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SISTEMAS DE TRATAMENTO DE

ÁGUAS E RESÍDUOS

TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE

Profª. Karina Cavallieri


[Nome da empresa]
[Data]
ETEC Pedro Badran Sistemas de Tratamento de Água e Resíduos

1. USO RACIONAL DOS CURSOS D’ÁGUA

Panorama geral:

 No século passado, o consumo de água aumentou duas vezes mais rápido do que o
crescimento demográfico. O Médio Oriente, o Norte da África e o Sul da Ásia sofrem de escassez
crônica de água.
 Em muitas regiões, a utilização excessiva de águas subterrâneas para beber e para efeitos de
irrigação causou descidas do nível das águas da ordem de dezenas de metros.
 Em algumas regiões da China e Índia, o lençol freático afunda de 2 a 3 metros por ano e 80%
dos rios são muito tóxicos.
 As perdas de água devido a ligações ilegais e desperdício representam cerca de 50% da água
para beber e 60% da água destinada à irrigação, nos países em desenvolvimento.
 Cerca de 6000 crianças morrem diariamente devido a doenças ligadas à água insalubre e a
um saneamento e higiene deficientes.
 A água insalubre e o saneamento causam 80% das doenças de países em desenvolvimento.
 Mais de 1 bilhão de pessoas tem problemas de acesso à água potável; 2,4 bilhões não tem
acesso a saneamento básico.

Principais tópicos da “Declaração dos Direitos da Água”, documento redigido pela ONU (Macêdo,
53-54):

 A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem valor econômico: é rara e
dispendiosa e pode escassear em qualquer região do mundo.
 A utilização da água implica respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para
todo homem, ou grupo social que a utiliza.
 Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos e limitados.
Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade e precaução.
 A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo a
nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do
homem para com as gerações presentes e futuras.
 A água não deve ser desperdiçada, nem poluída.
 O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em
razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
 A gestão da água impõe um equilíbrio entre a sua proteção e as necessidades econômicas,
sanitária e social.

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 Disponibilidade da água

O homem tem se apropriado dos recursos sem a preocupação de preservar os ciclos naturais,
como se a existência da água fosse renovada a cada dia sem nenhum custo para o meio ambiente.
A disponibilidade da água tornou-se limitada pelo comprometimento de sua qualidade.

A situação é alarmante: 63% dos depósitos de lixo no país estão em rios, lagos e restingas. Na
região metropolitana de São Paulo, metade da água disponível está afetada pelos lixões que não
tem qualquer tratamento sanitário. No Rio de Janeiro, diminuiu-se a oferta de água para fins de
uso doméstico e industrial devido à poluição crescente por esgoto urbano. A Região Norte, que
tem a maior reserva de água doce do Brasil, é a que mais contamina os recursos hídricos
despejando agrotóxicos, mercúrio dos garimpos e lixo bruto nos rios.

Pelas contas dos especialistas, 95,1% da água do planeta é salgada. Dos 4,9% que sobram, 4,7%
estão na forma de geleiras ou regiões subterrâneas de difícil acesso, e somente os 0,2% restantes
estão aptos para o consumo em lagos, nascentes e lençóis subterrâneos.

O Brasil tem 12% da concentração mundial de água doce. Cerca de 80% dessa água está na
Amazônia, onde vivem apenas 5% da população. O Nordeste, com quase da população tem
apenas 3,3% das disponibilidades hídricas do país.

Tabela 1 – Evolução do consumo per capita de água pelo homem.


Homem Volume (L)/dia
100 anos a.C. 12
Romano 20
Século XIX (cidades pequenas) 40
Século XIX (cidades grandes) 60
Século XX 800
Fonte: ARNT, 1995.

Atualmente, 29 países não possuem água doce para toda a população. Em 2025, segundo a ONU
serão 48 países sem água em quantidade suficiente para toda a população. Enquanto que em
Nova York (USA) o consumo atinge cerca de 2000 litros/habitante/dia, na África, a média do
continente é de 15 litros/habitante/dia.

 Consumo da água no mundo

Como mostra a Figura, o principal vilão no consumo de água é a agricultura, principalmente nos
países de Terceiro Mundo, enquanto que em países da Europa e América do Norte, o maior
consumo é na área industrial.

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Fonte: Folha de São Paulo, 1999.


Figura 1 – Consumo anual de água por tipo de uso.

Podemos comparar a utilização da água por setor nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos a
partir das figuras.

Figura 2 – Uso de água de acordo com a atividade (a) em países desenvolvidos e (b) em países
subdesenvolvidos.

A Tabela apresenta o volume de água doce disponível em rios e a população em porcentagem por
continente.

Tabela 2 – Volume de água doce nos rios e porcentagem da população em cada continente em relação a
população mundial.
Continente Volume de água doce dos rios População
3
(km )
América do Norte 236 8%
América do Sul 916 6%
Europa 76 13%
África 184 13%
Ásia 533 60%
Oceania 24 1%

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Os impactos dos recursos hídricos do Brasil são variados e característicos de cada região. Deve-se
em grande parte, ao processo de urbanização, aos usos agrícolas e industriais.

Figura 3 – Tipo de manancial que abastece os municípios do Brasil.

O grande problema está na disposição inadequada dos resíduos, ou seja, resíduos não tratados
que alcançam os mananciais, e no consumo excessivo dos recursos hídricos.

 Abastecimento e Reutilização

Quase metade da água que sai das estações de tratamento com destino às casas dos brasileiros se
perde na ineficiência do sistema de abastecimento, são quilômetros de tubulações deterioradas,
com vazamentos e infiltrações, redes antigas e “gatos” que evidenciam a propriedade.

Quando uma área é desenvolvida para o uso humano, muitos sistemas que retêm água do ciclo
hidrológico são removidos.

As perdas nos sistemas de abastecimento de água englobam as perdas físicas e as perdas de


faturamento. As perdas físicas referem-se principalmente a vazamentos no sistema de
abastecimento; enquanto as perdas de faturamento decorrem de ligações clandestinas ou não
cadastradas, fraudes ou hidrômetros com problema.

A crise de água que assusta a Grande São Paulo é imposta por causa de limites naturais na
disponibilidade hídrica, da poluição de rios e represas, da ocupação desordenada de mananciais,
do descaso no uso e da falta de políticas eficientes para reeducar o consumo e reduzir perdas, pois
a região só tem água garantida até 2010.

Reaproveitamento

Além da necessidade de economia, a reciclagem e a reutilização aparecem como alternativas para


o uso racional da água. Há dois processos de regeneração para o reuso de água: para reutilização
e para reciclagem. A regeneração para reutilização é a operação envolvendo o tratamento

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necessário da água, já que o reuso direto não é possível. Após a regeneração, a água não é
utilizada na mesma operação, mas em outra.

De acordo com a OMS pode-se classificar o reuso em:

Indireto – ocorre quando a água já usada, uma ou mais vezes para uso doméstico e industrial, é
descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas e utilizada novamente;

Direto – é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados para certas finalidades como irrigação,
uso industrial, recarga de aquífero e água potável;

Reciclagem interna – é o reuso da água internamente em instalações industriais, tendo como


objetivo a economia de água e o controle da poluição.

A reutilização consiste no reaproveitamento de água, que já passou pela rede de esgoto e por uma
estação de tratamento. Vários países já estão utilizando esse tipo de reaproveitamento, por
exemplo, em Israel, 70% do esgoto é reciclado para irrigação. Na Europa já existem cidades que
reusam a água 14 vezes.

O reuso da água também pode ser classificado em duas grandes categorias em relação a
potabilidade:

Para reuso urbano, para fins potáveis, devem ser obedecidos os critérios apresentados abaixo:

 Somente sistemas de reuso potável indireto devem ser implementados.


 É necessário que somente esgotos domésticos sejam utilizados.
 Em razão da impossibilidade de identificar adequadamente a enorme quantidade de
compostos de alto risco, particularmente micropoluentes orgânicos presentes em efluentes
líquidos industriais, mananciais que recebem ou receberão esses efluentes por longos períodos
são descartados para a prática de reuso para fins potáveis.

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 Sistemas simplificados de reciclagem

A reciclagem pode ser definida como o reaproveitamento de uma água utilizada para
determinada função, apesar da alteração de suas qualidades físico-químicas e microbiológicas em
função do uso. O reaproveitamento pode ser feito em alguns casos antes que a água atinja a rede
de esgotos.

A regeneração para reciclagem é a operação de tratamento para remover contaminantes, de forma


a permitir a reciclagem da mesma. Neste caso, a água pode ser reaproveitada no mesmo processo
que já foi utilizada.

Em nível industrial, a reciclagem já é uma realidade, pois é economicamente viável em função da


redução dos custos envolvidos com a própria água e, atualmente por reduzir o volume de
efluentes lançados em um recurso hídrico.

Uma das formas de reciclagem consiste basicamente em se ter ambientes aeróbios e anaeróbios
com materiais filtrantes e plantas. Também pode-se utilizar uma caixa seca com várias camadas. Há
ainda um sistema tipo circuito fechado. http://www.ipemabrasil.org.br/institutoweb13.htm#Rec

Exercícios

1. Quais seriam os motivos para o consumo de água por dia, por habitante ter aumentado tanto?
2. Comparando os gráficos da Figura 2, os países desenvolvidos ou subdesenvolvidos consomem mais
água no setor industrial? E no agrícola? Por que isso se sustenta?
3. O que se pode fazer para diminuir a retirada de água de um manancial a fim de preservá-lo?
4. Quais as principais causas de desperdício de água registrados no Brasil?
5. Por que somente esgotos domésticos podem ser tratados visando o reuso urbano para fins potáveis?
6. Quais as vantagens para uma empresa ou mesmo em nossa casa, de se adotar um procedimento de
reciclagem da água?

Atividade 1

Pesquise um método de reciclagem de água, devendo conter no mínimo:

Como funciona
Vantagens
Em quais situações podem ser utilizadas

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2. LIXO DOMÉSTICO E ATERROS SANITÁRIOS

Grande parte do material que é descartado e deve ser armazenado em depósitos não é perigoso,
correspondendo ao “lixo doméstico” ou “resíduo”. O maior gerador individual desses resíduos
sólidos – definidos como resíduos coletados e transportados por outros meios que não a água –
são entulhos de construção e demolição, quase todos reutilizados ou enterrados no solo. A
segunda maior fonte de resíduos em volume corresponde ao gerado pelos setores comercial e
industrial, seguido pelo lixo doméstico originado nas residências particulares.

A Figura apresenta os tipos de resíduos sólidos tipicamente gerados em países de diferentes níveis
de desenvolvimento econômico. Deve-se observar a fração dos resíduos que corresponde à
matéria vegetal diminui à medida que o nível de desenvolvimento aumenta.

Figura 4 – Composição média típica de resíduos sólidos de diferentes níveis de desenvolvimento.

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O principal método usado para armazenar o lixo sólido municipal é a sua colocação em um
aterro sanitário (em alguns casos denominados de depósitos de lixo ou lixão), o qual consiste em
uma grande escavação no solo que em geral é coberta com solo e/ou argila, uma vez que esteja
preenchida. Os aterros predominam porque seus custos diretos são substancialmente menores que
a disposição por outros meios.

No passado, os aterros eram buracos no solo que tinham sido criados durante as atividades de
extração mineral. Em muitos casos eles vazavam e contaminavam os aquíferos situados no subsolo;
isso aconteceu principalmente nos aterros que usaram fossas de areia, dado que a água pode
percolar facilmente através da areia. Esses aterros não foram projetados, controlados ou
supervisionados e acumularam muitos tipos de resíduos, incluindo alguns perigosos.

Os aterros municipais modernos são muito melhor projetados e gerenciados, frequentemente não
aceitam resíduos perigosos e seus locais são selecionados para minimizar o impacto ambiental.

Figura 5 – Principais diferenças entre um lixão e aterros sanitários

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(a)
(b)

Figura 6 – (a) foto evidenciando a lona de impermeabilização do solo em aterros sanitários; (b) esquema da
constituição de um aterro sanitário correto.

Durante o período de tempo em que os resíduos municipais que se encontram em um aterro estão
se decompondo - aerobicamente primeiro e depois por via anaeróbia, após alguns meses ou um
ano – é produzido um líquido proveniente da própria decomposição do lixo, chamado chorume,
que pode percolar até atingir o lençol freático.

Esse líquido contém vários contaminantes dissolvidos, em suspensão e microbianos, extraídos dos
resíduos sólidos. O chorume contém comumente ácidos orgânicos voláteis como ácido acético e
vários ácidos graxos; bactérias; metais pesados e sais de íons inorgânicos comuns como Ca2+. Entre
os micropoluentes incluem-se os COVs comuns como o tolueno e o diclorometano. O dióxido de
carbono emitido pela matéria orgânica à medida que ela se decompõe pode tornar o chorume
ácido, aumentando ainda mais sua capacidade para lixiviar metais presentes no próprio LSM.

Em um aterro sanitário, o LSM é compactado em camadas e coberto com cerca de 20 cm de solo


ao final das operações diárias; assim, o aterro é formado por muitas células adjacentes,
correspondendo cada uma ao lixo de um dia. Após preenchimento de uma célula, uma outra é
iniciada, até o total preenchimento da cavidade. Em geral, o aterro sanitário é por fim coberto por
um metro ou mais de solo preferivelmente de argila, um material razoavelmente impermeável à
chuva. Para fornecer uma proteção adicional, pode ser colocada sobre a superfície superior da
argila uma geomembrana (material chamado de geotextil) fabricada de material plástico.

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 Eliminação de resíduos

Incineração

Uma outra maneira comum de tratar os resíduos, particularmente os orgânicos e biológicos, é


através da incineração. A principal vantagem de incinerar o lixo sólido municipal é a redução do
volume de material que deve ser aterrado. No caso de substâncias tóxicas ou perigosas, um
objetivo ainda mais importante é a eliminação do perigo tóxico associado ao material. A
incineração de resíduos hospitalares é efetuada para sua esterilização.

O componente inflamável do lixo como papel, plástico e madeira, fornece o “combustível” para o
fogo. Os incineradores de LSM doméstico mais comuns são unidades de queima de massa de
uma etapa, já os mais modernos são do tipo modular que funcionam em duas etapas, no qual os
resíduos são queimados a uma temperatura de cerca de 760°C e os gases e partículas resultantes
são transportados pelo ar até uma câmara secundária onde são queimados de maneira mais
completa, a temperaturas acima de 870°C.

Os “produtos” dos incineradores municipais incluem não apenas os gases finais, mas também um
resíduo de sólidos que equivale a cerca de do peso inicial do lixo.

O principal problema ambiental da incineração é a poluição do ar, tanto por gases quanto por
partículas. Os controladores das emissões dos incineradores podem controlar grande parte, mas
não todas as substâncias tóxicas lançadas no ar pelo processo de combustão. Os controladores
comuns incluem filtros conhecidos como filtros de mangas, que são constituídos por sacos de
tecido usados para reter materiais particulados.

Incineradores de Resíduos Tóxicos

Os incineradores que trabalham com resíduos perigosos são normalmente mais elaborados. É
fundamental que os materiais iniciais sejam destruídos mais completamente e que as emissões
sejam controladas de maneira mais estrita.

Os dois tipos mais comuns são o forno rotatório e o de injeção de líquidos. O incinerador
rotatório pode aceitar resíduos de todos os tipos, incluídos sólidos inertes, como solo e lodos. Os
resíduos são introduzido no interior de um cilindro longo e inclinado que gira lentamente, sendo o
material não queimado, continuamente exposto às condições oxidantes de 650°C-1100°C.

Durante aproximadamente 1h, os resíduos continuam um caminho descendente pelo interior do


cilindro e sendo queimado. Os gases quentes de saída do forno são levados para uma câmara de
combustão secundária (não rotatória) equipada com um queimador cuja temperatura é mantida
entre 950°C e 1200°C, e no qual o gás permanece durante pelo menos um ou dois segundos. Em

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algumas instalações, os resíduos líquidos podem ser introduzidos diretamente nesta câmara como
combustível. Os gases que saem da câmara secundária são rapidamente resfriados a cerca de
230°C por meio de evaporação de água pulverizada. Neste tipo de incinerador, aplica-se
normalmente uma série de etapas para purificar o material efluente de partículas e gases ácidos
antes que sejam liberados na atmosfera.

Figura 7 – Diagrama esquemático dos componentes de um incinerador de forno rotatório, incluindo


equipamento para o controle de poluição do ar.

Nos incineradores de injeção de líquidos, os resíduos a serem bombeados são primeiramente


dispersos em uma fina névoa de pequenas gotículas, com subsequente combustão em torno de
1600°C, com um tempo de permanência de um ou dois segundos. Os gases de saída podem ser
conduzidos a uma câmara de secagem para neutralizar e remover os gases ácidos, e, em seguida, a
um filtro de mangas para remover materiais particulados, antes que sejam emitidos na atmosfera.

Exercícios

7. Relacione as diferenças da composição dos resíduos sólidos com as diferenças de desenvolvimento dos
países.
8. Que método é mais usado para o descarte de resíduos sólidos? É o mais correto?
9. Quais problemas um aterro não controlado pode acarretar?
10. Como os resíduos podem ser tratados?
11. Cite e comente vantagens e desvantagens da disposição dos resíduos em aterros em comparação a
incineração desses resíduos?

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3. LEGISLAÇÃO SOBRE ARMAZENAGEM E DESTINO FEINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS E


LÍQUIDOS, DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS

 Normas

As normas não têm força de lei, porém, indicam as ações e parâmetros a serem observados em
situações específicas. As principais normas são editadas pela:

ABNT – Associação Órgãos ambientais de


Brasileira de Normas outros estados CETESB – São Paulo FEAM – Minas Gerais
Técnicas

CPRH – Pernambuco IAP – Paraná FEEMA – Rio de


Janeiro

Com relação às Normas da ABNT, destacam-se as principais normas relativas a resíduos:

NBR 10.004 – Resíduos Sólidos - Classificação

NBR 10.005 – Lixiviação de Resíduos

NBR 10.006 – Solubilização de Resíduos

NBR 10.007 – Amostragem de Resíduos

NBR 10.703 – Degradação do Solo - Terminologia

NBR 12.988 – Líquidos Livres - Verificação em Amostra de Resíduo

Normas ABNT sobre aterros sanitários

NBR 8.418 - Apresentação de Projetos de Aterros de Resíduos


Industriais Perigosos.

NBR 8.419 - Apresentação de Projetos de Aterros Sanitários de


Resíduos Sólidos Urbanos.

NBR 10.157 - Aterros de Resíduos Perigosos - Critérios para


Projeto, Construção e Operação.
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NBR 13.896 - Aterros de Resíduos Não Perigosos - Critérios para


Projeto, Implantação e Operação.

Normas ABNT sobre Tratamento, Armazenamento e Transporte de Resíduos

NBR 11.175 – Incineração de resíduos sólidos perigosos – Padrões de desempenho:


Norma que fixa as condições exigíveis de desempenho do equipamento para
incineração de resíduos sólidos perigosos, exceto aqueles assim classificados
apenas por patogenicidade ou inflamabilidade.

NBR 13.894 - Tratamento no Solo (Landfarming)

NBR 98 - Armazenamento e Manuseio de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis

NBR 7.505 - Armazenamento de Petróleo e seus Derivados Líquidos e Álcool


Carburante

NBR 12.235 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos (antiga NB-1183):


Norma que fixa as condições exigíveis para o armazenamento de resíduos sólidos
perigosos de forma a proteger a saúde pública e o meio ambiente.

NBR 11.174 - Armazenamento de Resíduos Classe II - Não Inertes e III - Inertes


(Antiga NB-1264): Norma que fixa as condições exigíveis para obtenção das
condições mínimas necessárias ao armazenamento de resíduos de classe II-não
inertes e III-inertes, de forma a proteger a saúde pública e o meio ambiente.

NBR 13.221 - Transporte de Resíduos

NBR 7.500 - Símbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenagem


de Materiais – Simbologia

NBR 7.501 - Transporte de Cargas Perigosas – Terminologia

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NBR 7.502 - Transporte de Cargas Perigosas – Classificação

NBR 7.503 - Ficha de Emergência para o Transporte de Cargas Perigosas

 Lei Estadual Nº 12.300, 16 de março de 2006: Institui a política estadual de resíduos


sólidos e define princípios e diretrizes.
Artigo 5º - define resíduos sólidos como materiais decorrentes da atividade humana em
sociedade, e que se apresentam nos estados sólido ou semissólido, como líquidos não passíveis de
tratamento como efluentes, ou ainda os gases contidos.

Artigo 6º - classifica os resíduos em:


I. Resíduos urbanos: os provenientes das residências, estabelecimentos comerciais e
prestadores de serviços, da varrição, de podas e da limpeza de vias, logradouros públicos e sistema
de drenagem urbana passíveis de contratação ou delegação particular, nos termos de lei municipal;
II. Resíduos industriais: os provenientes de atividades de pesquisa e de transformação de
matéria-prima e substâncias orgânicas ou inorgânicas ou novos produtos, por processos
específicos, bem como provenientes das atividades de mineração e extração, de montagem e
manipulação de produtos acabados e aqueles gerados em áreas de utilidade, apoio, depósito e de
administração das indústrias e similares, inclusive resíduos provenientes de Estações de
Tratamento de Água e Estações de Tratamento de Esgoto;
III. Resíduos de serviço de saúde: os provenientes de qualquer unidade que execute
atividades de natureza médico-assistencial humana ou animal; os provenientes de centros de
pesquisa, desenvolvimento ou experimentação da área de farmacologia e saúde; medicamentos
imunoterápicos vencidos ou deteriorados; os provenientes de necrotérios, funerárias e serviços de
medicina legal; e os provenientes de barreiras sanitárias;
IV. Resíduos de atividades rurais: os provenientes da atividade agropecuária, inclusive os
resíduos de insumos utilizados;
V. Resíduos provenientes de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários,
postos de fronteira e estruturas similares: os resíduos sólidos de qualquer natureza provenientes
de embarcação, aeronave ou meios de transporte terrestre, incluindo os produzidos nas atividades
de operação e manutenção, os associados às cargas e aqueles gerados nas instalações físicas ou
áreas desses locais;
VI. Resíduos da construção civil: os provenientes de construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação da escavação de terrenos,
tais como tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solo, rochas, metais, resinas, colas, tintas,
madeiras, compensados, forros e argamassas, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidro, plásticos,
tubulações e fiação elétrica, comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

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Parágrafo único: os resíduos gerados nas operações de emergência ambiental, em acidentes


dentro ou fora das unidades geradoras ou receptoras de resíduo, nas operações de remediação de
áreas contaminadas e os materiais gerados nas operações de escavação e drenagem deverão ser
previamente caracterizados e, em seguida encaminhados para destinação adequada.

Artigo 12 – os governos estaduais e municipais, consideradas as suas particularidades,


deverão incentivar e promover ações que visem reduzir a poluição difusa por resíduos sólidos.

Artigo 13 – a gestão dos resíduos sólidos urbanos será feita pelo município, de forma
preferencialmente integrada e regionalizada, com a cooperação do Estado e participação dos
organismos da sociedade civil, tendo em vista a máxima eficiência e a adequada proteção
ambiental e à saúde pública.

Artigo 14 – são proibidas as seguintes formas de destinação e utilização de resíduos sólidos:


I. lançamento “in natura” a céu aberto; II. Deposição inadequada no solo; III. Queima a céu aberto;
IV. Deposição em áreas sob regime de proteção especial e áreas sujeitas a inundação; V.
lançamentos em sistemas de redes de drenagem de águas pluviais, de esgotos, de eletricidade, de
telecomunicações e assemelhados; VI. Infiltração no solo sem tratamento prévio e projeto
aprovado pelo órgão de controle ambiental estadual competente; VII. Utilização para alimentação
animal, em desacordo com a legislação vigente; VIII. Utilização para alimentação humana; IX.
Encaminhamento de resíduos de serviços de saúde para disposição final em aterros, sem submetê-
los previamente a tratamento específico, que neutralize sua periculosidade.

Artigo 16 – os responsáveis pela degradação ou contaminação de áreas em decorrência de


suas atividades econômicas, de acidentes ambientais ou pela disposição de resíduos sólidos,
deverão promover a sua recuperação ou remediação em conformidade com procedimentos
específicos, estabelecidos em regulamento.

Artigo 32 – compete aos geradores de resíduos industriais a responsabilidade pelo seu


gerenciamento, desde a sua geração até sua disposição final.

Artigo 33 – o emprego de resíduos industriais perigosos, mesmo que tratados, reciclados ou


recuperados para utilização como adubo, matéria-prima ou fonte de energia, bem como suas
incorporações em materiais, substâncias ou produtos, dependerá de prévia aprovação dos órgãos
competentes, mantida, em qualquer caso, a responsabilidade do gerador.

Artigo 35 – os resíduos perigosos que, por suas características, exijam ou possam exigir
sistemas especiais para acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento ou
destinação final, de forma a evitar danos ao meio ambiente e à saúde pública, deverão receber
tratamento diferenciado durante as operações de segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e disposição final.

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 Resolução Nº313/2002 (CONAMA): Dispõe sobre o inventário nacional de resíduos sólidos


industriais.

Exercícios

Sobre a Lei Estadual nº 12.300/06:


12. Como os resíduos são classificados?
13. Quais as funções dos governos municipais, estaduais e federais?
14. O artigo 14 determina as formas proibidas de destinação dos resíduos sólidos. Comente como
essas ações prejudicariam o meio ambiente (incluindo os seres humanos) se não fosse
proibido.

4. TRATAMENTO PARA OBTENÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL

Manancial para abastecimento de água é toda fonte de água utilizada para abastecimento
doméstico, comercial, industrial e outros fins.

De maneira geral, quanto à origem, os mananciais são classificados em manancial superficial e


manancial subterrâneo. A escolha do manancial se constitui na decisão mais importante na
implantação de um sistema de abastecimento de água, seja ele de caráter individual ou coletivo.
Havendo mais de uma opção, os fatores decisivos para a escolha do manancial são: a qualidade, a
quantidade, a distância e as implicações técnicas e econômicas.

Quase toda água potável que consumimos se transforma em esgoto que é re-introduzido nos rios
e lagos. Estes mananciais, uma vez contaminados, podem conter microorganismos causadores de
várias doenças. Além dos microorganismos, as águas dos rios e lagos contêm muitas partículas que
também precisam ser removidas antes do consumo humano. Daí a necessidade de se tratar a água
para que esta volte a ser propícia para o consumo humano.

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O tratamento de água é feito a partir da água doce encontrada na natureza que contém resíduos
orgânicos, sais dissolvidos, metais pesados, partículas em suspensão e microorganismos. Por essa
razão a água é levada do manancial para a Estação de Tratamento de Água (ETA).

A água que chega à Estação de Tratamento de Água é captada diretamente nos rios e nas
albufeiras (águas superficiais) ou no subsolo (águas subterrâneas). Porém, a água captada
apresenta várias impurezas/sujidades como lamas, areias, lixos, micróbios e bactérias. A água
captada segue pelos canais até ao primeiro processo de tratamento.

Figura 8 – Esquema de captação de água em um rio para seguir para o tratamento.

 A purificação da água potável (Baird, 488)


A qualidade da água “bruta” (não tratada), extraída de águas superficiais ou subterrâneas, cujo uso
final é o consumo humano, varia amplamente, desde a quase pura até a altamente poluída. Como
os tipos e as quantidades de poluentes da água bruta são variáveis, os processos usados na
purificação também variam de um lugar pra outro.

Gradeamento

De maneira geral, os materiais que impurificam as águas podem ser assim classificados:
a. Materiais que flutuam;
b. Materiais em suspensão: bactérias, algas e protozoários, lodos;
c. Materiais dissolvidos;
d. Coloides: matéria orgânica, sílica, resíduos industriais.

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Um tratamento de água sempre se inicia com a remoção dos materiais que flutuam ou estão
suspensos com o uso de grades e telas.

Figura 9 – Esquema da etapa de gradeamento em uma ETA para retenção sólidos maiores.

As grades (barras metálicas, paralelas, de mesma espessura e igualmente espaçadas) se destinam à


remoção de sólidos grosseiros em suspensão, bem como corpos flutuantes evitando assim danos
às bombas, registros e tubulações.

O espaçamento útil entre as barras é escolhido em função do tipo de material que se deseja reter e
dos equipamentos a proteger.

Em vez do uso de grades, pode-se utilizar telas de malhas largas. Esse tipo de grade é colocada no
ponto de chegada da água, e torna-se necessário uma manutenção para retirada dos resíduos.

Clarificação

o Sedimentação o Sedimentação
Simples com coagulante

1. Ajuste de pH 2. Adição do 3. Mistura 4. Floculação 5. Sedimentação


floculante rápida

o Filtração

Os sólidos em suspensão são removidos por sedimentação simples ou sedimentação por


coagulação e filtração. Microorganismos também são removidos pelos métodos de eliminação de
sólidos em suspensão, mas ressalta-se que a redução dos microorganismos em níveis considerados
seguros se obtém com o processo de desinfecção.

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As impurezas encontradas na água podem ser caracterizadas como substâncias dissolvidas (forma
ionizada, ou seja, na forma de íons), como gases dissolvidos, compostos orgânicos e a matéria em
suspensão (microorganismos – bactérias, algas, fungos e coloides). A maioria dessas impurezas
possui superfície com carga negativa, o que provoca uma repulsão entre elas e o que as mantêm
em suspensão no meio aquoso por um longo período.

As partículas que estão em suspensão apresentam tamanhos que variam de 10 -3 a 10-1 mm, o que
permite sua precipitação no meio aquoso em tempo considerado razoável (em torno de 1h); já as
dispersões coloidais, faixa de 10-6 a 10-3 mm, a coagulação química é a solução para a sua
deposição em função do tempo que levariam para sedimentar.

o Sedimentação Simples
Num fluido em repouso e de baixa densidade, como a água, uma partícula sob a ação da
gravidade desce até atingir uma superfície. A velocidade de sedimentação é proporcional ao peso
e tamanho da partícula.

A sedimentação simples ocorre de maneira natural, em lagos e represas, mas é considerada como
processo preliminar, para aliviar os processos seguintes. O problema é o tempo que as partículas
gastam para se depositarem, o que inviabiliza somente a sedimentação simples para retirada da
turbidez de um manancial para sua utilização no abastecimento público.

Tabela 3 – Velocidade de sedimentação das partículas em função do tamanho.


Tamanho da partícula Velocidade de sedimentação
(µm) (m/h)
1000 (ou 1 mm) 600
100 (ou 0,1 mm) 2
10 (ou 0,01 mm) 0,3
1 (ou 0,001 mm) 0,003
0,1 (ou 0,0001 mm) 0,00001
0,01 (ou 0,00001 mm) 0,0000002

o Sedimentação com uso de coagulante.

A sedimentação simples não remove cor da água. A sedimentação simples é empregada para
separar partículas suspensas com tamanho acima de 10 microns (0,01 mm). A maior parte das
partículas e moléculas de substâncias húmicas (que é a matéria mais finamente dividida) é mantida
em suspensão porque possuem carga elétrica negativa que se repelem, além do tamanho muito
pequeno das partículas.

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Assim, o processo de clarificação da água consiste na manutenção de condições físico-químicas


(principalmente o pH), tais que os sólidos suspensos na água são removidos por uma
sedimentação.

1. Primeiramente, o pH da água deve ser elevado pela adição direta de uma base, ou de um sal
básico conhecido como barrilha (carbonato de sódio):

base: NaOH(s) → Na+(aq) + OH-(aq)

sal básico: Na2CO3(s) → 2 Na+(aq) + CO32-(aq)

CO32-(aq) + H2O(l) → HCO3-(aq) + OH-(aq)

Para clarificação da água é necessário: a. neutralização das cargas negativas da matéria em


suspensão; b. aglutinação das partículas, para aumentar de tamanho.

Dessa forma, as substâncias coagulantes reagem com a alcalinidade (natural e/ou adicionada)
formando polímeros com carga superficial positiva, os polímeros formados (hidróxidos) com carga
positiva atraem carga negativa dos coloides em suspensão, que formam flocos mais densos que
precipitam com maior velocidade.

2. Adição do agente coagulante

Os principais agentes floculantes são mencioados na Tabela 4:

Tabela 4 – Principais substâncias químicas consideradas como agentes floculantes.


Coagulante Fórmula
Hidroxicloreto de Alumínio [Aln(OH)mCl(3n-m)]x
Sulfato de Alumínio Al2(SO4)3 . nH2O (n= 14 a 18)
Sulfato Ferroso Heptaidratado FeSO4 . 7H2O
Sulfato Férrico Fe2(SO4)3
Caparrosa Clorada Fe2(SO4)3 . FeCl3
Cloreto Férrico Hexaidratado FeCl3 . 6H2O
Aluminato de Sódio NaAl2O4
Tanino polihidroxidofenólicos

Sulfato de Alumínio

É o produto mais utilizado. Doses de 15 a 1000 mg/L, dependendo da turbidez da água.

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Comercialmente, se apresenta como um sólido cristalino, com pureza em torno de 17%. A melhor
faixa de pH para coagulação depende da quantidade utilizada do sal. Esta quantidade é definida
no dia-a-dia da ETA através do teste do jarro (jartest). Há também o sulfato de alumínio líquido,
produzido a partir de hidrato de alumínio, apresenta densidade de 1,31 0,1 g/cm3 e é incolor.

Cloreto Férrico

Apresenta as mesmas características do sulfato férrico. O pH ideal para a ação coagulante é ente 6
e 9, sendo a dosagem de cloreto férrico hexaidratado variando ente 27 e 270 mg/L.

Hidroxicloreto de Alumínio (ou PAC – sigla em inglês para policloreto de alumínio)

Estudos feitos, levaram a conclusão de que o hidroxicloreto de alumínio apresentou-se mais


eficiente na remoção da turbidez e, consequentemente, mais adequado para o tratamento com
filtração direta. Logo apresenta-se como coagulante superior na eliminação das substâncias
coloidais. Sua eficácia em média é 1,5 a 2,5 vezes superior em igualdade de dosagem em íons Al 3+
à dos outros sais de alumínio atualmente utilizados.

Tabela – características do policloreto de alumínio.


Características
Aparência e Odor Líquido amarelo, inodoro
Densidade relativa (H2O) 1,22 – 1,28 g/cm3
Ponto de Ebulição (a 1 atm) 112°C
Ponto de Fusão -20°C
Solubilidade em água Totalmente solúvel
Solubilidade em outros solventes Muito pouco solúvel

Sulfato ferroso heptaidratado

Apresenta-se como cristais verdes. A faixa de pH ótima para coagulação está ente 8,5 e 11. As
quantidades são iguais ou pouco superiores que as de sulfato de alumínio, mas é mais agressivo e
uma outra desvantagem e ter sempre de utilizar cal para melhorar o processo de floculação.

Tabela 5– Custos em dólar de alguns floculantes, referência de Fevereiro de 2001.


Coagulante Preço por tonelada (US$)
Sulfato de alumínio líquido 68,84
Cloreto férrico líquido 145,73
Hidroxicloreto de Alumínio 301,51
Fonte: PAVANELLI, 2001

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Uma vez adicionados os reagentes à água teremos duas fases de misturas: rápida e lenta.

3. Mistura rápida (câmara de mistura rápida): reações do coagulante com a água e formação de
espécies hidrolisadas com carga positiva; depende do pH final da mistura. Essa fase é que permite
a dispersão dos produtos químicos na água, dando uma distribuição uniforme dos mesmos e na
mistura lenta é que ocorrerá o desenvolvimento dos flocos.

4. Formação de floco (câmara de floculação):


Consiste num processo físico de transporte das espécies
hidrolisadas, para que haja contato com as impurezas presentes
na água, formando partículas maiores denominadas flocos. O
processo é rápido, variando de décimos de segundo a cerca de
100 segundos, depende de algumas características, como pH,
temperatura, quantidade de impureza.
Figura 10 – Floculador de uma ETA
Nessa etapa há necessidade de agitação relativamente lenta, para que ocorram choques entre as
impurezas.

Mas há certas águas que não possuem quantidades suficientes de núcleos para a formação de
flocos, então se emprega produtos com a finalidade de ajudar o processo, que são os
Polieletrólitos.
Nessa fase aplica-se o cloro para oxidar as matérias orgânicas evitando problemas no sistema de
tratamento.

5. Decantação ou Sedimentação (decantador): a velocidade dessa etapa é ainda mais lenta para
permitir a completa deposição dos flocos no fundo do decantador.

Decantação

Decantada

Decantador
Floculada

Lodo

Figura 12 – Tanque de decantação de uma ETA


Figura 11 – Esquema do fluxo da água pelo
decantador

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o Filtração
A filtração consiste em fazer a água atravessar uma camada de material poroso, que, em função do
diâmetro dos poros, após a passagem, haverá a remoção das partículas em suspensão.

Apesar de alguns processos não efetuarem uma filtração propriamente dita, também estão
inclusos (para efeito de simplificação) os filtros de carvão ativado (separação por adsorção e reação
química) e osmose reversa (separação por membrana). Cada processo tem suas faixas de atuação
de acordo com os tamanhos de partículas a separar e suas afinidades químicas.

Filtração lenta

Utilizada no tratamento de água desde o começo do século XIX quando descobriu-se que a
passagem de água através da areia, carvão vegetal e cascalho consegue remover a matéria em
suspensão e coloidal.

Considera-se a grande vantagem do filtro lento, a elevada taxa de retenção de


bactérias e vírus. A filtração mecânica é considerada como responsável pela remoção
de grandes partículas na superfície da areia. Os espaços vazios entre os grãos levam
as partículas em suspensão a aderirem às paredes dos espaços vazios, devido a
camada gelatinosa previamente depositada pelas partículas que foram removidas.

Figura 13 – Esquema de um filtro


com várias camadas de pedras e areia.

Um filtro lento é montado num tanque com uma camada de areia de 0,9 a 1,5 m de espessura,
apoiada sobre uma camada de brita com espessura de 0,15 a 0,30 m. a camada de brita é
sustentada por um sistema de drenos afastados de 3 a 6 m do centro, os quais tem a função de
direcionar a água filtrada para um ponto de saída, onde se coloca um regulador de vazão. O
tamanho da areia em geral é de 0,35 mm. Em operação, o filtro é cheio com água até 0,90 a 1,50 m
acima do nível da areia. A taxa de filtração varia de 2,3 a 7 m 3/m2/dia na maioria das estações de
tratamento.

Filtração direta – filtro rápido por gravidade

O filtro rápido é formado de uma camada de areia, e pode ainda,


possuir outra camada de um meio poroso mais grosso e menos
denso que é colocado sobre a areia, o que permite taxas de filtração
ainda maiores.

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Prática – SIMULAÇÃO DA ETAPA DE FILTRAÇÃO DE UMA E.T.A.

Procedimento

Em um béquer, misture terra à 0,5L de água e agite.


Espere até a maior parte dos sólidos decantarem.
Monte o filtro como mostra a figura:

Figura 15 – Esquema de
montagem do filtro lento.

Despeje vagarosamente a água suja tomando cuidado para que o mínimo possível de terra seja
carregada.

Desinfecção

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A etapa de filtração é eficiente no processo de remoção de microorganismos, mas mesmo assim,


não é capaz de garantir a qualidade microbiológica da água. Logo, a desinfecção é fundamental
para garantir a qualidade sanitária da água.

Figura 16 – Simulação da adição de


agente corretor de pH, cloro e flúor.

Um agente desinfetante, para ser usado no tratamento de água de abastecimento, deve satisfazer
os seguintes critérios:
a. Deve ter a capacidade de inativar, dentro de um tempo limitado, os organismos patógenos
presentes na água;
b. A quantificação de sua concentração deve ser precisa, rápida, fácil de ser executada, tanto em
campo quanto em laboratório;
c. Deve ser aplicável dentro da ampla faixa de condições apresentadas pelas águas;
d. Deve produzir residuais resistentes para evitar recontaminação da água no sistema de
distribuição;
e. Não deve ser tóxico ou produzir substâncias tóxicas acima dos limites permitidos pela
legislação – também não deve ser capaz de alterar a aceitabilidade da água pelo consumidor;
f. Deve ser razoavelmente seguro e fácil de manejar e aplicar;
g. Devem ser razoáveis os custos envolvidos no processo do produto, dos equipamentos,
instalação e manutenção.

Na prática não há um desinfetante ideal. Cada um apresenta duas vantagens e desvantagens.


Dessa forma, a seleção deve ser apropriada a cada realidade e levar em conta esses aspectos e
outros fatores que influenciam na confiabilidade, continuidade e eficiência do sistema.

o Agentes Físicos

Desinfecção pela luz solar

Sabe-se que os mocroorganismos patogênicos, em sua maioria presentes na água, são facilmente
destruídos pelo aquecimento e a radiação ultravioleta. O sol é uma fonte natural de calor e
radiação ultravioleta e é possível considerar sua ação como uma forma efetiva de desinfecção em
regiões afastadas ou menos favorecidas.

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Como fator de segurança, principalmente em locais com características tropicais úmidas, exige-se
no mínimo um período de cinco horas de exposição, levando em conta que fatores como nuvens,
fumaça, etc., que afetam sensivelmente o processo.

Para as águas com elevada contaminação e alta turbidez não se conseguem resultados satisfatórios
para que garantam a qualidade microbiológica.

Calor

O calor é muito efetivo na inativação de microorganismos mas apresenta um custo alto em função
do consumo de energia e se torna inviável para ser utilizado na produção de grandes quantidades
de água.

Na temperatura de 60°C a nível do mar, todos os microorganismos são inativados, o que comprova
que ferver a água por 3 minutos é muito eficaz na morte de microorganismos (lembrando que a
cada 320m acima do nível do mar, a temperatura de ebulição da água diminui em 1°C).

A ebulição destruirá todas as células vegetativas, mas não afeta os microorganismos esporulados.
As amebas são destruídas em 2 minutos na água a 50°C; os vírus são inativados de 1 a 3 minutos
de ebulição; e os cistos de Giardia são inativados de imediato.

o Agentes Químicos

Iodo

A ação bactericida dos compostos iodados se deve principalmente ao I2 liberado pelas soluções
aquosas e pelos complexos com agentes tensoativos. Em soluções aquosas, dependendo do pH,
podem existir diversas formas de iodo.
a. Em pH ácido: I2 + H2O I- + HIO + 2H+
b. Em pH neutro: I2 + H2O I- + HIO + 2H+ H+ + IO-
c. Em pH básico: 3I2 + 6OH- 3I- + 3IO- + 3H2O 2I- + IO3-

As células vegetativas são aproximadamente 10-1000 vezes menos resistentes ao iodo que os
esporos bacterianos. Assim, o iodo é tão eficiente quanto o cloro em relação a células vegetativas
mas apresenta uma ação muito menor em relação aos esporos bacterianos.

Dióxido de Cloro

É um derivado clorado que não hidrolisa em solução aquosa, por isso a ação sanificante é
associada apenas a sua molécula. O processo de desinfecção ocorre por oxidação.

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A diminuição da temperatura reduz a sua capacidade sanificante, o que também ocorre com
aumento dos sólidos em suspensão e a agregação de microorganismos. Já o pH tem pouco efeito
sobre a inativação de microorganismos.

Como principal desvantagem, cita-se o custo envolvido na implantação da planta de dióxido de


cloro. Os investimentos são tão altos, que só se justificam se a produção for superior a 1
tonalada/dia. Como vantagem, o ClO2 tem uma estabilidade muito maior que o cloro. Assim, uma
água tratada com 0,35 ppm de ClO2 e conservada na ausência de luz a 20°C contém ainda de 0,20
a 0,25 ppm do agente desinfetante após 48 horas. O cloro, nas mesmas condições, praticamente
desaparece ao fim de algumas horas.

Derivados clorados

O uso de derivados clorados como gás cloro, hipoclorito de sódio, derivados clorados orgânicos e
dióxido de cloro, tem contribuído para o controle das doenças de origem hídrica. Há dois tipos de
derivados clorados:
a. Derivados inorgânicos: gás cloro, hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio;
b. Derivados orgânicos: mais comuns no Brasil são o dicloroisocianurato de sódio (DCIS) e o
ácido tricloroisocianúrico (ATIC).

Tabela 6 – Estruturas químicas dos produtos compostos clorados


Compostos clorados inorgânicos Fórmulas
Hipoclorito de Sódio NaClO
Hipoclorito de Cálcio Ca(ClO)2
Gás cloro Cl2
Compostos clorados orgânicos

Ácido tricloroisocianúrico

Dicloroisocianurato de sódio

Dentre esses, o mais utilizado atualmente em função do custo e da disponibilidade do produto é o


hipoclorito de sódio.

O cloro gás é de difícil manuseio, exigindo para seu uso, equipamento especial e pessoal bem
capacitado.

Na década de 70, surgem os chamados derivados clorados orgânicos, destacando-se os dois


compostos já citados (DCIS e ATIC), geralmente comercializados na forma de pó.

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Tabela 7 – Avaliação da estabilidade de derivados clorados inorgânicos (cloro gás, hipoclorito de sódio,
hipoclorito de cálcio) e de origem orgânica (dicloroisocianurato de sódio).
Desinfecção da amostra com
Hipoclorito de Hipoclorito de Dicloroisocianurato
Tempo de Cloro gasoso
Sódio Cálcio de sódio
(residual de cloro em
contato (residual de cloro (residual de cloro (residual de cloro em
mg/L Cl2)
em mg/L Cl2) em mg/L Cl2) mg/L Cl2)
Imediato 1,94 1,94 2,10 2,04
Após 1h 1,22 1,31 1,32 1,64
Após 2h 0,98 1,01 1,29 1,50
Após 3h 0,85 0,89 1,13 1,37
Após 4h 0,68 0,77 1,00 1,27
Após 5h 0,53 0,66 0,87 1,20
Fonte: TROLLI, EDE NOBOYOSHI, PALHANO, MATTA, 2002.

Outra característica que é considerada como vantagem pelo dicloroisocianurato de sódio para seu
uso é o pH da sua solução (a 1%) variar entre 6 e 8, enquanto que o pH do hipoclorito de sódio ou
cálcio varia de 11 a 12,5, que é cáustico.

Derivados Bromados

O bromo em temperatura ambiente é um líquido escuro, mais pesado que a água, se vaporiza
facilmente e seus gases são muito irritantes. É mais usado no tratamento de banheiras de
hidromassagem e torres de resfriamento.

A atividade do bromo é atribuída ao ácido hipobromoso (HBrO) e ao seu íon hipobromito (BrO-),
ambas as formas são bactericidas. Em concentrações menores que 6,0 mg/L e em um pH entre 5 e
8, as formas bromadas presentes estarão como Br2 e HBrO. Sua eficácia aumenta à medida que o
pH sobe, sendo mais eficaz em pH 9 que em pH 6 ou 7,5.

Fluoretação

Esta etapa não é considerada um tratamento, e sim uma complementação do tratamento


convencional, que tem muito impacto nas populações de baixa renda.

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Final
Cloro
Cal
Fluor

Filtrada

Caixa
Reunião
Potável
Figura 17 – Esquema da última etapa
Amostragem
antes da distribuição

Os compostos mais utilizados no processo de fluoretação são: fluorsilicato de amônio [(NH4)2SiF6]


que se apresenta como cristais branco; fluorita ou fluoreto de cálcio (CaF2) na forma de pó; ácido
fluorsilicico (H2SiF6) como um líquido altamente corrosivo; fluoreto de sódio (NaF) na forma de e
fluorsilicato de sódio (Na2SiF6).

Níveis que variam entre 1,0 e 1,2 mg/L são considerados ideais para se alcançar o máximo de
proteção contra cárie, sem risco de ocorrer uma fluorose, que é o excesso da concentração do íon
fluoreto na água, responsável pelo desfiguramento do esmalte dos dentes.

 Legislação

Para se obter após tratamento, uma água considerada potável, devemos em avaliar as
características do manancial a ser utilizado. No Brasil, os mananciais são classificados segundo a
Resolução CONAMA nº20, que considera a classificação das águas doces, salobras e salinas como
essencial à defesa de seus níveis de qualidade, avaliados os parâmetros e indicadores específicos,
de modo a assegurar seus usos.

Resolução CONAMA 357

http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf.

Alterações: Portaria 430/11 - “Dispõe sobre condições e padrões de lançamento de efluentes,


complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA; Portaria MS Nº 2914 de 12/12/2011 (Federal) - Dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade.

Adicionalmente, tem-se o Decreto nº5.440, de 04 de maio de 2005, da Presidência da


República. Este decreto “estabelece as definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da
água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de
informação ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano”. Por meio deste
Decreto, os dados relativos à qualidade da água tratada e distribuída são disponibilizados à

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população sob a forma de um relatório anual denominado “Relatório Anual da Qualidade da


Água”.

NBR 10.004

Resíduos Sólidos-Classificação

Exercícios

15. Diferencie e dê exemplos de manancial subterrâneo e superficial.


16. Por que o tratamento da água retirada de um manancial subterrâneo é diferente do tratamento da
água de um manancial superficial?
17. Explique as etapas principais de tratamento da água em uma E.T.A.
18. Sobre o uso dos floculantes, julgue com C (certo) ou E(errado):
Seu uso tem o objetivo de fazer as partículas se aglutinarem para aumentar de tamanho e assim
poderem decantar.
O pH deve estar ácido pra sua melhor ação.
É uma das etapas da clarificação.
Utiliza-se em qualquer sedimentação.
Quando adicionado, a água deve estar em repouso para melhor desempenho.
19. Qual a diferença na constituição de um filtro rápido e lento?
20. Compare a eficiência dos derivados clorados orgânicos e inorgânicos quanto a eficiência na desinfecção
de água.
21. Explique a atuação de um agente físico e um agente químico sanificante.

Prática: CONE DE IMHOFF

INTRODUÇÃO:

Foi inventado por Karl Imhoff (1876 – 1965) – engenheiro e sanitarista

O Cone de Imhoff é um recipiente cônico graduado com capacidade para 1000 mL de amostra.
Muito utilizado em laboratórios de pesquisas e em ETAs e ETEs para determinar a sedimentação de
sólidos em suspensão.

Uma de suas importâncias é servir para o dimensionamento das unidades de sedimentação em


ETAs e ETEs.

OBJETIVO:

Determinar a quantidade de produtos químicos a ser adquiridos para o tratamento de água e


efluente.

Determinar o teor de resíduos sólidos sedimentáveis em amostras de águas residuárias (efluentes)


por ação da gravidade, através do método Cone de Imhoff.

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METODOLOGIA:

PREPARO DE SOLUÇÃO:

Preparar 50 mL de solução de sulfato de alumínio – Al2(SO4)3 – à 10%.

Preparar 50 mL de solução de hidróxido de sódio – NaOH – à 2%.

II- PROCEDIMENTO:

Em um cone de Imhoff colocar 1000 mL de água bruta e medir o pH, em seguida acrescentar o
coagulante e o alcalinizante até começar a flocular.

Depois de floculado, aguardar a decantação.

Através do cone verficar a quantidade de lodo (sólido sedimentável) formado.

O resultado é expresso em mL/L.

Prática: JAR TEST OU TESTE DE JARROS

Para simular a coagulação química em escala de bancada é feito o Jar Test. É um procedimento
adotado quando se deseja ter uma noção aproximada do pH em que ocorre a coagulação e a
dosagem de coagulante necessária para a mesma, com isto se determina a dosagem dos produtos
químicos para a clarificação ótima da água ou efluente.

Figura 18 – Equipamento para a análise Jar Test

Procedimento

Preparar solução:

 Para correção do pH:

Solução básica: NaOH a 2%.

Solução ácida: H2SO4 a 2%.

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 Para Floculação:

Coagulante: Al2(SO4)3 nas seguintes concentrações (10%, 7,0%, 5%, 3,5%, 2,0% ) .

Primeira parte: pH ótimo

Em 05 béqueres com 300 mL de água bruta ou efluente em cada, colocar 03 mL de sulfato


de alumínio (Al2(SO4)3 ) a 10% em cada béquer. Em seguida verifique o valor do pH corrigindo-o da
seguinte maneira:

- no 1º béquer no valor de 5;

- no 2º béquer no valor de 6;

no 3º, 4º e 5º béqueres nos valores de 7, 8, 9 respectivamente

Espere decantar, verificando em qual pH a decantação funcionou e anote o valor do pH


ótimo de floculação.

Segunda parte: Sulfato de alumínio ótimo.

Em 05 béqueres com 300 mL de água bruta ou efluente em cada, colocar em cada béquer 03 mL
de sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) com concentrações diferentes da seguinte maneira:

- no 1º béquer, 03 mL de sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) a 10%;

- no 2º béquer, 03 mL de sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) a 7%;

- no 3º, 4º e 5º béqueres nas concentrações 5%, 3,5%, 2,0% respectivamente.

Em seguida corrigir no pH ótimo de floculação as cinco amostras de água bruta ou efluente. Espere
decantar verificando em qual concentração de sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) floculou melhor.

Terceira parte: Polímero ótimo.

Em 05 béqueres com 300 mL da água bruta ou efluente colocar em cada, 03 mL de sulfato de


alumínio com a concentração ótima corrigindo no pH ótimo de floculação

Colocar em cada béquer solução de polímero a 5% com volumes diferentes (0,5 mL, 1,0 mL, 2,0 mL,
3,0 mL, 4,0 mL).

Verificar em qual volume floculou melhor.

Dessa maneira determina as concentrações de produtos químicos para a realização do tratamento


com um custo baixo.

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 Análise da água

5. TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

A contaminação de sólidos por resíduos não é um fenômeno exclusivo dos tempos modernos.
Desde a época dos romanos, foram escavados minérios para extração de metais que foram
refinados por fusão, poluindo territórios próximos com resíduos provenientes das minas. Uma
época importante da história mundial foi a revolução industrial, que também provocou grande
poluição.

 Natureza dos resíduos perigosos

Os resíduos perigosos são substâncias que foram descartadas ou designadas como resíduos e
que, em essência, representam um risco.

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Tipos de Resíduos Perigosos

Tóxicos Inflámaveis Corrosivos Reativos Radioativos

Põem em risco Queimam Causam Materiais que


a saúde de um pronta e facilmente a apresentam
ser vivo facilmente. corrosão de risco de
quando outros explosão.
entram em seu materiais.
organismo.

o Resíduos inflamáveis
A inflamabilidade de um líquido é medida por seu ponto de ignição, que é a menor temperatura
na qual o vapor do líquido inflama-se quando exposto a chama. Um líquido inflamável é definido
arbitrariamente como aquele que tem ponto de ignição inferior a 60,5°C.
Obs: Os líquidos combustíveis são definidos como aqueles que têm pontos de ignição entre 60,5°C
e 93,3°C.
Tabela 8 – Pontos de ignição de algumas substâncias comuns.
Substância Ponto de ignição LII (%) LSI (%)
(°C)
Metanol 12 6,0 37
Acetona -20 2,6 13
Butano -60 1,8 8,4
Tolueno 4 1,3 7,1

Nota: LII e LSI referem-se respectivamente ao Limite Inferior e Superior de Inflamabilidade.

o Substâncias reativas
Alguns compostos que pertencem a essa classe são aqueles que reagem violentamente com água
(como os metais alcalinos – Li, Na, K...) e aqueles que reagem violentamente com água ou soluções
ácidas ou básicas desprendendo gases venenosos.

o Substâncias corrosivas
Aquelas que resultam na deterioração dos materiais com os quais entram em contato. Por
exemplo, o ácido sulfúrico, é usualmente o ácido forte mais conhecido que pode dissolver e
corroer muitas substâncias, entre elas, os metais.

Ácidos e bases podem ser eliminados com simples neutralização, devendo-se tomar cuidado com
o superaquecimento, pois essas reações são exotérmicas (liberam energia na forma de calor).

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o Substâncias Tóxicas e Radioativas


Os resíduos tóxicos de interesse principal são os metais pesados, pesticidas organoclorados,
solventes orgânicos e PCBs.

Os resíduos nucleares na maioria dos métodos de armazenamento são encapsulados e


imobilizados em uma fôrma de vidro ou cerâmica e enterrados em grandes profundidades. O
contêiner para este depósito definitivo deve ser de metal altamente resistente à corrosão, como
cobre ou titânio. Essas embalagens herméticas são projetadas para durar no mínimo várias
centenas de anos antes que ocorra vazamento. Após esse período de tempo, o nível de
radioatividade terá declinado substancialmente.

 Tratamento de efluentes
 Tratamento de cianetos
O íon cianeto, CN-, liga-se com muitos metais, sendo frequentemente usado para extração desses
metais em misturas. O cianeto é muito estável e não decompõe por si mesmo ou no meio
ambiente. Além disso, seu caráter de alta toxicidade o torna um poluente importante da água,
devendo ser destruído por via química em vez de apenas descarta-lo em meio aquático.

Uma das formas de destruir o cianeto é oxidar o carbono, o que pode ser feito por meio de gás
oxigênio dissolvido aplicando-se altas temperaturas e pressões.
2CN- + O2 + 4H2O 2HCO3- + 2NH3

Outros agentes oxidantes que são usados no tratamento de cianeto são o peróxido de hidrogênio,
com um sal de cobre como catalisador.

 Metais
Os metais de transição (grupos de 3 a 12 da tabela periódica) podem ser removidos por
precipitação (reação em que se forma um composto insolúvel, e portanto sólido, como produto).
Quando os hidróxidos são precipitados, o lodo volumoso deve ser descartado de maneira
adequada.

Ferro
O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à dissolução de minérios contendo
ferro pelo gás carbônico da água.
Fe + CO2 + O2 FeCO3

O carbonato ferroso é solúvel, e apesar do elemento metálico não ser tóxico, confere cor e sabor à
água. Também, o acúmulo nos encanamentos pode levar ao desenvolvimento de ferro-bactérias,
provocando contaminação biológica no abastecimento.

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Na ETA, quando a concentração de ferro é superior à permitida, o pré-tratamento da água com


cloro oxida o ferro, formando flocos maiores que são removidos na etapa de sedimentação.

Cromo hexavalente (Cr6+)

Sais de cromo são raramente encontrados nas águas naturais, de modo que, quando estão
presentes na água, são oriundos de poluição por despejos industriais. Os sais de cromo
hexavalente ou trivalente, que somados dão o cromo total, são largamente utilizados nos
processos de niquelagem, cromatização, fosfatização, entre outros.

O cromo ainda é utilizado como componente de tintas anticorrosivas e em tratamento de águas


para sistemas de resfriamento. Até o presente momento, são desconhecidos os valores de íon
cromato que pode ser tolerado pelo homem, por um longo período de tempo, sem efeito adverso
sobre a saúde. Alguns estudos sugerem que a quantidade máxima de ingestão de cromo por parte
do homem seja de 0,05 mg/L.

O cromo na forma hexavalente é solúvel em pH ácido ou alcalino. Para que ocorra a sua remoção é
necessário que o mesmo seja reduzido para a forma de cromo trivalente (Cr6+→ Cr3+) e precipitado
na forma de hidróxido (Cr(OH)3).

No caso do íon cromato (CrO42–), o cromo hexavalente é reduzido para o estado trivalente (3+)
pela ação do dióxido de enxofre ou compostos derivados. Essa redução ocorre em pH ácido,
inferior a 2,5.

2H2CrO4+3SO2→ Cr(SO4)3+H2O

Chumbo

O chumbo tem ampla aplicação industrial, como na fabricação de baterias, tintas, esmaltes,
inseticidas, vidros, ligas metálicas, etc. A presença do metal na água ocorre por deposição
atmosférica ou lixiviação do solo. O chumbo raramente é encontrado na água de torneira, exceto
quando os encanamentos são à base de chumbo, ou soldas, acessórios ou outras conexões. A
exposição da população em geral ocorre principalmente por ingestão de alimentos e bebidas
contaminados.

O tratamento pode ser feito a partir da adição de base forte, como NaOH, misturada com
carbonato de sódio, até obtenção de pH = 7 (evitando-se excesso de base para que parte do
chumbo não se dissolva novamente). Dessa forma, precipita-se Pb(OH)2 que após filtração, o
resíduo pode ser incinerado e a solução final não contém precipitados.

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 Compostos orgânicos voláteis (COVs)


As águas residuais contaminadas com COVs, por exemplo as águas provenientes de indústrias
químicas e petroquímicas, são geralmente tratadas em duas etapas: remoção dos compostos por
borbulhamento de ar, de maneira que os materiais voláteis passam do estado líquido para o
gasoso, depois destruídos por oxidação através da passagem do ar aquecido entre 300°C e 500°C,
durante breve período de tempo sobre platina ou outro metal.

 Processos oxidativos avançados (POAs) para purificação de água


Os métodos convencionais de purificação de água frequentemente não são efetivos no tratamento
de compostos orgânicos sintéticos, como organoclorados que se encontram dissolvidos em baixas
concentrações.

Assim, tem-se desenvolvido os POAs, que visam converter esses compostos em CO 2, H2O e ácidos
minerais. A maioria dos POAs são processos a temperatura ambiente que utilizam energia para
produzir intermediários altamente reativos, que atacam e destroem os compostos-alvo.

 Processos Fotocatalíticos
Outra tecnologia inovadora no tratamento de águas residuais envolve a radiação com luz UV sobre
por exemplo dióxido de titânio (TiO2), na forma de pequenas partículas suspensas na solução.

Esses processos funcionam como reação em cadeia a partir da ação da radiação sobre o TiO2
envolvendo liberação de elétrons, formação de radicais •OH, reação com o oxigênio dissolvido na
água e geralmente com adição de peróxido de hidrogênio como catalisador.

 Destinação final

O lançamento dos efluentes finais (destinação final), pós tratamento, podem acontecer em corpos
d’água apropriados e com a aprovação de órgão responsável; rede pública; valas de infiltração;
sumidouros; reutilização.

Valas de infiltração

Método de disposição de efluentes, mesmo dos sistemas de tratamento de esgotos, que consiste
na sua percolação no solo, onde ocorre a depuração por processos físicos (retenção de sólidos),
químicos (adsorção) e biológicos (oxidação).

Esse método pode ser utilizado para disposição final de efluentes líquidos de tanques sépticos,
filtros anaeróbios e de outros reatores domésticos que produzam poucos sólidos suspensos.

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Figura 19 – Esquema de uma vala de infiltração comum.

Um sistema alternativo de vala de infiltração é formado por tijolos cerâmicos colocados


longitudinalmente no interior da vala.

Figura 20 – Esquema de uma vala de infiltração alternativa, com tijolos de cerâmica.

Sumidouros

Pode-se dizer, de maneira simples, que o sumidouro é um poço escavado no solo, cuja finalidade é
promover a depuração e disposição final do esgoto no nível subsuperficial do terreno.

Figura 21 (a)

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(b)

Figura 21 – (a) Esquema de instalação do sumidouro; (b) Detalhes do sumidouro.

 Lodos das ETAs e ETEs


Os lodos de ETAs têm sido dispostos em cursos de água sem nenhum tratamento. Todavia essa
prática tem sido questionada pelos órgãos ambientais devido aos possíveis riscos à saúde pública
e à vida aquática.

Os usos benéficos mais utilizados ou de maior potencial de utilização para o Estado de São Paulo
são: fabricação de cimento, disposição no solo, cultivo de grama comercial, fabricação de tijolos,
compostagem e plantações de cítricos. O lodo também poderá ser utilizado para a melhoria da
sedimentabilidade em águas de baixa turbidez, recuperação de coagulantes e outros.

A busca de soluções economicamente viáveis e ambientalmente vantajosas para o tratamento e


disposição final de lodos de ETAs continua sendo um desafio em vários países. A caracterização
adequada do lodo é o passo inicial para poder avançar nesse sentido. As legislações ambientais
específicas devem ser analisadas para cada tipo de disposição final desejada.

O processamento e a disposição final do lodo podem representar até 60% do custo operacional de
uma ETE. Geralmente para destinação final do lodo são utilizados os aterros sanitários, no entanto,
alguns estudos vislumbram sua aplicação como insumo agrícola, fertilizante ou mesmo na
construção civil.

Os metais pesados presentes nos lodos constituem seu principal aspecto poluidor, uma vez que
não são removidos pelos tratamentos biológicos. Contudo, seu controle pode ser feito mediante a
adoção de uma política voltada para o gerenciamento das descargas industriais assegurando-se
assim seu enquadramento dentro dos limites seguros para aplicação na agricultura.

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