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04/04/2019 Justiça condena gêmeos idênticos a dividir paternidade de criança em Goiás - Brasil - Estadão

Justiça condena gêmeos idênticos a


dividir paternidade de criança em
Goiás
Pai não assumiu a obrigação e, por serem gêmeos univitelinos, o exame de DNA não foi suficiente
para definir a paternidade

José Maria Tomazela  , O Estado de S.Paulo


03 de abril de 2019 | 15h55

SOROCABA - A Justiça condenou dois irmãos, gêmeos idênticos, a assumir em conjunto a paternidade
de uma menina de oito anos para o pagamento de pensão alimentícia, em Cachoeira Alta, interior de
Goiás. A decisão, publicada na segunda-feira, 1, é inédita no Brasil, segundo o Tribunal de Justiça
goiano. No caso, o pai não assumiu a obrigação e, por serem gêmeos univitelinos, o exame de DNA não
foi suficiente para definir a paternidade. Diante da rara circunstância, o juiz condenou os dois a
constarem no registro da criança como pais e dividirem o pagamento da pensão.

Os testes de DNA não foram suficientes para definir qual dos gêmeos idênticos era pai da criança, em Cachoeira Alta
(GO). A justiça mandou os dois assumirem a paternidade Foto: ilustração TJ-GO/Divulgação

Conforme a sentença, a mãe da menina entrou com ação alimentícia contra um dos gêmeos, alegando
que a criança era filha dele. O homem, de 31 anos, negou a paternidade e apontou o irmão gêmeo como
o verdadeiro pai. Em virtude da semelhança física entre os dois, a própria mãe, uma jovem de 25 anos,
ficou em dúvida quanto à pessoa com quem tinha se relacionado. A mulher alegou que havia conhecido
o rapaz numa festa e tivera um breve relacionamento com ele, resultando em gravidez. 

Na ocasião, o rapaz se apresentara com o nome do irmão, segundo depoimento prestado ao juiz. "Ele
me contou que tinha um irmão gêmeo, mas não cheguei a ser apresentada a ele. O estranho é que nesse
dia ele estava com a motocicleta amarela que dizia ser do irmão", disse. A mãe só procurou a Justiça em
2017, quando a menina completou seis anos. 

https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,justica-condena-gemeos-identicos-a-dividir-paternidade-de-crianca-em-goias,70002778117 1/3
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Inicialmente, ela ajuizou ação de reconhecimento da paternidade contra um dos irmãos e, quando saiu
o resultado positivo, este indicou o outro como o verdadeiro pai. O irmão fez o mesmo teste, dando
resultado igual - 99,9% de chances de ser o genitor. Mesmo com o resultado, nenhum deles assumiu a
paternidade. "É uma atitude muito triste, não precisavam disso. Eles sabem a verdade, mas se
aproveitam da semelhança para fugir da responsabilidade", disse a mulher, conforme divulgação do
Tribunal, que manteve em sigilo a identidade das partes para proteger a criança. 

DNA IGUAL. Quando a ação foi proposta, os dois gêmeos estavam casados e a investigação teria gerado
constrangimento para as famílias. Diante da negação da paternidade, o juiz determinou que ambos
fossem submetidos ao teste de DNA. Por serem gêmeos idênticos, formados por um único óvulo
fecundado pelo mesmo espermatozoide, o código genético de ambos é igual, ou seja, qualquer um deles
poderia ser o pai. Sem condições de definir o pai biológico, o juiz Felipe Luís Peruca determinou que os
os dois sejam considerados pais da criança. 

Cada um terá de pagar mensalmente o equivalente a 30% de um salário mínimo à menina. "Um dos
irmãos, de má-fé, busca ocultar a paternidade. Esse comportamento não deve receber guarida do Poder
Judiciário, que deve reprimir comportamentos torpes, sobretudo no caso em que os requeridos (os
gêmeos) buscam se beneficiar da própria torpeza, prejudicando o reconhecimento da paternidade
biológica da autora (criança), direito constitucional, inalienável e indisponível", afirma o juiz na
sentença.

O magistrado reconheceu que o caso é muito particular, pois são raros os processos de reconhecimento
de paternidade em que se encontram dois possíveis pais com o mesmo DNA. "Assim, diante das
peculiaridades do caso concreto, reputo que a decisão que mais açambarca o conceito de justiça é
aquela que prestigia os interesses e direitos das crianças em detrimento da torpeza dos requeridos",
afirmou no processo. 

Os irmãos podem recorrer da decisão, mas o recurso não suspende a obrigação de pagarem a pensão
alimentícia, retroativa à data em que a ação foi proposta. Procurada, a advogada Débora Franco
Medeiros, que defende os gêmeos, informou que nem eles nem a defesa se manifestariam sobre a
decisão. 

CASO SIMILAR. De acordo com o TJ-GO, uma história similar aconteceu nos Estados Unidos, em
2007, quando Holly Marie Adams se relacionou com os gêmeos Raymon e Richard Miller e teve uma
filha. Os testes também não conseguiram precisar quem era o pai da garota e a situação foi parar na
Suprema Corte Americana. Diferentemente do caso de Goiás, Holly não estava sendo enganada pelos
homens e apontou Raymon como pai. A Justiça decidiu que a paternidade deveria ser, então de
Raymon, com que a criança já tinha criado laços afetivos.

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