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HIS 330 – História do Brasil I

Trabalho final: Caravelas Portuguesas

Aluno: Renato Jerônimo dos Santos – 97077

Introdução: A partir de fatos históricos ligados as navegações portuguesas,


baseados no texto: no tempo das caravelas, e também no documentário: Caravelas e
Naus um Choque Tecnológico no século XVI, vamos analisar como Portugal conseguiu
alcançar o além mar, e como esta nação se destacou perante outras nações na construção
de caravelas e naus de uma forma inédita em um cenário de medos e incertezas que
dominavam a imaginação dos desbravadores marítimos.

Embora outros povos também dominassem esta arte, foram os Portugueses que
estiveram um passo a frente das grandes navegações:

“As caravelas, que trouxeram os europeus à América e tanto confundiram os


indígenas, foram resultado da fusão entre as antigas tradições náuticas
escandinavas e mediterrâneas e as invenções e descobertas marítimas dos
ibéricos, principalmente portugueses” (AMADO; FIGUEIREDO, 1992, p. 63)

De acordo com o documentário “Caravelas e Naus um Choque Tecnológico no


século XVI” O tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo entre Portugal e Espanha,
concedeu a Portugal a chance de descobrir novas terras, de se lançar ao mar, em busca de
novos mundos cercados por mistérios e medos, os portugueses souberam criar e adaptar
as melhores embarcações, sendo os primeiros a chegar a África, Índia, Brasil e Japão.

Portugal aproveitou de sua boa condição marítima, e absorveu a cultura de


diversos outros povos para aprimorar suas embarcações, tornando-as capazes de enfrentar
as mais diversas condições marítimas, uma tarefa nada fácil, em vista das dificuldades a
serem enfrentadas, tentar ser pioneiro em enfrentar o desconhecido trazia medos, mas os
portugueses sabiam que caso conseguissem esse feito, seriam recompensados em seus
interesses religiosos e mercantis.

O historiador Anthony Disney da Universidade La Trobe, relata: “O que é


espantoso acerca das explorações portuguesas do século XV ao século XVI, é que fizeram
com que um pequeno pais europeu formasse um enorme império espalhado pelo mundo”
, essa façanha só foi possível porque Portugal usava uma tecnologia revolucionaria para
a época, um exemplo desse tipo de embarcação foi a invenção da caravela, as caravelas
eram capazes de transportar uma boa quantidade de homens e mercadorias, numa
navegação participavam marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo
um escrivão para anotar tudo o que acontecia durantes as viagens:

“um dos resultados desse esforço coletivo em sagres foi a invenção da caravela.
Robustas, para poder enfrentar mar alto e tempo ruim, pequenas, para poder
explorar litorais, capazes de navegar com ventos contrários, dotadas de espaço
para carregar suprimentos em longas viagens, rápidas, estáveis e controladas
por tripulações não muito grandes, as caravelas transformara-se na embarcação
por excelência das grandes navegações, transportando os europeus aos confins
do mundo.” (AMADO; FIGUEIREDO, 1992, p. 65)

Como podemos notar a invenção da caravela foi algo fundamental para que os
Portugueses pudessem desbravar grandes distancias, seu sucesso foi tanto que logo outros
povos da Europa também passaram a utilizar desse tipo de embarcação, para a construção
de caravelas maiores se utilizava projetos arquitetônicos, já as menores eram feitas a
olho nu, considerando as técnicas de cada construtor e sua experiencia adquirida ao longo
do tempo, as caravelas eram feitas de madeira, que em contato com a agua se dilatava
apertando uma madeira contra a outra impedindo assim que a água entrasse na
embarcação, sendo necessário mantê-la sempre úmida para evitar rachaduras pela
exposição ao sol, um tipo rustico para se construir uma caravela, mas extremamente
evoluído pra época em questão.

Apesar dessa revolução por parte dos portugueses em navegar por grandes
extensões marítimas, os navios daquela época e seu projeto de construção são quase
totalmente desconhecidos, pode se dizer que hoje, sabe se mais de navios construídos a
2.000 anos atrás do que sobre os navios dos séculos XV e XVI, isso é explicado porque
a passagem oral do conhecimento era algo comum, conhecimentos estes transmitidos de
pai para filho, eles se preocupavam em manter o sigilo profissional, por vezes até
informações falsas eram repassadas para confundir quem estivessem atrás do modelo
usado pelos portugueses para construir suas embarcações.

As caravelas eram algo fantástico, velozes, percorriam seu trajeto com ventos
contra ou a favor, pois se utilizavam de dois tipos de velas, as triangulares e as quadradas,
além de serem embarcações leves, rápidas e muito eficientes para as mais variadas
situações de navegação a serem enfrentadas, mas também essas embarcações também
tinham os seus problemas, como por exemplo: eram pequenas, sua tripulação vivia por
meses em um local apertado juntamente com animais e uma variedade de outras coisas,
e a disciplina e organização eram rígidas, e quem desobedecesse era punido das mais
diferentes formas, a tribulação era composta apenas por homens, mesclando navegadores
experientes com inexperientes, havia nas caravelas uma tripulação bem mista composta
de pessoas que exerciam as mais variadas profissões, desejosos de enriquecer nas novas
terras.

E qual seria o motivo que levou tantos navegadores a enfrentar os perigos do mar
em busca de uma terra desconhecida, correndo tantos riscos e sabendo ainda que a
possibilidade de retorno as terras de onde saíram era algo que contava com poucas
garantias?

“Homens como Cristóvão Colombo, Vasco da Gama, Pedro Alvares Cabral,


Fernão de Magalhaes, Sebastião Cabolt ou Jaques Cartier - vislumbravam na
navegação oceânica o único caminho possível para a fama, para o
enriquecimento e enobrecimentos rápidos.” (AMADO; FIGUEIREDO, 1992,
p. 70)

Principalmente no início das grandes navegações, esses desbravadores estavam


eufóricos, pois sabiam das grandes possibilidades na descoberta de algo novo, isso explica
também o motivo deles serem mercenários, trabalhando por diferentes nações e reis e
terem as vezes condutas perversas contra outros povos, saqueando e até matando
populações inteiras.

Além da coragem em desbravar novas terras, outro fato que ajudou


tremendamente o sucesso das navegações portuguesas foi a tecnologia utilizada, o que
possibilitou um aumento expressivo no tamanho das naus nos finais do século XV e o
século XVII, podemos perceber essa proporção ao compararmos a dimensão da nau de
Vila do Conde que possuía 27 metros, com a nau nossa senhora dos mártires, que teria 47
metros, e essas ainda não foram as maiores a serem construídas, houve naus que chegaram
a medir 60 metros, as naus portuguesas eram os maiores navios construídos e causavam
espanto ate mesmo em relação a outras nação que também dominavam as navegações
naquela época.

Outro fator que contrabalanceava o medo e a coragem dos navegadores


portugueses era a religiosidade, afinal os perigos e a morte andavam lado a lado, dia a
dia, e as superstições eram as mais variadas:
“Entre essas figurava o medo de zarpar numa sexta feira (dava azar), de rasgar
páginas impressas (ainda pouco comuns, pois a invenção da imprensa era
recente), de olhar fixamente para o mar à meia-noite (corria-se o sério risco de
ficar encantado por alguma sereia) e, até o século XV, de se aproximar
demasiadamente da agulha imantada da bussola, a qual era atribuído poderes
mágicos.” (AMADO; FIGUEIREDO, 1992, p. 71)

As rezas e atribuições a Deus por se livrarem de algum evento inesperado era algo
frequente nessas jornadas mar a dentro, e a medida que a viagem prosseguia, o
comportamento da tripulação ia mudando, o alimento se tornava escasso, e a saudade da
vida em terra e das mulheres era cada vez maior, essas fatos, aumentavam as tensões nas
embarcações, podendo causar até brigas generalizadas e mortes.

Além das relações conturbadas em que viviam as tripulações desses navios no


início das grandes navegações, a higiene e alimentação era outra questão complexa.

“As condições de conforto e higiene oferecidas pelas caravelas eram precárias.


Os marujos aceitavam se lançar ao mar apenas por causa das possibilidades de
lucros e aventuras e porque as condições de suas vidas em terra não eram
melhores. Com exceção do capitão, a população inteira se apinhava no convés
principal” (AMADO; FIGUEIREDO, 1992, p. 74)

Condições terríveis de acomodação, alimentação restringida, que com o tempo


acabava ficando pior ainda, em casos extremos até os ratos se tornava um banquete para
saciar a fome, as condições terríveis de higiene e as relações com as doenças recorrentes
neste ambiente inóspito era algo comum, e a falta de alimentos frescos conduziu ao
aparecimento de uma doença até então desconhecida, o escorbuto, e para os navegantes
desta época a falta de higiene não estava relacionada ao aparecimento de doenças, outro
problema era a falta de água potável, que com o passar dos dias tornava-se cada vez mais
escassa, se deteriorando e tornando fonte de doenças.

Mesmo com tantas dificuldades a serem superadas, os portugueses ainda


conseguiram chegar ao oriente em 1498, uma distância cronológica bem superior aos
holandeses e os ingleses que só chegam cerca de 100 anos mais tarde, os navios
portugueses eram superiores em praticamente tudo, dando como exemplo uma nau do
princípio do século XVI que ia e voltava a Índia, não havia na Europa navio que pudesse
realizar essa façanha com a capacidade igual ou superior aos portugueses, o historiador
Om Prakash da universidade de Delhi destaca: “Quando os portugueses chegaram as
Índias no final do século XV, era a primeira vez que uma potência europeia chegava a
Ásia”.

Os feitos dos portugueses foram tão extraordinários que em 1.500, Pedro Alvares
Cabral e sua frota de 13 navios saiu com destino as Índias, descobre o Brasil, e segue sua
viagem com destino ao oriente, e se torna o primeiro navegador do mundo que conseguiu
ligar quatro continentes: Europa, América, África e Ásia, esses feitos renderam grandes
frutos com explica Rui Loureiro, historiador do centro de história além mar da
universidade de Nova Lisboa: “Imagine por exemplo em preços atuais, 1 quilo de pimenta
custava 10 euros no sul da índia, através da rota terrestre chegaria a Europa valendo 1.000
euros, se os portugueses conseguem ir diretamente a fonte buscar esse produto, portanto
vão ter lucros imensos, durante quase um século vão ter o monopólio com o mundo
asiático”

Essas conquistas só foram possíveis pelos modos de navegar desenvolvidos pelos


portugueses, e quais eram esses modos e essas tecnologias que ajudaram Portugal a
alcançar seus objetivos navegando por regiões desconhecidas e regressando com
segurança?

Primeiramente definir a latitude e longitude, essa era a principal preocupação dos


navegantes portugueses, os relógios mecânicos também ajudaram nesse processo,
também a bússola foi um divisor de aguas, algo conhecido pelos chineses a mais de mil
anos atrás, portanto, tecnologias utilizadas por outros povos em diferentes épocas, foram
incorporadas pelos portugueses neste processo de expansão, a estela polar, foi a maior
referencia celeste para a orientação, o astrolábio, o quadrante, balhestilha manejado por
um só homem, da balhestilha através do processo de aperfeiçoamento deste instrumento
se desenvolveu o sextante, permitindo assim medições mais eficazes.

Uma viagem de ida e volta a Índia demorava próximo de um ano, por este motivo
uma nau com destino a Índia era como uma cidade, podia transportar 800 pessoas de todas
as classes sociais, a maioria dos passageiros de classes baixas, dormiam no convés ou
juntos com a carga, além da evolução das embarcações e do seu aumento de tamanho, o
desenvolvimento da artilharia portuguesa acompanhava a evolução dos navios, sendo
considerada a melhor do mundo, numa época em que os canhões eram carregados pela
boca, os portugueses começaram a utilizar canhões que eram carregados pela parte de
trás, aumentando a velocidade de tiro em até seis vezes.
Um outro progresso importantíssimo foi o desenvolvimento da orientação em alto
mar, é explicadopelo historiador Richard Unger da universidade de Vancouver: “Os
marinheiros holandeses e ingleses não tinham em seus navios o sistema de navegação que
os portugueses tinham, por exemplo, não conseguiam ler a latitude, e os portugueses já o
faziam em meados do século XV”, os portugueses começaram a usar instrumentos que
eram utilizados em terra e os adaptaram para uso no mar, como por exemplo o quadrante,
astrolábio e balhestilha, e a partir da posição da estrela polar ou do sol podiam navegar
longe da costa sem se perderem, em vista de todo esse progresso, as grandes navegações
também apresentavam pontos importantes a se analisar, como por exemplo a falta de
precisão dos equipamentos da época:

“Os instrumentos náuticos representaram progressos para a navegação


oceânica, facilitando a tarefa dos pilotos e aumentando a segurança e
confiabilidade das rotas e viagens. Mas não se deve exagerar a sua importância
nos séculos XV e XVI. Nessa época, os instrumentos eram imprecisos, de
manejo complicado, forneciam apenas indicações aproximadas e exigiam
complicados cálculos que muitos pilotos ignoravam” (AMADO;
FIGUEIREDO, 1992, p. 85)

Alguns navegadores se lançavam ao mar e iam fazendo essas correções a medida


que a viagem era feita, se utilizando de uma boa dose de especulação, e nem sempre a
experiencia assim como o uso de instrumentos eram suficientes para impedir
determinadas catástrofes em alto mar, principalmente quando se tratava de rotas
complicadas, como a travessia do atlântico, que exigia muita pericia dos navegadores para
enfrentar ventos e tempestades fortes e imprevisíveis para se chegar as Índias, as frágeis
caravelas e as naus que chegaram ao outro lado do mundo, era algo extremamente
avançado para o seu tempo, o que descobriram estava além do que podiam imaginar.

As informações adquiridas pelos portugueses neste período, possibilitou a artistas


europeus detalhar nossos elementos em suas artes, como a representação de animais
exóticos até então desconhecidos na Europa, ao mesmo tempo que as caravelas iam
desbravando novos mundos, várias áreas do conhecimento foram fortalecidas, como a
botânica, zoologia, linguística, geografia, cartografia, astronomia e a arte foram
enriquecidas, nesse sentido é inquestionável a contribuição das caravelas e naus
portuguesas na evolução do conhecimento da humanidade.

Conclusão:
As grandes navegações portuguesas foi algo lento, uma junção de conhecimento de
técnicas adquiridas de outros povos com adaptações e a coragem dos desbravadores em
enfrentar os perigos e mitos envolvidos em um mundo desconhecido, enfrentar os
oceanos dependia de muito conhecimento e técnicas que foram sendo avançadas em
cada nova conquista, dependentes de processos anteriores numa constante evolução,
gerando conhecimentos e destruindo mitos, essa tarefa arriscada, só foi possível através
de grandes investimentos e da coragem destes desbravadores, principalmente nos
primórdios, onde as incertezas eram maiores que qualquer garantia de sucesso, Portugal
se tornou referência em matéria de navegação que mudou todo o cenário do que se
conhecia do até então, colocando este pequeno pais na vanguarda das grandes
navegações, em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a principal potência
econômica da época.

Referencias:

AMADO, Janaína & FIGUEIREDO, Luiz Carlos. No tempo das caravelas. São Paulo:
Contexto, 1992.

Doc "Caravelas e Naus um Choque Tecnológico no século XVI". Panavideo


Produções. Youtube. 06 de set. 2013. 47min36s. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=7xUEZt0_osc&t=1230s>. Acesso em 16 jun. de 2019.

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