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São Luís
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São Luís
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ANCIA D
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
.Palavras-chave:.
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ABSTRACT
Keywords:
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO. ................................................................................................... 7
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que é cada vez mais difícil a existência social, o processo de comunicação, do
posicionamento crítico e da perpetuação em um cidadão sem a devida apropriação do
conhecimento, da leitura e da escrita, pois, vive-se em uma sociedade da informação, uma
sociedade tida como letrada, uma sociedade que tem a informação ao alcance de um click , no
qual o acesso aos livros, aos e-books e principalmente a informação estão ao alcance de
grande parte da população, visto que, em tempos antigos, os livros e o domínio da leitura
eram privilégios de poucos. Todavia, apesar de decorridos décadas, esta realidade do não
acesso pleno a leitura, a informação ainda se faz muito presente nos dias de hoje, onde apenas
uma minoria tem o acesso pleno da leitura e da informação.
Nesse tocante, enfatiza-se que o devido direito à educação e cultura é garantido por
Lei e, confere que todas as crianças, adolescentes e jovens tenham acesso a educação, a
cultura e ao esporte. Porém apesar desta garantia, muitos estudantes passam pela escola, mas
não conseguem dominar os códigos básicos de leitura e da escrita, ou seja, muitos são
analfabetos funcionais.
Apesar de essa triste realidade assolar esta sociedade, um novo cenário está sendo
desenhando, a esfera pública tem demonstrado mais interesse com a democracia da educação
e cada vez se percebe no Brasil diversos movimentos de fomento à leitura, tais como,
bibliotecas circulantes e “pontos de leitura” (ônibus, vans, peruas, trens, barcos etc.), bem
como atividades de leitura em parques, calçadões, centros comerciais, aeroportos, estações de
metrô, trem e ônibus, há ainda a leitura em hospitais, asilos, penitenciárias, praças, espaços de
leitura nos locais de trabalho, ou programas de incentivo a leitura como o “Vamos Ler
Camaçari”, desenvolvido pela Prefeitura de Camaçari, através da Secretaria da Cultura
(Secult), que utiliza uma estante de madeira com formato de uma casa e capacidade para até
300 livros, entre os de literatura e científicos e a ideia é que as pessoas escolham um livro,
leve consigo e após a leitura o deposite de volta na estante para que mais pessoas possam lê-
los. De acordo com o Instituto C&A (2009, p. 32):
Só muito recentemente é que começa a se desenhar um cenário mais alentador e
favorável: o poder público passa a se preocupar com a democratização da
informação e não somente com o mercado editorial. Ao mesmo tempo, crescem os
movimentos de fomento à leitura, de formação de leitores e de ampliação e
democratização do acesso ao livro. Atualmente, pode-se dizer que o livro e a leitura
fazem parte da pauta cultural da nação. Mas ainda é preciso maior respaldo do poder
público para que esses movimentos e iniciativas se afirmem, e que as ações de ler e
frequentar bibliotecas passem a fazer parte do cotidiano dos brasileiros.
Nesse sentindo, apregoa-se que as práticas sociais de leitura e de escrita estão
presentes na vida cotidiana de praticamente toda a sociedade. Ler um livro para a escola;
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pegar o ônibus correto para casa ou para ir a um determinado lugar; orientar-se pelas placas
quando está dirigindo; ler a bula de um remédio; fazer de conta que lê uma história, mesmo
que ainda não seja alfabetizado; compor uma música com os amigos; ler o resumo das novelas
na revista; fazer uma lista de compras etc. Todas essas atividades constituem formas de
utilização social da leitura e da escrita, sendo assim práticas de letramento. Percebemos como
o conceito de letramento é bastante abrangente.
Este não domínio da leitura e da escrita, o não acesso aos livros, está fortemente
associado à pobreza, a exclusão, as desigualdades sociais, bem como a falta de oportunidades
em nossa sociedade e sabe-se que há muitos esforços para mudar esta realidade. Criou-se
projetos que promovem o incentivo a leitura, a democratização do livro, há o fortalecimento
de políticas públicas que visam o acesso à cultura, a informação e juntamente a estes dois, o
acesso aos livros literários. Os esforços ainda não são suficientes pra se construir uma
sociedade letrada literaturalmente, ainda sim, isto representa um avanço muito grande para o
acesso ao livro literário.
Seguindo nessa lógica, infere-se que o acesso ao livro literário está mais acessível na
sociedade da informação e do conhecimento, contudo, ainda não se tem uma sociedade
letrada, pois, ser letrado não significa o processo de alfabetização, ou seja, não implica
somente em codificar e decodificar os signos, mas sim, associar esta leitura às demandas
sociais da leitura e da escrita.
Ainda em consonância com o Instituto C&A (2009), reporta-se que a atividade de ler e
frequentar bibliotecas são costumes que ainda estão longe de se tornar parte da vida cotidiana
dos brasileiros e dos maranhenses. Todavia, os esforços que os projetos de leitura e de ações
de promoção do livro vêm realizados têm demonstrado bons resultados, pois, “[...] A segunda
edição da pesquisa Retratos da leitura no Brasil, sobre o comportamento leitor dos brasileiros,
promovida pelo Instituto Pró-Livro, revela que os leitores que mantêm relação mais frequente
com livros são justamente os da faixa etária de 11 a 17 anos”. (Instituto C&A, 2009, p. 42).
Isto posto, depreende-se que quanto mais novos, maior o percentual de penetração da
leitura no cotidiano. Dados como esses demonstram que investir projetos de leitura e de ações
de promoção do livro é o caminho para se construir crianças letradas literaturalmente.
Nesse sentido, o encargo do bibliotecário deveria ter como principal objetivo a
democratização do acesso à informação. Seu conhecimento técnico, especializado e
humanístico sobre organização e fontes de informação, estudos de usuários, além de leitura e
formação de leitores, reforça seu papel em proporcionar o acesso à informação, à leitura e
literatura.
Por isto, este trabalho acredita neste objetivo, na formação de leitores e do letramento
literário infantil para a emancipação crítica e cidadã. É possível perceber que o tema do
trabalho letramento literário e formação de leitores é encontrado em debates sobre cidadania e
biblioteca escolar, pública e pouco se fala em letramento literário em bibliotecas
comunitárias, como se formar leitor fosse somente papel da escola ou apenas a ser realizado
em bibliotecas públicas e escolares. Logo, a formação de leitores pode e deve ser voltado para
as bibliotecas comunitárias e se voltando ao público infantil, pois é a partir desta base que
conseguiremos formar adolescentes, jovens, adultos e idosos críticos, cidadãos, leitores e
letrados literaturalmente.
Sabe-se que no Brasil há um movimento orgânico, profundo e abrangente das
bibliotecas comunitárias, atuantes principalmente nas periferias que desenvolvem a formação
de leitores, a partir da perspectiva do direito humano à leitura. Esses movimentos lutam por
políticas públicas à leitura e necessitam ser mais bem aprofundadas por bibliotecários e pelas
universidades. É preciso estar atento ao trabalho de pessoas, que não são bibliotecárias e, em
territórios bibliotecas, e de que forma essas pessoas estão contribuindo para a formação de
leitores no nosso país. Pois, como já reporta Machado; Vergueiro (2010, p. 248):
É principalmente em regiões periféricas - onde as populações têm maior dificuldade
de acesso à informação, à cultura e à educação de qualidade e serviços públicos em
geral -, que percebemos o surgimento de novos espaços de leitura, comumente
denominados de “biblioteca comunitária”. São espaços que se formam a partir de
ações locais coletivas, baseadas em atitudes criativas e solidárias e lideradas por
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Isto posto,
O fato de acreditar que todo cidadão tem direito a informação e a leitura e que o
trabalho visando à formação de leitores pode possibilitar o uso de diferentes textos literários, é
que tornam as bibliotecas comunitárias um ponto chave para trazer para luz os menos
favorecidos, tira-los do mundo da ignorância. Criar bibliotecas comunitárias é uma forma de
valorização da própria comunidade, uma vez que iniciativas para difusão e acesso à
informação são uma forma de contribuir para a redução das desigualdades sociais e promover
a inclusão informacional.
O Brasil é um país profundamente desigual e em todos os níveis, seja educacional,
economicamente, seja por desigualdade de gênero e, a realidade maranhense se apresenta
como umas das piores do Brasil. Diante disso, podemos adentrar na realidade de São Luis, é
um Estado que ainda vive em condição de vulnerabilidade social grande, com uma população
pobre, sem acesso de qualidade á educação, aos bens culturais e como uma forma de amenizar
esse déficit as bibliotecas comunitárias servem de apoio para que a comunidade carente tenha
acesso ao livro, a leitura e a cultura, pois, “A missão das bibliotecas comunitárias gira em
torno do estímulo à leitura; redução das desigualdades de acesso à informação;
disponibilização de recursos de informação e meios de comunicação de qualidade;
contribuição para a formação cidadã de crianças, jovens e adultos”. (GUEDES, 2011, p. 3).
Deste modo, as bibliotecas comunitárias em São Luis, possibilitam que haja dentro
desta comunidade um espaço de promoção de afirmação dos excluídos, direcionando a cultura
a esta população, mediando e contextualizando a mediação da leitura, a promoção ao
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letramento literário para que haja melhor aproveitamento de acordo com a realidade da
comunidade e do público leitor, oportunizando assim a apropriação da literatura.
As bibliotecas comunitárias situadas em São Luis têm ganhado cada vez mais espaço
e os grandes responsáveis são as bibliotecárias que tem lutado fervorosamente em prol de
políticas publicas de incentivo a leitura, que tem pressionado o Estado, que tem mostrando a
sociedade à importância das bibliotecas e como estas podem gerar mudanças positivas para a
comunidade que a utiliza, por acreditarem que as bibliotecas comunitárias são espaços que
mudarão a realidade de varias pessoas por meio do texto ficcional e lúdico os sujeitos têm
contato com múltiplas formas de leitura, e assim podem ter mudanças de perspectivas.
3 Como coloca Almeida Júnior (1997), as bibliotecas públicas deveriam estar contribuindo
mais com as classes populares, fortalecendo-as com seus mecanismos de resistências,
oferecendo condições para um aumento do seu grau de consciência cidadã, incentivando a
aquisição de instrumentos que possam ser usados pela comunidade como arma contra a
opressão. A escassez de bibliotecas públicas e scolares e o isolamento das comunidades
marginais dos centros urbanos ao acesso às bibliotecas criam nas comunidades a necessidade
da realização de uma ação social com a finalidade de oferecer maiores condições para o
usufruto da informação, do livro, da leitura e da cultura.
Se para as bibliotecas comunitárias, há uma maior relevância à ação cultural, outro fator, neste
sentido, recebe forte notoriedade: a formação do leitor. É preocupação constante da maioria
das bibliotecas comunitárias do país, criar e/ou incentivar o hábito da leitura. É no público
infantil e juvenil que a construção do hábito de ler ocorre com maior facilidade, através da
leitura e contação de histórias. “Geralmente, o ‘bom senso’ do adulto faz com que ele se
recuse a aceitar e apreciar o entretenimento lúdico e imaginativo gerados pelas histórias (...)”
(SILVA, 1998, p.10 apud EDUARDO, 2007, p.18). Embora, muitos adultos possam descobrir
o gosto por ouvir e/ou contarhistórias. O ato de ler para o outro de forma a despertar seu gosto
pela narrativa, é comumente chamado de mediação de leitura. Para Russo (2009), a atividade
de mediação de leitura consiste em um ato de ler para crianças, jovens ou adultos, de uma
maneira livre e prazerosa, que não exige do mediador grandes habilidades artísticas
Segundo Vieira (2007), há duas possibilidades de interpretação: a primeira é que a biblioteca
pública é vista como a da elite desde a sua origem. É uma biblioteca onde, apesar de estar
disposta à comunidade, ainda possui a imagem de receptora da classe intelectual e letrada. Em
contraponto, a biblioteca comunitária é do povo, da classe mais pobre, da classe excluída
socioeconômica e culturalmente. Outra interpretação é a da sua criação/gestão/destinação. As
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A arte de contar histórias faz parte da trajetória da humanidade, é algo natural do ser
humano, e algo inerente à condição humana, pois, é uma forma de perpetuar os ensinamentos,
inspirar sentimentos, valores, condutas e a celebração da própria vida. É também a forma de
comunicação, e troca de experiências entre os seres, pois, não há uma sociedade que não se
orgulhe de contar e transmitir sua história, suas tradições, lendas, pois, esta é a forma de
expressão de sua cultura, de perpetuar sua memória e história. Ao escrever sobre as razões da
humanidade de contar histórias desde quase sempre, Machado (2002, p. 75) enfatiza:
Mas, de qualquer maneira, toda narrativa literária se constrói em cima de elementos
que vão se correspondendo de modo coerente e que aos poucos vão erigindo um
edifício de sentido. É para isso que o homem conta histórias – para tentar entender a
vida, sua passagem pelo mundo, ver na existência alguma espécie de lógica. Cada
texto e cada autor lidam com elementos diferentes nessa busca, e vão adequando
formas de expressão e conteúdo de um jeito que mantém uma coerência interna
profunda que lhe dá sentido.
Nessa continuidade, o ato de contar história envolve a condição de leitura, sendo esta
também uma atividade inerente à nossa condição humana. De acordo com Freire (2005), este
apregoa que a leitura que se faz é a leitura do mundo, esta antecede à da palavra, ou seja,
desde que nascemos somos leitores do mundo e nossas ações decorrem dessa leitura. Isto
posto, compreende-se que a leitura exerce um importante papel no crescimento intelectual,
crítico e criativo do ser humano, do aluno, do profissional, e do usuário das bibliotecas, pois,
a leitura acabar por desenvolver as potencialidades de cada um e, consequentemente, o seu
rendimento escolar, profissional, bem como também no aperfeiçoamento de nossa
personalidade. Sobre isso, Bamberger (1995, p. 13) afirma que a “[..] leitura é um dos meios
mais eficazes de desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade. Trabalhar
com a linguagem é trabalhar com o homem”.
Nessa sequência, destaca-se que a leitura de um modo geral, é um elemento primordial
para a aprendizagem do ser humano, é por meio dela que se pode melhorar o vocabulário,
obter novos conhecimentos, estimular o raciocínio lógico e a interpretação textual, além de
outros benefícios. No entanto, é comum ouvir relatos de pessoas que dizem não gostar de ler
ou que não tem a paciência para ler um livro, que é uma atividade maçante e “chata”.
Considera-se aqui, que este fato ocorre por falta de incentivo ao hábito de leitura enquanto
crianças, pois se a leitura fosse um hábito rotineiro desde a infância, os jovens, adultos, idosos
e os adolescentes conseguiram ler livros sem que eles o considerassem uma atividade
incomoda e assim poderiam apreciar uma obra literária, por exemplo.
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Por conseguinte não se pode tratar de leitura literária sem antes esboçar o conceito de
literatura, que de acordo com Almeida (2016, p. 94):
De acordo com Tavares (1981), a literatura expressa vida, sonho, fantasia,
conhecimento, valores entre outros, pois a sua função social é que o leitor sinta
prazer, conhecimento e magia ao ler um texto. Ela é prazerosa quando faz com que o
leitor se sinta bem ao deleite na leitura. È conhecimento a partir do momento que
transmite manifestações de cultura e costumes de um povo; é magia porque há um
mistério no texto literário que leva o leitor a questionar se ela é verossímil ou
inverossímil. Logo, a literatura está enraizada no ser humano como um meio de
transformação do próprio individuo, conforme sua realidade.
Ou seja, a Literatura encontra seu significado no próprio texto, é a obra cuja realidade
encontra-se na dependência de um leitor. Nesse sentido, aponta-se que a leitura literária
ocorre quando a criança toma contato oralmente com ela, seja em casa, na escola ou na
biblioteca e não somente quando estas crianças se tornam letradas. Depreende-se então, que o
ouvir histórias tem uma importância que vai além do prazer, é através dela que a criança pode
conhecer coisas novas, para que seja iniciada a construção da linguagem, da oralidade, de
ideias, valores e sentimentos, os quais ajudarão na sua formação pessoal. Nesse sentido,
Abramovich (1989, p. 16) salienta que “[...] é importante para a formação de qualquer criança
ouvir muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor é ter um caminho
absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do mundo.”.
A vista disso depreende-se que para fazer as crianças ‘morarem’ nos livros, é
necessário que elas enxerguem o livro como sendo um mundo mágico, composto de aventuras
fantásticas, ou um mundo de aventuras históricas ressignificadas, é preciso desafiar a criança
para a leitura, mostrar a elas que ler é diversão, que a leitura é uma prazerosa brincadeira e
esta tática funcionaria como instrumento de provocação dos pequenos leitores, como meio de
fazê-los gostar de ler. Nesta continuidade, quando se fala de leitura literária, fala-se de uma
relação bastante estreita entre leitor e leitura. O leitor, no momento da leitura, ativa sua
memória, relaciona fatos e experiências e entra em conflito com seus valores. Nesse aspecto, a
literatura torna-se uma grande aliada em suas várias possibilidades: divertindo, estimulando a
imaginação, desenvolvendo o raciocínio e compreensão de mundo.
Sob esta perspectiva, pode-se inferir que o trabalhar da literatura infantil é uma
atividade favorável para se construir nas crianças o letramento literário, para que assim esses
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leitores possam alargar suas possibilidades de vivências com o texto literário, dar novo
significado, ou seja, “[...] o leitor reconstrói e concretiza, por meio da linguagem, o universo
simbólico que as palavras representam, com base em suas experiências de vida”. (Costa,
2016, p. 13).
Nesse sentido Filho (1995, p.84) também corrobora enfatizando que “[...] o sentido
eminentemente pedagógico da literatura [...] é aquele de possibilitar ao leitor, desde o início
da sua caminhada, muito mais do que a aquisição e o domínio da leitura e da escrita”. Se
aceita que a leitura, em especial de literatura, permite aguçar a subjetividade, pois cada pessoa
compreende e se apropria das leituras realizadas de maneira singular. Quando dois sujeitos
leem uma mesma obra, as impressões deixadas pela leitura podem ser bem diferentes, pois
dependerá dos usos e das inter-relações que cada um fez com sua história como leitor, ou seja,
cada um dará seu próprio significado a esta leitura.
Isto posto, ressalta-se que quando lemos, somos tomados, muitas vezes, por sensações
indescritíveis e particulares. Essas reações dos leitores podem ocorrer de maneiras diversas e
geralmente ligadas ao mundo dos sentidos: sensações, movimentos e expressões corporais.
Ao se observar os modos e gestos do leitor, pode-se recolher indícios de seu envolvimento na
leitura, o que às vezes é mais fácil de aproximação e de entendimento do que quando é apenas
relatada tal situação.
Todavia, é preciso levar em consideração que fazer uso de literatura infantil não
significa que esta não possa colaborar no desenvolvimento linguístico do leitor, uma vez que
amplia sua experiência com a língua escrita. A leitura, principalmente a leitura literária, faz
muita diferença no processo de desenvolvimento cognitivo dos alunos, não somente na área
de línguas, mas igualmente nas demais áreas. Nesse sentido, é extremamente perceptível a
diferença entre um aluno leitor e o aluno não acostumado às práticas de leitura. As respostas
aos estímulos geralmente são mais rápidas e mais precisas nos leitores do que nos não
leitores. Presumivelmente, os alunos leitores organizam melhor suas ideias diante das
propostas do professor, do bibliotecário ou do mediador da leitura, a ponto de serem mais
rápidos e mais precisos e fazem isso com um grau de facilidade maior que os demais.
Em função disso, Cosson (2014, p. 12) destaca a importância da leitura como a forma
de conhecer melhor o uso da língua, ao afirmar que o letramento realizado por meio do texto
literário vai além do uso social da língua escrita, ele assegura seu efetivo domínio. Por isso ela
é tão importante “[...] em qualquer processo de letramento, seja aquele oferecido pela escola,
seja aquele que se encontra difuso na sociedade.”.
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O letramento literário faz parte dessa expansão do uso do termo letramento, isto é,
integra o plural dos letramentos, sendo um dos usos sociais da escrita. Todavia, ao
contrário dos outros letramentos e do emprego mais largo da palavra para designar a
construção de sentido em uma determinada área de atividade ou conhecimento, o
letramento literário tem uma relação diferenciada com a escrita e, por consequência,
é um tipo de letramento singular. (SOUZA; COSSON, 2011, p. 103).
Diante do que foi exposto, a literatura literária é o caminho para o letramento literário
do publico infantil, para dar a criança ciência do mundo, modo de ser perceber através da
literatura e o gosto por ler vem nesse sentindo, na identificação do leitor com o livro, com a
história lida. Por isso, a mediação da leitura literária é vista como uma atividade de extrema
importância para o letramento literário e a formação do gosto da leitura com o publico
infantil, pois, a mediação da leitura literária pode despertar na criança a curiosidade sobre o
mundo da literatura infantil, com histórias fantásticas que contribuem para melhor
compreender a vida e também adquirir o gosto pela leitura.
Para se despertar o gosto da leitura literária nas crianças se usam as estratégias como a
contação de historia denominadas de “Hora do Conto”, de modo que Gomes; Bortolin (2011,
p. 164) definem como sendo “[...] uma das atividades mais utilizadas pelos mediadores de
leitura, pois essa atividade pode despertar na criança a curiosidade sobre o mundo da literatura
infantil, com histórias fantásticas que contribuem para melhor compreender a vida e também
adquirir o gosto pela leitura”. Bem como oficinas de leituras, dramatização de contos,
encontro com escritores, feiras de livros e outros. Esse conjunto de atividades pode aproximar
o leitor do livro, de modo a lerem diversificadamente e com prazer, a ter aprendizado com o
prazer da leitura.
Nessa continuidade, pode-se observar que o letramento literário e o gosto da leitura
inter-relacionam-se com as três primeiras leis de Ranganathan: Estas leis podem ser
resumidas da seguinte forma: 1- Os livros são para serem usados; 2- Todo leitor tem seu livro
e 3- Todo livro tem seu leitor. Todas estas leis apresentadas são mais que válidas para
compreender o processo de incentivo a leitura, o letramento literário e apreço pela leitura,
porém a segunda lei se efetua na condição do desejo do leitor, ou seja, preconiza a escolha do
leitor, foca no desejo de leitura do leitor, pois, quando transformada em obrigação, a leitura se
resume a simples enfado. Por isso, cabe o incentivo a leitura, porém que este seja feito de
forma prazerosa e divertida e não por obrigação.
Para suscitar esse desejo e garantir o prazer da leitura, Pennac (1994) prescreve alguns
direitos do leitor, como o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar, ou,
até mesmo, o direito de não ler. Respeitados esses direitos do leitor, este, da mesma forma,
passa a respeitar e valorizar a leitura. Está criado então, um vínculo indissociável. A leitura
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passa a ser um ímã que atrai e prende o leitor, numa relação de amor da qual ele, por sua vez,
não deseja desprender-se. Deste modo, conclui-se que “[...] o indivíduo letrado, o indivíduo
que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa
socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às
demandas sociais de leitura e de escrita”. (SOARES, 2009, p. 39-40).
Portanto, a apropriação da leitura literária e uso da literatura infantil, permite que as
crianças possam se constituir como leitoras, especificamente dessa literatura, quando, em seu
meio, tem o acesso a ela. E, o professor, bibliotecário ou pais exercem ou devem exercer a
função de mediação de leitura, e inserir a criança no contexto da leitura de literatura.
A literatura infantil constitui-se como gênero durante o século XVIII, período no qual as
mudanças na estrutura da sociedade suscitaram repercussões no âmbito artístico, de modo que
a emergência da literatura infantil, como um campo literário está estreitamente relacionada
com a emergência da sociedade burguesa, quando a prática da leitura literária se tornou
central não apenas para crianças, mas para toda a sociedade. A Literatura Infantil daquela
época preocupa-se com a infância, como o formar moral e socialmente as crianças e esta
prerrogativa ainda hoje é utilizada como meio de transmitir valores às crianças.
Nessa continuidade, compreende-se que literatura infantil é uma influenciadora na
formação social e moral da criança, é através da contação das histórias infantis que as crianças
podem e se desenvolvem afetivamente e emocionalmente, tornando-se leitores capazes de
transformar a sociedade através do senso crítico. O trabalhar da leitura literária deve ser
desvinculada da pressão de leitura para obtenção de uma nota, ou de uma avaliação, deve ser
incentivada e trabalhada pelo prazer da criança estar em contato com o livro, pelo prazer na
descoberta, da viagem para um novo mundo. A leitura literária não deve jamais ser
acompanhada de cobranças desnecessárias, tornando a mesma, um sacrifício para quem ler.
Nesta continuidade destaca-se que a literatura infantil pode ser considerada uma grande
aliada no processo de alfabetização, mas não pode ser vista apenas para alfabetizar, os
docentes e/ bibliotecários e até mesmo os pais devem proporcionar certa autonomia ás
crianças, possibilitando que eles manuseiam os livros, aumentando assim o seu contato com o
mundo letrado. Deste modo, atenta-se que muitos livros literários permitem que as crianças
falem sobre elas, escrevem sobre elas, a partir dela e segundas elas.
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Para Góes (1991, p. 3): [...] literatura infantil é, antes de tudo, “literatura”, isto é,
mensagem de arte, beleza e emoção. Portanto, se destinada especificamente à criança, nada
impede (pelo contrário) que possa agradar ao adulto. E nada modifica a sua característica
“literária” se, escrita para o adulto, agradar e emocionar a criança.
Neste modo, constrói-se uma rede de interações importantes para o desenvolvimento
das linguagens oral, escrita, artística das crianças. Quando a criança entra pelas portas da
literatura, ele adentra no mundo da cultura, pelos livros, pelos conhecimentos do mundo, do
ambiente, de quem veio antes de nós, da cultura de outros lugares, de lugares que nós nunca
pisaremos, assim a criança amplia seu conhecimento de mundo. Neste sentido, a autora Patte
(2012) relata que a leitura literária faz com que a criança apreenda o mundo, pois há uma
junção do mundo imaginário com o real, deste modo os bibliotecários devem incentivar as
crianças a recontar, observar e escutar a história até o final.
A literatura literária infantil na infância promove à criança a construção de
significados sobre o que ouvem ou sobre o que leem usando seus conhecimentos prévios,
criando imagens que estão ligadas às suas próprias experiências e interações humanas, e
construindo significados na medida em que interagem com outras crianças e adultos,
comentando as histórias que ouviram na biblioteca. Bem como também promove que a
criança tenha o conhecimento de si e do mundo, incentivando a curiosidade, a exploração, o
encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao
mundo físico e social.
A forma de trabalhar o texto literário com a criança não deve se pautando na
concepção tradicional da prática leitora, centradas na visão do professor, mas variando de
acordo com a perspectiva social e cultural e de formação do sujeito. Para que o convívio do
leitor com a literatura resulte afetivo, nessa aventura espiritual que é a leitura, muitos são os
fatores em jogo. O trabalho com o texto literário infantil, não deve ter o ensejo de alfabetizar
as crianças, tendo em vista que, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil, as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação
Infantil devem garantir experiências que possibilitem às crianças experiências de narrativas,
de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e
gêneros textuais orais e escritos e assim promover o letramento literário infantil.
Neste sentido é fundamental compreender que o “Letramento é um conceito criado
para referir-se aos usos da língua escrita não somente na escola, mas em todo lugar. Porque a
escrita está por todos os lados, fazendo parte da paisagem cotidiana.” (KLEIMAN, 2005, p.
5). Dentre as haveres de letramento, nos interessa o literário, sendo este diferente dos demais
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porque necessita da literatura. Desta forma, compreende-se que letramento literário consiste
na “construção literária dos sentidos” (SOUZA; COSSON, 2011, p. 103). Ainda de acordo
com Cosson (2014), a experiência da leitura de textos literários nos permite o encontro do
senso de nós mesmos. A leitura literária além de nos permitir saber a respeito de nossa própria
vida a partir da perspectiva da historia lida, do que o protagonista vive, também nos
oportuniza sentir emoções, descobrir novos valores.
O letramento literário não é adotado e nem comprado, este é nato e constrói-se a partir
das vivências que o indivíduo tem e se percebe na leitura do livro. O professor ou o
bibliotecário, em seu papel de mediador propicia ao aluno uma adaptação para a assimilação
de conteúdos escolares e de comportamento social, com fatos ligados a comunidade onde o
aluno se insere, ou seja, sua própria realidade.
O letramento literário se diferencia de outros tipos de Letramento, pois este utiliza a
língua escrita de maneira diferenciada. Já afirma Cosson (2007, p.17), a literatura possui o
papel de “[...] tornar o mundo compreensível transformando a sua materialidade em palavras
de cores, odores, sabores e formas intensamente humanas”. Dito isto, é viável ressaltar que a
Literatura não ocupa um papel comum nos estudos da linguagem, como, tem o dever de
proporcionar ao leitor as mais diversas experiências literárias que vista de forma escrita,
aprimora o Letramento já existente, apropriando o texto literário na construção das relações
de sentido do leitor.
Todo individuo alfabetizado é obrigatoriamente um individuo letrado, ou seja, todos
nós somos letrados, mas, na medida em que crescemos intelectualmente somos levados a ter
um letramento melhor para nos adaptarmos ao nível acadêmico em que estamos, como
também, no convívio social. O Letramento é caracterizado pela capacidade de utilização da
língua escrita para as práticas acadêmicas e sociais, tendo em vista que o letramento constrói-
se a partir de experiências de vida do aluno. Desta forma, pode – se compreender que o
letramento vem por meio da leitura e o letramento literário por meio da leitura literária. E de
tal forma é importante que esta leitura literária se inicie no campo da infância.
Ademais, há um enorme desafio frente o habito e o avançar das tecnologias de
comunicação, pois, neste mundo moderno é uma pratica natural que as pessoas deixem a
leitura de livros para estarem imersos na navegação. Isto resulta em jovens cada vez mais
desinteressados pelos livros, possuindo vocabulários cada vez mais pobres e com baixo índice
de rendimento escolar. Essa pratica de deixar a leitura de um livro para ficar apenas no acesso
a internet afeta não apenas os adultos, mas principalmente o público infantil que desde o
inicio não tem o devido incentivo para à apreciação de leitura de livros e permanecem muitas
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horas conectadas, mas, sem estimulo de novos aprendizados, apáticas e indiferentes aos
livros, seja ele físico ou virtual.
A contação de histórias de literatura infantil deve ser uma atividade presente no seu
crescimento e desenvolvimento da criança, e como esta é trabalhada no sentido de despertar o
interesse pela leitura, esta leitura ensina valores, sentimentos e emoções ás crianças. O espaço
do livro deveria ter o mesmo valor que uma TV ocupa no lar da família. Deste modo,
compreende-se que trabalhar a literatura infantil na infância é imprescindível para a formação
do ser, pois, a literatura oportuniza a criança o descobrir do mundo, contato com as situações
e experiências desconhecidas pelos leitores. O valor dado à literatura infantil é o caminho para
o letramento literário. Neste sentido, Martins (2016, p. 567) destaca que: “O sentido de
letramento literário envolve questões como leitura e compreensão de gêneros literários, gosto
pela leitura de textos literários, escolha do que deseja ler, experiência de leitura associadas ao
prazer de ler, ao significado estético da linguagem literária”.
Nesse sentindo, é imprescindível que se promova o incentivo à leitura de livros de
literatura infantil deste bem cedo, pois, esta pratica ao ser iniciada com antecedência permite
que as crianças tenham fixados em seus sentidos que ler é uma atividade prazerosa, e que
melhora o cognitivo, desperta emoções, sentimentos e gera aprendizados. O prazer de ler
livros. Diante disto, compreende-se que esta iniciativa deveria iniciar-se no âmbito familiar,
pois, seria um passo chave para tornar uma criança leitora.
Nesse sentido, depreende-se que a prática da leitura em nossa sociedade é sempre vista
de maneira positiva e sua ausência de maneira negativa, pois, ler representa um dos bens
culturais mais valorosos que se tem na sociedade. Nesse sentido, preconiza-se que o habito de
realizar leituras literárias infantis representa para a criança o caminho ideal para que esta
possa desenvolver a sua imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e
significativa.
Diante do exposto é importante destacar que existem dois fatores que contribuem para
que se desperte na criança o gosto pela leitura, seria a curiosidade e o exemplo. A curiosidade
no sentido de instigar a criança a conhecer a historia por trás da capa do livro, bem como o
livro deveria ter a importância que uma televisão ocupa dentro do lar. E o exemplo seria
vindo inicialmente dos pais, que deveriam ler mais para os filhos e para si próprios. O ideal
seria que se trabalhasse rotineiramente a mediação da leitura, feita com o suporte livro e não
com textos fragmentados, deste modo a criança já teria maior contato com o livro e a
representação de que este é importante.
Conforme cita Abramovich (1991)
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O bibliotecário como mediador da leitura tem funções primordiais, sendo uma delas
no contexto educativo e o outro no contexto cultural. No contexto educativo, este é um
instrumento de autoeducação, utiliza o livro como método de interação, a biblioteca, a
informação e a busca do conhecimento. A cultural oferece o complemento da educação
formal por meio de múltiplas possibilidades de leitura, ampliação de conhecimentos e ideias
acerca do mundo em que os usuários das bibliotecas estão inseridos.
Nesse sentido, ressalta-se que o bibliotecário está diretamente ligado à área social,
sendo este o agente que media o usuário na busca da leitura, sendo a leitura é um importante
bem que o homem desde cedo tem a necessidade. É por meio do texto, da leitura que adquiri-
se e formata-se posicionamentos, fundamenta-se às interpretações e viabiliza a compreensão
do outro e do mundo. Ao estimular o hábito da leitura ele estará despertando no leitor a
vontade de “ler o mundo”. Nesse sentido, como pontua Silva; Lendengue (2010, p. 94):
O papel social do bibliotecário vai muito além de mediar à informação e facilitar o
acesso desta por meio da leitura. O bibliotecário deve atrair o leitor para dentro da
biblioteca, colocando-o em contato direto com o livro e com a leitura, ou mesmo
indo até ao leitor, oportunizando o contato direto com o livro e com a leitura, onde
quer que ele esteja.
Diante disso, é necessário destacar que este profissional é responsável por planejar,
organizar, gestar as mais diversas bibliotecas e unidades de informação e o papel social que o
bibliotecário desempenha, como um sujeito transformador de mundo, formador de leitores, é
de suma importância, pois, por meio da mediação da leitura, este cumpre a missão social que
a ele é embutido. De acordo com Cunha (2003, p. 46), o bibliotecário deve “[...] facilitar aos
indivíduos o acesso à informação e possibilitar, desta forma, o desejo de aprender, de discutir,
enfim, a formação do conhecimento ou o conhecimento em formação. Desta forma, nossa
missão como agentes de transformação social é plenamente realizada”.
Para além disso, o ator de ler não é somente decodificação de signos, ela ultrapassa
esse sentido, pois, promove o entendimento de mundo, permite que o leitor faça discussões
relevantes, tenha analise, posicionamento critico, que tenha poder de argumentação e visão
critica. O ato de ler pode ser entendido como uma educação consciente individual de cada
sujeito e a relação como ambiente que o cerca. A leitura como é bem frisado, é importante
para homem porque o faz refletir sobre sua realidade, seu contexto político, social e
educacional, e “[...] inúmeras são as definições e os conceitos articulados e elaborados pelo
homem para a leitura, quer pendendo para um caráter mais político, mais social, quer para um
caráter mais instrumental ou mais técnico”. (ALMEIDA JÚNIOR, 2007, p. 33).
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Nesse sentido, depreende-se que as práticas de leitura estão presentes em nossas vidas
desde o momento em que começamos a perceber e interpretar o mundo à nossa volta, seja por
meio da relação que fazemos da ficção com a realidade, quando se descobre novas cores,
sabores, musicas e realidades. O tempo todo está se fazendo a leitura de mundo e com a
criança o processo é idêntico, antes mesmo de a criança saber ler e escrever, esta já consegue
fazer sua própria leitura de mundo, sabe fazer sua interpretação. Diante disso, compreende-se
que o bibliotecário trabalha o bem mais valioso de uma sociedade, a informação, é importante
que ele desempenhe a sua formação social como um agente democratizador da informação.
Nesse sentido, é imprescindível que ele ajude na formação de crianças leitoras,
ajudando-as a ingressarem no mundo do conhecimento por meio da leitura literária infanto-
juvenil. Portanto, pensando dessa forma o bibliotecário mediador responsável pela aquisição
da prática da leitura deve elaborar estratégias significativas para que ocorra a formação do
leitor, de forma consciente pela prática concreta e efetiva do ler, pois somente quem se
relaciona com livros, de maneira preciosa, será detentor do poderio de gerar novos bons
leitores.
Os bibliotecários podem transformar os equipamentos em que atuam em ambientes e
espaços voltados para a aprendizagem e construção de conhecimentos, cujo processo
reconhece a leitura como via de acesso à informação, que fundamenta a construção desses
conhecimentos. Desse modo, as ações de mediação de leitura são vistas como processos de
inclusão cultural e de emancipação de grupos e indivíduos. Desta forma, compreende-se que o
leitor deve encontrar no bibliotecário o ponto de apoio para suas necessidades de escolhas de
leituras literárias. O bibliotecário deve ter pleno entendimento do seu papel social enquanto
mediador de leitura, ter consciência que é preciso ser um incentivador da leitura, que é preciso
formar leitores e facilitar a relação entre o texto e o leitor. Isto posto, depreende-se que:
O processo de mediação envolve a seleção de livros de qualidade literária, evitando-
se que o aluno-leitor tenha acesso apenas a fragmentos de textos literários,
comumente apresentados nos livros didáticos, cabendo à biblioteca escolar um
papel fundamental como espaço de mediação da leitura e de democratização do
acesso aos diferentes gêneros textuais. (MARTINS, 2016, p. 568).
amigável, e esteja em sintonia com o desenvolvimento pedagógico do leitor, bem como tenha
consciência da realidade em que o mesmo está inserido e reconheça a singularidade de
assimilação de cada um.
Portanto, para se despertar o gosto pela leitura, ela precisa ser proposta de maneira
atraente, singela, agradável, divertida, mostrando as mais diversas formas de leitura do mundo
concreto, usando o vocabulário do cotidiano para que o leitor se reconheça na leitura e se
redescubra em si, construindo valores e fazendo sua leitura de mundo. A mediação da leitura
é realizada principalmente para que os usuários se tornem sujeitos formadores de opiniões,
participantes no meio em que vivem e principalmente colaborar na conscientização de que a
leitura é essencial para o fortalecimento da cidadania.
Desta forma, os bibliotecários devem disponibilizar o acesso aos livros sem restrições.
Não podem esquecer que a criança e o jovem necessitam de uma literatura apropriada a sua
faixa etária. Desta forma, percebe-se que uma sociedade leitora não surge imediatamente, mas
o bibliotecário, mediador de leitura, deve está preparado para oferecer à criança e ao jovem
um significado maior do mundo da leitura. A tarefa da promoção de leitura e auxílio à
formação de leitores leva o bibliotecário, mediador de leitura, a realizar uma série de
atividades que mostram a importância de seu trabalho ao aproximar os usuários do livro e da
leitura. Além dessas atividades, há a prática educativa do bibliotecário, mas sendo essa menos
significativa que as outras. Seria importante que o despertar para a leitura começasse em casa,
quando os pais deveriam ler histórias para seus filhos. Contudo, sabemos que é uma realidade
que normalmente não ocorre.
No momento em que a criança vai à escola, ela necessita receber o que em casa não
recebeu, e acaba ficando com a escola o compromisso de formar e sistematizar o hábito da
leitura na criança e no jovem. Todavia, a biblioteca escolar muitas das vezes não oferece o
suporte necessário para o bibliotecário desempenhar o papel de mediador, falta lhe acervo de
qualidade. Neste momento, as bibliotecas comunitárias surgem como o apoio desta criança
que necessita de uma biblioteca, de ler livros que o façam sentir prazer, ter novas expectativas
e nessas bibliotecas o bibliotecário pode então desempenhar seu papel de mediador de leitura.
Nessa continuidade, o perfil do bibliotecário, neste primeiro contato, é imprescindível
e deve contar com uma boa comunicação com os leitores, este deve ser agradável, criativo,
responsável, e principalmente, saber compreender as crianças e saber conquistá-las. “Precisa-
se, dentro de nossas bibliotecas, não de guardiões de acervos, mas de articuladores de ações
dinamizadoras; não de contadores de livros, mas contadores de histórias; não de estatísticas,
mas de qualidade de leitura”. (FRAGOSO, 1996, p.257).
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Deste modo, depreende-se que a leitura torna-se tarefa primordial destes profissionais,
já que para incentivar a ler, o bibliotecário deverá ser, antes de tudo, um grande leitor. Não
basta apenas a formação acadêmica, mas a auto-educação, através da pesquisa, da reflexão e
do crescimento intelectual. Como bem pontua Silva (1999, p.128):
O bibliotecário, pela especificidade de sua ação, deve namorar os livros,
demonstrando, sempre, uma paixão pessoal pela leitura. Para isso, deve refletir
muito sobre a sua própria formação. Quer dizer: perguntar se o seu trajeto e seus
processos de formação acadêmica estão permitindo o desenvolvimento do gosto pela
leitura e o incremento do seu repertório de leitura
diferentes gêneros e para qualquer idade, pois, a curiosidade da leitura de livros muitos das
vezes independe da idade. Ou seja, um adulto pode sentir curiosidade em gibis e uma criança
em livros de enciclopédia. O acervo é o ponto atrativo da biblioteca, pois de acordo com
Garcez (2007, p. 32), “[...] serve para cativar e estimular, nos usuários, o interesse pela sua
utilização. Por essa razão é necessária a sua diversificação.”. Para isso, o bibliotecário deve
conhecer bem o seu público, seus interesses e gostos literários.
Isto posto, é interessante frisar que o trabalho do bibliotecário em mediar a leitura,
deve ser realizada para aumentar a cultura, o conhecimento literário, promover a interação
entre leitor e as obras literárias. Um mediador da leitura é aquele que, através de atividades,
consegue despertar em cada um o interesse pela leitura, ele nos faz acreditar no prazer de ler
um bom livro. De acordo com o relato da experiência do programa Prazer em Ler do Instituto
C&A:
Cabe ao mediador criar um ambiente que associe comodidade – tanto para leitura
individual quanto para os momentos em grupo, como fácil transito e acesso aos
materiais do acervo. Cada detalhe da decoração e da escolha do mobiliário deve ser
pensado para que os usuários se sintam em um lugar de produção de cultura:
almofadas, painéis, quadros e outros itens reforçam a identidade cultural da
comunidade leitora. (PRAZER, 2009, p. 77).
Pensando na mediação em outro espaço, a partir dos estudos de Silva (2001, p.72) e
Bortolin (2007), a biblioteca como instância mediadora deve ter uma postura ativa e dinâmica
e o material de leitura deve fluir até o leitor com qualidade do acervo e serviço prestado aos
seus usuários, além democratizar seu espaço e planejar programas socioculturais.
Nessa continuidade, a ação de mediar leitura envolve três bases, a observação, a
orientação e a interação. O mediador deve ser, antes de tudo, um leitor que tem o papel de
colocar-se como ponte entre o texto e o leitor. Nesse sentido, Garcia (2007, p. 95) afirma que
o “[...] mediador muitas vezes faz o percurso junto, ele mesmo é um sujeito em processo,
alguém que vai formando leitor à medida que vai formando outros leitores. O mediador da
leitura nunca está definitivamente pronto: será sempre um vir a ser”. Dessa forma, entende-se
que o bibliotecário tem a necessidade de uma formação continuada e de um trabalho coletivo
na biblioteca que colabore e fortaleça as ações de mediar a leitura.
Nesse conjunto, as interações vão se estabelecendo e à medida que intensificam mais
amplas será a consciência dos sujeitos envolvidos, contribuindo assim, para a construção do
conhecimento internalizado. À medida que a criança vai enriquecendo e ampliando os
conhecimentos, vai se tornando mais confiante acerca da capacidade para construir a sua
subjetividade e gradativamente vai dispensando o mediador, passando a resolver e buscar
sozinho seu caminho.
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4 BIBLIOTECAS COMUNITÁRIAS 4
seu gosto pela narrativa, é comumente chamado de mediação de leitura. Para Russo (2009), a
atividade de mediação de leitura consiste em um ato de ler para crianças, jovens ou adultos,
de uma maneira livre e prazerosa, que não exige do mediador grandes habilidades artísticas
A Biblioteca Comunitária Monteiro Lobato tem seu histórico pautado num sonho. De
acordo com informações divulgadas, em 2004, era apenas um sonho, algo desejado, porém
sem muita estrutura de funcionamento, mas com ações pontuais de leitura foi minando o
desejo de ler e fazer ler, com tímidas atividades em sala de aula, a leitura foi fazendo parte da
rotina das crianças atendidas nesta instituição. Em 2005 essas atividades se intensificaram e o
que era apenas pontual, transformou-se em projeto para um semestre, envolvendo além das
crianças, as famílias. O projeto Brincando e Aprendendo na Escola, na Família e na
Sociedade, contou com o apoio da antiga Associação de Escolas Católicas, hoje CENEC de
Brasília, dando uma dinâmica diferente as atividades de leitura que já vinham sido
desenvolvidas e implantando um espaço de leitura "Monteiro Lobato". Em 2012, o mesmo
projeto foi encaminhado para o Instituto C&A e também foi aprovado com a principal
proposta de incentivas a leitura literária, para tal foi criada a Rede Leitora Terra das
Palmeiras, composta por 5 Bibliotecas, e agora, o que era espaço de leitura, transformou-se
em Biblioteca Comunitária "Monteiro Lobato".
47
4 paginas
5.1 Projeto x
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que tiver faltando posso fazer proposições para melhoria dos serviços da biblioteca, na
minha conclusão. No sentido da organização do acervo, mediação da leitura, atendimento ao
publico. Ficou faltando no áudio a fala dela de como meu trabalho seria algo inovador: acho
qyue foi na parte dessas idas a campo surpresa e na proposição de melhorias
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REFERÊNCIAS
GARCIA, Edson Gabriel. A leitura no meio do caminho. In: Prazer em Ler. Instituto C&A,
2006. Disponível em: 54
http://institutoce1.dominiotemporario.com/instituto/site/content/atuacao/prazeremler/materiais
_de_apoio/material_de_apoio.aspx Acesso em: 18 de abril de 2017.
GARCIA, Edson Gabriel. O mediador de leitura. In: Prazer em Ler 2. Instituto C&A, 2007.
Disponível em:
http://institutoce1.dominiotemporario.com/instituto/site/content/atuacao/prazeremler/materiais
_de_apoio/material_de_apoio.aspx Acesso em: 25 de abril de 2017.