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VIRTUAL
Resumo
Introdução
por fim analisar a prática docente na mediação do conhecimento virtual especialmente ao que
se refere aos aspectos didático-metodológicos, mediada pelo trabalho dos tutores tanto nos
momentos presenciais como a distância.
A educação vem passando por mudanças durante o decorrer dos anos, refletindo
diretamente no papel do professor em sua prática diária. Os relatos históricos comprovam que
desde os meados do século XX, os docentes têm sido desafiados a uma mudança de postura,
passando de meros transmissores de conhecimentos para mediadores do conhecimento. Assim
sendo, as metodologias e práticas pedagógicas conservadoras utilizadas para a reprodução de
conhecimentos sofreram alterações e foram impulsionadas a adoção de práticas inovadoras
que favoreçam a produção do conhecimento.
A educação a distância tem se mostrado uma alternativa para atender ao propósito de
atuar na qualificação do professor em serviço, especialmente atingir os docentes distantes dos
grandes centros. Por outro lado, em cursos a distância que procuram romper com a abordagem
pedagógica comportamentalista e que utilizam as novas tecnologias da informação e da
comunicação, necessitam de professores que possam manejar os recursos tecnológicos e
orientar consistentemente com a visão de ensino-aprendizagem. Por envolver uma série de
elementos novos, na EAD tornam-se necessárias à formação e o acompanhamento desse
professor que atuará como tutor, o que se constitui ao mesmo tempo em um investimento na
sua formação continuada.
A formação do professor é o ponto crucial para a modernização do ensino. A
profissionalização do professor envolve uma série de questões educativas e requer
decisões políticas e econômicas. Porém, não se pode negligenciar que um caminho para a
concretização desta idéia é a formação continuada dos professores entendida tanto na
busca do saber como na tomada de consciência da sua prática e do próprio fazer
pedagógico.
O papel do professor vem sofrendo mudanças e ao mesmo tempo estão sendo
agregadas novas exigências à sua função. Segundo Ramal (2001) espera-se um novo perfil de
educador e destaca três características:
Para a maioria dos professores esta mudança de papel nem sempre é fácil, pois
acostumado a ministrar conteúdos por ele dominados, poderá demonstrar certa insegurança
diante das novas tecnologias, de uma língua estrangeira ou de uma nova informação na rede.
O que ele deve entender que diante das novas tecnologias, o professor também é aluno, sendo
necessário que ele aprenda a utilizá-la para que possa fazer um bom uso com seus alunos.
Para Moran:
A internet será ótima para professores inquietos, atentos a novidades, que desejam
atualizar-se, comunicar-se mais. Mas ela será um tormento para o professor que se
acostumou a dar aula sempre da mesma forma, que fala o tempo todo na aula, que
impõe um único tipo de avaliação. (MORAN, 2006)
O novo paradigma a ser instituído deve indicar caminhos inovadores que levem à
construção do conhecimento, que passem a ver o individuo como um ser único e inacabado,
pois as perspectivas de evolução são inúmeras por meio das tecnologias. Como corrobora
Behrens (2000, p. 72) “A tecnologia precisa ser contemplada na prática pedagógica do
professor, de modo a instrumentalizá-lo a agir e interagir no mundo com critério, com ética e
com visão transformadora.”
Sancho (1998, p. 184) assinala que:
Segundo Behrens (2000, p. 73), o desafio imposto aos docentes é mudar o eixo do
ensinar para o aprender, é para contribuir neste processo Lévy (1995, p. 78-82) traz três
diferentes formas de apresentar o conhecimento: a oral, a escrita e a digital.
E para que ocorram processos de aprendizagens significativas, Behrens et al. (2007
p.3) recomenda que a “prática docente precisa inclua a utilização de múltiplos recursos, em
particular, as ferramentas que acompanharam a era digital.”
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O grande desafio que se coloca diante dos docentes que atuam no ensino a distância
consiste em aliar os novos recursos tecnológicos disponíveis a uma ação docente, pautada
numa concepção pedagógica interativa, colaborativa e reflexiva, considerando as
especificidades da modalidade. (SOUZA, 1996)
O reconhecimento da era digital como uma nova forma de categorizar o conhecimento
traz novos rumos para a prática docente, que rompe as barreiras da sala de aula e passa a
interagir e construir conhecimentos junto com seus discentes tendo todo o acesso com o
mundo globalizado e à rede de informações disponível em todo o universo.
Considerando os novos horizontes que se encontram, aos poucos, se delineando e
tomando forma, torna-se necessário a realização de um esforço conjunto - permanente e
sincrônico - a fim de conferir novos sentidos às práticas educativas, bem como realizar
concomitantemente uma revisão profunda nos atuais processos de aquisição do conhecimento
humano.
Esta ampliação permite que a informação seja transmitida de maneira mais veloz.
Segundo Scriven (1991, p. 82) a informação não é educação, mas o conhecimento se firma na
informação.
A finalidade é utilizar o computador como ferramenta para aprender por meio dele e não
aprender sobre ele, isto é específico para quem desenvolve a máquina e não para aqueles que
apenas querem utilizá-lo como um meio de aprendizado.
Há muitos críticos da utilização de tecnologia comunicativa na educação. Grande parte
das observações contrárias à utilização de modernas tecnologias na educação é feita não por
causa da tecnologia em si, mas principalmente pelo uso que dela se faz. Por um lado, de
maneira geral não se prepara os profissionais da educação para tirarem o máximo proveito da
tecnologia e, por outro, esta, em várias ocasiões, tem servido simplesmente como meio de
fixação de uma mensagem única e acrítica.
Da mesma forma, a internet é outro recurso capaz de possibilitar o acesso rápido as
informações e capaz de gerar desta maneira amplas possibilidades para seu uso. Assim,
McCormack e Jones apud Torres (2003, p. 22-39) colocam como vantagens da Internet, em
relação a outras mídias:
Com esses recursos a sua disposição cabe ao professor procurar formas ótimas de
aproveitar esses recursos à sua prática pedagógica, incorporando-as de tal forma que se
constituam, enfim, parte da sua ação docente. O ambiente virtual de aprendizagem ajuda
também na auto-organização do trabalho. Ao mesmo tempo, por ser um ambiente
conveniente, flexível e sem horários pré-definidos, onde aluno pode optar por fazer ou adiar
determinada atividade para um outro momento, faz-se necessário ao professor organizar-se,
no sentido de não perder-se no processo.
A educação online permite, ainda, que o aluno seja realmente ativo, responsável pela
sua aprendizagem e, principalmente, aprenda a aprender. No entanto, como o aluno também
tem uma cultura de espera por comando e orientação cabe ao professor reverter esse quadro,
mostrando aos alunos a necessidade de busca pela informação. Em outras palavras, é preciso
enfatizar a ação por propensão e disposição própria e não somente por obediência a um
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Os desafios enfrentados pela área educacional nas últimas décadas, com a inserção das
tecnologias da informação e comunicação é muito grande. Existe um descompasso de
crescimento entre tecnologia e a educação. Conforme Peters (2003):
Educar para aprender é o novo desafio posto para os educadores, exigindo muito
segundo Morin (2002) “mais flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos
conteúdos fixos e propostas mais abertas de pesquisa e comunicação”.
Alarcão (2005, p.5) afirma “estarmos passando da “sociedade da informação” para a
sociedade da aprendizagem”, pois, segundo ela, se não há uma organização da informação
não há conhecimento. Kenski (1998) afirma “ser necessário estar em permanente estado de
aprendizagem e adaptação ao novo.”
No entanto quando nos referimos a educação, a retórica permanece, pois sempre existe
aquele que ensina e aquele a quem se ensina. No caso da EAD, essas relações acontecem em
um contexto social muito mais amplo. Esta relação educativa acontece através de uma prática
comunicacional, onde os docentes assumem o papel de mediadores do conhecimento, criando
assim novas formas de aprender a aprender.
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Para Martins (2002, p. 28) existe uma mudança de atitude em relação à participação e
ao compromisso do aluno e do professor, que são encarados como parceiros idôneos do
processo de aprendizagem, propiciando, por isso, trocas individuais e a construção de grupos
que interagem, pesquisam e criam produtos, ao mesmo tempo em que ampliam seus
conhecimentos.
Tratando-se das relações de ensino/aprendizagem na educação a distância, vamos nos
evidenciar, especificamente, nesse novo perfil profissional que surge: tutor online, onde várias
são as suas funções, assumindo o papel principal de mediador do conhecimento na educação a
distância. A ação da tutoria online é fundamental em qualquer programa em EAD, pois ela faz
a mediação entre todos os participantes do processo e propicia a comunicação no momento
em que acompanha, além de acolher, acompanhar, avaliar, orientar, motivar, mediar e facilitar
o processo de ensino/aprendizagem de seus alunos.
A função educativa do tutor online vai além das orientações didático-pedagógicas e de
seu envolvimento com os conteúdos disciplinares. É preciso, também, que desenvolva sua
capacidade de liderança, envolvendo-se, com atividades de aconselhamento, pautadas numa
conduta ética de flexibilidade, de atenção e comprometimento.
Mason (1991, p.48), corrobora que, o docente de ensino a distância, o tutor, tem,
principalmente, o papel de facilitador intelectual, o qual implica em um trabalho de
focalização das discussões dos educandos, encorajamento de sua participação e comentários,
críticas. Os aspectos pedagógicos, tecnológicos e técnicos de educação à distância, têm o
objetivo de mostrar que a tecnologia constitui uma ferramenta de comunicação, em potencial,
para ser utilizada na educação, especialmente como instrumento para promover a possível
interação entre professores e alunos.
Schlosser e Anderson (1993, p.38) identificam as novas habilidades que os professores
devem aprender para assumir o papel de educadores a distância:
As funções dos tutores também são sintetizadas por Munhoz (2004, p. 6), no qual se
refere a sua atuação que está vinculada aos materiais disponibilizados aos alunos, sejam eles
impressos ou não:
possibilitar a troca de saberes entre os alunos, assim, buscar a formação de discentes mais
humanos e conscientes de seu papel como cidadão.
A formação do tutor é um elemento essencial para o sucesso da educação online e de
acordo com Pimentel (2007, p.8-9), as dez qualidades que um tutor online precisa buscar ter
ou desenvolver para seu trabalho ser de qualidade:
1) Coerente com a proposta: ser coerente com a proposta do curso, não exigindo
aquilo que o curso não se propõe;
2) Motivado e motivador: ser uma pessoa capaz de motivar pela própria presença
(real ou virtual - palavras, intervenções, comentários);
3) Presente: estar presente no AVA de forma equilibrada, acompanhando o
desenvolvimento da turma e de cada aluno em particular;
4) Sensível (observador): deverá desenvolver a habilidade da observação sensível,
que o capacita a analisar as entrelinhas daquilo que cada um escreve. É a
capacidade de observar e analisar o que está subjetivo nas respostas dos alunos;
5) Pedagogicamente capacitado: precisa compreender o processo pedagógicos, as
teorias que fundamentam a EAD e a proposta do curso em questão. Com base
nesta qualidade é que ele poderá acompanhar os avanços educacionais de cada
aluno;
6) Criticidade: sabe instigar seus alunos, provocando-os com argumentos críticos à
participação de cada um e de toda a turma;
7) Disponibilidade: saiba organizar seu tempo de tal forma que possa oferecer
acompanhamento aos alunos que acompanha;
8) Diplomacia: saiba conciliar as possíveis divergências entre os alunos, quando
solicitadas atividades em grupo ou duplas. Normalmente cada aluno tem seu
próprio ritmo, e isso poderá ser algo positivo ou negativo, caso o grupo não saiba
como administrar a participação de cada um. O tutor fará suas intervenções na
busca de conciliar, apaziguar e organizar o grupo;
9) Organizado: precisa de organização para não se atrapalhar no acompanhamento e
desenvolvimento de suas observações junto aos alunos;
10) Discreto: nas intervenções busca a discrição necessária para corrigir de tal forma
que não exponha o aluno deixando-o sem motivação ou disposição para
continuar.
11) Para que estas qualidades possam existir não se pode apenas contar com as
experiências do senso comum, exige-se que uma formação sólida e contínua
seja efetivada.
Uma formação específica é necessária para que este “novo” profissional possa
oferecer à educação online aquilo que dele se espera. E como o tutor online irá desenvolver
suas atividades em meios não convencionais (se assim pensamos em relação ao ensino formal
e presencial), mas para atuar nos AVA, é também com e para este meio que o tutor online
precisa ser formado e orientado.
Moran (2003, p. 41), postulando sobre os papéis do educador online defende que:
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 4ª ed. São Paulo: Cortez,
2005, p. 15.
_____. Projetos de aprendizagem colaborativa com tecnologia interativa. In: MORAN, J. M.;
MASETTO, M.; BEHRENS, M. A. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. Campinas,
SP: Papirus, 2000.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva S.A.,
1962
MASON, J. Mathematical Problem Solving: Open, closed and exploratory in the Uk ZDM.
1991.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 5ª ed. São Paulo: Cortez;
Brasília: UNESCO, 2002.
SANCHO, J. M. (org.) Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: Artes Médicas,
1998.
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