organizagGes © diferentes tipos-de organizagées. Uma organizagio se afirma € s¢ institucionsliza na.medida em que seja capaz de reservar para si 0 cum- primento de detcrminadas fung6es ou atividades, e/ou de assegurat acesso regular & arena especifica em que se tomam decisbes cruciais sobre: tais fungées ou atividades. Em ambos os casos, ela estard ipso facto contro- Jando recursos — nfo importa no momento considerar a enorme varie ago daquelas fungSes ou atividades z identificagio com determinada ati- icipagio nas decis6es mais significativas a respelto dessa dos recursos necessérios a ela, que uma orga como importante e merecedora de apoio por parte de determinado “péblico”; numa palavra, é assim que ela se insti tucionaliza Vemos assim que a idéia de institucionalizacéo € insepardvel das idéias de representatividade (cm relagio a uma “clientela” ou base socisl até mesmo em face’ da clientela da propria organizagio. dizendo-o-de outra modo, s80 *mornen- de autonomia decisbria, pois neste caso teriamss uma organizagio “ple- Discitéria”, incapez de se afirmar no espago de organizagtes de que se compée @ arena politica, Isto 6 certamente ele deve articilar e converter em propostas idades © apropriagdo de recursos correspondentes. O mesmo ra- ciocinio pode ser 8) que distribuip’o prévia de poder (apropriagio de atividades © dos recursos correspondentes) teria. dificultado @ institucionalizagéo do - sistema partidério, de.1946 em diante, no obstante:a existéncia de um sistema politico formalmente democrético-elcitoral *? tomaticamente ignorado pela literatura sobse. 0 assunto, € ainda mais evidente, no caso brasileiro; que a ofigem do. sistema partiario, te entte 1946 © 1964 foi ium processo, come se. diria hoje, de “abertura © aio uma criagio, a partir do’ nada, de uma nova estrutura do Estado. ‘Ver adiante, capitulo V, "Do Estado Novo ao Regime de 1946". 7 do sistema partidério? 2) que conseqiéncias, na orientasio do. policy-making, governe- ‘de maneira ex; jeglo porventura sistema pol ber, 2 afirmaséo de que as nogdes de organizagio, de compet organizagdes, € de institucionalizagdo permanecem meramente for Ume organizagdo, no seitido em que o termo é utilizado neste. argu- mento, insistindo mais uma vez, sobre determinades ati: apropriagdo dos recursos correspondentes, ou com a ‘80 de atividades jf existentes na medida em que elas ido grupo, ou ainda porque os recursos destinados izados por outro grupo de uma maneira — a0 ver Nenhuma organizagéo & concebivel sem uma, con- bém niio pode haver atividade si fa sem uma organizagao, for ow informal, madura ou em’em -mpenhada. em sua execucio. despeito de sua patente ol is consideragSes permitem desta. ‘cer o-ponlo essencial & nossa abordagem: grande parte da vida politica se resume na competigso entre organizagses, ou, 0 que € 0 mesmo, na la formulagao, apropriagéo de recursos ¢ implementasao de po- sido formuladas na sociotogia ‘quase exclusivamente em. funcae scassa consideragio do ‘a indagagbes sobre a i da representatividade, po sido formulada exclusivamente em relaclo a0 que passaremos a chamet 48 inte de corresio partido-classe, isto 6, a0 grau em que um partido politico “representa” adequadamente uma classe nndo somente'@ possi temos procurado'argumentar, no pode se- quer ser encaminhada sem um conhecimento prévio. da estruturagio da) arena decibéria, dos nédulos organizacionais que compdem cada-partido € de sua atuagio na formulacio e implementaghd dep A ratio disso € que, se o termo “representar” significa algo conereto, a correlagio partido-lasse se exprime precisamente na capacidade que yenham a tet grupos mais ou menos reduzides de de orginlzagdes ¢ de impleinentar pol niyel de andlise em que uma classe s cio-econdmicos bastante. amplos, para ‘que ela se exprime na atuagio de-organi ttal-um nivel especifico de interesses, incl grupos. a Na perspectiva em que nos sifuemos, © grau"em que um partido 6 “seprecentativo” de uma classe, quando focalizado-nao somente em ter- ‘mos difusos de identificagao. simbélice, mas concretamente como empe- como capacidade de converter 8 i iais e de pequenos © grau devarticulagio ia consideravelmente de um partido @ outro’ — de um partido de um partdo de “mastas', por excmplo. Contuo, Duverger sem 190s @ que, em maior ou menor medids, eles se verdo sempre embora implique em alguma abordagem a nogio, assaz im- fem que mecida acha-se controlado ou ‘entrecruzamento des- ido no quadro na p. wesmo m0 periodo: 1946-1964, pareceria para II. O que a di- jeago de memberships oF ‘ional eobse este ponto & demasiado vasta pata ser mencionada aqui. ‘QUADRO T Institucionalizagio de Corttesio Patios ‘Stema’Peir ile militar, goze de_substen- as, € aquelas em que 0 opos- sem davida, que se articulam perspecti nflitantes, como por exemplo, entre a efet tural desse antagonismo, ne medida em que ele se enraiza distintas quanto 4. organizagao ¢ controle sobre recursos; 9 Sobre o clintelismo, no caso basieito, ver Let, ob. ct” Uma das David Apter’ propse como um, dos pontos-chave para se estudar & a do desenvolvimento politico a relagko entre informagio, formblagso © implomentisto, de politics. Assim, le masclra gel, exraturas deseetrall- 51 fem segundo luger, a impossibilidade de compreendé-Jo- senfo quando 0 por uma investigagio dos efeitos condicionan insformagées exercem as formas de orgenizagho jf ex smpo de anélise pro- centre organizagies ntrole de recursos escéss0s. pa para a implementaséo de p cinmante exercido afetando suas pos definido de anilise. ‘Nio se trata, porém de dar continuidade a0 discurso ideol6gico, afir- jetria com as teses referentes ao poder de. veto © a0 swcedido se no ‘antagonismo no desenvolvimento das ins “as brasileiras. Procuraremos exp! nesta segho, al- gumas mediagdes operacionais que o marco acima delineado supée, na empfrico, suptindo, assim, em parte pelo menos, as na formulagdo de alternativas, em virtue iapio de informagses relevantes) estruturas ‘mals eficazes ba implemestagio., David E. is of Economic Development” in BF. Hozelitz ion and Society, Toe Hague, 1963. lacunas decorrentes do extégio demasiado. preliminar em que anda: se cncontram, no Brasil, ax pesquisas sobre o assunto, 5 A principal’ dificuldade numa abordagem como'a que sugerimos & que © universo. de decisées a ser estudado em detérminado perfodo ¢ ‘extremamente amplo e heterogéneo. -Essa dificuldade tomase ainda mais grave quando se considera que, na perspectiva deste extudo, a descrigio de decisées especificas nfo apresenta interesse exaustivo em si mesina, Sei objetivo € fornecer elementop para o estabeleci 96es quanto 2 estruturagéo da arone deci fongo caiinho entre a descrigéo de uma deci si, apresenta certa dificuldade no que sé rete atuasio dos partidos © de outros atores detcrminada arena possa ter como carat menor controle por parte deste ‘ou daquel ‘Tomamos como. axiomético que e percepe80-do papel dos partidos poderia ser intciramente diversa caso ‘ios limitéssemos, por ex 4 passagem da Lei de Direirizes e Bases da Educacio ou a uma trugBes da SUMOC. A diferenga néo se resume no fato de a ® determinacao ex: cos © a-nogéo de que a estrutural 0 maior ou concebe a .teo 6 que as duas centre si; di cléssica da separacdo de poderes. O problema, porém, isBes citadas como exemplo diferem piofundaments ue no se resume no conieido “educacional” tra, © que € dbvid, mas que se estende & propria meclinica deciséria que 0 objeto. de decisio impée. Assim, enquanto uma lei de diretrizes educacionais é, por sua natureza, hada, decompondo-se numa infinidade de decisses mais » uma instrugdo econémico-financeira € freqitente- is do que isso, tem boa parte de sua fonada a instantaneidade com quo’ é tomada, .Essas’ca- de atuagéo dos atores politicos, 0 momento do processo decisério que consideraréo estratégico, ¢ até mesmo @ maior ou menor mobilizacio de opinigo piblica em a no pode ser desconsiderada, quando se trate de medir ria. Seria possivel tomar como assentado que as. de- 11 O estudo de Wirth (ob; cit) sobre a politica de comércio’ exterior, do ‘ago e do pettéleo, no periodo’ 1930-1954, d& prioridade & descrigio detalhada de cada caso, enquanto o de Leff (ob. cit) procura interpretar © policy-making econémico do apdsguerra essencialnionts a partir da hipétere de, uma consi erdvel autonomia dos érgics téenicot do-govemo, 53 ra a atuacio dos partidos e grupos de 0, contribuindo para elevar (© que porventura exista de correto em suas supot nomie dos drgios ,téonicos de governo, Parece progresso das reflexds © mero contraste. [eg s estudos realizados por Theodore Lowi sobre a atuagio, dos gru- pos de interesse e dos partidos politicos em relagio @ diversos issues, no caso norte-americano, permitem tratar ma Vhcgendo one indlvidul. Sue, care locar em confrontagdo direta os ganhadores © ", © mesmo nfo se pode afirmar da politica virtude da elovada concentragio da estrutura ncia’ que. as rendas. elfandegérias ttm para 0 presenga tanto maior quanto mais. in- inado partido € setor externo da eco- nomia, a uma categoria de deck ate agregado, abrangendo vastas categorins diseussio que se segue basins em Theodore Lowi, “American symond Baver, American Business and Public "he Politics of Foreign Trade, New York, Atberton is concepgdes. sobre 0 2 legislagao ¥ mener presence dos partidos em determminada questéo, e em delimicar © grau de coesio na atuagdo de cada um deles. Também aqui # com- eras30 com. outros paises & instrutiva. Nos Estados Unidos, por exemplo, que essa centralizacdo compele os partidos a uma. stuaglo exclusiva nas larenas menos estratégicas, parece majs conveniente ¢ menos “apressado. supor, de ini de atuagio sejam diversas ¢ em eral no quet dizer necessariamente que a influéncia exercida dei ler carter “partiddrio”, que, em victude de sua pouca vis produto apenas indireto do pouco “amadureciment ‘que deveriam em principio corresponder a di fe Posquicas, Hidades menos Femando H. Car in BOM, Later, Planejamenta no Br Sio Paulo, Perspectiva, 1970. 56 | ‘que condicSes se apresentam para da representagdo’ através do dari a regulat6ria)? . fermos, 0 problema decisivo a respeite do. sistema que ele. consegue se cons ie-um lado, efetiva controle sobre os capacidade de formulagio de_p pontos de. decisio, sobre 0s pontos de deci a eletividade. das norm mitam oVambito de poder loo poder dos agrupa- ‘mentos partidarios € gerado ou exercido exclusivamente na intérasio com agéncias burocréticas, sem um locus institucional no qual o. partido iva. mais ample, Tetiamos, nessa. hipdtese,- algo io de grupos. de interes Arthur L. Stincheombe analisé 9 poder politico em relagio ao que denominamos incorporagio- de novos. grupos, em terms bastante escle- recedores para o problema que acabsmos de discutir #8, Seu modelo leva fem conte trés n{veis do processo politico, considerando em relacdo.a cada um deles.2 definigao i bésica dos fatores dé poder. Assim, no nfvel mais elementar, o do eleitorado, podemos considerar extensio do. direito de. voto como a principal o institucional de vin fator de poder; um segundo nivel consideraria a probabilidade de ue, 0 partido” correspondente a. determinado. grupo ou camada social constitua uma maioria ou participe de uma coalizio majoritétia e, final- mente, no nivel propsiamente devis6rio, haveria que considerar os poderes do préprio parlamento face a feres (ou @ probabilidade de que o partido em questéo viesse a’ participar diretamente da’ orga. nizayio do governo). Para Stinchcombe, -o: conceito de incorporagio Stincticombs, ob, cit, pég. 173-180, 7 . 0 decisive, a nosto ver, € quie os céleulos estraiggicos dos partidos lative dow’ fatorée de “poder nesigt_ tree eterminantes da dinimice partidéria, durante. talver os. dez, primelros ~ ‘anos do regime, tinham muito pouco que ver com 0” primeiro infveis apontados s, Na: medida em que 0 proprio padto de i ica € uma fungi m rs 80 5; & delas em conjanto com os setores Considerando em vez da incorporagdo de um grupo particular, problema da institucionalizacfo do sistema partidério, poderamos.« vel (c) das relagbes de poder entre o Legis para o caso brasileiro, os seguintes nfveis de anise: se refere a decisées e a sus implementagfo, © 20 proceso sucesério. 8) componerites do, podér ao nivel das bases sociais: ‘grav de mobilizagao soci extensio do sufrdgio no ©) componentes do poder do sistema partidério como tal: 4) poderes do Congreso Nacional face a0 Executivo} ii) regras efetivas do processo sucess6rio, particulamente ao nivel presidencial. & faio amplamente documentado que os valores consideradas no nfvel (a) cram extremamente baixos a0 de 1946, embora com variagGes regionais bastante at bbém certo que a mobilizacdo social e a participacto nas cleigdes expan- diram-se consideravelmente durante 0 periodo, em fungio dos processos.” de urbanizaco e indu: izaglo. Do ponto de vista aqui proposto, ctlculos: sm termos de mobilizacio, a nfo. ser nos periodos {mediata: 17 Hem, ibidem. 58 Ed Segunda Parte ORIGENS ‘DO SISTEMA PARTIDARIO BRASILEIRO 1945-1964 5. adaptaram -&s_ condigées “nativas. ideologi defendiam formas de ‘governo marcadas pela cara teristica basice de dissoci jtica part das arenas de decisio ~ governamental. Difundia-se largamente pelos elrculos. politicos brasi- leiros a désmoralizagao ‘crescente do parlamentarismo_m dentro de ume atmosfera de descrenga no Estado liberal ¢ suas ins que passou 2 scr reavaliada criticamente, pro- ‘curando darsethe novo sentide ¢ conteido, : As preoeupasies fundamentsis no deb antidemocraticas 4 i . politico da época — uni- fam a maior parte dos id¢élogos ¢ politicos. a con- fiuirem que © eutortaismo seria 0 nico regime harmonizado com 0 “Brasil essa argumeritasdo, de aparéncia absirata achava-se, na verdade, uma’ aguda encruzilhada historica para o pensamento. liberal brasileito, Predisposto, por origem ¢ formacio, estedual 6 da independéncia dos agrupamentos pi 2 protesio de a f crescente patticipacio popular. A timidez, port dos anos 30, especialmente 0 campo que cede 0. pensa tério. na questo dos partidos politicos, to de viver ele, noc de “notdveis” pa deu a queda de Varges, © efeito atrofiador dos do sistema partidétio. is" e tanga do processo de redemocratizagio do pais mantevese a mesma elite sa que comandaya 0 depostp © sob sua diregéo promove- tamsse_as primeiras eleigGes nacionais ¢ a formulacio da Carta Consti- jonal de 1946 que deixou praticamente intacto, em pontos cruciais, © arcabouyo institucional do Estado Novo‘. : Uma leitura mesmo superficial da hist6ria politica de 1943-1946 idades que a maciga maioria dos I is pela formulagio teSrica da vide partiddria democrd- nacional néo s6 nfo se refovara, como também,.o que & mais wdente, cra a mesma que na décads anterior havia encontrado nas douttinas antiliberais a solugio para os pro cnfrentava, Nos anos trinta, 05 grupos revolucionérios, sob 2 influéncia ra_as grandes organiza- lérias fundadas em: interesses s6cio-econémicos. Hé, assi em primciro lugar, uma variante da ideologia-antipartido, nos anos 30, le de mancira. quase exata a perplexidade, do -pensaménto 1 diante da radi jeol6gica © do ingresso dos camadas es utbanas no sistoma politico. ‘Ao mesmo tenipo, existe outra vs que sc identificava plenemente, de mar sgicOmi com a matriz, européia, decretando'a obsolescénci 0, @ primazia dos problemas técnicos e taco profissional como método de hatmonizag&o soci desta corrente, .em terinos de inspiragko no contexto brasileiro, era sobretuds 0 combate as oligarquias, a centralizagio do poder, a moder a ional... No surpreende, assim, tendose em vista estas , que 8 argumentagio antip idério dos agrupamentos. p 10. vistos como de desegregasio ¢ como. aceleradoreg da luta de clesses — ora A motivagio wn do redemecatbapo Grails trabalho de Roberto Gambini, Continuidade do Estado Novo (mimeo, Chicago, 1968), tage. a um 36 ico de sua formasao hist6rica. O curioso € que, 6 fem ambos 05 cas0s, 0. partido 10 € conceituado, nfo como uma ‘organizagao controladora de spaco-e de certos recursos politicos, mas como uum agrupamento fundago exclusivamente no ambigio de servir 2c pinioes que, embora diferenciadas, almejam a0 bem pabl renga entre as duas variontes 6 que, para uma, 0 argumentasio se combinam com freqiiéncie, nfo -somente num mesmo, grupo de pessoas, mas 8s. vezes num mesmo autor, quando nfo numa ina, Paim um dos muitos expositores da. doutrina ‘a, escrevia em 1955: ) Partido & 0 inimigo fron fee dinputam 8 posse” do Stas exclusives convenitndis, ninguér Cada um senteso no vinhto paste dos ’As clases Vencdas, que s¢ agregn asta de on fo par ‘sem atender aos Em ver dos processos téonicos e da mecas “aperfeigoam-se™ os processos © as méquinas cl de quem nada se pode esperar. 5 Paim Vieira, Organizacto Profisignal 195 ¢ 198, Sio Paslo, Empresa Grafica da “ Represeniacio de ta. dor Tribunals 66 || pute bre monet” de conn ee clos to dev supa i cdo eeprito de potiiquismo", e ertfen 0 “cerebrlismo ec- |) = HES" da conte de 1854, quencaae de compen a “reads ; brasileira” como uma expresso unitéria, estabelecera vim “comibio paradoxal do democratismo descéntrico © atomizador com o intervencio- nismo do Estado, teteante © sem diresao”. © expoente’ imo da doutrina antipartido: ou semos hd pouco 6, no entanto, som sombra de divi ‘que se estio'tornando progresiva~ ns unt apsrtie ispeadicso™ E sobre 0s partidos politicos: “. simples agregados de clis organizados para a explorasgo aie cal, eos See mets pare cabo ou delegagoes de. pequenas oligarquias pol © horror ‘aos partidos politicos © representaglo pat expresso nestes trechos fol, como € sabido, uma constante Mesclava'se, porém, com uma visio nfo menos, e werso — com iuma’admiraca0 ingénua, ¢ assaz desinformada, pela pritica do self-government, pela. piblico que, a seu ver, hes’ dava indamento sociolégico. No Brasil, a0 cont insti » Seriam sempre ‘sindnimos de} inautenticidade, de 8 desagregadores, tanto sob 0 pon de sobrevivéncia-auténoma do pais A atmosfera ideolégica presente nos anos que precederam a ago do Estado Novo foi percebida com extrema clareza por José Maria dos Santos. Interessa-ncs sua leitura sobretudo pelo que nos revela a respeito do debate sobre partidos, politicos. Dizia em fins de 193 "(..) Na desorderi mental em que 6 cialista aos Iangou, 0 nome de partido desmo: _ tiveram de poueo’ inteligentes, de’ estritamente interesseiros e de jeazes 0s (grupos) formados-com tal desighago, que chegamos quase a nos convencer do que, aqui, jamais verlamot surgi, a0 gtnero,, qualquer eoisa de aceitave e 7 = ne OL: fahava par uma vide rua Gam partido, map ag. meno ita de educago sezredo dizéndo que ovrernamentals © parlamentares no acredita no r0. como entidade ecendo, porta ‘que este. pov ‘mente € de uma forga que ‘gendo-o mesino contra si Gigdes de educagio e cultura 0 Nesta escandalosa e cortamente te nha capacidade do povo para 4o\ Iealmente 0 governe que 0 contenks, ~ lealmante uma intervengéo de Levi Carneiro na = Nunca tivemos € muito. menos. pode- remos ter agora partidos organizados, Sr. Arruda Faledo — Por que nfo temos partidos? Por que os governedores de Estado os absorvom. St. Levi Carneiro — Nao os podemos ter pela mesma razio por que porque temanha 6.2 © tio complexos 08 pro: que nfo. 6 posstvel reunir de uma série de princfpios ¢ temas um grupo 8 forme as. condigées conjunturais, a elite politica agnipave-se — grosso “ militares’ que de 1950, © outros lindo-os, uma grande brect no problema do, regime federativo. A a proptis de um quadro pés-revo- cia mais agudamente na revolugio € aue mesmo utilizando arsumentos. dispares diversos, acabarem tod “(0 No melo da contusto ool6gica, por ene as marchas "(.2) Pensamos que 0 Poder Federal dove atentar « contrainarehas éessa velba olin do szatdo regional (0) & Ee evagettado'dh Gane, inte on Dresso que aparezaalguma coisa que fale fundamontalmenis 20s iat ana a da naclonalidade. aa sleisio indireta do io podemos ficar a disci ‘etardando tma resposta que se impde imediatamente, | A Lepito Revolvcionsria d Nos principios que assegurem a pl nna igualdade sbsoluta dat classes, Tia, na expansio coletiva. do pai fpios fundamentais preconizagio do Estado mantendo “a Federagio na jades. de cocxistéacia”, argumentando que de 1891 ocasionou todos os males. da Repdblica, que , exatamente porque foi feita para o Brasil ¢ nfo pelo de cultura, felhou completamente”, tendente © implanter bro, organizagdo mais prestigiada ‘do. tenen- ede na. capital do pais © representagées em quase. todos ) Adogo como medidas indispensivels e preparatorias 0 da future: constitainte: ecinento da repretenisio, profisional properciona, 20 fa assombleia Ea conseqitacia: Afimagio de que a voatade dos cidadios no tocante & re- ; presentagio politica deve expressarse, pelo. sufragio diicto, no uma federagdo norte-ameri i Tnunidipal,e pelo sufragio indireto, nas esferas estaduais © No porto Fundamentos orginicos do Estado afirmavam que: eineid “Uma ditadura de classe 6 um atentado. contra os direitos clementares do homem. Quer ela se exerga franca ou desabrida- ‘mente, como em Moscou; quer ela inerfira sob a forma compres- sora de classe burguosa de Nova York, cujos protestos se trans- feriram pera o Brasil. [As classes devem ser organizadss, Eo Estado nfo pode ser indiforente a essa organizagdo. Es6 um Estado forte podert so- breporse para fixar e garantir direitos”. pare solnglo doo problemas nacional ey apes da saidtettadS dn poeooe ‘ies den Comclno Fedora, au sgcrneda «avid sini comma © nein de Une dor nator ¢ 2m relago ao tema Federayto © enkdade: =.) A representapio politica nacional no deve mais ba- tos sacionais, controle as administragSes dos ‘A idéia “corporativa” da época tinha pelo menos out, dy races 9 to da. vpresnisioceneopraisional @ anaegia dos conselhos té:nicos. reida pelos Estados nfo deve ultrapassar suas (Nem ferir os prineipios bisicos da politica Sobre o Fortalecimento do Poder Central: 70 Os tenentes articularamse melhor por época dos debates na Cons- é assim que num Congresto do Clube Trés de Outubro (1-4-1934) taco profissional, et mais enfaticamente sobre a. rep: ‘Que 0 grande mal c a causa de todos os verdadeiros partic 12 Apud Edgard Carone, ob cit n ‘ederativa que fugiu do plano nacional para despenhiar nee Calamidades do regionalismo apaixonadon objetivos, da revolugdo de 30, de fortalecer 20 ma- (o de nacionalidade, de regular a vids cconomiea do ‘Estado e sanear a administracao igidos.. O que sobreviven a federativo.e solapar os fundamentos Preconizava o fortalesiménto do espirito nacional em tomo do Exés. ito porque considerava felidos, por algum tempo, os, principios politicos artidos, inha como represent © voto rural, destacava © problem: stiticava os postulados de democracia pol dingo econorles tax como eoitegicia a ssn famigerada realidade politica brasi- femismo da oratéria eo palavreado: sonore. al. (...) 7 Evitemos a farsa’de eleigdes estaduai ssuemes, desde logo, a estes (chefes municl ‘Tres de Outubro. do Tenentismo, pp. 285-287, Rio do. Tanciro, Eaitora izagho Brasileira, 1968, 14 Apud Hélio Silva, 1934 — A ‘Constiruinte, pp: 228-229. 2 B. novo: elemento de perturbagse que explorava © amea fazia representar nos partidos politicos. : desse segundo nécleo, a questio do mecanismo i | politico-institucional necessétio para o exerecio de um. governo popular era objeto de debate ou explicitagio. © que parece claro, de qualquer ma, € que 0 diag 208 caciques, compa centre eles a nogio de um tidétio. competitivo — seriam, jo raquitica, para vicejar no Bra ‘o-Programa da Ago Integralista Brasileira surgido em. ie: ‘onto, quan- ‘plas comport pazes do caplat jena os partidos € porque ‘982s, Grgios que, em nosses dias, © exprimir a Vontade popular” Declaradamente antiliberais, diziam: « “Daf a razto de ser do combate ‘aos partidos politcos,es- figuradores da verdade de © Partido Comunista certamente nfo estaya transformado na ANLs participacdo nesta yasta frente nfo implica absolu- Idem, tbidem, pp, 254-255. - Os partidos politicos, insituigdes destinadas ao exereicio dessa Saevces Ste Siena eens Groner ue ors fingio, 6 faziam confundir interesses desiguais e despropositados a eee | sombra de sum programa eventual. Ao fezer uma descricéo. dos partidos Beto Pres ial, p. 280, Eno Brasil afirma que estes: aqui nasceram e surgiram quando houve ‘ora dag Ibidem, pp. 101-102. 20 Idem, ibidem, p. 84, 22 Apud Edgerd Carone, ob eit, 5 srapos ou briges familiares ¢ dai serem ‘preventarem 0 governo do povo, pelo 19 liberal traria o enfraque- a refeudalizagdo do Br s que se encontravam no controle dos extados, As oligarquias regi aliados ou nfo ao movimento de 1930, dividiam-se basicamente em relacio ao problema do regionalismo, a maioria delas ressaltando a neces- sidade da spedida pela supt dos estados leste, ‘como acontecia na Velha Repiiblice. Os.partidos politicas apareciam como simbolo © imo desse regionalismo e da supremacia do sul sobre as outras reg! Em conseqiiéncia os pequenos estados ¢ mais as dissidéncias dos grandes estados defendiam 2 centralizagdo estatal ¢ maior forca para o Executivo, como 0 Sinica poder capaz de confrontar © poderio de Minas e $0 Paulo, ‘concorriam para ayclumar’ as correntes. antiliberal_ © fe nesse_ sent antipartidos * sugestivo, nesse sentido, o debate em tomo de um projeto apre- sentado na Cimara Federal por deputade nordestino que eriava 0 “Con- i sob controle jeto recebeu maciga oposigio dos ico eta de que “nfo tendo os Estados do de progresso niio se saberia dirigilos por uma . ou se Aivela por baixo, em ambos of casos, prejudicando todo 0 Bre Um dos representantes mais importantes no sé do tenentismo, mas especialmente de uma parcela absorvida pela politica regional do estado | ¢ gue se distanciara do, movimen Juracy: Maga- tenent “Nilo tenho o fetichismo da liberdade, 0 liberalismo’ excessivo a revolugao francesa jf passou de époce, Na mentalidade mo- jos dev fquerem governos que cuidem do seu bemestar, que desenvolvam rndam as necestidades do vida, 25 Apud Edgard Catone, ob. cit. 26 "O Jornal” de 1811-33, 16 [ freqilente dizerse que 0 modelo de ‘representagio_profissional izado pelo tenentismo, bem como os eonselhos téenicos, eram com- macigamente polas. oligarquias regionais. A verdede € que a outros estados do Sul, apoiavam os “prin chamadas as medidas pleiteadas pelo out cava a criacdo dos conselhos técnicos ¢ representagdo profissionel. O artigo 25 de Constituigéo de 1954 estabelecia. que: A Cimare dos Deputados. compte-se de repjescitantes do “onal © sufrégio universal povo eleites mediante sistema prop ‘pelas organizagées profis- igual e ditto, e de representantes el representagaio. pro de maior prestigio em Sio Paulo, chefe da Associacio Comercial do Estado, revoluciondrio: de 30 ¢ figura ligada ao governo federal: ) Passo a ansmitir a impressio penosa causada ‘em io Paulo. pela noticia ontem divulgada de que. possivelmente Assembla “Consituinte sera constuide, por Rpresentngto de terest, a fim do decidir quals os que merecem representacio, dosar esta Tepresentagio, e ainda clastficar os cidadios entre es diferentes classes quando eles tem ostensivamente mals de ufn inferesse. (...) (© concurso. dos,reproseatantes de classs & desejével, mas milo no JJerteno deliberative, © sim no consultive (..)"# Coerente com essa afirmasio ¢ # declaragdo-de voto dos deputados ppaulisias da “Chapa Unica”, que representava. a alianga do PD com remanescenizs do. PRP, a maicrie da, bancada: "Desaramos tor yond conte a rpenatte potion com voto deliberativo nas assemblias poltias ( \Cousarando na cara police 8 formoyto de una. cunndt ou abertamente, combatem a Democracia. Vai. proceder um, 27 Hig Siva, A Crise do Tenantismo, p. V3. A baicada palit sentou uma eae (44 799) favorivel aon conielhos ecizon procurando exe Sma pam cv aera de rete peta . qualquer ampliagso da intervengio. do fensaio perigoso, @ que nfo se aventuraram ainda povos, mais tual. O evangelho deles € o de 1848, Sdiantados que © Ross0, quanto & educagio polities © organizagio precisa de unt Estado forte. E ese 6-08 mocos, iom necessirio, poder eriar” *, sN0s que antecederam o golpe de ido, mesmo 08 poli- vse ores, na Constituinte, da par ferente a0 Poder Legislative, mostrase entio temse dito erroneamente que © mal do regime reside ia de partidos nacionals. Eu proprio cheguel a admiti- agdes de Armando de Selles, Oliveira que 0 te brasileira revele sua pérplexi @ representacio pela via parlamentar ca 8 camadas populares urbanas: ‘primi as i que sio, sem discrepinci, io, Venceslau, R. Tungueira, ‘estar pole ampla autonomia versal, Contra a representagao 28 Ranulpho Pinheiro Lima, A Represent 91-92, Rio de Janeiro, Inmios Pongeti, Ed. Politico: diseursos pro- do) povo de Minas @S.Exa. 0 Sr. governador Bene. ‘nas or aim pe fo. congracamento. politico mineiro, pp. 16 € 17, 8 ‘do Estado na usura ¢ na exploragio do traba- ‘espécie de liberdade @ democracia jamais vetustas ideas @ que nos apegamos mais por habito do que por femon salva om basins, as viens a, ane rina ants te endo do.tmapmmnete ys eet uk ioe ou que mo teme a responsabilidade de dar ao cxecutivo os msios de defender 4 nagko em crite que a 25 quais_nenhum oreanizagio a que ‘Transferindo em cardter temportrio alguns poderes para o governo federal, nenhum golpe o legislative poderia dar na auto- Romia dos Estados. (...) A autoridade do governo central deve ser forte e respeitads, mas formada sobretudo da autoridade dos estado, (..) NO Brasil, nfo foi necesstria a ‘pressio de. partidos poderosss, nem a violéacia e 9 tumulto de greves desesperadas, para. que’ se. decret leit socal eapae: do catsfazet ‘Altere-te a Constnuigao ‘ago & paz Que restaure @ autoridade. ("= gos ¢ homens de ago, representantes das em sua concep¢do Vimos, assim, mais diversas corre sobre 0 papel dos partidos politicos ne evoluséo pal ros0s, por um lado, de ume crescente mar; perplexos, por out das. camadas médias © populares urbanas, em incapazes de vis 0, fundada em partidos de base iso dos partidos como associagées ¢ do Congreso como arena para a representagio de inte- Jornada Democrética, pp. 8 & 20, Rio de 1937. Ver também do mesmo autor: Para LLivraria José Olympio, 1937, e Dizcursos, So Paulo, ‘Tipografia Siqueira, 1935 (Grifos da Autor). ‘Tenhamos a coragem de enfrentar a realidade © de imolar \ esses regionais, eet despreparo é patents, ¢ amplo o terreno que: cedem as doutrinas, auto le criar “legides revoluciondrias”, arregimentando massas urbanas. Partido Agrétio, articulado’ por Gées Monteiro e Joao Albert curta duragdo, O Clube Trés de Outubro, que de fato © funglo de partido pol ¢ pela politica pelo integralismo ou pelo comunismo, Da mesma forma, 0 ta do Brasil desvéneceuse um eno apés sua criacio, 0 jo de pequenos partidos reg ivo semelhante 20 Repiiblica, mas agregan da. “representacio profissional”, fruto, como. vimos, tanto da ideologia corporativista ento fem voga como da idéia de se dar ao Executivo o apoio de uma bancads maior que a dos dois maicres estados. s conflitos que vinham &-tona entre 1954 € 1937 ndo se afastavam do padtiio de conflitos de ctipula ou entre pequenos partidos. As crises ‘deste perfodo podem ser vistas, no essencial, como conseqiiéneias das vas de institucionalizar um poder. pée-revo fe ial'¢ regionalismo. Conquanto as divisbes tradicional houvessem produzido.conflitos ‘consideréveis, os is de expansio de seu escopo, atraindo novos grupes’& patticipagdo, sem divide aceleraram a reagregagio dos setores dominantes, unindoos no beneplécito a decretagio do Estado Novo. “A eclostio ‘do movimento de ANL, da mobilizagéo em que se empenhava 0 movimento mente fecilitaram a harmonizagio da ideo! fortemente agrétias e elitistas com a doutrina aut corporativista, que deificava 0 Estado ¢ 56 entendia a sepresentagio partidéria a ele subordinada, Assim, a nogio de que 0 pais. ndo se encontrava’ ainda “maduro" Para um regime democrético, ou de que a integracéo nacional exigia a i regionals © gera abolicgo da vida parlamentar como arena de caduca politica regio 0 eminciado da supremacia da Seguranga Nacional smo do Congresso em relagdo & ANL, termi em geando parte Antes, porém, estudaremos o§ mecanismos vada durante os quinze anos do -primeiro govern CAPITULO IV OS MECANISMOS DA CENTRALIZACKO 1. Introdugio : ‘Vimos no capitulo anterior que, no-inicio de década de trinta, 0 como. yeremgs, continuou a produzir efeitos apés @ queda do Est Novo, nia conjuntura da redemocratizagio, e mesmo na mesmo politicos percebiam ¢ avaliavam © fendmeno par” A otientagio tebrica exposta na primeira parte deste estudo ressalta ‘©. papel condicionante exercido © sistema partidério tanto pela ideologia quanto, e talvez mais © 1945 de um aparato burocrdtico- este, no. plano da realidade, 0 espago ‘organizacional ¢ decisério do qual a ideologis exclufa os partidos exis tentes ou que viessem a se constitu. Importa agora esclarecer, ou pelo. menos formular’ como: problema, © preciso, significado desta proposigdo: tratase, entio, de uma lei. geral segundo a qual ume estrutura esata: desenvolvida exclui, em prinefpio e de mane de grandes organi- Por certo, nao se trata aqui de estabelecer # verdade fa bastante do corte abrupio ansiado’ ou zaglo de que ifemos t mesmo descrito pelos idedlo; lizar 0 controle do poder central sobre as esferas estratégicas da economia Estes. mecanismos tomaram forma como uma engrenagem de. controle « disténcia, sobre as estruturas politicas regionsis preexistentes, subordt- rnando-as 20 mesmo tempo que as-absorvia ou circunscrevia seu Ambito de atuacio; tudo isso através de ensaios © errés, numa série que vine i de antes de 1930, ¢ que ta ido na reforma constitucionsl ‘de 1926 um de seus ‘marcos m © desniantelsmento’ da velhé ordem nio ultrapassou os limites de uma “mod sem qualquer reformulagio radical dda estrutura sécio-econémice existente encaixavam-se no sistema politico interesses, devidamente cooptados ¢ burocratizados *. isticas sociais do movimento de trinta, e-dado © quadro internacional de crescente polarizacio do entre-guerras, a alme- jada implantagio de wm Estado forte © centralizado significou, de fato, nnio a marginelizagéo dos interessés econtmicos dominantes do periodo ior, mas sim uma redefinigéo dos canais de acesto e influéncia, para lag de todos os interesses, velhos ou novos, com_o poder sfera ideolbgica predominante © a emergéncia de movitientos mobilizantes & diteita © & eaquerda, intensificowse 0. auto- Riatismo da coalizéo no poder, conduzindo instauragéo do Estado Novo: Como a Primeira Repiblice, 0 Estado Novo 6 também um sistema clitista, mas seu modus operandi é inteiramente diverso: enquanto aquela $¢ baseara no prinefpio da autonomia estadual e no mecanismo da politica dos governadores, este procura a unificagio, intervindo. nos estados © {implantando extensa rede de érglos burocréticas, ao mesmo tempo. que suspende-o funcionametito de todas as organizagées partidérias, teriam instourado de uma vez a centralizagso Tevendo de roldio os mecanismos “carcomidos” ‘logos do Estado Novo ou de sous remanescentes. O estudo p40 — © sobretudo dos mecanismos concretos acionados Zo — tem para nés 0 sentido de visualizar a progressiva ticorestatas, ‘A quase totalidade dos estudos existentes sobre’ Estado Novo prescinde de umia andlise mals detida da estrutura de poder que entdo dos mecanismos que Ihe davam feigio marcad: fem alguns casos, por s2 autores de pér em relevo 0 papel “progre especialmente 0 inicio do planejamento econdmico. candose entre estas a literatura, j6 extensa, mais recentes sobre os mecanismos decisérios. em quéestGes. como 0 comércio exterior, a siderurgia ¢ 0 petrleo, que permitem ver claramente @ articulagio de’ interesses privados com’ a burccracia,-bem como as marchas e contramarchas de todo o procesto>. Descontadas as excegées que acabemos de notar, & inegavelmente dominante uma viséo do Estado Novo como uma formagio monolitica ratura cinge-se & mera indicaco de seu caréter centra- fo fosse suficiente para compreensio do areabouso © de sou funcionamento. Nossa intenglo neste ravés da montagem de mecanismos complexos, destinados a viebi- ari lipe Schrntter, Aziz Si Pe slo, Dominus, 1939; José Albertine Rodrigues, Vetados 0s canais antigas © novas oligat 0, rio ie que de. real 1a, nos processes de scleyao ¢ admissdo de pessoal, tc. mas pela sua funs#o na montagem da esirutura de poder buroerdtico: ade um de transmissio entre o Executive federal e a politica dos estado. sm das interventi forma possa ter realizado jas e do DASP, a inventividade institucional ca nna criaggo de uma vi rgios técnico-ezondmicos que iremos tratar’sob a rubrica genérica do, institutos, autarquias, © grupos téenicos ‘. Enquanto as interventorias © ideotogico das © DASP — representado nes estados polos departamentos estaduais, os “daspinhos” — cram parte bem definida do quadro-formal de governo, especificas ou a ramos particulares ds! atividade caberia estudar « expansdo da’ mé& pela crlaglo de novos minis- te capitulo € portanto,o de mostrar © papel de cada centralizacio © da ampliacao dos I. Trateremos, a) do novo padrio i , do, centro com 08 jionadas — como tos © autarquias © os grupos tecnicos; (c) do papel do exército, ue, embora jamais reduzido a0 papel de mero brago, do poder getlista, registrou notavel ampliagio durante o period ascendéncia sobre os processos’ decisérios de infraestrutura, como a siderurgia © © petréleo. Néo trateremos com ra sindical de “inspiragao corpora- ava ¢ burocratizava o acesto dos trabalhadores politico, por se achar este aspecto” extensamente ocumentado na Hiteratura pertinente. 2.” As interventorias A eofera cstratégica do. mecaniismo politicoinstitucional criado-apés @ Revolugdo de 1950 e purificado pelo Estado Novo era, sem davida, 0 istema_interventorias-departamentos administrativos que interligava as idéncia da Repéblica.. Posto aps @ tomada do poder em’ 1930, esse mecenismo con- imente no seguinte:.o Executivo federal nomeava para’ chia dos govemoe eater luos que, embora nativos dos-estados, 5 Lidia. Besouchet, Histéria da Criagto. do Ministério do Trabalho. Rio de {Seniee de Docimentacio do. Misatxi do Trabalho, Indésta e Co- © Ministério do Trabalho: Realizagio Integral Rio de Janeiro, Departamento de Tmprensa,e Pro- 19, 09. cit: Mario Wagner Vieira da Cunha, ob. Fragoso: Um Pouco de Histéria do Nos: 1958; Alfred Stepan, The f¢ mesmo identificados em suas perspectivas ideol6gicas aos grupos domi nantes, eram #0 mesmo tempo “marginals, ito é, desttuidos de maiores raizes partidérias; individuos com escassa “biografia politica ou. q possufam alguma, ¢ trndicionais nos estados. Adhemar de Barros em Sio Paul I ladares em Minas Gerais, Amaral Peixoto no Estado do Rio de Janeiro, non Magalhics em Pernambuco, Pedro Ludovico em Gols, of ‘em Mato Grosso, Nereu Ramos eth Santa Catarina, Gées Monteiro lagoss, os Maynard Gomes em-Sergipe, s60 exemplos tipicos desta, do perfodo deviam-se quase sempre, dige-se € encontrar na alianga com os Ma ‘ar, constituinde af o embriéo da futura UDN no estado. Caso ito Santo com Punsro Bley, que, uma vez coop- 3s 8 eujeigéo a0 centro c que além disso srventores, provavelmente em ambém para evitar 2 estabelecer um sistema de rodizio de i virtude das tensGes que esse mecanismo ocasionava, cofraquecia as antigas situagSes, na medida em que-o int a ela sun permantocia 2, que havia apoiado a revolueae de oposieko na Bahia, deveria ser 0 interventor nomeado. tada por Tussez, com a indicagio de Turaey Magali deu-se a unio entre Seabra, OtAvio Mangabeira, 10. As eleigdes do 1933 doram a vitoria 2 Juracy, cuja ‘maquina eletoral viria a. ser mais tarde 0 embrifo da UDN no estado. 88 diversas correntes da politica regional, sem que 0 governo céntral entrasse, -em conflito aberto com elas ou sequer acenasse com qualqt seus interesses econémicos, Comp sdrio © maximo possivel de. mudar nizante no combate. & descentralizagio forjando um novo modo de ia, ou visava garantir, Certo grau de autonomia ao. poder federal para a efetivacdo de medidas econdmices urgentes ¢ de. grande cnyergadura péra o perfodo. Numa de, suas proclamages apés 0 golpe ‘aps reafitmar a preméncia de um governo forte e no se inepfaré a uni-novo lero. da uagio idade © a independéncia face aos grupos dominantes lemento novo, contudo, que The confere carater de inovacio cada estado, Seria contudo értBneo supor que esse processo de central surgido-da noite para 0 ppuder ser énconirada para , segunda arte da década de vinte; antes mesmo da.Revoluséo, quando 2 concorréficia entre regides produtoras leva algumas. delas avsituagées de crise, fazendo ayolumer de mancira quase simultfnea os‘ pedidos dé erferéncia do governo .central. \Destacam-se neste sentido as modes dos estados cafesiros menores — frito Santo © Rio de federal, do. comando tuto do Café de So federslizagio do Jnstituto, prejudicados ‘que jo no convénio de café em’ 1927. A pecudtia jd bem antes faz icada com a comy images do agticar As eros du produto cfeirhaviam levado os estadosproguors, Sto as he PEs Sto» al om p obtivo de reguamenta a trangports« dfesa do café durante ia 1927/1938. Ene cuties mattss 0 convent esheets part 89 _ cada ula cles tum Banco de Defesa do Aghear, cuja organizagto seria As crises estaduais do inicio dos anos vinte — embritio do tenen- dades financeiras haviam aligs levado o Presidente Promover em 1926 uma reforma constitucional, tentada antes jo Pessoa. Essa reforma viseva sobretudo reforgar o poder mais especificamente do Poder Executivo federal, Institufa, . a faculdade dos vetos parcinis do Presidente da Rept “cauda orgamentiria”, da qual se valiam as bancadas esta: proibis ‘as quotas de embarque do produto, Nes curso na Cimara Federal, o deputado Mauricio 3 da praca do Rio, onde, por ef com pela primeira vex ume testrigho. de ent 45 Convéaio. por achi-la prejudicial & 120 (02)08/1927), em dis- denunciava & situacto interestadval, se esta- rag, a ae Seana yas aires See Se ae oat sce, 2 Se TOSS ote fe HU, mane ends aa a wm pn sri Cases ST mam nea es on See eae to I 08/10/1929 falava em imposigdo por parte do situacionismo paulista 20s delegados dos demais, proprio estado de Sto Paulo havia oposigio, so- ico, do Insltuto ter passedo a concentrar do Estado, prejudieando a nifestavam-se contra & pO do presidente Washington Luiz e contee a politica ‘Nio exam vozss isoladas que se levantavam no Congresso ¢ fora dele contra a obstinagio do governo de Sio Paulo em restringlz a exportagio como melo, ‘de manter o prego alto_por saca de cate Em 31 de dezembro fora criado © Instituto de Detesa do Agdcar, face & queda na exportagio. Em 19 de obtubro de 1928, 0 Congresso Fe Tlzara empréstimos 205 estados agucareiros com 0 fim de ser insti por uma comissto de tecnicos nomeados pelo governa da Uniko, A para a passagem dessa lei eta de que “Os Estados do Noste do Brasil, por mot 90, 33 1930 que as tensGes existentes na relagio centro/: jioléncia, jé agora colocando tenentes ¢ ‘opostos, Dizendo tenentes, no quieremos es, mas também. aos civis- identificados mando do Clube Trés de Outubro, méquinas estaduais em cam nos referir somente aos mil om esse grupo © que obed ou & Unigo Civica. Nacional sob uma. mesma direcao 08 i Yentoria subordinada’ a. Oswaldo -Aranha, entio. Mi € a um subcomando, por assim dizer, para o Norte-Notdeste sob a chefia de Juarez Tévora, por isso.chamado de Vice-Rei do Norte. No panorama das interventorias, .€ necessério distinguii entre. os estados, mais fortes © os mais-fracos.. Nos. primeiros, a tentetiva de 30s varios, (..)'nfo im acompanhads de pesto @'sinte de progtesso do sul do pats; € assim trabalho de patriotsmo procusar resclver os problemas econémicos Gaquelas zonas do nosso terrério", ‘Séo comuns no parlamento, cm 1928 © 1929, as acusagbes de “desamparo” 0 asicar, a0 algodie, 20 fumo, an caead e 20° atror por parte do poder pi bic’ federal, chegando. mesmo’ Mauricio de Medeiros @ ver um inicio de conflito econémiea, talvez ov mals grave de todos, entse 9 Norte © Sul” Gnais do Congreso Federal — 1 crise do charque e do gado no Rio Grande do Sul. A prac brasileira, segun- do os gatichos, encontrava-se abarrotada ‘com 0 produto dos_estados : ‘0 do Rio Grande do Sul. Além disso, ti igeradas, concorrendo com o charque. "0 estad arlamchtares, exportava cames congeladas pata os jo, Grande-€o Sul apelow entio para 0 governo federal ‘agricola por uma cartcira criada e anexada ao Banco dos mercados externos e a porda do monopolio. da indéstria do charque.colccavam. em situagdo critica a ceonomia gotcha Os dados aqui ‘exposto pliagio de autoridade do Exceativo da Unido. Uma mult ieagdes: simultaneas pressionava ‘no. sentido do fortalecimento do comand central. <- Vet Ant5nio Delfin. Netto, O Problema do ‘culdade de Ciencias Eeonémioas ¢ Administr 1959; 6 debates nos Anais do Congresso Fe mantéas subordinadas ¢ em linha deu lugar a diversas crises, de 1950 represent tes mais fortes, 0 Patido Republicano Paulista e 0, Partido Demoerético, O mesmo quadro prevalecia no Rio Grande do Sul, menos abertamente, com a dispute entre Flores da Cunha, Borges de Medeiros, Jodo Neves da Fontoura, Bat i espectivos partidos republicanos procurava dos partidos republicanos estaduais, apds sfacelaram © deixaram de exereer tal fungdo 8 pelo controle da. politica do estado passa visto que folado por uma pequena oligarqui redo, Contribuigdo’ para de So Paulo, Sto Pavlo, Masts, Ansiosos pela solidificagio de suas respectivas méquinas, as\ pri- * meiras interventorias dos. principals estados.mostram-se favoréveis & ais. B. sobretudo 0 que se. observa de Camargo e.Pedro de Toledo; em Minas, com Olegério Maciel; © no Rio Grande do Sul, com Flores da Cunha, Daf a tentativa de alianga, na revolugéo de’ 1952, destes [tris eotados. Langada a pregacdo pela nova Constituinte — 0 decreto para as eleigdes € de miaio de 1952 — os porta-vozes: da centralizagéo ont fiatamente ‘com uma série de medidas, entre substituigéo da. maioria dos permanece sob 0 controle pa Bale, 9 Tuteoy ‘Magus Para 0’ Mato Grosso, ¢Parand, foram indicados: interventores civis, respectivamente Lebnidas Antero de Matos e Manuel Ribas. O primeiro dirigiu a8 eleigses para a Assémbléia, contudo por tet entrado em con- interventorias. Muito identificado com a politica federal, foi eleito gover- rnador em 1935 ¢. depois permarteceu como interventor até 1945, Em Gols, no Espftito Santo ‘e em Pemambiico, permaneceram Pedro Ludovico Teixeira, Punaro Bley (tenente) ¢ Carlos Lima Caval- (tenente) elementos idemtficados com 0 governo fe orlamente entrosados cor 0s grupos estaduas, ou deles origindios. 12 Ruy Zubaran no dirigiu as el removido do cargo por pressio Flores da Cunha, que chegou a amearar 0 rompimento com’ 0 governd ent 98 Minas Gerais e Rio Grande do Sul nao sfo tocedos, em parte pela exis- t8acia de identificagio com os desejos do governo central, mas sobretudo porque este estaria ainda fraco para uma, intervencio mais decidide, 6880 Fosse esse seu intuito *. Face & perspectiva das eleigSes para uma assembléia nacional cons- iva importante por parte dos adepios da centralizago. Sob a inspiracdo do Clube Trés de Outubro, ¢ tendo Juarez Tévora como porta-voz, 0s interyentores do Norte ¢ do Nordeste sm carts a Rober 2 crescents movimentagio eleitoral e arrematava: “Com mais forte ppenso que dela néo se devem alhear “os que t&m acompanhado lecido ae aspirages nacionais” , Sem dGvide um dos principa ‘com o governo federal foi o carter de embriéo da centralizagao politica de que se revestia.o bloco das interventorias do Norte/Nordeste. No Manifesto de Janeiro de 1932,-diziam textualmente os democréticos de ‘So Paulo: 1953. bre Pemambuco: Anibal Fernandes, Pernambuco ap Tempo de “Vice- Schmiat, sd; Astolpho Resende, Defesa do Dr. Carlos de Lima Rio, Jornal do Combscio, 1937 ‘Acrisio Torres Aradjo, Peguena Hist6ria de Sergipe, Aracait 1es, Ascensio ¢ Queda de Genilio. Vargas, enentispro, ob. cit, pp. 122-123, © c6digo eleitors! que iria reger 0 pleito, decretado ‘em 1952, néo acatava, evide mas ifcorporava outra nogdo cara a0s-tene ficaria uma’ bancada de 40 (qual que ale Minas Gerais — naturalmente com 0 mesm ° vase claramente de um meio termo emrelagga & mogio dos interven- tores do Norte/Nordeste, mas de qualquer modo uma vitéria dos centra: ss € do governo, com 0 fito de contrabalancar o peso dos maiores estedos, notadamente de Sio Paulo e do Rio Grande do Sul, que-ne ineipal. A mogio norte-nordes: cages mais extenso, deixando um_claro inada a atenuar a hegemonia dos grandes Para a proposte class estados ue a, relagdo centro-estedos, crucial no quadro das jadas pelos revolucionérios de trinta € pela. ideo- it instrumento-chave. O papel il, instrumento que era das t mais'fracos, menos estratégicos para os festados mais fortes, ec detentores, além do mais, aproximow sequer de um’ modelo hierérquico, federal, o interventor precisava por sua vez ser co federal. Quem guardaria os guardas? De duas.mancitas procurou 0 governo central manter esse controle em segunda instincia. Uma, como vimos, foi © processamento de um rodizio em algumas interventori @ fim de dificulter 0 cneastelamento politico dos interventores. A segunda foi a ctiagdo de Grglos paralelos de’ centralizagzo administrative, assunto que abordaremos na. préxima sesio. pelo governo 15 Afonso Henriques, ob. cit, vol: I, p. 223. Essa manifestagio & si eativa, porque o rompimenio se: deu apds o-do Codigo que fixava as normas ea data das eleigéee para aCe 3.” © Departamento Administrativo do Seivigo Péblico (DASP) de que fossem instituidas mudangas ia. A preparacio anual do orca: em relago & sua economia. ¢ efi mento € o controle de sus execugio passam & responsabilidade do DASP, dentro de linhas gerais tragacas pelo chefe do. Executive. Segunde Lawrence Graham, “Em tcoria @ ASP fot concebido como uma. omg tama espécie de super-mi Os “daspinhos” —~ departamentos estaduais — funcionavam 20 tempo como uma espécie de: legi ura interventor eo Minis do departamento estadusl do servigo pt jentor fosse 0 responsdvel pelo estudo, aprovagio e decleragio de todos os decretcs ¢ leis estaduais”, observa ainda Graham, Como uma engrenagem,: a trative ¢ © Ministério da [ust estados, sob 0 controle geval interventor agia como coordenador Vargas, o departamento administrative, dirigido por buroer grado por engenheiros, agronomos, est individuos. que se consideravam e eam considerados imunes a presses dl erventoria, © depart ence Graham, ob Git, pp. 2830. 1» PP. 27-28. be 96 tn eee i | | i 1 g | funclévisva como um corpo legislative. Uma entrevista feita por Karl Lowenstein com Gofredo da Silva Telles delineia com clareza a auto- 5 burocratas ligades ao DASP. O presidente do in, orgulhava-se de, com, seis mais 271 cmaras municipais, Afirmaya que o novo esquema ofgani- zacional era “democtético” pordue ele conseguia conselhos sobre projetos © medidas édministrativas de importincie gerel de todas as’ éteas som ser atrapalhado pela “politica” estadual e municipal. Dizie do gabinete do. interventor que icionais nem com 0 quadro subjetivo 8. Por certo, as relagSes entre: ambos estado para estado. O mesmo Lowenstein afirma, -por exemplo, que o presidente do departamento administrative em Séo Paulo exercia maior poder ¢ controle: que Adiemar de Barros, entio. inter irrude das raizes mais. profundas que fnteryentor de 1933 2.1945, 2 politica mineira; trativa face ao governo central, A posigio algo némala dos interventores foi “legalizada” em 1939, & semelhanga do que dispunha 0 ato de. reconstrigéo de 1935 na Ale- eto intitulado “Da edministragdo dos estados ipios’, que passaria entio a ser-a lei orgénica a reger as relagSes entre 0 governo nacional © os estados. Esse decreto estabelecia que 0 Interventor e 0 Departamento Administrative eram os drgiios de governo dos estados. © interventor seria assessorado pelos chefes dos departa- essores nfo tenunciariam invariavelmente quando o interventor no > estado deixasse © cargo, Em 1937, sob o prisma juridico-institucional, pelo men achavames dinadas aos interventores federals a uma hietarquia de agéncias buro- criticas.- As grandes. decisdes a respeito da vida econdmica dos estados hhaviam passado totalmente as mos do governo federal, stravés de © curto periodo de 1934 a 1937 indicara, pelo men¢ superficie, um retorno & polities regionalista no estilo da. Repdblica oT - Praticamente nenhum campo de legslagdo peemencctu com cs etade, nena no goal podessen ep sem aprovagio direia do Presidente da Reptblica *. uma parcela apreciavel da centraizaso suposta. no tucional torneve-se smente real, pelo. simples ionada de autoridade, a qual se escudava, além disso, na forga material e simbéli Presidente da, Repiblica, Como qu lade dessa ordenagio no di ‘organizagéo do poder ei todo 0 espago geogratico do pais. Essa orgenizacio, como vimos, repousava fundamentalmente no. binémio intervent rmentos administrativos estaduais: um arranjo em que tan perapdo entre 08 dois polos podiam ser m. relativa facilidade pelo governo da Uniéo dentro da estratégia global de implantago de um poder centralizado, autarquias © grupos téenicos (0s mecanismos de centraliza¢zo atuantes na tela paralelamente, 9 pr6 fas. A dindiica do crescimento da caps. cidade decis6ria nfo pode, por conseguinte, ser anali referéncia 8 especifica constelacao de constraints presente a cada mo- a9 modo como ela € alterada cada’ vex que um conjunto ivo de decisdes ¢ tomado*e implementado. E neste sentido que os criados na década de trinta para a coorde- fades a determinados produtos de expor- tamente com o Conselho de Comércio Exterior, funcionando adquirem significagio mais ampla e duradoura; pois, embora 1ra dos pagamentos 8, permanecem como o modus ¢ o locus faciendi das respectivas Ver Pontes de Miranda, Comentérios & Const ‘Limonad, 1953, p. 6 ¢ jedo, So Paulo, Companhia Eai rs Nacional, 1934, pp. 133 @ 139, atividades. Da mesma fornia, as decisdes sobre a si nam ne ctiagio de Volta Redonda, encerraram w rnieos, do. préprio-governo e do.exército na determinago das altemnativas ¢ na formulagio dos projetos — para o setor. O mesmo se, irmar, naturalmente, com referéncia bs: deci- 86es sobre o petréleo, iniciadss ao final da década de 1930, embora sua culminago numa conjuntura democrética PUblico e de’ extensa participacio entre as diversas correntes E possivel agrupar em quatro categorias os drgios criados ow revi. talizados na déeada de trinta ‘com 0 objetivo de controlar atividades econémicas: a) drgiios ‘destinades a equi setores agricolas © extrativos, ou roger sua importasio e exportaci 'b) Srgios.destinados a ‘medidas de incentivo a inddstria priv 6) ras destinados & implaniagio, empliagéo ou remodalagio. de vigos bésicos de infra-estrutira nados a ingressar diretamente fades. produtivas, Exemplos do primeira séo cs institutos —'do Pinho, do Sal, do Agticar edo. Alcool, © Conselho Nacional do Café.*Do segundo . No ailtimo. caso. — pa ‘statal direta nas atividades produtivas — destacavase evidente este, so do Presidente da Repablica, mas prati= que Ihes correspondem, os érgéos aqui men- Norninalmente sob ‘camente sob os mini 22 Em 1943, foi realizado.o 1+ Congresso Brasileiro de Economia, 2: fim de debater a questio da natureza e grau da intervenea0 estatal, © 0 papel do ‘capital estrangeiro. © projeto do CNPIC, com o qual se identficava Roberto Simonsen,-fol eoniestado por Valentim. Bougas © Eugenio Guin. Insatisfelton “99 séonados serviam como agé governo federal pera. especi poder i coordenadoras ¢ centralizedoras do carapos de ago. Seu papel ¢ seus ‘io cabendo aqui um exame mais deta- ses eram bastante vari ihado de cada um, “Alguns dispunham de poderes normativos e regula- trios bastante amplos; outros eram de natureza.consultiva, preparat6ria cou inves sem fung6es normativas. Sua composigio. é também bastante ‘Algumas vezes incorporavam repre dade respectiva, mais funcionérios do, ministstio 20 qual 0 Srgio € excluiam individuos pestoalmente interessados nos objetivos regulatdrios do Instituto, Dos drgfos criados apés a revolugio de 1930, destacamse, entre. tanto, como inyento nagens — engenheiros, econo: séenicos. E entre estes, 0 CTER Finas c como via de acesso.de novos perso- 8, ete. — os grupos ou conselhos Conselho Técnico de Economia.e ingas — 0 CFCE — Conselho Federal de Comércio Ext. teve scu embriéo na Comissio de Estudos Econdmicos e Finan- los Estados © Municipi ferir para 0 plano federal, em caréter de exclusividade, financeiras externas. Posteriormente, desempenhou importante papel na formulacdo das poll ou chenk, Joaquim Catrambi, Métio de Andrade Ramos, Waldemar Fe Eugenio Gudin, Alceu Azevedo, Luiz Paes Leme e Velentim Bougas ah sidertirgica ¢ de petréleo. Era integrado, entre 5, por José Carlos de Macedo Soares, Juarez ‘Tévora, Oscar Weins- jor (criado em 1934) tinha de comércio exterior, mas 23 Parece haver divergtncias enfre 8s autores sobre a importincia politica relativa desses grupos e conselhos tfenicos. Nao havendo entte eles uma relaglo famente hierirguica, € natural que as posiebes relativas ‘variassem em funGao a conjunturs ou da matéria om estudo. E também possivel que a. percepgdo essas posigbes soja colorida pela_avaliagho exemplo, Ianni parece atribuir Re ey ee EUs SSeatansan hs mre came ote Ec i S's Gk pie oa Sha a 100 assessoramento a0 governo.em muitas cutras quest6es, Foi remodelado ‘om 1937 tomando-se, segundo alguns autores, um Grgio central de coorde- omni tério. de Planejamento, com par: 8 do governo. A criagio de (os de que tratamos anteriormente foi-feita com base is Nacional, criado pe Conselho Nacional de Econor 5. 0 papel das forgas armadas ‘ente ‘um instrumento do. poder. g Sem as tornar pi expansiio nifieagao nos cerescimento do. exércit éncia face 20 govern 10 mantendo essa margem de indepen- quebra da autonomia das milfcias que terle conseqiiéncias ‘oposigao aos. detentores civis te nfo era'o'caso —, desémpenhou porém laborador 1 centralizaites mestio na hipdtese de total do pod © exército dois. papéis de Vargas. Desempenhou, de ut a estrutura baseada no bindt todo 0 arranjo™ para o: controle. d 0 do regime, levando m através de seus qua na formulacéo © 0 desenvolvimento industris,,como no caso da siderurgia e do Consumada a Revolugso de 1930, como observa Mério Wagn Vieira da Cunha, “o exército'dividia-se nos altos comandos estidl situacdo que, se perpetuada, “redundaria na manutengéo da politica dos governadotes, j6 que desde 0 inicio fora uma ievolugo de governadéres. © tenentismo’ é o movimento que interfere nessa estrutura” impedindo que ela se exaurisse numa mera troca de oligarquias *. Sua atuagio 24 Mitio Wagner Vieira da Cunha, ob. seguir bassia-se neste interessant ato de Métio Wagner ver 0 164-165. A exposigio.a ido somente ¢huanto. 80 almente_ progress adquiride ‘coloragao claramente autoriidria, se readers decile coincide com itenllcep do on disc , pelo seut crescente , io propriamente militar; 0 que, naturalmente, néo exclut ‘de disputas entre as forgas de terra, mar e ar. Mas essas ymem caréter, ainda nas palavres de Mario Wagner, As fore pbc estaduns jo conta tanto nos ae unio sean # de 1953 pes do Estado com a Deuse, assim, como desdobramento da revolugdo d do-se por um perfodo de quase duas décad mada, néo obstante. alguns Infelizmente, nko € possivel os, as mudangas que acabamos de ingue enite as buroctacias civil emi facam, néo forcas armadas e policias civ Mério Wagner revelam, de qualquer forma, que, em 1953, sei Minas Gerais, Sao Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Bahia © Permambuco — dispunham, em conjunto, de nada menos que’ 47.000 homens em suas-milicias. Ao que_tudo indica, porém, além de as subor- dinar © desarmar, as Forgas Armadss da Unigo passaram por rapido crescimento © aprimoramento. De 1940 a 1950, 0 crescimento, da buro ada em conjunto Toi, ainda segundo a andlise de jo Wagner, mais rapido que o da populasio global; ¢ se deu conco- mitantemente com 0s. primeiros passos no sentido de uina abrangéncia seogratica mais eficaz. embora jetdtico nas. primeiras fases, sugerinds uma inflexio auteritiria do. mov ‘extinglo, pos 1940. Digass de pa F métodos. py 25 Mario W. Vieira da Cunha, ob. cit, p. 167 102 6, Conelusio Vans, anim, gue at mudanas pti paradigma weberiano das organiza. Ges ‘burocréticas. Ac contrério, mais correto. seria supor que. ela. tem seus fundamentos no fato de que'a expansio ¢ a centralizagao burocré- ticas se deram continuamente sob o si interventorias-daspink sobre. @ econami ‘essa. recomposigfo se deu tom uma simultinea e sign mudanga. de eixo, através das »€ sob, freqlientes. presides crético governamental, processo esse que teria decisiva significago, como % sabido, na formagao do maior dos, partidos do apés-guerra, o PSD. De maneira andloga.'ao que s¢ passava com os. grupos dominantis estaduais, 0s organismos ccondmicos estabeleceram formas de controle cuja Wnica principal foi também a absorgio burocrética, Os agentes autérquicos-e os conselhos técnicos, na maioria-dos casos, insti 7 lizaram uma modelidade de stuagdo que era, na realidade, semilegislat ou semicrepresentativa, nfo raro com a participagdo directa .dot interes: sados. Por certo, até mesmo numa estrutura 1 hg trés_ década: réprio governo néo Porém.em termos, geri, parece posterior a revolugto de 1950, ¢ expe Nove, lizou.¢ legitimou a némicos junto & burdcracia. Inque: | esse procedimento Tomousse a regra, ¢ a aluegdo em associagGes representativas de carter autonome e-piblico, como @ que em principio se-supde. que ocorra interesses eco- 103) através de partidos poli captou com preciso 0 process 8, a exces. Armando de. Salles Oliveira . escrita em derembro de 1943 6 fe Mello Franco, 4 Campanha da tagdo © Cooptagko Politica no Bra- CAPITULO V DO ESTADO NOVO AO REGIME DE 1946 1. Introdugéo Os studos brasileiros de Citncia Polftica tém da ‘tengo, até 0 momento, & descontinuidade do que & © Estado Novo e 6 regime que se Ihe seguiu. Visto que, io.de 1946 estabeleceu normas © medidas para a instalagio de uma democrética no pafs, dando ensejo a uma abertura do provesso dezoito anos subseqtientes, ao observador mais descuidado ago pode parecer ical do que na realidede 0 B além dist compresnsral qu continuidede, ou pelo menos mudanca claramente condicionads ¢ diri- i ‘que nos orienta, conforme assinalamos repe- tidas vezes, é que um processo do transigio dessa natureza néo poderia deixar de ter importantes repercussbcs, mesmo a-longo prazo, sobre @ estruturagéo © posterior evolugfo do sistema partidério que ‘entio se formou. 1945, de qualquer movimento contestat6rio inspirado em metas ideoldgicas capazes de ‘ais drdstica, a proposi¢fo de que partimos — 4 existéncia de continuidade em important nais — nada tem de surpreendente. Pelo supor que, sob tals condigées, determinante da que vier & ser zar um esforgo de especificegio deste suposto, mostrando de que maneira $e entelagam e interagem o legado © as novas cries: que contadigSes © advento do pluralismo arin, deeegdes drt, co vetormasoparagso formal don poder do Estado, detorminados pela Carta Constitucional. de 1946, foram super- os stoma de intor- pela presenga de de deciséria, para # que nos referi- de Estado. A térefa a que nos pro- lo €, assim, a de comecar a deslindar os fios mediante fa concrete da transigio, foram streladas estas dis- wugurava, ‘Tarefa nada sim- ples e que ird exigir ainda pesquisas mais extensas do que a aqui apre- sentada; mas que nos preender certo aspecto da como esteve ‘num submisséo, e num sistem: pandir e de so afirmar a uma taxa compativel com o ritmo das transfor magées s6cio-econémices. Estas consideragdes no nos levam a afirmar, contudo, que a Cons: isfio de 1946 fosse mera “fachada”, ou que 0 Congresto fosse mero paleo para os arroubos retéricos de cidadios ainda apegados a essa arte, Dignse de passagem que o poder realmente exercido pelo.Congresso no periodo que estamos considerando é matéria complexe ¢ compreensiyel- mente sujeita a distors cas: distorgGes no sent por completo, reduzindoo & condicéo de mera fantasmagoria, ou no inverso, de apresentislo como. onipotente’¢ coeso las pela maicria da Nagao. Papel de rubber stamps para caudilhos travestidos de presidentes demo- ionaliza¢o do continente. Sob este as- igdo de certe im- ises como-a de criticos na" Gnd "ds" Feconst ecto, 0 Congreso Nacional brasileiro era uma Portancia, bastando lembrar, para demonstragdo, que 1954, com seje pela, via do rmillitazes. pura Pelo menos para o papel de desacelerador de crises, 0 ha estatura; mas por isso mesmo é essencial com fraqueza — fraqueza face as estruturas burocrdticas. preender sua relat © ao. executivo etigidos sob 0 Estado Novo — pois esse meio temo cencerra, a n0sso ver, a chave pai gulares da posterior evolugao ins © enfraquecimento a que Estado Novo e apés 1964 foi Ho de certs apecoe it~ poder legislative sob 6 tal otdem que, em retrospecto, ele. pode 106 i i | parecer dotado de grande forga ¢ autonomie, no. poriod® constitucional , que ele esteve contic to @ importantes limitagées, tanto formas, ne, div freas e na iniciativa de'legslagao, quanto informai ovidae & precariedade de seus recursos, ao peso de sua estrutura © de seus. procedimentos intetnos¢ A morosidade talvez inevitével de. sua para ndo_mencionar- as, limitagdes ‘ando, via de iegra, em tesignagio face '¢0 10 nas sociedades modernas, e em piedosas 1e- comendagGed no sentido de-que se Ihe de, a0 legislativo, maiores' recursos, fssessorias téonicas, computadores, e coisas no genera. Seja gual for a cexata constelagio de causas, o:fato 6 que se dew, no Brasil fiamento, ou, antes, desenvolvimento visivelmente. contrad instituigdo que era, ‘como vimos, em termes compares! poderosa, Um dos fatores. conducentes’& sua _atrofi reserva de poder nas mos do executivo © suns agéncias visto que 8 Iegislagéo mais importante continuou ‘8 ser t forse de porta, ryulamenie, dortos © stusies. A propést, esereveu A, Atinos de Mello Franco: “sta! abundantissima legislagdo, que nfo & nada processal, fitamente substantiva, embora sem a forma completa. da ‘colst mullo imais. importante e interfere menos interminéveis, Referese, contudo, este autor, & crise dos anos 1963-1964; ao final, gem em 1946, Comsiderada ‘ex post facto, a atrofia do poder também pela atrofia do sistema pi legislative, ao nivel portanto das demais entidedes px Brasileira, Sio Paulo, , equivoca, no e580, brasileiro, de que, 0 fortale- pendenca de “eorajonn devolueto 8 smi Sobrecarregado de tarefas”. Diz ene aut ‘de um controle nfo depende de sua amplitude e mintcia... mas sim.da proba- Dilidade de que’ um corto poder de controle possa ser posto em agéo". Ver Reforma do Poder Leglslativa.no Brasil, Cémara dos Depulados, 1966, pp, 218- 220. 107 pattidério. Esse izados para asse- 1 ser realizadas. ra branee, na qual o,consenso quanto & nece sional nfo chegava, para boa parte dos ator a deposigio. Manteve'se assim Gettlio V: lou pessoais nfo aceitavar & organizagio ditatorial montada sob 8 Constituiplo. de 0 no capitulo da, reativacio desse partido, criado, como estruturagéo de partidos nacionais. fol contudo derrotado no plano dos fa dos permaneceu “G..) a formagio ¢ foncionaménto doo partidos, oo eal, «em patti do Paro Scent Devacaee SB, Seat nizgou nos estades sob ‘chetin dos. imerventores ol Petsoas de grande projecio politica dirctameate ligados Yentoria, Esta onjgef val influ a organteagao pardasia ‘Acnarrativa "da formagfo do PSD Benedicto’ Vatladates, além de sal nacional, revela ‘claramenie como essa inici tomada por ele com o beneplicite (senfo por ordem) de Gettlio, Xava num mesmo acontecimento a redemocratizagéo ¢ a preservasgo da méquina estado-novista; ou mais exatemente, sua reativaggo para noves jornadas: 3 Maria Lucia Leite Lipg ‘Tose de. Me imihares do representantes ‘grando todas 5 classes soci ‘de cimaras ¢ exvereado © sels ex-vereadores da Capital ito Yio importante, talvez desse a smbora_mais incisivo, encontramos no relato 2 fundaggo do PSD no Estado do Rio de ‘Quadro semelha Janeiro: (fefere-se 20 Sr. Amaral Peixoto) que 0 tae de participagto ivindicapses operérias, que alca tensidade e amplitude até entio desconheci 6 Benedicto Valladares, Tempos Idos © Vividos, Rio de Janeiro, Editora Civiizagio Brazileira, 1966, p. 249. 7 Maria Lucia Lelte Lippi, ob. cit, p. 25, 10 2 que jf fizemos refe- consegiiente deflacdo das alter- tizago, os quais; sem perder de vista @ importincia ¢ simbélica-da mise en seéne, fizcram no obstante graves reparos ao ‘em entrevista 20 Correio da Manhs, em 25/02/1945: todos sabem' 9 que se est passando clandestinamente, tum método destinado. a legalizar poderes, vigentes, rentores autoridades. polit ce ee oe wubmneldo a om care hotivels © & cotideiagio de érgtes sutorzados, Coma’ Ordem dos Advogados (.,.)”. mass matt * on + do caréter obrigatério, de- | planicie democritica.-Reno- Promulgado 0 Ato Adicional, assim se manifest apés, em osys/t94s, 08 profess ara 1 Independencia do dred pi jo dada ao estado de: guer- to, 0 Aid Adicional néo merecis, segundo os 5 dog raya Eduardo Gomes a 17 de abril, antes, por para as eleigdes: “Se estamos presentements. no gozo de lberdades com as ‘quais nko podertamos sonhar hi poticos moses atths, ceve-so tet regent ao epito gue se mia mnt de un gino de fl, pois maneso em toda a sva in de, eeseed 0 poder dos 10s estados, onde ditadera to sefosiou para elven A 28 de malo cional — era decret 1945 — exatamente ‘9 novo Cédigo Eleit gulador em todo 0 pajs do ali data de 2 de dezem sress0 Consti Antes. de ent do Cédigo Eleitoral — também co- 8 Virgiio de Mello Franco, ob. cit, pp, 160-163, gan, 2 Pévardo Gomes, Campania de iberragio, Rio, Martins, .4., pp. 331 a2 cece nhecido como “Lei’ Agamenon”, em referéncia ao Ministro da Justica, ‘Agamencn Magalhies, nomeado no inicio de margo com a especifica brevemente os mo- igando 8 pugna, Dutra foi sondado como ese que, em fins de possivel candidato da oposi por Benedicto Val- 8 paulistas, confi- gurendose assim a decisio do futuro pe Aptessaya-se, da mesma forma, a consti mal dos partidos ¢ 4 estruturagio. de suas bases onde fosse possivel. A 9 de maio eram abril, dando outubro somava se situa'a “Lei Agamenon”; ¢ sua posterior. modificagl0, em 10-de outue bro, pelo Decretolei n° 8.065, que, estudaremos em seguida. Decretorlei n.* 7.856, de 28/05/1945, em Agamenon Magalhies, teve participagio fundamental para a regulementacio do preender sua significagio como instrumento de continuidade do grupo dirigente sob 0 Estado Novo, ‘curapre distinguie inicialmente, entre.o que experiéncias anteriores © © que int _Yasdo. Na definisé, por assim dier, dos pardmetos gerais do processo >” 10 José Cab, Dira: O Presidente ¢ a Reviaurayao Demoerbiica, Séo Paulo, Instituto Progresso Editorial, 1949, p. 222. 11 Em meados de abril de 1945, em comfcio no Rio de Janeiro, pedia a “anifo nacional” ¢ a convocasio. de uma assembléia constituinte. Esborava, ‘nesta ocasifo, una. estratgia de frente. popular continuagéo de Getdlio Vargas ina Presidéncia da Re ‘Skidmore, Politics in Brazil, Oxford University Press, Affonso Henriques, ob, cit. 13 toral, 0 deoreto limitavase a reproduzir os procedimentos do. Cédigo ticamente "pré-pertidério”, abrigando nesta matéria, Assim € que admitia pai estaduai A Co justica para a — José Linhares, Presidente; Vicente Pirar inovacées ou a especifica operacion: » no 0 fato de haver incorporado os conc fio para o novo regime. Fe- em seguida uma exposigio sucinta de seis dos principais tragos .ova logistaséo eleitoral, agrupando-os em quatro categorias gersis. jionalismos e aos partidos estaduais da Velha Repiiblica © dos pri- ‘anos de década:de trinta. Nem se trata, aqui, de desconhecer = dessa medida para o desenvolvimento politico. Contudo, 0 ua implantaglo, num processo eleitoral controlado pela mé- 12 Joaquim Francisco de Assis Brasil, Democracia Repretentativa: do Voto ¢ do Mado de Votar, Rio, Imprensa Nacional, 1931, 1s com os pastidés politicos em processo de estruturagio io. A obrigetoriedade ram om geral restrtas a um ou Franco ao fato de que a UDN, associar a outras agremiagSes — a0 Pi bertador © & Esquerde Democrdtca — propician nha do “amorfismo ideolgico © programe de acordo apenas com o fim im jour, a0 sabor das flutuagées. do. jculdades de articulagéo pol vimos na sego anterior deste capitulo, se deum esquema de’ sustentagdo em todo. 0 sitos mfnimos para o registro de partidos foram na Filho na Constituinte, 2 Comi jon” pretendia na realidade um mf tutas, tendo-o reduzido para 10.000 favor do partido de Plinio a decretaria o aumento de 32 ¢ p. $6. ‘Glaucio Soares, Sociedade e Polix No mesmo discurso, diz Calé ‘de que Dutra deveria governar Filho que 0 PSD sustentou e.ganhou 15 dex para cing mas evidentemente sem efeito retrox I tuado que.o concedie porque 0 Partido Comunista do Brasil declarava tivo, vale dizer; sem que isso implicesse em cancelamento ds partidos jé 7 todos democréticos de aglo e ter abandonado'os prinefpios registrados, A controvérsia prosseguiu por algum tempo. Di Néo satisfeito com iu ainda no seu projeto de tetorno acs partidos regionais apresentado por Eduardo Du- ‘sdverténcia: Pode, a qualquer tempo, ter qualquer vinier (PSD-Rio), Agamenon Magalhées presenta em 1947 um substitu: ancelado, se-houver substituldo a sinceridade pelo tivo & Comisséo de Justiga da Camara no sentido de fortalecer os parti “dos nacionais. Procurava reduzir a0 minimo as cisoes proliferagao partidiria através de um mimero elevado de afiliagoes para a fundagio de novos partidos, inelegibilidade por certo tempo aos talta promissos pariidérios, siém da insituigao da sublegenda como vélvula divergéncias internas , Mas 0 assunto, 20 que pa- is, visto que a legislagio eletoral editada om 1945, embora falha no objetivo — louvavel — de desestimular a proliferasio, logrou o menos louvavel de retardar e dificultar ao méximo a esiruturaybo Partidéria das oposigées. 8, Quanto ao regisro de partidos. (1-2) Consessio e cassagio de registro perry Segundo © artigo 114 do Cédigo Eleitoral, © Tribunal Superior lei toral poderia negar.registro a qualquer partido cujo programa fosse con- trério 203 prineipios democrat do ho- inta.e um) partidos com registro provisorio, 15 (quinze) o tiverem cancelado razGes para os cancelamentos séo bastante variaveis, Entre os insdics € Pequenos partidos, parece que aqucles fortemente concentrados em alguns estados e possuidores de algun vinculo com as méquinas estaduais tinh melhores chances ‘de sobreviver, isto é, correspondiam melhor & inter pretagdo dada peles juizes a0 art PL (gatcho), do PR ¢ do PSP (pau que igo fol acionado contra um partido detentor de consideravel prestigio: © Partido Comunists. Embora a cassagio dos representantes desse partido no Congresso s6 fen ocorrido em 1947, os antecedentes de tal ato dever ‘engodo" *, © decrétotei ne 8,063, de maio de 1946, que aumentava para 50.000 (UDN-Bahia) e outra de ‘So Paulo), fundindo-sc as trés no artigo 141, parégrafo gio de 1946: “E ved: wrogratia ou aco con- tratic © regime democratico, baseado na pluralidade de partidos-e na. garantia dos direitos fundar Antes mesmo de entrar’ em vigor a nova Cons fechamento da UJC. (Unido da Juventude Comunis igs os partidos, exceto o PC. Apoiaram-na inclush 3; € Domingos Velasco, meinbro da ‘adora).” Prado Kelly manifeste-se foz da UDN @ favor do fechamento da UJC, mas cotitra Para o Partido Comunista, da mesma forma que Hermes ser procurados na propria \q amplitude a ser-considerada I A concessio do registro ao Pt provisérios © com sérias Sampaio Déria, solicitou va itoral de 1945, que ja entio prenunciava 18 para o espectro politico-partidério. tembro de 1945 fora feita em termos © ‘relator do processo, Ministro sclarecimentos sobre pontos do progra- ‘ma que a seu yer poderiam ser interpretados como indicativos do caréter anti-democrético do partido, ApOs 0 registro, “o relator deixou bem acen- tre © PC © Getilio Vargas, em especialmente apés a decretacdo im agosto desie ano 0 PC ceria. 0 ide Trabalhista) para a mobilizago operéria, Essas relagées se modificami’ nos. primeiros ‘Ao que tudo ir 1945, tinham caréter da chamada “Lei Malai MUT (Movimento de na campanha queremi sdenacto pela ° oho de ta Hanes 2,08 clpp. 118-12)" Ostae tmportant do Partido Comuni " bre a cassacio Estado de S. Poulo, edigto de 14 de sm, 8 de malo, Anais do Congresio Na~ 02/08/1947; 06/05/1947, 08/05/1947... Dideio ‘948 (contém todas 25 emendas 20 projeto 900-A, 948, pp. 136-131 s, 0b. cit, pp. 339- u7 de 1946, em decortnia no somente da mudanga de gover, com do comunismo, O panorama se altera drasticamente com os episddios de Berlim © da Grécia, além da escalada da guerre civil chinese. ago ge dé no meio operério © vel do ntimero de greves. Em maryo sindicais, mantendo as-diretorias ide om face da estrutura de 1946 0 governo suspende’ as el Tigadas so PTB. O Partido Comut sindical fora até entdo ambigua, meni contra a curando formar orga Trabalhedores. do Bri os raha p .do-se, mas sem grande énfase, tos, reage & nova situagdo, pro- Cria a CTB (Confederagao dos CNT (Confederagio Naci (0 foi tomada pelo 7 de maio de 1947 por trés votos contra dois. A discussio da matéria na Cémara ¢ no Senado teve inicio em setembro, tendo como protagonistas principais, de um lado, o representante da UDN na Co- missio de Justica da Cémara, Afonso Arinos, contrario & cassagio; ¢ de outro, o Senador quino (PSD-SC), que consegui i seu projeto na integra pela Comissio de Justiga do Senado, recusando TSE fodat as emendas que visavam reterdar ou amenizar a. cassacéo. A endeu dirtamente do FSD ‘dos pequenos partidos, visto que @ UDN a0 meio eo PTB inclinowse pela rejsigio. da 0 dos parlamentares co- riento, & promulgacéo do novo regime. primeiras’eleigGes b. “Quanto ao registro de candidatos rer por mais de um part ritério, mas somente por um partido ou coligagio partidéria para os ‘cargos regidas pelo principio proporcional (artigos 39 a 42); 118 | (1-2) Um candidsto poderia- concorrer: simultaneamente para presi: defite, senedor e deputado federal num mesmo estado ou em mais de ‘um estedo, Os dispositivos aqui mencionados dizem respeito & operacionalidade dos prineipios eleitorais.basicos, isto é da combinaggo dos principios ‘majoritério © propoicionel. © primeiro’ deles tem maior importincia Tongo’ prazo — no estimulo & despersonalizacdo partidéria através. de aliangas.¢\coligagdes a proliferagio “de pequenos partidos, mas nfo pode ser considerado, em si mesmo, como. uma medida autoritéria ou de preservaydo da: méquina getulista.. Ao contrério, como observa Afonso Arinos, “C..) a epresetitaggo roporcional era destinada a. ‘enfra quecer'politicamente 0 Pre te; a verdade, porém, & que, na situagio, seja nas comissdes, seja em plenitio. Os pequenos par tidos podem adquirir uma importincia desmesarada, muito maior do que o seu peso nuinérico, sempre que @ resultado das votagdes for apertado. Maiorias flutuantes e proctrias, integradas por gra pos que se aproximam sem se juftar, impoom uma. constante nevessidade de transagio, 8s vezts no’ plot sentido, isloé, no sentido de barganha, de troca de vantagens, até do chantagcns ¢ de corrupebas" Combinado, porém, 20 dispositive seguinte em nossa enumetagio — que permitia a inscrigho simultinea de um candidato a diversos cargos ¢, em mais de um estado — e eo mecanismo de alocago das sobras, que dis- cutiremos abaixo, 9 principio proporcional adquitia na “Lei Agamenon” tum sentido bastante diverso. “Assim & que Getilio, concorrendo para Senador emi cinco estados ¢ para depittado federal em nove, foi~eleito portanto, um plebistito esa or caso, 0 mecanismo dat sobras seria 0 principal alvo ca ira opost- cionista ®, ©. Quanto & representigio. © mecanismo das sobras rio pata os cargos executivos e para o Senado, ¢ p32 Afonso Arinos de Mello Franco, Evolusdo da Crise Brasileira, ob cts Federal com 537 votos, (Fonte: T. SE. Dados estatistidos, 1964), islagio eleitoral de 1945, como vimos, a dualidade proporcional para a Cémara dos Deputados e para os legislativos esta: duais. Na representagio proporeional, 0 quociente cleitoral seria deter- minado pela divisio do nimero de votes i pelo numero de cadeiras a ser preenchido, partido” que obtivesse 0 ‘0s candidatos individualmente mais votados, como previa 0 Cédigo de 1952, Esse sistema de absorgSo das sobras, & evidente, beneficiaris, na- cionalmente a0 PSD, UDN em uns poucos estados, © co PTB ou ao PC Federal. sitive acima referido reaparece no ait igurada a represontago proporcional dos partidos politicos naci forma que a loi estabelecer” (grifo nosso). Combatendo-o na Cor dizia Raul Sul tem um deputado que nfo Ihe pertence, porque devia ser do Partido Libertador..." Propés Raul Pila uma emenda que daria ao artigo redaglo ligeira- mente diversa, mas com a retirada da expressio “na forma que a lei ‘estabelecer”, sendo derrotado por 150 contra 93 yotos. Afirma Virgtlio de Iago a0 anteprojeto da Comissio encarregada de elaborar a outras disposigdes novas, itedura, for figurer 20 De- © artigo 48, que atribui tabloria os Tugnres paras quals nfo Tasem elton depuinds plo quocicnte partir (...) Ta agora, esprezo de todas as emendas oferecidas: pela UDN servi cem [por cento aos interesses da quadrilha que se apossara do pals em i937", DL Anais da Constitute, v. XX p. 400, 22 Virgilio de Mello Franco, 0b. cit, pp. 27-28. 120 incnenieasin saci o le 1945 visava consolidar a posicfo dos re- ma = por melo da absoreao partido majoritirio, com sacrificio do. sistema sradas por empregadores. e. agéneias governa- mento ex-officio, Este expediente, idealizado, segundo Roberto Gambini, por Waldemar Falcio, assumé ‘especial quando se considera: que se trata de recurso Seu peso ¢ expecialments dos, asvumindo uma, dimenséo despropocionl emnada menos que 5496 no Distrito Federal, 31% no Estado do Rio, 2196 no Rio Grande do Sul, 21% em Pernambuco, 17% na Bahia € 15% em Minas Gerais Traiase, portanto, de recurso eleitoral de cetta magnitude, a0 qual assim se referiu o mesmo Franco: idos, polo Estado. Novo, 03. sin ado assy a inelusto dos analfabetos «dos estran- es estaduals de 1947, foi abolide pela.Cé- de 1950, quando passou a ser ¢ - n? 8.063. Dandose jerais das estaduais, nfo para.a mesma data — 2 de dezembro de 1945 — prevista para as ederais. Esse: ato, como € sabido, prs 323 Afonso Arinos de Mello Franco, Excalada, Rio; José Olympio. 1965, 24 Robesto Gambini, “Continuidade do Estado Novo", 25 Virgilio de Mello Franco, ob. cit, pp. 27-28. 1968, yt confronteda com a Lei Agemenon ¢ com a evi do governo de preservar a méquina estadon por sua vez ao jogo extra-cleitoral, figurando tégia a pressZo sobre as forgas armadas para que tarde demais, no ra jé as organiza nem a demisséo dos interventores © pr faram de fato 0 desmantelamento da méquina p& Estado Novo, Concluidas as eleigses, com a vitéria de Gespar Dutra ¢ com a maioria maciga do PSD na Assembléia Constituinte (175 em 320 repre- sentantes) a oposicdo.sentiu-se lograda: uma journée des dupes, diria Virg \Yio de Mello Franco, evocando 0 frecasso liberal de cento e poucos aos antes as manobras I ft As elsiges de 1945, pasta pela form torno ao Catete em 1950, ‘Vargas o grande vencedor! consolidacdo do getulie amos procurands demons sugere Gara ic de eventos capitulos de uma transigdo que preservava, embora com alveragées, © padréo de organizagéo estatal ¢ & miquina buroorética.erg 1950, Menos dramético que a proclamayo do Estado Novo, esse proc verdadeiramente camalednico nfo tem atraido a mesma atencio dos iosos, mas uma breve reflexio permite apontilo, sem sombra de dévida, como-um dos perfodos mais cruciais na posterior configuraco das institu g6es politicas bra dado: também 0 poder seria imediatamente investido de poderes cons obtido 43% (quarenta c trés por cento) dos voios populares para a Camara Federal, amealhou, gragas aos mecanismos apontados, 53% (cingilenta © Ain 1946, pps 1148, 122 trés por cento) da Camara Federal, ficando com, 54% (cingiienta e quatro por cento) da Assembléia Constituinte. A composigéo partidéria da Assem- bléia, em comparacio com a-votagio vélida popular para a Cimara e com 2 composisio final da Camara ¢ do Senado, é a seguinte (em porcen- tagens): Quadro M1: Voros Vélidos para a Clmora Federal, e Compovicto Parra da Canara, do Serado ¢ da Consiuite, 1945-1946 (em porcentagens) Vetot port) senado | camara | Avtenbiea ‘a Camara. ‘Federal. Federal Constituinte 62,0. 33,0 $40 wo mo 20 47 16. 13 23. 49 47 70 1s 713 Tos 1009 i009 ‘op a presso em 1968). a Cémara Alta foi um dos alvos representantes comunistes a0 projeto constitu Caites de Brito (PC-Sao Paulo), (Os constituintes, dizia “.. Jingompreensivelmente se prendem a uma ordem de coisas 46 superada: 0 velho Senado, fonte de retrocesso © estagnaclo. - Elcito por um sistema antidemocritico, por set majoritsiio, © gue Soca viivelmente com 0 carter pfoporeional da Cima jos Deputadds, sua agio eo mecanismo de. seu entrosamento ‘com & mesma, e set poder, destinam-so a cntravar a marcha de \ leis progressistas, printipalmente quando sua renovagso completa se faz a0 longo de cito anos Nio cra, porém, 0 PC 0 sinicd prejudicado. Somente'a titulo de cespeculago, muma hipétese de exate proporcionalidade.com votazo 28 Ver Anais da Consiiainte, v. XI, p. 16. 13 : : (treze) para os partidos menores (outros), ‘UDN. Por certo, uma esmagadora §.1* — Cada Terrtério ters um deputado, e serh de-sete depuladas 5 a 8 2+ — Nao: poderh ser reduzidaa-sepresentagto jt fixada”, Quer isto dizer, para nos atermos ao esvencial, que haveria um mi- himo absoluto de sete deputedos por estado, ¢ um ‘méximo assaz imper: feitamente’proporcional: um estado com trés milhées de hebitantes teria * inte deputados, mas tim estado com. dobro — seis milhOes — nad teria quarenta, ¢ sim trinta © dois deputados, visto que a partir do. vigé- simo @ divisio se faria por duzenios ¢ cingiienta e no por cento e cin- giuenta mil. Vale dizer, © voto de um cidaddo dos estados mais populosos, que s6em ser também os mais industriaizados ©. urbanizados, valeria ‘menos, em termos.do numero de deputados para cuja eleigio estaria con- tribuindo, que o de um cidadio dos estados menos populosos ¢. menos desenvolvidos. Evidentemente, essa diferenga ‘no yalor dos: Votos ‘lo: € ‘mas ‘20 ‘contrério, aumenteda, pela representagd0 no So- igualdade entre 0 estados (vale dizer, a desigual- estudo sobre sta ques. wou Giducio Soares que, em 1962, a. sub-represeatacio "dos maiores estados: na Camara. Rederal -era:da:soguinte ordem: Sé0 Paulo tinha 27. deputados menos do que seria sua representagio num sistema exatamente proporsional; Minss Gerais, menos 17; Bahia, menos 8; Rio Grande do Sul, menos 7; Parané, mence 3; Pernambisco, menos 3; Rio referentes & represent artigo 58 da Const ios, muito menos povoades, tinhsm uma representagdo superior em 18 de que ‘eriam num sistema hipotético de rigorosa’ proporcio- Dado que a forga’ dos partidos ou das diferentes alas partidé- tis ibuise descontinuamente entre os estado’ e regides, em fungio dda estrutura sécio-econdmica e da heterogeneidade cultural dela decorrente, seguese, como é 6bvio, que 0 disposio. no artigo 58 da mais a representagio igual no Senado, sobrerepresente 0s as liderancas conseryadoras dos estados mais atrasados. Cun, porém, que efeitos teriam sido visados pelos constituintes.de 1946, A que ‘grupos pretendiam ou pensavam beneficiar? A quem beneficiaram de fato? Segundo Gléucio Soares, “al aumentar actificialmente Ia representaciéa politica de una ‘oultura politica tradicional atrasada, dominada por los Iideres artidéria da propria assem- inte portanto da particular arbitrariedade finalmente insti- 29 Gldueio A.D. Soares, “El Sistema Electoral: y In Repfesentacion. de Grupos Sociales en 1945-1962”, in Revisia Latino-americana de Cien- Politiea, ¥. Mh, a 1, 1971, pp. 5-23. say de Janeiro e\Guanabara, menos um cada. Os demais estados ¢ territd- “> direta de um dos prot periodo 1946-1964, af estio, entre os sub-representad Grande dé dos. seriam rnagens de um Obserya Gléucio Soares, ‘com razio, que ,., estos vicios de representatividad vienen de muy atras y, ‘de ningin modo, pueden Yerse como representando fielmente Is ‘esiructura del poder econémico del pals, ea un momento dado, 7586 del 28. de ol articulo $8 Dado, porém, que a tradi¢fo fas como ‘se explica por’cénto) da iegislagao eleitoral, pelo- mer as desproporgbes existentes? iples, ¢ até certo ponto verdadéira, é que a estru- tura de dominio se organiza em bases, na i jo que uma conyocagdo, ‘aos seus aliados nos esta ados possufam ot ;; e0mo por exemplo o cont 1 maior envergadura pol Accitével no atacado, esta interpretagtio bem Jonge se encontra, to- davia, de explicar no varejo as clivagens observadss no seio da astem- 2 partir das quais, como mostraremas a segu ventar hip igem geogréfica dos com que © procediment® adotado foi 0 da votagao. sim- tudo, elaros indices quantitativos para um estudo jente pelo menos para demonstrar que 2 clivagem em absoluto ndo se de de se esperar c € menos ainda mente regior temos que a vot consiaeraveis: di findo, as 1946, Ineluido no projeto de Co: 58 fol sujeito a duras crilices emendas, cabendo pelo PSD de 20 sob 0 nimero 27, o futuro artigo ensejo & apresentagio de diversas nica redagdo, subscrita © a de numero 2.391, representados, com igualdade, no Senado, ao € do povo,¢ nto dos Estados, pelo cosa profundament que equivale a criar diferenges entre braslciros pera. e Glbtcio A.D. Soares. 128 __ termo médio, quando isto represent ica. Nao se pode dar mais valor a0 voto. dos jSee pouco povoadas, em detrimento, dos que lato densa.” Os ncleos mals densos jo aiorservigo, militar, pagam mais ‘epresentagio pol bbabitantes das Foi, portanto, em torno da iniciativa paulita que se dev o debate fem plenério, Embora-conservasse 0s dois parigrafos do artigo, = vale estado, a garantia de um 4 representa¢do: minima dos:estados-menores. Disse, & respeito, tado Souza Costa (PSD-RGS), durante 0 debate. no plenério: vivos debates na Ataliba Nogueira (PSD-SP). “Sr. Presidente; no sei em que se basela 0 nobre representante Souza Costa para dizet que isto aqui representa o O'S Gustave Cepanema diferentes. Por que 0 eleltor, no Exado mals populos, valerd menos do, que no Estado: mais dospovoado, © Sr. Gustavo Caparizma: Cogitamos da unidade nacional. 0 Sr. Ataliba Nogueira: Ysio importers ‘na’ mortedos-partidos racionais, e 0 Brasil carece de partidos nacionais" 50, 2. Do mesmo toor 6 a declaragio de epuiado pelo. Partido Republicino Progressita do 129. incipal defensor do projeto no plenério — principal em exten- que em intransigéncia e severidade esta honraria deve caber bs observer qué @ preponderincia de Paulo @ de Minas tes de 1930 “decorria de fatores justos ¢ respeitivels — a exceléncia de seus candidatos ¢ a orientasio politica méderada_¢ equilibrada dos estados", defendeu nos segui jos os problemas que’ esse enunciado envolve. Entre esses problemas hé a considerar 3 situacio de natureza_bistériea, de feiefo econdmica, leseavolvimento i ‘a vida federal para a compreensio do debate, © em par "Ses partidérias nas clivagens a ele subje- centes, foram as comunicaSes feitas por, Prado Kelly e Nereu Ramos, lideres, respectivamente, da UDN e do PSD. lye (,..) debati longamente © assunto fia Comissb. ‘aT baneade da Unito Democtiticn die natureza regional © com 0 a maloria dos colegas pelo texto do. ‘por ontonder ques harmonica com o-que dispunka a réspeito a Constituigso de 34, “Sou peli proporcjonatidade permaneote, qualquer que restate por Estado, Penso que esse @ um citério 31 Anais:da Constituinte, vol. XU, p. 50. 130 Ficou ressalvado, enttetanto, a todos os ‘companheiros que diver- (0 direito-deiliveemente:emitirem seut Nerew Ramos: “St. Presidente, minha qualidade de lider do PSD me obriga a fazer a seguinte’declarasao: a todos os colegas ‘que me tém consoltado sobre a matéria tenho respondido — e ‘quero que fique ido dos Anais — ndo.se sratavapenas de quesido aberta, mas abertissima’ *. | | | bee t retirada dos. debates demonstra, wal da emenda por 155 (cento © sar da rejeigdo contra 91. (nover tisfat6rio para o estudo das divisbes ocorrides, Sebemos que 91 (noventa ¢ um), representantes votaram contre o futuro artigo 58.. Sabemos tam- bém que 72 (setenta ¢ dois) subscreveram a emenda que o elterava, A estes devernos somar os 14 (quatorze) representantes comunistas, que | no a subscreveram mas a. apoiaram oralmente, retirando sua pr | © emenda sobre a matérie. Além destes 86 (citenta © seis) foi possiyel J Reis ue, Ae et 6 oto ihe sol cemenda, mas que no a subsereveram, possivelmente por razdes ‘mas ou incxistentes entee os que defendiam a emenda, sem divide cons- ciente do peso numérico do adversério. Dispomos, portanio, de noventa % dois nomes, podendo admitirse pequena margem de. erro‘. Infelize + mente, como foi observado, no 6 possivel conhecer sendo uma pequena parcela dos que votaram contra a emenda, Nossa Gnica alternative 6 is que @ subscreveram ou spoiaram Ine, vol, XXIL, p. 49. 41 Num elfleulo como ecte, existem ‘as segaintes fontes de erro: 3) muma ham. votado no mesmo sentide: ¢) hi casos, embora.raros, de difiel det exemplo, Segadas Viana (PTB-DF), interveio diversas vezes 10 eferido, mas seus argumentos parecem servir”a ambos: Indos, ‘azio pela qual no foi contado entre os 92 provavais votos a fayor da emenda, des Volos Fovorvts & Brenda 1748-00 de Constituigdo de 1946, por Parildo por 140 com o Total das Reipectivas Bancadat PSD-€ UDN, contra’o resto. O” apoio ao artigo 58, por conseguinte, se i , hecendados y.coroneles de todo tipo” a que se ‘veio porém de. parcela dessa eixo da Repablice Velha, Mas € preciso ver, muito elém.disso, que o apoio ligérquico 20 artigo se apresenta. mediatizado por ume forga mais articulada, senio ‘mais poderosa: 0 getulismo’e ‘os:remanescentes:do Estado Novo. Exam onstituinte, vols. XIV, XXL ¢ XX; Trie ticos (reimpressio dos dados para 1945), sub-representar. Inspirecdo ‘menos na questo aqui estu- Examinemos este quadro por partes. Nota-se, primeiramente, pelas orcentagens na dltima linha, que, ® excoso do PC, nio hé variag6es aoentuadas entre os partidos. “A porcentagem ligeiramente inferior da UDN. pela importincia desse partido no Nor 0, 0 fator regional que abordaremos a seguir. porcentagens da ‘iltima coluna (@ direita) indicam 08: a) Sio Paulo e Minas. Gerais, que dio em ordem decrescente, Rio Grande do Sul, de Janeiro © Pernambuco, nos quais uma minoria varidvel entre 35 ¢ 15 por cento a apdiam; ¢ finalmente, c) os ddemais, egrapados para maior facilidade de apresentagio, que a rejeltam quase unanimemente, Examinando em terceiro lugar, as propospes in- ternas da tabela entre votos favoraveis © bancadas, e deixando de lado 0 PC, que provavelmente votou em bloco, é ébvio que se trata de umn coalizio entre as bancadas mineira e palisia dos dois grandes partidos, 132 rogressivismo populista do. primeiro io dos. setores mais reirdgrados 0 se contrapondo-se a sobre-reps 42. A rigor poderiamos imagi clara diviso em trés da emenda: 2) sepresontacio undo, parece claro que as tram-se na ‘propria coalizéo politica que deu novo alento a0 na transigao ao regime de 1946, a devolugio de poder aos dois maiores estados para manter “so estadonovista da centralizagio e da unidade nacional, o arti- Ivez tenha tido efeitos mais amplos do que o mero e pretendido (0 da representagio. demos Tou seu. proprio objetivo zante, na medida em que retirou aos partidos boa parte do subsira- i 182 orgenizagdes.efetiver mente nacionais®, burocracia federal, presa muitas vezes fécil des oligarquias mais retré- gradas. 5. Conclusiio ‘Vimos, neste capitulo, como a queda do Estado Novo foi amortecida, geral aproveitada para 2 nova armagio i Nao ‘continuidade total, como se estivéssemos diante erpretaco equivaleria em sua inge- nuidade Aquele que vé na Cons de 1946 um corte abrupto com o passedo e a inaugurasio de uma etapa imaculadamente democrética em do métito relativo de uma ¢ outra com nossa histGria politica, Em © com inegavel Exito, pelos a absorgdo, através do PSD; 1s € bases municipais, ¢ através do PTB, das clientelas ficalizadat ou cobertas pelas instituigdes previden« do getulismo como formarao ou movimento politico orge- ‘eraca; ) a norms proposta assegurava a permantacia de sibios preceitos in- ‘corporados & legislagso eleitoral brasileira desde Prudente de. Morais, 14 asseguradores reprosentagdo € a0 Estado Novo, néo se (0 trabathos de eleboragio ientagio de ram por exemplos de ertiea dé. junture de 1946, Nao 0 as emendar-na sta giade maioria nfo: foram evades jsoes. como 2 dora, composia de entagio nesta Casa. tempo e cofseguir unidade de pontos de vista, cederam, e eederam ‘ito, aos menos democratas, pare niio dizer reasionirios, ¢ © im sob ameaga de mal A 21 de-agosto de 1946, assim se expréssava o mesmo Prestes 8 res- peito da concentracio de poderes no Executive: Do mesmo teot ¢ 0 discurso de Caites de Brito (RCSP) a 51 de maio de 1946: sua. soberania, ae ote 2 ugha poderock do Exceutvo Cone oa ‘até mesmo como 8 & crescente “complexidade das so- wecessidades do processo do desen- fortalecimento do Executivo ¢ decisivo: que a ma ular havie sido, como vimos, a exclusio de quale to institucional de governo partido. { | Tereeira Parte EVOLUGAO E CRISE DO SISTEMA. PARTIDARIO | -mas vezes dé lugar, como veremos, Capitulo. VI O MECANISMO: EM MARCHA relacionadas. As variedade de iculdades, portinto, néo provém do numero. ou dé antes, da insuficiéncia. das pesquisas ¢ rocessos. Por esta razo, decidimos.con- 2 grandes regides.ou a estados. da intengiio de compreender 9 st segunda caracteristica 6 0 fato iregao causal que vai das “b ‘sua. atengio, portanto, em processes de. “crosio” do sistema Partidério. pela mudanga s6cinecondmica. Embore o interesse principal 139.7 a8 quais se’ acham quase. sempre estreitamente _~ iais” ao sistema politico, centrando. ‘apontam apenas no sentido de uma erosio cadtica ‘mas também no de um processo secular de reali- 6 possivel afirmar que esse processo de realinha- mento se daria — como de fato nfo se deu — de maneira segura € isenta de crises trauméticas, E porém nevessério compreender 0 caréter * de erise assum icagbes politico-institu- , éxatamente por se situarem Estado sem partidos ou governo partidirio. Nao pretendemos demo cabal, mas Wosomente sugerir. que, face spomos até © momento, ela nfo pode ser des- lo menos a mesma atenc4o que a hipstese oposta, ide congénita de um sistema partidério competitive -2 das principais inter- retagées ou diagnésticos da crise politico-partidéria anterior a 1964. 140 shaerntersceeterennnt ti ait | i 2. Principals teses sobre a crise institucional ‘As principats teses sobre @ crise-politice-partidéria, organizadas numa seqiléncia Wgica semelhante & dos modelos existentes?; 0.08 soguintes: rvadores, especialmente UDN, PSD-e PR, ests- tdos reformistas/popilistas em , © particularmente dos. processos jeados durante 0’ periodo. parte das classes conservado: vido, especialmente, ao maior peso dos grandes centros urbanos na eleiso deste ersio da forga eleitoral dos tusgéo de controle mais ow menos te ;, passando de uma si- pelos trés’ maiores (PSD 4) Aumento do nimero de aliancas leitos por aliangas sobre o,nimero de hhegemonia dos partidos conservadores scitrada ¢ incerta, 5 como conseqiéncia, a curto prazo, dificultar a jd procdria coesfo déria, tornando insidvel, para nto dizer exrética, a suitentag#o politica do governo). 1) Aumento do atimero de votos brancos ¢ nulos, expr sinteresse, senéo 0 protesto, do eleitorado contra 9 sistema igo e adesao hhegemonia ¢ i 6 bastante clara nos mod pretativos mais de uma seqiléncia de proposigdes mais ou menos como a enumerada Imente democrético, mesmo des- iro, funciona a longo prazo como Nos estudos que mi fem pelo ment os partidos © a entre alteragde na correlagdo de forgas.politicas € “bes daquele caréter © seu conhecimento; na tendéncia, ‘uma interpretagao univoca de pro sausal muito mais complexa. jente slguns itens que ndo se pr ‘inicos que nos interessam no io mencionados apenas para se obter ‘modelo. ‘¢ posteriormente (d) ¢ (f} constituem @ ma A dispersio eleitoral Noss ponto de partida € o de que, em ver de | dos grandes pi porém, a questo decisiva 12 partidario se achava exposto a uma com dano irreparével para sua eventusl de fato se processava um: realinhamento de fosse reforgada, embora apenas, a médio a indagagio decisiva, da qual depende a imples mala tom de problemétce, @ pun interprelasao, que, como veremos, € questio bem mais complexe, Os dados analisados por Gléucio Soares revelam que os chamados partidos conservadores. mantinham sua proporgio nos estados ‘menos desenvolvidos; que o PTB a aumentava; e que os pequens partidos a Quadro IV: Composicto Partidéria da Camara Federal PARTIDOs| 1945 1950 1984 1958 |]. 1962. FONTE: Gléucio Soares, ob. eit. e TSE, Dados Eetatstces, vols. [, Il, HMA, W.VL wido a 4 deputados por MO (ao inicio PDC € 0 malor dos pequenos, com 2 Quadro V: Bleigses Parlementares: Votos Partidirios e Votor pare Allangas Coligagves, 1945-1962 a a | ro4s 49 ae | = — 30 B 23 a 3 Hp test 25 339 ber 1) a3 Reproducides de Simon Swans, “Vente afer.) ob. Gy pea Fonte original: TSE, Dados Es cos, vol. VE, 1964. sea aque # akteraséo se dava em favor de pequenos partidos reformist, com- centrados nos estados desenvolvid miulticfatrico como Brasil) vtilizer uma expresso do 8 pequenos partidos “ideolégicos” cresciam de maneira propor te mais rapide nas regiées desenvolvidas ¢ nos grandes centros b) 0 PTB, que se desenvolveta a partir de uma base exclusivamente urbana, localizeda sobretudo, nos grandes estados, ampliava sua penetra- glo nos estados menos desenvolvides e também no intetior, elegendo deputados, e mesmo prefeitos, em cidades mé ‘onde & populagdo operéria’ ow urbana siderdvel da populagdo total. Essa a descaracterizi-lo como partido tr ©) face & concorréncia dos pequenos partidos e do PTB, os chame- specielmente naquelas ‘uma proporsio -con- io, ohviamente, no chegava vuibano; ximagio com el: teriam de aument aque perdiam polo, conqustado pelo PTB ¢ pelos. poqu ‘urbanos 3. tando, no momento, seu ritmo como um todo. Qual seria 0 teses, sobreviveria apenas a nivel e \do 2 dividir com o PSD o eleitors Passaria a depender cada vez mais dos estratos médios ¢ al entre aqueles que véem 0 PSD como partido ‘menos numerosos porém mais perceptivos, que considcram a de um partido verdadeirimente agrétio como um dos tragos mais peculia- res de nossa formasao politica, sociais do PTB em Sto Paulo, no inicio do pertodo, ver to opersrio em Sio Paulo”, Revista Brasileira de Estudos 4s inerustada no'easco da nau do Estado” ¢, na linguagem da oposigio, esse camaledo rural-burocrético cindiase, 2 cada momento, entre esses dois tenderis eles a separarse © A ‘agruparie de acordo ‘mimetismo ideotogico, em ABO aro ajudou a encobrir, como mostrou Por sua vez, se dirigiv interesses segundo na Alemanha por guardifo de u poderes privados, as confederagies © grandes grupos econdmicos. Natu. ralmente, © poder destes, ¢ dos sindicatos, conferia poder de fato a parti- 8; mas a acidentada histéria do Partido Social Democrético eatdter monopé ‘alemfo até a Segunda Guerra Mundial € indicago clara de como a cen- sco € glorificagto estatal faziam o péndulo distanciarse da antiga liberal do sistema pa Se na Alemianha a noséo do jamais muito aceita, evidentemente 0 conirétio. A visio globalizante € formal do Direito € que perdeu de.ver suas tenres raizes em solo briténico, cedendo lugar & projecdo.extra-parlament pragmética, esta sim algeda & dignidade de dou E excusado dizer que nem nia Embora’ no Brasil 0 diagnéstico ndo possa' ser to simples, parece imo afirmar qué a necessidade do aumento do poder no centro poli- € mais ou menos consensusl..A clivagem se dé na questo da meto- nal para se alcangar tal resultado. E neste: particular, ia com a histSria européia nfo & absurda, pois tanto tivemos no pattidérios do caminho alemao (centralizaglo © governo dos mais larecidos) quanto do caminko inglés, © do it yourself através de par tidos de. ambito nacional Se € vilida, apesar-de evidentemente généries, a reflexto ai © concluir qué, a despeito do que diz a tradigio ideol jos no Brasil, democracia politica no, é sinénimo de descentraliza- malmente congruente com governe descen- ce © tornado “piblico”. Poder, portanto,.arrebatado as cligarq + como insistentemente clamavam os inovadores de todos os mati- ta de 19 srebatado também.As demais concentragées 20 governs: ide? Em todos a corganizagdes. pau cinou Michels, Se a democracia partidéria tem futtsro no Brasil — e & ébvio que as reflexes aqui apresentadas-ngo pretendem ser mais que uma breve in trodugo ao problema — pareve claro que esse futuro depende, entre Sutras coisas, da vigéncia de concepedes normativas favordveis pelo 173 subjugada pelo Rechtstaat, na Inglaterra dewse’ ~ BIBLIOGRAFIA ivo de menosprezo por parte daquel javam o advento de uma politica menos“ ia", a “defesa do consumidor” de seguranga, ¢ inimeras 0 A crescente. complexi- dade ¢ interdependépcia das satividades sociais conferem enorme relevo ‘a questdes desse tipo, que pela sua proy tratamento apenas téenico-burocritico. aro ‘Bacon, 1968. Brazilian Planning, Chapel Hill, University of North, Maurie, Police Parts: New York, Wiley, 1963. 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