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E-BOOK

AVALIAÇÃO
DO RISCO DE
SUICÍDIO
ADRIANA DE OLIVEIRA

2ª EDIÇÃO
“Que tipo de emoção eu sinto? Confusão. O véu negro da morte cai
ferozmente. Por quê? Como é horrível ser governado por leis que não
entendemos. Juan foi pego numa competição barulhenta, em que de um
lado estava o mundo e do outro um punhado de todos nós. “A vida não
vale a pena!”, gritou o mundo. “Sim, ela vale!”, gritamos nós. “Não, ela
não vale!”, “Sim, ela vale!”. E lá estava Juan, bem no meio, surpreendido
e confuso. Ele olhou para nós e para o mundo. Um cachorrinho entre dois
mestres. Finalmente, o nosso grito foi sufocado. “Você está certo, a vida
não vale a pena!” Ele se desesperou e pulou. Mas não podemos parar de
gritar. Muitos talvez nos ignorem, mas muitos ouvirão.
E se tão somente um nos ouvir, não terá valido a pena?”
(Max Luccado, 2010).

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PREFÁCIO

Adriana de Oliveira nasceu em Vila Velha, Espírito Santo. Filha de pais


separados, é a terceira de cinco irmãos. Escolheu cursar Psicologia já no primeiro
ano do ensino médio. Acreditava que podia mudar o mundo e viu na Psicologia a
possibilidade de atuar para transformar vidas. Aos 19 anos foi para Brasília, onde
mora até hoje, para cursar Psicologia. Fez graduação na Universidade Católica de
Brasília, formação clínica no Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento,
mestrado e doutorado na Universidade de Brasília. Atua na Psicologia Clínica há
16 anos e na docência há 9 anos. Desses, há sete anos orienta estágios em
Psicologia Clínica.
Com sua experiência e com o aumento dos índices de tentativas de
suicídio que começaram a chegar à clínica, percebeu que precisava compreender
mais sobre o assunto. Há alguns anos, orientou o atendimento de um caso que
envolvia tentativas pregressas de suicídio. Ao longo dos atendimentos, a paciente
fez nova tentativa, o que deixou a autora insegura e um tanto desamparada.
Na época, começou a questionar sua habilidade para ocupar esse lugar
enquanto orientadora de estágio e se, de fato, tinha capacidade técnica para tal.
Questionou porque não percebeu o risco do suicídio e foi surpreendida frente à
tentativa da paciente. Nesse momento, decidiu aprofundar seus estudos acerca da
temática, principalmente, sobre como evitar o suicídio.
A partir dessa inquietação, de muito estudo e de um desejo profundo de
fazer diferença no mundo, Adriana percebeu que a grande maioria dos suicídios
pode ser evitada. E um suicídio evitado é muito mais que uma morte evitada. É a
prevenção do adoecimento psíquico de muitos outros indivíduos e a interrupção
de um ciclo de adoecimento. Este livro, portanto, é fruto do pensamento de uma
pessoa que não se conforma com a ideia de que as coisas não podem mudar - elas
podem!
Sua insegurança começou a se transformar em confiança ao estudar o

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assunto. Apesar das peculiaridades que existem em cada caso, entendeu que é
possível sim a prevenção. De forma empática, percebeu que, assim como se sentiu
insegura diante do caso, possivelmente haveriam outros profissionais que se
sentiriam da mesma forma. Por isso, essa obra é também o compartilhamento,
com outros profissionais da saúde, do que aprendeu. É, também, um meio de
capacitá-los para atuarem de forma mais eficiente nos casos que envolvem risco
de suicídio - a prevenção é feita com muitas mãos - e, assim, mudar o mundo de
inúmeras pessoas.
Essa é a segunda edição do livro e acrescenta aspectos que não foram
incluídos na primeira, relacionados à entrevista clínica e às primeiras
intervenções. Além disso, incluiu instrumentos de rastreio para fornecer material
técnico para auxiliar no diagnóstico diferencial e na intervenção.
Essa obra, organizada em capítulos, foi escrita de forma clara e objetiva.
Apresenta-se uma contextualização do suicídio, seus fatores de risco e de
proteção, com o cuidado de cooperar com a construção de um cenário mais
acolhedor e eficaz para reduzir a estatística das tentativas. O leitor é direcionado
para identificar a gravidade dos casos com risco de suicídio e orientado sobre as
primeiras intervenções possíveis para cada grau de risco.
Ao ler, procure relacionar com os casos que já atendeu. Leia os
instrumentos e perceba como se sente ao fazer perguntas tão diretivas. Identifique
seus sentimentos e aprenda a lidar com eles. São formas de aguçar o seu olhar
para discriminar quais características olhar e quais intervenções propor, sem
prescindir do autocuidado, do acolhimento e da empatia.

Dra. Roberta Ladislau Leonardo1

1
Formada em Psicologia pela Universidade de Brasília (2006), com especialização em Neuropsicologia pelo
IPAF (2009), mestrado e doutorado pelo Programa de Ciências do Comportamento, na área de concentração
Neurociências do Comportamento (UnB). Atualmente, trabalha em consultório e coordena o curso de
Psicologia no UDF - Centro Universitário.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 6
SUICÍDIO: AFINAL DO QUE ESTAMOS FALANDO? ............................................................................... 9
AVALIANDO FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO .................................................................................. 12
AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO BAIXO, MODERADO E ALTO ..................................................... 16
ENTREVISTA CLÍNICA NA AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO .......................................................... 19
PRIMEIRAS PROVIDÊNCIAS AO RISCO DO SUICÍDIO .......................................................................... 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................... 27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................... 28
CONTATOS E LINKS ÚTEIS .................................................................................................................. 30
ANEXO I – AVALIAÇÃO GERAL DO SUICÍDIO ...................................................................................... 31
ANEXO II – Roteiro para avaliação do risco de suicídio ..................................................................... 36
ANEXO III – Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (Escala de HADS)..................................... 36
ANEXO IV – Contrato de Vida ............................................................................................................ 40

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INTRODUÇÃO
O suicídio é um fenômeno mundial e histórico, talvez até atemporal,
tendo em vista que a história da humanidade é marcada por suicídios. Na
Grécia antiga, o indivíduo era obrigado a pedir permissão ao Estado para se
suicidar. O pedido era analisado e poderia ser permitido ou vetado. Na Idade
Média, na cultura judaico-cristã, o suicídio foi condenado, não existindo, a partir
de então, diferença entre o suicídio legal e ilegal. Matar-se era atentar contra a
propriedade do outro e o outro, neste caso, era Deus (Tota, Barros & Assis,
1994).
Em outras culturas, ao longo da história, o suicídio foi concebido como um
ato heróico. Na cultura dos Vikings, o suicídio era o meio para chegar à
imortalidade. Para que os guerreiros alcançassem Valhalla era necessário
morrer de forma brutal em guerra ou tirar sua própria vida, pois era honroso
nessa cultura morrer pelas suas prórpias mãos.
Na cultura japonesa, por exemplo, Harakiri faz parte dos ensinamentos do
Bushido. Significa, literalmente, “cortar a barriga” ou “cortar o estômago”.
Consistia em ajoelhar-se e cravar um punhal em sua própria barriga, num ritual
suicida. Isso era feito nos casos de desonra própria ou aos seus ancestrais, ou,
ainda, por lealdade aos seus senhores (Kawanami, 2013). O lema dos samurais
era que a vida é limitada, mas o nome e a honra podem durar para sempre.
Essa filosofia persiste até hoje.
E essa pode ser uma das razões
do Japão ser uma das nações
com o maior índice de suicídios
no mundo (em média, 30 mil
mortes por ano, sendo a

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primeira causa de morte entre jovens/adultos de 15 a 39 anos).
Na Segunda Guerra Mundial, o Japão convocou os Kamikazes para
missões de combate. Os Kamikazes eram pilotos japoneses destinados a
missões suicidas.
Eles direcionavam seus aviões, carregados de explosivos, de encontro aos
alvos de seus ataques (Hammerschmidt, 2018).
Outra cultura que, até nos dias atuais mostra o suicídio como um ato
heroico, é a dos radicais extremistas islâmicos, que acreditam estar
participando de uma guerra santa e, com a prática do ato suicida, creem que
irão ganhar o paraíso e receberão a vida eterna como recompensa pelo seu
sacrifício em nome da fé. Fonte:
www.hokunin.deviantart.com

Durkheim (1897), tratou o suicídio de uma forma social. Para ele, alguns
dos fatores que acabam levando o indivíduo ao suicídio são as crises
econômicas e as mudanças nas sociedades. Essas são rupturas de equilíbrio,
que fazem com que o indivíduo não se ajuste ao ambiente, trazendo um
sofrimento muito grande, com o qual o cidadão não consegue lidar. A questão
social é um fator importantíssimo na compreensão do suicídio. Por exemplo,
nos Estados Unidos, em 1929, muitos americanos em Wall Street se suicidaram
depois da quebra da Bolsa, em 24 de outubro. Vários investidores cometeram
suicídio pulando dos prédios do centro financeiro mais famoso do mundo.
Em 1945, os soldados nazistas não acreditaram mais que era possível
vencer a guerra e uma onda de suicídios tomou conta da Alemanha. Em Berlim,
o pânico foi tão grande que, em 3 (três) dias, quase 1.000 (mil) militares se
suicidaram.
Outra história de suicídio impressionante, pela dimensão do número de
mortes, foi em 1978, quando James Warren conduziu um dos maiores suicídios
em massa já orquestrados no mundo. Foram cerca de 918 (novecentas e
dezoito) pessoas mortas pela crença de que estariam perto de uma guerra

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nuclear. Acreditaram em seu Guru, que afirmou que, se morressem dessa
forma, estariam livres da agonia e morreriam em paz e com honra.
Independentemente da filosofia por trás do suicídio, e de quão antiga é
tal prática, atualmente o ato de tirar a própria vida é considerado um problema
de saúde pública e sua prevenção tem sido prioridade para a Organização
Mundial da Saúde (OMS).
Em termos gerais, a mortalidade pelo suicídio aumentou 60% (sessenta
por cento) nos últimos 45 anos (Botega, Werlang, Cais & Macedo, 2006). A
estimativa da OMS é que, a cada 40 (quarenta) segundos, uma pessoa se suicida
no mundo. Isso significa mais de 800.000 (oitocentos mil) suicídios por ano, dos
quais 65.000 (sessenta e cinco mil) ocorrem na região das Américas (OMS,
2014).
Para a OMS, 9 (nove) em cada 10 (dez) suicídios poderiam ser evitados,
caso recebessem ajuda especializada. Isso equivale a uma taxa de 90% (noventa
por cento).
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, a maior parte das pessoas que
pensa em cometer suicídio enfrenta uma doença mental que altera, de forma
radical, a percepção da realidade, interferindo gravemente no livre arbítrio.
O tratamento da doença mental é a melhor forma de prevenir. Isso
significa que a prevenção é factível. Para isso, é necessário saber para o que
olhar. Cândido (2011), afirma que “a morte por suicídio é quase sempre sentida
como inesperada e imprevisível. Apesar da existência de toda uma gama de
sinais potencialmente preditivos do risco” (p. 137).
O objetivo desse e-book será instrumentalizar você para conseguir realizar
uma avaliação de risco do suicídio acurada, uma entrevista clínica inicial e
propor algumas intervenções. Se soubermos para o que olhar, podemos avaliar
o risco que a pessoa corre no momento e, consequentemente, propor
intervenções adequadas para cada caso.

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SUICÍDIO: AFINAL DO QUE ESTAMOS
FALANDO?
Uma das questões filosóficas que permeia a mente de muitas pessoas é o
julgamento se a vida vale ou não a pena ser vivida (Camus, 1942). Segundo
Botega, Werlang, Cais e Macedo. (2006), ao longo da vida, de cada 100 (cem)
pessoas, 17 (dezessete) irão pensar em suicídio, 5 (cinco) irão planejar, 3 (três)
irão tentar e 1 (uma) irá efetivamente se suicidar.

Para a OMS (1998), o suicídio é um ato deliberado, intencional de causar a


morte a si mesmo, um ato iniciado e executado deliberadamente por uma
pessoa que tem a clara noção (ou forte expectativa) de que dele pode resultar a
morte. Assim, será necessário analisar a intencionalidade do ato para
avaliarmos as tentativas de suicídio ou mesmo o suicídio consumado.
A tentativa de suicídio pode ser definida como qualquer tipo de
comportamento autolesivo não-fatal, com evidências − sejam elas explícitas ou

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implícitas −, de que a pessoa tinha a intenção clara de morrer. É importante
atentar que nem toda violência autoprovocada caracteriza uma tentativa de
suicídio.
É necessário avaliar a intencionalidade do ato e o desejo de morte
relacionado ao mesmo (Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, 2016).
Além de suicídio, a OMS (2014) definiu também o comportamento
suicida. Este termo refere-se a um conjunto de atitudes que incluem: o
pensamento de que uma ação autoinfligida resulta em sua morte (ideação
suicida); o planejamento; a tentativa; e o próprio suicídio. Para Werlang,
Macedo e Kruger (2004), o comportamento suicida contempla,
independentemente do ponto de vista pelo qual é analisado, uma dimensão
central relacionada ao sofrimento. Por isso, quando falamos de prevenção,
precisamos analisar o comportamento suicida, para assim identificar as
variáveis relacionadas ao processo de ideação, planejamento e tentativas.
Em estudo realizado por Kessler, Borges e Walter (1999), foi observada a
relação entre a ideação suicida e o risco de tentativas de suicídio. Estima-se que
60% (sessenta por cento) dos indivíduos que se suicidam tinham previamente
ideação suicida (Fawcette, Clark & Bush, 1993). Outro dado que chama atenção
é que, das pessoas que tiveram seus suicídios consumados, metade delas (50%
por cento) foram a uma consulta médica em algum momento no período de 6
(seis) meses que antecederam a morte; e 80% (oitenta por cento) foram a um
médico no mês anterior ao suicídio (Clark & Fawcett, 1992). Os autores
apontam, ainda, que dois terços dos que se suiciddaram comunicaram,
claramente, essa intenção a parentes próximos, ou amigos, na semana anterior
ao ato fatal.
Botega, Mauro e Cais (2004), acrescentam que, em média, de 15 a 25%
(quinze a vinte e cinco por cento) das pessoas que tentam o suicídio tentarão
novamente no ano seguinte. E 10% (dez por cento) das pessoas que tentam o

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suicídio conseguem efetivamente matar-se nos próximos 10 (dez) anos. Os
autores destacam ainda que, com base nas evidências proporcionadas por
entrevistas com familiares e amigos, bem como por meio de documentos
médicos e pessoais, um diagnóstico psicopatológico poderia ter sido feito em
93-95% dos casos de suicídio. Notadamente, são transtornos do humor (40-50%
dos casos de suicídio tinham depressão grave), dependência de álcool (em
torno de 20% dos casos) e esquizofrenia (10% dos casos).
Podemos dizer que estamos diante de um fenômeno mundial e complexo.
Sabemos que, apesar de haver uma correlação entre transtornos mentais −
principalmente a depressão −, transtorno bipolar, dentre outros, esse é um
fenômeno multideterminado. Não podemos dizer exatamente quais as variáveis
que levam alguém a tirar sua própria vida, porém podemos analisar os fatores
de risco e os fatores de proteção, podendo, assim, avaliar o risco de alguém vir
a cometer suicídio.

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AVALIANDO FATORES DE RISCO E
PROTEÇÃO
Para fazer uma avaliação concreta sobre a possibilidade de suicídio é
preciso considerar um conjunto de fatores, incluindo os de risco e proteção.
Deve-se considerar fatores sociodemográficos, psicossociais e vida familiar,
bem como fatores psicológicos e psiquiátricos, dentre outros. Botega (2015),
discorre sobre vários fatores de risco e de proteção, que necessitam de atenção
especial ao fazer uma avaliação inequívoca de risco.

Fatores que aumentam o risco do suicídio:


1. Fatores Sociodemográficos
• Sexo Masculino
• Adultos jovens (19 a 49 anos) e idosos
• Estado civil, divorciado e solteiro
• Orientação homossexual ou bissexual
• Ateus e protestantes tradicionais (católicos)
• Grupos étnicos minoritários

2. Fatores Psicossociais e vida familiar


• Abuso físico, sexual ou emocional
• Perda ou separação dos pais na infância
• Instabilidade familiar
• Ausência de apoio social e Isolamento social
• Pouca flexibilidade para enfrentar adversidades
• Perda afetiva recente ou outro acontecimento estressante
• Datas importantes (morte, aniversários, etc)
• Desemprego e Aposentadoria
• Vergonha e humilhação (bullying)
• Violência doméstica

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• Desesperança e desamparo
• Ansiedade intensa e baixa autoestima
• Rigidez cognitiva, pensamento dicotômico
• Traços de personalidade: impulsividade, agressividade, labilidade do
humor, perfeccionismo.

3. Fatores Psicológicos e Psiquiátricos


• Depressão, transtorno bipolar, abuso/dependência de álcool e de
outras drogas, esquizofrenia, transtornos de personalidade
boderline
• Comorbidade psiquiátrica (vários transtornos mentais)
• Histórico familiar de doença mental
• Falta de tratamento ativo e continuado em saúde mental
• Ideação ou plano suicida
• Tentativa de suicídio pregressa
• História familiar de suicídio

4. Fatores Psicológicos e Psiquiátricos


• Depressão, transtorno bipolar, abuso/dependência de álcool e de
outras drogas, esquizofrenia, transtornos de personalidade
boderline
• Comorbidade psiquiátrica (vários transtornos mentais)
• Histórico familiar de doença mental
• Falta de tratamento ativo e continuado em saúde mental
• Ideação ou plano suicida
• Tentativa de suicídio pregressa
• História familiar de suicídio

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5. Outros fatores
• Acesso a meios letais (arma de fogo e veneno)
• Doenças físicas incapacitantes e terminais
• Falta de adesão ao tratamento, agravamento ou recorrência de
doenças preexistentes
• Relação terapêutica frágil ou instável

Além desses fatores descritos é fundamental considerar os estados


afetivos que estão associados a um maior risco de suicídio. Botega (2015),
descreve como a presença dos 7 Ds.

Dor Psíquica
Desespero

Ds Desesperança
Desamparo
Depressão
Dependência química
Delírio

Fatores de proteção (diminuem o risco do suicídio):


1. Personalidade e estilo cognitivo
• Flexibilidade cognitiva
• Disposição para aconselhar-se em casos de decisões importantes
• Disposição para buscar ajuda
• Abertura à experiência de outro
• Habilidade para se comunicar
• Habilidade para solucionar problemas da vida
• Capacidade para fazer uma boa avaliação de realidade

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2. Estrutura Familiar
• Bom relacionamento interpessoal
• Senso de responsabilidade em relação à família
• Crianças pequenas na casa
• Pais atenciosos e consistentes
• Apoio em situações de necessidade
• Estrutura Familiar
• Bom relacionamento interpessoal

3. Fatores socioculturais
• Integração e bons relacionamentos em grupos sociais (colegas,
amigos, vizinhos)
• Adesão a valores e normas socialmente compartilhados
• Prática religiosa e outras práticas coletivas (clubes, grupos culturais)
• Rede social que propicia apoio prático e emocional
• Estar empregado (gostar do trabalho)
• Disponibilidade de serviços de saúde mental

4. Outros Fatores
• Gravidez e puerpério
• Boa qualidade de vida
• Regularidade do sono
• Boa relação terapêutica

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AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO BAIXO,
MODERADO E ALTO
Para realizarmos a formulação do risco de suicídio devem ser
considerados todos os aspectos discutidos no capítulo anterior. É preciso
considerar tanto os fatores de risco como os de proteção, para assim classificar
corretamente. Além disso, na formulação do risco, temos que analisar a
intencionalidade suicida.

A análise da intencionalidade suicida é fundamental pois 60% (sessenta


por cento) das pessoas que se suicidam apresentam ideação suicida antes da
tentativa (Fawcette, Clark & Bush, 1993). Para formulação, iremos classificar o
paciente em risco baixo, moderado e alto.

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A análise proposta por Botega (2015) procura sintetizar os aspectos que
o autor considerou mais importantes na formulação do risco de suicídio.
Entretanto, recomenda-se uma análise clínica completa, além desses aspectos

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citados acima, devemos considerar todos os outros discutidos no capítulo
anterior.
Na avaliação do risco de suicídio, deve-se levar em consideração que um
fator de proteção pode ser considerado de risco, dependendo de como a
pessoa lida com aquele aspecto. Por exemplo, crianças pequenas em casa são
consideradas um fator de proteção, porém, se a relação com as crianças for
promotora de sofrimento, isso poderá ser considerado um fator de risco.
A formulação clínica do risco de suicídio é fundamental para que o
profissional de saúde, ou mesmo familiares e amigos, saibam quais providências
tomar, para, assim, evitar uma possível tentativa de suicídio.

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ENTREVISTA CLÍNICA NA AVALIAÇÃO DO
RISCO DE SUICÍDIO
Ao realizar a entrevista clínica, o profissional deve-se assegurar que seu
paciente receba a atenção necessária para que um diagnóstico diferencial seja
realizado e aspectos como situação psicossocial, fatores de risco e proteção,
recursos pessoais e transtornos mentais sejam avaliados. Os pacientes
precisam ser avaliados cuidadosamente para garatir que estarão a salvo (evitar
tentativas de suicídio) e, se possível, já na entrevista clínica fornecer a ele um
grau de alívio do sofrimento vivenciado (Sterian, 2001 e Mitchell & cols, 2005).
Essa avaliação inicial é essencial para que ações preventivas e interventivas
sejam estabelecidas, a fim de evitar que o suicídio ocorra.
Na entrevista inicial, o profissional precisa criar um espaço para que o
paciente se coloque sem reservas e discorra sobre suas questões e sofrimentos
associados. Sabemos que o próprio ato de falar, em muito casos, já proporciona
alívio (Sterian, 2001). Por isso, é tão fundamental a escuta ativa, se colocar de
forma empática na relação, estabelecer um rapport (conexão com o outro), ser
congruente e demonstrar uma aceitação incondicional pelo paciente. Tais
habilidades podem ser consideradas como pré-requisitos para que a entrevista
clínica seja eficaz. Não deve colocar questões morais ao falar do suicídio. Isso irá
gerar barreiras e dificultar que o vínculo terapêutico seja estabelecido, podendo
até mesmo levar a pessoa a desistir da psicoterapia ou mesmo mentir que está
tudo bem quando não está.
É indispensável uma postura acolhedora, cuidadora e não-julgadora. As
perguntas dirigidas ao paciente devem ser conduzidas de forma que ele consiga
perceber e elaborar seu sentimentos, pensamentos e insights (Rodrigues,
2009). Dentro dessa problemática, a entrevista inicial não terá como foco

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somente levantar informações, mas estabelecer uma relação terapêutica que
promova as condições necessárias para que intervenções sejam realizadas. O
indicado para entrevistas iniciais é fazer uma entrevista aberta e permitir que o
paciente fale livremente. Nesse caso especifico, o ideal é a utilização de uma
entrevista semi-estruturada, pois será preciso direcionar a entrevista para
conseguir fazer a avaliação do risco de suicídio. Ao final da entrevista inicial é
importante que dados sejam coletados para podermos propor algumas
intervenções.
Para Rodrigues (2009) a entrevista semi-estruturada é uma técnica que
irá proporcionar compreensão e avaliação do contexto do suicídio, nessa
prespectiva a autora destaca alguns aspectos:
(1) Organiza o processo de coleta de dados e da avaliação do risco;
(2) Permite uma investigação detalhada dos fatores de risco e proteção
do suicídio;
(3) Ajuda a descontruir tabus e resistências ao falar da morte e do
suicídio;
(4) Favorece o estabelecimento do vínculo, a aceitação e engajamento
terapêutico;
(5) Possibilita uma avaliação mais adequada e por consequência, uma
intervenção eficaz.
Um dos instrumentos que tem sido utilizados nessa entrevista inicial é o
TARS - roteiro para Avaliação do Risco de Suicídio (ANEXO II). Esse instumento
visa levantar o perfil do risco individual, sintomático e na consulta (no momento
atual do paciente). Algumas perguntas que podem ser realização além das
propostas no instrumento são:
Você se sente ficando desesperado?
Sente que são muitas as coisas para administrar?
Você pensa que seria melhor se estivesse morto?

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Você pensa em terminar com tudo, que não vale a pena viver?
Você tem pensamentos de morte ou de suicídio?
Você já pensou em maneiras de se suicidar?
Se sim, quais métodos você considerou?
Você tem acesso para executar seu plano: comprimidos, resólver, prédio
alto?
Você tem em mente alguma data ou lugar?
Se você estivesse só agora ou em algum momento no futuro, você
tentaria se matar?
Nesse entrevista incial é importante que se faça um diagnóstico
diferencial: se existe algum quadro de depressão, bipolaridade, ansiedade,
esquisofrenia, uso abusivo de álcool e drogas, etc, e se esses quadros se
relacionam com a ideação suicida, com o planejamento ou mesmo com as
tentativas de suicídio. Sabe-se que 40%-50% das pessoas que tentam suicídio
estavam com depressão grave e a estimativa que 90-95% das pessoas que se
suicidam tem algum transtorno mental (Botega, Mauro e Cais, 2004). Uma das
escalas que podem ser trabalhadas é a Escala Hospitalar de Depressão e
Ansiedade (HADS – ANEXO III). Verifique, ainda, se existe um perfil de
personalidade impulsiva. Essa é uma das características que aumenta
significativamente o risco do suicídio.
Além do levantamento dos dados para a avaliação do risco, o Psicólogo
deve conseguir manejar a angústia do paciente e a vergonha de entrar nesse
assunto. A realidade é que existem muitos tabus sociais que permeiam a
temática do suicídio e isso, normalmente, gera desconfortos na entrevista (no
entrevistado e no entrevistador). Será preciso, ainda, manejar suas próprias
angústias e ansiedades que o processo terapêutico irá produzir. Casos
envolvendo suidídio, frequentemente, geram insegurança e medo nas pessoas
que conduzem, pois lidam com muita instabilidade emocional, ambivalência em

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relação à vida e morte e o próprio risco de perder o paciente. Porém, já
sabemos que falar abertamente sobre o assunto (que socialmente é tão velado)
irá gerar alívio e mudanças psicológicas importantes, tanto no entrevistado
como no entrevistador (Rodrigues, 2009).
Em resumo, um dos aspectos centrais dessa entrevista clínica para a
avaliação do risco do suicídio é que o profssional ao conduzir a entrevista, fale
abertamente e não tenha receio de abordar assuntos como morte e o suicídio.
Tão importante quanto os aspectos técnicos da entrevista, o Psicólogo deve
conseguir manejar suas próprias emoções nesse processo.

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PRIMEIRAS PROVIDÊNCIAS AO RISCO DO
SUICÍDIO

Se quisermos colocar gasolina em um tanque cheio, ele transbordará,


mas, se colocarmos 1 litro de gasolinha em um tanque vazio não poderemos
viajar 200 kilometros. O que isso significa? Que um litro de gasolina pode ser
muito ou pouco, dependendo da necessida que existe. Isso se aplica quando
falamos sobre intervenções em situações de risco de suicídio. Se usar força
demais pode quebrar a pessoa, porém se usar pouca força pode perdê-la para a
morte.
Na prática, o início da intervenção começa com a avaliação do risco de
suicídio. Já foi discutido anteriormente como realizar a avaliação do risco. São
vários aspectos a serem considerados e a pessoa deve ser entendida como um
todo. Pois um aspecto que pode ser fator de proteção para uma pessoa em
determinado quadro, pode ser de risco para o outro. Por exemplo, sabemos
que mulheres no puerpério são menos propensas ao suicídio, porém se essa
mulher estiver com depressão pós parto, a presença da bebê pode potencializar
o sofrimento e o suicídio. Todos os profissionais da saúde acabam se deparando
na sua prática profissional com casos envolvendo ideação ou tentativas de
sucidío, por isso, é tão importante saber as primeiras providências a serem
realizadas frente ao risco.
Na psicoterapia existem muitas possibilidades de intervenções e isso irá
variar principalmente de acordo com a abordagem teórica do terapeuta que
está acompanhando o caso. A ideia não é discutir aspectos teóricos da
Psicologia, mas analisar intervenções frente a situações de crise que podem ser
realizadas por diferentes profissionais (psicólogos, enfermeiros, médicos etc).
Rapidamente, vamos analisar três possíveis cénários (risco baixo, moderado e
alto) para construirmos as intervenções.

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No risco baixo de suicídio, normalmente, a pessoa está com ideação
suicída mas não houve tentativas anteriores, tem boa rede de apoio,
disponibilidade para pedir ajuda, etc. Apesar dos fatores de proteção poderem
ser maiores que os fatores de risco, não podemos ignorar que ainda existe risco.
Como já dito, a ideação suicída aumenta em 60% o risco de um suicídio ocorrer.
Nesses casos, deve investir na relação terapêutica e garantir uma boa
vinculação. Permita que a pessoa fale livremente sobre a temática suicídio e
morte.
Muitas vezes a pessoa precisa do espaço terapêutico para conseguir
elaborar tais questões e ver outras alternativas para os problemas vivenciados.
E, principalmente, assegure-se de ter os contatos de emergências do paciente,
apesar do risco ser baixo, circunstâncias podem fazer com que a pessoa saia de
um risco baixo para alto rapidamente. Por isso, deve ter os contatos para
acionar a rede de apoio quando necessário. Além disso, refaça a avaliação de
risco periodicamente, para avaliar se outras intervenções deverão ser
propostas.
Quando o risco de suicídio for moderado, faça um contrato de vida
(Anexo IV) com seu cliente. Esse contrato não tem valor jurídico, porém tem
valor emocional. Nesse momento você mostra para a pessoa que se importa e
que está disposto a ajudá-la a passar pela crise. Lembre-se de ler o contrato
com a pessoa, explicar cada aspecto, negociar com a pessoa o tempo que ela se
compromete a não fazer nenhuma tentativa de suicídio, escolha as pessoas que
ela deve procurar em caso de crise e de forma ideal, elabore um plano de
segurança com a pessoa.
Avalie nesse momento se deve ser realizada a quebra de sigilo. De acordo
com o código de ética do Psicólogo, a quebra de sigilo irá ocorrer em duas
situações: quando a pessoa representa (1) risco a si ou (2) risco ao outro.
Nesses casos, temos a obrigação ética de proceder com a quebra de sigilo. Faça

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isso de forma transparente, ou seja, avise a pessoa que o sigilo será quebrado.
Se possível, aumente a quantidade de sessões na semana ou então faça
contato na semana por telefone de forma pontual para acompanhar o paciente.
Por exemplo, se sabe que haverá algo importante na semana do seu paciente
(uma entrevista de emprego, uma perícia no INSS etc) pode ligar após o evento
para saber como foi. Esses pequenos contatos mostram para a pessoa que você
está disponível e que se importa. É essencial que o profissional tenha
sagacidade nesses casos e consiga tomar decisões rápidas.
No risco alto, deve fazer o contrato de vida, aumentar a quantidade de
sessões, fazer um encaminhamento para o Psiquiatra (caso ainda não esteja
sendo acompanhado)
e realizar a quebra de sigilo. Além disso, garantir que a pessoa fale
livremente, discutir a morte sem tabu para promover o enjagamento
terapêutico. Na quebra de sigilo, algumas decisões deverão ser tomadas. Sugiro
discutir isso com o paciente, como, para quem ligar, o que poderá ou não ser
falado nesse momento e quais instruções deverão ser passadas.
Se o risco for alto e mesmo assim seu paciente se recusar a autorizar a
quebra, deve fazer mesmo assim. Normalmente, quando conversa, explica as
razões, discute com ele os pontos abordados e dá a opção de ele participar da
sessão com a família, vai se deparar com pouca resistência. Quando consegue
mostrar as razões pelas quais a quebra será realizada, a pessoa vê no seu
comportanto um cuidado, que muitas vezes nunca expeirimentou. Por vezes, a
quebra de sigilo fortalece a relação terapêutica.
Quando a quebra de sigilo for ocorrer, converse sobre a importância de
alguém acompanhar a medicação (o paciente não tem acesso à medicação,
recebe a medicação nos horários previsto) e discuta a possibilidade da
internação domiciliar. Se a familia não tiver estrutura para realizar a
intervenção domiciliar (ter alguém que possa acompanhar por 24 horas a

25
pessoa), a internação hospitalar é indicada. Entre o hospital e a casa, quase
sempre será melhor a casa. Mas asssegure-se que a “casa” tenha estrutura para
manejar a crise. Apesar de não ser ideal, não descarte a internação hospitalar.
Às vezes, as 48 horas que a pessoa constuma ficar internada pode ser suficiente
para a medicação fazer efeito e a crise aguda diminuir.
A intervenção no risco alto do suicídio tem por objetivo assegurar a
integridade física do paciente, minimizar sua impulsividade e dimimuir o
sofrimento agudo. Porém, esse tipo de intervenção normalmente tende a ser
traumática pela intensidade que ocorre. Por isso, só deve ser realizada se o
risco de morte for eminente ou alto. Constumo dizer que, quando a pessoa está
se afogando, não a ensinamos a nadar. Primeiro a tiramos da água, depois a
ensinamos a nadar. Essa é a ideia na intervenção na crise suicida. Garantimos a
integridade física a curto prazo, estabilizamos e vamos cuidar das questões
emocionais subjacentes (aí sim, ensinamos a nadar!).
Em todos os casos, garanta desde o primeiro encontro que você tenha os
contatos de emergência do seu paciente. Por vezes, a pessoa não chega em
uma crise suicida, mas pode entrar durante o processo terapêutico por diversas
variáveis que fogem ao nosso controle. E invista na relação terapêutica. Um
bom enjagamente terapêutico faz toda diferença na condução desses casos.
Por último, mas não menos importante, é fundamental que a pessoa que
está atendendo esses casos cuide de si. Lidar com a demanda do suicídio irá
demandar muito emocionalmente do profissional, por isso é importante se
enjagar em ações de autocuidado. Sempre cuidamos melhor do outro quando
cuidamos bem de nós.

Coloque-se em primeiro lugar da sua lista por altruísmo e não por egoísmo
(Rhandy Di Stafeno)

26
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O suicídio tem sido visto como um problema de saúde pública pela
Organização Mundial de Saúde, devido ao crescente número de casos
registrados (aumento de 65% em 45 anos). A estimativa da OMS (2014) é que
mais de 800.000 (oitocentas mil) pessoas se suicidam por ano. Para cada
suicídio consumado, acredita-se que ocorreram, pelo menos, 20 (vinte)
tentativas. Isso significa dizer que pelo menos 16.000.000 (dezesseis milhões)
de pessoas fazem uma tentativa por ano. Esse número pode ser muito maior,
considerando que muitas mortes por suicídio acabam sendo computadas de
outras formas, como acidente de carro, intoxicação, ataque cardíaco etc.
Outro dado importante a ser considerado é que cada suicídio consumado
irá afetar diretamente entre 5 (cinco) a 10 (dez) pessoas, aumentando o risco
que essas pessoas afetadas venham a se suicidar ou desenvolver algum tipo de
transtorno mental (Bertolote, 2012). Isso significa dizer que, anualmente, de 4 a
8 milhões de pessoas são afetadas diretamente como consequência dessas
mortes de familiares ou amigos.
Mais assustador que esses dados é saber que 90% (noventa por cento)
dos casos poderiam ser prevenidos, com intervenções clínicas dos profissionais
da saúde (OMS, 2014). Por isso, é tão importante a capacitação dos
profissionais da saúde para que consigam fazer análises acuradas do risco de
suicídio e, assim, tomar as providências necessárias.
Espero que este e-book possa ajudá-lo nessa árdua tarefa, como um
instrumento que poderá auxiliá-lo nos diagnósticos clínicos. Vale ressaltar que,
os instrumento em anexo não se constituem como um teste de avaliação
psicológica e nem possui validação técnica. Eles visam auxiliar no processo de
diagnóstico clínico do risco de suicídio da pessoa auxiliada.

27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bertolote, J. M (2012). O suicídio e sua prevenção. São Paulo: Editora

Unesp. Botega, J. N. (2015). Crise Suicida: avaliação e manejo.

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Botega, J.N., Werland, B.S.G., Cais, C.F.S., Macedo, M. M. K., (2006).


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Botega, N. J., Mauro, M. L. F., & Cais, C. F. S. (2004). Estudo multicêntrico de


intervenção no comportamento suicida – Supre-Miss – Organização Mundial
da Saúde. In B. G. Werlang, & N. J. Botega. (Org.). Comportamento suicida.
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22/09/2018 as 21:46.

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setembro de 2018 de https://www.japaoemfoco.com/os-7-principios-do-
bushido/

29
CONTATOS E LINKS ÚTEIS
Centro de Valorização da Vida

www.cvv.com.br - Telefone 188

(24 horas)

Ministério da Saúde

http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-

z/suicidio

Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio

https://www.abeps.org.br/ Organização Mundial da Saúde

www.who.int/mental_heath/en/

30
ANEXO I – AVALIAÇÃO GERAL DO SUICÍDIO
FATORES DE RISCO SIM NÃO
Sexo Masculino*
Adultos jovens (19 a 49 anos) e idosos
Estado civil, divorciado e solteiro
Orientação homossexual ou bissexual
Ateus e protestantes tradicionais (católicos)
Grupos étnicos minoritários
Sofreu abuso físico, sexual ou emocional
Perda ou separação dos pais na infância
Instabilidade familiar
Ausência de apoio social e Isolamento social
Pouca flexibilidade para enfrentar adversidades
Perda afetiva recente ou outro acontecimento estressante
Desemprego e Aposentadoria
Vergonha e humilhação (bullying)
Vivência ou vivenciou alguma violência doméstica
Relata desesperança e desamparo
Ansiedade intensa e Baixa autoestima
Rigidez cognitiva, pensamento dicotômico
Traços de personalidade: impulsividade,
agressividade, instabilidade do humor,
perfeccionismo.
Depressão, transtorno bipolar, abuso/dependência de álcool
e de outras drogas, esquizofrenia, transtornos de
personalidade boderline
Comorbidade psiquiátrica (vários transtornos mentais)
Fatores de Risco
Falta de tratamento ativo e continuado em saúde mental
História familiar de doença mental

31
FATORES DE RISCO SIM NÃO
Ideação suicida (tem pensamentos de morte e desejo de morrer)
Pensamentos de morte são fixos ao longo do dia
Avalia que morrer é uma boa solução para o problema que
vivência
Planejamento suicida (tem pensamos de como desejaria morrer)
Tentativa de suicídio anterior
História familiar de suicídio
Acesso a meios letais (arma de fogo, medicação
controlado, veneno etc)
Doenças físicas incapacitantes e terminais
Falta de adesão ao tratamento, agravamento ou recorrência
de doenças preexistentes
Relação terapêutica frágil ou instável
Tratamentos Psicológicos ou Psiquiátricos não concluídos
Tem desesperança em relação a vida e ao futuro
Relato dor psíquico ou sente-se desesperado em relação a vida
É dependente químico
Caso tenha filhos, sente que os filhos são um peso e se
pudesse não os teria
Total

FATORES DE PROTEÇÃO SIM NÃO


Flexibilidade cognitiva (consegue pensar de maneira flexível)
Disposição para aconselhar-se em casos de decisões importantes
Disposição para buscar ajuda
Abertura à experiência de outro
Habilidade para se comunicar

32
FATORES DE PROTEÇÃO SIM NÃO
Habilidade para solucionar problemas da vida
Capacidade para fazer uma boa avaliação de realidade
Bom relacionamento interpessoal na família
Senso de responsabilidade em relação à família
Crianças pequenas na casa e tem bom relacionamento
Pais atenciosos e consistentes
Apoio em situações de necessidade
Integração e bons relacionamentos em grupos sociais
(colegas, amigos, vizinhos)
Adesão a valores e normas socialmente compartilhados
Prática religiosa e outras práticas coletivas (clubes, grupos
culturais)
Rede social que propicia apoio prático e emocional
Estar empregado (gostar do trabalho)
Disponibilidade de serviços de saúde mental
Gravidez e puerpério
Boa qualidade de vida e regularidade do sono
Bom engajamento terapêutico com Psiquiátrico e Psicológico
Total

Quantos Fatores de Risco


Quantos Fatores de Proteção

33
Avaliação de risco do suicídio simplificado
SIM NÃO
Nunca tentou o suicídio
Ideias de suicídio são passageiras e perturbadoras
Não planeja como se matar
Transtorno mental, se presente, com sintomas controlados
Boa adesão ao tratamento
Tem vida e apoio social.
Total
Se responder sim às questões, então o risco do suicídio é BAIXO
Lembre-se de considerar a quantidade de fatores de proteção e risco, pois isso irá afetar a
classificação.

SIM NÃO
Tentativa de suicídio prévia
Depressão, transtorno bipolar ou outro diagnóstico psiquiátrico
Ideias persistentes de suicídio são vistas como solução
Não tem um plano de como se matar
Não é uma pessoa impulsiva
Não abusa/depende de álcool ou drogas
Total
Se responder sim às questões, então o risco do suicídio é MODERADO
Lembre-se de considerar a quantidade de fatores de proteção e risco, pois isso irá afetar a
classificação.

34
SIM NÃO
Tentativa de suicídio prévia
Depressão grave, influência de delírio ou alucinação
Abuso/ dependência de álcool ou drogas
Desespero, tormento psíquico intolerável, não vê saída
Plano definitivo de se matar
Tem meios de como fazê-lo
Já tomou providências para o ato suicida.
Total
Se responder sim as questões, então o risco do suicídio é ALTO
Lembre-se de consideração à quantidade de fatores de proteção e risco, isso irá afetar a classificação.

Este instrumento não se constitui como um teste de avaliação psicológica


e nem possui validação técnica. Ele visa auxiliar no processo de diagnóstico
clínico do risco de suicídio da pessoa auxiliada.

35
ANEXO II – Roteiro para avaliação do risco
de suicídio

36
ANEXO III – Escala Hospitalar de Ansiedade
e Depressão (Escala de HADS)

Nome: ________________________________________________________________
Data Nascimento: ____/____/_______ Idade: ________________
Data da avaliação: ____/____/______
Por favor, leita todas as frases. Marque com um “X” a resposta que melhor
corresponder a como você tem se sentido na última semana. Não é preciso pensar
muito em cada questão. Vale mais a sua resposta espontânea.

A Eu me sinto tenso ou contraído.


3 ( ) A maior parte do tempo.
2 ( ) Boa parte do tempo.
1 ( ) De vez em quando.
0 ( ) Nunca.

D Eu ainda sinto gosto (satisfação) pelas mesmas coisas de que costumava gostar.
0 ( ) A maior parte do tempo.
1 ( ) Boa parte do tempo.
2 ( ) De vez em quando.
3 ( ) Nunca.

A Eu sinto uma espécie de medo, como se alguma coisa ruim fosse acontecer.
3 ( ) Sim, de um jeito muito forte.
2 ( ) Sim, mas não tão forte.
1 ( ) Um pouco, mas isso não me preocupa.
0 ( ) Não sinto nada disso.

D Dou risada e me divirto quando vejo coisas engraçadas.


0 ( ) Do mesmo jeito que antes.
1 ( ) Atualmente, um pouco menos.
2 ( ) Atualmente, bem menos.
3 ( ) Não consigo mais.

A Estou com a cabeça cheia de preocupações.


3 ( ) A maior parte do tempo.
2 ( ) Boa parte do tempo.
1 ( ) De vez em quando.
0 ( ) Raramente.

37
D Eu me sinto alegre.
3 ( ) Nunca.
2 ( ) Poucas vezes.
1 ( ) Muitas vezes.
0 ( ) A maior parte do tempo.

A Consigo ficar sentado à vontade e me sentir relaxado.


0 ( ) Sim, quase sempre.
1 ( ) Muitas vezes.
2 ( ) Poucas vezes.
3 ( ) Nunca.

D Estou lento (lerdo) para pensar e fazer as coisas.


3 ( ) Quase sempre.
2 ( ) Muitas vezes.
1 ( ) De vez em quando.
0 ( ) Nunca.

A Tenho uma sensação ruim de medo (como um frio na espinha ou um aperto no


estômago...).
0 ( ) Nunca.
1 ( ) De vez em quando.
2 ( ) Muitas vezes.
3 ( ) Quase sempre.

D Perdi o interesse em cuidar de minha aparência.


3 ( ) Completamente.
2 ( ) Não estou mais me cuidando como deveria.
1 ( ) Talvez não tanto quanto antes.
0 ( ) Me cuido do mesmo jeito que antes.

A Eu me sinto inquieto, como se não pudesse ficar parado em lugar nenhum.


3 ( ) Sim, demais.
2 ( ) Bastante.
1 ( ) Um pouco.
0 ( ) Não me sinto assim.

D Fico esperando animado as coisas boas que estão por vir.


0 ( ) Do mesmo jeito que antes.
1 ( ) Um pouco menos do que antes.
2 ( ) Bem menos do que antes.
3 ( ) Quase nunca.

A De repente, tenho a sensação de entrar em pânico.

38
3( ) A quase todo momento.
2( ) Várias vezes.
1( ) De vez em quando.
0( ) Não sinto isso.

D Consigo sentir prazer ao assistir à TV, ouvir música, ou quando leio alguma coisa.
0 ( ) Quase sempre.
1 ( ) Várias vezes.
2 ( ) Poucas vezes.
3 ( ) Quase nunca.

ESCORE
TOTAL
00-07 PONTOS IMPROVÁVEL
ANSIEDADE 08-11 PONTOS POSSÍVEL (QUESTIONÁVEL)
DEPRESSÃO 12-21 PONTOS PROVÁVEL

39
ANEXO IV – Contrato de Vida
Concordo que, apesar de estar em dor emocional, é importante não desistir
da esperança e, em vez disso, continuar a buscar maneiras de melhorar minha vida.
Entendo que a terapia às vezes é difícil, mas colaborarei com meu terapeuta
para encontrar maneiras de lidar com meus sintomas e meus problemas da vida.
Percebo que posso ficar tentado a me ferir em determinados momentos, mas
irie me segurar para não agir dessa forma.
Em momentos de crise emocional, em vez de me isolar, tentarei entrar em
contato com a minha rede de apoio (pessoas de confiança).
Antes de supor que estou desamparado e derrotado, tentarei relaxar, me
acalmar, me envolver em atividades produtivas, ou me envolver em distrações
agradáveis, como assistir a filmes ou ler um bom livro. Se nada disso funcionar, sei
que ainda posso contar com meu terapeuta ou com pessoas de confiança ao meu
redor.
Sei que meu terapeuta está ao meu lado, e continuarei a trabalhar sempre
com ele. Também entendo que ele está tentando me ensinar as habilidades e
estratégias para ajudar a melhorar minha vida. Usarei essas técnicas, em vez de
tentar me ferir.
Sei que meu terapeuta estará disponível para sessões improvisadas de terapia
se eu estiver em crise. Se não estiver disponível, entrarei em contato com pessoas
de minha confiança se sentir necessidade.
Sou realista o suficiente para saber que todo contato tem furos imprevisíveis,
mas eu permanecerei em contato com meu terapeuta para ter minha demanda
urgente acolhida.
Em prol de meu bem-estar a curto e longo prazo, prometerei seguir o espírito
de compromisso com a vida deste contrato.
Me comprometo que nas próximas ____________ semanas não vou tentar
tirar a minha própria vida. Antes vou procurar entrar em contato com as pessoas
que estão me ajudando para lidar com meu sofrimento.

________________________________________________________________
Paciente

_________________________________________________________________
Psicólogo

_____________________________, ______ de ________________ 20______

40
41

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