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Lynsay Sands

Devil of the Highlands 03

Lynsay Sands
Domesticando o Higlander
Série Devil of the Highlands 03

Só um homem podia acender a chama em seu coração...


Lady Averill Mortagne aprendeu a controlar seu forte temperamento quando era uma menina, mas se
seu pai insistir em fazê-la desfilar diante de outro lorde inglês que olhe com desaprovação seu cabelo
ruivo, se esquecerá de tudo e começará a gritar. Seus únicos momentos de paz são os que passa com
Kade Stewart, o escocês ferido que seu irmão levou para casa depois das Cruzadas.
Quem ia imaginar que um guerreiro escocês seria o único cavalheiro de verdade?
Lady Averill ajudou a salvar sua vida e, por isso, Kade está profundamente agradecido. Ela é, além
disso, incrivelmente formosa, mas nunca poderia submeter uma dama tão doce e amável à árdua vida
de esposa de um laird do clã Stewart... Ou não? Quando ela faz frente a um inesperado perigo a seu
lado, Averill demonstra a Kade que seu coração é tão feroz como vivo é seu cabelo... E que sucumbir a
tal paixão seria o próprio paraíso.

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **
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Lynsay Sands
Devil of the Highlands 03

Disp em Esp: Fenix


Envio e Formatação: Δίκη
Revisão Inicial: Tessy
Revisão Final: Matias, O Marujo
Imagem: Elica
Talionis

Nota da Revisora Tessy: Mais uma das maravilhosas histórias da Lynsay, como não podia deixar
de ser, cheio de aventuras, risos, um mocinho tudo de bom e uma mocinha como só a Lynsay sabe
produzir!!
Uma mulher a frente do seu tempo!! Gente e as cenas hot!?... Amei... E quase morri de tanto
rir....

Nota do Revisor Matias, o Marujo: — Segue para deleite das adoradoras de históricos mais um
"clássico Lynsay"... Uma boa história com momentos hilariantes...
Poderão constatar a origem dos sorvetes e a agonia que tal desfrute provoca...
Verão como encarar o período pré e pós-bodas e descobrir como tal período pode ser
extasiante... de tanta diversão.

Capítulo 01

— Já havia dito a papai que não fizesse muitas ilusões, que não acreditava que lorde de
Montfault estivesse disposto a me aceitar como noiva, mas não me escutou.
Kade ouviu aquelas palavras enquanto despertava e abria lentamente os olhos.
Encontrou-se olhando o que deviam ser as cortinas estampadas de uma larga cama. O material
parecia bastante escuro, mas o quarto também parecia estar às escuras, unicamente iluminada pelo
tremeluzir das chamas do fogo que oscilava por todo o quarto desenhando luzes e sombras.
Kade deduziu que devia ser de noite, e que estava... em alguma parte. Não estava seguro de
onde exatamente. Tinha a esperança de que fosse o castelo Stewart, o lar de seu clã na Escócia, mas a
mulher que falou tinha um sotaque inglês bem definido como Kade notou quando ela continuou.
— Ai! Papai simplesmente não vê o que os outros veem quando me olham.
Aquelas palavras foram ditas com uma combinação de exasperação e tristeza que atraiu seus
curiosos olhos até a imprecisa figura sentada junto à cama, uma mulher, sem dúvida.
Não é que pudesse vê-la o suficientemente bem para estar seguro, mas a voz era sem dúvida

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Devil of the Highlands 03

feminina, suave e com um toque rouco.


Era tranquilizadora e gostava bastante de escutá-la, o que era algo bom já que parecia que
estava falando com ele. Pelo menos, não havia ninguém mais no quarto a quem pudesse dirigir-se.
— Temo que me vê através dos olhos de um pai e simplesmente não percebe o quanto feia e
pouco atraente que sou. Suponho que todos os pais acreditam que suas filhas são adoráveis.
Algo que é bonito e está bem, mas às vezes também desejaria que me visse como sou
realmente. Talvez assim não se tomaria tão a sério as rejeições. Odeio decepcioná-lo.
Kade fechou os olhos um momento, esperando que sua visão clareasse o suficiente para ver o
rosto da jovem, mas se sentia tão bem e tranquilo ao tê-los fechado que se sentiu pouco disposto a
voltar a abri-los.
Decidindo que os deixaria fechados no momento, ficou quieto e simplesmente a escutou falar,
deixando que sua voz deslizasse sobre ele como um doce bálsamo.
— Estava esperando que com você e com meu irmão aqui, papai se esquecesse de seus esforços
em me buscar um marido. Cansa-me que me faça desfilar diante dos lordes como um cavalo
inestimável, especialmente quando todos me acham tão deficiente. Não é que me importem muito as
rejeições, mas alguns são um pouco mal educados quando o fazem.
Montfault inclusive teve a coragem de dizer em alto e bom som que não se casaria com o feto
do Diabo.
A jovem soltou um pequeno suspiro, e murmurou:
— Já basta deste tema, que sem dúvida é bastante triste. — Houve um curto silêncio e logo
depois de má vontade disse: — Embora não estou segura do que outra coisa vou falar. Já contei todas
as histórias que me ocorreram, e certamente os detalhes de minha vida aqui em Mortagne não são
muito interessantes. Temo que minha vida foi muito séria e aborrecida comparada com as aventuras
que você e Will devem ter desfrutado juntos. Sem dúvida, qualquer tema que escolha o matará de
aborrecimento.
Ah, pensou Kade. Então estava no lar de Will, no norte da Inglaterra. Bom, ao menos isto
eliminava aquela incógnita. E a jovem dissera antes que esperava que seu pai esquecesse seus
esforços de casá-la agora que ele e seu irmão estavam em casa. Isso significava que era a irmã de Will,
Averill. Will falou com frequência da moça aqueles últimos três anos, e as histórias nunca falharam
em arrancar de Kade um sorriso e se perguntar sobre a jovem.
Agora se fazia inclusive mais perguntas. Nessas histórias, Will nunca contou nada que pudesse
explicar por que os homens recusavam casar-se com ela. E o que era aquela tolice de que a
chamassem o feto do Diabo? Pelo que ele sabia o pai de Will, lorde Mortagne, era um homem
respeitado e querido. De repente Kade sentiu curiosidade por ver como era ela e por que estava
sofrendo aquelas recusas de que falava.
Entretanto, parecia que não estava destinado a descobri-lo naquele momento, Pois quando

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abriu os olhos de novo viu que sua visão não tinha melhorado. Tudo o que Kade pôde ver foi uma
figura imprecisa sentada junto à cama, inclinada sobre algo que estava no colo. Parecia ser de
pequena estatura, vestida com roupas escuras e seu cabelo brilhava com um ardente laranja à luz do
fogo.
A frustração cresceu nele, piscou várias vezes, mas não serviu muito, assim fechou os olhos
outra vez com resignação.
— Já sei! — exclamou ela de repente. — Contarei histórias de minha travessa infância.
Pôde escutar a irônica diversão em sua voz e quase abriu os olhos para voltar a tentar ver sua
expressão, mas parecia muito esforço, assim não se incomodou e simplesmente ficou deitado
perguntando-se que história contaria. Kade estava bastante seguro de que Will contara todas as
histórias que existiria para contar quando estiveram prisioneiros naqueles três anos. Haviam passado
os dias trabalhando sob o ardente sol para seus captores, mas pelas noites se sentavam nas escuras
celas sem janelas e passavam o tempo falando do lar e a família. Kade contou a Will a maioria das
coisas, além de todos os detalhes de sua própria juventude e clã, e estava bastante seguro de que Will
fez o mesmo. Então se surpreendeu quando Averill começou a contar uma história desconhecida.
— Em realidade não tive uma infância tão travessa. Em sua maioria me comportava bem —
assegurou como se confessasse um pecado. — Mesmo assim, quando tinha seis anos tentei fugir...
Embora não tive muito êxito.
Aquele anúncio foi seguido de uma pequena e quase envergonhada risada.
— Verá, Will era cinco anos mais velho que eu. Era meu único companheiro de brincadeiras e
era o suficientemente bom para que não importasse que o seguisse a todas as partes. Estávamos
acostumados a brincar juntos de esconderijo e outros jogos de meninos depois que acabassem as
aulas. Mas quando eu fiz cinco anos, Will foi enviado com outro senhor para iniciar seu treinamento
como cavalheiro e eu perdi meu único companheiro de brincadeiras e meu melhor amigo.
Escapou um diminuto suspiro de tristeza diante da lembrança.
— Sentia-me muito infeliz, e de algum jeito fui malcriada porque ele era tão indulgente comigo.
Roguei a Mamãe e Papai que o trouxessem de volta para poder brincar outra vez com ele, mas
frequentemente estavam ocupados e tinham pouco tempo para consolar uma garotinha que sentia
saudades de seu irmão. Então um dia decidi que se eles não iam trazê-lo de volta, eu devia fazer o
que sempre fiz e o seguir.
Primeiro pedi ao capitão dos guardas de meu papai que por favor me levasse para ver o Will. É
obvio, ele se negou, me explicando da forma mais amável que meu papai não o permitiria. Temo que
dei um chute na canela por sua negativa. E depois corri até o quarto para chorar, e antes que as
lágrimas secassem de meu rosto decidi que teria que fugir.
Planejei-o até o mínimo detalhe em minha mente infantil. Penetrei na cozinha e surrupiei
algumas ameixas e pães-doces enquanto a cozinheira não estava olhando, depois agarrei minha

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manta favorita, pois sabia que seria um comprido caminho e poderia ter que dormir fora uma noite
ou duas, e depois me dirigi para fora. Há passagens secretas dentro dos muros de Mortagne...
— fez uma pausa e pôde ouvir a desaprovação em sua voz ao admitir. — Suponho que não
deveria contar isso. Felizmente, não esta consciente para me escutar. Mas mesmo assim...
Kade ficou tenso quando ela voltou a fazer uma pausa. Alegrou-se quando seguiu.
— Bom, de todas as formas é provável que não recorde nada quando despertar, então... As
passagens secretas passam entre os quartos e depois se unem em um túnel que termina fora dos
muros exteriores.
Sempre contavam a Will e a mim que era a maneira em que deveríamos fugir se alguma vez o
castelo fosse atacado, e assim foi como saí.
Peguei uma vela de meu quarto, acendi-a com o fogo do quarto de minha babá, a mulher era
muito velha, sempre sentia frio e nunca dormia sem o fogo aceso, nem sequer no verão — explicou
Averill antes de seguir.
— E depois enfrentei os túneis. Eram escuros e estavam sujos, com horríveis teias de aranhas e
sons estranhos. Estava segura de que havia pequenas criaturas que me atacariam a qualquer
momento.
Quase dei a volta e corri de retorno a meu quarto, mas queria voltar a ver o Will, então me
obriguei a continuar e finalmente cheguei ao final do túnel.
Uma risadinha rodou pelo ar a seu redor e ela admitiu:
— Levou uma eternidade poder abrir a porta do túnel. Entretanto consegui, e imediatamente
soprou uma leve brisa e apagou a vela, mas os túneis terminam em uma caverna, e penetrava a
suficiente luz do sol através da entrada para poder ver o caminho. Deixei ali a vela e arrastei minha
manta atrás de mim até sair ao ar livre.
Lembro que brilhava tanto que os olhos arderam por ter passado tanto tempo no túnel, e
estava tão cansada pelo esforço que não cheguei muito longe antes de me deter sob a agradável
sombra de uma árvore e desfrutar de minha comida roubada. Planejava seguir a viagem logo que
terminasse de comer, mas toda a excitação e a comida me deram sono, assim sacudi a maior parte da
sujeira e teias de aranhas que a manta reuniu em minha travessia e me aconcheguei sob a árvore para
dormir. E aí foi onde me encontraram.
Suponho que houve uma boa animação quando perceberam que desapareci. Os criados
procuraram em cada canto e greta do castelo, e chamaram os soldados para que os ajudassem a
olhar.
Papai foi quem me encontrou sob a árvore. Dormia ruidosamente em minha suja manta, com
teias de aranhas no cabelo e manchas de sujeira em meu rosto pelo que meu pai jura que primeiro
acreditou que era alguma camponesa em vez da pequena dama que se supunha que fosse — concluiu
carinhosamente.

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Kade foi incapaz de resistir. Abriu os olhos, entrecerrando-os em um esforço de ver melhor
enquanto perguntava:
— Sentiu-se mal quando a encontraram e trouxeram de volta?
— Não. Naquele momento estava bem aliviada — admitiu com uma risada autocrítica. — Sabe,
começara a chover e fazia frio. Estava desejando voltar para o castelo e... — sua voz morreu
abruptamente e elevou a cabeça de repente, seus olhos, sem dúvida, encontraram-no. Nesse
momento sua imprecisa figura se endireitou quando ficou de pé com um grito abafado. — Está
acordado!
Kade não respondeu. Doera a garganta ao fazer a pergunta e as palavras dela não necessitavam
de resposta.
Averill se aproximou mais à cama nesse momento, mas ainda assim ele não pôde vê-la bem, e
perguntou:
— Você gostaria de beber algo? Ou... OH, deveria ir procurar Will. Esteve a seu lado em quase
todo momento e insistiu em que o fossem procurar se se mexesse. Espere aqui.
Kade elevou a cabeça para ver sua imprecisa figura sair com pressa e se sentiu frustrado por sua
incapacidade de ver bem quando suas roupas escuras se misturava com as sombras do quarto.
O tamborilar de seus passos, a porta abrindo-se e fechando-se foi a única forma em que soube
que se foi.
Voltou a se deitar na cama com uma careta e fechou de novo os olhos, perguntando-se por que
falhavam. Nunca antes teve problemas para ver. E por que não se lembrava ter chegado aí?
E a que se referiu ela quando dizia que Will esteve a seu lado em quase todo momento? O
que...?
O som da porta ao ser aberta o distraiu de suas reflexões e franziu o cenho para essa direção.
Will não podia estar longe. Provavelmente no grande salão do primeiro andar, supôs Kade,
considerando as avançadas horas que a escuridão do quarto sugeria. Entrecerrou os olhos em um
esforço inútil de ver melhor e chamou:
— Will?
— Não, é Averill — sua voz soou surpreendida ao fechar a porta, depois se aproximou depressa,
sua figura se separou do borrão geral e se transformou em um escuro espectro coroado por um
ardente cabelo quando se aproximou de seu lado. — Enviei uma donzela para que contasse a Will as
notícias e trouxesse uma bebida. Deve chegar em seguida. Têm problemas para ver, meu senhor? — a
pergunta mal abandonou seus lábios quando acrescentou: — Não fale, obviamente dói. Sem dúvida
deve ter a garganta seca. Simplesmente acene ou negue com a cabeça por agora.
Kade fez uma careta. Ela estava certa. Doía falar embora estava seguro de que uma bebida
ajudaria com isso. Preocupava-o mais de como chegou ali e por que seus olhos estavam ruins, mas
simplesmente assentiu para indicar que sim que estava tendo problemas para ver.

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— OH — ela se inclinou um pouco sobre ele, e uma espessa essência de flores e especiarias
chegou a seu nariz enquanto ela murmurava. — Will não mencionou nenhuma ferida que pudesse ter
prejudicado sua visão.
Talvez a ferida da cabeça tenha algo que ver com isso.
Endireitou-se e se virou ligeiramente quando a porta voltou a abrir-se. Kade deu uma olhada
nessa direção também para ver uma figura muito mais alta com calças escuras e uma túnica de uma
cor brilhante aproximar-se, os pés calçados com botas ressoaram no chão com cada passo.
— Will? — a pergunta escapou de seus lábios antes que Kade pudesse evitá-lo, e fez uma careta
diante do triste grunhido que produziu, sem mencionar a fricção que causou na garganta.
— Não pode ver — explicou Averill. — Talvez seja pela ferida de sua cabeça. Ou talvez os olhos
simplesmente necessitam de líquido como à garganta para funcionar bem.
Mal conseguimos fazê-lo engoli suficiente comida e líquido pela garganta nestas duas semanas.
— Sim — concordou Will, aproximando-se da cama ao mesmo tempo em que Averill se dirigia
para a porta.
— Irei ver onde está essa garota com a bebida e farei que traga também um pouco de caldo —
disse enquanto deixava o quarto.
Então Will se aproximou até abater-se sobre onde Kade permanecia deitado.
— Tem um aspecto horrível, meu amigo.
Quando Kade soltou um grunhido de desgosto diante das palavras, Will riu e se acomodou no
assento que Averill esteve usando antes.
— Alegra-me ver que por fim abriu os olhos. Temia que fosse algo que nunca mais voltasse a
ver.
— O que...? — começou a dizer Kade, mas se deteve quando Will alargou a mão para agarrar
seu braço.
— Economiza a voz. Contarei o que aconteceu enquanto estava inconsciente, pode fazer as
perguntas depois.
Quando Kade relaxou na cama, ele perguntou:
— Lembra-se de nossa viagem no navio?
Kade franziu o cenho, procurando em sua mente aquilo do que falava.
Will obviamente percebeu, porque pôde ouvir a preocupação em sua voz quando perguntou:
— Recorda que fomos capturados pelos homens de Baibar e retidos como prisioneiros durante
três anos, não é?
Kade assentiu. Esse período de sua vida era algo que não esqueceria logo. Quase três anos de
sua vida foram perdidos naquela prisão. Exatamente mil e setenta e dois dias no inferno.
Kade fazia uma conta precisa enquanto permanecia sentado na escura cela de noite, falando
com seus dois companheiros de cela: seu primo Ian e este homem, Will Mortagne. Embora Will fosse

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um inglês a quem Kade mal conhecia antes de ser capturado pelos infiéis na Cruzada, agora o contava
entre seus mais próximos e queridos amigos. Sua amizade era a única coisa boa que resultou da
experiência.
— E nossa fuga? — perguntou Will. — Recorda isso?
Kade assentiu novamente. Depois de três anos de trabalhos forçados, com o suor ardendo nas
feridas abertas de suas costas devidas aos chicotes que tanto gostavam de usar os guardas, Kade
acreditava que morreria em uma terra estranha. Havia visto suficientes homens morrer. Cada par de
dias caía outro prisioneiro, vítima da fome e da desidratação, que trabalhava até morrer e era
arrastado até que o atiravam em uma vala aberto onde jaziam outros apodrecendo.
Kade estava seguro de que ele também terminaria seus dias naquela vala comum. Mas quando
seu primo Ian caiu doente, Kade se sentiu saturado. Perdeu homem após homem naquela pestilenta
vala, mas não ia deixar que Ian também se fosse. Ele era como um irmão; cresceram juntos e Kade
estava decidido a fazer o que pudesse para salvá-lo... Ou morrer tentando.
O plano foi simples, e desesperado. De noite, depois de que os devolvessem à cela, fez que Ian
fingisse estar morto, algo que não foi difícil já que a enfermidade que o afligia o fez empalidecer como
um cadáver.
E Kade procedeu a chamar os guardas.
Vieram dois, ambos morenos e fortes, com as espadas desembainhadas. Nem sequer
examinaram Ian, só deram um olhar através das barras antes de abrir a porta e ordenar a Kade e Will
que o tirassem.
Kade agarrou os pés de Ian e Will seus braços e o tiraram fora da cela, mas no momento em que
passaram pelos guardas, Kade deixou cair os pés de Ian e enfrentou o guarda que estava mais perto.
O que fez mais fácil foi o fator surpresa. Conseguiu pegar a espada do homem e as chaves, e as
atirou a Will para que libertasse os outros. Então se encarregou do agora desarmado guarda e de seu
armado compatriota sozinho, até que os outros foram libertados e o ajudaram. Ainda custava
acreditar que tivesse sobrevivido a aqueles momentos sem que o ferissem. Mas o fez e todos
escaparam ilesos.
— E do monastério na Tunísia? — incitou-o Will. — Se lembra dos três meses que passamos ali
enquanto Ian se recuperava de sua enfermidade, eu me curava de minha ferida de espada, e todos
recuperávamos o peso e as forças?
Kade fez uma careta. Embora escaparam das celas sem feridas, a partir daí não tiveram tanta
sorte. Estavam roubando os cavalos com que fugir quando Will foi atravessado por um guarda que o
pegou de surpresa.
Uma vez que se encarregaram do guarda, Will tentou ser valente e estoico, segurando a ferida
do lado e dizendo que continuassem sem ele, mas Kade o ignorou e tomou seu tempo para enfaixar a
ferida o melhor que pôde. Foi uma ferida grave e Kade temeu perder outro amigo mais pela

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crueldade de Baibar.
Uma vez que alcançaram a segurança do monastério na Tunísia, os monges cuidaram de Ian e
Will. Ian se recuperou de sua enfermidade em uns dias, mas Will necessitou duas semanas para
recuperar-se.
Quando pôde levantar-se, passaram outros dois meses e meio recuperando as forças e
trabalhando para ganhar o dinheiro para comida, roupas e cavalos, e poder assim empreender a
comprida viagem para casa.
Custou mais de dois meses encaminhar-se ao norte, para a França. Recordava que ali alugaram
um navio com o que cruzaram o canal até a Inglaterra.
— Mas não se lembra do navio cruzando da França a Inglaterra? — perguntou Will, recordando
sua confusão anterior.
— Lembro-me — foi capaz de dizer, estremecendo-se quando as palavras rasgaram a garganta.
O navio que alugaram parecia sólido e o dia bom quando lançaram-se ao mar, mas uma
tempestade açoitou no meio do caminho, e umas ondas mais altas que o navio os envolveram. Kade
não era um covarde, mas até ele tremeu diante das poderosas muralhas de água que empurravam o
navio pelos lados. Quando por fim viram a costa diante deles, suspeitava que não era o único que
soltou um suspiro de alívio por estar tudo a ponto de acabar. Mas a mãe natureza não havia
terminado ainda com eles e, enquanto o capitão tentava conduzir o navio para o porto, este se viu
envolto em uma grande onda e sendo jogado contra as rochas.
Kade tinha uma vaga lembrança dos gritos dos homens e o relincho de pânico dos cavalos, e
depois uma dor cegadora na cabeça.
— Os homens? — perguntou, fazendo mais mal a garganta.
— Deixa de tentar falar — disse Will com exasperação, então suspirou. — Perdemos Gordon e
Parlan.
Kade fechou os olhos quando a perda o alagou. Dois homens mais que acrescentar ao resto que
perderam na louca cruzada de Edward. Dos trinta guerreiros com quem foi capturado, só restavam
Domnall, Ian e Angus.
E Will, agradeceu. Edward ordenou que o inglês os acompanhasse em sua última viagem
noturna para investigar a localização dos homens de Baibar. Essa ordem custou ao inglês mais de três
anos de sua vida... e embora Kade sentisse pela sorte de seu amigo, estava agradecido pela própria.
Sua amizade ajudou a não enlouquecer nos momentos mais difíceis.
— Mas Ian, Angus e Domnall conseguiram chegar à margem — prosseguiu Will com firmeza. —
E eu puxei seu lamentável corpo quando te encontrei de barriga para baixo na água. Os cavalos
fizeram ainda melhor, — acrescentou secamente. — Só perdemos um e pudemos reunir o resto
quando chegaram nadando à margem.
Kade grunhiu. Preferia ter perdido todos os cavalos antes que um homem mais.

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— Subi a minha montaria e viemos diretos a Mortagne. Esteve inconsciente durante quase duas
semanas e...
— Duas...? — começou a dizer Kade com incredulidade.
— Sim, duas semanas — interrompeu Will, e meneou a cabeça. — Não sei por que. Bateu a
cabeça, mas nem sequer foi uma ferida aberta. Entretanto, Averill diz que as feridas na cabeça são
assim.
Um pequeno golpe pode matar um homem, enquanto outro pode sobreviver com o crânio
aberto — encolheu os ombros. — Suponho que ela deve saber. Averill foi treinada por nossa mãe
para curar e ajudou a atender os doentes e feridos desde que era uma menina. Preocupou-se por
você como uma mamãe galinha estas duas semanas, gotejando caldo por sua garganta várias vezes ao
dia em um esforço para evitar que morresse de fome.
Também esteve falando sem parar. Averill me assegurou que manteria sua alma atada a seu
corpo, para que assim não fosse ao céu e decidisse não retornar — Will sorriu amplamente quando
acrescentou:
— Deve ter os ouvidos apitando de tanta conversa. Provavelmente recuperou a consciência só
para que se calasse.
Kade sacudiu a cabeça diante das palavras. Não lembrava de nada que não fosse o navio
partindo-se em dois. Embora fosse provável que tivesse ouvido algumas partes em sua mente, pois
sentia falta do doce tom de sua voz. Como se a tivesse convocado com o pensamento, ouviu a porta
abrir-se e o repico de passos femininos.
— Aqui estamos — a alegre voz foi acompanhada por uma rajada da essência floral e picante
que notou antes quando Averill se aproximou depressa. Sua chegada parecia ter iluminado o quarto,
sua alegria ajudava a afastar algumas das amargas lembranças que estavam ocupando seus
pensamentos. Piscando para afastar o resto, Kade viu sua escura e pequena figura aproximar-se
depressa, conduzindo o que pareciam com ao menos duas donzelas, provavelmente três, todas
carregadas com artigos que não pôde adivinhar. Esticou-se em um esforço para ver melhor, mas as
mulheres continuaram sendo borrões em sua visão, negando-se a enfocar-se.
Kade franziu o cenho com frustração e tentou levantar as mãos para esfregar os olhos.
Sentia-os arenosos, como se tivesse algo dentro, embora suspeitava que provavelmente só
estivessem ressecados, como o resto de seu corpo. Sentia a cabeça como se estivesse cheia de
algodão, a boca tão árida que nem sequer poderia conseguir produzir um pouco de saliva para
lubrificar a garganta, e a pele se sentia seca e esticada por toda parte, como quando o couro era
posto a secar.
Entretanto, eram seus olhos o que o incomodava mais naquele momento.
Não obstante, as mãos que tentava levantar para esfregar as duas irritantes órbitas se
desabaram justo onde estavam. Nem sequer tinha forças para levantá-las. Kade se rendeu com um

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pequeno suspiro.
Nunca se sentiu tão fraco e indefeso em sua vida, e não estava desfrutando da experiência.
— Will, me ajude a sentá-lo para que beba algo — ordenou Averill.
Kade fez uma careta quando o inglês deslizou um braço sob suas costas e o pôs meio sentado.
Sabia que não poderia consegui-lo sozinho, assim não protestou, mas sim simplesmente esperou que
Averill se inclinasse para frente para pressionar a bebida contra seus lábios. O líquido, suave e
refrescante, o hidromel mais doce que já provou, caiu em sua boca. O teria terminado em dois goles,
mas Averill só deu um gole, depois esperou que o engolisse antes de inclinar de novo a jarra.
— Mais — ofegou impaciente, quando o fez uma terceira vez.
— Não. Leva semanas bebendo e comendo pouco ou nada. É melhor ir devagar a princípio.
Engolindo sua impaciência, Kade sofreu seu lento e sensato proceder, e no momento em que a
taça esteve vazia, começou a pensar que ela teve razão. Embora ainda sentia sede e queria mais,
tinha o estomago perigosamente revolto.
— Que tal o estômago? — perguntou Averill enquanto deixava a taça a um lado.
Kade fez uma careta como resposta quando Will o voltou a colocar na cama.
— Acredito que então teremos que deixar o caldo de momento — decidiu ela. — Acha que pode
permanecer acordado até que Mabs o ajude a se assear? Ou deseja dormir e esperar até a próxima
vez que esteja acordado?
Kade abriu a boca para assegurar que não estava em nada cansado. Depois de tudo, acabava de
despertar, mas suas palavras foram abafadas por um repentino bocejo que ridicularizaria o que quis
dizer.
— Talvez amanhã então — disse Averill amavelmente, como se ele houvesse dito algo, e Kade
piscou sonolento enquanto acomodava as mantas e as peles a seu redor.
— Durma. Se sentirá melhor pela manhã.
— Deveria sentir-se cansado tão cedo? — perguntou Will, enquanto Kade sentia que seus olhos
começavam a fechar-se. — Acaba de despertar.
— Provavelmente ficará mais tempo acordado da próxima vez, mas durante um tempo se
cansará com facilidade. Surpreende-me que conseguiu ficar o suficientemente acordado para beber
todo o hidromel.
A voz de Averill soava suave e tranquilizadora para os ouvidos de Kade, balançando-o em um
estado semi-adormecido. Em realidade não queria dormir, mas sua mente e seu corpo pareciam ter
outras ideias e o suave murmúrio de suas vozes não foi suficiente para mantê-lo acordado.

Capítulo 02

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **
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Averill despertou com o sol que entrava em torrentes pela janela e um sorriso no rosto. A
princípio, não estava segura de por que estava tão feliz. Teve poucas razões pelo qual sorrir desde
que seu pai meteu na cabeça de lhe encontrar marido. A maioria das manhãs despertava sentindo só
uma taciturna resignação pelo dia que tinha pela frente, no que esperava ver-se poluída pelo veneno
da rejeição quando o último pretendente possível refutasse taxativamente a possibilidade de casar-se
com ela e fosse em busca de pastos mais verdes. Não é que tivessem sido muitos homens até esse
momento, admitiu Averill para si mesma. Só foram três, mas pareciam pelo menos trinta já que suas
reações foram tão dolorosas. Nunca sabia quando chegaria o seguinte, assim que a maioria dos dias
despertava temendo que esse seria o dia.
Entretanto, Averill não notava o terror de sempre aquela manhã. De fato, sentia-se plena de
felicidade e bom humor enquanto contemplava as bolinhas de pó dançar no feixe de luz que entrava
através das persianas abertas de sua janela. Tomou um momento para pensar naquilo, perguntando-
se o que povoou seus sonhos para fazer que despertasse tão feliz, mas então se lembrou de que Kade
despertou a noite anterior.
Ansiosa por ver como ia aquela manhã, Averill se sentou e colocou as mantas e peles a um lado
para saltar da cama. Correu até um dos dois baús colocados contra a parede, abriu-o de repente e
começou em seguida a revolvê-lo em busca de uma regata limpa. Normalmente aquilo era algo que
fazia sua donzela por ela, e, se tivesse esperado pacientemente, Bess também o faria esse dia, mas
simplesmente não podia esperar. Averill passou duas semanas cuidando do amigo de seu irmão, Kade
Stewart. Will declarou que o homem estava inconsciente quando o tirou da água, e assim continuou,
sem mover-se nem sequer quando cavalgaram até Mortagne. O homem estava ensopado e ardendo
pela febre mas quieto como um morto quando chegaram; mas mesmo depois de que a febre baixou
no segundo dia, não se moveu, e Averill começou a preocupar-se. Em outras ocasiões viu casos onde
a pessoa doente ou ferida caía em um profundo sono e simplesmente não voltava a despertar.
Apenas murchavam em suas camas enquanto seus seres queridos permaneciam impotentes.
Embora Averill assegurou a Will que isso não aconteceria, agora que Kade estava acordado
podia admitir, ao menos para si mesma, que temeu que esse poderia ser o resultado.
Mesmo assim, fazia o que podia para evitá-lo: alimentando-o com colheres de caldo várias vezes
ao dia para evitar que morresse de sede ou fome, ajudando a lavá-lo e girando-o cada dia para evitar
que desenvolvesse irritações na pele que pudessem infeccionar, e falando sem parar para que
soubesse que não estava sozinho.
Não fazia nem ideia se seus esforços ajudaram ou se simplesmente não chegou sua hora, mas
Kade estava vivo e acordado, e Averill sentia que ao menos podia ficar com uma parte daquele feliz
resultado.
Agora o que queria era ver como estava o paciente e assegurar-se de que não tornou a cair em

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Lynsay Sands
Devil of the Highlands 03

um sono antinatural de novo.


— OH! Esta acordada.
Averill ficou de pé quando sua donzela, Bess, entrou no quarto. A mulher era vinte anos mais
velha que ela, tinha o cabelo marrom claro grisalho e uma figura esbelta.
Levava uma bacia de água e um pequeno pano, percebeu Averill, mas os ignorou e disse:
— Sim. Me ajude a me vestir. Vou ver Kade.
— Agora é Kade? — perguntou Bess enquanto deixava a bacia sobre o segundo baú e se
aproximava de Averill.
Averill se sentiu avermelhar diante do tom seco da donzela. Recordava que não tinha direito de
ser tão familiar com o lorde escocês, mas depois de duas semanas de contar tudo o que ocorria
enquanto permanecia adormecido e curando-se na cama, Averill sentia como se o conhecesse. Bom,
por isso e por todas as histórias que Will contou sobre ele quando se unia a ela pelas tardes em sua
constante vigília.
Seu irmão contou muitas histórias sobre sua captura e a prisão enquanto os dois se sentavam
junto à cama de Kade, e era óbvio que Will forjara uma forte amizade com o escocês.
Também era evidente que tinha muito boa opinião do homem... Como à própria Averill depois
de tudo o que soube dele.
Só podia admirar e apreciar a maneira em que Kade ajudou Will a manter o ânimo durante seu
período de escravidão. O escocês era também a única razão pela qual agora seu irmão era livre, pois
Kade planejou e levou a cabo a desesperada fuga por si só. Também arrastou seu irmão até os
monges quando esteve ferido, salvando de novo a vida de Will. Sim, Kade Stewart era um homem
bom e honorável, um bom amigo de seu irmão.
Averill foi arrancada de seus pensamentos quando repentinamente Bess arrebatou a regata de
suas mãos e a pôs a um lado.
— O que...?
— Deve se assear como todas as manhãs, depois poderá vestir e seguir com o dia. Seu escocês
pode esperar — disse Bess firmemente enquanto a conduzia para a bacia e o pano que estavam sobre
o baú.
— Não é meu escocês — disse Averill, consciente de que o calor ruborizou suas faces diante das
palavras. Entretanto, sabendo por experiência que Bess não era alguém com quem brigar, não se
incomodou em tentá-lo.
Agarrou o limpo pedaço de tecido que a donzela trouxe, afundou-o na água e começou a se
lavar com rapidez.
Satisfeita, Bess voltou atrás para recolher a regata que havia tirado, e então procurou um
vestido apropriado para o dia que tinha por diante.
Averill a ignorou enquanto se lavava apressadamente.

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Lynsay Sands
Devil of the Highlands 03

Bess estava ali esperando-a quando terminou e a ajudou a vestir-se, suas ações foram tão lentas
que Averill teve que conter-se para não dizer que andasse depressa.
Quando estava preso o último laço, soltou um sonoro suspiro de alívio e imediatamente correu
para a porta.
— Seu cabelo — ladrou Bess, fazendo-a deter-se.
Suspirando com impaciência, Averill deu a volta e permitiu que a mulher se preocupasse com
seu cabelo, considerando-o um terrível incômodo. Deu golpes impaciente com o pé enquanto
esperava.
— Pronto — disse por fim Bess. — Agora pode ir e tomar o café da manhã.
— Vou ver como está Kade — disse Averill enquanto ia para a porta.
— Bem poderia tomar o café da manhã primeiro — disse Bess firmemente. — Seu irmão e os
três escoceses estão com ele. Não vão apreciar sua presença neste momento.
— Então está acordado? — perguntou Averill, detendo-se com a mão na porta e olhando para
trás.
— Sim. O moço despertou de novo ao amanhecer e Mabs se ocupou dele. Providenciou água e
alimento, assim como um banho.
— O que Mabs lhe deu de comer? — perguntou preocupada Averill.
— Caldo, como você ordenou — assegurou Bess, e acrescentou secamente: — embora diga que
ele queria algo mais sólido na barriga e que armou um pequeno alvoroço.
— Provavelmente seu estômago ainda não aceitaria comida sólida — disse Averill franzindo o
cenho.
— Isso é o que Mabs disse. O homem não acreditou até que o caldo e o hidromel tentaram
escapar pela garganta. Então se acalmou e deixou de pedir comida de verdade.
Averill assentiu, em nada surpreendida ao escutar aquilo. Conseguiu fazer descer um pouco de
fluídos pela garganta de Kade desde que chegou, mas era difícil alimentar a um homem inconsciente.
Depois de uma semana com pouco mais que uns poucos goles de líquido, inclusive uma xícara
de caldo ou hidromel sentaria pesado ao estômago.
— Assim — disse Bess, atraindo outra vez sua atenção, — desça e coma enquanto ele termina
de falar com seus homens. Depois pode ir vê-lo.
— Sim.
Averill suspirou e abriu a porta.
De verdade queria ver por si mesma que estava acordado e bem, mas sabia que Bess estava
certa e sua presença não seria bem-vinda. Sem dúvida Kade tinha instruções que dar a seus homens,
mensagens que enviar a seus familiares para deixar saber que estava vivo e bem, e coisas assim. Will
contou que Kade tinha uma irmã chamada Merry, dois irmãos e um pai, e não tinha dúvidas de que
todos estariam preocupados com seu bem-estar. Certamente ela se preocupou com Will depois de

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Lynsay Sands
Devil of the Highlands 03

não ter notícias dele em mais de três anos desde que se uniu à cruzada de Edward, e se sentiu
transbordante de alegria quando ele cruzou o pátio de Mortagne fazia dois meses.
Quando Averill desceu as escadas viu que o grande salão estava abarrotado de gente que ia e
vinha. As mesas estavam cheias de pessoas tomando o café da manhã, os criados se moviam depressa
por todos os lados com comida e bebida, e o ar zumbia com as conversas.
Averill se acomodou no assento junto a seu pai, oferecendo um sorriso e um "bom dia" em voz
baixa enquanto um criado se apressava a oferecer hidromel e um pouco de pão e queijo.
— Bom dia, garota — a saudou alegre seu pai. — Ouvi que o escocês está acordado e bem.
— Sim.
Averill sorriu ligeiramente enquanto bebia.
A noite anterior, quando por fim Kade despertou, era tarde, e a maioria estava deitada ou a
ponto quando ela foi procurar uma donzela para que levasse as notícias a seu querido irmão.
Presumivelmente seu pai era um dos que já havia se retirado.
— Curou-o e cuidou muito bem. É uma boa garota, Averill. Um homem teria muita sorte de te
ter como esposa. Qualquer um teria sorte de te ter, e entretanto se afastam de você como
perseguidos pela peste.
Averill suspirou diante da perplexidade na voz de seu progenitor. O homem de verdade não o
entendia, e ela sentia profundamente sua decepção. Clareou a garganta e disse em voz baixa:
— Tenho o cabelo vermelho, pai. Muitos acreditam que é um símbolo do demônio, de um
temperamento feroz, de promiscuidade ou de...
— Ora! — interrompeu impaciente lorde Mortagne. — Superstições estúpidas. Sua mãe tinha a
mesma cor de cabelo e sempre foi uma esposa doce e completa.
Nem sequer olhou nunca a outro homem e sem dúvida não era malvada ou tempestuosa nem
nada dessas tolices.
— E além disso tenho esta marca na face — continuou Averill, decidida a fazer ver o que os
outros viam. — Alguns acreditam que isso também é a marca do diabo.
— É uma pequena marca de nascimento — protestou ele com desgosto. — Não é maior que
uma ervilha. É pouco visível.
Averill não discutiu com ele, mas sim simplesmente assinalou sua falta final, ao menos a única
outra que se atrevia a admitir diante dele.
— Gaguejo quando estou nervosa e por isso soou como uma tola e sempre estou nervosa
quando conheço os homens com os que quer que me case.
— Sim, fica assim — concedeu ele com um suspiro, aparentemente sem argumentos com os
que rebater aquilo, então assinalou com irritação. — Mas não gagueja quando está com a família ou
os amigos.
— Não — Reconheceu ela. — Não fico nervosa ou coibida com eles.

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Devil of the Highlands 03

— Então talvez se pensasse nesses homens como amigos e não como pretendentes...
Sua voz começou a apagar-se quando viu sua expressão dúbia, mas se repôs e sugeriu:
— Então possivelmente poderia estar mais relaxada quando chegarem e assim não gaguejaria.
— Como?
Seu pai considerou a pergunta por um breve instante, alargando a mão inconscientemente em
busca de sua bebida. Elevou-a, mas de repente se deteve e olhou o aguado uísque que tanto gostava.
Abriu os olhos como pratos, elevando as sobrancelhas na enrugada testa, então ofegou com
segurança:
— Graças à bebida!
— A bebida? — repetiu ela surpreendida.
— Sim. A bebida sempre faz que os homens falem mais e estejam mais alegres. Por que não ia
funcionar com você?
— OH, papai — começou ela com horror, mas a ideia já havia entrado em sua mente, e não
admitiria discussão. Averill não acreditava que sequer escutasse seus protestos enquanto seguia
falando.
— Tentaremos da próxima vez. Pensarei em quem abordar, depois você beberá um copo ou
dois de nosso melhor uísque no momento em que chegue, antes que se encontrem, então... — de
repente ficou de pé.
— Vou olhar a lista que me enviou Nathans de homens que perderam ou nunca tiveram uma
prometida e escolherei os melhores para tentá-lo. OH, é uma ideia brilhante. Só desejaria tê-lo
pensado antes.
Averill observou horrorizada a seu pai enquanto este se afastava com pressa para procurar a
carta de seu amigo Nathans. A excitação de seu pai e senhor parecia igualar a sua própria
consternação.
Aquela era a pior ideia que jamais teve. Fazê-la beber para acalmar seus nervos quando se
encontrasse com outro desses homens altivos? Sem ter bebido nenhuma gota precisava controlar-se
para não bater neles quando a tratavam tão mal ao vê-la. Com suas inibições reduzidas pela bebida,
era provável que se abandonasse a esse temperamento que tanto custava ocultar e fazer algo dessa
espécie.
Averill deixou cair o pedaço de pão que pegou. Não fazia nem ideia de se todas as ruivas tinham
caráter como dizia a superstição, mas sem dúvida ela e sua mãe o possuíam.
Entretanto à mãe de Averill, Margaret, a ensinaram desde o berço para que não deixasse que
seu temperamento reinasse sobre ela e conseguiu mantê-lo a raia com severidade toda sua vida.
Até seu marido, o pai de Averill, ignorava o temperamento de lady Margaret. Lady Mortagne
também insistiu em que Averill fizesse o mesmo desde temprana idade... E ela o fez.
Como a sua mãe, Averill controlava seu caráter. Inclusive quando o último pretendente a

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desdenhou na cara dizendo que nunca se casaria com uma diabinha ruiva com a marca de Satã no
rosto e que carecia dos miolos que Deus deu à maioria das pessoas, Averill manteve a raia seu
caráter.
Não cuspiu-lhe na cara nem cravou as unhas nas faces como desejava. Mordeu a língua,
literalmente, sorriu com doçura e subiu diretamente a seu quarto.
Ali se obrigou a se deitar e olhar o teto até que o desejo de uivar e lançar coisas passou e
recuperou o controle de si mesma.
Entretanto, o álcool poderia muito bem roubar o controle e revelar a todos que em realidade
tinha o caráter que se associava às ruivas, e que embora se comportasse como devia e apresentava
uma doce disposição ao mundo, frequentemente queria chutar às pessoas nas canelas e fugir... Ao
menos por um tempo.
Averill fez uma careta quando o pensamento a fez recordar a única vez que perdeu as
estribeiras, o dia em que chutou ao capitão da guarda na canela porque não quis levá-la até seu
irmão, e depois fugiu, literalmente.
Foi a única vez que demonstrou seu caráter. Foi então quando sua mãe começou a campanha
para que Averill controlasse seu gênio.
Mordeu o lábio e lançou uma olhada às escadas que conduziam ao corredor do segundo andar,
de repente perguntando-se quanto daquela história foi capaz de ouvir Kade.
Acreditou que estava dormindo ou de outra forma nunca o diria, mas então fez a pergunta...
Naquele momento ela se sentia tão surpreendida e feliz de saber que saiu daquele sono antinatural
que nem sequer considerou que tivesse escutado a história sobre essa raiva infantil. Entrou em
pânico sobre o tema brevemente mas depois afastou aquela preocupação a um lado. Toda Mortagne
conhecia o incidente e não davam importância. Somente sua mãe o reconheceu como a
demonstração do terrível temperamento que tinha sua filha, e em seguida entrou em ação para
assegurar-se que Averill aprendesse e o mantivesse sob controle.
Moveu o olhar quando Will apareceu na parte superior das escadas. Distraída de suas
preocupações pelo plano de seu pai, Averill mal notou os três escoceses atrás dele.
Quando os homens começaram a descer as escadas, sentiu que um sorriso curvava os lábios.
Esquecido o café da manhã, ficou em pé e foi para as escadas. Agora poderia ir dar uma olhada em
Kade.
— Feche os olhos.
Kade olhou à mulher, Mabs, com o cenho franzido e moveu a mão com impaciência para que se
fosse.
— Estou bem. Me deixe.
— Dói a cabeça, não é? Isto ajudará — espetou, afastando suas mãos.
Conseguiu com tanta facilidade como se eu fosse um bebê, pensou Kade amargamente, e

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considerando quão débil estava, era uma descrição adequada. Embora essa manhã estava um pouco
mais forte e ao menos pôde levantar as mãos, ainda estava o suficientemente fraco para não ser
capaz de afugentar à mulher.
Aquilo era um gole amargo para um soldado como ele, reconheceu, enquanto ela se inclinava
para frente com um pano úmido e fresco na mão.
Kade franziu o cenho, mas fechou os olhos antes que ela o colocasse sobre eles. A forte luz do
sol que se derramava através das janelas abertas foi bloqueada imediatamente, e suspirou de alívio
quando a fresca umidade encharcou a pele ao redor de seus olhos, aliviando um pouco da dor que
apareceu enquanto estava falando com seus homens e com o Will.
— Sente-se melhor, não é? — desafiou-o a velha bruxa.
Quando Kade simplesmente grunhiu, ela riu com diversão, o som era o mais parecido a um
cacarejo como jamais ouviu. Fez desejar outra vez que Averill estivesse ali.
Quando despertou ao romper a alvorada, Kade não se sentiu muito agradado ao descobrir à
velha arpía junto a sua cama em vez da irmã de Will. Enquanto que a voz de Averill foi suave e
calmante, a da mulher era incômoda e afiada, e seus cuidados estavam muito longe de serem gentis.
O sacudiu como um pedaço de carne quando foi asseá-lo e o fez rodar para trocar a roupa da cama.
A experiência foi desagradável e humilhante para um homem que estava acostumado a se
arrumar por si mesmo, e estava bastante seguro de que se estivesse ali Averill para ocupar-se
daquelas tarefas, teria sido uma odisseia totalmente diferente.
Mas ainda pior que isso foi que depois de tudo, a mulher só lhe permitiu comer caldo e
hidromel. Kade queria mantimentos sólidos. Desejava começar a recuperar sua força.
Mas quando o disse ela só anunciou que lady Averill ordenou que ainda não podia comer
comida sólida. Aparentemente, a donzela era leal a Averill e suas ordens.
Certamente, nenhuma de suas queixas ou demandas fez ir contra tais ordens.
O som da porta ao abrir-se captou sua atenção e Kade quase conteve o fôlego enquanto
esperava ver quem era. Um pequeno sorriso de alívio adornou seus lábios quando cheirou a
especiarias e flores e ouviu a suave voz de Averill saudar Mabs. O leve som de seus passos foi a
seguinte coisa que escutou.
— OH, Deus — exclamou, soando como se estivesse justo junto a sua cama. — A que vem a
compressa fria? Ainda o incomodam os olhos, Mabs?
— Nay — disse em seguida Kade, mas o suave grunhido foi abafado pela voz de Mabs dizendo...
— Sim. Depois de ficarem fechados tanto tempo, não se estão ajustando ainda à luz. Mantenha
posta a compressa hoje tanto tempo como possa. Isso ajudará a que melhore mais rápido.
Kade franziu o cenho ao escutar Averill murmurar seu acordo, depois escutou como as mulheres
iam para a porta. Estavam falando em voz baixa, mas depois de um momento ficaram em silêncio, e
se ouviu o som da porta ao abrir-se e fechar-se.

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— Bem — a voz de Averill flutuou sobre ele tão suave e doce como a recordava.
Houve um atenuado sussurro de tecidos ao sentar-se, e Kade sorriu e inalou o aroma que
flutuava para ele no ar. E depois ela perguntou:
— Sente-se melhor hoje?
Kade elevou a mão, tentando tirar o pano que cobria os olhos para poder vê-la, mas ela o
agarrou e obrigou a baixar a mão à cama.
— É melhor deixar a compressa por agora. Pode ajudar a que sua visão se recupere mais rápido
— aconselhou.
Por muito suaves que fossem as palavras, havia aço atrás delas e a maneira em que segurou a
mão foi firme antes de soltá-lo. Então deu uma palmada nela e acrescentou alegremente:
— De todas as formas, não há nada que valha a pena ver aqui, só uma cama, uma cadeira, a
lareira e um pouco de luz.
— Esta você — disse Kade suavemente e conseguiu uma suave risada com um toque irônico
nela.
— Me acredite, não vale a pena arriscar uma dor de cabeça por me ver — assegurou.
Kade franziu o cenho diante das palavras, recordando despertar com seus lamentos sobre os
esforços de seu pai por casá-la e os cruéis insultos dos homens que ele escolhera.
Fez sentir mais curiosidade por vê-la, mas por agora deixaria a compressa, esperando o
momento oportuno.
A força e a habilidade com a espada não eram as únicas razões pelas quais foi um guerreiro de
renome antes de ser capturado e preso. A inteligência era um fator importante, e, apesar de sua
enfermidade, ainda restava isso.
Kade sabia quando devia esperar o momento propício, e aquele era um desses momentos. Não
desejava fazê-la se sentir incomoda ou alterá-la, esperaria sua oportunidade, decidiu Kade e voltou
sua atenção a ela, justo quando perguntava:
— Enviou algum de seus homens com mensagens para sua família?
Quando Kade hesitou, ela acrescentou:
— Will me disse que sua mãe morreu antes das Cruzadas, mas que têm uma irmã, dois irmãos e
um pai. Ele não desejava escrever e dar falsas esperanças até que estivéssemos seguros de que se
recuperaria, mas estou segura de que devem estar desejando ter notícias suas.
A voz de Kade se esticou ligeiramente diante da sugestão. Duvidava que seu pai e seus irmãos
tivessem estado sóbrios o tempo suficiente para preocupar-se com ele nos últimos três anos, mas sua
irmã pequena era outro assunto totalmente diferente. Merry estaria preocupadíssima por ele.
— Enviei os três homens — admitiu, depois explicou. — Tinha mais de uma tarefa que pedir que
fizessem.
— Ah — disse ela, e demonstrou seu entendimento da mente masculina ao perguntar

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curiosamente: — Armaram um alvoroço ao ter que deixá-lo aqui sozinho?


Kade sorriu fracamente diante de sua inteligência, pois era verdade que se queixaram por deixá-
lo em Mortagne sem ninguém que cobrisse suas costas. Considerou negá-lo, mas decidiu dizer a
verdade.
— Aye, queixaram-se como virgenzinhas, insultando seu irmão em demasia, mas me mantive
firme e insisti em que se fossem — depois acrescentou, com uma careta.
— Não necessito que fiquem a meu redor enquanto me recupero e estou a salvo aqui no lar de
Will. Confio nele.
— E ele em você — disse Averill suavemente.
Kade assentiu em silêncio, sem duvidá-lo nem um minuto. Tiveram que aprender a confiar um
no outro durante seu período de escravidão. Foi como sobreviveram, guardando as costas um do
outro.
Ele, seus homens e Will não eram os únicos prisioneiros naquela prisão. Houve outros,
moradores antigos dos povoados e cidades que Baibar arrasou. A maioria da população foi
assassinada, disseram, mas alguns foram retidos como mão de obra para seus novos "donos", homens
aos que não davam mais que um pouco de papa e verduras podres, e os fizeram trabalhar
literalmente até a morte sob o ardente sol do deserto.
Querendo que estivessem fracos e maleáveis, a comida nunca foi suficiente para todos, e os
homens foram assassinados por seus próprios companheiros da prisão só por um pedaço de pão ou
um pouco de água.
Mas o número de mortos nas desesperadas mãos de seus próprios companheiros não era nada
comparado com os que foram golpeados e obrigados a trabalhar até morrer. Kade deixou de contar
em seguida os homens que morreram sob o sol abrasador.
— Will disse que a fuga foi seu plano.
Ele sorriu sarcasticamente mas não contou que o plano ocorreu de repente, e que seu único
lamento era que não tivesse ocorrido antes. Se tivesse ocorrido, muitos de seus homens ainda
estariam vivos.
— Will também me contou que tirou as chaves e ordenou que deixasse sair ao resto dos
homens, depois se encarregou de ambos os guardas só com a espada roubada enquanto ele fazia o
que ordenou, continuou Averill com voz suave.
— Isso foi muito valente.
— Isso foi desespero — a refutou secamente e admitiu. — Depois do tempo que havíamos
passado na prisão, não estava em forma para lutar contra dois homens sozinho.
— E entretanto o fez — refutou Averill simplesmente.
Kade encolheu os ombros na cama, seu ego não permitia explicar que foi a simples sorte o que
ajudou naquele momento. Antes de ser capturado e passar fome durante três anos, teria podido

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encarregar-se de três homens ou mais sem pensar nem preocupar-se... E ter saído vitorioso, mas
sabia que foi unicamente a inconstante mão do destino a que o ajudou a sair com vida de sua fuga.
Se Will não tivesse conseguido libertar os outros de suas celas com tanta rapidez como o fez
para que o ajudassem na luta, sem dúvida todos estariam mortos agora mesmo.
De repente o reclamou um bocejo, estirando a boca até que quase foi doloroso e elevou uma
mão para cobrir empurrando a compressa para cima ao fazê-lo.
Quando terminou de bocejar, deixou cair a mão de novo na cama sem colocar bem o pano e
murmurou uma desculpa por sua grosseria.
— Descanse — disse Averill, ficando em pé e inclinando-se para frente para colocar bem a
compressa. Ao fazê-lo, Kade captou um breve vislumbre de seu rosto, então a compressa esteve de
novo em seu lugar e ela murmurou:
— Dormir é o melhor remédio agora. Poderemos falar mais depois... Ou talvez possa ler para
ajudar a passar o tempo.
Kade não disse nada enquanto a ouvia voltar a colocar-se em seu assento. Tinha a mente cheia
de confusão nesse momento. Despertou naquela manhã para descobrir que sua visão havia
melhorado muito.
Sem dúvida se devia aos líquidos que consumiu. Sua visão quase era normal e o rosto que
acabava de ver era bonito. Não excepcional, mas certamente nada do que afastar-se com desgosto.
O que o deixou um pouco desconcertado e bastante zangado em nome da moça. O que
acontecia com estes ingleses para recusar uma mulher tão doce como Averill?
Perguntou adormecendo, então pensou que a resposta podia estar na pergunta. Eram ingleses.

Capítulo 03

A seguinte vez que Kade despertou, descobriu que Averill se fora e Will estava sentado a seu
lado.
— Graças a Deus que está acordado. Acreditava que ficaria louco pelo aborrecimento.
Kade levantou uma sobrancelha diante das palavras irritadas e girou a cabeça para ver melhor
seu amigo, sua face se elevou contra a compressa quase seca que agora estava sobre seus olhos.
Estirou uma mão tremula para pegar a coisa e imediatamente Will se inclinou para frente para
arrebata-la, depois ficou de pé e se dirigiu para a bacia sobre um baú perto da cama para molhá-la
outra vez.
— Vim para te dizer que Domnall, Ian e Angus partiram, mas você estava dormindo. Antes que
pudesse partir, Averill insistiu em que devia me sentar e te vigiar enquanto ela descia para a refeição

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do meio-dia.
Trará alguma coisa de comer quando retornar.
— Não necessito que me vigiem. Agora estou bem — grunhiu Kade, e franziu o cenho ante quão
rouca era ainda sua voz.
— Sim, pois esteve tão doente que tememos te perder. Suspeito que Averill se preocupará até
que volte a se pôr de pé.
Kade grunhiu diante da possibilidade, e agitou a mão fracamente para que se afastasse quando
seu amigo se aproximou para colocar o pano úmido sobre seus olhos.
— Já não o necessito.
Will vacilou.
— Averill insiste em que sim. Diz que sofre dor de cabeça.
— Já não — assegurou Kade, embora um leve palpitar ainda perdurasse nas bordas de sua
consciência. Era muito leve então se arranjaria sem o pano.
— Hmm.
Quando Will ficou ali, se debatendo entre escutar Averill ou a ele, Kade tentou distraí-lo
formulando a pergunta que o incomodou em sonhos.
— Por que esses homens que seu pai traz recusam Averill?
Will arqueou as sobrancelhas com força e a mão que sustentava a compressa caiu a um lado
enquanto considerava a pergunta. Kade viu a irritação marcar suas feições e esperou pacientemente.
— Seu cabelo é parte do problema — disse Will por fim.
— Que demônios está errado com seu cabelo? — perguntou Kade com assombro.
— Suponho que realmente não o viu, mas seu cabelo é laranja — informou ele com uma careta
que sugeria que isto era algo menos que desejável.
Kade franziu o cenho diante da descrição. A rápida olhada que conseguiu de Averill mostrou um
adorável cabelo comprido de mechas loiras e vermelhos acesos que formavam uma massa de cabelo
flamejante, gostou muito. Não era laranja.
— Acredito que está bem — acrescentou Will. — É até bonito com certa luz, mas seu cabelo
vermelho, sobre tudo o laranja avermelhado, não é muito popular entre os ingleses. Existem algumas
superstições, que é uma marca do diabo e bla, bla, bla —Movia a mão enquanto falava, golpeando
inconscientemente o pano úmido que sustentava na mão contra uma de suas pernas em um sinal
repetido de irritação.
— E depois tem a marca de nascimento em sua face, que os supersticiosos também consideram
como um sinal do diabo.
Kade franziu o cenho enquanto sopesava a rápida imagem de Averill que vira. Havia uma marca
vermelha em sua face, um ponto muito pequeno, vermelho, em forma de morango que qualquer um
poderia confundir com uma covinha. Com muita dificuldade algo que uma pessoa razoável

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confundisse como uma marca do diabo, mas aprendeu fazia muito tempo que a superstição
raramente era razoável.
— E depois, gagueja — acrescentou Will com um suspiro, atraindo o olhar do Kade para ele.
— Gagueja? — perguntou com surpresa.
— Sim. Não notou? — perguntou, mostrando um pouco de surpresa própria.
— Não gagueja quando fala comigo — assegurou Kade.
— Ah sim? — perguntou Will com interesse repentino, a mão que sustentava a compressa ficou
quieta. — É estranho. Embora Averill não gagueja com a família e amigos, sempre o faz quando está
em companhia de estranhos, ao menos até que os chega a conhecer e se sente cômoda com eles.
— Hmm — murmurou Kade.
— Talvez não gagueja com você porque ainda não a viu — sugeriu Will. — Se for isso,
demonstraria o que sempre suspeitei.
— E o que é que sempre suspeitou? — perguntou Kade.
— Que fica tímida, coibida e gaga quando fala porque sente vergonha de seu aspecto — disse
Will, então calmamente admitiu. — Quando era menina sofreu terríveis zombarias por seu cabelo e
marca de nascença.
Tantas que começou a evitar as outras crianças e brincar só comigo — suspirou e deu a volta
para pôr o tecido úmido na bacia de água sobre o baú.
— Se isto for verdade, não há dúvida de que o abandonará aos ternos cuidados de Mabs e te
evitará uma vez que descubra que pode ver bem outra vez.
Kade fechou a cara, em nada agradado com a ideia de ter só Mabs atendendo-o e fazendo
companhia até que se levantasse e recuperasse. Não é que planejasse permanecer deitado na cama
por muito mais tempo, mas nunca foi um bom paciente e sempre achava que permanecer na cama
forçosamente era algo extremamente incômodo.
A ideia de passar os seguintes dias unicamente com Mabs e a visita ocasional de Will para
passar o tempo não era uma perspectiva agradável.
— Me dê essa compressa — Kade estirou a mão para a recuperar quando viu carrancudo como
esta tremia fracamente.
— O que? Por quê? — perguntou Will com surpresa.
— Porque sua irmã me prometeu ler quando despertasse, e não quero que saiba que posso ver
e afugentá-la porque alguns ingleses estúpidos fizeram que sinta vergonha de seu aspecto.
Traga de volta a maldita compressa e deixemos que acredite que ainda tenho problemas com
meus olhos.
A diversão curvou os lábios de Will enquanto se movia para recuperar o tecido úmido. De costas
a Kade, perguntou com curiosidade:
— Então tudo isto é por que Mabs é extremamente mandona e mordaz? Ou por que minha irmã

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Lynsay Sands
Devil of the Highlands 03

é doce e você desfruta de sua companhia?


— Mal estive acordado o tempo suficiente para saber se desfruto da companhia de sua irmã —
assinalou Kade irritado, embora suas palavras não eram totalmente verdade.
O quarto pareceu um pouco mais brilhante as duas vezes em que esteve acordado enquanto ela
estava ali.
Mesmo a chegada de Will a noite anterior e depois as de seus homens esta manhã, não foram
tão calmantes como os poucos e breves momentos em que Averill esteve presente.
— Certo — reconheceu Will quando retornou com a compressa. — Então voltarei a fazer a
pergunta em mais ou menos uma semana e espero com muita ilusão sua resposta.
Kade simplesmente grunhiu, depois ficou rígido na cama diante do som da porta ao abrir-se.
Sem pensá-lo, deu a volta para ver quem estava entrando e captou um rápido vislumbre de Averill.
Seu cabelo estava solto e emoldurava como chamas um bonito e claro rosto enquanto entrava e
equilibrava com muito cuidado uma bandeja na mão. Sua atenção se fixou no vestido verde escuro
que ela usava, e estava notando como este ressaltava sua tez e remarcava sua curvilínea figura
quando sua visão foi obscurecida pelo pano que Will deixou cair sobre seu rosto.
— Aqui — disse o inglês em voz alta. — Estou seguro que sua visão melhorará muito em breve.
Só mantenha a compressa sobre seus olhos e seja paciente por agora.
— Ainda tem problemas para ver? — perguntou a suave voz de Averill quando a porta se
fechou. Seus passos se aproximaram da cama.
— Ainda vê impreciso — mentiu Will, soando como um bom enganador. — Mas estou seguro de
que irá melhorar quando recuperar suas forças.
— Sim. Estou segura de que tem razão — murmurou Averill, mas soava preocupada, e Kade
sentiu um momento de culpa por enganá-la desta forma. Inclusive considerou tirar a compressa e
dizer a verdade, mas então pensou na velha Mabs e a possibilidade de ver-se apanhado com ela como
única companhia entre as efêmeras visitas de Will, assim deixou que a mentira continuasse.
— Vejo que trouxe sua refeição do meio-dia — comentou Will, enquanto o aroma do que Kade
suspeitava mais caldo de frango alcançou seu nariz. Imediatamente seu estômago se contraiu,
deixando saber que tinha fome.
Entretanto, não se sentiu agradado diante da perspectiva de outra refeição líquida. Necessitava
mantimentos sólidos para recuperar suas forças e estava a ponto de dizer o quanto os necessitava
quando o outro homem acrescentou: — Pão e queijo, também? Acha que está preparado para a
comida sólida?
Kade podia ouvir a brincadeira na voz de seu amigo, mas se encontrou caindo na armadilha e
espetando:
— Estou muito preparado.
Will riu entre dentes com satisfação, o som de seus passos se afastavam assinalando que se

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dirigia para a porta.


— Então te deixarei com sua comida e irei aos campos de treinamento.
— Acompanharei-o logo — prometeu Kade.
— Estou seguro disso, amigo — disse Will e a porta se fechou, deixando o quarto em silêncio
salvo pelo farfalhar do vestido de Averill quando se aproximou da cama.
— Como está sua cabeça? — perguntou ela, a pergunta foi acompanhada por um som que ele
suspeitou que estava baixando a bandeja.
As mãos de Kade formigaram por tirar a compressa dos olhos, mas se conteve e confessou:
— Dói-me um pouco, mas não como antes.
— Então talvez possamos tirar a compressa o tempo suficiente para que possa comer —
murmurou Averill, e ele sentiu o toque de seus dedos contra o rosto quando ela alcançou o tecido.
Kade piscou quando ela o tirou e pôs de novo na bacia de água. O olhar de Kade deslizou
rapidamente sobre Averill, observando o cabelo que a tantos desgostava, movendo-se depois à marca
de nascença em sua face.
Tudo era como o recordava: uma cascata de gloriosas mechas flamejantes e um diminuto
morango em sua face. Nada que teria considerado feio ou disforme. E depois ela se virou e se deteve.
Chupando o lábio, mordiscou-o preocupadamente e perguntou:
— Pode... Pode me ver?
Kade arqueou as sobrancelhas diante da pequena gagueira e o modo em que ela levantou uma
mão como se pretendesse cobrir sua marca de nascença. Recordando a afirmação de Will de que
poderia evitá-lo se acreditasse que podia vê-la, clareou a garganta e indicou:
— Will disse que minha visão ainda é imprecisa.
— Sim — ela relaxou, seus ombros quase se afundaram com seu alívio, depois sorriu
amplamente, parecendo completamente formosa nesse momento. — Eu só acreditava... Não
importa, isso já não importa, se interrompeu, e virou-se para a bandeja de comida que havia trazido.
— Trouxe caldo e um pouco de uísque aguado, assim como um pouco de pão e queijo. Acredito que
não gosta dos líquidos, talvez pudesse tentar com um pouco de comida mais sólida depois.
— Aye — Kade suspirou com o mesmo pensamento. Preferiria tentá-lo só com os sólidos, mas já
aprendeu que seu estômago, como o resto de seu corpo, não era tão forte como teria gostado.
— Tome — virou-se para Kade com o caldo na mão, mas se deteve e franziu o cenho, pôs a um
lado e de novo virou para ele, desta vez inclinando-se. — Me deixe que o ajude a se sentar.
Kade fez uma careta diante do oferecimento de assistência, mas permitiu que o ajudasse a
sentar-se e arrumasse os travesseiros atrás dele de modo que estivesse erguido para comer.
Então Averill recuperou o caldo e o sustentou diante de seus lábios, permitindo beber a sorvos
um pouco de cada vez.
— Seus homens partiram para a Escócia — comentou ela enquanto esperava que engolisse

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antes de oferecer mais. — Só necessitaram de um pouco de tempo para empacotar tudo e ficaram
preparados.
Kade sorriu ironicamente diante da colher que sustentava contra seus lábios, sabendo muito
bem que seus homens não possuíam quase nada que empacotar. Chegaram com apenas as roupas
que vestiam depois de três anos de prisão e partiram com pouco mais. Cavalgariam até Stewart com a
mensagem de que estava a salvo, para depois fazer uma parada no lar de seu tio e recuperar seu
cofre no caminho de volta a Mortagne.
— A cozinheira empacotou um pouco de comida para a viagem — comentou Averill quando
voltou a pousar a colher de caldo contra seus lábios. — Disse que eram muito corteses para serem
escoceses.
Kade quase pôs-se a rir diante do que, estava seguro, era um insulto involuntário, mas sua boca
estava cheia com o caldo, e se controlou no último momento para impedir de cuspir toda a sopa
sobre ela.
— Sinto muito — murmurou Averill, parecendo perceber o que disse. — Só quis dizer... Bem, a
maioria dos escoceses são bruscos, taciturnos e... E...
— Está bem — disse ele rapidamente, captando a leve gagueira e tentando aliviar seu
desconforto. — A maioria dos escoceses são um bando de grosseiros... Mas Domnall, Ian, Angus e eu
fomos criados e treinados pelo pai de Ian, meu tio Simon. Embora ele é um lowlander1 sua esposa é
inglesa, e dela aprendemos nossas maneiras.
— Ah — ela sorriu insegura, clareou a garganta e perguntou: — Como está seu estômago? Acha
que pode reter comida sólida?
Kade deu uma olhada à tigela, surpreso ao ver que agora estava vazia. Ficou imóvel durante um
momento, prestando atenção a seu estômago enquanto ela colocava a tigela a um lado e dava a volta
para esperar sua resposta.
Embora o caldo que consumiu essa manhã o deixou sentindo-se cheio e até um pouco
decomposto, desta vez se sentia bem. Um pouco cheio mas sem náuseas, assim murmurou:
— Acredito que posso comer um pouco de comida sólida.
Averill sorriu e pegou o queijo e o pão da bandeja. Nesta ocasião ela também o alimentou,
cortando um pedaço de queijo, deslizando-o entre seus lábios, oferecendo um sorvo de hidromel
entre este e um pedaço de pão.
Embora desejasse comer tudo e apressar sua cura, só pôde ingerir a metade do pão e queijo
que havia trazido antes de admitir para si mesmo que estava muito cheio para comer mais.
Estava decepcionado por ter comido tão pouco, mas parecia que ela acreditava que o fez bem e
assegurou que a esse passo muito em breve retornaria à normalidade.

1
Literalmente, habitantes das “terras baixas”, tradicionalmente os considera uma classe de escoceses um pouco menos selvagem que
seus compatriotas Highlanders…

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— Deseja que leia para você? — perguntou Averill vários minutos mais tarde, quando fechou a
porta da antecâmara atrás da criada que chamou para levar a bandeja.
— Aye — disse Kade imediatamente, depois comentou com curiosidade. — Na Escócia, é raro
que uma mulher saiba ler.
— E também é na Inglaterra — reconheceu ela. — Mas como Will era meu único amigo quando
éramos crianças, seguia-o a toda parte, até na sala de aula. Quando seu professor decidiu que era
uma estudante rápida com uma mente esperta, deixou de protestar por minha presença e começou a
me ensinar — sorriu ironicamente e acrescentou: — Quando Will partiu para treinar como escudeiro
com lorde Latham, acredito que pai conservou nosso professor só para me manter ocupada.
Continuei com minhas lições durante vários anos mais e sou muito competente em inglês, latim,
francês e espanhol, assim como com as somas.
Ela se recostou em seu assento junto à cama, recolheu um velho e desgastado livro que ele não
notara sobre o baú, depois admitiu com um pequeno suspiro:
— Infelizmente, minha inteligência é outra desvantagem na busca de meu pai de um marido
para mim. Advertiu-me repetidamente que guarde meus conhecimentos para mim mesma.
Embora sabia que estava dizendo a verdade, Kade sacudiu a cabeça diante da estupidez daquilo.
Ele consideraria como algo magnífico ter uma esposa inteligente. Sua mãe teve educação apesar de
ser uma moça, e isso foi algo totalmente conveniente quando se viu obrigada a assumir a direção de
Stewart em vez de seu pai. Esse homem tinha um problema com a bebida e frequentemente estava
muito ébrio para assumir suas responsabilidades. Então ela pegou a tarefa sem protestar, e depois
procurou que sua filha Merry também fosse educada. Kade não sentia nenhuma antipatia contra uma
mulher culta.
Deixou que esse pensamento desaparecesse enquanto Averill começava a ler. Rapidamente se
fez óbvio que a história era uma que leu frequentemente e que quase sabia de cor. Não estava
surpreso.
Os livros eram um artigo caro e, embora Mortagne parecesse ser rico, duvidava que inclusive
aqui houvesse muitos livros para escolher.
Relaxando contra a cabeceira, fechou os olhos e permitiu que sua voz fluísse sobre ele. Uma
parte de sua mente desfrutava da vida que dava aos personagens e ao conto que estava contando,
enquanto outra parte se maravilhava de estar ali, seguro e cômodo em uma cama suave, bem
alimentado, com a voz doce de uma mulher que enchia seus ouvidos depois de um comprido tempo
de estar prisioneiro em uma terra estrangeira com um ventre vazio, um duro chão de pedra como
cama e pouca esperança de desfrutar de algo mais.
Poderia me acostumar a isto, pensou Kade, e sorriu fracamente para si mesmo.

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Capítulo 04

Terminando de assear-se, Averill colocou o pano úmido na bacia de água que Bess havia trazido
e deu a volta para pegar o vestido que Bess oferecia. Mas se deteve e afastou a mão quando viu o
traje que entregava.
Abrindo amplamente os olhos com horror, exclamou:
— Não!
Bess fez uma careta compassiva.
— Sim, seu pai ordenou que se vista com suas roupas mais finas.
Averill fechou os olhos, sabendo muito bem o que isto significava. Ele só ordenava que se
vestisse com seus melhores ornamentos quando ia ser exibida diante de outro possível marido.
O vestido vermelho escuro que Bess oferecia era em efeito o mais novo e o mais fino. Também
era testemunha silenciosa de suas repetidas humilhações devido a recusa de seus pretendentes.
Era evidente que seu pai estava considerando uma nova proposta de matrimônio para ela e o
pretendente chegava hoje.
Não devia estar surpreendida. Era algo que aconteceria cedo ou tarde e já havia passado mais
de uma semana desde que seu último aspirante a marido a recusou tão cruelmente.
Algo que ocorreu o mesmo dia em que Kade despertou de seu prolongado sono.
Apesar de sua contrariedade, Averill sorriu ao pensar no amigo de seu irmão. Boa parte da
semana a passou no quarto de Kade, lendo, conversando com ele, e a partir da manhã do segundo dia
depois de ter recuperado a consciência, ajudando-o a caminhar para uma das cadeiras diante do fogo
e de noite assistindo-o em seu caminho de volta, de modo que não estivesse colado à cama
permanentemente.
Kade estava muito melhor que quando despertou pela primeira vez. Já não tinha um aspecto
tão pálido e magro, e inclusive começava a falar sobre unir-se a Will nos campos de treinamento.
A única coisa que não melhorou ainda era sua visão. Embora Averill se preocupasse com a
melhoria de Kade, secretamente se sentia aliviada por este fato já que não esperava com muita ilusão
sua reação quando fosse capaz de ver corretamente outra vez. Agora mesmo não era mais que uma
voz e uma imagem imprecisa para ele, e sentia angústia pelo que pensaria dela quando a visse pela
primeira vez.
— Vamos — disse Bess reconfortante. — Não é tão mau como parece. Talvez este homem a
aceite como esposa.
Averill soltou o fôlego com um suspiro e permitiu que a criada a ajudasse a vestir-se. Bebesse ou
não bebesse, duvidava que esta ocasião terminasse em algo diferente a recusa, mas já que seu pai se
deu ao incômodo de trazer o homem até aqui, supunha que teria que suportar outra humilhante

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inspeção e a conseguinte rejeição de seu novo pretendente.


Kade se apoiava na borda da cama quando a porta se abriu repentinamente. Detendo-se, girou
a cabeça com ar de culpa para ver quem entrava. O alívio o embargou quando comprovou que era
Will.
— Está se exercitando! — exclamou seu amigo com assombro enquanto fechava a porta do
quarto com um empurrão e o cruzava. — Desde quando?
Kade fez uma careta, mas deslizou para fora da cama. Soltou a cabeceira quando seus pés
tocaram o chão e confessou:
— Esta é a terceira manhã que o faço — confessou incomodado. — Embora a primeira vez nem
sequer fui capaz de me manter de pé.
— Hmm — Will assentiu muito sério. — Perdeu uma considerável quantidade do peso e a força
que com tanto afinco trabalhamos em recuperar depois de escapar de nossa prisão.
Kade grunhiu diante desta observação e se sentou em uma das cadeiras junto ao fogo em vez
de retornar à cama. Começou a tentar recuperar suas forças no primeiro dia que consumiu
mantimentos sólidos.
Averill descera para jantar. Ofereceu enviar Mabs com uma bandeja, mas ele a convencera de
não "incomodar" à criada, que podia esperar até que ela voltasse se é que não se opunha a trazer.
No minuto em que Averill se foi, deslizou da cama e tentou caminhar. Só conseguiu avançar uns
quantos passos, agarrando-se à cama, antes que suas pernas tremulas o fizessem retornar a seu leito.
Entretanto, não se rendeu e voltou a levantar-se a seguinte oportunidade, obrigando a suas
pernas a suportá-lo uns passos mais.
Depois do terceiro dia de comida sólida e caminhada, estava o bastante forte para andar várias
vezes de um lado ao outro por seu quarto, embora não deixou que ninguém soubesse.
E aos poucos tentou recuperar a força muscular de seus antebraços. Como com suas pernas, o
progresso era lento.
— Averill sabe?
Kade negou com a cabeça rapidamente.
— Nay, iria se preocupar.
— Sim, e com certeza o faria — concordou Will com um sorriso sardônico. — Temeria que
estivesse apressando as coisas e provavelmente te ataria à cama.
Kade sorriu fracamente diante da ideia. Averill podia ser a criatura mais doce que conheceu em
sua vida, mas quando se tratava de sua recuperação, descobria que era surpreendentemente severa.
— Mas tenha em conta que poderia preocupar-se menos se disser que recuperou a capacidade
de ver corretamente.
Kade suspirou diante de suas palavras. Eram certas e não podia negá-lo, mas se sentia
surpreendentemente relutante a arriscar-se e confessar que podia ver. A preocupação de que Averill

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pudesse evitá-lo uma vez que soubesse que estava melhor, fazia que a ideia fosse pouco atraente
para ele. A moça se converteu na luz que iluminava seus dias, que, de outra forma, seriam longos e
tediosos.
Kade desfrutava das horas que passavam conversando sobre qualquer tema, estava pouco
disposto a que terminassem e vê-la sentir-se incômoda e tímida em sua presença.
Embora teria que fazê-lo logo, reconheceu Kade. Na última semana recuperou a suficiente força
e saúde para sentir-se impaciente por deixar o quarto e começar a treinar nos campos de
treinamento com o Will.
Desejava que suas forças alcançassem o mesmo nível que tiveram antes que ele e outros
fossem capturados e presos. Mas também desejava sentar-se pelas noites junto ao fogo e desfrutar
das conversas que normalmente tinha com Averill sem que ela se sentisse coibida e tímida.
— Onde está Averill? — perguntou de repente. Em geral, seu rosto era o primeiro que via pelas
manhãs. Tomava o café da manhã com ele para que assim não tivesse que comer sozinho.
Normalmente Will não aparecia até depois de comer, e só para uma breve visita antes de dirigir-
se aos campos de treinamento.
— Está no grande salão — respondeu ele. — Estava dando instruções a sua criada, Bess, para
que te trouxesse hidromel, pão, queijo e massinhas enquanto eu vinha aqui.
— Sua criada? — perguntou com surpresa, ignorando o modo em que seu estômago retumbou
diante da menção de comida. Seu apetite foi a primeira coisa que voltou para a normalidade. — Ela
não virá?
— Não, e que sorte que não o fez, teria sido quem te pegasse e te daria uma bronca.
Kade desprezou a ideia com um encolhimento de ombros, embora se viu obrigado a explicar-se:
— Não percebi que fosse tão tarde. Ainda está muito escuro.
Will lançou um olhar carrancudo para as janelas abertas.
— Há ameaça de tempestade — pôs má cara e voltou a virar-se para o Kade para acrescentar:
— E de mais de uma espécie.
— Ah sim? — perguntou com curiosidade.
— Meu pai dispôs que outro lorde chegue hoje para que examine Averill com propósitos
matrimoniais.
Kade se recostou em sua cadeira, por um momento sua cara mostrou um cenho franzido.
— Será melhor que seja mais amável que o último palhaço.
— Sim — concordou Will. — Estive perto de fazer que engolisse os dentes quando escutei o que
disse a Averill. Não havia necessidade de que fosse tão cruel. — Seu rosto adquiriu uma expressão de
ferocidade ao recordar, depois com repugnância acrescentou: — E com o novo e magnífico plano de
meu pai, temo que desta vez seja um completo fiasco.
— Qual é este novo plano? — perguntou Kade com curiosidade, embora depois tentou

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adivinhar: — Que cubra o cabelo e esconda sua marca de nascença com fuligem?
— Como soube? — perguntou Will com surpresa.
Kade soprou com desgosto. Era algo próprio de um inglês tentar semelhante ardil. O homem
não pensava corretamente. Averill seria a única em pagar as consequências quando já não estivesse
usando o disfarce, a mancha fosse limpa e o noivo descobrisse que foi enganado. Além disso, que
mensagem passava a Averill? Que seu pai estava de acordo com a opinião destes homens? Que
inclusive ele acreditava que era feia?
— Ele só quer seu bem — disse Will tristemente. — Na verdade, está preocupado por sua
saúde, quer ver Averill assentada e feliz antes de morrer. O prometeu a nossa mãe em seu leito de
morte, sacudiu a cabeça.
— Infelizmente, considera que a felicidade de uma mulher é criar bebês e não considera que um
marido infeliz e ressentido poderia ser um estorvo na felicidade de Avy — Will passou as mãos pelo
cabelo com frustração e acrescentou:
— E isso nem sequer é o pior de seu novo plano.
Kade arqueou uma sobrancelha.
— Há mais?
— OH, sim — Will curvou a boca com repugnância quando recordou. — Ela gagueja.
— Aye — reconheceu Kade, perguntando-se o que poderia fazer o pai a respeito, depois com
incredulidade perguntou: — Ordenou que não fale com o homem? A apresentará coberta, suja e
muda, e espera conseguir um marido?
— Não, muda não — disse Will irônico. — Neste mesmo instante a está fazendo beber uísque.
— O que? — perguntou Kade com incredulidade.
— Sim. Meu pai está seguro de que se Averill conseguir relaxar perto destes homens, não
gaguejará; e está igualmente seguro de que o uísque a relaxará e soltará a língua.
— Querido Deus — suspirou Kade.
— Sim — disse Will incomodado. — Averill tentava febrilmente convencê-lo de que se
esquecesse de tudo quando estive no grande salão, mas ele não escuta a razão.
Quando tentei apoiá-la, ele me sugeriu que o melhor era que esperasse aqui com você
enquanto lorde Seawell e sua mãe nos visitam.
As sobrancelhas de Kade voaram até o nascimento de seu cabelo.
— Enviou-o a meu quarto como se fosse um garotinho travesso? E você o permitiu?
Will avermelhou, mas tranquilamente disse:
— É meu pai... E meu senhor. O uísque não machucará Averill e por muito que este seu plano
sugere que perdeu o juízo, não o fez, assim não posso desobedecê-lo. Bem, não abertamente,
acrescentou ele com um sorriso.
— Subornei a Mabs e Bess para que ficassem perto e viessem a mim se acreditarem que devo

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intervir.
— Mmmm — resmungou Kade. Estava tentado a intervir ele mesmo, mas lorde Mortagne não
protestou nenhuma só vez desde que Kade despencou contra seu degrau. Proporcionou uma cama e
cuidados tanto a ele como a seus homens enquanto se recuperava e curava. E como Will havia dito, o
uísque não prejudicaria a Averill. Não obstante, decidiu que se este último lorde causasse problemas
ou a ferisse de qualquer forma, não só seria Will quem desceria para solucionar o problema. Kade o
acompanharia. Poderia não ter recuperado ainda todas suas forças, mas podia estar de pé e lançar
um bom murro.
Sentiria-se feliz ao fazê-lo pela mulher que passou tanto tempo cuidando-o.
— A propósito — disse Will de repente. — Te perguntei pouco depois de que despertasse se
você gostava de nossa Averill e afirmou que mal a conhecia. Já passou uma semana. Não considera
Averill doce, e desfruta de sua companhia?
Kade vacilou, curvou os lábios franzindo-os levemente, depois suspirou e a contra gosto
confessou :
— Aye.
Will o conhecia bastante bem para estreitar os olhos, e dizer:
— Mas?
— Quase é muito doce — confessou ele com um suspiro. — Não há nenhuma faísca de paixão
na moça. Não sou um bom paciente. Nos poucos dias que compartilhamos, me senti áspero e
grosseiro, e mais de uma vez tentei provocá-la, mas ela não reagiu absolutamente exceto para voltar-
se ainda mais doce. É como se não tivesse nenhum pingo de caráter.
Will arqueou as sobrancelhas.
— E isso é algo mau?
— É pouco natural — disse ele firmemente.
Will sacudiu a cabeça.
— Não na Inglaterra. Ao menos, minha própria mãe foi assim de doce todos os dias de sua vida.
É um traço admirado pela maioria dos ingleses.
Os lábios de Kade se curvaram com desgosto.
— Então são tolos. Uma mulher assim não sobrevive muito tempo na Escócia — fechou a cara.
— Se uns bandidos rodeassem Averill, temo que ela seria capaz de agradecer o incômodo.
Will riu entre dentes diante da afirmação, mas tampouco o contradisse. Em troca, disse com um
suspiro:
— Então acredito que não deveria te sugerir que se casasse com ela?
Kade se sobressaltou com as palavras.
— O que?
— Bem, enquanto éramos prisioneiros, mencionou que se alguma vez conseguíssemos escapar,

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teria que encontrar uma noiva que desse a luz seus filhos antes que voltasse a fazer algo tão tolo
como se unir à Cruzada
— indicou ele com suma solenidade.
— E você acha que Averill e eu...? — Não terminou a pergunta, mas sim se recostou contra a
cama com uma expressão carrancuda enquanto considerava a sugestão. Embora gostasse da moça e
o salvaria do problema de procurar uma mulher depois, não podia se imaginar se casando e levar
Averill a seu lar em Stewart.
A Kade esperava uma desagradável batalha quando chegasse ao lar familiar. Uns anos antes de
partir às Cruzadas, recebeu uma carta de sua irmã explicando detalhadamente os problemas que a
afligiam.
Sua mãe morrera e Merry assumira a administração de Stewart. Seu pai ainda era laird de nome
e acrescentava o peso de suas responsabilidades quando estava bêbado, mas geralmente estava
muito encharcado de álcool ou muito ressacado para ser de ajuda. A pequena Merry dirigia Stewart e
o faria assim até que ela se casasse, tal como prometera à mãe de ambos em seu leito de morte.
Estas notícias fizeram que Kade fosse imediatamente a Stewart, onde esperou três dias até que
seu pai se recuperasse o suficiente para mencionar o tema de que ele podia assumir a tarefa de ser
laird, em vez de deixar a carga nos ombros de Merry. Era óbvio que abordara o tema erroneamente.
Seu pai inclusive recusou reconhecer que durante anos sua esposa dirigira Stewart e que nesse
momento Merry assumira seu lugar. Ele era o laird de Stewart. Ele tomava as decisões, insistiu. Ele
dirigia o castelo e a toda sua gente. Ele era o grande laird de Stewart e tinha toda a intenção de que
as coisas seguissem assim. E Kade podia lançar-se em um lago se acreditava que tiraria o título antes
que ele estirasse as patas.
Seu pai, que então tinha o apoio de seus dois filhos menores, sugeriu que Kade deixasse como
alma perseguida pelo diabo as terras dos Stewart.
Kade partiu, e se alguém tivesse perguntado porquê o fez nessa ocasião, sua resposta teria sido
a mesma que Will acabava de dar ao perguntar porque não interferiu nos planos de seu pai para com
sua irmã.
Eachann Stewart era seu pai, seu laird e estava com o juízo perfeito. Mas embora o acreditou
nesse momento, e pudesse ser verdade no caso de lorde Mortagne, depois de todos estes últimos
anos pensando no assunto, Kade percebeu que seu pai não estava bem mentalmente. A bebida
prendeu em suas redes Eachann Stewart e o impedia de ser um laird apropriado ou um modelo
adequado para seus dois filhos menores.
Era para isto que Kade retornaria, a uma possível batalha para assumir o controle sobre Stewart
e sem dúvida haveria uma grande quantidade de trabalho duro para levantar o lugar, se é que o
prometido de sua irmã já a havia reclamado e seu bêbado pai e irmãos destroçaram as terras de
Stewart sob a má influência do uísque nestes últimos anos. Embora a Kade gostava de Averill e

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desfrutava de suas conversas com ela desde que despertou, Stewart não era lugar apropriado para
uma mulher tão doce e gentil como ela. Querido Deus, não sobreviveria nem um mês em um
ambiente tão hostil, pensou em um lamento e sacudiu a cabeça. Talvez se arriscasse se houvesse um
pouco mais de fogo sob toda essa doçura, algo que sugerisse que poderia prosperar apesar da
adversidade, mas... Nay, não a levaria ali só para vê-la murchar-se pelo cansaço e vencida pela
miséria.
— OH, bem — disse Will com um suspiro. — Então teremos que esperar para ver se funciona o
plano de meu pai.
Quando Kade grunhiu sem adicionar nada mais, Will trocou o fio da conversa para outros temas.
Kade o escutou, mas sua mente estava enfocada no que poderia estar acontecendo no grande salão.
Já teria chegado o último pretendente? Quanto uísque fez lorde Mortagne que Averill bebesse?
Ajudaria a não gaguejar? Este pretendente a aceitaria como sua noiva?

Capítulo 05

— Minha senhora, têm um pouco de fuligem bem aqui.


Se Averill não estivesse concentrada com tanto empenho em não cambalear em seu assento e
em conter a comida que se agitava em seu estômago, junto com o uísque que seu pai a fez beber,
com segurança tentaria conter o horroroso e pequeno lorde Cyril Seawell enquanto ele estendia a
mão para acariciar sua face. Inclusive poderia ter dado a volta para falar com sua mãe igualmente
horrorosa, que se sentava a seu outro lado. Entretanto, estava distraída com estes assuntos e quando
ele a tocou, pegou-a de surpresa, e por reflexo só conseguiu franzir o cenho e lhe bater na mão com
irritação.
Mas o homem continuava tocando-a. Suas mãos, sua face, seu braço, até sua perna. Já era
muito mau que estivesse sentado tão perto e que a coxa do homem seguisse roçando contra a sua,
mas além disso seguia encontrando desculpas para tocá-la com os dedos. Uma penugem sobre seu
vestido, depois um miolo de pão que precisava tirar... Alguma coisa que serviu de desculpa para
esfregar a coxa em várias ocasiões de uma forma incômoda.
A Averill se fazia cada vez mais difícil conter o desejo de dar um murro no nariz do detestável
homenzinho. E nossa se era odioso e pequeno. Na verdade era um pouco mais alto que sua própria
altura de apenas um metro e meio, mas ainda era uma cabeça e ombros mais baixo que Kade e seu
irmão.
Notando a maneira em que lorde Seawell estreitava os olhos diante de sua recusa, Averill se
obrigou a formar um sorriso e murmurou:

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Devil of the Highlands 03

— É... Tudo está bem, meu senhor. Minha criada o solucionará depois.
Precisava falar devagar para não pronunciar mal as palavras, mas acreditava ter feito um bom
trabalho nesse aspecto e se sentiu muito surpreendida ao voltar a ver o temido cenho franzido entre
as sobrancelhas de lorde Seawell. Essa expressão flutuou na face do homem em repetidas vezes
desde que se sentaram para desfrutar do festim de meio-dia que seu pai mandou preparar para lorde
Seawell e sua mãe.
Era algo muito pouco atraente, decidiu. Mas o homem em si mesmo era também muito pouco
bonito. Seu cabelo castanho esvaído caía em sujas ondas ao redor de uma face em que a tristemente
faltavam os traços elegantes que faziam tão formoso o rosto de Kade.
Entretanto, lorde Seawell tinha ao menos o triplo de volume de Kade. Para sua desgraça, a
maior parte se concentrava em seu ventre. Definitivamente não passava o tempo nos campos de
treinamento como faziam Will e seu pai.
Averill supunha que dependia das habilidades de seus soldados no manejo da espada, já que
duvidava que fosse um pouco mais forte que ela e ela mesma não podia manusear uma espada com
alguma efetividade.
É obvio, Averill não sustentaria nenhuma espada contra o homem. Era muito sensata, inclusive
em seu presente estado de embriaguez, para saber que o aspecto não era e não devia ser importante.
Depois de tudo, ela era feia como o pecado com seu cabelo vermelho e marca de nascença na
face, e como desejava ser valorizada por si mesma, estava disposta a passar por cima de sua forma
rechonchuda e tamanho baixo.
Por desgraça, lorde Seawell também era muito deficiente em outras áreas. Nem de perto era
tão inteligente ou divertido como Kade. Durante uma semana passou horas falando com o Kade de
qualquer tema sem exceção, conversando sobre suas infâncias, as experiências que ele viveu
enquanto foi prisioneiro e suas lembranças do monastério na Tunísia. Também conversaram de
narrações épicas como Beowulf, e inclusive de política e religião. Entretanto, lorde Seawell parecia ser
singularmente inepto ao opinar ou conhecer a maioria destes temas, e seus esforços para falar com o
homem falharam depois de uns momentos.
Mas o aspecto positivo desta situação, recordou Averill, era que o plano de seu pai funcionava.
Não gaguejou nenhuma só vez... Mas nossa se sentia a angustiante tentação de pronunciar mal de
propósito.
— Mais que angustiante — decidiu ela.
— O que disse? — perguntou lorde Seawell, inclinando-se mais perto.
Averill estava consciente que só era uma desculpa para que ele tentasse olhar o decote de seu
vestido... Outra vez. O fez muitas vezes desde sua chegada. Enquanto que os outros pretendentes
apenas a evitaram olhar depois de uma primeira olhada, parecia que lorde Seawell tinha a intenção
de examiná-la a fundo antes de decidir-se.

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Devil of the Highlands 03

Perguntou-se deveria abrir a boca para que pudesse inspecionar seus dentes como seu pai fazia
com os cavalos.
Como se pensar nele o impulsionasse a falar, seu pai clareou a garganta e disse com
brutalidade:
— Bem, possivelmente uma vez que terminemos de comer, possa reunir-se comigo junto à
lareira para uma conversa, em, lorde Seawell?
— É obvio, meu senhor — disse Cyril com prontidão, então se inclinou perto de Averill, seus
olhos se voltaram a mergulhar no decote de seu vestido enquanto murmurava: — Ele deseja saber se
a aceitarei como minha noiva.
Averill levantou uma mão para cobrir o decote e murmurou algo no que esperava fosse uma
forma interessada.
Pelo visto, foi satisfatório porque Cyril se endireitou, sorriu e disse:
— Acredito que direi que sim.
O coração de Averill se afundou.
— Deveria estar agradecida por isso, minha querida. Depois de tudo, é evidente que herdou a
desventurada cor de cabelo de sua mãe.
Cobri-lo é uma amostra de seu bom senso, mas espero que faça um melhor trabalho uma vez
que estejamos casados.
Com alarme, Averill elevou a mão para sua face, notando que alguns selvagens cachos
vermelhos escaparam da touca com a que Bess conteve seu cabelo por ordem de seu pai.
— E têm seios muito pequeninos, quase inexistentes — acrescentou ele, alarmando-a e fazendo
que baixasse o olhar para seus seios. Esta era uma queixa nova. Embora os homens anteriores
mencionaram seu feio cabelo, sua marca de nascimento e sua gagueira terrível como motivos para
recusar casar-se com ela, esta era a primeira queixa que tinha de seus seios.
Averill admitiu que talvez os seus seios não eram muito grandes, mas tampouco acreditava que
fossem tão pequenos, e ao menos não eram tão grandes que a fizessem cambalear e inclinar-se,
como fazia a mãe do homem, lady Seawell. Perguntou se o motivo pelo que continuava olhando seu
decote era porque se sentia aborrecido por sua própria carência e tentava encontrá-los. Eram tão
pequenos? Perguntou-se. Ninguém antes o dissera.
— E têm uma tendência a falar sobre coisas absurdas — acrescentou pondo uma cara
incomodada.
Averill respondeu com um cenho franzido próprio. Mal falou desde o início, sobre tudo porque
recebeu pouca ou nenhuma resposta dele. Mas se acreditava que a minúcia de conversa que fez hoje
era tagarelar... Querido Deus.
— OH Cyril, não seja descortês — repreendeu sua mãe, inclinando-se para unir-se à conversa. —
Lady Averill não pode evitar ser feia e não ter um busto generoso. Além disso, diz que lorde e lady

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Mortagne foram muito felizes, a dama era muito caseira. Sem dúvida lady Mortagne estava tão
agradecida que ele se casasse com ela que fez tudo o que pôde para fazê-lo feliz. E estou segura que
será o mesmo com a Averill.
Fará o que você deseje por gratidão. Além disso, uma vez que apague a vela, não importará qual
seja seu aspecto e sempre pode tampar sua boca para impedir que fale.
Só pense no dote enquanto cumpra com seu dever marital — sugeriu a mulher, logo riu
alegremente de seu próprio engenho.
— Tem razão... Se sentirá agradecida? — perguntou ele, seus olhos outra vez pareceram tentar
descer para conseguir uma melhor vista desses seios que ele achava tão deficientes.
Averill o contemplou, sua mente ainda cheia com o que lady Seawell disse. Apagar a vela,
tampar a boca para mantê-la calada e pensar no dote? Tudo isso enquanto ela deitasse ali com o
corpinho rechonchudo do homem sufocando-a na cama enquanto ele ofegava e resfolegava sobre
ela. Seu estômago se revolveu com violência e mordeu o lábio, bufando em um intento para
tranquilizar-se.
Não obstante, quando repentinamente ele estendeu a mão e apertou um de seus seios como se
fosse um melão ao que estivesse comprovando sua maturidade, Averill não aguentou mais e
estampou seu punho contra seu nariz.
O homem gritou como uma mulherzinha, tinha os olhos muito abertos, enquanto agarrava o
nariz e ficava de pé saltitando.
Apesar de seu estômago revolto, Averill sorriu pela primeira vez desde que se virou e viu Bess
sustentando seu vestido vermelho.
— Que moça mais ingrata! — Gritou lady Seawell, ficando de pé para correr para seu filho. —
Cyril. Cyril, querido, está bem? — agarrando-o pela cabeça, pegou-o contra seu enorme busto e se
virou para Averill.
— Moça horrível, ingrata! Como se atreve, uma criatura macilenta2, ruiva como você a tocar a
meu filhinho?
Ele me tocou primeiro, pensou Averill, mas quando abriu a boca para dizer seu estômago
rebelde expulsou seu almoço sobre a mulher.
— E depois o que aconteceu? — perguntou Will.
— Aye, termina-o, moça — grunhiu Kade. Embora desejasse descer e dar uma surra em Cyril,
também queria saber tudo o que aconteceu, assim poderia dar ao homenzinho o castigo que merecia.
Kade não queria só bater no homem e depois descobrir que devia tê-lo matado.
O olhar de Kade deslizou sobre a mulher que estava em sua cama. Will e ele estiveram falando
tranquilamente quando Bess irrompeu no quarto e disse que Averill deu um murro em lorde Cyril e
que o inferno desatou no grande salão. Will e ele desceram aos tropeções, só para encontrar-se com

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Magra, pálida

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Devil of the Highlands 03

Averill na escada. Um olhar a seu rosto pálido e a forma em que se balançava enquanto se agarrava
ao corrimão o distraiu dos gritos no primeiro andar. Abandonando seu pai para que se virasse com
lorde Seawell, Will e ele agarraram cada um braço de Averill e a ajudaram a subir os últimos degraus.
Já que seu quarto no alto da escada era o mais próximo, levaram-na ali.
Averill agora deitava de costas sobre a cama que ele ocupou a última semana, com uma
compressa fria sobre seus olhos enquanto contava o que aconteceu. Para sua grande fascinação ela o
fez não só com palavras balbuciantes, mas também com umas não tão doces. Kade se achou incapaz
de afastar o olhar da criatura em sua cama. Era outra pessoa. Certamente não a criatura agradável,
desapaixonada que revoou sobre ele desde que despertou.
Depois de tudo parecia que a moça tinha caráter e também uma lista variada e vulgar de
maldições que repicavam em sua mente, já que usou várias para descrever o repugnante Cyril
Seawell.
— OH — Averill agitou uma mão fracamente, depois soltou um suspiro impetuoso.- A velha vaca
vociferava sobre quão ingrata eu era, de como deveria beijar os pés de seu filho e banhá-los com
minha língua em gratidão por sequer considerar em me transformar em sua noiva, enquanto isso eu
tentava reter o almoço e não me atrevia a abrir a boca para lhe responder. Entretanto, fartei-me do
destrambelhar sem sentido e ridículo da velha bruxa — ela fez uma pausa para adquirir um ar
depreciativo e resmungou: — Como se fosse capaz de lamber qualquer parte desse porco e toco filho
dela, muito menos seus pés.
Will alargou os olhos com horror diante de suas palavras, mas Kade se viu sorrindo malicioso
enquanto que ela continuava:
— E depois a velha horrível me jogou na cara: "Bem... Vai pedir perdão por semelhante
comportamento pagão?" e abri a boca para dizer que fosse ao inferno. E assim o disse, mas antes que
pudesse fechar minha boca, vomitei meu almoço. Joguei-o sobre a saia de seu vestido — suspirou
diante da lembrança e o tecido úmido sobre sua face revoou ligeiramente, depois apertou os lábios, e
acrescentou:
— E não o sinto. Podem imaginar ter a essa velha arpía como sogra? Deus Santo, inclusive sem o
uísque para enfraquecer minha reserva, nunca poderia conter meu gênio com ela.
— Mas Averill, você não tem gênio — protestou Will com consternação, depois franziu o cenho
diante do ridículo da afirmação considerando o que acabava de escutar.
— Quero dizer que nunca antes mostrou um pingo de mau gênio. Sempre foi doce e controlada.
— Porque nossa mãe insistiu em que devia sê-lo e me ajudou a aprender a controlá-lo —
explicou ela muito baixinho. — Um dia depois de quando tentei escapar e dei um chute no capitão da
guarda começou a me ensinar a controlá-lo.
— Escapar? — Will pareceu sobressaltado. Era óbvio que não sabia nada sobre o assunto.
— Como a ensinou a se controlar, Averill? — perguntou Kade tranquilamente. Ensinar uma

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menina de cinco anos era algo muito difícil, mas tentá-lo fazer contra sua própria natureza era quase
impossível.
— Cada vez que perdia a compostura, me fazia me banhar em água fria — sua voz era quase
ausente enquanto o dizia, sem sinal de rancor diante do castigo... já que foi um castigo, pensou Kade
com gravidade.
Ele não podia imaginar a ninguém obrigando a uma menina a sentar-se em água fria. Além de
desagradável, era perigoso arriscar-se a que adoecesse.
Averill arrancou a compressa e olhou irada a seu irmão.
— Suponho que agora me odeia.
— Não, é obvio que não — se apressou a dizer Will, depois sorriu com picardia e adicionou: —
Em realidade eu gosto mais assim. Onde aprendeu a blasfemar desta forma?
— Com você — respondeu com secura, deixando cair a compressa de volta sobre sua face. — E
dos soldados que vigiam na muralha.
Sempre estão gritando maldições uma e outra vez, e escuto tudo da minha antecâmara quando
as janelas estão abertas.
— Hmm, terei mais cuidado no futuro e possivelmente falarei com os homens da muralha —
resmungou Will, mas pareceu mais divertido que outra coisa, então deu a volta para Kade e arqueou
uma sobrancelha.
— Ainda é muito doce?
Kade se virou para olhar atentamente à moça. Ela havia tornado a afastar a compressa, e seus
formosos olhos verdes se moviam de um homem a outro com suspeita. Havia tirado a touca que usou
em seu encontro com lorde Seawell e seus cabelos agora se espalhavam sobre a cama a ambos os
lados de sua cabeça, acesas mechas que gostaria de reunir em suas mãos e pressionar contra sua
face.
Um rubor cobria suas faces como sinal de seu gênio, seus doces e suaves lábios se curvavam
com irritação, e ele nunca a viu mais formosa.
— Nay — grunhiu. — Ficarei com ela.
Will sorriu de orelha a orelha e aplaudiu seu ombro com alegria.
— Bem-vindo à família.
— O que? — Averill se sentou, sua face mostrava confusão. — O que é que... —Se interrompeu
abruptamente, levou uma mão sobre o estômago e a outra a sua cabeça. Fechou os olhos com um
gemido, abriu-os outra vez, e ofegou.
— Por que o maldito quarto não fica quieto?
Kade se dirigiu a um lado da cama e com uma mão a empurrou para que se deitasse outra vez,
depois voltou a pôr a compressa fria na face.
— Descanse. O quarto não se balançará se você não se mover.

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Ela resistiu durante um breve instante, mas depois concordou e se deixou cair na cama com um
pequeno suspiro de miséria.
— Nunca voltarei a beber.
Kade esperou um momento, quando ela já não se moveu e pareceu que havia adormecido, ele
deu uma olhada a Will.
— Falarei com seu pai.
— Irei com você — informou Will, seguindo-o quando ele começou a cruzar o quarto.
Kade acabava de chegar à porta e de estender a mão para abri-la quando seu ouvido captou
sons provenientes da cama. Girou a cabeça bem a tempo de ver Averill levantar-se e ter violentas
arcadas.
— Procurarei sua donzela — disse Will imediatamente, saindo correndo do quarto enquanto
Kade corria para Averill.
— Está acordada.
A contra gosto Averill voltou a abrir os olhos. Por um instante piscou ao abri-los, só para gemer
enquanto a luz da vela a agredia, provocando dor de cabeça. Nesse tempo não melhorou, gemeu e os
fechou uma vez mais.
— Dói a cabeça? — perguntou Bess.
Averill abriu a boca para responder, mas se deteve com um suspiro de alívio quando um frio
tecido úmido foi colocado sobre seus olhos e testa.
— Ah, Bessie, bendita seja — sussurrou, já que a sensação de frieza começou a aliviar o
tamborilar de sua cabeça.
— Tenho um tônico aqui para quando achar que seu estômago possa retê-lo, — anunciou
Bessie.
Averill fechou a cara diante do próprio pensamento de consumir algo. Por outra parte, seria
agradável que sua cabeça deixasse de palpitar tanto. Decidiu esperar uns minutos.
— Que horas são?
— Tarde — respondeu Bess incomodada. — A maioria do castelo se deitou.
Averill mordeu o lábio e depois perguntou:
— Estou em minha própria cama?
Um sorrisinho suave perturbou o ar sobre sua cabeça e Bess disse:
— Sim, embora o escocês fez alvoroço por isso. Desejava cuidar em pessoa de você, e assim o
fez durante várias horas esta tarde antes que sugerisse que era hora que Will a trouxesse para seu
próprio quarto.
— Kade? — perguntou com surpresa, depois gemeu outra vez quando as lembranças
começaram a assaltá-la. As lembranças encheram sua mente desde que retirou o cabelo e murmurava
docemente em gaélico enquanto ela vomitava os últimos conteúdos de seu estômago. — Querido

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Deus.
— Foi muito gentil com você e amável — disse Bess, soando surpreendida. — Será um bom
marido.
— Marido? — perguntou Averill com choque, e tirou de um puxão o tecido úmido para ver o
rosto de sua donzela. Viu duas Bess, ambas girando como um pião e ligeiramente desfocadas.
Isto fez que doesse a cabeça, mas ao menos seu estômago parecia bem, notou, e olhou
interrogativamente à mulher. — Do que está falando?
— Kade pediu sua mão em matrimônio e seu pai aceitou. Em realidade — acrescentou Bess
mordaz. — Estava mais que agradecido pelo pedido.
Seu pai estava com uma jarra de uísque lamentando-se que ninguém a aceitaria como esposa
uma vez que a notícia deste fiasco chegasse a corte, quando Kade desceu a escada e pediu sua mão.
Averill contemplou as amáveis e velhas faces que dançavam diante dela, seu cérebro era
incapaz de aceitar a informação.
— Não o fez.
— Sim, o fez — assegurou Bess, depois perguntou com incerteza. — Não são boas notícias?
Acreditava que você gostava do moço.
— Sim, eu gosto dele — confessou Averill. — Esse é o problema. Por isso não posso me casar
com ele.
— Em? — a dupla imagem de Bess franziu o cenho em confusão. — Mas se você gosta...
— Já se redigiram e assinaram os contratos?
— Os contratos matrimoniais? — perguntou Bess, e quando Averill assentiu, ela negou com a
cabeça. — O farão amanhã. Esta noite só pediu sua mão e seu pai aceitou, depois o celebraram.
Sem dúvida seu pai também terá dor de cabeça pela manhã.
— Então ainda pode ser suspenso — destacou Averill com alívio, e se obrigou a se sentar. O
quarto imediatamente começou a girar, mas ignorou isto e deslizou os pés para o chão.
— Calma, aonde acha que vai? — rapidamente Bess estava de pé, tentando detê-la. — E o que
quer dizer suspender? Por que diabos quereria fazê-lo? Ele gosta de você, e você dele. O que...?
— Ele não pode ver com clareza, Bess — indicou ela com impaciência.
— Bem, não estou tão segura disso, mas mesmo assim, o que importa? Pelo visto gosta o
bastante para pedi-la em matrimônio.
— Não quero decepcioná-lo quando sua visão melhorar e seja capaz de me ver bem — disse
Averill em um lamento, tentando ficar em pé.
— Minha senhora — começou a dizer Bess com firmeza, impulsionando-se de novo para sentar-
se na cama. — Estou segura que ele não se sentirá decepcionado. De fato...
— Não pode estar segura — discutiu Averill. — E ao menos deve saber o que receberá.
— Talvez, mas...

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— Irei e contarei sobre meu cabelo vermelho, sobre minha marca de nascença, sobre meus
muito pequenos seios e...
— Seus muito pequenos seios? — interrompeu Bess quase gritando. — Onde demônios escutou
essa tolice?
— De lorde Seawell — confessou ela em um suspiro. — Acreditava que eram muito pequenos.
Sentia-se muito aborrecido e não podia deixar de olhá-los fixamente ou tentar tocá-los.
— Ah, sim, quão aborrecido estava — comentou sarcástica e revirou os olhos, mas também se
afastou de seu caminho. — Vá então.
Vá explicar ao escocês que seu cabelo é tão vermelho como o sol ao se pôr, que têm uma
manchinha diminuta na face e que seus seios são muito pequenos. Mas não tenho dúvida que ele já
sabe tudo isto e mesmo assim ficará com você.
— Talvez — murmurou Averill enquanto ficava de pé com cuidado. — Mas não me arriscarei a
ver o descontentamento em sua face quando perceber o mau negócio que fez.
— Hmm — resmungou Bess, depois levantou uma sobrancelha enquanto Averill olhava a si
mesma.
— Estou de camisola — disse surpreendida, embora se supunha que devia está-lo. Depois de
tudo, esteve na cama. Só estava assombrada de não ter despertado para colocá-la.
— Sim, está e não vou me incomodar em vesti-la a esta hora — agarrou uma pele da cama e a
pôs sobre os ombros de Averill. — Ai têm, agora vá.
— Mas não é decente — protestou Averill.
Bess encolheu os ombros.
— O que podem fazer se os apanham juntos a estas horas salvo ordenar que se casem?
Averill estreitou os olhos diante da mulher.
— Você gostaria que acontecesse isso, não é assim?
— Sim, eu gostaria, assim como você — disse Bess com aprumo. — Ele será melhor marido que
qualquer dos outros pretendentes que seu pai arrastou até Mortagne.
Averill franziu o cenho durante um pequeno momento, reconhecendo que isso era verdade.
Kade seria muito melhor marido que qualquer dos homens grosseiros e cruéis que a recusaram até
agora.
Ele era amável, doce, divertido, desfrutava de falar com ele, acreditava que era arrumado e...
Não suportaria ver a mesma repugnância no rosto de Kade que viu nas caras dos outros.
Precisava falar, mas Bess obviamente não a ajudaria.
Averill quase suspeitava que se fosse ao quarto de Kade vestida desta forma, a mulher iria
procurar seu pai e o levaria ao quarto do escocês para assegurar-se que o matrimônio aconteceria.
— O amanhecer será o suficientemente breve para falar com ele — anunciou com voz grave,
tirando a pele e subindo de volta à cama. — Só devo me assegurar de despertar cedo e falar, antes

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que meu pai e ele assinem os contratos.


Bess relaxou e assentiu ao mesmo tempo que começava a acomodar as mantas e peles ao redor
de Averill.
— Boa ideia, eu a despertarei.
Averill soprou com ceticismo diante de suas palavras, mas fechou os olhos e se obrigou a
relaxar.
— Doces sonhos, minha senhora — disse Bess em voz baixa.
— Doces sonhos — respondeu Averill, e escutou o farfalhar da mulher ao cruzar a porta de sua
antecâmara. Escutou que esta se abria, fechava, e depois o repico de passos enquanto a donzela se
afastava pelo corredor.
Esperou outro minuto antes de abrir os olhos.
O quarto estava às escuras e em silêncio. Bess levara a vela com ela, era verão, então não havia
vestígios de fogo na lareira. A diferença de sua antiga babá, Averill não sentia apego a acender a
lareira no verão.
Uma maldita pena, pensou nesse momento, já que a luz teria sido de utilidade.
Fazendo uma careta se sentou e percorreu com o olhar seu quarto, esperando que seus olhos se
adaptassem. Não tinha intenção de esperar até a manhã para falar com Kade, já que não confiava em
que Bess a despertasse a tempo para deter a assinatura dos contratos matrimoniais.
Seus olhos não se acostumavam, reconheceu Averill com um pequeno suspiro, e se obrigou a
começar a mover-se. Conhecia bem seu quarto e devia ser capaz de encontrar seu baú, assim como
colocar um vestido sem uma luz que a ajudasse.
Averill encontrou seu baú golpeando a ponta do pé nele. Lançando um grito, agarrou o pé e
saltou duas vezes sobre o outro antes de se chocar contra o segundo baú e cair no chão com uma
maldição.
Ficou imóvel durante um momento, fazendo inventário da situação, mas uma vez que se
assegurou de não ter sofrido nenhuma ferida permanente, engatinhou e apalpou ao redor até que
sua mão roçou algo feito de pedra.
Só necessitou um instante para perceber que encontrou a borda da lareira. Averill pôs a palma
da mão na rocha no alto do suporte da lareira, arrastou os dedos sobre um bloco, depois dois, mas se
deteve no terceiro para encontrar uma diminuta rachadura na base. Averill suspirou de alívio quando
a encontrou, e depois a pressionou, começou a tossir quando a parede diante dela deslizou enviando
uma rajada de ar úmido e poeirento em sua face.
Enrugando o nariz diante do cheiro rançoso, teias de aranhas e mofo, hesitou e estudou esta
nova espécie de escuridão. O profundo negrume em frente a ela era tão silencioso e quieto que quase
podia acreditar que havia um bando inteiro de ratos ou de algumas outras criaturas repugnantes no
túnel, contendo o fôlego para ver se ela entraria.

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Diante desse pensamento sentiu que um calafrio percorria suas costas, Averill decidiu que eram
pensamentos inúteis e se obrigou a entrar no túnel. Depois girou à direita em torno do quarto que
Kade ocupava.
Ele estava em um quarto que Averill usou como quarto de jogos quando era menina.
Frequentemente fez esta viagem e acreditava conhecer o caminho de cor.
Entretanto, como menina nunca o fez sem uma vela e agora acreditava que devia ser muito
mais inteligente nesse então.
O chão do quarto de Averill estava coberto com palha fresca e aromática que se trocava quando
era necessário. O chão no túnel não o estava e fechou a cara diante da sensação arenosa do pó e
escombros que se juntou com o tempo ao roçar os pés. Isto a fez desejar ter tomado o incômodo de
vestir-se depois de tudo. Ao menos devia ter tido a precaução de colocar os sapatos.
Quase imediatamente em que ocorreu esse pensamento pousou o pé sobre algo que não era
nem pedra nem pó. Sentia-o suave sob seu pé e... e uma visão de um rato morto cruzou sua mente ou
talvez inclusive um vivo...
Gritou e começou a correr para frente descontroladamente durante vários metros antes de
perceber quão tola era e se forçou a parar. Estando completamente quieta, esperou que seu coração
deixasse de bater a toda velocidade, seus ouvidos estavam atentos a qualquer pequeno som de algo
brincando de correr que pudesse dar maior sinal do que encontrou. Quando só o som de sua própria
respiração chegou a seus ouvidos, mordeu o lábio e tentou calcular que distância poderia ter se
deslocado.
Teria passado a entrada do quarto de Kade? Certamente não foi tão longe? Maldição! Não fazia
ideia de onde estava.

Capítulo 06

— Escutou isso?
Kade arqueou as sobrancelhas diante da pergunta de Will. Estiveram sentados conversando em
voz baixa em seu quarto desde que subiram as escadas, depois de celebrar que lorde Mortagne
aceitasse seu pedido para casar-se com a Averill. Will parecia contente com a próxima união e Kade se
sentia mais que agradado consigo mesmo. Gostava da moça, desfrutava conversar com ela, pensava
que era atraente e agora que sabia que não era a flor doce e frágil que acreditou que fosse, sentia-se
contente de tomá-la como esposa.
Qualquer moça que tivesse sobrevivido a uma infância de banhos frios para amainar seu mau
gênio não deveria ter nenhum problema com um inverno escocês.

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— Soou como?
— Um porco gritando? — sugeriu Kade, mudando o olhar para a parede de onde parecia que
provinha o som.
— Sim — replicou Will e se aproximou da parede.
Kade observou com curiosidade quando seu amigo se deteve ao lado do suporte da lareira e
contou várias pedras. Fez algo com uma delas e a parede se abriu com um rangido.
— O que...? — começou a dizer Kade, mas se deteve quando o outro homem levantou uma mão
em sinal de silêncio. Então ficou de pé e se aproximou da parede quando Will fez uma pausa para
escutar, um cenho franzido coroava sua face. Estava junto a seu camarada antes de poder escutar a
voz que provinha da greta na parede. Escutou durante um breve momento, ficando rígido quando
reconheceu a voz de Averill.
Ela parecia falar com alguém. Kade acabava de deduzir que ela estava se recriminando dizendo
que nunca encontraria seu quarto, ou o dela em realidade, e que estaria perdida nas paredes para
sempre, quando de repente Will fechou a parede.
— O que está fazendo? Averill está perdida ali — grunhiu Kade, empurrando a parede e
franzindo o cenho quando esta não se moveu.
— Acredito que quererá que parta primeiro — explicou Will. — Obviamente deseja falar com
você.
O inglês voltou à parede e alcançou a pedra que havia tocado antes para abrir a passagem e
Kade rapidamente o agarrou pelo braço.
— Aye. Possivelmente seja melhor que parta. Ela pode desejar falar sobre nosso matrimônio e
pode sentir-se envergonhada se descobrir que conhece sua aventura desta noite.
Will assentiu com a cabeça, depois fez gestos para a pedra que manipulou a primeira vez que
abriu a passagem.
— Há uma alavanca no fundo. Levanta-a e a porta se abrirá.
Kade moveu afirmativamente a cabeça, depois esperou até que Will saísse do quarto antes de
virar para a parede e encontrar a alavanca antes mencionada. Kade puxou-a e a passagem deslizou
abrindo uns centímetros.
Fez uma pausa diante do contínuo murmúrio de Averill, puxou com todas suas forças abrindo a
passagem totalmente e entrou no túnel. Esperava vê-la aproximando-se com uma vela na mão.
O que viu foi uma escuridão tão densa que poderia ter uma atadura sobre seus olhos. De
repente, o túnel ficou sepulcralmente tranquilo. Nem sequer podia ouvi-la respirar.
— Averill?
— Kade? — o nome escapou dos lábios femininos em um chiado de alívio e Kade escutou o
repico de seus pés enquanto corria. Ela se lançou contra ele e o abraçou durante um breve instante.
Kade nem sequer teve a oportunidade de levantar os braços para abraçá-la em resposta antes

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Devil of the Highlands 03

que ela conseguisse vencer seu alívio e gratidão, e recuasse com uma desculpa. — Sinto-o, meu
senhor.
Temia que estivesse condenada a vagar aqui nos túneis para toda a eternidade como algum
fantasma horripilante — de repente se interrompeu e levantou o olhar com suspeita para sua cara. —
Como soube abrir a passagem?
— Escutei que gritava, moça — disse ele sem problema.
— Sim, mas como soube?
— Contou-me sobre os túneis a primeira noite que despertei — interrompeu.
— Ah, sim — murmurou, e não pareceu notar que ele não respondeu a sua pergunta. Parecia
muito impaciente para entrar para preocupar-se com o assunto e deslizou no quarto com um
pequeno suspiro de alívio.
Kade procedeu a fechar a passagem do túnel. Querido Deus ela parecia um desastre. Seu cabelo
estava cheio de teia de aranha, a face tinha manchas de pó e sua camisa de dormir...
Uma muito fina, era um objeto tão fino que deixava pouco à imaginação, notou ele, depois se
obrigou a afastar o olhar enquanto ela dava a volta para ficar de frente a ele.
Averill retorceu as mãos com ansiedade, contraiu a face pela preocupação e depois começou a
falar sem tino:
— Bess me contou que falou com meu pai e que pediu minha mão em matrimônio.
Kade ficou tenso, mas assentiu.
— Aye. Não deseja se casar comigo, moça?
— Não — disse com prontidão. — Quero dizer que não, que não é que não o deseje — explicou
com impaciência, depois acrescentou: — Mas pode ser que você não o deseje uma vez que saiba a
verdade.
Ele sentiu que suas sobrancelhas se elevavam diante de suas palavras.
— E que verdade seria essa?
Ela vacilou, parecendo miserável e adorável com as manchas em sua face.
— Que sou feia, meu senhor.
Kade sentiu que relaxava. Durante um momento pensou que tivesse algo que ignorava. Ou que
inclusive Will não soubesse... Que sustentara um romance com alguém ou possivelmente uma
indiscrição do passado. Sentiu-se aliviado ao saber que não era nada pelo estilo, só sua crença de que
era feia, uma falsa crença infundida nela por outros durante anos... E tudo devido a tolas
superstições.
Esta noite decidiu que uma vez que estivessem casados ele teria que esforçar-se por aumentar
seu amor próprio e convencê-la de que aquilo que disseram seus outros pretendentes não era
verdade.
Parecia, entretanto, que teria que fazê-lo mais cedo, em vez de depois. Para tal efeito, clareou a

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garganta e depois disse:


— Não é feia.
Averill elevou o olhar para o homem tão incrivelmente doce diante dela e suspirou angustiada.
Deveria ter sabido que isto aconteceria. Não podia vê-la e possivelmente não desejava acreditar que o
que dizia era verdade. Ela também lamentava que fosse verdade. Não obstante, era e não permitiria
que o homem se casasse com ela sem que primeiro compreendesse bem o que obtinha.
— É muito amável por dizê-lo e realmente o aprecio — assegurou suavemente e depois
afirmou: — Mas já que não pode ver corretamente, e é obvio, não pode ver quão feio é meu cabelo
laranja ou...
— Posso ver seu cabelo — grunhiu ele. — Não é laranja. É uma mistura de loiro e vermelho. Eu
gosto.
Ela piscou com surpresa, depois percebeu que realmente podia ver seu cabelo. Dissera que sua
visão era imprecisa, mas parecia que não afetava à cor.
— De verdade? — perguntou por fim. — Você gosta de meu cabelo?
Ele franziu o cenho, mas assentiu com a cabeça, e parecendo extremamente incômodo
acrescentou:
— Recorda a um pôr do sol no verão.
Suas palavras fizeram que Averill abrisse os olhos como pratos. Ninguém havia descrito jamais
seu cabelo com tanta amabilidade. Um sorriso suave brincou sobre seus lábios durante um momento,
mas depois suspirou e disse:
— Talvez não se importe com a cor, mas além disso devo mencionar que aparentemente não
tenho seios.
— Você? O que? — perguntou com incredulidade, e baixou o olhar a seu busto, estreitando os
olhos em um intento de vê-los melhor.
Julgando pelo atordoamento em sua face, ele não podia vê-los melhor agora que em toda a
semana passada. — De que diabos está falando, mulher? Você têm seios.
Averill avermelhou diante dessa afirmação contrariada.
— Bem, sim, tenho, mas não seios melões.
— Melões? — perguntou com confusão.
— Já sabe... — ela sustentou suas mãos diante de seus próprios e pequenos seios como se
sustentasse grandes e pesados melões e repetiu: — Seios melões. Grandes, femininos.
Quando sua expressão não mudou um pingo, Averill tentou pensar em outra forma de explicar e
depois se animou e disse:
— Parecem-se com ameixas em vez de melões, meu senhor. Não são totalmente planos, mas
tampouco são grandes.
— As ameixas são agradáveis — resmungou ele, seu olhar ainda estava fixo em seus seios.

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Percebendo que Kade ainda não entendia, Averill considerou a forma em que devia deixar claro
quando ele não podia ver bem. Mordeu o lábio durante um breve instante, de repente recordou
como lorde Seawell a manuseou então se estirou para pegar uma das mãos de Kade. Lorde Seawell
manuseá-la ganhou um murro no nariz, porque ele não sofria problemas de visão e realmente parecia
que se Kade não podia vê-los ela devia mostrar. Era melhor um momento incômodo ou dois no
presente que anos de sofrer seu amargo arrependimento depois.
— O que...? — começou dizer Kade, depois pareceu engasgar-se com a seguinte palavra quando
levantou a mão e a pressionou contra um de seus pequenos seios.
— Vê? — perguntou Averill aflita, tentando ignorar o estranho formigamento que de repente
começou no seio que sua mão cobria. — São muito pequenos. Ao menos assim parecia acreditar lorde
Seawell.
Eu nunca o notei. Quero dizer, não pensava que fossem grandes, mas não são os menores no
torreão e... — ela fez uma pausa e suspirou.
— Parece que lorde Seawell acredita que falta algo, e eu não desejo que se case comigo sem
saber seu tamanho e reclame depois.
Kade abriu a boca e a fechou várias vezes antes de poder emitir um estrangulado...
— Er?
Averill suspirou com desilusão. Parecia que não teria que explicar seus outros defeitos. Como
com lorde Seawell, o tamanho de seus seios devia ser importante para ele, e agora tinha problemas
em como dizer que mudou de opinião. Clareando a garganta, ela sussurrou:
— Não precisa se preocupar de que o obrigue a cumprir sua promessa de matrimônio, meu
senhor. Eu não...
As palavras de Averill terminaram em um ofego de surpresa quando Kade estirou sua outra
mão, agarrou-a pela nuca e a atraiu para ele para cobrir sua boca com a dele. Com os olhos muito
abertos, Averill se viu contemplando sua orelha e um lado de sua cabeça enquanto que a boca dele
percorria os lábios ligeiramente separados. Foi um beijo suave e explorador ao princípio, depois sua
língua deslizou e entrou em sua boca. Ela fechou os olhos contra a profusão de sensações que a
percorreram. A mão de Kade já não estava quieta em seu seio, mas sim agora apertava o círculo
através de sua camisola e o levantava como se provasse seu peso.
Averill não pôde deter o gemido que escapou de sua boca quando ele começou a puxar seu
mamilo. Para seu pesar, o som pareceu retraí-lo momentaneamente, já que rompeu o beijo.
Mas em vez de afastar-se, a boca se dirigiu a sua orelha e a mão continuou amassando e
brincando com seu seio enquanto ele sussurrava:
— Não é uma ameixa. É uma maçã e eu gosto das maçãs.
— Ah sim? — ofegou Averill, inclinou a cabeça em sinal de aceitação quando ele começou a
mordiscar a orelha.

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— Aye. Muitíssimo.
— Ah — ela suspirou e de maneira inconsciente se pressionou contra a mão em seu seio. — Eu
também gosto das maçãs.
Kade riu entre dentes, seu fôlego banhou a pele que acabava de umedecer, Averill tremeu e por
instinto girou a cabeça para voltar a encontrar-se com seus lábios. Ele o permitiu, reclamando sua
boca enquanto ela silenciosamente o pedia, Kade tirou sua língua outra vez, desta vez para uma
inspeção mais cuidadosa. Kade enredou a língua com a sua, e depois a passou por seus dentes, isto
recordou Averill o pensamento que passou pela mente esta tarde de que deveria abrir a boca e assim
lorde Seawell poderia examinar os dentes... O que a levou a recordar que ainda não informou a Kade
de todas suas carências.
Talvez não importasse, pensou esperançada, e gemeu quando a mão em sua nuca deslizou para
apertar seu traseiro e atrair a parte inferior de seu corpo contra a sua. Averill suspirou no interior da
boca masculina e girou a cabeça para um lado para romper o beijo. Isto era realmente importante.
Gostava de Kade e devia estar segura que ele conhecia o pobre trato que fazia ao casar-se com ela.
— Gaguejo — disse entrecortadamente logo que sua boca esteve livre. — Há mais... Oh! —
ofegou com surpresa quando ele recuou e se sentou em uma das cadeiras diante da lareira fria,
levando-a com ele e sentando-a em seu colo. Uma vez mais Kade tentou capturar seus lábios, mas
Averill evitou sua boca e quase com desespero repetiu: — Gaguejo.
— Não gagueja comigo — disse ele simplesmente e concentrou sua atenção no seio que esteve
acariciando, afastando a camisola de um modo que pudesse tocar e acariciar o seio que despiu.
— Eu... Eu... ohhhh... — gemeu Averill e se agarrou a seus ombros quando repentinamente ele
baixou a boca até seu seio e a fechou sobre o mamilo agora ereto. Fechou os olhos, engolindo com
dificuldade, enquanto o calor a sobressaltava. Isto era realmente o mais assombroso...
Sacudindo a cabeça, obrigou-se a voltar para o que se supunha estava fazendo. Defeitos. Quais
pôs em sua lista? Cabelo, seios, gagueira... Qual demônios era o outro?
Oh sim! Agarrando a cabeça, ela o obrigou a afastar-se de seu seio e encontrar seu olhar.
— Tenho uma marca de nascença em meu rosto. É muito grande e feia e... — se interrompeu
repentinamente quando ele começou a rir baixinho, estreitando os olhos, perguntou:
— O que, Por Deus Bendito, acha tão engraçado, meu senhor?
— Você — confessou ele suavemente e depois disse. — Não é grande nem feia. É muito
pequena, apenas do tamanho da unha de um bebê e ao princípio a confundi com uma covinha. É
adorável.
Os olhos de Averill se abriram como pratos diante de suas palavras, depois os fechou em
derrota já que seus lábios cobriram os seus uma vez mais. Era simplesmente impossível discutir com
sua língua na boca.
Além disso, não desejava discutir. Queria que ele continuasse fazendo o que fazia, beijando-a,

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tocando-a e... gemeu e se apertou contra o peito de Kade quando ele voltou a acariciar o seio, depois
muito rapidamente ficou rígida e rompeu o beijo outra vez quando um pensamento a golpeou.
— Como sabe que é pequena e a forma dela — fez uma pausa e se separou de um empurrão de
seu colo, ofegando. — O confundiu com uma covinha? Pode me ver?
— Aye — Kade voltou a puxá-la sobre seu colo apesar dos esforços de Averill para evitá-lo,
depois sustentando-a ali, encontrou seu olhar e disse: — Minha visão melhorou antes da segunda
manhã em que recuperei a consciência.
— A se... gunda... P... Ro...
Ele cobriu sua boca com a mão, terminando com sua gagueira. Quando ela ficou em silêncio,
Kade explicou solenemente:
— Will me contou que é tímida diante de olhos estranhos e poderia gaguejar ou me evitar
quando soubesse que podia vê-la. Desejava sua companhia, assim quando ele afirmou que eu ainda
não podia ver, permiti que a mentira continuasse.
Kade esperou um momento para que ela compreendesse, depois afastou a mão.
— Seu cabelo é glorioso e a marca de nascença encantadora, não gagueja comigo e eu gosto de
seus seios. Agrada-me tê-la como esposa. Agora a pergunta é, aceita-me você?
Averill o olhou com incredulidade. Embora estivesse feliz de que ele parecesse ter sentido
prazer com o tamanho de seus seios, depois de tantas recusas devido a seu cabelo e marca de
nascença, era difícil acreditar que gostasse das duas coisas. Entretanto, não ocorria nenhuma razão
para que ele mentisse. Averill supôs que Kade estava tentando evitar que ela acreditasse que ele
desejava casar-se com ela por seu dote.
Entretanto, não sabia por que ficava incomodada. Era algo de se esperar, esse era o motivo de
que o seu fosse tão generoso e de que os dote existissem: para atrair a um marido.
De fato, Averill teria se surpreendido se alguém afirmasse que este não era a razão de que ele
estivesse interessado em casar-se com ela...
Não obstante, Kade estava certo sobre o fato de que não gaguejava com ele, Averill percebeu
isso e se perguntou a razão.
— Avy? — ele usou o apelido com que o Will sempre a chamou e deu-lhe uma pequena
sacudida, atraindo sua atenção para ele. — Me aceita?
— Sim, mas... — sua tentativa por dizer seu defeito final: que tinha mau gênio, viu-se
interrompido quando ele a voltou a beijar.
Averill tentou conservar a mente clara de forma que pudesse dizer na primeira oportunidade
que tivesse, mas era muito difícil pensar com a agitação que ele causava nela. Sua língua se enredava
com a sua outra vez, e de algum jeito a camisola escorregou dos ombros para amontoar-se ao redor
de sua cintura, deixando-a meio nua. As mãos de Kade tomaram total vantagem e agora cobriram
ambos os seios, acariciando e amassando, puxando e apertando de modo que ela gemesse e se

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meneasse sobre seu colo. A ação a fez consciente de uma estranha dureza sob seu traseiro e por um
instante se perguntou o que era antes que Kade rompesse seu beijo para voltar a baixar a cabeça até
seu seio.
— Tenho mau gênio — exalou Averill, quase como se estivesse sonhando justo no breve
momento antes de que sua boca prendesse o seio.
— Aye — grunhiu ele contra sua pele. — Eu também gosto assim.
Então tirou a língua para lamber seu mamilo e ela se esqueceu do assunto. Averill não
acreditava que gostasse de seu caráter, mas realmente importava pouco já que de todos os modos
sempre o controlava.
Só teria que assegurar-se de não voltar a beber como seu pai a induziu a fazer essa manhã.
Satisfeita por ter admitido todos seus defeitos e que agora Kade não poderia sentir-se surpreso
ou decepcionado, Averill deslizou os dedos por seu cabelo e jogou a cabeça para trás com um gemido
quando ele sugou e beliscou primeiro um seio e depois o outro. Era consciente de que ele moveu uma
mão sobre suas costas, impedindo-a de perder o equilíbrio, mas era sua boca e sua outra mão as que
retinham toda sua atenção. A boca de Kade a estava levando a loucura enquanto ele se dava um
festim com ela, e sua mão a fazia estremecer já que deslizava de cima a abaixo sobre sua perna
através da camisola, aproximando-se mais e mais ao ápice entre suas coxas com cada instante.
Os músculos do ventre se contraíram pela excitação, instintivamente Averill se permitiu abrir as
pernas sobre seu colo. Quando os dedos de Kade chegaram o bastante alto para roçar contra seu
centro feminino através do fino tecido, ela gemeu e agarrou sua cabeça quase com desespero
enquanto arqueava as costas e movia os quadris sobre seu colo.
— OH, Kade — suspirou, fechando as pernas em torno da mão masculina, só para as abrir outra
vez no seguinte instante. Mas quando seus dedos voltaram a roçar contra ela, mais firmemente desta
vez, as sensações que isto causou foram assustadoras e inclusive atemorizantes. Sem fôlego, Averill
fechou as pernas uma vez mais e ofegou. — Não posso...
— Aye, pode — assegurou, deixando o mamilo para reclamar os lábios justo quando seus dedos
foram à deriva, afastando-se.
Averill sentiu tristeza por um momento, mas de repente a mão deslizou sob sua camisola,
acariciando sua pele nua até alcançar sua vulva. Desta vez não havia nada que se interpor quando os
dedos acariciaram suas dobras femininas.
Ele interrompeu seu beijo sussurrando:
— Está molhada para mim.
— Sinto muito — ofegou Averill com vergonha quando percebeu a umidade do qual falava, e
por alguma razão isto o fez rir entre dentes.
— Está bem — grunhiu ele e uma vez mais reclamou seus lábios.
Este beijo foi diferente dos outros. Enquanto que os outros foram suaves e exploradores, este

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foi firme e exigente. Empurrou a língua em sua boca como uma espada, enchendo a e arrancando à
força qualquer espécie de vergonha que pudesse sentir pela umidade entre suas pernas. Seus dedos
seguiram brincando sobre ela, mais firmemente agora, e quando ela gemeu desta vez, sua boca
capturou o gemido, amortecendo a vibração entre eles.
Averill moveu as mãos até seus ombros, afundando inconscientemente as unhas. Começou a
devolver o beijo com ardor, com mais paixão que mestria enquanto seus quadris se moviam por
instinto.
Era vagamente consciente que a dureza sob seu traseiro, de algum jeito, se pôs maior e mais
firme, e quando Kade gemeu em sua boca, Averill se preocupou de que seus movimentos
amassassem aquilo que se elevava do colo de Kade e o machucasse, mas não podia deter-se. Com
cada carícia de seus dedos, seu corpo se arqueava e se retorcia como se movesse com uma música
que só ela podia ouvir.
Estava sentindo que algo se acumulava em seu interior e se esticou diante da estranha
sensação, quando de repente um golpe soou na porta.
Kade ficou quieto e pareceu que ambos continham o fôlego, até que voltaram a escutar o golpe
na porta.
Suspirando, ele rompeu seu beijo e apoiou a fronte contra a sua, respirando:
— Vou matar a seu irmão.
— A Will? — perguntou ela em um sussurro. — Por quê?
Kade simplesmente suspirou outra vez, sacudiu a cabeça e a impulsionou a levantar-se já que o
golpe soou uma terceira vez.
Quando ele ficou de pé e se dirigiu para a porta, ela o agarrou pela mão para detê-lo.
— Não pode abrir a porta enquanto estou aqui. Espere até que eu...
Kade a fez calar com um beijo rápido. Quando levantou a cabeça, ele disse com secura:
— Deve ser Will e se não responder, seguirá golpeando. Me livrarei dele.
Partiu antes que ela pudesse protestar, mas ela temia que Bess percebesse que veio a ver Kade
depois de tudo e vinha para tentar apanhá-lo e obrigá-lo a casar-se com ela.
Averill não perdeu tempo em discutir com ele. Pegou a vela do suporte da lareira e se apressou
em dirigir-se à entrada dos túneis.
Correu todo o trajeto até seu quarto, a luz da vela iluminou brevemente uma velha boneca de
pano que acreditou ter perdido quando era uma menina. Evidentemente era a coisa suave que pisou
há pouco, e embora sentisse alívio ao sabê-lo não se deu ao incômodo de reduzir a velocidade e
agarrar o querido objeto. Estava muito assustada quando conseguiu chegar a seu quarto e fechar a
porta do túnel.
— Parte — grunhiu Kade quando viu Will de pé no corredor. Começou a fechar a porta, mas Will
pôs o pé para detê-lo.

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— Só queria saber... oh. Estava dormindo? — perguntou, a surpresa substituiu à determinação


em sua face quando estudou ao quarto além dele.
Kade deu uma olhada sobre seu ombro, arqueando as sobrancelhas quando viu que o quarto
estava às escuras. Averill devia ter levado a única vela acesa em seu quarto e fugido.
— Como o obteve? — resmungou. A luz no quarto cintilou, mas ainda estava ali quando ele
alcançou a porta. A única coisa que ocorria era que devia ter fechado a passagem do túnel quando ele
abriu a do quarto.
— Ah... ah! — disse Will, colocando a cabeça no quarto. — Então ela ainda estava aqui.
— Aye — franziu o cenho a seu amigo. — E interrompeu uma conversa muito importante entre
nós.
— Ah... — ele arqueou uma sobrancelha, parecendo divertido em vez de compungido.
Arrebatou a tocha no suporte de parede junto à porta no corredor e o empurrou para entrar no
quarto. — Me conte tudo.
Kade considerou jogar a seu amigo com um chute no traseiro e ir procurar Averill, mas decidiu
que isto poderia ser o melhor. Pelo caminho em que as coisas iam, seria como antecipar sua noite de
bodas se conseguisse ficar a sós com ela outra vez.
— Tome, agarra isto.
Kade pegou a tocha que Will usou para acender outra vela e foi ao corredor para voltar a
colocá-la em seu suporte na parede. Então fechou a porta de um puxão e seguiu Will para as cadeiras
junto à lareira. Quando o outro homem se instalou na mesma cadeira que Averill e ele ocuparam fazia
só uns momentos, Kade recordou o que sua chegada interrompeu.
Isto fez franzir o cenho com irritação a seu amigo enquanto se sentava no assento de frente.
— E? — insistiu Will quando ele não falou imediatamente. — O que aconteceu?
Suspirando, Kade se recostou em sua cadeira e encolheu os ombros.
— Ela veio para me advertir de suas carências.
— Quais? — perguntou Will com curiosidade.
— Seu cabelo, sua marca de nascença, sua gagueira, seus seios e seu caráter — resmungou ele.
— Eu disse a Averill que seu cabelo não é totalmente feio — assinalou Will enrugando a testa e
Kade revirou os olhos.
Ele não era exatamente florido com as palavras, mas nem sequer ele diria "não totalmente feio"
para tranquilizá-la. Não era de estranhar que a moça não tivesse confiança.
— E sua marca de nascença não é... Espera um minuto, disse seios? — interrompeu-se,
enquanto que seu cérebro absorvia o que havia dito.
Kade assentiu, a diversão se aferrou a seus lábios quando notou o horror de Will. Entretanto,
sua voz foi muito séria quando explicou:
— Parece que lorde Seawell pensava que eram muito pequenos.

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— OH! Por Deus... — Will fez uma pausa, respirou e sacudiu a cabeça. — O estúpido. Nunca o
notei, mas estou seguro de que os seios de Averill são absolutamente formosos.
— Aye, são — assegurou Kade, um sorriso reclamou seus lábios enquanto recordava o aspecto e
a sensação que desfrutou fazia uns instantes. Lorde Seawell poderia preferir seios do tamanho de
melões, mas Kade preferia maçãs e os de Averill eram perfeitos.
— Como diabos sabe isso? — espetou Will.
Kade fez uma careta diante de seu ultraje e se recordou que era o irmão de Averill. Pouco
disposto a dizer que ela pressionou sua mão contra seu seio ou que depois ele fez muito mais que
isso, só encolheu os ombros.
— Tenho olhos.
— Hmm — Will o fulminou com o olhar, depois suspirou e disse. — Espero que tenha
conseguido tranquilizá-la.
— Aye — respondeu.
— O que disse? — perguntou com curiosidade.
— Disse que gosto de seu cabelo e... Tudo — terminou ele sem convicção.
— Hmmm — Will se recostou em seu assento para considerá-lo e perguntou. — Vai se casar
contigo?
— Aye.
Kade franziu o cenho diante da mera hipótese de que ela não o fizesse. Agora que saboreou sua
paixão, desejava mais. Se a mulher recusasse se casar com ele, teria que deslocar-se pelos túneis e
recordar a paixão que compartilharam e assegurar-se que eram apanhados no ínterim. Assim teria
que casar-se com ele. Kade era um homem honorável e não a obrigaria a fazer algo que não queria
fazer...
Exceto não casar-se com ele. De todos os modos, Averill seria mais feliz com ele que com
qualquer um dos tolos ingleses que seu pai seguia arrastando para vê-la, assegurou-se.
— Contou que agora pode ver? — perguntou Will de repente.
Kade assentiu muito sério.
— Zangou-se?
— Nay. Ao menos não parecia está-lo — respondeu, mas franziu o cenho enquanto considerava
o fato de que ela esteve um pouco distraída nesse instante. Esperava que não se zangasse uma vez
que seu cérebro já não estivesse embaciado pela paixão.
— Bem. Então irei me deitar.
Kade assentiu, mas permaneceu onde estava enquanto seu amigo ficava de pé e se dirigia à
porta.
Foi vagamente consciente da saída de Will, mas seus pensamentos agora estavam em Averill e o
que ele poderia esperar dela à manhã seguinte.

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Zangaria-se pelo ardil que eles planejaram sobre sua capacidade de ver? Ainda protestaria por
seu matrimônio? Ele seria capaz de manter suas mãos longe dela? A única pergunta que podia
responder com alguma certeza era a última. Definitivamente teria problemas em manter as mãos
longe dela. A mulher foi ferro fundido em suas mãos, suspirando, ofegando, gemendo e retorcendo-
se sob suas carícias enquanto afundava as unhas nele em uma demanda silenciosa por mais. Kade
teve que lutar contra seu desejo de deslizar em seu quarto e despertar sua paixão outra vez.
Parte dele argumentava que de todos os modos iam se casar, assim não haveria prejuízos em
fazê-lo, mas outra parte recordava que era a irmã de seu amigo, assim como a filha do homem que o
recolheu e deu um lugar para recuperar-se de sua ferida. Ele não podia devolver tal bondade
desflorando Averill sob seus próprios narizes antes de casar-se.
A única coisa que restava era insistir em que se casassem o mais breve possível, pensou Kade.
Talvez dentro de uma semana. Deveria ser capaz de controlar-se e resistir Averill durante uma
semana... Talvez... Assim esperava.
Talvez o melhor seria evitá-la até seu matrimônio, decidiu Kade.

Capítulo 07

— Aqui está, minha menina. É hora de despertar e saudar a manhã. É o dia de seu matrimônio.
Averill gemeu diante do gorjeio alegre de Bess. Deu volta na cama e puxou as peles para
bloquear a repentina e deslumbrante luz do sol que entrou em seu quarto quando a mulher abriu as
janelas.
— O que é tudo isto? — a voz da criada soou mais perto e de repente puxou as peles, deixando
Averill piscando como uma coruja vestida com camisola. — Deveria estar ansiosa e feliz, não vadiando
neste dia tão especial.
— Ontem à noite não dormi bem — resmungou Averill infeliz, mas cedeu e se sentou.
Imediatamente seu olhar pousou em um par de criadas que vertiam baldes de água em uma tina.
— OH. Muito entusiasmada para dormir, não é? — perguntou Bess com um sorriso.
Averill franziu o cenho ao responder.
— Melhor dizer, muito preocupada.
As sobrancelhas de Bess voaram para cima, mas depois o entendimento sulcou sua face.
— Sim, bem. Estou segura que não há nada porque preocupar-se. Dá-me a impressão que lorde
Stewart é um homem conhecedor dos assuntos do quarto. Estou segura que tudo irá bem.
Averill elevou os olhos bruscamente para a mulher. Era uma preocupação que não considerou
durante esta última noite de inquietação. Preocupou-se mais pelo modo em que Kade agiu desde

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aquela noite em seu quarto.


Depois daquela noite tão agitada, revivendo cada momento em seus braços, Averill deixou sua
antecâmara à manhã seguinte e o encontrou caminhando de um lado a outro no corredor.
Quando Kade a viu desejou bom dia com um grunhido e perguntou se desejava se casar com
ele. Ela gaguejou timidamente um "S... Sim", ele voltou a grunhir, pegando-a pelo braço e a conduziu
ao grande salão.
Ali a depositou diante da mesa sem dizer outra palavra, feito isto se foi com seu pai para falar
dos contratos matrimoniais... E isso foi a última coisa que soube dele depois.
Se inteirou através de seu pai que Kade desejava celebrar as bodas ao término da semana, mas
que seu progenitor insistiu em esperar ao menos duas. Aparentemente Kade protestou, mas ao final
se viu obrigado a ceder.
Também ficou de acordo com tudo o que seu pai desejou que estivesse estipulado no contrato
e depois se dirigiu aos campos de treinamento sem sequer deter-se para tomar o café da manhã...
E após isso, o homem se entrincheirou ali.
OH, Averill supunha que devia entrar para dormir de noite, mas se é que o fazia, devia fazê-lo
muito tarde, já que ela não o viu dentro dos muros do torreão desde aquele dia. De fato, nem Kade
nem Will faziam ato de presença no castelo, nem sequer para as refeições. A primeira noite, Averill se
sentiu o suficientemente preocupada para ir aos campos de treinamento e descobrir o que estava
acontecendo.
O que descobriu foi que ambos os homens faziam suas refeições ali, mal detendo o tempo
necessário para devorar de uma dentada seus mantimentos antes de pegar suas espadas e uma vez
mais atacar-se entre eles infrutuosamente.
Averill estalou a língua, sentiu-se inquieta e sacudiu a cabeça, mas essa primeira noite descobriu
que era muito difícil obrigar-se a afastar-se e retornar ao castelo. Desde esse dia foi incapaz de se
impedir de frequentar os campos de treinamento. Disse que só a impulsionava a preocupação por seu
paciente, mas sabia que isso era uma mentira ou não teria tomado o incômodo de não ser vista
observando os homens em seu treinamento. E a admiração que experimentava enquanto notava
como Kade recuperava lentamente sua musculatura e peso era algo muito diferente do carinho que
pudesse experimentar por um paciente.
A verdade era que se movia sigilosamente, vigiando-o com olhos de cordeirinho degolado como
uma imatura jovenzinha apaixonada... E considerando que logo se casariam, era algo ridículo. Na
verdade, toda a situação o era.
Não era que esperasse que Kade a cortejasse com palavras bonitas e flores, mas se sentiu
desconcertada pela forma em que a evitava por completo. Averill não era alguém propensa a
fantasiar acordada sobre seu matrimônio e possíveis filhos, mas imaginou e esperou que existisse um
pouco mais de interação entre um casal prometido... E agora se sentia preocupada se isto era como

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Devil of the Highlands 03

seria toda sua vida de casada: ela no torreão, seu marido no pátio de armas e nunca os dois juntos...
Salvo nas noites no leito nupcial.
— Vamos — disse Bess, agarrando-a pelo braço para tirá-la a rastros da cama. — Sentada aí
parece que leva o peso do mundo em seus ombros. Deitar-se com o marido não é completamente
mau e acaba rapidamente.
— Quão rapidamente? — perguntou Averill enrugando a cara quando permitiu que a mulher a
levasse para a tina, que duas criadas enchiam com baldes de água fumegante.
— Bem, isto depende do homem — resmungou Bess.
Averill considerou suas palavras e perguntou:
— O que é que acontece com exatidão?
A repentina calma no quarto foi muito alarmante. Bess se transformou em um pedaço de pedra,
assim como as mulheres que estiveram trabalhando em seu banho. Ambas trocaram um olhar entre si
que pareceram excluí-la.
Bess foi a primeira em reagir. Soltando o fôlego em uma exalação, moveu-se para ajudar Averill
a tirar a camisola e resmungou:
— Não se preocupe. Ele saberá o que fazer e se encarregará de tudo.
— OH, Bess — a velha Ellie, a mais velha das criadas que enchiam sua tina, franziu o cenho à
donzela. Sacudiu a cabeça, levantou o balde que sustentava para verter o resto de seu conteúdo na
tina e espetou:
— Não pode deixar a moça na total ignorância.
— Não me corresponde... — começou a dizer Bess, mas guardou silêncio quando Ellie deixou
cair o balde, lançou um olhar furioso e colocou as mãos nos quadris.
— Então a quem corresponde? — perguntou a anciã. — Sua pobre mãe está morta, Deus
guarde sua alma, e seu pai não explicará nada.
Averill pôde sentir que o suspiro de Bess agitava o cabelo na nuca, levantou o olhar e viu sua
expressão de infelicidade. Lamentando causar este desconforto, clareou a garganta e murmurou:
— Está bem, Bess. Estou segura que tem razão. Estarei bem.
— Não, é melhor que diga — disse Bess angustiada. — Possivelmente tranquilize sua mente
saber o que esperar.
— Isso ou a assustará até a morte — comentou sarcástica Sally, a mais jovem das criadas,
enquanto esvaziava seu próprio balde na tina. Recebeu um olhar irado da velha Ellie e revirou os
olhos.
— Bem, sem dúvida soa horrível em palavras — indicou, depois jogou uma olhada em Averill e
acrescentou: — Fazê-lo é muito mais agradável, minha senhora.
Recordando a noite há duas semanas no quarto de Kade, Averill não teve dúvida de que era
verdade. Nossa se pareceu agradável e não se oporia a repetir o exercício nas semanas que haviam

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Devil of the Highlands 03

passado.
Entretanto, Kade não teve a mesma opinião.
Franzindo o cenho diante desse pensamento perguntou:
— E todos os homens gostam?
Isto provocou uma roda de gargalhadas entre as mulheres.
— OH, sim — disse mordaz a velha Ellie. — Em geral, não há nada que gostem mais.
— Em geral? — perguntou ela. — Então alguns não gostam?
Isto ocasionou outra troca de olhares e caretas, então a velha Ellie disse:
— Existem um ou dois que parecem carecer de interesse, minha senhora. Mas em efeito são
uma espécie pouco comum de homens.
Averill analisava esta informação quando Sally disse:
— São raros, mas uma vez encontrei com um. Não pude conseguir que elevasse voo a pesar que
tentei tudo e não compreendi porquê até que vi o tamanho de sua... Bem... Espada.
— Espada? — perguntou Averill com incerteza. — Refere a seu...
— Refere-se a seu passarinho — interrompeu a velha Ellie e depois agarrou um tecido que jazia
sobre um dos baús próximos e o desdobrou diante de sua saia para que Averill não pudesse entender.
Sally soprou.
— Sim. Só que o seu se parecia mais a isto — ela pegou o pedaço de tecido que Bess trouxera
para que Averill usasse em seu banho, dobrou-o quatro vezes e depois o enrolou até que não ficou
maior que seu dedo mindinho e o pendurou diante de suas pernas... Salvo que em realidade isso não
pendurou.
A criada sacudiu a cabeça com tristeza.
— Era uma vergonha. Um tipo grande e fornido com a espadinha mais diminuta que jamais vi.
Acredito que esse era o motivo de sua relutância. Estava preocupado de seus defeitos naquela área.
— Homem tolo — disse a velha Ellie com desgosto. — Não é o tamanho da espada o que conta,
e sim o que fazem com ela.
— Não neste caso — discutiu Sally. — Era uma coisinha.
— Sim, e uma faca é pequena junto a uma espada, mas pode cortar igualmente bem —
contradisse Ellie incômoda. — E às vezes melhor.
Averill considerava se a razão de que Kade a evitasse era que seu passarinho era muito
diminuto, quando Bess balbuciou:
— Sim, bem nada disso diz o que deve esperar desta noite.
Sua criada endireitou os ombros como um soldado partindo à batalha e disse:
— Quando decidir que é hora da cerimônia do leito nupcial, as mulheres a levaram a seu quarto,
a despiremos, a banharemos e a poremos na cama. Então os homens trarão lorde Stewart.
O despiram, também o porão na cama e sem dúvida conseguira dar uma boa olhada quando o

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fizer, assim se prepare.


— O porão na cama sem fazer a parte de banhá-lo? — perguntou Averill com curiosidade e se
questionou o por que quando Bess assentiu com a cabeça.
Entretanto, não formulou a pergunta devido a que a mulher pelo visto estava impaciente por
terminar a discussão.
— Quando formos, ele... — fez uma pausa, lambeu os lábios com nervosismo, depois clareou a
garganta e se forçou a continuar: — Ele provavelmente a beijará e... er...
— Ah, Meu Deus! — disse entre dentes a velha Ellie quando aparentemente Bess não pôde
obrigar-se a seguir. — É fácil dizer que não teve filhas com quem conversar destes temas, Bessie.
Bess ruborizou, depois espetou:
— Sim, bem, você teve muitas. Por que não o explica já que é tão versada nestas questões?
A velha Ellie pigarreou, mas virou para Averill e informou:
— Ele a beijará, fará bajulações por aqui e lá, depois fará entrar seu cavalo em seu estábulo.
— Fará entrar seu cavalo ...? — repetiu Averill com insegurança.
— Sua espada — disse Sally amavelmente.
— OH — murmurou Averill, então de um momento a outro entendeu a que estábulo se referia.
— OH!
— Sim — disseram as mulheres em uníssono e pelo visto se sentiam satisfeitas com o que
explicaram, Bess retornou a sua tarefa de tirar a camisola pela cabeça e as demais voltaram a encher
a tina.
Averill franziu o cenho com insatisfação. As mulheres realmente não foram de muita ajuda. Meu
Deus! Ela sabia as questões básicas do assunto. Não se podia viver em um castelo abarrotado com
tantas pessoas, a maioria deles procriando pelas noites no canto mais escuro disponível, sem
mencionar fornicando e dormindo sobre o chão do grande salão, sem aprender ao menos algo. Sua
ignorância jazia em outras questões.
— Dói?
Todas as mulheres se detiveram e se viraram para ela outra vez, mas parecia que nesta ocasião
se sentiam relutantes a falar e passou todo um minuto antes que Bess perguntasse com um pouco de
irritação:
— Onde escutou isso?
— Escutei-o por acaso de um par de criadas que falavam de como doía — confessou ela.
Bess assentiu em tom grave, mas admitiu:
— Doerá a primeira vez, minha senhora. Ele precisa rasgar o véu de sua virgindade, doerá e
sangrará um pouco. Mas deverá estar bem depois disto.
— Desde que ele não seja um desses a quem gosta do rude — murmurou Sally com desgosto.
— Lorde Stewart não me dá a impressão de ser alguém a quem goste do rude — comentou a

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velha Ellie muito séria. — Mas esse tipinho do Seawell... Agora, esse tinha uma veia cruel. Alegra-me
que não se case com ele, minha senhora.
Todas as criadas resmungaram seu acordo enquanto retornavam a seus trabalhos.
Averill esteve de acordo com elas. O homem mostrou um prazer inquietante ao insultá-la,
enquanto agarrava e apertava o seio com a mão, nada gentil e suavemente como Kade fez depois.
Pensar naquela noite recordou algo mais que desejava saber, e enquanto que Bess provava a
água, movia a cabeça afirmativamente devido à temperatura e a urgia a entrar na tina, Averill
perguntou:
— Supõe-se que nossos seios formigam quando eles os tocam?
Um silêncio mortal caiu sobre o quarto e durou tanto tempo que Averill não pôde resistir dar
uma olhada uma vez que esteve sentada na água. Todas, até a velha Ellie, estavam desconcertadas e
a contemplavam com os olhos muito abertos. Entretanto, quando as olhou, todas deram a volta para
Bess, silenciosamente passando a resposta a ela.
— Como sabe sobre isso? — a voz de Bess quase era estrangulada.
— Escutei-o por acaso de uma das criadas — mentiu ela em um murmúrio, afundando a cabeça.
Todas suspiraram, relaxando em uníssono.
— Sim, bem — disse Bess por fim. — Suponho que se ele o fizer bem, e se você gostar, eles
podem formigar.
— OH Bess, pobrezinha — disse Sally tristemente. — Nunca sentiu o formigamento?
Bess avermelhou e se afastou para começar a dobrar a camisola que Averill tirou, obviamente
estava pouco disposta a responder.
Averill mordeu o lábio, sentindo-se culpada por ter causado à mulher tal desconforto. Bess
esteve casada quando era muito jovem com um homem de quem frequentemente falava com afeto e
dizia que foi amável e bom.
Obviamente, sua amabilidade e bondade não se estendeu ao quarto. Ela só necessitou pouco
mais que um beijo e uma carícia de Kade para fazê-la formigar.
Esperando as distrair e aliviar o desconforto de Bess, clareou a garganta e fez sua seguinte
pergunta:
— O que acontece... Ehh... A umidade?
— A umidade? — perguntaram como uma só.
Averill ruborizou e fez uma careta, mas realmente desejava estar segura que era algo normal.
Depois de tudo, Kade o dissera.
Clareando a garganta de novo, concentrou-se em molhar o pequeno pano de linho que Sally
usou para fazer o imaginário passarinho e explicou:
— Entre as pernas. É normal ficar molhada ali?
— O que... Você... Como pode...?

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— Escutou-o por acaso de outras criadas — respondeu Sally por Averill, mas havia um brilho em
seu olhar que sugeria que a ela, ao menos, já não a enganava.
— Ah, é obvio — resmungou Bess. Guardou silêncio durante um momento, mas depois olhou a
Ellie procurando ajuda.
A anciã revirou os olhos, mas respondeu:
— É natural. Lubrifica o caminho que a espada roçará ao entrar em sua bainha.
Parecia que não usaria os cavalos e estábulo nesta explicação, pensou Averill ironicamente, mas
só assentiu com a cabeça. Enquanto que fosse normal, ela seria feliz. Preocupou-se que fosse algo
incomum.
Agora que sabia que não era nada estranho, relaxou-se um pouco e perguntou:
— Como o agrado?
A velha Ellie já havia recolhido seus baldes vazios e se dispunha a deixar o quarto, mas os deixou
cair com estrépito diante da pergunta e se virou atônita. Sally acabava de agachar-se para reunir seus
próprios baldes, mas fez uma pausa, seus ombros tremiam com o que Averill suspeitava era um
silencioso regozijo por suas perguntas. Bess, entretanto, parecia absolutamente horrorizada.
— O agradar? — perguntou sua donzela com voz desfalecente.
— Sim, disseram que ele me beijaria e faria bajulações. O que devo fazer para o agradar em
resposta? — realmente parecia uma pergunta importante que formular. Kade a fez ofegar e gemer
agradando-a ao tê-la nos braços, e tudo o que ela fez foi agarrar-se a ele como se colocasse a vida
nisso e retorcer-se sob suas carícias. Desejava ser uma boa esposa e gostaria de agradá-lo tanto como
ele a agradou.
— Nada — disse Bess por fim. — Só permaneça deitada.
— Isso é tudo? — perguntou ela com dúvida.
A velha Ellie estalou a língua com impaciência.
— Não é de estranhar que não tenha filhos, Bess. Billy e você não tinham nem ideia do que
faziam — espetou a criada. Então suavizou o insulto acrescentando:
— Mas eram tão jovens quando se casaram e ele não era muito mais velho quando morreu.
— Gostam quando brincam com seu passarinho — anunciou Sally repentinamente.
— Brincar com seu passarinho? — perguntou Averill com incerteza e uma imagem surgiu em
sua mente: vesti-lo como a uma boneca?
— Sim, sobre tudo com sua boca. Gostam muito dessa forma — disse Sally com convicção,
depois como uma ocorrência posterior acrescentou: — E gostam que belisquem seus mamilos.
Então não o vestiria como uma boneca. Bem, isso era um alívio.
— E gostam que elogiem seu tamanho enquanto o faz — assegurou Sally conhecedora. —
Quanto mais elogios melhor.
— O que está dizendo a pobre moça? — ofegou Bess com horror e pareceu óbvio que apesar da

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mulher ter sido casada, não era nem de perto tão experiente como a jovem Sally.
Isto fez que Averill se perguntasse se Bess se absteve dos homens depois de seu marido. Se ele
a emocionou tão pouco como parecia, supunha que não era de surpreender-se.
— OH, acaba com isso, Bess — disse a velha Ellie com tato. — Sally tem razão. Realmente
gostam — voltou a se virar para Averill para advertir.
— Mas a algumas mulheres não gosta de fazê-lo, e uma mão é igualmente boa se você estiver
disposta.
Averill não fazia nem ideia se estava disposta ou não, ainda não estava muito segura de como
devia brincar com seu passarinho com a boca. Supunha que Sally poderia referir-se à mesma forma
em que Kade brincou com seus seios, mamando e beliscando com suavidade. Antes que pudesse
considerar a possibilidade com atenção, prosseguiu Ellie.
— Deve melar com azeite os dedos, depois o toma com a mão e esprema com força como se
ordenhasse uma vaca — informou, só para franzir o cenho, e dizer. — Bem, não exatamente como
ordenhar a uma vaca, mas algo assim.
Porá-o de bom ânimo, duro e preparado para culminar.
Averill assentiu, sem perceber fechou a mão ao redor do pano que sustentava e o espremeu de
cima a baixo. A mulher moveu afirmativamente a cabeça, em sinal de aprovação, recolheu de novo
seus baldes e apressou a Sally para que partissem. Averill murmurou seu obrigado e ofegou com
surpresa quando Bess verteu um balde de água morna sobre sua cabeça.
— É melhor que a banhemos e saiamos antes que seu pai envie Will para buscá-la. Esbanjamos
muito tempo, provavelmente o sacerdote já está esperando.
Secando a água dos olhos, Averill fez uma careta enquanto Bess lavava o cabelo. Tentou relaxar,
mas agora que sua inquietação sobre sua próxima noite de bodas foi tratada com... Bem, da melhor
maneira em sua opinião, voltou a mortificar-se pela forma em que Kade a evitou as duas últimas
semanas, e se preocupou que ele já não queria casar-se com ela. Se fosse assim, não estava segura
que ele fosse capaz de dizê-lo. Era um bom amigo de seu irmão e não quereria insultá-lo rejeitando-a.
E tampouco pagaria a bondade de seu pai abandonando-a. Entretanto, não desejava casar-se com
Kade se ele já não a desejava mais. Averill suspeitava que seria insuportável estar casada com alguém
que gostasse tanto e encontrasse tão atraente, só para ser completamente ignorada por ele.
Precisava falar com o Kade.
— A moça está tomando seu tempo — disse Kade tensamente enquanto se movia em seu
assento diante da mesa e assim poder dar uma olhada para a escada uma vez mais em busca de sua
noiva ausente.
— Virá — disse Will de modo tranquilizador. — Sem dúvida se está pondo bonita para você.
— Aye, mas já é quase meio-dia — se queixou ele. — Quanto se demora para ficar bonita?
Will riu entre dentes diante de suas palavras de desgosto, mas indicou:

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— Sem dúvida estarão lavando o cabelo, depois terão que escová-lo para que se seque. Toma
seu tempo.
Kade grunhiu e voltou a baixar o olhar à cidra diante dele, acreditando que era isso ou que ela
mudou de opinião e estava pouco disposta a casar-se com ele. O pensamento o fez franzir a boca.
— Se puder parecer um noivo feliz no dia de seu matrimônio — Mencionou Will divertido.
— A maioria dos maridos não são felizes no dia de seu matrimônio — indicou Kade.
Depois de tudo, a maioria dos matrimônios eram algo mais que acordos contratuais entre duas
famílias, uma união por riquezas, terra ou algum outro benefício. Kade quase invejou os homens que
desfrutavam de tais acertos. Ao menos eles não estariam sentados, perguntando se a mulher a que
desejou e com quem sonhou durante as duas últimas semanas decidiu não casar-se, e se nesse
mesmo instante estaria descendo por sua janela com uma corda feita de vestidos para assim poder
escapar. Não é que Averill precisasse fazer algo assim, pensou ele.
Ela só precisava escapulir pelos túneis como já fez quando tinha cinco anos.
Franziu o cenho diante do pensamento e deu uma olhada à escada outra vez, mas não havia
sinal de Averill.
— Sem dúvida estaria surpreendida por tal impaciência, considerando que não se incomodou de
falar com ela nestas duas semanas — assinalou Will com secura.
Kade grunhiu e começou a brincar com sua jarra. Estava pouco disposto a dizer ao irmão da
moça que a única razão pela que a evitou era assegurar-se que chegasse virgem a suas próprias
bodas.
Will lhe daria um murro se conhecesse as indecentes fantasias que Kade desfrutou desde a
noite em que Averill visitou seu quarto. Permanecer longe de Averill e desafogar suas frustrações com
o Will nos campos de treinamento pareceu a rota mais inteligente. E também, bastante benéfico. Ele
era seu velho eu outra vez, enchendo sua roupa e recuperando quase todas suas forças.
Claro que não enchia sua própria roupa. A sua se perdeu no naufrágio do navio e pelo visto o
tiraram da água só com a túnica que vestia sob seu tartán. Kade vestia roupa emprestada desde que
decidiu levantar-se da cama; de fato, usava as roupas de Will.
Baixou o olhar a sua túnica verde escura e aos braies3 que Will emprestou e pensou que embora
se via muito elegante neles, seria um alívio voltar a usar um tartán.
E isto, por sua vez, o fez pensar em seus homens e perguntar-se por que não retornaram ainda.
Esperava que chegassem a tempo para as bodas. Era a única razão pela qual consentiu esperar duas
semanas.
Will era um bom amigo, mas teria sido agradável ter a seus próprios parentes junto a ele
durante este dia.

3
Espécie de calça que era presa tanto à cintura e às pernas na metade da panturrilha. Eram feitos de couro, lã ou linho, podem
complementar-se com meias.

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— Aqui vem ela.


Kade deu a volta diante do anúncio de Will, seus olhos se abriram como pratos quando se
pousaram em Averill, que descia pela escada. Usava um vestido verde escuro que combinava com
suas próprias roupas, seu cabelo caía solto e fluía ao redor de sua cabeça em acesas ondas e suas
faces estavam ruborizadas. Para Kade era absolutamente formosa.
Levantou-se e se dirigiu para ela, mas lorde Mortagne ficou de pé e assinalou que retornasse a
seu assento enquanto ele se apressava a ir a seu lado. Kade titubeou, tentado em ignorar o homem,
não obstante, lorde Mortagne era seu pai, assim que se sentou a contra gosto no banco.
— Devemos guiar o cortejo nupcial até a capela — disse o sacerdote, ficando de pé do outro
lado de Will. — Lorde Mortagne entregará à noiva.
Kade fechou a cara, mas começou a caminhar quando Will deu uma cotovelada. Averill estava
aqui. Tinha a intenção de casar-se com ele. Isso teria que bastar.
A maioria dos habitantes do castelo estavam fora da igreja esperando quando o sacerdote guiou
Kade e Will através do pátio. O ancião tomou um momento em ser pomposo e acomodá-los sobre os
degraus, então todos deram a volta para olhar atentamente para o torreão com expectativa. Para
alívio de Kade, lorde Mortagne e Averill estavam já na metade do pátio, mas quanto mais se
aproximava ela,
Kade era capaz de ver que Averill mordiscava o lábio e retorcia as mãos.
— Ela parece preocupada — resmungou Will.
— Aye — grunhiu Kade.
— Avy avança muito rápido — indicou Will. — E meu pai parece ter problemas em manter o
passo.
Kade grunhiu. Acabava de notar isso por si mesmo. Averill se movia muito rápido, mas logo se
converteu em um trote, depois em uma corrida quando soltou o braço de seu pai e o deixou para trás
atravessando a multidão para alcançá-lo.
— K... Kade? — disse com incerteza.
— Aye? — perguntou com crescente cautela.
— Averill!
O grito de lorde Mortagne fez que Averill parasse e virasse para olhá-lo. Estalando a língua com
impaciência, voltou-se para ele, agarrou-o pelo braço e o apressou para os degraus, dizendo:
— Sinto muito, pai, mas devo falar com o Kade. Por favor se apresse.
— Haverá muito tempo para falar depois da cerimônia — disse o sacerdote repreensivamente,
enquanto um ofegante lorde Mortagne e Averill chegavam à escada. — Por favor tomem seu lugar
junto a lorde Stewart e iniciarei a cerimônia.
Averill o ignorou e deu a volta para Kade.
— M-meu senhor?

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Kade franziu o cenho diante de sua gagueira. Ela só o fez uma vez com antecedência, a manhã
depois da noite em seu quarto, assim que se surpreendeu que gaguejasse neste momento.
Pegando suas mãos em um intento de acalmá-la, ele levantou uma sobrancelha diante de sua
pergunta.
— Minha senhora — começou a dizer o sacerdote com voz aguda.
— Ah, pelas barbas de São Pedro! Padre Bennett. Devo falar com Kade — gritou Averill com
impaciência e agarrou o braço de Kade para que descesse os degraus. Supunha que estava
procurando privacidade afastando-se do sacerdote, seu pai e Will, mas tudo o que ela fez foi descer
até onde os habitantes de Mortagne se encontravam. Os criados, os soldados e os convidados fizeram
espaço para que ela e Kade passassem, mas então não se afastaram mais, escutando com impaciência
para se inteirar do que Averill precisava dizer.
— Eu-eu-er... — Se obrigou a sorrir às pessoas que os rodeavam, depois clareou a garganta e se
virou para Kade. — Dê-de-vo fazer... — deteve repentinamente quando Kade levantou uma mão para
cobrir sua boca.
— Gagueja — indicou ele em voz baixa quando ela arqueou as sobrancelhas em uma pergunta
silenciosa.
— Sim. Lady Averill às vezes o faz — disse um dos homens perto deles, e Averill baixou os olhos,
a miséria cruzou sua cara.
— Só acontece quando está nervosa ou incômoda com alguém — indicou outro.
— Sim, mas normalmente não gagueja com lorde Stewart — informou uma mulher e Kade deu
uma olhada e viu Mabs entre a multidão que os rodeava.
Ele voltou seu olhar a Averill e tranquilamente perguntou:
— Sente-se tão incômoda comigo agora que sabe que posso vê-la?
— N-não, não... É... Isso — murmurou ela e depois sacudiu a cabeça com impaciência. — É... Só-
só que... Eu... — suas palavras terminaram em um grito sufocado de surpresa quando Kade baixou a
cabeça e a beijou.
Ela permaneceu rígida sob seu beijo durante um momento, mas suspirou e se afundou contra
ele quando Kade aprofundou mais o beijo.
— Eyy — disse alguém. — O beijo não acontece até o final da cerimônia.
Kade ignorou o comentário, enquanto outra pessoa fazia calar o homem. Beijou Averill até que
ambos ficaram sem fôlego. Elevou a cabeça e perguntou:
— O que acontece?
— Estava preocupada de que já não desejasse se casar comigo, mas que seguisse adiante
porque já havia dado sua conformidade — confessou ela de supetão. Sem gaguejar nenhuma só vez,
notou ele.
— Quero me casar com você — disse Kade simplesmente, depois a agarrou pela mão e deu a

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volta para tirá-la a rastros da multidão que se aproximou até mais, mas ela puxou sua mão para
libertar-se.
Carrancudo, voltou-se com atitude interrogativa.
— M-mas esteve me evitando durante estas duas... duas semanas — indicou e ele enrugou a
testa ao notar que sua gagueira retornava.
— Disse que isso a alteraria — disse Will com secura e Kade o olhou com surpresa ao ver que o
homem se uniu à multidão que os cercava. Lançando um olhar a sua irmã, Will acrescentou: — Eu
disse, Avy.
Kade franziu o cenho, mas se concentrou em Averill e disse:
— Tinha meus motivos, mas não foi porque mudei minha decisão de me casar com você, moça.
Ela abriu a boca, sem dúvida, para perguntar quais eram esses motivos, mas ele adiantou
dizendo:
— Explicarei isso depois. Quando estivermos sozinhos.
— Ah — Averill percorreu com o olhar às pessoas que os rodeavam, depois relaxou e assentiu
com a cabeça em sinal de concordância.
— Podemos nos casar agora? — perguntou Kade tranquilamente.
Averill ruborizou e afastou o olhar do dele, mas nesta ocasião também assentiu.
Sentindo diminuir a tensão de seus ombros, Kade agarrou sua mão, pô-la sobre seu braço e a
conduziu através da multidão e subiu os degraus até se localizar em frente ao sacerdote.

Capítulo 08

— É a hora.
Averill deu uma olhada sobre seu ombro para ver Bess e às outras mulheres de pé atrás dela.
Certamente não podia ser a hora para a cerimônia do leito nupcial... Pensou com consternação,
mas parecia que a presença das mulheres sugeria que o era.
Sentindo mariposas no ventre, Averill se obrigou a se levantar e se afastar da mesa sem dedicar
sequer uma palavra ou olhar a Kade. Era terrivelmente grosseiro e se sentia mal por isso, sobre tudo
depois de quão solícito e amável foi ele durante as celebrações que duraram toda a tarde e boa parte
da noite, mas simplesmente não tinha coragem para encontrar seu olhar nesse instante.
Era a hora para a cerimônia do leito nupcial!
Essa afirmação seguiu ressoando em sua cabeça enquanto as mulheres a conduziam pela
escada, enquanto a despiam e a acompanhavam em seu banho. A um nível intelectual, Averill sabia
que não devia sentir-se nervosa, sobre tudo depois do modo em que permitiu que Kade a beijasse e

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acariciasse durante "aquela" noite. Entretanto, essa noite foi totalmente inesperada, completamente
espontânea e emocionante.
Existia uma diferença enorme entre aquela experiência e esta, onde estava sendo preparada e
perfumada como uma virgem para o sacrifício.
Pior ainda, enquanto aquela foi uma ocasião totalmente privada sobre a qual ninguém sabia
nada, todo o castelo sabia o que ia acontecer esta noite. Sentariam-se no grande salão, bebendo até a
inconsciência e sem dúvida fazendo brincadeiras grosseiras sobre o que os dois estariam fazendo.
Além disso, desta vez realmente iam consumar sua relação. Ele faria que seu cavalo entrasse em seu
estábulo, afundaria sua espada em sua bainha, rasgaria o véu de sua virgindade...
Estes pensamentos rodaram pela mente de Averill repetidas vezes, como um gato que persegue
um camundongo ao redor de uma mesa, enquanto a banhavam e secavam, mortificando-a em
excesso.
Distraíram-na tanto que com um pouco de surpresa se viu a si mesma deitada na cama e Bess
cobrindo-a com as mantas e peles.
— Não se preocupe — disse sua donzela com voz tranquilizadora enquanto se endireitava. — Os
homens chegarão logo. Sally foi buscá-los.
Averill começava a sentir pânico diante daquelas palavras quando a porta se estrelou ao abrir-se
e um grupo descontrolado de homens cantores começou a lutar através da porta conduzindo no alto
o Kade.
Sentaram-no e continuaram cantando e brincando quando o rodearam e começaram a despi-lo.
Averill mordeu o lábio e deu graças a Deus por não ser homem, já que seu marido estava recebendo
um tratamento muito pouco cuidadoso. O som de um tecido ao rasgar-se, os grunhidos de Kade e as
maldições que enchiam o ar eram do mais desconcertantes.
Isto explicava por que o noivo nunca recebia um banho, decidiu Averill quando observou vários
farrapos de roupa voar pelo ar em cima da multidão de homens. Não havia dúvida que o pobre noivo
seria afogado pela massa de companheiros bem intencionados, mas muito bêbados.
Quando a multidão de homens começou a separar-se, Averill percebeu que a parte de ficar nua
diante de todos devia fazer-se e fechou os olhos com força, armando-se de coragem para quando
levantassem as roupas de cama e "a-deixassem-a-vista-de-todos", tal como Bess a advertiu. Apenas
um momento depois sentiu que as mantas e peles eram levantadas e uma brisa fresca roçava contra
sua acalorada e ruborizada pele, depois sentiu como se atirassem Kade na cama junto a ela, as
mantas e peles voltaram a cair sobre ela.
Em nada impaciente por encontrar os olhares dos homens que acabavam de vê-la nua, Averill
manteve os olhos fechados até que desapareceram as vozes risonhas e o repico de pés, e o clique da
porta soou ao fechar-se.
Nesse instante emitiu um pequeno suspiro e abriu os olhos com cautela. O quarto estava vazio,

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Devil of the Highlands 03

como esperava, e Kade a contemplava de frente junto a ela na cama.


Averill conseguiu lhe dirigir um sorriso apagado e sussurrou um cortês:
— Boa noite, meu senhor.
Por alguma estranha razão pareceu divertir a Kade, e um baixo retumbar de risada escapou de
seus lábios quando caiu de costas sobre a cama.
Averill ficou imóvel, observando-o em dúvida, mas de repente devolveu o olhar, e perguntou:
— Tem fome?
Ela piscou diante da pergunta.
— Fome, meu senhor?
— Aye. Notei que mal tocava sua comida no banquete, então sua donzela subiu uma bandeja
antes da cerimônia do leito — explicou ele, depois acrescentou: — Não acredito que se importe em
compartilhar um bocado comigo.
Averill vacilou. Não havia comido muito no banquete. Estava muito nervosa para fazê-lo
enquanto contemplava a noite que se aproximava, mas agora não se sentia melhor e não sentia fome.
Entretanto, atrasar o que era inevitável pareceu uma boa ideia, assim assentiu com a cabeça.
Kade a premiou com um sorriso, afastou as mantas e peles a um lado e se levantou da cama.
Averill abriu os olhos incredulamente quando conseguiu dar uma primeira olhada a sua
virilidade. Ao estar rodeado pelos homens e pela rapidez com que o despiram, não foi capaz de ver
muito.
Mas agora que podia ver, foi óbvio para ela que sua falta de atenção destas duas últimas
semanas não se devia à preocupação do Kade pelo tamanho de seu pênis. O homem estava bem
dotado.
Não acreditava que fosse estranhamente grande, mas com segurança Kade não tinha nada do
que queixar-se ou preocupar-se.
— Vem?
Averill ruborizou quando ele olhou em sua direção e a apanhou olhando-o com atenção, depois
se sentou só para fazer uma pausa. Estava nua, e embora Kade podia não ser tímido por pavonear-se
assim diante dela,
Averill era feita de matéria muito mais fraca. Depois de um pequeno momento de vacilação em
que estudou o quarto, puxou a manta sob as peles, envolveu-se com este em estilo romano e saiu da
cama.
Alguém acendera um pequeno fogo na lareira, algo com o que ela raramente se incomodava
nesta época do ano, mas a sentia acolhedora e agradável. Enquanto Averill observava com
curiosidade, Kade pegou as peles da cama, levou-as e estendeu sobre o chão diante do fogo. Depois
recolheu uma bandeja de fruta, queijo, carne e pão que foram deixadas na mesa.
— Sente-se — ordenou Kade quando se sentou no extremo de uma das peles. Averill se sentou

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em frente a ele, tomando um momento para assegurar-se que sua toga a cobria decentemente antes
de dar uma olhada à bandeja que ele colocou entre eles.
Em um início comeram em silêncio, Averill simplesmente bicou a comida, e depois incapaz de
suportar a quietude durante mais tempo recordou:
— Di-disse que me explicaria por que me E-vi evi-tou as últimas se-semanas.
Averill baixou os olhos timidamente. Não gaguejou durante toda a semana em que o atendeu,
mas de repente se sentia nervosa perto dele agora que sabia que Kade podia vê-la.
Supunha que a tensão própria da situação não era de nenhuma ajuda. Consciente de que Kade
estava em silêncio, levantou os olhos com cautela e deu uma olhada em sua direção quando ele
mordia a metade de um morango.
Fez gestos com a mão que sustentava o morango para que Averill se aproximasse.
Depois de uma breve vacilação, Averill ajustou a manta e se moveu sobre as peles até sentar-se
ao lado dele.
— Me olhe — suas palavras quase foram um grunhido, Averill mordeu o lábio e levantou os
olhos para encontrar os seus. No momento em que o fez, Kade passou o morango sobre seu lábio
inferior.
Averill acreditou que ele desejava alimentá-la e automaticamente abriu a boca, mas ele só
brincou com o morango passando a fruta de um lado a outro sobre seus lábios durante um momento,
depois disse:
— Te evitei porque sabia que se me aproximasse de você, quereria fazer isto.
Inclinando-se para frente, capturou o lábio inferior dela entre os seus, puxou, sugando o suco
deixado pela fruta.
Averill suspirou e fechou os olhos, mas os abriu bruscamente quando sentiu que ele puxava a
manta, revelando um de seus seios. Então Kade deixou que seus lábios se separassem de sua boca, e
sussurrou:
— E depois teria querido fazer isto.
"Isto" foi passar a fria fruta sobre um mamilo e baixar a cabeça para prendê-lo em sua boca,
sugar e lamber também o suco que ficou ali.
Averill engoliu, apertou os dedos nas dobras do pedaço de linho que ainda segurava sobre um
seio, e suspirou um "Ahh".
Permitindo que o mamilo se deslizasse de sua boca, Kade elevou a cabeça e perguntou:
— Teria gostado?
Quando Averill mordeu o lábio e assentiu em silêncio, Kade assentiu por sua vez com solenidade
e acrescentou:
— E depois teria desejado fazer outras coisas, coisas que um homem não deveria fazer a uma
mulher que ainda não é sua esposa, assim decidi que o melhor era me afastar até que estivéssemos

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casados.
— Q-que outras coisas? — perguntou Averill audazmente. A pergunta trouxe um sorriso nos
lábios de Kade, e ele deixou cair o morango na bandeja, agarrou sua cabeça e se inclinou para frente
para pressionar sua boca sobre a dela.
Averill suspirou, permitindo-se abrir a boca para ele, depois voltou a suspirar de prazer quando
a língua de Kade invadiu sua boca. Ele tinha sabor de morango e ao Kade, uma combinação deliciosa,
e se viu soltando seu agarre na manta para em troca agarrar-se a seus ombros. O ar fresco se
precipitou sobre seus seios, seguido pelas cálidas mãos de Kade, Averill gemeu quando ele começou a
massageá-los e acariciá-los. Quando com seu peso Kade a incitou a deitar de costas sobre as peles, ela
não resistiu, mas sim simplesmente se agarrou a seus ombros de modo que chegasse facilmente ao
chão.
No momento em que a teve deitada, Kade se moveu, colocando uma perna entre as dela
enquanto que seus beijos se tornavam mais exigentes. Sua língua empurrava com força contra a dela,
e sua perna pressionava contra seu centro feminino fazendo-a gemer e mover as pernas
agitadamente a ambos os lados da dele.
Quando ele interrompeu seu beijo, Averill gemeu pela desilusão, mas depois suspirou e girou a
cabeça já que Kade começou a riscar uma trilha de beijos até sua orelha. Ele a mordiscou ali por
pouco tempo, revolvendo uma grande quantidade de sensações nela, depois começou a descer por
sua garganta lambendo e mordiscando. Averill ofegou com surpresa quando Kade chegou a sua
clavícula e começou a mordiscar ali, a sensação se converteu imediatamente em um caudal
descontrolado. Não obstante Kade não ficou por muito tempo ali, depois baixou muito mais e
substituiu uma mão com sua boca.
Desta vez, quando ele fez entrar o sensível e ereto mamilo em sua boca, Averill lançou um grito
e agarrou a cabeça enquanto ele mamava e beliscava suavemente. Ela sentiu que sua mão se
deslizava para baixo sobre seu ventre, mas crivada pelas sensações das outras coisas que estava
fazendo, com muita dificuldade prestou atenção até que esta se deslizou muito mais abaixo, afastou a
manta e baixou os dedos até pousá-los entre suas pernas.
Averill voltou a gritar, sacudiu os quadris quando ele roçou seu sensível centro, mas a diferença
da vez passada que fez isto, ela nem sequer considerou fechar as pernas, mas sim em troca as abriu
mais amplamente para ele. Foi consciente quando sua boca soltou seu mamilo, mas os dedos de sua
mão livre rapidamente a substituíram para puxar e beliscar com gentileza, e para ser franca a ela não
importava.
Toda sua atenção estava concentrada na excitação que ele estava causando entre suas pernas,
assim não foi até que a cabeça de Kade escorregou de seu agarre que percebeu que ele estava
descendo por seu corpo.
A princípio Averill simplesmente se agarrou à manta, que agora jazia enrugada sob e a ambos os

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lados dela, mas de repente ele afastou os dedos que lhe davam tal prazer.
A desilusão clareou sua mente o suficiente para que percebesse que a cabeça masculina estava
descendo entre suas pernas.
Assustada e sobressaltada, Averill inalou ar para protestar, mas tudo o que saiu foi um
prolongado "Ahhhh" quando ele começou a lambê-la com sua língua.
Arqueando as costas e afundando os quadris diante da carícia, observou por um breve
momento o teto, depois fechou com força os olhos e permitiu que seu corpo fizesse o que devia. Este
dançava agora a seu próprio ritmo, apressando-o a fazer o mesmo enquanto a levava a loucura. Mas
uma vez mais voltou a abrir os olhos de repente quando sentiu que algo suave cravava sua abertura.
Averill levantou a cabeça para olhar para baixo, mas a cabeça de Kade era tudo o que estava entre
suas pernas... Assim como suas mãos, recordou Averill, enquanto algo começou a entrar nela e
percebeu que devia ser um dedo.
A pesar de que ele fizera isto antes, a sensação era tão estranha que em um primeiro momento
ficou quieta e conteve o fôlego, mas então ele o retirou e redobrou sua atenção sobre o nó de seu
prazer, e quando ele voltou a introduzir seu dedo em seu interior, ela começou a mover-se outra vez.
A respiração de Averill se converteu em pequenos ofegos enquanto cavalgava sobre sua língua e
dedo, e ao parecer não podia reter um pensamento racional. Seu corpo e mente eram nesses
momentos pura sensação, montando a crista da paixão que ele gerava nela. Então Kade começou a
chupar enquanto a excitava e a tensão que esteve formando-se em Averill se rompeu, fazendo-a
emitir um grito de prazer enquanto seu corpo se convulsionava e se retorcia.
Perdida nas ondas que a banhavam, Averill mal foi consciente que Kade se arrastava subindo
por seu corpo. Quando ele a beijou, ela respondeu com urgência, estendeu os braços para atraí-lo e
mantê-lo perto.
Foi nesse instante que Kade a penetrou, provocando outro grito, mas este de choque e um
pouco de dor quando rasgou o véu de sua virgindade.
Kade se paralisou e estudou seu rosto. Averill devolveu o olhar e conseguiu não fazer uma
careta quando sentiu que toda a paixão que ele acendeu nela se apagava rapidamente.
Tudo foi muito prazenteiro até que ele fez entrar o seu cavalo em seu estábulo.
— Está bem? — resmungou ele depois de um momento.
Averill mordeu o lábio, mas se ajeitou para assentir. Ela não sabia que Kade continha o fôlego
até que ele suspirou e saiu dela. Averill emitiu seu próprio suspiro de alívio quando Kade se retirou e
entrou outra vez nela. Agarrando-se a seus ombros, conseguiu não estremecer e fechou os olhos para
evitar olhá-lo por temor a que sua desilusão e desconforto fossem evidentes, mas piscou ao voltar a
abrir quando Kade estirou a mão entre eles para acariciá-la. Averill ficou quieta e se concentrou no
que ele estava fazendo, surpreendida quando a excitação começou a formar-se uma vez mais nela.
Então ele começou a mover-se outra vez, mas com a forma em que a estava acariciando, não se

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importou.
Uns momentos mais tarde ele deteve suas carícias e Averill experimentou um momento de
preocupação e desilusão, mas Kade se moveu suavemente, seu corpo a esfregava onde seus dedos
estiveram enquanto ele se deslizava dentro e fora dela, Averill gemeu com a sensação. Arqueou os
quadris por instinto, elevou os joelhos e assentou com força os pés contra o chão, Averill equiparou
impulso com impulso, seu fôlego voltou a converter-se em pequenos ofegos desordenados enquanto
lutava por reclamar a liberação que desfrutou há pouco. Ela gritou seu nome quando esta a
embargou, lançando um grito de prazer atônito enquanto seu corpo se estremecia e convulsionava ao
redor de sua virilidade, então ele a penetrou uma vez mais e gritou, seu corpo se esticou sobre ela
quando derramou sua semente em seu interior.
Averill soprou quando ele desabou em cima dela. Kade murmurou uma desculpa e
imediatamente se moveu a um lado, retirando seu peso. Depois Kade a tomou em seus braços e a
colocou sobre seu peito de modo que pudesse passar as mãos docemente sobre suas costas. Averill
se meneou sobre ele até que encontrou uma posição cômoda e se instalou com um pequeno suspiro
de satisfação.
Entretanto, sua alegria não durou muito tempo. Acreditava que deveria sentir-se cansada
depois do que acabavam de fazer, mas não o estava. De fato, sentia-se cheia de energia. Tinham
consumado seu matrimônio.
Agora era sua esposa em todo o sentido da palavra.
Lady Averill Stewart. Ela provou o nome em sua mente e decidiu que gostava muito.
— Está bem?
Averill sorriu fracamente quando as palavras retumbaram em sua orelha; o peito sobre o qual
deitava vibrou quando ele falou. Assim inclinou a cabeça para olhá-lo timidamente, e sussurrou:
— Sim.
No momento seguinte, Kade a fez girar até pô-la de costas e depois ficou de pé. Sentando-se um
pouco, Averill observou com confusão enquanto ele se dirigia à tina que as criadas deixaram.
Viu-o recolher um pedaço de linho com o qual se asseou, inundá-lo na água fresca e retorcê-lo,
dar a volta e retornar a seu lado.
— Abre as pernas — ordenou ele.
Averill ruborizou, mas supôs que era tolo ser tímida depois do que fizeram e se obrigou a
recostar-se. Quando abriu as pernas para ele, Kade a limpou com o tecido. Foi gentil, mas rápido, e
mesmo assim ela sentiu um formigamento e uma ligeira dor. De repente ele acabou com a tarefa e
retornou outra vez à tina. Observou-o lavar o pano na água da tina, mordeu o lábio enquanto o
olhava limpar a si mesmo, e se perguntou se não devia ter devotado a fazê-lo por ele tal como
acabava de fazer por ela. Antes que pudesse decidir-se, ele acabou e retornou a seu lado.
Averill esperava que se deitasse com ela nas peles, assim que se sentiu muito surpreendida

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quando Kade se agachou, elevou-a junto com as mantas e se endireitou. Com presteza Averill rodeou
o pescoço com os braços enquanto ele a levava a cama, notando que ele estava muito mais largo e
forte do que era a primeira vez que despertou de sua enfermidade.
Parecia que as duas semanas de abundante comida e exercício aceleraram sua recuperação.
Kade a pôs na cama, beijou-a na testa, depois voltou a recolher o resto das peles. Trouxe-as
para seu leito, pô-las sobre esta e subiu junto a ela antes de atraí-la contra seu lado para que ela uma
vez mais posasse a cabeça sobre seu peito. Nesse instante seus lábios deixaram escapar um pequeno
suspiro de satisfação, mas ele não ficou adormecido como ela esperava. Mas sim suas mãos
começaram a percorrer com audácia seu corpo outra vez. Começou a descer por suas costas para
encontrar e segurar seu traseiro, pressionando-a contra sua virilha. E a outra se deslizou de cima
abaixo em seu lado, esfregando a curva de seu seio. Quando essa mão se deteve para embalar seu
seio, Averill gemeu suavemente enquanto sua anterior paixão voltava lentamente para a vida. Elevou
a cabeça, solicitando em silêncio um beijo.
Kade acessou a seu pedido, cobrindo sua boca para beijá-la com gentil exploração em um início,
que logo se converteu em algo muito mais ardente. Averill gemeu quando os primeiros rescaldos de
sua excitação se converteram em um incêndio, e quando a mão em seu traseiro desceu entre suas
pernas para outra vez encontrar seu clitóris, ela o rodeou com uma perna, abrindo-se para fazer mais
fácil para ele.
Mas quando Kade começou a deslizar um dedo em seu interior, ela ficou rígida pela surpresa
diante da sensibilidade desse local.
Imediatamente Kade ficou quieto, depois afastou as mãos, rompeu seu beijo e a incitou a
colocar a cabeça em seu peito.
— Dorme — ordenou, sua voz era severa.
Averill vacilou e perguntou insegura:
— Não vamos a...?
— Nay — grunhiu ele, soando em nada feliz com isto, depois com mais suavidade acrescentou:
— Está dolorida por sua primeira vez.
— OH — sussurrou Averill, mas não podia negá-lo. Estava dolorida. Não obstante, sua perna
ainda rodeava seu quadril e virilha, e podia sentir que ele se havia posto maior e duro outra vez.
Embora seu corpo não estivesse preparado para outra rodada, parecia que o de Kade sim. Ficou
imóvel durante um momento, debatendo-se mesmo assim se devia sugerir que se arriscassem.
Sempre poderiam deter-se se fosse muito doloroso, mas supôs que isto os deixaria sentindo-se tão
frustrados e insatisfeitos como se sentiu aquela noite há duas semanas. Deitou na cama durante
horas com o corpo dolorido.
Naquele momento ignorava a que se devia sua dor, mas agora sabia e não desejava sofrer a dor
de ser excitada para depois ficar insatisfeita.

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Moveu o joelho, golpeando por acaso a dureza de Kade, e levantou o olhar ante seu gemido ao
conter o fôlego.
Estava se perguntando se ele sofria a mesma frustração que ela padeceu essa outra noite e, se
fosse assim, o que poderia fazer a respeito, quando de repente os conselhos de Sally e da velha Ellie
sobre como agradá-lo vieram-lhe à mente. Considerando o que as criadas haviam dito, decidiu que ao
menos podia ser capaz de aliviar sua dor.
Averill mordiscou o lábio, considerando a forma de fazê-lo. Não tinha nada com que azeitar as
mãos para esfregar seu passarinho, mas tinha sua boca. É obvio, Ellie havia dito que a algumas
mulheres não gostava, mas não fazia ideia se seria verdade para ela. Decidiu que a única maneira de
descobrir era tentando-o, então se meteu sob as mantas e peles, e começou a arrastar-se por seu
corpo.
Kade estava tentando não pensar na fastidiosa ereção que o incomodava quando
repentinamente Averill escapou de seus braços e começou a lutar para descer por seu corpo. Ficando
rígido, elevou a cabeça para olhar para baixo com confusão, depois agarrou as mantas e peles e as
afastou de seu corpo o suficiente para ver que demônios estava fazendo Averill.
Entretanto Kade ficou quieto e fechou os olhos com força, as peles escorregaram de seus dedos
quando a mão de sua mulher encontrou sua ereção e a agarrou com firmeza.
— Esposa? — perguntou Kade, apertando os dentes contra as sensações que seu toque
provocava nele.
— Sim? — sua voz soava abafada sob as peles.
— O que está fa... Jesus! — ofegou, suas costas se ergueram até ficar sentado na cama pelo
choque quando algo úmido, sua língua pensou ele, lambeu a ponta extremamente sensível de seu
pênis.
No momento seguinte, inalou com força e se agarrou aos lençóis, os enroscando em seus dedos
quando ela o lambeu uma segunda vez.
Isto era algo inesperado, pensou vagamente, quando ela o lambeu de novo. E uma espécie de
inferno explodiu, reconheceu ele enquanto que sua língua voltava a revoar sobre ele. A mulher não
sabia o que estava fazendo, percebeu Kade com consternação quando sua língua o lambeu uma
quinta vez. E ele não fazia a mais maldita ideia de como detê-la sem ferir seus sentimentos.
Sua língua o roçou outra vez, e ele sofreu sem poder fazer nada, ansiando dirigi-la, mas...
— OH, meu Deus, que passarinho tão grande tem, meu senhor.
As palavras chegaram amortecidas de baixo das peles e Kade abriu os olhos com alguma espécie
de horror.
— Sim, em efeito é um passarinho magnífico — acrescentou ela, depois voltou a lambê-lo antes
de acrescentar. — Um muito... Grande... E... Er... Esplendido.
A isto seguiu outra lambida, mas nesta vez Kade com muita dificuldade o sentiu. A parte

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superior de seu corpo se convulsionava na cama com um ataque de risada. Tentava sufocá-la por
medo a machucar seus sentimentos, mas era como tentar conter o vento.
— Nossa! Apostaria que é o passarinho maior e mais esplendido de toda a Inglaterra —
adicionou Averill além disso, depois ficou quieta quando aparentemente se deu conta dos sons que
ele não podia evitar emitir; pequenas gargalhadas entrecortadas e bufos graves. Assim de repente
soltou sua ereção, e mantas e peles começaram a mover-se enquanto ela se arrastava de baixo
destas.
Imediatamente Kade caiu de costas, mordendo a língua com força para matar a diversão em sua
face, ao pouco ela apareceu e o observou com preocupação.
— Está bem, marido? — perguntou Averill, elevando-se junto a ele de tal forma que pudesse ver
com atenção seu rosto. — Não te fiz mal, não é?
Kade mordeu o lábio para conter qualquer resto de diversão e negou rápido com a cabeça.
Ela franziu o cenho, mas disse:
— Acreditei escutar...
— Foi muito agradável, obrigado — conseguiu dizer com voz aguda pelo esforço de evitar
mostrar sua risada. Depois puxou-a para que posasse a cabeça em seu peito, e resmungou. — Agora
dorme.
— Mas não terminei... — começou a dizer Averill, tentando levantar-se outra vez, só para ofegar
com surpresa quando ele a atraiu de retorno a seu peito e a manteve firmemente ali.
— Terminamos por agora — assegurou. — Foi um dia comprido. É hora de dormir.
— OH — ela suspirou, depois se acomodou contra ele, movendo a mão distraidamente sobre
seu peito. — Bem, suponho que posso terminar de te agradar ao amanhecer quando tiver
descansado.
— Aye — grunhiu Kade, horrorizado com o mero pensamento de sofrer suas lambidas uma e
outra vez.
Para seu alívio, ela guardou silêncio e seus dedos se acalmaram. Kade estava relaxando e um
sorriso curvava seus lábios, quando de repente Averill elevou a cabeça, e disse:
— Marido?
A Kade apagou o sorriso de supetão.
— Aye?
— Como se supõe que belisque seus mamilos quando estão aqui acima e eu estou ali abaixo? —
ela deixou cair a mão com força nas peles justo sobre sua virilha, e Kade já não teve que lutar contra o
impulso de rir.
A mulher acabava de lhe golpear as bolas. Fechou os olhos durante um instante com a intenção
de esperar até que a dor passasse, mas de repente as palavras de sua mulher atravessaram a neblina
de sua dor e piscou ao voltar a abri-los. — Beliscar meus mamilos? Por que diabos deseja beliscar

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meus mamilos?
— Bem, Sally disse que os homens gostam que brinquemos com seu passarinho e belisquemos
seus mamilos — explicou.
Kade ia perguntar quem era esta Sally quando Averill acrescentou pensativamente:
— Pensando bem, não disse que teria que fazer ao mesmo tempo. Talvez quis dizer que os
homens também gostam — considerou isto por um momento, depois bocejou, e disse. — Terei que
perguntar.
Kade fechou os olhos, em nada seguro de se poderia resistir algum conselho mais da mulher,
mas voltou a abri-los de supetão quando Averill perguntou:
— Marido?
— Aye? — perguntou com cautela.
— É agradável Stewart?
Ele fez uma careta diante da pergunta. Seu lar familiar foi uma vez um dos castelos mais
grandiosos das comarcas próximas, mas isso foi antes que seu pai se dedicasse à bebida e deixasse o
cuidado e o bem-estar do castelo, assim como de seus habitantes à mãe de Kade.
Não é que ela tivesse feito um mau trabalho, pensou Kade franzindo o cenho. Sua mãe o
conduziu tão bem ou melhor que qualquer homem, como o fez sua irmã depois dela, mas quando seu
pai e irmãos bebiam uísque podiam tornar-se violentos. Quebravam coisas, os criados evitavam o
castelo para não suportar o peso de seus caracteres envelhecidos pelo uísque, e o torreão e seus
habitantes sofriam por isso. A última vez que esteve ali o castelo começava a mostrar alguns
pequenos sinais de abandono. Mas no banquete desta noite, Kade recebeu notícias de um convidado
à celebração, vizinho de lorde Mortagne; que lorde d'Aumesbury finalmente reclamou e contraiu
matrimônio com sua irmã Merry. Isto significava que seu pai e irmãos eram os encarregados de
administrar Stewart, e temia muitíssimo o que ia encontrar quando chegasse.
Se tivesse sabido disto de antemão, provavelmente teria atrasado as bodas e cavalgado para
casa para solucionar os problemas mais graves antes de retornar por Averill e casar-se com ela.
Entretanto, não soube, e tudo parecia consumado. Não tinha nenhuma intenção de deixá-la
aqui nem sequer um dia enquanto ele arrumava as coisas em Stewart.
— É? — Insistiu Averill, que distraidamente brincava com os pelos de seu peito.
— Era — confessou em voz baixa. — E se não o for agora o voltará a ser.
Averill levantou a cabeça para olhá-lo com curiosidade, mas antes que pudesse perguntar o que
queria dizer com isto, ele disse:
— Verá com seus próprios olhos muito em breve. Vamos a Stewart depois de amanhã.
— O que? — grasnou ela, levantando-se como uma mola com a boca aberta.
— Meus homens não retornaram de sua missão — disse ele com calma. — Devo descobrir por
que.

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— OH — ela franziu o cenho e seu olhar percorreu o quarto.


Sem dúvida pensava em tudo o que teria que embalar e levar com ela, pensou Kade, e
suspeitando que pediria ao menos três dias para preparar tudo, ele disse:
— Partiria amanhã, mas não te farei sofrer vários dias de cavalgada na sela quando ainda está
dolorida. Darei tempo para se recuperar. Terá que embalar o mais indispensável. O resto pode nos
seguir mais tarde.
— OH — ela se ruborizou, mas sussurrou. — É muito considerado, marido. Obrigado.
— Aye — grunhiu Kade. — Agora dorme. Necessitará de suas forças para empacotar e a viagem
que nos espera.
Averill sorriu fracamente, e outra vez recostou a cabeça em seu peito. Então emitiu um
pequeno suspiro e se meneou contra ele, ficando cômoda antes de permitir-se fechar os olhos.
Kade baixou seu olhar para sua esposa quando sua respiração se fez lenta e estável, indicando
que estava adormecida. Só então se arriscou a que um pequeno sorriso curvasse seus lábios enquanto
recordava como o tinha "agradado". Sua pequena esposa não soube o que fazer, mas o tentou, e isto
era bastante para agradá-lo no momento. A ensinaria como fazê-lo corretamente...
E imaginaria alguma forma para que Averill acabasse com os elogios sem ferir seus sentimentos.
O passarinho maior e esplendido da Inglaterra?
Kade riu entre dentes suavemente e depois fechou os olhos para dormir.

Capítulo 09

— OH, a água está fria.


Averill sorriu ligeiramente diante da queixa de Bess, mas não fez nenhum comentário. Em seu
lugar, concentrou-se em tirar o pó e a sujeira da viagem desse dia. Era a primeira noite de viagem
para seu novo lar, o qual estava se mostrando comprido e exaustivo. E além disso estava o fato de
que passou a maior parte de sua vida em Mortagne e não estava acostumada a viajar. Averill não
dormiu bem nem muito a noite anterior.
Trabalhou até muito tarde a noite, classificando e empacotando o que ia levar e o que seria
enviado depois, e só o deixou quando Kade entrou no quarto e ordenou a Bess que saísse.
Quando Bess protestou que devia preparar Averill para dormir, ele grunhiu que se faria cargo da
tarefa e conduziu à anciã à porta. E depois a assistiu tirando as roupas com a facilidade de uma
donzela perita.
Isso fez que se perguntasse de onde viria toda essa prática em despir mulheres. Não foi até que
Kade terminou com a tarefa e que ela subiu à cama quando compreendeu que ele estava afetado por

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esse simples ato.


Ele tirou suas próprias roupas, revelando que sua virilidade crescera e pondo-se de um
vermelho furioso.
Averill mordeu o lábio enquanto o via aproximar-se da cama. Recordando e apreciando a
intenção de seu marido de que ela sarasse antes de sua viagem, se ofereceu timidamente a voltar a
agradá-lo.
Os olhos de Kade se abriram com o que ela imaginou era surpresa diante de sua oferta, mas ele
negou rapidamente com a cabeça, repetindo que deixaria que se curasse antes que partissem a
Stewart.
Averill não estava segura de como agradá-lo poderia causar mal-estar a ela, mas supôs que Kade
temia desejar fazer o amor depois disso e não podia arriscar-se. Decidindo que era o mais
considerado e gentil dos maridos que uma garota pudesse ter, Averill deixou o assunto. Se
aconchegou junto a ele para dormir, mais feliz que quando golpeou Cyril e o dissuadiu a não casar-se
com ela.
Realmente teve sorte, pensou nesse momento Averill, e ainda acreditava assim.
Kade era de verdade um marido protetor. As vezes era parco em palavras e seu tom
frequentemente era áspero, mas provou ser muito atento quanto a seu bem-estar durante a viagem:
Sentou-a em sua montaria para cavalgar quando ela começava a desfalecer em sua sela,
assegurou-se de que tivesse suficiente comida e bebida quando interrompiam a viagem para almoçar,
a primeira coisa que fazia cada vez que faziam uma pausa era acompanhá-la à parte para que
atendesse suas necessidades pessoais, e depois as acompanhou a ela e Bess aqui para tomar um
banho quando se detiveram para acampar de noite.
Averill não acreditava que poderia desejar um melhor marido.
A explosão de uma risada masculina fez que ela olhasse com curiosidade a sua direita. Will e
Kade estavam se banhando nas cercanias. Era incapaz de vê-los graças à curva do rio, mas não
soavam distantes, e Averill achou reconfortante saber que estavam ali.
— Já não suporto mais este frio, minha senhora. Saio-me — anunciou Bess, dirigindo-se à
margem.
— Suponho que estou pronta para sair também — disse Averill de má vontade.
E se inundou sob a água para tirar o sabão de seu cabelo e de seu corpo. No momento em que
emergiu, Bess já estava fora da água usando um dos panos que levara para secar-se.
Escorrendo o cabelo para tirar a maior parte da água, Averill se dirigiu à margem murmurando
"um obrigado" quando Bess deu um pano limpo para que se secasse.
Quando ela terminou, Bess já havia se vestido e levava nas mãos sua regata para ajudá-la a
vestir-se.
Já haviam terminado e estavam recolhendo as toalhas úmidas para voltar para o acampamento

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quando Kade apareceu na borda da clareira. Primeiro apareceu a cabeça e estudou os arredores com
o olhar, mas uma vez que comprovou que ambas estavam fora e decentes, entrou na clareira e se
aproximou com o Will pisando os calcanhares.
Como os homens de Kade ainda não haviam retornado de entregar sua mensagem, Will insistiu
em que ele e um pequeno grupo de homens de Mortagne os acompanhassem a Stewart. Ao menos,
essa foi a desculpa que Kade e ele deram a Averill, mas ela sabia que havia algo mais. Os dois foram o
suficientemente tolos para discutir sobre o estado de Stewart e a intenção de Kade de pedir a seu pai
que renunciasse a sua posição como laird enquanto estavam sentados nas mesas do grande salão. Era
extremamente absurdo discutir algo assim em um lugar tão público e esperar que ninguém escutasse
e transmitisse a informação.
Bess se informou dos rumores e os contou. Ela não ia a seu novo lar tão ignorante como eles
acreditavam.
Averill sabia que seu irmão e seu marido tentavam não assustá-la com excessivas preocupações,
mas realmente era insultante que pensassem nela como uma mulher fraca e impressionável, que
precisava ser mimada e protegida da dura realidade. Teriam considerado alguma vez que poderia ser
capaz de ajudar nesta situação? Duvidava-o...
E tinha toda a intenção de mostrar seu engano por seu comportamento uma vez que chegassem
a seu destino.
— Vamos Bess, levarei-a de volta ao acampamento — disse Will, pegando o braço da mulher
enquanto Kade se dirigia diretamente para Averill.
A donzela a olhou, mas parecia que Averill não podia tirar os olhos de cima de seu marido. Algo
na forma em que ele se aproximava a fez se sentir como um coelho em frente a uma raposa.
Consciente de que Bess deixou Will levá-la para fora da clareira, forçou-se a sorrir a seu marido,
mas também deu um nervoso passo para trás se chocando contra o tronco de uma árvore.
Essa ação fez que Kade franzisse o cenho e parasse a um passo de distância.
— Tem-me medo, esposa?
— N-não — disse ela, depois fez uma careta enquanto sua gagueira desmentia sua palavra.
Compreendendo a tola que estava sendo, Averill se forçou a dar um passo para frente a um fio de
distância de seu marido, de forma que se respirasse profundamente seus seios roçariam o peito do
seu marido.
Por alguma razão, isso fez sorrir a Kade, que perguntou:
— Como se sente?
Averill piscou confusa diante da pergunta, não muito segura de por que o perguntava. Estava
pálida ou cansada? Franziu o cenho diante dessa possibilidade e disse educadamente:
— Sinto-me bem, marido. E você?
Kade riu entre dentes, mas se explicou:

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— Queria dizer se a viagem te incomodou. Ainda está sensível por nossa noite de bodas?
— OH! Não — disse ela, ruborizando-se intensamente.
— Bem — disse ele, e então inclinou a cabeça e a beijou.
Apesar da surpresa Averill respondeu por sua vez, deslizou os braços ao redor da cabeça,
abrindo seus lábios em claro convite e seus corpos se fundiram quando os braços masculinos a
estreitaram.
Certamente, parecia que havia transcorrido uma eternidade desde seu último beijo, apesar de
que só foi por uns momentos. Para ser mais exatos, só uns minutos desde o último.
Em realidade a beijou várias vezes esse dia: ao despertar essa manhã, enquanto se dirigia à
porta depois de vestir-se, antes de subi-la a sua montaria em Mortagne e de novo cada vez que
tinham parado esse dia, em ocasiões várias vezes. De fato, a beijou da forma mais apaixonada antes
de deixá-la aqui com a Bess para banhar-se. Sendo esse o caso, era natural que ela esperasse esta vez
mais do mesmo, um profundo e apaixonado beijo, depois do qual a levaria de retorno ao
acampamento. Entretanto, em vez de terminar o beijo e tomá-la entre seus braços para voltar para o
acampamento, Kade começou a acariciá-la, suas mãos vagaram por suas costas e depois desceram
até segurar seu traseiro, antes de subir por seus braços para urgi-la a retroceder até que ela encostou
contra a árvore de trás.
No momento em que ela se recostou contra esta, Kade mudou as mãos até seus seios,
apertando através do tecido da regata e do vestido.
Averill gemeu diante da carícia, arqueando as costas para empurrar seus seios ansiosos mais
perto das mãos de seu marido.
A resposta de Kade consistiu em investir seus quadris para frente, esfregando sua ereção contra
ela enquanto começava a puxar a parte superior de seu vestido e regata. Averill sentiu o ar fresco
sobre seus mamilos, e imediatamente ele agachou a cabeça para aproximar um a sua boca, mas de
repente ela escutou o que acreditou que era um zumbido sobre sua cabeça.
Preocupada, jogou para trás a cabeça para olhar para cima e seu rosto se contraiu em uma
careta de dor quando sentiu que arrancavam vários cabelos de seu couro cabeludo. De repente ficou
boquiaberta diante da visão de uma flecha sobressaindo da árvore e que ainda vibrava contra o ar.
Averill esteve vagamente consciente de Kade erguendo a cabeça, mas mesmo assim a pegou
completamente despreparada quando ele a arrastou ao chão, gritando enquanto o fazia.
A princípio, Averill temeu que ele tivesse sido ferido por uma segunda flecha ou inclusive
alcançado pela primeira, mas um clamor repentino fez que girasse a cabeça quando vários soldados
de Mortagne começaram a sair de entre os arbustos de diferentes direções.
— De onde veio, meu senhor? — perguntou um deles.
Kade assinalou em silencio à borda da frente e imediatamente muitos dos homens começaram
a vadear o rio, mas ele os chamou de volta.

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— É inútil que cruzem o rio. O arqueiro terá ido quando chegarem ao outro lado — assinalou.
Os homens hesitaram, mas voltaram relutantes para onde estava Kade ajudando a Averill a ficar
em pé.
— Está bem? — ele perguntou, movendo-se para impedir que seus homens a vissem enquanto
ele a ajudava a acomodar suas roupas.
— S-fui, meu é-nor, marido — sussurrou Averill, consciente de que estava gaguejando.
Kade franziu o cenho e deu-lhe um rápido, mas profundo beijo. Quando levantou a cabeça o
disse. — Deseja que um de meus homens te escolte de volta ou prefere esperar um minuto enquanto
falo com eles e me permite acompanhá-la?
— Esperarei — decidiu ela.
Por alguma razão, sua resposta fez que aparecesse um tímido sorriso nos lábios de Kade, mas
este desapareceu rapidamente. Ele assentiu e a deixou para se consultar brevemente com os
soldados.
Retornou depois de uns momentos e pegando-a pelo braço a conduziu pelo caminho para o
interior do bosque até a grande clareira onde se detiveram a acampar. Averill percorreu com o olhar o
lugar enquanto caminhavam, notando que embora dois homens os seguiam, o resto se dispersou e
entravam entre as árvores.
— Marido? — perguntou ela. — Quem acha que lançou a flecha?
Ele franziu o cenho, mas encolheu os ombros.
— Provavelmente um bandido.
— Um bandido? — exclamou sem convicção. — Isso faz pouco sentido. O que ganharia nos
disparando uma flecha sobre o rio?
Kade sorriu ligeiramente e disse:
— Não posso afirmar que era um bandido inteligente.
— Mas...
— Sei que faz pouco sentido, esposa — interrompeu. — Mas estive fora durante três anos e que
eu saiba não tenho inimigos que desejem minha morte. E como ninguém tem nenhuma razão para te
matar... encolheu os ombros.
— É mais provável que seja um bandido... Ou uma flecha extraviada.
Isso soava tão razoável que Averill assentiu e calou, mas não pôde evitar pensar que podia
existir alguma outra explicação. Salvou-se por um fio, e só a sorte de ter agachado a cabeça para
mamar seu seio o salvou de uma flecha na nuca.
Em realidade, compreendeu dando uma olhada para Kade, ele era o suficientemente alto para
que o tivessem acertado entre as omoplatas. Sim, foram muito afortunados.
Averill conduziu seu cavalo junto ao de Kade e levantou a vista para a colina e o castelo sobre
esta. Seu olhar deslizou sobre a sólida rocha da muralha externa e o torreão ao longe.

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A essa distância parecia um castelo forte e bem construído, um bom lugar ao qual chamar lar.
Quando o sol escolheu esse momento para sair de trás das nuvens que o estiveram ocultando
durante a maior parte do dia e brilhou um raio de luz sobre a construção, Averill só pôde pensar em
que era um bom augúrio.
Olhou a seu marido e juntou as sobrancelhas com preocupação ao reparar em sua expressão.
Quando ele permaneceu imóvel e em silêncio, ela perguntou:
— O castelo de Stewart?
Averill assim acreditava, mas havia algo na expressão de Kade que fez que duvidasse. Parecia
sério e ameaçador, um agudo contraste com o Kade sorridente e brincalhão que deu provas de ser
desde seu casamento.
Não parecia um homem feliz de chegar em casa.
— Aye — disse Kade muito sério. — É Stewart.
— Parece que não caiu ainda — comentou Will, atravessando o olhar de Averill em sua direção
enquanto parava do outro lado dela.
— Esposa.
Averill prestou atenção a seu marido diante desse grunhido. Ele começou a chamá-la Avy desde
seu matrimônio, assim soube que o que fosse que ele desejava dizer era importante.
— Sim, marido?
— Permanecerá perto de mim ou de seu irmão a todo momento até que te diga o contrário e o
fará tal como peço sem titubear, entendeu?
Apesar de que o formulou como um pedido, Averill não se confundiu em interpretá-lo como
algo diferente à ordem que era. Em resposta assentiu solenemente, perguntando-se pela primeira vez
quantos problemas esperava ele.
Satisfeito por sua aceitação, Kade grunhiu e esporeou seu cavalo a avançar. Imediatamente
Averill seguiu seu exemplo, permanecendo perto como prometeu. Will se posicionou do outro lado
como se também tivesse colado, de forma que cavalgaram os três alinhados enquanto começavam a
subir a colina. Um olhar sobre seus ombros mostrou que os soldados que os acompanhavam também
montavam de três em três, e o número dos que cavalgavam se perdia no bosque, eram muitos para
contá-los.
Averill fez uma careta e voltou-se sobre sua montaria, pensando que os homens na muralha
podiam ser perdoados se acreditassem que eles eram um exército invasor. Mas pelo que entendeu,
isso era mais ou menos o que eram, reconheceu Averill com um suspiro. Se o pai de Kade não
quisesse renunciar a sua posição de laird e permitir que conduzisse o castelo apropriadamente, Kade
tencionava forçar dito assunto, foi por isso que seu pai e irmão disponibilizaram um exército para
consegui-lo.
Quando chegaram, Kade não se surpreendeu muito ao descobrir os portões fechados e a ponte

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levadiça erguida. Só ficou surpreso ao ver que a ponte levadiça não estava totalmente erguida.
Os homens da muralha tiveram o tempo necessário para elevá-lo por completo, entre o período
de tempo desde que divisaram a aproximação de um exército inglês com ele e sua chegada ao
castelo.
Entretanto, a julgar pelos gritos de bêbado do parapeito e as respostas mais calmas e sombrias
de alguém que não estava bêbado, era evidente que seu pai não desejava levantar a ponte por
nenhuma razão, mas um dos soldados ignorou seus desejos e fez o correto. Soava como se o soldado
estivesse recebendo a bronca de um bêbado por fazê-lo.
— Saúde e bem-estar! — gritou Kade, tão próximo a borda do fosso como podia.
Os gritos pararam imediatamente e uma voz grave disse:
— Quem anda aí?
— Kade Stewart, filho de Eachann — gritou por sua vez. — E quem são vocês?
— Aidan Stewart, primo primeiro do laird Eachann Stewart — foi a desalentadora resposta,
inclusive quando uma voz de bêbado alardeou:
— Vê? Disse que não estávamos sendo invadidos, Aidan. É meu irmão. Baixa a maldita ponte
levadiça, idiota.
O bêbado que falava não era seu pai, mas sim podia ser Gawain ou Brodie. Seus dois irmãos
eram mais novos que ele e não tiveram a oportunidade de educar-se longe de Stewart.
Infelizmente, isto significava que todo seu treinamento consistia em elevar jarras de cerveja até
suas bocas.
Não pela primeira vez, Kade elevou uma prece silenciosa de agradecimento a sua mãe por ter
insistido para que o enviassem com seu tio Simón no momento em que começou a andar.
Uma cabeça apareceu no alto do muro.
— Veste roupas inglesas e monta sob uma bandeira inglesa.
Kade assentiu. Era o homem chamado Aidan, de quem sabia com segurança era segundo primo
ou terceiro de seu pai. O homem era um soldado leal e o primeiro de Eachann Stewart há tanto
tempo como ele podia recordar.
Tomou nota de que sua voz soava triste e tranquila apesar dos insultos bêbados que se
escutavam de cima, Kade explicou:
— Aye. Não possuo roupas próprias neste momento. Estas me emprestaram lorde Mortagne,
assim como seus soldados. Ele se ofereceu a nos acompanhar para escoltar a sua irmã, minha esposa
— adicionou Kade, assinalando Averill.
— Sem perigo até seu novo lar.
Aidan considerou isso e então perguntou:
— Onde estão Domnall, Angus e Ian?
— Isso é o que eu gostaria de saber. Estiveram aqui, então?

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— Aye, e partiram faz mais de uma semana.


— Só uma semana? — perguntou incrédulo. — Os enviei aqui faz mais de três.
Aparentemente convencido, Aidan gritou aos homens que baixassem a ponte levadiça e então
explicou:
— Eles chegaram no tempo previsto, mas tiveram que esperar a complacência de seu pai para
falar com eles. Ele estava... Indisposto — terminou o homem secamente, então deixou de falar
enquanto a ponte levadiça começava a descer com um forte estrondo.
— Indisposto — murmurou Kade aborrecido, sabendo que era um eufemismo de bêbado até os
batentes.
Deu um pulo e olhou a seu lado quando a mão de Averill cobriu a sua que repousava sobre o
pomo.
— Tudo irá bem, marido — disse Averill calmamente, oferecendo um sorriso tranquilizador.
Kade se forçou a devolver o sorriso e observou baixar a ponte levadiça, seus pensamentos
estavam na confrontação que ia ter lugar. Enquanto descia os últimos metros, virou-se para a Averill.
— Recorda, permanece perto.
— Sou sua esposa, meu senhor. Meu lugar está junto a você — disse ela simplesmente.
Kade assentiu, mas ao olhar à frente ocorreu que existia um ar de determinação nela que era
muito desconcertante. O que o fez suspeitar que podia estar tramando algo.
Voltou-se para olhá-la mais de perto, mas ela se limitou a devolver um doce sorriso, a mesma
mulher adorável que o atendeu em sua enfermidade e que se casou com ele em Mortagne.
A profunda pancada da ponte levadiça ao golpear a terra o distraiu. Afastando essa
preocupação no momento, Kade pegou as rédeas e começou a cruzar a ponte para o lar de sua
infância.
Alguns poderiam pensar mal dele pelo que pensava fazer, mas esta foi a intenção de sua mãe
desde o momento em que começou a persuadir a seu pai para que o enviasse com Simón para ser
treinado como guerreiro.
Maighread Stewart amou a seu marido, mas não era cega a seus defeitos. Sabia que estava
preso nas garras da bebida e que um dia essas garras o teriam tão firmemente preso que todo
Stewart sofreria.
Cada vez que ela o visitava, lhe incutiu a certeza de que chegaria o dia em que teria que acabar
com o senhorio de seu pai sobre o Stewart, pela força se fosse necessário, pelo bem de sua gente.
Hoje é o dia, pensou Kade sombrio enquanto cavalgavam pelo pátio de armas e subiam até os
degraus do torreão.
Quando se deteve e desmontou, Kade pôde escutar os gritos de bêbado do irmão que estava na
muralha. O homem estava cruzando a fortaleza para saudá-los, mas Kade não tinha interesse em falar
com alguém no estado em que estava seu irmão. Ignorando suas chamadas, Kade ajudou a descer

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Averill de sua montaria e imediatamente a urgiu a subir os degraus ao interior do torreão, consciente
de que Will estava justo atrás dele com seu sargento de armas a seu lado.
Moveu-se tão depressa em seu esforço por evitar a seu irmão que Kade não observou o estado
do pátio. Mas foi impossível não perceber o estado do torreão. Entrou no grande salão e se deteve
bruscamente, apertou a boca e moveu nervosamente o nariz diante do cheiro que enchia o ar.
Pelo que disseram, só passaram-se sete meses mais ou menos desde que sua irmã, Merry,
casou-se e mudou para a Inglaterra. Parecia evidente que pouco ou nada se fez no grande salão nesse
tempo, e não foi difícil imaginar o por que quando umas gargalhadas atraíram seu olhar para as
mesas, e viu seu pai e outro homem sentados ali. Era evidente que o homem do muro era Brodie, pois
Gawain era o outro homem sentado à mesa, ou talvez seria mais preciso dizer debaixo desta, pensou
Kade fazendo uma careta quando viu o homem mais jovem rir enquanto caía de seu assento sobre as
esteiras de junco.
Seu olhar percorreu o resto do salão e viu as paredes manchadas de fumaça e necessitadas de
um bom branqueamento, assim como as tapeçarias sujas que ali penduravam. Algumas delas se
seguravam só de um gancho e penduravam como tristes bandeiras sem vento. Voltou sua atenção à
sala em si, percebendo a falta de móveis salvo por um par de mesas de cavalete, depois baixou o
olhar para o chão, observando além das puídas esteiras de juncos sujas com comida e outras coisas
que não se incomodou em identificar. Também havia pedaços quebrados de madeira do que
suspeitou uma vez fosse o mobiliário do salão.
O que parecia pior era a completa falta de pessoas na sala. O grande salão era o coração do
castelo, e tanto no de seu tio Simón como também em Mortagne, sempre estava cheio de gente,
soldados que iam e vinham, donzelas que transportavam e pessoas sentadas para comer ou falar.
Mas não havia ninguém exceto seu pai e seu irmão. O coração do castelo estava quebrado e ninguém
queria entrar.
— Bess, necessitarei minha bolsa da carreta.
As sussurrantes palavras de Averill atraíram sua atenção ao feito de que a carreta
aparentemente chegara ao pátio, e que a donzela de sua esposa entrou em busca de sua ama.
Kade se voltou para ver que a criada não entrou sozinha. Muitos soldados de Mortagne estavam
atrás dela, segurando seu agora inconsciente irmão Brodie, com os braços sob seus ombros.
— Caiu pelas escadas — explicou um dos homens em tom calmo, evitando seu olhar enquanto
falava.
Todos os homens evitavam olhá-lo nos olhos, notou Kade, e sentiu que a vergonha crescia em
seu interior por como se comportava sua família.
— Levem-no a seu quarto e o atenderei ali — ordenou Averill em voz baixa.
— Sim, minha senhora — disse o homem que havia explicado sua presença. Então clareou a
garganta e perguntou? — Como saberemos qual é?

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Kade viu Averill piscar duas vezes, então se voltou para ele e sussurrou:
— Sabe onde é seu quarto?
Quando ele fez um gesto negativo com a cabeça, ela olhou em torno dos dois homens da mesa
e mordeu o lábio. Gawain estava atirado no chão, roncando, e seu pai não ia muito atrás. Os olhos do
laird estavam fechados e sua cabeça pendurava sobre seu peito, estava deslizando em seu assento
para unir-se a seu filho na sarnenta esteira de juncos.
Kade estava rilhando os dentes diante dessa vergonhosa visão quando Averill de repente gritou:
— Veem aqui! Moço!
Foi só então quando viu uma pequena cabeça aparecendo pela porta da cozinha. Era um
menino de não mais de seis ou sete anos, com grandes olhos atualmente fixos no dueto que agora
jogava a sesta sob a mesa.
— Olá! — voltou a chamar Averill indo até ele.
Aparentemente convencido de que o laird e seu filho estavam inconscientes, e que portanto
não constituíam uma ameaça, o menino prestou atenção. Seus olhos se abriram inclusive mais apesar
de que Kade teria acreditado impossível, e depois pôs um dedo assinalando seu próprio peito e
elevou as sobrancelhas, inquisitivo.
— Sim, você — disse Averill com um toque de exasperação. — Veem aqui!
Vacilou um momento, mas deslizou através da porta e avançou a contra gosto.
Kade não pôde evitar notar que se mantinha afastado da mesa e dos dois homens roncando.
Suspeitou que isto se devia à violência que ouviu e que acompanhava as bebedeiras das quais sua
família desfrutava tanto.
Notou um par de hematomas no menino que estavam desaparecendo, e Kade deduziu que nem
sempre se moveu com a suficiente cautela.
— Como se chama? — perguntou sua esposa amavelmente, uma vez que o menino se deteve
diante dela.
— Me-menininho — balbuciou ansiosamente.
Averill ficou petrificada, mas simplesmente disse:
— Bom dia, Menininho.
— Bo-bom dia, minha... Minha senhora — respondeu Menininho.
O rosto de sua esposa se suavizou diante de sua gagueira. Ficou de cócoras diante do menino
para que seus rostos estivessem ao mesmo nível, então se inclinou para ele para sussurrar.
Kade sentiu muita curiosidade e desejou aproximar-se para escutar o que dizia ao menino, mas
se conteve e simplesmente esperou.
Enquanto Averill sussurrava, o menino assentia e assentia observando cada palavra que dizia e
quando ela terminou, sorriu com um amplo sorriso e assentiu uma vez mais.
Pelo visto, satisfeita, Averill se endireitou e conduziu ao menino para ele.

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— Menininho, aqui presente, está disposto a guiar os homens aos quartos de seu pai e irmãos
— anunciou ela. — Entretanto, o mais rápido seria levá-los a todos ao mesmo tempo.
Quando Kade hesitou, Will disse:
— Meus homens estão a sua disposição.
— Isso não será necessário — gritou uma voz, e os soldados se puseram a um lado, arrastando
sua carga com eles e revelando sete escoceses corpulentos de pé junto à porta. Kade não os ouviu
entrar, mas supôs que o fizeram quando se distraiu olhando a sua esposa falar com o Menininho.
Agora avançavam como um só. Quem falava era alto e fornido, ruivo e com uma tez corada. Deteve-
se diante de Kade e o olhou de cima abaixo antes de assentir com aparente convencimento de que ele
era quem havia dito ser.
— Milaird.
— Aidan? — perguntou Kade, reconhecendo a voz que perguntava do muro.
— Aye — respondeu o guerreiro, depois fez um gesto aos homens que entraram com ele.
Imediatamente começaram a dispersar-se.
Dois se moveram para aliviar os soldados ingleses de sua carga e os outros quatro recolheram o
pai e o irmão de Kade.
Kade os olhou o suficiente para perceber que embora os rostos dos homens fossem sérios,
eram muito cuidadosos com sua carga enquanto os levantavam e levavam às escadas.
— Assim veio para tirar seu pai da cadeira de laird, não é? — perguntou Aidan.
Kade voltou o olhar ao homem, com os olhos entrecerrados. Sentiu que Averill se aproximava, e
apesar de ter ordenado que permanecesse perto, agora desejava que se afastasse mais que
aproximar-se.
Se precisava brigar, preferia não pô-la em risco por estar no meio. Olhando a seu lado, puxou-a
pela mão e ordenou que se situasse atrás dele, depois enrugou a testa e grunhiu:
— Aye.
Aidan franziu por sua vez o cenho e grunhiu:
— Já era a maldita hora.
Kade se permitiu relaxar. Inclusive quase sorriu, mas as arrumou para conter o impulso e se
limitou a assentir em seu lugar.
— Stewart te precisa — disse Aidan, e acrescentou solenemente: — O que não quer dizer que
não deva brigar com você se seu pai assim me ordenar isso. Ele é meu laird.
Era tudo o que Aidan devia dizer. Os soldados eram leais ao juramento que deram ao pai de
Kade. Ele não esperaria menos. Esta era sua batalha e embora a gente desejasse que ganhasse,
lutariam contra ele se seu senhor assim o ordenasse. Ele respeitava isso e só podia esperar que
dessem a mesma lealdade em caso de que tivesse êxito, então, muito sério disse:
— Então, tentarei que ele não o ordene.

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Aidan assentiu.
— Angus disse que bateu a cabeça quando seu navio embateu contra as rochas.
— Aye. Felizmente, tenho bons amigos e cuidaram muito bem de mim como se estivesse em
casa — disse Kade, virou-se para sua direita, assinalando ao irmão de Averill. — Este é um deles.
Lorde William Mortagne.
Esperou enquanto Aidan assentia em sinal de saudação, então se virou à esquerda esperando
que Averill estivesse ali, só para virar-se de novo ao recordar que a pôs atrás de suas costas.
Encontrou-a de joelhos atrás de si, sussurrando confidentemente com o Menininho. Foi só
então quando compreendeu que o menino continuava ali, suas indicações já não eram necessárias
pois os homens de Stewart sabiam onde levar a seu pai e irmãos.
— Avy? — disse calmamente.
Ela levantou a vista e depois de dar uns tapinhas em Menininho se endireitou.
— Sim, marido?
— Vem.
Pegou a mão, puxou-a a seu lado e voltando-se para o Aidan de novo disse:
— Minha esposa.
Averill parecia um pouco transtornada com a concisa apresentação, mas ele não via razões para
dar mais explicações.
Dissera fora dos muros que Will e seus soldados estavam escoltando a ele e a sua esposa, a irmã
de Will, até o Stewart. Não havia necessidade de explicá-lo de novo.
Aidan sorriu a Averill e a saudou educadamente.
— Minha senhora.
— Bo-bom d-dia, sir — murmurou Avy.
Kade franziu o cenho diante de sua gagueira e a forma em que ela inclinou a cabeça. Não o fez
com os soldados de Mortagne, mas ela os conhecia e estava cômoda com eles, supôs.
Seu atual comportamento recordou sua intenção de trabalhar com ela em sua autoestima e
prometeu a si mesmo que o faria assim que pudesse... Mas não agora.
Era um assunto para outro dia, decidiu, e deu um apertão tranquilizador que a fez ofegar e
saltar um pouco. Sentiu que lançava um olhar penetrante mas já havia retornado sua atenção a
Aidan.
— Como meu pai está indisposto — disse Kade secamente, usando a palavra que o homem
utilizou. — Talvez pudesse me dizer o que aconteceu enquanto estive fora.
— Aye — disse Aidan concordando.
Kade assentiu e começou a guiar ao grupo às mesas de cavaletes, mas se deteve quando Averill
puxou sua mão. Franzindo o cenho, olhou para trás e elevou uma sobrancelha interrogativamente.
Averill hesitou, então o separou do resto e sussurrou:

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— Enquanto está ocupado com o Aidan, pensei que poderia subir ao outro andar e ver se há
quartos adequados para dormir. Talvez precisem ser limpos o...
— Aye — a interrompeu Kade com um suspiro.
Ele não considerou isto, mas se os quartos da parte superior estavam em tão mal estado como o
grande salão, definitivamente havia muito trabalho por fazer antes que o sol se pusesse.
Ele não ia dormir no chão do salão e não ia permitir que nem Will nem Averill o fizessem
tampouco. Preferia levá-los fora e instalar um acampamento no pátio de armas. Não foi um
pensamento feliz para Kade.
Se bem que teve deixar tranquila Averill depois de sua noite de bodas, primeiro para permitir
que sarasse e depois, durante a viagem, simplesmente porque não tinham privacidade e não estava
disposto a levantar as saias de sua esposa em frente a uma centena de homens, então se conteve
durante toda a viagem com a tranquilidade de que uma vez que alcançassem Stewart e a privacidade
de uma antecâmara, a teria de novo. A possibilidade de que não houvesse nenhum quarto habitável
não lhe ocorreu.
— Vá — disse agora. — Mas leva a Menininho com você e se houver algum problema, só precisa
gritar e acudirei correndo.
Esperou o tempo justo a que Averill assentisse, e então pressionou um beijo em seus lábios
antes de virar e continuar para a mesa.

Capítulo 10

— Este era o quarto de Merry — informou Menininho quando abriu a porta.


Averill entrou no quarto, mas se deteve abruptamente. Era o quarto cômodo que mostrava. Os
três anteriores estavam em boas condições salvo pela presença de algumas teias de aranhas e pó.
Era evidente para Averill que lorde Stewart e seus filhos nunca se incomodavam em entrar nas
outras antecâmaras. Mas era igualmente evidente que não podia dizer o mesmo deste quarto.
— Parece uma... Uma confusão — declarou Menininho com uma careta, seguindo Averill
quando finalmente entrou no quarto.
Observando a volta de sua gagueira, Averill murmurou:
— Acreditava que estávamos de acordo em que não tem porquê se sentir nervoso comigo...
Menininho avermelhou e afastou o olhar, admitindo:
— Temia que pode... pudesse se zangar quão... quando visse tudo é... Isto.
— Bem, não o estou — assegurou. — E mesmo que o estivesse, não estaria zangada com você.
Menininho assentiu e a rigidez em sua postura diminuiu. Até conseguiu mostrar um pequeno

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sorriso.
Averill sorriu em resposta, depois girou para estudar o quarto com atenção. Embora os juncos
do chão não fossem frescos, não estavam tão asquerosos como os do grande salão. Suspeitava que
não os trocaram desde que a irmã de Kade, Merry, partiu. Mas além disso, este quarto se parecia
mais ao grande salão que as outras antecâmaras. Parecia como se alguém o tivesse destruído em um
ataque de mau gênio.
Uma maciça cadeira de carvalho ainda se encontrava ante a lareira, uma mesinha que alguma
vez esteve junto a esta era uma pilha de madeira quebrada sobre os juncos.
A cama estava inteira, mas todas suas mantas e peles foram arrancadas e jaziam amontoadas
em um canto, e alguém conseguiu desencaixar uma das persianas da janela.
Não fazia ideia de onde estava, mas a persiana que restava pendurava obliquamente de um
único prego.
Um som atraiu seu olhar para a porta e Averill descobriu Bess na entrada. A criada se esqueceu
que sustentava na mão a bolsa de remédios que havia pedido, seus olhos como pratos estavam
abertos com horror enquanto percorria com o olhar o quarto.
— É uma confusão — disse Bess com um movimento desaprovatório da cabeça.
— Aye — se lamentou Menininho, e depois indicou. — O laird o fez.
— O que? — perguntaram Averill e Bess como uma só voz, virando-se para o moço.
Ele assentiu muito sério.
— Vem aqui todo o tempo. Em geral não pode caminhar direito e se choca com as coisas. Ele e
seus moços quebram muitas coisas no castelo dessa forma, mas o laird é o único que entra aqui,
assegurou.
E depois o menino torceu a face, e acrescentou: — Ele chora.
Averill se endireitou um pouco diante dessas notícias, sentindo um pouco de esperança. Um pai
que sentia falta da sua filha tanto como para fazê-lo chorar não podia ser totalmente mau, pensou
ela, depois se perguntou se seu próprio pai também sentiria falta dela. Acreditava que sentiria
saudades um pouco, mas nem tanto para chorar. Ao menos, assim o esperava e começou a
preocupar-se com a possibilidade quando Menininho adicionou .
— Escutei-o — o tom sério de sua voz sugeria que ele suspeitava que poderiam não acreditar
em algo assim. Quando ela assentiu com solenidade para assegurar que acreditava, ele relaxou um
pouco e assinalou:
— Uma imagem vergonhosa, direi. Sinto-me envergonhado por ele. Chorava, gemia e tropeçava
com os móveis. Então caiu de traseiro e ficou sentado choramingando sobre quem ia dirigir o torreão
agora que Merry já não está.
Bess estalou a língua com desgosto, mas Averill suspirou com desilusão já que não era da sua
filha que sentia falta, e sim de seu trabalho como castelã. Realmente, estava tentando com esforço

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gostar do homem, mas ainda não encontrou nada para fazê-lo.


Sacudindo a cabeça, Averill se dirigiu para à porta e estendeu a mão.
— Minhas ervas medicinais, por favor, Bess.
A criada as entregou quase a contra gosto e quando Averill começou a mexer em seu conteúdo,
perguntou ansiosamente:
— Está segura de querer fazê-lo, minha senhora?
— Sim — disse Averill firmemente.
— Mas...
Averill elevou a mão para fazer calar a sua donzela, depois deu uma olhada ao menino e disse:
— Menininho, poderia descer e me trazer uma taça de hidromel ou cidra?
— Aye, minha se... Senhora — disse com prontidão e Averill sorriu suavemente quando ele se
apressou a cumprir seu encargo. Era um menino muito doce.
— Minha senhora, sobre este seu plano — disse Bess ansiosamente logo que Menininho saiu
pela porta.
Averill suspirou e deu a volta para ficar de frente a sua donzela.
— É um plano sensato, Bess — insistiu com firmeza. — Nada desalenta uma má conduta como
uma consequência desagradável.
— Se fosse o caso, as ressacas que lorde Stewart e seus filhos sofrem depois de suas bebedeiras
os teriam desalentado faz décadas — disse sua criada em tom grave.
— Há uma grande diferença entre uma cabeça dolorida cada vez que começa a beber e a
incapacidade de manter algo, inclusive a própria bebida, em seu estômago — assegurou Averill.
— Confia em mim, se laird Stewart e seus filhos ficam gravemente doentes cada vez que
bebem, deixarão de fazê-lo. É um plano sensato.
— Sim, mas e se perceberem que estão lhes dando uma poção medicinal ou mágica? —
perguntou muito preocupada.
— Não saberão — assegurou Averill. — Daremos esta primeira dose enquanto estão
inconscientes, a daremos enquanto dormem da mesma forma como alimentamos Kade com caldo
quando se encontrava inconsciente.
— Conseguiu que um pouco de caldo descesse por sua garganta, mas é seguro que não
conseguirá colocar muito pela deles — resmungou Bess enigmaticamente.
Averill franziu o cenho enquanto percebia a verdade de suas palavras. Talvez devia repensar e
diluir a tintura4 no hidromel e só devia deixar cair umas gotas do concentrado diretamente por suas
gargantas.
Sim, decidiu, isto funcionaria muito bem.

4
As tinturas são preparados de plantas e ervas utilizados da antiguidade, nas que se deixa macerar a parte mais aproveitável da planta
durante dias em álcool e água, obtendo um concentrando oleoso. Uma tintura é muito mais poderoso que uma infusão.

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— Vamos — disse e saiu do quarto.


— Aonde vamos? — perguntou Bess com um bufido, enquanto avançavam pelo corredor.
— A dar a tintura ao pai e irmãos de Kade.
— Acreditava que necessitávamos do hidromel para isso? — perguntou Bess com consternação.
— Será mais fácil se só fizermos que umas gotas de tintura desçam por suas gargantas —
explicou Averill. — E se formos rápidas, podemos fazer tudo antes que Menininho volte.
— OH, Deus Santo — balbuciou Bess, mas depois seguiu em silencio Averill em sua busca do
quarto do pai de Kade.
— Pelo amor de Deus, como pode viver assim? — murmurou Averill ao contemplar a
antecâmara de laird Stewart. Embora não havia nenhuma vela acesa ou fogo iluminando o quarto,
ainda era o meio-dia e a suficiente luz do sol atravessava pelas janelas abertas, fazendo que o quarto
e seu morador fossem mais que visíveis. O qual era, em sua opinião, algo afortunado. Este quarto
estava tão desastroso como o grande salão, o chão cheio com roupa desprezada e comida, mobiliário
quebrado e tapeçarias rasgadas. Além disso, cheirava como se alguém tivesse morrido ali.
Fazendo uma careta deu a volta para Bess, só para não encontrá-la. Franzindo o cenho, recuou à
porta e a encontrou encolhida no corredor.
— O que está fazendo? — perguntou Averill com um chiado.
— Esperarei aqui fora e vigiarei — respondeu Bess com prontidão.
— Não, necessito sua ajuda. Precisa manter sua boca aberta enquanto verto a tintura nela.
— Ah, por favor, minha senhora — pediu Bess, sacudindo a cabeça. — Não posso...
— Pode — insistiu Averill, agarrando-a pela mão e arrastando-a no quarto.
— Realmente não deveríamos fazê-lo. Acredito que você necessita...
— Silêncio, o despertará — sussurrou Averill com exasperação enquanto tirava sua tintura e
abria a tampa.
— A segunda vinda de nosso Senhor não o despertaria — disse Bess com desgosto, baixando o
olhar ao insensato homem.
— Então do que tem medo? — perguntou Averill com frieza. — Abre sua boca.
Bess fechou sua própria boca e se dispôs a abrir a boca de lorde Stewart. No momento que
agarrou seu queixo e testa, e separou de um puxão seus lábios, Averill se inclinou e jogou umas gotas
da tintura em sua garganta.
Depois que voltou a endireitar-se, Bess soltou a boca do laird e se apressou para a porta. Averill
estalou a língua com exasperação diante da covardia da mulher, mas a ignorou e observou a cara de
Eachann Stewart enquanto colocava a tampa do vidro. Emitiu um suspiro de alívio quando lorde
Stewart começou a lamber os lábios e mover a boca, engolindo automaticamente o líquido. Satisfeita
tomou um momento para examiná-lo, notando que ele se parecia muito a Kade salvo que era mais
velho e tinha um nariz vermelho e protuberante. Seria produto da bebida, supôs com uma pequena

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sacudida da cabeça.
— Minha senhora — chamou Bess da segurança do corredor.
Suspirando, Averill deu a volta e foi se reunir com ela.
— Podemos descer agora e...
— Não — interrompeu-a Averill com força. — Agora temos que fazer o mesmo com os irmãos.
Primeiro Gawain, acredito. Seu quarto é o mais próximo.
— Certamente dar a tintura ao pai é suficiente. Não há nenhuma necessidade de...
Ignorando suas palavras, Averill simplesmente agarrou a mão de Bess e a arrastou ao quarto
seguinte. Por sorte, depois de vários passos Bess, graças a Deus, deixou de protestar.
Isto fez que as coisas fossem muito mais rápidas, e em poucos minutos o fizeram e
abandonaram o quarto.
— Este é o último — disse Averill animando a sua donzela enquanto a guiava à última porta do
corredor.
— Graças a Deus — resmungou a criada. — Sua mãe deve estar virando em sua tumba pelos
problemas em que está se metendo.
Ignorando-a, Averill assinalou o caminho para o quarto. Dos três, este era o pior. Parecia
evidente que os três homens não sentiam carinho por suas posses. Cada quarto ostentavam móveis
quebrados e outros artigos destruídos, mas aqui até a cama de Brodie estava quebrada, um dos
postes foi quebrado, deixando os cortinados pendurando de um canto.
Sacudindo a cabeça, dirigiu-se à cama e esperou que Bess abrisse a boca do homem. Então
Averill deu a beber a tintura.
— Pronto — disse enquanto se endireitava. Averill permitiu que seus lábios emitissem um
suspiro de alívio ao mesmo tempo que fechava a pequena tampa e voltava a guardá-la em sua bolsa
de remédios.
— Pronto. Tudo o que podemos fazer é esperar e ver em que resulta.
— Graças a Deus — respirou Bess, soltando seu agarre sobre a boca de Brodie. — Por favor,
minha senhora. Vamos daqui neste instante.
— Sim — disse Averill com exasperação e decidiu que nunca voltaria a levar a criada com ela em
tais excursões. Bess se queixou e criticou todo o tempo, preocupando-se como uma anciã.
Bem, bem, Averill reconheceu, com mais de quarenta verões, Bess era uma mulher mais velha.
Mesmo assim, não era razão para ser tão tímida e nervosa como um camundongo. Não era de
estranhar que a donzela tivesse se sentido tão escandalizada pelo que Sally e a Velha Ellie
aconselharam sobre como agradar a um homem, a mulher não tinha coração para tentá-lo.
Provavelmente deitou tremula na cama, com os olhos bem fechados cada vez que seu marido tentou
fazer entrar seu cavalo em... Teria sido uma experiência agradável para ambos? Pensou com
incômodo.

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— Minha senhora — protestou Bess.


— Já vou — resmungou Averill. — Eu só...
Deteve-se bruscamente e deu um grito quando a mão de Brodie se fechou ao redor de seu
pulso. Abrindo os olhos como pratos e olhando à cama, encontrou-se com um turvo olhar.
— Ey, preciosa, dá-me um beijinho? — balbuciou ele, puxando-a pelo braço.
— Pode ser que seu pai não faça muito alvoroço — disse Aidan em voz baixa. — Não é um
homem estúpido e, apesar da bebida, sabe que as coisas estão saindo de controle. Cada dia parte
outra família, mudando-se a pastos mais verdes, e aqueles que ficam só esperam sua oportunidade. A
metade do pessoal do castelo se foi, e os atrasados... — sacudiu a cabeça. — O cozinheiro se foi, as
criadas nem sequer entram no grande salão, e os homens também o evitam... Aye, seu pai se alegrará
de te passar o título e suas responsabilidades.
Kade o esperava fervorosamente. Embora não havia passado muito tempo perto de Eachann
Stewart, o homem ainda era seu pai, e Kade não desejava cometer parricídio.
Mas depois de tudo o que se inteirou pelo Aidan sobre a situação de Stewart, não podia afastar-
se e deixar a seu pai a cargo. Stewart estava muito mal administrada.
— Você disse que o cozinheiro se foi? — perguntou Will e a consternação de sua voz fez que
Kade sorrisse pela primeira vez desde que se sentou a falar com o Aidan. Depois de três anos de
comidas putrefatas e estar perto da inanição naquela prisão infernal, Will tinha um apetite insaciável.
Kade estava assombrado pela comida que viu consumir desde que se levantou de seu próprio leito de
doente. Se sentiu ainda mais assombrado ao ver-se igualando dentada com dentada, e se sentiu um
pouco aborrecido ao escutar que não havia cozinheiro. Mas não se sentia tão consternado como Will
parecia sentir-se.
— Aye — disse Aidan, e sorriu abertamente diante da expressão de Will. — Mas sei onde está e
suspeito que poderia convencê-lo de retornar se a situação mudar.
— Talvez pudesse... — Kade se deteve repentinamente, elevou os olhos com brutalidade
quando escutou uns potentes gritos e gemidos. Antes que terminasse o primeiro grito ele já estava de
pé e corria, seu coração golpeava contra seu peito ao mesmo tempo que uma lista de possíveis causas
para esse alvoroço passavam por sua mente. As mulheres poderiam ter tropeçado com um rato ou
algum outro inseto enquanto preparavam os quartos no segundo andar, ou uma delas poderia ter
sofrido um acidente e estava ferida gravemente. Esperava que fosse o primeiro.
Kade alcançou o degrau superior a tempo para ver o Menininho correndo pelo extremo oposto
do corredor com um trio de criadas pisando nos calcanhares. Enquanto o seguia, o moço fez uma
parada diante de uma das portas das antecâmaras próxima no final do corredor e a abriu de um
empurrão. Imediatamente o corredor ressoou com os fortes e completamente ininteligíveis gritos
cheios de pânico que agora se uniam a uma sonora voz balbuciante que ouviu interromper Aidan
quando chegaram ao portão do castelo.

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— Vamos, moça, só uma queda rapidinha. Prometo que você gostará.


Brodie! Maldição, Kade apressou seu passo e topou com uma cena que não esqueceria logo.
Averill parecia estar em uma luta corpo a corpo com Brodie. Ele estava sentado, esforçando-se por
puxá-la para a cama, enquanto ela fazia todo o possível para resistir. Enquanto isso Bess, a fonte dos
gritos e choramingações, estava a um lado da cama, esmurrando a cabeça e costas de Brodie em um
intento por libertar a sua ama.
Aparentemente Menininho e as três criadas ficaram paralisados no interior do quarto diante da
imagem, mas enquanto Kade observava tudo, o menino atravessou o quarto como um raio,
agarrando um escudo que jazia atirado no chão em seu avanço. Saltando para a cabeceira com o
pesado artigo de metal, elevou-o e depois o baixou sobre a cabeça do homem com um horrível
"gongo" enquanto que Kade começava a atravessar o quarto. A ação não deixou inconsciente a Brodie
como talvez esperava o menino, mas certamente conseguiu sua atenção. Libertando Averill, ele se
virou instável para o menino, emitindo um rugido de fúria.
Os olhos de Menininho quase saem das órbitas pelo horror, mas voltou a bater o escudo na
cabeça, pondo cada pingo de seu peso e força nisso. Desta vez funcionou. Os olhos de Brodie ficaram
brancos e caiu desabado na cama.
Imediatamente Menininho atirou o escudo a um lado e subiu à cama para saltar para o outro
lado e agachar-se junto a Averill.
— Esta bem, minha senhora? — perguntou Menininho ansiosamente, pegando o braço e
puxando em um esforço por ajudá-la a levantar-se, quando por fim Bess terminou com seus gritos e
se apressou a ir a esse lado da cama para ajudar também.
— OH, Meu Deus — disse Averill sem fôlego enquanto se sentava no lugar onde caiu quando
Brodie a soltou. — Sim, estou bem, obrigado Menininho. Foi muito valente.
— Aye, foi — grunhiu Kade, enquanto que Bess e Menininho ajudavam a sua esposa a ficar de
pé. As criadas estavam perto da porta, pois notaram sua entrada quando passou junto a elas e
começaram a sair sigilosamente do quarto ao mesmo tempo. Mas notou que embora tivessem
avançado uma distância assombrosa, ainda não haviam partido de vez mas sim observavam
atentamente da porta, tentando ver passar Will e Aidan, que o seguiu.
Bess, Averill e Menininho, entretanto, não perceberam sua chegada e quando finalmente o
fizeram aumentaram os olhos e ofegaram com surpresa.
— OH Ma-marido — disse Averill sem fôlego. Forçando um sorriso, evitou seu olhar alisando a
saia enquanto murmurava. — Nós... Bem... Eu só-só estava com-comprovando que seu ir-irmão não
se feriu quando caiu.
Infelizmente, despertou e... Bem... Parece que acreditou que eu era... B-bem, Pen-pensou...
— Sei o que pensou — grunhiu Kade, agarrando-a pelo braço e arrastando-a para a porta. Em
sua bebedeira, era evidente que Brodie acreditou que era uma das criadas e tentou fazê-la sua.

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E, pelo visto, não se importou se ela estava disposta ou não. Isto o enfureceu. Teria uma
conversa muito séria com o homem quando despertasse. Enquanto isso, tinha uma esposa com a que
tratar.
— Disse que ficasse perto a menos que eu dissesse o contrário, não foi assim? — perguntou
com voz séria quando passavam junto a Will e Aidan, e entravam no corredor.
— Sim, e eu o fi-fiz — disse pressurosa. — E di-disse que po-podia... Su-subir aqui e...
— E inspecionar qual é o estado dos quartos — a interrompeu Kade com voz grave. — Não te
disse que pudesse examinar Brodie.
Para sua surpresa, ela assentiu.
— Sim. Ti-tem razão. Eu não... Não deveria...
— Não, não deveria... — disse zangado, depois se deteve no corredor para perguntar. — Quais
quartos podemos usar?
Ela vacilou, depois disse:
— Os três no outro extremo do corredor só precisam ser arejados, limpá-los e trocar as roupas
de cama. As esteiras estão velhas, mas limpas e servirão por esta noite.
Assentindo voltou a avançar, arrastando-a para o último quarto no extremo oposto do corredor,
tão longe do quarto de seu irmão como lhe era possível. A fez entrar no quarto, deu a volta para
fechar a porta e depois franziu o cenho quando viu que todo mundo os seguiu... Todos salvo
Menininho. Não havia nenhum sinal do menino.
— Onde está o menino? — resmungou carrancudo, preocupado que ainda estivesse no quarto
com Brodie e se seu irmão despertasse, ele pudesse estar com problemas.
Todos começaram a buscá-lo com o olhar diante de sua pergunta e Aidan disse:
— Encontrarei-o.
— Obrigado — murmurou Kade. — Envia-o aqui quando o fizer.
Assentindo, Aidan se afastou pelo corredor, Kade olhou para Will.
— Descerei em um minuto.
Will hesitou, seu olhar deslizou do rosto severo de seu amigo ao de Averill, que nesse instante
mordia o lábio, mas assentiu e deu a volta para dirigir-se para a escada.
Agradado por Will não interferir, Kade ignorou às mulheres, fechou a porta e se virou até estar
em frente de sua esposa.
— Eu es-estava... — Os olhos de Averill revoavam em todas as direções como se procurassem
uma via de fuga, mas de repente ofegou com surpresa quando a agarrou pela mão e a atraiu contra
seu peito.
— Marido?
Kade a beijou: um beijo profundo e úmido que falava de sua fome por ela e que em parte estava
motivado pelo medo que sentiu ao escutar os gritos que o fizeram correr.

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Tão rapidamente como a atraiu a seus braços, rompeu o beijo enquanto lhe lançava um olhar
fulminante.
— Mantenha-se afastada de Brodie.
— Sim, marido — suspirou ela, sua voz era sonhadora, estirou as mãos para que baixasse o
rosto e lhe dar outro beijo.
A audaz ação originou um sorriso em Kade, o qual se converteu em um cenho franzido quando
um golpe na porta soou antes de que ele pudesse devolver o beijo. Suspirando, levantou a cabeça e
se obrigou a se afastar de sua esposa para responder ao chamado. Mas seus lábios formaram um
pequeno sorriso quando escutou o suspiro de desilusão de Averill enquanto alcançava a porta.
Se prometendo que esta noite compensaria essa desilusão, abriu a porta de um puxão e franziu
o cenho a Aidan, depois deixou cair seu olhar ao menino que ele sustentava pelo pescoço.
Kade observou os olhos aumentados e a face pálida de Menininho, depois observou às
mulheres reunidas ao redor de Bess, que tagarelavam nervosamente a uns metros de distância.
Avançando para o corredor para reunir-se com Aidan e Menininho, abriu ainda mais a porta e
disse às mulheres.
— Entrem e ajudem a minha esposa a arrumar o quarto.
Foi tudo o que precisou dizer. As mulheres se buliram com impaciência e se apressaram a entrar
no quarto, vendo-se impaciente por evitar sua presença. Menininho se sentia igualmente impaciente
e tentou as seguir, mas Aidan ainda o agarrava pelo pescoço e com um puxão o fez recuar.
O menino afundou os ombros e um suspiro de derrota escapou de seus lábios quando Kade
fechou a porta. Então levantou seus tristes e resignados olhos, abriu a boca para falar, descobriu que
não saía sua voz, e engoliu o bolo que aparentemente se alojou em sua garganta para perguntar:
— Vai me ma-matar?
— Te matar? — perguntou Kade com choque. Olhou para Aidan, que parecia tão pasmado como
ele se sentia, depois voltou a observar ao menino e perguntou: — Por que diabos faria isso?
— Vai com-contra as leis que um Cam-camponês golpeie a um nobre — disse Menininho com
voz tremula, e depois, se por acaso Kade o tivesse esquecido acrescentou: — E golpeei a seu ir-irmão.
— Aye, fez — indicou Aidan solenemente.
Kade fez uma careta, mas manteve os olhos no Menininho e disse:
— Mas o fez para salvar a minha esposa, não é assim?
— Aye — admitiu, endireitou os ombros e sua boca adquiriu uma forma rebelde. — E o vo-
voltaría a fazer mesmo que me matem. Minha senhora Averill é agradável e bo-bonita, e ele é um v-
velhaco embora talvez seja meu pai.
Kade ficou rígido.
— Seu pai? Brodie é seu pai?
Todo o fôlego escapou do moço e encolheu os ombros com infelicidade.

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Devil of the Highlands 03

— Minha mãe di-disse que e-era.


Kade contemplou o menino, vendo agora a semelhança familiar. Tinha as feições dos Stewart, e
o mesmo cabelo avermelhado de Brodie e Gawain, embora o seu fosse mais escuro.
Seus olhos também eram do mesmo verde intenso que os da irmã de Kade, Merry, e os dele
mesmo. Apertando a boca, perguntou:
— Quem é sua mãe?
— B-Belle — respondeu asperamente.
— Foi criada aqui — disse Aidan em voz baixa.
— Foi? — perguntou Kade com um cenho franzido.
— Morreu o mês passado — disse Aidan, sua cara era muito séria. — Quando a lavadeira partiu,
as criadas começaram a tentar fazer o serviço. Ela perdeu o equilíbrio e caiu na tina ao revolver a
roupa sobre o fogo.
Sofreu horríveis queimaduras, morreu uma semana depois.
Depois de dias de dor e sofrimento, pensou Kade com gravidade. Seu olhar se deslizou sobre a
roupa puída e a cara suja do menino.
— Agora quem cuida de você?
Menininho encolheu os ombros com inapetência.
— Às vezes as criadas cuidam dele — respondeu Aidan. — O mantêm longe do perigo quando
podem.
Julgando pelas contusões que o menino tinha, isso não era frequente, e Kade se perguntou se
seu irmão sequer sabia que o menino era seu filho... Ou se importava. Suspirando, sacudiu a cabeça e
se endireitou.
— Não vou matá-lo.
Menininho elevou o olhar com esperança.
— De fato, enviei para te buscar para te elogiar por defender a minha esposa — disse
solenemente. — Foi muito valente. Um dia será um bom soldado e me assegurarei que seja escudeiro
em um ano ou dois.
Menininho emitiu um comprido suspiro diante destas notícias e seus olhos começaram a
brilhar.
— Mas até então — acrescentou Kade firmemente. — Farei que fique perto de minha esposa.
Ela te ensinará boas maneiras e outras coisas que um soldado precisa conhecer, mas deverá cuidá-la
por mim como fez hoje.
— Com minha vida, meu laird — jurou o menino, seus olhos brilhavam com lágrimas de
gratidão.
Kade se moveu com desconforto devido à radiante adoração nos olhos do menino, depois
assentiu severamente.

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— Vá então, vigia a minha dama — ordenou, dando a volta para abrir a porta. As mulheres no
quarto fizeram uma pausa em sua conversa para dar uma olhada para a porta enquanto Menininho
entrava correndo feliz, e Kade acrescentou:
— Se assegure que não deixe este quarto sem que eu saiba.
— Aye, meu laird — disse Menininho com importância, depois arruinou o efeito sorrindo de
orelha a orelha, tanto que Kade temeu que partiria a face.
— M-mas, marido — protestou Averill, atravessando apressada o quarto.
No momento em que se deteve diante dele, Kade se agachou e a beijou. Foi um rápido, mas
consciencioso, e os olhos de Averill estavam fechados, um pequeno suspiro escapou de seus lábios
quando ele afastou a cabeça.
— Aye? — perguntou ele.
Averill piscou ao abrir os olhos, durante um momento a confusão se mostrou em seus olhos, de
repente ela pareceu recordar seu protesto e franziu o cenho.
— Não posso ficar aqui. Também devo preparar um quarto para Will.
Kade assentiu lentamente, mas sua mente processava que sua gagueira não continuou depois
de beijá-la. Não era a primeira vez que notava que um simples beijo seu parecia fazer esquecer seu
acanhamento e gagueira.
Parecia que teria que beijar muito a sua esposa para distraí-la. Um dever terrível, mas ele era o
homem adequado para a tarefa, pensou com um sorriso.
— Marido? — cravou seu olhar nele, franzindo o cenho.
Forçando-se a atender o problema imediato, Kade clareou a garganta e disse:
— Bem — lançou um olhar sobre seu ombro a Menininho. — Pode ir entre este quarto e o que
escolha para lorde Mortagne, mas a nenhum outro lugar sem minha permissão.
Averill emitiu um suspiro exasperado, mas Kade simplesmente beijou sua testa, fechou a porta
e se dirigiu para a escada com Aidan.

Capítulo 11

Averill observou com o cenho franzido a porta que seu marido acabava de fechar, depois se
voltou a contemplar Menininho e às mulheres no quarto. Acabava de conhecê-las quando Kade
interrompeu para deixar entrar o menino e dar sua ridícula ordem. Além de Bess, havia uma criada
jovem e magra chamada Lily, com lisos cabelos loiros claros e olhos insípidos.
Morag, uma mulher de meia idade com cabelos escuros e um rosto que parecia não ter sorrido
em um tempo muito comprido. E uma velha com o cabelo cinza liso e o sorriso mais doce que alguma

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vez viu, seu nome era Annie.


Averill sorriu de maneira mordaz para si mesma. Enviou Menininho em busca de hidromel ou
cidra, e ele retornou com as últimas três criadas que restavam no torreão para que explicassem por
que não havia nada daquilo.
Parecia que o laird Stewart não via a necessidade de hidromel ou cidra agora que sua filha se
foi. Vinho e uísque era tudo o que se oferecia no castelo. Isso era algo do que precisaria ocupar-se
rapidamente, decidiu Averill, mas isto significaria fazer uma viagem a um de seus vizinhos, pois já foi
informada que havia muito pouco no povoado.
Dado que seu laird nunca comprava nada, não se fazia nenhum extra, e os aldeãos em Stewart
só faziam o suficiente para seu próprio consumo.
Suspirando diante de todos os problemas que em tão pouco tempo estavam aparecendo, Averill
tomou um momento para sentir pena de si mesma. Mas logo seu costumado espírito positivo se
reafirmou, dizendo que era melhor ser a esposa de Kade com um montão de problemas para sortear,
que a esposa de Cyril e provavelmente um conjunto completamente diferente de preocupações...
As que não poderiam ser arrumadas com um pouco de tempo e mão dura.
— Bem! — endireitou os ombros. — Vão deixar este quarto em perfeitas condições e
continuemos com o de meu irmão para que os homens possam subir nossos pertences.
As mulheres assentiram com a cabeça e puseram mãos à obra. Com ela, Bess, as três criadas e
inclusive o pequeno Menininho dando uma mão, fizeram-no muito rapidamente. Embora poderiam
ter ido mais depressa ainda se Menninho não tivesse tentado ajudá-la constantemente. Cada vez que
ela recolhia algo ou começava a tirar o pó de um objeto, ele estava ali tentando ajudá-la. Na verdade,
embora o achasse doce, também era um pouco exasperante. O jovenzinho estava todo o tempo
colado a seus calcanhares, cravando o olhar com olhos de adoração, o peito inchado de orgulho como
o de um galo de briga.
Não obstante, sua gagueira cessara. Só ocorreu uma ou duas vezes enquanto eles trabalhavam
e só quando ele se dirigiu a Morag. Parecia achá-la intimidante.
— Preparado — disse Averill quando ela e Bess terminaram de fazer a cama no quarto de Will
uns momentos mais tarde. — Acredito que terminamos.
— Sim, é tudo por agora — Bess se endireitou e olhou a seu redor com satisfação, mas depois
franziu o cenho quando seu olhar mudou ao chão. Tocou com a ponta do pé os juncos sobre os que
estavam paradas e adicionou.
— Embora eu gostaria que pudéssemos fazer algo com esses juncos.
— Podemos nos encarregar deles amanhã ou depois de amanhã — murmurou Averill, pensando
que poderiam esperar até depois que tivesse conseguido um pouco de hidromel ou cidra.
— Necessitará-nos ainda, minha senhora? — perguntou Annie, movendo-se para a cama
arrastando os pés dolorida. A mulher sofria uma artrite terrível, mas não deixou que isso a fizesse

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mais lenta.
Trabalhou tão duro como as demais.
— Não, Annie. Obrigado — respondeu Averill. — A nenhuma das três, sei que devem ter
obrigações que estão descuidando enquanto permanecem aqui. Vão as atender.
Assentindo com a cabeça, a criada se voltou e conduziu para a porta às outras duas mulheres.
Averill as olhava pensativamente, então jogou um olhar a Bess quando a criada comentou:
— Annie parece muito agradável, mas as outras duas são um par sombrio.
— Sim — concordou ela. — Talvez poderia tentar afastá-la de Morag e Lily em algum momento
nos próximos dias e descobrir por que.
— Eu posso dizer por que — disse Menininho com entusiasmo.
Averill o olhou, arqueando uma sobrancelha.
— Pode?
— Aye. Minha mãe e Annie estavam acostumadas a se inquietar por isso — ele se deteve, sua
expressão tornando-se séria enquanto tentava recordar o que ouviu, a seguir disse:
— Sabe, Lily ia se casar com o filho do ferreiro. O amava de maneira feroz. Mas então meu pai...
o laird Brodie — se corrigiu. — Se enrabichou com ela uma noite enquanto estava bêbado e não
aceitou um não por resposta.
Quando o filho do ferreiro, Robbie, descobriu, suspendeu as bodas. Ela chorou e suplicou, mas
ele disse que Lily era mais preparada para ser apanhada pela cabra quando estava bêbado e...
— A cabra? — interrompeu Averill de forma vacilante.
Menininho ruborizou, mas admitiu em um sussurro.
— Assim é como chamam a meu p... a laird Brodie. A cabra pintada e brincalhona.
— Entendo — murmurou Averill. — Por favor continua.
— Bom — ele franziu o cenho tentando reunir os fios de sua história, depois encolheu os
ombros. — Robbie disse que ela deve desejar muito ser apanhada e que ele não ia criar um bastardo
da cabra.
— Ela está grávida? — perguntou Bess, levantando as sobrancelhas.
— Nay — Menininho negou com a cabeça, mas depois adicionou: — O estava mas perdeu o
menino antes de que crescesse nela. Lily não ficou bem da cabeça após.
— Entendo — murmurou Averill e suspirou com tristeza. Realmente Brodie Stewart estava
começando a desagradá-la. — E por que está Morag...?
— Morag é a mãe de Lily — disse Menninho como se isso o explicasse tudo e Averill supôs que o
fazia.
Sacudindo a cabeça, ela endireitou os ombros.
— Bom, obrigado por me contar isso Menininho. Isso explica o bastante, farei... Um repentino
palavrão no vestíbulo a fez deter-se. Averill lançou um olhar à porta que as criadas deixaram aberta

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justo quando um grupo de homens estava lutando por passar. Seus olhos se abriram de par em par
diante do homem inconsciente que levavam, depois ela correu para frente.
— Marido!
Seu grito fez que os homens parassem imediatamente, e sem perda de tempo trocassem de
direção e o levassem para dentro.
— Uma das criadas disse que o seu quarto era no final do corredor — se queixou Will enquanto
passava junto a ela.
Averill não se incomodou em explicar que este deveria ser o quarto dele. De todos os modos
eram muito parecidos e ela estava muito desesperada para descobrir o que aconteceu com Kade para
esperar enquanto eles o tiravam deste quarto e o levavam ao quarto do lado.
— O que aconteceu? — perguntou, passando junto à cama para olhar com atenção a seu
marido enquanto os homens o deitavam e saíam do caminho.
— Uma das pedras da muralha principal caiu e o pegou despreparado enquanto estávamos
examinando o muro — respondeu Will de maneira turva, subindo pelo lado oposto da cama para
olhar com atenção a Kade.
— Por sorte acabava de dar a volta e começar a afastar-se, e só roçou o lado da cabeça e
golpeou o ombro. Se não se movesse quando o fez...
Will deixou as consequências implícitas e só sacudiu a cabeça, mas Averill não necessitava que
dissesse o que poderia ter acontecido. As pedras usadas para construir a muralha principal e o castelo
eram enormes e pesadas; uma golpeando-o em cheio o teria matado. Fosse como fosse, havia uma
desagradável ferida, profunda, longa e ensanguentada bem atrás da orelha, viu ela, ao voltar a cabeça
para ver melhor, depois tirou a túnica para ver se não havia mais dano.
— Necessito água e meus remédios — murmurou Averill.
Foi vagamente consciente de Bess movendo-se para ir buscar seus remédios enquanto um dos
homens saía ao vestíbulo para bramar pelas escadas procurando uma das criadas para que trouxesse
água, mas a maior parte de sua atenção estava posta em Kade enquanto afastava o cabelo para ver
melhor a ferida.
— Quão grave é? — perguntou Will em voz baixa.
Averill guardou silêncio enquanto se inclinava para ver melhor a ferida da cabeça. Estava
sangrando muito, mas não acreditava que o dano fosse tão grave como temeu a princípio.
Havia um galo grande e um pouco de pele e cabelo foram arrancados pela pedra, mas não
necessitaria pontos. Entretanto, embora não parecia grave, isso não significava que tudo estivesse
bem. As feridas da cabeça eram difíceis de tratar.
Suspirando endireitou-se para aceitar a bolsa pequena que Bess estava estendendo.
— Caiu inconsciente imediatamente ou desmaiou depois?
— Eu não desmaio. Isso é coisa de mulher.

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Averill baixou o olhar sobressaltada diante desse grunhido de Kade, o alívio se derramou por ela
quando viu que seus olhos estavam abertos. Com olhar terno perguntou:
— Como se sente?
— Dói-me a cabeça como a um filho de apodreci... — Se deteve de maneira brusca, depois
suspirou e resmungou. — Bem, dói.
Averill mordeu o lábio para evitar sorrir abertamente da correção de suas próprias palavras.
Estava tão aliviada de que estivesse acordado e queixoso, que poderia ter cantado.
Em troca assentiu de maneira solene e se voltou para pegar a água quando Lily apareceu a seu
lado com uma tigela dela na mão.
— Este é um pano limpo, minha senhora — Bess apareceu de novo, estendendo-o para Averill.
— Obrigado — disse Averill e rapidamente umedeceu o pano na água antes de se voltar para
Kade, só para descobrir que se ergueu na cama e estava sentado de lado com os pés no chão.
Quase o repreendeu, mas depois decidiu que, desta maneira, simplificaria as coisas, assim
simplesmente deu um passo entre seus joelhos e começou a trabalhar.
— O que aconteceu? — perguntou a Will com um grunhido quando ela começou a limpar a
ferida. — Em um momento estávamos caminhando e no seguinte estou aqui.
— Uma pedra caiu da muralha principal quando estávamos nos voltando para retornar ao
interior — explicou ele. — Bateu do lado da cabeça.
— E o ombro — resmungou Averill, notando a raspadura e o hematoma ali.
— Caiu uma pedra? — perguntou Kade com incredulidade, então franziu o sobrecenho e negou
com a cabeça.
— O muro não parecia estar em tal mal estado. Terei que inspecioná-lo e...
— Fica quieto — interrompeu com firmeza Averill. — Estou tentando limpar a ferida e você está
sacudindo a cabeça e se movendo ao redor da cama como um menino.
Kade olhou com cenho franzido em sua direção.
— Não estou me movendo.
Quando Averill só soltou um bufido e voltou a inclinar-se em seu trabalho, Aidan pigarreou e
disse:
— O muro não está em mal estado. Eu o inspeciono duas vezes por semana. Está em bom
estado.
Averill voltou a franzir o cenho quando Kade imediatamente voltou a cabeça ligeiramente para
olhar o homem, depois para o outro lado quando Will assinalou com tranquilidade:
— Não tão bem se partes dele estão caindo.
Aidan franziu o cenho, mas assentiu com um suspiro.
— Irei me ocupar dessa seção agora mesmo. Talvez perdi algo.
— Meu irmão irá com você — anunciou com firmeza Averill enquanto Kade voltava a cabeça

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uma vez mais.


— Eu? — perguntou Will com diversão.
— Deveria, porque quero que todos saiam do quarto enquanto termino isto, e te dará algo para
fazer além de rondar pelo vestíbulo — disse ela docemente.
Quando Will levantou uma sobrancelha e lançou um olhar a Kade, ele vacilou, mas a
surpreendeu assentindo com a cabeça. Averill não sabia se era porque não confiava em Aidan ou
porque percebeu que a distração estava dificultando a tarefa, mas de qualquer maneira estava muito
agradecida.
O quarto rapidamente se esvaziou, todo mundo saiu, incluindo Bess, e Averill se inclinou de
novo na sua tarefa. Sem o constante movimento ao redor de Kade, ela conseguiu limpar tanto a ferida
na cabeça como a do ombro de maneira muito mais rápida. Uma vez terminado, passou um pouco de
unguento em cada uma. Depois Averill se deteve para debater se enfaixava as feridas.
Ambas estavam em lugares complicados. Tentar enfaixar a que estava na cabeça significava
envolvê-la ao redor de sua face ou arriscar-se a que caísse e a outra era tão acima em seu ombro que
uma bandagem não poderia estar presa ao redor de seu braço.
— Terminou? — perguntou Kade depois de um momento.
Averill suspirou e negou com a cabeça.
— Eu gostaria de enfaixá-las, mas me preocupa que só incomodassem.
— Sim, fariam-no — concordou ele.
— Bom, então suponho que está terminado — disse ela de maneira sardônica e adicionou: — Se
deite, vou misturar uma poção para aliviar a dor e te ajudar a dormir — ela começou a afastar-se, só
para ver-se presa entre suas pernas quando de repente se fecharam ao redor das dela.
Percebeu que a posição de ambos punha os olhos dele ao nível de seus seios quando Kade de
repente deslizou os braços ao redor de seu traseiro e se inclinou para frente para acariciá-la com o
nariz através do tecido de seu vestido.
— Marido, precisa descansar depois de sua lesão — protestou, o formigamento que a atenção
masculina estava causando no mamilo estava zombando dela, fazendo sua voz ficar com falta de
fôlego para ser efetiva.
— Estou bem — grunhiu Kade contra ela, seus dentes roçando o mamilo ereto através da roupa.
— Nem sequer me dói a cabeça.
Averill estava bastante segura de que era uma mentira, mas não foi capaz de encontrar sua voz
para dizê-lo quando as mãos de Kade deslizaram por baixo de suas saias e subiram arrastando-se pelo
lado exterior de suas pernas. Quando alcançou os quadris, rodeou-os para embalar o traseiro e a
aproximou mais enquanto continuava acariciando-a com o nariz.
— Desata seus laços — grunhiu ele, soltando o agarre que tinha sobre uma de suas nádegas
para deslizar a mão para frente e urgi-la a abrir suas pernas mais ainda.

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— O-o que? — perguntou Averill com incerteza, mordendo o lábio e ficando nas pontas dos pés
enquanto os dedos masculinos subiam preguiçosamente pelo interior de sua coxa.
— Desate o vestido, desnude seus seios para mim — disse.
Averill engoliu com nervosismo mas fez o que pediu, estendendo as mãos para trás soltou os
laços. Deteve-se então, ainda muito tímida de dar o seguinte passo.
— Faça — foi uma ordem tranquila, enfatizada por sua mão chegando ao alto de suas coxas e
roçando levemente a carne tenra ali antes de baixar outra vez.
Engolindo, lentamente Averill deslizou o vestido dos ombros. Pareceu que ela não desatou
todos os laços e enquanto a parte superior do vestido caiu, a cintura se manteve, de maneira que a
saia do vestido ficou presa em cima de seus quadris.
Quando então se deteve, ele grunhiu:
— Sua regata.
Suspirando, tirou os braços também, lutando um pouco para obtê-lo, mas depois a regata
também caiu. Averill não pôde evitar apanhar o objeto e segurá-la sobre seus seios.
Em vez de ordenar que a soltasse, Kade deixou que seus dedos subissem por sua perna de novo
até que voltou a encontrar o centro suave e úmido.
Ofegando, Averill se agarrou com força nos seus ombros para manter o equilíbrio quando de
repente suas pernas ficaram fracas. Isso permitiu que o tecido de sua regata desaparecesse, como fez
a parte superior de seu vestido, deixando seus seios nus. Kade aproveitou imediatamente e se
inclinou para frente para tomar um mamilo nu em sua boca.
— Marido — gemeu ela, quando a excitação explodiu em seu interior.
Kade deixou que seu seio deslizasse da boca e levantou a cabeça para grunhir.
— Me beije.
Averill baixou a cabeça imediatamente para fazer o solicitado, beijou-o com ardor enquanto ele
continuava acariciando-a.
Ela recebeu a língua dentro de sua boca prazerosamente, gemendo quando roçou a sua, depois
rompeu o beijo e jogou a cabeça para trás com um ofego quando ele deslizou um dedo dentro dela.
Privado de sua boca, Kade imediatamente voltou a fixar sua atenção aos seios, apertando-os e
chupando-os enquanto continuava excitando-a. A tensão foi aumentando dentro dela com cada
instante que passava, e suas pernas começaram a tremer tanto que temeu que falhassem, mas então
ele apressou o ritmo, suas carícias se tornaram mais firmes, quase exigindo uma resposta.
Averill respondeu. Com a excitação borbulhando dentro dela, de repente entrou em ebulição e
gritou, agarrando-se a sua cabeça e ombros enquanto o corpo tremia pelo orgasmo.
Kade se acalmou um instante, só para aproximá-la, depois tirou as mãos de debaixo das saias,
puxou com força de seus quadris, voltou-se e a deitou na cama.
Enquanto se recostava na cama, Averill observava através dos olhos entreabertos quando ele

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ficou de pé e levou as mãos aos cordões de suas calças. Puxou-os desatando-os, deixou cair as calças
e subiu engatinhando na cama para instalar-se entre suas pernas; e então um golpe soou na porta.
Ambos congelaram e voltaram a cabeça para ali, depois se olharam entre eles. Kade hesitou,
mas depois gritou :
— O que?
— Estamos de retorno com um relatório sobre o estado da muralha — anunciou Aidan.
O olhar de Kade se deslocou para a porta e depois voltou para Averill e gritou :
— Descerei dentro de pouco. Então o escutarei.
— Quererá escutá-lo agora — disse Will em um tom de voz grave que Averill reconheceu que
significava problemas.
Ao que parece, Kade também o reconheceu. Amaldiçoando deu um beijo rápido na testa,
depois se levantou para vestir-se, gritando para a porta:
— Me esperem abaixo. Estarei ali.
Um "aye" respondeu e depois o som de pesadas pisadas disse que o par se afastava. Uma vez
segura de que eles não iam tentar entrar, Averill saltou da cama imediatamente e agarrou
rapidamente as roupas descartadas para vestir-se. A regata estava ainda dentro do vestido e só teve
que colocar ambos pela cabeça e ajustá-los em seu lugar, não obstante os laços deram uma pequena
batalha.
Mesmo assim o conseguiu e ficou pronta quando Kade terminou de colocar sua roupa e se
encaminhava para a porta.
Ele a abriu, saiu e olhou para trás, abrindo a boca para dizer algo quando percebeu que ela o
estava seguindo. Franzindo o cenho, perguntou:
— Onde acha que vai?
— Tenho sede — disse ela e não era mentira. Averill tinha muita sede, mas também queria
escutar o que os homens precisavam dizer da muralha.
Kade entrecerrou os olhos.
— Fique aqui. Enviarei a uma criada com...
Umas arcadas, fortes e violentas, soaram de repente no quarto no outro extremo do vestíbulo e
ele se deteve, olhando para ali com o cenho franzido.
— Soa como se seu pai estivesse acordado — murmurou Averill, engenhando para não sorrir
diante do fato de que sua tintura estivesse funcionando muito bem. Quando uma segunda rodada de
arcadas começou do quarto de Gawain, ela inclinou a cabeça. — E também seu irmão. Talvez deveria
passar para examiná-los. Nenhum nem outro soam como se sentissem bem.
Amaldiçoando, Kade a puxou pela mão e a levou para fora do quarto.
— Não se aproxime de meu pai ou a meus irmãos sem que eu esteja presente — a advertiu.
— Sim, meu senhor marido — disse com doçura. Quando ele se voltou para olhá-la carrancudo

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como se ela estivesse tramando algo, Averill simplesmente adicionou um pouco mais de doçura a seu
sorriso.
Sacudindo a cabeça, levou-a pelas escadas diretamente à mesa, pedindo a gritos que
trouxessem bebidas quando a viu sentada.
— Me diga — espetou Kade no momento em que se sentava junto a ela, no banco em vez de
ocupar a cadeira do laird, percebeu ela.
Embora tivesse a intenção de ocupar o cargo de laird, aparentemente não o faria até que falasse
com seu pai. Ela pensou que isso era muito bom por parte dele.
— A muralha está em bom estado — disse Aidan imediatamente.
Kade franziu o cenho.
— Não pode estar em bom estado se partes dela estão caindo.
— Está exatamente assim — disse Will de maneira sombria. — Não faltam pedras no muro onde
foi derrubado. A muralha está intacta.
Kade recuou diante desta notícia, um gesto aflito aparecendo em suas feições. Isso parecia
insinuar que significava algo para ele, notou Averill, mas negou com a cabeça.
— Como é possível? Se não proveio da parede, de onde pôde vir?
— Essa é a pergunta — disse Will cortante. — A pedra deve ter vindo de outro lugar e foi levada
ali.
Ela abriu de par em par os olhos com incredulidade.
— Está me dizendo que alguém a deixou cair sobre sua cabeça de propósito?
— Isso é o que parece — disse Aidan com gravidade.
— Mas? — Ela lançou um olhar a Kade. — Depois da flecha no bosque a caminho daqui, disse
que não tinha inimigos, marido. Quem faria isto?
— Flecha no bosque? — perguntou com interesse Aidan.
Kade suspirou e rapidamente deu uma versão resumida do que ocorreu na clareira, omitindo o
que ele estava fazendo quando a flecha se cravou na árvore.
— Assim agachou a cabeça e evitou que uma flecha cravasse na nuca? — resmungou Aidan.
Depois sacudiu a cabeça. — Devo dizer que é um bastardo sortudo, meu laird. Primeiro sobrevive à
flecha e agora isto...
— Ele voltou a sacudir a cabeça. — Aye, sem dúvida, tem os anjos a seu favor.
— Sim, os tem — assegurou Will. — E depois está a viagem de navio.
Kade grunhiu ausente, ao que parece seus pensamentos estavam em como a pedra pôde ter
caído. Averill deslizou sua mão na dele, chamando sua atenção.
— Quem quereria te machucar? — perguntou em voz baixa.
Ele apertou sua mão mas negou com a cabeça.
— Ninguém. Pelo menos não ainda — adicionou Kade com frieza e ela soube que ele estava

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pensando em seu pai e no fato de que tinha a intenção de pedir que renunciasse.
— Mas... — começou Averill só para ser interrompida por ele.
— Provavelmente foi um acidente — disse Kade com atitude apaziguadora. — Sem dúvida um
dos homens pôs a pedra lá encima com uma intenção ou outra, apoiou-se contra ela sem pensar e a
fez cair pela muralha.
Averill ficou olhando sem se incomodar em ocultar sua incredulidade, mas ele ignorou sua
expressão e voltou a atenção a Morag quando a mulher se apresentou diante deles com várias jarras
grandes de cerveja.
— Obrigado — disse Kade, à medida que ela as colocava sobre a mesa.
A criada o olhou com óbvia surpresa e inclusive quase sorriu. Ao que parece, laird Stewart e
seus outros filhos não eram dados a tais cortesias, pensou Averill e lançou um olhar para as escadas
perguntando-se como estariam indo. Entretanto, voltou sua atenção à criada quando a anciã se
deteve a seu lado.
— Sim, Morag?
— Perguntava-me o que quer que façamos a respeito do jantar — perguntou, parecendo
incômoda e adicionou: — Dado que o cozinheiro fugiu a semana passada.
Os olhos de Averill se abriram de par em par com expressão abatida pela notícia.
— O que esteve fazendo laird Stewart com respeito às refeições?
A boca da mulher se torceu com desgosto, mas seu tom carecia de emoção quando admitiu:
— Ele e os moços descem até a estalagem do povoado quando têm fome. Ou se conformam
com o que podem encontrar por aqui.
Averill vacilou e depois perguntou.
— Há algo de comida aqui?
Morag negou com a cabeça.
— Se houvesse a estaria cozinhando algo para você como falamos. Sou uma cozinheira aceitável
embora seja eu a dizer e Lily tem um talento natural para a confeitaria.
Averill arquivou essa informação, depois deu um olhar a seu marido enquanto ele se voltava
para unir-se à conversa.
— Está bem, Morag. Desceremos à estalagem para jantar — disse ele em voz baixa e depois
perguntou: — O que é que você e os outros servos fazem a respeito das refeições?
Morag se mostrou surpreendida de que perguntasse, mas encolheu os ombros.
— Já não ficamos mais que Annie, minha filha, Lily e eu no torreão. Vamos comer na minha irmã
ao entardecer. Seu marido é um bom caçador e o bastante amável para nos haver provido desde que
lady Merewen partiu e tudo se foi ao inferno.
Averill lançou um olhar a Kade, preocupada com como tomaria as amargas palavras, mas ele se
limitou a assentir com solenidade e disse:

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— Alegra-me ouvi-lo e estou contente de que sua família não tenha fugido como o resto.
Morag vacilou, mas então olhou a Aidan ao que parece pensando que ele o diria de todos os
modos e se voltou para admitir.
— Provavelmente o teríamos feito se minha mãe não fosse tão velha que a mudança a mataria;
mas o é, assim permanecemos com a esperança de que as coisas melhorariam.
— Bom, agradeço-o — disse Kade com voz cavernosa e a despachou com um tranquilo. —
Obrigado.
Ele esperou até que ela se afastou e não pudesse ouvir antes de voltar-se para Aidan para
perguntar:
— Como diabos as coisas ficaram tão mal, em tão pouco tempo?
— Não foi tão pouco tempo. Merry está ausente por mais de sete meses — assinalou Aidan com
calma. — Além disso, as sementes foram semeadas muito antes que ela partisse.
A maioria estavam preparados para partir uma vez que sua senhora mãe morreu, só ficaram por
Merry. Uma vez que ela se foi... — ele encolheu os ombros.
Kade assentiu com a cabeça sombriamente e ficou de pé, agarrando o braço de Averill para
ajudá-la a levantar-se.
— Bem, podemos ir à aldeia agora e ver se podemos conseguir algo para nos alimentar. É bem-
vindo a se unir a nós, Aidan — esperou a que o homem assentisse com a cabeça antes de dirigir o
olhar para Bess, que estava de pé revoando atrás de Averill e adicionou: — Será melhor que também
venha, Bess. Não há nada aqui para que coma.
A criada assentiu com a cabeça e todos se dirigiram para as portas. Kade as abriu e fez sair
Averill, só para deter-se abruptamente quando seu olhar se deslizou sobre o exército inglês localizado
no muro exterior do castelo.
— Eles tem provisões para vários dias — disse Will em voz baixa quando soltou o braço de
Averill e se voltou para ele. — Suficiente inclusive para durar um tempo se caçarem algo.
Limitarei-me a falar com meu primeiro no comando antes de ir.
Averill deslizou silenciosamente a mão na de seu marido enquanto esperavam. O rosto de Kade
era inexpressivo, mas ela sabia que ele achou deprimente as notícias que Aidan deu.
Ela também, mas estava mais preocupada com o assunto da pedra caída. Não acreditou nem
por um momento que fosse um acidente. Por que alguém subiria uma grande pedra em cima da
muralha? Como poderia alguém atirá-la acidentalmente? Não pensava que Kade acreditasse nisso
tampouco. Suspeitava que tentava protegê-la da preocupação e ela sabia que não fazia sentido
perguntar sua opinião a respeito.
Kade só repetiria que provavelmente fosse um acidente e mudaria de assunto. Deixou de
preocupar-se por isso. Obviamente, nem todo mundo estava contente de tê-lo em casa. Ela teria que
andar com cem olhos e estar alerta aos problemas.

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Estou realmente feliz com meu marido e não tenho intenção de perdê-lo, pensava Averill
sombriamente quando Will terminou sua conversa e Kade a urgiu a descer os degraus e reunir-se com
ele.
A estalagem do povoado era um negócio triste, pequeno e escuro, com pouco ou nenhum
movimento pelo que ela poderia dizer. Certamente não havia ninguém ali quando eles entraram e
ninguém entrou antes de que terminassem de comer e saíssem de novo. Sua entrada causou um
pouco de agitação e se viram com o próprio dono e sua mulher revoando ao redor e os tratando com
atenção.
Parecia óbvio que se alegravam de ver Kade de volta.
Isso ou se alegravam pelos clientes, supôs Averill, enquanto Bess a ajudava a preparar-se para
deitar-se uma vez que retornaram. Em realidade era um pouco cedo para ir à cama, mas foi uma
viagem comprida até aqui e os próximos dias prometiam ser igualmente compridos. Há muito que
fazer para organizar meu novo lar, pensou Averill e olhou a Bess para dizer.
— Estava tranquilo quando chegamos. Estão o laird e seus filhos recuperando-se? Viu algum
deles depois de que retornou?
Enquanto Averill ficou para trás com Kade e Will, que desejava falar com o hospedeiro depois da
refeição, Aidan não teve vontade de aguardar, e Bess rendida depois da viagem optou por retornar ao
torreão com ele.
— Não sei nada disso — disse Bess com diversão. — Um coro de arcadas chegou de seus
quartos, depois houve silencio durante algum tempo antes de que as arcadas começassem de novo.
Suspeito que dormem entre uma rodada e outra.
Averill assentiu com a cabeça.
— Pediram ajuda ou uísque?
— OH, sim, chamaram — disse ela com secura. — Entretanto Morag, Lily e Annie devem ter ido
onde a irmã de Morag vive depois de que nos dirigimos para a estalagem. Não estavam aqui para
responder a seus berros, e eu na verdade não ia fazê-lo.
— Não, claro que não — concordou Averill de maneira solene.
— Pronto — disse Bess levando-a para a cama. — Agora se coloque na cama. Tivemos um dia
atarefado e sem dúvida teremos outro amanhã.
— Sim — concordou Averill subindo à cama. — Obrigado, Bess.
— Não há de que, minha senhora — disse Bess, dirigindo-se para a porta. — Que durma bem.
— E você — murmurou Averill, então olhou para a porta quando se abriu antes de que Bess a
pudesse alcançar.
Kade apareceu, viu Bess, moveu-se a um lado para que ela saísse e entrou. Fechou a porta atrás
dele com um bocejo enquanto se dirigia à cama.
Averill o observava em silêncio enquanto ele tirava a túnica pela cabeça, seus olhos deslizando

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Devil of the Highlands 03

sobre seu peito largo e forte. Kade sorriu com um sorriso completamente masculino quando a
apanhou olhando e se deteve alongando-se de um modo que fazia destacar seus músculos. Averill
reprimiu o sorriso divertido que tentava reclamar seus lábios, mas achou adorável que ele se exibisse
para ela.
Enquanto Kade centrava sua atenção em desatar o laço da cintura de suas calças, ela observava
com curiosidade, arqueando as sobrancelhas quando ele pareceu ter problemas.
No princípio, pensou que Kade estava brincando, mas então ele amaldiçoou e começou a puxar
o laço com irritação e ela percebeu que de alguma forma o amarrou fortemente em sua pressa por
vestir-se rapidamente.
Afastando a um lado os lençóis e as peles, levantou-se no leito e se ajoelhou para deslocar-se a
um lado da cama.
— Assim quebrará o laço, marido. Me deixe ver se posso soltá-lo — disse em voz baixa.
Kade vacilou, mas então soltou a tira e avançou para que ela o tentasse. Na verdade o havia
emaranhado, notou Averill quando começou a desatar o apertado nó. Custou um pouco, e ela passou
vários minutos trabalhando nisso antes que o nó se soltasse. Exalando aliviada, levantou a cabeça
para oferecer um sorriso de triunfo que se congelou quando ela viu a expressão em seu rosto. Era
faminta e quente,
Averill pestanejou surpreendida e retornou o olhar para onde esteve trabalhando, só então
reparou em que sua virilidade cresceu enquanto ela esteve desatando-o e pressionava contra a frente
das calças.
Recordando o prazer com que a brindou esta tarde, e que foi interrompido antes que ele
encontrasse o seu, ela pensou um instante, desceu da cama e tentou rodeá-lo, mas ele a agarrou pelo
braço.
— Aonde vai? — perguntou com o cenho franzido substituindo à expressão de desejo de um
momento atrás.
— Simplesmente a buscar minha bolsa — assegurou ela, conseguindo soltar seu braço.
— Sua bolsa de remédios? — perguntou surpreso. — Para que?
— É uma surpresa. Se coloque na cama, voltarei em seguida.
Kade suspirou e negou com a cabeça, mas se moveu para a cama — ela se dirigiu para o baú
que continha a bolsa. Esta estava na parte de cima. Tirou-a e rapidamente rebuscou em seu
conteúdo, entreabrindo os olhos diante da escassa luz disponível. Bess deixara só uma vela acesa no
quarto, e estava em uma mesa junto à cama, por isso apenas o mais leve indício de luz conseguia
alcançar o canto onde ela estava ajoelhada junto ao baú. Encontrando o unguento que queria, abriu-o
depressa e começou a estendê-lo de maneira generosa em sua mão direita.
— O que está fazendo? — disse Kade do leito, soando bastante desconfiado. — Veem a cama.
— Farei. Um momento — disse ela com exasperação enquanto fechava o unguento com a mão

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não engordurada e deixava cair a bolsa em cima do baú. Mantendo a mão atrás dela, voltou para a
cama.
Kade a olhava com suspeita enquanto ela atravessava o quarto de volta a ele. Havia um olhar
nos olhos femininos que sugeria que sem dúvida tinha uma surpresa, uma que ele não estava seguro
de que fosse desfrutar.
Ele observou com os olhos entrecerrados quando subiu à cama, então se deu conta de que ela
estava mantendo uma mão em suas costas.
— O que tem aí? — perguntou Kade, logo depois, de maneira instintiva, tentou agarrar os
lençóis e as peles que ela levantou para cobrir-se quando ela os puxou para baixo.
Ele não foi o bastante rápido e se viu estendido ali, nu do joelho para cima, sua ereção
movendo-se para frente e para trás como se a saudasse. Kade estava a ponto de exigir saber o que
estava tramando quando Averill de repente tirou a mão de suas costas e agarrou seu pênis.
Kade fechou a boca e aspirou através dos dentes apertados enquanto a olhava com os olhos
totalmente abertos.
— A velha Ellie me explicou como agradar um homem como você me agradou esta tarde —
explicou ela começando a mover a mão.
— A velha Ellie? — perguntou ele, horrorizado ao perceber que sua voz saiu várias oitavas mais
alta que seu acostumado tom de barítono.
— Uma criada em Mortagne. É muito velha e muito sábia, disse-me que engordurasse minha
mão e te esfregasse como se estivesse ordenhando uma vaca — explicou Averill de maneira calma e
quando ele se afundou de novo na cama, os olhos fechados com abatimento, ela procedeu a fazer
justamente isso, fechou seu dedo e seu polegar debaixo da ponta do pênis, depois fechou cada dedo
subsequente ao redor dele, um após o outro, como se estivesse estimulando a sair leite da teta de
uma vaca.
Infelizmente, ela o fazia ao contrário. Se sua virilidade fosse um úbere, ela estaria levando o
leite para dentro em vez de fora. Entretanto, Kade não era uma vaca, o que ela estava sujeitando não
era um úbere, e o que estava fazendo não era muito propenso a obter que algo saísse a jorros dele.
De fato, Kade poderia sentir declinar sua ereção enquanto ela continuava trabalhando nele... Logo
não pôde sentir nada absolutamente.
Franzindo o cenho, levantou a cabeça para olhar para baixo. Sua virilidade estava ali, pendurado
tristemente sobre a parte de cima de sua mão como um odre vazio, mas ele não o podia sentir.
Seus olhos totalmente abertos pelo horror de que ela, de algum jeito, o tivesse inutilizado
quando Averill deteve o que estava fazendo, soltou-o e olhou com o cenho franzido sua mão.
— Que estranho, minha mão parece ter adormecido — disse com assombro.
Kade sentiu a esperança mover-se dentro de seu coração, e clareou a garganta antes de
perguntar com tom tranquilo.

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— O que foi que utilizou para engordurar a mão?


Ela se voltou para ele com surpresa.
— Só um unguento de meus remédios.
— É um para adormecer a dor? — perguntou cauteloso, depois franziu o cenho com
preocupação quando Averill negou com a cabeça.
— Não. Este é só para...- ela se deteve de repente e levantou a mão até sua face para cheirá-lo.
Kade entrecerrou os olhos e esperou.
— OH, D-Deus — Inspirou Averill com os olhos totalmente abertos.
— OH Deus o que? — perguntou ele, mordendo a língua para abster-se de gritar a pergunta.
Deus querido, a pessoa não inalava o unguento com o que ela acabava de engordurar o pênis de seu
marido e depois dizia "OH Deus" desse modo.
— T-temo que p-posso t-ter os unguentos mi-misturados — Admitiu ela, vendo-se desolada. —
Este é um para adormecer a dor. Não te fará mal, mas...
Com um suspiro de exasperação, Kade deteve sua explicação agarrando-a por um braço e
arrastando-a para baixo até ficar por cima dele.
— Está tudo bem — resmungou Kade.
— M-mas eu que-quero Te-te agradar — chorou Averill tentando levantar-se.
— Não importa — repetiu Kade, sem saber se chorava de alívio porque ela não inutilizou seu
órgão genital de maneira permanente ou dar gritos de frustração de que a terceira tentativa de pular
com sua esposa desde sua noite de bodas tivesse ido mau. Ao menos, teve a intenção de pular com
ela quando entrou. Suspirando, esfregou as costas de maneira consoladora e disse: — Me agrada,
esposa... Muitíssimo.
— De verdade? — perguntou ela sorvendo pelo nariz.
— Aye — grunhiu ele e olhou para baixo, limpando uma lágrima que corria por sua face. Kade
suspirou diante do mal-estar de Averill. A mulher estava tentando-o, era uma pena que tivessem dado
maus conselhos...
Bom, e que ela tivesse tido seus unguentos desordenados no canto escuro, pensou Kade com
uma careta de desgosto enquanto lançava um olhar a sua pobre e nada intumescida virilidade.
A coisa jazia triste e caída sobre sua perna como desmaiada e ele se perguntava infelizmente
quanto tempo duraria isso.
— Obrigado, marido — murmurou Averill. — Você me agrada também.
— Bem — murmurou, depois pigarreou e perguntou: — Esposa... Quanto tempo dura os efeitos
deste unguento?
Averill ficou em silencio durante um momento, uma pequena careta adornava seus lábios
enquanto pensava, depois disse:
— Acredito que dura umas duas horas.

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— OH — Kade voltou a suspirar, de maneira miserável desta vez. Ele Esteve esperando com
ilusão deitar-se com sua esposa outra vez depois de sua comprida viagem, mas parecia que ia ter que
esperar uma noite mais.
— Sinto muito, marido — disse Averill de maneira miserável. — Só queria te agradar como você
fez comigo.
— E o faz — assegurou uma vez mais, abraçando-a mais perto. E era certo, Kade se deu conta
disso enquanto esfregava suas costas de maneira consoladora até que ficou adormecida.
Apesar de tudo, ele estava muito contente com sua esposa. Era preparada, doce, apaixonada e
para seus olhos, muito formosa. Ela estava disposta a experimentar coisas que não fazia nem ideia de
como fazer.
Isso falava bem para o futuro. Podia ver ambos muito felizes juntos uma vez que tudo estivesse
resolvido... Se ele pudesse impedi-la de obter conselho das criadas sobre os assuntos do leito
matrimonial, pensou com secura.

Capítulo 12

— Minha senhora! — o sussurro sobressaltou Averill. Saiu culposamente pela porta que
acabava de fechar para encontrar Bess invadindo o corredor com o cenho franzido em sua face.
— Seu marido ordenou que não se aproximasse de seu pai e seus irmãos sem ele. No que
pensava ao ir ali sozinha?
Averill agarrou o braço da mulher para apressá-la a afastar-se da porta. Bess continuou
sussurrando, e não temia que o som chegasse até alguém dos quartos no final do corredor, mas
tampouco queria que Kade a apanhasse ali.
— Simplesmente entrei nos quartos de cada um dos homens para deixar uma jarra de cerveja
— explicou, conservando o tom baixo de voz.
— Estarão desidratados depois de estarem doentes toda a noite e quererão uma bebida quando
despertarem.
— Cerveja drogada com essa sua mistura — supôs Bess sombriamente. Quando Averill fez uma
careta, mas não o negou, ela suspirou e disse. — O que ocorreria se esse tal Brodie despertasse e a
tivesse atacado outra vez?
— Não me aproximei o suficiente para que me pudesse agarrar — assegurou Averill
rapidamente. — E não despertou nem tentou nada, assim que tudo está bem. Agora — se endireitou
e urgiu Bess para as escadas — desçamos.
Kade deseja encabeçar hoje a saída em busca de hidromel e comida para o castelo e não estará

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agradado se me atraso.
Bess a olhou enquanto começavam a descer as escadas para o grande salão.
— Como conseguiu subir três jarras de cerveja até aqui sem que ninguém o notasse?
— Meu marido está fora com o Will, preparando nossos cavalos, e Menininho e as criadas estão
tão ocupadas limpando as cozinhas para a preparação da comida e bebida que esperamos trazer ao
voltar, que mal notaram minha chegada e minha saída. — Kade havia designado o menino para ajudar
às criadas porque ela não estaria ali hoje para protegê-la, mas Averill suspeitava que ele estaria de
novo a seu lado quando retornassem.
— E eu estava arrumando seu quarto — terminou secamente Bess e meneou a cabeça
enquanto alcançavam o final das escadas e cruzavam o grande salão. — É uma pessoa muito
sorrateira, minha senhora.
— Obrigado, Bess — disse Averill alegremente, e a criada negou com a cabeça outra vez.
— Há algo que quer que faça enquanto esteja fora? — perguntou Bess, enquanto caminhavam
pelas escadas dianteiras do torreão e contemplavam o muro exterior do castelo, cheio de soldados
Mortagne formando redemoinhos em toda parte.
— Sim — disse Averill sobriamente. — Quero os juncos e o lixo fora do grande salão.
— E como espera que faça isso sem servos? — perguntou Bess secamente, e franziu o cenho
quando notou a forma em que Averill olhava os soldados ingleses. — OH não! Certamente não pensa
que me escutarão e darão uma mão para limpar?
— Farão se Will ordenar — respondeu Averill, divisando nesse momento a seu irmão que
cruzava o pátio do castelo para o torreão, então começou a descer as escadas, gritando seu nome.
— Não posso acreditar que tenha a meus homens agindo como se fossem donzelas.
Kade sorriu com diversão pela repetida queixa de Will. Olhou o homem que ia montado a sua
esquerda, depois a sua esposa à direita quando ela emitiu um cacarejo incômodo.
— Não tenho a seus homens agindo como donzelas — disse firmemente e assinalou. — As
donzelas não retiram os juncos velhos e sujos de um grande salão.
— Nem tampouco o fazem os soldados — disparou Will por sua vez.
— Talvez, mas não é como se tivessem qualquer outra coisa que fazer — assinalou ela com
exasperação. — Os manterá ocupados e os ajudará a passar o tempo.
Kade meneou a cabeça e os deixou que seguissem. Era óbvio que eram irmãos. Estavam
brigando a respeito do pedido de Averill para que Will fizesse que os homens ajudassem a limpar o
grande salão desde que saíram de Stewart. Embora, "pedido" não era exatamente a descrição
correta, supôs. Sua esposa fez o pedido docemente e, quando Will se negou resolutamente, então o
intimidou ainda docemente até que ficou de acordo.
Kade ficou impressionado com sua perseverança. Podia ser uma moça teimosa quando prendia
algo entre seus dentes.

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— Não há nada mais que dizer sobre isso, Will — dizia Averill agora. — Ficou de acordo. Os
homens estão ajudando e o aprecio muitíssimo. Não faz nenhum sentido estar se queixando disso
todo o tempo.
— Sim — concordou Will de forma arisca. — E será culpa sua se não voltarem a me falar nunca
mais. Estavam menos que contentes pela ordem.
Averill encolheu os ombros, despreocupada.
— Superarão. Há muitas coisas na vida que alguém preferiria não fazer, mas deve... O que me
recorda que... — acrescentou, voltando-se com um pequeno cenho para Kade. — Está seguro de que
deveríamos ir a Donnachaidh por fornecimentos?
Certamente temos outros vizinhos aos que poderíamos nos aproximar.
— Aye — reconheceu ele.
— Então não seria melhor ir a um deles? — perguntou esperançada.
— Por que desagrada tanto a ideia de acudir a Donnachaidh por provisões? — perguntou Kade
pacientemente.
— Porque é um diabo — disse Averill imediatamente.
— Conhece-o? — perguntou ele com curiosidade.
— Não — admitiu.
— Então como sabe que é um diabo? — perguntou Kade, pensando que era suficientemente
razoável.
— Porque o chamam o Diabo de Donnachaidh, marido — disse Averill com exasperação, depois
acrescentou: — Duvido que recebeu o nome por sua bondade.
— Não, não o fez — reconheceu Kade, depois adicionou: — Ganhou o nome porque é feroz em
combate.
— Sim, mas...
— E — Kade a interrompeu. — Vamos a ele porque Donnachaidh não está longe e sua esposa é
a irmã do marido de minha irmã. Como tal, de todos nossos vizinhos, é o que é mais provável que nos
preste a ajuda que necessitamos.
— OH — murmurou Averill, parecendo apaziguada por esta notícia. — Não percebi que havia
um vínculo familiar.
Kade se limitou a encolher os ombros. Estava um pouco incomodado por ter que dar
explicações. Não estava acostumado a isso e não pensava convertê-lo em um hábito.
Mas estavam recém casados e Averill ainda o estava conhecendo. Era de esperar que, no futuro,
ela confiasse em seu julgamento e não questionasse suas decisões.
Então chegaram ao alto da colina e se viram olhando para baixo a um vale com um bosque que
rodeava outra colina. No alto desta se erigia o castelo Donnachaidh. Kade olhou o intimidante edifício
por um momento e se virou na sela de montar para olhar a suas costas e assegurar-se de que a

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carreta e a dúzia de soldados que trouxeram para proteger os esperados artigos em seu caminho de
volta, mantinham o passo.
Encontrando-os virtualmente colados a seus calcanhares, assentiu com satisfação e começou a
descer a colina.
Apesar de suas vestimentas inglesas, não encontraram os portões fechados e a ponte levadiça
levantada quando alcançaram Donnachaidh. Em vez disso, foram saudados por uma comitiva de três
homens que desciam a cavalo para reunir-se com eles a meio caminho da subida da colina. O homem
na cabeça era um cara chamado Tavis, um homem muito loiro e bonito com o que Kade cavalgou
antes em combate.
Felizmente esteve no mesmo lado que os guerreiros Donnachaidh nessa campanha, e Kade
conhecia este homem por ser o primo de Cullen Duncan, ou o Diabo de Donnachaidh, como o
chamavam.
A última vez que se encontrou com Tavis, o homem estava cheio de sorrisos e conseguira
meter-se sob cada saia que encontraram... O que era um número surpreendente, considerando as
circunstâncias.
Desta vez, entretanto, estava sereno e quase severo. Além disso mal olhou a Averill, o que
parecia terrivelmente atípico a seu caráter, já que Kade sabia que Tavis tinha debilidade pelas ruivas.
Perguntando-se pela mudança produzida no homem, explicou sua presença e o seguiu pela
colina até entrar no pátio de armas do castelo a passo tranquilo, enquanto os outros dois homens
cavalgavam na frente para advertir ao senhor e à senhora de sua chegada.
Quando pararam no pé das escadas, Cullen Duncan e sua esposa, Evelinde, começavam às
descer. Kade vislumbrou à pequena e sorridente loira brevemente, mas então voltou o olhar para o
homem mais alto e moreno e ofereceu uma inclinação de cabeça como saudação antes de deslizar da
sela de montar e mover-se para ajudar a descer Averill da sua. Quando a colocou em terra e se virou,
Will estava a seu lado e o Diabo de Donnachaidh e sua esposa estavam terminando de descer as
escadas e dirigindo-se para eles.
— Stewart — saudou Cullen com um assentimento.
— Duncan — disse Kade, inclinando a cabeça em resposta.
Passou um momento, depois o olho de Kade foi atraído pela pequena loira que golpeava com o
cotovelo o lado do homem.
— Minha esposa — apresentou Cullen com uma careta de desgosto, arrastando à mulher a seu
lado com um braço ao redor de sua cintura.
Kade inclinou a cabeça para a mulher, tomou a mão de Averill e a atraiu a seu lado para
anunciar.
— Minha esposa — inclinando a cabeça para Will, acrescentou: — E seu irmão.
A apresentação era puramente em bem de lady Duncan. Will havia dito quando mencionou pela

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primeira vez sua necessidade de vir a Donnachaidh, que conheceu Cullen Duncan na corte alguns anos
antes e que se deram bem.
— OH, pelo amor de Deus, já golpearão o peito depois — resmungou Evelinde com
exasperação, depois sorriu a Averill e anunciou. — Sou Evelinde.
— É inglesa — disse Averill com surpresa.
— Aye. Como você.
Sorriram mutuamente e então sua esposa voltou a apresentar a si mesma dizendo:
— Sou Averill.
— Bom dia, Averill — disse Evelinde educadamente e assinalou o homem que estava a seu lado.
— Este é meu marido, Cullen.
Averill se virou para olhar o homem, mordendo o lábio, então inclinou a cabeça, e disse:
— M-milord. — Sobressaltou-se por sua gagueira, mas depois se voltou para Evelinde e se
engasgou ao dizer: — E-este e- é m-meu ir-irmão, W-Will e...
Levantou o olhar com surpresa quando Kade a fez dar a volta para confrontá-lo. Então ele
agachou a cabeça e a beijou. Foi rápido, mas consciencioso ao fazê-lo, mantendo-a perto dele e
colocando sua língua na boca dela uma vez ou duas antes de levantar a cabeça e deixá-la ir.
Averill ficou plantada em frente a ele, com os olhos fechados e a expressão suave, até que ele
murmurou:
— Esposa.
— Sim, marido? — perguntou sonhadora, abrindo os olhos lentamente.
— Termine as apresentações.
— OH, sim — ofegou ela, depois, ainda olhando-o, disse quase distraidamente. — Evelinde, este
é meu marido, Kade.
— Agrada-me ouvir que é seu marido — disse Evelinde, e ele ouviu a diversão em sua voz, mas
não se importou. Estava assentindo com a cabeça, satisfeito de que seu beijo tivesse distraído o
suficiente a sua esposa para que sua gagueira diminuísse de novo. Acreditou que poderia fazê-lo.
Inclinando-se, deu-lhe um beijo na testa, depois a virou para Evelinde.
— Vá com lady Duncan enquanto eu falo com seu marido.
— Sim, marido — murmurou Averill, avançando para unir-se à outra mulher.
Sorrindo amplamente, Evelinde enlaçou o braço com o seu e as duas mulheres juntaram suas
cabeças, conversando e rindo como velhas amigas enquanto se dirigiam às escadas do torreão.
— Vejo que você gosta muito de sua esposa — disse Cullen com diversão, enquanto observava
fechar a porta atrás das duas mulheres.
Kade encolheu os ombros, e explicou:
— Beijando-a para sua gagueira.
— Entendo — disse Cullen lentamente, depois, com expressão solene, sugeriu: — Então a beija

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com propósitos medicinais.


— Aye. Poderia dizer isso — sentiu que seus lábios tremiam pela diversão.
Will bufou diante da declaração, e os três homens começaram a rir enquanto começavam a
atravessar o pátio do castelo.
— Não!
— Sim. Intumescido como uma galinha morta — assegurou ironicamente Averill a sua anfitriã e,
enquanto podia sentir que ruborizava, também sorria pela diversão horrorizada de sua nova amiga
diante da história da derrota da última noite.
— Meu Deus! — ofegou Evelinde. — E ele também?
— Sim — disse ela com um suspiro desesperado. — E se murchou como um velho em um
banheiro frio.
— OH não! — Gritou Evelinde, e explodiu em risadas.
Averill imediatamente se uniu a ela, vendo o lado humorístico da situação agora que havia
passado um dia. Não estava segura de como chegaram ao tema. Começaram falando da reputação de
Cullen como o Diabo de Donnachaidh.
Curiosa, Averill perguntou a Evelinde qual foi sua reação ao saber que ia se casar com o homem.
Depois de uma vacilação, Evelinde ruborizou e falou sobre seu primeiro encontro com o homem, uma
história cheia de enganos e acidentes que fez rir a Averill, e ela repentinamente se viu contando
impulsivamente sua calamitosa noite anterior.
Ela supôs que seria surpreendente que estivessem revelando tais detalhes íntimos de suas vidas
de casadas uma à outra tão pouco tempo depois de se conhecerem, mas Averill se sentiu a vontade
com Evelinde desde o começo, e depois de várias horas de conversar diante de uma cidra, sentia-se
como se fossem velhas amigas.
— O que tem às duas cacarejando como um par de velhas bruxas?
Averill e Evelinde deixaram de rir abruptamente diante da pergunta de Cullen Duncan, trocaram
um olhar com os olhos muito abertos, depois voltaram esses mesmos olhos culpados para os homens
que agora se aproximavam da mesa de cavaletes onde elas se sentavam.
— M-marido — disse Averill, saltando sobre seus pés com alarme diante da possibilidade de que
ele pudesse ter ouvido algo casualmente.
A curiosidade na face de Kade e a forma em que levantou uma sobrancelha enquanto ele,
Cullen e Will cruzaram o último trecho para unir-se a elas, assegurou que não o fez, mas ela ainda
revoava nervosamente onde estava em pé.
— E então? — apressou Cullen enquanto se detinha atrás de Evelinde e se inclinava para
depositar um beijo na testa da pequena loira. — O que é isso que achavam tão engraçado?
O olhar aterrorizado de Averill foi procurar Evelinde, mas não deveria ter se preocupado. Sua
nova amiga simplesmente sorriu com doçura e disse:

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— OH, era apenas uma velha e tola história sobre uma esposa.
Essa resposta fez que Averill visse sua nova amiga com respeito. A mulher dissera a verdade. Era
a história de uma esposa, a dela, e apesar de tudo, a forma em que Evelinde o disse o fez soar como
uma coisa completamente diferente. Os homens imediatamente perderam o interesse em ouvir falar
disso.
— Algo esta errado? — perguntou Averill insegura, perguntando-se por que retornaram tão
logo.
— Não — assegurou Cullen. — Simplesmente entramos para a refeição do meio-dia.
— OH! — isso fez que Evelinde saltasse com alarme. — Não fiz... OH — Ofegou com alívio
quando a porta das cozinhas se abriram e as criadas começaram a sair com comida e bebida nas
mãos.
— Bendita Biddy. Ela, ao menos, pensa. Averill sorriu fracamente, sabendo que sua nova amiga
falava da tia de Cullen, Elizabeth, a quem todo mundo chamava Biddy.
Conheceu à mulher brevemente depois de que Evelinde a conduziu ao interior, mas depois
Biddy desaparecera para as cozinhas, e Evelinde explicou que a tia do Cullen adorava cozinhar e
passava grande quantidade de tempo nas cozinhas fazendo-o.
As criadas chegaram às mesas e todos se dispuseram a comer. Os homens o fizeram com pressa,
depois se levantaram e retornaram ao assunto de trocar e empacotar fornecimentos.
Averill e Evelinde se levantaram para dar um passeio ao redor das hortas de trás das cozinhas,
mas estavam de novo sentadas às mesas falando quando os homens retornaram pela segunda vez.
Averill sorriu a seu marido enquanto se aproximava, mas seu sorriso decaiu quando ele levantou
uma sobrancelha e perguntou:
— Está pronta para partir?
— Já? — perguntou com súbita desilusão. O tempo havia passado voando de forma que parecia
que acabavam de chegar.
A expressão de Kade se suavizou ao notar sua decepção e deslizou um braço ao redor de sua
cintura enquanto grunhia:
— Os visitaremos de novo outro dia... Se Cullen e sua esposa estiverem de acordo.
Quando Kade olhou a seus anfitriões, Evelinde ficou em pé com presteza, assentindo
ansiosamente.
— Definitivamente estamos de acordo, não é assim, marido? — não esperou a que ele
respondesse, mas sim acrescentou: — E passaremos para visitá-los também, uma vez que as coisas se
tranquilizem em Stewart.
— OH, sim, devem fazê-lo — disse Averill imediatamente. — Nós gostaríamos disso.
— Então fica combinado — disse Kade bruscamente. — Vamos.
Passou o braço ao redor da cintura de sua esposa para dar a volta e começar a cruzar o grande

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salão.
Averill franziu o cenho diante do que considerou uma rudeza, girou o pescoço, olhando zangada
a Will quando o encontrou justo atrás dela, bloqueando sua vista.
Seu irmão sacudiu a cabeça com diversão, mas logo se fez a um lado para que ela pudesse ver
Evelinde e Cullen seguindo-os até as portas.
— Muito obrigado por tudo — disse Averill então. — O almoço foi encantador e desfrutei de
nossa visita.
— Eu também — assegurou Evelinde, sorrindo. — Devo escrever a Merry e contar quão
encantadora é. Pode ser que ela e Alexander os visitem uma vez que o bebê nasça, e possamos nos
reunir todos.
— Isso seria estupendo — concordou Averill.
Evelinde assegurou que Merry, a irmã de Kade e cunhada tanto dela como de Evelinde, era tão
agradável como um bolo e não era merecedora do título de Arpía Stewart. Averill se sentiu aliviada ao
sabê-lo, embora nunca ouviu chamar assim à mulher. Depois de ouvir isto e conhecer Cullen Duncan,
o suposto Diabo de Donnachaidh, e de ver quão doce, gentil e considerado era com sua esposa,
pareceu-lhe que os escoceses gostavam de dar às pessoas uns apelidos inexatos. Fez perguntar-se se
Kade tinha um apelido que ela não conhecia. Considerou cuidadosamente o assunto enquanto se
dedicavam as últimas despedidas e montavam a cavalo. Abandonaram o pátio de armas antes que ela
notasse sequer que a carreta agora estava cheia até os batentes de mercadorias que Kade comprou
em Donnachaidh, e mesmo assim prestou uma atenção passageira.
— O que te faz parecer tão pensativa, esposa? — perguntou Kade, rompendo o silêncio que caiu
entre eles enquanto abandonavam o território Donnachaidh. Antes disso, Averill foi tão loquaz como
uma menina, tagarelando sobre quão agradável era lady Duncan, quanto gostava e como desfrutou
da visita. Cada frase foi isto Evelinde e aquilo Evelinde durante alguns quilômetros depois de deixar
Donnachaidh.
— Nada — disse imediatamente, depois perguntou com curiosidade: — Tem um nome especial
também, marido?
— Um nome especial? — perguntou com surpresa.
— Sim, como Cullen, ao qual chamam O Diabo de Donnachaidh e sua irmã, Merry, a Arpía
Stewart — esclareceu Averill.
Kade fez uma careta diante do apelido com que sua irmã foi enquadrada. Sabia que ela o
conseguiu simplesmente ao tentar evitar que seu pai e seus irmãos bebessem até morrer...
E foram provavelmente seu pai e seus irmãos quem o deu, apostaria por isso. Mas ela não o
merecia.
— Não — disse finalmente.
— Por que não? — notou que parecia terrivelmente defraudada enquanto discutia com firmeza.

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— Pelo que Will me disse, é um guerreiro tão feroz como Cullen. Então por que ninguém te deu um
nome especial, também?
Possivelmente deveríamos pensar um nós mesmo.
Kade negou com a cabeça com diversão diante da sugestão, mas então olhou a seu redor com
surpresa quando Will falou:
— Tenho um nome para ele.
— Tem-no? — perguntou Averill ansiosamente e se inclinou para frente na sela de montar para
olhar a seu irmão por trás de Kade e perguntar: — Qual é?
— O santo de Stewart — respondeu Will imediatamente.
— O santo de Stewart? — repetiu Averill, insegura.
— Sim, porque certamente é um santo por casar-se com você — explicou Will.
Kade sorriu diante de seu sarcasmo, mas Averill franziu o cenho, inalou pelo nariz, depois se
virou para confrontá-lo, com seu lindo narizinho no ar e os lábios franzidos com desagrado...
Kade a observou por um momento, com um sorriso na face. Estava ruborizada depois de sua
visita a Evelinde. Vários fios de seu fino e chamejante cabelo haviam caído de onde estavam erguidos
na parte superior de sua cabeça e emolduravam sua face. E seus olhos cintilavam como duas
esmeraldas. Sua esposa era formosa, pensou agradado e sentiu que o sangue corria para sua virilha,
endurecendo-o.
Depois do incidente com o unguento, era um alívio saber que ainda poderia ficar duro, pensou
Kade sardonicamente, depois deu uma olhada a seu redor para ver que tinham alcançado a fronteira
das terras de Stewart.
— Will? — grunhiu bruscamente.
— Sim? — o homem arqueou a sobrancelha, interrogativamente.
— Sua irmã e eu nos detemos aqui um momento. Alcançaremos adiante.
Uma sobrancelha se elevou na face de Will, mas assentiu e continuou para frente quando Kade
urgiu a seu cavalo a um lado, forçando à égua de Averill a que fizesse o mesmo caminho.
— Por que nos detemos, marido? — perguntou com curiosidade, enquanto observavam passar
a carreta e os soldados.
— Pensei te mostrar um lugar que eu gostava muito quando era um menino — disse ele, depois
acrescentou: — Minha mãe estava acostumada a levar Merry e a mim ali de lanche campestre
quando a visitava.
— OH — Ela sorriu, parecendo agradada pela ideia, e urgindo a sua égua a segui-lo quando o
último dos soldados passou e ele dirigiu para cruzar a trilha e ir para as árvores.
Passou-se longo tempo desde que a mãe de Kade o levou a clareira em que ele pensava, e Kade
teve um pouco de dificuldade para encontrá-la. Finalmente, seguiu o leito do rio até a clareira que
repentinamente se abriu diante deles.

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— OH, isto é precioso — suspirou Averill. Um sorriso encantador adornou seus lábios enquanto
seus olhos se deslizavam primeiro sobre as árvores circundantes, depois pelo rio e a pequena cascata
em frente a eles.
— Posso ver por que sua mãe te trazia aqui.
Kade se limitou a grunhir seu acordo enquanto apeava. Depois girou e a desceu de sua
montaria.
— Estamos muito longe de Stewart? — perguntou ela, enquanto ele atendia aos cavalos.
— Nay — Kade se virou de novo para ver que Averill se moveu até a borda da clareira junto à
cascata. Com uma mão apoiada no robusto tronco de uma árvore que havia ali, inclinou-se e usou sua
outra mão para apanhar um pouco do frio e claro líquido que caía e levá-lo à boca. Pensando que não
era estranho que ela tivesse sede depois da forma em que tinha tagarelado desde que deixaram
Donnachaidh, Kade ficou a seu lado. Esperou pacientemente até que ela satisfez sua sede, mas
no momento em que fez uma pausa e o olhou com um sorriso, ele agachou a cabeça e a beijou
suavemente.
Um pequeno suspiro de seus lábios diante do contato o fez sorrir, e quando seus braços
deslizaram ao redor dele e Averill abriu a boca, Kade deixou que sua língua se lançasse a explorar.
Sua boca estava fria pela água, mas ele logo a esquentou, suas mãos perambularam sobre seu
corpo para esquentá-la, também.
Quando ela começou a ficar sem fôlego e a remexer entre seus braços, ele começou a puxar a
gola de seu vestido, mas Averill imediatamente tentou agarrar suas mãos e rompeu o beijo.
Com as sobrancelhas elevadas como interrogação, ele levantou a cabeça para olhá-la, mas ela
escapuliu entre ele e a árvore.
— O que...? — a palavra mal deixou seus lábios quando ele tropeçou pela surpresa e caiu para
trás contra a árvore enquanto Averill repentinamente o rodeou. Recuperando seu equilíbrio, Kade se
endireitou e perguntou confuso: — O que está...?
A pergunta morreu em sua garganta quando ela repentinamente se ajoelhou diante dele e
começou a trabalhar em suas calças. Recordando a última vez em que ela esteve perto de sua
virilidade,
Kade imediatamente se agachou para detê-la, mas ela afastou suas mãos, resmungando:
— Desejo te agradar... Com minha boca.
Isso não o tranquilizou absolutamente. A última vez que ela o "agradou" com sua boca, lambeu
sua ereção como um gato limpando a pata, causando uma frustração sem fim e...
— Auch! — ofegou Kade, ficando nas pontas dos pés pela impressão quando, ao ter dificuldades
com o laço que sustentava seus braies, ela simplesmente puxou suas calças e o levou ao interior de
sua boca.
— O que...? — ia perguntar o que é que ela pensava que fazia, mas era bastante óbvio. Também

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parecia óbvio que ela conseguiu algum bom conselho de alguém, porque estava fazendo um maldito
bom trabalho "agradando-o"... Com sua boca.
Kade fechou os olhos e recostou sua cabeça para trás contra a áspera casca da árvore. Seus
quadris automaticamente empurravam em resposta enquanto acariciava com seus lábios, baixando-
os ao longo de sua longitude e recuando. Quando ela começou empregar sua língua sobre a ponta ao
mesmo tempo, Kade não pôde suportar mais. Havia trazido aqui para fazer amor com ela, e se não a
detinha logo, ia ser inútil como o foi a noite anterior depois de que o unguento o tivesse
intumescido... Mas por uma razão diferente.
Grunhindo sob o fôlego dela, Kade empurrou sua cabeça para trás até que escapou de sua boca
e a apanhou em seus braços para pô-la em pé.
— Estava fazendo-o errado? — perguntou Averill com preocupação. — Evelinde disse...
Kade quase se deteve a perguntar que demônios esteve fazendo falando com lady Duncan a
respeito de coisas como esta, mas notou enquanto estavam ali que as duas mulheres se fizeram
amigas com prontidão...
E para dizer a verdade, agradecia o conselho que Averill recebeu desta vez. Deixando passar o
tema, trocou de posição com ela, fazendo-a recuar contra a árvore e beijando-a apaixonadamente.
Averill não devolveu o beijo e quando ele levantou a cabeça para ver o que estava mau,
imediatamente repetiu.
— Estava fazendo errado?
Um pequeno cenho de preocupação combinada com decepção juntava suas sobrancelhas, e ele
disposto negou com a cabeça.
— Nay. Estava fazendo-o bem — assegurou Kade. — Mas pensei em te fazer amor.
— OH — ela desenhou um sorriso e relaxou então, e Kade rapidamente se inclinou para
reclamar sua boca outra vez. Desta vez devolveu o beijo, deixou que seus braços se arrastassem ao
redor de seu pescoço e Kade grunhiu sua satisfação. Estava quente, duro e ansioso por conseguir
excitá-la tanto como ele, para poder afundar-se em suas profundidades quentes e úmidas, mas seu
vestido ficou no meio.
Quando ele começou a puxar a gola às cegas, ela se soltou para ajudar, estendendo os braços
até suas próprias costas para desatar os cordões que o seguravam. Afrouxou-se então, e Kade
suspirou de alívio quando a regata o seguiu. Ele rompeu o beijo nesse momento para baixar o olhar
para a generosidade revelada, suas mãos se moveram cuidadosamente para fechar-se sobre ambos
os seios imediatamente.
Averill gemeu quando ele começou a amassá-los e a apertá-los, depois começou a puxar
impacientemente sua túnica, levantando a de seu corpo. Kade soltou seus seios pegando para tirar a
parte superior sobre sua cabeça. Jogando a um lado, olhou abaixo quando ela começou a mover as
mãos sobre seu peito agora nu. Para sua completa surpresa, quando Averill se deteve para beliscar

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seus mamilos, gostou e o consentiu por um momento, ocupado em subir suas saias pelas pernas.
Uma vez que estava o bastante alta para poder deslizar as mãos por debaixo, ele se aproximou mais
para beijá-la de novo, prendendo suas mãos ainda sobre seu peito.
Averill gemeu, depois ofegou enquanto ele agarrou sua parte inferior com uma mão e
encontrava seu centro com a outra. Para seu completo alívio a encontrou já molhada para ele, mas
continuou tocando-a e acariciando-a quando sentiu outra vez as mãos dela em suas calças. Desta vez
ela pôde desatá-los e Kade sentiu cair o tecido por suas pernas para formar redemoinhos ao redor de
seus tornozelos.
Então rompeu o beijo e agachou a cabeça para prender um mamilo em sua boca, a mão entre
suas pernas acariciando com mais urgência.
Quando Averill começou a resfolegar e ofegou seu nome, Kade finalmente levantou a cabeça e
moveu as mãos até seus quadris, com a intenção de levantá-la e empalá-la em sua virilidade ali
mesmo contra a árvore.
Mas antes de poder fazê-lo, uma dor terrível explodiu em suas costas, jogando-o para frente.
Averill grunhiu quando ele caiu contra ela, depois o apanhou instintivamente para sustentá-lo
quando Kade começou a cair de joelhos. Conseguiu mantê-lo em pé e perguntou com preocupação:
— O que ocorre, marido?
— Minhas costas — gemeu Kade, sacudindo a cabeça para tentar clarear sua visão.
Averill franziu o cenho e se inclinou a seu redor, tentando ver qual era o problema. Ele ouviu
seu ofego, e ela disse com pânico.
— Há uma flecha em suas costas.
— Isso explica — resmungou ele com dificuldade. A dor rasgava as costas, movendo-se como
um raio para fora de um ponto entre suas escápulas.
— Marido? — a voz de Averill se tornou rouca pela preocupação quando ela perguntou: —
Desmaiou?
— Sou um guerreiro, esposa. Os guerreiros não desmaiam — grunhiu Kade, afastando à força a
debilidade que tentava reclamá-lo.
— OH — disse ela, soando duvidosa. — Como seus olhos estavam fechados...
— Descansava-os — resmungou ele.
— Entendo — murmurou ela e, por alguma razão, isso o irritou como o inferno.
— Ainda estou em pé, não? — perguntou Kade, e nossa... estava em pé, mas com muita
dificuldade. Maldição, sentia-se como se alguém tivesse varrido com as pernas por debaixo dele**.
Tinha dificuldades para não as dobrar e se deixar cair ao chão. A única coisa que o mantinha
direito era o conhecimento de que se o fizesse, muito provavelmente era homem morto... E deixaria a
sua esposa a sua própria sorte.
Esse último pensamento fez que a boca de Kade se apertasse e aumentasse sua determinação.

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Precisava levar Averill a sua montaria e fazê-la sair da clareira. Agora. Antes que voltassem a disparar,
ou fossem atacados de qualquer outra forma.
A mandíbula de Kade se esticou diante dessa possibilidade tão real e se forçou a manter-se
erguido. Essa pequena ação foi suficiente para duplicar a dor em suas costas. Deixou-o ligeiramente
sem fôlego por um momento, mas também forçou a que se apagasse o enjoo que o esteve
ameaçando. Apertando os dentes contra a dor, pegou Averill pelo braço e começou a urgi-la para que
cruzasse a clareira para suas montarias.
Ela arrastava os pés, entretanto, e ele não se surpreendeu quando ela protestou:
— Marido, não deveríamos atender suas costas? — preocupou-se Averill, cravando os
calcanhares e tentando libertar seu braço. Quando Kade fez uma pausa para olhá-la carrancudo, ela
rapidamente acrescentou:
— Ao menos deveríamos tirar a flecha.
Kade abriu a boca para responder, mas se deteve quando um silvo e um ruído surdo soaram
diretamente detrás deles. Ambos se voltaram a olhar uma flecha oscilando na árvore que acabavam
de passar.
Sua boca se esticou.
— Nay — disse ele com firmeza, empurrando-a para frente de novo. Kade não precisou arrastar
a uma esposa relutante desta vez, ela se movia agora quase mais rápido que ele.
Parecia que captou a gravidade da situação. Se não se movessem quando o fizeram, ele
provavelmente teria uma segunda flecha em suas costas.
O conhecimento fez que seu estômago se encolhesse. Quem quer que tivesse disparado contra
ele, não lançou a flecha e escapou, mas sim estava por aí para assegurar-se de completar seu
trabalho.
Más notícias para nós, reconheceu Kade enquanto apressava Averill rapidamente para seu
cavalo.
Foi um alívio quando alcançaram. Além do fato de que agora poderiam usar os cavalos como
escudo, um estranho intumescimento parecia estar caindo sobre suas extremidades, e sua visão
estava escurecendo nas bordas, Kade temia que não poderia permanecer consciente muito tempo
mais.
— Marido, ajudo-o a montar? Posso?
Kade ignorou os balbucios de Averill, reuniu suas últimas forças, apanhou-a pela cintura e
procedeu a lançá-la para cima sobre a sela. Ela ofegou de surpresa diante da precipitada ação, mas se
arrumou para permanecer na sela em vez de cair pelo outro lado do cavalo. O que foi um alívio,
porque ele não pensava que pudesse tê-lo feito novamente.
— O que...? — começou Averill.
— Ao castelo — ordenou Kade. Aplaudiu o seu cavalo nos quartos traseiros enquanto o falava, e

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a égua imediatamente saiu disparada para frente, levando a sua ama. Observou-as sair cavalgando da
clareira e cambaleou durante os escassos metros até sua montaria. Agarrou a sela de montar quando
alcançou o lado de sua montaria, mas isso foi todo o longe que pôde chegar. Parecia que sua força se
foi cavalgando com sua esposa. Custou uma quantidade desmesurada de força simplesmente colocar
sua mão na sela de montar; levantar-se sobre ela estava além dele nesse momento.
Tão só descansaria por um momento, decidiu, apoiando-se contra a montaria. Reuniria sua
força, depois subiria e sobreviveria. Kade soube que era mentira inclusive enquanto passavam por sua
cabeça.
Não havia força que reunir, e descansar faria pouco bem. Desmaiaria rapidamente e fez todo o
possível.
Mas ao menos viu sua esposa escapar a salvo. Esse pensamento mal surgiu de sua mente
quando o tamborilar de umas patas o fez sacudir-se da lassidão que o reclamava.
O bastardo que disparou a flecha deve ter vindo terminar o trabalho, pensou, e
automaticamente estendeu a mão para segurar o punho de sua espada, se perguntando mesmo
enquanto o fazia se teria forças sequer para desembainhar a espada.
— Marido, não vem?
Kade ficou rígido e levantou a cabeça para olhar fixamente Averill. Ela havia parado o cavalo a
seu lado e o observava de sua montaria com preocupação.
— Marido? — apressou.
— O que está fazendo de volta aqui? — explodiu, a cólera levou para trás os ombros, fazendo
manter-se direito. — Estava cavalgando para a segurança do castelo.
Os olhos de Averill cresceram com surpresa, mas então sua expressão se tornou teimosa, e ela
negou com a cabeça.
— Que espécie de esposa seria se vou e te deixo aqui só e ferido?
— Uma obediente — grunhiu ele, a cólera dando a força para levantar o pé e colocá-lo no
estribo. Meu Deus, realmente pensei que ela era muito doce e dócil para sobreviver na Escócia?
Perguntou-se Kade com desgosto.
— Sim, bem, serei tão obediente como deseja uma vez que estejamos de volta no castelo e
tenha cuidado de sua ferida — anunciou ela com firmeza.
— Mas por agora precisamos sair daqui, e deve subir a seu cavalo para que possamos fazê-lo.
Necessita ajuda com a tarefa? Apearei-me e...
— Nay — replicou Kade, a oferta elevou a cólera um par de graus mais dando a força que
necessitava para propulsar-se para cima sobre a sela de montar. Seu traseiro mal se ajustou no couro
quando sentiu uma afiada pontada no lado.
— Marido! — o grito horrorizado de Averill chegou a Kade de longe enquanto caía para frente
sobre seu cavalo e a escuridão começava a cobrir sua visão.

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Capítulo 13

— Marido! — o grito foi metade pânico e metade sobressalto quando a segunda flecha
apareceu de repente no lado de Kade... e isso era o que parecia; um momento só havia uma flecha se
sobressaindo de suas costas, e depois outra apareceu de repente no lado.
Imediatamente, Averill persuadiu a sua égua a aproximar-se mais dele, observando com certa
preocupação que, embora esteve pálido depois da primeira flecha, agora estava quase cinza.
Tinha as pálpebras meio fechadas e sua testa estava coberta de suor. Mordeu o lábio, olhou aos
bosques em frente a eles, procurando brevemente o arqueiro que lançou a flecha, mas não viu nada.
Entretanto, isso não significava que não estivesse ali. Agora mesmo, inclusive, poderia estar se
arrastando para mais perto para conseguir outra oportunidade de disparar.
Só pensá-lo fez que seu coração se enchesse com mais pânico e com a determinação de não
permiti-lo. Não ia perder seu marido. Averill temia que havia se apaixonado pelo homem.
Na verdade, suspeitava que estava meio apaixonada pelo Kade inclusive antes de que ele
tivesse saído de seu profundo sono e tivesse aberto os olhos. Foi por todas aquelas histórias que seu
irmão contou...
Isso e o fato de que ela o achou muito atraente. Mas depois de experimentar o prazer que dava,
e a amabilidade e consideração com que a tratava, não havia esperança para isso.
Averill o amava, e isso era tudo. Por sorte, era uma garota prática e não esperava que ele a
amasse também. Estava mais que agradecida de que ele a tivesse achado a ela ou a seu dote
suficientemente digno para o matrimônio.
Uma vez mais, deslizou o olhar sobre o bosque. O canto dos pássaros enchia o ar, e a única coisa
que via ali eram as árvores, arbustos, a cascata e o rio. A idília cena era um agudo contraste com o
medo e a ansiedade que estava sofrendo, e não a enganava nem por um momento. Precisavam sair
dali e rápido. O arqueiro já poderia estar apontando outra flecha para o Kade.
Com esse pensamento em mente, Averill olhou a seu marido. Os olhos de Kade estavam
fechados, e desabara para frente em sua sela. Por um momento temeu que tivesse morrido, mas
então viu que seu peito se movia e soltou um suspiro de alívio. Averill tomou um segundo para pensar
o que fazer, mas não parecia haver outra opção. Não podia montar em sua égua e conduzir o cavalo
dele por temor a que pudesse cair. Tampouco podia perder tempo tentando extrair as flechas ou
atender de algum modo até que tivesse em um lugar seguro.
Amaldiçoando, rapidamente desmontou, agarrou as duas rédeas em suas mãos e lutou para
montar no cavalo de seu marido atrás dele sem empurrar muito. Ao final, Averill empurrou bastante

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em sua luta por realizar a difícil manobra, mas ao menos não golpeou acidentalmente a flecha nas
costas ou a do lado, pensou quando por fim se sentou atrás de Kade, escarranchada sobre o cavalo.
Ele estava cruzado na sela, fincando as ancas do animal para que ela se sentasse. Nunca montou
escarranchada, mas era o melhor que podia fazer neste momento.
Averill estalou a língua e incitou ao cavalo para que se movesse, sentindo-se aliviada quando o
animal escutou e começou a avançar... E então se deu conta de seu seguinte problema.
Não fazia a mínima ideia de onde estavam nem como encontrar o caminho de volta a Stewart.
— Está acordado.
Kade havia aberto os olhos, piscando, quando ouviu o comentário de alívio. Dirigindo a vista
além da cama, encontrou-se olhando a Will, sentado em uma cadeira observando-o, e por um
momento pensou que estava de volta em Mortagne, recuperando-se ainda da ferida na cabeça que
recebeu quando o navio afundou. Entretanto estava de lado, doía as costas, e uma rápida olhada pelo
quarto além de Will disse que estava em Stewart.
— Algum sacana me disparou uma flecha enquanto tentava fazer amor a minha esposa — disse
com incredulidade quando as lembranças o alagaram.
— Supus que era o que faria quando me pediu que fosse com a carreta — disse Will com secura.
Recordando que estava falando com o irmão de sua esposa, Kade franziu o cenho e murmurou:
— Sinto muito.
Will encolheu os ombros e perguntou:
— Como se sente?
— Dói. Onde está Averill?
— Enviei-a abaixo para que comesse e bebesse algo quando terminou de atendê-lo — disse Will
em voz baixa. — Estava muito afetada pelo incidente, e pensei que uma refeição ajudaria a aplacar
um pouco seus nervos.
— Surpreende-me que tenha conseguido me trazer de volta só — murmurou Kade. Quão último
recordava era a dor dilaceradora que o atravessou quando se levantou para montar seu cavalo, e
depois nada.
Não estava totalmente seguro de como se arrumou para ficar no cavalo antes de perder o
sentido.
— Teve alguns problemas para encontrar Stewart por si mesma — disse Will em voz baixa.
— Era quase a hora do jantar e estava chovendo no momento em que entrou no pátio. — a
diversão inclinou as comissuras da boca, e adicionou: — Causou um pouco de agitação.
— Aye, bom, cavalgar comigo atravessado no lombo do cavalo e uma flecha se sobressaindo de
mim conseguiria isso.
— OH, ninguém percebeu você a princípio, estavam muito espantados com a visão de Averill
para te prestar atenção — disse Will com seco regozijo, e quando Kade pareceu assustado, explicou:

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— Depois de montar a cavalo pelos arredores durante um momento tentando encontrar o


caminho de volta a Stewart, Averill decidiu que não podia esperar mais tempo para atender sua ferida
e se deteve para ocupar-se delas. Atendeu-o ali mesmo, no cavalo. Se arrumou para tirar as flechas,
depois rasgou o vestido e de algum jeito conseguiu passá-lo debaixo de seu peito e pelas costas como
uma bandagem improvisada, e depois continuou procurando Stewart. Disse que nunca esteve tão
contente de ver algo como quando chegou ao topo da colina e viu Stewart.
— Então a visão de minha esposa de regata fez que ninguém se fixasse em mim? — perguntou.
— Sim — Will fez uma careta, e acrescentou. — E, como disse, quando entrou no pátio, estava
chovendo.
— Chovendo? — perguntou Kade, abrindo muito os olhos quando considerou a forma em que
afetaria o linho fino da regata de Averill.
— Já pode ver, é como se tivesse estado nua — disse Aidan com secura a suas costas. Quando
Kade instintivamente começou a dar a volta para ver o homem, uma mão se colocou em seu quadril
para detê-lo.
— Não quererá fazer isso, meu laird. É melhor que fique de lado durante um dia ou dois até que
o pior da ferida tenha passado.
Quando Kade ficou quieto, Aidan retirou a mão e rodeou a cama, arrastando a cadeira em que
esteve sentado do outro lado da cama. Colocou-a ao lado de Will e se sentou nela para olhar Kade, e
anunciou:
— Sua pequena esposa foi um muito formoso espetáculo.
Kade franziu o cenho diante do comentário, mas o soldado só sorriu e adicionou:
— É um homem afortunado.
— Estava magnífica — comentou Will, parecendo surpreso. — Tinha o cabelo ensopado e a
regata colava a sua figura — franziu o cenho e murmurou: — Não estou seguro de quando cresceu,
mas, obviamente, o fez.
A pesar da dor que o incomodava, Kade não pôde evitar sorrir com diversão por suas palavras.
Supôs que esse seria um descobrimento incômodo para um homem com respeito a uma irmã.
Ela sempre foi só a pequena Avy para ele, e hoje tirou a atadura e viu a formosa mulher que era.
— Não pôde nos dizer quem disparou — disse Aidan, levando a conversa para um tema mais
importante. — Ela disse que não acreditava que tampouco você pudesse fazê-lo.
— Nay — Kade suspirou e fechou os olhos brevemente. — Ele devia estar no bosque, atrás de
mim. Não cheguei a ver nada. Entretanto, senti-o — adicionou com uma careta.
— De modo que — disse Aidan em tom grave. — Recebeu uma flecha perdida em sua viagem
para aqui, uma pedra caiu sobre sua cabeça, e agora duas flechas mais foram disparadas contra você?
Acredito que alguém está tentando te matar, milaird.
— Aye — disse Kade em tom grave. — A pergunta é quem?

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— Esteve ausente durante quase três anos e meio — assinalou Will. — Certamente recordará a
alguém ao que tenha ofendido tanto para que guarde rancor todo este tempo?
— Poderia-se pensar que sim, não é? — perguntou com secura, e tomou um momento para
procurar em suas lembranças. Pelo que sabia, não tinha inimigos absolutamente.
Quando Kade finalmente sacudiu a cabeça com desconcerto, Will clareou a garganta, e
perguntou:
— Não acha que seu pai ou um de seus irmãos poderia estar por trás destes ataques, não é?
— Por que diabos iam querer me matar? — perguntou com assombro. Embora previu ocupar o
cargo de laird, eles ainda não sabiam... E não se inteirariam até que se recuperassem o tempo
suficiente para que falasse com seu pai.
— É possível que tenham ouvido falar de sua volta e que planeja ocupar o cargo de laird aqui —
assinalou Will. — Ian, Angus e Domnall podem ter discutido sobre isso e terem sido ouvidos por
acaso.
Kade franziu o cenho ao ouvir isso quando Aidan negou com a cabeça e disse:
— Não deixaram o torreão em meses. Não podem ter sido os que dispararam a flecha em sua
viagem aqui ou inclusive hoje.
— Hmm — Will franziu o cenho, parecendo decepcionado de que os parentes de Kade não
podiam ser quem tentava matá-lo, mas então se endireitou e perguntou:
— Aqui não têm passagens secretas como temos em Mortagne, não é?
— Nay — disse Aidan.
Ao mesmo tempo que Kade respondia:
— Aye.
— O que significa que...? — perguntou Will com diversão.
— Aye, temos — disse Kade, notando a surpresa de Aidan. Sua mãe havia dito que era um
segredo entre a família, mas pensou que Aidan saberia.
— Pois bem, um deles poderia ter escapado usando a passagem secreta para jogar a pedra
sobre você — disse Will com aparente satisfação.
— Mas eles não poderiam ter viajado a Inglaterra para disparar a flecha e voltar sem que eu o
notasse — disse Aidan com firmeza. — Isso levaria vários dias, e nenhum deles esteve fora de minha
vista durante mais de umas horas ou uma noite enquanto dormia.
— Poderiam ter contratado a alguém — assinalou Will em tom mordaz.
Fez-se o silêncio no quarto enquanto todos consideravam a possibilidade de que depois de
tudo, sua própria família poderia querê-lo morto.
Averill comeu a excelente comida que Morag havia preparado e levava uma bandeja do
delicioso guisado para Kade quando ouviu alguém arrastar os pés pelo corredor. Detendo-se no alto
das escadas, olhou na direção dos quartos que pertenciam ao pai e os irmãos de Kade, seus olhos se

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abriram ligeiramente quando viu o laird Stewart de pé na entrada de seu quarto, mantendo-se direito
agarrando-se na porta e o marco.
Ela vacilou, deslizou o olhar à bandeja que sustentava, mas então virou os pés e foi em direção
ao homem.
— Boa tarde, meu senhor — disse em voz baixa Averill quando se deteve diante dele. — É bom
o ver em pé! Como se sente?
O Stewart levantou a cabeça lentamente, como se temesse que pudesse cair se a movesse
muito rápido. Olhou-a sem compreender. Eachann Stewart tinha um aspecto terrível, Averill notou
com interesse.
Seus olhos estavam vermelhos e injetados de sangue, com a pele cinzenta por debaixo do
selvagem cabelo vermelho que brotava de sua cabeça. Tinha uma barba e bigode tão selvagens como
o cabelo sobre sua cabeça.
— Quem diabos é você? — perguntou com um grunhido, que recordava bastante aos do filho
quando estava de mau humor, notou ela.
Averill ofereceu um sorriso deslumbrante e respondeu:
— A esposa de Kade, Averill.
— Kade tem uma esposa? — perguntou Eachann Stewart com evidente surpresa, depois franziu
o cenho. — O moço foi e se casou sem minha presença?
— Sim — respondeu ela simplesmente.
— OH — baixou a cabeça, seus olhos aterrissaram na bandeja que ela sustentava.
Imediatamente ficou verde ao ver a comida, mas quando viu a caneca, agarrou-a e a bebeu de um
gole, só para cuspir com repugnância.
— Isto não é uísque.
— Não — disse secamente Averill, quando voltou a deixar a caneca vazia na bandeja. — É
hidromel, e não era para você, e sim para seu filho.
— OH — Eachann Stewart pareceu miserável e inclusive um pouco perdido. Também se
balançava na entrada constantemente.
— Não têm bom aspecto, milord — disse em voz baixa. — Talvez devesse ir se deitar.
— Tenho sede — disse lastimosamente.
— Trarei um pouco de hidromel e comida — assegurou Averill, deixando a bandeja no chão do
corredor para poder agarrá-lo pelo braço e acompanhá-lo para o interior.
— Não bebo hidromel. Prefiro uísque — disse em tom grave enquanto seguia para a cama. —
Traga um pouco de uísque e comida.
Averill suspirou enquanto se endireitava, mas simplesmente perguntou:
— Está seguro de que não preferiria tomar hidromel? Não parece suportar bem o uísque, e me
preocupa que se ponha doente outra vez.

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— Nay. Não é o uísque o que causa isso. É uma enfermidade. Tomarei uísque. Isto me arrumará
completamente.
— Muito bem, trarei uísque. Mas não poderá me culpar se o puser doente. O advirto — disse
isso, dando a volta para dirigir-se de novo à porta.
— Tá! Que o uísque me porá doente — murmurou quando ela saía do quarto. — O uísque é a
água da vida, moça.
Averill fechou a porta sem fazer nenhum comentário, agachou-se para recolher a bandeja de
novo, e se apressou pelo corredor até o quarto que Kade e ela compartilhavam.
Acabava de trocar de mão a bandeja para abrir a porta quando a mesma se abriu para ela.
Levantou a vista e piscou surpreendida a Will.
— Estava a ponto de ir procurar uma bebida para Kade. Está acordado e tem sede — explicou
quase ausente, com a atenção posta na bandeja que ela levava.
Notou a caneca vazia com o cenho franzido, mas então deu uma olhada ao guisado. — Isso
cheira bem.
— Morag o fez, e está muito bom, mas é para Kade — disse com firmeza Averill, e acrescentou:
— Entretanto, posso te trazer um pouco, se quiser. Preciso ir buscar mais hidromel de todos os
modos.
— Mais hidromel? — perguntou Will com diversão. — O que aconteceu com o primeiro?
Averill vacilou, mas depois decidiu que poderia ser melhor não mencionar o pai do Kade, e
simplesmente disse:
— Fui procurar a caneca para isso, mas esqueci de pôr o hidromel antes de subir as escadas.
Will pôs-se a rir e pegou a bandeja.
— Se me trouxer um pouco de guisado na sua volta, apreciaria-o. Alimentarei Kade enquanto
está fora e terminaremos nossa conversa.
Averill assentiu com a cabeça e decidiu que também traria algo para Aidan. Tirou a caneca vazia
da bandeja, e depois com um gesto da mão indicou que se fosse.
— Vamos. Abrirei a porta para você.
Assentindo com a cabeça, Will se voltou para retornar à cama, e no momento em que o fez, ela
entrou e se aproximou para pegar sua bolsa de plantas medicinais do baú a poucos metros da porta.
Depois saiu, fechou a porta e correu para as escadas.
As criadas e Menininho andavam ocupados ao redor das cozinhas ainda guardando em seu lugar
e organizando os fornecimentos que compraram em Donnachaidh quando entrou. Alguém poderia
ter pensado que era Natal pela maneira que todos se apressavam, ruborizando-se de prazer e
sorrindo enquanto trabalhavam. Bom, todos exceto Bess, reconheceu. Não é que a criada parecesse
infeliz por estar ajudando, mas ela não esteve fora como os outros durante tanto tempo, e enquanto
um ocasional sorriso indulgente curvava seus lábios quando outros exclamavam sobre as coisas que

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desempacotavam, ela não estava tão entusiasmada.


Por sorte, distraídos como estavam, deixaram-na agir quando Averill explicou que foi pegar mais
hidromel para Kade e guisado e hidromel para Aidan e Will, e foi capaz de carregar três canecas de
uísque na bandeja sem que ninguém percebesse. Depois as levou para fora até as mesas, deixou a
bandeja, tirou o vidro com a tintura, e rapidamente verteu um pouco em cada caneca de uísque.
Soltando um pequeno suspiro de satisfação pouco depois, Averill recolheu a bandeja e subiu as
escadas, dirigindo-se primeiro para levar a comida e o hidromel a seu quarto, onde os homens
esperavam.
Estava a ponto de abrir a porta quando se deu conta de que não podia entrar com o uísque no
quarto sem que fizessem perguntas. Com uma careta, Averill depositou a bandeja, começou a tirar os
uísques para os por no chão, mas então se deteve e se endireitou com eles em seu lugar. Uma vez
que entrasse no quarto, poderia ter dificuldades para sair de novo e se preocupou que se o pai de
Kade fosse ao andar de baixo, o que aconteceria era que ia beber o uísque não alterado.
Entregaria uma caneca de uísque e deixaria as demais nas mesinhas de noite como fez com a cerveja
adulterada pela manhã, depois levaria a bandeja a Will e Aidan e veria como ia a seu marido.
Averill estava passando pelo quarto de Brodie quando a porta se abriu de repente a seu lado.
Girou a cabeça um pouco com alarmada surpresa, mas ele nem sequer a olhou. Seus olhos estavam
concentrados no uísque que ela sustentava como se tivesse gritado seu nome. Antes que ela pudesse
sequer dizer um cauteloso: "boa noite", arrebatou a caneca da mão mais próxima a ele e fechou a
porta de um golpe.
— Que aproveite — murmurou Averill com secura e seguiu até o quarto do laird, com as duas
canecas restantes ainda agarradas na outra mão.
Averill quase entra com as duas no quarto, mas então pensou melhor e deixou uma no chão
fora da porta antes de levar a outra para dentro.
— OH, aí está — o pai de Kade se sentou na cama aliviado quando ela entrou.
— Aye, e trouxe o uísque. Seja como for, em realidade não acredito que deva beber isto — disse
Averill enquanto cruzava o quarto. — Vi isto antes e temo que não vá bem.
— Viu o que? — perguntou ele, lambendo os lábios e estirando a mão para a caneca quando ela
se deteve junto à cama, mas Averill a sustentou fora de seu alcance.
— Esta reação à bebida — explicou com calma. — Alguns pode beber todos os dias de suas
vidas sem notar efeito, mas uns poucos desenvolvem uma repugnância por ela no corpo e já não
pode aceitá-la depois de fazê-lo durante muito tempo. A julgar de como doente esteve, temo que é
desse modo com você.
— Não seja ridícula, moça — zombou ele. — Dê-me o uísque.
— Muito bem. Adverti isso — Averill disse, e o entregou. Continuando, deu a volta para cruzar o
quarto, impaciente por levar a comida para o Will e Aidan antes que se esfriasse.

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Mesmo assim, deteve-se na porta e olhou para trás — Esta seguro de que você não gostaria
também de um pouco de guisado?
Laird Stewart nem sequer baixou a taça apertada contra sua boca, mas sim só sacudiu a cabeça
e a taça junto.
Movendo a cabeça com pesar, Averill saiu do quarto e fechou a porta. Então pegou a última
caneca de uísque e se dirigiu ao quarto do lado.
Supôs que encontraria Gawain dormindo, ou ao menos isso era o que esperava. Entretanto,
quando Averill abriu a porta e deslizou no interior, foi encontrá-lo deitado na cama, bem acordado, e
contemplando o teto. Sua expressão indefesa era uma máscara de miséria antes que se desse conta
da presença dela e assinalou com a cabeça em sua direção.
— Quem é você? — perguntou Gawain com uma pequena careta.
Recordando a briga com Brodie, Averill hesitou, mas depois avançou com cautela.
— A esposa de Kade.
— Kade está de volta? — o homem sentou imediatamente, deixando a descoberto seu peito nu,
e Averill se deteve uns dois metros da cama, olhando-o com receio enquanto assentia com a cabeça.
— Sim.
— E você é sua esposa? — perguntou, olhando-a com curiosidade.
— S-sim — respondeu Averill, tímida de repente.
Ele esboçou um sorriso.
— Ele tem sorte, é bonita.
Averill piscou surpreendida pelo elogio, e depois notou que os olhos dele foram à caneca que
sustentava.
— Isto é para mim?
— Sim — ela esticou as costas um pouco, e avançou lentamente. — Seu pai pediu uísque, e
trouxe um pouco para você se por acaso quiser.
— Nay — Gawain fez uma careta de desgosto e voltou a cabeça como se nem sequer pudesse
suportar olhá-lo, mas depois recordou suas maneiras, e acrescentou: — Mesmo assim obrigado.
Averill inclinou a cabeça e o observou com curiosidade. Era um homem atraente, ou seria se não
tivesse um aspecto tão tosco. Como o de seu pai, seu cabelo comprido era uma moita, e tinha barba
de vários dias, mas seu cabelo era um pouco mais escuro que o de Brodie, e tinha os olhos tão bonitos
como os de Kade. Estava bastante segura de que devia ser um homem atraente quando estivesse
limpo.
Tampouco gritava pela bebida como seu pai e irmão pareciam fazer nem bem despertavam.
— Tem certeza que não quer o uísque? — perguntou por fim, pondo-o a prova.
Ele negou com a cabeça gravemente.
— Estou mais que farto dessa coisa.

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Averill assentiu com a cabeça, mas depois de vacilar, pô-la sobre a mesa. Se ele dizia a verdade
sobre isso depois de vomitar durante dois dias, tão melhor. Se não era assim, e isto só era um
pequeno tropeço em seu desejo de uísque, um terceiro dia consecutivo provavelmente selaria o
trato.
— Se por acaso troca de opinião — explicou quando o viu olhando-a.
Gawain fez uma careta outra vez, mas simplesmente perguntou:
— Onde está Kade?
— Foi ferido por duas flechas esta tarde em nossa viagem de volta de Donnachaidh — admitiu
com tristeza. — Está na cama no momento, recuperando-se.
— Ferido por flechas? — perguntou Gawain alarmado, e depois jogou os lençóis a um lado para
ficar de pé. — Se recuperará? Em que quarto está?
Aliviada ao ver que tinha as calças postas, Averill avançou para agarrar seu braço e o estabilizar
quando ficou de pé e se balançou ligeiramente.
— Por que estou tão fraco? — perguntou, soando frustrado.
— Imagino que é por consumir pouco mais que uísque durante vários dias e passar os dois
últimos vomitando até seu primeiro mingau — disse, não sem compaixão.
— Aye — disse Gawain aborrecido consigo mesmo. — Necessito comida, mas não há nada neste
miserável e abandonado lugar.
— O lugar não está abandonado — disse Averill em voz baixa. — E há comida. Hoje a
recolhemos em Donnachaidh. Trago algo se o desejar...
— Aye. Obrigado.
Averill assentiu com a cabeça. Quando ele escapou de seu agarre e cruzou o quarto com as
pernas tremulas para ajoelhar-se diante de um baú e abri-lo, ela se viu olhando com curiosidade.
Não conhecia muito bem a nenhum deles, mas Gawain parecia diferente de seu pai e de Brodie.
Ele também tinha olhos amáveis, e ela se perguntou quanto da bebida que consumiu era porque a
desejava de verdade e quanto era simplesmente por ser incluído por seu irmão e seu pai.
— Por que bebe? — perguntou de repente.
Gawain a olhou com surpresa, depois sorriu com ironia.
— Todos os homens Stewart bebem.
— Kade não — assinalou ela.
— Aye. Ele foi o afortunado — murmurou Gawain distraidamente enquanto revolvia entre a
roupa do baú. — Foi enviado longe quando era um moço... Frequentemente desejei que eu também o
tivesse sido, o desejo brilhou brevemente em seu rosto, e negou com a cabeça. — Mas não fui. Só
Kade.
Averill ficou em silêncio, perguntando se Gawain estava incomodado com o Kade por isso, e se
era assim, estava o suficiente para tentar matá-lo? Duvidava-o. Gawain parecia um bom homem que

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simplesmente perdeu o rumo, e ela não ouviu histórias de crueldade sobre ele.
Por outro lado, Brodie era alguém a quem teria que vigiar, pensou. Havia uma fria indiferença e
crueldade sobre Brodie que a fazia naturalmente cautelosa, e teria sido o caso inclusive sem as
histórias que ouviu falar sobre ele.
— Vamos — Gawain suspirou aliviado uma vez que escolheu uma túnica e a pôs, então se
voltou para a Averill. — Me leva até o Kade?
— Sim — murmurou, e o acompanhou até a porta.
Gawain parecia um pouco mais estável sobre seus pés enquanto caminhava pelo corredor a seu
lado, mas ela notou que ele estendeu uma mão para a parede, como se preparasse para agarrar-se
em caso de cair, e Averill soube que não se sentia tão bem como parecia.
Foi consciente de que Gawain olhou com curiosidade enquanto ela se deteve e se inclinou para
recuperar a bandeja de comida que deixou junto à porta do quarto que ela e Kade compartilhavam,
mas não disse nada e abriu a porta para que ela entrasse uma vez que esteve de novo erguida.
Murmurando um "obrigado", Averill deslizou junto a ele no quarto e abriu o caminho para a
cama enquanto os homens deixavam de falar e prestavam atenção a sua entrada.
Will e Aidan observaram a presença de Gawain a seu lado com os olhos entrecerrados, mas
Kade em realidade franzia o cenho e indiferente de como seu irmão poderia tomar, gritou:
— Disse que se mantivesse afastada de meu pai e irmãos a menos que eu estivesse com você!
— Sim, mas ele quis vir vê-lo — disse simplesmente, enquanto Will ficava de pé para pegar a
bandeja dela. No momento em que ele a teve, ela acompanhou Gawain à cadeira que seu irmão
desocupou, preocupada de que o homem pudesse cair se o deixasse de pé.
Will franziu o cenho por isso, mas simplesmente ficou ao lado da cama com a bandeja, com os
olhos ansiosos movendo-se sobre as oferendas.
— É para você e para Aidan, e trouxe um pouco de hidromel também — anunciou Averill
enquanto rodeava a cadeira em que Gawain se sentava agora para aproximar-se da cama junto à
cabeça de seu marido.
Inclinou-se para depositar um beijo em seu cenho franzido, e disse: — Me alegro de vê-lo
acordado, com cenho franzido ou não. Como se sente?
Kade fez uma careta quando ela pressionou o dorso da mão em sua testa para sentir a febre, e
se queixou:
— Farto de me encontrar na cama é como me sinto.
Averill sorriu ligeiramente e se endireitou. Não havia sinais de febre, e se ele estava o bastante
bem para queixar-se, logo estaria recuperado. Pelo que ela podia ver, as duas flechas se alojaram no
músculo e não tinham acertado órgãos ou os ossos. Teve muita sorte. Seu olhar se deslizou ao prato
vazio e perguntou:
— Comeu suficiente ou te trago mais?

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— Não quero te incomodar — murmurou.


— Não será nenhum problema — assegurou Averill. — Trarei algo para Gawain e será pouco
esforço trazer dois em vez de um.
Isso só o incomodou.
— Não é uma criada. Faça que uma delas o suba.
— Os criados estão muito ocupados — disse com exasperação. — Quer mais ou não?
Quando Kade fez uma careta, mas assentiu, ela sorriu e disse:
— Então voltarei em seguida.
Averill ouviu arcadas procedentes do corredor no momento que saiu. Franziu o cenho e
rapidamente fechou a porta atrás dela e olhou naquela direção. O som provinha dos quartos de
Brodie e seu pai, mas a reação veio muito mais rápido do que esperava. Isto fez que Averill se
perguntasse se, em sua pressa por adulterar o uísque antes que alguém a visse, poderia ter posto em
cada um mais do que previu.
Mordeu o lábio brevemente diante da possibilidade, mas depois encolheu os ombros e se dirigiu
para as escadas. Ou os homens deixavam de beber ou passariam o resto de seus dias colados a seus
urinóis. Era melhor que engendrar bastardos em criadas pouco dispostas, para depois as abandonar.
Não é que ela soubesse se a mãe de Menininho esteve disposta ou não, mas Lily, ao que parece, não
o esteve. Suspirando, Averill desceu as escadas para sua terceira viagem às cozinhas.

Capítulo 14

— Esposa?
Averill piscou diante dessa suave pergunta e se viu olhando perdidamente para a escuridão por
cima da cama. Ela esteve deitada ali, tentando dormir durante algum tempo, mas o achava difícil.
Sua mente estava dando voltas e voltas devido às preocupações. Stewart era um completo caos,
mas ela não dispunha de criados para arrumá-lo. Os três homens que sobreviveram ao caos com seu
marido e Will desapareceram, algo que ela sabia que pesava na mente e a incomodava por igual, e
alguém estava tentando matar seu marido. Por tudo isto, Averill pensava que tinha mais do que sua
justa parte de problemas no momento.
Um sussurro e um suspiro soaram a seu lado, recordando sua outra preocupação. Estava na
cama com seu marido e temia mover-se por medo a empurrá-lo e provocar dor. Averill esperava
passar a noite em outro quarto, mas ele insistiu em que dormisse com ele como devia fazer uma
esposa. Agora estava muito preocupada com mover-se em sonhos para conseguir cair adormecida e
escapar de seus problemas por um momento.

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— Sim? — disse Averill finalmente em um suspiro.


— Só me perguntava se estava adormecida — respondeu Kade.
Averill trocou de posição cuidadosamente na cama para estar de frente a ele, embora não
pudesse vê-lo.
— Não consegue dormir?
— Nay — disse ele em um suspiro.
— Deseja conversar?
— Conversar? — perguntou como se não entendesse a palavra.
Averill suspeitava que não o fazia muito. Ele parecia mais propenso aos grunhidos e a
comentários de uma só palavra que a manter conversas verdadeiras.
Não importava. Seu pai e seu irmão podiam ser quase iguais em certos estados de ânimo.
— Sim — disse. — Foi bem a visita de seu irmão Gawain?
— Aye — respondeu Kade.
Averill esperou que acrescentasse algo mais. Quando não o fez, comentou:
— Parece bastante mais a você que Brodie e a seu pai.
— Aye — reconheceu Kade.
Averill começou a revirar os olhos, mas insistiu:
— Disse que tem intenção de assumir o cargo de seu pai?
— Aye.
A Averill pareceu óbvio que devia deixar de fazer perguntas que pudessem responder-se com só
um aye ou nay. Clareando a voz, perguntou:
— O que disse ele?
Uma pausa seguiu a sua pergunta, e Averill estava se perguntando com um pouco de frustração
por que se preocupou de saber se ela estava acordada se não tinha vontade de falar, quando ele
disse:
— Gawain pensa que pai estará agradado de ser afastado da carga.
Averill estava se felicitando por obter que ele dissesse algo mais que aye, quando ele
acrescentou:
— Igual a Aidan.
— Bem, isso é bom, não? — perguntou ela.
— Aye.
Averill mordeu o lábio e continuou, perguntando:
— Descobriu quem poderia te querer morto, marido?
Ela ouviu uma risada abafada em seu lado da cama, depois ele disse secamente:
— Diz-o como se perguntasse se prefiro beber hidromel ou cidra.
Averill fez uma careta diante disto, quando ele adicionou:

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— Nay. Não descobri. Não descobri um montão de coisas.


Franzindo o cenho por seu tom irritado, ela perguntou :
— Que mais não descobriu, meu senhor marido?
Depois de um compasso de espera, ele explodiu com:
— Onde diabos estão meus homens? Deveríamos tê-los alcançado a caminho para aqui, e
mesmo se os tivéssemos perdido, deveriam ter chegado a Mortagne, deveriam ter se informado de
que nos dirigíamos para aqui, e a estas alturas ter chegado já.
— Estou segura de que aparecerão logo — disse Averill sem convicção, embora sua pergunta a
fez se questionar sobre onde se meteram. Como ele havia dito, realmente deveriam ter chegado a
estas alturas.
Eram três homens a cavalo, capazes de viajar muito mais rapidamente que seu próprio grupo de
soldados e carretas que foi a Stewart desde Mortagne.
— Deveriam aparecer logo — disse Kade sombriamente. — Conto com eles.
— Para que, marido? — perguntou com curiosidade.
Ele guardou silêncio, depois resmungou :
— Não importa. Deveria dormir, esposa. É tarde.
Averill franziu o cenho diante dessa frase. Tinha picado a curiosidade, e realmente preferiria que
dissesse para que contava com os homens, mas duvidava que fosse fazê-lo.
Suspirando, colocou a cabeça de volta na cama e fechou os olhos, embora soube que não
pegaria olho.
— Bom dia, milord — disse Averill alegremente quando entrou no quarto do pai de Kade.
Haviam passado três dias desde que Kade fora derrubado pela flecha, e cada dia ela proporcionava a
seu pai e Brodie seu uísque medicinal, depois esperava a ver se o bebiam... E cada dia o bebiam e
depois passavam o resto do dia com náuseas.
Averill começava a estar preocupada por se prejudicarem eles mesmos com suas náuseas se
não se rendessem logo e deixassem de beber, mas agora que o plano estava em marcha, não via
outra alternativa salvo continuar com ele. A única coisa boa era que Gawain havia deixado a bebida.
Ele ainda se mantinha afastado da cerveja e agora solicitava hidromel ou cidra em suas refeições ou
quando estava sedento.
O homem também se lavou e começou a comer corretamente, melhorando seu aspecto dia a
dia. Ela começava a pensar que se converteria em um bom marido para alguém. Seu marido também
notou a diferença nele, e entre os dois estava se desenvolvendo um laço de afeto. Gawain
frequentemente podia ser encontrado no quarto que ela e Kade compartilhavam, jogando xadrez ou
simplesmente conversando com seu irmão mais velho enquanto se recuperava de sua ferida.
— Trouxe mais uísque, milord — Anunciou, e estendeu a caneca enquanto se aproximava da
cama.

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O laird Stewart deu um olhar à caneca que ela segurava e agarrou seu urinol enquanto
começava a vomitar violentamente.
Averill mordeu o lábio e colocou a caneca na mesa junto à cama.
— Talvez um pouco de comida assente o estômago — disse calmamente. — Certamente o
uísque não parece estar assentando bem.
— Não, nada de comida — gemeu ele, depois acrescentou: — Estou morrendo, moça. Meus
dias estão contados e estou a ponto de me encontrar com o Criador.
— Hmm — disse Averill secamente. — Estou segura de que não está morrendo, milord. Em
realidade acredito que simplesmente seu corpo o está avisando de que já tem suficiente uísque.
— Não, estou morrendo — assegurou Eachann Stewart em um gemido lastimoso.
Averill revirou os olhos.
— Não pode morrer, milord. Quem cuidaria de sua gente?
— Ora — ele agitou uma mão em um gesto enojado. — Estou doente por isso. Todos esses
criados e soldados se queixando todo o tempo a respeito do que necessitam e o que querem. Não vou
passar meus últimos dias sendo arrastado por uns e por outros — negou com a cabeça. — Kade pode
fazê-lo. É o próximo na linha de sucessão e pode assumir o cargo.
— Agrada-me ouvir dizer isso — disse repentinamente Kade. — Ia forçá-lo a abdicar de todas
formas.
Averill voltou-se diante desse anuncio para encontrar a seu marido na porta com o Will, Aidan e
Gawain a suas costas. Estava um pouco pálido e se apoiava contra o marco da porta, mas estava em
pé, levando um tartán como única vestimenta, notou Averill, e se viu olhando com fascinação suas
panturrilhas e seus joelhos nus.
— Fala a sério? — perguntou agora Kade, avançando lentamente dentro do quarto. — Está
disposto a ceder o título?
Averill notou a tensa forma em que mantinha os ombros e soube que suas costas e flanco ainda
incomodava. Ela teria preferido que permanecesse na cama alguns dias mais ao menos, mas agora
que estavam casados, ele era um paciente muito mais problemático e se negou a escutá-la. Essa
manhã a deixou zangada porque ele se levantou e esteve se vestindo.
— Aye. Pode ter o título e o trabalho, e boa sorte para você — disse Eachann Stewart
sombriamente. — Eu já tive o bastante.
Kade o olhou por um momento, depois olhou por cima de seu ombro a Gawain, Will e Aidan.
— Ouviram-no. Ele abdicou. Eu sou o laird agora.
Quando ambos assentiram solenemente, ele se voltou para seu pai para dizer com firmeza:
— Não pode mudar de opinião agora.
— Não o farei — disse seu pai cansadamente, e deixou cair o urinol para recostar-se na cama
com um suspiro. — Agora veem me falar sobre o tempo em que esteve fora antes de que esta

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enfermidade me leve e morra.


Averill sacudiu a cabeça com diversão diante de seu dramatismo e se deslizou por trás dos três
homens que estavam na porta, para escapar antes de que Kade se lembrasse de que ordenou manter-
se longe de seu pai e de seus irmãos, e de que acabava de apanhá-la no quarto de seu pai.
Estava empurrando a porta para fechá-la atrás dela quando viu Morag subindo pelo vestíbulo,
com uma jarra na mão e um olhar tão sombrio como a morte em sua face.
Franzindo o cenho, Averill se moveu para interceptá-la.
— Isso é para Brodie?
— Aye — disse a mulher. — Ele apanhou Menininho vadiando no vestíbulo, deu um cascudo e
disse que obrigasse a essa pequena criada, Lily, para que levasse um pouco de uísque. Disse ao moço
que eu levaria.
Averill suspirou diante destas notícias, sabendo que Menininho estava vadiando no vestíbulo
esperando a que ela aparecesse. Tomou sua tarefa de protegê-la muito seriamente uma vez que
todos os fornecimentos foram colocados no lugar e a cozinha ficou em ordem. Averill se viu obrigada
a levantar-se cedo para fazer suas entregas matutinas de uísque para os dois bebedores Stewart que
ainda restavam, entrando silenciosamente ao romper da alvorada para colocar o uísque em suas
mesinhas de noite. Normalmente ela estava fora e na mesa do grande salão antes que Menininho
chegasse procurando-a.
Esta manhã, entretanto, ela se viu retida por sua discussão com Kade sobre levantar-se, e o
menino tinha pago por isso.
— Eu levarei o uísque — disse Averill em voz baixa.
— Não, minha senhora, ele...
— Eu o levarei — disse com firmeza, não queria que desse ao homem o uísque sem adulterar.
Poderia arruinar qualquer progresso que ela tivesse feito graças a sua alteração das bebidas.
O fato de que o pai de Kade fizesse uma careta de desprezo à bebida esta manhã, dava
esperanças de que Brodie logo deixasse a bebida.
Morag franziu o cenho, mas pouco podia fazer salvo entregar o uísque. Não podia desobedecer
uma ordem direta de sua senhora.
Tentando suavizar a situação, Averill anunciou:
— Pode dizer aos outros que laird Stewart cedeu o título a meu marido. As coisas serão
diferentes por aqui de agora em diante.
— Graças ao bom Deus — murmurou Morag, com um sorriso puxando brevemente por seus
normalmente rígidos lábios. — Aye, irei dizer a Lily e aos outros agora mesmo.
Averill a observou partir, esperando até que a perdeu de vista escada abaixo, depois recuperou
o frasco de tintura da bolsinha que pendurava de sua saia. Optou por levá-la sempre com ela justo por
essa razão.

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Assim jogou o restinho da tintura dentro e fez uma careta. Havia trazido três frascos da
substância ao sair de Mortagne, assumindo que seriam suficientes. Mas se esta bebida não
funcionasse, precisaria fazer mais hoje.
Sacudindo a cabeça ao sentir-se sobrecarregada com semelhante tarefa quando já tinha tanto
que fazer, Averill deslizou o frasco vazio de volta a sua bolsa e foi para a porta do quarto de Brodie.
Encontrou-o sentado a um lado da cama, com a cabeça inclinada pelo sofrimento, mas levantou
a cabeça quando ela atravessou o quarto. Se sentiu culpada por um instante ao vê-lo.
Depois de cinco dias de uísque adulterado, o homem se via ainda pior que seu pai. Tinha
perdido peso e tremia, mas ainda estendia sua mão para o uísque como se fosse comida e ele um
homem morto de fome.
Averill o entregou silenciosamente, assegurando-se de não estar o suficiente perto para que ele
a agarrasse, depois deu a volta para começar a cruzar o quarto, detendo-se bruscamente quando viu
seu marido enchendo a porta em frente a ela.
— Ma-marido — disse ela nervosamente. — Eu... Eu s-sirvo Ir-ir...
— Veem aqui — interrompeu Kade bruscamente.
Averill vacilou, mas depois se apressou para frente. No momento em que ela se deteve em
frente a ele, puxou-a pelo braço e começou a arrastá-la para fora do quarto.
Não se incomodou em fechar a porta atrás deles, mas sim simplesmente a conduziu pelo
corredor para seu próprio quarto e a urgiu a entrar.
Averill mordeu os lábios nervosamente enquanto dava a volta para confrontá-lo. Esperava que
deixasse cair o inferno sobre ela por ir contra sua ordem de manter-se longe de seu irmão e de seu
pai.
Em vez disso, a chocou ladrando:
— O que colocou na bebida?
Os olhos de Averill se ampliaram pelo horror enquanto percebia que ele devia tê-la visto no
corredor.
Lambendo os lábios, gaguejou:
— E-eu hei-hei...
— Não comece a gaguejar para tentar me suavizar — disse firmemente Kade, e ela o olhou
boquiaberta pelo assombro.
— E-eu n-ou eis-hei... — começou ela.
— Esposa — espetou ele.
Ela suspirou, depois soltou ansiosamente:
— Uma tintura p-ara fazer que e-adoecessem e d-deixassem de q-querer beber.
Seus olhos se ampliaram com incredulidade.
— Você é quem os tem feito adoecer, não o uísque?

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— Sim — admitiu envergonhada e esperou que ele explodisse, e o fez, mas não de cólera como
esperava, mas sim de risada.
— É uma moça muito preparada — disse Kade com admiração quando sua risada desapareceu.
Averill o olhou com incerteza.
— Não está zangado?
— Nay. Estou muito agradecido. Gawain não bebeu nada em dias e começa a ser o homem que
se supõe que deve ser. E certamente simplificou as coisas com meu pai.
Está convencido de que está morrendo e entregou o título sem discussões de bêbado —
assinalou ele, depois acrescentou:
— E ainda não tinha bebido nada do uísque que deixou quando me lembrei de que devia te
repreender por ignorar minhas ordens, assim vim te buscar e te vi alterando o uísque de Brodie.
Averill fez uma careta, mas o avisou:
— Suspeito que Gawain parou por si mesmo quando descobriu que estava aqui. Não acredito
que ele bebesse tanto nem pelas mesmas razões que seu pai e irmão.
E a respeito a seu pai e ao Brodie, seu pai pode cair outra vez e beber o uísque que deixei,
Brodie está ainda nas garras do uísque e ainda o pede.
Kade encolheu os ombros.
— Se beberem, bebem. Mas se estiverem doentes todo o tempo, logo irão parar.
— Sim, bem, acabei toda a tintura e não estou segura de se posso encontrar nestas terras a erva
que usei para fazê-lo — admitiu Averill com pesar.
Kade franziu o cenho ante esta notícia.
— Onde cresce?
— Nas zonas úmidas — disse ela.
Ele considerou o problema, depois assentiu.
— Possivelmente exista junto ao rio. Sairemos a dar um passeio esta tarde.
— Não — disse ela imediatamente, endireitando os ombros, preparando-se para uma batalha.
Ele ganhou a discussão a respeito de levantar-se essa manhã, mas Averill estava resolvida a que não
ganhasse esta.
— Não vai sair fora da muralha exterior do castelo. Sairei com o Will e um par de seus homens,
mas não te terei ferido outra vez. Mal começou a se recuperar de seus ferimentos.
Kade desprezou essa preocupação.
— Estarei bem. Levaremos os soldados.
— Você pode levar os soldados — disse ela firmemente. — Mas eu não vou passar outro dia
como aquele, muito obrigado. Pode encontrar a erva por si mesmo se estiver tão decidido a ir.
Ele franziu o cenho.
— Mas eu não sei que erva é.

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— Então fique aqui e me deixe sair com os homens para encontrá-la — ofereceu Averill em
troca.
Olhou-a carrancudo, com a irritação em sua cara, mas havia admiração também.
— Está se convertendo em uma moça matreira, esposa.
— Sim — Averill sorriu, sabendo que ganhara.
Kade sacudiu a cabeça, mas depois disse:
— Muito bem. Ficarei aqui. De todas as formas, tenho muito que organizar agora que sou
oficialmente o laird. Mas se manterá perto de Will e não se afastará de seus guardas.
— Sim, marido — disse imediatamente, dedicando um sorriso doce e obediente.
Os lábios de Kade se contraíram, e sacudiu a cabeça.
— Entre todas as coisas que me disse a respeito de você, Will nenhuma só vez mencionou esta
nervura de inteligência que tem.
— Não sou inteligente — disse ela imediatamente, repetiu o que sua mãe tão frequentemente
advertiu. — A inteligência é pouco atraente em uma mulher.
— Tampouco se supõe que seja o cabelo como o fogo, e mesmo assim eu acho ambos muito
atraentes — assegurou Kade, deslizando um braço pela cintura dela e atraindo-a contra seu peito, só
para sobressaltar-se quando os músculos danificados de suas costas se queixaram.
— Deve tomar cuidado — disse Averill solenemente, elevando uma mão para acariciar sua face.
— Aye — suspirou ele, depois dirigiu um sorriso torcido e disse: — Algum dia te terei em minha
cama outra vez, esposa.
— Estou desejando — sussurrou ela, e se levantou nas pontas dos pés para beijá-lo. Foi só um
toque rápido de lábios. Averill tinha pouca vontade de iniciar algo que atualmente não podiam
terminar.
Soou um golpe na porta quando ela baixou seus calcanhares de volta ao chão, e quando Kade
deixou seu braço escorregar de sua cintura, ela se afastou para abrir e encontrou o Will do outro lado.
Sorriu e depois olhou por cima de seu ombro para o Kade.
— Seu pai pergunta se vai voltar.
— Aye — disse Kade movendo-se por trás de Averill. — Mas primeiro tenho um favor que te
pedir.
— Tudo, meu amigo — assegurou Will.
— Averill precisa sair para pegar uma de suas ervas curativas nas proximidades do rio.
— Acompanharei-a — disse Will imediatamente, e acrescentou: — Já que você tem muito que
fazer aqui.
— Aye. Eu agradeço — resmungou Kade, e sua expressão disse a Averill que não foi enganado
absolutamente pelas palavras. Ela suspeitava que, igualmente, notou o brilho de preocupação no
rosto de Will e a celeridade com que se ofereceu a acompanhá-la, e também concluiu que seu irmão

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estava tão ansioso como ela em evitar que Kade saísse e se transformasse em um alvo.
— Te sugeriria que levasse ao menos uma dúzia de homens com você, no caso. Duas seria
melhor, mas...
— Levarei três dúzias — disse Will com um amplo sorriso, depois acrescentou: — Estarão
agradados de ter algo que fazer.
— Bem — disse Averill alegremente. — Será melhor que vá falar com seu pai, marido. Nós
sairemos imediatamente e retornaremos muito em breve.
— Aye — grunhiu ele, e começou a inclinar-se para beijá-la, mas se deteve e se sobressaltou
como se isso provocasse dor em suas costas.
Rapidamente, Averill ficou na pontas dos pés para roçar outra vez os lábios e sussurrou:
— Não se esforce muito hoje. Dá todas as ordens que queira e deixa o trabalho para os outros, e
se sente cansado, descansa. Não há vergonha nisso; está se recuperando de uma ferida perigosa.
— Aye, aye — resmungou Kade, empurrando-a gentilmente para o Will. — Agora vá, assim
posso começar a arrumar este torreão.
Assentindo, Averill passou junto a seu irmão no corredor e se dirigiu para a escada, com o Will
pisando nos calcanhares.
— Leva uma dúzia de homens com você, Will — gritou Kade, depois acrescentou. — Nay, duas
dúzias mais. E se assegure que não a percam de vista. Pode ser uma moça matreira.
— Sim — respondeu Will, enquanto começavam a descer a escada. E depois soprou. —
Matreira? De onde diabos tirou essa ideia?
— Não sei — disse Averill, oferecendo um doce sorriso.
Will sacudiu a cabeça. Quando alcançaram a base da escada, ele disse:
— Farei os acertos enquanto toma o café da manhã.
— Então você já tomou o café da manhã? — perguntou distraidamente quando notou a cabeça
de Menininho aparecer pela porta da cozinha. No instante em que o descobriu, ele deu a volta para
dizer algo às mulheres nas cozinhas, depois deslizou pela porta para aproximar-se dela. Meu pequeno
cão de guarda, pensou com diversão. Presumia que ele decidiu que era mais seguro vigiá-la dali que
vadiar no salão e arriscar-se ao desagradável temperamento de Brodie.
— Sim. Estou acordado faz horas — comentou Will, recuperando a atenção de sua irmã. — Você
e Kade dormiram até tarde. Sua ferida causou algum incômodo?
— Não. Ao menos não se queixou, mas tivemos problemas para dormir. Eu estava muito
ocupada me preocupando com a possibilidade de me mover enquanto dormia e golpeá-lo, e ele, sem
dúvida, estava ocupado preocupando-se com todo o resto.
— Sim. Tem muito pelo que se preocupar — disse Will seriamente enquanto a acompanhava à
mesa. — Mas que seu pai renuncie a seu título e posição como laird alivia uma dessas preocupações.
— E acrescenta cem mais — disse Averill ironicamente.

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— Mas mesmo essas cem preocupações não pesam tanto como a possibilidade de lutar contra
seu próprio pai pelo direito de dirigir Stewart — assegurou.
Averill assentiu, sabendo que Kade não se sentiu preocupado pela possibilidade de perder uma
batalha com seu pai, mas sim pelo próprio fato de ver-se obrigado a lutar contra ele.
Era difícil pegar nas armas contra seu progenitor mesmo que fosse algo necessário. Por sorte,
nesta ocasião não o seria.
— Bom dia, homenzinho — saudou Will a Menininho, quando o menino se reuniu com eles na
mesa. — Fará companhia a lady Averill enquanto toma seu café da manhã?
— Aye. Disse às mulheres o que ela gosta — informou Menininho dando-se importâncias. — E
Lily preparou algo.
— Bom moço — elogiou Will, depois olhou Averill enquanto ela se sentava — disse: — Não se
apresse. Levará algum tempo fazer os acertos.
Menininho subiu no banco junto a ela quando Will partiu. Sorriu alegremente e desejou o bom
dia, vendo-se feliz e contente apesar da nova contusão em seu olho.
Brodie dera um bom golpe, pensou Averill com tristeza, mas se obrigou a sorrir e disse :
— Esta manhã se vê muito animado, Menininho. O que te faz sorrir desta forma?
— Já o verá — disse ele com confiança, depois explicou. — É uma surpresa.
— Uma surpresa? — perguntou com interesse e lançou um olhar para as cozinhas no instante
em que a porta se abria e Lily saía em turba com Morag, Annie e Bess seguindo-a.
Lily mordeu o lábio e avermelhou com entusiasmo quando se dirigiu para ela, mas as outras três
mulheres estavam claramente radiantes pela antecipação. Inclusive a usualmente séria Morag.
— Algo para que tome o café da manhã, minha senhora — disse Lily com um rubor de
complacência enquanto colocava a bandeja diante dela.
Averill baixou o olhar para a bandeja, notando sua acostumada cidra da manhã e seus olhos se
aumentaram diante da visão das massinhas. Elevou o olhar para a Lily.
— As fez você?
A moça assentiu com a cabeça, vendo-se a ponto de desmoronar-se.
— Prove uma — Exigiu Menininho — São tão gostosas que derretem na boca, tanto que Annie
chorou. Lily teve que nos conter para que não comêssemos todas as suas.
— Ah sim? — perguntou Averill com diversão enquanto agarrava um dos manjares ainda
quentes.
— Aye. E já verá quando os homens descobrirem, as engolirão rapidamente. Assim que o
melhor é que coma isso enquanto ainda restam algumas.
Averill sorriu diante da afirmação, deu uma dentada a delicada massinha e sentiu que seus
olhos se alargavam com assombro. Querido Deus, esta massinha realmente derretia na boca, e o
recheio de fruta foi uma explosão de sabor. Mastigou lentamente, suspirando diante do delicioso

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sabor, depois engoliu e lançou um olhar cheio de adoração para a Lily.


— É uma deusa das massinhas, Lily. Esta é a mais deliciosa que comi em minha vida. É evidente
que herdou a habilidade para cozinhar de sua mãe, porque é magnífica.
Mesmo a tia do Diabo de Donnachaidh não cozinha tão bem e ela é renomada por fazê-lo.
— Verdade? — disse Lily quase gritando as palavras, seu rosto era um leque de sobressalto e
prazer pelo elogio, e, pela primeira vez, Averill percebeu que a moça era muito bonita quando não se
via como a garota pálida, triste e miserável que conheceu desde sua chegada.
— Sim, é — assegurou.
— Agradeço isso, minha senhora — Lily sorriu abertamente com alívio e prazer, e perguntou: —
Então o que pensa, faço mais?
— OH, definitivamente — assegurou Averill. — E temo que Menininho tenha razão. Uma vez
que os homens os provem, em efeito os devorarão.
Radiante, a moça assentiu, fez uma reverência, depois deu a volta para retornar correndo às
cozinhas, pelo visto se sentia impaciente por começar.
— Muitíssimo obrigado por suas palavras, minha senhora — disse Morag, observando a sua
filha com um sorriso de afeto enquanto esta se afastava com pressa. E uma vez que a moça
desapareceu na cozinha, se virou para Averill e acrescentou: — A fez muito feliz com seus elogios.
— Só disse a verdade — assegurou Averill. — As duas são excelentes cozinheiras, Morag, e me
sentiria feliz em deixar as cozinhas em suas mãos, em vez de fazer que Aidan encontre e traga de
volta o cozinheiro anterior, vocês gostariam disso?
— Quer dizer o que acredito? — perguntou com assombro.
— Sim — respondeu Averill muito séria.
Morag começou a sorrir, mas se deteve quando olhou com atenção o grande salão. Os homens
de Will tinham retirado as esteiras de junco no dia anterior, o que ao menos melhorou o cheiro no
salão, mas a sujeira que cobria o chão era ainda mais óbvia.
— Eu gostaria — disse Morag com um pequeno suspiro. — E sei que a Lily também, mas me
parece que necessitam mais de uma criada que uma cozinheira neste momento, minha senhora.
Bess procedeu a sentar-se do outro lado de Averill e sugeriu:
— Talvez deva ir ao povoado e anunciar que seu marido é agora o laird, e que todo o pessoal de
serviço será bem-vindo se retornarem.
Averill elevou as sobrancelhas diante da sugestão e perguntou com surpresa:
— Acha que todos estão no povoado?
— Não, mas Annie diz que o dono do botequim é o centro de toda a informação sobre Stewart
para aqueles que partiram. Seu filho difundirá a mensagem nos arredores.
— Mas as pessoas voltarão? — perguntou Averill preocupada.
— Aye — respondeu Annie imediatamente com uma careta do outro lado de Menininho. — São

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Stewart, e os Stewart preferem estar em Stewart. Todos exceto o cozinheiro — acrescentou ela com
outra careta.
— Era francês e tão presumido como casca grossa. Todos sorrisos e suspiros quando lady
Merewen e sua mãe estavam perto, mas malicioso e mesquinho com o clã no momento que elas se
afastavam.
— Bem, então terei que me desviar ao povoado quando Will me acompanhar — decidiu Averill.
— E aonde nos levará seu irmão? — perguntou Menininho, e ela sorriu diante da expressão
decidida do menino.
— Fiquei sem algumas ervas medicinais, assim que meu irmão está reunindo alguns homens
para me escoltar a procurar mais. Quero dizer, que nos escoltasse em nossa busca — corrigiu ela
rapidamente quando o menino começou a franzir o cenho.
Sua expressão relaxou e assentiu muito sério.
— É bom que mantenha sua medicina bem abastecida pela forma em que o laird segue se
machucando.
— Sim — disse Averill sombria.
— Quantos homens? — perguntou Annie, parecendo pensativa.
— Acredito que disse que levaria três dúzias conosco — admitiu Averill, depois perguntou: —
Por que o pergunta, Annie?
— Bem, minha senhora, três dúzias são muitos homens. Em um instante poderiam cortar e
reunir suficientes juncos e trazê-los com vocês — indicou ela.
— Aye, poderia fazer que os homens os cortassem — disse Morag com secura. — Protestaram
muito ao recolher os sujos, suspeito que não se sentirão contentes ao recolher novos para substituí-
los.
— Além disso, o chão deve ser limpo antes de colocar juncos frescos — indicou Bess.
— As três poderíamos fazê-lo — disse Annie, e quando as outras duas mulheres ofegaram com
horror, ela encolheu os ombros. — Um pouco de trabalho duro nunca fez mal.
Ao menos poderíamos começar, e se sua senhoria fala com o dono da estalagem e suas palavras
se propagam, teremos suficiente ajuda pelo meio-dia.
As outras duas mulheres resmungaram, mas ficaram de acordo.
— E bem? — perguntou Annie. — Lorde Will fiscalizará que os homens reúnam o junco
necessário enquanto estão por ali só olhando?
— Sim — assegurou Averill, mas acreditou que podia fazer algo melhor. Se só levasse três dúzias
de homens, isso deixava a muitos soldados pululando no pátio toda a tarde sem fazer nada. Não faria
mal esfregar as manchas mais difíceis do chão, então as mulheres só teriam que esfregar a pedra
depois deles. Falaria com Will, decidiu, enquanto as mulheres partiam às cozinhas deixando sozinhos
Menininho e ela.

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Dando uma olhada ao moço, Averill notou a forma em que ele observava os bolos diante dela.
Sorrindo, pegou outro, e depois empurrou a bandeja para ele.
— Vamos, se sirva. Necessitará suas forças se for fazer todo o trajeto a pé para cortar e reunir
juncos.
— Eu? — perguntou com surpresa.
— Bem, sim. Não podemos fazer que os homens façam algo que não queremos fazer nós
mesmos, não é? — disse Averill razoavelmente.
Ele considerou isso e perguntou:
— Isso quer dizer que teremos que ajudar a tirar a imundície do grande salão quando
retornarmos?
Averill fez uma careta; isto seria um trabalho enorme, e não tinha dúvidas de que os homens e
as criadas ainda trabalhariam nisso quando retornassem, o qual significava que em efeito teriam que
dar uma mão.
OH bem, uma vez que começa, melhor terminá-lo o mais rápido possível, como sua mãe estava
acostumada a dizer diante das tarefas desagradáveis.
Will foi rápido em reunir os homens que os acompanhariam. Sorriu quando a viu esperar no alto
dos degraus com o Menininho a seu lado enquanto atravessava o pátio, guiando a dois cavalos, um
pônei, assim como a três dúzias de homens montados. Entretanto, esse sorriso desapareceu quando
pediu que os homens ajudassem na limpeza do chão do grande salão.
— Avy — Gemeu.
— Sei — disse Averill com compreensão. — Mas precisa ser feito e estamos terrivelmente faltos
de pessoal neste momento. Se pudessem dar uma mão...
— Sim — a interrompeu, e estirou a mão virtualmente para jogá-la em suas montarias, antes de
dizer com voz grave. — Falarei com meu primeiro.
— Obrigado — murmurou ela, vendo-o ir-se.
Averill olhou a Menininho, que estava parado inseguro junto a sua égua, observando o pônei
que Will havia trazido para ele com uma mistura de veemente desejo e horror. Mordeu o lábio diante
de sua expressão, sabendo que possivelmente nunca tivesse montado a cavalo. Duvidava que tivesse
deixado o torreão para algo que não fosse fazer curtas excursões nos campos de treinamento, e
embora fosse filho de Brodie, legítimo ou não, até que eles chegaram tinha sido tratado como o filho
de uma criada. Não sabia o que seu irmão pensava, que talvez este curto passeio ao rio seria uma
oportunidade de ensinar ao moço a montar ou possivelmente como ele já montava na idade de
Menininho, supunha que este também sabia; mas ela não faria que o menino montasse quando
parecia tão aterrorizado.
— Vamos — disse repentinamente, estendendo uma mão e inclinando-se para ele.
Menininho elevou os olhos bem abertos para ela.

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— Então devo montar com você?


— Sim, já que ordenaram que permanecesse a meu lado — respondeu ela tranquilamente.
— Aye — ele pareceu aliviado, mas deu um olhar para o pônei antes de pegar sua mão.
Menininho era mais pesado do que parecia, e quando ela lutou um pouco para levantá-lo,
vários soldados desmontaram e de repente estavam a seu lado ajudando-a.
— Obrigado — disse Averill com um sorriso, enquanto acomodavam Menininho diante dela na
sela.
— De nada, minha senhora.
— Agrada-me poder ajudar, minha senhora.
— Feliz em auxiliá-la, minha senhora.
Averill piscou enquanto os homens sorriam amplamente, fazendo uma reverência enquanto
recuavam. Estes eram homens com os quais cresceu e que sempre a trataram como a filha de seu
senhor, com uma espécie de respeito indiferente. Certamente nunca a olharam com os olhos
brilhantes e amplos sorrisos que acabavam de outorgar ou correr com tanta impaciência a ajudá-la e
com tal presteza.
Era muito estranho, pensou Averill, depois sacudiu a cabeça levemente com desconcerto diante
de seu comportamento enquanto concentrava sua atenção em assegurar-se que Menininho estivesse
sentado comodamente.
— Está bem? — perguntou, surpreendida por encontrá-lo franzindo o cenho aos homens que os
ajudaram. — O que acontece?
— Não deveriam olhá-la dessa forma — disse ele com voz muito séria. — É a esposa do laird.
— De que forma? — perguntou com surpresa.
— Como se fosse uma moça com quem desejassem copular.
Averill se sentiu tão impressionada com as palavras, que com muita dificuldade pôde respirar,
para logo depois seus lábios deixassem escapar um curto estalo de risada.
— Não — disse ela com incredulidade, depois baixou o olhar carrancudo para o menino e
perguntou: — E quem te ensinou a falar assim?
— Ah, todo mundo diz "copular" — encolheu os ombros, depois admitiu: — Não estou seguro
do que é exatamente copular, exceto que é algo que um homem faz com uma mulher que gosta.
— Sim, bem... — Averill clareou a garganta, e disse: — Não é cavalheiresco usar tal palavra na
presença de uma mulher.
— Ah — ele fechou a cara. — Mas é correto que uma moça a use?
— A que moça escutou usá-la? — perguntou com assombro. Sua mãe a teria castigado com um
banho frio durante horas se a tivesse apanhado usando semelhante linguagem.
— Annie e Morag a usam. Só no outro dia, Annie contava da vez em que estava servindo cerveja
na mesa, e lorde Will e Aidan lançavam gargalhadas e conversavam sobre os desgostos que sofre laird

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cada vez que tenta copular com você: alguém dispara uma flecha ou algo parecido.
Homens! Pensou Averill e fechou os olhos com um suspiro.
— Além disso, os soldados usam "copular" todo o tempo. Eles falam de quão afortunado é o
laird Kade por copular com você — franziu o cenho, e acrescentou: — Suponho que não se inteiraram
que ele não pôde copular com você absolutamente.
— Os homens acreditam que meu marido tem sorte? — perguntou Averill com choque, já que
se tivesse considerado o tema, teria se preocupado de que se compadecessem do homem.
Todos eles sabiam quantos homens a recusaram antes que Kade a tivesse aceito como esposa.
Além disso, nenhum era cego e podiam ver quão simples e pouco atraente era.
— Aye — assentiu Menininho solene. — Desde que dispararam ao laird e o trouxe de volta a
casa. Eles dizem que chegou cavalgando totalmente molhada e quase nua, sentada atrás das costas
de laird como uma rainha conquistadora, e que era a visão mais magnífica que já viram — ele
suspirou. — Lamento não ter visto.
— Me alegro que não o tenha feito — respondeu Averill com um murmúrio, avermelhando
enquanto recordava o dia em questão. Esteve mais preocupada com conseguir que Kade se deitasse
que em seu aspecto.
Não foi até que Bess se apressou a agasalhá-la com uma pele, enquanto ela avançava seguida
pelos homens que carregavam Kade em seu quarto, que percebeu que sua regata estava encharcada,
era transparente e colava ao corpo.
Averill não pensou muito no assunto desde essa vez; em sua experiência os homens nunca a
olhavam como algo que não fosse a pequena e comum irmã de Will, ou como a feia filha de lorde
Mortagne.
Escutar o que Menininho disse a impressionou. Ninguém a considerava atraente. Nem sequer
acreditava que Kade o fizesse, embora agisse como se gostasse muito. Acreditava que ele era amável
porque desenvolveu apreço, já que ela cuidou dele e porque era a irmã de seu amigo. Certamente,
não eram esses os motivos pelo qual se casou com ela... Isto e por seu dote, assumia.
Mas neste momento começou a considerar tudo isto.

Capítulo 15

— Meu Deus! — disse Averill com surpresa, quando os homens começaram a cortar os juncos
com extremado denodo e com amplos sorrisos para ela. — Vê? Não se opõem absolutamente.
Will soprou diante da afirmação.
— Não sorririam nem trabalhariam tão diligentemente se eu tivesse pedido que cumprissem a

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tarefa.
— Estou segura que sim — murmurou Averill, dando a volta para começar a avançar pelo chão
pantanoso em busca da planta que necessitava. Embora Will consentisse em desviar-se ao povoado
para falar brevemente com o hospedeiro e sua esposa, e inclusive esteve de acordo em deixar que os
homens procurassem e cortassem juncos para ela se assim o desejava, recusou pedir ele mesmo e
insistiu em que ela devia ser a única em fazê-lo.
Averill se sentiu um pouco nervosa quando ele os chamou para escutá-la, e gaguejou um par de
vezes, coisa que não fazia normalmente quando falava com os soldados de Mortagne, mas se sentiu
aliviada e agradavelmente surpreendida quando todos aceitaram ajudar. Nem por um momento
acreditou que os homens tivessem recusado o encargo se Will o tivesse pedido em vez de ordenar-lhe
De fato,
Averill suspeitava que todos estiveram tão aborrecidos que teriam feito tudo para terminar com
seu tédio. E se sentia agradecida por isso. Havia mais tarefas em sua lista de coisas que precisavam
ser atendidas em Stewart. Com este ímpeto o torreão estaria em condições em pouco tempo, com ou
sem a volta dos criados.
Quando uma folha familiar captou sua vista, Averill se deteve, dobrou a cintura para inclinar-se
e afastar os ramos de uma planta diferente para ver melhor aquela que desejava. De repente quase
perdeu o equilíbrio quando o soldado que caminhava atrás dela não se deteve o suficientemente
rápido e se chocou com ela, fazendo-a tropeçar para frente. Averill deteve sua queda plantando uma
mão sobre a erva úmida, e depois chocada ficou rígida quando sentiu o agarre do soldado sobre seus
quadris em um intento para evitar que caísse. Quando ele não a libertou imediatamente, voltou a
cabeça para olhá-lo com olhos muito abertos. O soldado abriu de par em par os olhos com alguma
espécie de horror estupefato quando se deu conta de suas posturas, assim soltou seus quadris como
se estes escaldassem e recuou.
— Sinto muito, minha senhora — resmungou ele, mas Averill não pôde deixar de notar que seus
olhos permaneciam fixos em seu traseiro que se elevava atrevidamente no ar.
Completamente desconcertada por tudo isto, Averill se impulsionou com a mão e se endireitou
bruscamente, conseguindo formar um sorriso para o Menininho quando ele aproximou depressa,
fulminando com o olhar o desventurado soldado como se este fosse um pequeno cão de ruas.
— Não acredito que precise segui-la tão de perto, Dougie — disse Will mordaz, reunindo-se com
eles depois de sair dos bosques onde desapareceu para ir regar os arbustos.
— Não, meu senhor — disse o homem rapidamente e recuou vários passos.
Assentindo, Will deu uma olhada a Averill, e perguntou:
— Tudo está bem?
— Sim — moveu afirmativamente a cabeça, deu a volta e ficou de cócoras junto à planta a que
tentou dar uma olhada.

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— É esta? — perguntou Will, agachando-se junto a ela.


— Sim — murmurou Averill, tirando com prontidão sua faca para cortar as folhas da planta e
deixar só o caule.
— É suficiente? — perguntou Will quando ela se endireitou.
Averill sorriu ironicamente e negou com a cabeça.
— Precisasse muitas plantas como esta para fazer um único frasco de tintura.
— E quantos frascos deseja fazer? — perguntou carrancudo.
Averill considerou o assunto e depois decidiu:
— Ao menos dois.
Esperava necessitar só um par de vezes mais antes que Brodie se unisse a seu pai e irmão em
sua decisão de deixar a bebida, mas era melhor assegurar-se agora que lamentar-se depois.
Assentindo, Will pegou a planta e se virou para mostrar aos homens que, atrás deles, reuniam
juncos, de forma que também pudessem avisar se a encontrassem. Havia seis homens vigiando e
protegendo-os de qualquer ataque.
Averill pensou que era uma ação ridícula. Kade era a quem tentavam matar. Entretanto,
supunha que seis era melhor que ter a trinta e seis soldados rastreando cada um de seus passos.
O pensamento fez que deslizasse o olhar nos trinta homens que com esforço cortavam os
juncos. Vários tinham reunido já uma quantidade considerável de caules. Sustentavam-nos sob um
braço enquanto seguiam cortando com a mão direita e tirando toda erva daninha que fosse um
obstáculo, isto fez que franzisse a testa e se desse conta que deveriam ter trazido uma carreta.
— Will?
— Sim? — Ele se virou para ela diante de seu chamado.
— Não temos uma carreta para levar os juncos.
Ele estalou a língua com irritação, depois deu a volta, dirigiu-se para os homens trabalhando e
disse:
— Necessitarei de um homem que me acompanhe a buscar uma carreta.
Averill se virou para esquadrinhar o chão procurando mais da planta que desejava com
particular interesse, depois se endireitou e disse:
— Menininho, segue meu irmão e peça que outros homens também estejam atentos se por
acaso veem a planta. Com tantos a procurando, podemos acabar e retornar ao torreão em pouco
tempo.
O menino assentiu e correu atrás de Will. Averill seguiu andando, mas só avançou um par de
passos mais quando se deu conta que também precisava regar os arbustos. Fazendo uma careta,
aguentou-se, preferia esperar até que voltassem para o castelo e ao reservado, mas se deu conta que
não seria capaz de esperar até que Will e Menininho retornassem.
Suspirando, endireitou-se e fez gestos a seu irmão quando ele se deteve para falar com os

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homens que a custodiavam.


— O que acontece? — perguntou Will, aproximando-se.
Averill vacilou, depois avermelhou e ficou nas pontas dos pés para explicar a situação.
— Ah — disse ele com uma cabeçada, depois percorreu com o olhar os arredores e fez gestos
aos homens antes de pegá-la pelo braço para levá-la aos bosques. Imediatamente Menininho
começou a segui-los, mas Will deu uma olhada sobre seu ombro e negou com a cabeça. — Esta vez
não pode montar guarda, meu pequeno amigo. Ela precisa esvaziar o dragão.
Menininho aumentou os olhos com incredulidade.
— Ela tem um dragão?
Will soltou uma gargalhada e se distendeu do assunto com um simples movimento de mãos.
— Em seguida volto e explicarei então.
Quando Menininho reduziu a marcha, mas não se deteve, Averill o olhou sobre seu ombro para
lhe dar um sorriso tranquilizador.
— São coisas de damas.
— OH — ele franziu o cenho, mas não se deteve, e disse: — Então por que ele vai?
Averill revirou os olhos e com um suspiro disse:
— Bem. Você pode acompanhar Will.
Seu olhar saltou até os homens que agora também se aproximavam, e ela espetou:
— Mas não vocês.
Eles pararam imediatamente, mas olharam um ao outro como se perguntassem se deviam
desobedecê-la.
— Tenho dois guardas comigo e são suficientes para esta excursão. Por que não procuram mais
ervas para mim?
Os soldados fecharam a cara, mas assentiram e começaram a inspecionar a terra. Mas Averill
não pôde deixar de notar que eles pareciam avançar em sua direção, Will e Menininho encabeçaram a
marcha enquanto eles procuravam.
Sacudindo a cabeça, resmungou.
— Quando retornarmos, agradecerei por tudo isto a Kade.
Will riu entre dentes, mas simplesmente a conduziu entre as árvores e ao longo de um pequeno
desvio do caminho. Então fez uma pausa e perguntou:
— O que te parece este lugar?
Averill estudou o lugar e depois assentiu.
— Perfeito.
— Me siga, Menininho — disse Will, libertando a Averill para dar a volta e em troca agarrar ao
menino pelo braço. — Nos afastemos, assim Avy pode regar os arbustos em paz.
— Regar os arbustos? — perguntou Menininho, depois estalou a língua com desgosto. — Bem,

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por que não o disse claramente?


— As damas não falam de tais assuntos em público — disse Will ironicamente.
— Espere! — de repente Menininho afundou os calcanhares no chão, forçando-o a deter — Se.
— Supõe que não devo deixá-la fora de minha vista. O laird assim o disse.
— Sim, bem, não pode ficar aqui e olhar, não é? — disse Will com secura, agarrando-o pelo
pescoço e arrastando-o.
— Nay — concordou, agarrando-se ao tronco de uma árvore para voltar a deter seu avanço. —
Mas como saberemos se necessitar ajuda?
Menininho era um companheiro tenaz, pensou Averill com irritação, desejava que Will o levasse
e o tirasse da pequena clareira de tal forma que ela pudesse atender o assunto em questão. Estava a
ponto de explodir.
— Ela cantará, não é assim, Avy? — perguntou Will.
— Não, não o farei — asseverou ela com firmeza. Averill não podia seguir uma melodia nem
sequer para salvar sua alma... Ou para conseguir que partissem. — Mas falarei se ambos partem, por
favor.
— Pronto — Will baixou o olhar para o Menininho. — Nos falará, assim saberemos que está
bem.
Para sua angústia, Menininho tomou um momento para considerar a ideia antes de assentir
solenemente e soltar a árvore.
— Bem, então tudo está bem.
— Graças a Deus — resmungou Averill, esperando com muita dificuldade para entrar entre
alguns altos arbustos e se ocultar de olhares inoportunos antes de erguer as saias. Francamente, às
vezes era um aporrinho ser uma mulher. Se fosse um homem, só teria que dar as costas e tirar o
passarinho. Mas não. Era uma mulher que devia levantar as saias, a regata, ficar de cócoras sem
perder o equilíbrio e...
— Não está falando — disse Menininho com angustia do outro lado dos arbustos. De repente
esses arbustos começaram a mover-se como se ele estivesse entrando neles.
— Falarei — gritou Averill com alarme, e pensou que realmente o fez, só que não em voz alta.
Suspirando, expôs o pensamento que mais a preocupava. — O que fará Kade se seus homens
ausentes não aparecerem logo?
Averill sabia que estava preocupado por eles. A preocupação pendurava nele como uma velha
capa, e agora que seu pai havia abdicado, poderia concentrar sua atenção em outras preocupações.
Pelo que sabia, Domnall, Ian e Angus estavam no alto da lista.
— Se não estiverem aqui antes do anoitecer, enviará um grupo de homens montados para
buscá-los nem bem amanheça — respondeu Will.
— O que? — grasnou Averill.

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— Disse... — começou a dizer, mas ela o interrompeu.


— Escutei — resmungou incomodada e se perguntou por que seu marido não o mencionou. Por
que os homens não tinham nenhuma dificuldade em conversar entre eles, mas parecia que era
impossível falar das mesmas coisas com suas mulheres? Também sua mãe parecia ser sempre a
última em saber das coisas em Mortagne.
— Outra vez deixou de falar.
— OH, Por Deus Santo! — bramou Averill com irritação. Realmente, todo este alvoroço e
incômodo inibiam a seu corpo, o qual parecia não querer entrar em ação. Estalando a língua com
exasperação, disse:
— Acaso não posso ter uns momentos de paz para...
— Regar os arbustos? — Sugeriu Will, que pareceu assumir que ela não continuava porque usar
a palavra exata ofendia sua sensibilidade.
Mas Averill se interrompeu porque um estalido a seu lado captou sua atenção. Isto soava um
pouco longe, mas era muito forte para ser um coelho ou outra criatura dos bosques que saltava entre
as moitas.
— O que quis dizer quando disse que devia esvaziar o dragão? Ela realmente não tem um
dragão, não é? — perguntou Menininho sem prévio aviso.
— Não, é obvio que não — respondeu Will. — É só outra forma de dizer que desejava regar os
arbustos.
— OH! — Exclamou Menininho, e depois voltou a assinalar. — Outra vez deixou de falar.
— Avy? — chamou Will.
— Sim? — respondeu distraidamente, seus olhos exploravam os bosques nervosamente.
Acreditava ter ouvido um grunhido e estava segura que os estalidos se faziam mais próximos.
Decidindo que esperaria até que retornassem ao torreão, deixou cair suas saias e a regata e
começou a ficar de pé. — Will, acredito que alguém está...
Suas palavras terminaram com um grito quando um homem vestido com tartán saiu aos
tropeções dos bosques a seu lado. Ele girou a cabeça até encontrá-la, levantou uma mão para ela e
depois caiu a seus pés justo quando Will e Menininho entravam correndo na clareira.
O homem e o menino fizeram uma pausa para olhar com os olhos muito abertos o homem que
jazia inconsciente no chão. Menininho foi o primeiro em falar.
— O que lhes fez? — perguntou ele, a pergunta atraiu o olhar assustado de Averill.
— Nada — disse ela, quando Will se ajoelhou junto ao homem e o voltou.
— O que acontece? — perguntou Averill quando ele amaldiçoou. — Sabe quem é...? — deixou
de falar repentinamente quando conseguiu dar uma boa olhada a seu rosto. — Domnall?
— Sim — resmungou Will, afastando seu tartán e levantando a camisa manchada de sangue que
ele usava sob este para revelar a ferida em seu lado.

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— Me deixe ver — disse Averill imediatamente, empurrando-o fora de seu caminho de modo
que pudesse examinar a ferida.
Não levantou o olhar quando os soldados de Mortagne entraram aos tropeções na pequena
clareira em resposta a seu grito. Eles os rodearam, desembainharam suas espadas e permaneceram
em guarda, mas afastaram a um lado as espadas e começaram a murmurar entre si quando
perceberam a situação. Domnall, Ian e Angus viveram em Mortagne duas semanas antes de que Kade
despertasse de seu prolongado sono.
Os escoceses eram conhecidos pela maioria, se não por todos os soldados ingleses, e Averill
escutou que o nome de Domnall era murmurado repetidamente enquanto examinava a ferida, depois
estudou as manchas de sangue mais antigas e recentes em suas roupas.
— Esta ferida tem vários dias e tornou a abrir — anunciou muito séria. — Precisamos levá-lo ao
castelo.
Will assentiu e se moveu frente a ela para levantar o homem como se fosse um menino. Averill
observou preocupada, seguindo-o quando o tirou dos bosques e o levou aonde deixaram seus
cavalos.
Entregou Domnall a um de seus soldados para que o sustentasse enquanto montava, depois o
acomodou em seu cavalo. Enquanto esperava que Averill e Menininho subissem a sua égua, lançou
um olhar aos homens que agora estavam montando.
— Dougie, diga aos homens que deixem de reunir os juncos e procurem nos bosques Ian e
Angus ou algo fora do comum, que se aproximem e os ajudem.
Prontamente o homem assentiu e subiu ao lombo de seu cavalo para se afastar para os outros
homens montarem, Will girou sua montaria e se dirigiu a casa.
Em seguida Averill açulou sua égua e envolveu Menininho com o braço quando ele quase saiu
despedido da sela. Foi uma reação automática, quase inconsciente.
A mente de Averill estava concentrada em Domnall e em tudo o que teria que fazer por ele
quando conseguissem chegar a casa... Assim como perguntar onde estavam Ian e Angus.
— Os homens juraram lealdade — informou Gawain enquanto seguia Kade ao descer a escada.
— Aye — resmungou, mas então fez uma pausa repentina e simplesmente contemplou a
atividade no grande salão. — Que demônios...
— Parece que sua senhora esposa tem feito que os soldados ingleses voltem a fazer tarefas de
mulher — comentou Aidan com diversão, quando Kade observou à massa de corpos na sala.
Nem todos eram soldados de Mortagne. Também havia mulheres camponesas e inclusive
alguns homens com trajes tradicionais camponeses trabalhando entre eles.
— Outra vez? — perguntou a Gawain, levantando uma sobrancelha.
— Aye, no outro dia fez que tirassem os juncos podres — explicou ele, depois acrescentou com
aprovação: — Noto que não designa essas tarefas a nossos homens. Sua esposa é uma mulher

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sensata.
Sabe para que é bom um inglês, mas não comete o engano de pensar que um guerreiro escocês
sofre da mesma espécie de debilidade.
Kade sorriu com o comentário, mas logo se conteve e disse:
— Will é um amigo para mim, e um guerreiro malditamente bom. Seus soldados são homens
capazes. Não permitirei que o escutem insultando-os desta forma, não quando viajaram até aqui para
me respaldar.
— Aye, meu laird, têm razão — disse Aidan solenemente, depois com um suspiro adicionou: —
Embora será malditamente difícil não zombar por isso.
— Aye — disse Kade, permitindo que escapasse um sorriso enquanto continuava descendo as
escadas. Após falar com seu pai depois que Averill e Will se foram, Gawain, Aidan e ele decidiram
beber nas mesas de cavalete e discutir o que faria primeiro agora que era o laird; mas a ideia já não
era atraente, pelo ruído e agitação no salão, assim em troca se dirigiu para as portas.
— Vamos à estalagem por um gole, em vez de interromper aos trabalhadores.
Aidan e Gawain murmuraram seu acordo, e acabavam de alcançar as portas quando estas se
abriram bruscamente, e um guerreiro escocês entrou correndo. Não obstante, deteve-se de supetão
quando viu o Kade, e anunciou:
— Enviaram-me para dizer que lady Averill, seu irmão e cinco de seus soldados sobem a colina
como almas que fogem do diabo. Algo está errado. E parece que lorde Mortagne leva com ele a um
homem ferido em sua montaria.
Kade já estava se movendo depois da parte de que só cinco soldados os acompanhavam e sua
cavalgada a toda velocidade. Tinha-os observado partir da janela do quarto de seu pai, sabia que
trinta e seis homens partiram.
Que demônios aconteceu com os outros?
O grupo entrava no pátio de armas quando Kade descia apressado os degraus. Desejava correr a
seu encontro, mas sabia que se tinham a um ferido com eles, passariam na frente dele, impaciente
por levá-lo ao torreão e atendê-lo.
Assim esperou ao pé dos degraus, esforçando os olhos em um intento por descobrir se Averill
estava bem. Para seu alívio, ela parecia sã e incólume. Tinha a Menininho diante dela em sua
montaria, embora suas faces estavam ruborizadas não parecia sentir dor. Dirigiu seu olhar a Will, seus
olhos automaticamente pousaram no corpo sobre seu colo. Quando distinguiu o tartán que usava o
homem, franziu o cenho, perguntando-se quem poderia ser.
Curioso como se sentia, dirigiu-se para acalmar a égua de Averill quando ela e Will se detiveram
no pé dos degraus. Elevou as mãos para descer Menininho da sela, pô-lo no chão, logo se virou para
trás bem a tempo para ver Averill balançar a perna e deslizar-se de sua montaria.
Rapidamente, Kade a beijou na testa para assegurar-se que estava bem, depois se virou para

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Will para ver que Aidan e Gawain já haviam intervindo e subiam as escadas carregando o homem
ferido entre eles.
— Quem...? — começou a dizer.
— É Domnall — interrompeu Averill em voz baixa e apertou a mão em uma breve e silenciosa
amostra de compaixão antes de passar na frente dele para correr atrás dos homens.
— Domnall? — repetiu Kade com assombro, seguindo-a com o olhar.
— Sim — Will saltou a terra junto a ele. — Tem uma ferida de espada no flanco. Tem alguns
dias, mas tornou a abrir. Há sangue antigo e novo em sua túnica.
Amaldiçoando, Kade começou a avançar. Will estava a seu lado, subiram dispostos os degraus
justo quando Averill se deslizava através das portas e desaparecia.
— Disse o que aconteceu?
— Não. Não foi capaz de nos dizer qualquer coisa. Acredito que só tropeçou e caiu aos pés de
Avy.
— Acha? Onde estava você? — exigiu Kade. — Se supõe que devia vigiá-la.
— Estava do outro lado de um arbusto, esperando a que ela terminasse de aliviar-se. Confio em
que não esperasse que seguraria sua mão enquanto o fazia? — perguntou mordaz.
— Fizemos que nos falasse, assim sabíamos que se encontrava bem, meu laird — disse
Menininho rapidamente, revelando sua presença enquanto os perseguia pelas escadas. — Estava
falando, então gritou, rodeamos o arbusto, encontramos Domnall atirado ali e a lady Averill chocada.
Kade assentiu diante da explicação do menino quando alcançaram a porta, abriram-na com um
empurrão, e se apressaram a seguir a procissão através do salão e as escadas ao segundo andar.
Alcançaram-nos quando eles chegavam a um amplo e vazio quarto no alto da escada,
observaram em silêncio enquanto os homens deitavam Domnall e Averill começou a rondar ocupada,
ordenando que trouxessem água e linhos para usar como ataduras, e sua bolsa de ervas medicinais.
Aidan e Gawain automaticamente responderam a seus requerimentos, Aidan saiu ao corredor para
bramar por água e linhos. Gawain perguntou onde estavam seus remédios, depois se equilibrou para
o baú para encontrá-los. Kade deixou que eles cumprissem as ordens, moveu-se até o lado da cama e
estudou Domnall.
— Quão mal está? — perguntou, olhando atentamente ao homem pálido na cama.
— Muito — disse Averill com cuidado, aplicando pressão sobre a ferida.
— Viverá?
Averill mordeu o lábio enquanto trabalhava, depois suspirou e sacudiu a cabeça.
— Não sei, marido. Farei o que possa... E depois deveremos rezar para que não dê febre e não
tenha perdido muito sangue.
Sendo consciente que ela não podia fazer nada mais que isto, Kade assentiu e guardou silêncio
enquanto Gawain se apressava a trazer sua bolsa de remédios. Uns momentos depois, Aidan fazia

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passar
Bess e Lily com a água e linhos. Ambas as mulheres lançaram um olhar ao homem na cama e
começaram a afugentar os homens.
Kade poderia ter recusado a medida, mas não o fez. As mulheres fariam o que pudessem, e a
presença masculina só as distrairia, assim simplesmente se dirigiu para a porta, dizendo:
— Enviem alguém por mim se acorda.
Will, Aidan e Gawain já estavam no corredor esperando-o quando saiu do quarto. Suas
expressões eram severas.
— Isto não está nada bem, meu laird — disse Aidan em tom grave.
Kade lançou um olhar a Will.
— Explorou a área?
— O ordenei a meus homens quando partimos. Se Angus e Ian estão aí, eles os encontrarão.
Kade moveu afirmativamente a cabeça, mas fechou as mãos a seus lados. Desejava sair e dar
uma olhada por si mesmo.
— Nem sequer o pense — disse Gawain muito sério, aparentemente adivinhando o que ele
estava pensando. — Ainda não se recuperou da última vez que saiu do pátio de armas. Deixa esta
tarefa aos homens de lorde Mortagne.
Se Angus e Ian estão ali, eles os encontrarão.
— Sim — concordou Will. — Além disso, não desejo correr atrás de Averill quando se inteirar
que partiu e saia em sua perseguição.
Kade sorriu ligeiramente diante da afirmação, mas a contra gosto assentiu.
— Esperarei que terminem de explorar os bosques, mas se não os encontram, não esperarei até
o amanhecer, como planejei para enviar o grupo de busca a comprovar o caminho a Inglaterra.
Partirão esta noite.
Todos os homens assentiram e se voltaram para dirigir-se ao primeiro andar.
O som de uma porta abrindo-se tirou Averill do ligeiro sono que estava desfrutando na cadeira
junto à cama de Domnall. Esfregando os olhos, sentou-se direita e lançou um olhar à porta mais
próxima a cama, só para franzir o cenho quando comprovou que ainda estava fechada.
Um movimento fora do alcance da extremidade de seu olho atraiu seu olhar para a segunda
porta que dava ao corredor enquanto Kade a fechava. A porta estava no extremo oposto do quarto, a
Averill informaram que a antecâmara em um princípio eram dois quartos muito pequenos, mas que a
divisória foi prejudicada alguns anos atrás por Gawain e Brodie, que estiveram bêbados e imersos em
uma briga. Em vez de reparar a parede, Merry ordenou que o resto da parede fosse derrubada para
convertê-lo em um grande quarto de convidados. Assim agora era o único quarto na casa com duas
entradas. Algo que foi muito prático esse dia. Enquanto os homens obstruíam uma porta ao fazer
entrar muito lentamente um Domnall inconsciente na antecâmara,

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Averill simplesmente se deslocou pela segunda porta e entrou depressa para encarregar-se de
preparar a cama para o homem ferido.
— Esposa — Kade se deteve a seu lado, inclinou-se para beijá-la na testa e depois se endireitou
para observar o homem pálido na cama. — Não se moveu?
Averill negou com a cabeça, e disse:
— Escutei animação no corredor recentemente. O que...?
— Brodie — respondeu Kade seriamente. — Tentava conseguir mais uísque, assegurando que
agora poderia retê-lo. O tolo — acrescentou incomodado.
Averill franziu o cenho enquanto recordava que não preparou nenhuma tintura para o uísque.
— O que disse?
— Disse que acabamos com tudo, que Aidan levaria uma bandeja de comida e assinalei a este
que o informasse que eu procuraria conseguir mais uísque para ele pela manhã.
— Comeu? — perguntou com curiosidade.
— Aye. A bandeja estava vazia quando Aidan foi buscá-la. Informou-me que também parecia
muito melhor. Levantou-se, vestiu-se e caminhou sem necessidade de agarrar-se às coisas. Mas não
desceu ao grande salão
— Acrescentou Kade. — Os homens trouxeram um molho de planta que dizem ter procurado
para você. Pode preparar essa tua tintura para a manhã? Não darei a bebida sem alterá-la.
— Sim. Irei prepará-la — assegurou Averill.
A voz de Kade era séria quando disse:
— Se esta tintura sua não fizer que deixe de beber, verei-me obrigado a desterrá-lo. Não
permitirei que abuse dos criados e soldados, não possui nenhum controle de si mesmo quando bebe.
Averill assentiu em silêncio, e depois simplesmente perguntou:
— Como está seu pai?
— Não tem tocado uma gota em todo o dia... Mas é só um dia, esposa — advertiu Kade. —
Poderá voltar a pedir um gole amanhã.
— Sim — ela suspirou e se perguntou o que tinha a bebida que exercia tal domínio sobre seus
parentes políticos.
Eram suas vidas tão asquerosas que preferiam beber até a inconsciência que enfrentar a elas? A
vida era difícil, mas ao pertencer à nobreza, as suas eram melhores que as da maioria, e muitos
trocariam de lugar com eles sem pensar, sobre tudo homens e mulheres que literalmente
trabalhavam até fazer-se sangrar as mãos por pouca ou nenhuma recompensa. O engraçado era que
aquelas pessoas eram provavelmente muito mais felizes que Brodie e o pai de Kade, com todos seus
privilégios. Isto não fazia sentido para ela.
A repentina rigidez de Kade junto a ela tirou Averill de seus pensamentos. Observou-o com
curiosidade, depois seguiu seu olhar até o Domnall, que tinha os olhos abertos e estudava confuso o

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quarto.
Imediatamente, Averill ficou de pé para agarrar a taça de hidromel da mesinha de noite. O
enviou fazia umas horas, e sem dúvida estaria quente a estas alturas, mas duvidava que isto
importasse a Domnall.
Quando deu a volta para a cama com o hidromel, Kade avançou para a cama para ajudá-la a
alimentá-lo, passando um braço sob ele para mantê-lo direito.
Averill murmurou obrigado e pressionou a taça contra os lábios de Domnall, e disse:
— Bebe.
O homem pareceu a ponto de protestar, mas depois simplesmente abriu a boca para engoli um
pouco do líquido.
— Obrigado, minha senhora — sussurrou o escocês depois do quarto gole.
Averill se endireitou e voltou a colocar a taça na mesa, depois pousou a mão em sua testa. Não
havia sinal de febre. Ergueu-se e assentiu com a cabeça diante de seu marido.
— Pode falar? — perguntou Kade com prontidão ao homem.
— Aye — respondeu Domnall com um suspiro.
— Onde estão Ian e Angus?
— Mortos — foi a grave resposta.
Averill lançou um olhar cheio de preocupação a seu marido, notando que parecia ter levado um
murro no estômago. O sangue havia abandonado seu rosto, e caiu sentado a um lado da cama.
A consternação e a perda flutuaram através de seu rosto, mas logo controlou sua expressão, e
em tom severo perguntou:
— Como?
— Foi ao deixar as terras de seu tio. Detivemo-nos para recolher seu cofre como nos pediu... —
Domnall fez uma pausa para franzir o cenho, depois disse: — Alguém deve ter se informado que o
faríamos.
Fomos atacados essa noite quando levantávamos o acampamento. Despertei com uma espada
em meu ventre e um homem sobre mim.
— Reconheceu? — perguntou Kade muito sério e Averill não invejou o homem se Domnall
soubesse quem era. Seu marido mantinha uma expressão fria e mortal, e não tinha dúvida que
obteria sua justa vingança.
Quase se sentiu aliviada quando Domnall disse:
— Nay. Mas era escocês. Ao menos, usava um tartán — fez uma pausa para lamber os lábios, e
acrescentou: — Escutei ao Ian e Angus gritar, depois desmaiei. Não estou seguro quanto mais tarde
era quando despertei.
Era de dia, mas bem poderia ser o dia seguinte ou no seguinte. Tudo o que sei é que o cofre já
não estava, Ian e Angus estavam mortos e estive seguro que logo eu estaria.

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Mesmo assim, levantei-me como pude, sepultei-os e cavalguei para aqui.


— Eles deixaram os cavalos? — perguntou Kade com surpresa.
— Acredito que levaram os outros dois, mas a besta de Ian estava ali. — Domnall fez uma
careta. — O arisco animal provavelmente derrubou da sela a quem quer que tentou montá-lo e
retornou com seu amo tal como Ian ensinou.
Estava ali pastando quando despertei. Consegui montá-lo e dirigi-lo para aqui, mas meu flanco
esquerdo dava problemas, e não podia viajar com algo melhor do que um passo lento — suspirou.
— De todos os modos, era melhor do que eu tentasse fazê-lo a pé, mas me derrubou esta
manhã quando chegamos às terras de Stewart. Isto fez que minha ferida voltasse a abrir-se...
Acreditei estar preparado para morrer quando escutei vozes. Quando reconheci que as vozes
eram inglesas, temi em um início ter me perdido, ter tomado o caminho incorreto e estar de retorno
na Inglaterra, mas então reconheci a voz de lady Averill e... — encolheu os ombros, e não se deu ao
incômodo de terminar o resto da frase.
Kade suspirou e se recostou ligeiramente na cama.
Averill vacilou, desejando consolá-lo, mas não havia consolo para seu sofrimento. Sabia que
Kade esteve muito apegado a seu primo Ian. Tanto como Will. Seu irmão contou que os três homens
compartilharam uma cela enquanto eram prisioneiros. Pensar em seu irmão a fez suspirar. Ele
quereria escutar estas notícias.
— Vai procurar Will e Aidan? — perguntou em voz baixa.
Quando Kade assentiu com a cabeça, ela deu uma olhada a Domnall.
— Tem fome? Pode reter a comida?
— Aye — disse com um suspiro. — Não comi mais que bagos e o que fosse que pude encontrar
durante dias.
— Então te trarei um pouco de comida — disse baixinho, e deu a volta para deixar o quarto.
Aidan e Will falavam baixo diante das mesas de cavalete quando ela chegou ao grande salão.
Averill disse que Domnall estava acordado, e se sentiu agradecida quando não fizeram nenhuma
pergunta em sua pressa por subir as escadas e vê-lo por eles mesmos. Podia ser covarde, mas não
desejava repartir as notícias que tinha sobre o Ian e Angus, e preferia que o dissessem Kade ou
Domnall.
Em seu choque, Averill quase chegou à cozinha antes de notar os juncos limpos e frescos
debaixo de seus pés. Detendo-se, deu a volta para contemplar o grande salão, percebendo que estes
cobriam todo o chão. Parecia que embora os homens deixaram de reuni-los uma vez que Domnall
apareceu, recolheram o suficiente para fazer o trabalho. Supôs que não devia surpreender-se.
Trinta homens trabalharam na tarefa e com muito ímpeto.
O salão estava muito melhor, embora as paredes necessitavam um bom branqueamento,
notou, dando uma olhada sobre estas. E se necessitavam móveis, as tapeçarias requeriam limpeza e...

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Averill interrompeu o discorrer de seus pensamentos. O mau cheiro se foi e o chão estava
limpo. O resto podia esperar outro dia.
Dando a volta, continuou avançando para as cozinhas, abriu com um empurrão a porta, só para
deter-se diante da vista de um grupo de homens e mulheres reunidos conversando estrepitosamente.
— OH, minha senhora! — Morag correu para ela no instante em que a descobriu na porta. — Há
algo que necessite? Você gostaria de jantar? Faz muito que passou a hora. Todos os outros já
jantaram, perguntei ao laird se devia levar uma bandeja. Disse-me que não me incomodasse em subir
as escadas, que faria que você descesse para comer e que ele mesmo faria companhia a Domnall
durante um momento, mas quando não desceu, acreditei que possivelmente adormeceu e seu
marido não teve coragem para despertá-la.
Averill piscou diante do vendaval de palavras e dirigiu-lhe um sorriso.
— Sim. Não. Vim para... — sacudiu a cabeça e voltou a tentá-lo. — Quem são todas estas
pessoas?
— São os primeiros criados a retornar — disse Morag com um sorriso enquanto observava à
multidão tagarelando. Bess estava entre eles, mas ninguém, nem ela, notou a chegada de Averill.
— OH — Averill deu uma olhada sobre a multidão com curiosidade e depois perguntou: — Por
que estão todos aqui?
— OH, pois estão perguntando sobre você e o laird, e nós estivemos tranquilizando-os dizendo
que todos eles estarão bem e que deveriam ficar.
— E pelo que vejo, subornando-os com as massinhas de Lily — disse divertida, enquanto Lily
colocava uma bandeja dos deliciosos manjares sobre um suporte e as pessoas começavam a lutar
para conseguir um.
— Guardamos alguns para você e para o Domnall — assegurou Morag, depois acrescentou com
um suspiro: — Se acordar para comê-los.
— OH — recordando a razão para estar ali, asseverou. — Está acordado. Vim buscar um pouco
de comida para ele.
— Ah! — Morag sorriu radiante. — Acordado e faminto. É um bom sinal.
— Sim — concordou. Era um sinal muito bom. O homem estaria de pé em muito pouco tempo.
— Prepararei uma bandeja, depois farei outra e a porei na mesa para quando você retorne —
disse ela, ocupada e reunindo carne, queijo e pão para Domnall. Mas se deteve um momento para
olhá-la e perguntou.
— Ou não será melhor que leve a seu quarto? Não será nenhum problema levá-la se você
estiver cansada por atender ao Domnall.
Quando Averill vacilou, tentada pela oferta, ela assentiu e voltou a trabalhar dizendo:
— Levarei isso.
— Obrigado, Morag — disse com verdadeira gratidão. — Aprecio o incômodo.

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— E eu digo que não é um incômodo — assegurou Morag, depois terminou sua tarefa e
apresentou a bandeja de Domnall. — Subirei a sua em um momento.
— Obrigado — repetiu Averill e se dirigiu para a porta, voltando a agradecer quando apareceu a
seu lado e a abriu por ela.
Depois do bulício da cozinha, o grande salão parecia tristemente silencioso, e Averill o percorreu
com o olhar perguntando-se porquê não conversavam aqui fora, mas de repente seu olhar caiu nos
dois únicos bancos diante das mesas de cavalete que permaneciam intactos e percebeu que ali não
havia nada onde pudessem sentar-se. Além disso, embora alguns haviam retornado, provavelmente
se sentiam resistentes diante da possibilidade de que Brodie e seu pai bebessem, descessem e
armassem confusão. Suspeitava que passaria um tempo antes que qualquer um deles se sentissem
cômodos para relaxar outra vez no grande salão.
Talvez uma vez que Brodie melhorasse ou fosse banido, pensou Averill enquanto subia a escada.
Os homens falavam baixo, mas guardaram silêncio quando ela entrou. Suspeitava que
esperariam até que se fosse antes de seguir sua conversa, assim simplesmente colocou a bandeja
sobre a mesinha junto a Domnall e deixou o quarto em silêncio.
De repente, elevou o olhar para os quartos no extremo oposto do corredor e escutou durante
um momento, tranquilizando-se quando tudo o que ouviu foi o silêncio. Esperando que o pai e irmão
de Kade estivessem dormindo e que esta noite não causassem problemas que espantassem aos
criados que retornaram hoje, Averill se dirigiu para o quarto que compartilhava com o Kade e entrou.
Sentia-se tão cansada que esqueceu de pegar uma das tochas no corredor para acender uma
vela, mas havia uma acesa sobre o baú junto à porta. Baixou o olhar para esta com surpresa, depois
deu a volta quando um rangido soou atrás dela.
Averill ficou rígida e abriu amplamente os olhos quando viu um homem mover-se para ela.

Capítulo 16

— Br-Brodie! — ofegou Averill com surpresa, e por instinto começou a recuar quando ele
começou a avançar. — Eu... Eu... O que... O que está fa-fazendo aqui?
— Vim visitar a nova noiva de meu irmão — grunhiu ele, perseguindo-a. — E a te perguntar por
que esteve me envenenando.
Abrindo os olhos amplamente com alarme, Averill lançou um olhar cheio de desespero para a
porta, mas já havia recuado muito longe para poder fugir com êxito. Seu seguinte pensamento foi
gritar chamando Kade, e abriu a boca para fazê-lo, mas antes de que um só som deixasse seus lábios,
Averill descobriu que sua boca estava coberta pela mão de Brodie. Seu corpo foi o seguinte em

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pressionar-se contra o seu quando a obrigou a recuar, levando-a para a cama.


— Pensei que alguém podia estar envenenando o uísque quando comecei a vomitar cada vez
que o bebia — disse Brodie em tom grave, enquanto se moviam. — Mas não soube com segurança
até esta noite.
Esta noite em que depois de comer, e me sentir melhor, usei as passagens secretas para sair
sigilosamente do torreão e ir à estalagem por uma caneca de uísque. E você não adivinha o que
aconteceu?
Quando ela simplesmente o contemplou com os olhos muito abertos, deu uma pequena
sacudida.
— Não sabe o que aconteceu?
Averill rapidamente negou com a cabeça.
— Nada — disse ele suavemente. — Não vomitei a comida sobre todo mundo na estalagem.
Nem sequer me enjoei. Senti-me como um bebê.
Então me sentei a pensar quem em Stewart quereria fazer que minha família e eu
adoecêssemos? E não adivinha o que?
Averill sacudiu a cabeça imediatamente para evitar ser sacudida outra vez.
— Recordei que sempre foi você quem trazia o uísque. Sorrindo docemente e oferecendo-o
como um anjo enviado do céu, enquanto me advertia que meu corpo já não podia suportar muito
mais, e que era a bebida o que nos punha doentes — moveu a cabeça de um lado a outro com fúria
extrema. — Mas foi você, não é assim?
Averill engoliu, sem estar segura de como devia responder a isso. Devia negar com a cabeça e
possivelmente enfurecê-lo por mentir ou assentir e definitivamente enfurecê-lo?
De uma ou outra forma, o resultado não seria bom, assim Averill se limitou a olhá-lo,
lamentando não ter podido chamar a gritos por Kade no momento que percebeu que Brodie estava
em seu quarto.
— Não é assim? — repetiu ele, cheio de fúria. Brodie a sacudiu tão forte que Averill viu estrelas,
e pela primeira vez, temeu que a matasse.
Fechando os olhos, ela assentiu.
— Sabia, é uma rameira assassina — cuspiu, e a separou de um empurrão como se fosse um
trapo sujo.
Averill ofegou pelo pânico enquanto se sentia cair, depois emitiu um grunhido de surpresa
quando aterrissou com força na cama em um ângulo estranho com uma perna dobrada sob o corpo e
a outra estendida.
Abriu a boca para gritar por Kade, mas Brodie esteve sobre ela imediatamente, tirando o ar dos
pulmões e deixando cair um de seus robustos punhos sobre sua cabeça.
Gemendo, Averill fechou os olhos e sacudiu a cabeça, tentando suportar a dor e afastar a

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escuridão que tentava reclamá-la. Se perdesse os sentidos nesse momento, sabia que estaria morta.
— Vou matá-la — grunhiu Brodie em sua orelha enquanto levantava suas saias. — Mas
primeiro, vou ter um pouquinho de diversão.
O pânico a embargou, Averill elevou um de seus joelhos e bateu totalmente em sua dignidade.
Brodie se levantou imediatamente, ofegando em busca de ar, e ela suspeitou que agora era ele quem
via estrelas, mas de repente Morag apareceu atrás de Brodie, balançando uma bandeja vazia sobre
sua cabeça. Sua face era uma máscara de fúria quando a deixou cair, e bateu de repente contra seu
crânio com toda a força de uma mulher que trabalhou cada dia de sua vida e a raiva de uma mãe cuja
filha foi violentada.
Não foi necessário duas tentativas desta vez. Brodie revirou os olhos e caiu sobre a Averill, fora
de combate.
Morag soltou a bandeja e começou a arrastar o homem inconsciente, em um intento para
movê-lo e libertá-la.
— Minha senhora? — ofegou com esforço — Está bem?
— Sim — disse Averill fracamente, e levantou suas mãos para ajudar a mover o homem.
Terminaram por fazê-lo rodar para o meio da cama, logo que o obtiveram Averill escapuliu da cama e
ficou de pé.
Morag a estabilizou com uma mão sobre o cotovelo quando ela cambaleou um pouco em sua
pressa, olhando-a com preocupação, e depois afastou o olhar para Brodie.
— Sempre foi uma semente ruim — disse ela com voz grave. — O era desde menino. Corria por
aqui, golpeando a todo mundo e manuseando às moças.
Averill suspirou.
— Sim, bem suspeito que já não será um problema depois de amanhã. Kade disse que falaria
com ele, e se não parasse de beber, desterraria-o de Stewart. Suspeito que Brodie escolherá o
desterro.
— Laird Kade não lhe dará escolha uma vez que veja seu rosto — disse Morag muito séria. — O
bastardo terá sorte se só conseguir que o desterrem, uma vez que o laird descubra que planejava
violentá-la e matá-la... — renegou com a cabeça.
— Não fica muito tempo no mundo dos vivos.
Averill fez uma careta. Não sentia carinho por Brodie, mas não queria que Kade vivesse com a
culpa de ter matado a seu próprio irmão por ela.
— Talvez devêssemos guardar este incidente entre nós — sugeriu com voz baixa.
— O que? — perguntou Morag com assombro, mas quase imediatamente começou a mover
negativamente a cabeça. — Nay, minha senhora. Ele...
— Estava bêbado e tinha direito a estar zangado. Estive drogando seu uísque — informou ela.
— OH, minha senhora. Não faça isso — respondeu com triste desilusão.

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— O que? — perguntou Averill com surpresa.


— Desculpar seu comportamento como sua própria mãe fazia. Ele nunca foi um menino mau,
mas sim se devia à má influência de seu pai, ou porque sentia saudades de Kade, é o que dizia
Maighread quando só era um jovenzinho, mas depois quando ficou mais velho dizia que não era um
mau homem, mas sim a bebida o apanhou em suas redes — Morag sacudiu a cabeça. — E agora você
também dará essa desculpa? — perguntou com desilusão. — Depois do que tentou fazer?
— Eu... — começou a dizer Averill, depois não pôde evitar fazer uma pausa para estudar ao
homem com atenção.
— Seu marido se zangou com você alguma vez? — perguntou Morag em voz baixa.
— Sim — murmurou Averill, recordando sua reação quando ele a apanhou adulterando o
uísque. Estava furioso porque se aproximou de seu pai e irmão, e ela se sentiu atemorizada pela fúria
que viu nele.
— Pôs-lhe uma mão em cima no meio de sua cólera? — perguntou Morag.
Averill o negou rotundamente. Não tocou nem um só cabelo de sua cabeça.
— Assim já vê. Kade é um bom homem, e os bons homens não desforram sua cólera nos outros
— assinalou com convicção, depois franziu o cenho para Brodie, e acrescentou: — E esse não é um
bom homem.
Não arrume desculpas. Conte a seu marido o que fez. Ou o farei eu — acrescentou muito séria e
deu a volta para abandonar o quarto.
Averill a observou partir, notando a bebida derramada e a comida no chão perto da porta. Era
evidente que Morag derrubou tudo o que a bandeja levava para usá-la como uma arma quando
entrou e viu Brodie atacando-a.
Um grunhido da cama fez que Averill jogasse um olhar cauteloso para ali, mas Brodie ainda
estava inconsciente. Entretanto, não se arriscaria a que despertasse. Averill ignorou a confusão,
dirigiu-se para a saída, agarrou a vela, saiu e fechou a porta de um puxão.
Teria que falar com Kade, pensou Averill, mas se deteve quando Bess chegou correndo.
— O que aconteceu? Morag passou junto a mim na escada, parecia que jogava trovões. Ela...?
— a criada fez uma pausa repentina, quando alcançou Averill e a viu adequadamente. — Minha
senhora! Seu rosto!
— Cala — murmurou Averill, e a agarrou pelo braço para arrastá-la pelo corredor. Passaram o
quarto de Will e a urgiu a entrar em outro entre este e o de Domnall. Fechando a porta suavemente
atrás dela, percorreu o quarto com o olhar, suspirou e depois disse: — Temos que preparar este
quarto para dormir.
— Quem dormirá aqui? — perguntou Bess com um cenho franzido. — E o que aconteceu com
seu rosto? Parece que alguém lhe bateu.
— Foi porque alguém me bateu — disse Averill sombria.

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— O que? — os olhos de Bess se ampliaram com horror. — Não terá sido seu marido?
— Não. É obvio que não — assegurou Averill, deixando a vela e começando a despojar à cama
dos lençóis velhos que a cobriam. Com um pouco de limpeza e acerto, o quarto estaria bem para uma
noite, pensou ela, e depois admitiu: — Foi Brodie. Surpreendeu-me em meu quarto. Descobriu que
era eu quem estava drogando seu uísque.
— Sabia que isto causaria problemas — disse Bess incomodada, rodeando a cama para ajudá-la.
— Sim, pois funcionou muito bem para Gawain e seu pai — indicou Averill. — E os dois sabem
que não beber é melhor que estar colados a um barril pequeno de uísque o resto de suas vidas.
Bess simplesmente moveu a cabeça.
— Seu marido o golpeará até a inconsciência quando vir a contusão em seu olho. Já era muito
mau quando golpeava os criados, mas agora o fez com você... Ora! — ela sacudiu a cabeça.
— Sim, bem... — suspirou Averill e sacudiu sua própria cabeça.
— Não me disse para quem estamos fazendo a cama — assinalou Bess, quando terminaram de
desfazê-la.
— Para Kade e eu.
Bess se endireitou pela surpresa.
— Que demônios está mal com seu quarto?
— Brodie está ali inconsciente.
Bess abriu de par em par os olhos, mas endireitou os ombros e disse:
— Bem, moveremos o canalha. Faremos que os homens o carreguem e o atirem de retorno a
seu quarto ou no fosso, pouco me importa. Não há necessidade de...
— Kade não sabe que Brodie está ali. Não quero que tenha a possibilidade de estar com ele até
o amanhecer, até que o pior de sua cólera tenha passado — explicou Averill, suspirando ao pensar na
cólera de Kade quando dissesse o que aconteceu.
— Já vejo — disse Bess com secura. — E como planeja explicar por que não dormirão em sua
própria cama esta noite?
— Direi que Morag derramou a bandeja da comida que subiu para mim, e que a cama não é
adequada para dormir nela, ao menos por esta noite.
Bess assentiu.
— Quer dizer que mentirá.
— Não é uma mentira — disse Averill imediatamente. — Morag realmente derramou a
bandeja... no chão — reconheceu ela. — Mas a derramou, e a cama não é adequada para que
durmamos nela com o Brodie ali.
Bess soprou.
— Mais de seus enredos. Juro que nunca mostrou esta tendência em Mortagne.
— Não estava casada em Mortagne — resmungou Averill, mas depois se compôs. —

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Necessitaremos lençóis e peles limpas assim como... — fez uma pausa repentinamente.
— O que acontece? — perguntou Bess, estreitando os olhos.
— Todos os meus lençóis estão em nosso quarto, e precisaremos tirar as peles dali — confessou
com um lamento, em nada impaciente por voltar a aproximar-se de Brodie.
Bess suspirou.
— Não seria mais fácil dizer a seu marido?
— Não — a interrompeu Averill firmemente, depois suspirou. — Irei trazê-las. Espera aqui.
— Como se pudesse fazê-lo — resmungou Bess, seguindo seus passos.
Brodie ainda estava morto para o mundo quando entraram no quarto. Aliviadas, Bess e Averill
brincaram de correr pelo quarto, recolhendo lençóis e roupa para que Kade e ela usassem pela manhã
e as levaram ao quarto que utilizariam essa noite. Depois foram ao quarto de Brodie para tirar as
peles de sua cama. Averill esperava poder usar essas e não se incomodar em conseguir aquelas sobre
a que Brodie dormia, mas o cheiro que despediam matou essa esperança. Kade saberia
imediatamente que algo ia mal se ela tentasse fazê-lo dormir sob essas peles fedidas.
Elevando ao céu uma prece silenciosa para que pudessem consegui-lo sem despertar Brodie,
Averill fez o caminho de volta ao quarto, levando com elas as peles de Brodie. Ao entrar em seus
aposentos as puseram no chão ao lado da cama, e depois rápida e cuidadosamente fizeram rodar
Brodie para conseguir as peles sob ele. Para seu alívio, não despertou. Assim Averill se apressou a
lançar suas próprias peles sobre ele na cama e saíram apitando como almas perseguidas pelo diabo.
Temerosa de que Kade fosse se deitar antes que pudessem terminar sua tarefa, fizeram a cama
em tempo recorde e colocaram as peles frescas nela. Então Bess a ajudou a despir-se antes de ir
correndo em busca de Kade.
Averill passeou de um lado ao outro no quarto durante breve tempo enquanto esperava que
chegasse, praticando o que ia dizer, virando-se bruscamente para a porta quando esta se abriu.
— Bess me disse que desejava me falar? — começou a dizer Kade, mas se interrompeu e fechou
a porta quando percebeu que ela mal vestia uma fina camisa de dormir.
Contemplou-a durante um momento, os olhos viajavam sobre seu corpo com a fina camisa. Ela
desejou levantar uma mão para cobrir a face, mas se obrigou a não fazê-lo. Averill estava bastante
longe da solitária vela no quarto, por isso sabia que as sombras a envolviam e que Kade não podia vê-
la muito bem para distinguir a contusão de seu rosto. Foi um pouco deliberado. Averill desejava dizer
o que aconteceu antes que ele visse o que Brodie fez. Estava segura que isto suavizaria o golpe. Ao
menos assim o esperava.
— O que faz aqui vestida desta forma? — perguntou Kade finalmente, sua voz era um grunhido
baixo quando começou a avançar.
— Estou pronta para ir à c-cama — Averill fez uma pausa para morder o lábio já que notou sua
leve gagueira, depois continuou. — No-nós dor-dormiremos aqui esta no-noite.

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Kade havia estreitado os olhos diante de sua gagueira e reduziu a marcha enquanto perguntava
com receio.
— O que está mal com o outro quarto?
— Mo-Morag derramou uma ban-bandeja de comida que tinha le-levado para mim e a cama
não é adequada...
As palavras morreram em seus lábios quando Kade fechou a distância entre eles e a fez entrar
em seus braços para um beijo. Foi um beijo profundo e doce que a fez suspirar.
— Está bem — murmurou Kade, rompendo o beijo para acariciar a orelha com a boca. — Os
acidentes acontecem. Não estou zangado por isso... Assim para de gaguejar.
— Sim, marido — suspirou Averill, inclinando a cabeça para dar melhor acesso.
— Podemos dormir aqui esta noite, estou seguro que a cama estará seca amanhã — prosseguiu
ele, suas mãos vagavam pelas costas feminina.
— Sim — gemeu Averill enquanto os dedos de uma mão encontravam seu seio e começavam a
acariciá-lo sobre o tecido fino. E depois, recordando que ainda devia falar com ele, sacudiu a cabeça
para clarear seus pensamentos e cobriu a mão sobre seu peito para detê-lo enquanto começava a
falar sem tino. — Bro-Brodie percebeu que eu estive a-adulterando o uísque.
Kade ficou quieto imediatamente e elevou a cabeça lentamente para olhar com atenção o rosto
entre sombras de sua esposa.
— Foi ao povoado para beber, e quando o uísque dali não o adoeceu, reuniu todas as peças.
Ach-acha que tentava ma-mata-lo e estava muito zangado — disse Averill rapidamente.
Kade a soltou imediatamente e se voltou para dirigir-se para a porta.
— Irei falar com ele. Depois de tudo deveria tê-lo feito faz muito.
— Não pode — disse Averill rapidamente, alcançando-o e agarrando-se a seu braço para detê-
lo. — Está inconsciente. Morag o golpeou na cabeça com a bandeja de comida.
Ele se deteve e se virou para ela, mas então ficou paralisado, seus olhos se estreitaram com
crescente fúria ao ver seu rosto. Só então Averill se deu conta que entrou sob a luz da vela quando
correu atrás dele.
Voltou a cabeça e tentou recuar na sombra, mas era muito tarde. Kade a agarrou pelo braço e a
atraiu de retorno à luz para examinar seu machucado rosto.
Quando falou, sua voz era fria e calma com uma raiva pura que era espantosa.
— Ele te fez isto? — perguntou Kade, roçando ligeiramente com os dedos a pele perto de seu
olho. Inclusive essa suave carícia foi o suficiente forte para causar dor, e Averill se estremeceu, mas
assentiu com pesar.
Kade soltou seu braço e girou para dirigir-se para a porta outra vez.
— Está inconsciente — recordou ansiosamente.
— Então o golpearei até despertá-lo — grunhiu Kade enquanto saía com grandes passos do

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quarto.
Averill o seguiu até a porta, observando-o com preocupação, mas relaxou um pouco quando
percebeu que ele se dirigia ao quarto de Brodie.
Seu olhar fixo se deslizou em direção contrária, para seu próprio quarto, onde Brodie jazia em
inconsciente felicidade, depois voltou a entrar no quarto onde dormiriam essa noite. Fechou a porta e
correu para a cama para subir nela.
Averill se meteu na cama e estava deitada esperando quando Kade retornou. Seus movimentos
eram entrecortados pela cólera quando cruzou o quarto, tirando-as armas e o tartán enquanto
avançava.
— Está tudo bem? — perguntou baixinho, observando-o.
— Aye. O bastardo não está em seu quarto ou no grande salão. Deve ter recuperado os sentidos
e retornou à estalagem. Ficará ali durante uma semana ao menos se souber o que é bom para ele, já
que o espera uma surra quando retornar — disse Kade furiosamente enquanto tirava a camisa que
usava sob seu tartán. Ao fazê-lo magoou um músculo de suas costas e flanco, fazendo-o estremecer,
suspirou infeliz e se obrigou a mover-se com mais cuidado enquanto entrava na cama junto a ela,
acomodando-se sobre um lado para ficar frente a ela.
Averill mordeu o lábio e se perguntava o que proporcionaria a manhã, quando Kade se moveu
de um momento a outro aproximando-se ainda mais para onde ela estava deitada de barriga para
cima.
Lançou seu braço ao redor da cintura dela e a atraiu contra seu peito.
Quando Averill relutante girou seus olhos para os dele, viu sob a luz da vela que os olhos do
Kade estavam abertos. Ele a olhava em silêncio, sua expressão se voltava mais rígida com cada
momento que passava observando atentamente a contusão de seu olho.
— Atendeu esse machucado? — perguntou em um murmúrio grave. — Pôs algo frio?
Não, não o fez, notou Averill. Com toda a preocupação esqueceu de atendê-la. Mas estava
pouco disposta a confessar isso por medo de que Kade insistisse e descesse a procurar algo que pôr.
E pela forma em que as coisas iam acontecendo, Brodie despertaria e tropeçaria com o Kade
quando este passasse, e todo o inferno se desataria, pensou Averill sombria. Preferia não correr riscos
e não atender sua ferida, decidiu, e em vez de responder a pergunta, simplesmente disse:
— Estou bem.
E antes que Kade pudesse dizer algo mais, ergueu-se sobre um braço para apagar a vela na
mesa junto à cama, inundando o quarto na escuridão. No momento em que Averill voltou a deitar-se,
Kade puxou-a pressionando-a contra seu peito e suspirou sobre seu cabelo.
— Encarregarei-me dele pela manhã. Darei uma lição que não poderá esquecer porque é
imperativo que o faça. Não voltará a te machucar, esposa. Juro-o.
— Sim, marido — sussurrou Averill, mas suas palavras não amainaram sua preocupação como

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ele desejava. Ela estava preocupada agora por Morag e o que a mulher podia dizer.
Embora Averill tivesse contado a Kade que Brodie a golpeou, não disse que ele tencionava violá-
la e matá-la, e que o teria feito com segurança se Morag não tivesse aparecido. Se a mulher contasse
a Kade tal como ameaçou fazer...
Averill mordeu o lábio na escuridão e silenciosamente rezou para que Kade não matasse a seu
irmão e tivesse que viver com essa lembrança.
Kade se levantou da cama, vestindo-se silenciosa e rapidamente, depois saiu sigilosamente do
quarto como um ladrão... Tudo para evitar despertar a sua pequenina esposa. Averill finalmente
estava dormindo profundamente, depois de ter jazido acordada a metade da noite. Sabia porque
também ficou ali acordado. Suspeitava que ela esteve se preocupando a respeito do que ele
pretendia fazer a Brodie.
Foi o que o manteve acordado, isso e a profunda dor pela perda de Ian. Ele e seu primo sempre
foram próximos, mas esses três anos compartilhando uma cela com Will os aproximaram inclusive
mais.
Nessa cela falaram de coisas das quais os homens normalmente não falam, coisas como a
desesperança e a frustração que os assediavam, e que espécie de futuro poderiam ter se ou quando
saíssem.
Para o homem, ter morrido só semanas depois de retornar a casa era mais duro que aceitar o
resto do que aconteceu. Por que deixá-lo sofrer tudo só para morrer no momento em que esteve
livre?
Algumas vezes os planos de Deus não faziam sentido para ele, e Kade ficou acordado
preocupando-se a respeito disso e sobre o fato de que pela manhã ia despedaçar seu irmão.
Enquanto ele esteve nesse chiqueiro de má morte, o bastardo se sentou aqui sobre seu traseiro,
bebendo até ficar tolo, abusando da gente de Stewart e sem fazer uma maldita coisa para manter o
castelo, e às terras de cair no estado horrível em que ambos se encontravam. Ao menos seu pai e
Gawain só abandonaram as questões. Brodie as piorou com sua crueldade e vil comportamento.
Tudo o que descobriu de Brodie enfureceu Kade desde sua chegada a Stewart. Tanto que
pensou que era melhor dar tempo a seu temperamento para esfriar antes de tratar com o homem.
Por não falar de dar tempo ao homem para recuperar a sobriedade antes de falar com ele, mas
agora Brodie foi muito longe. Ninguém ia levantar uma mão violentamente contra Averill. Ninguém.
Kade apertou a boca enquanto pensava no que viu uma vez que o sol saiu essa manhã. O olho
de Averill estava negro e azul, e tão inchado que duvidava que quando se levantasse fosse capaz de
abri-lo.
Brodie pagaria por isso... Multiplicado por dez. Seu irmão não cometeria de novo o engano de
pensar que podia tocar Averill dessa maneira... Ou aos criados. Kade ia deixar isso claro, depois ia dar
uma opção: parar de beber ou largar-se das terras Stewart imediatamente e não retornar nunca. E ia

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fazê-lo antes que Averill despertasse, de maneira que ela saudasse o novo dia com as notícias de que
Brodie não a incomodaria de novo.
— OH, bom dia.
Kade se desfez de seus pensamentos e olhou para um lado para ver que a porta de Will estava
aberta e o homem estava de pé nela como se estivesse a ponto de sair no momento em que ele
passava.
— Bom dia — trovejou ele.
— Perguntava-me se...
— Agora não — disse Kade em voz baixa para evitar despertar a alguém. — Preciso tratar com
meu irmão.
Captou uma olhada de Will arqueando as sobrancelhas, e passou ao longo continuando a
percorrer o corredor.
— Com qual? — perguntou Will em sussurros, apressando-se atrás dele. — Gawain ou Brodie?
— Brodie.
— O que fez? — perguntou Will com seriedade.
— Bateu em Averill — comentou Kade com frieza.
— O que?
Kade o olhou e chiou.
— Fecha a boca. Vai despertar a todo o castelo.
Will franziu o cenho, mas baixou mais a voz quando perguntou:
— Como? Quando?
— Ontem à noite — disse Kade em um suspiro. — Aparentemente concluiu que ela estava
alterando o uísque para adoecê-lo.
— E o fez? — perguntou Will com assombro.
— Aye — disse ele, mas em sua defesa acrescentou: — Ela estava tentando fazer que deixasse
de beber, mas ele pensava que estava tentando matá-lo e a golpeou.
Will guardou silêncio durante um momento e depois murmurou:
— Bastardo. Embora suponha que tinha razão, se pensava que ela estava tentando matá-lo.
Kade assentiu a contra gosto.
— Essa é a única razão pelo qual não vou matá-lo por tocá-la.
Will ficou sério.
— O que vai fazer?
— Levantá-lo, golpeá-lo até a inconsciência e depois, quando despertar, falarei com ele. Ou
deixa de beber e se abstém de golpear com seu punho a qualquer pessoa aqui ou parte de uma vez.
— Desterro — disse Will solenemente, enquanto alcançavam a porta de Brodie, e Kade
empurrava para abri-la.

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Entrou imediatamente no quarto, mas se deteve junto à porta com uma maldição, quando viu
que seu irmão não estava na cama. Brodie não estava tampouco no quarto, a qual se via tal e como a
noite anterior.
Kade suspeitava que o homem nem sequer havia tornado a dormir.
— Onde pode estar? — perguntou Will.
— Dormindo na estrada entre aqui e o povoado, sem dúvida — disse Kade com desgosto.
Esperava ter a questão resolvida antes que Averill despertasse, mas parecia que isso não ia ocorrer.
— Onde estão suas peles? — perguntou Will, enquanto Kade se voltava, pretendendo
abandonar o quarto.
Detendo-se diante de sua pergunta, Kade arqueou uma sobrancelha e se desviou para a cama,
notando que as peles tinham desaparecido.
— Possivelmente mudou a outro quarto para te evitar até que seu temperamento se esfrie —
sugeriu Will.
— Nay — disse Kade. — Todos os quartos estão em uso, salvo o de Merry, e ele não poderia...-
detendo-se abruptamente como se tivesse ocorrido que Brodie poderia sim ter ocupado o quarto,
saiu disparado e se apressou a sair do quarto e correr pelo corredor, para o velho quarto de sua irmã.
Mas uma rápida olhada dentro mostrou que estava vazio.
— O que tem o quarto entre o meu e o que está Domnall? Está vazio, não é assim? Poderia ter-
se mudado ali.
Kade negou com a cabeça enquanto fechava a porta.
— Nay. Averill e eu dormimos ali a noite passada. Ela disse que Morag derramou uma bandeja
de comida em nossa cama.
— Isso é estranhamente desajeitado por parte da mulher — Comentou Will.
Kade entrecerrou os olhos de repente enquanto analisava a situação. Era extraordinariamente
desajeitado para qualquer criada derramar uma bandeja de comida em uma cama, mas Morag
provou ser uma mulher muito competente, em nada do tipo desajeitado. Algo devia tê-la distraído
ou... Kade deslizou o olhar, movendo-o além da porta para seu vazio quarto como se ocorresse que
Averill não mencionou as particularidades de seu enfrentamento com Brodie. Coisas tais como onde
se aproximou dela. Não obstante, ela disse que Morag o golpeou até deixá-lo inconsciente. E Morag
derramou uma bandeja de comida em sua cama.
Sabia que seu amigo estava pensando o mesmo que ele quando Will perguntou:
— Onde fez frente a Avy? Ele não iria a seu quarto, não?
— Melhor que não o tenha feito — grunhiu Kade e foi para a porta do quarto que eles deixaram
vazio por essa noite.
Empurrou para abrir a porta e amaldiçoou quando viu que alguém dormiu em sua cama. Kade
se adiantou rapidamente e acabaria sentado sobre seu traseiro, quando seu pé deslizou pelo chão

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Devil of the Highlands 03

escorregadio, se Will não o tivesse agarrado pelo braço.


Murmurando um obrigado, endireitou-se e olhou para baixo à confusão do chão.
— Pensava que havia dito que Morag o derramou na cama? — perguntou Will em sussurros.
Kade franziu o cenho enquanto pensava na noite anterior, admitindo:
— Em realidade, ela não disse na cama, eu simplesmente o assumi, por que outra razão não
podíamos dormir aqui?
Will deu a volta para olhar o homem na cama.
— Adivinho que era porque já estava ocupada.
Kade sentiu que revolvia o estômago de fúria enquanto encaixava todas as peças. Brodie era
muito pesado para que as mulheres o carregassem, assim que ele jazia onde caiu.
E não precisava ser um gênio para imaginar como derramou Morag a comida no chão, pensou
Kade enquanto recordava Menininho golpeando Brodie na cabeça com o escudo para fazer que
soltasse Averill.
Morag provavelmente fez o mesmo com a bandeja depois de atirar seu conteúdo ao chão. E as
duas mulheres não o disseram. Deixaram-no pensar que o bastardo estava fora de seu alcance para
dar uma oportunidade de esfriar seu temperamento.
Sacudindo a cabeça, cruzou o quarto e se deteve junto à cama, baixando o olhar para a seu
irmão. O homem deitado de lado, com a face voltada para ele, sua cara coberta pelas peles, só seu
cabelo sobressaía, notou Kade, enquanto grunhiu:
— Acorda.
— Está morto para o mundo — murmurou Will a seu lado.
— Não por muito tempo — disse com seriedade Kade, e foi sacudi-lo bruscamente. — Maldição
Brodie. Acorda e tira seu traseiro fora de minha cama.
Quando isso não teve nenhum efeito tampouco, empurrou-o de costas, pretendendo
esbofeteá-lo na cara, mas se deteve quando a pele caiu para um lado e pôde olhá-lo bem.
Kade se endireitou abruptamente, a surpresa diminuindo a ira de há um momento.
— Está morto — disse Will em voz baixa, soando tão assombrado como ele se sentia. Ambos
estiveram em silencio por um momento, simplesmente olhando-o, quando Will perguntou com
preocupação:
— Não acreditará que o que seja com o que Averill estivesse drogando o uísque o matou, não?
— Nay — disse rapidamente Kade. — Ele não bebeu ontem à noite. Averill carecia das ervas que
usa para fazê-lo. Isso é o que estava pegando ontem quando Domnall te encontrou.
Era uísque sem adulterar o que bebeu na noite passada. Tirou-o do botequim.
Will suspirou e perguntou:
— Então quando acha que aconteceu?
Kade hesitou e se agachou para deslizar as mãos sobre a cabeça de seu irmão. Encontrou um

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golpe na parte posterior, o que sugeria que acertou ao imaginar que Morag o golpeou.
Inquietando-se pela possibilidade de que a mulher o tivesse golpeado muito forte e o tivesse
matado acidentalmente, girou Brodie de novo de lado como esteve quando entraram.
Ele pretendia olhar a parte de trás da cabeça para ver como de mal era a ferida da cabeça, mas
se deteve ao perceber a borda de uma mancha de sangue visível na parte detrás da suja camisa
branca que vestia.
A borda da mesma podia ver-se justo por cima das peles quando estas deslizaram ligeiramente
devido a todo o movimento.
Com o estômago revolto, Kade empurrou as peles para baixo até a cintura, depois se endireitou
abruptamente de novo.
— Foi apunhalado — sussurrou Will.
A primeira coisa que notou Averill foi uma palpitante dor de cabeça e uma desagradável
sensibilidade ao redor do olho. Fazendo uma careta quando percebeu que só via por um olho, tentou
forçar o outro a abrir-se e suspirou quando descobriu que estava muito inchado para fazê-lo.
— Averill?
Franzindo o cenho diante do tom de Kade, um que sugeria que não era a primeira vez que dizia
seu nome, ficou de costas para olhá-lo com seu olho bom e o encontrou abatendo-se sobre ela, sua
expressão sendo uma que não gostaria de ter que ver muito frequentemente. Se via frio e sério mais
do que mostrava seu semblante.
— Me diga, o que aconteceu ontem à noite? — exigiu seu marido no momento em que viu que
estava acordada.
— O-ontem à noite? — gaguejou Averill, as lembranças se misturando em sua cabeça.
Kade suspirou, algo da frieza deslizando-se dele enquanto se sentava a um lado da cama.
— Não gagueje. Não estou zangado com você, mas isto é importante. O que aconteceu com
Brodie?
Averill hesitou, depois, em lugar de responder, perguntou:
— Desterrou-o ou ficou de acordo em deixar de beber?
— Nenhuma das duas coisas. Está morto — disse Kade sem rodeios.
— O que? — sentou-se abruptamente, tão surpreendida como se tivesse vertido água fria sobre
ela na cama quente.
— Está morto, esposa — repetiu Kade em voz baixa. — Agora me diga o que aconteceu.
— Como?
— Explicarei isso depois de que me diga o que aconteceu ontem à noite — disse firmemente,
com determinação.
Averill franziu o cenho diante do seu tom. Kade dizia que não estava zangado, mas seu tom dizia
outra coisa. Decidindo que agora importava pouco falar já que Brodie estava morto, recostou-se na

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cama e disse:
— Ele estava em nosso quarto quando entrei depois de deixar a bandeja de comida para
Domnall. Eu estava cansada e Morag sugeriu que comesse em nosso quarto, que ela me traria uma
bandeja.
Quando entrei, ele estava lá. Tampou-me a boca de maneira que não pudesse gritar e disse que
viera me perguntar por que o estava envenenando. Que suspeitava que algo ia mal quando seguia
adoecendo, mas que soube com segurança quando foi ao botequim a noite passada e bebeu uísque
sem que revolvesse o estômago. Chamou-me rameira assassina, atirou-me na cama e me caiu em
cima, me golpeando no rosto — chegando a esse ponto, deteve-se brevemente, debatendo se devia
dizer a seu marido que Brodie dissera que ia violentá-la e matá-la, mas decidiu não criar mais
problemas.
Brodie estava morto, e isso só feriria Kade.
Suspirando, continuou:
— E então Morag o golpeou na cabeça e caiu de repente em cima de mim, inconsciente.
— E depois, o que aconteceu? — perguntou Kade em voz baixa quando ela fez uma pausa.
Averill encolheu os ombros.
— Morag me ajudou a tirar de cima de mim e o deixamos ali.
— Ele estava coberto com peles — disse Kade gravemente.
— Sim. Decidi que você e eu dormiríamos aqui e fiz que Bess me ajudasse a fazer a cama com
lençóis limpos, mas não tínhamos peles para a cama, de modo que pegamos as do quarto de Brodie, o
voltamos para agarrar as nossas de debaixo dele e jogamos suas peles sobre ele antes de ir — ela
franziu o cenho e disse. — Estou segura de que nesse então não estava morto, marido. Estava lívido,
mas ainda quente.
Não pensará que foram as ervas que o mataram, não?
— Foi apunhalado — disse Kade em voz baixa, e Averill outra vez se sentou de repente na cama.
— Apunhalado?
— Sim. Nas costas — anunciou Will, atraindo sua atenção para ele. Estava de pé no lado direito
da cama, em seu atual ponto cego, e teve que girar bastante a cabeça para vê-lo.
Averill se virou para Kade para perguntar desconcertada.
— Mas quem o apunhalou?
— Pode ter sido qualquer um — disse Kade com cansaço. — Aqui não era muito querido.
— Se é que era o objetivo — comentou Will, e quando Averill e Kade se viraram com surpresa
para ele, encolheu os ombros, assinalando: — Estava em sua cama, Kade. Pôde ter sido alguém
acreditando que era você.
— Já sofreu outros atentados contra sua vida.
— Mas esses aconteceram longe do torreão — protestou rapidamente Averill, não desejando

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acreditar que foi outro atentado contra Kade.


— A pedra que atiraram da muralha não foi longe do torreão — assinalou Will.
— Mas isso foi fora, não dentro do próprio castelo. Certamente um assassino não se arriscaria a
mover-se sigilosamente pelo castelo e... — emudeceu quando Kade cobriu sua mão com a própria e
deu um suave apertão.
— Compreendo que não queira acreditar que a segurança de nossa casa foi violada, mas se Will
tiver razão, poderiam ter ido por mim e devemos considerá-lo.
Suspirando, Averill assentiu, e baixando a cabeça, admitiu para si mesma que bem poderiam ter
ido por seu marido. A ira a encheu, e levantou a cabeça de novo para olhar com seu olho bom.
— Ainda não sabe quem pode estar por trás desses ataques? Certamente, para alguém tão
zangado com você e tão determinado a vê-lo morto, deve ter uma ideia do por que ou quem?
— Nay — disse Kade com calma, acrescentando: — Tenho quebrado a cabeça pensando, mas
não há ninguém em quem possa pensar ou...
— Talvez não seja alguém a quem fez zangar — raciocinou Will, depois perguntou: — Quem se
beneficiaria com sua morte?
Kade negou com a cabeça.
— Ninguém. Bom, talvez Gawain. Ele poderia ser o próximo na linha se meu pai não reclamar
seu título e posição como laird.
— Gawain não — disse Will, sacudindo a cabeça, e Averill teve que lhe dar razão.
Gostava bastante do que sabia do homem. Agora bem, se Gawain fosse assassinado
acidentalmente, ela poderia acreditar sem problemas que Brodie estava por trás, mas não acreditava
que Gawain fosse capaz.
— Nay — acrescentou Kade, ficando de pé. — Devo pensar mais nisso.
— Onde vai? — perguntou Averill com preocupação. Se a pessoa que tentava matar seu marido
levou seus esforços ao castelo, Kade não estaria a salvo em nenhuma parte, pensou, e disse.
— Se estiver certo, não deveria procurar proteção de um guarda?
— Aye. Colocarei dois homens fora da porta enquanto dorme — disse ele tranquilizando-a. —
Eles a seguirão todo o dia e outros dois vigiarão nossa porta de noite.
— Não para mim — disse ela exasperada. — É você quem estão tentando matar. Refiro-me a
um guarda para você.
— Não me separarei de seu lado, Avy — disse Will em voz baixa. — E se o fizer, me assegurarei
de que alguém mais o mantenha a salvo.
Kade ficou sério diante dessas palavras, mas simplesmente disse:
— Desceremos e deixaremos que durma mais. Compreendo que ontem à noite teve problemas
para dormir.
Kade e Will começaram a cruzar o quarto, mas Averill o chamou.

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— Marido?
Detendo-se na porta, ele olhou para trás. Quando ela hesitou, Kade pediu a Will em voz baixa
que o esperasse fora. No momento em que seu irmão saiu do quarto, ele fechou a porta e voltou a
situar-se junto à cama.
— Aye?
— Sinto por seu irmão — murmurou Averill, e o sentia. Não estava destroçada pela morte de
Brodie, mas sentia pelo Kade que seu irmão estivesse morto.
Ele assentiu.
— Obrigado.
— Está muito zangado? — perguntou insegura, se perguntando como ia enfrentar.
— Nay — assegurou Kade com um suspiro, e tentou explicar seus sentimentos, algo que ela
suspeitava, não fazia muito frequentemente. — Ele era meu irmão, mas o conhecia muito pouco... E
eu não gostava dele.
Embora sinta sua morte, não sinto um pesar real diante da perda. Em realidade, as notícias da
morte de Ian me entristecem mais.
Averill assentiu, supunha que não estava surpreendida. Duvidava que alguém, exceto o pai de
Kade, sentisse pena diante da morte de Brodie... E possivelmente Gawain e Merry, o que era
terrivelmente triste, entretanto, o homem causou isso a sim mesmo com seus cruéis atos.
— É difícil sentir um pesar real diante da morte de um tirano.
— Descansa um pouco — disse Kade dando a volta.
Desta vez ela o deixou partir sem chamá-lo, mas jogou as mantas a um lado no momento em
que a porta se fechou atrás dele e foi vestir se.
Não havia maneira de dormir agora. Brodie estava morto, e era sua culpa. Se ontem à noite
houvesse dito a Kade que o homem estava em sua cama, poderiam tê-lo levado a própria e ainda
seguiria com vida.
É obvio, nesse caso Kade e ela teriam dormido em seu quarto e seu marido teria sido o
apunhalado, pensou Averill com seriedade. Talvez não se sentisse tão culpada de que suas ações
ocasionasse a morte de Brodie.
Era o suficientemente egoísta para alegrar-se de que fosse ele e não seu marido. E na verdade,
essa era a primeira coisa de proveito que o homem fez em sua vida. Que má sorte que tivesse sido a
última.

Capítulo 17

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— Esposa — Kade se deteve nas escadas ao se encontrar com Averill descendo enquanto ele
subia. — Pensei que dormiria um pouco mais.
— Não — fez uma careta e negou com a cabeça. — Já estou acordada e tenho coisas que fazer.
Kade hesitou, seu olhar se deslizou ao quarto que estava no alto das escadas. Acabava de tomar
o café da manhã com o Will e Gawain. Os dois homens estavam convencidos de que a morte de
Brodie era o resultado de outro atentado contra a vida de Kade. Ele tendia a concordar com eles e
decidiram que dois homens armados se situariam de noite na parte superior do salão para se
assegurar que não voltasse a ocorrer algo semelhante.
Will também sugeriu uma guarda pessoal de dois homens para Kade, e embora não gostasse,
aceitou em favor de protelar uma discussão. Mas discordou por não concordar com a sugestão do
inglês de que deviam ser soldados de Will.
Kade era agora o laird de Stewart e tinha a seus próprios homens para conduzir semelhantes
assuntos. Entretanto, Will e Gawain não quiseram ouvir quando começou a sair em busca de Aidan
para ajustar a situação.
Ambos os homens insistiram em que ficasse dentro onde não podiam jogar escombros do
castelo e sugeriram que fosse informar Domnall sobre o que estava acontecendo enquanto eles
procuravam Aidan e voltavam com ele. Ali era onde Kade se dirigia nesse momento quando Averill
apareceu na parte superior das escadas e começou a descer. Contemplou a sua esposa e disse:
— Quer que fique e te faça companhia enquanto toma o café da manhã?
Averill sorriu como se tivesse lhe oferecido o sol como presente, mas negou com a cabeça.
— Obrigado, mas não, marido. Vejo que vai a caminho de algum lugar e eu só vou pegar algo
para comer nas cozinhas enquanto falo com Morag, depois levarei uma bandeja para Domnall.
— Direi que a comida está a caminho, então — decidiu Kade.
— Suspeitava que ali era para onde se dirigia. Deseja que te leve algo quando for?
— Nay.
Ele se inclinou para pressionar um beijo em seus lábios por um oferecimento tão atento.
Averill permanecia dois degraus a cima dele e isso punha seus rostos ao mesmo nível. Kade
desfrutou muito não ter que inclinar-se até encontrar seus lábios, para variar.
O que o deixava sem nenhum ponto de dor na ferida de suas costas e se viu aprofundando o
beijo, sua língua se deslizou até tocar a dela enquanto suas mãos foram instintivamente para seus
seios.
Quando Averill emitiu um de seus pequenos gemidos diante da carícia, Kade ficou tentado a
esquecer seus planos atuais e apressar-se com ela de volta a seu quarto, mas então Averill deslizou os
braços ao redor de suas costas, sua mão sem querer roçou a ferida, ele ficou rígido e a ideia sofreu
uma morte rápida. Um dia ou dois para recuperar-se por completo e possivelmente poderia pôr em
prática o plano, mas este não era o momento.

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Kade deixou escapar um pequeno suspiro, rompeu o beijo e a segurou até que ela abriu os
olhos, então deslizou um dedo por seu nariz afetuosamente.
Ela estava tão adorável com as faces rosadas e os olhos sonhadores pela paixão que sentia por
ele.
— Tenho coisas que fazer — se desculpou, sem querer permitir que soubesse que
acidentalmente lhe causou dor.
Averill o olhou, seu olhar se deslizou ao grande salão, à porta da cozinha e assentiu.
— Como eu — voltou a olhá-lo com suas sobrancelhas levantadas inquisitivamente. — Disse
que surgia algo ou não?
Kade riu, agradado de que seu beijo pudesse transtorná-la, mas se limitou a repetir seu anterior
nay enquanto começava a passar junto a ela. Escutou-a cantarolar alegremente enquanto continuava
descendo as escadas e isso o fez sorrir enquanto continuava até a porta mais próxima ao quarto de
Domnall. Abriu a porta sem bater e entrou, alcançando a cama antes de compreender que estava
vazia.
Kade tropeçou e olhou a seu redor, seus olhos aterrissaram sobre a figura que estava na janela.
Domnall olhava fixamente os muros do castelo como um rei fiscalizando seu reino, mas se imobilizou
e olhou para dentro, se empertigando, a surpresa cruzando seu rosto enquanto ofegava.
— Primo.
Kade inclinou a cabeça e uma sobrancelha se ergueu inquisitivamente diante dessa reação a sua
presença. Foi suficiente para que Domnall se sacudisse bruscamente e forçasse um irônico sorriso.
— Sinto muito — murmurou, franzindo ironicamente os lábios. — Temia que fosse sua senhora
esposa, que brigaria comigo por estar de pé.
— Aye, seguro que o faria — disse Kade tranquilamente, pensando que mentia. Não o disse, e
acrescentou: — Deveria se deitar.Vão abrir os pontos que tanto trabalho custou a Averill fazer.
— Em um minuto, estou farto de estar de cama — disse Domnall um pouco cortante, virando-se
para voltar a olhar de novo pela janela enquanto dizia:
— Vi Gawain e Will cruzar o pátio para os estábulos justo antes de que entrasse. Havia um ar de
determinação em seus passos.
— Foram em busca de Aidan para mim.
— OH? — perguntou, soando sinistro. — Por quê? O que aconteceu?
Kade o avaliou atentamente, tendo em conta sua postura rígida.
— O que te faz pensar que aconteceu algo?
Domnall não respondeu. Algo captou sua atenção no pátio e ficou completamente imóvel.
— O que acontece? — perguntou Kade com curiosidade.
— Um cavaleiro solitário acaba de cruzar a ponte levadiça e entrou no castelo — murmurou o
guerreiro, inclinando-se mais pela abertura e entrecerrando os olhos em um esforço por ver melhor.

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— Parece...
Domnall guardou silêncio e agitou a cabeça como tentasse sacudir um pensamento
desagradável. Depois voltou a prestar atenção a Kade.
— Então, o que aconteceu?
Kade hesitou de novo perguntando-se o que o faria pensar que algo aconteceu, mas ao final
simplesmente disse:
— Brodie foi apunhalado enquanto dormia em minha cama.
Domnall apertou a boca aborrecido.
— O que ele estava fazendo ali?
— Eu disse que meu irmão foi apunhalado em minha cama e você não pergunta por que ou por
quem... e sim o que estava fazendo ele ali? — perguntou Kade devagar. Olharam um ao outro em
silêncio, medindo-se, então em vez de explicar o ataque de seu irmão a Averill, Kade disse
simplesmente: — Ali é onde estava e onde o deixaram.
— Hmm — Domnall se virou e começou a afastar-se tanto da janela como da cama, por não
mencionar de Kade. Estava se aproximando da porta do extremo mais afastado do quarto, Kade
percebeu e começou a se preparar, mas relaxou um pouco quando o homem se deteve junto a
lareira. Domnall pôs um braço no suporte da lareira e olhou para as braças frias por um momento,
antes de perguntar:
— Sabe que fui eu, não é? Delatei-me quando entrou.
Kade sentiu que a tensão de seus ombros se evaporava enquanto afirmava aborrecido.
— Suspeitava-o, mas não estava seguro até há um minuto.
O outro homem soltou uma gargalhada e se voltou, tinha um pequeno punhal na mão, mas
Kade mal prestou atenção. Sua ferida estava curando bem e a de Domnall, embora antiga, abriu-se de
novo recentemente; um golpe no lugar adequado poderia o incapacitar. Desde que não fugisse pela
porta mais longínqua.
— Por quê? — perguntou Kade assombrado.
Embora os dois não estavam tão unidos como Ian e ele, Domnall também era seu primo. Era
filho do irmão mais novo de Eachann Stewart, um bêbado e um inútil que morreu jovem, pouco
depois que Domnall nascesse.
Ele também foi enviado para formar-se com Simon, e embora Kade sempre esteve mais unido a
Ian, seguia contando com Domnall como família e amigo.
Haviam superado e sobrevivido a muitas coisas juntos e era difícil entender por que fez tudo
isto.
— Por quê? — repetiu Domnall e fez uma careta. — Suponho que te devo muito.
— Pelo menos — disse Kade em voz baixa.
O outro homem assentiu e depois encolheu os ombros.

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— Depois do acidente que te deixou inconsciente tanto tempo, quando não estávamos seguros
se viveria ou morreria, Angus nos explicou o que devíamos fazer por você e dar continuidade no que
você desejava fazer.
Devíamos vir a Stewart e forçar a seu pai que cedesse o título, e devíamos nos encarregar,
cuidar e dirigir Stewart por você.
Isso era o que você queria, disse, e então assinalou que ao ser o seguinte na linha depois de
seus irmãos, eu teria que fazer esse trabalho.
Fez uma careta.
— Desprezei a ideia dessa vez, mas a semente foi plantada e fui incapaz de me desfazer desse
pensamento. Eu, um laird de minhas próprias terras e gente. O guerreiro que liberaria os criados
oprimidos e aos soldados de três bêbados idiotas que não mereciam seu lugar como laird deles —
Domnall sacudiu a cabeça. — Não sabia do cofre de moedas nesse momento, mas queria ser o laird
Stewart.
Quando não despertou no final da primeira semana, comecei a pensar que poderia acontecer.
Na metade da seguinte, estava seguro de que nunca se recuperaria e que eu poderia ser quem
obrigaria seu pai a ceder, reclamar Stewart e me encarregar de governar as terras — torceu a boca. —
E eu gostava da ideia. Comecei a desejá-lo com todas minhas forças, e quando de repente despertou
depois de dormir tanto, em vez de me alegrar como todos os outros, senti que estava tão amargurado
como podia estar... E zangado com o que você possuía.
Aí foi quando decidi que precisava te ajudar a encontrar a seu criador afinal de contas e assim
poderia conseguir tudo o que mereço.
— Tudo o que é meu, quer dizer — disse Kade secamente, e quando o outro meramente
encolheu os ombros, perguntou com um pouco de incredulidade:
— E não teve escrúpulos em fazê-lo?
— Interpunha-se em meu caminho — disse com simplicidade.
O queixo de Kade se elevou como se tivessem golpeado com o simples sentimento, então
apertou a boca e perguntou:
— Assim como Ian e Angus?
— Bom, uma vez que nos falou sobre o cofre, o desejei — admitiu secamente. — Isso poderia
fazer tudo muito mais fácil, e como Angus havia dito que teria que tomar seu lugar e atender Stewart,
isso foi antes que algum de nós soubesse algo do cofre que escondia e com o qual contava que te
ajudasse a cuidar de Stewart.
E não confiava nem nele nem em Ian para sugerir que devíamos reparti-lo uma vez que
arrumasse para te matar, assim...
— Eles não o teriam aceitado e mesmo que assim fosse, havia mais que suficiente para
compartilhar — disse Kade com frieza. — Não precisava matá-los.

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— Aye, mas pensa como teria facilitado a convencer às pessoas a unir-se a mim contra seu laird
e seus filhos com toda essa riqueza em meu poder.
Além disso, depois desses três anos como escravo, desejava ter comodidades e coisas boas para
variar.
— Não tem consciência absolutamente — disse Kade assombrado, e se perguntou como passou
desapercebido tudo sobre o Domnall durante esses anos.
— Aye, minha babá costumava dizer isso também, e o dizia como se isso fosse um engano —
adicionou Domnall divertido. — Embora realmente não entendo a utilidade da consciência.
— Se quiser algo, por que não o ter? E por que devia ser você o laird e não eu? Você não o
desejava tanto, se não teria discutido com seu pai e o teria reclamado quando Merry te escreveu
pedindo isso.
Domnall encolheu os ombros.
— Assim matou ao Ian e Angus e veio aqui? — perguntou Kade calmamente.
— Nay. Dirigi-me a Mortagne. Pensei que continuaria ali e planejava aparecer com a triste
história que te contei quando despertei aqui, depois te mataria durante a viagem a Stewart.
Mas quando parei para acampar a um dia de viagem de Mortagne, escutei vozes sobre o rio e
me surpreendi de ver Averill na água com sua donzela. E depois quando você se uniu e os outros se
foram... Bem, isso foi um presente de Deus.
Era evidente que ele também queria que eu tivesse Stewart.
— Você me disparou a flecha — disse Kade.
— Aye, mas se moveu e quase mato Averill por engano — gesticulou e continuou: — Segui a seu
grupo de viagem depois disso, com a esperança de ter outra oportunidade, mas a primeira flecha te
deixou cauteloso.
Nunca abandonava os outros, permanecia sempre rodeado de soldados. E não voltou a tentar
nada com Averill a sós de novo.
Kade simplesmente o olhou e perguntou:
— E a pedra que caiu do muro?
— Aye. Conheço as passagens secretas como você. Seu pai me contou isso uma noite que
estava bêbado há uns anos. São muito úteis.
— E a segunda e a terceira flecha? — perguntou Kade, pensando que sabia a resposta.
Domnall assentiu.
— Acreditei que o havia conseguido dessa vez. Ia chegar aqui com seu cofre e reclamar para
mim as terras, mas pensei que primeiro me aproximaria silenciosamente para estar seguro de que
havia morrido.
Não podia me aproximar de ninguém aqui sem estar seguro que estava morto, assim como era
imperativo que aparecesse sem o cofre e que fosse recolhê-lo onde o escondi depois — apertou a

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boca com desgosto.


— É o bastardo mais afortunado de que ouvi falar. Não podia acreditar quando deslizei dentro
do castelo através da passagem e ali em cima estava você discutindo com Averill sobre descer ao
bosque com ela para buscar ervas.
Não só não estava morto, estava de pé e como se nada houvesse acontecido.
Sacudiu a cabeça com aborrecimento.
— Então voltei pela passagem e esperei que deixassem a fortaleza, e os segui até onde se
detiveram para recolher os juncos. Debatia-me entre voltar e utilizar as passagens para te matar, mas
quase me descobriram a primeira vez quando joguei a pedra sobre você, e pensei que era mais seguro
fazê-lo de dentro do castelo. Assim voltei a abrir minha ferida e encontrei Averill, que fez exatamente
o que eu esperava e me trouxe para o castelo.
— E pôs em marcha seu plano para me matar, mas falhou e matou Brodie em meu lugar —
disse Kade com frieza.
— Aye — disse com secura. — Como te disse, é um bastardo com sorte.
Um músculo sob seu olho pulsou com um tic nervoso e apertou os dentes antes de admitir.
— Deveria ter percebido que algo ia mal quando Averill não estava ali, mas acreditei que
dormiriam separados como fazem alguns casais. Quem teria pensado que ia deixar dormir a esse filho
de cadela em sua cama para ir você a outra?
Kade permaneceu em silencio durante uns minutos, e então perguntou:
— Como foi ferido?
— Eu o fiz.
Kade virou-se abruptamente para ver um fantasma na porta mais próxima agora aberta. Seu
primo, Ian, aparentemente se levantara de entre os mortos, estava pálido e sombrio, sua mão
repousava protetoramente sobre seu estômago.
Kade poderia ter acreditado que era um fantasma que vinha em busca de vingança se não fosse
pelo fato de que Will, Gawain e Aidan estavam atrás dele na porta.
Kade sorriu lentamente. Ian vivia.
— Nay! Matei-o! — Domnall quase gritou as palavras.
— Nay! Tentou-o! — espetou Ian furioso, e se voltou para Kade para dizer: — Acabo de chegar.
Teria vindo antes, mas não estava o suficientemente bem — assinalou para seu estômago e fez um
gesto.
— Tinha uma espada em meu ventre.
— Um presente de Dom? — perguntou Kade secamente.
— Aye. No caminho de volta a Mortagne depois de recolher seu cofre, paramos para acampar
de noite e despertei com uma espada no ventre. Estava tão furioso por sua traição que arranquei a
minha espada e devolvi o favor antes de perder os sentidos. Quando despertei, Angus estava morto e

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Domnall se fora com o cofre. Pensei que escaparia com ele para a França ou algo similar. Nunca
imaginei que teria coragem de vir aqui.
Estive perdido durante um dia e perdi os sentidos de novo. A seguinte vez que despertei estava
em um castelo e era atendido por um anjo. Sua gente encontrou Angus quando os disse onde
procurar e o enterraram.
Cuidaram-me até que recuperei a saúde e logo que pude caminhar, subi em um cavalo e
cavalguei até aqui para te contar o que aconteceu.
Ian se voltou para olhar Domnall enquanto terminava de dizer:
— Se soubesse que continuaria até aqui para causar problemas, teria enviado um mensageiro
em vez de esperar para trazer a notícia de sua traição pessoalmente. Sinto muito, primo.
Pelo que Will e Gawain me contaram, poderia ter evitado muita dor e salvar a vida de Brodie.
Nunca imaginei que ele se atreveria a mostrar sua cara por aqui.
Kade viu remorso e culpa no rosto de Ian e simplesmente fez um gesto desprezando suas
desculpas. Não o responsabilizava por nada e estava feliz de que estivesse vivo. Kade se voltou para o
Domnall.
— Se renda, Dom. Nunca será o laird deste lugar. E nunca sairá daqui. Sua única opção é baixar
a arma e se entregar.
Domnall hesitou, seus olhos deslizaram entre os homens, quando a pior coisa no mundo para
Kade aconteceu... Sua esposa chegou muito animada pela porta mais longínqua atrás de Domnall.
Toda bom ânimo e sorrisos felizes, completamente ignorante da situação em que estava
entrando, apressou-se a entrar na sala e comentou:
— Kade, Bess acaba de me dizer que Ian retornou, pensei... Domnall — se interrompeu com um
ofego horrorizado junto ao homem. — Deus bendito! O que está fazendo fora da cama?
— Esposa! — ladrou Kade, apressando-se para frente para tentar detê-la enquanto ela estendia
a mão para pegar o braço de Domnall, sem dúvida, para tentar conduzi-lo de volta à cama.
Entretanto, era muito tarde. Inclusive enquanto Averill parava para olhar em sua direção,
surpreendida diante de seu tom cortante, Domnall fechou a escassa distância que ainda os separava.
Puxou-a pela cintura com uma mão para pressioná-la contra seu peito, e com a outra apertou a
ponta da faca contra sua garganta.
Kade ficou imóvel, o sangue abandonou seu rosto e deixou sua mente intumescida com horror
enquanto via sua esposa nas garras de um homem que matou ao menos duas vezes e o tentou várias
vezes mais.
— Kade? — ela olhou seu rosto aflito com confusão, então se voltou para o homem que a
segurava. — Domnall? O que...
O coração de Kade se encolheu enquanto as palavras de sua mulher se apagavam. A
compreensão cresceu em seus olhos, sua inteligente esposa encontrou seu olhar e disse:

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— Domnall foi quem esteve tentando matá-lo?


Não havia medo em seu rosto, nem dúvida, só a calma que ela mostrou repetidamente em
momentos de crise. Nesse instante, Kade compreendeu que nunca amou a ninguém em sua vida
como amava a sua esposa.
Seu bom humor, sua paixão, sua coragem e sua calma silenciosa nas crises além da coragem.
Salvou sua vida no bosque quando lhe acertaram com as flechas, sem assustar-se e cavalgando até
Stewart para enviar ajuda, mas mantendo-o sobre seu cavalo e levando-o para casa. E agora
tampouco estava assustada. Suas palavras eram uma simples declaração de entendimento, não uma
pergunta, mas Kade assentiu confirmando de todas formas.
Quando olhou por fim a Domnall, o que descobriu é que o outro homem sorria triunfalmente.
— Posso ver que tenho mais opções agora — assinalou Domnall enquanto recuava para a
parede, levando Averill com ele.

Capítulo 18

Averill sentia a raiva ferver em seu interior diante da traição de Domnall a seu marido, mas a
ignorou para concentrar-se em manter-se em pé enquanto o odioso homem a empurrava para trás ao
longo do quarto.
— Dom.
A voz de Kade atraiu a atenção de ambos, e quando Domnall se deteve, Averill deixou escapar
um pequeno suspiro e olhou esperançosamente a seu marido enquanto este dizia:
— Pode viver como um laird em qualquer outra parte com o cofre. E é livre para pegá-lo e ir,
desde que deixe ir Averill ilesa.
— OH, aye — soprou Domnall. — Me deixará, simplesmente, sair daqui com o tesouro se solto a
sua mulher? Me toma por idiota?
— Tem minha palavra — disse Kade com firmeza. — Pode ir daqui agora mesmo, só deixa ir
Averill.
Olhando de esguelha, Averill captou a forma em que Domnall inclinou a cabeça e virou
ligeiramente seu olhar para Kade com uma expressão maravilhada.
— Acredito que possa estar falando a sério — disse o homem assombrado. — Realmente daria
tudo por uma moça a quem nem sequer viu há umas semanas?
— Aye — disse simplesmente Kade.
Averill se virou para olhar seu marido, seus olhos brilhavam com amor. Não fazia nem ideia do
que estava cedendo exatamente, mas sabia que era algo pelo qual se preocupou por algum tempo e

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que era importante para ele.


Mesmo assim, entregaria-o por ela. Isso era simplesmente a coisa mais maravilhosa que ela
ouviu em sua vida. Realmente tinha o homem mais doce, amável e carinhoso de toda a Inglaterra e
Escócia por marido, pensou Averill. Continuando, Kade acrescentou:
— Mas se não a deixa ir ou machucar um só cabelo da cabeça, arrancarei suas tripas com as
mãos nuas e o farei comê-las antes de te cortar a cabeça.
Bom, pensou vagamente Averill, possivelmente "doce" não era a palavra adequada para
descrevê-lo.
Atrás dela, Domnall riu entre dentes com secura, sua respiração golpeava-lhe o cabelo,
revolvendo-o ligeiramente.
— Agora esse é o Kade que conheço. É bom saber que este matrimônio não te governa por
completo.
Kade o olhou friamente.
— Qual é sua resposta? Diga que a deixará ir, vá daqui e farei que os homens baixem suas
armas.
— Essa é realmente uma boa oferta — disse Domnall secamente. — E sei que em geral é
honorável a respeito de sua palavra. Seja como for, acredito que desta vez não vou correr riscos.
A levarei comigo para garantir minha segurança na fuga e você permanecerá aqui para se
assegurar que não a matarei. A deixarei livre quando sentir que é seguro fazê-lo.
Domnall começou a mover-se de lado, forçando Averill a mover-se com ele pressionando a faca
mais estreitamente contra seu pescoço, de maneira que ou se movia com ele ou ela mesma cortaria a
garganta.
Moveu-se, seus olhos procurando os de Kade enquanto tentava memorizá-lo, se por acaso fosse
a última vez em sua vida que o via.
Averill viu o modo em que apertava as mãos contra o lado, seu corpo rígido com impotência,
frustração e raiva, e quando levantou a vista encontrou seus olhos cravados nos próprios como se
fosse sua vez de memorizá-la.
Ela tentou oferecer um sorriso tranquilizador, mas soube que foi um completo fracasso. Estava
assustada e os músculos de sua face não obedeciam a silenciosa ordem de sua mente para ocultá-lo.
Domnall se deteve e Averill sentiu os músculos do peito masculino mover-se contra suas costas
enquanto ele fazia algo atrás de ambos, a seguinte coisa que percebeu foi uma baforada de ar viciado.
Recordou a noite em que deslizou através de corredores secretos até o quarto de Kade, e soube
que Domnall abrira alguma espécie de passagem atrás deles. Perguntou-se brevemente por que seu
marido não mencionou que Stewart também as tinha, mas supôs que não teve oportunidade para
mencioná-lo. Além disso, essa informação já não importava muito, pensou, enquanto Domnall
amaldiçoava repentinamente.

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Olhando de esguelha tanto como pôde, Averill tentou ver o que fez amaldiçoar o homem e viu
que pegou uma vela do suporte da lareira... Uma vela apagada que dificilmente seria de alguma
utilidade.
Sentiu-o titubear, então viu como seus olhos voltavam a dirigir-se a Kade e ao homem junto à
porta.
— Você! Menino! — espetou, e Averill descobriu Menininho de pé no corredor, observando
através da porta, analisando a situação. Não obstante, o menino dirigiu sua atenção para eles diante
da chamada de Domnall.
Como ocorreu a primeira vez que ela viu o menino, seus olhos se abriram como pratos
enquanto assinalava a seu próprio peito interrogativamente.
— Traga uma tocha acesa do corredor — ordenou bruscamente Domnall, desprezando a
imprestável vela.
Averill apertou os dentes e mal se conteve de saltar nervosamente enquanto o candelabro e a
vela golpeavam o chão, deslizando-se por ele.
Viu Menininho dar a volta e olhar duvidoso ao chegar ao corredor, mas quando não se moveu,
ela percebeu que as tochas estavam muito altas para que ele as alcançasse.
Aidan pareceu perceber também e se dirigiu ao corredor e fora da vista para pegá-la para o
menino. Voltou um momento depois e entregou a tocha acesa. Imediatamente Menininho procedeu
a levá-la, seus olhos estavam muito abertos e preocupados e Averill forçou um sorriso alentador para
o menino.
Se iria tranquilizá-lo ou não, não sabia, mas o menino puxou o ar para o peito e se obrigou a
fazer desaparecer o medo de sua face enquanto os alcançava.
— Entregue a ela — espetou Domnall quando Menininho se deteve.
Averill estendeu a mão, mas o menino hesitou, elevando o queixo e acrescentando com
valentia:
— Eu posso levá-la para você. E assim pode deixar ir lady Averill.
Averill olhou ao menino com indulgência e seu sorriso foi sincero quando sussurrou:
— Obrigado, Menininho, mas será melhor se eu a levar.
Quando o menino hesitou, acrescentou suavemente.
— Tudo estará bem.
— Eu disse que a dê a ela — grunhiu Domnall com impaciência.
Menininho não parecia contente, mas passou a tocha. Averill mal a agarrou pelo cabo de
madeira quando Domnall começou a arrastá-la de costas para a passagem atrás deles.
Ela viu Menininho adiantar-se para segui-los, como era seu costume, mas Domnall subitamente
alcançou e golpeou uma alavanca que se encontrava junto a eles e a entrada da passagem se fechou
de repente, encerrando-os juntos na parede e deixando fora a todos os que amava.

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Domnall não perdeu tempo. Virando-a a fez avançar, urgindo-a na passagem escura e estreita
do corredor situada atrás dos quartos.
Averill não estava preparada quando ele, de repente se deteve, e piscou quando sentiu a faca se
afundar em sua garganta ao não parar suficientemente rápido, mas teve pouco tempo para
preocupar-se quando Domnall, de súbito, retirou a mão que sustentava a faca contra sua garganta e a
empurrou para frente.
Pega outra vez de surpresa, Averill tropeçou e caiu sobre suas mãos e joelhos no sujo chão de
pedra, a tocha escapando das mãos enquanto tentava salvar a si mesma da queda.
— Agarre isto — ordenou Domnall e Averill pensou que se referia à tocha, mas ele se
encontrava diante dela, agarrando-a e assinalando por cima de sua cabeça, repetindo: — Agarre.
Averill deu a volta para ver para onde assinalava e descobriu que caiu em frente a um vão pouco
profundo, o suficientemente grande para um cofre de bom tamanho.
Ficando de joelhos, aproximou-se mais, olhando-o com curiosidade e perguntando-se o que
havia dentro.
— Maldição, ande depressa! — espetou furioso, chutando-a no lado. — Não demorarão muito
em nos seguir.
Apertando os dentes contra as espetadas de dor que o chute produziu na parte baixa do
quadril, Averill se obrigou a ficar de pé e agarrou o cofre pelas asas laterais. Começou a levantá-lo,
mas o cofre não se moveu.
Franzindo o cenho, ficou de cócoras para usar as pernas e levantá-lo, tentando-o de novo, mas
era muito pesado e seus esforços não o estavam movendo absolutamente.
— Levanta-o — espetou Domnall.
— Não posso — disse Averill. — É muito pesado.
— Será melhor que não o seja, ou não me será de nenhuma utilidade. Eu não posso levá-lo e os
vigiar ao mesmo tempo.
Mordendo o lábio diante da ameaça nessas palavras, Averill fez outro esforço, mas foi inútil.
Não podia levantá-lo.
Domnall começou a se aproximar dela com olhos frios e decisão no rosto à luz da tocha, quando
a porta da passagem se abriu atrás deles. Amaldiçoando, olhou a seu redor desesperadamente,
aproximando-se da parede junto a ela e chutando algo. depois jogou a tocha corredor abaixo para
Kade enquanto este começava a entrar nele, mas Averill viu que seu marido recuava de novo para o
quarto para se esquivar da tocha.
Então Domnall a agarrou pelo braço, na escuridão, e a pôs de pé. Tropeçou quando ele a
empurrou e viu que abriu outra entrada, a seguir foi empurrada dentro de um quarto.
A entrada se fechou de repente atrás deles.
Antes que Averill pudesse saber onde se encontrava, Domnall a apertou novamente contra seu

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peito, com a faca uma vez mais contra sua garganta, enquanto que com a outra mão lhe cobria a
boca.
— Faça ruído e te matarei agora mesmo — a preveniu Domnall em um rude sussurro, fazendo
que ambos se aproximassem da parede para tentar escutar o que estava acontecendo na passagem
do outro lado.
Averill olhou ao redor enquanto esperavam, percebendo rapidamente que estava no quarto de
Brodie. Não sabia se assim o planejou o homem ou se devia à boa sorte, mas escolheu o quarto em
que era menos provável que os encontrassem. Com o Brodie morto, ninguém se incomodaria em
entrar em seu quarto até que alguém ordenasse que fosse limpo, e duvidava que os homens sequer
considerassem que Domnall poderia atrever-se a ocultar-se em um quarto, eles não sabiam que esse
cofre tão importante estava no nicho da passagem. Se Domnall não a fizesse notar, com certeza ela
não teria percebido.
E Kade e os outros os estariam procurando mais adiante, esperando que Domnall seguisse toda
a passagem até qualquer lugar que esta terminasse.
Domnall apertou seu agarre, a faca pressionando dolorosamente contra sua pele e Averill
percebeu os débeis sons de vozes que se aproximavam. Supunha que para que eles os escutassem
dali, a entrada devia ter um pequeno sulco no chão ou onde esta se unia com a parede, mas não tinha
importância. Para ela soava como se as vozes estivessem quase diretamente do outro lado da parede
e passando ao longo.
Averill fechou os olhos e tentou pensar. Domnall sem dúvida esperaria que passassem e então...
O que? Considerou a situação e se deu conta com um sentimento de desgosto de que sua
impossibilidade para levantar o cofre a colocava em uma situação precária. Como ele havia dito, não
podia carregar o cofre e segurar a faca contra ela ao mesmo tempo. Em vez de um escudo entre ele e
os que os seguiam, ela era uma carga e um risco.
Com os homens aí fora buscando-os de cima abaixo, Domnall possivelmente poderia
permanecer a salvo neste quarto durante algum tempo, sem temor a ser descoberto. Quando as
coisas se acalmassem, ele poderia fugir, pegar o cofre e desaparecer com ele... Em qualquer caso, não
a necessitava para nada. De fato, mantendo-a com vida se arriscava a que ela gritasse ou de algum
jeito fizesse um ruído que o pusesse em perigo.
Domnall a mataria, se deu conta Averill com seriedade. Era o movimento mais inteligente.
Provavelmente esperaria para fazê-lo até que os homens passassem de comprimento, mas ela
duvidava de que esperasse muito mais.
Se pretendia salvar a si mesma, teria que fazê-lo muito em breve, decidiu, como nesse mesmo
momento.
Aguentando o fôlego, Averill começou a apalpar a seu redor procurando com as mãos algo que
pudesse usar como uma arma. Fez o melhor que pôde para manter suas costas e a parte superior dos

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braços
O mais quieto que podia enquanto o fazia, com a esperança de que isso evitasse que Domnall
percebesse o que estava fazendo. Fechou os olhos e deixou escapar o fôlego em uma lenta exalação
quando sentiu algo apoiado junto a parede diante dela, e deslizou os dedos sobre tal objeto, tentando
deduzir o que era e se seria de alguma utilidade.
Levou um momento em perceber que era o escudo de Brodie. Um de fino metal do que ela
duvidava que tivesse visto alguma vez uma batalha; aquele que Menininho usou contra ele em sua
primeira noite aqui, quando Brodie a atacou.
Tentando não mover muito a parte superior de seus braços e os músculos das costas,
lentamente Averill agarrou a borda do escudo e arrumou para levantá-lo. Depois o levantou
suavemente até que pôde agarrá-lo com ambas as mãos. Averill se deteve para decidir o melhor
modo de proceder, mas parecia ter pouca escolha no assunto. A única opção disponível era levantá-lo
sobre sua cabeça, deixá-lo cair sobre a cabeça dele e esperar fazê-lo com força suficiente para
nocautear o homem, ou certamente cortaria sua garganta pelo problema que ela representava.
Apertando os dentes, Averill tomou fôlego e o fez. Ignorando a faca em sua garganta, levantou o
escudo com tanta força como pôde reunir e o baixou sobre sua cabeça em direção a Domnall.
Felizmente, distraído como estava escutando na parede, o homem não percebeu o que ela
estava a ponto de fazer até que foi muito tarde. Escutou o gongo do metal do escudo golpear contra a
cabeça e o grunhido surpreso de Domnall.
De repente se viu livre e imediatamente Averill deu um passo ao lado, levantando de novo o
escudo e girando para encará-lo ao mesmo tempo.
Domnall bramou furioso, vendo vir o segundo golpe, e tentou levantar um braço para proteger-
se, mas aturdido pelo primeiro golpe, estava torpe e muito lento, e Averill foi rápida motivada pelo
desespero.
Golpeou-o com o escudo uma segunda vez com um grito furioso de sua parte, pondo cada
grama do peso e força que possuía nisso, deixando cair um demolidor golpe em sua testa.
Imediatamente, Avery levantou o escudo para um terceiro golpe, mas Domnall estava caindo
para frente e ela saltou para trás, mantendo o escudo preparado em caso de que se atrevesse a se
mover do chão.
Estava olhando-o com cautela quando a parede junto a eles se abriu de repente e os homens
entraram em turba. Kade estava à frente e parou abruptamente analisando a situação. Seu olhar
deslizou sobre o homem caído diante dela e depois para Averill. Deixando Domnall para que os outros
se encarregassem dele, passou por cima do homem com indiferença e foi direto para ela.
Averill deixou que o escudo se deslizasse de seus dedos, ignorando o "clang" quando este
golpeou o chão e seu marido a alcançou imediatamente pegando-a nos braços.
Ela se agarrou a seus ombros e se manteve assim enquanto ele se voltava, tentando levá-la fora

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do quarto.
— Kade?
Ele se deteve imediatamente e os girou para Will.
— Aye?
— O que devemos fazer com ele? — perguntou seu irmão, gesticulando para o homem sobre
quem se abatiam Ian, Gawain, Aidan e ele.
— Atirem-no ao calabouço — disse friamente Kade.
Começou a se mover com ela nos braços, mas se deteve quando Will disse:
— Bem, suponho que podemos fazer isso, mas não sei por que poderia querer prender um
cadáver com correntes.
Averill olhou atentamente o homem caído enquanto Kade fazia o mesmo. Abriu muito os olhos
quando viu que Will e Gawain deram a volta em Domnall para revelar sua própria faca se
sobressaindo de seu peito.
Aparentemente caiu sobre ela quando tombou.
— Então façam o que quiserem com ele. Não me importa — disse Kade com indiferença, dando
de novo a volta. Nesta ocasião a tirou do quarto sem que o chamassem para que voltasse.
— Estou bem. Não precisa me levar nos braços — murmurou Averill, enquanto ele a carregava
pelo corredor para seu quarto.
— Está sangrando — disse ele com seriedade.
— O que? — perguntou surpreendida.
— Seu pescoço.
Com preocupação, apalpou o pescoço e piscou diante do comprimento do corte em sua
garganta. Era longo, mas Averill não fazia ideia se aconteceu quando golpeou Domnall na cabeça a
primeira vez, ou antes disso, quando ele começou a arrastá-la. Mas ela não acreditava que fosse
muito profundo, ao menos assim o esperava.
— Está bem — disse Averill tranquilizadoramente. — Mal dói.
Kade o ignorou e bramou o nome de Bess enquanto a subia pelas escadas.
— Marido, estou bem. De verdade — insistiu ela, tentada a sorrir diante de sua preocupação.
Isso não teve maior efeito que seu anterior intento de tranquilizá-lo e ele continuou para seu
quarto. Uma vez ali, Kade a levou para a cama, onde se deteve. Em vez de deixá-la nela, deu a volta e
arrumou para sentar-se ele mesmo na borda, segurando-a ainda em seus braços. Beijou-a com uma
violência mal reprimida que lhe roubou o fôlego.
— Nunca mais me assuste desse modo — grunhiu Kade quando finalmente levantou a cabeça.
— Acreditava que tinha te perdido.
Averill o olhou, um pouco aturdida pela profundidade da emoção que viu em seus olhos, depois
olhou para a porta, quando Bess entrou afobadamente no quarto.

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— Chamou-me, minha... — sua voz morreu quando viu Averill.


A criada empalideceu diante do sangue que Averill agora sentia deslizar por seu pescoço, então
deu a volta e se apressou a sair para o corredor, gritando por água e linhos. Bess esteve de volta no
quarto em um instante e se dirigiu para o baú no qual Averill guardava sua bolsa de remédios.
Deteve-se o suficiente para pegar o que pensou que necessitaria da bolsa e se colocou de pé diante
de Averill e Kade.
— O que aconteceu? — perguntou Bess enquanto colocava dois dedos debaixo do queixo de
Averill e levantava a cabeça para ver melhor a ferida.
— Domnall a cortou — grunhiu Kade, soando como se gostasse de matar o homem, estivesse já
morto ou não.
— Espero que o golpeie por isso — disse Bess muito séria enquanto se inclinava aproximando-
se.
— Nay — disse Kade, soando infeliz, e acrescentou: — Averill o matou.
— Não o fiz — ofegou, retirando bruscamente o rosto da mão de Bess para olhar a seu marido.
— Simplesmente o golpeei com o escudo. Ele caiu sobre sua própria faca e matou a si mesmo.
— OH — disse ele, e seus lábios se estiraram formando um lento sorriso. — Mocinha, você e
Morag estão demonstrando uma grande habilidade com os escudos. Acredito que deveríamos
pendurar alguns em cada parede para os ter à mão.
Se alguma vez nos invadirem, podem expulsá-los a golpes por nós.
— Morag usou uma bandeja — recordou Averill, aliviada ao ver que desaparecia um pouco da
tensão.
— Um escudo é mais pesado — assinalou ele. — E se houvesse um em seu quarto essa noite,
ela não teria jogado sua comida.
— Sim — concordou Averill. — Um escudo então.
Sorriram um ao outro e olharam ao redor quando um rangido anunciou a chegada de Morag.
Levava uma bacia com água e os linhos que Bess pedira a gritos, de modo que Bess pegou com alívio e
rapidamente começou a limpar o pescoço de Averill.
— A ferida necessita de pontos — decidiu Bess assim que limpou o sangue.
— Não — ofegou Averill, baixando alarmada a cabeça.
— Está sangrando muito, Avy — disse Will, dando a conhecer sua presença, e ela voltou-se para
descobrir que tinham uma boa audiência.
Will, Menininho, Aidan, Gawain e Ian estavam de pé olhando com expressões solenes, cada um
assentiu com a cabeça quando ela os olhou.
Morag ainda estava rondando perto, e Lily e Annie entraram no quarto nesse momento.
Averill mordeu o lábio e olhou para Kade.
— É um corte feio, esposa, e em um lugar delicado. Cada vez que vire a cabeça voltará a abrir-

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se. Será melhor se costurar — disse lamentando-se, e olhando às criadas, ordenou. — Traga um
pouco de uísque.
— Deveria ir buscar a agulha — anunciou Bess, movendo-se quando Morag se encaminhou para
trazer o requerido uísque.
— Mas... — começou a dizer Averill com algo parecido ao pânico.
Deteve-se, não obstante, antes de soltar o resto do que queria dizer, que não queria ter pontos.
Averill costurou incontáveis feridas desde que sua mãe a ensinou a atender os achaques e as feridas,
mas só uma vez os necessitou nela mesma, e foi por um corte na palma da mão quando era uma
menina. Foram dois pontos muito pequenos, mas em suas lembranças doeu como o inferno e ela
sabia que este corte era muito mais largo, e temia que ia doer inclusive muito mais. Em vez de soltar
seu desejo de não os ter, tentou-o de novo.
— Mas marido, certamente se pusermos um pouco de unguento na ferida e a enfaixarmos,
fechará-se por si só. Não virarei a cabeça durante um tempo. Estou segura de que não é tão profundo
e sarará logo.
— Você não pode vê-lo, esposa. Não é superficial.
— Mas... — Averill se deteve quando uma pequena mão se deslizou na sua. Voltando-se,
encontrou a si mesma olhando a Menininho enquanto apertava os dedos com os seus menores, de
modo tranquilizador.
— Eu segurarei sua mão, minha senhora — ofereceu solenemente o menino. — Não será tão
mau e pode me apertar tão forte como quiser se doer.
Minha mãe sempre segurava a minha quando cuidava de meus cortes e arranhões; ajuda se
fecha os olhos muito forte e se aperta os dedos de alguém.
Emocionada, Averill deixou escapar o fôlego com um pequeno bufo e apertou sua mão
suavemente com gratidão.
— Obrigado, Menininho. Devo te devolver o favor se alguma vez o necessitar.
Ele sorriu diante de suas palavras, depois olhou ao redor enquanto Morag entrava de novo com
uma caneca de uísque nas mãos.
Vendo-a, Averill ficou séria. Ela nunca se preocupou muito pela bebida, e parecia irônico que
fosse beber algo agora quando se esforçou tanto para fazer que seu sogro e Gawain deixassem de
beber.
Mas o pediu muito frequentemente no passado para os homens com os quais estava a ponto de
empregar a agulha ou a faca, e suspeitava que estaria agradecida pelos efeitos do fogo líquido uma
vez que a agulha de Bess começasse a entrar em sua pele.
Endireitando os ombros diante do mero pensamento, Averill estendeu a mão para a caneca.

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Capítulo 19

O click do ferrolho da porta do quarto sacudiu Averill da aborrecida sesta que se concedeu.
Passaram-se três dias desde que Domnall morreu. Brodie e ele foram enterrados, Brodie na
cripta familiar com um sacerdote que o guiasse em seu caminho ao mais à frente, e Domnall sem
nenhum rito religioso e longe do castelo. Tudo se restabeleceu em Stewart após. O pai de Kade
deixou de chorar por estar morrendo e em troca, começou a vestir-se, a assear-se e fazer aparições
no salão a mesa para comer. Para seu alívio, ele e Gawain seguiam sem beber, e embora Averill sabia
que podiam voltar a cair em seus velhos hábitos, Kade e ela fariam todo o possível para evitá-lo.
Ian estava se recuperando muito bem da ferida que Domnall fez e falava sobre voltar a
encontrar a moça inglesa que o curou. Will falava sobre levar a seus homens e dirigir-se a casa
possivelmente a recolher a sua própria noiva e estabelecer-se, a maioria dos criados haviam voltado
para Stewart e retornava o antigo esplendor ao castelo.
Ao menos, isso foi o que disseram a Averill. Ela não sabia nada disto com segurança porque
ficou presa no quarto que compartilhava com Kade... Curando-se. Averill revirou os olhos com
desgosto diante do pensamento. Kade era inclusive mais incômodo como enfermeiro que ela, e
insistiu em que devia guardar cama depois de que a ferissem e dos pontos de sutura que Bess fez no
pescoço.
Havia passado os últimos três dias aborrecida até as lágrimas, só com o Menininho e Bess e as
visitas ocasionais de seu irmão ou de algum outro homem do torreão que a acompanhava durante o
dia.
Kade ia sentar se com ela durante a tarde e lia como ela fez com ele, sua voz profunda deslizava
sobre ela como ondas balsâmicas. Entretanto, Averill estava farta de que a obrigassem a descansar e
planejou durante todo o dia que falaria com o Kade quando chegasse essa noite, e que insistiria em
que a deixasse se levantar no dia seguinte.
Recordando sua intenção, observou-o enquanto ele começava a se despir. A princípio Averill
estava tão distraída pela visão que perdeu a maior parte do fio sobre o que queria falar com ele,
então observou os ombros caídos e seu rosto sério e o cenho franzido. Estava muito decaído e assim
esteve desde a noite em que Domnall morreu. Inicialmente, ela não foi capaz de entender o que o
causava.
Ela se sentia aliviada de que estivesse morto ou ao menos de que a ameaça contra seu marido
houvesse acabado. Mas Averill recordou que Domnall era seu primo e que uma vez foi amigo e
companheiro de Kade, e que apesar de seu comportamento assassino ao final, seu marido
provavelmente estivesse de luto por sua perda.
Averill esperou que ele terminasse de se despir e deitasse na cama junto a ela antes de abordar

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o assunto, e só então disse suavemente:


— Sinto muito, marido. Sei que Domnall uma vez foi seu amigo. Deve chorar por ele apesar de
como se tornou no final.
Kade se voltou e a olhou com receio.
— Está louca? Matou Angus e tentou matar Ian e você — sacudiu a cabeça. — Nay. Não estou
mal porque ele morreu. Evitou que o matasse pessoalmente. Mas o bastardo se matou antes de que
pudesse descobrir o paradeiro do cofre.
Deve estar sentado no inferno rindo como um tolo ao me ter superado nisso — Kade apertou os
dentes diante do pensamento e acrescentou amargamente:
— A pior parte de tudo é que os habitantes de Stewart serão os que pagarão por isso. Eu
contava com o cofre para ajudar a passar o inverno este ano.
Os olhos de Averill se abriram ao recordar de repente do cofre que ele e Domnall pareciam
achar tão importante. Não surgiu o tema nesses dias, mas agora que o fazia, tinha boas notícias para
o Kade.
Averill abriu a boca para dizer onde estava, mas a curiosidade a fez perguntar em seu lugar:
— O que há nesse cofre que é tão importante para que Domnall matasse a dois homens e pelo
qual teria te assassinado?
— Moedas — disse Kade simplesmente.
Averill franziu o cenho e murmurou.
— Pois deve ter um montão de moedas, por isso que o condenado pesava tanto. Não podia
quase nem levantá-lo quando Domnall me ordenou fazê-lo.
— O que?
Ele a olhou bruscamente.
Ela esboçou um sorriso e anunciou:
— Está na passagem secreta, no quarto junto à entrada do quarto de Brodie. É provável que
tenha passado...
Averill guardou silêncio. Seu marido já não a estava escutando. Jogou-se da cama e cruzava o
quarto. Kade saiu pela porta antes que ela pudesse gritar para recordar que estava nu.
Sacudindo a cabeça, puxou os lençóis de linho de debaixo das peles da cama e se envolveu com
o suave tecido cobrindo a fina camisola que vestia enquanto se levantava para o seguir.
Já estava na porta antes de pensar em agarrar o tartán de seu marido para que ele se vestisse.
Murmurando em voz baixa com desgosto, Averill percorreu o chão escuro em busca da roupa
desprezada por seu marido, quando a agarrou voltou a dirigir-se para a porta, só para ter que lutar
com ela, tentando abri-la sem perder o agarre que tinha sobre o tartán e sobre o lençol que a
envolvia. Obteve-o em pouco tempo e esforço, e saiu ao corredor a tempo de ver o Kade retornar.
Dirigiu-se para ela, era um homem completamente diferente ao que entrou com os ombros

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caídos fazia um momento em seu quarto. Kade seguia completamente nu como um bebê, o cofre era
a única coisa que cobria do peito à virilha, mas seus ombros estavam erguidos, seu passo era seguro,
e um sorriso dividia seus lábios enquanto levava o cofre para ela... Como se a maldita coisa não
pesasse nada, notou Averill, impressionada com a força que ele exibia.
Quando quase a tinha alcançado, Averill se fez a um lado para que entrasse ele primeiro no
quarto, vendo enquanto o fazia que Morag e Bess estavam no alto das escadas, ofegando atrás dele
como um par de tolas.
Sacudindo a cabeça, Averill seguiu a seu marido até o quarto de ambos e fechou a porta.
Kade já estava na cama quando ela cruzou o quarto. Sentou-se com as pernas cruzadas, o cofre
diante dele, e tocando o ferrolho para abri-lo. Escutou o click quando o conseguiu, e a seguir abriu a
tampa revelando seu conteúdo.
Averill se deteve diante da visão das moedas. O cofre estava cheio até a borda, e algumas se
derramaram sobre a superfície da cama.
— É rico — suspirou assombrada.
— Aye — disse com um sorriso. — O somos.
— Mas como...? — perguntou Averill desconcertada.
Kade encolheu os ombros.
— Logo que demonstrei minha valia comecei a trabalhar como mercenário. Alugava minha
espada para ajudar a todo aquele que pudesse pagar — sorriu. — Os homens desesperados pagam
bem.
Quando Averill o olhou surpreendida, ele voltou a encolher os ombros.
— Não tinha nada melhor que fazer. Mãe não me queria perto de Stewart, como o meu pai... E
o tio Simon não ia ajudar-me, assim formei um pequeno exército de homens e juntos trabalhamos
por dinheiro.
Voltou de novo seu olhar ao cofre e acrescentou:
— Os homens frequentemente gastavam as suas moedas em mulheres e bebida, mas como não
sou bebedor, e nunca tive que pagar pelas mulheres, economizei a maior parte das minhas.
Além disso, eu cobrava uma tarifa adicional por arrumar tudo — seus olhos percorreram as
moedas e disse. — Sempre planejei usá-las em benefício de Stewart. Mas não compreendi quanto ia
necessitá-las.
Averill se sentou sobre a cama, perguntando com desconcerto.
— Mas se é rico, por que se casou comigo?
— O que? — Kade se voltou para ela surpreso. Enrugou a testa diante da expressão perplexa de
sua esposa. — Por que acha que o fiz, Averill?
— Por meu dote — admitiu ela.
Ele soltou um bufido.

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— Por essa ridícula quantia?


Ela ficou vermelha como um tomate.
— Foi bastante generosa.
— Aye — disse Kade com doçura, e pressionou um beijo em sua face, depois se endireitou
novamente e pegou um punhado de moedas que deixou que chovessem sobre as demais. — Mas
nada próximo a isto.
Averill olhou para o cofre também e teve que admitir que ele estava certo, seu dote não estava
perto desta riqueza.
— Acreditava que me casei com você por seu dote? — perguntou-lhe, distraindo-a.
Averill se ruborizou, mas assentiu.
— Bom, sim, isso e porque sou a irmã de Will.
Kade lançou uma gargalhada diante disso.
— Com esses cálculos, deveria ter me casado com seu pai.
Ela sorriu automaticamente, mas então enrugou o sobrecenho e perguntou:
— Mas então, por que se casou comigo, marido?
— Avy — disse ele com seriedade. — Por que não ia fazê-lo? Eu gostei de você desde o começo,
desfrutava com sua companhia, pensava em seu formoso cabelo e em sua adorável marca de
nascença... E depois comecei a te amar.
Possivelmente desde antes de nos casar. Ansiava sua companhia cada minuto que
permanecíamos separados.
Averill o olhou com desconcerto, então assinalou:
— Se gaguejo como uma idiota...
— Não como uma idiota — disse Kade por sua vez, quase soando incomodado. — Gagueja
quando está nervosa, isso é tudo, — estalou a língua com desgosto e perguntou. — Acha que
Menininho é tolo?
— Não, é obvio que não. E sei que não o sou, mas os outros acreditam que o sou quando
começo a gaguejar, e...
— Por que se importa com o que os outros pensem? — perguntou ele com um encolhimento de
ombros. — Eu sou seu marido e sei que é inteligente.
As sobrancelhas dela se elevaram e perguntou insegura.
— E não se incomoda que seja inteligente?
— Por que ia me incomodar? — perguntou surpreso.
Averill encolheu os ombros com tristeza.
— A maioria dos homens não querem esposas inteligentes.
— Eu não sou a maioria dos homens — disse Kade secamente. — E nay, não me incomoda. De
fato, amo sua inteligência, Avy. Amo-a.

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Averill mordeu o lábio, e então admitiu.


— Eu também te amo, marido, e suspeito que também o amo desde antes de nosso
matrimônio. Não pude evitá-lo. Will enchia meu coração com tantas histórias sobre sua honra e
coragem que já estava meio apaixonada por você antes mesmo de que despertasse.
O sorriso que cruzou o rosto masculino foi tão brilhante, suficiente para iluminar a noite mais
escura, mas Averill teve poucas possibilidades de desfrutá-lo. Kade se inclinou para frente e a beijou,
sua boca cobriu a dela em um beijo apaixonado como se fosse para selar um acordo, e Averill
suspeitou que isso era quão único ele tentava que acontecesse, mas como acontecia sempre que ele
a beijava, sua paixão se acendeu e ardeu quente e brilhante entre eles. Depois de uns momentos,
Kade rompeu o beijo, mas só para tirar o cofre da cama. Persuadiu a ficar de pé e tirou o lençol que a
rodeava, depois a camisa de dormir e a conduziu de novo à cama. Seguiu-a apertando-a contra seu
peito para beijá-la de novo.
Kade pressionava seu corpo contra o dela enquanto a beijava, uma perna se deslizou entre as
dela enquanto ele a aproximava mais, tanto que suas mãos podiam deslizar-se para cima e abaixo por
suas costas cavando suas mãos sobre seu traseiro. E então, interrompeu o beijo bruscamente e
murmurou:
— Seu pescoço.
— Está bem — assegurou ela rapidamente, introduzindo as mãos entre eles para alcançar sua
alentadora ereção. — Está sarando. Bess diz que me tirará os pontos em uns dias.
Averill fez uma careta enquanto o dizia, receber esses pontos era uma prova que demoraria
para esquecer. Só conseguiu evitar o pranto e os gritos de dor porque havia muita gente olhando-a
com preocupação.
As mãos de Kade se deslizavam a distraindo dessas lembranças desagradáveis, e ela viu como
uma delas se fechava sobre seu seio, apertando e amassando a auréola, para a seguir beliscar o
mamilo até que gemeu com a excitação que crescia nela. Quando ele a pôs sobre suas costas, Averill
fechou os olhos e foi de boa vontade até que disse:
— Devemos ser cuidadosos. Não se mova.
Seus olhos se abriram diante da ordem, e ela sem pensar começou a mover a cabeça para olhar
abaixo, enquanto ele se deslizava sobre seu corpo, mas um puxão dos pontos de seu pescoço a fez
deter-se.
Averill se forçou a deitar-se de novo, discutindo consigo mesma que devia ficar quieta, então se
agarrou aos lençóis e conteve o fôlego enquanto Kade tomava um mamilo ereto em sua boca e
começava a sugá-lo.
Permanecer em silencio se converteu logo em um desafio quando os lábios e a língua errante
em seu seio esquerdo se moveram mais abaixo, explorando seu umbigo, o quadril, o interior da coxa.
No momento em que a incitou a abrir as pernas e se inundou entre elas, beijando-a ali, Averill

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tremeu por tanta excitação e prazer que estava ficando impossível controlar-se.
Queria mover o corpo, precisava girar a cabeça a um lado e outro sobre o travesseiro.
— Marido, por favor — ofegou Averill quando já não pôde aguentar mais. — Pare e me faça
amor ou com certeza começarei a agitar a cabeça e soltarão os pontos.
Kade se deteve imediatamente e elevou a cabeça para olhá-la. Aparentemente o que dizia não
era uma brincadeira. Arrastou-se de volta para seu corpo. Depois fez uma pausa, permanecendo
quieto, seus quadris descansavam entre os dela e os braços sustentavam seu peso enquanto olhava
para o rosto dela.
— Abre as pernas para mim — grunhiu.
Averill obedeceu de pronto, movendo-se contra ele. Então Kade inclinou a cabeça para beijá-la.
Seus lábios roçaram os dela uma vez, duas, seus quadris se moviam compassados com essa ação e sua
ereção se esfregou contra o centro quente dela, umas estocadas firmes que a fizeram gemer. Averill
estendeu as mãos para alcançar seus ombros, agarrando-se a ele enquanto seus quadris se elevavam
e seus pés pressionavam a cama enquanto ela se empurrava mais firmemente na carícia. A língua dele
deslizava obrigando a seus lábios a afastar-se e se introduziu em sua boca enquanto sua ereção se
introduzia firmemente no núcleo dela, e Averill gemeu agradada diante da excitante combinação.
Levando suas mãos para a cabeça de Kade, Averill deslizou os dedos entre seu cabelo, as unhas
arranhavam seu couro cabeludo e o urgia a seguir enquanto ela continuava arqueando-se diante de
suas investidas, dando a bem-vinda com seu corpo e seu coração até que o prazer alcançou seu ponto
mais alto, e seu corpo vibrou e se esticou com sua liberação.
Só então Kade rompeu seu beijo, um grito escapou de sua boca enquanto jogava a cabeça para
trás e se introduzia nela uma última vez, sua cálida semente a encheu. Depois abaixou a cabeça
ficando suspenso dessa forma, seus olhos fechados quase com dor, seus corpos continuavam unidos
pelos quadris até que um pequeno suspiro escapou de seus lábios e ele saiu de seu interior para
deitar-se junto a ela.
Kade pôs então Averill sobre seu peito, sendo cuidadoso com seu pescoço enquanto o fazia.
Uma vez que ela esteve cômoda, ele deixou escapar um segundo suspiro, este foi uma longa rajada de
prazer.
Averill elevou os olhos para olhá-lo com curiosidade, suas sobrancelhas se elevaram diante do
amplo sorriso no rosto dele.
— O que te faz sorrir dessa forma, marido?
Seu sorriso se transformou em uma careta, olhou para baixo e com um encolhimento de
ombros disse:
— Finalmente pude fazer outra vez amor com minha esposa.
Quando as sobrancelhas dela se elevaram diante dessas palavras, ele assinalou:
— Se passou muito tempo desde nosso matrimônio.

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— Aye — concordou Averill suavemente enquanto compreendia que entre todos os problemas,
esta era a primeira vez que eles faziam o amor desde suas bodas. E não seria a última.
— Sinto que por fim estou em casa — murmurou Kade.
— Está em casa, meu senhor — disse Averill suavemente. — Ambos o estamos.
— Aye, estamos.
E a beijou com doçura.

Fim

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