graças ao sistema de tradução automática que o seu capacete possuía. Dentre muitas
outras coisas. Balançou a cabeça de maneira negativa, não conseguia entender como
ainda havia machismo depois de tanta evolução, mas os homens conseguiam
surpreendê-la e na maioria das vezes para pior. Ainda sim, eles sabiam tão bem quanto
ela que não tinha para onde correr, a Organização Vishkar era a única que tinha a
tecnologia necessária para que eles pudessem dá a volta por cima.
Viu as imagens aparecendo em seus óculos, que estava conectado nos Sentinelas que
havia colocado nos postes da rua, havia um risco considerável de um ataque Omnic
enquanto ela estava ali e sabia perfeitamente bem que os soldados coreanos estavam
cansados e com armas defeituosas. Então não podia simplesmente deixar o seu bem
estar nas mãos daqueles homens e não havia tido permissão para levar nenhum dos
seguranças treinados para lhe ajudar, mas esperava pro isso. Seus “chefes” não haviam
ficado feliz com o roubo no cofre do Brasil.
Foi por isso que lhe enviaram sozinha para o meio de uma zona ainda considerada hostil,
para encarar homens que lhe considerava menor do que eles só porque era uma mulher.
Acharam que isso iria tirá-la de seu centro emocional, iria deixá-la irritada. Eles eram
uns tolos se achassem que uma coisa pequena daquelas fosse afetá-la ou se fosse uma
mulher fraca a ponto de não se defender sozinha, mas ela era uma heroína. Plenamente
capaz de não só se defender como defender todos daquele prédio. Mesmo que eles não
merecessem.
Podia ouvir os homens em um debate acalorado sobre como a Organização havia sido a
perdição para o Rio de Janeiro e como um garoto havia sido responsável por liberar a
cidade, podia ouvi-los debatendo como isso teria acontecido e como ele agora era
considerado um herói de renome. Ela não pode deixar de sorrir, Lúcio tinha feito o
trabalho que havia imaginado, julgara o caráter dele corretamente. Estava ali porque era
uma oportunidade de fazer o mesmo com outra pessoa, alguém que iria carregar o
legado para frente e só precisava convencer aqueles homens de que tinha o que queriam.
- Senhores, acredito que agora fosse uma hora perfeita para demonstrar o que minha
organização tem para oferecer não é mesmo?
Viu os homens se voltarem para ela confusos e ao mesmo tempo descrentes, balançou a
cabeça por alguns segundos antes de sorrir de maneira superior. Aqueles homens só
eram um bando de burros retrógrados que tinha que impressionar apenas um degrau
para os seus ideais. E aquela era a hora de impressionar.
- Você acha que uma mulher sozinha e desarmada, pode enfrentar aqueles robôs?
Colocou a mão em cima do modificador de luz, sentindo aquele calor familiar que
sempre ocorria quando usava. Puxou a luz um pouco enquanto usava as conexões
neurais para moldar e modificar a matéria prima na arma que havia criado
especificamente para si, mas ninguém no mundo poderia usar, mesmo que
conseguissem retirar de seu corpo morto. Mostrou a arma para eles, quando ouviu a
primeira explosão, indicando que suas Sentinelas tinham matado um deles, ainda havia
outros.
- Eu vou lá terminar o trabalho e espero que vocês tenham uma resposta para mim
quando eu voltar.
Saiu da sala indo para uma parede onde depositara um portal, que iria levá-la para o
outro lado da rua, exatamente na retaguarda daqueles robôs. Apontou a arma para eles,
atirando no mesmo momento em que suas Sentinelas, em um ataque combinado devido
aos impulsos neurais que saiam de seu braço chegando por rede até lá. Quando dois
deles haviam sido destruídos, os dois que sobraram viraram na direção dela, eles
poderiam parecer estúpidos, mas a verdade é que tinha protegido a porta com um
escudo para isso.
Seu capacete conectou-se imediatamente com a rede de internet daquele local lançando
um vírus que a permitia continuar monitorando os homens conversando, sabia que um
deles era o presidente e sua palavra contava muito. Ele fora o único que não havia
ficado completamente desesperado com a pequena invasão, o que a fazia achar que
confiava nela. Embora achasse que soubesse o que estava acontecendo.
Quis sorrir, mas não fez isso, sabendo que poderia soar como um desafio para a
autoridade do homem. Ao invés disso simplesmente lhe encarou, seus olhos castanhos
fixos nos olhos escuros do homem.
- Não, essa é única. Mas eu estou oferecendo outra coisa.
Puxou o protótipo jogando-o em cima da mesa, o mecha era uma versão modificada
daqueles usados pelo governo. Ou melhor, daqueles que haviam sido dominados pelos
Omnics a pouco tempo atrás. Seu protótipo não era só melhor, como também permitia
que eles usassem aquilo que tinham de melhor para controlá-los, seus jogadores de
StarCraft. De início seus “Chefes” haviam rido da cara dela, até os primeiros testes com
uma jogadora chama Song.
- Esse é o protótipo que estamos fabricamos, já temos um exército deles e achamos que
será o suficiente.
- Esse é diferente, ele pode ser pilotado por alguém habilidoso o bastante.
Deixou um sorriso aparecer em seus lábios, enquanto retirava uma tela que ficou em
cima do protótipo, percebeu o brilho de cobiça daqueles homens e realmente esperava
que eles não fossem tolos o bastante para tentar roubar dela. Eles teriam uma péssima
surpresa. Na tela aparecia uma cena que ela já tinha visto mais de uma vez, analisando
cada detalhe para melhorar a armadura. Isso a ajudou a modificar algumas poucas coisas,
com relação à mira e poder de fogo. Viu os olhos do homem se fechar levemente.
- Eu sei, o que a torna ainda mais útil. Ela não só vai lutar contra os Omnics, como
também passar uma sensação de segurança a sua população.
Não pode deixar de rir, o homem sabia exatamente o que estava acontecendo e ainda
sim estava comprando a idéia, talvez por saber que não tinham outra escolha e ela fora
obrigada a usar da artimanha pífia para convencer aqueles retrógrados a se ajudar.
- Exatamente.
Ela acenou com a cabeça esperando por isso e não parecia preocupada, tinha certeza que
Song seria a perfeita heroína para o seu povo.