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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS

FUNDAMENTOS DE
CONCRETO ARMADO II

Prof. Sergio Hampshire de Carvalho Santos

sergiohampshire@poli.ufrj.br

- 2019 -
SUMÁRIO PÁGINA

PARTE I - PILARES

1. CARACTERÍSTICAS DO ESTADO LIMITE ÚLTIMO 4

- Verificação da segurança. Definição dos estados limites.


- Coeficientes de ponderação.
- Características dos aços.
- Características do concreto.
- Hipóteses básicas no dimensionamento à flexão composta no estado limite último.

2. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO COMPOSTA RETA 15

- Dimensionamento na flexão composta reta


- Planilhas de dimensionamento. Ábacos de interação

3. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO COMPOSTA OBLÍQUA 26

- Cálculo pela formulação aproximada da NBR 6118


- Cálculo exato
- Exemplos

4. CRITÉRIOS DE PROJETO DE PILARES 30

- Cargas atuantes nos pilares de edifícios.


- Classificação das estruturas relativamente à sua deformabilidade horizontal
- Métodos de análise dos efeitos de 2a ordem
- Pilares-parede.
- Verificação ao cisalhamento.

5. DETALHAMENTO DOS PILARES E PILARES-PAREDE 43

6. EXEMPLO NUMÉRICO COMPLETO 49

2
PARTE II - LAJES

7. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO SIMPLES 71

- Domínios de deformação na flexão simples. Dimensionamento à flexão simples.


- Tabelas de dimensionamento. Bitolas comerciais.
- Exemplos numéricos.

8. ESFORÇOS ATUANTES NAS LAJES 78

- Cargas atuantes nas lajes. Normas de cargas.


- Tipos de lajes: simples, contínuas e em balanço. Lajes armadas em uma direção.
- Cálculo dos momentos fletores nas lajes armadas em duas direções.
- Cálculo das reações de apoio nas lajes. O método das charneiras plásticas.

9. DETALHAMENTO DAS LAJES 94

- Definição das espessuras das lajes. Flechas admissíveis.


- Detalhamento das armaduras de lajes. Espaçamento das armaduras. Armadura mínima.

10. EXEMPLO NUMÉRICO COMPLETO 99

- Projeto completo de um painel de lajes de um edifício.

ANEXOS – Ábacos adimensionais para dimensionamento na flexão composta reta 110

SENHA DO “MOODLE” – 20172fca2

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1. CARACTERÍSTICAS DO ESTADO LIMITE ÚLTIMO

1.1. Verificação da segurança. Definição dos estados limites.

1.1.1. Condições construtivas e analíticas de segurança

Na verificação da segurança das estruturas de concreto, devem ser atendidas as condições


construtivas e as condições analíticas de segurança (item 12.5 da NBR 6118).
Do ponto de vista das condições construtivas, devem ser atendidos, no mínimo, os requisitos
definidos na NBR 14931 (“Execução de estruturas de concreto – Procedimento”).
Do ponto de vista das condições analíticas, define-se que as resistências disponíveis não podem
ser menores que as solicitações atuantes, com relação a todos os estados limites e a todos os
carregamentos (os de Norma e os específicos para a construção considerada).
Simbolicamente, Rd ≥ Sd.

1.1.2. Estados limites últimos e de serviço


Define-se que uma estrutura ou parte dela atinge um estado limite quando, de modo efetivo ou
convencional, se torna inutilizável, ou deixa de satisfazer às condições previstas para a sua utilização.
Segundo a NBR 6118, em seus itens 3.2 e 10.2, devem ser considerados no projeto estados
limites últimos (ELU) e de serviço (ELS). Simbolicamente, Rd = Fd em um estado limite.
Os estados limites últimos estão relacionados ao colapso, ou a outra forma de ruína estrutural
que determine a paralisação do uso das estruturas.
Os estados limites de utilização (de serviço), de abertura de fissuras, de deformações excessivas
e de vibrações excessivas devem ser atendidos em todas as estruturas de concreto armado.

1.1.3. Ações a considerar


A NBR 6118, em seu item 11.2.1, define que deve ser considerada a influência de todas as
ações que possam produzir efeitos significativos para a segurança estrutural, levando-se em conta
todos os possíveis estados limites últimos e de serviço, de acordo com esta Norma e com as condições
peculiares a cada edificação.
Simbolicamente, as ações em uma estrutura de concreto armado podem ser expressas como:

p = g + q +  (carga total = carga permanente + carga variável + efeitos de deformações


próprias e impostas)

A NBR 6120 define as cargas gravitacionais para o cálculo de estruturas de edificações. Outras
normas brasileiras de cargas podem ser citadas, como a NBR 6123 para as ações de vento.
No caso de obras industriais, deve ser considerado o peso dos equipamentos a serem instalados
na edificação e as cargas variáveis que poderão ocorrer durante as diferentes fases de montagem,
operação e manutenção da instalação. Na avaliação das cargas variáveis, estas devem ser consideradas
as suas posições mais desfavoráveis.
Cargas durante as fases construtivas devem ser verificadas, inclusive as decorrentes da
montagem de peças pré-moldadas e as que apareçam durante a fase de escoramento.
Cargas excepcionais são também previstas no item 11.5 da NBR 6118 (impacto, tornados, etc.),
devendo ser consideradas se exigências específicas de segurança forem definidas no projeto de uma
determinada estrutura ou quando definidas por Norma Brasileira específica.
A Norma Brasileira NBR 15421 define as cargas sísmicas a serem consideradas no projeto
estrutural de edifícios.

4
1.2. Coeficientes de ponderação

A NBR 6118, em seus itens 11.6.1 e 12.2, define os valores característicos para as grandezas
envolvidas nas verificações dos estados limites (ou seja, as ações e as resistências).
1.2.1 Valores característicos para as resistências
Os valores característicos fk a serem considerados para as resistências de um material são
definidos como os valores que têm uma probabilidade de apenas 5% de não serem atingidos em um
determinado lote do material. Admite-se uma distribuição normal para estas resistências, a partir dos
valores médios fm e dos desvios-padrão s:
fck = fcm - 1,65 sc
fk = fm - 1,65 s fyk = fym - 1,65 sy

 (f i  fm )2
s i 1

n 1

A NBR 6118, em seu item 8.2.1, define classes de resistência em MPa para o concreto. Para
superestruturas de concreto armado, o concreto deve ser no mínimo de classe C20 (fck = 20 MPa). Para
estruturas de fundações e em obras provisórias, o concreto pode ser de classe C15 (fck = 15 MPa). A
NBR6118 é aplicável para concretos de classe até C90.
A resistência característica do aço à tração, fyk (ou à compressão, fyck) é definida em função da
tensão mínima de escoamento, real ou convencional, fixada como sendo a tensão correspondente à
deformação específica permanente de 0,2%, determinada de acordo com a NBR 6152. Os aços para
concreto armado são classificados pela NBR 7480, de acordo com o valor característico da sua
resistência de escoamento, nas categorias CA-25, CA-50 e CA-60 (por exemplo, para o CA-50,
fyk = 50 kN/cm2).
1.2.2 Valores de cálculo para as resistências
As resistências de cálculo são estabelecidas pela NBR 6118, no seu item 12.3, a partir dos
respectivos valores característicos e dos coeficientes de ponderação das resistências.
Estes coeficientes levam em conta a variabilidade da resistência dos materiais envolvidos, as
diferenças entre resistências medidas em corpos de provas e nas estruturas, desvios ocorridos na
construção das estruturas e aproximações feitas no projeto, do ponto de vista das resistências.
Para verificações estruturais realizadas com concreto de idade igual ou superior a 28 dias, as
expressões abaixo se aplicam (fctk é a resistência à tração característica do concreto).
fcd = fck /c fctd = fctk / c fyd = fyk / s fycd = fyck /  s
Os coeficientes de minoração (c e s) são definidos na NBR 6118, item 12.4.1 :
Concreto: c = 1,4 em condições normais. 
c = 1,2 em condições de construção.
Aço: s = 1,15 em condições normais ou em condições de construção.
1.2.3 Valores característicos e valores representativos para as ações e solicitações
Os valores característicos a serem considerados para as ações Fk são definidos nas diversas
Normas Brasileiras pertinentes, em função de uma probabilidade destes valores serem ultrapassados
durante a vida útil da construção.
Para as cargas permanentes, a NBR 8681 define os valores característicos como os seus
próprios valores médios.
Para as cargas acidentais, os valores característicos são aqueles que têm de 25% a 35% de
probabilidade de serem ultrapassados no sentido desfavorável em 50 anos, o que corresponde a
5
períodos de recorrência de, respectivamente 174 e 117 anos (pode-se usar, para 30%, TM = 140 anos).
Não se dispondo de dados estatísticos suficientes, como é o caso em geral para as ações
variáveis, os valores característicos a serem considerados são valores nominais fixados pelas Normas
Brasileiras específicas, para cada tipo de carregamento.
Para vento e sismo, as probabilidades de ultrapassagem em 50 anos são fixadas nas Normas
NBR 6123 e NBR 15421 em 63% e 10%, respectivamente, o que corresponde a períodos de
recorrência de 50 e 475 anos.
1.2.4 Valores de cálculo para as ações e solicitações
A NBR 6118, no seu item 11.7, define valores de cálculo para as ações, por meio de
coeficientes de majoração f, que levam em conta a variabilidade das ações, a simultaneidade da
atuação das ações, desvios gerados na construção não explicitamente considerados no cálculo e as
aproximações feitas no projeto do ponto de vista das solicitações.
Os valores de cálculo das ações são, genericamente, os valores das ações representativas vezes
os coeficientes de majoração:
Fd = f .Fk
Nos casos em que lajes em balanço, pilares e pilares-parede tenham sua menor dimensão
inferior a 19 cm, deverá ser considerado um coeficiente adicional (n = 1,95 – 0,05.b) de majoração de
cargas, sendo b a menor dimensão da seção transversal da peça em cm, de acordo com o item 13.2.3 da
NBR 6118. Este coeficiente adicional é justificado pela maior probabilidade de falhas de construção
em peças esbeltas e da maior importância relativa dos desvios construtivos, por exemplo, nos
cobrimentos.
Pilares de 14x60, 16x24 e 18x20 terão, respectivamente, n = 1,25 , n = 1,15 e n = 1,05.
Lajes em balanço com 10 cm de espessura terão n = 1,45.

1.2.5 Ponderação das ações nos estados limites últimos (ações variáveis de só um tipo):
Fd = 1,4 Fgk + 1,4 F qk + 1,2 Fk. (condições normais, quando as ações são desfavoráveis)
(ou 1,0 Fgk , 0,0 F qk , 0,0 Fk.) (condições normais ou de construção, quando as ações
são favoráveis)
Fd = 1,3 Fgk + 1,2 F qk + 1,2 Fk. (condições de construção, quando as ações são
desfavoráveis)

(Fgk - ação permanente característica, Fqk - ação variável característica, Fk. - ação característica
devida a deformações próprias e impostas: recalques de apoio, retração, temperatura, etc.)
No caso dos efeitos da carga variável decorrerem da atuação simultânea de cargas acidentais e
de vento, considera-se a baixa probabilidade dos dois carregamentos atingirem simultaneamente o seu
valor máximo. Neste caso, se considera a soma dos efeitos máximos de um carregamento, com o outro
reduzido por um fator ψ0 (aplica-se uma redução também para os efeitos de temperatura):
Fd   g .Fgk   q .(Fq1k    0 j .Fqjk )   q . 0 .Fqk

As seguintes combinações devem ser verificadas em edifícios (Tabela 11.3 da NBR 6118):
- Edifícios residenciais:
Combinação 1: carga acidental com ψ0 = 0,5, com vento total e temperatura com ψ0 = 0,6
- Edifícios comerciais, de escritórios, públicos e estações:
Combinação 1: carga acidental com ψ0 = 0,7, com vento total e temperatura com ψ0 = 0,6
- Bibliotecas, arquivos, oficinas, estacionamentos:
Combinação 1: carga acidental com ψ0 = 0,8, com vento total e temperatura com ψ0 = 0,6
- Para os três tipos de edifício:
Combinação 2: carga acidental total, com vento com ψ0 = 0,6 e temperatura com ψ0 = 0,6

6
Além disso, para o projeto de pilares e fundações de edifícios residenciais e comerciais,
também se considera a baixa probabilidade das cargas acidentais atingirem seu valor máximo
simultaneamente em todos os pavimentos. Sendo assim, pode ser aplicado um coeficiente de redução
αn nas cargas acidentais em cada pavimento das edificações, conforme tabela 19 da NBR 6120.
O item 6.12 da NBR6120 define algumas cargas como não redutíveis, como as de garagens,
reservatórios, áreas de estoque, estádios, teatros, cinemas e outras.

Ilustração da aplicação deste critério (Tipo 1 significa que a carga acidental corresponde a
um único tipo de utilização):

1.2.5.1 Exemplo numérico 1:


Em um edifício residencial, definir as diversas combinações de momentos fletores para o
dimensionamento à flexão na seção extrema de uma viga. Os momentos característicos atuantes são:
Cargas permanentes: Mgk = - 78,6 kN.m; Cargas acidentais: Mqak = - 45,3 kN.m;
Cargas de vento: Mqvk =  69,7 kN.m (pode assumir sinais positivo ou negativo).
- Combinação 1a – momento de vento negativo com carga variável de vento dominante:
Md = - 78,6 . 1,4 – 45,3 . 0,5 . 1,4 – 69,7 . 1,4 = - 239,33 kN.m.
- Combinação 1b – momento de vento positivo com carga variável de vento dominante:
Md = - 78,6 . 1,0 – 45,3 . 0,0 + 69,7 . 1,4 = + 18,98 kN.m.
- Combinação 2 – momento de vento negativo com carga acidental dominante:
Md = - 78,6 . 1,4 – 45,3 . 1,4 – 69,7 . 1,4 . 0,6 = - 232,01 kN.m.
A combinação com momento de vento positivo não dominante não é crítica.
1.2.5.2 Exemplo numérico 2:
No edifício de 13 pavimentos acima esquematizado, a carga aplicada em um pilar por piso tem
uma parcela permanente de Ngk = - 200 kN e uma parcela acidental de Nqk = - 150 kN.
Avaliar a carga de cálculo em cada pavimento (a redução total de carga será de 11%)
7
Pavimento (1-RP) Ngk Nqk. (1-RP) Nd Σ Nd
(no piso) (no piso) (no piso) (total no piso)
13º 100% - 200 - 150 -490 - 490
12º 100% - 200 - 150 -490 -980
11º 100% - 200 - 150 -490 -1470
10º 100% - 200 - 150 -490 -1960
9º 100% - 200 - 150 -490 -2450
8º 80% - 200 - 120 -448 -2898
7º 60% - 200 -90 -406 -3304
6º 40% - 200 -60 -364 -3668
5º 40% - 200 -60 -364 -4032
4º 40% - 200 -60 -364 -4396
3º 40% - 200 -60 -364 -4760
2º 100% - 200 - 150 -490 -5250
1º 100% - 200 - 150 -490 -5740
1.2.5.3 Exemplo 3:
Seja um pilar de concreto simples, de área igual a Ap em que a força normal de compressão é:
Np = Ng + Nq
A tensão de compressão 𝜎𝑐 atuante no concreto é de:
𝑁𝑝
𝜎𝑐 = 𝐴
𝑝

A tensão de rutura 𝑓𝑐 em um dado corpo de prova padronizado do concreto do pilar é de:


𝑁
𝑓𝑐 = 𝐴𝑒
𝑒

Ne é a força de compressão que rompe o corpo de prova e Ae é a área do corpo de prova.


A verificação de segurança ( 𝑓𝑐 ≥ 𝜎𝑐 ) é ilustrada nas curvas de probabilidades dadas abaixo:

1.2.6 Ponderação das ações nos estados limites de serviço:


Pode ser sempre conservadoramente considerado:
Fd = Fgk +F qk + Fk
Ou seja, nos estados limites de serviço, pode-se tomar f =1,0. Coeficientes de redução para
cargas variáveis podem ser considerados, conforme item 11.7.2 da NBR 6118.
8
1.3 Características dos aços
Para o cálculo nos estados limites últimos, considera-se o diagrama tensão-deformação bilinear
genérico para os aços, definido pela NBR 6118 em seu item 8.3.6. O patamar de escoamento é
definido, sem acréscimo de tensões após a deformação de escoamento. A aplicação dos critérios de
dimensionamento a seguir detalhados leva ao diagrama tensão-deformação de projeto abaixo.

Considera-se, para todos os tipos de aço, Es = 210 000 MPa = 21 000 kN/cm2 = 21 . 107 kN/m2.
No caso, por exemplo, do aço CA-50:
fyd = fycd = 50/1,15 = 43,48 kN/cm2
yd = fyd / Es = 43,48/21000 = 0,002070 = 2,070 0/00
Os valores de fyd e yd para os três tipos de aço são dados na tabela abaixo:

As bitolas da tabela a seguir são as das barras normalizadas pela NBR 7480 (“Barras e fios
destinados a armaduras para concreto armado”). É fornecida também a área em cm2 de cada bitola.

9
As barras são fornecidas em comprimentos de 12 m (ver NBR 7480, item 4.5.1). Diâmetros
padronizados com bitolas inferiores a 5 mm não têm aplicação como armadura estrutural em pilares.
O aço CA-50 é utilizado em todos os tipos de armadura estrutural. O aço CA-60 pode ser
empregado nas armaduras das lajes e nas armaduras de estribos de vigas e de pilares. O aço CA-25,
por ser o único que depois de dobrado, pode ser redobrado para sua conformação inicial, pode ser
usado em detalhes construtivos especiais.
As barras podem ser também classificadas, conforme a NBR 6118, item 9.3.2.1, de acordo com
a conformação superficial (nervuras), em barras lisas (CA-25), barras entalhadas (CA-60) e barras de
alta aderência (CA-50 e CA-60), ver item 9.3.2.1 da Norma. As nervuras têm sua configuração
geométrica definida na NBR 7480.
1.4 Características do concreto
A resistência característica do concreto à compressão é determinada a partir dos resultados de
ensaios em corpos de prova cilíndricos, de 15 cm de diâmetro e 30 cm de altura, moldados de acordo
com a NBR 5738, com a idade de 28 dias, com procedimento estatístico de acordo com a NBR 5739.
A resistência do concreto à tração pode ser determinada pelo ensaio de compressão diametral,
de acordo com a NBR 7222. Na ausência de ensaios, seus valores médio e característicos (inferior e
superior) podem ser estimados em função da resistência à compressão fck como:
2/3
fct,m = 0,3 fck (fck ≤ 50 MPa); fct,m = 2,12 ln (1 + 0,11 fck) (fck > 50 MPa);
ftk,inf = 0,7 fct,m ; fctk,sup = 1,3 fct,m
Exemplo:
fck = 20 MPa, fct,m = 0,3.202/3 = 2,21MPa, fctk,inf = 0,7. 2,21 = 1,55MPa
A curva abaixo ilustra a relação entre a resistência média à tração do concreto fct,m e a
resistência à compressão fck:
Resistência média de tração do concreto
5.5

4.5

fct,m 3.5
(MPa)
3

2.5

2
20 30 40 50 60 70 80 90
fck (MPa)

10
O diagrama tensão-deformação idealizado, é definido a seguir, de acordo com a NBR 6118,
item 8.2.10.1. Nesta figura, os valores de ε e σ são dados em módulo.

Os valores a serem adotados para os parâmetros c2 (deformação específica de encurtamento


do concreto no início do patamar plástico) e cu (deformação específica de encurtamento do concreto na
ruptura) são definidos a seguir.
 para concretos de classes até C50 (em módulo):
c2 = 2,00/00
cu = 3,50/00
 para concretos de classes de C50 até C90 (em módulo):
c2 = 2,00/00 + 0,0850/00.(fck - 50)0,53
cu = 2,60/00 + 350/00.[(90 - fck)/100]4
Exemplo: para um concreto com fck = 20 MPa, em 0,50/00, σc = 5,313 MPa

11
 Estimativa para o módulo de elasticidade inicial (item 8.2.8 da Norma), quando não forem
realizados ensaios para a determinação deste parâmetro (unidade, MPa):
Eci = E. 5600 f ck , para fck de 20 MPa a 50 MPa;
1/ 3
f 
Eci = 21,5.10 . E .  ck  1,25  , para fck de 55 MPa a 90 MPa.
3

 10 
O parâmetro E depende da rocha matriz da brita empregada:
E = 1,2 para basalto e diabásio
E = 1,0 para granito e gnaisse
E = 0,9 para calcário
E = 0,7 para arenito
 Estimativa para o módulo de elasticidade secante a ser utilizado nas diversas análises de uma
estrutura:
Ecs = i . Eci
f
i = 0,8+0,2 . ck ≤ 1,0
80
 Exemplo de determinação de Eci e de Ecs

Considerar concreto com fck = 25 MPa e rocha matriz da brita de arenito.


E = 0,7 (arenito); Eci = E. 5600 f ck , Eci = 0,7. 5600 25 = 19600 MPa
f 25
i = 0,8+0,2 . ck = 0,8 + 0,2 . = 0,8625
80 80
Ecs = i . Eci = 0,8625. 19600 = 16905 MPa

 Curva para E = 1,0:

 Coeficiente de Poisson = 0,2 (item 8.2.9 da Norma)


 Coeficiente de dilatação térmica = 10-5 /0C (item 8.2.3 da Norma)
12
1.5 Hipóteses básicas no dimensionamento à flexão simples no estado limite último.

b cu 0,85 fcd αc fcd ou 0,9 αc fcd

y=λx
c2
00,2 x
%
d
h

As s (Domínio 3)

O dimensionamento de uma peça composta de um material homogêneo, com comportamento


suposto como elástico linear, pode ser efetuado pelo método das tensões admissíveis. Por exemplo,
para uma viga de seção retangular (b x h), submetida à flexão simples (momento fletor igual a M), as
tensões máximas de compressão e de tração são ambas iguais a  = 6M/bh2, devendo esta tensão ser
comparada com um valor de tensão admissível definido para este material.
Para o dimensionamento do concreto armado, o problema é bem mais complexo, devendo ser
considerados os diagramas não-lineares tensão-deformação já definidos para o concreto e para o aço, e
as hipóteses básicas a seguir enunciadas.
As hipóteses para o dimensionamento à flexão, simples ou composta com força normal, no
estado limite último do concreto armado, segundo a NBR 6118, item 17.2.2 são:
 as seções transversais se mantêm planas após a deformação;
 a deformação das barras deve ser ao mesma do concreto em seu entorno;
 as tensões de tração no concreto devem ser desprezadas no ELU;
 a distribuição de tensões no concreto se faz de acordo com o diagrama parábola-retângulo, com
tensão máxima a 0,85 fcd. Esse diagrama pode ser substituído por um retângulo de profundidade
y = λx, onde o valor do parâmetro λ pode ser tomado igual a:

 λ = 0,8 para fck ≤ 50 MPa; ou


 λ = 0,8 – (fck - 50)/400 para fck >50 MPa.
A tensão constante atuante até a profundidade y pode ser tomada igual a:
 αc fcd no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não diminuir a partir
desta para a borda comprimida;
 0,9 αc fcd no caso contrário.
sendo αc definido como:
 para concretos de classes até C50; αc = 0,85
 para concretos de classes de C50 até C90: αc = 0,85 . [1,0 - (fck - 50) / 200]
 a tensão nas armaduras é obtida nos diagramas tensão-deformação definidos no item 3.3.
 consideram-se, na flexão simples, os limites de x/d :
x/d ≤ 0,45 - para concretos com fck ≤ 50 MPa;
x/d ≤ 0,35 - para concretos com 50 MPa < fck ≤ 90 MPa.

13
Valores de λ e αc

 os estados limites últimos são caracterizados quando a distribuição de deformações na seção


transversal atingir uma das configurações definidas nos diversos domínios de
dimensionamento à compressão, tração e flexão simples ou composta, normal ou oblíqua,
estabelecidos pela Norma (ver figura a seguir).

Deformação plástica excessiva:


reta a : tração uniforme.
domínio 1 : tração não uniforme, sem compressão.
domínio 2 : flexão simples ou composta, sem ruptura à compressão do concreto, aço a 100/00
Ruptura:
domínio 3 : flexão simples (seção sub-armada) ou composta, com ruptura à compressão do
concreto, e com escoamento do aço.
domínio 4 : flexão simples (seção super-armada) ou composta, com ruptura à compressão do
concreto, e com aço tracionado sem escoamento.
domínio 4a : flexão composta com armaduras comprimidas.
domínio5 : compressão não uniforme, sem tração.
reta b : compressão uniforme.
14
2. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO COMPOSTA RETA
2.1 Dimensionamento na flexão composta reta – fck ≤ 50 MPa
As diversas possibilidades de dimensionamento e verificação das seções de concreto armado na
flexão composta reta se realizam quando os diversos domínios de deformações específicas no estado
limite último são percorridos: tração simples, flexão composta com tração, flexão simples, flexão
composta com compressão e compressão simples. Durante este desenvolvimento, a profundidade da
linha neutra assume os valores:
Domínio 1: de - ∞ a 0
Domínio 2: de 0 a 0,259d
Domínios 3 e 4: de 0,259d a d (o limite entre Domínios 3 e 4, para CA-50 é 0,6284d)
Domínio 4a: de d a h
Domínio 5: de h a + ∞
A retangularização do diagrama tensão-deformação do concreto só deverá ser considerada para
concretos com fck ≤ 50 MPa. Para concretos com resistência superior a esta, a retangularização leva a
resultados muito imprecisos, obrigando à consideração dos diagramas tensão-deformação reais.
São inicialmente definidas as notações a serem seguidas, através das figuras a seguir.

d’’
As2

t2 c d h

Asi

ti As1

t1 d’
Seção transversal

d’’

As2

d h
Md Nd
Asi

h/2

As1 d’

Seção longitudinal

15
De acordo com as figuras, as seguintes designações são definidas, para uma seção retangular:
b, h - largura e altura total da seção de concreto.
As1 e As2 – armaduras mais próximas, respectivamente, da face inferior e superior da seção (em
uma viga em flexão simples são, respectivamente, as armaduras principais de tração e compressão).
d', d'' - distâncias dos centros de gravidade das armaduras As1 e As2 às faces do concreto mais
próximas.
d = h - d' - “altura útil” da seção.
c = d - d'' - distância entre centros de gravidade das armaduras As1 e As2.
Asi e ti – armadura genérica e sua respectiva distância à face inferior da seção.
Nd e Md – esforço normal e momento fletor de cálculo referidos ao centro de gravidade da seção
retangular.
As forças normais positivas são as de tração e os momentos fletores positivos tracionam a face
inferior da seção. Da mesma forma, na seção resistente, forças e tensões de tração são positivas e as de
compressão são negativas.
2.1.1 Equações para o Domínio 1
O Domínio 1 corresponde às situações de tração pura (reta a) e às de tração composta com
flexão em que as deformações no concreto são todas positivas, ou seja, as tensões no concreto são
nulas. Neste caso, o par de esforços Nd e Md é resistido pelas forças de tração nas armaduras. O estado
limite se caracteriza pelo esgotamento da capacidade de deformação específica do aço (s = 100/00) na
armadura As1.
O Domínio 1 é definido pelas seguintes condições de deformação específica:
s1 = 100/00; c = 100/00 a 00/00
s1 e c - deformações específicas da seção, respectivamente aos níveis da armadura mais
inferior e da fibra correspondente à face superior do concreto.

d''
b c
As2 s2 F s2

Md
h d c Nd
Asi
si F si
As1
d' s1= 100/00 F s1

As deformações específicas no nível da armadura genérica i são obtidas por relações


geométricas, com o auxílio da figura a seguir:

εs1-εc εc x c

d s1  c
 c
x x  d.
εs1-εsi εsi d s1  c

εs1 ti–d’

16
t i  d'  s1   si (    ).( ti  d' ) ( 10   c ).( ti  d' )
   si   s1  s1 c   si  10 
d  s1   c d d
Já que no caso específico do Domínio 1, s1 = 10 /00.
0

De acordo com o diagrama tensão-deformação definido no item 1.3, as tensões nas armaduras
serão:
 si
 si  . f yd se  si   yd ;  si  Es . si se  si   yd , com E s = 21000 kN/cm2
 si
A força Fsi (de tração) na armadura genérica i é dada por:
Fi = Asi . σsi
O equilíbrio entre forças externas aplicadas e forças internas leva aos esforços externos
equilibrantes:
h
N d   Fi ; M d  N d .   Fi .ti
2
Nas peças submetidas à tração pura ou composta com flexão é necessária a verificação à
fissuração, de acordo com o item 17.3.3, da NBR 6118. A NBR 6118, em seu item 17.3.3.3, fornece
uma alternativa ao cálculo analítico da abertura esperada de fissuras. Para os diversos diâmetros das
barras, é definida uma tensão máxima nas mesmas, em condições de serviço, e um espaçamento
máximo das armaduras, para os casos usuais de agressividade do meio (excetuando-se a CAA IV –
agressividade muito forte). Desta forma, esperam-se aberturas máximas de fissuras da ordem de 0,3
mm. É assim atendido o estado limite de fissuração. Estes valores são definidos na tabela a seguir.

Diâmetro da Tensão máxima em Espaçamento máximo Acréscimo da


armadura (Ф) serviço (σs), em MPa (smax), em cm armadura (CA-50)
10 360 5 1,00
12,5 320 10 1,00
16 280 15 1,11
20 240 20 1,29
25 200 25 1,55
32 160 30 1,94
2.1.2 Equações para o Domínio 2
O Domínio 2 corresponde a diversas condições de equilíbrio em que a parte superior da seção
está comprimida e as armaduras superiores encontram-se tracionadas ou comprimidas. O estado limite
se caracteriza pelo esgotamento da capacidade de deformação específica do aço (s = 100/00) na
armadura As1; corresponde a diversas situações de flexão composta com tração, flexão simples e flexão
composta com compressão.

17
O Domínio 2 é definido pelas seguintes condições de deformação específica:
s1 = 100/00; c = 00/00 a -3,50/00
Profundidade da linha neutra x:
 c
x  d. ; no caso particular do Domínio 2, s1 = 100/00.
  c   s1
x
O limite para o Domínio 2 corresponderá a c = -3,50/00 ou k x ,max  max  0,2593
d
Para o cálculo das deformações específicas no nível da armadura genérica i, vale a expressão
apresentada para o Domínio 1, observando-se que, neste caso, c tem sinal negativo. As tensões e
forças nas armaduras também são determinadas com as expressões do Domínio 1.
A força de compressão Fc, resultante das tensões de compressão atuantes no concreto, é
determinada com a expressão a seguir, devendo Fc ser tomado com o sinal negativo (compressão):
Fc   0 ,85 . f cd .b.0 ,8.x
Para o equilíbrio de momentos é necessário definir a distância do ponto de aplicação da força
Fc à face inferior da seção:
t c  h  0,4.x
O equilíbrio entre forças externas aplicadas e forças internas leva aos esforços externos
equilibrantes:
N d  Fc   Fi ;
h h
M d  Nd .  Fc .tc   Fi .ti  0  M d  N d .  Fc .tc   Fi .ti
2 2
2.1.3 Equações para o Domínio 3
O Domínio 3 corresponde a diversas condições de equilíbrio em que a parte superior da seção
está comprimida e as armaduras encontram-se tracionadas ou comprimidas. O estado limite se
caracteriza pelo esgotamento da capacidade de encurtamento do concreto, suposto com sua máxima
deformação específica (c = - 3,50/00); a deformação específica do aço na armadura mais inferior (As1) é
no mínimo igual à de escoamento (yd). Este estado limite corresponde a diversas situações de flexão
simples e flexão composta com compressão.
O Domínio 3 é definido pelas seguintes condições de deformação específica:
s1 = 100/00a yd; c = - 3,50/00
O cálculo da profundidade de linha neutra é igual ao do Domínio 2, sendo que no Domínio 3,
deve-se considerar que c = - 3,50/00.
x
O limite do Domínio 3, para aço CA-50, com yd = 2,070/00 será k x ,max  max  0,6284
d
As expressões do Domínio 2 para o cálculo das deformações específicas no nível da armadura
genérica i, de tensões e forças nas armaduras, da força de compressão no concreto e de equilíbrio entre
forças externas aplicadas e forças internas permanecem válidas.
2.1.4 Equações para os Domínios 4 e 4a
O Domínio 4 corresponde a diversas condições de equilíbrio em que a parte superior da seção
está comprimida e as armaduras encontram-se tracionadas ou comprimidas. O estado limite se
caracteriza pelo esgotamento da capacidade de encurtamento do concreto, suposto com sua máxima
deformação específica (c = -3,50/00); a deformação específica do aço na armadura mais inferior (As1) é
inferior à de escoamento (yd).

18
Este estado limite corresponde a diversas situações de flexão composta com compressão. Como
o aço não atinge a sua tensão de escoamento, a seção romperá por ruptura frágil (compressão do
concreto). Por esta razão, a NBR 6118 não permite a utilização do domínio 4 na flexão simples
(levando a seções super-armadas).
O Domínio 4 é definido pelas seguintes condições de deformação específica:
s1 = yd a 00/00; c = - 3,50/00

As expressões do Domínio 3 para o cálculo da profundidade da linha neutra, das deformações


específicas no nível da armadura genérica i, de tensões e forças nas armaduras, da força de compressão
no concreto e de equilíbrio entre forças externas aplicadas e forças internas permanecem válidas.
O Domínio 4a corresponde a uma transição matemática entre os Domínios 4 e 5, quando surge
uma pequena compressão na armadura As1. Este caso pode ser tratado, conservadoramente, com as
expressões do Domínio 4.
2.1.5 Equações para o Domínio 5
O Domínio 5 corresponde a diversas condições de equilíbrio em que a seção está totalmente
comprimida, estando as armaduras também comprimidas. O Domínio 5 corresponde a diversas
situações de flexão composta com compressão e de compressão simples.
O Domínio 5 é definido pelas seguintes condições de deformação específica:
 14  4. c 3
c = -3,50/00 a – 2,00/00 e  c ,inf  o que corresponde a 3/7h = -20/00 a h
3 7
Sendo  c ,inf a deformação específica na face inferior do concreto, devendo ser consideradas
ambas as deformações com seus respectivos valores negativos.

Profundidade da linha neutra x:


c 3. c
x  h.  h.
 c   c ,inf 7. c  14

As deformações específicas no nível da armadura genérica i são obtidas, por relações


geométricas, com o auxílio da figura a seguir:

c x t  xh
   si   c . i 
 si ti  x  h  x 

19
3. c

Substituindo x  h. :
7. c  14
t i  (3.h. c ) /(7 c  14)  h
 si   c . 
(3.h. c ) /(7 c  14)
7.t .  14.t i  3.h. c  7.h. c  14.h 7.ti . c  14.ti  4.h. c  14.h
 si   c . i c   si 
3.h. c 3.h

As expressões do Domínio 3 para tensões e forças nas armaduras, da força de compressão no


concreto e de equilíbrio entre forças externas aplicadas e forças internas permanecem válidas.

20
2.2 Planilhas de dimensionamento. Ábacos de interação (fck ≤ 50 MPa)
A formulação apresentada no item 2.1 é sistematizada através de planilhas EXCEL. Estas
planilhas têm um formato que permitem a verificação de uma seção retangular qualquer submetida à
flexão composta reta. Também com estas planilhas serão geradas tabelas adimensionais, que expressas
graficamente, permitirão o dimensionamento através de ábacos de interação.
Estas planilhas consideram a retangularização do diagrama tensão-deformação do concreto,
adequada para concretos com fck ≤ 50 MPa.
2.2.1 Exemplo de dimensionamento. Duas camadas, armadura simétrica.
É apresentada, nas páginas seguintes, a planilha correspondente ao primeiro exemplo (arquivo
“FlexãoComposta-Dimensionamento ou FlexãoComposta-Dimensionamento-Bitolas”).

A planilha EXCEL da página seguinte fornece os seguintes dados e resultados, sendo cada
linha correspondente às diversas configurações deformadas, nos vários Domínios da NBR 6118:
 x(m) – profundidade da linha neutra. No Domínio 5, foi limitada, para viabilizar o
cálculo automático da compressão no concreto, a h/0,8.
 c (0/00), s1 (0/00), s2 (0/00) – deformações específicas a nível da face superior do
concreto e das armaduras As1 e As2.
2 2
 s1 (kN/cm ) e s2 (kN/cm ) – tensões nas armaduras As1 e As2. 
 pares de valores resistentes Nd, Md para a armadura fornecida e para As = 0 e valores
atuantes na seção.
Na figura na página seguinte, estes valores de Nd e Md são plotados em curvas de interação.
Observar que, com a armadura adotada, os valores atuantes estão na região segura (interna) do ábaco.
É traçada uma linha reta, unindo dois pares de valores com a mesma posição de linha neutra, para a
armadura fornecida e para As = 0, passando próximo ao ponto correspondente ao par de esforços
atuante. Observar, que nesta reta, os acréscimos nos pares de esforços resistentes são proporcionais à
armadura adotada, permitindo assim uma interpolação (ou extrapolação). A adoção deste
procedimento no exemplo leva às armaduras As1 = As2 = 3cm2, o que é uma excelente aproximação
para a solução exata.
Resolvendo pelos ábacos de interação adimensionais, a serem apresentados no item 2.2.2,
considerando o ábaco Adimensional 3:
Nd  600 Md 90
   0,233;   2
 2
 0,117
b.h.f cd 0,6.0,3.20000 / 1,4 b.h .f cb 0,6.0,3 .20000 / 1,4
Com este par de valores, encontra-se, por interpolação, no Ábaco, ω = 0,1.
A s .f yd 0,1.0,6.0,3.20000 / 1,4
Como:   ; As   5,9 cm2 ,
b.h.f cd 50 / 1,15
o que confirma a armadura acima avaliada.

21
Seção Transversal Concreto Aço CA50A
b (m) 0,6 d'(m) 0,05 fck (MPa) 20 fyk (kN/cm2) 50
2
h (m) 0,3 d''(m) 0,05 fcd (kN/m2) 14286 Es (kN/cm ) 21000
d(m) 0,25 yd (‰) 2,070
Disposição das Armaduras fyd (kN/cm2) 43,48
Camadas Asi (cm2) ti (m) Nd(kN) = -600,0
1 5 0,05 Md(kN.m) = 91,00
2 5 0,25
3
4
5
6
7
SOMA = 10

Curva de Interação (Nd x Md)


140

120
4 3

100 4
4a 3
Md (kN.m)

80 As=0
2
As dado
60
Nd,Md

40
5

20 2
0
b a
-3000 -2500 -2000 -1500 -1000 -500 0 500
Nd (kN)

As dado As = 0
Domínios x (m) c (‰) s1 (‰) s2 (‰) s1 (kN/cm2) s2 (kN/cm2) Nd (kN) Md (kN.m) Nd (kN) Md (kN.m)
Domínio 1 10,00 10,00 10,00 43,48 43,48 435 0 0 0
s1 = 10‰ 8,00 10,00 8,40 43,48 43,48 435 0 0 0
6,00 10,00 6,80 43,48 43,48 435 0 0 0
4,00 10,00 5,20 43,48 43,48 435 0 0 0
2,00 10,00 3,60 43,48 43,48 435 0 0 0
0,00 10,00 2,00 43,48 42,00 427 1 0 0
Domínio 2 0,012 -0,50 10,00 1,60 43,48 33,60 316 15 -69 10
s1 = 10‰ 0,023 -1,00 10,00 1,20 43,48 25,20 211 28 -132 19
0,033 -1,50 10,00 0,80 43,48 16,80 111 39 -190 26
0,042 -2,00 10,00 0,40 43,48 8,40 17 50 -243 32
0,050 -2,50 10,00 0,00 43,48 0,00 -74 60 -291 38
0,058 -3,00 10,00 -0,40 43,48 -8,40 -161 69 -336 43
0,065 -3,50 10,00 -0,80 43,48 -16,80 -244 77 -378 47
Domínio 3 0,065 -3,50 10,00 -0,80 43,48 -16,80 -244 77 -378 47
c = 3,5‰ 0,070 -3,50 9,00 -1,00 43,48 -21,00 -296 82 -408 50
0,076 -3,50 8,00 -1,20 43,48 -25,20 -352 87 -443 53
0,083 -3,50 7,00 -1,40 43,48 -29,40 -415 93 -486 57
0,092 -3,50 6,00 -1,60 43,48 -33,60 -487 99 -537 61
0,103 -3,50 5,00 -1,80 43,48 -37,80 -572 106 -600 65
0,117 -3,50 4,00 -2,00 43,48 -42,00 -673 113 -680 70
0,135 -3,50 3,00 -2,20 43,48 -43,48 -785 119 -785 75
0,157 -3,50 2,07 -2,39 43,48 -43,48 -916 123 -916 80
Domínio 4 0,157 -3,50 2,07 -2,39 43,48 -43,48 -916 123 -916 80
c = 3,5‰ 0,159 -3,50 2,00 -2,40 42,00 -43,48 -935 123 -927 80
0,175 -3,50 1,50 -2,50 31,50 -43,48 -1080 119 -1020 82
0,194 -3,50 1,00 -2,60 21,00 -43,48 -1246 114 -1133 82
0,219 -3,50 0,50 -2,70 10,50 -43,48 -1440 107 -1275 80
0,250 -3,50 0,00 -2,80 0,00 -43,48 -1675 95 -1457 73
Domínio 5 0,300 -3,50 -0,58 -2,92 -12,25 -43,48 -2027 68 -1749 52
0,343 -3,20 -0,87 -2,73 -18,20 -43,48 -2307 38 -1998 26
0,375 -2,90 -1,15 -2,55 -24,15 -43,48 -2524 10 -2186 0
0,375 -2,60 -1,43 -2,37 -30,10 -43,48 -2554 7 -2186 0
0,375 -2,30 -1,72 -2,18 -36,05 -43,48 -2583 4 -2186 0
0,375 -2,00 -2,00 -2,00 -42,00 -42,00 -2606 0 -2186 0

22
2.2.2 Desenvolvimento de ábacos de interação adimensionais.
O dimensionamento com auxílio de ábacos adimensionais segue os mesmos procedimentos já
descritos, desenvolvendo-se as planilhas para uma seção retangular com b = h = 1,00m;
fcd =1,00 kN/m2; fyd = 1 kN/cm2; Es = 21000/fyd. Os parâmetros adimensionais para entrada nos ábacos
são o esforço normal adimensionalizado η e o momento adimensionalizado μ; os resultados são em
termos da taxa mecânica de armadura ω, válidos para CA-50.
Nd M As . f yd
 ;  2d ; 
b.h. f cd b.h . f cd b.h. f cd
A retangularização do diagrama tensão-deformação do concreto só é considerada para
concretos com fck ≤ 50 MPa. São traçados também ábacos para fck = 90 MPa, obtidos considerando-se
os diagramas tensão-deformação reais. Para valores intermediários de fck, sugere-se considerar os
ábacos correspondentes ao C90.
Os ábacos adimensionais definidos a seguir são apresentados no ANEXO (todos para aço
CA-50). As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As significa uma armadura distribuída na periferia do pilar.
 Seção TIPO 1 – C50
Armadura simétrica com d’/h = 0,05 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 1)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 2)
Armadura simétrica com d’/h = 0,15 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 3)
Armadura simétrica com d’/h = 0,20 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 4)
Armadura simétrica com d’/h = 0,25 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 5)
 Seção TIPO 2 – C50
Armadura simétrica com d’/h = 0,05, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 6)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 7)
Armadura simétrica com d’/h = 0,15, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 8)
Armadura simétrica com d’/h = 0,20, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 9)
 Seção TIPO 3 – C50
Armadura simétrica com d’/h = 0,05, com As3 = As4 = 0,5As (Ábaco Adimensional 10)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10, com As3 = As4 = 0,5As (Ábaco Adimensional 11)
 Seção TIPO 4 – C50
Seção circular com d’/d = 0,05 (Ábaco Adimensional 12)
Seção circular com d’/d = 0,10 (Ábaco Adimensional 13)
 Seção TIPO 1 – C90
Armadura simétrica com d’/h = 0,05 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 14)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 15)
Armadura simétrica com d’/h = 0,15 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 16)
Armadura simétrica com d’/h = 0,20 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 17)
Armadura simétrica com d’/h = 0,25 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 18)
 Seção TIPO 2 – C90
Armadura simétrica com d’/h = 0,05, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 19)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 20)
Armadura simétrica com d’/h = 0,15, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 21)
Armadura simétrica com d’/h = 0,20, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 22)
 Seção TIPO 3 – C90
Armadura simétrica com d’/h = 0,05, com As3 = As4 = 0,5As (Ábaco Adimensional 23)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10, com As3 = As4 = 0,5As (Ábaco Adimensional 24)
OBS: Nas Seções TIPO 2, está se considerando que a armadura total se distribui uniformemente nas
quatro faces, não necessariamente com 25% da armadura total em cada uma delas.

23
2.2.3 Exemplo numérico resolvido 1
Seja verificar um pilar quadrado, conforme esquematizado na
figura ao lado, com dimensões de 60 cm x 60 cm, considerando o concreto
com fck = 30 MPa e aço CA-50. A armadura consiste em 24 barras de
diâmetro 20 mm, com d’= d’’= 6 cm.
Os esforços de cálculo são Nd = -3600 kN e Md = 970kN.m. A
aplicação direta da planilha de dimensionamento indica que este par de
esforços está na região segura do ábaco (ver abaixo).
Verificação, aplicando o Ábaco Adimensional 7:

Nd  3600 Md 970
   0,467 ;   2
 2
 0,210
b.h. f cd 0,6.0,6.30000 / 1,4 b.h . f cb 0,6.0,6 .30000 / 1,4

Com este par de valores, encontra-se, por interpolação, no Ábaco, ω = 0,4.


As . f yd 0,4.0,6.0,6.30000 / 1,4
Como:   ; As   71 cm2 ,
b.h. f cd 50 / 1,15
o que confirma que a armadura adotada (75,36 cm2) é suficiente.

Curva de Interação (Nd x Md)


1200

1000

800
M d (kN.m)

As=0
600 As dado
Nd,Md
400

200

0
-10000 -8000 -6000 -4000 -2000 0 2000 4000
Nd (kN)

Refazendo o mesmo problema, agora com concreto fck = 90 MPa e esforços de cálculo de
Nd = -9950 kN e Md = 1790kN.m. Será aplicado o Ábaco Adimensional 20:
Nd 9950 Md 1790
   0,43;     0,129
b.h.fcd 0,6.0,6.90000 / 1,4 b.h .fcd 0,6.0,62.90000 / 1,4
2

Encontra-se no ábaco, ω = 0,22.


As . f yd 0,22.0,6.0,6.90000 / 1,4
 ; As   117 ,1 cm2 , 24 barras de diâmetro 25 mm
b.h. f cd 50 / 1,15

24
 Exemplo resolvido 2
Pilar circular, com d = 0,60m; fck = 20 MPa; d’= 0,03cm
Esforços atuantes: Nd = -5082 kN, Md = 102 kNm.
Nd 5082 Md 102
 2
 2
 0,988;  3
 3
 0,033
d . f cd 0,6 .20000 / 1,4 d . f cd 0,6 .20000 / 1,4
Com este par de valores, encontra-se, por interpolação, no Ábaco Adimensional 12, ω = 0,50.
As . f yd 0,5.0,62 .20000 / 1,4
Como:   ; As   59 ,1 cm 2 (12 barras de 25mm)
d 2 . f cd 50 / 1,15

2.2.4 Exemplos numéricos propostos


a) 20x60, d’= 5cm, fck = 25 MPa, As3 = As4 = 0;
Ngk = -20 kN, Nqk = -30 kN, Mgk = 80 kNm, Mqk = 120 kNm. R: As = 24cm2.
b) 20x80, d’= 4cm, fck = 20 MPa, As3 = As4 = 0;
Nk = -1380 kN, Mk = 100 kNm. R: As = 10cm2.
c) 25x60, d’= 4cm, fck = 20 MPa, As3 = As4 = 0;
Ngk = -140 kN, Nqk = -217 kN, Mgk = 56 kNm, Mqk = 87 kNm. R: As = 8,6cm2.
d) 20x80, d’= 3cm, fck = 22 MPa, As1 = As2 = 0;
Ngk = -500 kN, Nqk = -800 kN, Mgk = 80 kNm, Mqk = 115 kNm.
R: As = 17,3cm2 (16Ф12,5 mm)
e) 20x80, d’=5cm, fck = 20 MPa, As1 = As2 = 0;
Nk = 1000 kN, Mkx = 200 kNm. R: As = 51,1cm2.
Para atender à fissuração: As = 79,3cm2 (2 x 8 Ф 25 mm c 10 = 80cm2)
50.51,1
Tensão aproximada:  s   19 ,8kN / cm2  198 MPa (OK)
1,15.1,4.80
Outra solução possível: (2 x 11 Ф 20 mm c 7 = 69cm2)
f) Seção circular, com d = 0,60m; fck = 25 MPa; d’= 0,06 m; Armadura = 8 Ф20 mm
Qual o Nd máximo para uma excentricidade e = 0,015 + 0,03.d= 0,033m
A s .f yd 8.3,14.50 1,15 e
R:   2
 2
 0,169;   .()  0,055 .
d .f cd 0,6 . 25000 1,4 d
25000
Pelo Ábaco 13:   0,648;   0,036 ; N d  (0,648 ).0,6 2.  -4165 kN
1,4

25
3. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO COMPOSTA OBLÍQUA
3.1. Cálculo pela formulação aproximada da NBR 6118
A figura abaixo define as notações empregadas para a verificação de uma seção retangular de
concreto, de dimensões b e h, submetida aos esforços de cálculo Nd, Mxd e Myd. A área total de aço é
igual a As = As1 + As2 + As3 + As4.

A NBR 6118, em seu item 17.2.5.2, permite a verificação da flexão composta oblíqua através
da seguinte expressão de interação aproximada:

 
 M Rd ,x   M Rd ,y 
    1 (no Estado Limite Último; ≤ 1 na verificação de segurança)
 M Rd ,xx   M Rd , yy 

Onde:
MRd,x e MRd,y – componentes segundo os eixos x e y do momento admitido como resistente, para
o valor de esforço normal atuante NSd.
MRd,xx e MRd,yy – são os momentos resistentes segundo os eixos x e y, em flexão composta reta,
para o valor de esforço normal NSd .
α - fator que em geral pode ser tomado como α = 1,0 e no caso de seções retangulares, como
α = 1,2.

3.1.1. Exemplo numérico resolvido 3

Seja verificar um pilar retangular, com dimensões de


b = 40 cm, h = 60 cm, considerando o concreto com fck = 25 MPa e
aço CA-50. A armadura consiste de 16 barras de diâmetro 20 mm,
com d’= d’’= d’’’= d’’’’= 5 cm. Os esforços solicitantes de cálculo são
Nd = -2400 kN; Mxd = 300 kN.m e Myd = 220 kN.m.

26
Abaixo apresenta-se esquematicamente o volume tridimensional correspondente à região
segura (quadrante dos momentos positivos).

(-5754;0;0)

(-2400;0;388) (-2400;569;0)

(-2400;400;202)

(0;0;335) (0;503;0)

MRd,y MRd,x

(0;300;236)

(2185;0;0)

NRd

A verificação aproximada na flexão composta reta, com Nd = -2400 kN fornece


MRd,xx = 569 kN.m e MRd,yy = 388 kN.m.
2400 d
Direção XX:    0,56 ; ´  0,083 → Ábaco 7
0,4 x0,6 x 25000 / 1,4 d
16 x3,14 x50 / 1,15 M dX
  0,51 ; x  0,221  2
; M RdX  569
0,4 x0,6 x 25000 / 1,4 0,4 x 0,6 x 25000 / 1,4

d M dY
Direção YY:  0,125 → Ábaco 8 ; y  0,226  ; M RdY  388
d ´
0,4 2 x 0,6 x 25000 / 1,4

A respectiva curva de interação, de acordo com o processo aproximado da NBR 6118, é


apresentada na figura a seguir. O par de esforços atuantes se encontra na parte segura (interna) do
ábaco. A seguinte expressão deve ser empregada, em planilha EXCEL, para expressar MRd,y em
função de MRd,x:
1 / 1,2
  M  
1,2

 M Rd ,yy  . 1  
1,2 
M Rd ,y Rd , x
 
  M  
   Rd ,xx  
27
Curva de Interação Aproximada na Flexão Oblíqua
450

400 388
366
350 324
300 272
250
Myd

APROXIMADO EXATO Valores


202 admissíveis
200

150 Valores
dados
100 109

50
569
0
0 100 200 300 400 500 600

M xd

Analiticamente:
1,2 1,2
 300   220 
 569    0,46  0,51  0,97( OK )
 388 

Aplicando a mesma fórmula ao valor exato:


1,2 1,2
 300   272 
 569     0,464  0,652  1,117( NOK )
   388 

Então, o valor exato, obtido analiticamente, não atende à formulação aproximada da NBR
6118, que no caso se mostra conservadora.
3.2. Cálculo exato.
A análise das curvas de interação obtidas com programas de computador indica que o critério
proposto pela NBR 6118 é adequado. O cálculo exato é possível através de programas de computador
ou por um processo iterativo bastante trabalhoso, em que vai se ajustando por tentativas a posição da
linha neutra e o ângulo por ela formado com os eixos X e Y. É possível também a aplicação dos ábacos
de interação encontrados na literatura (por exemplo, os conhecidos ábacos de Montoya).
O seguinte “site” disponibiliza o programa OBLÍQUA, elaborado na Universidade Federal do
Paraná, para o traçado de curvas de interação na flexão composta oblíqua (fck ≤ 50 MPa):
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/7667
O programa pode ser aplicado a seções de forma qualquer.
O programa PCALC pode também ser utilizado, sendo encontrado no “site”:
https://sites.google.com/a/pcalc.com.br/home/download

28
Como exemplo de comparação, analisa-se um pilar retangular, com dimensões de b = 30 cm,
h = 35 cm, considerando o concreto com fck = 25 MPa e aço CA-50. A armadura consiste de 4 barras
de diâmetro 20 mm nos cantos do pilar, com os d’ iguais a 5 cm. Os esforços solicitantes de cálculo
são Nd = -90,16 kN, MSxd = 48,5 kN.m e MSyd = 36,8 kN.m
Na flexão composta reta, com Nd = -90,16 kN tem-se MRd,xx = 85,0 kN.m e MRd,yy = 70,0 kN.m.
1, 2 1, 2
 48,5   38,6 
Analiticamente, pela NBR 6118:  85    0,51  0,49  1,00(OK)
 70 
Com o programa OBLÍQUA se obtém a curva de interação exata, mostrada a seguir.
O par de esforços correspondente à formulação aproximada (Nd = -90,16 kN;
MRd,xx = -48,5 kN.m e MRd,yy = 38,6 kN.m) se encontra internamente à curva da formulação exata. A
linha tracejada representa a expressão aproximada de interação da NBR 6118. No caso analisado, a
formulação aproximada forneceu valores bastante mais seguros do que a formulação exata.

3.3. Exemplos numéricos propostos


a) 30x50, d’= 3cm, fck = 20 MPa, As1 = As2 = As3 = As4 ; As = 37,68 cm2(12 Ф 20 mm)
Nk = -1000 kN, Mxk = 80 kNm, Myk = 100 kNm.
R:   0,653;  0,764 ;  x  0,306( Ábaco6 );  x  0,282( Ábaco7 )
MRdxx = 328 kNm, MRdyy = 181 kNm; 0,28+0,73=1,01 (~OK, passa no método exato)
b) 60x20, d’= 3cm, fck = 22 MPa, As3 = As4 = 0 ; As =21,98 cm2(28 Ф 10 mm)
Nk = -1000 kN, Mxk = 30 kNm, Myk = 100 kNm.
R:   0,742;   0,507;  x  0,202 ( Ábaco3);  y  0,172 ( Ábaco10)
MRdxx = 76,4 kNm, MRdyy = 195 kNm; 0,49+0,67=1,16 (Não OK, passa no método exato)

29
4. CRITÉRIOS DE PROJETO DE PILARES

4.1. Cargas atuantes nos pilares de edifícios.


4.1.1. Cargas a considerar
As cargas a serem consideradas no projeto foram resumidas no item 1.1.3. As cargas atuantes
nos pilares são, basicamente, as decorrentes de seu peso próprio e as cargas permanentes e acidentais,
mais as decorrentes da atuação das cargas horizontais de vento, impostas pelas vigas.
4.1.2. Engastamento das vigas em pilares extremos
De acordo com o item 14.6.7.1 da NBR 6118, caso não for realizado o cálculo analítico exato
da influência da solidariedade das vigas com os pilares de extremidade, o momento negativo mínimo a
ser considerado na viga, é avaliado em função do momento de engastamento perfeito e das relações
entre a rigidez da viga, do pilar abaixo e do acima do apoio:
 Momento na viga:
rinf  rsup
M vig  M eng . ri = Ii / Li (inércia/comprimento)
rvig  rinf  rsup

 Nos pilares acima e abaixo do apoio aplicam-se os momentos correspondentes que


equilibram o nó:
rsup
M sup  M eng .
rvig  rinf  rsup
rinf
M inf  M eng .
rvig  rinf  rsup

Na avaliação da rigidez dos pilares, toma-se como comprimento efetivo a metade de seu
comprimento real, conforme a Fig. 14.8 da Norma.

 Exemplo:

3m L = 6m (3x) 3m
p = 10 kN/m (3x)

(Viga:15x90)
3m (Pilar: 20x60, 60 no plano do quadro) 3m

0,0024
M inf  M sup  30.  30,0.0,38  11,4k N.m
0,001519  2.0,0024

4.1.3 Imperfeições geométricas


As construções de concreto são intrinsecamente imperfeitas. Nas estruturas podem existir, por
exemplo, imperfeições geométricas na forma e dimensões das seções transversais e no posicionamento
das armaduras. Muitas destas imperfeições são cobertas pelos coeficientes de ponderação. Não é este o
caso das imperfeições nos eixos dos pilares, que devem ser explicitamente consideradas no cálculo.

30
De acordo com a NBR 6118, item 11.3.3.4, as imperfeições geométricas, para efeito de cálculo,
podem ser divididas em imperfeições globais e locais.
4.1.3.1 Imperfeições geométricas globais
O desaprumo dos elementos verticais de um prédio deve ser considerado, conforme a figura:

θ1 min = 1/300 em estruturas reticuladas e para imperfeições geométricas locais;


θ1 max = 1/200;
θ1 = 1/200 para pilares isolados em balanço;
θa = θ1 = 1/200 para lajes lisas e cogumelo.
A sobreposição de vento e desaprumo não é necessária quando o menor valor entre eles não
ultrapassar 30% do maior valor. Essa comparação pode ser feita com os momentos totais na base da
construção e em cada direção e sentido da aplicação da ação do vento. Nesta comparação, deve-se
considerar o desaprumo correspondente a θ1, não se considerando θ1mín.
Quando a superposição for necessária, deve-se combinar com o vento o desaprumo
correspondente a 1, não se considerando 1mín. Se o efeito de desaprumo for predominante, o valor
do ângulo deve ser 1mín. Nessa combinação, admite-se considerar ambas as ações atuando na
mesma direção e sentido como equivalentes ao vento, amplificado para cobrir a superposição.
A consideração do desaprumo corresponde à aplicação de uma carga horizontal em cada
pavimento igual à carga vertical correspondente ao pavimento vezes a.
4.1.3.2 Imperfeições geométricas locais
A figura a seguir ilustra os momentos que são introduzidos em um trecho de pilar por uma
imperfeição geométrica localizada (ver item 15.4.3 da NBR 6118).

O elemento de travamento pode ser a laje de piso funcionando como diafragma.


O efeito das imperfeições locais nos pilares pode ser substituído em estruturas reticuladas
pela consideração do momento mínimo de 1ª ordem igual a:
31
M 1d ,min  N d ( 0,015  0,03.h )

Onde h é a altura total da seção transversal na direção considerada, em metros. A este


momento devem ser acrescentados os momentos de 2ª ordem, quando for o caso.
4.2 Classificação das estruturas relativamente à sua deformabilidade horizontal

4.2.1 Contraventamento

Em todo edifício deve ser definido um sistema estrutural que resistirá às solicitações
horizontais como as de vento. Estes sistemas são chamados de sistema de contraventamento, e são
compostos pelos elementos da estrutura com maior rigidez relativamente às forças horizontais. Em
edifícios de concreto armado, estes sistemas são compostos por pórticos (compostos por pilares e
vigas) e/ou por pilares-parede (presentes, por exemplo, em caixas de elevadores e escadas). A
distribuição das forças horizontais entre os diversos elementos de um sistema de contraventamento é
feita proporcionalmente à rigidez de cada um destes elementos relativamente às forças horizontais,
usualmente através de um modelo analisado com um programa de análise estrutural.
Os pilares não pertencentes aos sistemas de contraventamento, são chamados de pilares
contraventados. Estes pilares devem estar adequadamente fixados aos sistemas de contraventamento.
As estruturas de contraventamento podem ser classificadas como de nós fixos e de nós móveis
conforme definido no item 15.4.2 da NBR 6118.
4.2.2 Estruturas de nós fixos e de nós móveis
As estruturas podem ser classificadas como de nós fixos quando os deslocamentos horizontais
dos nós são relativamente pequenos. Neste caso, os efeitos globais de 2ª ordem podem ser desprezados
(devendo ser inferiores a 10% dos esforços de 1ª ordem). Nestas estruturas devem, no entanto, ser
considerados os efeitos locais de 2ª ordem.
As estruturas que não atenderem à condição definida acima são classificadas como de nós
móveis, devendo ser projetadas considerando-se esforços globais e locais de 2ª ordem.
A NBR 6118, em seu item 15.5.1, apresenta dois critérios para a avaliação se uma determinada
estrutura pode ser classificada como de nós fixos. Nesta análise da estabilidade global deve-se usar o
módulo Ec, módulo de deformação secante do concreto Ecs, majorado em 10%.
4.2.2.1 Critério do parâmetro de instabilidade
Uma estrutura reticulada simétrica pode ser considerada como de nós fixos, se α ≤ α1, sendo:
  H tot. N k /( Ec .I C )
1  0,2  0,1 n se n ≤ 3;
1  0,5 ; 0,6 ; 0,7 , se n ≥ 4, para estruturas de contraventamento em edifícios compostas,
somente por pórticos; ou associações de pórticos e pilares-parede; ou somente pilares-parede.
Se α1 = 0,5, esta limitação corresponde a se considerar para Nk o valor máximo de 10% da
carga de flambagem do prédio como um todo, se a carga é aplicada na cobertura ou a 3,2 % da carga
de flambagem, esta considerada como aplicada de forma uniformemente distribuída ao longo da altura.
n – número de andares acima da fundação ou de um nível pouco deslocável do subsolo;
Htot – altura total da estrutura em metros, medida a partir do mesmo nível de referência;
Nk – valor característico da soma de todas as cargas verticais atuantes na estrutura, também
computadas acima do mesmo nível de referência;
Ic – inércia de um pilar equivalente, com seção constante, engastado na base e livre no topo,
com comprimento igual a Htot, que quando submetido à combinação de cargas preponderante para o
projeto da estrutura, forneça o mesmo deslocamento horizontal no topo.
Ec – módulo de elasticidade do concreto, que pode ser tomado como o módulo secante,
estabelecido no item 15.5.2, majorado em 10%.

32
4.2.2.2 Critério do coeficiente γz
É definido um coeficiente γz de importância dos esforços de segunda ordem globais, a ser
aplicado para estruturas reticuladas de no mínimo quatro pavimentos. Para uma determinada
combinação de cargas:
1
z 
M tot,d
1
M tot,d
Mtot,d – momento de tombamento, soma dos momentos provocados por todas as forças
horizontais da combinação considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura;
ΔMtot,d – acréscimo de segunda ordem no momento de tombamento, soma dos momentos
correspondentes aos produtos das forças verticais da combinação considerada, com seus valores de
cálculo, vezes os deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos em uma
análise de 1ª ordem e com os valores de cálculo dasforças.
Nesta avaliação, os seguintes valores de rigidez devem ser tomados:
- Lajes: (EI)sec = 0,3 . Ec . Ic;
- Vigas: (EI)sec = 0,4 . Ec . Ic (caso usual em que as armaduras das vigas não são simétricas);
- Pilares: (EI)sec = 0,8 . Ec . Ic
Nestas definições, Ec é o valor representativo do módulo de deformação secante, igual ao Ecs
majorado em 10% e Ic é o momento de inércia da seção bruta do concreto.
Se γz ≤ 1,1 , a estrutura é considerada como de nós fixos.
Deve ser evitada uma situação em que γz > 1,3 , o que indica uma deformabilidade excessiva da
estrutura. Neste caso, análises muito complexas, envolvendo análises não-lineares física e geométrica
devem ser aplicadas, tendo em vista que os métodos simplificados aceitos pela Norma não poderão ser
aplicados.
4.2.2.3 Exemplo: análise dos efeitos globais de segunda ordem em um prédio
- Critério do parâmetro de instabilidade
qd = 1 kN/m2. 30 m = 30 kN/m
30m 20x3m= Nk = 10 kN/m2. 20 pav. 10m . 30m = 60000kN
H=60m Supõe-se na cobertura o deslocamento δ= 0,06m,
avaliado com a carga horizontal de cálculo qd
𝑞𝑑 .𝐻 4
𝛿= ; fck = 25 MPa ; Ec = 26565MPa
8.𝐸𝑐 .𝐼𝑐

10m 1kN/m2 Ic = 28,9 m4 ; Ec.Ic = 8,1.108 kN.m2


60000
PLANTA VISTA   60.  0,516  1  0,5 ( n  4) - Não OK!
8,1.108
- Critério do coeficiente γz
M d  1,4. N ki .i  1,4.3000 .0,06.( 20 / 20  19 / 20  18 / 20  ...  1 / 20 )  2646 kN .m
q.H 2 30.60 2 1
M tot,d   f .  1,4.  75600 kN .m;  z   1,036  1,1  nós fixos
2 2 1  2646 75600
 Imperfeiçõ es geométrica s globais
1 1 1 11 3 1
1   ;A  .  ; Por pavimento : N d  1,4.3000  4200 kN
100 60 774 774 2 948
max  60m / 948  0,0633m; M d  N d . i  4200 .0,0633 .( 20 / 20  19 / 20  ...  1 / 20 )  2791kN .m
(igual a 3,6% do vento, não prevalecem as imperfeições globais e não é necessária a superposição dos
dois efeitos).

33
4.3 Métodos de análise dos efeitos de 2a ordem
4.3.1 Flambagem elástica
Considere-se uma barra birrotulada de comprimento l, submetida a uma força de compressão P,
com excentricidade e. A barra tem liberdade para se deslocar horizontalmente. O sistema de eixos XY
está posicionado na posição final deformada da barra. δ é o deslocamento máximo, na posição final
deformada, do ponto do centro do eixo.
A relação momento-curvatura da Resistência dos
Materiais pode ser escrita na forma abaixo, sendo o sinal do
momento definido de forma a ter compatibilidade com o
sinal da curvatura:
d2y
EI 2   M  P.( e    y ) ou:
dx
2
d y P
2
 k 2 y  k 2 .(e   ) com k 2 
dx EI
A solução é da forma abaixo, que pode ser verificada
por substituição:
y  ( e   ).(1  cos kx )

Em x =l /2 deve-se ter y( l / 2 )   , o que leva a:


kl
e ( 1  cos )
 2 e y  e ( 1  cos kx )
kl kl
cos cos
2 2
Verifica-se então que, mesmo para valores infinitesimais de excentricidade e, a deformada fica
kl k l 
instável (o que se chama de flambagem elástica) para valores de cos  0 , ou seja, crit  ( 2n  1 ) .
2 2 2
Na prática, só há interesse no valor n = 0, o que leva a kcrit l   .
P  2 EI
Como k  2
, Pcrit  2 , sendo Pcrit o valor da força normal que leva à instabilidade.
EI l
P  2E  2E I l
Define-se uma tensão de instabilidade:  crit  crit   2 , sendo i  e   , raio
A (l / i ) 2
 A i
de giração na direção considerada e índice de esbeltez.
Os índices de esbeltez λ, no caso de seções retangulares, nas duas direções, são definidos como:

.d 4 4 l l
Nas seções circulares: i  . ;  x  e  4. e
64 .d 2
i d
A flambagem no concreto não é só geométrica, envolve também a não linearidade física.

34
4.3.2 Índice de esbeltez

Para efeito da aplicação da NBR 6118, os trechos de pilar são considerados como bi-rotulados:

Na definição do comprimento equivalente le é considerada a situação geométrica abaixo:

4.3.3 Análise de estruturas de nós fixos e de nós móveis.

Nas estruturas de nós fixos, todos os elementos podem ser analisados como isolados, ou seja,
como vinculados aos elementos estruturais que concorrem em suas extremidades. Aos efeitos de 1ª
ordem determinados em uma análise estrutural, devem ser somados os efeitos locais de 2ª ordem,
conforme explicitado a seguir. Os efeitos localizados de 2ª ordem surgirão em pilares-parede.
Nas estruturas de nós móveis, aos efeitos de 1ª ordem devem ser somados os efeitos globais e
locais de 2ª ordem. Nos casos em que γz ≤ 1,3 , os efeitos globais de 2ª ordem podem ser avaliados
através da multiplicação dos efeitos de 1ª ordem das cargas horizontais por 0,95.γz. A estes efeitos
majorados somam-se os efeitos locais de 2ª ordem, da mesma forma que é feito para as estruturas de
nós fixos.
4.3.4 Análise dos pilares em função de sua esbeltez

Os métodos de cálculo aplicáveis aos pilares dependem de seu índice de esbeltez em cada uma
das duas direções. Os métodos simplificados prescritos pela NBR 6118 pressupõem pilares de seção
constante e armadura constante ao longo do eixo.

35
A figura a seguir ilustra a classificação dos pilares em diferentes níveis de esbeltez.
0 35 λ1 90 140 200 λ

PILARES MUITO MEDIANAMENTE MUITO NÃO


CURTOS CURTOS ESBELTOS ESBELTOS ESBELTOS ADMISSÍVEIS

4.3.4.1 Pilares muito curtos (λ ≤ 35) e curtos (35 ≤ λ ≤ λ1)


Para os pilares muito curtos, nenhuma verificação de efeitos de segunda ordem precisa ser feita.
Para a avaliação da necessidade desta verificação em pilares curtos, define-se o parâmetro λ1,
que depende do valor dos momentos nas extremidades do pilar, variando entre 35  1  90 .
Os esforços locais de 2ª ordem em elementos isolados podem ser desprezados quando o índice
de esbeltez em uma direção for inferior ao valor limite λ1:
25  12 ,5.e1 / h M
1  , onde: 35  1  90 e e1 é a excentricidade de 1ª ordem: e1  A
b N
Os valores de  b são avaliados como:
a) Para pilares biapoiados sem cargas transversais:
M
1,00   b  0,60  0,40. B  0,40
MA
Onde MA e MB são os momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar, na direção considerada.
Considerar que MA é o momento de maior valor absoluto e que os dois momentos têm o mesmo sinal
quando tracionarem o mesmo lado do pilar.

Definição do parâmetro αb
1
αb

0,5 NB-1
Teórico

0
-1 -0,5 0 0,5 1
β=MB/MA
MA  MB M C   b .M A
b) Para pilares bi-apoiados com cargas transversais significativas ao longo de seu
comprimento:
 b  1,00
c) Para pilares em balanço:
M
1,00   b  0,80  0,20. B  0,85
MA
36
d) Para pilares em que os momentos de 1ª ordem são menores que o momento mínimo
definido no item 5.1.3.2:
 b  1,00
Neste último caso, a verificação à flexão oblíqua pode ser substituída por duas verificações de
flexão composta reta, considerando-se o momento máximo em uma direção simultaneamente com o
momento nulo na outra, e vice-versa. Considerar, neste caso, que a excentricidade adicional não
ocorrerá com seu valor máximo simultaneamente nas duas direções.

4.3.4.2 Pilares medianamente esbeltos: λ1 ≤ λ ≤ 90


Para estes pilares, considerando que tenham seção constante e armadura simétrica constante ao
longo de seu eixo, dois métodos aproximados baseados no pilar-padrão podem ser empregados, ver
NBR 6118, item 15.8.3.3.
4.3.4.2.1 O Pilar-Padrão
No pilar padrão, a linha deformada real é substituída pela senóide definida como:

  .x 
y( x )  y max .sen 
 le 

Da Geometria Diferencial, a curvatura do pilar deformado é dada aproximadamente por:


1 2 y  2   .x  2
2
1 le 1
  y .sen
 l   , ou  y , ou y  .
x 2  2 r max
max max max
r le
2
 e  r max le 2
Considerando-se a seção central fletida, em um
Nd trecho infinitesimal ds:
Y d 
CD = (r + t) dφ = EF + t dφ  ds.1  t 
 ds 
y le/2  d 1
CD = ds.1   s  , então: s  
t ds r
ymax Como, por semelhança de triângulos:
le/2  s  s  c 1
  , tem-se:
t d r
1 s c
Nd 
X r d

c dφ

r
d E F

A1
C D
s ds

As 37
4.3.4.2.2 Método do Pilar-Padrão com curvatura aproximada
A NBR 6118 considera, neste método, um momento de segunda ordem igual a Nd.ymax.
Arredondando-se π2 para 10, o momento total máximo no pilar pode ser calculado pela expressão:
2

M d ,tot   b .M 1d ,A  N d . e .  M 1d ,A e M 1d ,MIN 
l 1
10 r
O valor da curvatura 1/r na seção crítica é avaliado pela expressão aproximada:
1 0,005 0,005
  (estas duas condições prevalecem quando,   0,5 e   0,5 )
r h.(  0,5 ) h

Nestas expressões, h é a altura da seção na direção considerada e   N Sd /( Ac . f cd ) .

4.3.4.2.3 Método do Pilar-Padrão com rigidez κ aproximada


Este método busca uma avaliação mais precisa para a curvatura.
De acordo com o item 15.3.1 da NBR 6118, a rigidez secante (EI)sec é definida como a relação
entre momento e curvatura, para um certo nível de força normal:
M Rd
( EI )sec 
1/ r

A Norma define a rigidez secante adimensional  como:


( EI )sec M
 2
 , em que Ac é a área de concreto (válido para pilares retangulares)
Ac h f cd (1 / r ).b.h 3 . f cd

O momento total máximo no pilar, incluindo os efeitos de 2ª ordem pode ser calculado a partir
da majoração do momento de 1ª ordem pela expressão:

 b .M 1d , A
M d , tot   M 1d , A e M 1d , MIN 
2
1
120  / 

O valor da rigidez adimensional aproximada κ é dado pela expressão:

 M d ,tot 
  32.1  5.  . , sendo   N Sd /( Ac . f cd ) .
 h.N d 

As grandezas têm o mesmo significado definido acima. Nd entra com sinal positivo na
compressão.
A substituição de segunda equação na primeira conduz a uma equação de segundo grau tendo
como incógnita Md, tot:

A (Md, tot)2 + B (Md, tot) + C = 0


2
N d .le
A  5.h ; B  h . N d  2
 5.h. b M 1d ; C   N d .h 2 . b M 1d
320

No caso de pilares submetidos à flexão composta oblíqua, em que λ ≤ 90, o item 15.8.3.3.5 da
NBR 6118 permite a utilização do Método do Pilar-Padrão com curvatura aproximada ou do Método
do Pilar-Padrão com rigidez κ aproximada, aplicados simultaneamente nas duas direções.

38
4.3.4.3 Pilares esbeltos (90 ≤λ≤ 140)
Para estes pilares é obrigatória a consideração da fluência, de acordo com o item 15.8.4 da
NBR 6118. É permitido o uso do pilar padrão melhorado, conforme o item 15.8.3.3.4 da Norma.
O roteiro de cálculo abaixo deve ser seguido, de acordo com o item 15.3.1 da NBR 6118. É
reproduzida a seguir a Figura 15.1 da NBR 6118, que ilustra o procedimento recomendado (γf 3 =1,1).

As relações entre momento e curvatura são obtidas, por exemplo, pelo programa M-K-UFRJ,
desenvolvido pelo Engº Fábio Orsini, com base nos diagramas tensão-deformação do concreto e do
aço definidos na NBR 6118, conhecidas as resistências de cálculo do concreto e do aço, as armaduras e
as dimensões da seção transversal.
A curva tracejada, obtida com os valores de cálculo usuais das resistências do concreto e do
aço, é utilizada para definir o momento fletor resistente MRd em função de NSd. A curva cheia é obtida
substituindo-se a resistência do concreto 0,85 fcd por 1,1 fcd, e com a força normal de cálculo igual a
NSd/1,1. A rigidez secante é obtida na segunda curva para o momento de cálculo igual a MRd/1,1. A
curva cheia AB, a favor da segurança é linearizada pela reta AB.
A rigidez secante adimensional κ e o momento total no pilar são, conforme já definido:
 b .M 1d , A
 M 1d , A e M 1d , MIN 
M / 1,1 ( EI )sec
( EI )sec  Rd ;  ; M d , tot 
1/ r
2
A c h f cd 2
1
120  / 
A fluência pode ser considerada através de uma excentricidade adicional ecc, a ser adicionada à
excentricidade de primeira ordem e1 , conforme definido a seguir:
N Sg
10E ci I c  
Ne  ; e  e . 2, 718
N e  N Sg
 1; e  M Sg  e ;
1 
e2 cc 1
N Sg
a

 
ea é a excentricidade devida a imperfeições locais, conforme Figura 11.2 da NBR 6118;
Msg e Nsg são os esforços devidos à combinação quase permanente (Tabela 11.4 da NBR 6118);
 é o coeficiente de fluência; tem sido correntemente tomado igual a 2,00.
Ic é a inércia da seção na direção considerada.
A consideração do efeito de 2a ordem deve ser feita conforme os procedimentos já descritos,
sendo a excentricidade de primeira ordem e1 previamente acrescida de ecc.
4.3.4.4 Pilares muito esbeltos (140 ≤ λ ≤ 200)
Para estes pilares é também obrigatória a consideração da fluência, de acordo com o item
15.8.4 da NBR 6118. O método geral, ver item 15.8.3.2 da NBR 6118, deve ser seguido. É necessária
a compatibilização entre momentos e curvaturas em todas as seções do pilar, como automatizado no
programa PCALC. Coeficiente adicional de majoração para estes pilares (item 15.8.1 da NBR 6118):
𝛾𝑛1 = 1 + 0,01. [(𝜆 − 140)/1,4]
39
4.4 Pilares-parede.
Os pilares-parede são aqueles em que a maior dimensão excede cinco vezes a menor. A
verificação para momentos mínimos segue o mesmo critério aplicado nos pilares usuais; do ponto de
vista prático, é suficiente a verificação em torno do eixo de menor inércia do pilar. Na verificação para
momentos aplicados deve-se considerar que, transversalmente, o momento atua de forma localizada,
apenas em um trecho do pilar. Este trecho é definido com os critérios definidos a seguir.
4.4,1 Dispensa de análise dos efeitos localizados de 2ª ordem.
De acordo com o item 15.9.2 da NBR 6118, em cada trecho do pilar parede pode ser verificada
a dispensa para a verificação dos efeitos localizados de 2ª ordem se:
- a base e o topo de cada trecho estiverem convenientemente fixados às lajes do edifício e se
estas conferirem ao conjunto o efeito de diafragma horizontal;
- a esbeltez λi de cada trecho, avaliada de acordo com a expressão a seguir, for inferior a 35:
l
i  3,46 . ei , sendo:
hi
hi a espessura da peça e lei o comprimento equivalente, avaliado conforme definido abaixo:

Se o topo e a base puderem ser considerados como engastados e l b  1 , os valores de λi podem


ser multiplicados por 0,85.
Não se aplica a redução dos comprimentos equivalentes l, conforme previamente definido no
item 4.3.2 para os pilares usuais.

40
- Exemplos de avaliação de comprimento equivalente para efeitos localizados (l = 3,00):

h=0,20
b=4,00 m
le = 3,00 m; λ = 51,9 (considerar efeito localizado de 2a ordem)
b1=0,60

h=0,20
b=4,00 m
3,00
𝑙𝑒 = 3,00 2
= 2,81𝑚 (≥ 0,3 × 3,0 = 0,90𝑚)
1+( )
3×3,90

λ = 48,6 (considerar efeito localizado de 2a ordem)


b1=0,60

b2=0,60

h=0,20

b=4,00 m
3,00 𝑙
𝑙𝑒 = 3,00 2
= 1,85𝑚 (𝑗á 𝑞𝑢𝑒 = 0,75 < 1)
1+( ) 𝑏
3,80

λ = 32,0 (não considerar efeito localizado de 2a ordem)

4.4.2 Processo aproximado para avaliação dos efeitos localizados de 2ª ordem.


Nos trechos de pilares-parede em que i  90 pode ser aplicado o procedimento aproximado
aqui descrito para a avaliação dos efeitos localizados de 2ª ordem. Para os efeitos locais, os mesmos
procedimentos aplicados para pilares usuais devem ser seguidos. Na análise dos efeitos localizados, se
o momento mínimo é maior que o momento aplicado, não é necessário se adotar valores de αb
superiores a 0,6.
Os pilares-parede são decompostos em faixas verticais de comprimento ai, que serão analisadas
como pilares isolados, submetidos aos esforços Ni e Myid, sendo:
ai ≤ 3h ≤ 100 cm
Por exemplo, em um pilar de 20 cm x 495, considerar 9 faixas de 20 cm x 55 cm.
N yid é a resultante das forças verticais na faixa i, determinada a partir da força linear nd ( x ) ,
que é avaliada em função de Nd e M1xd. Os valores extremos de nd ( x ) são avaliados como:
N 6M 1xd
nd ,max , nd ,min = d 
b b2
M yid  m1 yd .ai é o momento fletor atuante na faixa i; m1 yd é o momento por metro atuando na
direção yy.

41
4.5 Verificação ao cisalhamento
É considerado o Modelo de Cálculo I, de acordo com a NBR 6118, item 17.4.2.2. Os estribos
dos pilares são horizontais ( = 900).
A força cortante de cálculo máxima para efeito de compressão na biela é:
VRd2 = 0,27 (1- fck /250) fcd bw d
Armadura transversal:
A sw
.0,9.d.f ywd  VSd  VC
s
VC = 0 em elementos tracionados quando a linha neutra está fora da seção
VC = VC0 na flexão simples e flexo-tração, quando a linha neutra está na seção.
VC = VC0 (1 + M0 / Msd max) ≤ 2 VC0 na flexo-compressão.
VC0 = 0,6 fctd bw d
Msd,max é o valor do momento fletor de cálculo máximo no trecho analisado, não se
considerando os momentos mínimos.
M0 é o valor do momento que anula a compressão na borda da seção tracionada por Msd, max,
calculada com γf = 1,0 :
N .h
M0  k
6
2/3
fctd = fctk,inf / c ; fctk,inf = 0,7 fct,m ; fct,m = 0,3 fck (MPa)
Segundo o item 17.4.1.1.2 da NBR6118, a armadura mínima de cisalhamento pode ser
dispensada se a tensão de tração avaliada no Estádio I, para a combinação mais desfavorável no estado
limite último, não ultrapassar fctk e também se VSd ≤ VC.
Um exemplo de verificação a cisalhamento é apresentado no item 6.8. Utilizando este mesmo
exemplo, de forma que resulte em armadura dimensionada, considere-se VSd = 95 kN.
Para um estribo de 8 mm, têm-se Asw = 2.0,503 = 1,006 cm2 (duas pernas).
A sw 1,006 .0,9.0,11.50 1,15
.0,9.d.f ywd  VSd  VC ; s   0,082 m (estribo de 8 mm cada 7,5 cm)
s 95  42,3
Armadura transversal minima:
SW = 0,2.fctm ; fct,m = 0,3 .25 2/3 = 2,564 MPa; SWmin = 0,00103 (asw = 2,564 cm2/m; 5 mm c/ 15 cm)
fywk
42
5. DETALHAMENTO DOS PILARES E PILARES-PAREDE
5.1. Cobrimentos
As armaduras devem ser protegidas contra a corrosão durante a vida útil de uma estrutura. A
proteção das armaduras é função da qualidade do concreto (compacidade e impermeabilidade) e da
espessura dos cobrimentos. Observar que na definição da espessura do cobrimento devem-se
considerar as barras efetivamente mais externas da armadura, incluindo a eventual presença de
estribos, armaduras secundárias ou construtivas.
A compacidade do concreto depende da trabalhabilidade do concreto por ocasião de seu
lançamento e dos cuidados tomados no lançamento e na vibração. A impermeabilidade depende da
definição do fator água-cimento, adequado a cada construção e da dosagem do concreto, incluindo a
eventual utilização de aditivos e do adequado processo de cura.
As armaduras são protegidas da corrosão causada pela agressão de agentes externos nocivos,
mecanicamente, pela espessura do cobrimento e quimicamente, pelo fenômeno da passivação do aço.
Esta decorre da grande alcalinidade do concreto. Neste ambiente, é formada na superfície das barras de
aço, uma película passivadora, formada por uma camada microscópica de óxido de ferro, que impede a
corrosão. Existem dois mecanismos principais iniciadores da corrosão das armaduras:
- Despassivação do concreto por carbonatação, que ocorre pela ação do gás carbônico da
atmosfera sobre a armadura. O hidróxido de cálcio e outros reagem com o CO2 precipitando carbonato
de cálcio. Aumenta com a relação água-cimento.
- Despassivação por ação de cloretos, que consiste na ruptura local da camada de passivação do
aço pela presença de elevado teor de íon cloro.
A expectativa da despassivação do concreto a partir do cobrimento é de 2 cm em 50 anos e de
2,5 cm em 100 anos. Medidas preventivas podem ser tomadas para dificultar o ingresso dos agentes
agressivos ao interior do concreto. O adequado cobrimento das armaduras e o controle da fissuração
minimizam este efeito.
A definição dos cobrimentos adequados a cada construção deverá, portando considerar
características específicas da obra e a agressividade do meio ambiente. Segundo a NBR 6118, item
7.4.7, os cobrimentos a serem considerados na construção são os cobrimentos nominais (cnom), sendo
esta grandeza definida como:
cnom = c + cmin
c é a tolerância de execução, igual a 10mm nas obras correntes.
cmin é o cobrimento mínimo a ser aceito na construção, definido pela Norma, em suas Tabelas
6.1 e 7.2, em função da classe de agressividade ambiental a que a estrutura está exposta. A Norma
define os seguintes valores para cnom (com cnom ≥ ø barra):
cnom = 20 mm (lajes) ou cnom = 25 mm (vigas ou pilares) - (Classe I – Peças submersas; peças
em zona rural; peças em zona urbana com ambientes internos secos: salas, dormitórios, banheiros,
cozinhas e áreas de serviço em edificações residenciais e comerciais ou em ambientes com concreto
revestido com argamassa e pintura; peças em zonas urbanas em regiões de clima particularmente seco,
conforme definição da Norma: umidade relativa média anual inferior a 65% e ambiente protegido da
ação direta da chuva).
cnom = 25 mm (lajes) ou cnom = 30 mm (vigas ou pilares) - (Classe II – Peças em zona urbana
não enquadradas na Classe I, como em ambientes internos úmidos ou com ciclos de molhagem e
secagem: vestiários, banheiros, cozinhas e lavanderias industriais e garagens; peças em zona marinha
ou industrial com ambientes internos secos: salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço
em edificações residenciais e comerciais; peças em zonas industriais em regiões de clima
particularmente seco).

43
cnom = 35 mm (lajes) ou cnom = 40 mm (vigas ou pilares) - (Classe III - Peças em zona marinha
ou industrial com ambientes internos úmidos ou com ciclos de molhagem e secagem: vestiários,
banheiros, cozinhas e lavanderias industriais e garagens).
cnom = 45 mm (lajes) ou cnom = 50 mm (vigas ou pilares) - (Classe IV – Peças em zona
industrial em ambientes quimicamente agressivos; peças sujeitas a respingos de maré).
As definições das diversas Classes encontram-se resumidas na tabela a seguir.

Outras condições climáticas


Clima Ambientes internos secos ou Ambientes
particularmente internos com revestimento externos ou
seco de argamassa e pintura internos úmidos
Peças submersas I I I
Zona rural I I I
Zona urbana I I II
Zona industrial II II III
Zona marinha III II III
Zona industrial com ambiente IV III IV
particularmente agressivo.
Zona com respingos de maré IV IV IV

5.2. Fenômeno da aderência.


A viabilidade do concreto armado é assegurada pela aderência entre o concreto e o aço, que
impede o escorregamento da armadura com relação ao concreto que a envolve, assim como garante a
transferência de forças e tensões entre os dois materiais. A aderência tem basicamente três parcelas:
adesão, por atrito e mecânica.

A aderência entre o aço e o concreto é medida experimentalmente, em ensaios de arrancamento


de barras de aço de um bloco de concreto.
Considera-se, por simplicidade, que ocorra uma distribuição simplificada uniforme, de tensões
de aderência fbd, entre o concreto e o aço. Supondo que o comprimento de ancoragem é lb, e que haja
ruptura simultânea por escoamento da barra e por aderência da barra no concreto, pode-se escrever a
expressão:
. 2 .f
.f yd  (..l b ).f bd ou l b  yd
4 4.f bd
Os valores a serem tomados para fbd são definidos no item 9.3.2.1 da NBR 6118:
fbd = 1 2 3 fctd

44
Os valores a serem tomados para 1 são de 1,0 , 2,25 e 1,4 , respectivamente para os aços
CA-25, CA-50 e CA-60; os valores a serem tomados para 2 são de 1,0 e 0,7 , respectivamente para
situações de boa e má aderência; os valores a serem tomados para 3 são de 1,0 para bitolas até 32 mm
e de 3 = (132 - )/ 100 para bitolas  superiores a 32 mm. Pode-se definir fctd pelas expressões do item
8.2.5 da Norma:
fctd = fctk,inf /  c
2/3
fctk,inf = 0,7 fct,m fct,m = 0,3 fck (MPa)
5.3. Zonas de boa e má aderência
Todas as barras devem ser ancoradas no concreto para garantir que possam resistir, com
segurança, aos esforços para as quais foram calculadas. Além das características das barras, a
qualidade do concreto na zona de ancoragem é também importante para se garantir uma boa aderência.
A NBR 6118 identifica duas situações distintas (zonas de boa e de má aderência), para a consideração
da aderência entre o aço e o concreto. Estas duas situações estão associadas a condições mais ou
menos favoráveis para a vibração e o adensamento do concreto, reconhecendo-se que, no caso de
peças concretadas horizontalmente, a perda de água durante a pega (exudação) é mais intensa nas
regiões superiores das peças (ver NBR 6118, item 9.3.1).
São consideradas como pertencentes às zonas de boa aderência as barras com inclinação não
inferior a 450 com a horizontal e as barras com inclinação inferior a 450 com a horizontal, localizadas a
não mais de 30 cm da face inferior da peça ou junta de concretagem (peças com menos de 60 cm) ou a
mais de 30 cm da face superior (peças com mais de 60 cm). As demais são consideradas como
pertencentes às zonas de má aderência. As barras verticais dos pilares e pilares-parede podem,
portanto, ser sempre consideradas como pertencentes a zonas de boa aderência.
5.4. Ancoragem
Todas as barras devem ser ancoradas no concreto para garantir que possam resistir, com
segurança, às forças que as solicitam. O mecanismo de transmissão de forças do aço para o concreto
introduz tensões de tração transversais no concreto e é esquematizado na figura abaixo:

Estes esforços transversais tendem a destruir a ligação existente entre os dois materiais,
prejudicando a eficiência da ancoragem. Esta pode ser então melhorada, com a redução da fissuração
transversal, pela presença de compressão transversal (por exemplo, nas zonas de apoio das bielas
inclinadas de compressão do concreto), por um cintamento helicoidal ou por uma armadura transversal
de costura.
O comprimento de ancoragem é (NBR 6118, item 9.4.2.5):
.f yd
lb,nec = 1 lb As calc /As,ef  lb,min onde: lb 
 25
4.f bd
O comprimento de ancoragem básico lb pode, então, ser reduzido na relação entre a área de
armadura calculada As calc e a área existente As,ef . O comprimento de ancoragem adotado lb,nec não
pode ser, no entanto, inferior a lb,min que é o maior entre os valores: 0,3 lb, 10 e 10cm.
A presença de ganchos padronizados permite a aplicação do coeficiente 1, no comprimento de
ancoragem, igual a (1,0 ou 0,7) nos casos respectivamente da ausência de ganchos, ou na sua presença
com cobrimento mínimo no plano normal ao do gancho, de 3.
Nos casos das barras de alta aderência, age basicamente a ancoragem mecânica nas nervuras,
que não é destruída pelo incipiente escorregamento longitudinal, impedido pela ação dos ganchos.
Nestes casos, os ganchos são menos importantes. As ancoragens nos estribos são garantidas através de
seus ganchos.
45
As barras comprimidas serão ancoradas com barras sem ganchos, prejudiciais nestes casos,
pelas concentrações de tensões que introduzem nas extremidades das barras. O comprimento de
ancoragem é o mesmo das barras tracionadas. Esta definição de norma é conservadora, já que na
ancoragem de barras comprimidas, existe maior integridade do concreto, em virtude da compressão no
sentido longitudinal da ancoragem e pela resistência na ponta das barras. Esta pode ser significativa,
pois a resistência do concreto carregado em áreas parciais pequenas atinge valores elevados.
As trações transversais presentes ao longo do comprimento de ancoragem devem ser
consideradas, exceto quando houver compressão suficiente no concreto na zona de ancoragem, o que é
o caso de ancoragens comprimidas transversalmente por reações de apoio. Podem-se considerar estas
trações como resistidas pelo próprio concreto, desde que haja um cobrimento mínimo da barra
ancorada de 3 e que a distância entre as barras ancoradas seja pelo menos igual a 3 (NBR 6118, item
9.4.1.1). Caso contrário, para barras de diâmetro inferior a 32 mm, deve ser disposta armadura, ao
longo do comprimento de ancoragem, capaz de resistir a 25% do esforço ancorado em uma das barras.
Todas as barras transversais à região de ancoragem, como os estribos, podem ser computadas nesta
armadura. Para barras de diâmetro igual ou superior a 32 mm, o item 9.4.2.6.2 da Norma deve ser
consultado.
5.5. Emendas por traspasse
Da mesma forma que para as ancoragens, as emendas por traspasse introduzem tensões de
tração transversais no concreto:

Estas tensões são maiores nas barras de maior diâmetro. Não são permitidas emendas por
traspasse para bitolas maiores que 32 mm. Os comprimentos de emenda são determinados com as
mesmas hipóteses e tem os mesmos valores numéricos dos comprimentos de ancoragem. No entanto,
devido ao efeito prejudicial das tensões transversais, mais ou menos críticas em função do arranjo das
emendas, ou seja, da distância entre elas e da percentagem das barras emendadas em uma única seção,
é introduzido um fator 0t, definido na Tabela 9.4 da Norma, abaixo parcialmente reproduzida, que
majora os comprimentos de ancoragem em barras tracionadas.

O comprimento de traspasse de barras tracionadas é (NBR 6118, item 9.5.2.2.1):


l0t = 0t lb,nec  l0t min onde lb,nec tem a mesma definição dada para as ancoragens
O comprimento de traspasse adotado l0t não pode ser inferior a l0t min , que é o maior entre os
valores: 0,3 0t lb, 15 e 20cm. No caso das barras terem diâmetro diferente, o comprimento de
traspasse deve ser calculado pela barra de maior diâmetro. Nos casos usuais em que o carregamento é
predominantemente estático, a porcentagem máxima de barras emendadas em uma única seção é
definida na tabela a seguir.
46
As barras comprimidas podem ser todas emendadas em uma única seção. O comprimento de
traspasse de barras comprimidas é (NBR 6118, item 9.5.2.3):
l0C = lb,nec  l0C min
O comprimento de traspasse adotado l0C não pode ser inferior a l0C min, que é o maior entre os
valores: 0,6 lb, 15 e 20 cm.
Deverá sempre haver armadura transversal às emendas por traspasse. No caso usual em que a
percentagem de barras emendadas em uma mesma seção for maior ou igual que 25%, esta armadura
deverá ser capaz de resistir a uma força igual à de uma barra emendada. Esta armadura deverá ser
distribuída nos terços extremos das emendas, com espaçamento máximo de 15 cm.
Nas emendas de barras comprimidas, uma das barras transversais, em cada lado da emenda,
deverá estar posicionada 4 além de cada extremidade da emenda (NBR 6118, itens 9.5.2.4.1 e
9.5.2.4.2).

5.6. Detalhamento dos pilares


 NBR 6118, item 18.4.1 - Nos pilares, a maior dimensão não excederá cinco vezes a menor.
 Item 13.2.3 - a menor dimensão dos pilares e pilares-parede não será inferior a 19 cm.
Excepcionalmente, dimensões entre 14 cm e 19 cm podem ser utilizadas, devendo ser aplicado
o coeficiente adicional de cargas γn. Em nenhum caso o pilar poderá ter seção transversal
inferior a 360 cm2.
 Item 17.3.5.3 - A área mínima de armadura dos pilares deve atender às duas condições:
As, min = (0,15 Nd /fyd) e As, min = 0,4% Ac
 A percentagem máxima de armadura é de 8% da seção real de concreto, inclusive no trecho das
emendas, o que na prática limita esta percentagem a 4%, a menos quando utilizadas emendas
mecânicas.
 Item 18.4.2 - a armadura longitudinal deve ter bitola de pelo menos 10 mm, não superior a 1/8
da menor dimensão da seção transversal. No contorno dos pilares, a armadura vertical deverá
ter espaçamento máximo de 40 cm e de duas vezes a menor dimensão no trecho considerado; o
espaçamento mínimo livre entre as faces das barras, inclusive na região das emendas, será o
maior valor entre 2 cm, o diâmetro da barra e 1,2 vezes o diâmetro do agregado graúdo. Os
estribos cobrirão toda a altura do pilar, inclusive a região de cruzamento com as vigas. Seus
diâmetros deverão ser de pelo menos 5 mm e de 1/4 do diâmetro da armadura principal. Seu
espaçamento não excederá nenhum dos valores: 20 cm, menor dimensão da seção, 24 para
CA-25 e 12 para CA-50 ( - diâmetro da armadura principal).
 Item 18.2.4 - os estribos retangulares usuais protegerão contra a flambagem da armadura
longitudinal, além das barras dos cantos, mais duas barras em cada face do pilar, desde que a
mais distante delas esteja no máximo a 20t (t – diâmetro do estribo) do canto do estribo. Para
as barras não cobertas, deverão ser colocados estribos adicionais, aos quais se aplicará a mesma
regra enunciada. No caso da utilização de grampos suplementares em lugar de estribos
adicionais, todas as barras não cobertas deverão ser envolvidas.

47
5.7. Detalhamento dos Pilares-parede
 Item 18.5 - os pilares-parede devem atender aos requisitos de detalhamento definidos para os
pilares. Se houver flexão transversal, os requisitos definidos para lajes se aplicam. A armadura
secundária, perpendicular às cargas, deve ter seção transversal por metro de pelo menos 25%
da principal.

5.8. Exemplo de armadura mínima em pilar (Pilar de 40 x 100).

48
6. EXEMPLO NUMÉRICO COMPLETO
Serão dimensionados os pilares do 1º pavimento do edifício esquematizado abaixo.

6.1. Planta e elevação do edifício

49
6.2. Cargas e reações
6.2.1. Cargas consideradas nas vigas:
V1, V3, V4, V6 – p = 12 kN/m
V2, V5 – p = 36 kN/m
Os pilares são considerados como contraventados, sendo os momentos atuantes decorrentes do
engastamento das vigas nos pilares.
6.2.2. Análise das vigas:
Considerando inicialmente as vigas como engastadas nos extremos:

p.L2
Ma  Mb  Mc  
12
V1 = V3: L = 4,995 m; M a  M b  M c  24 ,95 kN.m ;

V2: L = 4,92 m; M a  M b  M c  72 ,61kN.m

V4 = V6: L = 5,045 m; M a  M b  M c  25 ,45 kN.m ;

V5: L = 5,02 m; M a  M b  M c  75 ,60 kN.m

6.2.3. Momentos mínimos nos pilares extremos:


Considerando-se que os pilares têm a mesma seção, ao longo da altura do prédio, teremos a
avaliação aproximada dos momentos:
rsup
M sup  M inf  M eng. ; ri = Ii / Li (inércia/comprimento, sendo que para os pilares é
rvig  rinf  rsup
considerado a metade do comprimento)

Cálculos de Msup = Minf (conservadoramente, as vigas não são consideradas como “T”).

b.h 3 / 12 0,15.0,50 3 / 12
V1, V3: rvig    0,0003128 m 3
Li 4,995
b.h 3 / 12 0,15.0,25 3 / 12
rsup  rinf    0,0001347 m3
Li 1,45
0,0001347
M sup  M inf  24,95.  5,77 kN.m; M vig  11,55kN.m
0,0003128  2.0,0001347
Com este momento na viga, as reações são:
pl  (M b  Ma ) 12,0.4,995  (24,95  11,55)
Ra  Rc      27,3kN
2 l 2 4,995
R b  2.p.l  2.R a  2.12,0.4,995  2.27,3  65,3kN

50
Diagrama final de momentos no vão a e nos pilares:

b.h 3 / 12 0,20.0,60 3 / 12
V2: rvig    0,000732 m 3
Li 4,92
b.h 3 / 12 0,20.0,40 3 / 12
rsup  rinf    0,000736 m 3
Li 1,45
0,000736
M sup  M inf  72 ,61.  24 ,25kN.m; M vig  48,49kN.m
0,000732  2.0,000736
Reações: Ra  Rc  83 ,7 kN; Rb  186 ,9kN
b.h 3 / 12 0,15.0,50 3 / 12
V4, V6: rvig    0,0003097 m 3
Li 5,045
b.h 3 / 12 0,15 3.0,25 / 12
rsup  rinf    0,0000485 m 3
Li 1,45
0,0000485
M sup  M inf  25,45.  3,03kN.m; M vig  6,07 kN.m
0,0003097  2.0,0000485
Reações: Ra  Rc  26 ,4kN; Rb  68 ,2kN
b.h 3 / 12 0,20.0,60 3 / 12
V5: rvig    0,000717 m 3 ;
Li 5,02
b.h 3 / 12 0,20 3.0,40 / 12
rsup  rinf    0,000184 m 3
Li 1,45
0,000184
M sup  M inf  75 ,6.  12 ,82 kN.m; M vig  25 ,64 kN.m
0,000717  2.0,000184
Reações: Ra  Rc  80 ,4kN; Rb  200 ,6kN
6.2.4. Cargas nos pilares, incluindo o peso próprio:
Em um pavimento:
P1=P3=P7=P9 – N = - (25.2,90. 0,15. 0,25+27,3+26,4) = - 56,4 kN
P2=P8 – N = - (25.2,90. 0,20. 0,40+65,3+80,4) = - 151,5 kN
P4=P6 – N = - (25.2,90. 0,20. 0,40+83,7+68,2) = - 157,7 kN
P5 – N = - (25.2,90. 0,30. 0,50+186,9+200,6) = - 398,4 kN
51
Em cinco pavimentos:
P1=P3=P7=P9 – N = - 282,0 kN; Nd = 1,4 . 1,2 (-282,0) = - 473,8 kN
(considerado o fator adicional n = 1,95-0.05 b = 1,95 – 0,05. 15 = 1,20)
P2=P8 – N = - 757,5 kN; Nd = 1,4 . (-757,5) = - 1060,5 kN
P4=P6 – N = - 788,5 kN; Nd = 1,4 . (-788,5) = - 1103,9 kN
P5 – N = - 1992 kN; Nd = 1,4 . (-1992) = - 2788,8 kN
6.3. Dimensionamento de P1 = P3 = P7 = P9
6.3.1. Comprimento equivalente do pilar:
O comprimento equivalente le do pilar, em cada direção, é o menor entre os dois valores:
le = l0 + hpilar ou le = l0 + hviga

Para a direção XX:


le = 2,40 + 0,15 ou le = 2,40 + 0,50, então (le)x = 2,55m

Para a direção YY:


le = 2,40 + 0,25 ou le = 2,40 + 0,50, então (le)y = 2,65m
6.3.2. Cálculo dos índices de esbeltez:
le x 2,55
 x  12  12.  58,89
h 0,15
le y 2,65
 y  12  12 .  36 ,72
b 0,25
6.3.3. Momentos mínimos de primeira ordem:
M1d, min,XX  Nd (0,015  0,03.h); M1d, min,YY  Nd (0,015  0,03.b)
Na direção xx (em torno de X): M 1dx,min  473 ,8.( 0,015  0,03.0,15 )  9,23kN.m
Na direção yy (em torno de Y): M1dy,min  473,8.( 0,015  0,03.0,25 )  10,66kN.m
6.3.4. Momentos de cálculo advindos do engastamento das vigas (considerado o fator
adicional n = 1,20):
M 1dx  1,4.1,2.3,03  5,09 kN.m
M1dy  1,4.1,2.5,77  9,69kN.m
6.3.5. Dimensionamento para os momentos mínimos:
25  12 ,5.e1x / h 25  12 ,5.0,0195 / 0,15
1x    26 ,6  1x  35 (considerar efeitos de 2ª ordem)
 bx 1,00
25  12,5.e1y / b 25  12,5.0,0225 / 0,25
1y    26,1 1y  35 (considerar efeitos de 2ª ordem)
by 1,00
 Cálculo dos efeitos de 2ª ordem para a direção xx pelo Método do Pilar-Padrão com curvatura
aproximada:
Avaliação do valor da curvatura 1/r na seção crítica pela expressão:

1 0,005 0,005 1 0,005 0,005 1


  ou     0,0276
r h.(  0,5 ) h r 0,15.( 0,707  0,5 ) 0,15 r

52
N Sd 473 ,8
Já que     0,707
Ac . f cd 0,15.0,25.25000 / 1,4
O momento total máximo é calculado pela expressão:
2
le 1 2,55 2
M d ,tot   b .M 1d ,A  N d . .  1,00.9,23  473 ,8. .0,0276  17 ,73kN.m
10 r 10
 Cálculo dos efeitos de 2ª ordem para a direção xx pelo Método do Pilar-Padrão com rigidez κ
aproximada:
Usando a formulação direta:

A (Md, tot)2 + B (Md, tot) + C = 0

A  5.h  5.0,15  0,75


2
N .l 473 ,8.2,55 2
B  h .N d  d e  5.h. b .M 1d  0,15 2 .473 ,8 
2
 5.0,15 .1,00 .9,23  5,89
320 320
C   N d .h 2 . b .M 1d  473 ,8.0,15 2 .9,23  98 ,40
Md, tot = 16,03 kN.m

Será utilizado, somente nesta verificação, o momento obtido com o Método do Pilar-Padrão
com rigidez κ aproximada, que é a princípio é o mais preciso.
 Cálculo dos efeitos de 2ª ordem para a direção yy pelo Método do Pilar-Padrão com curvatura
aproximada:
Avaliação do valor da curvatura 1/r na seção crítica:

1 0,005 0,005 1 0,005 0,005 1


  ou     0,0166
r b.(  0,5 ) b r 0,25.( 0,707  0,5 ) 0,25 r
Já que   0,707 .
O momento total máximo é calculado pela expressão:
le 2 1 2,652
M d ,tot  b .M 1d ,A  N d . .  1,00.10 ,66  473,8. .0,0166  16 ,18kN .m
10 r 10
 Verificações para a armadura selecionada:

A armadura selecionada (8 Φ 12,5 mm =


9,84 cm2) é verificada, considerando-se flexão
composta reta nas duas direções:
a) Nd = - 473,8 kN; Mxx = 16,03 kN.m;
b) Nd = - 473,8 kN; Myy = 16,18 kN.m.
As respectivas curvas de interação são
mostradas abaixo, nos sentidos X e Y,
respectivamente.

 OBS: Na direção yy pelo Método do Pilar-Padrão com rigidez κ aproximada teríamos:


A = 1,25; B = 5,89; C = -315,67;
Md, tot = 13,71 kN.m

53
Curva de Interação (Nd x Md)
25

20

15
Md (kN.m)

As=0
As dado
10 Nd,Md

0
-1000 -800 -600 -400 -200 0 200 400

Nd (kN)

Curva de Interação (N d x Md)


40

35

30

25
Md (kN.m)

As=0
20
As dado
15
Nd,Md

10

0
-1000 -800 -600 -400 -200 0 200 400

Nd (kN)

6.3.6. Dimensionamento para os momentos de engastamento das vigas:


MA
 bx   by  0,60  0,40.  0 ,40 ;  bx   by  0,4
MA
25  12 ,5.e1x / h 25  12 ,5.( 5,09 / 473 ,8 ) / 0,15
1x    64 ,7 (não considerar efeitos de 2ªordem)
 bx 0 ,4
25  12,5.e1x / b 25  12,5.(9,69 / 473,8) / 0,25
1y    65,1 (não considerar efeitos de 2ª ordem)
by 0,4
54
A verificação da flexão composta oblíqua é realizada com a expressão aproximada:
1, 2 1, 2
 Md , x   Md, y   5,09 
1, 2
 9,69 
1, 2

        31,8   0,442  1
 M Rd , x  
 M Rd , y 
  19 ,4   
Já que os momentos atuantes são: Md,x = 5,09 kN.m e Md,y = 9,69 kN.m e os momentos
resistentes em flexão composta reta com o esforço normal Nd = -473,8 kN são:
MRd,x = 19,4 kN.m e MRd,y = 31,7 kN.m .
Resolução com o programa OBLÍQUA:

6.3.7. Verificação pelo Método do Pilar Padrão Melhorado


Apesar de não ser obrigatória para este pilar, já que o pilar é medianamente esbelto nas duas
direções, será apresentada, a título de exemplificação, a verificação pelo Método do Pilar Padrão
Melhorado para a situação crítica, que é Momento Mínimo, direção xx.
É processado o programa M-K-UFRJ com os seguintes parâmetros:
25 500 473,8
f cd  1,3.  23,214 MPa; f yd   435 MPa; N Sd   430 ,7kN (positivo no programa)
1,4 1,15 1,1
19,4 1
Para: M Rd   17,63kNm;  0,02071 m 1
1,1 r

55
17,63 ( EI )sec 851,3
( EI )sec   851,3kN.m 2 ;     56,50
0,02071 b.h f cd 0,25.0,153. 25000 1,4
3

(EI)elast = 0,8625 . 5600000.√25.0,25.0,153/12=1698kN.m (redução de 50% na rigidez)


b .M1d , A
1,00.9,23
M d , tot    14,45kN.m
x
2
58,89 2
1 1
 56,50
120 . 120 .
 0,707
Os resultados com os demais métodos (obtidos com o programa PCALC) estão a seguir. É
necessário aumentar o diâmetro das barras para Φ 16mm, para viabilizar as soluções:

 Método Melhorado com Fluência: 17,6 kN.m


 Método Geral sem Fluência: 14,8 kN.m
 Método Geral com Fluência: 18,0 kN.m

A saída gráfica e um trecho da listagem dos programas CAPIBA e M-K-UFRJ são


apresentados a seguir.

17,63kN.m
20,71‰

 Da planilha do CAPIBA:
Normal Momento Curvatura (X1000)

-430,7 17,62496375 20,71800555

56
17,63kN.m
20,71‰

==================================================================
* * * ANALISE NAO-LINEAR FISICA DE SECOES DE CONCRETO ARMADO * * *
==================================================================

SECAO TRANSVERSAL:
bw [cm] = 25.00
h [cm] = 15.00
fcd [MPa] = 23.21
fyd [MPa] = 435.00

DISPOSICAO DAS ARMADURAS:

CAMADA | As [cm2] | d [cm]

1 4.92 4.00
2 4.92 11.00

RESULTADOS DA ANALISE:

FORCA NORMAL [kN] | MOMENTO FLETOR [kN.m] | CURVATURA [1/1000.m] | kx (x/h) | EPS CONC [1/1000] | EPS ACO [1/1000]

-430.72 17.67 20.71828 0.66 -2.047 0.232


57
6.4. Dimensionamento de P2 = P8
6.4.1. Comprimento equivalente do pilar:
O comprimento equivalente le do pilar, em cada direção, é o menor entre os dois valores:
le = l0 + hpilar ou le = l0 + hviga
Para a direção XX:
le = 2,30 + 0,20 ou le = 2,30 + 0,60, então (le)x = 2,50m
Para a direção YY:
le = 2,40 + 0,40 ou le = 2,40 + 0,50, então (le)y = 2,80m
6.4.2. Cálculo dos índices de esbeltez:
le x 2,50
 x  12  12.  43,30
h 0,20
le y 2,80
 y  12  12 .  24 ,25 (não considerar efeitos de 2ª ordem)
b 0,40
6.4.3. Momentos mínimos de primeira ordem:
Na direção xx (em torno de X): M 1dx,min  1060 ,5.( 0 ,015  0 ,03.0 ,20 )  22 ,27 kN.m
Na direção yy (em torno de Y): M1dy,min  1060 ,5.( 0,015  0,03.0,40 )  28,63kN.m
6.4.4. Momento de cálculo advindos do engastamento das vigas:
M 1dx  1,4.12 ,82  17 ,95kN.m
6.4.5. Dimensionamento para os momentos mínimos:
25  12 ,5.e1x / h 25  12 ,5.0,021 / 0,20
1x    26 ,3 1x  35 (considerar efeitos de 2ª ordem)
 bx 1,00
 Cálculo dos efeitos de 2ª ordem para a direção xx:
Será utilizado o Método do Pilar-Padrão com curvatura aproximada:

1 0,005 0,005 1 0,005 0,005 1


  ou     0,0201
r h.(  0,5 ) h r 0,20.( 0,742  0,5 ) 0,20 r
N Sd 1060 ,5
Já que     0,742
Ac . f cd 0,20.0,40.25000 / 1,4
O momento total máximo é calculado pela expressão:
2
le 1 2,50 2
M d ,tot   b .M 1d ,A  N d . .  1,00.22 ,27  1060 ,6. .0,0201  35 ,59 kN.m
10 r 10
 Verificações para a armadura selecionada:
A armadura selecionada (8 Φ 12,5 mm =
9,84 cm2) é verificada, considerando-se flexão
composta reta nas duas direções:
a) Nd = - 1060,6 kN; Mxx = 35,59 kN.m;
b) Nd = - 1060,6 kN; Mxx = 28,63 kN.m.
As respectivas curvas de interação são
mostradas abaixo, nos sentidos X e Y.
58
Curva de Interação (Nd x Md)
60

50

40
Md (kN.m)

As=0
30 As dado
Nd,Md
20

10

0
-1750 -1500 -1250 -1000 -750 -500 -250 0 250 500

Nd (kN)

Curva de Interação (Nd x Md)

100

75

As=0
Md (kN.m)

As dado
50
Nd,Md

25

0
-1600 -1400 -1200 -1000 -800 -600 -400 -200 0 200 400

Nd (kN)

6.4.6. Dimensionamento para o momento de engastamento das vigas:


MA
 bx  0,60  0,40.  0 ,40 ;
MA
25  12 ,5.e1x / h
25  12 ,5.( 17 ,95 / 1060 ,6 ) / 0,20
 bx  0,4 1x    65 ,1
 bx 0,4
(não considerar efeitos de 2ªordem)
Não há necessidade de se verificar a flexão composta, já que o momento de engastamento
é inferior ao momento mínimo total.
59
6.5. Dimensionamento de P4 = P6
6.5.1. Comprimento equivalente do pilar:
Para a direção XX:
le = 2,40 + 0,20 ou le = 2,40 + 0,50, então (le)x = 2,60m
Para a direção YY:
le = 2,30 + 0,40 ou le = 2,30 + 0,60, então (le)y = 2,70m
6.5.2. Cálculo dos índices de esbeltez:
le x 2,60
 x  12  12.  45,03
h 0,20
le y 2,70
 y  12  12 .  23,38 (não considerar efeitos de 2ª ordem)
b 0,40
6.5.3. Momentos mínimos de primeira ordem:
Na direção xx (em torno de X): M 1dx,min  1103 ,9.( 0,015  0,03 .0,20 )  23,18kN.m
Na direção yy (em torno de Y): M1dy,min  1103 ,9.( 0,015  0,03.0,40 )  29,81kN.m
6.5.4. Momento de cálculo advindos do engastamento das vigas:
M1dy  1,4.24,25  33,95kN.m
6.5.5. Dimensionamento para os momentos mínimos:
25  12 ,5.e1x / h 25  12 ,5.0,021 / 0,20
1x    26 ,3 1x  35 (considerar efeitos de 2ª ordem)
 bx 1,00
 Cálculo dos efeitos de 2ª ordem para a direção xx:
Será utilizado o Método do Pilar-Padrão com curvatura aproximada:

1 0,005 0,005 1 0,005 0,005 1


  ou     0,0196
r h.(  0,5 ) h r 0,20.( 0,773  0,5 ) 0,20 r
N Sd 1103 ,9
Já que     0,773
Ac . f cd 0,20.0,40.25000 / 1,4
O momento total máximo é calculado pela expressão:
2
l 1 2,60 2
M d ,tot   b .M 1d ,A  N d . e .  1,00.23,18  1103 ,9. .0,0196  37 ,81kN.m
10 r 10
 Verificações para a armadura selecionada:
A armadura selecionada (10 Φ 12,5mm = 12,3
2
cm ) é verificada, considerando-se flexão composta
reta nas duas direções:
a) Nd = - 1103,9 kN; Mxx = 37,81 kN.m;
b) Nd = - 1103,9 kN; Mxx = 29,81 kN.m.
As curvas de interação são mostradas abaixo,
nos sentidos X e Y, respectivamente.

60
Curva de Interação (Nd x Md)
70

60

50
Md (kN.m)

40 As=0
As dado
30 Nd,Md

20

10

0
-1750 -1500 -1250 -1000 -750 -500 -250 0 250 500 750

Nd (kN)

Curva de Interação (Nd x Md)


125

100

75 As=0
Md (kN.m)

As dado
Nd,Md
50

25

0
-1800 -1600 -1400 -1200 -1000 -800 -600 -400 -200 0 200 400 600

Nd (kN)

6.5.6. Dimensionamento para o momento de engastamento das vigas:


Não há necessidade de se considerar efeitos de 2ª ordem na direção YY (ver 6.5.2).
A verificação pode ser feita com a curva mostrada acima, usada para os momentos mínimos,
para os esforços: Nd = - 1103,9 kN; Myy = 33,95 kN.m (OK).

61
6.6. Dimensionamento de P5
6.6.1. Comprimento equivalente do pilar:
Para a direção XX:
le = 2,30 + 0,30 ou le = 2,30 + 0,60, então (le)x = 2,60m
Para a direção YY:
le = 2,30 + 0,50 ou le = 2,40 + 0,60, então (le)y = 2,80m
6.6.2. Cálculo dos índices de esbeltez:
le x 2,60
 x  12  12.  30,02 (não considerar efeitos de 2ª ordem)
h 0,30
le y 2,80
 y  12  12 .  19 ,40 (não considerar efeitos de 2ª ordem)
b 0,50
6.6.3. Momentos mínimos de primeira ordem:
Na direção xx (em torno de X): M 1dx,min  2788 ,8.( 0,015  0,03.0,30 )  66 ,93kN.m
Na direção yy (em torno de Y): M1dy,min  2788 ,8.( 0,015  0,03.0,50 )  83,66kN.m
 Verificações para a armadura selecionada:
A armadura selecionada (8 Φ 20 mm =
25,12 cm2) é verificada, considerando-se flexão
composta reta nas duas direções:
a) Nd = - 2788,8 kN; Mxx = 66,93 kN.m;
b) Nd = - 2788,8 kN; Mxx = 83,66 kN.m.
As respectivas curvas de interação são
mostradas abaixo, nos sentidos X e Y.

Curva de Interação (Nd x Md)


200

180

160

140

120
Md (kN.m)

As=0
100 As dado
80
Nd,Md

60

40

20

0
-3500 -3000 -2500 -2000 -1500 -1000 -500 0 500 1000

Nd (kN)

62
Curva de Interação (Nd x Md)

300

250

200
As=0
Md (kN.m)

As dado
150
Nd,Md

100

50

0
-3500 -3000 -2500 -2000 -1500 -1000 -500 0 500 1000

Nd (kN)

6.7. Dimensionamento de P2 e P4 como pilar-parede


De forma a apresentarmos exemplos de dimensionamento de pilar-parede, suporemos que os
pilares P2 e P4 passem a ter dimensão h = 14 cm e b = 90 cm. Neste exemplo, será dimensionada a
armadura mais desfavorável entre os dois pilares.
6.7.1. Reavaliação da carga vertical no pilar:
P2 - Em um pavimento: N = - (25.2,90. 0,14. 0,90+65,3+80,4) = - 154,8 kN
P2 - Em cinco pavimentos: N = - 774,2 kN; Nd = 1,4 . 1,25 (-774,2) = - 1354,9 kN
P4 - Em um pavimento: N = - (25.2,90. 0,14. 0,90+83,7+68,2) = - 161,1 kN
P4 - Em cinco pavimentos: N = - 805,2 kN; Nd = 1,4 . 1,25 (-805,2) = - 1409,1 kN
(considerado o fator adicional: n = 1,95-0.05 b = 1,95 – 0,05. 14 = 1,25)
6.7.2. Momentos de cálculo advindos do engastamento das vigas (considerado n = 1,25):
P2: M1dx  1,4.1,25 .12,82  22,44 kN.m
P4: M1dy  1,4.1,25.24,25  42,44kN.m
6.7.3. Comprimento equivalente do pilar e índice de esbeltez:
2,90 le x
lex = 2,90m ;  x  12  12.
 71,76 (considerar efeitos de 2ª ordem localizados)
h 0,14
(nos pilares-parede não deve ser considerada a eventual redução no comprimento de
flambagem em relação ao pé-direito, como é feito nos pilares usuais)
6.7.4. Dimensionamento considerando os efeitos locais de segunda ordem
 Momentos mínimos de primeira ordem:
M1d,min,XX  Nd (0,015  0,03.h);
P2: M1dx, min  1354 ,9.(0,015  0,03.0,14)  26,01kN.m
P4: M1dx, min  1409 ,1.(0,015  0,03.0,14)  27,05kN.m

63
 Cálculo dos efeitos de 2ª ordem para a direção xx pelo Método do Pilar-Padrão com curvatura
aproximada, momentos mínimos, P4:
25  12 ,5.e1x / h 25  12 ,5.0,0192 / 0,14
1 x    26 ,71 1x  35 (considerar efeitos de 2ª ordem)
bx 1,00
1409 ,1 1 0,005 0,005 1
  0,626 ;     0,0317
0,14.0,90.25000 / 1,4 r 0,14.(0,626  0,5) 0,14 r
O momento total máximo é calculado pela expressão:
2
le 1 2,90 2
M d , tot  b .M1d , A  N d . .  1,00.27,05  1409 ,1. .0,0317  64,62 kN.m
10 r 10
Para os momentos mínimos (P2):
25  12 ,5.e1x / h 25  12 ,5.0,0192 / 0,14
1 x    26 ,71 1x  35 (considerar efeitos de 2ª ordem)
bx 1,00
1354 ,9 1 0,005 0,005 1
  0,602 ;     0,0324
0,14.0,90.25000 / 1,4 r 0,14.(0,602  0,5) 0,14 r
2
le 1 2,90 2
M d , tot  b .M1d , A  N d . .  1,00.26,01  1354 ,9. .0,0324  62,92 kN.m
10 r 10
Para os momentos aplicados (P2):
25  12 ,5.( 22 ,44 / 1354 ,9 ) / 0,14
1x   66 ,2 (considerar efeitos de 2ª ordem)
0,4
2
le 1 2,90 2
M d , tot  b .M1d , A  N d . .  0,40.22,44  1354 ,9. .0,0324  45,89 kN.m (não crítico)
10 r 10
A direção YY é considerada como não crítica neste exemplo, para as imperfeições locais.

 Verificação para a armadura selecionada:

A armadura selecionada (24 Φ 16 mm


= 48,35 cm2) é verificada, considerando-se
4 cm (típ) flexão composta reta:
a) Nd = - 1409,1 kN; Mxx = 64,62 kN.m;
Horizontal: a) Nd = - 1354,9 kN; Mxx = 62,92 kN.m
24 Φ 16 Φ 8 c 7,5 A respectiva curva de interação é
mostrada abaixo, no sentido X.

64
Curva de Interação (Nd x Md)

80

60
Md (kN.m)

As=0

40 As dado
Nda,Mda
Nda,Mda
20

0
-4000 -3500 -3000 -2500 -2000 -1500 -1000 -500 0 500 1000 1500 2000

Nd (kN)

6.7.5. Dimensionamento considerando os efeitos localizados de segunda ordem


Os pilares são divididos no menor número possível de faixas, no caso três faixas, com
b = 0,30m. Como λ > 35, os efeitos localizados de segunda ordem devem ser considerados.

a) P2

N d 6M 1 yd 1354 ,9 n  ni 1 b
nd ,max , nd ,m in =  2
=  0 ; Ni= i .
b b 0,90 2 3

1505,4 (kN/m)

451,6 451,6 451,6 (kN)

Considera-se o momento aplicado pela viga V5 ( M1dx  22,44 kN.m ) atuando somente na faixa
central.

451,6 1 0,005 0,005 1


  0,602     0,0324
0,14.0,30.25000 / 1,4 r 0,14.(0,602  0,5) 0,14 r
2
le 1 2,90 2
M d , tot  b .M1d , A  N d . .  0,4.22,44  451,6. .0,0324  21,28 kN.m  22,44 kN.m
10 r 10

Não há necessidade de considerar o momento mínimo nesta verificação de efeitos localizados,


já que neste caso seria reproduzida a mesma situação dos efeitos locais.
65
b) P4
N d 6M 1 yd 1409 ,1 6.42,44 n  ni 1 b
nd ,max , nd ,min =  2
=  2
; Ni= i .
b b 0,90 0,90 2 3

1251,3 1460,9 1670,4 1880,0 (kN/m)

406,8 469,7 532,6 (kN)

 Momentos mínimos:
Como o momento mínimo é maior que o aplicado (no caso, nulo em torno de x), considerar
αb = 0,6.
Normal máximo: M1dx, min  532,6.(0,015  0,03.0,14)  10,23kN.m
532 ,6 1 0,005 0,005 1
  0,710 ;     0,0295
0,14.0,30.25000 / 1,4 r 0,14.(0,710  0,5) 0,14 r
2
le 1 2,90 2
M d , tot  b .M1d , A  N d .
.  0,6.10,23  532 ,6. .0,0295  19,35kN.m
10 r 10
Normal mínimo: M1dx, min  406,8.(0,015  0,03.0,14)  7,81kN.m
406 ,8 1 0,005 0,005 1
  0,542 ;     0,0343
0,14.0,30.25000 / 1,4 r 0,14.(0,542  0,5) 0,14 r
2
le 1 2,90 2
M d , tot  b .M1d , A  N d . .  0,6.7,81  406 ,8. .0,0343  16,42 kN.m
10 r 10

6.7.6. Verificação da armadura selecionada


A armadura selecionada (8 Φ 16 mm = 16,12 cm2 por faixa) é verificada, considerando-se
flexão composta reta:
a) P2: Nd = - 451,6 kN; Mxx = 22,44 kN.m (momento aplicado);
b) P4: Nd = - 532,6 kN; Mxx = 19,35 kN.m (normal máximo, momento mínimo);
c) P4: Nd = - 406,8 kN; Mxx = 16,42 kN.m (normal mínimo, momento mínimo).

A respectiva curva de interação é mostrada abaixo, no sentido X, mostrando que a armadura


adotada é suficiente.

66
Curva de Interação (Nd x Md)
30

25

20
Md (kN.m)

As=0
15
As dado
Nda,Mda
10 Ndb,Mdb
Ndc,Mdc

0
-1400 -1200 -1000 -800 -600 -400 -200 0 200 400 600 800

Nd (kN)

6.8 Verificação do cisalhamento


Somente para os pilares P1, P3, P7, P9 será efetuada uma verificação do cisalhamento, para as
forças transversais ao pilar (Fy), pelo Modelo de Cálculo I.
Esforços de cálculo: Nd = - 473,8 kN; Nk = 282,0 kN; M 1dx  5,09 kN.m
Força cortante de cálculo:
2.5,09
Vd   3,51kN.
2,9
Força cortante de cálculo máxima para efeito de compressão na biela:
VRd2 = 0,27 (1- fck /250) fcd bw d =
= 0,27.(1- 25 /250) . 25000/1,4 . 0,25 . 0,11 = 119,3 kN (OK)
2/3
fct,m = 0,3 fck = 0,3 .25 2/3 = 2,564 MPa;
fctk,inf = 0,7 fct,m = 0,7 . 2,564 = 1,795 MPa; fctd = fctk,inf /  c = 1,795/1,4 = 1,282 MPa = 1282 kPa
VC0 = 0,6 fctd bw d = 0,6 . 1282 . 0,25 .0,11 = 21,15 kN ;
N k .h 282 ,0.0,15
M0    7,05kN.m
6 6
VC = VC0 (1 + M0 / Msd max) = 21,15 (1 + 7,05/5,09) ≤ 2 VC0 ; VC = 2VC0 = 42,30 kN
Armadura transversal na flexão simples:
(Asw / s) 0,9 d f ywd = VSd - VC ≤ 0
Verificação adicional para dispensa de armadura mínima de cisalhamento:
Tensão máxima de tração:

𝜎 ¨6.𝑀𝑠𝑑 𝑁𝑑 ¨6.5,09 473,8 (compressão, OK)


𝑇= − = − =−7205𝑘𝑃𝑎
𝑏.ℎ2 𝑏.ℎ 0,25.0,152 0,25.0,15

67
6.9. Detalhamento das armaduras
6.9.1. Dimensões
Quando utilizadas dimensões entre 14 cm e 19 cm, deve ser aplicado o coeficiente adicional de
cargas γn (OK).
Em nenhum caso o pilar poderá ter seção transversal inferior a 360 cm2. Como a menor
dimensão adotada para os pilares é de 15 cm x 25 cm, OK.
6.9.2. Cobrimentos adotados:
cnom = 25 mm, válido para pilares em ambiente com Classe de Agressividade I. É suposto que a
estrutura está em zona urbana com ambientes internos secos. Pode ser verificado que no caso mais
crítico, que é do pilar P5, o parâmetro d’= 4 cm adotado é adequado:
d’ = 25 mm (cobrimento) + 5 mm (estribo) +20 mm/2 (barra principal) = 40 mm (OK)

6.9.3. Comprimentos de emenda:


Pilares e pilares-parede pertencem a zonas de boa aderência. Considera-se barras sem gancho,
aço CA-50 c fck = 25 MPa.
fbd = 1 2 3 fctd = 2,25 . 1,0 . 1,0 . 1,282 = 2,885 MPa
.f yd  f yd  500 1,4
l b ,nec  l b   . 23
 . .
4.f bd 4 0,7.0,3.f ck 4 1,15 1,0.2,25.1,0.0,7.0,3.f ck 2 3
1 . 2 .3 .
c
322 .
fyd = 500/1, 15 = 434,8 MPa; ou l b  2 / 3 (MPa) ≥ 25 
f ck
(a segunda condição só prevalece em pilares se fck > 46 MPa).
O comprimento de traspasse de barras comprimidas é de (NBR 6118, item 9.5.2.3):
l0C = lb,nec  l0C min
Para Ф = 10 mm, l0C = 38 cm; para Ф = 12,5 mm, l0C = 47 cm; para Ф = 20 mm, l0C = 75 cm
Número mínimo estribos a ser disposto nas emendas, considerando que 50% deles irá a cada
um dos dois terços:
Para Ф = 10 mm, 4 Ф 5 mm; para Ф = 12,5 mm, 8 Ф 5 mm; para Ф = 20 mm, 16 Ф 5 mm.
Observar que o espaçamento entre estribos neste último caso fica da ordem de 3 cm.

6.9.4. Armaduras principais:


As armaduras dos pilares deve atender às condições:
As min = 0,15 . Nd / fyd ; As min = 0,004 Ac ; As max = 0,04 Ac (na região das emendas)
Verificação (fyd = 50/1,15 = 43,48 kN/cm2):
P1, P3, P7, P9 – Nd = - 473,8 kN; As = 8 x 1,23 = 9,84cm2
As min= 0,15 . 473,8 /43,48 =1,63 cm2;As min= 0,004.15.25=1,5 cm2;As max= 0,004.15.25 = 15 cm2
P2, P8 – Nd = - 1060,5 kN; As = 8 x 1,23 = 9,84cm2
As min= 0,15.1060,5 /43,48 =3,65 cm2;As min= 0,004.20.40=3,2 cm2;As max= 0,004.20.40 = 32 cm2
P4,P6 – Nd = - 1103,9 kN; As = 10 x 1,23 = 12,3cm2
As min= 0,15.1103,9 /43,48 =3,80 cm2;As min= 0,004.20.40=3,2 cm2;As max= 0,004.20.40 = 32 cm2
P5 – Nd = - 2788,8 kN; As = 8 x 3,14 = 25,1cm2
As min= 0,15.2788,8 /43,48 =9,62 cm2;As min= 0,004.30.50=6,0 cm2;As max= 0,004.30.50 = 60 cm2

68
A percentagem máxima de armadura é de 8% da seção real de concreto, ou seja 4% na região
das emendas (OK). A armadura longitudinal deve ter bitola de pelo menos 10 mm, não superior a 1/8
da menor dimensão da seção transversal (OK).
No contorno dos pilares, a armadura vertical deverá ter espaçamento máximo de 40 cm e de
duas vezes a menor dimensão no trecho considerado; o espaçamento mínimo livre entre as faces das
barras, fora da região das emendas, será o maior valor entre 2 cm, o diâmetro da barra e 1,2 vezes o
diâmetro do agregado.
Verificação:
Espaçamento livre, fora da região das emendas (cobrimento de 2,5 cm e estribos de 5 mm):
P1, P3, P7, P9: e = (25 – 2 . 2,5 - 2 . 0,5 – 4 . 1,25) / 3 = 4,7 cm (OK).
P2, P8: e = (40 – 2 . 2,5 - 2 . 0,5 – 4 . 1,25) / 3 = 9,7 cm (OK).
P4, P6: e = (40 – 2 . 2,5 - 2 . 0,5 – 5 . 1,25) / 4 = 6,9 cm (OK).
P5: e = (50 – 2 . 2,5 - 2 . 0,5 – 4 . 2,0) / 3 = 12,0 cm (OK).
Na região das emendas, estes valores passam a ser:
P1, P3, P7, P9: e = (25 – 2 . 2,5 - 2 . 0,5 – 8 . 1,25) / 3 = 3,0 cm (OK).
P2, P8: e = (40 – 2 . 2,5 - 2 . 0,5 – 8 . 1,25) / 3 = 8,0 cm (OK).
P4, P6: e = (40 – 2 . 2,5 - 2 . 0,5 – 10 . 1,25) / 4 = 5,4 cm (OK).
P5: e = (50 – 2 . 2,5 - 2 . 0,5 – 8 . 2,0) / 3 = 9,3 cm (OK).
6.9.5. Estribos
O diâmetro dos estribos (t) deverá ser de pelo menos 5 mm e de 1/4 do diâmetro da armadura
principal (OK). Seu espaçamento não excederá nenhum dos valores: 20 cm, menor dimensão da seção
e 12 (CA-50,  - diâmetro da armadura principal), o que leva ao espaçamento máximo de 15 cm para
P1 a P4 e P6 a P9 e de 20 para P5.
Os estribos retangulares usuais protegerão contra a flambagem da armadura longitudinal, além
das barras dos cantos, mais duas barras em cada face do pilar, desde que a mais distante delas esteja no
máximo a 20t do canto do estribo. Para as barras não cobertas, deverão ser colocados estribos
suplementares, aos quais se aplicará a mesma regra enunciada. Desta forma, já que a cobertura máxima
a partir do canto do estribo é de 20 . 0,5 = 10 cm, é necessário prever estribos duplos para P2, P5 e P8
e de estribos duplos mais um grampo de amarração em P4 e P6.
6.9.6. Exemplo de detalhamento –P1
47

Φ5 c15

4Φ5
16+15+16
4Φ5

69
6.9.7. Pilares-parede:
A armadura longitudinal deve ter bitola de pelo menos 10 mm, não superior a 1/8 da menor
dimensão da seção transversal ( OK).
Espaçamento livre entre barras na região das emendas:
e = (90 – 2 . 2,5 - 2 . 0,8 – 24 . 1,6) / 11 = 4,09 cm (OK).
Deverá haver grampos em todas as barras, à exceção das protegidas por serem diretamente
vizinhas a estribos.
12.2,01
Armadura principal por metro: a s   26,8cm2 / m
0,90
Armadura secundária: (Φ 8 mm c 7,5) = 0,503/0,075 = 6,71 cm2/m, ≥ 25% da principal, OK.

Armadura existente: as = 24 . 2.01 = 48,24 cm2

Armadura mínima 1: 0,15 . 1521,8 . 1,15/50 = 5,26 cm2


0,15 . 1409,1 . 1,15/50 = 4,86 cm2

Armadura mínima 2: 0,004 . 14 . 90 = 5,04 cm2

Armadura máxima (na região de emendas com traspasse a 100%): 0,04 . 14 . 90 = 50,4 cm2

70
7. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO SIMPLES

7.1 Descrição dos estádios

b c = E c εc c 0,85 fcd εc

As

ct = E c εci s = E s εs s = f yd εs
Estádio I Estádio II Estádio III

F = 0 a Fd
Dd

Md Zd

M = 0 a Md
As figuras acima representam o desenvolvimento das tensões em uma viga retangular de
concreto armado, submetida à flexão simples. Com a presença de um momento positivo, surgem
tensões de tração (ct) na face inferior da seção e de compressão (c) na face superior. Com o aumento
progressivo do momento aplicado, vão se apresentando os chamados estádios de deformação do
concreto armado.
O Estádio I corresponde à fase em que as tensões de tração no concreto são pequenas,
inferiores às tensões de tração de ruptura. Atingido este limite, se configura o chamado estado limite
de formação de fissuras. Observe-se que a linha neutra está um pouco abaixo do centro geométrico da
seção, pela presença das armaduras, cujas áreas são "homogeneizadas", na relação entre os módulos de
elasticidade do aço e do concreto. Podem assim ser utilizadas, no Estádio I, as fórmulas da Resistência
dos Materiais.
O Estádio II corresponde à fase em que já não se considera mais a resistência à tração do
concreto, mas as relações tensão-deformação neste material podem ser consideradas ainda como
lineares (enquanto c ≤ 0,5 fck). O comportamento que é admitido para o concreto nesta fase é ainda
elástico, ou seja, se retiradas as cargas, as peças retornam às suas situações iniciais. Observe-se que a
linha neutra já subiu um pouco, pela desconsideração da resistência do concreto à tração.
O Estádio III corresponde à fase em que a resistência do concreto é explorada em sua
totalidade, configurando-se o estado limite de ruptura. As relações tensão-deformação não são mais
lineares (correspondendo agora ao diagrama parábola-retângulo), o que faz a linha neutra subir ainda
um pouco mais.
71
A verificação do concreto no Estádio I é efetuada em casos muito especiais, em que não pode
se admitir fissuração em hipótese nenhuma (o que pode ser exigido, por exemplo, no caso de alguns
reservatórios de líquidos).
O funcionamento no Estádio II é considerado nas verificações do concreto em serviço, como
para os estados limites de abertura de fissuras, de limitação de deformações e de excesso de vibrações.
Já o funcionamento no Estádio III é considerado nas verificações dos estados limites últimos,
como para solicitações normais (flexão e forças normais) e tangenciais (forças de cisalhamento).

7.2 Dimensionamento à flexão simples.

São considerados apenas os domínios 2 e 3 de deformação, no caso da flexão simples.


Pretende-se que, no dimensionamento nas situações de flexão, a ruptura por ação do momento fletor
ocorra antes de rupturas do tipo frágil, como por cisalhamento ou deficiência de ancoragem. Na
própria ruptura à flexão simples, pretende-se que a situação de deformação plástica excessiva da
armadura ocorra antes da ruptura na região comprimida do concreto, o que corresponde a considerar
εs ≥ εyd.

0 c cu
Domínio 2: c : 0 a cu s = 100/00
kx23 Domínio 3: c : cu s = 100/00a yd
kx23 = cucu +10)
Considerando-se as limitações normativas, temos valores de
2 x/d preponderantes com relação a yd:
3 x/d  0,45 ( fck  50 MPa) temos s  4,280/00
x/d  0,35 ( fck  50 MPa) temos s  1,857 . cu
10 /00s
0
yd
Notações para o dimensionamento de uma seção retangular de concreto à flexão simples, o que
é o caso corrente no projeto de vigas e lajes, são definidas a seguir:
b, h - largura e altura total da seção de concreto
d', d'' - distâncias dos centros de gravidade das armaduras de tração (As) e de compressão (A's),
respectivamente, às faces do concreto mais próximas
d = h - d' - altura útil da seção
c = d - d'' - distância entre centros de gravidade das armaduras de compressão e de tração
c ,s ,'s - deformações específicas da seção, respectivamente aos níveis da fibra mais
comprimida do concreto, da armadura de tração e da armadura de compressão
b αc fcd
d'' c Dd2
 Dd1
A's λx
's
x
MRd1 + MRd2
h d c
z
= c

Msd
As

d' s Zd1 Zd2

72
Dd1 - força resultante das tensões de compressão no concreto
Zd1 = Dd1 - primeira parte da força de tração na armadura inferior (parcela da armadura simples)
Dd2 - força de compressão na armadura superior
Zd2 = Dd2 - segunda parte da força de tração na armadura inferior (parcela da armadura dupla)
A Norma admite considerar um diagrama retangular para a compressão no concreto, para uma
profundidade igual a λx. Consequentemente, z = d – (λ/2) x.
 Dimensionamento, no caso de armadura simples (A's = 0, As = As1)
Dd1 = αc fcd b λ x
Zd1 = Dd1 = As fyd
MRd1 = Zd1 . z
Temos MSd = MRd1. Como nos limitamos aos domínios 2 e 3 de deformação, definidos na NBR
6118, devemos verificar se a profundidade da linha neutra (x) não ultrapassa um valor que leve a
deformação específica da armadura de tração (s) a um valor inferior ao de escoamento (yd),
correspondente ao tipo de aço utilizado. Esta situação corresponde ao limite dos domínios 3 e 4.
Devem ser também verificados os limites definidos no item 7.2 para o parâmetro x/d.

 Dimensionamento, no caso de armadura dupla (A's  0, As = As1 + As2)


No caso de se adotar armadura de compressão, temos MSd = MRd1 + MRd2. O momento MRd1 é
absorvido pela armadura simples e pela compressão no concreto, calculado como mostrado acima. O
momento MRd2 é absorvido pela armadura dupla:

Dd2 = A's fy'd


Zd2 = Dd2 = As2 fyd

Calculam-se A's e As2 a partir de MRd2:


Acréscimo na armadura inferior:
M
As 2  Rd 2
f yd .c
Armadura superior:
M
A's  Rd 2 f y’d - tensão no aço correspondente ao nível de deformação específica 's
f y 'd .c

Nos casos usuais, pode-se considerar f y'd = fyd = fyk / s , como abaixo, em kN/cm2:

Aço CA-25 CA-50 CA-60


f y 'd 21,7 43,5 52,2

7.3 Tabelas de dimensionamento.


Os problemas básicos do dimensionamento são dois:
1º problema: dados fck , fyk e M, obter b e dMIN (altura útil mínima);
2º problema: dados fck , fyk , M, b e d, obter As (e A’s quando d < dMIN).

Para o 2º problema do dimensionamento, definem-se as variáveis adimensionais a seguir:


c
kx  (x = kx . d)
c  s
λ
kz = (1 - 2 . kx) (z = kz . d)

73
Md = Dd1 . z Md = αc fcd b λ x z

Md = αc fcd b λ kx d kz d

Md
Chamando K md  , temos que: Kmd = αc . λ . kx . kz
b.d 2 .f cd

Assim, calculando-se Kmd em função de M, b, d e fcd, pode-se determinar kx e kz.


Os valores de Kmd, calculados de acordo com a segunda expressão acima, são apresentados nas
Tabelas de Dimensionamento.
Para o cálculo da armadura, temos que:
Md = Zd1 . z Md = As fyd . z
Md = As fyk kz d
s
As = Md . 1,15
fyk . kz . d

Pode-se também avaliar os parâmetros kx e kz analiticamente, como mostrado a seguir:


Kmd = αc . λ . kx . kz
Kmd = αc . λ . kx . (1 – (λ /2) . kx )
αc . λ2/2 . kx 2 - αc . λ . kx + Kmd = 0
kx 2 – (2/ λ) kx + 2 / (αc . λ2) Kmd = 0
2.K md
1 1
c
kx   k xLIM (= 0,45 para fck  50 MPa, 0,35 para fck > 50 MPa)

Finalmente considera-se que kz = (1 - λ /2 kx) e que z = kz . d

1º problema do dimensionamento: Determinação da altura útil mínima (dMIN) de uma peça, para um
determinado valor de momento atuante em serviço M.
Como:
Md = Kmd b d2 fcd

(d2)min = Md
b fcd Kmd,max
 f .M
d MIN  (d, b em m ; M e Md em kN.m ; fcd em kN/m2)
fcd .b.K md , max
Os valores de (Kmd)max são dados na tabela abaixo

fck ≤ 50 MPa 60 MPa 70 MPa 80 MPa 90 MPa


Kmd,max 0,251 0,189 0,174 0,160 0,146

Como aproximação, com diferença de até 2%, no caso de fck ≤ 50 MPa:


𝐾𝑚𝑑
kz = 1 - 1,4

74
Em lajes, a determinação do espaçamento das barras (esp, em cm), em função da área de aço
total calculada (em cm2/m) e da área de 1 barra do diâmetro escolhido (em cm2) é facilitada pela
expressão abaixo:
esp = Área de 1 barra x 100
Área total calculada
Recomenda-se a utilização dos espaçamentos padronizados definidos abaixo (em cm):
Espaçamentos: cada 5, cada 7,5, cada 10, cada 12,5, cada 15, cada 17,5 e cada 20.

7.4 Exemplos numéricos


 Exemplo numérico 1
Qual a altura mínima de uma viga para não haver necessidade de armadura de compressão,
sendo esta submetida a um momento em serviço M= 450 kN.m, com largura de 0,20m, usando-se
fck = 20 MPa e aço CA-50? Qual a armadura correspondente?

Md
d MIN 
f cd .b.K md , max
Md = 1,4 . 450 = 630 kN.m; fcd = 20000/1,4=14285 kPa ; Kmd,max = 0,251; fyd = 50/1,15=43,48 kN/cm2
630
d MIN  =0,94m
14285 .0,2.0,251
Md 630
AS   =18,8 cm2 (6  20 mm)
f yd.k z .d 43,48.0,82.0,94

Situação de equilíbrio:

Dd1 = 0,85 . (20000 / 1,4) . 0,20 . 0,337 = 820 kN

Dd1 0,8 x = 0,8 . 0,45 . 0,94 = 0,337m

z = 0,82 . 0,94 = 0,77m (Dd1 = Md /z = 630/ 0,77 = 820 kN)

Zd1= Dd1 As = Zd1 .1,15/ 50 = 18,8 cm2

75
 Exemplo numérico 2
Qual a armadura para uma laje, submetida a um momento de serviço M = 12 kN.m/m, com
altura útil de 0,08 m, usando-se fck = 25 MPa e aço CA-50?
Md = 1,4 . 12 = 16,8 kN.m/m; fcd = 25000/1,4=17857 kPa ; fyd = 50/1,15=43,48 kN/cm2
Md 1,4.12
K md   =0,147; kz = 0,904; kx = 0,24 (analiticamente: kx = 0,239)
b.d 2 .f cd 1.0,08 2.17857
Md 16,8
AS   = 5,34 cm2/m ( 8 mm c/7,5)
f yd.k z .d 43,48.0,904 .0,08
Situação de equilíbrio:
Dd1 = 0,85.(25000 /1,4). 1,00.0,0154 = 233 kN/m

Dd1 0,8 x = 0,8.0,24.0,08 = 0,0154m

z = 0,904.0,08 = 0,0723m (Dd1 = Md/z = 16,8/ 0,0723=232kN/m)

Zd1= Dd1 As = Zd1 .1,15/ 50 = 5,4 cm2/m

A altura útil mínima da laje teria sido:


16,8
d MIN  =0,061m (7cm)
17857 .1,0.0,251
 Exemplo numérico 3
Qual a armadura para uma viga, submetida a um momento de serviço M = 500 kN.m, com
altura total de 1,00m, valores de d’=d’’ iguais a 0,05 m e largura de 0,15 m, usando-se fck = 22 MPa e
aço CA-50?
Md 700
M d  1,4.500  700 kN.m; f cd = 22000/1,4 = 15714 kPa K md    0,329  0,251
b.d .f cd 0,15.0,952.15714
2

Dd2 = A's fy'd


Zd2 = Dd2 = As2 fyd
Parcela de armadura correspondente à armadura simples:
M Rd1 534
2
 0,251 ; MRd1 = 534 kN.m; AS  = 15,77cm2
0,15 .0,95 . 22000 1,4 43,48.0,82.0,95
Parcela de armadura correspondente à armadura dupla:
Acréscimo na armadura inferior:
As2 = MRd2 = 700-534 = 4,24 cm2; Área de aço total, As = 15,77 + 4,24 = 20,0 cm2 (7  20 mm)
f yd . c 43,48 . 0,90
Armadura superior = Acréscimo na armadura inferior:
A's = 4,24 cm2 (4  12,5 mm)

76
TABELAS DE DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO - ESTÁDIO III
f ck ≤50MPa 60MPa 70MPa 80MPa 90MPa
εcu e klim23 3,500 0,259 2,884 0,224 2,656 0,210 2,604 0,207 2,600 0,206
λ e αc 0,800 0,850 0,775 0,808 0,750 0,765 0,725 0,723 0,700 0,680
kx εc εs kz Kmd kz Kmd kz Kmd kz Kmd kz Kmd
0,02 0,20 10,00 0,992 0,013 0,992 0,012 0,993 0,011 0,993 0,010 0,993 0,009
0,04 0,42 10,00 0,984 0,027 0,985 0,025 0,985 0,023 0,986 0,021 0,986 0,019
0,06 0,64 10,00 0,976 0,040 0,977 0,037 0,978 0,034 0,978 0,031 0,979 0,028
0,08 0,87 10,00 0,968 0,053 0,969 0,049 0,970 0,045 0,971 0,041 0,972 0,037
0,10 1,11 10,00 0,960 0,065 0,961 0,060 0,963 0,055 0,964 0,050 0,965 0,046
0,12 1,36 10,00 0,952 0,078 0,954 0,072 0,955 0,066 0,957 0,060 0,958 0,055
0,14 1,63 10,00 0,944 0,090 0,946 0,083 0,948 0,076 0,949 0,070 0,951 0,063
0,16 1,90 10,00 0,936 0,102 0,938 0,094 0,940 0,086 0,942 0,079 0,944 0,072
0,18 2,20 10,00 0,928 0,114 0,930 0,105 0,933 0,096 0,935 0,088 0,937 0,080
0,20 2,50 10,00 0,920 0,125 0,923 0,115 0,925 0,106 0,928 0,097 0,930 0,089
0,22 2,82 10,00 0,912 0,136 0,915 0,126 0,918 0,116 0,920 0,106 0,923 0,097
0,24 3,16 10,00 0,904 0,148 0,907 0,136 0,910 0,125 0,913 0,115 0,916 0,105
0,26 3,50 9,96 0,896 0,158 0,899 0,146 0,903 0,135 0,906 0,123 0,909 0,112
0,28 3,50 9,00 0,888 0,169 0,892 0,156 0,895 0,144 0,899 0,132 0,902 0,120
0,30 3,50 8,17 0,880 0,180 0,884 0,166 0,888 0,153 0,891 0,140 0,895 0,128
0,32 3,50 7,44 0,872 0,190 0,876 0,175 0,880 0,162 0,884 0,148 0,888 0,135
0,34 3,50 6,79 0,864 0,200 0,868 0,185 0,873 0,170 0,877 0,156 0,881 0,143
0,35 3,50 6,50 0,860 0,205 0,864 0,189 0,869 0,174 0,873 0,160 0,878 0,146
0,37 3,50 5,96 0,852 0,214
0,39 3,50 5,47 0,844 0,224
0,41 3,50 5,04 0,836 0,233
0,43 3,50 4,64 0,828 0,242
0,45 3,50 4,28 0,820 0,251

Md
K md 
b.d 2 .f cd
Md
AS 
f yd .k z .d

(d, b em m ; Md em kN.m ; fck , fcd em kN/m2 ; fyk em kN/cm2; As em cm2)

77
8. ESFORÇOS ATUANTES NAS LAJES
8.1 Cargas atuantes nas lajes. Normas de cargas em edifícios.
 Classificação das lajes
As lajes são elementos essenciais em uma estrutura, sendo as de concreto armado as mais
utilizadas na construção civil. As lajes são elementos estruturais em que duas das dimensões
predominam sobre uma terceira (espessura), sendo os carregamentos predominantes aplicados em suas
direções transversais. Encontramos as lajes em edificações residenciais, industriais e comerciais,
pontes, reservatórios, etc. As lajes têm como função resistir às cargas verticais a elas diretamente
aplicadas e transmiti-las aos elementos estruturais que as suportam (vigas, paredes e pilares).
As lajes podem ser classificadas, com relação ao método construtivo, como maciças (em
construção convencional, apoiadas em vigas), lajes cogumelo ou lajes lisas, (apoiadas diretamente
sobre colunas) e lajes nervuradas (lajes apoiadas sobre vigotas ou nervuras, havendo ou não
preenchimento com material inerte entre as nervuras). São também muito utilizadas, na construção,
lajes pré-moldadas, compostas por nervuras pré-fabricadas de concreto armado, blocos cerâmicos entre
as nervuras e uma camada de concreto de capeamento, aplicada “in loco” para solidarizar o conjunto.
A vantagem deste tipo de laje é a rapidez da sua execução e a economia em formas e escoramento.
 Carregamentos básicos aplicados nas lajes
As cargas atuantes nas lajes, em geral, são definidas pela NBR 6118. Deve ser considerada a
influência das cargas permanentes e variáveis e de todas as ações que possam produzir esforços
importantes, de acordo com as normas e com as condições peculiares a cada obra.
Simbolicamente, as cargas nas lajes são: p = g + q +  (carga total = carga permanente + carga
variável + carga devida a deformações próprias e impostas). Cargas excepcionais são também previstas
pela NBR 6118, mas somente serão consideradas se exigências específicas de segurança forem
definidas no projeto de uma determinada estrutura.
Cargas durante as fases construtivas devem ser verificadas, inclusive os esforços decorrentes da
montagem de peças pré-moldadas e os que apareçam durante a fase de retirada dos escoramentos.
 Cargas em estruturas de edificações
A NBR 6120 define as cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Outras normas
brasileiras de cargas podem ser citadas, como a NBR 6123 para as ações de vento e a NBR 15421 para
a ação dos terremotos. No caso de obras industriais, deve ser considerado o peso dos equipamentos a
serem instalados na edificação e as cargas variáveis que poderão ocorrer durante as diferentes fases de
montagem, operação e manutenção da instalação. Na avaliação das cargas variáveis, estas devem ser
consideradas em suas posições mais desfavoráveis.
Resume-se a seguir, o peso específico de diversos materiais de construção, como definido na
NBR 6120.
Materiais Peso específico aparente (kN/m3)
Aço 77,8
Argamassa de cal, cimento e areia 19
Argamassa de cimento e areia 21
Asfalto 13
Blocos cerâmicos furados 13
Blocos cerâmicos maciços 18
Blocos vazados de concreto 14
Concreto armado 25
Concreto simples 24
Granito e basalto 29
Lajotas cerâmicas 18
Madeiras 4 a 12
78
Para a avaliação da carga por metro quadrado devida a paredes de alvenaria, deve-se considerar
a espessura do revestimento de argamassa de cal, cimento e areia. Por exemplo, para uma parede de
blocos cerâmicos furados, de 15 cm de espessura, considerando-se que um total de 5 cm corresponde
ao revestimento, a carga total por metro quadrado de parede, será de:
a = 0,10 x 13 + 0,05 x 19 = 2,25 kN/m2
Paredes leves, do tipo drywall, pesam 0,5 kN/m2.
Quando forem previstas paredes divisórias sem posição definida em projeto, deve-se considerar
uma carga uniformemente distribuída adicional, conforme a tabela abaixo. A carga adicional pode ser
dispensada para pavimentos cuja carga variável de projeto seja maior ou igual a 4,0 kN/m2.

Peso próprio (p.p.) da parede acabada (kN/m) Carga adicional(kN/m2)


p.p. ≤ 1,0 0,5
1,0 < p.p. ≤ 2,0 0,75
2,0 < p.p. ≤ 3,0 1,0
p.p. > 3,0 Não permitido

A NBR 6120 define também o peso, por metro quadrado, de diversos revestimentos e forros de
piso, como a seguir resumido.

Revestimento Peso
(kN/m2)
Revestimentos de pisos de edifícios residenciais e comerciais, com 1,0
espessura de até 5 cm.
Revestimentos de pisos de edifícios industriais, com espessura de até 5 cm. 1,7
Impermeabilizações em coberturas com manta asfáltica e proteção 2,7
mecânica, sem revestimento, com espessura de até 15 cm.
Telha cerâmica em geral. 0,45
Telha de fibrocimento modulada com espessura de até 8 mm. 0,26
Forro de gesso acartonado, incluindo estrutura de suporte. 0,25
Forro de gesso em placas, incluindo estrutura de suporte. 0,15
Dutos de ar-condicionado, com isolamento térmico. 0,30

Ao longo de parapeitos e balcões em áreas privativas de unidades residenciais e escritórios,


devem ser consideradas aplicadas uma carga acidental horizontal de 1,0 kN/m e uma acidental vertical
de 2 kN/m na altura do corrimão. Para outros tipos de ocupação, a NBR 6120 deve ser consultada.
A NBR 6120, define valores mínimos para cargas acidentais em edifícios residenciais e
comerciais, como resumido a seguir. Para outros tipos de ocupação, consultar a NBR 6120.

79
Local Carga
(kN/m2)
Áreas técnicas (com equipamentos) Avaliar em cada caso -
Balcões, sacadas, varandas e terraços Residencial 2,5
Comercial e escritórios 3
Com acesso público (hotéis, hospitais, 4
escolas e teatros)
Barriletes Avaliar em cada caso, com valor mínimo de 1,5
Casas de máquinas v ≤ 1,0 m/s 30
v > 1,0 m/s 50
Poço do elevador 50
Coberturas Com acesso apenas para manutenção ou 1
inspeção
Com placas de aquecimento solar ou 1,5
fotovoltaicas
Edifícios residenciais Dormitórios, sala, copa, cozinha, sanitários e 1,5
corredores dentro de unidades autônomas
Despensa, área de serviço e lavanderia 2
Quadras esportivas 5
Salão de festas, salão de jogos, áreas de uso 3
comum, academia, corredores de uso comum
e depósitos
Forro acessível apenas para manutenção e 0,1
sem estoque de materiais
Edifícios comerciais e de escritórios Salas de uso geral e sanitários 2,5
Regiões de arquivos deslizantes 5
Call center 3
Corredores dentro de unidades autônomas 2,5
Corredores de uso comum 3
Escadas Residenciais, dentro de unidades autônomas 2,5
Residenciais, uso comum 3
Edifícios comerciais e escritórios 3
Garagens em edificações residenciais, Carga distribuída 3
comerciais e de escritórios, com
circulação limitada a veículos de até Carga concentrada, atuando em uma área de 12 (kN)
30 kN (Classe I da NBR 6120) 10 cm x 10 cm
Helipontos Consultar o item 6.7 da NBR 6120 -
Lojas e centros comerciais Circulação e lojas em geral 4
Praça de alimentação ‒ área de público 6
Praça de alimentação ‒ área de cozinhas 7,5
Cinemas e teatro – plateia com assentos fixos 4
Cinemas e teatro – acessos e corredores 5
Sanitários 2
Depósitos 5
Salas administrativas 2,5
Região de caixas eletrônicos 12
Vestíbulos (acessos) Sem acesso público 1,5
Com acesso público, residenciais (uso 3
comum), edifícios comerciais e escritórios

80
Em pavimentos elevados que permitam o acesso de veículos até paredes ou guarda-corpos, em
pilares próximos a descidas de rampas e pilares adjacentes a vias públicas ou particulares, estes
elementos devem ser verificados para as forças horizontais especificadas no item 6.6.1 da NBR 6120.
Alternativamente, podem-se prever barreiras que impeçam a eles o acesso dos veículos,
projetadas para as mesmas cargas.
Estas forças horizontais podem ser consideradas como excepcionais, conforme a ABNT NBR
8681, e não concomitantes com outras forças variáveis.

 Avaliação das cargas nas lajes


As cargas aplicadas nas faces superiores das lajes podem ser espraiadas a 45° até o seu plano
médio, como ilustrado abaixo.

As cargas devidas ao peso próprio das lajes são obtidas multiplicando-se as suas respectivas
espessuras pelo peso específico do material:

gp = h . 25 (kN/m2)

As cargas devidas a enchimentos atuam no caso, por exemplo, de lajes com rebaixos. Rebaixos
em banheiros, usuais no passado, foram modernamente substituídos por forros falsos em gesso. Cargas
de enchimentos são obtidas multiplicando-se as suas respectivas espessuras pelo peso específico do
material. Supondo o enchimento feito com entulho da obra, vezes uma espessura hp:

gp = hp . 15 (kN/m2)

As cargas das alvenarias nas lajes podem, em geral, ser consideradas como uniformemente
distribuídas. A carga total da alvenaria é igual ao peso por metro quadrado da parede, vezes a sua
altura H e vezes o seu comprimento em planta l, dividido pela área da laje (produto de seus vãos
teóricos lx e ly). Obtém-se a carga distribuída final de alvenaria a ser considerada:

ga = a . H . l (kN/m2)
lx . l y

81
 Exemplo numérico de avaliação da carga total em uma laje

Seja a laje abaixo, com espessura h = 10 cm, com utilização prevista para dormitório. As
paredes são de blocos cerâmicos, de 15 cm de espessura.

a = 2,25 kN/m2
Sem descontar o vão da porta:
ga = 2,25 x 2,90 x (5,00 + 4,00) / (5,00 x 6,00) = 1,96 kN/m2
p = g + q = (25 x 0,10 + 1,0 + 1,96) + 1,5 = 5,46 + 1,5 = 6,96 kN/m2
Descontando o vão da porta:
ga = 2,25 x (2,90 x 9,00 - 0,9 x 2,1) / (5,00 x 6,00) = 1,82 kN/m2
p = g + q = (25 x 0,10 + 1,0 + 1,82) + 1,5 = 5,32 + 1,5 = 6,82kN/m2

82
8.2 Tipos de lajes: simples, contínuas e em balanço. Lajes armadas em uma direção.

 Classificação das lajes de acordo com seus apoios

As lajes, quanto às condições de apoio, podem ser simplesmente apoiadas, engastadas,


contínuas ou em balanço. A influência desfavorável de engastamentos elásticos deve ser considerada,
se não puder se garantir as condições ideais de apoio simples ou de engastamento perfeito.

b
al l0 a2

leff leff leff


Laje simplesmente apoiada Laje contínua, apoiada sobre vigas, com um
sobre paredes de alvenaria balanço e com um engastamento à esquerda
(leff = l0 + a1 + a2; ai é o menor valor entre b /2 ou 0,3 h)

As lajes continuamente apoiadas são classificadas como armadas em uma ou em duas direções,
dependendo se a relação entre o maior e o menor vão da laje, for maior ou menor do que dois,
respectivamente. A NBR 6118, no seu item 14.7.2.2, define as dimensões dos vãos teóricos como as
distâncias entre os centros dos apoios, não sendo, no entanto, necessário considerar valores superiores
ao vão livre acrescido, em cada apoio, do menor valor entre a largura do apoio vezes 0,5 e a espessura
da laje no meio do vão vezes 0,3.

 Lajes armadas em uma direção. Cálculo para cargas distribuídas


Quando a relação entre o vão maior e o vão menor em uma laje é superior a dois, pode-se
considerar a laje como armada em uma só direção. Para estas lajes se considera que as curvaturas na
direção do vão menor são preponderantes com relação às do vão maior, o que conduz a que somente os
esforços internos na direção do vão menor sejam significativos.
As lajes contínuas armadas em uma direção podem ser calculadas como vigas contínuas. Não
devem ser considerados momentos positivos menores que os correspondentes aos vãos considerados
como engastados, quando houver continuidade.
Nos casos em que as lajes possam ser consideradas como perfeitamente apoiadas ou
engastadas, os momentos fletores podem ser avaliados através da expressão M = (g + q) l2 / ß, sendo os
valores de ß dados abaixo, para diversas condições de apoio e engaste das lajes. As reações de apoio
podem ser avaliados através da expressão R = (g + q) l .ψ, sendo os valores de ψ também dados
abaixo (entre parênteses).

-2 -8 -12 -12
8 14,22 24
(1,0) (0,5) (0,5) (0,625) (0,375) (0,5) (0,5)

83
 Lajes armadas em uma direção. Cálculo para cargas concentradas
No caso de lajes armadas em uma direção, sob a ação de cargas concentradas, será considerado
o cálculo como viga equivalente, através da definição da largura efetiva bw.

b = a + h (ver item 5.1)

L
a1 (a seção considerada
encontra-se neste
intervalo)

bw

A largura efetiva bw é igual à largura b da carga, se b for maior que o vão teórico L ou do
comprimento do balanço, e no caso contrário, igual a:

a) para momentos fletores positivos:


bw = b + 2 a1 (L - a1) ( 1 - b )
L L
b) para momentos fletores negativos:
bw = b + a1 (2L - a1) ( 1 - b )
L L
c) para forças cortantes:
bw = b + a1 (1 - b )
L
d) para momentos fletores em lajes em balanço:
bw = b + 1,5 a1 ( 1 - b )
L
e) para cortantes em lajes em balanço:
bw = b + 0,5 a1 (1 - b )
L
 Exemplo
p = 10 kN/m 2
h = 10 cm
b = 0,2 + 0,1 = 0,3m
Para o momento:
P = 20 kN
bw = 0,3+ 2 . 2,5 (5 – 2,5) (1 – 0,3) = 2,65m
L =5m 5 5
20 mp = p L2 = 10 . 52 = 31,25 kN.m/m
a1 = 8 8
20 MP= PL = 25 kNm mP= 25 = 9,43 kNm/m
2,5m
4 2,65
m= 40,68 kNm/m
M, V

84
Para o cortante:
bw = 0,3 + 2,5 . (1 – 0,3) = 2,65m vp = p L = 10 . 5 = 25,0 kN/m
5 2 2
VP= P = 20 = 10 kN vP= 10 = 3,77 kN/m v = 28,77 kN/m
2 2 2,65
 Momentos em engastes no vão maior
Em situações como as esquematizadas abaixo, em que há engastamento em ao menos um dos
vãos menores, surgem momentos negativos não desprezíveis nestes engastes (na direção secundária,
portanto). Estes momentos podem ser avaliados, com base nas tabelas de Czerny, como:
2
 p.l
my  x
 my
Os valores de -my são definidos em função das condições de engastamento:

my- my- my-

-my = -8 -my = -12 -my = -17,5


Surgem também momentos positivos nas direções secundárias, mas com valores numéricos
muito menores, podendo ser desprezados.
 Exemplo numérico
Calcular as armaduras para o painel de lajes esquematizado abaixo.
Dados: h=10cm, d=8cm, fck = 20 MPa, aço CA-50.
Lajes servindo para piso de lojas, revestidas de piso cerâmico.
Carga total: g + q = 0,1 x 25 + 1,0 + 4,0 = 7,5 kN/m2

4m 4m 4m

10m L1 L2 L3

Momento M Md Kmd kz As (cm2/m) Armação


Pos., L1 +8,44 +11,81 0,129 0,912 3,72  8 mm c 12,5
Neg.,L1/L2 -12,50 -17,5 0,191 0,864 5,82  8 mm c 7,5
Pos.,L2 +5,00 +7,00 0,076 0,952 2,11  8 mm c 20
Obs: o momento negativo entre L1 e L2 é o maior valor absoluto entre a média (-12,5 kNm/m) e 80%
do maior momento (-12,00 kNm/m) nas duas lajes.
Armação secundária positiva e negativa complementar no contorno:
 6,3 mm c 20 = 1,56 cm2/m (ver item 9.2)

85
8.3 Cálculo dos momentos fletores nas lajes armadas em duas direções.
 O Método das Grelhas

O cálculo de momentos fletores e esforços cortantes em lajes armadas em duas direções é


efetuado por meio de tabelas, baseadas em algum tipo de simplificação da Teoria da Elasticidade, pelo
Método das Linhas de Ruptura (charneiras plásticas), ou numericamente por processos como o Método
dos Elementos Finitos. O processo de cálculo mais elementar é o Método das Grelhas, que é aqui
apresentado principalmente por fornecer uma primeira visão do comportamento das lajes funcionando
em duas direções e por poder servir como base para métodos mais elaborados.
Seja uma laje retangular, apoiada nas quatro bordas, com vão menor igual a lx e vão maior igual
a ly. Sendo a laje armada em duas direções, ao receber um carregamento distribuído, ela flete em suas
duas direções, atingido uma flecha máxima igual a "f " no centro do vão.

py lx fx

px

ly

fy
Este método considera, para a obtenção dos esforços, duas faixas independentes, com largura
unitária, nas duas direções ortogonais da laje. A carga total "p" aplicada à laje é dividida em duas
partes, px e py (p = px + py), entre as duas direções. O fato de se considerar as duas direções como
independentes faz com que os esforços obtidos estejam muito a favor da segurança, relativamente a
resultados mais precisos, obtidos a partir da Teoria da Elasticidade.
A carga px atuando no vão lx provoca uma flecha fx e, analogamente, a carga py atuando no vão
ly provoca uma flecha fy . No ponto central da laje deve-se ter igualdade destas flechas com a flecha
máxima: f = fx = fy .
Considera-se o valor das flechas nas faixas ortogonais como sendo iguais a:

f =  p l4
384 EI

E, I, l são o módulo de deformação longitudinal, o momento de inércia e o vão da laje,


respectivamente;  é fornecido abaixo, em função das condições de apoio:

=5 =2 =1  = 48

Igualando-se as flechas nas duas direções, temos:

x px lx4 = y py ly4

86
Ou:

px = y ly4 py
x lx4

Como p = px + py ,

(y ly4 + 1) py = p
x lx4

ky = py = 1 / ( y ly4 + 1 )
p x lx4

kx = 1 – ky

Os esforços internos para cada uma das faixas são obtidos considerando-se vigas isoladas de
largura unitária, submetidas ao quinhão de carga correspondente. Para a direção "x", por exemplo:

px = kx . p

Momento negativo:

mx- = px . lx2
nx'

Momento positivo:

mx+ = px . lx2
mx'

Valores de n' e m', no caso geral (direção x ou y), em função das condições de apoio:

n' = 8 n' = 12 n' = 12

m' = 8 m' = 14,22 m' = 24

ψ1 = 0,5 ψ2 = 0,5 ψ1 = 0,625 ψ2 = 0,375 ψ1 = 0,5 ψ2 = 0,5

87
 O Método de Marcus

O Método de Marcus, bastante utilizado na prática de projeto, parte do Método das Grelhas e
introduz fatores de redução empíricos, apenas para os momentos positivos. Estes fatores procuram
corrigir as simplificações consideradas no Método das Grelhas, relativamente ao comportamento das
lajes como faixas independentes nas duas direções.
Os fatores de redução, a serem multiplicados aos momentos positivos, considerados nas
direções "x" e "y" são, respectivamente:

vx = 1 – 20 kx lx2
3 mx' ly2
vy = 1 – 20 ky ly2
3 my' lx2

Nestas expressões, kx , lx , mx' , ky , ly , my' têm o mesmo significado definido anteriormente


para o Método das Grelhas. A vantagem do método de Marcus é a sua simplicidade, que o torna
particularmente adequado para sua automatização.

 Tabelas de Czerny

Existem disponíveis diversas tabelas para o cálculo de esforços, baseadas na Teoria Matemática
da Elasticidade. Entre estas, estão as tabelas de Czerny, reproduzidas nas páginas que se seguem, para
todas as situações de lajes retangulares perfeitamente apoiadas ou engastadas em seu contorno.
Para a aplicação das tabelas de Czerny, deve-se considerar que o vão menor é sempre lx . Os
momentos positivos e negativos nas duas direções das lajes são obtidos em função de parâmetros
obtidos nas tabelas, em função da relação dos vãos ly / lx :
Momento negativo no vão menor:
mx- = p . lx2
–mx

Momento positivo no vão menor:


mx+ = p . lx2
mx

Momento negativo no vão maior:


my- = p . lx2
–my

Momento positivo no vão maior:


my+ = p . lx2
my

Observar sempre a simetria de momentos quando há dois engastamentos em uma direção.

 Outras tabelas para lajes

Uma alternativa para o cálculo de lajes são as tabelas de Stiglat/Wippel, bastante completas,
cobrindo situações de lajes de comprimento infinito, lajes retangulares com bordos livres e com
carregamentos diferentes do uniforme (como o triangular, em linha, concentrados, etc.), lajes
triangulares, lajes apoiadas em pontos, lajes circulares, anelares, apoiadas no solo, etc. Outras
referências com tabelas para cálculo de lajes são os livros de Barès e de Szilard.

88
 Caso de diferentes condições de engastamento em uma aresta

No caso de um lado que seja, por exemplo, apoiado em um trecho e engastado em outro trecho,
uma destas duas condições pode ser considerada como preponderante se corresponder pelo menos a
2/3 do lado. Caso contrário, a laje deverá ser calculada para as duas condições de bordo, devendo ser
tomados os esforços mais desfavoráveis para cada situação.

 Compatibilização dos momentos negativos

No caso de lajes com cargas acidentais pequenas relativamente às cargas permanentes, o que é
o caso usual em estruturas de edificações prediais, o cálculo dos momentos fletores pode ser feito para
as cargas totais atuantes nas lajes (permanentes + acidentais). As condições de suporte consideradas
são de engastamento ou de apoio simples, dependendo de haver ou não continuidade com lajes
vizinhas. Para se compatibilizar os momentos negativos em lajes vizinhas, pode ser adotado o critério
de considerar-se como momento para o dimensionamento, a média entre os momentos negativos nas
lajes calculadas como perfeitamente engastadas, desde que este valor não seja inferior a 80 % do maior
dos dois momentos e desde que uma das duas não seja uma laje em balanço. Neste último caso, o
momento da laje em balanço é isostático e é o que deve ser considerado na interface.

 Caso de grandes sobrecargas

No caso de grandes sobrecargas, que é o caso usual em edificações industriais, deve-se analisar
o caso das sobrecargas aplicadas não simultaneamente em todas as lajes. As sobrecargas devem ser
dispostas de forma a fornecer os máximos valores de momentos fletores positivos e negativos nas
lajes.
Para estruturas de edifícios em que a carga variável seja de até 5 kN/m2 e que seja no máximo
igual a 50% da carga total, a análise pode ser realizada sem a consideração de alternância de cargas.
No caso das lajes estarem dispostas regularmente, em painéis retangulares, a configuração que
fornece os maiores momentos negativos é a que considera as sobrecargas como um tabuleiro de
xadrez. Como aproximação para a situação que fornece os momentos máximos devidos às cargas
acidentais, pode-se calcular as lajes isoladamente, supondo-as com o mesmo sistema estrutural usado
para a carga permanente, para os momentos negativos e com todas as bordas simplesmente apoiadas
para o cálculo dos momentos positivos.
No caso de edifícios, a NBR 8681, em suas Tabelas 2 e 5, prescreve que, se q ≥ 5 kN/m2, deve-
se utilizar como coeficientes de majoração de cargas, para as parcelas permanente e acidental,
respectivamente, γfg = 1,35 e γfq = 1,50.

89
TIPO 1 2 3 4 5
ly / lx mx my mx -my my -mx mx my mx -my my -mx mx my
1,00 27,2 27,2 41,2 11,9 29,4 11,9 31,4 41,2 63,3 14,3 35,1 14,3 35,1 61,7
1,05 24,5 27,5 36,5 11,3 29,0 11,3 29,2 43,2 52,2 13,4 33,7 13,8 33,0 64,5
1,10 22,4 27,9 31,9 10,9 28,8 10,9 27,3 45,1 46,1 12,7 32,9 13,5 31,7 67,2
1,15 20,7 28,4 28,3 10,4 28,8 10,5 25,8 47,1 39,8 12,0 32,2 13,2 30,4 69,6
1,20 19,1 29,1 25,9 10,1 28,9 10,2 24,5 48,8 35,5 11,5 31,7 13,0 29,4 71,5
1,25 17,8 29,9 23,4 9,8 29,2 9,9 23,4 50,3 31,5 11,1 31,3 12,7 28,5 72,8
1,30 16,8 30,9 21,7 9,6 29,7 9,7 22,4 51,8 28,5 10,7 31,2 12,6 27,8 73,5
1,35 15,8 31,8 20,1 9,3 30,2 9,4 21,6 53,2 25,8 10,3 31,2 12,4 27,1 74,1
1,40 15,0 32,8 18,8 9,2 30,8 9,3 21,0 54,3 23,7 10,0 31,4 12,3 26,6 74,6
1,45 14,3 33,8 17,5 9,0 31,6 9,1 20,3 55,0 22,0 9,75 31,7 12,2 26,1 75,3
1,50 13,7 34,7 16,6 8,9 32,3 9,0 19,8 55,6 20,4 9,5 32,1 12,2 25,8 75,8
1,55 13,2 35,4 15,7 8,8 33,0 8,9 19,4 56,2 19,0 9,3 32,7 12,1 25,4 76,5
1,60 12,7 36,1 15,0 8,7 33,6 8,8 19,0 56,8 17,9 9,2 33,3 12,0 25,2 77,0
1,65 12,3 36,7 14,3 8,6 34,3 8,7 18,6 57,3 16,9 9,05 34,0 12,0 24,9 77,0
1,70 11,9 37,3 13,8 8,5 34,9 8,6 18,3 57,8 16,0 8,9 34,9 12,0 24,7 77,0
1,75 11,5 37,9 13,2 8,45 35,6 8,5 18,0 58,2 15,2 8,8 35,9 12,0 24,5 77,0
1,80 11,3 38,5 12,8 8,4 36,2 8,4 17,8 58,6 14,6 8,7 37,1 12,0 24,4 77,0
1,85 11,0 38,9 12,3 8,35 36,9 8,3 17,5 58,8 13,9 8,6 38,3 12,0 24,3 77,0
1,90 10,8 39,4 12,0 8,3 37,5 8,3 17,4 59,0 13,4 8,5 39,7 12,0 24,3 77,0
1,95 10,6 39,8 11,6 8,25 38,2 8,3 17,2 59,1 12,9 8,4 41,1 12,0 24,2 77,0
2,00 10,4 40,3 11,4 8,2 38,8 8,3 17,1 59,2 12,5 8,4 42,4 12,0 24,1 77,0

my my my my my

mx mx -mx mx mx -mx mx

-m y -m y

TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 4 TIPO 5

TABELAS DE CZERNY

90
TIPO 6 7 8 9
ly / lx -m x mx -my my -m x mx -my my -m x mx -my my -m x mx -my my
1,00 14,3 40,2 14,3 40,2 18,3 59,5 16,2 44,1 16,2 44,1 18,3 55,9 19,4 56,8 19,4 56,8
1,05 13,3 38,0 13,8 41,0 16,6 51,6 15,4 43,6 15,3 40,5 17,9 57,5 18,2 50,6 18,8 58,2
1,10 12,7 35,1 13,6 42,0 15,4 46,1 14,8 43,7 14,8 37,9 17,7 60,3 17,1 46,1 18,4 60,3
1,15 12,0 32,2 13,3 42,9 14,4 41,4 14,3 44,2 14,2 35,5 17,6 64,2 16,3 42,4 18,1 62,6
1,20 11,5 30,0 13,1 44,0 13,5 37,5 13,9 44,8 13,9 33,8 17,5 66,2 15,5 39,4 17,9 65,8
1,25 11,1 28,0 12,9 45,6 12,7 34,2 13,5 45,8 13,5 32,3 17,5 67,7 14,9 37,0 17,7 69,4
1,30 10,7 26,5 12,8 47,6 12,2 31,8 13,3 46,9 13,2 31,0 17,5 69,0 14,5 34,8 17,6 73,6
1,35 10,3 25,2 12,7 49,6 11,6 29,6 13,1 48,6 12,9 29,9 17,5 70,5 14,0 33,3 17,5 78,4
1,40 10,0 24,1 12,6 51,0 11,2 28,0 13,0 50,3 12,7 29,0 17,5 72,0 13,7 31,9 17,5 83,4
1,45 9,8 23,1 12,5 52,1 10,9 26,4 12,8 52,3 12,6 28,2 17,5 73,4 13,4 30,6 17,5 89,4
1,50 9,6 22,2 12,4 53,0 10,6 25,2 12,7 55,0 12,5 27,6 17,5 75,2 13,2 29,6 17,5 93,5
1,55 9,4 21,6 12,3 54,1 10,3 24,2 12,6 58,2 12,4 27,0 17,5 76,9 13,0 28,8 17,5 96,1
1,60 9,2 21,0 12,3 54,8 10,1 23,3 12,6 61,6 12,3 26,5 17,5 78,7 12,8 28,1 17,5 98,1
1,65 9,1 20,4 12,2 55,6 9,9 22,5 12,5 65,6 12,2 26,1 17,5 80,5 12,7 27,5 17,5 99,9
1,70 8,9 19,9 12,2 56,3 9,7 21,7 12,5 70,4 12,2 25,7 17,5 82,5 12,5 26,9 17,5 101
1,75 8,8 19,5 12,2 57,0 9,5 21,1 12,4 75,0 12,1 25,3 17,5 84,6 12,4 26,4 17,5 102
1,80 8,7 19,1 12,2 57,7 9,4 20,5 12,4 79,6 12,1 25,1 17,5 86,8 12,3 26,0 17,5 103
1,85 8,6 18,7 12,2 58,3 9,2 20,0 12,3 84,7 12,0 24,9 17,5 89,2 12,2 25,7 17,5 104
1,90 8,5 18,4 12,2 59,0 9,0 19,5 12,3 89,8 12,0 24,7 17,5 91,7 12,1 25,4 17,5 105
1,95 8,4 18,1 12,2 59,6 8,9 19,1 12,3 95,4 12,0 24,6 17,5 94,3 12,0 25,2 17,5 105
2,00 8,4 17,9 12,2 60,2 8,8 18,7 12,3 101 12,0 24,5 17,5 97,0 12,0 25,0 17,5 105

my my my my

-m x mx -mx mx -mx mx -mx mx

-m y -my -m y -m y

TIPO 6 TIPO 7 TIPO 8 TIPO 9

TABELAS DE CZERNY

91
8.4 Cálculo das reações de apoio nas lajes. O método das charneiras plásticas.
 Cálculo das reações de apoio pelo método dos quinhões de carga
Segundo a NBR 6118, em seu item 14.7.6.1, as reações de apoio das lajes podem ser
determinadas pelo método dos quinhões de carga. Consideram-se retas a partir dos vértices, com
ângulos de 45° entre dois apoios do mesmo tipo, 60° de um apoio engastado para um apoiado e 90° de
um apoio para uma borda livre. As tabelas na página seguinte fornecem as expressões para o cálculo
das reações de apoio para lajes retangulares, para as diversas condições de bordo (engastes e apoios
simples). Observar que em alguns casos desta tabela, L e l podem não ser o vão maior e menor,
respectivamente, devendo esta condição ser verificada caso a caso através das desigualdades
apresentadas.
 O Método das Charneiras Plásticas
A NBR 6118, em seu item 14.7.4, permite uma análise plástica das lajes, pelo Método das
Charneiras Plásticas, desde que as seguintes condições sejam atendidas:
a) Na ausência de uma verificação explícita da capacidade de rotação plástica das charneiras, a
profundidade da linha neutra é limitada em:
kx = x/d ≤ 0,25 se fck ≤ 50 MPa e kx = x/d ≤ 0,15 se fck > 50 MPa
b) Nas regiões das bordas com momentos negativos, estes devem ser pelo menos iguais a 1,5
vezes os valores dos momentos positivos no vão.
c) Cuidados especiais devem ser tomados nas verificações nos estados limites de serviço de
abertura de fissuras e de deformações excessivas, principalmente quando a relação adotada
entre os momentos divergir muito da resultante de uma análise elástica.
Seja a laje abaixo a ser calculada, em que as condições de apoio ou engaste nas quatro arestas são
quaisquer.

Supõe-se que os momentos positivos nas duas direções sejam iguais a m e m. Os momentos
negativos em cada aresta são pré-definidos pelo projetista, a partir dos momentos positivos m e m e
de coeficientes i, escolhidos preferencialmente de forma a se obter momentos negativos próximos dos
obtidos pela Teoria da Elasticidade. Os coeficientes i serão iguais a 0, se a aresta for apoiada. Em
resumo:
Positivos: iguais a m e m.
Negativos: m1 = .i1.m ; m2 = i2.m ; m3 = .i3.m ; m4 = i4.m
p.a r .b r 2a 2b
m ; ar  ; br 
 a b  1 i2  1 i4 ( 1  i1  1  i 3 ). 
8.1  r  r 
 br a r 
Exemplo:
Laje engastada nos quatro lados, com a = 4 m, b = 6 m, p = 8 kN/m2
Fazendo  = 0,317, i2 = i4 = 2,242, i1 = i3 = 5,343, tem-se:
ar = 2,222m; br =4,231m; m = 2,741 kNm/m (o momento correspondente por Czerny é 58%
maior, igual a 4,324 kNm/m, tendo sido mantida a proporcionalidade dos outros momentos).
92
93
9. DETALHAMENTO DAS LAJES

9.1 Definição das espessuras das lajes. Flechas admissíveis.

 Definição das espessuras das lajes

No projeto dos edifícios, a definição adequada das espessuras das lajes é essencial para a
economia final da construção. A definição econômica das espessuras parte de uma estrutura bem
lançada, em que os vãos das diversas lajes de um piso sejam equilibrados. Devem-se adotar espessuras
econômicas, mas que não conduzam a flechas excessivas ou a um dimensionamento das armaduras
que leve a uma concentração exagerada de barras da armação.
A NBR 6118, no item 13.2.4.1, define as espessuras mínimas para lajes maciças:
a) 7 cm - lajes de cobertura não em balanço;
b) 8 cm - lajes de piso não em balanço;
c) 10 cm - lajes em balanço;
d) 10 cm - lajes que suportem veículos com peso de até 30 kN;
e) 12 cm - lajes que suportem veículos com peso superior a 30 kN;
f) l/42 para lajes de piso biapoiadas e l/50 para lajes de piso contínuas, sendo l o vão menor da laje
(esta recomendação, específica para lajes protendidas, é apenas indicativa para lajes maciças).

 Limitação das flechas nas lajes


A NBR 6118, em seu item 13.3, define deslocamentos limites a serem atendidos na verificação
do estado limite de deformações excessivas em uma estrutura.
As deformações não devem ser prejudiciais à estrutura ou parte dela, assim como a elementos
da construção apoiados na estrutura ou situados sob os elementos estruturais. Contra-flechas devem ser
adotadas quando conveniente, desde que seu valor não ultrapasse l/350. No cálculo das deformações
deve ser levada em conta a fluência.
Os critérios definidos pela Norma para as deformações máximas são ligados à aceitabilidade
visual, às vibrações sentidas em pisos devidas às cargas acidentais, à planaridade de estruturas que
devem, por exemplo, drenar água ou suportar equipamentos sensíveis e à proteção quanto a eventuais
danos em elementos não estruturais como alvenarias e divisórias.
As limitações usuais de flechas em edifícios, relativamente à aceitabilidade sensorial são
definidas na Tabela 13.2 da Norma e reproduzidas abaixo. Este item da Norma deve ser consultado
com relação a outras limitações.
a) considerando todas as ações (cargas de longa duração): 1/250 do vão;
b) considerando somente as cargas acidentais: 1/350 do vão.
Observe-se que, no caso de balanços, o vão efetivo a considerar é igual ao dobro do vão real do
balanço.
O cálculo das deformações poderá ser feito no Estádio I para lajes, considerando sua seção não
fissurada (item 14.7.3.1, da Norma). Deve ser usado o módulo de deformação Ec igual ao módulo
secante Ecs do concreto, ver item 3.3.
De acordo com o item 11.8.3, da NBR 6118, para o cálculo das flechas pode-se considerar uma
combinação de cargas quase-permanentes, o que corresponde a se tomar 30% do valor das cargas
acidentais em edifícios residenciais, 40% em edifícios comerciais, de escritórios, estações e edifícios
públicos e 60% em bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens (coeficiente Ψ2).
A fluência pode ser considerada de forma muito simplificada, multiplicando-se as flechas
calculadas elasticamente por 3,00 (para cargas aplicadas antes de decorrerem quatro meses de
construção) e 2,00 (para cargas aplicadas após quatro meses de construção).

94
 Determinação analítica das flechas elásticas nas lajes
Para lajes armadas em uma direção pode ser aplicada a expressão a seguir, da Resistência dos
Materiais, já definida no item 5.3:
𝛼𝑝𝑙 4 𝑃𝑙 3
𝑓 = 384𝐸𝐼 (Para uma carga concentrada na extremidade de um balanço: 𝑓𝐶𝐶 = 3𝐸𝐼 )

E, I, l são o módulo de deformação longitudinal, o momento de inércia e o vão da laje,


respectivamente;  é fornecido em função das condições de apoio: CC

=5 =2 =1  = 48

Para lajes armadas em duas direções pode ser aplicada a expressão abaixo, em que os
coeficientes “” são fornecidos nas tabelas de Czerny da página seguinte, da mesma forma em que já
foi definido para a obtenção de momentos fletores, tendo os parâmetros usados e os tipos das lajes o
mesmo significado já definido no item 5.3:

f =  p lx4 (h é a espessura total e lx o menor vão da laje)


E h3

 Exemplo de avaliação analítica de flecha :


Seja determinar a flecha na laje esquematizada abaixo.

7,20m

lx = 4,50m

De acordo com a expressão de Czerny:

f =  p lx4
E h3

Supondo fck = 25 MPa, E = 1,0 (rocha matriz granito) e edifício residencial:

Eci = E. 5600 f ck =1,0.5600.√25 = 28000MPa


f ck
i = (0,8+0,2 . ) = 0,8625 ≤ 1,0
80
Ecs = i . Eci = 0,8625 Eci = 24150 MPa = 2,415 x 107 kPa

h = 0,1m lx = 4,50m (vão menor)

95
lx / ly = 7,20/4,50 = 1,6 , laje Tipo 2 ,  = 0,0852

Verificação para a carga total (peso próprio, 30% de uma carga acidental de 1,5 kN/m2,
revestimento de madeira), aplicada antes de decorrerem quatro meses da construção:

p = 0,1 x 25 + 0,3 x 1,5 + 1,0 = 3,95kN/m2

f=3x 0,0852 x 3,95 x 4,54 = 0,0171m = 1,71 cm


2,415x107 x 0,13

f / l = 0,0171/4,50 = 1/262  1/250 (OK)

Verificação somente para a carga acidental (aplicada depois de decorrerem quatro meses da
construção):
q = 1,5 kN/m2

f=2x 0,0852 x 1,5 x 4,54 = 0,00434m = 4,34 mm


2,415 x 107 x 0,13
f / l = 0,00434/4,5 = 1/1037  1/350 (OK)

COEFICIENTES “” PARA O CÁLCULO DE FLECHAS, SEGUNDO CZERNY

96
9.2 Detalhamento das armaduras de lajes. Recomendações de norma. Espaçamento das
armaduras. Armadura mínima.

 Arranjo das armaduras


O arranjo das armaduras deve atender não somente à sua função estrutural, como também às
condições adequadas de execução, tendo em vista particularmente o lançamento e o adensamento do
concreto. Espaços adequados devem ser previstos para a introdução dos vibradores, de modo a impedir
a segregação dos agregados e a formação de vazios no concreto estrutural. As armaduras devem ser
dispostas de forma a que se possa garantir o seu posicionamento durante a concretagem.

 Espaçamento das armaduras


Segundo a NBR 6118, item 20.1, na região de momentos máximos, o espaçamento das
armaduras não deve exceder 2h ou 20 cm. O espaçamento das barras de distribuição, em lajes armadas
em uma só direção, não deve exceder 33 cm. O diâmetro das barras não deve exceder h/8.

 Armaduras mínimas
Armaduras mínimas de 0,15% bw h, para CA-50 ou CA-60, podem ser consideradas para fck até
30MPa. Para valores maiores de fck, a NBR 6118, em sua tabela 17.3 abaixo reproduzida, define as
percentagens mínimas de armadura em função do fck.

No caso de lajes armadas em duas direções, de acordo com a Tabela 19.1 da Norma, suas
armaduras positivas mínimas podem ser de 2/3 da armadura mínima básica acima definida.
Nas bordas de lajes sem continuidade com lajes adjacentes deve ser disposta armadura negativa
mínima, também correspondente a 2/3 da armadura mínima básica.
Em lajes armadas em uma só direção, a armadura positiva secundária (de distribuição) pode ser
de 1/2 da armadura mínima básica, mas deve ter no mínimo 1/5 da área da armadura principal da laje,
com pelo menos 0,9 cm2 por metro (correspondente a  5c20).
Por exemplo, uma laje com altura total h = 12cm, terá as armaduras mínimas:
- Armaduras negativas (todas as interfaces) e positivas principais de lajes em uma direção:
As MÍN = 1,8 cm2/m (5c10 = 1,96 cm2/m ou  6,3c15 = 2,08 cm2/m).
- Armaduras negativas nas bordas sem continuidade e positivas de lajes em duas direções:
As MÍN = 2/3 . 1,8 = 1,2 cm2/m (5c15 = 1,31 cm2/m ou  6,3c20 = 1,56 cm2/m).
- Armaduras positivas secundárias de lajes em uma direção: As MÍN =1/2 . 1,8 = 0,9cm2/m
(5c20 = 0,98 cm2/m ou  6,3c33 = 0,94 cm2/m).
 Comprimento das barras
A região a ser coberta pela armadura negativa deva ser, no mínimo 0,25 do maior dos dois vãos
menores. Para as armaduras negativas nas bordas de lajes sem continuidade com as adjacentes, a
armadura deve se estender até pelo menos 0,15 do vão menor da laje a partir da face do apoio.
Toda a armadura positiva deve ser levada até os apoios, não se permitindo escalonamento. A
armadura deve ser prolongada no mínimo 4 cm além do eixo teórico do apoio.
 Cobrimentos
Segundo a NBR 6118, item 7.4.7, os cobrimentos a serem considerados na construção são os
cobrimentos nominais (cnom), sendo esta grandeza definida como descrito no item 5.1 para as diversas
classes de agressividade ambiental (ver item 5.1).

97
 Cisalhamento
Lajes usuais em edifícios, submetidas a cargas uniformemente distribuídas, normalmente não
necessitam de armadura de cisalhamento. De acordo com o item 19.4.1 da NBR 6118, as lajes maciças
de concreto armado podem prescindir de armadura transversal para resistir à força cortante, quando a
força cortante de cálculo atender à expressão:
VSd  VRd1
A resistência de projeto ao cisalhamento é dada por:
VRd1 = Rd k (1,2 + 40 1) bw d, onde:
Rd = 0,25 fctd
fctd = fctk,inf / c ; fctk,inf = 0,7.fct,m ; fct,m= 0,3.fck2/3
As1
ρ1  , não maior que 0,02
bwd
As1 é a área da armadura positiva que chega até o apoio.
k é um coeficiente que tem os seguintes valores:
 para elementos onde 50% da armadura inferior não chega até o apoio: k = 1;
 para os demais casos: k = 1,6 - d, não menor que 1, com d em metros.

98
10. EXEMPLO NUMÉRICO COMPLETO

Projetar o painel de lajes de concreto armado de um edifício, conforme o esquema de desenho de


formas da página seguinte. O projeto deverá considerar os seguintes itens:

1. Desenhar o esquema de cálculo do painel, definindo as dimensões de cálculo de cada laje.


Considerar que todas as vigas têm 14 cm de largura.
2. Determinar as cargas totais atuantes em cada laje. Considerar a altura útil das lajes d = 0,11 m.
Considerar a utilização das lajes para o pavimento de uso comum em um edifício residencial.
Considerar a que o revestimento do piso, neste exemplo, pesa 0,7 kN/m2 . Na avaliação da altura
total das lajes, considerar a distância da face do concreto ao eixo das armaduras de 3 cm. Considerar
alvenarias de blocos cerâmicos furados de 0,15m de espessura, na extremidade da varanda (L1) com
1,10m de altura e em L4, L6 e L7 com 3,10m de altura. Considerar também na varanda as cargas
lineares definidas na NBR 6120.
3. Determinar as reações das lajes nos apoios, usando, para as lajes armadas em duas direções, o
método dos quinhões de cargas. Apresentar os resultados sob a forma de um mapa de reações nos
apoios.
4. Determinar os momentos fletores nas lajes, utilizando, para as lajes armadas em duas direções, as
tabelas de Czerny. Calcular os momentos negativos para o dimensionamento, na interface das lajes
contíguas. Apresentar os resultados sob a forma de um mapa de momentos, com os negativos já
compatibilizados nas interfaces das lajes contíguas.
5. Considerando os momentos fletores já determinados e a compatibilização feita para os momentos
negativos, definir qual seria a espessura mínima para o painel, considerando-a como constante em
todas as lajes. Caso eventualmente seja necessário aumentar a espessura do painel, corrija-a
somente para efeito do cálculo das armaduras a seguir, mantendo os momentos fletores já
calculados. Verificar se é atendido o critério de flechas máximas.
6. Calcular as armaduras positivas e negativas, chegando às bitolas e espaçamentos, considerando
concreto com fck = 20 MPa e aço CA-50. Considerar como disponíveis no canteiro de obras somente
as bitolas de 6,3mm e 10 mm. Usar a bitola de 6,3 mm para uma armadura calculada de até 6,24
cm2/m; acima deste valor usar bitola de 10 mm.
7. Apresentar o detalhamento das armaduras, através de um esquema de armações, com as indicações
necessárias para os desenhos de execução.

99
100
QUESTÃO 1

QUESTÃO 2
d = 0,11 m; d’ = 0,03 m
h = d + d’ = 0,14 m
Peso Próprio: gp = 25 . 0,14 = 3,5 kN/m²
Revestimento : gr = 0,7 kN/m²
Acidental : q = 3 kN/m²
Para as lajes 2, 3 e 5 a carga total será: p = gp + gr + q = 7,2 kN/m²
Laje 4: Considerar alvenaria
𝛾.𝐻.𝑙
𝑔𝑎 = = 1,18 kN/m²
𝑙𝑥 .𝑙𝑦
γ = 2,25 kN/m² (para blocos cerâmicos de 15 cm de espessura)
H = 3,10 m
l = 4,16 m
lx = 4,16 m
ly = 5,91 m

A carga na laje 4 será: p4 = p + ga = 7,2 + 1,18 = 8,38 kN/m²

Laje 6: Considerar alvenaria


𝛾.𝐻.𝑙
𝑔𝑎 = = 1,13 kN/m²
𝑙𝑥 .𝑙𝑦
γ = 2,25 kN/m² (para tijolos furados de 15 cm de espessura)
H = 3,10 m
l = 5,91 m
lx = 5,91 m
ly = 6,15 m
A carga na laje 6 será: p6 = p + ga = 7,2 + 1,13 = 8,33 kN/m²

101
Laje 7: Considerar alvenaria
𝛾.𝐻.𝑙
𝑔𝑎 = = 1,17 kN/m²
𝑙𝑥 .𝑙𝑦
γ = 2,25 kN/m² (para tijolos furados de 15 cm de espessura)
H = 3,10 m
l = 4,11 m
lx = 4,11 m
ly = 5,94 m
A carga na laje 7 será: p7 = p + ga = 7,2 + 1,13 = 8,37 kN/m²
Laje 1: Considerar cargas lineares (NBR 6120) e alvenaria
Carga distribuída:
p = 7,2 kN/m² (calculado anteriormente para as lajes 2, 3 e 5)
Carga linears (aplicadas na altura do corrimão, h = 1,10 m):
Horizontal: H = 0,8 kN/m
Vertical: V = 2 + 2,25 . 1,10 = 4,48 kN/m
QUESTÃO 3:
Laje 1: Carga distribuída e carga linear:
𝑙𝑦 1031
𝑙𝑥
= 162 = 6,36 > 2,00 (armada em uma direção)
R = (7,2 x 1,62) + 4,48 = 16,14 kN/m
Laje 2: Tipo C

𝑙𝑦 1031
= = 1,69 ≤ 2,00 (armada em duas direções)
𝑙𝑥 610

L ≥ 0,7321l
L = 10,31 m
l = 6,10 m
10,31 ≥ 4,47 (OK)
p = 7,2 kN/m²

𝑝𝑙 𝑙
R1 = 4,309 [2,732 − (𝐿)] = 21,82 kN/m
R2 = 0,577 x R1 = 12,59 kN/m
R3 = R4 = 0,185 x p x l = 8,13 kN/m

Laje 3: Armada em uma direção

𝑙𝑦 1031
= 416 = 2,48 > 2,00
𝑙𝑥
p = 7,2 kN/m²
l = 4,16 m

- Laje 3a: Engaste e apoio

R1 = p x l x 0,625 = 18,72 kN/m


R2 = p x l x 0,375 = 11,23 kN/m

- Laje 3b: Bi-engastada

R3 = R4 = p x l x 0,5 = 14,98 kN/m


102
Laje 4: Tipo C
𝑙𝑦 591
= 416= 1,42 ≤ 2,00 (armada em duas direções)
𝑙𝑥

L ≥ 0,7321l
L = 5,91 m
l = 4,16 m
5,91 ≥ 3,05 (OK)
p4 = 8,38 kN/m²
𝑝𝑙 𝑙
R1 = 4,309 [2,732 − (𝐿)] = 16,41 kN/m
R2 = 0,577 x R1 = 9,47 kN/m
R3 = R4 = 0,185 x p4 x l = 6,45 kN/m
Laje 5: Armada em uma direção (Engaste e apoio)
𝑙𝑦 594
= 204= 2,91 > 2,00
𝑙𝑥
p = 7,2 kN/m²
l = 2,04 m
R1 = p x l x 0,625 = 9,18 kN/m
R2 = p x l x 0,375 = 5,51 kN/m
Laje 6: Tipo D

𝑙𝑦 615
= 591= 1,04 ≤ 2,00 (armada em duas direções)
𝑙𝑥

L≥l
L = 6,15 m
l = 5,91 m
6,15 ≥ 5,91 (OK)
p6 = 8,33 kN/m²

𝑙
R1 = 0,366𝑝𝑙[1 − (2𝐿)] = 9,36 kN/m
R2 = 1,7321 x R1 = 16,21 kN/m
R3 = 0,317 x p6 x l = 15,61 kN/m
R4 = 0,183 x p6 x l = 9,01 kN/m

Laje 7: Tipo G

𝑙𝑦 594
= 411= 1,45 ≤ 2,00 (armada em duas direções)
𝑙𝑥

L ≥ 1,268l
L = 5,94 m
l = 4,11 m
5,94 ≥ 5,21 (OK)
p7 = 8,37 kN/m²

𝑙
R1 = 0,232𝑝𝑙[1,578 − (𝐿)] = 7,07 kN/m
R2 = 1,7321 x R1 = 12,25 kN/m
R3 = R4 = 0,317 x p7 x l = 10,91 kN/m

103
- Exemplo de verificação da dispensa de armadura de cisalhamento, para R1 da L2:
VSd = 1,4 . 21,82 = 30,55 kN/m
fct,m = 0,3 fck 2/3 = 2,21 MPa; fctk,inf = 0,7 fct,m = 1,547 MPa
fctd = fctk,inf / c = 1105 kPa; Rd = 0,25 fctd = 276 kPa
𝐴 6,24
As1 = 6,24 cm2/m (Φ 6,3 c 5, ver item 4 a seguir); 𝜌1 = 𝑏 𝑠1.𝑑 = 100.11 = 0,00567
𝑑
k = 1,6 - d = 1,6 – 0,11 = 1,49
VRd1 = Rd k (1,2 + 40 1) bw d = 276 . 1,49 . (1,2 + 40 . 0,00567) 1,00 . 0,11 = 64,5kN/m
VSd  VRd1 (OK)

QUESTÃO 4:

Laje 1: Armada em uma direção

M1- = (p x l²) / 2 = (7,2 x 1,62²) / 2 = -9,45 kNm/m


M2-= V x l = -4,48 x 1,62 = -7,26 kNm/m
M3-= -H x h = - 0,8 x 1,10 = -0,88 kNm/m
Mtotal = M1- + M2-+ M3- = -17,59 kNm/m

Laje 2: Armada em duas direções

Tipo 3 da Tabela de Czerny


𝑙𝑦 1031
= 610 = 1,69  1,70 (Arredondar para o mais próximo)
𝑙𝑥

Parâmetros:
-mx = 8,6
mx = 18,3
my = 57,8
p = 7,2 kN/m²

104
Momentos:
mx- = (p x lx²) / -mx = -31,15 kNm/m
mx+ = (p x lx²) / mx = 14,64 kNm/m
my+ = (p x lx²) / my = 4,64 kNm/m

Laje 3: Armada em uma direção

- Laje 3a: Engaste e apoio (na direção de lx)

M- x= - (p x lx²) / 8 = - (7,2 x 4,16²) / 8 = -15,58 kNm/m


M+x = (p x lx²) / 14,22 = (7,2 x 4,16²) / 14,22 = 8,76 kNm/m

- Laje 3b: Bi-engastada

M- = - (p x lx²) / 12 = - (7,2 x 4,16²) / 12 = -10,38 kNm/m


M+ = (p x lx²) / 24 = (7,2 x 4,16²) / 24 = 5,19 kNm/m
Laje 4: Armada em duas direções

Tipo 3 da Tabela de Czerny


𝑙𝑦 591
= 416= 1,42  1,40
𝑙𝑥
Parâmetros:
-mx = 9,3
mx = 21,0
my = 54,3
p4 = 8,38 kN/m²

Momentos:
mx- = (p4 x lx²) / -mx = -15,59 kNm/m
mx+ = (p4 x lx²) / mx = 6,91 kNm/m
my+ = (p4 x lx²) / my = 2,67 kNm/m

Laje 5: Armada em uma direção (engaste e apoio)

M- x= - (p x lx²) / 8 = - (7,2 x 2,04²) / 8 = -3,75 kNm/m


M+x = (p x lx²) / 14,22 = (7,2 x 2,04²) / 14,22 = 2,11 kNm/m
M-y = - (p x lx²) / 12 = - (7,2 x 2,04²) / 12 = -2,50 kNm/m (Para compatibilização em y)

Laje 6: Armada em duas direções

Tipo 6 da Tabela de Czerny


𝑙𝑦 615
= 591= 1,04  1,05
𝑙𝑥
Parâmetros:
-mx = 13,3
mx = 38,0
- my = 13,8
my = 41,0
p6 = 8,33 kN/m²

105
Momentos:
mx- = (p6 x lx²) / -mx = -21,88 kNm/m
mx+ = (p6 x lx²) / mx = 7,66 kNm/m
my- = (p6 x lx²) / -my = -21,08 kNm/m
my+ = (p6 x lx²) / my = 7,10 kNm/m
Laje 7: Armada em duas direções
Tipo 7 da Tabela de Czerny
𝑙𝑦 594
= = 1,45
𝑙𝑥 411
Parâmetros:
-mx = 10,9
mx = 26,4
- my = 12,8
my = 52,3
p7 = 8,37 kN/m²
Momentos:
mx- = (p7 x lx²) / -mx = -12,97 kNm/m
mx+ = (p7 x lx²) / mx = 5,36 kNm/m
my- = (p7 x lx²) / -my = -11,05 kNm/m
my+ = (p7 x lx²) / my = 2,70 kNm/m
Compatibilização dos momentos negativos:

1ª) L2 e L3a:
Média = [(-31,15) + (-15,58)] / 2 = -23,37 kNm/m
80% do maior = 0,8 x (-31,15) = -24,92 kNm/m (Prevalece)
2ª) L2 e L3b:
Média = [(-31,15) + (-10,38)] / 2 = -20,77 kNm/m
80% do maior = 0,8 x (-31,15) = -24,92 kNm/m (Prevalece)
3ª) L3b e L5:
Média = [(-10,38) + (-2,50)] / 2 = -6,44 kNm/m
80% do maior = 0,8 x (-10,38) = -8,30 kNm/m (Prevalece)
4ª) L3b e L7:
Média = [(-10,38) + (-11,05)] / 2 = -10,72 kNm/m (Prevalece)
80% do maior = 0,8 x (-11,05) = -8,84 kNm/m
5ª) L5 e L7:
Média = [(-3,75) + (-12,97)] / 2 = -8,36 kNm/m
80% do maior = 0,8 x (-12,97) = -10,38 kNm/m (Prevalece)
6ª) L5 e L6:
Média = [(-2,50) + (-21,88)] / 2 = -12,19 kNm/m
80% do maior = 0,8 x (-21,88) = -17,50 kNm/m (Prevalece)
7ª) L6 e L7:
Média = [(-21,88) + (-11,05)] / 2 = -16,47 kNm/m
80% do maior = 0,8 x (-21,88) = -17,50 kNm/m (Prevalece)
8ª) L4 e L6:
Média = [(-15,59) + (-21,08)] / 2 = -18,34 kNm/m (Prevalece)
80% do maior = 0,8 x (-21,08) = -16,86 kNm/m

106
QUESTÃO 5

Definir a espessura mínima para o painel considerando-a como constante em todas as lajes
Utilizar o maior momento em módulo de todas as lajes.

b = 1,00 m; fck = 20 MPa = 20000 kPa (Kmd,max = 0,251)


M = 24,92 kNm/m (maior momento em módulo)
dmin = [ Md / (fcd.b.Kmd,max)]1/2
dmin = [(1,4 x 24,92) / (14285 x 1 x 0,251)]1/2  0,099 m  10 cm
hmin = 0,10 + 0,03 = 0,13 m
hadotado = 0,14 m (hadotado > hmin, logo a altura adotada pelo enunciado está OK)
Verificação da flecha em L2 para as cargas totais:
Ecs = i . Eci = (0,8+0,2 . f ck 80 ) 1,0.5600. 20 = 21287 MPa = 2,1287 x 107 kPa
p = 3,5 + 0,7+0,4.3 = 5,4kN/m2
lx / ly = 10,31/6,10 = 1,69 , laje Tipo 3,  = 0,0549
f = 3 x 0,0549 x 5,49 x 6,14 = 0,0214m = 2,14 cm
2,1287x107 x 0,143
flim = 6,10/250 = 0,0244m = 2,44 cm (OK)

QUESTÕES 6 e 7

- Restrições da norma 6118:2014:

Espaçamento das armaduras:

A) Na região de momentos máximos não exceder: 2h (28 cm) ou 20 cm


B) Em lajes armadas em uma direção não deve exceder: 33 cm

107
Diâmetro das barras:
C) Não deve exceder: max = h/8 = 17,5 mm  20 mm (bitola comercial)

Armaduras mínimas:

1) Armaduras negativas e positivas principais de lajes em uma direção:


Dados: Aço CA-50
fck = 20 MPa
Asmin = 0,15% x bw x h = (0,15/100) x 100 x 14 = 2,1 cm²/m (6,3 c 12,5)
2) Armaduras negativas nas bordas e positivas de lajes em duas direções
Asmin2 = (2/3) x Asmin = (2/3) x 2,1 = 1,4 cm²/m (6,3 c 20)
3) Armaduras positivas secundárias de lajes em uma direção:
Asmin3 = 0,5 x Asmin = 0,5 x 2,1 = 1,05 cm²/m (6,3 c 27,5  6,3 c 20)

0,178(*) 0,300 0,880 7,31 4,27 10,74 10 c 10


105

(*) - em L1, 𝛾f =1,4 e 𝛾n = 1,25

108
0,178 0,300 0,880 7,31 4,27 9,30 10 c 10

Φ10c10

10 c 7,5

Φ10c10

Φ6,3c20 (tip.)

109
ANEXOS
ÁBACOS ADIMENSIONAIS PARA A FLEXÃO COMPOSTA RETA (para aço CA-50)
 Seção TIPO 1 – C50
Armadura simétrica com d’/h = 0,05 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 1)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 2)
Armadura simétrica com d’/h = 0,15 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 3)
Armadura simétrica com d’/h = 0,20 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 4)
Armadura simétrica com d’/h = 0,25 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 5)
 Seção TIPO 2 – C50
Armadura simétrica com d’/h = 0,05, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 6)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 7)
Armadura simétrica com d’/h = 0,15, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 8)
Armadura simétrica com d’/h = 0,20, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 9)
 Seção TIPO 3 – C50
Armadura simétrica com d’/h = 0,05, com As3 = As4 = 0,5As (Ábaco Adimensional 10)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10, com As3 = As4 = 0,5As (Ábaco Adimensional 11)
 Seção TIPO 4 – C50
Seção circular com d’/d = 0,05 (Ábaco Adimensional 12)
Seção circular com d’/d = 0,10 (Ábaco Adimensional 13)
 Seção TIPO 1 – C90
Armadura simétrica com d’/h = 0,05 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 14)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 15)
Armadura simétrica com d’/h = 0,15 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 16)
Armadura simétrica com d’/h = 0,20 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 17)
Armadura simétrica com d’/h = 0,25 e As1 = As2 = 0,5 As (Ábaco Adimensional 18)
 Seção TIPO 2 – C90
Armadura simétrica com d’/h = 0,05, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 19)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 20)
Armadura simétrica com d’/h = 0,15, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 21)
Armadura simétrica com d’/h = 0,20, com As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25As (Ábaco Adimensional 22)
 Seção TIPO 3 – C90
Armadura simétrica com d’/h = 0,05, com As3 = As4 = 0,5As (Ábaco Adimensional 23)
Armadura simétrica com d’/h = 0,10, com As3 = As4 = 0,5As (Ábaco Adimensional 24)
OBS: Nas Seções TIPO 2, está se
considerando que a armadura total
se distribui uniformemente nas
quatro faces, não necessariamente
com 25% da armadura total em
cada uma delas.
Relação entre 𝜌 e 𝜔:
𝑓𝑐𝑘
𝜌(%) = 𝜔. 6,087 (𝑀𝑃𝑎)

110
Seção TIPO 1 - d’/h = 0,05 e As1 = As2 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 1 – C50
111
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 1- d'/h = 0,10 - C50

0,55

0,50

0,45

0,40 ω=0
ω = 0,2
0,35
ω = 0,4
ω = 0,6

112
0,30
ω = 0,8
0,25
ω = 1,0
0,20

0,15

Momento adimensional (µ)


0,10

0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 1 - d’/h = 0,10 e As1 = As2 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 2 – C50
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 1- d'/h = 0,15 - C50

0,50

0,45

0,40
ω=0
0,35
ω = 0,2
0,30 ω = 0,4
ω = 0,6

113
0,25 ω = 0,8
ω = 1,0
0,20

0,15

Momento adimensional (µ)


0,10

0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 1 - d’/h = 0,15 e As1 = As2 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 3 – C50
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 1- d'/h = 0,20 - C50

0,45

0,40

0,35
ω=0
0,30 ω = 0,2
ω = 0,4
0,25 ω = 0,6

114
ω = 0,8
0,20 ω = 1,0

0,15

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 1 - d’/h = 0,20 e As1 = As2 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 4 – C50
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 1- d'/h = 0,25 - C50

0,35

0,30

ω=0
0,25
ω = 0,2
ω = 0,4
0,20
ω = 0,6

115
ω = 0,8
0,15 ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 1 - d’/h = 0,25 e As1 = As2 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 5 – C50
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 2- d'/h = 0,05 - C50

0,45

0,40

0,35
ω=0

0,30 ω = 0,2
ω = 0,4
0,25 ω = 0,6

116
ω = 0,8
0,20 ω = 1,0

0,15

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Normal adimensional (η)

Seção TIPO 2 - d’/h = 0,05 e As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25 As - Ábaco Adimensional 6 – C50
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 2- d'/h = 0,10 - C50

0,40

0,35

0,30 ω=0
ω = 0,2
0,25 ω = 0,4
ω = 0,6

117
0,20 ω = 0.8
ω = 1,0
0,15

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Normal adimensional (η)

Seção TIPO 2 - d’/h = 0,10 e As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25 As - Ábaco Adimensional 7 – C50
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 2- d'/h = 0,15 - C50

0,35

0,30

ω=0
0,25
ω = 0,2
ω = 0,4
0,20
ω = 0,6

118
ω = 0,8
0,15 ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Normal adimensional (η)

Seção TIPO 2 - d’/h = 0,15 e As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25 As - Ábaco Adimensional 8 – C50
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 2- d'/h = 0,20 - C50

0,35

0,30

ω=0
0,25
ω = 0,2
ω = 0,4
0,20
ω = 0,6

119
ω = 0,8
0,15 ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Normal adimensional (η)

Seção TIPO 2 - d’/h = 0,20 e As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25 As - Ábaco Adimensional 9 – C50
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 3- d'/h = 0,05 - C50

0,35

0,30

ω=0
0,25
ω = 0,2
ω = 0,4
0,20
ω = 0,6

120
ω = 0,8
0,15 ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 3 - d’/h = 0,05 e As3 = As4 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 10 – C50
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 3- d'/h = 0,10 - C50

0,35

0,30

ω=0
0,25
ω = 0,2
ω = 0,4
0,20
ω = 0,6

121
ω = 0,8
0,15 ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 3 - d’/h = 0,10 e As3 = As4 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 11 – C50
Normal adimensional (η)
Seção Circular - Gráfico de Interação Adimensional - d'/d = 0,05

0,35
ω=0
0,30 ω = 0,2
ω = 0,4
0,25 ω = 0,6
ω = 0,8

122
0,20 ω = 1,0

0,15

0,10

Momento adimensional
0,05

0,00

Seção TIPO 4 - d’/h = 0,05 – Seção Circular -Ábaco Adimensional 12 – C50


-1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Normal adimensional
Seção TIPO 4 - d’/d = 0,10 – Seção Circular -Ábaco Adimensional 13 –C50
123
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 1- d'/h = 0,05 - C90

0,55

0,50

0,45

0,40 ω=0
ω = 0,2
0,35
ω = 0,4
0,30 ω = 0,6

124
ω = 0,8
0,25
ω = 1,0
0,20

0,15

Momento adimensional (µ)


0,10

0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 1 - d’/h = 0,05 e As1 = As2 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 14 – C90
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 1- d'/h = 0,10 - C90

0,50

0,45

0,40
ω=0
0,35
ω = 0,2
0,30 ω = 0,4
ω = 0,6

125
0,25 ω = 0,8
ω = 1,0
0,20

0,15

Momento adimensional (µ)


0,10

0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 1 - d’/h = 0,10 e As1 = As2 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 15 – C90
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 1- d'/h = 0,15 - C90

0,45

0,40

0,35
ω=0
0,30 ω = 0,2
ω = 0,4
0,25 ω = 0,6

126
ω = 0,8
0,20 ω = 1,0

0,15

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 1 - d’/h = 0,15 e As1 = As2 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 16 – C90
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 1- d'/h = 0,20 - C90

0,35

0,30

ω=0
0,25
ω = 0,2
ω = 0,4
0,20
ω = 0,6

127
ω = 0,8
0,15 ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 1 - d’/h = 0,20 e As1 = As2 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 17 – C90
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 1- d'/h = 0,25 - C90

0,30

0,25

ω=0
0,20 ω = 0,2
ω = 0,4
ω = 0,6

128
0,15 ω = 0,8
ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00

Seção TIPO 1 - d’/h = 0,25 e As1 = As2 = 0,5 As - Ábaco Adimensional 18 – C90
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Normal adimensional (η)


Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 2- d'/h = 0,05 - C90

0,40

0,35

0,30 ω=0
ω = 0,2
0,25 ω = 0,4
ω = 0,6

129
0,20 ω = 0,8
ω = 1,0
0,15

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Normal adimensional (η)

Seção TIPO 2 - d’/h = 0,05 e As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25 As - Ábaco Adimensional 19 – C90
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 2- d'/h = 0,10 - C90

0,40

0,35

0,30 ω=0
ω = 0,2
0,25 ω = 0,4
ω = 0,6

130
0,20 ω = 0,8
ω = 1,0
0,15

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 2 - d’/h = 0,10 e As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25 As - Ábaco Adimensional 20 – C90
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 2- d'/h = 0,15 - C90

0,35

0,30

ω=0
0,25
ω = 0,2
ω = 0,4
0,20
ω = 0,6

131
ω = 0,8
0,15 ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Normal adimensional (η)

Seção TIPO 2 - d’/h = 0,15 e As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25 As - Ábaco Adimensional 21 – C90
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 2- d'/h = 0,20 - C90

0,30

0,25

ω=0
0,20 ω = 0,2
ω = 0,4
ω = 0,6

132
0,15 ω = 0,8
ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Normal adimensional (η)

Seção TIPO 2 - d’/h = 0,20 e As1 = As2 = As3 = As4 = 0,25 As - Ábaco Adimensional 22 – C90
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 3- d'/h = 0,05 - C90

0,35

0,30

ω=0
0,25
ω = 0,2
ω = 0,4
0,20
ω = 0,6

133
ω = 0,8
0,15 ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 3 - d’/h = 0,05 e As3 = As4 = 0,55 As - Ábaco Adimensional 23 – C90
Normal adimensional (η)
Gráfico de Interação Adimensional -Tipo 3- d'/h = 0,10 - C90

0,30

0,25

ω=0
0,20 ω = 0,2
ω = 0,4
ω = 0,6

134
0,15 ω = 0,8
ω = 1,0

0,10

Momento adimensional (µ)


0,05

0,00
-2,00 -1,75 -1,50 -1,25 -1,00 -0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Seção TIPO 3 - d’/h = 0,10 e As3 = As4 = 0,55 As - Ábaco Adimensional 24 – C90
Normal adimensional (η)

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