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O tedio nao é simplesmente uma vivencia anímica da interioridade, mas algo dele vem ao

nosso encontro justamente a partir das coisas mesmas:o entediante. O tedio está muito
mais do lado de fora, se assenta sobre o entediante e se introduz de fora furtivamente em
nos.

Quando dizemos e pensamos que isto ou aquilo “é entediante” , então não pensamos mais
de inicio imediatamente que ele causa tedio. A expressão “entediante” é um caráter
objetivo. O próprio livro -em si- é entediante. Talvez não seja absolutamente necessário
que nos entediemos na leitura deste livro entediante, da mesma maneira que é
inversamente possível que nos entediemos em meio á leitura de um livro interessante.

Mas a determinação essencial do tedio enquanto algo que entedia não é, então, uma
propriedade exclusivamente objetiva. O caráter entediante corresponde, assim, ao objeto
e está ao mesmo tempo ligado ao sujeito.

Interesante esta perspectiva de la relación subjetiva: sobre o livro entediante mal pode
significar aquí sem bom gosto algum. Mas e certo que mal encadernado tambem pode
significar de un material vagabundo, de baixa qualidade...Mesmo aqui, contudo, onde se
tem em vista um caráter do próprio material, não falta a ligação com o sujeito. Desta
feita, mesmo as propriedades mais aparentemente objetivas das coisas estão ligadas
ao sujeito.

De algun modo, porém, pressentimos que o caráter da determinação essencial do que


entedia no livro é algo totalmente diverso do resultado de ele ser mal escrito ou algo do
gênero.

Por que transportamos afinal tais caracteres afinadores até as coisas? Isto não acontece
seguramente de maneira casual e arbitraria, mas evidentemente em função de sentirmos
algo junto as coisas 65 pdf

Que tipo de propriedade é esta acima de tudo? (entediante) p. 66.

Não dissemos absolutamente: o entendiante é o que causa tedio em nos (entonces algo
mas hace que lo entediante sea entediante). Sem mais tomamos o termo “entediante” sob
a significação de arrastado, aborrecedor em sua aridez; o que não significa: indiferente.
O que entedia, o entediante é o que nos detem e nos larga vazios. P.67

Sobre o entediante: “isto não significa: transportar um efeito e seu caráter até a causa
produtora deste efeito.

As caoisas não se dao de um modo tal que no amor não nos deparamos absolutamente
com um objeto, e, não obstante, amamos algo? Isto está aqui apenas como uma indicação
de que não nos encontramos positivamente um passo á frente e de que o problema
inversamente se agrava, ao deixarmos de lado a relação causa-efeito. P. 68

Aí onde nos livramos dele (tedio). Isto acontece onde criamos para nos um tempo curto
em contraposição ao tempo longo do tedio: onde, com este intuito, passamos o tempo a
cada vez desta ou daquela maneira. Exatamente, aí onde nos contrapomos a ele, ao tedio,
é preciso que ele queira se afirmar. P. 69

Assim, somente no passatempo conquistamos a postura correta, na qual o tedio vem ao


nosso encontro sem disfarces. Precisamos toma-lo do modo como nos movemos nele: do
modo como buscamos simultaneamente nos livrar dele. Não uma pura vivencia, mas duas
vivencias acopladas. (no só por ser uma contradição, mas também porque ali “nos
detemos no interior dele, do passatempo)

Em meio ao ser-entediado por algo, somos mantidos presos pelo entediante: ainda não o
deixamos propriamente livre. Por razoes quais quer, somos dominados por ele e estamos
ligados a ele. Em contrapartida, no entediar-se junto a... já se realizou um certo
descolamento ante o entediante. (...) estamos entediados sem que o entediante nos entedie
(...) -quase como se o tedio viesse de nos mesmos e seguisse tecendo a sua teia sem carecer
ainda da provocação do entediante e do estar ligado a este ultimo. Mas também “No
entediar-se junto a..., o tedio não está mais colado em.., mas já começa a ter lugar uma
certa ampliação (...) Ele não se liga apenas ao entediante determinado, mas se abate sobre
muitas outras coisas: tudo se torna entediante. P.70

Mas este “matar o tempo” é em si propriamente um matar o tedio, e matar significa agora:
expulsar, dissipar. O passatempo é uma expulsão do tedio: uma expulsão que se perfaz
através de um estimulo ao tempo. P71

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