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CIBERESPAÇO FILARMÔNICO: 10 ANOS LUZ DE EXTENSÃO

UNIVERSITÁRIA NA EMUS – UFBA

Celso Benedito1
Cristiane Delecrode2

Resumo: Do primeiro artigo apresentado no I EBECULT sobre o aprendizado musical


das bandas de música dos mestres até o presente momento muito já se fez e continua
sendo feito em termos de pesquisa, ensino e extensão sobre esse patrimônio cultural de
grande importância e capilaridade musical e cultural no Brasil. Com a criação da
Filarmônica da Universidade Federal da Bahia, hoje Núcleo de Bandas da EMUS,
iniciou-se uma jornada “Espaço-Tempo” neste universo pleno de camadas
interpretativas - no sentido de explorar e situar a influência desta tradição musical
sesquicentenária e sua atuação ao redor da órbita que a circunda. Sua presença e seus
efeitos tem um poder de atração capaz de penetrar em todas as esferas de atividades que
giram em seu entorno. O presente trabalho tem como objetivo a reflexão sobre o
intercâmbio entre a universidade e a comunidade cultural através da apresentação da
trajetória de 10 anos da Filarmônica UFBA (como uma banda universitária de práticas
pedagógicas e intervenções políticas), suas principais contribuições para as bandas de
música no cenário musical brasileiro nos diversos segmentos de atuação e pesquisa em:
performance, educação musical, musicologia, acervo e patrimônio entre outros aspectos
que envolvem sua presença dentro e fora da Universidade como projeto de extensão.

Palavras-chave: Bandas de música, Bandas Filarmônicas, Filarmônica da UFBA,


Projeto de Extensão, Mestres de Banda.

As filarmônicas são instituições musicais responsáveis pela mobilidade e


ascensão social de seus membros investindo na formação cidadã e profissional de
músicos instrumentistas que se projetam como estudantes universitários, oficiais de
bandas e corporações militares, professores e músicos. Com o ingresso dos músicos de
filarmônica nos cursos de graduação e pós-graduação há uma profusão de conhecimento
construído sobre a pedagogia, a prática de conjunto, a história e os métodos de ensino
adotados pelas bandas musicais. Como um ato de afeto e reconhecimento muitos
estudantes universitários vinculam suas produções acadêmicas às suas bandas de
origem, gerando artigos, monografias, teses e dissertações. E, assim como a minha
experiência de um “filho de filarmônica” a atuação desses membros de banda na vida
acadêmica provocam ações dentro das universidades como: seminários, festivais, fóruns

1 Celso José Rodrigues Benedito, Professor doutor adjunto (Trompa) da Escola de Música da
UFBA. E-mail: benedito.celso@gmail.com
2 Voluntária da Filarmônica UFBA. E-mail: cristianedelecrode@gmail.com
e projetos de extensão universitária como a Filarmônica da UFBA. Essa confluência
entre ensino, pesquisa e extensão se dá através de suas ações musicais, didáticas,
acadêmicas e sociais no sentido principal de valorizar e preservar uma cultura popular.
Este trabalho apresenta as implicações desta arte musical e das ações da universidade na
documentação e fortalecimento de práticas musicais tradicionais pela educação
patrimonial.
Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho
educacional centrado no patrimônio cultural como fonte
primária de conhecimento e enriquecimento individual e
coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as
evidências e manifestações da cultura em todos os seus
múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da
educação patrimonial busca levar as crianças e adultos a um
processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de
sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto
destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos
conhecimentos num processo contínuo de criação cultural
(HORTA, GRUNBERG, MONTEIRO, 1999, p.6).

Já fazem 12 anos desde minha chegada em solo baiano no ano de 2007 com o
intuito de investigar a pratica musical das Filarmônicas da Bahia. Do primeiro artigo
apresentado no I EBECULT sobre o aprendizado musical das bandas de música dos
mestres até o presente momento muito já se fez e continua sendo feito em termos de
pesquisa, ensino e extensão sobre esse patrimônio cultural de grande importância e
capilaridade musical e cultural no Brasil.
Com a criação da Filarmônica UFBA, hoje Núcleo de Bandas da EMUS,
iniciou-se uma jornada “Espaço-Tempo” neste universo pleno de camadas
interpretativas - no sentido de explorar e situar a influência desta tradição musical
sesquicentenária e sua atuação ao redor da órbita que a circunda. Sua presença e seus
efeitos tem um poder de atração capaz de penetrar em todas as esferas de atividades que
giram em seu entorno.

A Filarmônica da UFBA como atividade de extensão começa sua trajetória em


novembro de 2009. A banda universitária surgiu da necessidade da minha pesquisa de
doutorado através de um estudo profundo e minucioso, fruto de um extenso trabalho de
campo que me levou a ter contato com 82 filarmônicas de 46 municípios e 56 mestres
diferentes (BENEDITO, 2016, p.14), tudo isso junto com o meu ingresso no corpo
docente da Escola de Música da UFBA (EMUS/UFBA). Podemos defini-la como um
laboratório de continuidade de saberes que afirmam ser “o mestre de banda” um
educador musical.
Em busca de desafios e propostas pedagógicas este núcleo de estudos tem
origem no objeto de tese, na área de Educação Musical, que investiga a prática de
ensino-aprendizagem dos mestres de filarmônicas da Bahia, iniciado em 2007, sob
orientação do Prof. Dr. Joel Barbosa (PPGMUS/UFBA), portanto, a aplicabilidade da
pesquisa e sua ação prosseguem neste repositório de vivências. Fruto de um projeto de
doutorado iniciado no ano de 2007, a criação da Banda Filarmônica da Universidade
Federal da Bahia (UFBA) comprova a transmissão das práticas musicais e de
aprendizagem das bandas que a Escola de Música vem articulando.
Na Escola de Música a banda “laboratório universitário” passou a integrar as
ações de ensino e de pesquisa fundada nas atividades de prática musical, no
conhecimento, na preservação e na divulgação de bandas, com aproximadamente 150
anos de existência, do estado da Bahia. Ela se constitui de alunos e ex-alunos da
EMUS/UFBA, integrantes de filarmônicas das cidades do interior e músicos de outras
comunidades soteropolitanas. Seu principal objetivo é valorizar esta tradição dentro da
comunidade universitária e impactar as políticas públicas voltada a ela com atuações
musicais, didáticas, acadêmicas e sociais, dentre estas:
1. Atividades musicais: ensaios, apresentações musicais públicas e divulgação pela
internet;
2. Atividades didáticas: relatos de experiências dos mestres, palestras e práticas do
ensino-aprendizagem relacionadas à filarmônica;
3. Atividades acadêmicas: Fórum, pesquisa, debates e mesas redondas;
4. Atividades sociais: participação em eventos na cidade

O objetivo desta metodologia de pesquisa ação é realizar e funcionar como um


centro de vivência do ambiente das bandas de música para contribuir com a renovação e
atualização da performance e do ensino da música destas corporações. De todo o
exposto acima o Núcleo de Estudos da Filarmônica UFBA se encarrega, naturalmente
em espaço acadêmico. A produção de conhecimento está vinculado ao grupo de
pesquisa Ensino de Instrumentos Musicais3, cadastrado na IES e no CNPq, que inclui

3 http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0291803CL4GAC2
organização de eventos científicos, publicações de artigos e produções de dissertações e
teses. Quanto à extensão, a programação de concertos públicos, realizados pela
Filarmônica UFBA, são divulgados através de vídeos e publicações em redes sociais e
mídias eletrônicas como um canal do Youtube4. Compreende-se que é de vital
importância para a preservação dessa prática musical a conscientização da população
para a relevância social dessa manifestação musical presente em várias cidades da Bahia
e do Brasil.
Uma das ações de integração entre a universidade e a sociedade é o Fórum para
bandas filarmônicas: pedagogia gestão e pesquisa5, realizado desde 2013, que segue
para a sua quinta edição em 2019. O Fórum é responsável pela divulgação científica
vinculada a pesquisas sobre bandas musicais e alcança repercussão nacional. Mas, para
além da apreciação de trabalhos acadêmicos e do prestígio alcançado com a presença de
diversas universidades e corporações musicais o fórum também é palco de projeções
concretas de interação social entre a universidade e a comunidade com ações como: (a)
a criação da FEBAF - Federação das bandas filarmônicas do estado da Bahia6 no I
Fórum, em 2013), e (b) parceria com a Fundação Cultural do Estado da Bahia no
Programa de apoio para bandas filarmônicas7, na realização das Jornadas de
qualificação musical (2013) em cidades do interior e o I Encontro de Filarmônicas de
Salvador.
Avançando na busca da preservação de acervos e das tradições dos saberes e dos
fazeres de uma manifestação de cultura popular, reunimos esforços junto à Fundação
Cultural do Estado da Bahia para construir um Convênio de cooperação técnica. Esse
Consórcio conduziria a gestão de um Site para as bandas filarmônicas da Bahia8 lançado
em setembro de 2017, em evento público junto, com a entrega das chaves da casa
cedida por comodato, para brigar a Central das Bandas Filarmônicas à FEBAF. A
missão da Filarmônica UFBA seria conduzir Grupos de Trabalho e fortalecer elos de
uma rede de articulação, com cento e oitenta e sete bandas de música, dos vinte e sete
territórios de identidade, para criar conteúdo e alimentar uma plataforma virtual de

4 https://www.youtube.com/channel/UCZJD2iGM497HnO8HipVf66Q
5 https://forumparabandasfilarmonicas.webnode.com/
6 https://febaf.wordpress.com/
7http://www.fundacaocultural.ba.gov.br/2016/04/12328/Portaria-da-FUNCEB-define-apoio-para-mais-filarmonicas-da-
Bahia.html
8http://www.escolademusica.ufba.br/noticia/164/187-Filarmonicas-da-Bahia-ganharao-portal-digital-e-
sede-para-a-Federacao
trocas e intercâmbios com vistas a promover resgate, recuperação, manutenção,
preservação da memória e da diversidade das filarmônicas baianas.
O site “www.filarmônicasdabahia.org” tinha a capacidade de ser um portal
multiplataforma com tecnologia para integrar as bandas de todos os 417 municípios do
estado, essa era a intenção da política a ser implementada. Haveria site institucional,
fóruns de discussão, uma rede social particular entre outras funcionalidades
disponibilizadas por meio do Programa de apoio a filarmônicas conduzida pela
FUNCEB.
O plano inicial era criar uma rede de colaboração para a transmissão da
tecnologia do site, com ações de inclusão digital, onde os integrantes da Filarmônica
UFBA seriam os facilitadores. Em efeito cascata (ou bola de neve) cada um dos mais de
doze universitários (composição da banda em 2017) instruiria membros das suas
agremiações de origem formando núcleos regionais de representantes para compor o
Grupo de Trabalho, com até cento e oitenta e sete gestores, para alimentar e manter os
sites institucionais das filarmônicas atendidas pelo programa.
As pesquisas realizadas na graduação e pós-graduação da EMUS documentam
que a transmissão de conhecimento entre membros é uma prática cotidiana entre as
bandas. Essa metodologia, aplicada nas corporações filarmônicas, é realizada quando
um músico mais experiente transmite seu saber generosamente ao integrante mais novo
das escolinhas. O compositor Pedro Amorim (2009) revela sua impressão sobre este
aprendizado:

Eu fiquei fascinado pelo funcionamento dos organismos que são


as bandas filarmônicas, na breve experiência que tive viajando e
dando aula de teoria no interior do estado. Não só a flexibilidade
quase anárquica (belamente anárquica) do trânsito dos
aprendizes – o cara pode entrar tocando bumbo, passar pro
bombardino, virar clarinetista, compor, reger, tudo depende das
condições, aptidões, necessidades, desejos, pulsões... Nada é
pré-fabricado como nos nossos contextos educacionais mais
ortodoxos – como também as belezas da paisagem sonora de
uma banda filarmônica me fascinaram. Talvez alguém não
entenda (sobretudo as pessoas muito bem treinadas para louvar a
profilaxia sonora "erudita", a frase "limpa", a gravação de
estúdio impecável etc...), mas é de uma beleza indescritível
ouvir um grupo de sopros e percussão com músicos de diversos
níveis técnicos tocando juntos. A precisão rítmica e afinação
precisa em frases melódicas, às vezes bem intricadas, somada a
um fundo de notinhas meio fora do tom e do tempo, para mim
são um grande exemplo de beleza REAL, o som do aprendiz
elevado à categoria de música, e não a eterna frustração de "não
estar preparado", ou de ser comparado ao virtuose europeu (ou
japonês) da orquestra ou ao virtuose americano, ou japonês, ou
europeu, ou venezuelano,... “globalizêixon-xon”, do jazz...

Nossa intenção era replicar o que é naturalmente vivido no convívio dos músicos
para que se apropriassem das novas tecnologias da comunicação e da informação,
projetando seu contexto social no ambiente da internet ocupando o ciberespaço9. O
efeito bola de neve ocorreria quando um instrumentista integrante da Filarmônica
UFBA transmitisse o aprendizado a no mínimo uma banda, e esta replicasse o processo
a uma agremiação vizinha. Assim, nesse feito de tecer, como um pescador, de nó em nó,
formaríamos uma grande rede de pescar sonhos. Pois, para além de administrar o um
site particular, o que poderia ser feito por apenas um integrante, essas instituições
seriam capacitas com habilidades para documentar a historiografia da manifestação e
produzir conteúdo sobre processos de educação musical e práticas de conjunto, por
exemplo.
O termo ciberespaço foi criado em 1984 por William Gibson,
um escritor norte-americano que mudou-se para o canadá, que
usou o termo em seu livro de ficção científica, Neuromancer.
Este livro trata de uma realidade que se constitui através da
produção de um conjunto de tecnologias, enraizadas na
sociedade, e que acaba por modificar estruturas e princípios
desta e dos indivíduos que nela estão inseridos. O ciberespaço é
definido como “o espaço de comunicação aberto pela
interconexão mundial dos computadores e das memórias dos
computadores” (LÉVY, 1999, pág. 92).

A analogia com ciberespaço transcorre da necessidade de trazer esta


intelectualidade popular dos mestres e músicos de banda para uma transversalidade de
saberes na era digital. Qual a importância de conhecermos essa memória musical e
entendermos esse aprendizado pautado na motivação cotidiana dos alunos? Muito dessa
prática de ensino-aprendizagem se fundamenta na oralidade, (não porque os mestres não
possuem métodos ou metodologias); - mas de como trazem de imediato os artefatos de
memória e armazenam o conhecimento a partir da capacidade particular de cada um,
9 https://sociedadedeinformacaoetecnologias.blogspot.com/2011/08/conceito-de-
ciberespaco.html
dentro de um contexto histórico, sesquicentenário e atual, onde o ensino e prática
musical da banda são construídos e re-inventados. Individualidade ou autonomia
respeitada neste cenário “bandístico” que se transfere para a sociedade e para a
(in)corporação musical do grupo, uma vez que, se torna por si mesma, uma ciência e
uma arte.
A realidade das bandas de música se associam a um espaço indefinido, no
sentido de pertencer tanto ao mundo rural e urbano. Assim, sua identidade se forja tanto
em traços da cultura tradicional quanto à cultura erudita. Possui os seus próprios
ensinamentos podendo ser transmitida de geração em geração. Daí a adoção do estilo
que, dentro das possibilidades deve manter a fidelidade às características dos relatos
oferecidos pelos mesmos e, com este propósito adornar e acrescentar mais no que foi
transmitido. Extrapolar o olhar e a audição para transformações que aqui só tiveram
valor no sentido de aprimorar esta cultura.
Infelizmente a iniciativa do Portal/Site da FUNCEB não saiu do papel, mas
serviu para o Núcleo de Bandas ter a certeza de que é preciso que as agremiações se
apropriem deste ambiente cultural virtual para estimular a formação continuada e
partilharem saberes e fazeres entre si e com o mundo. Por isso, a IV edição do Fórum
consolidou o papel de articulação e inovação que a Filarmônica UFBA assumido há
cinco anos como projeto de extensão da EMUS. E, após iniciar suas atividades em
2013, um dos temas discutidos no encontro foi a criação de uma Rede Nacional de
Bandas de Música associada a uma plataforma virtual para divulgar e unir bandas, bem
como alimentar a produção acadêmica nacional.
Na oportunidade do IV Fórum, realizado de 30/11 a 3/12/2017, houve uma roda
de conversa coordenada por Joel Barbosa (músico, professor doutor da EMUS-UFBA)
com doze participantes representando nove estados brasileiros, além do Distrito Federal,
que decidiram unir esforços para concretizar o sonho. Para compreender a dimensão
dessa rede, entre os participantes estavam: Adalto Soares (UNIRIO, RJ), Ary da Silveira
Junior (Projeto Guri, SP), Aurélio Nogueira de Sousa (SEDUCE, GO), Cristiano Felício
Carvalho (Projeto Pequenos Músicos, Mogi das Cruzes, SP), Dionísio Machado Neto
(USP), Eduardo Gonçalves dos Santos (FAMES), Ítalo Rômulo de Holanda Ferro
(UFCA, CE), João Paulo de Araújo (UFRN, RN), José Robson de Almeida (UFCA,
CE), Jovany Gomes (Banda da FAB, MG), Marcelo Trevisan Gonçalves (FAMES, ES),
Marcílio Santana Marcelino (Banda da Polícia Militar, DF), Marcos dos Santos Moreira
(UFAL, AL), Marcos Botelho Lage (UFG, GO), Marco Toledo Nascimento (UFC -
Campus Sobral, CE), Rafael Fonte (Banda de Música do Comando Militar do Sudeste,
SP), Rafael Garbuio (UFBA, BA). Portanto, a Plataforma Digital de Bandas de Música
é o desejo e um esforço conjunto de universidades, bandas militares e civis, projetos
sociais e universidades. Acreditamos que o portal/website extrairá um “recurso cultural
infinitamente renovável” e oferecerá à sociedade um panorama, em tempo real, de um
dos mais importantes polos de criação, configurando-se em uma vitrine musical
brasileira para o mundo.
Todo esse empreendimento científico se encontra em “inventário” para discutir
em rodas de conversas o que será realizado: avaliar as políticas culturais a fim de
conduções possíveis para a execução de projetos, tais como: recuperação de acervos
musicais, coordenação musical, cadastro e diagnóstico das filarmônicas do estado,
admissão de métodos de ensino, obtenção de instrumentos, banco de partituras, técnicas
e tecnologias, encontro de bandas, entre outros.
Panorama das atividades realizadas:
1. Apresentações musicais:
a. Festa do Divino em Bom Jesus da Lapa,
b. Dois de julho
c. Concerto Semana da Arte Universidade Salvador
d. Concertos Reitoria
e. Calourada UFBA
f. Concertos nos bairros
g. Teatro Martim Gonçalves
h. Concertos na Escola de Música
i. Encontros de Filarmônicas
2. Cursos de Extensão:
a. Formação em pedagogia de instrumentos
b. Fabricação artesanal de palhetas para clarineta
c. Formação em instrumentos musicais (CAPSas – Gregório de Matos)
d. Formação em instrumentos musicais (integrantes da Filarmônica)
e. Formação em instrumentos musicais ( com crianças do Engenho Velho
da Federação)
3. Encontros acadêmicos e artísticos:
a. I Coloquios para Clarinetistas (2012)
b. II Coloquios para Clarinetistas (2013)
c. Participação de seus integrantes em diversos cursos e encontros
organizados pela FUNCEB (Fundação Cultural do Estado da Bahia) e
por filarmônicas baianas
d. 4 edições do Fórum para Filarmônicas (2013 a 2017)
4. Preservação e divulgação de repertório:
a. EDITAL PROPCI/UFBA 01-2013 - PIBIC e PIBIC-AF
Projeto nº 4782 - Polacas, Fantasias e Dobrados Sinfônicos da
"Filarmônica 25 de Março": uma análise comparativa dos procedimentos
composicionais ( Pesquisa em andamento)
b. Recuperação e edição de partituras em processo de deterioração de
acervos de filarmônicas baianas
c. Formação de acervo de partituras
d. Divulgação de gravações destas partituras no YOU TUBE
5. Produção de conhecimentos:
a. 05 artigos publicados
b. 04 dissertações
c. 04 teses
6. Consultorias:
a. A Filarmônica de Bom Jesus da Lapa
b. A diversos mestres de filarmônicas
Assim, na realidade de completar seus 10 anos em 2019 a Filarmônica UFBA se
orgulha pelo muito já foi feito pela simples motivação de uma cumplicidade familiar
entre os integrantes da EMUS - alunos e professores, bem como pelos parceiros
conquistados nesta década, em ações coerentes com os próprios procedimentos destas
sociedades musicais. E, para seguir mais dez anos luz, a frente de um campo de estudos
complexo que integra educação, cidadania, cultura, arte, produção acadêmica, ousamos
integrar mais uma vertente de pesquisa, no trabalho hercúleo de reconhecimento das
agremiações sesquicentenária, associando o patrimônio imaterial como mais um elo de
compreensão na transmissão de ensinamentos musicais entre gerações até a atualidade.
O Patrimônio Cultural Imaterial é transmitido de geração a
geração, constantemente recriado pelas comunidades e grupos
em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e
de sua história, gerando um sentimento de identidade e
continuidade, contribuindo para promover o respeito à
diversidade cultural e à criatividade humana. É apropriado por
indivíduos e grupos sociais como importantes elementos de sua
identidade (IPHAN, 2019).

Reconhecemos que assim como nas bandas filarmônicas a prática no Núcleo de


Bandas da EMUS- UFBA exerce claramente um papel de divulgação e produção de
conhecimento. Mas, além da relação teórico-empírico, entre universidade e
manifestação cultural, valores como respeito, união, cidadania, cuidado e conservação
fazem parte de um sentido específico do significado de patrimônio, que se traduz em
fardamentos, instrumentos, partituras, iconografias e a própria sede são incorporados
nas relações de afeto entre os integrantes da banda universitária. Essa conscientização
da formação de músicos profissionais, resultado da disciplina das escolinhas e do
comprometimento com as corporações, é fruto de um capital intangível de oralidades e
memórias que se configuram em uma postura política diante da sociedade.
Em virtude da atuação da Filarmônica UFBA e de seus integrantes ouso dizer
que este é um trabalho de suma relevância para melhor conhecer a atividade de
educação musical e patrimonial exercida pelas bandas de música que tanto contribuem
para o desenvolvimento de suas cidades e cidadãos. Acreditamos que a integração entre
universidade e comunidade pode chamar a atenção principalmente do poder público
para dar o suporte e atenção necessária para a preservação e manutenção dessas
tradições da cultura popular brasileira. Por isso, compreendo que o futuro das
filarmônicas está associado aos valores apreendidos pelos alunos na convivência da
prática pedagógica e na condução da batuta dos Mestres de saberes e fazeres culturais e
educacionais. Mas, suas tradições precisam transmutar a realidade física para uma
articulação virtual de um “ciberespaço filarmônico” onde uma oralidade digital seja
construída dialogicamente e por meio de consciência política de um projeto social para
recuperar seu lugar de destaque na sociedade como nos tempos de ouro.
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