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As dúvidas dos Aparás

Salve Deus! A incorporação consciente, característica dos Iniciados na Corrente Indiana


do Espaço, é sempre um tema delicado a ser tratado pelos instrutores. Vejamos o que acontece,
passo a passo com um Apará: Ao iniciar seu desenvolvimento mediúnico, uma ansiedade
natural toma conta do médium. Não sabe o quê esperar! Inicialmente acredita que a Entidade vai
“tomar conta do aparelho” gerando um estado de inconsciência total. Vai “apagar”, como se
estivesse dormindo, e despertar sem lembrar de nada. Na verdade isso não acontece! Ao iniciar
o desenvolvimento passa a sentir um leve torpor, mas que não desvanece sua consciência. Uma
Entidade de Luz respeita completamente a individualidade do médium. Não vai “incorporar”
100%. Na verdade vai posicionar-se, e projetar no médium suas energias e intuições, inspirando
os movimentos e palavras. Ou seja: Não vai agarrar o braço do médium e fazer com que ele se
movimente. O médium sente a “vontade” natural de movimentar os braços no sentido de limpar
sua aura, mas se não der o primeiro passo, se não mover-se manifestando sua concordância,
simplesmente isso não vai acontecer.
Ao dar o primeiro movimento, os outros a seguir vão surgindo de forma naturalmente
inspirados. A consciência continua ativa! O mesmo se dá com as primeiras palavras. “Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo”. A frase não sai da cabeça, é repetida pelo instrutor, a vontade
de repeti-la é grande, mas se não houver o primeiro passo, se não falar pela primeira vez, a
Entidade não vai dominar suas cordas vocais e pronunciar as palavras! Quem fala é o Apará!
Ele é a manifestação do fenômeno e não “o” fenômeno. Após as primeiras palavras a intuição se
apura, e sente como se uma voz fosse “soprando” em seu ouvido as palavras a serem ditas. A
voz sai normalmente um pouco alterada, resultado do torpor físico que se submete durante a
mediunização, mas a consciência está desperta.
Vejam: Durante a incorporação um Apará tem total consciência do que está se passando.
Pode ouvir, e quem transmite a mensagem é ele. A mensagem vem inspirada e quase nunca
sabem quais são as próximas palavras que serão pronunciadas, mas amedrontando-se e não
iniciando a mensagem, simplesmente não irá falar nada. Tem o total controle e domínio do
fenômeno. “Mestre, eu não lembro nada que passou nos Tronos!” Salve Deus! Após a
incorporação, as lembranças vão se desvanecendo. Vão se apagando e normalmente só fica
registrado o quê efetivamente pode ser útil ao médium, como uma mensagem especial e
particular para ele mesmo. Repito, depois da incorporação a lembrança da comunicação vai se
apagando, mas durante a comunicação a consciência é clara! Ele ouve tudo que está a sua
volta!
Voltando aos movimentos... O comportamento do corpo do Apará também está sob seu
controle total! A maneira como se comporta, como manipula as energias, é inspirada e jamais
“tomada” a força. Quando incorpora um “irmãozinho”, o Apará sofre uma forte influência sobre
seus sentimentos e desejos. Tem vontade de bater na mesa, gritar, emitir sons, movimentar-se,
tomar posturas arrogantes, tentar fitar o Doutrinador. Porém nada disso é possível sem a
permissão do Apará! Quem permite os movimentos, sons, etc. é sempre o Apará. Um médium
bem formado comporta-se com elegância em qualquer situação. Respeita a Entidade de Luz e o
sofredor, que necessita de amor, acolhimento e Doutrina naquela hora, e não de mesclar-se nas
emoções de um médium desequilibrado, que dá vazão as suas vontades de manifestar-se de
forma fora do correto. Movimentações e sons inapropriados ao nosso trabalho são na verdade
desequilíbrios do médium ou erros em sua formação, onde o instrutor não soube conduzir
devidamente as manifestações que se apresentavam.
Médiuns que batem na mesa, que permitem comunicações de sofredores, que voltam-se
para o Doutrinador, que respiram de forma ameaçadora... São médiuns que não estão em seu
equilíbrio perfeito, com falha de formação, e jamais podem ser considerados como exemplos de
conduta e de “força”. Os médiuns mais antigos são exemplos para os mais novos. No período de
instrução os aspirantes são orientados justamente sobre como comportarem-se nos setores de
trabalho. Porém com o tempo, passam a observar médiuns mais antigos, que adquiriram certas
deformidades na incorporação, e pensando serem estas na verdade uma “manifestação de
força”, acabam seguindo os mesmos passos.
Em nossa Doutrina, a Corrente Mediúnica é fidalga, elegante. O comportamento dos
médiuns deve ser discreto. Somente incorporam Entidades de Luz para os trabalhos, o quê
significa que irão respeitar o médium e sua integridade física. Um sofredor ao incorporar, por
menos esclarecido que seja, sentirá os efeitos benéficos da troca de energia, tranqüilizando
naturalmente seu caráter revoltoso. Ele somente se manifesta de forma negativa, se encontra
nos médiuns um desequilíbrio do qual possa se aproveitar. Voltando as dúvidas... Esta total
consciência nas incorporações leva muitos médiuns a duvidar de seu próprio trabalho e até
mesmo a buscar refazer seu teste mediúnico. Meus irmãos e irmãs, é natural! Naquele momento
em que tudo parece tão claro e consciente, ao mesmo tempo as palavras surgem intuídas, os
gestos são tranqüilos e quase automáticos. A mensagem toca o coração!
“Mas será que não estou com uma interferência?” A interferência de um “irmãozinho” é de
total responsabilidade do Doutrinador! Ele é quem deve identificar se algo está errado. Se houve
alguma mudança de energia, se a mensagem está truncada, se está seguro de tudo que ali se
passa. Um Doutrinador tem total responsabilidade sobre um Trabalho de Tronos e deve
respeitosamente interferir em qualquer situação que considere duvidosa, seja fundamentada ou
não. Uma Entidade de Luz não vai incomodar-se com o excesso de zelo, ao contrário, ficará feliz
em saber que ali está um Doutrinador que deseja ter certeza do Trabalho e está focado em sua
realização. A aproximação de um sofredor se caracteriza pelo distanciamento da “voz” da
Entidade de Luz. Percebe-se, na maioria das vezes, a troca de energia. A Mensagem vai
ficando mais longe... É nessa hora em que deve fechar as mãos, e entregar-se a Doutrina e
Elevação. Não tem que sentir “um peso” para isso! Qualquer distanciamento, dúvidas que
surjam durante um atendimento, é sinal de que existe a possibilidade de estar aproximando-se
um irmãozinho, e é hora de dar passagem a ele.
“E quando o Apará interfere na comunicação?” Este sim é o caso mais grave de
interferência que pode acontecer! E tem responsabilidade real, e um altíssimo custo para o
Apará. Devido a consciência do Apará no momento da comunicação, este pode se sentir tentado
a realizar alguma interferência. Passando alguma mensagem pessoal ou particular para
alguém de seu círculo íntimo. Este é o maior risco que um Apará corre ao atender nos Tronos
principalmente a familiares, amigos e outros médiuns de sua convivência.
Ao direcionar mensagens de acordo com sua vontade, a Entidade de Luz se afasta, e ele
assume o risco sozinho pela sua desdita. O Doutrinador pode até identificar a situação
e deve interferir se assim sentir a intuição e necessidade. Porém, a interferência do próprio
Apará nas comunicações gera uma dívida exclusiva para ele mesmo. Consciência e
responsabilidade. Cada um no seu papel! Prepara-se, mediuniza-se, e desta forma, nenhum
Apará precisa sentir receios de ir trabalhar nos Tronos. Lá, ele entregando-se ao Trabalho,
entrega a responsabilidade ao Doutrinador. Confia nele! Na comunicação, nos gestos, apenas
deixa fluir... Dá o primeiro passo e o restante vem por acréscimo! A sincronia e precisão de
nossos Trabalhos praticamente garante sua realização com perfeição. Temos toda uma
ritualística energética antes de chegar aos Tronos. Nossa parte é cumpri-la com precisão e
estarmos verdadeiramente bem para este trabalho.

Por que a falta de controle?


Realmente, a “vontade de bater, xingar e às vezes até voar no pescoço do doutrinador ou
do paciente” é quase incontrolável! Porém, devemos ter em conta que ela só será externada se
encontrar, no próprio aparelho, sentimento semelhante, para criar uma simbiose mental e
traduzir em impulso físico ou verbal. Deixar o irmãozinho liberar esta energia, não vai ajudar em
nada o Doutrinador, que também possui seus sentimentos próprios e receios naturais, que
podem em conjunto mesclarem-se com a energia liberada, colocando a perder todo o trabalho,
dando mais força ainda ao sofredor.
A responsabilidade do Doutrinador é de emanar a aura do médium e do irmãozinho, com
sua energia mediúnica vibrante e na tônica do amor. Claro que não podemos criticar quem ainda
não compreende, ou não recebeu a orientação necessária sobre como se conduzir nestes
momentos delicados. O Apará não pode se render aos sentimentos do irmãozinho, justamente
ao contrário! Tem que vibrar para que ele compreenda aquelas palavras e mentalizar (visualizar)
a sua Elevação. Vejo que normalmente os médiuns que mesclam suas energias com a do
sofredor, dando vazão aos sentimentos que lhe invadem, são justamente os que saem
“passando mal” e com vibrações de todo tipo. Ao passo que os que se controlam e possuem
uma incorporação perfeita, saem tranqüilos e com a sensação da missão verdadeiramente
cumprida.
Também conheço médiuns de todos os tipos, veteranos e “graduados” com os mais
diversos comportamentos. Tia nos ensinava que o médium mais sujeito a mistificação é
justamente o mais antigo e de maior classificação. Não falo em “falta de conduta”, mas sim, em
falta de conhecimento! A falta de conduta se dá quando o médium tem esclarecimento e não
segue as leis que nos regem neste Amanhecer, e uma das Leis que Tia mais primava era
justamente a elegância nas incorporações, e o comportamento de Cavalheiro do Doutrinador.
Mal formados? Desequilibrados? Talvez... Mas o quê realmente pesa é o momento em que o
médium atravessa em sua vida e o quanto ele mesmo está precisando externar sua energia. O
sofredor ao encontrar este campo fértil sente mais facilidade e aí o médium acaba “debaixo dos
Tronos”.
Por isso a necessidade de total responsabilidade ao ir para os Tronos! Nosso
compromisso não é só com o paciente físico, é também com o paciente espiritual! E estes não
podem encontrar um lugar para aumentar sua negatividade, e sim, para contê-las! O Apará,
médium Iniciado na Corrente Indiana do Espaço, por esta característica é consciente e pode
controlar as reações. Somente não conseguindo, quando sua própria energia está compatível
com a do irmãozinho... De modo, que é melhor nem ir para os Tronos, se não puder se controlar.
Pois sairá dali pior do que entrou ou terá que contar com o merecimento de ter ao lado um
Doutrinador que possa trabalhar dobrado: controlando aparelho e sofredor. De qualquer forma,
os dois acabam esgotados.
Em nossa Doutrina, segundo descrito pelo Trino Tumuchy trabalhamos com a “projeção
do Mentor”! Ele não entra e domina o corpo do Apará! Projeta sua energia e intuição para a
realização do trabalho. Quando chega o sofredor, o Mentor se afasta (por isso a sensação da
voz do Mentor se distanciar) e permite que o irmãozinho, projete. Com a “Puxada”, o Doutrinador
abre a aura do Apará para que ele receba a projeção da aura do irmãozinho, que passará a
receber a limpeza propiciada pelos movimentos iniciáticos do Doutrinador e sua emissão de
ectoplasma através da doutrina verbal.
Quanto ao controle dos movimentos físicos... Salve Deus! O Apará, Iniciado em nossa
Corrente, tem o controle de seus movimentos. Obviamente, quando seu nível de mediunização é
muito forte, ele sente com maior intensidade os movimentos projetados pela Entidade de Luz.
Porém, jamais, repito, porque são palavras de Tia, jamais uma Entidade de Luz viola a vontade
de um médium. Ela projeta e o movimento só se realiza com a permissão do médium! Dores não
podem provir de uma Entidade de Luz, que nunca força o médium a nada.

Extraído do livro: O centurião - 2011

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