Aydano Roriz

Luiz Siqueira
Tânia Roriz

MUNDO DOS
SUPER-HERÓIS
AGOSTO/2017
#92 NOSSA SUPEREQUIPE
Editor e diretor responsável: Aydano Roriz
Diretor executivo: Luiz Siqueira
Diretor editorial e jornalista responsável:
Roberto Araújo – MTb.10.766 – araujo@europanet.com.br

REDAÇÃO
Editor: Manoel de Souza
Redator: Gustavo Vícola ROBERTO ARAÚJO GUSTAVO VÍCOLA NANI JOTA SILVESTRE
Editor de arte (projeto e capa): Alexandre Dias (Nani) Designer responsável
Colaboraram nesta edição: Clayton Godinho, Eder
Chefão da revista. Com Anda tão feliz que reativou Jornalista, escreve sobre
Pegoraro, Eduardo Marchiori, Fernando Caruso, Fransérgio décadas de experiência, seu blog, o SOC! TUM! POW!, pela arte da Mundo. Em quadrinhos e cultura pop
Rodrigues, Heitor Pitombo, Jota Silvestre, Leonardo Vicente mostra os caminhos para que agora é um Instablog. suas horas vagas é um aqui na Mundo e no blog
Di Sessa, Maurício Muniz, Ricardo Quartim, Roberto
Guedes, Vinicius Serpa (textos) e Andrea Mariz (revisão)
deixar a Mundo mais super. Procure lá no Instagram. designer responsável. Papo de Quadrinho.
DIRETOR DE PUBLICIDADE
Maurício Dias (11) 3038-5093
publicidade@europanet.com.br

São Paulo
Ângela Taddeo, Alessandro Donadio, Elisângela Xavier,
Lígia Caetano, Renato Perón e Roberta Barricelli
Criação: Adriano Severo (11) 3038-5067

Outras regiões ROBERTO GUEDES EDUARDO MARCHIORI LEONARDO VICENTE HEITOR PITOMBO
Bahia: Aura Bahia – (71) 3345-5600/ 99965-8133 Escritor, roteirista, Mutante que se divide entre Lutando por um mundo Além de músico e jornalista,
Brasília: New Business – (61) 3326-0205 editor e correspondente anda lendo mais gibis
Pernambuco: Espaço de Mídia – (81) 99976-8544
salvar o mundo, escrever onde macacos e humanos
Paraná: GRP – (41) 3023-8238 em Gotham City. na Mundo e no blog Raio X vivam em paz. Editor do do que é humanamente
Rio Grande do Sul: Semente Associados – (51) 98146-1010 (mutantexis.wordpress.com). site Mundo Comics. possível. Superleitor avante!
Santa Catarina: MC Representações – (48) 99983-2515
Outros Estados: Mauricio Dias – (11) 998536-1555
Publicidade – EUAA e Canadá: Global Media + 1 (650)
306-0880

ATENDIMENTO AO LEITOR
Gerente: Fabiana Lopes (fabiana@europanet.com.br)
Coordenação:7DPDU%LIÚWDPDU#HXURSDQHWFRPEU
Equipe: Carla Fonseca, Josi Montanari, Regiane Rocha,
Camila Brogio, Gabriela Silva, Bruna Fernandes e Bia Moreira

ATENDIMENTO LIVRARIAS E BANCAS

CLAYTON GODINHO GABI FRANCO POPGROUND EDER PEGORARO
Paula Hanne (11) 3038-5100 Editor do Chamando DE THEMYSCIRA O trio nerd – André Morelli, Colecionador e pesquisador de
paula@europanet.com.br Superamigos, por pouco não Jornalista, cineasta, Cláudio Murena e Toni action-figures, estátuas e afins.
EUROPA DIGITAL (www.europanet.com.br)
perdeu seus gibis do Batman amazona e criadora Santos – adora discutir qual Dá dicas no Sala de Justiça-Br
Gerente: Marco Clivati (marco.clivati@europanet.com.br) para uma gangue de traças. do site MinasNerds. é a melhor: Marvel ou DC. (www.saladejustica-br.com.br)
Equipe: Anderson Ribeiro, Anderson Cleiton,
Adriano Severo e Karine Ferreira

PRODUÇÃO E EVENTOS
Gerente: Aida Lima (aida@europanet.com.br)
Equipe: Beth Macedo (produção)

DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA
Coordenação: Henrique Guerche
(henrique.moreira@europanet.com.br)
Equipe: Luís Aleff e William Costa FRANSÉRGIO RODRIGUES MAURÍCIO MUNIZ RICARDO QUARTIM VINÍCIUS SERPA
ADMINISTRAÇÃO
Designer, ilustrador e Jornalista, editor e tradutor. O Super-herói da Estudante de relações
Gerente: Renata Kurosaki Amigão da Vizinhança. Não vê a hora de a Marvel e Notícia voando alto à públicas, na busca
Equipe: Paula Orlandini Em sua teia a balançar, a DC voltarem a ter histórias procura de navios. incessante pelo poder
DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL sempre disposto a ajudar. realmente essenciais. da supercomunicação.
Tânia Roriz e Elisangela Harumi

Rua MMDC, 121 - São Paulo, SP - CEP 05510-900

Telefone: 0800-8888-508 (ligação gratuita)
São Paulo: (11) 3038-5050
Pela Internet: www.europanet.com.br
E-mail: atendimento@europanet.com.br

A revista MUNDO DOS SUPER-HERÓIS é uma

publicação da Editora Europa Ltda. (ISSN 16766091). FERNANDO CARUSO ANDREA MARIZ ROBERTO SOUZA VOCÊ, LEITOR
A Editora Europa não se responsabiliza pelo
conteúdo dos anúncios de terceiros. Ama quadrinhos e fala Meio nerd, meio bruxa, Professor de desenho do Aquele sujeito ponta firme,
sobre filmes e séries de devora livros e filmes e é Instituto HQ. É autor do que nunca nos deixa na mão
Distribuidor exclusivo para o Brasil TV por horas a fio no www. sempre chamada quando quadrinho independente e que está sempre disposto
Total Publicações
Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678 podcrastinadores.com.br. os prazos estão apertados. O Caminho. a encarar uma aventura.
CEP 06045-390 – Osasco, SP

Impressão: 3URO*UºÚFD
PERDEU ALGUMA EDIÇÃO DA MUNDO? COMPRE DIRETO COM A EDITORA EUROPA. O FRETE DO EXEMPLAR É GRÁTIS
DIZ AÍ!

MORCEGO EM CONSTRUÇÃO ~
T NESTA EDIÇAO
odo aspirante a desenhista sonha um dia cruzar com o Batman na
prancheta e marcar a trajetória dele. Tal fascínio vem de longe e ajudou

7DESAFIO DOS HERÓIS

a enriquecer o universo do Homem-Morcego. Nesse histórico, Dick
Sprang deixou o queixo do herói mais quadrado, Carmine Infantino Teste seus conhecimentos
acrescentou uma elipse ao símbolo no peito, Neal Adams lhe deu um ar mais
realista, Frank Miller moldou a personalidade justiceira, Todd McFarlane
aumentou deveras sua capa, Simon Bisley deixou as orelhas mais pontudas do
que nunca... Esse trabalho gradual tornou Batman o maior herói da cultura pop.
8UMA IMAGEM
Hellboy II

O interessante é que essas soluções visuais e psicológicas nasceram em simplórios

gibis (muitas vezes bem mal impressos) e depois foram transportadas para a TV,
o cinema e os games. O nanquim foi (e ainda é) o palco seminal onde se estrutura
10PENEIRA POP
Notícias, eventos e afins

o alicerce do maior personagem da DC. E nada mais justo do que listarmos os

responsáveis por esse mérito. Depois de muita discussão em equipe, chegamos a 40 16ENTREVISTA
Tom DeFalco

20DOSSIÊ
quadrinhistas que consideramos os mais importantes na carreira do Batman (se sentiu
falta de alguém, me indique que cito na próxima Mundo. Listas são sempre polêmicas).
Assim que terminei de editar este dossiê, ficou claro que não existe apenas um A arte do Batman

37BASTIDORES
Batman. Cada geração tem o seu. Cada artista também. Os primeiros Batmen que me
chamaram a atenção para valer foram o de Frank Miller, David Mazzucchelli e Neal
Adams (sim, foi nessa ordem que eu os conheci). Depois fiquei fascinado pelas versões Os artistas da capa

40ACTION-FIGURES
do Don Newton, do Marshall Rogers e do Tim Sale. Atualmente curto muito o trabalho
do nosso amigo Eddy Barrows. E, como a construção do mito continua a todo vapor,
minha lista ainda deve aumentar. O assunto A volta de Falcon

42EM SÉRIE
é tão vasto que sobrou muito o que dizer sobre
a transformação do herói nas outras mídias.
Já anotei para uma hora dessas pesquisar isso Inumanos

48HOMENAGEM
a fundo e talvez até renda outro dossiê.
No mundo (e na Mundo) dos super-heróis,
nunca é demais falar do Batman, concorda? MANOEL DE SOUZA 100 anos de Kirby
manoel.souza@europanet.com.br

PS: Já ia me esquecendo: feliz aniversário para todos nós. Em agosto, a Mundo completa 11 anos e continuamos
firmes e fortes em nossa missão de entreter os leitores mais bacanas do Brasil. Obrigado por nos acompanhar. 52O ASSUNTO É...
Thor: Ragnarok

SE FOR O CASO, RECLAME 54JORNADA DO HEROÍ

Canário Negro

Nosso objetivo é a Excelência! 60GRANDES COMBATES

Visite nosso site www.europanet.com.br Homem de Ferro vs. Mandarim
Correspondência

64RECEBEMOS
Redação
Rua MMDC, 121 / CEP 05510-900 Tel.: (11) 3038-5109 / Fax: (11) 3819-0538
São Paulo, SP / Fax: (11) 3819-0538 manoel.souza@europanet.com.br Resenhas de HQs
Publicidade Vendas (de segunda a sexta, das 8h às 20h)
Tel.: (11) 3038-5093
Fax: (11) 3819-0538
publicidade@europanet.com.br
0800-8888-508 (ligação gratuita)
(11) 3038-5050 (Grande São Paulo)
Fax: (11) 3819-0538
70SUPERLEITORES
Comentários e afins

74UNIVERSO MARVEL/DC
Digital atendimento@europanet.com.br
www.europadigital.com.br
suportedigital@europanet.com.br Baixe na from
Download As parceiras de Stan Lee
(Desktops, notebooks, tablets e celulares) Windows Store

REVISTA MUNDO | 5
 DESAFIODOSHERÓIS UM QUIZ PARA QUEM É SUPER

TESTE SEUS PODERES

1 2 3 4 5

QUAL É A IDENTIDADE QUEM INTERPRETA QUANDO ESTREOU O MACDONALD GARGAN É A

O PANTERA NEGRA É AQUAMAN NO FILME DESENHO SUPERMAN: A IDENTIDADE CIVIL DE QUAL
REI DE QUAL NAÇÃO? SECRETA DO
ARQUEIRO VERDE? LIGA DA JUSTIÇA? SÉRIE ANIMADA? INIMIGO DO ARANHA?

6 7 8 9 10

QUAL FOI O PRIMEIRO VILÃO O SOLDADO INVERNAL QUAL ERA A FORMAÇÃO QUANTOS ATORES
COMO O ÁTOMO GANHOU
A APARECER NO SERIADO FOI PARCEIRO-MIRIM DOS X-MEN NA ESTREIA DA ENCARNARAM BLADE,
SEUS PODERES?
BATMAN NOS ANOS 1960? DE QUAL HERÓI? EQUIPE NO CINEMA? O CAÇADOR DE VAMPIROS?

VIRE A PÁGINA E VEJA AS RESPOSTAS

REVISTA MUNDO | 7
DESAFIODOSHERÓIS

1 2
O herói é soberano
de Wakanda, um
pequeno país africano
que se esforça para passar
despercebido aos olhos de
outras nações devido às
suas grandes reservas de
vibranium, um dos metais
mais preciosos da Terra.
Graças ao minério, os
wakandianos contam com
uma tecnologia ímpar.
Nas HQs, Wakanda estreou
em Fantastic Four 52 (1966),
quando o Pantera conhece
o Quarteto Fantástico.
Quem veste a
máscara e o capuz do
vigilante é Oliver
Queen, um dos homens
mais ricos do mundo. Ele
criou essa identidade
heroica após viver um ano
numa ilha deserta. A luta
diária pela sobrevivência
lhe deu uma nova visão de
mundo e o motivou a sair
de sua zona de conforto e
ajudar os cidadãos de Star
City. Nos gibis, o Arqueiro
Verde estreou em More
Fun Comics 73 (1941).
3 4
O herói será vivido
pelo musculoso Jason
Momoa, que conta
com uma bela herança
cultural para ajudá-lo.
Nascido em Honolulu, no
Havaí, o ator viveu em
contato com o mar desde
criança e cresceu ouvindo
histórias dos deuses
polinésios Kahoali e Maui,
que são divindades da
Ãjxd1#R#Ľoph#gd#Oljd#gd#
Justiça sairá em novembro
e abrirá caminho para o
longa do herói, em 2018.
O seriado do Homem
de Aço começou a ser
exibido nos Estados
Unidos em 1996 e veio no
embalo do bem-sucedido
;ZmfZg3:LÂkb^:gbfZ]Z
(1992). Tanto que ambos
contam com os talentos
do artista Bruce Timm,
do roteirista Paul Dini e do
produtor Alan Burnett.
Lni^kfZg3:LÂkb^:gbfZ]Z
teve 54 episódios ao longo
de suas três temporadas e
foi produzida até o ano
2000. Deixou saudades.
5
O ex-investigador
particular é o
Escorpião, um vilão
que surgiu do ódio de J. J.
Jameson pelo Aranha.
O velho editor contratou
Gargan só para descobrir a
identidade do herói, mas
dfderx#Ľqdqfldqgr#xp#
experimento que deu ao
detetive as características
de um escorpião, o que
afetou a sanidade de
Gargan. Jameson pagou
um alto preço, pois passou
a ser perseguido pelo vilão.

AGORA, VAMOS DESCOBRIR SEU NÍVEL DE PODER

0 a 3 ACERTOS
Como Stan Lee no início de carreira, você
ainda tem um longo caminho a percorrer
antes de ser o maioral. Mas mire-se no
exemplo do publisher e seja persistente.
4 a 8 ACERTOS
Com vários acertos, o seu nome já começa a
ser respeitado nos círculos nerds. Faça como
Stan "The Man" Lee e não se acomode com
esse pequeno sucesso. Pense grande.
9 a 10 ACERTOS
Você se tornou o papa dos nerds e seu nome
ecoa pelas convenções como uma lenda.
Cabe a você transmitir esse conhecimento
para os que ainda estão começando.

6 7
O Charada foi a
ameaça em Hi, Diddle
Riddle, o episódio-
piloto exibido em janeiro
de 1966. Encarnado pelo
experiente Frank Gorshin,
o vilão induziu Batman
e Robin ao erro e, em
seguida, processou a Dupla
Dinâmica por ser acusado
de um crime que não
cometeu. A trama é baseada
numa HQ do gibi ;ZmfZg
171 (1965), que marcou
a estreia do Charada
na Era de Prata.
Um dos assassinos
pdlv#hĽfd}hv#gr#
mundo, em sua
juventude ele atuou ao
lado do Capitão América
com o codinome Bucky.
A parceria foi encerrada
quando o herói-mirim foi
dado como morto em um
acidente. Mas o jovem foi
salvo pelos russos, que o
treinaram para ser um
agente especial. Isso foi
revelado nos gibis em
2005 e depois aproveitado
no cinema em 2014.
8 9
EmQ&F^g3H?bef^
(2000), a equipe conta
com Charles Xavier,
Ciclope, Jean Grey,
Tempestade, Vampira e
Wolverine. Essa formação
é incrementada nos dois
Ľophv#vhjxlqwhv#+X-Men 2,
de 2003, e Q&F^g3H
Confronto Final, de 2006)
quando Fera, Homem de
Gelo, Noturno e outros
mutantes unem-se aos
heróis. Pena que nem
todos chegam vivos ao
Ľp#gd#wulorjld1
10
O cientista Ray
Palmer deve sua
habilidade de reduzir
de tamanho a um traje que
ele criou com fragmentos
de uma estrela-anã branca.
Capaz de encolher a níveis
subatômicos, Palmer
adotou a identidade de
Átomo e começou a
combater o crime (essa
origem foi publicada na
revista Lahp\Zl^ 34, de
1961). Uma curiosidade:
no Brasil, até 2015 o herói
era chamado de Eléktron.
Apenas dois.
O ator Wesley
Snypes viveu a
versão mais famosa do
personagem nos três
Ľophv#sdud#r#flqhpd=#;eZ]^
(1998), ;eZ]^BB (2002)
e ;eZ]^3Mkbgbmr (2004).
O universo live-action do
herói teve continuação
no seriado ;eZ]^3Ma^L^kb^l
(2006), em que o caçador
de vampiros foi encarnado
pelo ator e rapper Kirk
Jones. Pena que a atração
de TV só teve 13 episódios.

8 | REVISTA MUNDO
UMA IMAGEM
Cartaz infernal
Hvvh#sÖvwhu#gr#Ľoph#
Hellboy II: O Exército Dourado
(2008) é pouco conhecido
gr#sÜeolfr#h#sru#xp#erp#
prwlyr=#wudwd0vh#gh#xpd#
shÉd#h{foxvlyd#gd#Qhz#
\run#Frplf0Frq#533;#h#irl#
glvwulexÏgr#judwxlwdphqwh#
drv#ylvlwdqwhv#gr#hyhqwr1#
R#wudedokr#Ë#gh#Guhz#
Vwux}dq/#r#uhqrpdgr#
duwlvwd#uhvsrqvÃyho#sru#
sÖvwhuhv#gdv#iudqtxldv#
Star Wars e Indiana Jones1

REVISTA MUNDO | 9
PENEIRAPOP
UM AQUECIMENTO PARA SUA LEITURA
Balada nerd
NOSSO COLABORADOR VISITOU A SAN DIEGO COMIC-CON
E CONTA SUAS IMPRESSÕES (NEM UM POUCO ISENTAS)
DE FÃ APAIXONADO TEXTO E FOTOS: FERNANDO CARUSO*
A
pesar de seus números serem
impressionantes, a San Diego
Comic-Con vai muito além disso.
Essa foi a minha sétima participação
no evento (estreei lá em 1998) e ele
só cresce. A cada ano é mais difícil
conseguir ingressos, agendar hotel
h#hqiuhqwdu#dv#Ľodv111#«#frpxp#r#sdsr#
entre os frequentadores mais assíduos
de que a convenção já “não é mais a
mesma” pois o espaço dos quadrinhos
vem sendo reduzido drasticamente
em prol de Hollywood e seus anúncios
badaladíssimos. Um exemplo dessa
mudança foi a ausência de um estande
Raio X do evento
O quê? 40a San Diego Comic-Con
Quando? 19 a 22/7 / Onde? San Diego, Califórnia
Tamanho? 43 mil m2 Visitantes? 140 mil
10 | REVISTA MUNDO
De cosplays inspirados a encontros com
grandes nomes como Sérgio Aragonés
(abaixo): a SDCC oferece de tudo para
se consagrar como o paraíso dos nerds
da Mile High Comics, a maior loja de
quadrinhos do mundo que, após 43 anos,
Ľfrx#gh#irud#gd#eulqfdghlud1
Chuck Rozanski, o dono da empresa,
tem reclamado disso há tempos (inclusive
no documentário :LZ`Z<hfb\&<hg3
HLhgah]^Nf?¼, de Morgan Spurlock).
Segundo o empresário, os visitantes
compram cada vez menos, o que onera
demais o custo de carregamento e
montagem do estande. Durante a semana
da SDCC 2017, ele escreveu na internet
que, apesar de triste, nunca esteve tão
relaxado numa quarta-feira de convenção
(e olha que na hora ele estava sentado no
dentista fazendo um tratamento de canal).
Mas, se a ausência da Mile High foi
muito sentida (pelo menos por mim),
isso não abalou em nada o público que,
além dos estandes, tinha à disposição 31
auditórios com lotações que variavam de
Neal Adams (acima) e David Lloyd (abaixo) eram alguns
dos veteranos que estavam bem acessíveis aos fãs
70 a 6.500 pessoas. Pois uma dessas salas
maiores (o Hall H) recebeu 6.500 sortudos
(verdadeiros heróis da resistência) que,
após passarem a noite acampados do
lado de fora do Centro de Convenções,
garantiram lugar para ver os elencos
de @Zf^h_Makhg^l, Ma^PZedbg`=^Z]
e Dbg`lfZgBB, entre outros. Coisas assim
deixam claro para mim que a SDCC
não é apenas uma convenção. São vários
eventos que agrupam diferentes públicos
que coexistem em harmonia.
Então, qual é a minha convenção? Bem,
meu cronograma consistia em comprar
quadrinhos (com desconto, sempre com
desconto) e acompanhar painéis (palestras)
não tão badalados e que atendessem
meus interesses. Dessa forma, assisti ao
Quick Draw, um concurso de desenhos

Caruso não sabia se tietava Scott McCloud ou se babava
na estátua do Aranha 2099. Pobre nerd indeciso
rápidos ciceroneado pelo roteirista Mark
Evanier, com Sergio Aragonés e outros dois
cartunistas, cada um com um telão a sua
disposição, para desenhar o que quer
que fosse que o mestre de cerimônias
sugerisse. Muito divertido.
Também participei de um painel
hilário sobre as piores capas e desenhos
animados da história, um com o elenco
de Ma^Mb\d, a nova série da Amazon
(detalhes na página 12), entre vários
rxwurv/#wrgrv#vhpsuh#vhp#Ľod#dojxpd1#
Entre uma palestra e outra, descia à caça
de mais gibis importados e, mesmo sem
a presença da Mile High Comics, consegui
achar quase tudo eu queria por preços
módicos (tipo entre US$ 5 e US$ 10).
Para quem curte sketches e autógrafos,
vários artistas famosos estavam bem
acessíveis, conversando com os fãs. Passei
por tipos como Marv Wolfman, Neal
Dgdpv/#Gdylg#Or|g/#Mhļ#Vplwk#h#wdqwrv#
pdlv#txh/#hp#hyhqwrv#eudvlohlurv/#Ľfduldp#
cercados o tempo todo pelos fãs.
De resto, vi muita coisa que não era
bem a minha praia, mas acabei curtindo.
Rv#frohflrqdgruhv#gh#dfwlrq0Ľjxuhv/#
por exemplo, podiam pirar com os
estandes da Kotobuya ou da Hasbro,
e babar nas esculturas exclusivas da
feira. Muitos colecionáveis a preços
surpreendentemente acessíveis, como os
Pop Funkos, por volta de US$ 10 (imagina
quanto custariam no Brasil!). Outra coisa
bacana é que os painéis da Hasbro e DC
Collectibles tinham muitas novidades.
Fiquei maravilhado com a enorme
estatueta do Homem-Aranha 2099
e os dioramas do He-Man e da She-Ra.
E tinha muito mais o que ver. Como
os incríveis cosplayers que circulavam
no evento. Havia de tudo, desde os mais
elaborados (como uma Mulher-Gavião
com enormes asas retráteis) até os mais
hilários (caso do Deadpool fanático com
uma placa que anunciava que Thanos está
suÕ{lpr,1#Plqkd#pxokhu#Ľfrx#hqfdqwdgd#
com o concurso de cosplay no sábado e
me obrigou a assistir aos 39 participantes.
Mesmo exausto, me diverti bastante. Não
Participar de um painel com Bruce Timm
e bater um papo com Marv Wolfman
fazem valer a pena uma viagem tão longa
cheguei a ser mordido pelo comichão de
me fantasiar, mas se quisesse eu poderia
participar das palestras de como criar
meu próprio uniforme e usufruir da ajuda
de pessoas que andavam com um kit de
reparos para cosplay. Um verdadeiro
carnaval à parte.
Outra coisa bacana é que o evento
deixa sua marca muito além do centro
de convenções e a pequena San Diego se
torna capital mundial dos nerds por cinco
dias. Aliás, esse é outro ponto positivo da
SDCC: é a única com tantos dias de evento,
fazendo valer mesmo o deslocamento
internacional.
* Para quem não sabe, o Fernando é aquele
=RMP
CJM>=J
ÐJDM
@M
?D=PCEQR=
DE?M
=PSQM
Para finalizar, uma fotinha básica com Jeff Smith.
“Sempre fui fã de Bone”, entrega o fã emocionado
REVISTA MUNDO | 11

Heroína espacial
Para uma franquia que conta com uma mitologia
tão densa como Star Wars, o lançamento de HQs
infanto-juvenis pode ser um alívio. A nova série
em quadrinhos Star Wars Adventures, da editora
IDW, terá tramas e arte mais leves e será uma
antologia de HQs protagonizadas por diversos
personagens e em época distintas. Um deles,
por exemplo, é Rey, a grande heroína dos novos
filmes. A primeira edição (que sai nos Estados
Unidos em setembro) mostrará a luta da jovem
para sobreviver em Jakku, o planeta onde
cresceu. (Gustavo Vícola)
Festa do interior
A capital paulista é conhecida por abrigar muitos
eventos de quadrinhos e afins. O que nem todo
mundo sabe é que várias cidades do entorno
também seguem a tradição. O Jundcomics, por
exemplo, é realizado em Jundiaí (a 57 km de
São Paulo) desde 2000 e ganhará sua 11a edição
entre os dias 1 e 3 de setembro.
O evento ocorrerá numa novíssima unidade
do Sesc local e no primeiro dia, sexta-feira,
abrirá com um show da banda Massacration.
Na programação do sábado e domingo estão
bate-papos (um com o dublador Guilherme
Briggs), concursos de cosplay e um caprichado
Artist’s Alley com mais de 70 participantes, além
de estandes temáticos e área de jogos.
Criado por quatro amigos aficionados por
quadrinhos, o evento foi o primeiro do gênero
na cidade e tem se aprimorado a cada ano.
“A ideia é essa edição receber entre 3 e 4 mil
visitantes. Será a maior até agora”, comemora o
quadrinhista Ede Galileu, um dos organizadores.
Mais detalhes no perfil Jundcomics do Facebook.
12 | REVISTA MUNDO
Mesmo com um QI
abaixo da média, The
Tick sempre sabe como
confortar quem precisa
A volta do carrapato
E
le é superforte, tem grande coração
e pouca inteligência. Uma divertida
paródia dos super-heróis, 0DA
0E?I
(O Carrapato, em português) está de
volta a partir de 25 de agosto numa nova
série exibida pelo Amazon Prime Video.
A Mundo assistiu aos quatro primeiros
episódios antes da estreia.
A nova trama é centrada no inseparável
vlghnlfn#gh#Wlfn/#Duwkxu#+JulĿq#
Newman), que tem um trauma de infância
relacionado ao chefe do crime Terror
(Jackie Earle Haley, o Rorschach, de
PZm\af^g). Enquanto investiga se o vilão
está de volta à cidade, Arthur conhece Tick
+Shwhu#VhudĽqrzlf},/#txh#dfuhglwd#txh#r#
destino do jovem é se tornar um herói. No
sdlqho#gd#vËulh#qd#VGFF/#VhudĽqrzlf}#glvvh#
que se inspirou no Batman de Adam West
para interpretar o papel.
O herói foi criado em 1986 por Ben
Edlund, então com 18 anos, como mascote
de uma rede de comic shops. Logo, ganhou
sua própria HQ, uma série animada (1994-
1996) e uma em live-action (2001), ambas
exibidas pela Fox. O atual Ma^Mb\d estará
disponível na Amazon em duas etapas: seis
episódios de meia hora em agosto e mais
seis no início de 2018. (Jota Silvestre)
O herói é atrapalhado, mas não falta boa intenção
Feras renomadas
Uma das HQs mais premiadas da
atualidade, Beasts of Burden (Dark Horse),
sairá no Brasil em um álbum luxuoso graças
aos esforços da editora Pipoca & Nanquim.
Publicado nos Estados Unidos desde
2003 em antologias de terror e em série
própria, o material de Evan Dorkin (roteiro)
e Jill Thompson (arte) foca as desventuras
de uma matilha de cães – e um gato –
às voltas com situações sobrenaturais
na cidade de Burden. Embora voltada
para o público juvenil, a HQ ganha ares
assustadores bem rápido e prova ser
um dos trabalhos mais inventivos dos
quadrinhos atuais, justificando os prêmios -
incluindo oito Eisners - que faturou até hoje.
As primeiras histórias foram reunidas
nos Estados Unidos no álbum Beasts of
Burden: Animal Rites (2010), que a Pipoca
& Nanquim lançará por aqui como Beasts
of Burden: Rituais Animais em setembro.
A edição terá 188 páginas coloridas, capa
dura e preço de R$ 69,90. (GV)
 O brasileiro Mike Deodato apresentou
a versão pré-histórica aos fãs, mas a
arte da HQ será do croata Esad Ribic

Tempos ancestrais Esad Ribic lançam mão de uma equipe de

A versão pré-histórica dos Vingadores será
a atração da edição especial Marvel Legacy,
que chega às comic shops norte-americanas
no mês que vem. Com 50 páginas, o gibi
pretende apresentar a “surpreendente origem
do Universo Marvel”, como descrito na sinopse.
Para tal, o roteirista Jason Aaron e o artista
heróis formada no ano 1 milhão A.C. São eles:
Agamotto (uma versão ancestral do Doutor
Estranho), Estigma, Fênix, Motoqueiro Fantasma
(que cavalga um mamute flamejante), Odin (em
referência a Thor), Pantera Negra e Punho de
Ferro. O visual dos personagens foi apresentado
na internet na arte de Mike Deodato.
A edição Marvel Legacy faz parte da
iniciativa de mesmo nome em que a editora
tenta resgatar a essência de dezenas de
personagens, bastante alteradas nos últimos
anos. O editor Tom Brevoort revelou que a
edição será o início de mistérios, segredos e
revelações que serão sentidas pelos próximos
meses. “Nenhum personagem e nenhuma
franquia sairá incólume das mudanças”,
explicou. (Gustavo Vícola)

OUTROS AGOSTOS OS GIBIS QUE SE DESTACARAM NESSE MÊS EM… POR GUSTAVO VÍCOLA
CAPAS CEDIDAS PELO SITE GUIA DOS QUADRINHOS (WWW.GUIADOSQUADRINHOS.COM)

...1977 A Ebal lançou Lanterna Verde
e Arqueiro Verde 1. Foi nesse gibi que saiu
Green Lantern/ Green Arrow 90 (1976),
edição que marcou a retomada da série
nos Estados Unidos após um hiato de
quatro anos. A partir dessa edição da
Ebal, a série passou a sair no Brasil com
regularidade, o que não rolava até então.
...1987 Os famosos soldados das
action-figures estrearam nas HQs em G.I.
Joe 1 (1982), da Marvel, que chegou em
nosso país no gibi Comandos em Ação
1. O título nacional durou apenas dez
números, mas serviu para dar aos leitores
brasileiros um gostinho das HQs escritas
pelo veterano de guerra Larry Hama.
...1997 O Almanaque Vertigo (Ed.
Metal Pesado) foi generoso com os fãs
do selo adulto da DC, pois trouxe nada
menos do que 12 histórias. Entre elas, as
quatro primeiras da série original Shade,
The Changing Man, provando ser um
ótimo ponto de entrada para leitores que
queriam conhecer melhor o personagem.
...2007 O mais popular herói da
Marvel finalmente teve sua identidade
secreta revelada em Homem-Aranha 68
(Panini). Em meio aos eventos da saga
Guerra Civil, o Aranha abriu mão de seu
maior segredo em frente às câmeras para
incentivar outros heróis a seguirem seu
exemplo de servir o governo.

REVISTA MUNDO | 13
 Por mais que transite
entre as editoras, Giffen
sempre volta para a DC

PENEIRAPOP

Mulherada
nas telas
O sucesso da Mulher-Maravilha no
cinema mostrou seu efeito na San Diego POR ONDE ANDA Nhlwk#Jlļhq
Comic-Con, em que as heroínas ganharam POR LEONARDO VICENTE DI SESSA
bastante espaço e novidades, a começar

pela continuação do longa da amazona. A
diretora Patty Jenkins ainda negocia sua
volta, mas Geoff Johns, o chefe-criativo da
DC, já trabalha no roteiro. A data de estreia
está marcada: 13 de dezembro de 2019.
Antes, contudo, será a vez das
heroínas da Marvel brilharem no cinema
e a primeira será a diminuta Vespa. Com
estreia planejada para 5 de julho de 2018,
O Homem-Formiga e a Vespa teve boa parte
do elenco divulgada, com Michelle Pfeiffer
como Janet van Dyne, a Vespa original;
Randall Park como o agente da Shield
Jimmy Woo; Hannah John-Kamen como
uma versão feminina do vilão Fantasma
e Laurence Fishburne como Bill Foster,
o Golias Negro.
Em seguida, a Capitã Marvel estrelará
seu próprio longa em 14 de março de
2019. Dentre as novidades, está a de que
os vilões serão os alienígenas transmorfos
skrulls, cujos direitos cinematográficos
são compartilhados por Marvel e FOX.
A trama será ambientada nos anos 1990
e mostrará Nick Fury com visão nos dois
olhos. (Leonardo Vicente Di Sessa)
UM NÚMERO
F
amoso por sua passagem na revista
da Liga da Justiça nos anos 1980,
o roteirista e desenhista sempre
resgatou personagens esquecidos. Em
5338/#sru#h{hpsor/#Jlļhq#prghuql}rx#
Drax, o Destruidor numa minissérie da
Marvel. Em 2007, foi a vez do Senhor
das Estrelas e outros personagens
cósmicos na minissérie LLDEJ=REML

MLOSAQR
p
/R=P(MP@, o embrião dos
Guardiões da Galáxia atuais (não por
coincidência, a equipe segue o estilo
bem-humorado de sua Liga).
Não foi só nas editoras grandes que
Jlļhq#eulokrx1#Dr#odgr#gh#vhx#sdufhlur#
na Liga, J.M. DeMatteis, publicou no
BOOM! Studios entre 2004 e 2009 várias
minisséries do título cômico Hero Squared.
Em uma delas, apresentou o Captain Mesmo os trabalhos mais recentes de Giffen, como
Justice League 3001, levam a veia cômica do autor
Valor, um herói aos moldes do Superman,
que chega ao mundo real e protagoniza escreveram entre 2013 e 2016 os títulos
situações absurdas. Até no estilo mangá Cnlmb\^E^Z`n^,))) e Cnlmb\^E^Z`n^,))*.
Jlļhq#vh#dyhqwxurx/#frp#BEnoAZeehp^^g A trama apresenta versões dos heróis
(2005-2007), pela Tokyopop, um título da Liga recriadas no futuro por meio de
de humor negro com crianças nada manipulação genética, com diferenças bem
comportadas aprontando das suas na noite inusitadas (como o machão Lanterna Verde
de Halloween, de maneira bem violenta. Guy Gardner numa versão feminina).
Pdv#r#jurvvr#gd#surgxÉÅr#gh#Jlļhq#qrv# Dlqgd#hp#5346/#Jlļhq#dvvxplx#dv#
últimos anos foi mesmo na DC, variando aventuras de He-Man, promovendo um

104...
... é o número de episódios da
série As Aventuras do Super-Homem
(1952-1958), estrelada por George
Reeves e responsável pelo estouro da
popularidade do herói de Krypton na TV.
entre derivados da Liga e reinterpretações
das criações de Jack Kirby. Em 2011, junto
de Dan DiDio, lançou uma nova versão do
supersoldado OMAC. Já entre 2011 e 2015,
escreveu vários títulos e participou da série
semanal Ma^G^p.+3?nmnk^l>g], sobre um
futuro alternativo dominado por máquinas.
Novamente ao lado de DiDio, resgatou outra
criação de Kirby na série BgƮgbmrFZgZg]ma^
Forever People (2014-2015).
Voltando ao humor total, mas com
xpd#shjdgd#fÕvplfd/#GhPdwwhlv#h#Jlļhq#
crossover com os heróis da DC.
O lar atual do quadrinhista continua
sendo a DC, embora esteja de saída do
título mensal do Besouro Azul Jaime
Uh|hv/#odqÉdgr#hp#53491#Qd#vËulh/#Ľfdudp#
latentes os elementos de sua cultuada
Liga, com as presenças do Senhor Destino
e de Ted Kord (o Besouro anterior)
como coadjuvantes. Comprovando ser
hfoËwlfr/#ghvgh#5349#Jlļhq#hvfuhyh#L\hh[r
:ih\Zeril^, revista do famoso cachorro da
TV e sua turma em um futuro apocalíptico.

14 | REVISTA MUNDO
 O Quarteto Fantástico da DC:
Sr. Incrível, Etérea, Homem-
Borracha e Metamorfo

Dia de
palhaçada
Nada de celebrar o Dia
do Batman nesse ano, pois
a Arlequina roubou a data,
como divulgado na SDCC pela
DC. A festa anual do herói,
tradicionalmente comemorada
em setembro, acontecerá
no dia 23, mas dessa vez será

Os quatro decenautas
focada na vilã em homenagem
aos 25 anos da personagem,
que estreou em setembro
de 1992 no desenho Batman:
The Animated Series.

E
nquanto a Marvel não se decide sobre os comportamento inconsequente) e Metamorfo (o
Na prática, o Dia da
rumos do Quarteto Fantástico nos gibis brutamontes atormentado por sua aparência).
Arlequina significará três
em razão de desentendimentos com a Com esse elenco, a comparação com Senhor gibis de graça para os clientes
IR[/#ghwhqwrud#grv#gluhlwrv#flqhpdwrjuÃĽfrv# Fantástico, Mulher-Invisível, Tocha Humana e das comic shops nos Estados
dos heróis, a DC tem seus próprios planos Coisa é inevitável. Unidos: Batman Day 2017
para a equipe. Não que a editora do Superman E a DC parece estar apostando alto com a Special Edition, Harley Quinn
lançará HQs do Quarteto, mas na prática é equipe, pois a deixou sob responsabilidade de Batman Day 2017 Special
Edition, DC Super Hero Girls
como se fosse isso mesmo, já que apresentou alguns de seus maiores talentos: o badalado
Batman Day 2017 Special
sua própria versão do grupo na SDCC. duwlvwd#Lydq#Uhlv#h#r#urwhlulvwd#Mhļ#Ohpluh/# Edition. Todos com HQs
Qrphdgd#Wkh#WhuulĽfv#+dojr#frpr/#Rv# recém-chegado da Marvel, em que escrevia a inéditas e republicações e
Incríveis), a equipe será formado por Senhor elogiada série HO^eahEh`Zg. Segundo ele, a ideia acompanhando códigos para
Incrível (que faz as vezes de cientista), Etérea frp#Wkh#WhuulĽfv#Ë#uhvjdwdu#r#folpd#dyhqwxuhvfr# conteúdo digital, além de uma
(a única mulher e capaz de atravessar objetos), que Stan Lee e Jack Kirby imprimiam ao Quarteto máscara da personagem. Vai
rolar muita torta na cara. (GV)
Homem-Borracha (o alívio cômico e de Fantástico. (GV)

Renovação esmeralda Na reinterpretação,

Jordan será um
A origem do Lanterna Verde será reinterpretada em uma astronauta, mas nas
graphic novel da linha Terra Um, que se propõe a modernizar HQs originais ele era
histórias que funcionaram décadas atrás, mas que se um piloto de caças
tornaram inadequadas para os tempos atuais. Em Green
Lantern: Earth One, Hal Jordan deixa de ser o piloto de aviões,
como mostrado em sua origem escrita em 1959, para se
tornar um astronauta, o que é bem mais adequado ao caráter
espacial das aventuras dos Lanternas.
“Abordando a história pela proposta de Terra Um, podemos
interpretá-la por meio de uma ficção científica mais moderna
e crível e ainda assim nos manter fiéis ao que foi apresentado
na Era de Prata”, explicou o quadrinhista Gabriel Hardman,
que divide o roteiro com a esposa Corinna Bechko e ilustra a
HQ. Vale lembrar da experiência de Hardman com sci-fi, sendo
ele o responsável pelo storyboard de vários filmes do gênero,
caso de Interestelar, Missão: Marte e A Origem.
O Lanterna Verde não é o primeiro personagem a ter
sua origem modernizada na linha e antes dele já passaram
Batman, Mulher-Maravilha, Superman e até a equipe Jovens
Titãs. Green Lantern: Earth One está previsto para 2018.

REVISTA MUNDO | 15
 ENTREVISTA
A visão
do editor Tom DeFalco, ex-editor-chefe
e roteirista da Marvel, fala sobre
as histórias que criou para o
Homem-Aranha e outros ícones
DIVULGAÇÃO
POR HEITOR PITOMBO
N
ascido há 67 anos no
Queens, em Nova York (o
mesmo bairro mítico onde
um certo Peter Parker
cresceu), Tom DeFalco
entrou para o mercado de quadrinhos
em 1972 meio que por acaso, pois foi a
primeira boa oportunidade de trabalho
que recebeu após se formar. Sua estreia
ocorreu na redação da Archie Comics,
onde acumulou funções criativas (foi
roteirista das revistas P?DEA, /?MM>Võ
Doo e &MQEA
=L@
0DA
,SQQV?=RQ) e editoriais
(desenvolveu a série de digests, os
rentáveis formatinhos da Archie).
Mas o auge de sua carreira viria a partir
de 1979, quando passou a trabalhar para
a Marvel. Lá foi roteirista de séries como
Mahk, Fantastic Four e :fZsbg`Lib]^k&FZg.
O sucesso dessa empreitada o levou ao
status de editor e, posteriormente, de
editor-chefe, sucedendo o polêmico
Jim Shooter. Nesta entrevista exclusiva,
DeFalco fala de seus percalços ao longo de
uma carreira de importância incontestável
para o mundo dos super-heróis.
COMO VOCÊ FOI PARAR NA ARCHIE
COMICS? Depois que me formei na faculdade,
comecei a procurar emprego. Meu plano era
ZkknfZknfmkZ[Zeah^fm^fihbgm^`kZe^f^
mhkgZknfƈ^l\kbmhk]^Ʈf]^l^fZgZƉ':\Z[^b
me tornando um escritor em tempo integral e a
ƈmkZ[ZeaZkƉghlƮgl]^l^fZgZ'''>n[kbg\ZoZ
16 | REVISTA MUNDO
Acima, a série Marvel Masterworks, um
dos orgulhos do editor. Abaixo, antigos
trabalhos com Cristal e Homem-Máquina
com a ideia de escrever uma tira diária de
chkgZe^ln[f^mÃ&eZZoºkbZl^]bmhkZl'::k\ab^
Comics me convidou para uma entrevista e lá
\hga^\bOb\mhk@hk^eb\d%jn^f^h_^k^\^nnf
emprego no departamento editorial.
QUÃO IMPORTANTE FOI A ARCHIE PARA
A SUA CARREIRA DE ROTEIRISTA? Foi lá que
Zik^g]b\hfh^lmknmnkZknfZablmÌkbZ\hfie^mZ
^fnfZ%\bg\hhnl^bliº`bgZl%^\hfh^l[hÀZk
um personagem, sua voz e seu status quo.
Ob\@hk^eb\d^kZƂ^Zbg]ZÂƂnf`kZg]^
\a^_^'>e^f^^glbghnmn]hhjn^l^blh[k^
jnZ]kbgahl%fZlg¼hmn]hhjn^lZ[^'''
¢ihkbllhjn^Zbg]ZmkZ[Zeah\hfhlnc^bmh
l^fik^jn^m^gah\aZg\^'
MAS NÃO FOI EXATAMENTE ASSIM QUE
OS QUADRINHOS CHEGARAM NA SUA VIDA,
CERTO? Lbf'=^l\h[kbhl`b[bl]Zf^lfZ
fZg^bkZjn^hl\he^`Zl]ZfbgaZ`^kZÀ¼h3
pelos suplementos dominicais dos jornais. Eu
hlebZmh]Zl^fZgZ^f^^fihe`ZoZ\hf=b\d
MkZ\r%M^kkr^hlIbkZmZl%?ZgmZlfZ%FZg]kZd^
^Ih`h'MZf[Âfm^gmZoZ\hgo^g\^kf^niZbZ
\hfikZkhlchkgZbl]^]hfbg`hjn^in[eb\ZoZf
hIkÆg\bi^OZe^gm^%?eZla@hk]hg^Lm^o^
<Zgrhg%fZllÌhl\hgl^`nbZkZkZf^gm^'>n
mbgaZnglhbmhZghljnZg]hnfikbfhfZbl
o^eahf^]^nnfZk^oblmZ]h;ZmfZg'E^f[kh
que o personagem me assustou, mas ao mesmo
m^fih^nƮjn^bbgmkb`Z]h\hfhlZgÓg\bhl]^
hnmkZlAJl'Eh`h\hf^\^bZoZl\neaZkZl[Zg\Zl
iZkZ\hfikZkf^nlikÌikbhl`b[bl'
Tom DeFalco encabeçou vários momentos marcantes na
carreira do Aranha, em especial a fase do uniforme negro.
Além disso, criou a Garota-Aranha, um sucesso editorial
SEUS PRIMEIROS TEXTOS PUBLICADOS
FORAM RESENHAS SOBRE QUADRINHOS,
CERTO? G¼h^qZmZf^gm^'L^fik^`hlm^b]^
\hgmZkablmÌkbZl^Zebf^gmZoZhlhgah]^f^
mhkgZknf^l\kbmhk'MZgmhjn^mkZ[Zea^bgh
chkgZe^gZk^oblmZebm^kºkbZ]hf^n\heÂ`bh'
:hf^lfhm^fih^fjn^`hlmZoZ]^e^k`b[bl%
nunca me ocorreu que poderia um dia vir a
^l\k^oÃ&ehl'Jn^kbZl^knfZ^liÂ\b^]^ln\^llhk
]^>]`ZkKb\^;nkkhn`alTh\kbZ]hk]hMZksZgV'
Quando fui para a faculdade, comecei a
escrever contos, tive a sorte de conseguir vender
Ze`ngl]^e^l%^mZf[ÂfmkZ[Zea^biZkZchkgZbl
eh\Zbl'>fnf]^e^l\a^`n^bZ^l\k^o^kZe`nfZl
k^l^gaZl]^jnZ]kbgahl%fZl^lmZoZm^gmZg]h
ver se levava jeito para produzir outros tipos
]^m^qmhl'MZf[Âf^l\k^obk^e^Zl^liZkZh
]^iZkmZf^gmh]^bfik^glZ]Z_Z\ne]Z]^^ZmÂ
produzi uma tira para o jornal universitário. Eu
lÌjn^kbZ^l\k^o^k':\hgl^eahZjn^fik^m^g]^
khm^bkbsZkjnZ]kbgahljn^%Zgm^l]^mn]h%l^
mhkg^^l\kbmhk^jn^hl`b[bll^cZfZi^gZlnfZ
de suas especialidades.
ANTES DE IR PARA A MARVEL EM 1979,
VOCÊ PASSOU UM CURTO PERÍODO NA DC.
O QUE PRODUZIU POR LÁ E POR QUE NÃO
PASSOU MAIS TEMPO COLABORANDO PARA A
EDITORA?>gjnZgmh^nZbg]ZmkZ[ZeaZoZiZkZ
Z:k\ab^%\hga^\bIZneE^obmsjn^%gZÂih\Z%
^kZZllblm^gm^]hT^]bmhkVCh^HkeZg]h'>e^l
ik^\blZoZf]^Ze`nÂfjn^in]^ll^^l\k^o^k
iZkZhiÓ[eb\hbg_Zgmh&cno^gbe^Ch^`hlmhn]h
f^nmkZ[ZeahhlnƮ\b^gm^iZkZf^ikhihkjn^
\kbZll^AJl]^anfhk'<a^`n^b\hfZe`nfZl
b]^bZl%fZlg^ganfZ_hbZikho^bmZ]Z':=<
^gm¼h]^\b]bnmh\Zknfikhc^mh]^/-iº`bgZl
\aZfZ]hLni^kcngbhkl^f^\hgmkZmhniZkZ
^l\k^o^k'LnihlmZf^gm^l^kbZnf`b[bgh
_hkfZmhmZ[ehb]^%fZlZ\Z[hnlZbg]h^f]b`^lm
Th^jnboZe^gm^Zhghllh_hkfZmbgahV'
CLARO QUE NÃO FICOU SÓ NISSO... Sem
]Óob]Z'Ch^f^\hgo^g\^nZm^gmZkZe`hfZbl
lÂkbh^nf]bZ=^ggrHƅG^bef^i^]bnnfZ
ablmÌkbZiZkZnfmÆmnehkhf»gmb\hjn^^e^
^lmZoZ^]bmZg]h'=^ggr`hlmhnmZgmh]hjn^
Ʈsjn^f^^g\hf^g]hnnfZablmÌkbZ\nkmZ]^
CbffrHel^giZkZZk^oblmZLni^kfZg?Zfber'
Comecei a produzir um monte de material, mas
a DC passou por uma crise e teve de cancelar
REVISTA MUNDO | 17
ENTREVISTA TOM DEFALCO
“Tive que reler a Saga do Clone alguns
dqrv#dwuÃv#h#Ľtxhl#vxusuhvr1#D#wudpd#
era bem melhor do que eu lembrava”
f^mZ]^]^l^nlmÆmnehlghƮgZe]hlZghl*20)'
<hfhg¼haZobZfZblmkZ[ZeahiZkZfbf%
fui para a Marvel.
EM SEUS PRIMEIROS ANOS NA MARVEL,
VOCÊ SE ENVOLVEU PROFUNDAMENTE COM
O HOMEM-MÁQUINA, CUJAS HISTÓRIAS
ESCREVEU POR UM BOM TEMPO. COMO FOI
ESSA EXPERIÊNCIA?IZkZZfbgaZlhkm^%=^ggr
mZf[ÂfaZobZb]hiZkZZFZko^e^ik^\blZoZ]^
um novo roteirista para o Homem-Máquina,
ihblFZkoPhe_fZg^lmZoZiZkZ]^bqZkhmÆmneh'
=^ggr^^n]^\b]bfhlbgmkh]nsbknfghoh
^e^g\h]^Zihbh^]^bqZkZk^oblmZfZbliZk^\b]Z
\hfnfmÆmneh]^lni^k&a^kÌblmkZ]b\bhgZe'<kb^b
khm^bkhlfZen\hl^obhe^gmhljn^ZmÂahc^Zbg]Z
_Zs^f\hfjn^^nm^gaZi^lZ]^ehl'I^ehf^ghl
_hbLm^o^=bmdhjn^]^l^gahn^llZlablmÌkbZl%h
jn^_Zs\hfjn^^eZliZk^ÀZfl^kÌmbfZl'
COMO FOI TRABALHAR COM O
PERSONAGEM QUANDO ELE FOI DESENHADO
E FINALIZADO POR HERB TRIMPE E BARRY
SMITH?:o^kl¼h]^A^k[^;ZkkrlÌo^bhfnbmhl
Zghl]^ihblƂ^f*21-iZkZl^k^qZmh':k^oblmZ
]hAhf^f&FºjnbgZaZobZlb]h\Zg\^eZ]Z
Uma das contribuições de DeFalco para a revista
do Thor foi criar a equipe dos Novos Guerreiros
18
8 | REVISTA MUNDO
Ze`nglZghlZgm^l^]^\b]bfhlmkZsÃ&eZ
]^ohemZ'A^k[^^noÆgaZfhl\hgo^klZg]h
e decidimos levar o personagem para uma
]bk^À¼h\hfie^mZf^gm^]b_^k^gm^'
POR CONTA DO ESTILO ARROJADO DE
BARRY, VOCÊ NÃO SE SENTIU ENCORAJADO A
ESBOÇAR UMA TRAMA MAIS ELABORADA?G¼h
f^lfh'A^k[^^ncºaZoÆZfhlm^kfbgZ]hZ
ikbf^bkZ^]bÀ¼h^[hZiZkm^]Zl^`ng]ZjnZg]h
;Zkkrl^cngmhnZhmbf^'Hl]hbl^kZfZfb`hl'
A^k[ea^fhlmkhnZliº`bgZlZeºibl]hgÓf^kh
nf^;Zkkr`hlmhnmZgmhjn^l^h_^k^\^niZkZ
ƮgZebsº&eZl'GZmnkZef^gm^%Ʈ\Zfhlfnbmh
entusiasmados, pois aquilo representou, na
Âih\Z%ZohemZ]^e^iZkZZFZko^e'
VOCÊ TAMBÉM ESTEVE BASTANTE
ENVOLVIDO COM A MUTANTE CRISTAL NO
INÍCIO DOS ANOS 1980. QUANTA LIBERDADE
TEVE PARA DESENVOLVER A PERSONAGEM,
CONSIDERANDO QUE ALISON BLAIRE ESTAVA
MEIO QUE LIGADA À CRONOLOGIA MUTANTE?
Cristal seria o resultado de um projeto que
juntaria a Marvel a uma gravadora de discos
^ZnfZikh]nmhkZ]^\bg^fZ':b]^bZ^kZ\kbZk
nfZi^klhgZ`^fƮ\mÆ\bZƂf^bh\hfhhl
bgm^`kZgm^l]hl:k\ab^lhn]hlFhgd^^lƂjn^
Ʈ
Ʈs^ll^lahpl^ZiZk^\^ll^^fƮef^l^`b[bl'
@kZÀZl¹fbgaZeb`ZÀ¼h\hfhl:k\ab^l%_nb
contratado para desenvolver o passado da
personagem, sua personalidade, o elenco de
Zihbh^mn]hhfZbl'Hkb`bgZef^gm^^eZm^kbZh
ih]^k]^h[kb`ZkZli^llhZlZ]bs^kZo^k]Z]^%
fZl^ng¼hZ\aZoZjn^bllhmbgaZfnbmhZi^eh
iZkZnfZAJ'<hfhhl^nghf^^fbg`eÃl
^kZ=Zsse^k!jn^^fihkmn`nÃll^kbZƈZjn^eZ
jn^]^lenf[kZƉ"%Z\aZoZjn^^eZ]^o^kbZl^k
capaz de fascinar as pessoas e que seus poderes
teriam algo a ver com a luz.
SUAS IDEIAS FORAM APROVADAS? Eles
`hlmZkZf]^llZln`^lm¼h'>l\k^ob^gm¼hnfZ
;Æ[ebZlh[k^Zi^klhgZ`^f^]^ihblikh]nsb
nfZablmÌkbZ\hf\^k\Z]^,1iº`bgZl%jn^
]^o^kbZlZbkgZk^oblmZFZko^eLni^kLi^\bZeƂ
jn^mbgaZ_hkfZmhfZ`Zsbg^':`kZoZ]hkZ^Z
produtora desistiram do projeto, mas a Marvel
k^lheo^nin[eb\ZkZk^oblmZZllbff^lfh'
:jn^eZfbgaZ;Æ[ebZl^kobniZkZ^f[ZlZkZl
ikbf^bkZlZiZkbÀÎ^l]Za^khÆgZgZlk^oblmZl]h
Ahf^f&:kZgaZ^]hlQ&F^g'NlZkZfZi^gZl
f^mZ]^]ZfbgaZablmÌkbZƂ\hfZe`nfZl
iº`bgZlZfZblƂiZkZikh]nsbkhlgÓf^khl*
e 2 do título Dazzler.
VOCÊ FOI EDITOR DE VÁRIAS REVISTAS
DA CASA DAS IDEIAS, COMO MARVEL TEAM-
UP, WHAT IF?, GHOST RIDER E TODOS OS
TÍTULOS DO HOMEM-ARANHA. QUE TIPO
DE EXPERIÊNCIA GANHOU NESSA FUNÇÃO E
QUE NÃO TERIA ACUMULADO SENDO APENAS
ROTEIRISTA? :llnfbZ_ngÀ¼h]^^]bmhkgh
\hf^Àh]hlZghl*21)%m^g]h^ff^gm^jn^
só duraria de seis meses a um ano no cargo.
Era para ser algo temporário. Mas, falando
lÂkbh%g¼hl^bhjn^Z\nfne^bl^g]h^]bmhk'LÌ
sei que queria tratar todo o pessoal da área
criativa do jeito que gostaria de ser tratado.
Comecei fazendo circular os roteiros dos
títulos que editava para que todos os escritores
in]^ll^fe^khmkZ[Zeah]hl\he^`ZlZgm^l]^
l^k^fbfik^llhl'MZf[Âf\hf^\^bZ_Zs^k
k^ngbÎ^lk^`neZk^l\hfhlkhm^bkblmZliZkZjn^
eles se sentissem parte de um time.
ENTRE 1984 E 1987, VOCÊ FOI ROTEIRISTA
DE AMAZING SPIDER-MAN. QUAIS SÃO AS
VANTAGENS E DESVANTAGENS DE ESCREVER
UM TÍTULO TÃO EMBLEMÁTICO?H:kZgaZ
Ânf`kZg]^i^klhgZ`^f^^nmbgaZjn^
f^^l_hkÀZkfnbmhiZkZg¼h]^bqZkZi^m^\Z
\Zbk'Mh]ZahkZ^nm^fbZZihllb[beb]Z]^]^
^lmZk_Zs^g]hZe`nfZ[h[Z`^f^l^fik^
]ZoZhfºqbfh]^fbf'JnZg]h^lmZoZgh
título, as pessoas costumavam reclamar que

Thkhm^bkblmZVKh`^kLm^kg^kZfnbmhf^eahk
do que eu e queriam que fulano ou sicrano
Zllnfbll^fZk^oblmZ':\ahjn^hle^bmhk^l
lÌ\hf^ÀZkZfZ`hlmZk]ZlfbgaZlablmÌkbZl
jnZg]h]^bq^bhmÆmneh'
QUEM CRIOU O UNIFORME NEGRO DO
ARANHA? ELE SÓ PASSOU A SER ADOTADO POR
CONTA DO QUE ESTAVA ACONTECENDO NA SAGA
GUERRAS SECRETAS?LÌl^bjn^g¼h_nb^n
que o criei. Ele foi sugerido por um aspirante
Zkhm^bkblmZ\nchghf^g¼hf^e^f[kh%jn^
^l\k^o^nnfZablmÌkbZ^fjn^h:kZgaZ
`ZgaZoZnfghohngb_hkf^'CbfLahhm^k
`hlmhn]Zb]^bZ]hmkZc^%fZlg¼h]ZablmÌkbZ
em si; mesmo assim a comprou e me pediu
iZkZjn^Zk^^l\k^o^ll^'<a^`n^bZmkZ[ZeaZk
\hfhmZekhm^bkblmZ%fZlg¼h\hgl^`nbfhl
^lmZ[^e^\^knfZmkZfZ^Ʈ\b^gm^':e`nglZghl
]^ihbl%Cbfl^e^f[khn]Zb]^bZ]hghohmkZc^
^gjnZgmh^lmºoZfhlmkZ[ZeaZg]h^f@n^kkZl
L^\k^mZlT^f*21-V'I^`Zfhlh\hg\^bmh
do uniforme negro que, de algum modo,
Znf^gmZoZhlih]^k^l]h:kZgaZgZablmÌkbZ
hkb`bgZe^Z\k^l\^gmZfhlnffheah^qmkZ'
AINDA SOBRE GUERRAS SECRETAS, COMO
FOI SEU TRABALHO AO EDITAR ESSA SAGA?
?hbfnbmh]^lZƮZ]hk^gZ]Z]bo^kmb]h'Mbo^
jn^mkZ[ZeaZk\hfnf^qÂk\bmh]^^]bmhk^l^
khm^bkblmZliZkZf^\^kmbƮ\Zk]^jn^mn]hl^
^g\ZbqZoZ^f^e^f[kh]^m^klZÆ]hoºkbZl
o^s^l]Zk^]ZÀ¼h[^fmZk]^]Zghbm^'
QUAIS VOCÊ CONSIDERA SUAS
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES COMO
EDITOR-CHEFE DA MARVEL? :lÂkb^FZko^e
FZlm^kphkdlTjn^k^in[eb\ZfZm^kbZe\eºllb\h
E suas HQs do Quarteto Fantástico, o roteirista criou
Em
muitas reviravoltas. Em seguida, participou da polêmica
m
SSaga do Clone, um marco do Aranha nos anos 1990
da editora] e a variedade de novos títulos e
_hkfZmhl]^in[eb\ZÀÎ^ljn^^qi^kbf^gmZfhl'
COMO FOI SUBSTITUIR WALT SIMONSON
NA FUNÇÃO DE ROTEIRISTA DO THOR EM 1987?
Muito apavorante!
O QUE O LEVOU A CRIAR OS NOVOS
GUERREIROS DENTRO DA REVISTA DO DEUS
DO TROVÃO?Ghm^bjn^aZobZnfZ\ZkÃg\bZ
]^ghoZl^jnbi^l]^a^kÌblZ]he^l\^gm^l'
Precisávamos criar algum grupo que tivesse
algum apelo junto aos novos leitores.
VOCÊ PASSOU METADE DOS ANOS 1990
ESCREVENDO AS HISTÓRIAS DO QUARTETO
FANTÁSTICO. QUAIS OS MELHORES MOMENTOS
DESSA FASE?IZneKrZgTh]^l^gablmZ]Z
lÂkb^V^^njn^kÆZfhl_Zs^k]hJnZkm^mh
?Zgmºlmb\hnfZo^k]Z]^bkZfhgmZgaZknllZ
jn^]^fZg]Zll^ZZm^gÀ¼h]hle^bmhk^lZ\Z]Z
^]bÀ¼h':\ahjn^Zmbg`bfhl^llZf^mZ'F^lfh
jn^f]bsbZ]^m^lmZkhmÆmneh^hghllhmkZ[Zeah
Z\Z[ZoZ\hfikZg]hZk^oblmZmh]hlhlf^l^l
para ver o que estava acontecendo com o
JnZkm^mh'JnZgmhZhlf^eahk^lfhf^gmhl%
]^bqhbllhiZkZhle^bmhk^l^l\hea^k^f'
NESSA MESMA ÉPOCA, VOCÊ VOLTOU
PARA O HOMEM-ARANHA, AJUDANDO A
ESCREVER A FAMOSA E POLÊMICA SAGA DO
CLONE. VOCÊ CONCORDA COM AS CRÍTICAS QUE
ELA RECEBEU? <hfhik^Ʈkh_Zs^kablmÌkbZl
_^\aZ]Zl^fnfZ^]bÀ¼h%Z\a^bjn^ZLZ`Z]h
Clone durou tempo demais. Mas posso estar
^kkZ]h'Mbo^jn^k^eÃ&eZZe`nglZghlZmkºl^
Ʈjn^blnkik^lhZho^kjn^ZmkZfZ^kZf^eahk
]hjn^^nf^e^f[kZoZ'
O QUE LEVOU A SUA GAROTA-ARANHA
A ESTRELAR A REVISTA MAIS LONGEVA
ENCABEÇADA POR UMA PERSONAGEM
FEMININA NA MARVEL? ELA DUROU DE 1998 A
2006.L^b^qieb\ZkbllhmZgmhjnZgmhoh\Ã'LÌl^b
jn^]^fhlhfºqbfhiZkZ\hglmknbknffng]h
interessante para a personagem e um elenco de
ZihbhZ\hgm^gmh':f^bikh]nsbk\Z]Z^]bÀ¼h'
NESTA ÚLTIMA DÉCADA, VOCÊ MEIO QUE
VOLTOU ÀS RAÍZES, ESCREVENDO SÉRIES
NOVAS PARA A ARCHIE E PARA A DC. O QUE
O LEVOU A ISSO? Eu ainda gosto de escrever
jnZ]kbgahl^lbgmhikZs^kjnZg]h\kbhghoZl
ablmÌkbZllh[k^o^eahlZfb`hl'
O QUE VOCÊ ACHA DO QUE A MARVEL
TEM FEITO ULTIMAMENTE?G¼h^lmhn
Z\hfiZgaZg]hg^ganf]hlmÆmnehlZmnZbl]Z
^]bmhkZ^g¼hm^gahhibgb¼hlh[k^hjn^m^f
sido feito por lá ultimamente.
VOCÊ ACHA QUE OS FILMES DE SUPER-
HERÓIS TÊM AJUDADO A INDÚSTRIA DOS
QUADRINHOS? G¼hl^b'@hlmhfnbmh]hlehg`Zl
]ZFZko^e^^li^kho^kfnbmhlhnmkhl':\ah
que eles podem vir a ajudar se a Marvel estiver
ikh]nsbg]hnffZm^kbZejn^m^gaZZf^lfZ
i^`Z]Z]hlƮef^l'Hnl^cZ%jn^l^\hg\^gmk^
ghli^klhgZ`^gl%l^cZ]bo^kmb]h%m^gaZZi^eh
oblnZe^fnbmZZÀ¼h'>qZmZf^gm^\hfh
_ZsÆZfhlghlo^eahlm^fihl
PARA TERMINAR, QUAIS OS SEUS PLANOS
PARA O FUTURO?>nZbg]Zf^fZgm^gah
fnbmhh\niZ]h%fZlg¼h\hfZbg]ÓlmkbZ]hl
jnZ]kbgahl'F^nieZghbf^]bZmhÂmbkZknfZ
lhg^\ZZ`hkZ¹mZk]^'''
REVISTA MUNDO | 19
DOSSIÊ

Do pioneirismo
de Bob Kane
(capa à direita) ao
impactante trabalho
de Alex Ross, o
Homem-Morcego
contou com artistas
muito inspirados

20 | REVISTA MUNDO
A arte do
morcego
CONHEÇA OS TALENTOSOS DESENHISTAS QUE MAIS
INFLUENCIARAM A CRIAÇÃO DO UNIVERSO DO BATMAN
POR ROBERTO GUEDES (fases 1 e 2), EDUARDO MARCHIORI (fases 3 e 4), CLAYTON GODINHO (fase 5) E GUSTAVO VÍCOLA (fases 6 e 7)

A
o longo das décadas, o conhecido herói de
Gotham City passou por várias estilizações que
frqwulexÏudp#sdud#vrolglĽfdu#r#plwr1#R#sulphlur#
artista envolvido nessa trajetória foi o
desenhista Bob Kane que, em 1938, produzia HQs de
suspense para a revista Detective Comics, da editora
National Periodical (como se chamava a DC na época).
Com a arrebatadora chegada do Superman no recém-criado
gibi ?REML
MKE?Q, Kane se viu diante de uma revolução e logo tratou
de oferecer um novo herói para a DC: Bat-Man (escrito assim mesmo),
um personagem oposto ao Homem de Aço, que atuava nas trevas e
dispensava os superpoderes. Sua estreia ocorreu em ARA?REÌA
MKE?Q 27
(maio de 1939) e, assim como Superman, causou sensação entre os
leitores. A partir daí, um sem número de artistas passou pelas revistas
do Homem-Morcego, cada qual deixando sua marca. Selecionamos
40 deles, divididos em sete fases do herói, de 1939 até os dias atuais.

REVISTA
REV
VISTA
IS A M ND | 2
MUNDO
UN
NDO
ND 21
DOSSIÊ A ARTE DO BATMAN

FASE 1
1939-1966
Talentos no
anonimato
Foram várias as inspirações para o
visual e a mitologia do Homem-
Morcego, a começar pelo vilão
hqfdsx}dgr#gr#Ľoph#gh#plvwËulr#
Ma^;ZmPabli^kl (1930). Batman
também foi calcado nos heróis dos
pulps, como Zorro (de 1919) e
Morcego Negro (de 1933). Seu
uniforme ainda lembrava o projeto
original de Leonardo da Vinci para
o Ornitóptero (aparelho voador
cujas asas assemelhavam-se às
asas de um morcego). Daí Esse era o visual do herói nos primeiros anos: um contraponto ao Superman
a capa com pontas do Batman.
SruËp/#d#frqfhsÉÅr#Ľqdo#
do herói de Gotham não partiu
apenas das ideias de Kane, pois
a colaboração de seu amigo e
roteirista Bill Finger foi essencial
para aparar as arestas do projeto.
Kane queria criar uma espécie de
homem alado, enquanto Finger
sugeriu deixá-lo como um
homem-morcego, com capa em
vez de asas, máscara com orelhas
grandes e olhos brancos, além de
luvas com barbatanas que saíam
dos punhos. Para compor a face
do herói, Kane tomou emprestado
o típico queixo quadrado criado Jerry Robinson ajudou a criar Robin e o Coringa
por Chester Gould para o detetive enquanto Len Schwartz teve participação essencial
Dick Tracy (cujas tiras o desenhista na primeira versão do Pistoleiro (imagem à direita)
era fã desde a adolescência). Até
a primeira galeria de inimigos do
Batman bebeu no trabalho de
Gould, famoso por criar vilões
deformados ou dementes na série.
Mulher-Gato (de 1940), Pinguim
(de 1941) e Duas-Caras (de 1942)
são exemplos maiores de vilões
criados pela dupla Kane/Finger.
Graças a um contrato com a
DC, Bob Kane tinha exclusividade Detalhe: como na época as revistas Em suas primeiras
para trabalhar com seu herói que, não apresentavam os créditos de HQs, Batman tinha
devido ao sucesso, começou a produção, apenas a assinatura de asas que lembravam
o Ornitóptero criado
aparecer em diversos gibis e tiras Bob Kane aparecia nas HQs. Com por Da Vinci
de jornal. Diante essa demanda, o tempo, o artista-empreendedor
o quadrinhista precisou contratar começou a ganhar muito dinheiro
yÃulrv#surĽvvlrqdlv/#wdqwr#sdud# e prestígio, enquanto assistentes
os roteiros quanto para a arte. anônimos faziam o trabalho duro

MUITOS ARTISTAS PARTICIPARAM DOS PRIMEIROS ANOS DO

BATMAN, MAS O TRABALHO DELES FOI ACOBERTADO POR KANE
22 | REVISTA MUNDO
O Batman de Dick Sprang era perfeitamente reconhecível pelo queixo avantajado e por sorrir na maioria das vezes
e olha que quase sempre eles
desenhavam bem melhor que
o chefe. Até seu parceiro Bill
Finger, imprescindível na gênese
e popularidade inicial do herói,
se manteve na obscuridade
durante décadas. Só após a sua
morte em 1974, é que Bob Kane
admitiria publicamente que o
colega era cocriador do Batman.
Nome aos bois
Hoje sabe-se exatamente
quais as colaborações dos
primeiros artistas envolvidos
com o Homem-Morcego. Um
dos mais importantes foi Jerry
Robinson, que tinha apenas
17 anos ao ser contratado, ainda
em 1939, como arte-finalista e
letrista. Mas logo ele também
começou a desenhar as HQs e
até a bolar as tramas junto com
Kane e Finger. Embora sua arte
fosse superior à de Kane, foi na
elaboração de personagens que
Robinson deixou sua grande
contribuição à mitologia, como
no surgimento de Robin, o
Menino Prodígio, que estreou
em Detective Comics 38, de abril de
1940. O nome e o visual medieval
do jovem herói foram baseados
na lendária figura de Robin Hood,
da qual Robinson era fã.
Logo em seguida, o trio
desenvolveu aquele que se tornou
o maior vilão dos quadrinhos: o
Coringa. Kane e Finger sempre
afirmaram que a inspiração para
o personagem foi a figura do ator
Conrad Veidt no filme O Homem
que Ri, de 1928. Robinson, por
sua vez, defendia que o nome do
Coringa veio do seu amor pelas
cartas. Em 1943, Robinson, Kane
e Finger também introduziriam
o fiel mordomo Alfred, publicado
na revista Batman 16.
Outro relevante artista do
grupo foi Len Schwartz, que
desenhou o Batman entre 1947 e
1953. Apesar do período extenso,
Schwartz seria lembrado mais
pela criação de Floyd Lawton,
o Pistoleiro, em parceria com
o roteirista David Vern Reed.
A primeira aparição do vilão se
deu em Batman 59 (julho de 1950) ÍCONE DA
e, nos anos 1970, ele ganharia CULTURA POP
uma profunda reformulação. A série Batman, produzida
por William Dozier entre
Era difícil distinguir o estilo 1966 e 1968, foi um dos
de cada desenhista... com exceção grandes marcos da TV.
de Dick Sprang. Seu Batman Com Adam West (como
Batman) e Burt Ward
tinha tórax enorme, queixo largo (Robin), o programa
e quase sempre aparecia sorrindo. misturava ação e humor,
Sprang começou como capista com altas doses de
pancadaria coreografada
em 1943 e logo passou a desenhar
e elementos visuais dos
tanto para os gibis como para as quadrinhos, como tomadas
tiras. Mas foi a partir de 1955, ao de ângulos vertiginosos
substituir Curt Swan no título e até onomatopeias que
explodiam na tela. Esse
World’s Finest (que apresentava estilo debochado acabou
Batman e Superman juntos), influenciando as HQs
que ganhou notoriedade, sendo justamente quando a
DC tentava deixar o
considerado o artista definitivo Homem-Morcego mais
do Homem-Morcego nos anos sério. Mas não havia o
1950. Além de reformular o que reclamar: o programa
alavancou as revistas,
Batmóvel, tornando-o uma que agora vendiam, em
máquina estilizada e altamente média, um milhão de
tecnológica, Sprang é o criador exemplares por mês. Com
isso, Batman passou a
visual do Charada, introduzido protagonizar HQs quase tão
em Detective Comics 140 (1948). nonsense quanto as da TV.
REVISTA MUNDO | 23
DOSSIÊ
A PARTIR DE 1968, COM A SAÍDA DE KANE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO,
O HOMEM-MORCEGO GANHOU NOVO VISUAL E ESTILO NARRATIVO
Quem atuou bastante no
anonimato entre 1953 e 1968
foi Vkhogrq#Progrļ (ou só
Shelly), que desenhou boa parte
das HQs da segunda metade dos
anos 1950, época em que o nível
fuldwlyr#Ľfrx#frpsurphwlgr#
devido à censura imposta pelo
Comics Code. Apesar do estilo
artístico meio insosso, Shelly foi
responsável pela concepção visual
de personagens famosos (e hoje
ridicularizados) como Ace, o
Bat-Cão, Homem-Calendário,
Batmirim, Tia Harriet Cooper,
Batwoman (a original) e Bat-Girl
+d#sulphlud/#frp#hvvd#judĽd#
mesmo). Mas também colaborou
na criação de vilões importantes
como Senhor Frio (1959) e Hera
Venenosa (1966).
Em 1964, a DC não renovou o
contrato de exclusividade de Bob
Kane (que continuou apenas
recebendo royalties) e começou a
passar as HQs do Batman para
outros quadrinhistas. Um deles foi
o experiente Carmine Infantino
que, com a ajuda do editor Julius
Schwartz e do roteirista John
24 | REVISTA MUNDO
Broome, afastou Batman de seu
shuĽo#lqidqwlol}dgr1#Grqr#gh#xp#
traço elegante, Infantino mostrou
uma Gotham City com silhuetas
insinuantes, mulheres atraentes,
homens galantes e tramas mais
detetivescas – como aquelas dos
primeiros anos do herói. Foi nessa
ocasião que o traje dele ganhou a
famosa elipse amarela no peito.
Em parceria com o roteirista
Gardner Fox, Infantino bolou os
vilões Arrasa-Quarteirão (1965) e
Intruso (1966). E, mais importante,
com Schwartz e o produtor de TV
William Dozier, criou Bárbara
Gordon, a segunda e mais famosa
Batgirl. A estreia da heroína se deu
em Detective Comics 359, de 1967.
Ainda nesse ano, Infantino foi
promovido a diretor editorial da
DC e afastou-se da arte dos títulos.
FASE 2
1968-1986
Choque de realidade
É impossível falar da arte do
Batman sem citar Neal Adams.
Para muitos fãs, é dele a versão
ghĽqlwlyd#gr#Krphp0Prufhjr/#
pois nunca antes o herói tinha
sido retratado com tanta energia
e realismo. Adams chegou à
redação da DC em 1967, com a
lghld#Ľ{d#gh#ghvhqkdu#r#Edwpdq1# No alto, três fases
Mas o editor Julius Schwartz o distintas do Batman nos
mantinha afastado, por entender desenhos de Sheldon
txh#vxd#duwh#irwrjuÃĽfd#qÅr# Moldoff, Carmine
Infantino e Neal Adams.
frpelqdyd#frp#r#shuĽo#srs#gr# Abaixo, capa criada
personagem, ainda calcado no por Ernie Chua
seriado televisivo.
Até que em abril de 1968, o
txdgulqklvwd#dĽqdo#ghvhqkrx#vxd#
primeira história do herói de
Gotham na revista Phke]ƅl?bg^lm
Comics 175. Outras histórias e
capas se seguiram e logo os
leitores notaram os diferenciais
daquele novo artista, cujo Batman
tinha expressões mais dramáticas,
uma capa que parecia viva e
orelhas diabólicas, em tramas com
cenas noturnas aterrorizantes.
Logo começaram a chover cartas
na redação com frases do tipo
“Este sim é o verdadeiro Batman”.
Quando Schwartz perguntou como
é que Adams sabia retratar tão
bem o herói, o artista respondeu:

“Não sou só eu que sei, mas todos
os garotos do país. As únicas
pessoas que não sabem como
retratar o Batman são as que
trabalham na DC”.
Em retribuição à petulância,
Schwartz encomendou a Adams e
ao roteirista Denny O’Neil novas
HQs que afastassem o herói do
shuĽo#fÖplfr#gd#WY1#D#hvwuhld#gd#
dupla ocorreu em Detective Comics
395 (janeiro de 1970) e daí em
diante sucederam-se tramas mais
maduras e misteriosas, que se
tornaram clássicos, como :?beaZ
do Demônio (;ZmfZg 232, de 1971),
com a introdução do vilão
megalomaníaco Ra’s al Ghul.
Com o sucesso, Adams se
tornou cada vez mais requisitado
para mais títulos da DC, o que
obrigou outros desenhistas a
serem escalados para trabalhar
com o Batman. Um deles foi
Irv Novick, que já desenhava o
Homem-Morcego desde 1968 e
aumentou muito sua participação
nos vários títulos do personagem
ao longo dos anos 1970 e 1980.
Embora seu traço não fosse tão
vistoso quanto o de Adams, Novick
O elegante traço de Marshall Rogers trouxe uma fase mais moderna ao Batman nos anos 1970
Nono ono no on on ono no
on ono no on ono no on ono
no on ono ononon
era muito competente em Nessa época, o desconhecido
cenas de ação e na composição Marshall Rogers desenhava HQs
de cenários góticos. secundárias em Detective Comics,
Entre 1975 e 1976, Ernie Chua estreladas pelo vilão Calculador.
teve uma passagem curta, mas Até que a conclusão da trama virou
marcante, pelas revistas do herói. a história principal da edição 468
R#wudÉr#gr#duwlvwd#Ľolslqr#uhphwld# (escrita por Bob Rozakis) e todo
ao de John Buscema – com quem mundo percebeu que o Batman de
trabalhou na revista do Conan Rogers fugia bastante ao padrão
–, mas ele soube incorporar o estabelecido por Adams. Embora
layout sombrio de Adams ao seu mantivesse o aspecto sombrio, a
estilo, em divertidas HQs como charmosa arte de Rogers evocava
:lHebfiÆZ]Zl]h<kbf^0/% um arco um quê de modernidade. Devido
VISUAL entre ;ZmfZg272 e 275, com o à sua formação como arquiteto,
ECONÔMICO herói enfrentando criminosos de seus cenários ricos em detalhes
O consagrado várias partes do globo. htxloleudydp#frp#vxdv#Ľjxudv#
cartunista Alex Toth
foi o responsável pelo
design de personagens e Mesmo sem dispor de grandes recursos visuais, Irv Novick foi um desenhista muito eficiente
storyboards da animação
Superamigos, lançada
pela Hanna-Barbera em
1973. Mestre em retratar
figuras humanas com
economia de traços, Toth
tornou célebres suas
versões televisivas dos
heróis da DC, inclusive
o Batman. Depois de
Superamigos, o artista
voltou a desenhar HQs
esporádicas, entre as
quais a magnífica O Voo
Assombrado da Morte,
publicada em Detective
Comics 442 (1974).
REVISTA MUNDO | 25
DOSSIÊ A ARTE DO BATMAN

A PARTIR DOS ANOS 1980, A CARREIRA DO

HOMEM-MORCEGO PASSOU POR MUDANÇAS
SIGNIFICATIVAS NA ARTE E NA MITOLOGIA
humanas delineadas em linhas
Ľqdv#h#suhflvdv1#Vhx#Edwpdq#wlqkd#
orelhas ainda mais longas que as
de Adams e sua capa parecia ter
quilômetros de comprimento.
A consagração de Rogers
veio com sua parceria com o
roteirista Steve Englehart,
entre Detective Comics 471 e 476
(1977-1978). Nessas tramas,
pela primeira vez em décadas,
o foco era Bruce Wayne e não o
Batman. O bilionário excêntrico
se apaixonou pela socialite Silver
St. Cloud e quase pendurou de
vez a capa. Vilões esquecidos
como Hugo Strange e Pistoleiro
foram reintroduzidos de forma
acachapante enquanto uma luta
de Batman contra o Coringa no À esquerda, capa de Gene Colan, ex-artista do Drácula.
alto de um prédio em construção, Acima, amostra do trabalho de Don Newton
sob chuva torrencial, foi
transportada para o cinema por convencional, mas muito vistosa
Tim Burton, em ;ZmfZg (1989).
A morte de Jason Todd (de certa maneira, ele antecedeu
contada pelo experiente
Outros contemporâneos desenhista Jim Aparo em mais de uma década o que o
de Rogers que causaram boa pessoal da Image Comics viria a
impressão foram Michael Golden fazer nos quadrinhos). Já Newton
e Don Newton. Golden começou estreou no universo do herói em
a desenhar histórias do título ;ZmfZg 305 (1978) e alcançaria
;ZmfZg ?Zfber em 1978 e sua a expressiva marca de quase 80
arte era considerada confusa, HQs, muitas delas protagonizadas
com enquadramentos fora do por Morcego-Humano, Robin
e Batgirl. Assim como Adams,
Michael Golden ficou conhecido formou uma importante parceria
por seus planos inusitados com o roteirista Denny O’Neil.
Em 1980, a DC se apressou
em contratar o veterano Gene
Colan quando ele parou de
desenhar o Drácula para a Marvel.
O raciocínio era simples: se a
sua arte cheia de sombras serviu
para o Rei dos Vampiros, com
certeza seria adequada para o
Homem-Morcego. Deu certo
e Colan ilustrou a maior parte
das edições de Detective Comics e
;ZmfZg até 1986. Com o roteirista
Gerry Conway, resgatou vilões dos
anos 1940, como o Doutor Morte
e o Monge, e juntos apresentaram
o horrendo Crocodilo (Detective
Comics 524, de 1983), que mais
wdugh#dsduhfhuld#qr#Ľoph#gr#
Esquadrão Suicida.

26 | REVISTA MUNDO
 Jim Aparo começou a desenhar
o Homem-Morcego ainda em
1971 e, com sua arte vigorosa,
muitas vezes confundida com a de
Neal Adams, tornou-se o artista
principal de Ma^;kZo^Zg]ma^;he]%
revista que apresentava o Batman
atuando ao lado de outros heróis.
SruËp/#Dsdur#Ľfduld#pdufdgr#qdv#
duas décadas seguintes por obras
importantes, como a criação da
equipe Renegados (em 1983), que
foi apadrinhada pelo Batman, ou
algumas tramas escritas por Jim
Starlin, como :l=^sGhbm^l]Z;^lmZ
(1988) e Morte em Família (1988
e 1989) – essa última mostrou
o assassinato de Jason Todd (o
segundo Robin) pelo Coringa.
É de Aparo também a chocante
sequência em que Bane quebra
a espinha do Batman no famoso
arco :Jn^]Z]hFhk\^`h (1993). Só
por tudo isso, já merece um lugar
no hall da fama da Batcaverna.
FASE 3
1986-1989
Volta às origens
Ao longo dos anos 1980, alguns
artistas tiveram passagem rápida
pelo universo de Gotham City,
pdv#vxĽflhqwh#sdud#uhqghu#reudv#
tão marcantes que mudariam os
rumos do herói e dos próprios
quadrinhos. Foi o caso de ;ZmfZg
&H<ZoZe^bkh]ZlMk^oZl (1986), de
Frank Miller, presença obrigatória
em qualquer top 10 do Homem-
Morcego. A minissérie veio na
onda de renovação promovida
pela saga <kbl^gZlBgƮgbmZlM^kkZl
(1985-1986), que organizou todo
o multiverso DC, eliminando
mundos e recontando a origem
de vários personagens.
Embora passada em um
futuro alternativo, H<ZoZe^bkh
resgatou as origens do Batman,
transformando-o num herói
sombrio e capaz de impor medo,
algo que havia se perdido. Nesse
trabalho, Miller, responsável pelo
roteiro e desenhos, caracterizou o
Homem-Morcego como um idoso
extremamente amargurado, numa
história que se destacou pela
arte, repleta de closes e cortes na
Acima, os recursos visuais e narrativos de Miller em O Cavaleiro das Trevas, uma verdadeira revolução na Nona Arte
Mazzucchelli simplificou sua arte ao máximo para mostrar a essência do Batman
”O FILME” diagramação. Muito do que se
AFINAL viu ali seria o novo parâmetro
Levar o Batman para para a mitologia do herói.
as telonas sempre foi D#vhtxÌqfld#hp#ľdvkedfn#
um desejo da Warner. A
questão é que faltava um da morte dos pais de Bruce
bom roteiro que apagasse Wayne, por exemplo, foi copiada
a imagem escrachada por diversos autores nos anos
do seriado dos anos
seguintes. Os quadros em formato
1960. Só em 1989 isso
se tornou possível com a de tela de TV, mostrando a
superprodução dirigida visão da mídia sobre as ações de
por Tim Burton. As HQs
Batman, foi outro recurso que
O Cavaleiro das Trevas
e A Piada Mortal deram marcou época e virou referência
o tom para o visual e o até para o cinema (em 1987, o
perfil dos protagonistas. Ľoph#Kh[h<hi trazia muitas cenas
que lembravam a minissérie).
O traço de Miller também foi
valorizado pela expressiva arte-
Ľqdo#gh#Nodxv#Mdqvrq#h#dv#fruhv#
sóbrias de Lynn Varley (esposa de
Miller na época), que trouxeram
mais dramaticidade à história.
Logo a DC, que estava
reformulando seus personagens,
convidou Miller a recontar a
origem do Homem-Morcego no
arco :ghNf, publicado na revista
;ZmfZg 404 a 407 (1987). Desta
vez, o quadrinhista se concentrou
apenas no roteiro, deixando a arte
com David Mazzucchelli, com
quem o autor já tinha trabalhado
com o Demolidor, na Marvel.
:ghNffoi o único trabalho
marcante de Mazzucchelli com
o Batman (há uma outra HQ
publicada em Phke]ƅl?bg^lm
Comics 302, de 1984, sem muita
relevância), mas marcou sua
carreira, colocando a obra como
uma das mais importantes do
herói e fonte de inspiração para
rv#Ľophv#gr#gluhwru#Fkulvwrskhu#
Nolan. O traço de Mazzucchelli,
sem grandes detalhes, casou
perfeitamente com a narrativa
enxuta de Miller, focada na
essência do Batman, que perdeu
seu uniforme azulado (em prol
de cores acinzentadas) e a elipse
no peito (Miller já tinha ensaiado
algo assim em H<ZoZe^bkh]Zl
Mk^oZl), uma marca registrada
de décadas.
O sucesso do arco gerou
continuações, mas sem o mesmo
impacto. ;ZmfZg3:gh=hbl veio
qd#vhtxÌqfld#h#Ľfrx#pdufdgd#sru#
uma troca de artistas. Publicada
entre Detective Comics 575-578
(1987), contou com roteiro de Mike
REVISTA MUNDO | 27
DOSSIÊ A ARTE DO BATMAN
MARCADO POR TRABALHOS EXPERIMENTAIS,
O COMEÇO DOS ANOS 1990 CONTOU COM
ARTISTAS CRIATIVOS E MUITO IMPACTANTES
W. Barr e arte do britânico Alan
Davis, dono de estilo semelhante
ao de Neal Adams. Contudo, por
motivos não explicados, Davis foi
substituído pelo iniciante Todd
McFarlane nos três capítulos que
uhvwdydp#sdud#r#Ľp#gd#KT1#
O novo artista imprimiu ao
Homem-Morcego um ar mais
assustador, graças ao seu estilo
exagerado na concepção da capa
do herói (que parecia medir vários
metros) e no uso frequente de
sombras, recurso que aumentou o
clima de mistério. A trama ainda
gerou uma continuação publicada
na graphic novel ;ZmfZg3?nee<bk\e^
(inédita no Brasil), desta vez com
desenhos de Alan Davis.
Outro artista relevante na
época foi o britânico Brian Bolland
que, ao lado de seu compatriota
Alan Moore, criou :IbZ]ZFhkmZe
(1988), graphic novel que revelou
muitos elementos até então
inéditos da origem do Coringa.
Alan Davis participou
da continuação de Ano Um
mas logo saiu do projeto
28 | REVISTA MUNDO
Tudo numa arte composta por
linhas limpas e elegantes, com
meticulosa atenção aos detalhes –
o excesso de perfeccionismo,
tanto de Bolland quanto de
Moore, causou vários atrasos
no lançamento da revista.
FASE 4
1989-1992
Grandes Exagero gráfico: a capa criada por Todd McFarlane em Ano Dois era enorme
inovações
Xp#grv#duwlvwdv#pdlv#lghqwlĽfdgrv#
ao período é Norm Breyfogle, que
desenhou o Homem-Morcego
de 1987 a 1992. Foram mais de
60 HQs espalhadas por Detective
Comics e ;ZmfZg nas quais o artista
dedicou-se a mostar o herói como
uma criatura da noite. No traço de
Breyfogle, Batman contava com
um físico elegante e heroico e
sempre envolto na longa capa, que
lhe dava um aspecto enigmático. Acima, cena de A Piada Mortal, em que Brian Bolland não poupou detalhes para
retratar o Batman. Abaixo, a expressiva arte de Mike Mignola em Gotham: 1889
Ao lado do roteirista Alan Grant,
Breyfogle ajudou a consolidar Tim
Drake como o terceiro Robin, deu
um visual bem mais moderno e
agressivo ao Menino Prodígio e
cocriou o vilão Ventríloquo e o
anti-herói Anarquia.
Com a popularidade em alta
ghylgr#dr#Ľoph#gh#Wlp#Exuwrq/#
Batman ganhou muitas edições
especiais com histórias fechadas,
que serviram de deixa para muita
experimentação nos roteiros e,
é claro, no visual. Essa onda foi
inaugurada com o álbum @hmaZf
<bmr*112(1989), que trouxe uma
inusitada versão vitoriana do
Batman em perseguição a Jack, o
Estripador, pelas ruas de Londres
no século 19. O roteiro foi escrito
por Brian Augustyn e a grande
novidade foi Mike Mignola, cujo
traço contrastava com o estilo
dos tradicionais desenhistas do
Homem-Morcego.
Enquanto a maioria dos
duwlvwdv#lqyhvwld#hp#olqkdv#Ľqdv#
que ressaltavam músculos
masculinos e curvas femininas,
Mignola incorporava muito do
expressionismo alemão, com um
desenho de linhas volumosas e
áreas sombreadas, com poucos
detalhes. De tão inovador, o álbum
deu origem ao selo >el^phke]l,
com as mais variadas versões
alternativas dos heróis da DC,
principalmente do Batman.
Se Mignola foi considerado
inovador, o desenhista inglês Dave
McKean elevou o termo às alturas
com a graphic novel :lbeh:kdaZf.
OdqÉdgd#hp#4<;</#d#KT#Ľfrx#
famosa pela arte quase surrealista
de McKean, que ambientou o clima
de tensão exigido pelo roteiro
de Grant Morrison. Na trama, o
Coringa sequestra os funcionários
do asilo Arkham e liberta todos
os internos, forçando Batman a
invadir o local e enfrentar seus
inimigos ocultos nos corredores
escuros. As falas do Coringa,
escritas sem o uso de balões, e
do Batman, com o uso de balões
pretos, se destacam no contexto
artístico, caracterizando a loucura
A experimentação da situação. Esse único trabalho engloba as minisséries <anoZ
no trabalho de Dave de McKean com o Cavaleiro Kn[kZ (1991), M^fi^lmZ]^]^
McKean, em Asilo gdv#Wuhydv#irl#vxĽflhqwh#sdud# Sangue (1994) e ;knfZ>l\ZkeZm^
Arkham, incluía
até o letreamento transformar-se numa obra de arte (1999), todas desenhadas por
diferenciado da sempre lembrada pelos fãs. Kelley Jones, em parceria com
história. Ao lado, o Um dos >el^phke]l mais o roteirista Doug Moench. As
monstruoso Batman interessantes foi a chamada histórias trouxeram um Batman
de Kelley Jones
Mkbeh`bZ]h;ZmfZgOZfibkh, que bem demoníaco, com orelhas
alongadas, quase como chifres,
e capa semelhante a asas de
morcego, remetendo mais a um
personagem de terror do que
a um super-herói. Após <anoZ
Kn[kZ, Jones foi levado para o
título mensal ;ZmfZg, do qual foi
artista regular entre 1995 e 1998,
dividindo opiniões. Enquanto
muita gente achava aquele visual
ameaçador condizente com a
personalidade do herói, parte
dos fãs considerava os desenhos
muito radicais. Apesar disso, Jones
teve uma das passagens mais
duradouras pelo título.
Norm Breyfogle teve
grande participação na fase
com Tim Drake como Robin
REVISTA MUNDO | 29
DOSSIÊ
NUMA ÉPOCA
MARCADA POR
EXAGEROS, ALGUNS
ARTISTAS ADERIRAM
AO TRAÇO LIMPO
Conhecido principalmente
por seu trabalho com o Lobo
e Juiz Dredd, o britânico Simon
Bisley também investiu no
exagero visual. No álbum
;ZmfZg(Cnbs=k^]]ƂCne`Zf^gmh
^f@hmaZf (1991), seu Homem-
Morcego aparece com orelhas publicadas em Detective Comics. 28 a 30, de 1992. Conhecido
pontudas, capa gigante e o rosto Com seu traço limpo e detalhista, por seus trabalhos autorais, o
sempre envolto em sombras, que Nolan desenhou entre as edições desenhista e roteirista explorou as
ganharam realismo e movimento 650 e 721 da revista, além de raízes pulps do Homem-Morcego,
graças à arte feita com aerógrafo ilustrar a graphic novel Coringa: naquele que é considerado um dos
e tintas. O trabalho garantiu ao :]oh`Z]h]h=bZ[h (1996) e o melhores embates entre o herói
desenhista o Prêmio Eisner de segundo crossover entre o ;ZmfZg e o vilão Duas-Caras. O destaque
F^eahk:kmblmZ em 1992 e ele voltou ^Ahf^f&:kZgaZ (1997). da HQ é sua atmosfera noir que
a trabalhar com o herói numa se passa numa Gotham City com
edição da revista ;ZmfZg;eZ\dZg] FASE 5 aspecto de Art déco.
Pabm^ (1996) e também ilustrou
1992-1999 Outro conhecido artista que
;ZmfZgEh[h (2000), uma versão passou por E^`^g]lh_ma^=Zkd
que cruzava os dois personagens, Simplicidade Dgb`am foi Tim Sale que, com o
para a linha >el^phke]l. e sagas roteirista Jeph Loeb, criou os
Outro artista marcante nos A revista E^`^g]lh_ma^=ZkdDgb`am especiais E^`^g]lh_ma^=ZkdDgb`am
anos 1990 foi Graham Nolan, que fez muito sucesso nos anos 1990 AZeehp^^gLi^\bZe, ;ZmfZg3FZ]g^ll
criou o vilão Bane (em ;ZmfZg3 por apresentar arcos curtos e não Ƃ:E^`^g]h_ma^=ZkdDgb`am
O^g`^Zg\^h_;Zg^Li^\bZe, de 1993) whu#htxlsh#Ľ{d/#r#txh#jhurx#Õwlpdv# AZeehp^^g ^;ZmfZg3@ahlmlƂ:
e colaborou no arco :Jn^]Z]h histórias. Uma delas é Faces, criada E^`^g]h_ma^=ZkdDgb`amAZeehp^^g
Morcego (1993/1995), com histórias por Matt Wagner para as edições (compilados no Brasil no especial

Batman e Bane no visual de Graham Nolan: traço limpo e firme. Ao lado, o visual noir criado por Matt Wagner para a história Faces, de 1992
REVOLUÇÃO
NA TV
Batman: A Série Animada
(1992-1995) surgiu na
onda dos filmes de Tim
Burton e se destacou
pelos roteiros adultos
de Paul Dini e a arte
estilizada de Bruce Timm.
A dupla conseguiu captar
como poucos a essência
do herói ao unir os
elementos sombrios
dos longas-metragens
de Burton (incluindo
sua trilha sonora) com
o clima dos primeiros
quadrinhos de Bob Kane e
Bill Finger. O desenho não
apenas influenciou outros
estúdios, que passaram
a utilizar um traço mais
simples e anatomia
desproporcional, como
expandiu o Universo DC,
gerando animações do
Superman e da Liga da
Justiça, encabeçadas
também por Dini e Timm.

30 | REVISTA MUNDO
À esquerda, O Longo Dia das Bruxas, com arte de Tim Sale. Acima, trabalhos de Mike Parobeck (o gibi do desenho da TV) e Simon Bisley (campeão na categoria “orelhas pontudas”)
;ZmfZg&=bZ]Zl;knqZl). Esses
trabalhos publicados entre 1993 e
1995 são ambientados no início de
carreira do herói e deram a tônica
do estilo dramático de Sale, que
abusa das sombras e enormes
close-ups nas páginas. A parceria
de Sale e Loeb rendeu a série em
13 edições HEhg`h=bZ]Zl;knqZl
(1996), uma das mais vendidas
e aclamadas do personagem em
todos os tempos. Mesmo com os
bons roteiros de Loeb, estava claro
que a história se apoiava mais nas
imagens criadas por Sale.
Na contramão dos excessos
anatômicos e detalhistas ditados
pelas grandes editoras, os anos
1990 viram o surgimento do
desenho simples e limpo de
Mike Parobeck. O artista era
subestimado pelos editores da
DC, que não sabiam onde encaixar
seus desenhos, até que surgiu Ma^
;ZmfZg:]o^gmnk^l, revista lançada
em 1993 e ambientada no universo
da animação da TV. De início,
Parobeck até emulou o traço de
Bruce Timm, mas logo evoluiu para
um estilo mais pessoal, focado na
simplicidade: como a revista era
voltada ao público infantil, criou
páginas com no máximo quatro
quadrinhos, sempre com cenas
dinâmicas e bem expressivas.
O design de seu Batman era tão
atraente e acessível que foi usado
em vários produtos licenciados.
FASE 6
1999-2011
Novos tempos
Na virada do século, Batman
contava com um visual que
remetia a seus primeiros anos.
Frp#xp#xqliruph#vlpsolĽfdgr#h#
a volta de elementos tradicionais,
essa versão foi usada por toda a
década que começava. Quem deu
o pontapé inicial foi o cultuado
Alex Ross, com o lançamento
de ;ZmfZg3@n^kkZZh<kbf^,
em novembro de 1999. Ainda
que Ross tivesse desenhado o
Homem-Morcego antes, essa foi
a primeira vez em que trabalhou
para valer com o herói – antes
disso, ele mostrou uma versão
de Bruce Wayne na série HK^bgh
]h:fZga¼ (1996) e uma pin-up
para a antologia ;ZmfZg3;kZg\h
e Preto (1996).
Em Guerra ao Crime, Ross se
baseou no trabalho de outros
autores clássicos e optou pelo
tradicional traje cinza e preto,
como mostrado na primeira fase Em Guerra ao Crime, encaixasse perfeitamente às
do herói e pelo cinto de utilidades Alex Ross investiu pálpebras do herói, de modo que
com pochetes apresentado por no lado humano do herói a máscara se torna seu rosto. O
David Mazzucchelli em ;ZmfZg3 e fez mudanças pontuais álbum foi um sucesso retumbante,
em seu uniforme
:ghNf. A intenção era devolver com quase 50 mil exemplares
o personagem ao básico. vendidos no lançamento e
Para se aproximar ainda mais vencedor de diversos prêmios.
do lado humano, o artista deixou A trama de Guerra ao Crime era
os olhos de Bruce Wayne à mostra lqghshqghqwh#gd#furqrorjld#rĽfldo#
e providenciou que o capuz se e nas revistas mensais Batman
REVISTA MUNDO | 31
DOSSIÊ A ARTE DO BATMAN

AO MESMO TEMPO QUE O HERÓI GANHOU TRAMAS MAIS

SOFISTICADAS, SUA ARTE BUSCOU CAPTAR O ESSENCIAL
olgdyd#frp#rv#prphqwrv#Ľqdlv# de Risso e Azzarello, saiu em
do arco M^kkZ]^Gbg`nÂf (1999), ;ZmfZg 620 a 625 (2004).
em que Gotham foi abandonada Dono de um estilo limpo e
pelo governo após ser destruída marcado por um contrastante jogo
no arco anterior, M^kk^fhmh (1998). de luz e sombra, Risso empregou
Dr#Ľqdo#gh#wdqwd#whqvÅr/#d#GF# no gibi a mesma brutalidade com
optou por um recomeço para o que estava acostumado em *)) Na HQ Silêncio, Jim
Lee encheu Batman
Homem-Morcego e garantiu um ;ZeZl. Ele voltaria a desenhar o
de equipamentos
novo visual para o herói, parecido herói em 2009, em uma trama de luta e ganhou a
com o de Ross, mas com clássica publicada no periódico P^]g^l]Zr simpatia dos leitores
combinação de cinza e azul e
com a volta das lentes brancas
escondendo os olhos.
Esse design estreou em março
de 2000 em Detective Comics 742
e foi criado por Dave Johnson,
o novo capista do título, mas
foi o badalado Jim Lee quem
popularizou a versão no arco
LbeÃg\bh, em 2003 (;ZmfZg 608
a 619). Na DC desde 1998, Lee
aproveitou a reformulação das
revistas do herói e se aventurou
em uma HQ curta em @hmaZf
Dgb`aml 1, mas foi apenas um
estudo para o que estava por vir.
LbeÃg\bh marcou sua volta
como desenhista de uma série
mensal e sua versão do Batman
pdqwhyh0vh#Ľho#Â#hvwdehohflgd#hp#
2000, ainda que impregnada pelo
realismo paramilitar tão comum
nos trabalhos do autor. Lee
tomou um caminho oposto ao de
Ross e abusou dos equipamentos
do Homem-Morcego, que
recorria a engenhocas e veículos
diferentes a cada capítulo, tudo
minuciosamente detalhado.
Lee voltaria a trabalhar
com o personagem em outras
ocasiões, mas foi seu trabalho em
LbeÃg\bh que realmente marcou
os fãs, motivo pelo qual sua
substituição em ;ZmfZg precisava
ser feita por alguém à altura. A
responsabilidade recaiu sobre o
argentino Eduardo Risso, que em
2000 tinha desenhado uma HQ do
herói com visual noir na revista
@hmaZfDgb`aml 8. A história foi
escrita por Brian Azzarello, com
quem Risso fazia parceria desde
1999, ano em que criaram a
premiada série policial *));ZeZl.
A trama policial Cidade Castigada,

32 | REVISTA MUNDO
Enquanto o desenho de Eduardo Risso devolveu o ar detetivesco às histórias do Batman, o traço nervoso de Paul Pope propôs um herói mais vulnerável
Comics, e em 2011, na minissérie
em que o pai de Bruce, Thomas
Wayne, é o Homem-Morcego.
Essas HQs foram reunidas em
2013 no álbum ;ZmfZgGhbk3
>]nZk]hKbllhƂMa^=^enq^>]bmbhg,
mas convertidas em PB, o que
lhes conferiu um ar ainda mais
sombrio. Já a pegada detetivesca
faz parte das inclinações de Risso,
que nunca foi um grande fã de
super-heróis.
Outro artista que fez poucos
trabalhos nesse universo de
seres superpoderosos, mas que
criou uma versão inspirada do
Cavaleiro das Trevas é Paul Pope,
na minissérie ;ZmfZg3:gh*))
(2006), focada na ação de um
misterioso Homem-Morcego
em 2039. Com uma carreira
dedicada a trabalhos autorais e
ao mercado japonês, o estilo de
Pope conta com o enquadramento
dos mangás e o traço livre dos
gibis independentes. Em sua
versão, Batman ganhou um visual
estiloso e um traje composto por
peças comuns como coturnos,
camiseta e até um shorts
esportivo sobre a calça. Isso fez
parte dos planos iniciais de Pope
de fazer dele um sujeito mais
vulnerável, mais humano do que
super-humano. Equipamentos
assustadores usados pelo herói e
a representação propositalmente
deformada dos personagens
garantem um tom sinistro à HQ.
Naquele mesmo ano, a revista
mensal do Homem-Morcego
contou com a arte de Andy
Kubert/#r#Ľokr#gr#uhvshlwdgr#Mrh#
Kubert. Andy foi convidado para
fazer a arte de ;ZmfZg?beah,
o arco que inaugurou a extensa
fase do roteirista Grant Morrison
no gibi do Homem-Morcego e
que apresentou aos leitores o
lqvrohqwh#Gdpldq#Zd|qh/#Ľokr#
do herói. A passagem do artista
foi breve (;ZmfZg 655 a 658, de
setembro a dezembro de 2006)
A passagem de Andy Kubert pelas HQs do herói em 2006 trouxe ação e muito dinamismo
h#phvpr#pdqwhqgr0vh#Ľho#dr#
visual do herói estabelecido
em 2000, ele garantiu toda
aquela energia e dinamismo
que apresentava nas HQs dos
X-Men dos anos 1990. Em seu
traço, Batman tornou-se ainda
mais musculoso, sempre tenso e
com as veias constantemente à
mostra. Ao mesmo tempo, linhas
longas, perspectivas inspiradas
e jogos de luz imprimiram um
tipo de ação frenética que o
Homem-Morcego não tinha há
tempos. Andy ainda desenhou
algumas edições esporádicas
e, anos depois, foi convidado a
participar na minissérie Cavaleiro
]ZlMk^oZlBBB3KZÀZLni^kbhk (2016
ARTE
VALORIZADA
Inspirado na revista de
terror Creepy, publicada
pela Warren nos anos 1960,
o editor Mark Chiarello
criou em 1996 a antologia
Batman Preto e Branco, que
reunia diversos autores
para contar HQs curtas do
Homem-Morcego. Nomes
como Joe Kubert, Howard
Chaykin e até Katsuhiro
Otomo (o criador de Akira)
apresentaram suas versões
não convencionais de
Batman, sempre limitados
pelo uso do branco e preto
na arte. A iniciativa ganhou
mais dois volumes em 2002
e 2007 reunindo histórias
que saíram na revista
Gotham Knights.
REVISTA MUNDO | 33
DOSSIÊ A ARTE DO BATMAN
COM AS REFORMULAÇÕES OS NOVOS 52 E RENASCIMENTO,
AS EQUIPES CRIATIVAS DO BATMAN SOFRERAM MUDANÇAS
e 2017). Um dos projetos mais
alardeados da atualidade, a HQ
é uma continuação da história
iniciada em 1986 por Frank Miller,
que escreveu o roteiro da última
parte da trilogia. Kubert tentou
vh#pdqwhu#Ľho#Â#duwh#ihlwd#sru#
Miller 30 anos antes, desde a
diagramação até o cenário.
Além de Kubert, a fase escrita
por Grant Morrison foi ilustrada
por outros artistas, entre eles o
escocês Frank Quitely. Ele foi
fundamental para a concepção
da nova série mensal ;ZmfZgZg]
Kh[bg, em 2009, que apresentou
um novo momento na vida da
Dupla Dinâmica: após a aparente
morte de Bruce Wayne na saga
Crise Final (2008-2009), o primeiro
Menino Prodígio, Dick Grayson,
O artista Frank Quitely participou ativamente na conceituação da inusitada
Dupla Dinâmica formada por Dick Grayson (Batman) e Damian (Robin)
34 | REVISTA MUNDO
o passar do tempo o visual do
herói aproximava-se cada vez
mais daquele do ano 2000,
bem mais simples.
torna-se Batman e Damian assume Txhp#pdqwhyh0vh#Ľho#Â#
de vez a identidade de Robin. Ainda versão de Lee foi o desenhista
que tenha participado só das três Greg Capullo, que tornou-se
primeiras edições, o artista criou artista da nova revista ;ZmfZg,
todas as capas até 2011 e participou em 2011. Na época, os leitores
ao lado de Morrison da concepção ainda criticavam o novo visual
da revista, desenvolvendo a do Homem-Morcego por
identidade visual dos heróis e assemelhar-se às famigeradas
outros elementos. armaduras usadas por heróis nos
Nesse período, Batman ganhou anos 1990, mas Capullo apaziguou
FIEL AOS xp#flqwr#frp#Ľyhod#hp#irupd#gh# os ânimos ao tornar o traje
QUADRINHOS morcego e uma atitude mais calma, funcional e agradável e manter-
Em sua elogiada trilogia
do Homem-Morcego
ainda que um pouco insegura. Da vh#Ľho#Â#lghld#gr#frohjd#gh#hglwrud1#
(2005 a 2012), o diretor phvpd#irupd/#Txlwho|#ghĽqlx# Isso se deve principalmente ao
Christopher Nolan o traje que Damian usaria como estilo reinventado do artista.
aproveitou vários
Robin nos anos seguintes e deu Recém-egresso da Image,
elementos das HQs, em
especial os trabalhos de ao garoto seu característico ar em que desenhou a série LiZpg,
Frank Miller. O Batmóvel arrogante. O artista apresentou na DC Capullo afastou-se das
com pinta de tanque de o novo modelo de Batmóvel e ilustrações sujas e rebuscadas
guerra, por exemplo,
assemelha-se ao veículo desenvolveu o visual de ameaças e apostou em um traço limpo,
de O Cavaleiro das Trevas. como Professor Porko, Flamingo e Ľuph#h#ohyhphqwh#fdulfdwxudo/#
Circo do Estranho, que se tornaram mas sempre comprometido com
recorrentes nas HQs do herói. o realismo. Mais do que isso,
Tudo isso em seu estilo peculiar, manteve o clima sombrio das HQs
que transita entre o grotesco e do Batman apesar de investir com
a arte pop e explora de maneira frequência em tomadas amplas
inigualável a linguagem corporal. e claras. Para completar, nada
era desenhado por acaso e os
FASE 7 objetos mantinham as mesmas
2011-2017 características ao longo de toda
a trama, o que contribui com a
Época de renovação qduudwlyd#h#d#ľxlgh}#gd#ohlwxud1
Com a reformulação editorial
HlGhohl.+, em 2011, as séries
do Homem-Morcego ganharam
novas equipes criativas. A nova
revista ;ZmfZgZg]Kh[bg focou na
parceria de Damian com o pai, que
retornou ao mundo dos vivos, e a
série contou com a arte de Patrick
Gleason em praticamente todas
as 40 edições até ser encerrada
em 2015. Ainda que seu estilo
se assemelhe ao de Paul Pope,
com personagens levemente
ghirupdgrv/#Johdvrq#Ë#pdlv#Ľho#Â#
anatomia e carrega nas sombras.
Ao mesmo tempo, seu domínio
de luz e sombras e sua habilidade
de deturpar a aparência dos
personagens imprimiram tons de
terror à série. O artista chegou a
usar elementos do novo design
do Batman criado por Jim Lee para
a fase HlGhohl.+, mas com
 O trabalho agradou tanto
os fãs, que Capullo foi o único
duwlvwd#pdqwlgr#gr#lqÏflr#dr#Ľp#
de uma série entre as poucas
revistas que sobreviveram até
a edição 52, a derradeira antes
da DC entrar numa nova fase:
Renascimento. Atualmente, ele
desenha a saga =ZkdGb`am3F^mZe,
que tem o Homem-Morcego
como protagonista e que promete
reestruturar o multiverso da DC.

Talento brasileiro
Inaugurada em 2016, a
reformulação Renascimento trouxe
muitas mudanças aos títulos
mensais, entre elas a retomada da
numeração original dos dois mais
antigos gibis da editora: :\mbhg
Comics e Detective Comics. A honra
de ilustrar a mais clássica revista
do Batman coube ao mineiro Eddy
Barrows, que assumiu a arte na
edição 934 e consagrou-se como
o primeiro brasileiro na função
de desenhista regular de um título Desde 2016, a mais de videogames, contou com uma céus e as cenas com o Batmóvel”.
do Homem-Morcego. tradicional revista do ajuda extra para enxergar como E o artista faz um alerta: “Quem
Batman é desenhada
A inspiração de Barrows pelo brasileiro Eddy eles poderiam lhe ajudar: “Meu não gosta de desenhar cenários
para representar o herói vem da Barrows que, em seu Ľokr#Ë#xp#judqgh#iÅ#gd#vËulh#h#irl# e maquinários deve passar longe
fonte mais inesperada: os games trabalho, usa os games ele que abriu meus olhos”. do universo do Batman. Aqui,
da série :kdaZf. “Ali tem tudo como inspiração A semelhança entre o universo se gasta muitas horas do dia
o que eu preciso sem precisar do herói mostrado por Barrows trabalhando nos cenários mais
necessariamente consultar os em Detective Comics e nos consoles loucos e bem difíceis”.
quadrinhos”, explicou à Mundo. realmente existe, em especial Ainda que Barrows gaste muita
Mas o artista, que nunca foi adepto quando o assunto é Gotham City energia na ambientação, ele
ou os vários equipamentos do não se esquece do lado humano,
herói. “A cidade é um personagem o aspecto mais importante
à parte e é divertido criar toda a do Homem-Morcego. Para
atmosfera, principalmente na isso, tenta passar sua própria
hora de desenhar os dirigíveis nos interpretação do herói: alguém

À esquerda, a inspirada fase de Greg Capullo, que teve seu estilo reformulado ao assumir
as histórias do Batman. Acima, o desenho levemente deformado de Patrick Gleason
DOSSIÊ A ARTE DO BATMAN
ATUALMENTE, DOIS BRASILEIROS ESTÃO EM
DESTAQUE NA ARTE DOS GIBIS DO BATMAN
hp#hwhuqr#frqľlwr#vre#dtxhod#
cara fechada. Como resultado, seu
Batman mantém todo um aspecto
ameaçador e envolto em sombras,
mas conta com expressões faciais
e linguagem corporal que revela
um sujeito mais amável do que a
máscara deixa transparecer.
Outro brasileiro de destaque
nas HQs atuais do Cavaleiro das
Trevas é Rafael Albuquerque. Em
seus dez anos com a DC, o artista
gaúcho já desenhou diversas capas
e HQs curtas, mas foi no título
mensal :ee&LmZk;ZmfZg que ele
teve sua grande oportunidade
com o personagem. Diferente de
36 | REVISTA MUNDO
outras revistas, :ee&LmZk aposta em
um rodízio de artistas e deixa a
cronologia em segundo plano para
privilegiar o trabalho autoral, de
prgr#txh#rv#ghvhqklvwdv#Ľfdp#
livres para experimentações,
algo muito bem-vindo para
Albuquerque. “Sempre tento
variar e agora estou usando uma
técnica de aguada”, explica.
O artista também investe
em composições que valorizam
d#lghqwlĽfdÉÅr#uÃslgd#gr#khuÕl1#
“Tentar captar a silhueta do
Batman em cada desenho é muito
importante e, se o leitor conseguir
lghqwlĽfÃ0or#shod#irupd/#r#qÏyho#gh#
ghwdokdphqwr#qd#Ľjxud#wruqd0vh#
indiferente. Por mais que pareça
‘fácil’ desenhar com silhuetas,
a técnica exige um trabalho de
frpsrvlÉÅr#ehp#vrĽvwlfdgrĤ1
Atualmente, Albuquerque está
desenhando o arco Ma^?bklm:eer
(O Primeiro Aliado), publicado de
:ee&LmZk;ZmfZg 10 a 14 e previsto
para ser concluído em setembro.
A HQ é a última do título, que será
encerrado no mesmo mês devido
à qualidade, mas não pela falta
dela, e sim pelo excesso. Animada
com o resultado da fórmula
de :ee&LmZk, a DC decidiu usar a
mesma estratégia de intercalar
artistas e dar a eles ainda mais
liberdade. Desse modo, a nova
série do Batman terá uma pegada
mais adulta e será publicada
em um formato diferenciado.
Tudo para privilegiar artes que
já vêm marcando o mundo dos
quadrinhos há quase 80 anos.
Em seu trabalho em
All-Star Batman,
Rafael Albuquerque
usa muitas técnicas
DICAS
Praticamente todos os
artistas e obras citadas
neste dossiê já foram
publicados no Brasil.
Para descobrir onde
saíram essas revistas,
basta visitar o site
www.guiadosquadrinhos.
com. Além disso, para
conhecer mais sobre a
trajetória do Batman,
nada melhor do que
consultar o volume 2
de nossa caprichada
Coleção Super-Heróis.
Detalhes na página 72.
BASTIDORES Veja como
foi concebida
DE CRIAÇÃO nossa capa
O
paulistano Marcio Unidos saiu na revista PZkehk]h_FZkl 4,
Abreu, 47 anos, da Dynamite, em 2014. “Atualmente
começou nas HQs em tenho feito apenas títulos independentes
MARCIO ABREU / WWW.INSTAGRAM.COM/MARCIOABREUARTE
1994 e, com o passar do tanto para o mercado nacional quanto
tempo, se aprimorou internacional”, explica.
como pôde para conseguir trabalho Para as cores de nossa capa, Marcio
no mercado norte-americano. “Como convidou seu amigo Vinicius Townsend.
todo mundo, mandei muitas páginas de Carioca de 26 anos, o colorista passou
testes para as editoras gringas”, comenta. pela revista OZfibk^eeZ, da Dynamite,
Sua grande estreia foi a arte de Puss in e recentemente participou dos álbuns
[hhml, HQ publicada na revista Grimm nacionais Ehk^ggZ&Obg`ZgÀZKZ]bhZmboZ
?ZbkrMZe^l 34, da editora Zenescope, em (desenhado por Marcio Abreu) e :e_Z*a
2009. Seu último trabalho para os Estados Hk]^f (a ser lançado pela editora Kimera).
VINICIUS TOWNSEND / WWW.VINICIUSTOWNSEND.DEVIANTART.COM

O PASSO A PASSO DA ILUSTRAÇÃO

1. O plano era criar uma imagem
que simulasse o trabalho de um
desenhista, com apenas uma
parte finalizada. Fora isso, o
Batman deveria aparecer bem
ameaçador, encarando o leitor.
Marcio fez duas opções e a
redação escolheu a que permitia
acrescentar mais elementos da
mitologia do herói de Gotham.

2. Após testes de diagramação da capa, o layout foi aprovado e Marcio esboçou toda a arte com grafite Pentel 2B.
“Por ele ser mais claro, não marca muito. Assim fica fácil para finalizar”, explica o ilustrador. Em seguida, os traços foram
definidos com grafite 4B, bem mais escuro. Na parte que recebeu finalização (basicamente, a figura do Batman), foi
usado pincel Aquash Brush Pentel no preenchimento das áreas de
sombras e canetas Uni Pin 02 a 08 nos detalhes. Nesse processo,
Marcio gastou dois dias de trabalho.

3. Munido de sua mesa digitalizadora e do Photoshop,

Vinicius iniciou a colorização do desenho escaneado.
A primeira etapa foi eliminar as impurezas da imagem
e fazer a cor base, também chamada de flat, onde
se separa os elementos da imagem como cenário,
personagem e acessórios. Em seguida, em camadas
separadas (layers) aplicou os efeitos de luz e sombra,
seguindo a ideia do editor de arte Alexandre Nani, de
deixar o fundo vermelhão para aumentar o contraste.
NNon
on ono
on ono
no on
on ono
ono no
on no on
on ono
ono no
on no on
on ono
ono no
n no ono
onno no no onn ono
ono
no no
no on
on ono
onoo no
no no
no ono
onnoo no
no no
no ono
onnoo no
no on
on on
on ono
ono
on Vire a página e confira o resultado.

REVISTA MUNDO | 37
ACTIONFIGURES
POR EDER PEGORARO
3

O retorno
da lenda
C
om a nostalgia em alta, Falcon, 1
um dos heróis mais queridos do
Brasil, volta às lojas. Relançado
como parte da comemoração
dos 80 anos da Estrela, o brinquedo
causou furor entre fãs e colecionadores
durante seu anúncio na feira Abrin,
em março. Passados alguns meses, o
novo Falcon já está disponível, em dois
modelos de 30 cm de altura, seguindo
os proghv#h#duwh#ruljlqdlv#gd#Ľjxud1#

NOVIDADE CLÁSSICA
O primeiro modelo relançado é Falcon
>qiehkZ]hk3>qi^]bÀ¼h:fZsÍgb\Z (1),
fxmd#dfwlrq0Ľjxuh#yhp#frp#dfhvvÕulrv#
clássicos (cantil, facão, kit de primeiros
socorros, binóculo e botas) e alguns
itens inéditos (camiseta preta, calça
fdpxľdgd#h#grlv#flqwrv,1#MÃ#Falcon
Mnk[h\Ìim^kh3:o^gmnk^bkh]hl:k^l (2) é
bem calcado no visual dos anos 1970, com
farda verde-oliva e turbocóptero (uma
mochila voadora com hélice, que antes
era vendida separadamente) (3) (4).
Há novas ilustrações do herói, na selva
capturando uma serpente (5) e voando 4
sobre o Cristo Redentor. Segundo a
assessoria da Estrela, a venda desses dois
modelos determinará se haverá futuros
lançamentos. Por ora, há boatos que uma
Ľjxud#h{foxvlyd#srgh#vhu#dsuhvhqwdgd#qr#
Ľqdo#gr#dqr#qd#Frplf0Frq#H{shulhqfh1#

TRAJETÓRIA DE SUCESSO
D#Ľjxud#hvwuhrx#qr#Eudvlo#hp#4<::/#
seguindo os moldes da coleção @'B'Ch^,
da norte-americana Hasbro, mas seu
universo é algo praticamente criado em
nosso país, inclusive o nome Falcon.
Suas primeiras edições foram ?Ze\hg:À¼h
<ZfnƯZ]Z (moreno com barba e farda
fdpxľdgd,#(6) e ?Ze\hg<hf[Zm^ (moreno
sem barba e farda verde-oliva) (7), ambos
dupdgrv#frp#ulľhv1#Vhjxlqgr#d#whpÃwlfd#
2 5
militar, a Estrela lançou veículos para a

40 | REVISTA MUNDO
6 7

8
Ľjxud/#frpr#r#Cbi^]^:llZemh e o MZgjn^
9
]^<hf[Zm^ (8) e, para aventuras aéreas,
o Helicóptero (9).
A partir de 1978, surgiu o Falcon loiro
(10), com acessórios e novos trajes não
plolwduhv/#txh#srvvlelolwdydp#frqĽjxudu#
o personagem para combater no mar (nos
kits <ZÀZZhMn[Zk¼h?^khs(11) e Comandos
do Mar, entre outros), na terra (:`^gm^
Secreto (12), Contra-Espionagem e :oZgÀh
^f:emZOhemZ`^f) e no ar (K^\hga^\bf^gmh
:Âk^h e Salto Fantástico) (13). Em 1979,
10
d#Ľjxud#wdpeËp#jdqkrx#r#prghor#
Heahl]^š`nbZ, com um mecanismo que
prylphqwdyd#rv#rokrv#gd#Ľjxud1

PEGADA FUTURISTA
Irfdgrv#qd#rqgd#gd#ĽfÉÅr#flhqwÏĽfd/#
em 1980 chegaram ao mercado três
modelos da série ?Ze\hg1) (14), que
vinha com trajes coloridos. Também
11 era a primeira vez que o herói ganhava
um inimigo: Torak, personagem criado
12 no Brasil, com cabeça cromada, capa
negra e garra na mão esquerda, além
de luz peitoral em seu colete dourado.
Dlqgd#qd#whpÃwlfd#vfl0Ľ/#hp#4<;4#
surgiu Condor, o aliado biônico de Falcon,
empunhando uma espada dourada -
13
ao remover seu capacete apresentava
uma face robótica. O próprio Falcon
14 15 ganhou novos trajes com visual futurista
e um bugue com radar (15). Já no ano
seguinte, chegou o mascote do herói,
Roboy, um robô movido a corda. Toda
essa linha foi produzida até 1984.

PLANOS FRUSTRADOS
Na últimas décadas, a Estrela fez duas
tentativas, sem sucesso, de relançar o
Falcon. Em 1994, o herói reapareceu com
versões militares de soldado e piloto, além
de um Torak bem diferente com o corpo
16 humano, e dois guerreiros marciais, o
Dragão Negro e o Ninja (16). Já em 2000,
vxujludp#Ľjxudv#txh#qhp#xvdydp#pdlv#
o nome Falcon, na série ?hkÀZ]^:mZjn^
(17), com versões de soldado e piloto, e um
quase irreconhecível Torak com a cabeça
com uma máscara verde e corpo humano.

Rqgh#frpsudu
Os dois novos modelos já estão disponíveis
no site da Brinquedos Estrela: www.estrela.
com.br. Falcon Explorador custa R$ 179,99
e Falcon Turbocóptero, R$ 199,99.

17 REVISTA MUNDO | 41
Um dos
destaques
de Inumanos
é o conflito
entre um rei
e seu irmão
usurpador
42 | REVISTA MUNDO

Casos de
família
A NOVA EQUIPE LIVE-ACTION DA MARVEL, OS INUMANOS,
É APRESENTADA EM UM LANÇAMENTO QUE ENGLOBA
DUAS MÍDIAS E TRAZ A CLÁSSICA LUTA ENTRE IRMÃOS
POR JOTA SILVESTRE
A
ntes de chegar à TV em
29 de setembro nos
Estados Unidos, o seriado
Inumanos, da rede ABC, estreará
nos cinemas de lá no dia 1o de
setembro. Esse lançamento
inovador se deve à parceria da
Marvel com a Imax, a empresa
canadense que desenvolveu
o sistema de exibição em
telas gigantes com altíssima
ghĽqlÉÅr1#VhuÃ#d#sulphlud#yh}#
que uma série de TV usa tal
tecnologia, o que poderia marcar
uma estreia em grande estilo da
versão live-action da estranha
equipe. Mesmo assim, o seriado
chega repleto de dúvidas à
respeito de sua qualidade.
Apesar de não adaptar nenhuma
KT#hvshfÏĽfd/#d#vËulh#hp#rlwr#hslvÕglrv#
explora um tema recorrente nas histórias
dos Inumanos: a tentativa de Maximus
(Iwan Rheon) de tomar o lugar do irmão
Raio Negro (Anson Mount) como rei de
Attilan, a cidade oculta dos Inumanos e
situada no lado escuro da Lua. Na trama,
Maximus orquestra um golpe militar que
resulta na fuga de toda a família real em
EMSÉRIE
direção à Terra. Rapidamente, Raio Negro,
a rainha Medusa (Serinda Swan) e sua
irmã Cristalys (Isabelle Cornish) chegam
a nosso planeta acompanhados dos primos
do monarca: Gorgon (Eme Ikwuakor),
Karnak (Ken Leung) e Triton (Mike Moh).
A aventura que chega aos cinemas nada
mais é que a junção dos dois primeiros
episódios, a serem exibidos na TV com
cenas adicionais quase um mês depois.
ALÉM DA FAMÍLIA REAL
O conceito de BgnfZghl vai muito além
da família de Raio Negro. Na mitologia dos
quadrinhos, um grande grupo de humanos
primitivos foi alterado geneticamente há
milhões de anos pela raça alienígena kree.
Com o tempo, esse povo desenvolveu uma
vrĽvwlfdgd#flylol}dÉÅr#h#lvrorx0vh#gr#uhvwr#
da humanidade.
No universo interligado da Marvel
nas telas, esse conceito foi introduzido no
seriado :`^gmlh_Lab^e] logo após o estúdio
anunciar que os Inumanos ganhariam
xp#Ľoph#hp#534;1#Gh#dfrugr#frp#d#vËulh/#
há descendentes deles espalhados pelo
mundo, que manifestam suas habilidades
ao fazer contato com os cristais terrígenos,
e alguns até mesmo na equipe de agentes
comandada por Phil Coulson.
REVISTA MUNDO | 43
EMSÉRIE

O rei Raio Negro

permanece calado
para sua voz não
causar destruição

OS PODERES DOS INUMANOS VÊM DO

CONTATO COM CRISTAIS TERRÍGENOS
Para o showrunner Scott Buck, o povo de Attilan e
os novos Inumanos mostrados em :`^gmlh_Lab^e] são, na
melhor das hipóteses, parentes distantes. “Os Inumanos
sabem quem são, conhecem a importância de seus
poderes e da cerimônia de terrigênese, um ritual quase
sagrado [que serve de passagem para a fase adulta].
Já os novos Inumanos que habitam a Terra não fazem
a menor ideia do que está acontecendo com eles”,
explicou na San Diego Comic-Con, em julho.
Há pelo menos uma ligação entre BgnfZghl e :`^gml
h_Lab^e]: no começo da nova série, o anfíbio Triton vem
à Terra para investigar a infestação dos oceanos pelos
cristais terrígenos, que estão provocando mutações
nos novos Inumanos por meio da contaminação dos
dolphqwrv1#Hvvh#idwr#irl#ghľdjudgr#qr#Ľqdo#gd#vhjxqgd#
temporada de :`^gmlh_Lab^e] e explorado na seguinte.
BOAS INTENÇÕES
Quem provocará a exposição de Raio Negro e dos
demais Inumanos aos terráqueos é Maximus, que teme
que Attilan seja descoberta e atacada pelos humanos.
O ator Iwan Rheon defende seu personagem e garante
que ele é bem mais complexo que a contraparte nos
Acima, Medusa e seu quadrinhos. Segundo Rheon, o Maximus da TV tem
poderoso cabelo, e boas intenções e acredita que o melhor para seu povo
o cão Dentinho, que Ë#ghl{du#r#frqĽqdphqwr#qd#Oxd#h#rfxsdu#xp#oxjdu#
tem a capacidade de legítimo na Terra. Além disso, sente-se inferiorizado
teleportar pessoas
pela família real, pois ao contrário das HQs, em que
possui poderes mentais, na TV ele é só humano. Isso
porque quando se submeteu à cerimônia de terrigênese,
além de não ganhar poderes, teve seus genes especiais
apagados, tornando-se uma pessoa comum.
“Maximus é muito leal ao irmão e ama de verdade
sua família. Mas, ao mesmo tempo, tem uma opinião
forte sobre como as coisas devem ser”, disse Rheon
numa coletiva de imprensa no início do ano no Havaí.
Para o ator, há uma dinâmica interessante porque
enquanto ele é um orador carismático, Raio Negro está
sempre calado. Os leitores de quadrinhos conhecem
o motivo do silêncio de Raio Negro. Seu poder está
na voz, tão poderosa que um simples sussurro pode
arrasar uma cidade. Para Anson Mount, um dos

QUEM É QUEM

Raio Negro (Anson Mount)
Monarca de Attilan, a cidade oculta na
Lua onde vivem os Inumanos. O poder
de sua voz é tão devastador que ele
permanece calado o tempo todo.
Medusa (Serinda Swan)
Rainha de Attilan, esposa e intérprete
de Raio Negro. Ela pode comandar seus
longos e superfortes cabelos ruivos
como se fossem membros do corpo.
Maximus (Iwan Rheon)
Irmão de Raio Negro, conspira para
ocupar o trono. No ritual da terrigênese,
perdeu seus genes aprimorados e
se tornou um ser humano comum.
Cristalys (Isabelle Cornish)
Irmã mais nova de Medusa,
seu poder é focado em controlar
os elementos da natureza.

44 | REVISTA MUNDO

Os Inumanos não são bem recebidos quando chegam à Terra.
Abaixo, Maximus conspira para tomar o trono de Raio Negro
OSINUMANOS
DO CINEMA PARA A TV
Em 2014, a Marvel anunciou o filme dos Inumanos como parte da Fase 3 do seu universo
cinematográfico. Com o passar dos anos, alguns fatos provocaram mudanças no cronograma.
A mais significativa foi o acordo com a Sony para produzir em conjunto um novo filme do
Homem-Aranha. Com o sucesso de Homem-Formiga (2015) e o desejo por uma sequência
– Homem-Formiga e a Vespa, anunciado para julho de 2018 –, Inumanos foi ficando para
escanteio, até que em abril de 2016 o filme foi oficialmente retirado da agenda da Marvel.
A decisão de produzir uma série de TV, revelada em novembro do ano passado, ficou com
cara de saída honrosa para Raio Negro e sua família.

Já na trama, a rainha funciona como intérprete

do seu marido. “Medusa e Raio Negro têm uma ligação
muito forte, porque ele perdeu o direito de falar
aos 14 anos. Então ela entra na Sala do Silêncio
onde ele era mantido por segurança e começam a
criar a linguagem de sinais juntos. Com o tempo, eles
desenvolveram o amor, uma incrível conexão e uma
espécie de simbiose”, conta Serinda.

motivos que o atraíram para o personagem foi esse
ghvdĽr=#ģUdlr#Qhjur#Ë#lqfuÏyho/#pdv#hx#dgplwr#txh#xpd#
parte de mim, que gosta de correr riscos, queria saber
como é interpretar um protagonista que não diz uma
palavra”, lembrou o ator na coletiva. Sem os recursos
narrativos dos quadrinhos, como recordatórios e balões
de pensamento, a série teve que lançar mão de um
truque para expressar os pensamentos do monarca.
Por iniciativa do produtor executivo Jeph Loeb, Mount
desenvolveu uma linguagem de sinais semelhante à
utilizada por pessoas surdas.
O ator explica que tomou emprestados alguns
elementos da ASL (o equivalente à Libras, no Brasil),
mas não pode usar todo seu léxico, já que Raio Negro não
viveu com os terráqueos. Nesse processo, Mount contou
com a ajuda de Serinda Swan, a Medusa, dentro e fora da
série. Na preparação para o papel, ela pediu que o ator
lhe enviasse vídeos com seu treinamento da linguagem
de sinais para que pudessem desenvolvê-la juntos.
AGREGADOS
O núcleo do poder de Attilan é formado por outros
parentes de Raio Negro. Cristalys é a irmã de Medusa e a
mais jovem entre a nobreza. Isabelle Cornish diz que sua
personagem está em um processo de amadurecimento
tanto de personalidade quanto dos poderes de controlar
os elementos (fogo, terra, ar e água).
Primos de Raio Negro, os irmãos Gorgon e Karnak
são dois lados de uma mesma moeda. O primeiro é
o chefe militar de Attilan e tem um temperamento
esquentado e expansivo. Essa brutalidade se manifesta
A jovem atriz
no seu poder: no lugar dos pés, possui poderosos cascos
Isabelle Cornish
que emitem ondas sísmicas quando batidos no chão. nos bastidores
Karnak, por outro lado, faz o tipo equilibrado e exerce de filmagem
a função de conselheiro real. Além de dominar várias
técnicas de combate corpo a corpo, pode detectar
qualquer fraqueza, seja em pessoas, objetos e até ideias.
Triton é outro primo próximo a Raio Negro, com
aparência e habilidades de um anfíbio. Na SDCC,
Mike Moh contou que levava de três a cinco horas por

Gorgon (Eme Ikwuakor)
Primo de Raio Negro e chefe militar
de Attilan. Seus pés têm o formato de
cascos, que emitem violentas ondas
sísmicas quando batidos no solo.
Karnak (Ken Leung)
Primo de Raio Negro e irmão de Gorgon.
Especialista em combate corpo a corpo,
tem a habilidade de detectar a menor
fraqueza nas coisas e pessoas.
Triton (Mike Moh) Dentinho
Primo de Raio Negro, tem Produzido em CG, o cão gigante
a aparência e as habilidades é considerado um membro da
de um anfíbio. família e tem o poder de teleportar
a si e a outras pessoas.

REVISTA MUNDO | 45
EMSÉRIE
OS PRIMEIROS PÔSTERES E
TRAILERS DA SÉRIE NÃO FORAM
BEM RECEBIDOS PELO PÚBLICO
dia para ser maquiado: “Foi uma experiência insana.
Felizmente, meu treinamento em artes marciais me
ajudou a manter o foco”. Moh é faixa preta em tae-
nzrq0gr#h#lqwhusuhwrx#r#oxwdgru#U|x#hp#wuÌv#Ľophv#
inspirados na franquia de games Lmk^^m?b`am^k. Fecha
a família o cão gigante Dentinho, que tem poderes
de teleporte e que para a série foi produzido com
frpsxwdÉÅr#juÃĽfd1
A única humana do elenco principal é Louise,
personagem criada especialmente para o seriado.
Cientista espacial, ela é o elo entre os personagens e a
audiência. “Louise funciona como os olhos e ouvidos do
sÜeolfrĤ/#ghĽqh#Hoohq#Zrjorp1#ģDv#shvvrdv#dsuhqghuÅr#
sobre esse mundo junto com a personagem”.
RESULTADO IMPREVISÍVEL
Se a aposta da Marvel dará certo ainda é uma grande
incógnita. A resistência dos fãs e críticos a BgnfZghl
começou logo na divulgação do primeiro pôster, em maio.
46 | REVISTA MUNDO
HERÓIS CLÁSSICOS
Os Inumanos é uma das superequipes mais Eles passaram a pesquisar sobre a névoa
antigas da Marvel. Criados em 1965 por terrígena e descobriram que o elemento
Stan Lee e Jack Kirby, eles estrearam como lhes concedia habilidades devido a seus
grupo na revista Fantastic Four 45 – Medusa genes alterados, mas também podia causar
e Gorgon já haviam aparecido sozinhos em deformidades. A cerimônia de terrigênese
edições anteriores da revista. tornou-se obrigatória para todos os jovens
Sua origem remonta há milhões de Inumanos e deu origem a um rígido sistema
anos, quando os alienígenas krees, então em de castas, em que cada habitante é alocado de
guerra com os skrulls, iniciaram experiências acordo com as habilidades adquiridas no ritual.
para aprimorar os genes do Homo sapiens. Attilan permaneceu oculta por milhões
Depois que os visitantes deixaram a Terra, de anos, até ser descoberta pelos humanos
esses humanos primitivos deram origem a no século 20 e transferida para o Himalaia.
uma avançada civilização tecnológica, os Em virtude da poluição atmosférica da Terra,
Inumanos, e viveram escondidos na cidade Raio Negro mudou seu povo novamente,
de Attilan, instalada no Atlântico Norte. desta vez para o lado escuro da Lua.
Os uniformes e a peruca de Serinda Swan como
O elenco da série Medusa foram os principais alvos de críticas e piadas.
posa na San Diego O trailer divulgado no mês seguinte não ajudou.
Comic-Con
Sem ação ou efeitos especiais, o vídeo só é salvo pela
com miniaturas
do Dentinho aparição de Dentinho em alguns poucos segundos.
A Marvel tentou se redimir com novos pôsteres –
inclusive um desenhado pelo artista Jae Lee para a
San Diego Comic-Con – e outro trailer exibido no
evento, com mais ação e efeitos caprichados. Durante
o painel na convenção, foram mostrados trechos
inéditos da série, mas é difícil mensurar o estrago
causado pela má impressão inicial.
KÃ#wdpeËp#xpd#ghvfrqĽdqÉd#grv#iÅv#hp#uhodÉÅr#dr#
showrunner Scott Buck. Veterano produtor de sucessos
como =^qm^k e :L^m^IZefhl, em 2017 ele esteve à frente
de Ingah]^?^kkh, a série mais fraca da parceria Marvel/
Qhwľl{#dwË#djrud/#frp#dshqdv#4:(#gh#fuÏwlfdv#srvlwlydv#
no agregador Khmm^gMhfZmh^l. No mesmo site, BgnfZghl
uhfhehx#qrwd#vxshulru#d#6/8#gh#dshqdv#8;(#grv#xvxÃulrv#Ğ#
a título de comparação, Hl=^_^glhk^lwlqkd#<;(#gh#qrwdv#
acima dessa média um mês antes da estreia. No Brasil,
a série será exibida pelo canal Sony, ainda sem data de
hvwuhld1#D#yhuvÅr#flqhpdwrjuÃĽfd#hvwÃ#frqĽupdgd#sdud#
31 de agosto, em versões dublada e legendada.
100ANOSDEKIRBY

Anos de Jack Kirby

A OITAVA PARTE DE NOSSA HOMENAGEM AO REI DOS QUADRINHOS
MOSTRA OS PROBLEMAS ENFRENTADOS POR KIRBY ANTES DE ABANDONAR
A MARVEL E O UNIVERSO DE SUPER-HERÓIS QUE AJUDOU A CRIAR POR MAURÍCIO MUNIZ

N
a primeira metade dos anos 1960, Kirby vivia um
prphqwr#gh#fuldwlylgdgh#Ïpsdu/#frpr#xpd#gdv#Ľjxudv#
mais importantes na construção do bem-sucedido
universo de super-heróis da Marvel. O trabalho do artista ao
odgr#gh#Vwdq#Ohh#h#rxwurv#surĽvvlrqdlv#pxgrx#d#klvwÕuld#grv#
quadrinhos e o mercado do entretenimento, com personagens
e conceitos que se mantiveram populares até hoje. Contudo, a
idqwdvld#sduhfld#frqĽqdgd#dshqdv#drv#jlelv/#srlv#dv#frqglÉ×hv#
de trabalho nos bastidores estavam longe de ser as melhores
para o bom e velho Kirby. Os problemas eram vários...
Registro de Lee e Kirby em 1966, o auge da parceria
CAPÍTULOS DA HOMENAGEM
MUNDO 85 A importância de Kirby nas HQs MUNDO 86 Kirby e o Capitão América MUNDO 87 Primeira passagem pela DC
MUNDO 88 HQs românticas e a editora Mainline MUNDO 89 Faroeste e monstros da Atlas MUNDO 90 A criação do Quarteto Fantástico
MUNDO 91 O alicerce do Universo Marvel

48 | REVISTA MUNDO
 O retorno do Capitão
América deixou
os fãs felizes mas
frustrou Kirby, que
almejava receber
royalties por ele

Um dos primeiros enroscos ocorreu

assim que o Capitão América, o herói
criado por Kirby e Joe Simon em 1940, foi
integrado ao Universo Marvel na revista
:o^g`^kl 4, em março de 1964. Na HQ de
Kirby e Lee, Steve Rogers era encontrado
frqjhodgr#dqrv#dsÕv#r#Ľqdo#gd#5a Guerra
Mundial. A aceitação ao retorno do herói
foi grande e logo ele se tornou um dos
personagens mais importantes e queridos
da editora, tanto quanto no passado,
quando a editora se chamava Timely. Ao
mesmo tempo em que foi um integrante
de destaque dos Vingadores, o Capitão
também passou a estrelar aventuras-solo
a partir da edição 59 de MZe^lh_Lnli^gl^,
revista lançada em novembro do mesmo
ano, também produzida por Kirby e Lee.
O desenhista, então, lembrou de seu
acordo original com Martin Goodman,
dono da Marvel, segundo o qual as
aparições do Capitão América renderiam a
vhxv#fuldgruhv#ur|dowlhv#gh#58(#sru#fhqwr#
Em 1965, Lee e Kirby deram nova vida ao soldado Nick Fury, que se tornou um moderno agente secreto na linha do 007
sobre as vendas. Na verdade, disputas
sobre os pagamentos desses royalties mas nunca pagou Kirby, que continuou a tinha aumentado, mas Kirby acreditava
foram o que levaram Simon e Kirby a receber apenas por cada página desenhada que ele e os outros artistas deveriam
abandonar a Timely pela DC em 1941. Mas, em MZe^lh_Lnli^gl^. ganhar algo quando os personagens da
agora que estava de volta à editora e era Quando Kirby voltou à Marvel em editora apareciam em lancheiras, desenhos
parte importante da equipe criativa, Kirby 1956, os quadrinhos não iam muito bem animados ou se transformavam em
achava justo voltar a receber algo pelas e, por isso, o quadrinhista teve de aceitar, brinquedos e pôsteres.
várias aparições do Capitão América. Ao sem reclamações, um valor abaixo do Na época, as editoras costumavam
falar sobre o assunto com Goodman, o mercado. Agora que o Universo Marvel se tornar donas de todos os personagens
editor em princípio pareceu concordar, era um sucesso, o preço pago por página que publicavam e não pagavam royalties
a seus criadores. Mesmo assim, Kirby

KIRBY DEFENDIA QUE OS ARTISTAS DEVERIAM RECEBER desejava mais consideração, devido à sua
importância no surgimento dos populares
PELO USO DOS HERÓIS EM OUTROS PRODUTOS E MÍDIAS Quarteto Fantástico, Homem de Ferro,

REVISTA MUNDO | 49
100ANOSDEKIRBY
100
100ANOSDEKIRBY
A RELAÇÃO DE KIRBY COM LEE TORNOU-SE COMPLICADA
POIS O ROTEIRISTA SEMPRE LEVAVA TODOS OS CRÉDITOS
Thor, Hulk e os Vingadores. À beira dos
50 anos e com uma visão que começava
a falhar, a preocupação do artista era
garantir sua aposentadoria e o sustento
continuado de sua família.
Em meio a isso, ele começou a ficar
ressentido por Stan Lee quase sempre
ser creditado como o único roteirista das
histórias quando, na verdade, muitas vezes
ele só escrevia os balões e recordatórios
em tramas criadas quase todas pelos
desenhistas. Mesmo assim, a parceria
Kirby/Lee ainda dava muito certo. Nessa
época, por exemplo, eles reinventaram o
soldado Nick Fury como um agente secreto,
após o sucesso do espião James Bond nas
telas. Agora um operativo da Shield, Fury
usava um tapa-olho e se envolvia em
perigosas missões com armas especiais
e dispositivos de alta tecnologia. Kirby
se identificava menos com essa versão
de Fury que a original, um soldado que
enfrentava nazistas, mas deu tudo de si nas
novas aventuras do personagem iniciadas
em Strange Tales 135, de agosto de 1965.
A imprensa começou a noticiar o sucesso da Marvel,
geralmente com depoimentos de Stan Lee. Sempre cheio
de trabalho, Kirby não aparecia muito na mídia
50 | REVISTA MUNDO
ARAUTO DA DISCÓRDIA
Outra grande obra da dupla surgiu em
1967, em Fantastic Four 48, quando entrou
em cena Galactus, o devorador de mundos,
um ser com poderes divinos que consumia
planetas para sobreviver. Em três edições,
a trama contou os esforços do Quarteto
para salvar a Terra e se tornou a aventura
mais famosa e elogiada dos heróis. Porém,
a história também apresentava um
personagem que se tornaria um ponto de
discórdia em pouco tempo entre a dupla
de criadores: o Surfista Prateado, um
arauto de Galactus, responsável por achar
planetas para seu mestre devorar, mas que
acaba por ajudar o Quarteto Fantástico a
deter seu mestre e, por isso, é condenado
por ele ao exílio na Terra.
O Surfista foi criado unicamente por
Kirby e Lee admitiu que a presença do
personagem o surpreendeu quando viu
as páginas desenhadas, uma vez que a
sinopse discutida entre eles não incluía
nenhum tipo de batedor para Galactus.
Mas Lee se apaixonou pelo personagem e
logo comentaria que ele era seu favorito na
Marvel. Tanto que, em 1968, resolveu criar
uma série própria para o Surfista Prateado,
desenhada por John Buscema e lançada
em agosto daquele ano.
Segundo relatos de Neal Kirby, filho
de Jack, o pai criara o Surfista Prateado
em casa, muito antes de Fantastic Four 48,
para que o garoto e suas irmãs pudessem
se divertir colorindo-o. E, de repente,
aquele personagem se tornou o astro de
uma nova revista sobre a qual Kirby não
fora consultado e muito menos convidado
a desenhar. Pior ainda: Stan Lee bolou
uma origem para o Surfista (ele seria o
alienígena Norrin Radd, que se sacrifica
a Galactus para salvar seu planeta) que
contrariava os conceitos que o próprio
Kirby criara para o personagem. Kirby
concebera o Surfista como um ser de pura
energia que não existia até Galactus criá-
lo. Era por isso que o arauto não tinha
qualquer conhecimento sobre comida,
sentimentos ou a vida em geral nas
suas primeiras histórias. O quadrinhista
planejava contar a origem do personagem
numa aventura futura do Quarteto, mas
não teve chance, pois a versão de Lee foi
lançada antes e se tornou a oficial.
Mas o título do Surfista escrito por
Stan Lee não fez o sucesso esperado. As

O arco de HQs com a chegada de
Galactus e do Surfista Prateado
é sempre lembrado como o auge
da parceria entre Kirby e Lee
PERDEU ALGUM CAPÍTULO DA HOMENAGEM A KIRBY? COMPRE DIRETO COM A EDITORA EUROPA. O FRETE DO EXEMPLAR É GRÁTIS
A última HQ da revista do Surfista, desenhada por Kirby, mostra o herói furioso, tal como se sentia seu criador
histórias que mostravam o personagem
como um ser torturado e preso à Terra,
obrigado a interagir com os egoístas e
traiçoeiros humanos, ganhou fãs entre
alunos de faculdade, hippies e seguidores
da contracultura. Mas logo as vendas
declinaram, talvez devido aos roteiros
um tanto melodramáticos. A edição 18
de Silver Surfer, lançada em setembro de
4<:3/#Ľqdophqwh#irl#ghvhqkdgd#h#frhvfulwd#
sru#Mdfn#Nlue|#h#wud}ld#xp#Ľqdo#qr#txdo#r#
VxuĽvwd/#uhyrowdgr#frp#d#kxpdqlgdgh/#
decide tornar-se seu inimigo. Apesar
gh#dqxqfldu#txh/#d#vhjxlu/#r#VxuĽvwd#vh#
tornaria “sensacional e selvagem”, a
revista foi cancelada naquela edição.
MUDANÇA DE ARES
R#txh#Ľqdophqwh#ohyrx#Nlue|#d#
abandonar a Marvel foi a venda da
editora, em 1968, para o conglomerado
Perfect Film and Chemical Corporation,
que vinha comprando outras empresas
gr#udpr#hglwruldo1#D#Shuihfw#Ilop#Ľfrx#
interessada na Marvel e em seu catálogo de
personagens após ler, em revistas e jornais,
sobre o crescimento da editora e o gênio
criador por trás de seu sucesso: o editor e
roteirista Stan Lee. Para o público em geral,
Lee era o único responsável por tudo.
Quando soube da venda, Kirby contatou
seus novos chefes para se apresentar como
o cocriador de boa parte do universo Marvel
e pleitear melhores condições de trabalho.
Para sua surpresa, os novos proprietários
não tinham ideia de quem ele era e ainda
minimizaram sua importância, tratando-o
como um mero desenhista que acatava
rughqv#gh#Ohh1#Nlue|#Ľfrx#ixulrvr/#pdv#qÅr#
pode fazer nada imediatamente pois ainda
dependia do dinheiro que recebia da Marvel
para sustentar sua família.
A situação tornou-se insuportável
em 1970, quando a Perfect Film mandou
um contrato para Kirby assinar. Em uma
de suas cláusulas, o artista deveria se
comprometer a nunca reclamar a autoria
dos personagens que criara para a Marvel.
O quadrinhista solicitou mudanças no
contrato, que foram negadas. Aí veio a
ameaça: se ele não assinasse da maneira
que estava, poderia ser cortado da editora.
O que ninguém sabia era que,
recentemente, Lee encontrara-se com o
amigo Carmine Infantino, diretor de arte
da DC, e mostrara a ele os conceitos que
vinha criando para uma nova série sobre
r#frqľlwr#hqwuh#khuÕlv#txdvh#glylqrv1#
Lqidqwlqr#Ľfrx#hpsrojdgr#frp#r#pdwhuldo#
e Kirby ofereceu publicá-lo pela DC.
Para a editora do Superman seria uma
ótima jogada contratar Kirby, pois muitos
surĽvvlrqdlv#gd#Ãuhd#r#frqvlghudydp#r#
verdadeiro motivo do sucesso da Marvel.
Logo após entregar a arte de Fantastic Four
102, a última edição que desenhou para
o título, Kirby ligou para Lee e avisou que
estava indo para a DC. Como era apenas
um freelancer há anos, não havia contrato
legal que o prendesse à Marvel.
A notícia caiu como uma bomba
na empresa. Por mais que muita gente
negasse, Kirby era a espinha dorsal do
Universo Marvel, o criador da maioria
das tramas que desenhava e dono de um
estilo que se tornou o padrão da casa. John
Buscema contou mais tarde que, assim
que chegou à redação pouco depois do
telefonema de Kirby, a impressão era de
que pareciam prestes a fechar as portas
da editora, tal o pânico que se instaurou.
Alheio a tudo isso, o agora ex-parceiro de
Stan Lee seguiu para a DC, animado com
a possibilidade de escrever, desenhar e
editar seus próprios títulos.
Na próxima Mundo:
'EP>V
J=L–=

MQ
PAÌMJS?EML’PEMQ
*MÌMQ
ASQAQ
0ASSUNTOÉ...
ORIGENS MITOLÓGICAS
Ragnarok é a narração do fim do mundo na mitologia nórdica.
Segundo consta, os deuses enfrentarão seu destino numa
grande batalha que terminará na destruição do universo, na
morte dos principais deuses e de toda a humanidade. A nova
geração que surgirá será formada pelos filhos de Odin, Thor
e Sol, com a tarefa de recomeçar a criação.

ADAPTAÇÕES
Tema recorrente nos quadrinhos do Thor, o Ragnarok já foi
abordado em várias oportunidades. Na série <hgmhl]^:l`Zk]
(publicada em 1965 e 1966 nas revistas Chnkg^rbgmhFrlm^kr
117-125 e Mahk 126-128), é revelado que Odin possui uma
espada gigante que, se desembainhada, dará início ao fim dos
deuses. Já em Mahk 153-157 (1968), o monstro Mangog se liberta
da prisão imposta por Odin e tenta se vingar dos asgardianos
desembainhando a tal espada. No arco de HQs :LZ`Z]^Lnkmnk
(Mahk 349-359, de 1984 a 1985), a espada é desembainhada pelo
demônio flamejante Surtur. Por fim, em Mahk 80-85 (2004),
Loki promove um ataque a Asgard com a ajuda de Surtur e
Thor: a batalha leva à morte dos deuses.

Ragnarok
DEFINIDO COMO O CREPÚSCULO DOS DEUSES, RAGNAROK É O TÍTULO
PERFEITO PARA FECHAR A TRILOGIA DE THOR NO CINEMA POR EDUARDO MARCHIORI
 COMEMORAÇÃO
O terceiro filme do Thor coincide
com o 55o aniversário de sua criação,
em 1962, bem como do Incrível
Hulk, que tem participação no
longa-metragem. Para completar,
em 2017 também é celebrado o
100o aniversário de Jack Kirby, o
cocriador dos dois personagens.
SALADA MITOLÓGICA
O longa produzido pela Marvel Studios que
estreia em 26 de outubro no Brasil (uma
semana antes que nos Estados Unidos), se
baseia em várias sagas cósmicas da Marvel.
Além do conceito básico de Ragnarok, no
qual Thor descobre que Asgard está
condenada e tenta evitar que o fim aconteça,
foram incorporados elementos das sagas
Mhkg^bh]^<Zfi^Î^l (1982), quando o Grande
Mestre e a Morte promovem uma batalha
espacial, e IeZg^mZAned (2006), na qual o
Gigante Esmeralda se torna um gladiador
em um mundo alienígena.

CLONE DO MAL
Ragnarok também é o nome de um personagem, clone do Poderoso Thor, criado por
Tony Stark, Reed Richards e Hank Pym, durante a saga Guerra Civil (2007). Para fortalecer
seu lado na batalha contra o time do Capitão América, os três cientistas desenvolveram
o clone a partir de uma mecha de cabelo do verdadeiro Deus do Trovão e o aprimoraram
com implantes cibernéticos. Sem o lado humano para lhe conceder moral, o clone matou
impiedosamente o herói Golias Negro e atualmente é aliado dos Vingadores Sombrios.
LITERATURA
O sucesso dos filmes da Marvel despertou o interesse pela
mitologia nórdica e as editoras brasileiras souberam aproveitar
esse filão. O livro Hl?beahl]^H]bg, de Padraic Colum (Única
Editora, 2015), traz uma série de contos narrados em estilo
clássico, como se as histórias fossem contadas aos pés de
uma fogueira pelos antigos vikings. Já em Fbmheh`bZGÌk]b\Z
(Intrínseca, 2017), o autor, Neil Gaiman, conta sua versão
desses mitos, de forma muito mais completa e detalhada,
indo da criação do Universo até o Ragnarok, o fim de tudo.
54 | REVISTA MUNDO
Dona de si, exímia lutadora
e de personalidade forte,
JORNADADOHERÓI
Canário Negro fez por
Ganhando
merecer seu lugar no
coração dos fãs
no grito
EM SUA TRAJETÓRIA DE 70 ANOS, A CANÁRIO NEGRO
FIRMOU-SE COMO UMA DAS MULHERES MAIS FORTES DO
UNIVERSO DC E ESTÁ ENTRE AS FAVORITAS DOS FÃS
POR LEONARDO VICENTE DI SESSA
A
o contrário do que muitos
pensam, super-heroínas
não eram raras na década
de 1940. O que era difícil de se
ver eram personagens femininas
com revistas próprias. Houve
tentativas, mas apenas a
Mulher-Maravilha e Sheena,
a Rainha das Selvas, foram
grandes sucessos. Talvez por
isso, a Canário Negro tenha
começado discretamente, como
coadjuvante, há exatos 70 anos.
Criação do roteirista Robert Kanigher
e do artista Carmine Infantino, ela
estreou no gibi ?eZla<hfb\l 86 (agosto
de 1947) em uma HQ do herói Johnny
Thunder, membro da Sociedade da Justiça
e personagem recorrente do título. Em
sua primeira aparição, a Canário era
uma ladra que roubava de criminosos e
seduziu Johnny para que ele a ajudasse.
Vale lembrar que o herói era aliado de
Relâmpago, um poderoso ser capaz de
realizar qualquer pedido do herói.
D#FdqÃulr#vh#wruqrx#frdgmxydqwh#Ľ{d#
das aventuras de Johnny e aos poucos foi
revelado que ela não era uma criminosa
h#vÕ#djld#frpr#xpd#sdud#vh#lqĽowudu#qdv#
gangues e deter verdadeiros bandidos.
Nem por isso deixou de manipular Johnny
sdud#txh#hoh#vdwlvĽ}hvvh#vxdv#yrqwdghv1#Irl#
nesse período que a personagem estreou
no Brasil como Canarinho em uma HQ de
Thunder no gibi Superman 1 (Ebal, 1947).
Nessa época, ela já contava com o
visual que a consagrou, com jaqueta de
couro e meia arrastão. Infantino criou a
aparência da personagem de acordo com
uma ordem simples de Kanigher, que
perguntou como ele fantasiava uma garota
bonita. Assim, o artista optou por uma
personagem forte e muito sexy.
Detalhes sobre a origem da Canário só
começaram a ser mostrados em ?eZla<hfb\l
92 (1948), quando ela protagonizou sua
primeira aventura-solo e tomou o espaço
de Johnny no título. A trama revela que ela
Ë#Glqdk#Gudnh/#grqd#gh#xpd#ľrulfxowxud#
e que na identidade heroica conta com
uma peruca loira para esconder seus
verdadeiros cabelos, que são pretos. A HQ
também apresenta o interesse romântico da
vigilante, o detetive particular Larry Lance.
DOIS MUNDOS
A Canário conhece a Sociedade da
Justiça em :ee&LmZk<hfb\l 38 (1948) graças
a Johnny Thunder e não demorou para
que ela se tornasse a nova integrante da
equipe. Essa situação durou pouco, já que
d#vËulh#irl#fdqfhodgd#frp#r#Ľp#gd#Hud#gh#
Ouro e os membros da Sociedade deixaram
de aparecer nos gibis em 1951.
Ela e os outros membros da equipe só
voltaram a dar as caras em Cnlmb\^E^Z`n^
h_:f^kb\Z 21 (1963) e em uma situação
bem complicada. Com o ressurgimento
gdv#KTv#gh#vxshu0khuÕlv#qr#Ľqdo#grv#
anos 1950, a DC estipulou que os antigos
personagens envelheceram e habitavam a
Terra-2 – uma versão de nosso planeta de
uma dimensão paralela – enquanto novos
heróis, como a Liga da Justiça, estavam na
REVISTA MUNDO | 55
JORNADADOHERÓI
A CANÁRIO ESTREOU COMO VILÃ, MAS LOGO OS AUTORES
EXPLICARAM QUE ELA SEMPRE FOI UMA HEROÍNA
Quadro com a primeira aparição de Canário,
que estrelou uma história de Johnny Thunder
Terra-1 – a principal. A edição apresentou
o primeiro encontro entre as duas equipes,
os quais se tornaram anuais e permitiram
que membros da Sociedade, como Dinah,
passassem a aparecer em diversas revistas.
As novas histórias revelam que ela
se casou com Larry, mas passou por uma
grande tragédia quando o marido se
vdfulĽfrx#+Cnlmb\^E^Z`n^h_:f^kb\Z 74,
1969) para salvá-la da entidade cósmica
Aquarius. Em luto, Dinah deixa a Terra-2
e migra para a Terra-1, onde se une à Liga.
Nos bastidores, a mudança foi motivada
pelo sucesso dos encontros entre as
equipes, o que levou a DC a selecionar
um membro da Sociedade para entrar na
Oljd/#pdlv#hvshflĽfdphqwh#dojxËp#vhp#
contraparte na outra Terra. A Canário era
a escolha mais óbvia.
A trama da edição seguinte
pdufrx#pxgdqÉdv#vljqlĽfdwlydv#sdud#d#
personagem, pois foi quando o roteirista
Denny O’Neil a aproximou do colega de
equipe Arqueiro Verde, resultando em um
romance que dura até hoje. Na história, a
heroína também descobre que foi afetada
pelas energias de Aquarius e desenvolveu o
poder de emitir gritos devastadores.
A estratégia de inserir a personagem
na Liga deu certo e a popularidade
da Canário aumentou. Ela se tornou
coadjuvante de histórias do Arqueiro e,
56 | REVISTA MUNDO
Quando a Canário manifestou seu poder pela primeira
vez, surpreendeu todos os membros da Liga da Justiça
tempos depois, protagonizou aventuras-
solo no título Phke]ƅl?bg^lm<hfb\l, de 1977
a 1979. Mas algo intrigava alguns leitores,
que chegaram a mandar cartas para a DC:
como Dinah, sempre retratada em poses
provocantes, continuava jovem se veio
de uma Terra em que os outros heróis
envelheceram?
A explicação foi mais confusa do que
a pergunta. Em mais um encontro entre
Liga e Sociedade (Cnlmb\^E^Z`n^h_:f^kb\Z
219 e 220, 1983), os roteiristas Roy Thomas
e Gerry Conway (que agradecem a Marv
Wolfman pela ideia) revelaram que Dinah
h#Oduu|#wlyhudp#xpd#Ľokd/#Glqdk#Odxuho#
Lance. Contudo, a bebê foi amaldiçoada pelo
vilão Mago e predestinada a destruir tudo a
seu redor com a própria voz. Isso motivou
o Relâmpago – aquela entidade dos anos
1940 comandado por Johnny Thunder – , a
A entrada da Canário para a Liga foi marcada por muitas surpresas,
levar a menina para uma dimensão onde ela
como a descoberta de que ela e a mãe trocaram de lugar
cresceu em animação suspensa, mas isso fez
com que ela fosse apagada da memória de
todos, inclusive da mãe.
Foi só quando decidiu se mudar para
a Terra-1 que a Canário soube da verdade.
Para piorar, ela também descobriu
que estava morrendo devido ao antigo
encontro com Aquarius. Isso acarretou
novamente a intervenção de Relâmpago,
txh#wurfrx#pÅh#h#Ľokd#gh#oxjdu=#d#FdqÃulr#
Ľfrx#hp#dqlpdÉÅr#vxvshqvd#hqtxdqwr#
Laurel ocupou o lugar dela e ganhou suas
memórias. Acreditando ser Dinah Drake,
a jovem Laurel Lance concluiu que seu
srghu#vxujlx#sru#lqľxÌqfld#gh#Dtxdulxv1
É confuso mesmo, mas a partir de agora
wxgr#Ľfd#pdlv#vlpsohv1
 MENOS CONFUSÃO
Com a saga <kbl^gZlBgƮgbmZlM^kkZl
(1985-1986), todas as Terras foram
fundidas em uma e a cronologia do
Universo DC foi reiniciada, o que afetou
a trajetória das Canários. Neste universo
reestruturado realmente houve duas
heroínas com essa identidade, mas tratou-
vh#gh#xp#ohjdgr#sdvvdgr#gh#pÅh#sdud#Ľokd1
Na nova cronologia, Dinah Drake foi
treinada pelo pai, o policial de Gotham City
Richard Drake, e uniu-se à Sociedade da
Justiça na década de 1940 como Canário
Negro. Já adulta, casou-se com Larry
Lance e tiveram a pequena Dinah Lance,
que desenvolveu seu poderoso grito
naturalmente. Seguindo os passos da mãe,
a jovem se tornou a segunda Canário e
ajudou a fundar a Liga, enquanto a heroína
original faleceu idosa em casa.
Em 1984, o roteirista Greg Weisman
e o artista Mike Sekowsky começaram a
produzir uma minissérie da personagem,
mas a HQ foi descartada para que a heroína
aparecesse como coadjuvante em Green
:kkhp3Ma^Ehg`[hpAngm^kl (1987). De
autoria do quadrinhista Mike Grell, essa
minissérie do Arqueiro Verde se afastou
Dois momentos que marcaram a vida da heroína: quando
foi torturada e sua união com as amigas em Aves de Rapina
do universo de super-heróis e deu um
tom urbano, violento e realista para Oliver
Queen e Dinah Lance.
Na trama, ela é capturada ao investigar
um criminoso comum e torturada por ele,
o que resulta em uma grave lesão em suas
frugdv#yrfdlv#h#r#Ľp#gh#vhx#srghu1#Qd#
série mensal do Arqueiro lançada logo na
sequência, Dinah passa o tempo todo em
vxd#ľrulfxowxud/#didvwdgd#gr#frpedwh#dr#
crime e traumatizada.
Outro elemento do mundo real
derugdgr#sru#Juhoo#Ë#d#lqĽgholgdgh#gr#
Arqueiro. Assim, quando Laurel descobre
a traição do amado (@k^^g:kkhp 80, 1993),
afasta-se dele decidida. Tanto que foi
preciso a morte e a ressurreição do herói
para eles retomarem o romance, algo que
só rolou em histórias publicadas em 2000.
Porém, antes disso, Canário passaria por
uma importante mudança ao fortalecer sua
própria identidade.
AVE DE RAPINA
Reduzida ao papel de coadjuvante
nos anos seguintes, a heroína só voltou a
brilhar em 1996, quando o roteirista Chuck
Dixon e o artista Gary Frank apresentaram
a memorável parceria da Canário com
a hacker Oráculo, ex-Batgirl e então presa
a uma cadeira de rodas. Isso rolou no
especial ;eZ\d<ZgZkr(HkZ\e^3;bk]lh_Ik^r
h#ghĽqlx#xpd#sdufhuld#pdqwlgd#dwË#krmh1#
Autointituladas Aves de Rapina, elas
passaram muito tempo apenas como uma
dupla, com Oráculo coordenando as ações
a partir da base e a Canário executando as
tarefas em campo. Logo uniram-se à brutal
vigilante Caçadora e formaram um trio que
marcou a popularidade das Aves durante
muito tempo. Aos poucos, elas se uniram a
outras heroínas resultando em uma equipe
só de mulheres. Foi um período longo,
em que Dinah e Bárbara (a Oráculo) se
tornaram grandes amigas e a Canário foi
uhghĽqlgd#frpr#xpd#gdv#phokruhv#duwlvwdv#
marciais do Universo DC. Além disso, foi
quando ela recuperou seu grito devastador
ao se banhar no regenerativo Poço de
Lázaro do vilão imortal Ra’s Al Ghul.
Com a popularidade em alta, a Canário
passou a ser uma das personagens
femininas mais importantes da DC e fez
parte da reformulação da Sociedade no
Ľqdo#grv#dqrv#4<<31#Hp#phdgrv#gd#gËfdgd#
seguinte, participou da reestruturação da
Liga e chegou a atuar como líder da equipe
nas HQs de 2006 e 2009. Tudo isso, em
paralelo às missões das Aves de Rapina.
REVISTA MUNDO | 57
JORNADADOHERÓI
A atual versão da heroína nos quadrinhos resgata sua célebre participação nas Aves de Rapina e o romance com o Arqueiro Verde
Treinada em artes marciais desde a
infância, Canário uniu-se ao Team 7
JUNTOS NOVAMENTE
Enquanto a Canário ainda lutava para
conquistar seu lugar ao sol, o Arqueiro,
afastado da amada desde as HQs de 1993,
entrou em uma espiral descendente e foi
morto em uma trama de 1995. Ele só voltou
à vida em 2000, quando o cineasta Kevin
Smith foi escalado como roteirista da nova
série @k^^g:kkhp. Como a intenção de
Smith era utilizar os principais elementos
de todas as fases do personagem, a Canário
qÅr#srgld#Ľfdu#gh#irud1#R#fdvdo#uhdwd#srxfr#
após a ressurreição do Arqueiro, mas dessa
yh}#Glqdk#qÅr#Ľfrx#Â#vrpeud#gh#Rolyhu#
58 | REVISTA MUNDO
EM OS NOVOS 52, DINAH
FOI DE AGENTE SECRETA
A CANTORA, MAS NADA
AGRADOU AOS FÃS
e continuou suas aventuras em diversas
equipes e comprovou sua independência.
Mesmo assim, o relacionamento dos
dois sempre foi conturbado e, entre brigas
h#uhfrqfloldÉ×hv/#Ľfdyd#fodur#sdud#ohlwruhv#
e editores que o casal precisava dar um
próximo passo: ou separava de vez ou
rĽfldol}dyd#d#xqlÅr1#Sru#lvvr/#hp#533:/#
Oliver pediu Dinah em casamento
e ela aceitou. O casamento se deu em uma
trama que envolveu mortes, impostores
e muita pancadaria na edição @k^^g:kkhp(
;eZ\d<ZgZkrP^]]bg`Li^\bZe e no primeiro
número da nova série mensal @k^^g:kkhp(
;eZ\d<ZgZkr.
OUTRA REFORMULAÇÃO
Em 2011, o Universo DC foi
reestruturado com a estratégia editorial
HlGhohl.+, que reiniciou a linha temporal
mais uma vez. Em sua nova versão,
a Canário é Dinah Drake, deixada em
um orfanato pela mãe, uma adolescente
vrowhlud1#Drv#gh}#dqrv/#Glqdk#irjh#h#Ľfd#
nas ruas de Gotham até ser encontrada
pelo artista marcial e militar Desmond
Lamar. Sob os cuidados dele, a jovem
é treinada em várias formas de combate,
o que a levou a ser recrutada já adulta para
a unidade de operações especiais Team 7.
Como agente secreta, Dinah se casa
com o companheiro de equipe Kurt Lance
e desenvolve os poderes de Canário Negro.
Após uma missão que dá muito errado
e resulta em mortes, ela se torna uma
fugitiva e funda as Aves de Rapina.
As séries mensais M^Zf0 e ;bk]lh_Ik^r
gxududp#srxfr/#h#frp#r#Ľp#gdv#Dyhv#gh#
Rapina devido a desavenças entre Canário
e Batgirl, Dinah entrou para uma banda
de rock só de mulheres e passou a viajar
pelos Estados Unidos. Foi uma tentativa
da DC de se conectar a jovens leitoras, mas
a pegada teen não agradou e a série ;eZ\d
<ZgZkr durou só 12 edições (2015-2016).
ORDEM NA CASA
Ao perceber que HlGhohl.+ afastou
demais os personagens de suas essências
e dos traços que os consagraram ante
o público, a DC lançou mão da fase
Renascimento, que resgatou elementos
 1

clássicos. Com o início dessa fase em

meados de 2016, a Canário recebeu muita
atenção e passou a estrelar três títulos Sara, Laurel (1) e Dinah (2)
como Canário em Arrow, a
mensais, cada um oferecendo aos leitores heroína em Smallville (3) e a
as características que mais os agradaram primeira versão live-action em
ao longo das décadas. Legends of Super-Heroes (4)
A clássica parceria da Canário com 2 3
Batgirl e Caçadora é mostrada em ;Zm`bke
Zg]ma^;bk]lh_Ik^r, enquanto o título
Cnlmb\^E^Z`n^h_:f^kb\Z foca a participação
de Dinah na Liga. Já o romance entre ela
e o Arqueiro Verde passou a ser mostrado
na nova série @k^^g:kkhp, o que chama a
atenção a um detalhe importante: devido
a HlGhohl.+ ter apagado todo o histórico
do casal e eles não terem se aproximado
desde o início daquela reformulação, esse
é o começo do relacionamento dos dois na
cronologia iniciada em 2011.

LIVE-ACTION
A primeira versão da Canário em carne
e osso foi mostrada no sofrível especial
para a TV E^`^g]lh_ma^Lni^ka^kh^l, de
1979, em que foi interpretada por Danulta
Wesley. Foi após um longo tempo que
a heroína ganhou mais uma chance, no
seriado ;bk]lh_Ik^r, em 2002. Mal recebida
por público e crítica, a série tentava
reproduzir o clima das HQs das Aves de
Rapina, mas a Canário sequer era membro
da equipe. Nas tramas, ela era Carolyn
Lance (Lori Loughlin) e era mãe de uma A Canário já apareceu em Liga da Justiça Sem Limites, Batman: Os Bravos e os Destemidos, Justiça Jovem e DC Showcase
jovem com poderes psíquicos, essa sim
integrante da equipe. A terceira encarnação
apareceu esporadicamente no seriado
Smallville, entre 2008 e 2011, interpretada
sru#Dodlqd#Kxļpdq1#Qd#vËulh/#d#khurÏqd#
estreou como uma vigilante bem violenta
e logo se uniu ao que seria uma versão da
Liga da Justiça reunida pelo Arqueiro.
Foi no atual seriado :kkhp que a
personagem teve sua encarnação mais
famosa. Ou melhor, encarnações, já que no
universo televisivo da DC, quatro mulheres
atuaram com essa identidade heróica. ANIMAÇÕES na Sociedade da Justiça. Ainda em
A primeira foi Sara Lance, acolhida e A heroína deu as caras pela primeira 2010, ela foi mostrada como membro
treinada pela Liga dos Assassinos após um vez em 2005, na série animada Eb`Z]Z da Liga na série CnlmbÀZCho^f e treinou
naufrágio e que, de volta a Star City, adotou CnlmbÀZL^fEbfbm^l, que contava com um os adolescentes da equipe-mirim.
d#lghqwlgdgh#vlpsolĽfdgd#gh#FdqÃulr1#Hod# elenco rotativo de personagens. Essa No mesmo ano, ela estrelou o longa
foi substituída pela irmã Laurel Lance, essa versão foi dublada pela brasileira Morena animado Eb`Z]ZCnlmbÀZ3<kbl^^f=nZl
sim, Canário Negro, morta em combate Baccarin, teve direito a romance com o M^kkZl, que mostra sua entrada na equipe.
tempos depois. A jovem Evelyn Sharp usou Arqueiro e se tornou presença recorrente O romance e parceria com o Arqueiro foi
a identidade em seguida para chamar a na série animada, com a mesma atitude mostrado no excelente curta animado DC
atenção do Arqueiro, mas isso dura apenas independente mostrada nas HQs. Lahp\Zl^3:kjn^bkhO^k]^ (2010), inspirado
um episódio. A atual é Dinah Drake e Em 2009 e 2010, a heroína foi mostrada naquela HQ da heroína de 1984 que
tem o poder de emitir um grito poderoso, em alguns episódios do desenho ;ZmfZg3 nunca foi produzida. A Canário também
ao contrário de suas antecessoras, que Hl;kZohl^=^lm^fb]hl, que retrataram a esteve ao lado do amado nos curtas do
usavam tecnologia para tal. participação de Dinah nas Aves de Rapina e herói na série =<GZmbhg, em 2014.

REVISTA MUNDO | 59
GRANDES
COMBATES

Homem de Ferro
x Mandarim
EMBORA VIVAM EM CANTOS DISTANTES DO PLANETA, TONY STARK
E SEU GRANDE RIVAL JÁ TIVERAM BATALHAS BASTANTE VIOLENTAS POR EDUARDO MARCHIORI
60 | REVISTA MUNDO
ESTREIA MARCANTE
MZe^lh_Lnli^gl^.)!*2/-"
A trama: A tirânica fama do Mandarim
chega até os Estados Unidos e, atendendo
ao pedido de seu governo, o Homem de
Ferro vai até a China para investigar o vilão,
sem saber que já estava sendo aguardado.
É imperdível porque... o Mandarim mostra
todo o poder de seus dez anéis, cada um
com uma habilidade diferente. Contudo,
prova que não depende totalmente deles
e entra numa briga mano a mano com o
Vingador Dourado. Não tão hábil nas artes
marciais, o Homem de Ferro recorre à
tecnologia de seus transistores para
bloquear um golpe de caratê e imobilizar
o vilão, que é deixado em seu castelo.
VITÓRIA DO HOMEM DE FERRO
PELA HONRA
BkhgFZg.,&..!+))+"
A trama: Temugin, o filho do
Mandarim, encontra os anéis perdidos
do pai após a suposta morte do tirano
e assume seu legado. O objetivo, óbvio,
é se vingar do herói blindado.
É imperdível porque... Temugin
decide enfrentar o Homem de Ferro
numa luta honrada, usando apenas
seu profundo treinamento em artes
marciais. Com as mãos limpas, esse
novo Mandarim consegue derrotar o
Homem de Ferro, que usava sua
armadura. Mas, antes de desferir o
derradeiro golpe contra o herói, o local
explode e a batalha fica sem solução.
ADAPTAÇÃO NA TV
:Obg`ZgÀZ]hFZg]Zkbf!^iblÌ]bh]ZlÂkb^
ZgbfZ]Z]hAhf^f]^?^kkh%*2//"
A trama: Numa adaptação da HQ publicada
no gibi MZe^lh_Lnli^gl^ 54 e 55 (1964), o
Mandarim sequestra mísseis de observação
do governo norte-americano para iniciar a
3a Guerra Mundial. O Homem de Ferro vai
investigar e é aprisionado pelo vilão.
É imperdível porque... o Mandarim usa
todos os seus recursos numa batalha
empolgante. Há desde raios de seus anéis,
passando por mísseis, ilusões com espelhos
e até golpes de caratê. A energia do herói
acaba e ele é capturado, mas consegue
enganar o tirano chinês e ganha tempo
para recarregar suas baterias e virar o jogo.
VITÓRIA DO HOMEM DE FERRO

EMPATE

DESTROÇADO
Bgobg\b[e^BkhgFZg.*/&.+)!+)*+"
A trama: Numa parceria com Ezekiel Stane
e Justine Hammer, empresários rivais de
Stark, o Mandarim desacredita o Homem de
Ferro perante a população e inicia uma série
de atentados contra os amigos do herói.
É imperdível porque... mesmo sem haver
um combate face a face, a trama coloca o
Mandarim como um valoroso inimigo, que
manipula fatos e destrói a vida particular
do Homem de Ferro. Esgotado física e
psicologicamente após enfrentar vários de
seus antigos inimigos a serviço do déspota PARECE, MAS NÃO É
Ahf^f]^?^kkh,!+)*,"
chinês, Stark chega a desistir de suas
empresas e até de sua vida heroica. A trama: O Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) tem que lidar com a
concorrência de Aldrich Killian (Guy Pearce), um industrial que está
VITÓRIA DO MANDARIM
utilizando uma antiga tecnologia desenvolvida por Stark. Ao mesmo tempo,
o mundo é ameaçado pelos atos terroristas do Mandarim (Ben Kingsley),
que ataca Stark em sua residência e o deixa totalmente fragilizado.
É imperdível porque... Stark é obrigado a agir sem sua armadura, que está
avariada. Com isso, prova que o homem é mais importante que a máquina.
A pegadinha de que o Mandarim era apenas um ator, e que tudo não passava
de uma farsa, irritou muitos fãs. Mas a revelação de que o verdadeiro
Mandarim era Killian proporcionou uma batalha explosiva que contou
com a ajuda de mais de 40 armaduras do Homem de Ferro.
VITÓRIA DO HOMEM DE FERRO

REVISTA MUNDO | 61
RECEBEMOS
O Q U E C H E G O U À R E DAÇÃO E PA S S O U P E LO N O S S O C R I VO
Casal espacial
A SÉRIE VALERIAN CHEGA AO BRASIL EM EDIÇÃO CAPRICHADA MAS COM CONTEÚDO DECEPCIONANTE
C
riado pela dupla Pierre Christin e
Jean-Claude Mézièries em 1967,
2=JAPE=L
CALRA
!QN=–M
0AKNMP=J
é um clássico dos quadrinhos
franceses. A série saiu originalmente
em capítulos na prestigiada revista
semanal ,EJMRA e conta as aventuras de
Valerian e Laureline, agentes da Terra
em um futuro distante que viajam pelo
tempo e pelo espaço para enfrentar
vilões e todo tipo de perigo. Assim que
se tornou conhecida, a HQ passou a ser
publicada pela editora Dargaud em álbuns
com histórias completas - no Brasil, esse
material chegou a sair nos anos 1980 no
suplemento +
#JM>ELDM, do jornal O Globo.
Passadas três décadas, Valerian
yrowd#dr#qrvvr#sdÏv#qd#udehlud#gr#Ľoph#
de Luc Besson (resenha abaixo). Trata-


**

se de coletânea que republica as quatro
aventuras iniciais da série. A primeira,
HlFZnlLhgahl, traz o encontro entre
Valerian e Laureline, quando o viajante
do tempo volta à Idade Média em
perseguição a Xombul, um vilão que
ameaça a cidade de Galaxity no futuro,
e é salvo de uma armadilha pela moça.
O clima é de farsa, pois Xombul obtém
os poderes de um mago que transforma
pessoas em monstros caricatos. A segunda
e a terceira histórias, :<b]Z]^]Zlš`nZl
Fho^]bÀZl e M^kkZl^f<aZfZl, mostram
outro plano do vilão Xombul que, dessa
vez, planeja usar a seu favor um grande
cataclismo ocorrido em 1986. Finalmente,
HBfiÂkbh]hlFbeIeZg^mZlcoloca a dupla de
heróis às voltas com estranhos sacerdotes
de uma seita religiosa.
A bela edição do Sesi-SP vem com
extras interessantes, como uma entrevista
Apesar da boa reputação,
a série francesa não
envelheceu muito bem
com os autores e com Luc Besson, além
de matéria sobre as similaridades entre
OZe^kbZg e LmZkPZkl. O problema está no
próprio material. As tramas e a arte da
série se mostram antiquadas e com ritmo
morno. Apesar da ação e personagens
até simpáticos, há excesso de texto nos
diálogos, o que deixa a leitura maçante.
Inovadora para a época em que foi
lançada, a série não envelheceu bem.
Vale para saudosistas e admiradores de
quadrinhos antigos, mas para outras
pessoas pode se mostrar cansativo e
sem surpresas. Ao que consta, as HQs
melhoraram com o tempo, mas as que
estão no álbum são, infelizmente, uma
decepção. (Maurício Muniz)
2=JAPE=L
%LRACP=J
2MJSKA

/AQEõ/,



N’CEL=Q

.Œ


Dane DeHann e a
atriz Cara Delevingne,
no filme de Benson
EFEITOS E DEFEITOS
Diretor de filmes como O Quinto Elemento e Lucy, o
cineasta Luc Besson sempre quis adaptar para as telas
algo dos quadrinhos franceses. Finalmente realizou seu
sonho com Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, que está
em exibição nos cinemas. Na trama, Valerian (Dane DeHann,
de Poder sem Limites) e Laureline (Cara Delevingne, de
Esquadrão Suicida) são enviados em missão a um planeta
onde coabitam mil culturas alienígenas diferentes. Lá,
a dupla se envolve numa conspiração que os leva a
viver aventuras por várias partes do planeta.
Apesar dos ótimos efeitos especiais, o filme sofre com um
casal central pouco carismático e uma trama que pouco
empolga. Há diversas sequências que parecem planejadas
apenas para preencher espaço – uma delas, com participação
da cantora Rihanna, é constrangedora por sua inutilidade no
contexto geral. O resultado é um espetáculo que até consegue
ser agradável aos olhos, mas é vazio e sem novidades. (MM)
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas **
Direção: Luc Besson // 137 minutos

64 | REVISTA MUNDO
AS NOTAS
DA MUNDO
***** IMPERDÍVEL
***** MUITO BOM
***** BOM
***** RAZOÁVEL
***** RUIM
REEDIÇÃO BEM SACADA
A série E^g]Zl]hNgbo^klh
DC resgata um momento
emblemático da editora neste
volume dedicado tanto ao vilão
Darkseid quanto ao artista John
Byrne. Trata-se da reedição de
E^g]Zl, primeira megassaga
da DC após o êxito de Crise
gZlBgƮgbmZlM^kkZl, que chega
às bancas em um momento
oportuno. Ao ver que o antigo
encadernado de E^g]Zl (que
entrou na série Grandes Clássicos
DC) havia virado objeto de
MELHOR DO ANO
Sem medo de errar, dá para dizer que o novo trabalho
de Daniel Clowes (Mundo Fantasma, Wilson) é, pelo
menos até agora, a melhor HQ estrangeira lançada
no Brasil em 2017. Aguardadíssima pelos fãs do
artista, Paciência, com suas 180 páginas, é a mais
longa história de Clowes e pode ser vista como um
corpo estranho em sua obra. Apesar dos personagens
com motivações bem trabalhadas e das tramas
bastante rebuscadas de praxe, a graphic novel se
vale de elementos de ficção científica e ostenta cores
chapadas que tornam a leitura mais prazerosa. Já
aviso: é difícil largar o livro depois de começá-lo.
O álbum conta a história de Jack Barlow, sujeito
obcecado em descobrir o assassino de sua esposa,
Paciência, justamente quando ela consegue engravidar
de seu primeiro filho. Os anos passam e Barlow só
obtém pistas mais contundentes quando descobre um
jeito de viajar no tempo e voltar ao passado. Só que na
busca, surgem fatos sobre sua amada que ele talvez
não desejasse saber. (Heitor Pitombo)
Paciência *****
Nemo // 180 páginas // R$ 64,90 Com tom de mistério, Paciência é a mais longa HQ de Daniel Clowes
com que a humanidade se volte dos diversos tie-ins da saga.
contra os seus heróis, E^g]Zl (Heitor Pitombo)
serviu de plataforma para que
a DC desse novos rumos ao (AL@=Q
@M
1LEÌAPQM

****
seu universo, comV a criação ,=LELE



N’CEL=Q

.Œ
 
especulação no mercado de
colecionismo, a Panini resolveu
facilitar o acesso à trama
desenhada por Byrne e escrita
por John Ostrander e Len Wein.
Mais do que contar uma
história em que Darkseid faz
Lendas, um momento importante do Universo DC, traz John Byrne no auge de sua arte

da nova Liga da Justiça (que
viraria um cult nas mãos de
Nhlwk#Jlļhq/#M1#P1#ghPdwwhlv#h#
Kevin Maguire) e de um certo
Esquadrão Suicida. A edição
da Panini ainda traz a história
publicada em Superman 3, um
POR LINHAS TORTAS
Escrito por Si Spencer, o
álbum Corpos conta com vários
ilustradores (Dean Ormston,
Phil Winslade, Meghan
Hetrick e Tula Lotay), cada um
responsável por uma época em
que se passa a história.
Na trama, a descoberta de
um corpo idêntico em quatro
períodos distintos da cidade de
Londres pode revelar um grande Em Corpos, o começo é difícil
mistério. Em 1890, quem o mas o final compensa
descobre é o metódico inspetor
Edmond Hillinghead, em 1940, Vale a pena insistir pois,
o polonês trambiqueiro Charles quando a história encontra
Whiteman, em 2014, a detetive seu ritmo, o rumo das
durona Shahara Hasan e no coisas surpreende e, o que
futuro apocalíptico de 2050, parecia clichê, se mostra
uma jovem meio maluca, uma boa reviravolta. Essas
conhecida como Maplewood. shfxoldulgdghv#wud}hp#xp#Ľqdo#
O formato dividido da trama triunfal para Corpos, depois
logo de cara atrapalha o ritmo de um caminho tortuoso.
narrativo e a empatia pelos (Vinícius Serpa)
personagens. Além disso,
a história parece um pouco MPNMQ

***
previsível. Mas só parece. ,=LELE



N’CEL=Q

.Œ
 

REVISTA MUNDO | 65
RECEBEMOS
CARA DE RESPONSA
Assumir a série do Gavião
Arqueiro após a fase escrita por
Matt Fraction (2012-2015) é
uma tarefa intimidadora, pois
vljqlĽfd#gdu#vhtxÌqfld#d#xp#
material elogiado por crítica e
público, que colecionou vários
suÌplrv1#Pdv#r#urwhlulvwd#Mhļ#
Ohpluh#wrsrx#r#ghvdĽr#h#yhp#
apresentando um trabalho que
tem tudo para ser o sucessor
espiritual da fase de Fraction.
Lemire manteve todo
aquele clima doméstico: o
Gavião ainda está sediado em
seu apartamento no Brooklyn
e às voltas com a indomável
parceira Kate Bishop – uma das
personagens mais descoladas
dos gibis atuais. Porém, o
roteirista se aventurou no lado
super-heroico e as cinco HQs
desse álbum mostram Clint
Barton numa complexa missão
como agente da Shield. Ao
mesmo tempo, o autor explora
a infância do Gavião, desde sua

N’CEL=Q

.Œ

SUCESSO HISTÓRICO
De invasões alienígenas a cientistas malucos, o
álbum Os Morcegos-Cérebro de Vênus e Outras
Histórias traz nomes consagrados como Jack Kirby,
Steve Ditko e Joe Kubert, em HQs de ficção científica
publicadas entre 1939 e 1953. Todas datam de antes
do Comics Code Authority (o código que censurou
muitas publicações) e hoje já caíram em domínio
público. Tanto que é possível encontrar os originais
na internet, porém sem qualidade na resolução. Essa
é o grande diferencial da edição da Mino: tudo foi
restaurado e adaptado no maior capricho para esse
interessante álbum em preto e branco.
Apenas uma ou outra história realmente não
resistiu ao teste do tempo, seja pelos estereótipos
das donzelas em perigo ou a forma de se
fazer quadrinhos na época, repletas de balões
explicativos. Entretanto, nada disso tira o valor
histórico do compilado, que retrata o imaginário
da ficção popular daquele período e que tem tudo
para se firmar como um relevante documento
histórico. (Vinícius Serpa)
Os Morcegos-Cérebro de Vênus ****
Mino // 208 páginas // R$ 79,90 O álbum da Mino documenta uma época ímpar dos quadrinhos
fuga de casa até sua entrada BUSCA DESESPERADA
para o circo e a vida de crimes. Adicionar uma criança a
O mérito não é só de Lemire, equação sempre deixa uma
que contou com o talento de situação perigosa ainda mais
Ramón Pérez, artista que se tensa. Talvez tenha sido isso
prova versátil e moderno. que me levou a ler o novo
Enquanto a vida atual do herói álbum da série Saga de uma só
é mostrada por meio de uma vez. Se o anterior terminou com
diagramação tradicional, sua r#vhtxhvwur#gh#Kd}ho/#d#Ľokd#
infância é retratada por soluções de Alana e Marko (os astros da
inventivas e lindamente trama), o atual foca o destino
coloridas pela técnica de da menina e os esforços de
aguada. Mais um acerto no alvo sua mãe e avó para salvá-la
para a conta do Gavião. (GV) de terroristas.
É a chance de Brian K.
#=ÌE”M
POSAEPM
(AC=@M
Vaughan (roteiro) e Fiona
@M
P?M
**** Staples (arte) mergulharem na
,=LELE


  situação política que permeia
a trama, pois as negociações
As novas HQs do Gavião conseguiram manter a qualidade de sua fase antecessora que envolvem a menina
revelam particularidades da
guerra entre os mundos de
seus pais. Em paralelo, corre
a jornada de Marko, que tenta
atravessar o cosmo e chegar até
sua família. Sempre mostrado
frpr#sdflĽvwd/#hoh#ghvfreuh#
ser extremamente violento
e questiona o quanto isso
ameaça sua família. São temas
tão reais como esse que tornam
a série espacial envolvente,


****

apesar de toda a fantasia.

N’CEL=Q

.Œ

66 | REVISTA MUNDO
Essas jornadas simultâneas
também abrem caminho para
novos personagens, como
o revoltado robô Dengo e o
simpático, mas assustador,
pastor Ghüs. Porém, como o
foco de Vaughan parece ser
mais a trama em si do que
apresentar uma história nova a
cada mês, não se apegue tanto
a ninguém... As mortes são
constantes. (GV)
/=C=
ÌMJ
AÌEP


O GRANDE TRIUNFO DA PERSISTÊNCIA
O criador da Turma da Mônica
chegou a ter sua história de
vida parcialmente contada em
alguns livros, mas nenhum
se compara ao contundente
FZnkÆ\bh3:AblmÌkbZJn^G¼h>lmº
gh@b[b. Narrada na primeira
shvvrd/#d#klvwÕuld#ľxl#pdfld#
como se estivesse sendo
contada no ouvido do leitor,
valendo-se de uma linguagem
tão simples e direta quanto a
usada nos gibis do quadrinhista.
O mérito disso é de
Luís Columbini, jornalista
contratado para transformar
os depoimentos do desenhista
em texto corrido. A narrativa
expõe um Mauricio inábil com
as mulheres na juventude, mas
que desde cedo dava mostras
impulsionaria ao longo de toda
a sua carreira: a perseverança.
O livro conta episódios
muito curiosos. Em um deles,
por exemplo, o quadrinhista
relata que, por conta de um
golpe no mercado, chegou a
passar uma noite na cadeia.
Noutro, revela-se que ele,
pasmem, jamais conseguiu
completar o ensino médio,
algo implausível para alguém
que ajudou na alfabetização de
gerações e mais gerações de
brasileiros.
É esmiuçada nos mínimos
detalhes toda a obstinação que
fez com que ele publicasse as
suas primeiras tiras, lançasse
sua primeira revista (;b]n,
pela editora Continental),
de distribuir seu trabalho e
fechasse contratos duradouros
com a Folha de São Paulo e
com as editoras Abril, Globo e
Panini. Vale atentar para um
capítulo que narra a queda de
braço de Mauricio com a TV
Globo, pendenga que precisou
ser resolvida na justiça.
A pisada de bola largamente
alardeada nas redes sociais,
em que, numa legenda, Hergé
é creditado como criador de
Asterix (e não de Tintim) é
apenas uma migalha de vacilo
numa obra quase impecável,
que o artista já merecia há
bastante tempo. (HP)
)=SP?EM

$EQR PE=
-SA

*”M
!QR’
*M
#E>E
**** Até agora, a melhor biografia do
de uma característica que o buscasse formas alternativas /AUR=LRA


N’CEL=Q

.Œ
  grande quadrinhista brasileiro

REVISTA MUNDO | 67
RECEBEMOS
ALTERNATIVOS E AFINS
A INFÂNCIA DO BRASIL,
DE JOSÉ AGUIAR (AVEC)
Em seu novo trabalho, o artista
paranaense José Aguiar faz
um apanhado de como nossas
crianças vêm vivendo com o
passar dos séculos, desde o
descobrimento do Brasil até
os dias de hoje. Em mais uma
aula de composição e fluidez
de narrativa, e valendo-se
de uma pesquisa histórica
esmerada, o autor propõe uma
reflexão sobre o nosso projeto
de país. Até porque, sem cuidar
daqueles que são a base, não se
chega a lugar algum. A R$ 39,90
em www.aveceditora.com.br.
VINCENT VAN GOGH, DE
MIRELLA SPINELLI (NEMO)
Da mesma autora de O Diário
de Anne Frank, esta biografia
em quadrinhos do pintor
pós-impressionista estampa,
curiosamente, uma arte mais
bem trabalhada e acabada.
A saga de Van Gogh é contada
em detalhes, desde a infância,
passando pela mudança do
artista para Paris, e bastante
focada no período em que ele
enfrentou mais dificuldades
(e, que, por acaso, foi o mais
produtivo de sua carreira).
A R$ 44,90 em www.grupo
autentica.com.br/nemo.
68 | REVISTA MUNDO
FRONTEIRAS DO ALÉM, DE
CARLOS HENRY E OUTROS
(UNIVERSO / EXCELSIOR)
O terror continua em alta nos
quadrinhos brasileiros. Aqui,
o editor e desenhista Carlos
Henry aposta na estética que
imperou nos anos 1970 e
1980, quando editoras como
Vecchi e Grafipar investiam
pesado no gênero. Por conta
disso, uma das histórias da
edição traz como roteirista
convidado Carlos Patati, que
muito colaborou para revistas
como Spektro e Pesadelo. Os
saudosistas vão curtir. A R$ 7
em chsstudio@gmail.com.
LINHA ALTERNATIVA 2,
VÁRIOS (INDEPENDENTE)
Depois de sua primeira edição
em janeiro, o coletivo Estação 9
não tardou a lançar o segundo
número da revista Linha
Alternativa. Vale ressaltar o
esforço da turma, que mesmo
composta por iniciantes,
produziu uma edição com algum
capricho e lombada quadrada.
Claro que a maior parte dos
autores envolvidos ainda tem
muito a evoluir, mas artistas
como João Eudes e Petrônio
Alencar já esbanjam algum
talento. A R$ 20 em estacao9.
coletivo@yahoo.com.
UMA LISTA DE HQS QUE REALMENTE CHAMARAM
NOSSA ATENÇÃO NOS ÚLTIMOS MESES POR HEITOR PITOMBO
INKLAB MAGAZINE Nº 0,
DE J. HENRIQUE E MILTON
ESTEVAM (INKSTAND)
Produzida pelo Inkstand Studios
de Recife, PE, a publicação traz,
como principal trunfo, a arte
do desenhista Milton Estevam,
muito adequada para ganhar
o mercado internacional, por
conta do traço caprichado.
A qualidade das tramas de
J. Henrique é satisfatória e a
de Caçada Rubra pinta uma
Havana repleta de bestas-
feras, evidenciando o que
o autor pensa da revolução
cubana. A R$ 10 em contact@
inkstandstudios.com.
PINDORAMA EPISÓDIO 1,
DE ERICK VOLGO E
LEHI HENRI (COSMO)
A HQ de Volgo (texto) e Henri
(arte), lançada na última
CCXP de Recife, surpreende.
A trama ocorre numa Recife
pós-apocalíptica que, depois de
um tsunâmi, vira uma cidade
parcialmente submersa. Desde
então, mistérios começam a ficar
sem solução e surgem gangues
para fazer toda espécie de
justiça. A história está prevista
para dez episódios e os autores
deixam o leitor ansioso pela
continuação. A R$ 20 em www.
facebook.com/pindoramahq.
O DIÁRIO DE ANNE FRANK EM
QUADRINHOS, DE MIRELLA
SPINELLI (NEMO)
A emblemática história da
jovem judia que se escondeu do
nazismo junto com sua família
na 2a Grande Guerra é narrada
por uma autora brasileira, de
Belo Horizonte, MG. Mirella, a
propósito, confere tons delicados
à saga, e torna muito palatável
o relato já reproduzido por
tantas mídias. Com esses novos
contornos, a história serve para
que a nova geração descubra o
que o antissemitismo legou ao
mundo. A R$ 37,90 em www.
grupoautentica.com.br/nemo.
INQUIETUDE, DE
MARCOS VENCESLAU
(INDEPENDENTE)
Com experiência de editor
do grupo Subterrâneo e
no coletivo Quarto Mundo,
Venceslau chamou nossa
atenção recentemente com essa
revista que traz duas histórias.
Se na segunda (À Margem) o
autor faz uma alegoria com
o rio Tietê, na primeira (Em-
Quadrados) ele usa de maneira
inteligente a metalinguagem,
explorando o limite dos quadros
para contar sua trama de
forma original. A R$ 15, em
marcosvences@gmail.com.
OS NOVOS ATLANTES,
DE ISMAEL CHEDID,
ADAN MARINI E FRANK
TARTARUS (QUATRILHO)
Depois de Dies Irae, já
resenhado nesta seção, o
coletivo Tesla resolveu se
esmerar na produção de sua
mais nova empreitada. Os
Novos Atlantes é um álbum
em capa dura, com 80 páginas
em papel de ótima qualidade,
fatores que chamam a atenção
de imediato. Trama e arte
evidenciam a evolução dos
autores, mas há pontos que
ainda carecem de melhoras. A
R$ 30 em www.teslahq.com.br.
HISTÓRIAS DE CARNAVAL,
DE ALEXANDRE CAVALO
E WEBERSON SANTIAGO
(INDEPENDENTE)
Membro fundador da banda de
rock Velhas Virgens, Alexandre
Cavalo vem há anos se
dedicando em paralelo às HQs.
Histórias de Carnaval já saiu há
algum tempo, mas vale chamar
a atenção para sua trama de
um amor iniciado no período
de folia e que se estende por
muitos fevereiros. A arte de
Weberson é exuberante, tem
estilo próprio e funciona a
contento para a narrativa. A
R$ 35 em www.gabaju.com.br.
SUPERLEITORES
DÚVIDAS, SUGESTÕES, ELOGIOS, CRÍTICAS...
Capa com os heróis Marvel e Mulher-Maravilha nas animações: dois dos grandes destaques da Mundo 91
REVISTA CAPRICHADA
:\k^]bmhjn^Z^]bÀ¼h2*_hb
nfZ]Zlf^eahk^l]ZablmÌkbZ
da Mundo. Estava tudo perfeito:
capa, reportagem principal,
k^ihkmZ`^gll^\ng]ºkbZl'''H
]^l^gah]h<Zbh<Z\Zn]^o^kbZ
vir em um pôster separado para
ser emoldurado. Estou curioso
lh[k^hjn^^lmºieZg^cZ]hiZkZ
Z^]bÀ¼h*))'
Luiz Paulo Mendes Junior
Rio de Janeiro, RJ
HieZgh^kZ^ll^f^lfh%Enbs3
encantar a todos com a magia
]ZFZko^egh;kZlbe'?hbnf]hl
]hllbÃlfZbllZ[hkhlhljn^^]bm^b
ghlÓembfhlZghl^mh]ZZ^jnbi^
^gmkhng^ll^\ebfZ%\Zikb\aZg]h
Zhfºqbfh'>%\eZkh%\hgmZfhl
\hfh^q\^i\bhgZemZe^gmh]h<Zbh
gZ\ZiZ'Hln\^llh^kZ`ZkZgmb]h'
M^fhlfnbmZlb]^bZliZkZZ
Mundo *))fZlgZ]Z_^\aZ]h
Zbg]Z'L^Ze`nÂfmbo^kZe`nfZ
ln`^lm¼h%^llZÂZahkZ]^_ZeZk'
;ZlmZf^fZg]Zkihk^&fZbe'
DE OLHO NO FUTURO
<hfiZga^bkh%^llZbenlmkZÀ¼h
]hla^kÌblFZko^elnk_Zg]h
gZliº`bgZl]^`b[bl%\hfnfZ
Zgmb`Z[Zg\Z]^chkgZe^h
ikÂ]bh]Z>[Ze_hbZfZbl\kbZmboZ
70 | REVISTA MUNDO
POR MANOEL DE SOUZA
o universo do He-Man. Queria
ln`^kbknfZk^ihkmZ`^flh[k^h
a^kÌb]^>mÂkgbZghljnZ]kbgahl
Z[hk]Zg]h]Z^kZikÂ&]^l^gah
ZgbfZ]hZmÂh\khllho^k\hfhl
Mang]^k\Zmlin[eb\Z]h^ll^Zgh'
Valter Viana
valterviana@hotmail.com
Heº%OZem^k'A^&FZgÂl^fik^
nfZ[hZi^]b]Z^ghllhZfb`h
>]^kI^`hkZkh\Zikb\ahniZkZ
oZe^kg^llZl^À¼h'?bs^fhlnfZ
k^ihkmZ`^f[^f]^mZeaZ]Z]h
He-Man na Mundo*-!+))2"%
^gmk^Zl2*\ZiZl]ZMundo. >ll^]hllbÃf^i^kl^`n^%@be]boZg' fZlcº^lmºf^lfhgZahkZ]^
IZkZ[ÂglZmh]hlhl^goheob]hl IZkZjn^f^lmº\a^`Zg]hZ`hkZ% ohemZkfhlZhZllngmh':[l'
E por falar nisso, que tal uma criamos duas grandes reportagens
ohmZÀ¼hiZkZ^l\hea^kfhlZ lh[k^hlQ&F^g%nfZ^g`eh[Zg]h PEDIDO ESPECIAL
capa da Mundo*))8 Z_Zl^*2/,&*211!Mundo-%]^ Jn^kh]bs^khjn¼h_^ebsƮ\h
VAM! Batdeira +))0"^hnmkZ\hf_h\hghi^kÆh]h Zh\a^`ZkgZ[Zg\Z^]Zk]^
batdeira@gmail.com ^gmk^*212^+)))!Mundo+)% \ZkZ\hff^nllni^k&a^kÌbl
]^+)*)"'Ikhf^mbnfZm^k\^bkZ^ preferidos estampados na
Heº%O:F'<Zikb\aZfhlZh \hg\enlboZiZkm^%fZlZmÂZ`hkZ capa da Mundo. Espero ler
fºqbfh^h<Zbh<Z\Znk^Zef^gm^ ainda estamos traumatizados ^lmZf^glZ`^fgZfbgaZ
^lmZoZbglibkZ]h':b]^bZ]Z \hf^ll^l]hblf^k`neahlgZ k^oblmZik^_^kb]Z':ikho^bmh
ohmZÀ¼hÂbgm^k^llZgm^'Ohn zoneada cronologia mutante. Mas iZkZ]ZknfZln`^lm¼h3oh\Ãl
^lmn]ZkZobZ[beb]Z]^' g¼hi^k\ZZ^li^kZgÀZ%@be]boZg' [^fjn^ih]^kbZfeZgÀZkngl
JnZg]hkheZkhm^k\^bkh]hllbÃ%aº f^`ZiÍlm^k^l%g¼hÂ8
OBSESSÃO MUTANTE `kZg]^l\aZg\^l]^m^kfhlhnmkZ José Roberto Belo Leal
:l\ZiZl]h<Zbh<Z\Znl¼h \ZiZ]h<Zbh':]ZMundo+)% Dom Expedito Lopes, PI
l^fik^ebg]hgZl'MhfZkZjn^ Zebºl%_hb\kbZ]Zihk^e^%e^f[kZ8 beloleal@bol.com.br
seja ele o capista da terceira
iZkm^]h]hllbÃ]hlQ&F^g'Lbf% PELO PODERES DE... Ikhgmh%ChlÂ3lnZf^glZ`^f_hb
^ncZfZblf^^ljn^Àh]^e^ @hlm^b[ZlmZgm^]ZMundo2* ^m^kgbsZ]Z^fghllZliº`bgZl':
Gildivan Coelho ^Zl^À¼hjn^k^Zef^gm^f^ b]^bZ]hlf^`ZiÍlm^k^lÂm¼h[hZ
Petrolina, PE Ʈl`hn_hbZ:\mbhg&Ʈ`nk^llh[k^ que já estamos investindo nessa
AOS MEUS HERÓIS
Fiz esse desenho em homenagem ao Adam West e Roberto Gomez
Bolaños. Também escrevo para parabenizar a Mundo e pedir uma
matéria sobre o Jaspion e outras séries tokusatsu. Aliás, se for
possível, criem uma revista especial sobre tokusatsu e falem do
herói nacional Insector Sun.
Claudio Gonçalves / claudiogoncalves34@gmail.com
Muito obrigado por enviar seu desenho, Claudio. Olha ele aí publicado.
Séries japonesas não são muito nosso foco pois nossa praia são os
heróis dos comics. Mas a ideia está anotada para uma possível pauta.
PARTICIPE!
BASTA MANDAR SEU E-MAIL PARA
manoel.souza@europanet.com.br
ºk^Z':mÂZ`hkZ%cºeZgÀZfhl
k^oblmZl&iÍlm^k^l]hlƮef^l
Q&F^g3:ih\Zebil^%Eh`Zg^
Ahf^f&:kZgaZ3=^OhemZZhEZk'
IZkZfZbl]^mZea^l%oblbm^hlbm^
ppp'^nkhiZg^m'\hf'[k e, na área
]^[nl\Z%]b`bm^ƈlni^kiÍlm^kƉ'
Fora isso, aguarde novidades.
M^fhlik^obl¼h]^fnbmhlhnmkhl
pôsteres logo mais.
MARAVILHA DE EXTRAS
@hlm^bfnbmh]Zl^À¼hOºkbZl?Z\^l
da Mundo2*\hfZIkbg\^lZ
:fZshgZghl]^l^gahlZgbfZ]hl'
L^bjn^ihknfZjn^lm¼h]^^liZÀh
g¼h]^niZkZ^gmkZkmn]h%fZl
l^gmb_ZemZ]^Ze`nfZlZgbfZÀÎ^l%
\hfhZllÂkb^lCnlmbÀZCho^f!^f
que, na segunda temporada, a
Fnea^k&FZkZobeaZÂZ\nlZ]Z]^
nffZllZ\k^"^E>@H!gZjnZe
^lmk^ehnhbmh]^l^gahl"'Cºghehg`Z
ZgbfZ]hEb`Z]ZCnlmbÀZ3=^nl^l
^Fhglmkhl%Za^khÆgZZiZk^\^
\hfh;^ddZ%g^mZ]hIZb<^e^lmbZe%
`ho^kgZgm^]^GhoZ@Ãg^l^%^nlZ
nfmkZc^[kZg\h'?hkZbllh%^qblm^f
hlehg`Zl]ZlÂkb^=<Lni^kA^kh
@bkel^ZmÂnfZo^kl¼hih\d^mgZ
p^[lÂkb^]^*.\nkmZl=<Lni^k
?kb^g]l'IhkƮf%]^lmZ\hhmkZ[Zeah
]Zl]n[eZ]hkZl]Za^khÆgZ%BedZ
Ibga^bkh!^fLni^kZfb`hl"^
Ikbl\beZ:fhkbf!^fjnZl^mh]hl
hl]^l^gahl]^Eb`Z]ZCnlmbÀZ"'
David Denis Lobão
davidlobao@gmail.com
Fnbmhh[kb`Z]hihke^oZgmZk^ll^l
\hfie^f^gmhl%=Zob]'<hfhoh\Ã
f^lfhlZ\hn%^llZlbg_hkfZÀÎ^l
g¼h^gmkZkZfihk\hgmZ]h^liZÀh
limitado, fora que priorizamos as
ZiZkbÀÎ^lfZblk^e^oZgm^l]ZFF'
DÚVIDA CRUEL
Ihkjn^:cZq%hFZk\bZgh%Âh
Ógb\h_ng]Z]hk]ZEb`Z]ZCnlmbÀZ
jn^g¼hZiZk^\^gh]^l^gah]hl
Lni^kZfb`hl8GhmZkZfbllh8
Fabiano Bottcher
Campinas, SP
d1e0z@yahoo.com.br
GALERIA MUNDO
DICAS DO PROFESSOR ROBERTO SOUZA
I LOVE ANTI-HERÓIS
Simplesmente adorei a matéria
sobre a série Os Defensores,
na Mundo 91. As fotos estavam
ótimas, o texto muito bom, e o arco
explicando os vários aliados de
cada herói e seus papéis na trama
foi muito informativo. Parabéns
pela reportagem. Com certeza,
Os Defensores será a série do ano.
Bruna Alvarez. Mauá, SP
como dica para quem procura
RICARDO RENNEG rickrenneg@hotmail.com
materiais com essa temática. E
Comentários: Fiquei na dúvida se é uma figura 3D ou se o desenho foi criado h[kb`Z]hihkf^_Zs^ke^f[kZk]Z
no Photoshop, Ricardo. Mas pelo que vejo, o resultado está ótimo. Não tenho Epic Marvel. Foi uma das revistas
muito o que acrescentar sobre a figura, mas posso sugerir algumas coisinhas jn^fZbl\nkmb]nkZgm^fbgaZ
sobre o fundo. Você poderia subir um pouco a lua e colocar alguns morcegos Z]he^l\Ãg\bZ'@kZg]^Z[kZÀh'
próximos a ela, o que daria mais dramaticidade à cena. No mais, está muito
bom. Obs: quando for nos enviar seus próximos desenhos, mande junto o esboço
inicial. Seria bom vermos essa parte do processo também. Grande abraço. VESTINDO A CAMISA
?ZÀhibgmnkZl^f\Zfbl^mZl%mn]h
ROBERTO SOUZA é professor de desenho do Instituto HQ (www.institutohq.com.br) ¹f¼h%nlZg]hi^klhgZ`^gl]^
jnZ]kbgahl'>gmk^fnbmZlhnmkZl
i^ÀZl%cºikh]nsbnfZ[Zl^Z]Z
?Z[bZgh%^llZÂnfZ]Óob]Zm¼h OLHAR FEMININO na arte de capa do Rafael
casca-grossa que precisei apelar GZMundo12_hbin[eb\Z]ZnfZ :e[njn^kjn^iZkZ<ZoZe^bkh]Zl
Zhlf^nllni^kZfb`hl'HKh[^kmh k^ihkmZ`^flh[k^=k^Z]lmZk% Mk^oZl,'L^Ze`nÂfl^bgm^k^llZk%
@n^]^l^hFZnkÆ\bhFngbsZ\aZf hlnikZllnfh]hjnZ]kbgablmZ aceito encomendas.
jn^h:cZq!\hga^\b]hZ`hkZ\hfh CbfLmZkebg'FZl%ie^Zl^%\Z]Ã Rogério Javali
<ZÀZ]hk]^FZkm^"g¼h^gmkhn ZBkfZg]Z]^]h:Àh8IZkZ mauaphavella@bol.com.br
gh]^l^gahlbfie^lf^gm^ihk fbf%^llZ_hbnfZ]ZllÂkb^l
l^knfa^kÌbihn\h\hga^\b]hgZ feministas mais densas que os HeaZZÆ%i^llhZe'Jn^f^lmbo^kZ
Âih\Z^Zik^l^gmZkl^f^eaZgÀZl jnZ]kbgahlcºfhlmkZkZf' Ʈf]^k^ghoZkh`nZk]Z&khniZ
\hfhLni^kfZg!hl]hbll¼h Claudia Souza g^k]iZkZZikÌqbfZ^lmZÀ¼h%Â
alienígenas, superfortes e usam dinha34rj@uol.com.br lÌ_ZeZk\hfhKh`Âkbh'
\ZiZ"'GZlAJl]hƮgZe]hlZghl
*2/)%h<ZÀZ]hk]^bqhnZEb`Z]Z Heº%<eZn]bZ'G¼h_ZeZfhl]Z
CnlmbÀZ^iZllhnikZmb\Zf^gm^mh]Z BkfZg]Z]^]h:Àh!Lblm^kahh]
Z]Â\Z]Zl^`nbgm^lnfb]h%lZeoh h_Lm^^e"lbfie^lf^gm^ihkjn^
ihn\ZlZiZkbÀÎ^l\hfh\hgob]Z]h' ^llZÂnfZlÂkb^fnbmhh[l\nkZ%
HMhgbLZgmhl\hfie^mhnjn^ jn^lZbnihkZjnbZi^gZl^fmkÃl
h<ZÀZ]hklÌohemhnZl^knf ^]bÀÎ^l]ZZgmb`Z>ib\FZko^e
f^f[kh_ng]Zf^gmZe]ZEb`ZZ !>]':[kbe%*21.&*21/"'I^eh
iZkmbk]Z_Zl^]h@bƭ^g%ghƮgZe jn^i^ljnbl^b%ZmÂghl>lmZ]hl
]hlZghl*21)'Bllh^qieb\Zihkjn^ Ngb]hlZAJm^o^ob]Z\nkmZ%\hf
^e^ZiZk^\^[^ffZblgZllÂkb^l Zi^gZlhbmh^]bÀÎ^l%in[eb\Z]Zl
ZgbfZ]Zl]ZEb`Z]ZCnlmbÀZ%Z ^gmk^*21-^*21/'FZlƮ\ZZjnb
iZkmbk]^+))*'=Óob]ZlZgZ]Z8 hl^nk^`blmkh%jn^l^ko^mZf[Âf
REVISTA MUNDO | 71
UNIVERSOMARVELDC
POR ROBERTO GUEDES

Por trás de um
grande homem... Stan Lee e sua esposa Joan: uma história de
amor que durou mais de 70 anos e virou livro
Homem-Aranha, Hulk, Homem de Ferro e outros tantos heróis devem,
indiretamente, sua existência a Joan Lee. Bem mais que a parceira do
carismático Stan Lee, Joan foi a grande incentivadora e musa do cocriador
do Universo Marvel. Modelo, atriz, dubladora e escritora, ela esteve ao
lado do marido por quase 70 anos, participando de inúmeros projetos
relacionados a HQs, cinema e TV. Sem Joan, a Marvel teria sido outra.
Nascida em Newcastle, Inglaterra, Joan você já ia pular fora mesmo”. Animado pelo
Errfrrn#fdvrx0vh#frp#xp#rĽfldo#gd#IruÉdv# conselho, Lee confabulou com Jack Kirby, e
Armadas Americanas e mudou-se para os ambos criaram o gibi do Quarteto Fantástico.
Hvwdgrv#Xqlgrv#dsÕv#r#Ľp#gd#Vhjxqgd#Jxhuud# “Foi assim que começamos o Universo Marvel.
Mundial. A união durou pouco e Joan começou Tudo culpa da minha mulher”, atestava Lee.
a trabalhar como modelo. Em 1947, a mão do Nos anos 1980, o casal se mudou para
destino entrou em ação. O editor e roteirista a Califórnia, onde Stan Lee comandaria a
Stan Lee, com quase 25 anos e vivendo um Marvel Productions, estúdio responsável pelas
erp#prphqwr#surĽvvlrqdo/#dfkrx#txh#hud# animações da TV. Nesse período, Joan escreveu
hora de se casar e constituir família. Embora o o romance Ma^Ie^Zlnk^IZeZ\^, lançado em 1987,
desenho não fosse o seu forte, desde garoto ele e depois atuou como dubladora em desenhos
rabiscava no papel o que entendia ser a garota da Marvel (em 1996 ela deu voz à enigmática
ideal: elegante, charmosa e de traços delicados. médium Madame Teia em Ahf^f&:kZgaZ3
Qual não foi a sua surpresa ao se deparar com :LÂkb^:gbfZ]Z). Também fez uma ponta no
Mrdq/#d#shuvrqlĽfdÉÅr#gr#txh#vhpsuh#vrqkrx1# Ľoph#Q&F^g3:ih\Zebil^(2016).
“Era a mulher mais linda que eu já tinha visto! Em maio do ano passado foi lançado Por anos, a secretária Flo Steinberg foi a
grande aliada de Lee no dia a dia da Marvel
Só de dizer olá ela poderia iluminar uma sala”, LmZgE^^ƅlEho^Lmhkr/#gh#dxwruld#gd#Ľokd#M1F1#
frphqwrx#qd#dxwrelrjudĽd#>q\^elbhkMa^ – um livro em forma de HQ, que narra a vida
:fZsbg`Eb_^h_LmZgE^^, de 2002. conjugal de seus pais por meio de fotos nunca
Foi amor à primeira vista, mas Joan divulgadas. Após o falecimento de Joan, em
ainda era casada no papel. Assim, ela e Stan 6 de julho aos 95 anos, o editor Joe Quesada
foram para Reno, cidade em Nevada onde condensou o sentimento do mundo nerd
os divórcios eram consumados em questão em nota ao site da Marvel: “O fato é que não
de horas, sem entraves burocráticos. Lá, existiria nenhum Universo Marvel sem Joan
casaram-se em 5 de dezembro de 1947. Três Lee. Ela foi o seu Big Bang”.
dqrv#ghsrlv/#qdvfld#d#sulphlud#Ľokd#gr#fdvdo=# Poucas semanas depois, em 23 de julho,
Joan Celia (ou J.C., como é conhecida). Joan, Lee recebeu outro golpe com a morte de sua
a mãe, daria à luz outra menina, Jan, que, vlpsÃwlfd#vhfuhwÃuld#Ior#Vwhlqehuj/#txh#Ľfrx#
devido a complicações no parto, morreu três famosa nos ;neei^g;nee^mbgl (as páginas que
dias depois. Na década de 1950, Joan abdicou falavam da redação) e na LmZgƅlLhZi[hq (a
de sua carreira de modelo para cuidar do lar. despojada coluna de Lee nos gibis), entre os
Em 1961 veio a grande contribuição ao anos 1960 e 1980. Especula-se que a jovem
mundo dos heróis: Stan Lee estava desgostoso tenha sido a musa inspiradora para Steve Ditko
com os quadrinhos e pensava seriamente em retratar a personagem Betty Brant (a secretária
mudar de ramo. Alimentava a ideia de escrever do Clarim Diário e primeira namorada do
HQs mais complexas, mas temia que seu patrão Homem-Aranha). Flo também apareceu como
o podaria. Ao desabafar com Joan, a esposa foi personagem em algumas HQs - numa delas,
enfática: “Faça a revista do jeito que você quer. foi retratada como a Garota-Invisível do Além de uma das principais
O pior que pode acontecer é ser demitido, mas Quarteto Fantástico, pelo traço de Jack Kirby. testemunhas do período mágico da
ascensão da Marvel, Flo Steinberg se
STAN LEE TEVE O APOIO DA ESPOSA JOAN PARA CRIAR O UNIVERSO tornou uma das primeiras editoras
de quadrinhos independentes dos
MARVEL E UMA MÃOZINHA DE FLO STEINBERG PARA ADMINISTRÁ-LO Estados Unidos. Morreu aos 78 anos.

74 | REVISTA MUNDO