Você está na página 1de 107

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Lucas Cipolatto Nogueira

ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES UTILIZANDO MUROS DE GABIÃO

Santa Maria, RS
2016
Lucas Cipolatto Nogueira

ESTABILIDADE DE TALUDES UTILIZANDO MUROS DE GABIÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Engenharia Civil, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Magnos Baroni

Santa Maria, RS
2016
Lucas Cipolatto Nogueira

ESTABILIDADE DE TALUDES UTILIZANDO MUROS DE GABIÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Engenharia Civil, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em 21 de dezembro de 2016:

__________________________________________
Magnos Baroni, Dr. (UFSM)
(Orientador)

__________________________________________
Evelyn Paniz, (UFSM)

__________________________________________
Talles Augusto Araujo, Dr. (UFSM)

Santa Maria, RS
2016
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, Professor Magnos Baroni pela confiança em mim depositada
e sua competência, disponibilidade e atenção prestadas.
Aos professores e a UFSM por me ajudarem ao longo dessa caminhada e me
proporcionarem momentos de aprendizado e desenvolvimento profissional e pessoal.
Aos meus amigos e colegas, que tanto admiro, agradeço a parceria e a ajuda mútua
desenvolvida nesses anos.
A minha família que sempre me apoiou atrás dos meus sonhos e confia em mim daqui para
frente.
E a Deus pela oportunidade de estar vivo, feliz e poder usar desses conhecimentos
adquiridos e da graduação para fazer a diferença na sociedade e poder mudar para
melhor a vida das pessoas.
RESUMO

ESTABILIDADE DE TALUDES UTILIZANDO MUROS DE GABIÃO

AUTOR: Lucas Cipolatto Nogueira


ORITENADOR: Magnos Baroni

A presente pesquisa trata de uma abordagem a respeito de projetos, métodos de cálculo,


dimensionamento, influência de parâmetros adotados, utilização de software específico,
análise de um caso prático e métodos construtivos de estruturas de contenção de taludes
utilizando muros de gabião.
Intrínsecos ao projeto de muros de gabião, serão descritos os dispositivos necessários que
englobam a funcionalidade de um projeto de gabião. Os métodos de cálculo serão métodos
clássicos descritos e posteriormente utilizados para a demonstração de cálculo, passo a passo,
de uma estrutura de gabião utilizada como exemplo e comparada seus resultados com a
utilização de um software. O dimensionamento de um caso prático irá recrutar a necessidade
de suprir os coeficientes de segurança mínimos para uma estrutura de contensão de taludes.
A influência de parâmetros adotados refinará as conclusões a respeito do projeto de gabiões.
A utilização de software específico para muros de gabião possibilitará análise do caso prático
e determinação do melhor dimensionamento para esse tipo de estrutura.
Os métodos construtivos a respeito de muros de gabião serão descritos e brevemente
discutidos para a obtenção de um melhor dimensionamento. A pesquisa aborda um apanhado
completo desse método de contenção demonstrando suas características próprias adotadas
em projeto, suas vantagens e cuidados tomados para uma boa análise dos resultados e
conclusões obtidas. Entre as conclusões está a compatibilidade do método de cálculo com o
software Gawacwin 2.0.

Palavras-chave: Taludes. Software Gawacwin. Muro de Gabião. Métodos construtivos.


ABSTRACT

STABILITY OF TAILS USING GABON WALLS

AUTHOR: Lucas Cipolatto Nogueira


ADVISOR: Magnos Baroni

The present research deals with a broad and complete approach to projects, methods of
calculation, design, influence of adopted parameters, use of specific software, analysis of a
practical case and constructive methods of retaining structures using gabion walls.
Intrinsic to the design of gabion walls, will be described the necessary devices that encompass
the functionality of a gabion design. The calculation methods will be classic methods
described and subsequently used for the demonstration of a step by step calculation of a
gabion structure used as an example and comparing its results with the use of software. The
sizing of a practical case will recruit the need to supply the minimum safety coefficients for
a slope contention structure. The influence of adopted parameters will refine the conclusions
regarding the design of gabions. The use of gabion walls specific software will allow the
analysis of the practical case and determination of the best design for this type of structure.
The constructive methods for gabion walls will be described and briefly discussed in order
to obtain a better design. The research deals with a complete survey of this method of
containment demonstrating its own characteristics adopted in design, its advantages and care
taken for a good analysis of the results and conclusions obtained.

Keywords: Slopes. Software Gawacwin. Wall of Gabion. Constructive methods.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8
1.1 TEMA DA PESQUISA ...................................................................................... 8
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................. 8
1.3 FORMULAÇÃO DA QUESTÃO DE ESTUDO ............................................... 8
1.4 OBJETIVOS ....................................................................................................... 8
1.5 JUSTIFICAVA ................................................................................................... 9
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 11
2.1 EMPUXO DE TERRA ..................................................................................... 11
2.2 EMPUXO NO REPOUSO ............................................................................... 11
2.3 EMPUXO ATIVO E EMPUXO PASSIVO ..................................................... 11
2.4 MOBILIZAÇÃO DOS ESTADOS ATIVO E PASSIVOS ............................. 12
2.5 TEORIA DE RANKINE .................................................................................. 13
2.5.1 Empuxo Ativo ................................................................................................. 14
2.5.2 Maciços com nível freático ............................................................................. 17
2.5.3 Empuxo Passivo .............................................................................................. 17
2.5.4 Empuxo com sobrecarga uniforme ............................................................... 18
2.6 TEORIA DE COULOMB ................................................................................ 18
2.7 ASPECTOS DE INFLUÊNCIA NO CÁLCULO DO EMPUXO ................... 21
2.7.1 Presença de água ............................................................................................. 21
2.7.2 Ângulo de atrito solo-muro ............................................................................ 22
2.7.3 Solo coesivo...................................................................................................... 23
2.7.4 Influência da sobrecarga ................................................................................ 23
2.8 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ................................................................ 24
2.8.1 ESTRUTURAS DE ARRIMO....................................................................... 24
2.8.2 MUROS DE GRAVIDADE ........................................................................... 25
2.8.2.1 Muro de alvenaria de pedra ............................................................................. 25
2.8.2.2 Muro de concreto Ciclópico ............................................................................. 26
2.8.2.3 Muros em fogueira (crib wall) ......................................................................... 27
2.8.2.4 Muros de sacos de solo-cimento....................................................................... 28
2.8.2.5 Muros de solo-pneus ......................................................................................... 30
2.8.2.6 Muros de flexão ................................................................................................ 31
2.8.2.7 Muro de solo reforçado com Geossintéticos .................................................... 33
2.9 DRENAGEM EM MUROS DE ARRIMO ...................................................... 34
2.10 CORTINA ATIRANTADA ............................................................................. 35
2.11 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO EM GABIÕES ....................................... 37
2.11.1 Tipos de gabiões .............................................................................................. 39
2.11.2 Muros de Gabião e considerações de projeto ............................................... 41
2.11.3 Tipos de ruptura a serem analisadas em muro de gabião .......................... 42
3 MATERIAS E MÉTODOS ........................................................................... 44
3.1 Software Gawacwin 2.0 .................................................................................... 44
3.2 Solos ................................................................................................................. 47
3.2.1 SOLO A ........................................................................................................... 47
3.2.2 SOLO B ........................................................................................................... 49
3.2.3 SOLO C ........................................................................................................... 50
3.3 Análise comparativa entre cálculo analítico e software Gawacwin 2.0 ........... 53
3.4 Perfil de projeto aplicado à pratica ................................................................... 56
3.4.1 Diretrizes de projeto ....................................................................................... 61
4 RESULTADOS ............................................................................................... 63
4.1 Cálculo numérico utilizado por Barros (2014) para muros de gabião .............. 63
4.1.1 Superfície de aplicação do empuxo ativo ...................................................... 64
4.1.2 Empuxo Ativo ................................................................................................. 65
4.1.3 Peso da estrutura ............................................................................................ 66
4.1.4 Segurança contra o deslizamento .................................................................. 68
4.1.5 Segurança contra o tombamento................................................................... 69
4.1.6 Pressões nas fundação .................................................................................... 69
4.1.7 Carga admissível na fundação ....................................................................... 70
4.1.8 Seções intermediárias ..................................................................................... 72
4.1.8.1 Seção intermediária 01 ..................................................................................... 72
4.1.8.2 Seções intermediárias 02, 03, 04 e 05. ............................................................. 75
4.1.9 Estabilidade Global ........................................................................................ 78
4.1.10 Resultados gerados pelo Gawacwin .............................................................. 79
4.1.11 Solução adotada .............................................................................................. 87
4.2 Caso prático de estabilização do talude a beira da rodovia utilizando os solos
“A, B e C” ......................................................................................................... 88
4.2.1 Solução aplicada ............................................................................................. 92
5 ANÁLISE PARAMÉTRICA ......................................................................... 95
6 CONCLUSÕES............................................................................................. 102
6.1 Exemplo teórico e software 2.0 ...................................................................... 102
6.2 Análise de parâmetros .................................................................................... 102
6.3 Projeto de caso prático .................................................................................... 103
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 105
8

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA DA PESQUISA

O tema do trabalho é:
Estabilidade de taludes utilizando muros de gabião.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Este trabalho consiste no estudo e demonstração do cálculo (através do software e cálculo


analítico) e dimensionamento de estruturas de contenção executadas com gaiolas metálicas
compostas de fios de aço galvanizado em malha hexagonal com dupla torção preenchidas com
pedras que terá aplicação prática na contenção de taludes, na beira de uma rodovia, compostos por
solos estudados de três regiões do Rio Grande do Sul.

1.3 FORMULAÇÃO DA QUESTÃO DE ESTUDO

Tecnicamente, para a contenção de taludes, como desenvolver o projeto, dimensionamento


e execução utilizando muros de gabião?

1.4 OBJETIVOS

Os objetivos dessa pesquisa são:


- Demonstração da rotina de cálculo necessária para as verificações de estabilidade de
muros de gabião;
- Dimensionar estruturas com muros de gabião aplicadas a um caso real;
- Descrever e estudar aspectos gerais de um projeto com muros de gabião;
- Utilizar de forma o software Gawacwin 2.0 para cálculo e análise de muros de gabião.
Gerar através de resultado uma análise de parâmetros;
9

1.5 JUSTIFICAVA

Terzaghi e Peck (1948) afirmam que o engenheiro deve usufruir dos métodos e recursos
disponíveis: a experiência, a teoria e os ensaios do solo. Porém cada caso prático apresenta aspectos
inéditos. Cada caso prático deve haver aplicação cuidadosa dos recursos e informações para que se
desenvolva a capacidade de obter respostas satisfatórias na engenharia dos solos por um custo
razoável. Em que pese o conhecimento e a complexidade das camadas naturais do solo.
No presente trabalho existe muitas respostas e custos a serem obtidos perante a estrutura
dimensionada.
A análise de um caso prático de estabilidade de taludes possibilita a reflexão a respeito de
muitas considerações a serem adotadas para a otimização das respostas e custos a serem
encontrados. Proporcionalmente, levando em consideração a precisão dos dados disponíveis a
respeito das camadas naturais do solo, assim como, a todos os fatores a serem incluídos na análise
de estabilidade de um talude perante uma estrutura de contenção.
A reflexão de um caso prático complexo traz ineditismo e possibilita ao engenheiro o ganho
de conhecimento através da experiência.
Barros (2014) define que as estruturas de contenção tem a função de prover estabilidade
contra a ruptura de maciços de terra ou rocha e assim suportar as pressões laterais exercidas por
ele.
Segundo Fernandes (2014), as bases do dimensionamento de obras geotécnicas necessitam
satisfazer três requisitos técnicos. Os requisitos técnicos são:
1. Estabilidade, ou seja, segurança em relação a ruptura do maciço terroso;
2. Funcionalidade, ou seja, os dispositivos executados na prática e presentes no projeto
exercerem a função na qual foram designados;
3. Durabilidade, ou seja, cumprir os requisitos anteriores durante a vida útil da obra
sem grandes gastos com manutenção.
Além dos requisitos técnicos, recentemente surgiu a condição de sustentabilidade, cuja
função é garantir que a obra não atinja o paradigma de sustentabilidade ambiental.
Gerscovich (2012) escreve a respeito da confiabilidade do projeto estar diretamente ligada
com a capacidade do projetista em analisar os diferentes cenários possíveis que reduzem o fator de
10

segurança, da confiança das investigações de campo e laboratório e da capacidade do projetista em


interpretar os resultados das experiências.
Barros (2014) caracteriza a eficiência de uma estrutura de contenção quando se alia alta
performace de trabalho à simplicidade construtiva e custo atraente. Defende o uso de gabiões por
ser estruturas que atendem esses requisitos.
A sua alta performace está diretamente ligada a malha metálica que compõem o gabião, que
se caracteriza por ter elevada resistência mecânica e erosiva, boa flexibilidade para absorver os
esforços e a malha não desfiar facilmente.
Frente a esses desafios, a presente pesquisa foca no estímulo da utilização do gabião diante
de suas qualidades e desafia a análise e construção de uma concepção de projeto ampla para muros
de gabião, de modo a exteriorizar as condições necessárias que devem ser consideradas para um
dimensionamento sensato, técnico, econômico e seguro utilizando esse tipo de estrutura.
11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 EMPUXO DE TERRA

A resultante da distribuição das tensões horizontais atuantes do maciço de solo sobre as


estruturas de contato ou contenção é chamado empuxo de terra.
Gerscovish, Danziger e Saramago (2016) afirmam que as tensões horizontais sobre o a
estrutura de contenção depende da interação do solo com a contenção ao longo da execução das
fases da obra. Os deslocamentos horizontais gerados na estrutura de contenção podem alterar o
valor e distribuição do empuxo ao longo da obra.

2.2 EMPUXO NO REPOUSO

No repouso, as tensões horizontais são associadas a deformação horizontal nula do anteparo


que suporta o empuxo proveniente do maciço de solo. Levando em consideração que as
deformações horizontais do solo dependem da mudança de posição dos grãos e, por conseguinte,
pela mudança nas tensões transmitidas aos mesmos (tensões efetivas), a tensão efetiva está ligada
diretamente com o potencial de deformabilidade do solo que é representado pelo coeficiente de
empuxo no repouso (𝐾0 ) como afirma Gerscovish, Danziger e Saramago (2016).
Os valores de 𝐾0 dependem dos parâmetros do solo. A determinação do coeficiente pode
ser feito por ensaios de laboratório ou de campo ou pela teoria da elasticidade ou correlações
impíricas. As correlações empíricas são encontradas em Gerscovish, Danziger e Saramago (2016).
No campo, os ensaios utilizados são do pressiométrico auto perfurante, dilatométrico e
piezocone sísmico que suas descrições podem ser encontradas em Campanella; Robertson (1986).

2.3 EMPUXO ATIVO E EMPUXO PASSIVO

Barros (2014) utiliza a aplicação do empuxo de terra sobre o anteparo para explicar o estado
ativo e o estado passivo do empuxo como é visto na Figura 1.
Se “delta” assumir um valor negativo, ou seja, o anteparo se afastar do solo, de modo a
mobilizar a resistência interna do solo até um valor mínimo de empuxo. Esse estado representa o
estado ativo e é proporcional ao coeficiente de empuxo ativo “𝐾𝑎 ”.
12

Se ao contrário, o anteparo for movido contra o solo, haverá um aumento no empuxo até
um valor máximo e novamente a mobilização total da resistência do solo. Esse estado representa o
estado passivo e é proporcional ao coeficiente de empuxo passivo “𝐾𝑝 ”. O delta apresenta valor
bem maior para mobilização do estado passivo em relação ao estado ativo.
O gráfico da Figura 1 representa o comportamento dos valores de empuxo quando o
anteparo se afasta ou se aproxima do solo.

Figura 1: Empuxo de terra sobre um anteparo.

Fonte: Barros (2014)

2.4 MOBILIZAÇÃO DOS ESTADOS ATIVO E PASSIVOS

A mobilização dos estados de plastificação representam um alívio ou intensificação das


tensões horizontais sobre o muro, isto é, no estado ativo o muro de contenção se afasta do solo
gerando tensões reduzidas, contrariamente, no passivo, o muro se aproxima gerando tensões
superiores.
13

O deslocamento do muro contra ou a favor do solo representa essa mobilização dos estados.
Gerscovish, Danziger e Saramago (2016) afirmam que para um retroaterro, um afastamento do
muro da ordem de 0,1% a 0,4% da altura do muro seria o necessário para atingir o estado ativo. Já
na condição passiva a porcentagem varia de 1% a 4% da altura para a ativação do estado passivo.
É de simples entendimento que o estado ativo se mobiliza com deformações menores que
o estado passivo. No estado ativo, após o afastamento do muro, o solo sofre solicitação de tração,
enquanto no estado passivo, após a aproximação do muro, o solo é comprimido. Os solos resistem
melhores à compressão do que a tração, por isso, basta um pequeno afastamento da estrutura e o
estado ativo será mobilizado.
A areia, por não apresentar valores de coesão, tem seu estado ativo mobilizado com
afastamento do muro na ordem de 0,1% da altura do muro, enquanto as argilas necessitam de um
deslocamento quatro vezes maior. Por consequência desse afastamento, em solo argiloso, ocorre o
surgimento das fendas de tração.

2.5 TEORIA DE RANKINE

De acordo com Gerscovish, Danziger e Saramago (2016), a solução de Rankine


desenvolvida para solos granulares e estendida por Rèsal, em 1910, para solos coesivos, é um dos
métodos clássicos para a determinação dos empuxos de terra que usa o método de equilíbrio-limite.
O parâmetro central da teoria é de que a cunha de solo esteja em contato com o anteparo que suporta
o solo em um estado de plastificação ativo ou passivo. A cunha considerada tende a se deslocar do
maciço terroso e as análises de equilíbrios de corpos rígidos são aplicadas a essa cunha de solo.
O deslocamento de uma estrutura em contato com o solo mobiliza os estados-limite de
plastificação em todo o maciço, formando-se incontáveis superfícies possíveis de rupturas planos.
A teoria de Rankine levou em consideração o acréscimo de tensões horizontais conforme a
profundidade do solo aumentar junto do elemento suporte, que são calculadas levando em
consideração hipóteses que se fundamentam a seguir:
a) O solo é homogêneo;
b) O solo é isotrópico;
c) A superfície do maciço de terra a conter é plana;
d) A ruptura ocorre em todos pontos do maciço concomitantemente;
e) A ruptura acontece sobre o estado plano de deformação;
14

f) O anteparo que suporta o maciço terroso é vertical;


g) O ângulo de atrito entre o solo e o anteparo (muro de arrimo) é zero, isto é, se considera
perfeitamente lisa a superfície de contato, consequentemente, a direção de aplicação do empuxo de
terra é paralela à superfície do terreno horizontal.
A hipótese da letra “g” faz com que os valores de empuxo ativo sejam sobrestimados e os
valores de empuxo passivo sejam subestimados. Já que o ângulo de atrito solo/muro ajuda a resistir
aos deslocamento da cunha plastificada.
Barros (2014) afirma que a teoria de Rankine leva desvantagem para o cálculo de estruturas
complexas devido a dificuldade matemática na determinação dos coeficientes de empuxo ativo e
passivo.

2.5.1 Empuxo Ativo

De acordo com Gerscovish, Danziger e Saramago (2016), para solos não coesivos os
valores totais de empuxos ativo são resultados da área do diagrama de tensões horizontais,
representado por um triângulo. Para esse tipo de solo se considera que na profundidade zero a
tensão horizontal é zero e conforme for aumentando a profundidade, linearmente, aumenta o valor
da tensão horizontal. O ponto de aplicação do empuxo, caso o solo seja homogêneo, é a 2/3 da
profundidade suportada pela estrutura de contenção.
Para solos coesivos, ao cálculo do empuxo ativo, existe um incremento de uma parcela
constante dada por “−2𝑐√𝐾𝑎 ”. Sendo assim, até certa profundidade “𝑍0 ” as tensões efetivas
horizontais são negativas, no ponto “𝑍0 ” serão nulas e depois dele crescerão proporcionalmente a
profundidade como nos solos não coesivos. Porém, é pouco provável a consideração negativa do
empuxo ativo devido o aparecimento de tensões de tração na parte superior do maciço no estado
ativo. Normalmente, o solo não resiste as tensões de tração o que gera o aparecimento de fendas
de tração. Sendo assim, empuxo ativo negativo, geralmente, é desconsiderado. Consequentemente,
o empuxo ativo calculado partirá em zero a uma altura “ℎ′ = 𝐻 − 𝑍0 ” como mostra a figura 2 onde
está o diagrama das tensões horizontais aplicadas para solos coesivos e solos não coesivos com o
ponto de aplicação do empuxo ativo.
15

Figura 2 - Método de Rankine no cálculo de empuxo ativo sobre uma estrutura suporte.

Fonte: Moliterno (1989)

Já as fendas de tração representam o “descolamento” de parte do solo e podem ser vistas na


figura 3. As tensões de tração se prolongam até uma profundidade “𝑍0 ” dada por:
2. 𝑐 1 (1)
𝑍0 = .
𝛾 √𝐾𝑎

Sendo: 𝑐 – coesão do solo


𝛾 – peso específico do solo
𝐾𝑎 – coeficiente de empuxo ativo
O coeficiente de empuxo ativo é dado na equação 2.
∅ (2)
𝐾𝑎 = 𝑡𝑔²(45° − )
2

Sendo: ∅ - ângulo de atrito interno do solo


O valor da resultante dos esforços horizontais sobre a estrutura de arrimo é calculado pela
equação 3.
𝐾𝑎 . ℎ2 . 𝛾 (3)
𝐸𝑎 =
2
16

Sendo: ℎ - altura entre o ponto zero até o ponto máximo de aplicação das tensões
horizontais.
As fendas de tração podem estar cheias de água devido a chuvas, tendo um incremento de
tensões hidrostáticas no cálculo do empuxo. O resultado é um diagrama aproximado para o cálculo
do empuxo como mostra a figura 3.

Figura 3 - Efeito da água no diagrama de tensões horizontais.

Fonte: Barros (2014)

Se o solo coesivo apresentar capacidade de resistir aos esforços de tração, as escavações


verticais sem escoramento poderão atingir uma profundidade igual ao dobro de “𝑍0 ” dada por “ℎ𝑐 ”.
Nessa profundidade o diagrama de tensões horizontais irá apresentar valor nulo como demonstrado
nas equações 4 e 5.
𝐾𝑎 . ℎ𝑐 2 . 𝛾 (4)
𝐸𝑎 = − 2. 𝑐. ℎ𝑐 . √𝐾𝑎 = 0
2

4. 𝑐 (5)
ℎ𝑐 = = 2. 𝑍0
𝛾. √𝐾𝑎
17

2.5.2 Maciços com nível freático

Caso houvesse água no solo, o procedimento adotado para cálculo de empuxo ativo é a
soma do efeito do solo com o efeito da água. O efeito da água gera um diagrama de pressões
hidrostáticas, que deve ser levado em consideração quando não existe um sistema de drenagem ou
ele não é eficiente. O cálculo pela teoria de Rankine para maciços com nível freático pode ser
encontrado em Gerscovish, Danziger e Saramago (2016) ou em Baroni (2007).

2.5.3 Empuxo Passivo

Segundo Barros (2014), no caso passivo, ocorre a aproximação do anteparo em relação ao


solo e as tensões horizontais aumentam conforme a figura 4.

Figura 4 - Diagrama de tensões horizontais sobre solos coesivos.

Fonte: Barros (2014).

O coeficiente de empuxo passivo é dado equação 6.


∅ (6)
𝐾𝑝 = 𝑡𝑔²(45° + )
2
O empuxo passivo para solos coesivos é dado na equação 7.
𝐾𝑝 . ℎ². 𝛾 (7)
𝐸𝑝 = + 2. 𝑐. ℎ. √𝐾𝑝 = 0
2
18

O empuxo passivo para solos granulares é dado na equação 8.


𝐾𝑝 . ℎ². 𝛾 (8)
𝐸𝑝 =
2

2.5.4 Empuxo com sobrecarga uniforme

Segundo Gerscovish, Danziger e Saramago (2016), quando existe uma carga distribuída
“𝑞” aplicada na superfície do solo as tensões verticais aumentam em qualquer ponto do maciço.
Sendo assim as equações de empuxo ativo e passivo serão as equações 9 e 10, respectivamente.
𝐾𝑎 . ℎ2 . 𝛾 (9)
𝐸𝑎 = − 2. 𝑐. ℎ. √𝐾𝑎 + 𝐾𝑎 . 𝑞. ℎ
2

𝐾𝑃 . ℎ2 . 𝛾 (10)
𝐸𝑃 = + 2. 𝑐. ℎ. √𝐾𝑃 + 𝐾𝑃 . 𝑞. ℎ
2
Nos diagramas de tensões horizontais, a sobrecarga uniformemente distribuída representa
um diagrama retangular de tensões.

2.6 TEORIA DE COULOMB

Barros (2014) afirma que no instante da mobilização total da resistência do solo cria-se
superfícies de ruptura no interior do maciço. Essas superfícies seriam o limite de uma parcela de
solo que estaria se movimentando em direção a estrutura. Coulomb considera essa parcela de solo
como um corpo rígido e o empuxo sobre o muro seria encontrado através do equilíbrio de forças
atuantes nessa parcela de solo. As superfícies de rupturas são planas e o empuxo é o que atua sobre
a mais crítica das superfícies planas.
Barros (2014) considera duas vantagens nesse método: a consideração do ângulo de atrito
entre o solo e o muro e a possibilidade de aplicação desse método para muros não verticais.
Para solos não coesivos, no estado de mobilização ativo, as forças que atuam sobre a cunha
de solo estão na figura 5.
19

Figura 5 - Forças atuantes sobre a cunha de solo.

Fonte: Barros (2014)

Sendo: “𝑃” o peso da cunha, “𝐸𝑎 ” o empuxo ativo, “𝛿” o ângulo de atrito entre o solo e o
muro, “𝛼” o ângulo de inclinação da face do muro em relação a horizontal, “𝐻” a altura vertical do
muro, “𝜑” o ângulo de atrito do solo, “𝑅” a reação do terreno, “𝜌” o ângulo de inclinação da cunha
de solo com a horizontal e “𝑖” a inclinação da superfície do terreno.
O empuxo ativo será dado pela equação 11.
𝐾𝑎 . ℎ2 . 𝛾 (11)
𝐸𝑎 =
2
O coeficiente de empuxo ativo “𝐾𝑎 ” é dado na equação 12.
𝑠𝑒𝑛2 (𝛼 + ∅) (12)
𝐾𝑎 =
2 𝑠𝑒𝑛(∅ + 𝛿). 𝑠𝑒𝑛(∅ − 𝑖)
𝑠𝑒𝑛2 𝛼. 𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝛿). [ 1 + √ ]²
𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝛿). 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝑖)
Para solos não coesivos, no estado de mobilização passivo, as forças que atuam sobre a
cunha de solo estão na figura 6.
20

Figura 6 - Forças atuantes sobre a cunha de solo

Fonte: Barros (2014)

Segundo Gerscovish, Danziger e Saramago (2016), a única diferença entre o estado de


mobilização ativo para o passivo será a inversão da obliquidade do empuxo passivo “𝐸𝑝 ” e da
resultante “𝑅” devido ao muro estar se deslocando de modo a comprimir o solo. A superfície mais
crítica será aquela que resultará em um valor de empuxo passivo mínimo.
O empuxo passivo será dado pela equação 13.
𝐾𝑝 . ℎ2 . 𝛾 (13)
𝐸𝑝 =
2
O coeficiente de empuxo passivo “𝐾𝑎 ” é dado na equação 14.
𝑠𝑒𝑛2 (𝛼 − ∅) (14)
𝐾𝑝 =
2 𝑠𝑒𝑛(∅ + 𝛿). 𝑠𝑒𝑛(∅ + 𝑖)
𝑠𝑒𝑛2 𝛼. 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝛿). [ 1 + √ ]²
𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝛿). 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝑖)
Barros (2014) afirma que o ponto de aplicação do empuxo, tanto ativo quanto passivo, será
a um terço da base do muro. Essa constatação é devido as expressões para cálculo de empuxo serem
resultado de uma distribuição triangular de pressões laterais apesar de o método determinar
diretamente o empuxo total não levando em consideração a determinação das pressões laterais.
21

2.7 ASPECTOS DE INFLUÊNCIA NO CÁLCULO DO EMPUXO

Gerscovish, Danziger e Saramago (2016), Barros (2014) e Fernandes (2014) citam alguns
aspectos que influenciam na determinação do empuxo de água, que foram rapidamente resumidos
a seguir.

2.7.1 Presença de água

No caso de obras em cursos e margens de rios e arroios, é normal que a estrutura trabalhe
parcialmente submersa como mostra a imagem 7. Para esse tipo de caso, o equilíbrio de forças será
através do peso submerso da cunha de solo, ou seja, utilizando o peso específico submerso do solo.
Sendo assim, o empuxo ativo será a soma do peso da cunha submersa mais a pressão da água que
obedece as leis da hidrostática sobre a contenção. O empuxo ativo será aplicado através de uma
reta paralela a superfície de ruptura e que passe pelo centro de gravidade da cunha de solo
submerso.
No caso específico desse estudo, que utiliza muros de gabião autodrenantes, a análise de
estabilidade é feita apenas em termos de pressões efetivas (pressões entre as partículas de solo
apenas).

Figura 7 - Estrutura de arrimo parcialmente submersa.

Fonte: Barros (2014)


22

Em caso de presença de nível freático com percolação de água, traça-se a rede de fluxo no
maciço de solo e, ao longo da superfície potencial de ruptura (linha pontilhada), será aplicada a
distribuição de poropressão atuante. A resultante “𝑈” do diagrama de subpressão será aplicada
perpendicularmente ao plano de ruptura como na figura 8. Cabe ressaltar que as pressões de água
variam conforme a eficiência e posicionamento do sistema de drenagem. Casos assim ocorrem
quando chuvas muito intensas elevam os níveis das águas de um rio e rapidamente o nível de água
volta a descer depois de sessadas as chuvas. Também conhecido como rebaixamento rápido.

Figura 8 - Rede de fluxo através de maciço arrimado.

Fonte: Barros (2014)

2.7.2 Ângulo de atrito solo-muro

Na prática a condição estipulada por Rankine, que desconsidera o atrito solo-muro, não
acontece. Com o deslocamento do muro, a cunha de solo se desloca e gera tensões cisalhantes entre
o solo e o muro. Essas tensões, no caso ativo, representam a resistência do solo ao longo da face
interna da estrutura. Ou seja, quando se leva em consideração o atrito solo-muro, o empuxo de terra
calculado é menor. Moliterno (1980) utiliza para muros de concreto armado o ângulo de atrito entre
1 2
solo-muro variando entre “3 𝜑 < 𝛿 < 3 𝜑”, sendo “𝜑” o ângulo de atrito do solo e “𝛿” o ângulo de
23

atrito solo-muro. No caso do presente estudo, para muros de alta rugosidade, como os muros de
gabião compostos por pedra, os referidos autores recomendam considerar “𝛿 = 𝜑”. No caso da
presença de um filtro Geotêxtil no contato solo/muro, utiliza-se “0,90 𝜑 < 𝛿 < 0,95 𝜑”.

2.7.3 Solo coesivo

Para esse tipo de solo, como descrito na teoria de Rankine, ocorre o surgimento de fendas
de tração a uma profundidade “𝑍0 ”, porém para Coulomb, existe uma extensão da teoria que
considera uma parcela de adesão “𝑐” no polígono de forças para o equilíbrio de forças. Pode-se
acompanhar o cálculo para solos coesivos em Gerscovish, Danziger e Saramago (2016).

2.7.4 Influência da sobrecarga

A influência de uma sobrecarga “𝑞” uniformemente distribuída sobre a superfície do solo


irá acarretar em um acréscimo de força “𝑄” na direção do peso da cunha do solo e consequente
aumento do empuxo aplicado sobre o muro como na figura 9.
24

Figura 9 - Sobrecarga "q" aplicada sobre a superfície do solo.

Fonte: Barros (2014)

O empuxo ativo será dado pela equação 15, segundo Barros (2014).
1 𝑠𝑒𝑛(𝛼) (15)
𝐸𝑎 = . 𝛾. 𝐻 2 . 𝐾𝑎 + 𝑞. 𝐻. 𝐾𝑎 .
2 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝑖)
O ponto de aplicação será em “𝐻/2”, segundo Barros (2014).

2.8 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

Segundo Barros (2014), estruturas de contenção tem a finalidade de prover estabilidade


contra a ruptura de maciços de terra ou rocha.

2.8.1 ESTRUTURAS DE ARRIMO

Conforme Gerscovish, Danziger e Saramago (2016) estruturas de arrimo são estruturas que
promovem a estabilidade do terreno através do peso próprio. Os muros tem parede vertical ou quase
vertical e são apoiadas sobre uma fundação rasa ou profunda. Sua composição pode ser de seção
plena e robusta, sendo considerados de gravidade, ou em seção mais esbelta sendo considerados de
flexão. Os muros de arrimo são de inúmeras formas e tipos de material: alvenaria de pedras ou
tijolos, concreto, sacos de solo-cimento, gabiões, pneus, pedra argamassada e etc.
25

2.8.2 MUROS DE GRAVIDADE

Muros de Gravidade são estruturas corridas e robustas que se opõem as tensões horizontais
pelo peso próprio.
Os muros de gravidade tem como característica ser de fácil execução, de forma manual,
com uso de poucos equipamentos e não utilização de armadura/ferragem.
São utilizadas para conter diferenças de cota inferiores a 5m. Os muros de gravidade podem
ser construídos de pedra ou concreto (simples, ciclópico ou armado), Cribwall, gabiões ou ainda,
pneus usados. A seguir serão citados alguns tipos de muro descritos por Gerscovish, Danziger e
Saramago (2016).

2.8.2.1 Muro de alvenaria de pedra

Os muros de alvenaria de pedra representam a grande maioria dos muros por serem
compostos de material de simples obtenção e mais antigo desenvolvido.
Nos dias de hoje a alvenaria é usada com menos frequência principalmente para alturas
mais elevadas.
Os muros de pedras arrumadas de forma manual apresentam alta capacidade drenante, custo
baixo, simplicidade construtiva e sua resistência provém do embricamento dos blocos de pedra
como na figura 10.
26

Figura 10 - Muro de jardim feito para residências.

Fonte:IMG2.JPG (2015)

A altura limite é de 2 metros, com largura mínima da base de 0,5 m a 1,00 m e em uma cota
inferior a superfície do terreno, para muros sem argamassa. No caso de muros pedra maiores de 3
metros, utiliza-se argamassa para dar maior rigidez, com o entrave de se perder a capacidade
drenante do muro. Nesse caso utiliza-se drenos de areia ou geossintéticos no pé da base do muro
gerando um alívio de poropressão no muro.

2.8.2.2 Muro de concreto Ciclópico

Geralmente com altura inferior a 4 metros, com a utilização de drenos aliviadores dos
efeitos gerados pela água, o muro de concreto ciclópico é executado em formas preenchidas com
concreto e rochas de várias dimensões.
Os muros de face frontal plana e vertical, deve-se aplicar uma inclinação de
aproximadamente 2 graus com a vertical em direção ao solo suportado para gerar uma sensação
ótica de segurança (e não de que o muro esteja tombando).
A utilização de degraus em direção ao retroaterro é uma forma de economia de material
como na figura 11.
27

Figura 11 - Muro de concreto Ciclópico

Fonte: Gerscovish, Danziger e Saramago (2016)

2.8.2.3 Muros em fogueira (crib wall)

Os muros em forgueira (crib wall) (figura 12 e figura 13) são estruturas montadas no local
que tem seus elementos compostos por pré-moldados de concreto armado, madeira ou aço. A
estrutura é montada em forma de “fogueiras”, justapostas e interligadas longitudinalmente, o
espaço interno é preenchido com material granular graúdo.
28

Figura 12 - Muros em fogueira.

Fonte: Moliterno (1989)

Figura 13 - Estrutura montada de muros em fogueira

Fonte: Gerscovich (2012)

2.8.2.4 Muros de sacos de solo-cimento

Os muros de sacos de solo-cimento (figura 14 e figura 15) são estruturas compostas por
sacos preenchidos com uma mistura de traço 10:1 a 15:1 de solo-cimento. Os sacos são de poliéster
geralmente.
29

Para a execução do muro de sacos, primeiro é necessário o peneiramento do solo em malha


de 9 mm, para a retirada de pedras maiores. Em seguida, mistura-se o cimento com o solo e
acrescenta-se água a 1% acima da correspondente à umidade ótima pelo Proctor normal. Após a
mistura e colocação do material nos sacos a um volume de dois terços do total, fecha-se o saco
através de uma costura manual.
Na execução, os sacos são posicionados horizontalmente e cada camada compactada para
redução dos vazios. Para gerar o intertravamento, e consequente maior densidade ao muro, os sacos
são organizados de forma a se desencontrar imediatamente a camada inferior.
Na parte externa do muro, se aplica geralmente argamassa de concreto magro para a
proteção contra chuvas e erosões.
Essa técnica de muro tem sido bastante usada e seu custo, para muros de 2 m a 5 m,
representa aproximadamente 60% do custo de um muro igual de concreto armado.

Figura 14 - Muro de sacos solo-cimento.

Fonte: Gerscovich (2012)


30

Figura 15 - Muro de saco de solo-cimento.

Fonte: Gerscovich (2012)

2.8.2.5 Muros de solo-pneus

As estruturas utilizando solo e pneus (figura 16) são estruturas recentes que visam o
reaproveitamento dos pneus descartados. A estrutura é lançada em camadas horizontais de pneus,
os quais são amarrados por corda (de polipropileno com 6 mm de diâmetro) ou arame e preenchidos
por solo compactado. Os muros de solo-pneus apresentam baixo custo e elevada resistência
mecânica do material.
Os muros de pneus se limitam a 5 m de altura e base média de 50% da altura do muro. Por
sua flexibilidade recomenda-se o uso de muros de pneus para a contenção de terrenos sem
construções civis em cima.
Como revestimento externo, o muro de pneus pode receber concreto projetado sobre tela
metálica afim erosão do material de preenchimento dos pneus, vandalismo ou incêndios.
31

Figura 16 - Muro de solo-pneus sem revestimento externo.

Fonte: Gerscovish, Danziger e Saramago (2016)

2.8.2.6 Muros de flexão

Os muros de flexão diferem dos demais pelas armaduras instaladas no seu interior serem as
responsáveis por resistem ao empuxo horizontal de terra. Assim, o muro trabalha a flexão.
Geralmente com seção transversal em forma de “L”, os muros de flexão tem altura de 5 m a 7 m e
base com largura aproximada de 60% da sua respectiva altura.
Em caso de muros superiores a 5 metros, é conveniente o uso de contrafortes afim de gerar
o enrijecimento do muro e aumentar sua resistência ao tombamento. Contrafortes (figura 17) tem
dimensões da ordem de 70% da altura do muro e devem ser amarrados da forma adequada para
que resista aos esforços de tração, quando estiver na parte interna do muro (sob o maciço arrimado),
e resista aos esforços de compressão, quando estiver na parte externa do muro (face lisa da frente
do muro).
32

Analogamente ao reforço com contraforte, quando existir limitação de espaço para a base
do muro, pode-se utilizar uso de tirantes (figura 18), que chumbam a face do muro contra o
retroaterro e são ancorados geralmente na rocha de origem local.

Figura 17 - Muro de flexão com contra fortes.

Fonte: Domigues (1997)


33

Figura 18 - Muro de flexão atirantado.

Fonte: Moliterno (1989)

2.8.2.7 Muro de solo reforçado com Geossintéticos

Os geossintéticos tem função importante na contribuição de estabilidade de maciços


terrosos em obras de contenção de encostas.
As geogrelhas são um tipo de geossintético que apresentam alta resistência a tração e dentro
do solo compactado tem a função de evitar a instabilização pela formação de cunhas de ruptura.
As geogrelhas são fabricadas utilizando polímeros. Os polímeros mais utilizados para
geossintéticos que tem a função de reforçar solos é o polietileno de alta densidade (PEAD), o
polipropileno (PP), o poliéster (PET) e o poliálcool vinílico (PVA). Sua resistência pode chegar
até 2000 KN/m.
A grande vantagem do uso do reforço com geogrelhas está na construção de aterros
reforçados com parâmetros verticais e de grande altura com tipos variados de solos.
O acabamento frontal pode ser executado em gabiões, vegetação, alvenaria não estrutural,
pedra argamassada, concreto projetado e etc.
O Muro de solo reforçado (figura 19) com geogrelhas irá trabalhar como um muro à
gravidade, o solo armado faz com que o peso do maciço seja suportado pela ancoragem das
geogrelhas que, com sua alta resistência à tração, evita a instabilização do maciço.
34

Figura 19 - Aspecto de um muro de solo reforçado.

Fonte: Ehrlich (2011)

Mais informações sobre esses muros podem ser encontradas em Ehrlich (2011).

2.9 DRENAGEM EM MUROS DE ARRIMO

Segundo Gerscovish, Danziger e Saramago (2016), a grande parte do colapso dos muros
acontece devido efeito de água acumulada no maciço de terra. A existência de uma superfície
freática é capaz de duplicar o empuxo ativo sobre a estrutura. Sendo assim, os muros de arrimo
apresentam grande necessidade de dispositivos drenantes no interior do maciço e superficialmente
sobre o aterro para dar vazão a percolação d’água e das águas pluviais.
Os dispositivos de drenagem superficiais são canaletas transversais, canaletas longitudinais
de descida (escadas), caixas coletoras e etc. Elas tem a função de captar e conduzir as águas
superficiais do talude captadas por toda a bacia de captação que as conduz para o muro. Os
dispositivos superficiais podem ser vistos na Figura 20.
35

Figura 20 - Dispositivos de drenagem superficial

Fonte: Gerscovich (2012)

Os dispositivos de drenagem subsuperficias como drenos horizontais, trincheiras drenantes


longitudinais, drenos internos de estruturas de contenção, filtros granulares e geodrenos têm como
função evitar níveis elevados de água acumulada no maciços e captar os fluxos de água no interior
do mesmo e conduzi-los para fora da estrutura sob controle.
A impermeabilização e proteção com vegetação são duas maneiras de proteção do talude
contra efeitos erosivos e infiltração de água das chuvas, respectivamente. A impermeabilização
pode ser feita com concreto projetado e a proteção vegetal com grama.
Em muros autodrenantes, como gabiões e muro de fogueiras, existe a necessidade do uso
de dispositivos de filtragem na face interna do muro, como filtros geotêxtil. Os filtros atuam
impedindo o carreamento da fração fina do retroaterro.

2.10 CORTINA ATIRANTADA

A cortina atirantada (Figura 21) é composta por uma parede vertical em concreto armado
que será ancorada na rocha ou no solo estável por tirantes. Os tirantes receberão uma carga
determinada por projeto que será aplicada por um macaco hidráulico e serão fixados na parede de
36

concreto através de placas e porcas. O carregamento dos tirantes será contra a parede de concreto
que irá contrapor o empuxo do maciço terroso.
Os tirantes são compostos de monobarras de aço e colocados com inclinação de 15 a 30
graus com a horizontal. As paredes terão espessuras de 20 a 40 cm. As especificações de projeto
variam conforme o empuxo do solo a suportar e a distância entre ancoragens.
A drenagem desse tipo de estrutura pode ser feita através de drenos horizontais com tubos
de PVC furados que captam as águas do interior do maciço. A figura 22 representa os passos de
construção utilizando cortina atirantada.

Figura 21 - Seção transversal de uma cortina atirantada.

Fonte: Corsini (2011)


37

Figura 22 - Etapas da execução de um projeto em cortina atirantada.

Fonte: Corsini (2011)

2.11 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO EM GABIÕES

Segundo Barros (2014), as estruturas em gabião são estruturas antigas, que teve seu
pioneirismo na Itália e a partir de 1970 passou a ser aplicada no Brasil. Essas estruturas tem sua
constituição formada por telas metálicas de malha hexagonal de dupla torção. O seu preenchimento
utiliza pedras com dimensões superiores às dimensões da malha hexagonal. Essa técnica que
funciona à gravidade, é vista como vantajosa tecnicamente e economicamente. Os gabiões formam
estruturas destinadas para solução de problemas geotécnicos e de controle da erosão.
As unidades de gabião serão unidas por costuras de arames qualificando as estruturas com
característica monolítica. A ocorrência disso depende de algumas características da malha como:
38

a) Elevada resistência mecânica;


b) Elevada resistência à corrosão;
c) Boa flexibilidade;
d) Não gerar fios facilmente.
A malha hexagonal de dupla torção, com arames com baixo teor de carbono, revestidos
com liga de zinco 95%, alumínio 5% e terras raras (Zn 5AI MM = Galfan®), com ou sem
revestimento plástico, atende os requisitos técnicos.
Segundo Barros (2014), algumas características das estruturas que utilizam gabiões:
I. Monolíticas: apresenta a mesma resistência em qualquer ponto da estrutura devido as
amarrações em todas arestas que estão em contato formando um bloco homogêneo.
II. Resistentes: a malha tem características de resistência nominal de tração elevadas e a
dupla torção evita o desfiamento da tela em caso de ruptura dos arames.
III. Duráveis: o revestimento com Zn 5AI MM = Galfan®, que é uma liga aplicada por
imersão a quente no arame, proporciona proteção contra a corrosão e tem vida útil superior a 50
anos quando em ambientes não agressivos. Quando em ambiente quimicamente agressivos, como
litorais, é necessário um revestimento a mais em plásticos, que protegerá o arame de ataques
químicos. A colmatação dos vazios entre as pedras que ocorre com o tempo devido o transporte do
solo pelos efeitos naturais e o crescimento de plantas e raízes, aumentam seu peso e fortalecem
mais sua estabilidade.
IV. Armadas: Para solos de baixa capacidade portante e naturais de fundação, absorção dos
recalques e esforços extras não calculados, a malha trabalha e absorve as solicitações de corte e
tração, garantindo maior estabilidade à estrutura devido a armação.
V. Flexíveis: a estrutura se adapta as movimentações do terreno sendo dispensável a
utilização de fundações profundas mesmo quando sobre solos de baixa capacidade de suporte. O
colapso da estrutura é “avisado” por suas deformações e em caso dele acontecer é possível
reconhecer a situação e intervir de forma segura e econômica.
VI. Permeáveis: devido as pedras de preenchimento, as estruturas em gabião são totalmente
permeáveis, ou seja, autodrenantes, aliviando totalmente o empuxo hidrostático sobre a estrutura.
VII. De baixo impacto ambiental: as estruturas em gabião não representam um obstáculos
para as águas percolantes ou de infiltração. Para obras de proteção de córregos, rios e margens de
arroios as linhas de fluxo não são alteradas e o impacto natural é mínimo. Após a construção, a
39

ecossistema volta a se recuperar quase que por completo. Uma alternativa é o plantio de vegetação
em meio a face do muro, de modo a não causar impacto visual. Alternativa muito usada em áreas
urbanas e com preocupação paisagística.
VIII. Práticas e versáteis: a praticidade advém da característica seca dos matérias, gabiões
(invólucros metálicos), as pedras e tábuas (gabaritos), a mão de obra é formada por serventes e um
mestre-de-obras. Por não necessitar de mão de obra qualificada, as estruturas em gabião se
espalham pelas comunidades. Quando se utiliza equipamentos mecânicos, pode se usar qualquer
equipamento destinado a obras de terraplanagem. Por não necessitar de formas ou cura, o
retroaterro é executado concomitante a estrutura de gabião.
IX. Econômicas: custos reduzidos com material e mão de obra em relação as demais
estruturas, podendo ser executadas por etapas conforme a disponibilidade econômica.

2.11.1 Tipos de gabiões

Para obras de contenção à gravidade podem ser utilizados o seguintes tipos de gabião:
Gabião tipo Caixa – São estruturas em forma de paralelepípedo. Apresenta uma malha
hexagonal de dupla torção que seu pano compõe a base, a parte frontal e traseira, e a tampa. As
paredes laterais e os diafragmas são amarrados no pano principal conforma a Figura 23.

Figura 23 - Esquema de montagem de gabião tipo caixa.

Fonte: Barros (2014)

As dimensões do Gabião tipo caixa serão: comprimento de 1 m a 4 metros, largura de 1


metro e altura de 0,5 m e 1,0 metro.
40

O gabião tipo caixa será o tipo utilizado na presente pesquisa para o cálculo de muros de
gabião.
Gabião tipo saco – em forma cilíndrica, os gabiões tipo saco são constituídos por um pano
de malha hexagonal com dupla torção, que após preenchido in loco com material de pedra, tem
suas bordas livres amarradas com um arame especial conforme a figura 24.

Figura 24 - Esquema de montagem de gabião tipo saco.

Fonte: Barros (2014)


Eles são utilizados como apoio para obras de contenção com presença de água e com solos
de fundação sem capacidade de suporte.
As dimensões do gabião tipo saco serão: comprimento de 1 m a 6 metros e diâmetro de 0,65
metros.
Gabião tipo Colchão Reno – Esse tipo se assemelha ao tipo caixa, porém apresenta pequena
altura e grande área. Sua principal atuação é como revestimento flexível de margens e fundo de
cursos d’água como pode ser visto na figura 25.

Figura 25 - Esquema de montagem de gabião tipo colção reno.


41

Fonte: Barros (2014)

As dimensões do gabião tipo colchão reno serão: comprimento de 3 m a 6 metros, largura


de 2 metros e sua espessura pode variar entre 0,17 m, 0,23 m e 0,30 metros.

2.11.2 Muros de Gabião e considerações de projeto

Os muros de gabião são estruturas formadas por gabião tipo caixa e apresentam função de
contenção através da gravidade como na Figura 26.
Suas características autodrenantes, oriundas do material de enchimento da gaiola composta
pela malha metálica, permite que o cálculo de muros de gabião desconsidere ou minore as pressões
de água atuantes.
Segundo Barros (2014), o retroaterro geralmente é composto de solo granular não coesivo,
porém mesmo utilizando argilas como retroaterro, a coesão disponível é muito ínfima, pois a
escavação do solo natural (que servirá de aterro novamente) gera amolgamento (fenômeno de perda
de resistência de um solo por efeito da destruição de sua estrutura) e, além disso, o estado ativo se
configura por representar o descarregamento do solo, assim o ponto crítico corresponde à condição
drenada da resistência. A envoltória de resistência mais indicada é a envoltória efetiva (ou drenada),
que apresenta valores pequenos de coesão.
As teorias clássicas de Rankine e Coulomb podem ser aplicadas no cálculo dos empuxos
atuantes para muros de gabião. Geralmente, Coulomb é utilizado no cálculo para muros de gabião
mais usuais e simplificados quando comparado com Rankine.
Para o cálculo de muros complexos, utiliza-se a teoria de Cullman (ou do equilíbrio limite).
O trabalho para determinação dos empuxos atuantes é consideravelmente maior, por isso, foram
42

criados softwares como Gawacwin 2.0 que serão utilizados nesse estudo. Em Barros(2014) e
Gerscovish, Danziger e Saramago (2016) apresentam mais informações sobre o método de Culman.

Figura 26 - Muro de gabião em Velas, São Jorge.

Fonte: IMG3.JPG (2013)

2.11.3 Tipos de ruptura a serem analisadas em muro de gabião

Segundo Barros (2014), o muro de gabião deve ser verificado a segurança contra a ruptura
dos casos apresentados na Figura 27.
43

Figura 27 - Possíveis rupturas de muro de gabião

Fonte: Barros (2014)

a) Deslizamento: o empuxo ativo supera a resistência ao deslizamento somado ao empuxo


passivo.
b) Tombamento: o momento resistente proveniente do peso do muro e do empuxo passivo
é menor que o momento gerado pelo empuxo ativo.
c) Ruptura da fundação: as pressões aplicadas sobre o solo natural de fundação são
superiores a sua capacidade de suporte.
d) Ruptura Global do maciço: ruptura de uma cunha de solo que contorna a superfície do
muro.
e) Ruptura interna da estrutura: quando qualquer uma das seções intermediárias que formam
o gabião apresenta resistência ao deslizamento ou a tensão normal inferiores ao empuxo ativo
atuante na seção ou a tensão normal atuante na seção.
O fator de segurança utilizado é de 1,5 para as condições “a”, ”b” e “d” e 3,0 para o caso
“c” e “e”. O cálculo de cada um dos fatores será apresentado no capítulo 4 da presente pesquisa e
têm embasamento teórico em Barros (2014).
44

3 MATERIAS E MÉTODOS

Nesse capítulo serão abordados os materiais e métodos utilizados. Os materiais são os solos
de três regiões do Rio Grande do Sul e o software Gawacwin 2.0. Os métodos são os perfis de
projeto para cada situação de estudo.

3.1 SOFTWARE GAWACWIN 2.0

Barros (2014) cita que o Grupo Maccaferri, em parceria com a GCP Engenharia,
desenvolveu o software Gawacwin 2.0 para análise de estabilidade utilizando muros de gabião,
esse software pode ser adquirido gratuitamente no site do Grupo Maccaferrri
(http://www.maccaferri.com/br/documentos/design-software/). O software usa métodos de cálculo
que fazem referência ao “Equílibrio Limite”, as teorias de Rankine, Coulomb, Meyerhof, Hansen
e Bishop (implementados através de um algoritmo chamado Simplex) para a verificação da
estabilidade global da estrutura.
Com uma interface de fácil entendimento, o programa projeta o dados de entrada na tela de
modo a representar graficamente o caso de que será tratado através do desenho da seção do muro,
terrapleno, fundação, sobrecargas externas e nível d’água.
Os resultados que serão obtidos aparecem em um relatório gerado pelo programa após
análise das hipóteses planas a respeito do problema em questão. Hipóteses tridimensionais
transformariam o problema em um caso muito mais complexo para ser analisado. Conforme Barros
(2014) a análise plana é mais pessimista do que a análise tridimensional, trazendo resultados
favoráveis à segurança.
Nas Figuras 28 e 29 é possível acompanhar a interface do programa com o passo a passo
da entrada de dados e a montagem do problema.
45

Figura 28 – Interface do programa Gawacwin.

Fonte: Gawacwin adaptado.


46

Figura 29 – Interface do relatório de cálculo gerado pelo programa Gawacwin.

Fonte: Gawacwin adaptado.


47

3.2 SOLOS

Para o presente trabalho, serão utilizados 3 tipos de solo: “Solo A”, “Solo B” e “Solo C”.

3.2.1 SOLO A

Viecili (2003) realizou ensaios de cisalhamento direto na condição natural e na condição


inundada no LEC – Laboratório de Engenharia Civil do curso de Engenharia Civil da Unijuí. O solo
foi extraído de talude no campus da UNIJUÍ nas proximidades do prédio de Engenharia Civil no
município de Ijuí/RS. Na oportunidade, foram coletadas 8 amostras indeformadas e analisadas uma
a uma.
A resistência ao cisalhamento foi obtida através do ensaio de cisalhamento direto. Foram
aplicadas tensões normais de 30, 60, 100 e 200 kPa para a situação inundada e natural. Os
parâmetros apresentados serão os do ensaio na condição inundada já que estes serão os mais baixos
e próprios a cunho de dimensionamento de muros de gabião. Os resultados são acompanhados no
Gráfico 1 para apresentar as curvas tensão/deformação.

Gráfico 1 – Tensão cisalhante x deformação do solo inundado

Fonte: Fernandes (2014)


48

No Gráfico 2 verifica-se a relação entre a tensão cisalhante e tensão normal, que gera a
envoltória de ruptura. O ângulo desta reta é ângulo de atrito interno e a constante é o intercepto
coesivo do “solo A”.

Gráfico 2 – Tensão cisalhante x tensão normal do solo inundado.

Fonte: Viecili(2003)

Viecili apresenta duas retas, uma delas para a resistência de pico e a outra para resistência
residual do “solo A”. Os valores considerados serão as de resistência de pico. Os valores do
intercepto coesivo e do ângulo de atrito, respectivamente, 24,10° e 15,80 KPa. O peso específico
natural do solo em questão é 13,74 KN/m³.
O solo é classificado quanto a sua granulometria, segundo a classificação unificada (Unified
Classification System ou ASTM) como um silte de alta compressibilidade (MR) e segundo a
classificação do HRB (Highway Research Board ou AASHOTO) como A-7-5.
49

Esses parâmetros geotécnicos encontrados por Viecili (2003) representarão os mesmos


utilizados como sendo “Solo A”.

3.2.2 SOLO B

Fernandes (2014) realizou ensaios de caracterização, compactação e cisalhamento direto no


laboratório de Geotecnia e Pavimentação da UNIPAMPA. O solo em questão foi coletado na jazida
Pedra Rosada localizada na latitude (29°50'13.46") Sul e longitude (55°46'27.01") Oeste, na cidade
de Alegrete, RS.
A resistência ao cisalhamento foi obtida através do ensaio de cisalhamento direto. Foram
aplicadas tensões normais de 25, 100 e 200 kPa. Os resultados são acompanhados no Gráfico 3.

Gráfico 3 – Tensão cisalhante x deformação do solo natural

140

120

25 KPa
100
Tensão Cisalhante (kPa)

100 KPa
80
200 KPa
60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Deslocamento (mm)

Fonte: Fernandes (2014).

Conforme análise de Fernandes (2014), esse solo é de alta resistência cisalhante. No Gráfico
4 temos a relação entre a tensão cisalhante e tensão normal, que gera a envoltória de ruptura. O
ângulo desta reta é ângulo de atrito e a constante é o intercepto coesivo do material.
50

Gráfico 4 – Tensão cisalhante x tensão normal do solo natural

140
y = 0,6292x + 0,369
Tensão Cisalhante (kPa) 120
R² = 0,9842
100
80
60
40
20
0
0 50 100 150 200 250
Tensão Normal (kPa)

Fonte: Fernandes(2014)

Fernandes (2014) apresenta os valores do intercepto coesivo e do ângulo de atrito,


respectivamente, 0,37KPa e 38,18°. O peso específico natural do solo em questão é 17,60 KN/m³.
O solo é classificado quanto a sua granulometria, segundo a classificação unificada (Unified
Classification System ou ASTM) como uma argila de baixa plasticidade (CH) e segundo a
classificação do HRB (Highway Research Board ou AASHOTO) como A-4.
Esses parâmetros encontrados pelo autor representarão os mesmos utilizados como sendo
“Solo B”.
A descrição completa da execução dos ensaios que resultaram nos parâmetros do “Solo B”
podem ser encontrados em Fernandes (2014).

3.2.3 SOLO C

Baroni (2007) realizou ensaios de cisalhamento direto na condição inundada em solo


extraído do talude as margens do arroio Barreiro no município de Ijuí/RS.
A resistência ao cisalhamento foi obtida através do ensaio de cisalhamento direto que teve
aplicação de tensões normais de 30,60, 100 e 200 kPa. Os resultados são acompanhados no Gráfico
5.
51

Gráfico 5 – Tensão cisalhante x deformação do solo inundado

Fonte: Baroni(2007)

Conforme análise de Baroni (2007), o gráfico 5 em questão se trata de uma argila


normalmente adensada devido à ausência de picos no gráfico.
No Gráfico 6 temos a relação entre a tensão cisalhante e tensão normal, que gera a
envoltória de ruptura. O ângulo desta reta é ângulo de atrito e a constante é o intercepto coesivo do
material.
52

Gráfico 6 – Tensão cisalhante x tensão normal do solo inundado

Fonte: Baroni(2007)

Baroni (2007) apresenta os valores do intercepto coesivo e do ângulo de atrito,


respectivamente, 18,313 KPa e 25,10°. O peso específico natural do solo em questão é 19,80
KN/m³.
O solo é classificado, segundo a classificação unificada (Unified Classification System ou
ASTM) como uma argila de alta plasticidade (CH) e segundo a classificação do HRB (Highway
Research Board ou AASHOTO) como A-7-6. Os parâmetros encontrados por Baroni (2007)
representarão os mesmos do “Solo C”.
53

3.3 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE CÁLCULO ANALÍTICO E SOFTWARE


GAWACWIN 2.0

Para aplicação do software Gawacwin 2.0, é necessário primeiramente, a demonstração da


rotina de cálculo, passo a passo, que gera os resultados apresentados pelo software. Para fazer isso,
será calculado um muro de gabião de forma analítica e o mesmo muro será calculado pelo software
afim de comprovar se a rotina de cálculo utilizada pelo software é correta e gera resultados
confiáveis.
O cálculo analítico é extenso e complexo, então, sendo assim, será explicado passo a passo
junto a figuras informativas sobre as variáveis utilizadas nas fórmulas aplicadas por Barros (2014)
e parâmetros definidos por Moliterno (1980) e Gerscovish, Ragoni e Saramago (2016).
Ao final do cálculo analítico, os resultados finais serão apresentados em tabelas e poderão
ser comparados com o relatório de resultados gerados pelo software. Os resultados de ambos meios
de cálculo devem ser muito próximos afim de podermos aplicar o software para casos práticos.
O cálculo analítico do muro de gabião exemplificado tem por foco a demonstração e
validação da rotina de cálculo utilizada pelo software, sendo descartada a possibilidade de
redimensionamento do muro de gabião em caso dos resultados obtidos não atenderem os mínimos
estipulados por norma. As soluções para o muro apresentar coeficientes de segurança mínimos,
caso seja necessário, serão apenas descritas e não recalculadas.
O muro de gabião que será calculado analiticamente e pelo software é o da Figura 30. As
Tabelas 1 e 2 apresentam as dimensões do muro de gabião e os parâmetros do solo adotados,
respectivamente.
54

Figura 30 – Exemplo de muro de gabião.

Fonte: Autoria própria

Sendo:
- 𝐵 a base maior e inferior no valor de 3 metros;
- ℎ a altura das camadas sobrepostas e vale 6 metros;
- 𝑎 a base menor e superior no valor de 1 metro.
55

Tabela 1 – Dimensões das camadas do muro de gabião.

Camadas de Gabião Comprimento (metros) Altura (metros)


Camada 1 3,00 1,00
Camada 2 2,50 1,00
Camada 3 2,50 1,00
Camada 4 2,00 1,00
Camada 5 1,50 1,00
Camada 6 1,00 1,00

Fonte: Autoria própria

Tabela 2 – Parâmetros do exemplo

Solo Natural de Material de enchimento


Terrapleno Arrimado
Fundação do Gabião
ϒ𝑵 = 𝟏𝟖 𝑲𝑵/𝒎³ ϒ = 18 𝐾𝑁/𝑚³ ϒ𝐺 = 24,3 𝐾𝑁/𝑚³
𝛗 𝑵 = 𝟐𝟕° 𝒈𝒓𝒂𝒖𝒔 φ = 30° graus 𝑛 = 30 %
𝐂 𝑵 = 𝟏𝟖 𝑲𝑵/𝒎² 𝐶 = NULA 𝑦 = 0,0 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

Fonte: Autoria própria

Sendo:
- ϒ𝑁 o peso específico do solo natural de fundação;
- ϒ o peso específico do terrapleno arrimado;
- ϒ𝑝 o peso específico da pedra de enchimento do gabião;
- φ 𝑁 o ângulo de atrito interno do solo natural de fundação;
- φ o ângulo de atrito interno do solo natural de fundação;
- C 𝑁 a coesão do solo natural de fundação;
- 𝐶 a coesão do terrapleno arrimado;
- 𝑛 representa a porosidade do gabião;
- 𝑦 a altura de solo à frente do muro;
A superfície superior do maciço arrimado é inclinada com ângulo “𝑖 = 25°” e sobre ela está
aplicada uma carga uniformemente distribuída “𝑞 = 20 𝐾𝑁/𝑚²”.
56

3.4 PERFIL DE PROJETO APLICADO À PRATICA

O perfil de projeto será único e aplicado para os três tipos de solo apresentados. O presente
estudo de caso observa-se a prática e aplicação de uma estrutura de muro de gabião em um
problema comum nos inúmeros trechos rodoviários no Brasil, que se caracteriza pela necessidade
de proteção contra a ruptura do talude que os tangencia, como na Figura 31.

Figura 31 – Instabilização e escorregamento de taludes nas margens da rodovia BR-282, principal


ligação entre o litoral do estado de Santa Catarina com a serra catarinense.

Fonte: Barros(2014)

O perfil de projeto estabelecido será a base para comparar o comportamento de estabilidade


do muro que suporta o talude. O talude será composto por cada um dos três tipos de solo
apresentados.
É de fundamental importância o uso de diretrizes de projeto bem definidas, como a altura
do muro, o ângulo de inclinação, número de camadas que compõem o muro de gabião e suas
dimensões, tipo de pedra de enchimento da malha do gabião, sobrecarga sobre o terrapleno
arrimado, assim como a inclinação do terrapleno. Todas essas variáveis, quando modificadas, são
capazes de alterar os resultados gerados, por isso a aplicação será igualitária nos três casos. A única
modificação entre os três casos será o tipo de solo o qual o muro terá de suportar.
57

Sendo assim, será utilizado o software Galacwin 2.0 para calcular a estabilidade do muro
perante um talude composto pelo solo A, outro talude comporto pelo solo B e um terceiro composto
pelo solo C.
Após calcular o mesmo muro de gabião para cada um dos tipos de solo, os resultados de
estabilidade de cada uma das três situações será apresentada. Vale lembrar que o muro de gabião
que será usado para os três casos terá sempre as mesmas dimensões.
Depois da apresentação dos resultados para cada um dos três casos, será proposto um
redimensionamento do muro como solução dos casos que não apresentaram os fatores de segurança
mínimos estipulados por norma.
Os parâmetros do perfil de projeto utilizados serão semelhantes a casos reais de muros de
gabião já executados e que podem ser acompanhados em Barros (2014). O perfil de projeto
utilizado será o da Figura 32.
58

Figura 32 – Perfil de projeto

Fonte: Autoria Própria.

Na figura 34 está a representação da execução do muro conforme parâmetros indicados a


serem considerados em projeto por Barros (2014) e Moliterno (1989).
A base do muro de gabião que apresenta três metros de comprimento será instalada a oitenta
centímetros de profundidade em relação ao solo natural de fundação. A essa profundidade se é
dado o nome de Ficha, conforme Barros (2014).
Na preparação da colocação da base do muro, a ficha necessita da remoção da camada
superficial que pode ser composta por solos diferentes do solo natural de fundação. Moliterno
(1989) diz que a ausência da ficha pode gerar problemas de erosão do solo que se encontra logo
abaixo da base do muro, recalque da fundação e instabilização da estrutura de contenção.
Sequencialmente, será executada a rede de drenagem subterrânea que irá captar a água
drenada pelo próprio muro de gabião. A função de captar e conduzir as águas do interior do maciço
arrimado e águas da chuva é do dispositivo representado pelo número 1 na Figura 32.
59

A preparação do terrapleno arrimado será em camadas de 20 centímetros de espessura, que


serão compactadas pela própria circulação da escavadeira. As camadas serão compostas pelo solo
A, B ou C provenientes do próprio solo natural local do talude. Para a execução do muro, o talude
teve que ser cortado e sua recomposição ser feita conforme as camadas do muro fossem instaladas.
As camadas de solo serão executadas proporcionalmente às camadas do muro até que se
alcance a altura de projeto. A figura 32 e 33 representa um muro de gabião sendo executado as
margens de uma rodovia. Na figura 34 representa parte da execução do muro de gabião do perfil
de projeto.

Figura 32 – Execução de muro de gabião as margens da rodovia BR-282, principal ligação entre o
litoral do estado de Santa Catarina com a serra catarinense.

Fonte: BR-282 (2014)


60

Figura 33 – Muro de gabião executado as margens da rodovia BR-282.

Fonte: BR-282 (2014)


61

Figura 34 – Representação da execução do perfil de projeto proposto.

Fonte: Autoria própria

3.4.1 Diretrizes de projeto

O perfil de projeto apresenta inúmeras características que podem ser acompanhadas na


Figura 32, essas características estabelecidas serão as diretrizes de projeto.
Os dados de projeto não serão alterados. Logo, suas aplicações serão as mesmas para o
projeto utilizando o solo A, B ou C.
A seguir os dados de projeto adotados são listados:
- O ângulo 𝛽 = 12° representa a inclinação do muro em relação a vertical em graus;
- O ângulo 𝑖 = 25° representa a inclinação do terrapleno arrimado suportado pelo muro de
gabião em graus;
- A carga distribuída 𝑞 = 50 𝐾𝑁/𝑚² é resultante do peso próprio da escavadeira sobre o
terrapleno. Escavadeira – FNV: Bucyrus – 22 B = 50H Sobre esteiras, citada por Moliterno (1989);
- A altura do muro é de ℎ = 6 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠;
62

- A base maior do muro é de 𝐵 = 3 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠;


- A base menor do muro é de 𝑎 = 1 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜;
- As pedras que compõem o muro de gabião tem peso específico peso específico 𝛾𝑔 =
24,3 𝐾𝑁/𝑚³ e porosidade de 30%;
- As 5 camadas do muro de gabião tem altura de 1 metro cada uma e a suas bases da camada
1 a 5, respectivamente, 3,00, 2,50, 2,50, 2,00 e 1,00 metro de largura;
- Os solos A, B e C possuem características argilosas e consequentemente, apresentam
coesão mesmo nos ensaios de cisalhamento direto em condição inundada. Na sua aplicação como
terrapleno arrimado irão ser considerados de coesão nula como sugere Barros (2014),
Moliterno(1989) para contribuir com a segurança;
- Os solos A, B e C na condição de solo de fundação apresentam seus parâmetros completos
já que o solo está na condição natural e irão ser usados aqueles apresentados nos ensaios anteriores
vistos;
- O nível d’água é considerado estático, ou seja, o empuxo de água atua diretamente sobre
o muro. Segundo Gerscovish, Ragoni e Saramago(2016), o acúmulo de água por deficiência de
drenagem, pode duplicar o empuxo atuante, sendo consequência do acúmulo de água no maciço, a
maior parte dos acidentes envolvendo muros de gravidade. Sendo assim, a água será considerada
por questões de segurança.
- O nível d’água utilizado é de 3 metros de profundidade considerando o pior caso. Esse se
caracteriza por ineficiência do filtro geotêxtil utilizado e consequente colmatação completa do
gabião, além de problemas de impermeabilização das biomantas e da tubulação drenante que capta
a água proveniente do muro e que é levada para a rede pluvial. Gerscovish, Ragoni e
Saramago(2016), caracteriza esse conjunto de dispositivos como indispensáveis para o alívio das
pressões de água sobre o muro. Barros(2014) mostra casos semelhantes de dimensionamento em
muros de gabião em que não se leva em consideração o uso de nível d’água para o
dimensionamento tamanha capacidade drenante do muro de gabião;
- O terrapleno arrimado é composto por duas inclinações que se ligam: inclinação 𝑖 = 25°
com 6 metros de comprimento e inclinação 𝑖 = 0° com 15 metros de comprimento que faz a ligação
com o corte executado no talude natural.
63

4 RESULTADOS

Os resultados serão apresentados em duas etapas distintas. A primeira etapa irá demonstrar
o passo a passo do cálculo adotada por Barros (2014) e seus resultados utilizando o muro de gabião
da figura 30. Assim, após feito isso, o mesmo muro será aplicado no software Gawacwin 2.0 e será
feito um comparativo dos resultados encontrados usando Barros(2014) e o Gawacwin 2.0.
Após validação do método de cálculo programado no software demonstrado na primeira
etapa, a segunda etapa consiste em usar o programa para calcular o perfil de projeto representado
na figura 32 para o solo A, B e C.
Na segunda etapa, após os resultados de estabilidade do muro serem apresentados para os
três tipos de solos utilizados, faremos uma análise de estabilidade.
A análise de estabilidade consiste em verificar se o muro do perfil de projeto tem as
dimensões necessárias para gerar estabilidade de modo a evitar subdimensionamento ou
superdimensionamento da estrutura.
O parâmetro de análise de estabilidade será os fatores de segurança mínimos adotados. O
fator de segurança mínimo adotado será de FS = 1,5 para ruptura global, deslizamento e
tombamento do muro e FS = 3 para tensões admissíveis na fundação e nas seções intermediárias
(camadas) que formam o muro de gabião.
Após análise de estabilidade, será feito o redimensionamento do muro de gabião para cada
um dos tipos de solos utilizados (se o dimensionamento do perfil de projeto não for bom o
suficiente). Isso irá garantir o dimensionamento correto caso fosse necessário aplicação do muro
de gabião frente a uma rodovia em cada região que foi retirado e estudado os parâmetros do solo
utilizados nessa obra.

4.1 CÁLCULO NUMÉRICO UTILIZADO POR BARROS (2014) PARA MUROS DE


GABIÃO

O muro que será calculado será baseado no muro na Figura 30 do item 3.3 e os parâmetros
de projeto estão na tabela 1 e 2 vistos anteriormente no item 3.3
64

4.1.1 Superfície de aplicação do empuxo ativo

A superfície de aplicação do empuxo ativo é o plano médio que une as extremidades inferior
e superior das camadas do muro que são as camadas da base e do topo. A Figura 35 mostra a ação
do empuxo ativo em conjunto com as demais forças que agem sobre a estrutura.

Figura 35 – Aplicação do Empuxo ativo na estrutura de gabião

Fonte: Autoria Própria

Sendo:
- 𝛽 = 12° o ângulo de inclinação do muro em relação a vertical;
- 𝑋𝑔 e 𝑌𝑔 as coordenadas do centro de gravidade do muro em relação a extremidade da base
ou também chamada como fulcro de tombamento, já que esse ponto representa o ponto de giro do
muro em caso de ele não resistir ao tombamento;
65

- 𝑃 o peso próprio do muro;


- 𝛼 o ângulo entre a superfície de aplicação do empuxo ativo com a horizontal;
- 𝑑 a distância de aplicação da força normal 𝑁;
- 𝑇 a parcela tangencial da força peso;
- 𝐻𝐸𝑎 a altura de aplicação do empuxo ativo 𝐸𝑎 .
Apresentados os parâmetros do muro exemplificado na Figura 35, segue a rotina de cálculo
aplicada por Barros(2014) para cálculo de muros de gabião.
O ângulo “α” entre o plano de aplicação do empuxo ativo e a horizontal é:
ℎ (16)
𝛼 = arctan ( ) + 𝛽 = 83,56°
𝐵−𝑎
E a altura total “H” é dada por:
𝛼 (17)
𝐻 = ℎ. sin 6,285 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠
sin(𝛼 − 𝛽) =

4.1.2 Empuxo Ativo

Para o cálculo do empuxo ativo “𝐸𝑎 ” usa-se o método de Colomb. Barros (2014), Fernandes
(2014) e Moliterno (1980) utilizam o valor do ângulo de atrito entre o solo e o muro “𝛿” como
sendo igual ao ângulo de atrito interno do solo que compõem o terrapleno arrimado para muros de
material rugoso como é o caso dos gabiões. Para “∅ = 𝛿” e o “𝑖 = 25°” o coeficiente de empuxo
ativo “𝐾𝑎 ” é igual a:
𝑠𝑒𝑛2 (𝛼 + ∅) (18)
𝐾𝑎 = = 0,612
2 𝑠𝑒𝑛(∅ + 𝛿). 𝑠𝑒𝑛(∅ − 𝑖)
𝑠𝑒𝑛2 𝛼. 𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝛿). [ 1 + √ ]²
𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝛿). 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝑖)
Para q = 20 KN/m³ o empuxo ativo “𝐸𝑎 ” será então:
1 𝑠𝑒𝑛(𝛼) (19)
𝐸𝑎 = . 𝛾. 𝐻 2 . 𝐾𝑎 + 𝑞. 𝐻. 𝐾𝑎 . = 298,24 𝐾𝑁/𝑚²
2 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝑖)
O ponto de aplicação “𝐻𝐸𝑎 ” do empuxo será:
𝛾. 𝐻 2 + 3. 𝑞. 𝐻 (20)
𝐻𝐸𝑎 = = 2,378 𝑚
3. 𝛾. 𝐻 + 6. 𝑞
66

4.1.3 Peso da estrutura

A pedra de enchimento possui “ϒ𝑝 = 24,3𝐾𝑁/𝑚³”, assim o peso específico do muro de


gabião será proporcional a sua porosidade, tendo valor de:
𝛾𝑔 = 𝛾𝑝 . (1 − 𝑛) = 17,01 𝐾𝑁/𝑚³ (21)
E a área “𝑆” da seção transversal do muro vale:
(𝐵 − 𝑎). ℎ (22)
𝑆 = ℎ. 𝑎 + = 12,00 𝑚2
2
O peso total do muro “𝑃” será então:
𝐾𝑁 (23)
𝑃 = 𝛾𝑔 . 𝑆 = 204,12
𝑚
A determinação do centro de gravidade da estrutura subdivide-se em duas partes: Na
primeira é obtido os valores das coordenas “X” e “Y” alinhadas pela base do muro e a segunda são
calculadas as coordenadas reais “𝑋𝑔 ” e “𝑌𝑔 ”, que estão na Figura 35. Essas coordenadas presentam
as coordenadas do centro de gravidade em relação ao fulcro de tombamento com a vertical e a
horizontal. Os valores de “X” e “Y” são representados na Figura 35.
67

Figura 35 – Simplificação e variáveis de cálculo do centro de gravidade do muro.

Fonte: Autoria Própria

As coordenadas “X” e “Y” serão:


𝑎 𝐵
𝑋 = 𝐴1. + 𝐴2. ( 𝑎 + ) =
2 3
(24)
𝑎 ℎ. (𝐵 − 𝑎) 𝐵
𝑋 = ℎ. 𝑎 . + .( 𝑎 + ) =
2 2 3
𝑋 = 1,083 𝑚.
e
ℎ ℎ
𝑌 = 𝐴1. + 𝐴2. =
2 3
(25)
ℎ ℎ. (𝐵 − 𝑎) ℎ
𝑌 = ℎ. 𝑎 . + . =
2 2 3
𝑌 = 2,50 𝑚.
68

As coordenadas reais “𝑋𝑔 ” e “𝑌𝑔 ” podem ser visualizadas na Figura 34 e apresentam valor
de:
𝑋𝑔 = 𝑋. cos 𝛽 + 𝑌. 𝑠𝑒𝑛 𝛽 = 1,579 𝑚. (26)
e
𝑌𝑔 = −𝑋. sen 𝛽 + 𝑌. cos 𝛽 = 2,220 𝑚. (27)

4.1.4 Segurança contra o deslizamento

A força Normal “N” que atua na base do muro é dada por:


𝑁 = 𝑃. cos 𝛽 + 𝐸𝑎 . 𝑐𝑜𝑠 (𝛼 − 𝛿 − 𝛽) = 422,80𝐾𝑁/𝑚. (28)
Considerando o ângulo de atrito “𝛿𝑁 ” entre o solo de fundação e a base do muro como
sendo “𝛿𝑁 = φ 𝑁 = 27°”. A variável “𝑎” representa a adesão, que pode ser considerada metade da
coesão do solo de fundação “𝐶𝑁 ” e apresenta valor de “𝑎 = 9𝐾𝑁/𝑚²” e “𝐵” sendo a base do muro.
Assim a força de atrito ou tangencial “𝑇𝑑 ” que resiste ao deslizamento do muro e que está
disponível na base é de:
𝑇𝑑 = 𝑁. tan 𝛿𝑁 + 𝑎. 𝐵 = 242,43 𝐾𝑁/𝑚. (29)
O coeficiente de segurança contra o deslizamento “𝐹𝑑 ” é:
𝑇𝑑 (30)
𝐹𝑑 = = 1,45 < 1,50.
𝐸𝑎 . 𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝛿 − 𝛽) − 𝑃. 𝑠𝑒𝑛 𝛽
Como é possível observar, o coeficiente de segurança “𝐹𝑑 ” não atingiu o mínimo de 1,5.
Para ir a favor da boa engenharia sem subdimensionar o muro de gabião, é necessário alterar o
projeto original até que se atinja o mínimo estabelecido por norma.
Uma solução que aparentemente funcionaria e de fácil aplicação, seria aplicar na base do
muro uma ficha, ou seja, apoiar a base do muro em uma cota inferior a cota zero do solo de fundação
de modo a apresentar uma força resistiva ou também chamada de Empuxo passivo. Porém,
aconselha-se desprezar o empuxo passivo por questões de segurança a integridade do projeto, já
que o solo que está à frente do muro pode ser retirado e a força resistiva ser anulada. Assim, Barros
(2014) recomenda que se despreze a parcela de empuxo passivo e se procure outras alternativas
para aumento do fator de segurança “𝐹𝑑 ”. Por exemplo, aumentar a base do muro até que se atinja
“𝐹𝑑 ” desejado.
69

4.1.5 Segurança contra o tombamento

O momento de tombamento “𝑀𝐸𝑎ℎ ” é gerado pela componente horizontal do empuxo ativo.


Os momentos resistentes “𝑀𝑃 ” e “𝑀𝐸𝑎𝑣 ” são provenientes do peso próprio da estrutura e da
componente vertical do empuxo ativo, respectivamente. Para o cálculo desses momentos é
necessário utilizar as coordenadas “𝑋𝐸𝑎 ” e “𝑌𝐸𝑎 ” do ponto de aplicação do empuxo ativo “𝐸𝑎 ” em
relação ao fulcro de tombamento com a vertical e a horizontal.
As coordenadas “𝑋𝐸𝑎 ” e “𝑌𝐸𝑎 ” são:
𝑋𝐸𝑎 = 𝐵. cos 𝛽 − 𝐻𝐸𝑎 . tan(90° − 𝛼) = 2,666 𝑚 (31)
e
𝑌𝐸𝑎 = 𝐻𝐸𝑎 − 𝐵. sen 𝛽 = 1,754 𝑚 (32)
O momento de tombamento “𝑀𝐸𝑎ℎ ” é:
𝑀𝐸𝑎ℎ = 𝐸𝑎 . 𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝛿). 𝑌𝐸𝑎 = 421,02𝐾𝑁. 𝑚/𝑚 (33)
Os momentos resistentes ao tombamento “𝑀𝑃 ” e “𝑀𝐸𝑎𝑣 ” são:
𝑀𝑃 = 𝑃. 𝑋𝑔 = 322,39 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚 (34)

𝑀𝐸𝑎𝑣 = 𝐸𝑎 . 𝑐𝑜𝑠(𝛼 − 𝛿). 𝑋𝐸𝑎 = 472,257 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚 (35)


O valor do coeficiente de segurança contra o tombamento é:
𝑀𝑃 + 𝑀𝐸𝑎𝑣 (36)
𝐹𝑡 = = 1,89 > 1,50
𝑀𝐸𝑎ℎ
Obtivemos, contra o tombamento, valores aceitáveis para projeto de moro de gabião
superiores ao mínimo estipulado por norma de 1,5.

4.1.6 Pressões nas fundação

Para o cálculo das pressões que são distribuídas ao longo da fundação do muro, inicialmente
é calculada a distância “𝑑” de aplicação da força normal “𝑁” que se localiza entra o fulcro de
tombamento do muro e a aplicação da normal “𝑁”, ou seja, a extremidade esquerda da base do
muro e o ponto de aplicação da força “𝑁”. Assim “𝑑” tem valor de:
𝑀𝑃 + 𝑀𝐸𝑎𝑣 − 𝑀𝐸𝑎ℎ (37)
𝑑= = 0,883 𝑚
𝑁
70

A excentricidade “𝑒” é:
𝐵 (38)
𝑒= − 𝑑 = 0,616 𝑚
2
Quando a excentricidade “𝑒” for maior que “𝐵/6” usa-se:
2. 𝑁 𝐾𝑁 (39)
𝜎𝑚á𝑥 = = 318,97 2 < 𝜎𝑎𝑑𝑚
3. 𝑑 𝑚
Observação: Se a excentricidade “𝑒” for menor que “𝐵/6” adota-se:
𝑁 𝑒 (40)
𝜎𝑚á𝑥 = . (1 + 6. )
𝐵 𝐵

𝑁 𝑒 (41)
𝜎𝑚𝑖𝑛 = . (1 − 6. )
𝐵 𝐵
A tensão admissível “𝜎𝑎𝑑𝑚 ” na fundação deve ser maior que a tensão máxima aplicada
“𝜎𝑚á𝑥 ” para que o solo de fundação resista às tensões nele geradas pelo problema em questão.

4.1.7 Carga admissível na fundação

As propriedades do solo do fundação determinam a sua capacidade portante para resistir


aos esforços provenientes do muro de gabião. A tensão máxima “𝜎𝑚á𝑥 ” aplicada pela base do muro
no solo natural de fundação deve ser menor que a tensão admissível “𝜎𝑎𝑑𝑚 ” suportada pelo solo
natural de fundação.
Para a determinação da capacidade de carga limite do solo “𝜎𝑙𝑖𝑚 ” é necessário determinar
a força tangencial “𝑇” que atua na base do muro de gabião, que pode ser observada na Figura 35.
A força “𝑇” vale:
𝑇 = (−𝑃). 𝑠𝑒𝑛𝛽 + 𝐸𝑎 . 𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝛿 − 𝛽) = 155,434 𝐾𝑁/𝑚 (42)
A capacidade de carga limite “𝜎𝑙𝑖𝑚 ” é dada por:
1 (43)
𝜎𝑙𝑖𝑚 = 𝑐. 𝑁𝑐 . 𝑑𝑐 + 𝑞. 𝑁𝑞 . 𝑑𝑞 . 𝑖𝑞 + . 𝛾. 𝐵. 𝑁𝛾 . 𝑑𝛾 . 𝑖𝛾 = 632, 198 𝐾𝑁/𝑚²
2
Sendo:
𝑁𝑞 − 1 (44)
𝑁𝑐 = = 23,942
tan 𝜑

𝜋 𝜑 (45)
𝑁𝑞 = 𝑒 𝜋.tan 𝜑 . 𝑡𝑎𝑛2 ( + ) = 13,199
4 2
71

𝑁𝛾 = 1,8. ( 𝑁𝑞 − 1). tan 𝜑 = 11,188 (46)

𝑑𝛾 = 1 (47)

𝑦 (48)
𝑑𝑐 = 𝑑𝑞 = 1 + 0,35. =1
𝐵

𝑇 (49)
𝑖𝑞 = 1 − = 0,8161
2. 𝑁

𝑖𝛾 = 𝑖𝑞2 = 0,6661 (50)

𝑞 = 𝛾. 𝑦 = 0 (51)

𝜎𝑙𝑖𝑚 (52)
𝜎𝑎𝑑𝑚 = = 210,73 𝐾𝑁/𝑚²
3

𝜎𝑚á𝑥 > 𝜎𝑎𝑑𝑚 (53)

A tensão admissível “𝜎𝑎𝑑𝑚 ” do solo natural de fundação, também chamada de capacidade


de carga admissível, é igual a capacidade de carga limite “𝜎𝑙𝑖𝑚 ” (que representa numericamente o
quanto o solo resiste de fato) dividido pelo fator de segurança contra a ruptura da fundação do muro
que tem valor FS = 3.
A tensão máxima tem valor de “𝜎𝑚á𝑥 = 318,97 𝐾𝑁/𝑚²” e a tensão admissível “𝜎𝑎𝑑𝑚 =
210,73 𝐾𝑁/𝑚²”. A capacidade de carga admissível é menor que a carga aplicada na base do muro.
Assim sendo, o muro não seria seguro por norma, podendo haver a possibilidade de romper pela
fundação.
72

4.1.8 Seções intermediárias

4.1.8.1 Seção intermediária 01

Análogamente aos cálculos apresentados até então, a rotina de cálculo se repete


considerando sempre a exclusão das camada abaixo da que está sendo calculada. Por exemplo,
após o cálculo da base ser feito, o cálculo da camada logo acima (camada 2) será realizado como
se o muro não tivesse mais a sua camada de base. Após a camada 2 ser calculada, o cálculo da
camada 3 será feito considerando que o muro não tivesse mais a camada de base e a camada 2. E
assim por diante até chegarmos no cálculo da camada 6.
Para o cálculo de cada camada intermediária se tem que repetir todo o passo a passo
realizado anteriormente para a base. Porém, por não existir solo de fundação na base de cada
camada intermediária, a verificação de carga admissível na fundação inexiste. No lugar dela, se faz
cálculos de resistência ao cisalhamento e a tensões normais entre as camadas.
Para a seção intermediária 01 (seção entre a base e a camada 2) é repetida toda rotina de
cálculo para a determinação de suas tensões normais e de cisalhamento atuantes. A Figura 36
demonstra as mesmas variáveis utilizadas no cálculo da base, porém, dessa vez, aplicadas para a
seção intermediária 01.
73

Imagem 36 – Aplicação de cargas na primeira seção intermediária.

Fonte: Autoria Própria

A Figura 37 mostra cada uma das cinco seções intermediárias.


74

Figura 37 – Representação das seções intermediárias do muro de gabião.

Fonte: Autoria Própria

Aplicando os novos valores na rotina de cálculo vista anteriormente para base do muro de
gabião, os resultados na primeira seção intermediária podem ser resumidos no Quadro 1.

Quadro 1 - Resultados obtidos para a seção intermediária 01.

𝛼 = 85,30° 𝑌𝐸𝑎 = 1,485 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑀𝑃 = 201,496 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚


𝑀𝐸𝑎 = 𝑀𝐸𝑎𝑣 − 𝑀𝐸𝑎ℎ
𝐾𝑎 = 0,581 𝑃 = 148,837 𝐾𝑁/𝑚
= 15, 849𝐾𝑁. 𝑚/𝑚
𝐻 = 5,203 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑋𝐺 = 1,353 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑑 = 0,736 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠
𝐸𝑎 = 205, 71KN/m² 𝑌𝐺 = 1,902 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑀𝑇 = 𝑀𝐸𝑎 + 𝑀𝑃 =
𝑋𝐸𝑎 = 2,285 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑁 = 295,29 𝐾𝑁/𝑚 = 217,345 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚

Fonte: Autoria Própria


75

Os momentos calculados apresentados no Quadro 1, assim como as distâncias, são em


relação ao fulcro de tombamento na seção intermediária 01, como pode ser observado na Figura
36. Quando se for calcular as variárveis da seção intermediária 02, por exemplo, será em relação
ao fulcro de tombamento da seção intermediária 02 e assim sucessivamente para cada seção.
Após encontrado o Quadro de resultados para a seção 01, se procede a verificação das
tensões que são aplicadas entre as duas camadas de gabião sobrepostas, de forma semelhante ao
que foi calculado entre a base do muro em relação ao solo natural de fundação. Assim, a extensão
de cálculo para determinar as tensões que atuam entre as camadas da seção intermediária 01 é:
O ângulo de atrito “𝛿 ∗ ” entre as camadas da seção intermediária 01 é:
𝛿 ∗ = 2,5. 𝛾𝑔 − 10° = 32,5° (54)
Segundo Barros (2014), para gabiões caixa de 1,00 metro de altura e malha de 8 x 10 mm,
o peso da rede metálica é “𝑝𝑢 = 8,7 𝐾𝑔𝑓/𝑚²”, e assim, a coesão na seção intermediária “𝑐𝑔 ” será:
𝑐𝑔 = 3. 𝑝𝑢 − 5 = 21,10 𝐾𝑁/𝑚² (55)
A máxima força de cisalhamento admissível “𝑇𝑎𝑑𝑚 ” na seção intermediária é:
𝑇𝑎𝑑𝑚 = 𝑁. tan 𝛿 ∗ + 𝑐𝑔 . 𝐵 = 240,87 𝐾𝑁/𝑚 (56)
A máxima força de cisalhamento que atua “𝑇𝑚á𝑥 ” na seção intermediária é:
𝑇𝑚á𝑥 = (−𝑃). 𝑠𝑒𝑛𝛽 + 𝐸𝑎 . 𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝛿 − 𝛽) = 110,134 𝐾𝑁/𝑚 (57)
A máxima tensão normal admissível “𝜎𝑎𝑑𝑚 ” na seção intermediária é:
𝜎𝑎𝑑𝑚 = 50 𝛾𝑔 − 300 = 550,5 𝐾𝑁/𝑚² (58)
A máxima tensão normal que atua ” 𝜎𝑚á𝑥 ” na seção intermediária é:
𝑁 (59)
𝜎𝑚á𝑥 = = 200,60 𝐾𝑁/𝑚²
2. 𝑑
Assim, “𝜎𝑚á𝑥 < 𝜎𝑎𝑑𝑚 ” e “𝑇 < 𝑇𝑎𝑑𝑚 ”, e a primeira seção intermediária terá resistência para
suportar as tensões e forças atuantes.

4.1.8.2 Seções intermediárias 02, 03, 04 e 05.

Para todas as seções restantes repete-se o cálculo anterior e confere-se “𝜎𝑚á𝑥 < 𝜎𝑎𝑑𝑚 ” e
“𝑇 < 𝑇𝑎𝑑𝑚 ”. Cada seção deve apresentar resistência para suportar as tensões e forças atuantes nas
suas respectivas bases.
A fim de evitar repetir a rotina de cálculo já apresentada para a seção intermediária 01, será
apresentado dois quadros por seção restante, na qual cada um deles trará os resultados obtidos nos
76

calculos da sua respectiva seção. Observe-se os resultados obtidos para as seções intermediárias
02, 03, 04 e 05, nos Quadros 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.

Quadro 2 – Resultados obtidos para a seção intermediária 02.

𝛼 = 81,44° 𝑌𝐸𝑎 = 1,136 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑀𝑃 = 150,587 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚


𝑀𝐸𝑎 = 𝑀𝐸𝑎𝑣 − 𝑀𝐸𝑎ℎ
𝐾𝑎 = 0,653 𝑃 = 119,07 𝐾𝑁/𝑚
= 77,723 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚
𝐻 = 4,225 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑋𝐺 = 1,264 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑑 = 0,9457 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠
𝐸𝑎 = 161,785 𝐾𝑁/𝑚² 𝑌𝐺 = 1,483 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑀𝑇 = 𝑀𝐸𝑎 + 𝑀𝑃 =
𝑋𝐸𝑎 = 2,196 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑁 = 241,406 𝐾𝑁/𝑚 = 228,301 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚

Fonte: Autoria Própria

Quadro 3 – Resultados obtidos para a seção intermediária 02.

𝛿 ∗ = 32,5° 𝑇𝑎𝑑𝑚 = 206,542 𝐾𝑁/𝑚 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 556,29 𝐾𝑁/𝑚²


𝑐𝑔 = 21,10 𝐾𝑁/𝑚² 𝑇𝑚á𝑥 = 78,029 𝐾𝑁/𝑚 𝜎𝑚á𝑥 = 127,62 𝐾𝑁/𝑚²

Fonte: Autoria Própria

Quadro 4 – Resultados obtidos para a seção intermediária 03.

𝛼 = 83,565° 𝑌𝐸𝑎 = 0,854 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑀𝑃 = 79,453 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚


𝑀𝐸𝑎 = 𝑀𝐸𝑎𝑣 − 𝑀𝐸𝑎ℎ
𝐾𝑎 = 0,612 𝑃 = 76,545 𝐾𝑁/𝑚
= 36,855 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚
𝐻 = 3,142 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑋𝐺 = 1,038 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑑 = 0,798 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠
𝐸𝑎 = 94,72 𝐾𝑁/𝑚² 𝑌𝐺 = 1,142 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑀𝑇 = 𝑀𝐸𝑎 + 𝑀𝑃 =
𝑋𝐸𝑎 = 1,813𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑁 = 145,743 𝐾𝑁/𝑚 = 116,308 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚

Fonte: Autoria Própria


77

Quadro 5 – Resultados obtidos para a seção intermediária 03.

𝛿 ∗ = 32,5° 𝑇𝑎𝑑𝑚 = 135,04 𝐾𝑁/𝑚 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 556,29 𝐾𝑁/𝑚²


𝑐𝑔 = 21,10 𝐾𝑁/𝑚² 𝑇𝑚á𝑥 = 46,93 𝐾𝑁/𝑚 𝜎𝑚á𝑥 = 91,312 𝐾𝑁/𝑚²

Fonte: Autoria Própria

Quadro 6 – Resultados obtidos para a seção intermediária 04.

𝛼 = 87,96° 𝑌𝐸𝑎 = 0,560 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑀𝑃 = 34,595 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚


𝑀𝐸𝑎 = 𝑀𝐸𝑎𝑣 − 𝑀𝐸𝑎ℎ
𝐾𝑎 = 0,536 𝑃 = 42,525 𝐾𝑁/𝑚
= 12,76 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚
𝐻 = 2,06 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑋𝐺 = 0,813 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑑 = 0,653 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠
𝐸𝑎 = 44,46 𝐾𝑁/𝑚² 𝑌𝐺 = 0,781 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑀𝑇 = 𝑀𝐸𝑎 + 𝑀𝑃 =
𝑋𝐸𝑎 = 1,436 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑁 = 72,506 𝐾𝑁/𝑚 = 47,355 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚

Fonte: Autoria Própria

Quadro 7 – Resultados obtidos para a seção intermediária 04.

𝛿 ∗ = 32,5° 𝑇𝑎𝑑𝑚 = 77,84 𝐾𝑁/𝑚 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 556,29 𝐾𝑁/𝑚²


𝑐𝑔 = 21,10 𝐾𝑁/𝑚² 𝑇𝑚á𝑥 = 23,12 𝐾𝑁/𝑚 𝜎𝑚á𝑥 = 55,50 𝐾𝑁/𝑚²

Fonte: Autoria Própria


78

Quadro 8 – Resultados obtidos para a seção intermediária 05.

𝛼 = 102° 𝑌𝐸𝑎 = 0,238 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑀𝑃 = 10,08 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚


𝑀𝐸𝑎 = 𝑀𝐸𝑎𝑣 − 𝑀𝐸𝑎ℎ
𝐾𝑎 = 0,351 𝑃 = 17,01 𝐾𝑁/𝑚
= 1,201 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚
𝐻 = 0,978 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑋𝐺 = 0,593 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑑 = 0,505 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠
𝐸𝑎 = 11,43 𝐾𝑁/𝑚² 𝑌𝐺 = 0,385 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑀𝑇 = 𝑀𝐸𝑎 + 𝑀𝑃 =
𝑋𝐸𝑎 = 1,072 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑁 = 22,35 𝐾𝑁/𝑚 = 11,281 𝐾𝑁. 𝑚/𝑚

Fonte: Autoria Própria

Quadro 9 – Resultados obtidos para a seção intermediária 05.

𝛿 ∗ = 32,5° 𝑇𝑎𝑑𝑚 = 35,34 𝐾𝑁/𝑚 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 556,29 𝐾𝑁/𝑚²


𝑐𝑔 = 21,10 𝐾𝑁/𝑚² 𝑇𝑚á𝑥 = 6,362 𝐾𝑁/𝑚 𝜎𝑚á𝑥 = 22,13𝐾𝑁/𝑚²

Fonte: Autoria Própria

Assim, “𝜎𝑚á𝑥 < 𝜎𝑎𝑑𝑚 ” e “𝑇𝑚á𝑥 < 𝑇𝑎𝑑𝑚 ”, e todas as seção intermediária apresentam
resistencia para suportar as tensões e forças atuantes em suas respectivas bases.

4.1.9 Estabilidade Global

A estabilidade global da estrutura gabião/solo é calculada geralmente pelo método de


Bishop simplificado, analizando seções cilíndricas de ruptura do problema e encontrando o fator
de segurança da seção analizada.
Para o caso desenvolvido ao longo do item 4.1 existem infinitas superfícies de rupturas para
serem analizadas e cada uma apresentando um fator de segurança. Sendo assim, analiticamente
ficaria inviável encontrarmos o fator de segurança crítico do problema em questão, que é o mínimo
valor encontrado.
O software Gawacwin usa o algoritmo Simplex que irá analisar inúmeras seções de ruptura
global da estrutura e encontrando aquela seção com coeficiente de segurança global mais próximo
do mínimo.
79

4.1.10 Resultados gerados pelo Software Gawacwin

O muro exemplo foi aplicado ao software Gawacwin, mantendo os parâmetros do solo,


sobrecarga, inclinações, dimensões das camadas de gabião, inclinação do muro e suporte do solo
de fundação.
O programa gerou um relatório de resultados que pode ser comparado com os resultados
gerados de forma analítica.
Nas Figuras 38, 39, 40, 41 e 42 iremos encontrar o item “Estabilidade interna” que
representa o cálculo da estabilidade nas seções intermediárias. Nesse item, o relatório apresenta os
resultados de tensões cisalhantes e não de forças cisalhantes como foi cálculado de forma analítica.
Após executada a transformação os resultados serão comparados.
80

Figura 38 – Página 1 do relatório gerado pelo Gawacwin.

Fonte: Autoria própria


81

Figura 39 – Página 2 do relatório gerado pelo Gawacwin.

Fonte: Autoria própria


82

Figura 40 – Página 3 do relatório gerado pelo Gawacwin.

Fonte: Autoria própria


83

Figura 41 – Página 4 do relatório gerado pelo Gawacwin.

Fonte: Autoria própria


84

Figura 42 – Página 3 do relatório gerado pelo Gawacwin.

Fonte: Autoria própria


85

Sendo assim, deve-se transformar a força de cisalhamento admissível “𝑇𝑎𝑑𝑚 " que foi
encontrada para cada seção intermediária, anteriormente, em tensão de cisalhamento admissível
“𝜏𝑎𝑑𝑚 ” e devemos transformar força de cisalhamento que atua na seção intermediária “𝑇𝑚á𝑥 ”, que
também foi encontrada para cada seção intermediária, anteriormente, em tensão de cisalhemento
atuante “𝜏𝑚á𝑥 ”.
Para realizar essa transformação, a cunho de comparar os resultados do sofware com os
cálculos realizados de forma analítica, deve-se dividir as forças encontradas pela base “𝐵” da seção
intermediária em questão. A transformação das variáveis da seção intermediária 01 é verificado
nas Equações 60 e 61.
A tensão de cisalhamento admissível “𝜏𝑎𝑑𝑚 ” será:
𝑇𝑎𝑑𝑚 240,87 𝐾𝑁/𝑚 (60)
𝜏𝑎𝑑𝑚 = = = 96,348 𝐾𝑁/𝑚²
𝐵 2,5 𝑚
E a tensão de cisalhamento atuante “𝜏𝑚á𝑥 ” será:
𝑇𝑚á𝑥 110,134 𝐾𝑁/𝑚 (61)
𝜏𝑚á𝑥 = = = 44,053 𝐾𝑁/𝑚²
𝐵 2,5 𝑚
Conforme as Figuras 41 e 42 os resultados gerado pelo software da estabilidade interna e
coeficientes de segurança da estrutura, respectivamente. Os resultados analiticos apresentados
resumidos no Quadros 9 e 10.
O Quadro 9 apresenta os resultados resumidos das seções intermediárias calculadas
analiticamente já com a transformação das forças cisalhantes para tensões cisalhantes como
mostrado no exemplo para seção intermediária 01.

Quadro 9 – Resumo de resultados da estabilidade interna das seções intermediárias calculadas


analiticamente.

𝑴𝑻
𝑯 𝑵 𝑻𝒎á𝒙 𝝉𝒎á𝒙 𝝉𝒂𝒅𝒎 𝝈𝒎á𝒙 𝝈𝒂𝒅𝒎
Camada KN/m x
metros KN/m KN/m KN/m² KN/m² KN/m² KN/m²
m
1 5,203 295,29 110,134 217,345 44,053 96,348 200,60 550,5
2 4,225 241,41 78,029 228,301 31,211 82,616 127,62 550,5
3 3,142 145,74 46,930 116,308 23,465 67,520 91,312 550,5
4 2,060 72,51 23,120 47,355 15,413 51,890 55,50 550,5
5 0,978 22,35 6,362 11,281 6,362 35,340 22,13 550,5

Fonte: Autoria Própria.


86

Quadro 10 – Verificações de Estabilidade calculadas analiticamente.

Coeficiente Indicador Tensão Indicador


Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 1,45 318,97 KN/m²
esquerda
Deslizamento
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 1,89 0,00 KN/m²
direita
Tombamento
Coeficiente de
Máxima tensão
segurança de -------- 210,73 KN/m²
admissível
Ruptura Global

Fonte: Autoria Própria

Os resultados nos quadros, quando comparados com os resultados do relatório do software,


são muito próximos. Isso comprova a rotina de cálculo utilizada no software. O Gawacwin 2.0
calcula de forma correta muros de gabião com o padrão utilizado.
Em relação aos resultados numéricos obtidos quanto a segurança do muro, esses são
insatisfatórios, tanto a cunho de estabilidade global, ruptura do solo de fundação e deslizamento.
Um exemplo de ruptura do solo de fundação pode ser acompanhado na Figura 43. O fator
de segurança de tombamento foi superior ao adotado de 1,5, porém, isoladamente ele não garante
a segurança do muro de gabião.
87

Figura 43 – Ruptura da fundação por erosão da fundação gerada pela água em muro de gabião.

Fonte: IMG1.JPG (2016)

4.1.11 Solução adotada

Existem inúmeras soluções aplicáveis economicamente para o muros de gabião em geral e


do exemplo resolvido acima. Barros (2014) e Moliterno (1989) citam algumas que elevam os
coeficientes de segurança, entre elas estão:
1. Aumentar a distância entre o centro de gravidade do muro e o tardoz de tombamento,
essa simples questão de posicionamento dos gabiões caixa irá aumentar o coeficiente de segurança
contra o tombamento.
2. Outra solução plausível seria o uso de um enchimento com pedras de peso específico
maior, isso aumentaria o peso do muro e, consequentemente, seus momentos resistentes.
3. Aumentar o ângulo de inclinação “𝛽” do muro.
88

4. Afudar o muro de modo a do outro lado do muro fique uma ficha, que é uma altura de
solo que acrescenta uma parcela resistente de empuxo passivo no cálculo de estabilidade do muro.
Essa solução é dita por Barros como “insegura” já que chuvas, ações humanas e outros motivos
podem retirar o solo a frente do muro e a parcela resistente não contribuir mais para a segurança
do muro. Muitos autores desprezam por completo a parcela de empuxo passivo.
5. Mudar as dimensões dos gabiões caixa, de modo a tornar a estrutura mais robusta e
pesada, resistindo mais as forças instabilizantes.

4.2 CASO PRÁTICO DE ESTABILIZAÇÃO DO TALUDE A BEIRA DA RODOVIA


UTILIZANDO OS SOLOS “A, B E C”

O caso de aplicação prática na rodovia gerou os seguintes resultados para os muros de


gabião com terrapleno arrimado composto pelos “solos A, B e C” separadamente, é possivel
observar os resultados nos Quadros 11,12 e 13.
89

Quadro 11 – Resultados resumidos obtidos pelo Gawacwin para o “Solo A” como terreno arrimado
e de fundação.

Resultado das Análises


𝐸𝑎 = 412,41 KN/m² 𝑋𝐸𝑎 = 2,63 𝑚 𝑁 = 465,64 𝐾𝑁/𝑚
𝑇 = 211,51 𝐾𝑁
𝑑 = 1,34 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑌𝐸𝑎 = 2,09 𝑚 𝑑 𝑇𝑚á𝑥 = 272,74 𝐾𝑁/𝑚
/𝑚
Verificações de Estabilidade
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 0,81 1979,68 KN/m²
esquerda
Deslizamento
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 1,10 0,00 KN/m²
direita
Tombamento
Coeficiente de
Máxima tensão
segurança de 1,19 223,88 KN/m²
admissível
Ruptura Global
Estabilidade Interna
𝑴𝑻
𝑯 𝑵 𝑻𝒎á𝒙 𝝉𝒎á𝒙 𝝉𝒂𝒅𝒎 𝝈𝒎á𝒙 𝝈𝒂𝒅𝒎
Camada KN/m x
(m) KN/m KN/m KN/m² KN/m² KN/m² KN/m²
m
1 5,20 338,64 212,41 26,65 84,97 109,00 2151,49 556,29
2 4,22 288,50 164,43 139,82 65,77 95,79 297,64 556,29
3 3,14 190,18 120,72 82,08 60,36 82,42 220,32 556,29
4 2,06 106,13 80,76 34,40 53,84 66,40 163,71 556,29
5 0,98 33,40 38,54 6,52 38,54 41,80 85,57 556,29

Fonte: Autoria própria


90

Quadro 12 – Resultados resumidos obtidos pelo Gawacwin para o “Solo B” como terreno arrimado
e de fundação.

Resultado das Análises


𝐸𝑎 = 314,74KN/m² 𝑋𝐸𝑎 = 2,63 𝑚 𝑁 = 450,35 𝐾𝑁/𝑚
𝑇𝑑
𝑑 = 0,65 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑌𝐸𝑎 = 2,06 𝑚 𝑇 = 147,87 𝐾𝑁/𝑚
= 319,28𝐾𝑁/𝑚 𝑚á𝑥
Verificações de Estabilidade
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 1,90 362,41 KN/m²
esquerda
Deslizamento
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 1,76 0,00 KN/m²
direita
Tombamento
Coeficiente de
Máxima tensão
segurança de Ruptura 1,56 650,79 KN/m²
admissível
Global
Estabilidade Interna
𝑯 𝑵 𝑻𝒎á𝒙 𝑴𝑻 𝝉𝒎á𝒙 𝝉𝒂𝒅𝒎 𝝈𝒎á𝒙 𝝈𝒂𝒅𝒎
Camada
metros KN/m KN/m KN/m x m KN/m² KN/m² KN/m² KN/m²
1 5,20 315,30 106,19 220,18 42,48 102,85 225,76 556,29
2 4,22 258,31 74,87 239,77 29,95 87,84 139,14 556,29
3 3,14 156,24 45,85 124,07 22,93 71,25 98,38 556,29
4 2,06 79,65 24,95 51,99 16,63 54,77 61,02 556,29
5 0,98 24,15 7,44 12,33 7,44 35,71 23,64 556,29

Fonte: Autoria própria


91

Quadro 13 – Resultados resumidos obtidos pelo Gawacwin para o “Solo C” como terreno arrimado
e de fundação.

Resultado das Análises


𝐸𝑎 = 479,00KN/m² 𝑋𝐸𝑎 = 2,64 𝑚 𝑁 = 514,07 𝐾𝑁/𝑚
𝑇𝑑
𝑑 = 1,32 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑌𝐸𝑎 = 2,01 𝑚 = 244,20 𝐾𝑁 𝑇𝑚á𝑥 = 318,93 𝐾𝑁/𝑚
/𝑚
Verificações de Estabilidade
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 0,79 1924,87 KN/m²
esquerda
Deslizamento
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 1,11 0,00 KN/m²
direita
Tombamento
Coeficiente de
Máxima tensão
segurança de Ruptura 1,22 238,82 KN/m²
admissível
Global
Estabilidade Interna
𝑯 𝑵 𝑻𝒎á𝒙 𝑴𝑻 𝝉𝒎á𝒙 𝝉𝒂𝒅𝒎 𝝈𝒎á𝒙 𝝈𝒂𝒅𝒎
Camada
metros KN/m KN/m KN/m x m KN/m² KN/m² KN/m² KN/m²
1 5,20 369,98 243,32 38,34 97,33 117,25 1784,9 556,29
2 4,22 313,27 185,21 163,43 74,09 102,32 300,25 556,29
3 3,14 202,34 130,59 96,66 65,29 86,42 211,77 556,29
4 2,06 109,39 82,36 39,65 54,91 67,83 150,91 556,29
5 0,98 32,51 34,61 7,80 34,61 41,21 67,78 556,29

Fonte: Autoria própria

Após análise das três tabelas de respostas geradas pelo software, fica evidente que a
estrutura apresentada no perfil de projeto não é capaz de resistir aos esforços solicitados. Contudo,
o solo B apesar de apresentar coeficientes de segurança satisfatórios, o programa passa um aviso
afirmando que a base do muro não é completamente usada para apoiar os esforços provenientes do
empuxo ativo de terra e pressão d’água. A solução desse caso está no reposicionamento da base
em 0,5 m para a esquerda. Isso irá melhorar a distribuição dos esforços ao longo da estrutura.
É necessário, estratégicamente, adotar soluções para elevar os coeficientes de segurança
para o solo A e solo C. Caso o atual muro fosse aplicado na prática, em ambos os solos, sofreria a
ruptura, ao que numericamente indica, pelo deslizamento do muro.
92

Vale frizar que os coeficientes de segurança contra o deslizamento encontrados foram


inferiores a 1. A significância é que as forças tangenciais atuantes na base de ambos muros é
superior a resistência tangencial da base do muro.
Barros(2014) recomenda não considerar os valores de empuxo passivo no cálculo de
estabilidade. Isso se explica pela incerteza perante as condições fisicas do local serem
permanecidas ao longo da vida útil da construção. Podendo ocorrer retirada do material frente ao
muro devido ação humana ou natural e consequente perda da parcela de empuxo passivo que
contribuia na estabilidade. Reiterando que a ficha é de 0,80 metros e caso fosse considerado o
empuxo passivo, os coeficientes de segurança contra o deslizamento para o solo A e C seriam,
respectivamente, 0,97 e 0,98. Insuficientes, porém maiores.
As soluções adotadas para estabilizarmos o terreno arrimado terão como limite mínimo
atingirmos coeficientes de segurança no valor de 1,5 contra o tombamento, delizamento pela base
e estabilidade global e de 3 para ruptura da fundação como cita Fernandes (2014). A NBR 11682
(Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2009) estabelece coeficientes de segurança conforme
os riscos de danos a vidas humanas e danos materias e ambientais.

4.2.1 Solução aplicada

Para o exemplo teórico resolvido no item 4.1, como soluções, foi citado o uso de pedras
com maior peso específico e alterações na geometria do muro. Para atingir os coeficientes de
segurança requeridos, devemos mudar as dimensões do muro de gabião.
Assim, após várias tentativas, encontra-se um dimensionamento plausível que une
economia e segurança. Para não se aumentar ainda mais as dimensões, foi utilizado o peso
específico “𝛾𝑔 = 30 𝐾𝑁/𝑚³” superior ao anterior característico de pedras do tipo basalto
conforme Barros (2014).
Na Figura 44 estão as novas dimensões do muro de gabião para obter resultados acima dos
mínimos determinados para os coeficientes de segurança.
93

Figura 44 – Redimensionamento do muro de gabião para o “solo A” ou “solo C”.

Fonte: Autoria Própria

Com as novas dimensões e a nova pedra de enchimento da malha de gabião definidos, para
o solo A e o solo C, obteve-se novos coeficientes de segurança contra a ruptura dos muros e a
proteção da rodovia. Nos Quadros 14 e 15 apresenta-se os novos valores obtidos.
94

Quadro 14 – Coeficientes de segurança para o muro de gabião com “solo A”

Verificações de Estabilidade
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 1,64 166,49 KN/m²
esquerda
Deslizamento
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 5,82 131,22 KN/m²
direita
Tombamento
Coeficiente de
Máxima tensão
segurança de 1,50 223,88 KN/m²
admissível
Ruptura Global

Fonte: Autoria Própria

Quadro 15 – Coeficientes de segurança para o muro de gabião com “solo C”

Verificações de Estabilidade
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 1,57 171,02 KN/m²
esquerda
Deslizamento
Coeficiente de
Tensão na base
segurança de 5,86 152,99 KN/m²
direita
Tombamento
Coeficiente de
Máxima tensão
segurança de 1,54 238,82 KN/m²
admissível
Ruptura Global

Fonte: Autoria Própria

A estabilidade interna dos muros foram verificadas e todas as seções intermediárias


atendem satisfatoriamente os requisitos de segurança. Ou seja, os valores de tensões e forças
admissíveis são superiores as tensões e forças máximas aplicadas em cada uma das camadas. Os
resultados obtidos deixam claro a semelhança de comportamento dos “solos A” e “solo C”.
95

5 ANÁLISE PARAMÉTRICA

Nesse capítulo, utilizando o perfil de projeto da Figura 32 será realizada uma análise dos
fatores de segurança levando em consideração a magnitude do nível d’água e do carregamento
externo. Esse procedimento irá marcar a influência do nível d’água e do carregamento nos muros
de gabião apresentados nessa presente pesquisa.
O perfil de projeto que foi calculado pelo software Gawacwin 2.0 no Capítulo 4.2, tem
significado prático, já que em caso de dimensionamento de muros de gabião, as dimensões adotadas
serão aquelas encontradas já que o foco era encontrar uma resposta que não subestimasse as forças
atuantes no caso prático e também não superestimasse as condições do problema.
Esse capítulo apresentará a magnitude da influência da água e do carregamento nos três
tipos de solo e gerar conclusões após análise dos parâmetros. Por isso, apesar da condição drenante
dos muros de gabião, a análise paramétrica irá acontecer com a extrapolação do nível d’água e do
carregamento, tanto para mais quanto para menos.
No Quadro 16 está a relação dos fatores de segurança para o nível d’água estático na cota
0h e a carga distribuída de 0q, 0,5q e q. O solo aplicado como retroaterro será o solo A.

Quadro 16 - Valores de FS da estrutura mediante variação de carga para NA = 0h no solo A.

Ângulo de Nível Carga


F. Segurança F. Segurança F. Segurança
SOLO atrito 𝝋 d’água distribuída 𝒒
Deslizamento Tombamento Global
(graus) (h) (KN/m²)
A 24,14 0 0 1,39 2,19 1,67
A 24,14 0 25 1,02 1,44 1,45
A 24,14 0 50 0,85 1,16 1,31

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 17 está a relação dos fatores de segurança para o nível d’água estático na cota
0,5h e a carga distribuída de 0q, 0,5q e q. O solo aplicado como retroaterro será o solo A.
96

Quadro 17 - Valores de FS da estrutura mediante variação de carga para NA = h/2 no solo A.

Ângulo de Nível Carga


F. Segurança F. Segurança F. Segurança
SOLO atrito 𝝋 d’água distribuída 𝒒
Deslizamento Tombamento Global
(graus) (h) (KN/m²)
A 24,14 0,5 0 1,21 1,75 1,44
A 24,14 0,5 25 0,95 1,31 1,28
A 24,14 0,5 50 0,81 1,10 1,19

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 18 está a relação dos fatores de segurança para o nível d’água estático na cota
h e a carga distribuída de 0q, 0,5q e q. O solo aplicado como retroaterro será o solo A.

Quadro 18 - Valores de FS da estrutura mediante variação de carga para NA = 1h no solo A.

Ângulo de Nível Carga


F. Segurança F. Segurança F. Segurança
SOLO atrito 𝝋 d’água distribuída 𝒒
Deslizamento Tombamento Global
(graus) (h) (KN/m²)
A 24,14 1 0 0,99 1,33 1,15
A 24,14 1 25 0,84 1,13 1,08
A 24,14 1 50 0,74 1,00 1,04

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 18 está a relação dos fatores de segurança para o nível d’água estático na cota
0h e a carga distribuída de 0q, 0,5q e q. O solo aplicado como retroaterro será o solo B.

Quadro 18 - Valores de FS da estrutura mediante variação de carga para NA = 0h no solo B.

Ângulo de Nível Carga


F. Segurança F. Segurança F. Segurança
SOLO atrito 𝝋 d’água distribuída 𝒒
Deslizamento Tombamento Global
(graus) (h) (KN/m²)
B 38,18 0 0 3,14 3,54 2,03
B 38,18 0 25 2,45 2,45 1,87
B 38,18 0 50 2,08 1,97 1,73

Fonte: Autoria Própria


97

No Quadro 19 está a relação dos fatores de segurança para o nível d’água estático na cota
0,5h e a carga distribuída de 0q, 0,5q e q. O solo aplicado como retroaterro será o solo B.

Quadro 19 - Valores de FS da estrutura mediante variação de carga para NA = h/2 no solo B.

Ângulo de Nível Carga


F. Segurança F. Segurança F. Segurança
SOLO atrito 𝝋 d’água distribuída 𝒒
Deslizamento Tombamento Global
(graus) (h) (KN/m²)
B 38,18 0,5 0 2,53 2,52 1,78
B 38,18 0,5 25 2,14 2,01 1,63
B 38,18 0,5 50 1,90 1,76 1,56

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 20 está a relação dos fatores de segurança para o nível d’água estático na cota
h e a carga distribuída de 0q, 0,5q e q. O solo aplicado como retroaterro será o solo B.

Quadro 20 - Valores de FS da estrutura mediante variação de carga para NA = 1h no solo B.

Ângulo de Nível Carga


F. Segurança F. Segurança F. Segurança
SOLO atrito 𝝋 d’água distribuída 𝒒
Deslizamento Tombamento Global
(graus) (h) (KN/m²)
B 38,18 1 0 1,95 1,76 1,37
B 38,18 1 25 1,79 1,61 1,39
B 38,18 1 50 1,66 1,50 1,33

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 21 está a relação dos fatores de segurança para o nível d’água estático na cota
0h e a carga distribuída de 0q, 0,5q e q. O solo aplicado como retroaterro será o solo C.
98

Quadro 21 - Valores de FS da estrutura mediante variação de carga para NA = 0h no solo C.

Ângulo de Nível Carga F.


F. Segurança F. Segurança
SOLO atrito 𝝋 d’água distribuída 𝒒 Segurança
Deslizamento Tombamento
(graus) (h) (KN/m²) Global
C 25,10 0 0 1,17 1,86 1,56
C 25,10 0 25 0,95 1,38 1,43
C 25,10 0 50 0,83 1,16 1,33

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 22 está a relação dos fatores de segurança para o nível d’água estático na cota
0,5h e a carga distribuída de 0q, 0,5q e q. O solo aplicado como retroaterro será o solo C.

Quadro 22 - Valores de FS da estrutura mediante variação de carga para NA = h/2 no solo C.

Ângulo de Nível Carga


F. Segurança F. Segurança F. Segurança
SOLO atrito 𝝋 d’água distribuída 𝒒
Deslizamento Tombamento Global
(graus) (h) (KN/m²)
C 25,10 0,5 0 1,06 1,58 1,41
C 25,10 0,5 25 0,90 1,28 1,29
C 25,10 0,5 50 0,79 1,11 1,22

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 23 está a relação dos fatores de segurança para o nível d’água estático na cota
h e a carga distribuída de 0q, 0,5q e q. O solo aplicado como retroaterro será o solo C.

Quadro 24 – Valores de FS da estrutura mediante variação de carga para NA = 1h no solo C.

Ângulo de Nível Carga F.


F. Segurança F. Segurança
SOLO atrito 𝝋 d’água distribuída 𝒒 Segurança
Deslizamento Tombamento
(graus) (h) (KN/m²) Global
C 25,10 1 0 0,92 1,29 1,18
C 25,10 1 25 0,81 1,13 1,13
C 25,10 1 50 0,74 1,02 1,08

Fonte: Autoria Própria


99

Do Quadro 24 ao 29 estão, em porcentagem, a influência d’água e do carregamento no fator


de segurança contra a ruptura global para os três tipos de solo.
No Quadro 24 se encontra o decréscimo do fator de segurança global sob influência apenas
da variação do carregamento para cada nível freático estabelecido para o solo A.

Quadro 24 - Decréscimo do FS.Global variando a carga para o solo A.

Decréscimo do Fator de
Carga (KN/m²) Nível de água (h) Segurança contra a
ruptura global (%)
Entre 0 e 50 0 22
Entre 0 e 50 0,5 18
Entre 0 e 50 1 10

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 25 se encontra o decréscimo do fator de segurança global sob influência apenas


da variação do nível d’água para cada valor de carregamento estabelecido para o solo A.

Quadro 25 - Decréscimo do FS.Global variando o N.A para o solo A.

Decréscimo do Fator de
Nível de água (h) Carga (KN/m²) Segurança contra a
ruptura global (%)
Entre 0 e 1 0 32
Entre 0 e 1 25 26
Entre 0 e 1 50 12

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 26 se encontra o decréscimo do fator de segurança global sob influência apenas


da variação do carregamento para cada nível freático estabelecido para o solo B.
100

Quadro 26 - Decréscimo do FS.Global variando a carga para o solo B.

Decréscimo do Fator de
Carga (KN/m²) Nível de água (h) Segurança contra a
ruptura global (%)
Entre 0 e 50 0 15
Entre 0 e 50 0,5 13
Entre 0 e 50 1 3

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 27 se encontra o decréscimo do fator de segurança global sob influência apenas


da variação do nível d’água para cada valor de carregamento estabelecido para o solo B.

Quadro 27 - Decréscimo do FS.Global variando o N.A para o solo B.

Decréscimo do Fator de
Nível de água (h) Carga (KN/m²) Segurança contra a
ruptura global (%)
Entre 0 e 1 0 33
Entre 0 e 1 25 26
Entre 0 e 1 50 24

Fonte: Autoria Própria

No Quadro 28 se encontra o decréscimo do fator de segurança global sob influência apenas


da variação do carregamento para cada nível freático estabelecido para o solo C.

Quadro 28 - Decréscimo do FS.Global variando a carga para o solo C.

Decréscimo do Fator de
Carga (KN/m²) Nível de água (h) Segurança contra a
ruptura global (%)
Entre 0 e 50 0 15
Entre 0 e 50 0,5 14
Entre 0 e 50 1 9

Fonte: Autoria Própria


101

No Quadro 29 se encontra o decréscimo do fator de segurança global sob influência apenas


da variação do nível d’água para cada valor de carregamento estabelecido para o solo C.

Quadro 29 – Decréscimo do FS.Global variando o N.A para o solo C.

Decréscimo do Fator de
Nível de água (h) Carga (KN/m²) Segurança contra a
ruptura global (%)
Entre 0 e 1 0 25
Entre 0 e 1 25 21
Entre 0 e 1 50 19

Fonte: Autoria Própria

Os Quadros 25 ao 29, demonstram a preponderância da influência do nível d’água sob a


influência do carregamento na redução do fator de segurança contra a ruptura global da estrutura
para os três tipos de solo.
O solo B é o que, numericamente, sofreu maior decréscimo no fator de segurança contra a
ruptura global da estrutura. O solo A e C tem comportamento semelhante no decréscimo do fator
global.
102

6 CONCLUSÕES

6.1 EXEMPLO TEÓRICO E SOFTWARE 2.0

Calcular muros de gabião de forma analítica pode ser um grande desafio para o projetista,
é o que lhe dá a percepção da ordem de grandeza dos esforços determinados com uso de programas
de cálculo e análise de estabilidade. Entretanto, as análises de estabilidade interna são trabalhosas
e requerem tempo para cada tipo de dimensionamento adotado.
A teoria de Coulomb limita a verificação exata para casos reais em que se tem duas
inclinações de retroaterro com posterior e futura construção de residências na segunda inclinação.
O método de Coulomb está atrelado a uma única inclinação, que gera resultados extrapolados e,
consequentemente, super dimensionamento da estrutura. Apesar dessa limitação, a teoria ainda é
de grande utilidade para a verificação dos esforços na estrutura de gabião.
A análise pelo método de Coullman ou equilíbrio limite tem grande precisão na
determinação do empuxo atuante na estrutura. Este método é utilizado pelo software que calcula
estruturas de gabião. O cálculo apresentado no presente trabalho tem resultados muito próximos
do cálculo apresentado pelo software Gawacwin 2.0.

6.2 ANÁLISE DE PARÂMETROS

As estruturas de gabião necessitariam de uma super estrutura para atingir os coeficientes de


segurança mínimos estipulados ao longo de todas as análises feitas no presente trabalho, assim
seriam compostas por uma base da ordem de 7 metros de comprimento (para o solo A e C) para
suportar os esforços advindos da pressão hidrostática d’água com N.A = 1h e carregamento de 50
KN/m².
Em casos de falta de espaço para a colocação de bases muito largas ou viabilidade
econômica, uma solução que evitaria a redução do fator de segurança global seria a utilização de
máquinas mais leves para a construção do muro de gabião. A carga uniformemente distribuída de
50 KN/m² provém da utilização de uma escavadeira tradicional, porém caso necessário, poderia se
utilizar uma retroescavadeira que representa, numericamente, uma carga distribuída de 25 KN/m²
segundo Moliterno (1980). Assim os esforços da construção seriam minorados gerando economia
e maior segurança.
103

Dimensionar estruturas em gabião requer a escolha correta dos parâmetros a serem


incluídos no projeto. Um deles é o descarte da influência estática de parte d’água, já que as
estruturas em gabião apresentam uma capacidade drenante grande. Esse fato quando aplicado ao
solo B, por exemplo, gerou um aumento variando de 24 a 33% do fator de segurança global.

6.3 PROJETO DE CASO PRÁTICO

Os solos A e C apresentaram comportamento semelhante no dimensionamento da estrutura


e os empuxos de terra atuantes foram maiores nesses dois casos. Ambos solos são os de menores e
semelhantes valores para ângulo de atrito interno.
O solo B apresentou um comportamento resistente e o pré-dimensionamento do perfil de
projeto é o ideal para esse tipo de solo. As diferenças da grandeza dos esforços para os três tipos
de caso estão basicamente no ângulo de atrito do solo, que quando é adotado como igual ao ângulo
de atrito solo-muro, isso implica diretamente nos valores de empuxo encontrados. Quando maior
o ângulo de atrito do solo, maior será o ângulo de atrito solo-muro considerado em projeto e,
consequentemente, menor será o valor do empuxo ativo.
A utilização do geotêxtil, apesar de diminuir o atrito entre o solo-muro na ordem de 10%,
possibilita segurança contra a colmatação da estrutura e evita que se considere em projeto o nível
d’água estático como sendo elevado. A drenagem superficial com a utilização de canaletas e
escadas drenantes e a impermeabilização possibilitam a diminuição ainda maior do efeito de água
na consideração de projeto.
O modo de execução utilizando a escavadeira que aplica 50 KN/m² ao longo da superfície
do terrapleno é o ideal para a instalação de muros de grande altura e comprimento. Para muros
menores e menos compridos deve-se utilizar outras máquinas mais leves para não gerar grandes
esforços sobre a estrutura.
A pedra de enchimento do gabião caixa pode ser encaixada uma na outra como um
pavimento intertravado, de modo a se preencher a maioria dos espaços dentro da caixa de gabião e
assim diminuir o valor de porosidade adotado em projeto. Isso implica em maior peso para a
estrutura e maior estabilidade.
A utilização de pedras com peso específico maior seria uma alternativa estabilizadora.
104

O deslocamento da base para a esquerda gera o distanciamento do tardoz da estrutura


aumento os momentos resistentes ao tombamento. O empuxo passivo tem grande influência nos
coeficientes de segurança, porém por questão de incerteza se existiria essa força atuante durante
toda vida útil da estrutura, opta-se por descarta-lo em 100%.
A solução encontrada para o solo A e C representam uma estrutura com dimensões da
ordem de duas vezes maiores do que a solução para o solo B. A escolha de um solo adequando
quando ele provém de jazida de matérias é de fundamental impacto no dimensionamento e custo
da obra.
Em projeto deve ser especificado os deslocamentos que a máquina pode fazer pela área de
trabalho na construção do muro de gabião. Caso a máquina atue passando por cima das gaiolas e
essa sobrecarga não for inclusa em projeto, pode ocorrer uma ruptura do solo natural de fundação
por excesso de carga a ser suportada na base do muro que não foi prevista em projeto.
105

REFERÊNCIAS

BARONI, M.; Estudo da viabilidade de aproveitamento de pneus inservíveis como material


de construção de estruturas de contenção arrimadas. 2007. 114p. Dissertação (Trabalho de
conclusão de curso de Engenharia Civil) – Universidade Regional do Noroeste do estado do Rio
Grande do Sul, Ijuí, 2007.

BARROS, A. L. P.; Obras de Contenção: Manual Técnico. Jundiaí, SP: MACCAFERRI, 2014.

BR-381, Brasil, Itapeva - MG. Histórico de Caso. Jundiaí, SP: MACCAFERRI, 2013.

BR-282, Brasil, Aguas Mornas - SC. Histórico de Caso. Jundiaí, SP: MACCAFERRI, 2014.

CORSINI, R.; Fundações e Contenções. Infraestrutura Urbana. 6. Ed. São Paulo: Editora Pini,
Ago. 2011. Disponível em: < http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/6/taludes-
atirantados-227250-1.aspx>. Acesso em: 20 nov. 2016.

EHRLICH, M.; BECKER, L.; Muros e Taludes de Solo Reforçado: projeto e execução. São
Paulo: Oficina de Textos, 2009. (Coleção Huesker: engenharia com geossintéticos.)

FERNANDES, D. W.; Verificação da resistência ao cisalhamento e estabilidade de taludes de


um solo natural e melhorado com cimento, cal e cinza da casca de arroz. 2014. 74 p.
Dissertação (Trabalho de conclusão de curso de Engenharia Civil) – Universidade Federal do
Pampa Campus Alegrete, Alegrete, 2014.

FERNANDES, M. M.; Mecânica dos Solos: introdução à Engenharia Geotécnica: 1. Ed. São
Paulo: Oficina de Textos, 2014. 2 v.

GABIÃO e outras soluções em malha hexagonal de dupla torção. Jundiaí, SP: MACCAFERRI,
2013.

GERSCOVICH, D.; Estabilidade de Taludes. São Paulo: Oficina de Textos, 2012.

GERSCOVICH, D.; DANZIGER, R. B.; SARAMAGO, R.; Contenções: teoria e aplicações em


obras. São Paulo: Oficina de Textos, 2016.

IMG1.JPG. Altura: 640 pixels. Largura: 480 pixels. RGB. 78 Kb. Formato JPEG. 29 jul. 2016.
Disponível em: <
https://www.facebook.com/engenhariaemdia/photos/a.1424759557777664.1073741827.1424756
104444676/1721065271480423/?type=3
>. Acesso em: 4 nov. 2016.

IMG2.JPG. Altura: 932 pixels. Largura: 476 pixels. RGB. 934 Kb. Formato JPEG. 8 nov. 2015.
Disponível em: < http://casaeconstrucao.org/wp-content/uploads/2016/08/muros-de-pedras-
1.jpg>. Acesso em: 10 nov. 2016.
106

IMG3.JPG. Altura: 578 pixels. Largura: 433 pixels. RGB. 561 Kb. Formato JPEG. 2 dez. 2013.
Disponível em: < http://3.bp.blogspot.com/-nnu_H13Hf2M/VMT5-
vSvkkI/AAAAAAAADb8/H8asNzGNAMg/s1600/gabioes_obras-gabios.com.jpg
>. Acesso em: 8 nov. 2016.

MOLITERNO, A.; Caderno de Muros de Arrimo. São Paulo: Edgar Blucher, 1980.

RODOVIA PE 27, Brasil, Caramagibe. Histórico de Caso. Jundiaí, SP: MACCAFERRI, 2013.

TERZAGHI, K.; PECK, B. R.; Mecânica dos solos na prática da engenharia. Tradução de
Antônio José da Costa Nunes e Maria de Lourdes Campos Campello. Rio de Janeiro: Ao Livro
Técnico S. A., 1948.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Departamento de Estruturas de


Fundações. Estruturas de Contenção: Muros de Arrimo. [S. l.], [20--?].

VIECILI, C.; Determinação dos parâmetros de resistência do solo de Ijuí a partir do ensaio
de encilhamento direto. 2013. 73 p. Dissertação (Trabalho de conclusão de curso de Engenharia
Civil) – Universidade Regional do Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2003.

Você também pode gostar