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13
Riscos Ambientais
49
Especificidades em
Rotina Laboratorial
89
Doenças,
Prevenção e Medidas
de Contenção:
da Higiene ao
Isolamento
125
Gerenciamento
e Descarte de
Resíduos
Laboratoriais
165
65 Riscos Biológicos
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Dra. Michele Putti Paludo
Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Biossegurança Aplicada
aos Serviços de Saúde
PLANO DE ESTUDOS
Introdução à Equipamentos de
Biossegurança Proteção Individual
(EPI) e Coletiva (EPC)
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conceituar Biossegurança e conhecer seus campos de • Conhecer os diferentes equipamentos de proteção indi-
atuação. vidual e coletivo.
• Compreender as boas práticas laboratoriais voltadas aos • Entender os principais programas relacionados à percep-
serviços em saúde. ção e avaliação de riscos em serviços de saúde.
Introdução à
Biossegurança
UNIDADE 1 15
do risco de transmissão dos agentes específicos Em 1980, a Organização Mundial de Saúde
manipulados no local. conceituou a biossegurança como práticas de pre-
São alguns exemplos de barreiras secundárias: venção para o trabalho em laboratório com agen-
a localização distante do acesso público, a presen- tes patogênicos e, além disso, classificou os riscos
ça de sistemas de ventilação especializados em como biológicos, químicos, físicos, radioativos e
assegurar o fluxo de ar unidirecionado, sistemas ergonômicos. Na década seguinte, observou-se a
de tratamento de ar para a descontaminação ou inclusão de temas, tais como ética em pesquisa,
remoção do ar liberado e câmaras pressurizadas meio ambiente, animais e processos envolvendo
como entradas de laboratório (BRASIL, 2006a). tecnologia de DNA recombinante em programas de
Nas próximas unidades, veremos quais são e que biossegurança (COSTA, M. A.; COSTA, M. F., 2002).
riscos essas barreiras previnem. No Brasil, de acordo com Shatzmayr (2001),
a biossegurança só se consolidou como área es-
pecífica nas décadas de 70 e 80, em decorrência
Histórico em Biossegurança do grande número de relatos de graves infecções
ocorridas em laboratórios e também de uma
O conceito de biossegurança começou a ser mais maior preocupação em relação às consequências
fortemente construído no início de 1970, na Cali- que a manipulação experimental de animais, plan-
fórnia, após o surgimento da engenharia genética, tas e microrganismos poderia trazer ao homem e
por meio da transferência e expressão do gene ao meio ambiente.
da insulina para Escherichia coli. Essa primeira Em 1995, foi implementada a Comissão Téc-
experiência, em 1973, provocou forte reação da nica Nacional de Biossegurança (CTNBio), a fim
comunidade científica mundial, fato que culmi- de estabelecer normas às atividades que envolvam
nou na realização da Conferência de Asilomar, em construção, cultivo, manipulação, uso, transpor-
1974. Nessa conferência, foram tratadas questões te, armazenamento, comercialização, consumo,
acerca dos riscos das técnicas de engenharia gené- liberação e descarte relacionados a organismos
tica e sobre a segurança dos espaços laboratoriais geneticamente modificados (OGMs) em todo o
(ALBUQUERQUE, 2001). território brasileiro (SCHOLZE, 1999).
A partir da Conferência de Asilomar, origina- Tais normas, além de tratarem da minimiza-
ram-se as normas de biossegurança do National ção dos riscos em relação aos OGMs, envolvem
Institute of Health (NIH), dos EUA. Seu mérito, os organismos não geneticamente modificados e
portanto, foi o de alertar a comunidade científica, suas relações com a promoção de saúde no am-
principalmente quanto às questões de biossegu- biente de trabalho, no meio ambiente e na comu-
rança inerentes à tecnologia de DNA recombinan- nidade (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004).
te. Desde então, a maioria dos países centrais viu-se A CTNBio é composta por membros titulares e
diante da necessidade de estabelecer legislações e suplentes, que representam o conhecimento das
regulamentações para as atividades que envolves- áreas humana, animal, vegetal e ambiental, e está
sem a engenharia genética (ALMEIDA; VALLE, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia
1999; ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2000). (SCHOLZE, 1999).
UNIDADE 1 17
algum tipo de dano, lesão ou enfermidade. Hirata e Filho (2002) classificam os riscos em: riscos de
acidentes, ergonômicos, físicos, químicos e biológicos. A seguir, você conhecerá brevemente cada um
dos riscos apresentados:
Riscos de acidentes
Os riscos de acidentes são aqueles relacionados a situações de perigo que possam afetar a in-
tegridade, o bem-estar físico e moral dos indivíduos nos laboratórios. São exemplos de riscos
de acidentes: uso de equipamentos sem proteção, armazenamento ou descartes impróprios de
substâncias químicas, instalações elétricas com fios expostos ou com sobrecarga, dentre outros
(SANGIONI et al., 2013).
Riscos ergonômicos
Riscos físicos
Os riscos físicos correspondem às diversas formas de energia que os indivíduos estão expostos,
podendo ser originadas de equipamentos ou de outras fontes. São os ruídos, vibrações, tempe-
raturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e pontia-
gudos (SANGIONI et al., 2013).
Riscos químicos
São os riscos associados a todas substâncias, compostos ou produtos nas formas de gases, va-
pores, poeiras, fumaças, fumos, névoas ou neblinas, que possam penetrar no organismo pela via
respiratória ou pelo contato por meio da pele ou ingestão (SANGIONI et al., 2013).
Riscos biológicos
Esse risco abrange a manipulação dos agentes e materiais biológicos. São considerados agentes
biológicos: vírus, bactérias, fungos, parasitas, príons, OGMs, além das amostras biológicas prove-
nientes das plantas, dos animais e dos seres humanos (sangue, urina, fezes, tecidos, entre outras)
(SANGIONI et al., 2013).
UNIDADE 1 19
Assim, com base na avaliação dos riscos, há a determinação do caminho a ser seguido, rela-
cionados ao desenvolvimento de atividades laborais como forma de alcançar a prevenção, a
minimização ou a eliminação, evitando-se não somente os acidentes que possam ocorrer, mas
também a exposição dos profissionais de saúde aos agentes presentes no ambiente de trabalho,
além da disseminação de microrganismos patogênicos ou de agentes de risco que possam
impactar na saúde pública. A Figura 1 representa a complexidade das ações de biossegurança,
segundo Cardoso (2016):
Vigilância médica
Descontaminação
Equipamentos de
Risco de proteção
acidente Projeto e
Usuário
Serviço Risco ergonômico construção
Serviço
de saúde Risco físico de instalações
Ambiente
Risco químico Boas práticas
Risco biológico Qualidade de
serviços
Monitoramento
Segurança predial
Níveis de Biossegurança
A Norma Regulamentadora (NR) 32 tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a
implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de
saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
Conheça a NR 32 na íntegra no site: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr32.htm>.
UNIDADE 1 21
Boas Práticas
em Biossegurança
Procedimentos Operacionais
Padrão (POP)
Sigla (se houver)
resultado esperado da tarefa. Na área da saúde, os Figura 2 - Fluxograma para elaboração de um POP
POPs ficam contidos em manuais com a finalida- Fonte: Gourevitch e Morris (2008).
UNIDADE 1 23
Com base no fluxograma, nota-se que o POP deve a. Ser configurados regularmente e estar em
conter informações suficientes para que todos os locais apropriados, livre de interferências
colaboradores possam utilizá-lo como um guia, (corrente de ar, vibrações, umidade, inci-
assim como, em caso de dúvida, saibam onde bus- dência de luz solar e calor).
car mais informações ou a quem recorrer (GOU- b. Ser operados apenas por profissionais trei-
REVITCH; MORRIS, 2008). nados e capacitados.
Para Gourevitch e Morris (2008), o POP é um c. Estar em condições de utilização e seguir
instrumento destinado a quem executa a tarefa; este um plano rigoroso de validação, qualifica-
deve ser simples, completo e objetivo para que possa ção, calibração, esterilização e manutenção.
ser interpretado por todos os colaboradores. Quanto d. Possuir orientações em relação a sua utili-
a sua aplicação, representa a base para garantir a zação presentes nos procedimentos opera-
padronização de tarefas e assegurar aos usuários um cionais padrões (POP).
serviço ou produto livre de variações (não confor- e. Ser inspecionados regularmente e man-
midades) que poderão interferir na qualidade final. tidos em condições adequadas para ope-
Assim, os POPs são recursos tecnológicos im- ração por pessoas qualificadas para esse
portantes na prática de saúde e, como tal, devem trabalho, como profissionais treinados,
ser validados, uma vez que, dessa forma, adqui- vinculados a empresas do segmento.
rem credibilidade científica, a ponto de serem
eficazes no processo de mudança da prática as-
sistencial, bem como na melhoria do resultado do Boas Práticas Laboratoriais
desempenho dos profissionais. Os POPs ajudam e Clínicas Aplicadas a
a sintetizar a informação mediante uma estrutura Profissionais e Usuários
concisa e promovem a tradução do conhecimento
para melhorar a prática (GERAIX; CAMPOS, G. As Boas Práticas são de grande importância
CAMPOS, R. 2007; CUNHA; LEITE, 2008). para os colaboradores e usuários do local, uma
vez que elas prezam pela segurança e proteção
de todos. A seguir, estão descritas algumas me-
Boas Práticas Laboratoriais didas:
e Clínicas Aplicadas a a. É proibido a ingestão e/ou o preparo de ali-
Equipamentos mentos e bebidas, fumar, mascar chicletes
e manipular lentes de contato.
Os equipamentos de laboratório requerem condi- b. Evitar o uso de qualquer tipo de acessórios/
ções apropriadas para cumprirem sua funcionali- adornos durante as atividades laborato-
dade, além de contarem com a conduta ética dos riais.
profissionais que irão utilizá-los. Os itens a seguir c. Pipetar com a boca é expressamente proi-
descrevem boas práticas laboratoriais e orienta- bido e jamais se deve colocar na boca ob-
ções de utilização destinadas aos manuseio dos jetos de uso no laboratório (canetas, lápis,
equipamentos. Portanto, os equipamentos devem: borrachas, entre outros).
UNIDADE 1 25
puladas antes de desprezadas. Seu descarte zadas regularmente antes e imediatamente
deve ser feito em recipiente adequado a após o término das atividades laboratoriais.
material perfurocortante (como caixas de Em caso de derramamentos, dependendo
papelão específicas para coletar material do tipo e quantidade de material biológi-
perfurocortante descartável provenientes co disseminado, pode-se empregar para a
das ações de atenção à saúde - descarpark). descontaminação do local álcool 70% ou
f. Assegurar que os resíduos biológicos sejam solução de hipoclorito de sódio a 10%.
descontaminados antes de serem descar- e. O descarte de resíduos deve ser feito de
tados. maneira que não comprometa a saúde dos
profissionais e do meio ambiente.
Vale destacar que, além de todas essas medidas, f. Todo laboratório deve ser sinalizado de
a Associação Brasileira de Normas Técnicas forma a facilitar a orientação dos usuários
(ABNT) parametrizou símbolos de segurança nos e advertir quanto aos potenciais riscos
rótulos, a fim de lembrar aos usuários o risco do presentes no local. A utilização correta e
manuseio inadequado ou a exposição a um pro- o respeito à sinalização de segurança são
duto, representando nos pictogramas os primeiros entendidos como barreiras primárias das
sintomas com o contato da substância (MOLINA- medidas de contenção.
RO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). g. Instituir um programa de controle de roe-
dores e vetores nos laboratórios.
h. Disponibilizar kits de primeiros socorros
Boas Práticas Laboratoriais e promover a capacitação dos usuários em
Aplicadas ao Ambiente segurança e emergência nos laboratórios.
Laboratorial
Segundo Molinaro, Caputo e Amendoeira (2009),
Algumas BPLs aplicadas ao ambiente laboratorial o Ministério da Saúde recomenda que o símbolo
estão descritas a seguir: de risco biológico seja disposto na entrada do la-
a. Restringir o acesso de pessoas ao laborató- boratório, informando também o microrganismo
rio, isto é, somente os indivíduos autoriza- manipulado, a classe de risco, o nome do pesqui-
dos pelos coordenadores e professores po- sador responsável e o telefone de contato. Além
dem ingressar nos ambientes laboratoriais. disso, deve conter a frase: “Proibida a entrada de
b. Visitas de crianças no laboratório é desa- pessoas não autorizadas”.
conselhável. Diante do que foi exposto, observa-se que a
c. Não é recomendado que haja plantas no adoção das Boas Práticas Laboratoriais assume
interior do laboratório. uma importância primordial para a melhoria da
d. Garantir que a limpeza dos laboratórios qualidade do ambiente de trabalho, asseguran-
(bancadas, pisos, equipamentos, instru- do a proteção tanto dos profissionais quanto dos
mentos e demais superfícies) sejam reali- usuários do serviço.
UNIDADE 1 27
Assim, é fundamental que o profissional da Equipamentos de Proteção
saúde utilize os equipamentos de forma correta, Individual (EPIs)
pois, descartáveis ou não, deverão estar à dispo-
sição e em número suficiente nos postos de tra- Os EPIs são todos os dispositivos de uso indivi-
balho, de forma que seja garantido seu imediato dual destinados a proteger a saúde e a integridade
fornecimento ou reposição (SKRABA; NICKEL; física do trabalhador (MOLINARO; CAPUTO;
WOTKOSKI, 2006). AMENDOEIRA, 2009). Segundo Alves e Pache-
Destaca-se, ainda, que tais medidas de prote- co (2015), os EPIs que devem estar disponíveis,
ção tornaram-se alvo de preocupações a partir obrigatoriamente, para todos os profissionais que
da epidemia da Síndrome da Imunodeficiência trabalham em ambientes de saúde são: jalecos,
Humana (AIDS), com a ocorrência do primeiro luvas, máscaras, óculos, protetores faciais e cal-
caso comprovado de contaminação em um hospi- çados fechados.
tal na Inglaterra (TEIXEIRA; VALLE, 2010). Fatos Desta forma, todos esses EPIs são utilizados
como este nos permitem ressaltar a importância para prevenir o usuário de adquirir doenças em
da biossegurança aplicada à área da saúde. virtude do contato profissional-paciente e contra
riscos de acidentes de trabalho, visando à conser-
vação da sua própria saúde.
Sendo assim, o uso dos EPIs de forma combi-
nada, ou não, objetiva minimizar a disseminação
Os equipamentos de proteção não devem ser de microrganismos e proteger áreas do corpo
inseridos de forma autoritária na rotina de expostas à material infectante, especialmente
trabalho. É fundamental que os colaboradores sangue, líquidos corporais, secreções e excretas.
e profissionais da saúde receba capacitação para A seguir, vamos conhecer mais detalhadamente
utilizá-los e tenha um prazo para se adaptar; cada um desses equipamentos:
caso contrário, ao invés de proteger, esses a. Jalecos: são de uso obrigatório para todos
equipamentos poderão tornar-se elementos que trabalham nos ambientes laboratoriais
geradores de acidentes. Devemos, também, em que ocorra a manipulação de micror-
levar em consideração o conforto proporcionado ganismos patogênicos, manejo de animais,
pelos equipamentos e a qualidade do produto e, lavagem de material, esterilização e ma-
ainda, exigir, junto ao Ministério do Trabalho, o nipulação de produtos químicos. O uso
Certificado de Aprovação (CA) (TEIXEIRA; VALLE, deve ser restrito aos laboratórios, evitando
2010). a contaminação do ambiente exterior. O
tecido do jaleco deve, de preferência, ser
de fibras naturais (100% algodão), uma vez
Portanto, caro(a) aluno(a), a utilização desses que as fibras sintéticas se inflamam com
equipamentos é de extrema importância, sobre- facilidade. Mangas compridas, cobrindo
tudo em serviços de saúde. E, muitas vezes, eles se os braços, o dorso, as costas e a parte su-
fazem presentes em nosso cotidiano, mesmo sem perior das pernas são ideais (MOLINARO;
percebermos. Você sabe quais são os EPIs e EPCs CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009; TEI-
utilizados na área da saúde? XEIRA; VALLE, 2010).
Luva de borracha São luvas antiderrapantes usadas para a manipulação de resíduos ou lava-
grossa gem de materiais ou procedimentos de limpeza em geral.
UNIDADE 1 29
f. Calçados fechados: são destinados à pro- Além dos EPIs descritos, há também os protetores
teção dos pés contra umidade, respingos, auditivos, para trabalhos muito demorados com
derramamentos de materiais infectantes equipamentos considerados prejudiciais ou noci-
e impactos de objetos diversos. Não é vos em longa exposição (MOLINARO; CAPUTO;
permitido o uso de tamancos, sandálias AMENDOEIRA, 2009).
e chinelos em laboratórios (MOLINARO; Desta forma, para auxiliar na fixação dos prin-
CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). cipais EPIs, o Quadro 2 descreve sobre os riscos
evitados e as características de proteção ofereci-
das por cada um deles.
Quadro 2 - Equipamentos de proteção individual, risco evitado e características de proteção
UNIDADE 1 31
Percepção e Avaliação
de Riscos em Serviços
de Saúde
Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH)
No Brasil, a demanda pelo controle e prevenção Infecções Hospitalares, adaptadas e voltadas para
das Infecções Relacionadas à Assistência Social a realidade nacional. Outra iniciativa que merece
(IRAS), inicialmente denominada Infecção Hos- ser destacada foi a realização do primeiro Curso
pitalar (IH), deu-se em meados dos anos 70 do de Introdução de Controle de Infecção Hospitalar
século XX, por recomendação do Ministério da para treinamento de profissionais de nível supe-
Previdência e Assistência Social (MPAS), a partir rior (ANVISA, 2004).
de profissionais que já estudavam e lidavam com Em 1987, foi constituída, em nível nacional,
esse tipo de ocorrência no país, e que haviam cria- uma comissão de controle de infecções hospita-
do as primeiras Comissões de Controle e Preven- lares (IH), com representações de vários estados.
ção de Infecções Hospitalares (CCIH) nos locais Em 6 de abril de 1988, a Portaria n° 232 criou o
em que trabalhavam (BRASIL, 1998). Programa Nacional de Controle de IH (PNCIH)
Essa demanda era, em grande medida, decor- que, em 1990, transformou-se em Divisão Nacio-
rente da mudança da política de saúde no período nal de Controle de Infecção Hospitalar por meio
da ditadura militar, em que a assistência curativa da Portaria n° 666, de 17 de maio de 1990. Em
passou a ser dominante, com a proliferação de 1989, em São Paulo, ocorreu o 1º Congresso Bra-
hospitais (LACERDA; JOUCLAS; EGRY, 1996). sileiro sobre Infecção Hospitalar, realizado pela
A década de 80 foi o marco no controle das Associação Paulista de Estudos e Controle de In-
infecções hospitalares no Brasil, quando o Minis- fecção Hospitalar, com cerca de mil participantes
tério da Saúde criou um grupo de trabalho inte- e vários convidados estrangeiros (ANVISA, 2004).
grado tanto por seus representantes quanto pelos Em 1992, a Portaria n° 930 foi substituída pela
Ministérios da Educação e da Previdência Social. de n° 196, do Ministério da Saúde, recomendan-
Esse grupo elaborou um documento normativo, do que os programas específicos de controle e
que gerou a Portaria n° 196, de 24 de junho de prevenção de Infecção Relacionada à Assistência
1983, determinando a todos hospitais brasileiros à Saúde (PCIRAS) realizassem vigilância ativa
a constituição de uma Comissão de Controle de dessas infecções (ANVISA, 2004). Contudo, foi
Infecção Hospitalar (ANVISA, 2004; OLIVEIRA; apenas em 1997 que o MS tornou obrigatória a
SILVA; LACERDA, 2016). existência de um programa de controle e pre-
Contudo, somente a partir de 1985, com a re- venção dessas infecções nos hospitais, pela Lei
percussão da morte do ex-presidente Tancredo n° 9.431 (BRASIL, 9.431/1997).
Neves, em consequência de infecção hospitalar, A última portaria publicada pelo Ministério da
essa questão assumiu uma dimensão maior, sen- Saúde foi a de n° 2.616, de 12 de maio de 1998, que
sibilizando a população e, principalmente, os pro- rege o controle de infecção hospitalar e mantém
fissionais da área de saúde. Resultou dessa preo- a obrigatoriedade de um Programa de Controle
cupação a realização do “Curso de Introdução ao de Infecções Hospitalares (PCIH) em todos os
Controle de Infecção Hospitalar”, ministrado em hospitais do país, demandando, em sua estrutura,
todo o País. a organização de uma Comissão de Controle de
No mesmo ano, foi publicado o “Manual de Infecção Hospitalar (CCIH) e um Serviço de Con-
Controle de Infecção Hospitalar”, objetivando trole de Infecção Hospitalar (SCIH) (ANVISA,
preconizar medidas de prevenção e controle das 2004; SILVA; LACERDA, 2011).
UNIDADE 1 33
Vale ressaltar que a referida Portaria também combater à infecção hospitalar, beneficiando toda
define as características desejáveis de formação a comunidade assistida, como também de prote-
dos profissionais e parâmetros para determinação ger o hospital e o corpo clínico. Ainda, em uma
do número dos membros executores da CCIH, Unidade de Saúde, a CCIH é um apoio a todos
com base no número de leitos e tipos de unidade os profissionais que atuam diretamente com os
que se compõe o hospital, além de outros aspectos pacientes, a fim de prevenir e controlar as infec-
(ANVISA, 2004). ções hospitalares e suas prováveis consequências
Atualmente, as diretrizes gerais para o Con- (ROCHA; ALVES; BRASILEIRO, 2010).
trole das Infecções em Serviços de Saúde são Conforme a legislação vigente, a CCIH deve
delineadas pela Agência Nacional de Vigilância ser constituída de membros executores e con-
Sanitária, que foi criada em 26 de janeiro de 1999 sultores, que possuem atividades diferenciadas,
(ANVISA, 2004). porém, complementares nas ações da Comissão.
Em 2004, a ANVISA instituiu o Sistema de In- Vejamos a seguir:
formações para Controle de Infecção em Serviços • Membros consultores: são representados
de Saúde (SINAIS). E, em 2012, criou a Comissão pelos serviços médicos, enfermagem, far-
Nacional de Prevenção e Controle de Infecção Re- mácia e de microbiologia.
lacionada à Assistência à Saúde (CNIRAS), com • Membros executores: estão relacionados
a finalidade de assessorar a Diretoria Colegiada ao Serviço de Controle de Infecção Hospi-
da ANVISA na elaboração de diretrizes, normas talar (SCIH) e formados por, no mínimo,
e medidas para prevenção e controle de Infec- 2 técnicos da área da saúde ou de nível su-
ções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) perior para cada 200 leitos ou fração deste
(BRASIL, 2012). número, com carga horária diária mínima
Neste sentido, a CCIH é responsável pela de 6 horas para o enfermeiro e 4 horas para
normatização das diretrizes para a prevenção e os demais profissionais (BRASIL, 1998).
controle de exposição a doenças infectoconta-
giosas e a materiais orgânicos, a implementação Portanto, segundo Horr et al. (1978), serão fun-
do programa de imunização e planejamento e ções da CCIH:
controle de epidemias entre os trabalhadores da • Controle do ambiente: elaborar, con-
saúde (SCHEIDT; ROSA; LIMA, 2006). trolar e atualizar normas e procedimen-
tos referentes à limpeza e desinfecção dos
ambientes, estabelecendo a frequência e
Membros da CCIH tipo de desinfetante empregado, dando
ênfase especial às áreas críticas: centros
Como já descrito anteriormente, a CCIH é o órgão cirúrgico, obstétrico, berçário, sala de recu-
que presta assessoria ao Programa de Controle de peração pós anestésica, unidade de terapia
Infecções Hospitalares (PCIH), e é composta por intensiva, pediatria, isolamento, serviço de
profissionais da área da saúde com nível supe- Nutrição e Dietética, bem como elaborar
rior e formalmente designados, (BRASIL, 1998). programas de treinamento e atualização
A CCIH tem o objetivo não somente de prevenir e sobre limpeza e desinfecção de ambiente.
UNIDADE 1 35
Dessa forma, o uso do programa é gratuito e • A tecnovigilância, para identificação, aná-
a sua implantação pelos hospitais do país é uma lise, prevenção e notificação de eventos
ação de grande importância para o efetivo con- adversos relacionados ao uso de equipa-
trole de infecções hospitalares, possibilitando a mentos, artigos médicos e kits laborato-
consolidação do sistema de vigilância da quali- riais durante a prática clínica (incluindo os
dade dos Serviços de Saúde no Brasil. setores de inventário, compras e gestão de
insumos hospitalares, central de materiais
e esterilização, enfermagem, engenharia
Comissão de Gerenciamento clínica e de manutenção).
de Risco Hospitalar • Os saneantes, com ações voltadas à aná-
lise e prevenção dos efeitos indesejáveis
O gerenciamento de risco hospitalar é um pro- advindos do uso de saneantes no âmbito
cesso complexo que associa várias áreas do co- hospitalar (desde compras até dispensado-
nhecimento e consiste na aplicação sistêmica e res, mesmo se terceirizados).
contínua de políticas, procedimentos, condutas e • A comissão de Controle de Infecção Hos-
recursos na avaliação de riscos e eventos adversos pitalar (CCIH) para identificação, análise
que afetam a segurança do paciente, do profissio- e prevenção de surtos e infecções hospi-
nal e do meio ambiente. talares, controle e uso racional de antimi-
Também, é no sentido de minimizar os ris- crobianos em serviços de saúde (além da
cos que se faz necessário conhecer e controlá-los. CCIH, envolvendo também a comissão
Além das consequências sociais, econômicas e de ensino, saúde e segurança no trabalho,
materiais a ele relacionadas, a perda da vida hu- prevenção de acidentes e todos os profis-
mana é a mais grave que pode ocorrer (CAPU- sionais assistenciais).
CHO; BRANQUINHO; REIS, 2010, on-line)3. • E, por fim, parcerias com as áreas de Mo-
As ações da gerência de risco, segundo a AN- nitoração de Propaganda e Inspeção de
VISA (2010), incluem: Medicamentos e Produtos para a Saúde.
• A farmacovigilância, com atividades para
detecção, avaliação, prevenção e notifica- Como o risco está presente em muitas ações e
ção dos efeitos adversos ou qualquer pro- procedimentos que envolvem os pacientes den-
blema relacionado a medicamentos (in- tro do hospital, as instituições de saúde criaram
cluindo os setores de farmácia hospitalar estruturas organizacionais, obrigatórias, ou não,
e comissão farmacotécnica). por lei, para lidar com ele. Entre essas estruturas,
• A hemovigilância, para identificação, aná- pode-se citar: a Comissão de Controle de Infec-
lise, prevenção e notificação dos efeitos ção Hospitalar, a Comissão de Óbito Hospitalar, a
indesejáveis imediatos e tardios advindos Comissão de Prontuários Médicos e a Comissão
do uso de sangue e seus componentes (en- de Farmácia e Terapêutica (SILVA, 2009).
volvendo os setores de banco de sangue, O Quadro 3 apresenta os objetivos de cada
laboratórios, médicos e enfermagem que comissão citada.
os administram).
COMISSÃO OBJETIVOS
Fonte: adaptado de Guimarães et al. (2011); Marques e Zucchi (2006); Oselka (2002) e Rocha, Alves e Brasileiro (2010).
Dentro do processo de gerenciamento de riscos, dos riscos nas instituições de saúde começa com
ainda há a avaliação de riscos, etapa que determi- um olhar para os processos e os dados relatados,
na o valor quantitativo ou qualitativo dos riscos, com a finalidade de encontrar os problemas que
associados a uma situação concreta e a uma amea- podem causar erros.
ça reconhecida. Nas instituições de saúde, deve Por fim, caro(a) aluno(a), as informações pre-
ser realizada, por exemplo, a avaliação dos riscos sentes nesta unidade representam uma aborda-
de infecção, sua probabilidade de ocorrência e a gem inicial sobre Biossegurança e suas aplica-
aplicação de medidas de controle adequadas. ções em saúde; entretanto, é válido ressaltar que
Avaliar as situações de risco e produzir uma com o advento da ciência e das normatizações
lógica para a realização do procedimento correto trabalhistas específicas, alterações constantes nos
pode ajudar a justificar o tempo e o custo para a conceitos podem ser observadas. Portanto, cabe a
implementação de uma ação específica, minimi- você, futuro profissional deste segmento, manter-
zando todos os erros que podem levar a infec- -se atualizado e atento às alterações futuras. Assim
ções hospitalares. Para Silva (2009), a avaliação sendo, vamos adiante?
UNIDADE 1 37
Nesta unidade, aprendemos acerca da Bios- os profissionais de áreas relacionadas à presta-
segurança por meio de uma breve perspectiva ção de serviços em saúde. Foi possível obser-
histórica sobre o desenvolvimento de legislações var, também, que as boas práticas laboratoriais
específicas que regulamentam e explicitam a ne- permeiam condutas profissionais e éticas em
cessidade de disseminação de práticas relacio- ambiente de trabalho variados, como clínicas
nadas à biossegurança em seus dois âmbitos: o de várias especialidades, direcionando-os ao
relacionado à proteção laboral e ambiental dos cumprimento dos procedimentos operacionais
prestadores de serviço relacionados a saúde, e no padrão, que objetiva minimizar erros relaciona-
tocante ao desenvolvimento tecnológico favorável dos aos procedimentos realizados e disseminar
ao atendimento das necessidades antrópicas. entre os colaboradores envolvidos informações
Foi possível compreender como a complexi- laborais pertinentes.
dade das operações realizadas em laboratórios de Por fim, apresentamos alguns programas res-
serviços de saúde influenciam nos procedimentos ponsáveis pela avaliação e prevenção dos riscos
que neles devem ser realizados e adotados; como associados aos serviços de saúde, como a comis-
exemplo, podemos citar as classes de risco bioló- são de controle de infecção hospitalar (CCIH)
gico e os níveis de biossegurança. Conhecemos os extremamente relevante no controle estratégico
diferentes equipamentos de proteção individual e e na contenção de infecções hospitalares, den-
coletiva, bem como algumas informações padrão tre outras inúmeras funções exercida por esta e
acerca deles, como composição e indicações de uso. outros programas. Esperamos, dessa forma, ter
O conhecimento e utilização desses equi- auxiliado em sua compreensão acerca dos temas
pamentos, bem como das boas práticas labo- apresentados, que serão extremamente relevantes
ratoriais e clínicas, faz-se indispensável para em sua vida acadêmica e profissional.
39
Assinale a alternativa que contempla exemplos de equipamentos de proteção
individual.
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e IV.
c) Apenas I.
d) Apenas II, III e IV.
e) Apenas I, II e III.
40
LIVRO
FILME
Contágio
Ano: 2011
Sinopse: contágio segue o rápido progresso de um vírus letal, transmissível
pelo ar, que mata em poucos dias. Como a epidemia se espalha rapidamente,
a comunidade médica mundial inicia uma corrida para encontrar a cura e con-
trolar o pânico que se espalha mais rápido do que o próprio vírus. Ao mesmo
tempo, pessoas comuns lutam para sobreviver em uma sociedade que está
desmoronando.
WEB
41
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organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança
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nal de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-9,
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45
1. Procedimentos Operacionais Padrão (POP) são documentos destinados à padronização dos procedimentos
e/ou atividades que objetivam a minimização de erros e riscos operacionais. Um POP descreve todos os
passos necessários para a realização das atividades de um técnico/analista/profissional da saúde e visa,
ainda, orientar os colaboradores acerca das diretrizes institucionais.
2. A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar tem por função a elaboração de normas para controle e
prevenção de infecções em ambiente hospitalar, bem como uma série de atribuições relacionadas ao con-
trole do ambiente, controle e capacitação de profissionais, controle de produtos químicos, levantamento
e monitoramento de infecções institucionais, dentre outras.
3. B.
4. F, V, F, V e F.
5. Biossegurança pode ser definida como o conjunto de procedimentos, técnicas e condutas capazes de
eliminar ou minimizar riscos inerentes relacionados às atividades de pesquisa, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, possivelmente prejudiciais à saúde do homem e do meio ambiente.
46
47
48
Dra. Michele Putti Paludo
Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Riscos Ambientais
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer os principais riscos físicos envolvidos nas ativi- • Informar sobre os principais riscos ergonômicos envolvi-
dades laborais dos trabalhadores em saúde. dos nas atividades laborais dos trabalhadores em saúde.
• Apresentar os principais riscos químicos envolvidos nas • Entender os principais riscos psicossociais envolvidos nas
atividades laborais dos trabalhadores em saúde. atividades laborais dos trabalhadores em saúde.
• Compreender os principais riscos biológicos envolvidos
nas atividades laborais dos trabalhadores em saúde.
Riscos
Físicos
UNIDADE 2 51
tivas contra a AIDS, passando a integrar Radiações
a Campanha Nacional de Prevenção de
Acidentes (CANPAT). Radiação é a energia que se propaga a partir de
• Caberá, ainda, à CIPA, no âmbito de em- uma fonte emissora por meio de qualquer meio,
presa em que se acha organizada, promo- podendo ser classificada como energia em trânsi-
ver campanhas educativas, demonstrando to. Todos nós estamos expostos à radiação natural
os efeitos nocivos do FUMO, caso tenha a e à radiação artificial, principalmente em exames
empresa aderido às medidas recomenda- radiológicos médicos, odontológicos e equipa-
das na Portaria Interministerial (MTb/MS) mentos eletrofototerapêuticos usados na estética,
nº 3257 de 22/05/88. fisioterapia e podologia. Assim, qualquer tipo de
radiação interage com corpos, inclusive o huma-
Agora, já contextualizado em relação às norma- no, depositando neles energia (OKUNO, 2013).
tivas que atuam sobre todos os riscos que serão Os efeitos da radiação dependem de vários
expostos nesta unidade, vamos prosseguir com o fatores, como: dose total, tipo de radiação, ida-
nosso estudo sobre os riscos ambientais a que es- de do indivíduo, estágio de divisão celular, parte
tão expostos os profissionais da saúde, abordando, do corpo exposto, estado geral da saúde, volume
inicialmente, os riscos físicos. de tecido exposto e intervalo de tempo em que
Os riscos físicos correspondem às diversas for- a dose é recebida (BOSCHI et al., 2004). Desse
mas de energia, as quais os indivíduos estão ex- modo, o efeito que a radiação produz na matéria
postos, podendo ser originadas de equipamentos com a qual interage permite classificá-la em não
ou de outras fontes (SANGIONI et al., 2013). O ionizante e ionizante (OKUNO, 2013).
trabalhador da área da saúde convive com muitos
agentes de desconforto, como a exposição à tem-
peratura extrema, ruídos tecnológicos presentes Radiação não Ionizante
no cotidiano, vibrações, radiações ionizantes e
não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e A radiação não ionizante (RNI) refere-se a qualquer
pontiagudos, os quais geram incômodo e estres- tipo de radiação eletromagnética que não possui
se ao trabalhador (OLIVEIRA; LISBOA, 2009; energia suficiente para ionizar átomos ou moléculas
SANGIONI et al., 2013). diretamente (Figura 1) (FLORES-MCLAUGHLIN;
Acredita-se que os agentes físicos capazes de RUNNELLS; GAZA, 2017). Os exemplos mais co-
prejudicar a saúde do trabalhador passem des- nhecidos são: luz visível, infravermelho, laser, mi-
percebidos pela equipe, fazendo com que ela se cro-ondas, radiofrequência e ultravioleta. Segundo
habitue a conviver com eles na sua rotina de tra- Havas (2017), as RNI, ou radiações não ionizantes,
balho, desconsiderando danos e subnotificando são prejudiciais à saúde humana, devido ao aumen-
acidentes com esses agentes (SULZBACHER; to dos radicais livres, provocando danos oxidativos
FONTANA, 2013). Vamos conhecer, agora, os às células, o que pode estar associado à ocorrência
principais riscos físicos associados à área da saúde. de doenças como o câncer.
52 Riscos Ambientais
Radiações Ionizantes
A radiação ionizante (RI) é aquela que tem ener- A exposição da radiação ionizante pode indu-
gia suficiente para ionizar átomos, isto é, os fó- zir a efeitos biológicos em órgãos ou tecidos pela
tons perdem toda ou quase toda energia numa produção de íons e disposição da energia, que
única interação com átomos, ejetando elétron podem danificar moléculas importantes, como
deles que, por sua vez, saem ionizando átomos o DNA. Nessas situações ocorre a produção de
até pararem. São exemplos de RI os raios X e radicais livres, que são moléculas quimicamente
gama (OKUNO, 2013). Os profissionais que tra- reativas com elétrons desemparelhados, produ-
balham com diagnósticos de raios-x, medicina zidos pela interação da radiação ionizante com
nuclear, radioterapia e odontologia são os mais os tecidos, acarretando diversos danos à saúde
afetados pelas RI (Figura 2) (SEARES; FERREI- (DIMENSTEIN; HORNOS, 2013).
RA, 2011, on-line)2. E você sabe como podemos controlar as ra-
diações ionizantes em ambientes hospitalares?
Teoricamente, não há material nem forma de
blindar todas as radiações, e esse fato eviden-
cia a necessidade de proteção radiológica. A
proteção se fundamenta em três princípios co-
nhecidos:
• A justificativa: onde houver atividade com
exposição à radiação ionizante, deve-se
justificá-la, levando-se em conta os bene-
fícios advindos.
• A otimização da proteção está ligada à
Figura 1 - Símbolo para a radiação não ionizante
filosofia ALARA (as low as reasonably
achievable), que em uma tradução livre
significa “tão baixo quanto razoavelmente
exequível”, o que implica sempre em dimi-
nuir a dose de exposição à radiação, tanto
do paciente quanto do indivíduo ocupa-
cionalmente exposto.
• A limitação da dose, as quais não devem
ser superiores aos limites estabelecidos
pelas normas de radioproteção de cada
país (SEARES, FERREIRA, 2011, on-line2;
SOARES; PEREIRA; FLÔR, 2011; OKU-
Figura 2 - Trifólio - símbolo para a radiação ionizante NO, 2013).
UNIDADE 2 53
“
“
Cada país tem um órgão que faz adequações nas [...] os limites de dose ocupacional são valores
normas internacionais e as adota para regulamen- de dose efetiva ou equivalente, estabelecidos
tar o uso das radiações. No Brasil, as diretrizes pela exposição ocupacional, cujas magnitu-
básicas referentes à proteção radiológica estão des não devem ser excedidas, nem conside-
apoiadas na Comissão Nacional de Energia Nu- radas como fronteiras entre o “seguro” e o
clear (CNEN) e os procedimentos, critérios cien- “perigoso”. A finalidade dos Limites de Doses
tíficos e metodológicos detalhados na Posição Ocupacionais é garantir um nível adequado
Regulatória 3.01/008:2011 (SEARES, FERREIRA, de proteção individual para cada IOE (Indi-
2011, on-line2; OKUNO, 2013). víduo Ocupacionalmente Exposto), que deve
Conforme dados da CNEN (2014, p. 13), em ser estabelecido como condição limitante do
sua norma CNEN-NN-3.01: processo de otimização da proteção radio-
lógica, um valor de restrição de dose efetiva,
levando em consideração as incertezas a ela
associadas, relativo a qualquer fonte ou insta-
lação sob o controle regulatório. A recomen-
dação para a exposição ocupacional é um
limite de dose efetiva de 20 mSv (milisieverts)
por ano, medidos sobre cinco anos (100 mSv
em cinco anos), não podendo exceder a 50
mSv em um único ano qualquer.
54 Riscos Ambientais
Como medida preventiva, utiliza-se da blinda-
gem, que está associada à proteção individual dos
colaboradores, dos pacientes e da área de traba-
lho. Na blindagem individual, os profissionais são
obrigados a usar os EPIs, como: protetor de tireói-
de, dosímetro (Figura 3), luvas, óculos e avental
de chumbo (Figura 4).
Os aventais são constituídos de lâminas de
chumbo, com espessura de 0,25 mm a 0,5 mm
e podem pesar até 7,0 kg (SEARES; FERREIRA,
2011, on-line2; SOARES; PEREIRA; FLÔR, 2011).
A proteção dos pacientes compreende aven-
tal, protetor de gônadas, blindagem de escroto e
ovário. Nas gônadas encontram-se células ger-
minativas com alta divisão celular e alta radio
sensibilidade, por isso há grande preocupação de
proteger esta glândula contra a radiação ionizante
(SOARES; PEREIRA; FLÔR, 2011). Por fim, as sa-
las de radiação devem ser blindadas com chumbo
ou equivalente em barita.
Pisos e tetos em concreto podem ser conside- Figura 4 - Avental de chumbo utilizado pelos profissionais
rados como blindagens, dependendo da espes- da saúde
sura da laje, tipo de concreto utilizado (vazado
ou não), distância da fonte, geometria do feixe e Para elucidar a importância da proteção radioló-
fator de ocupação das áreas acima e abaixo da sala gica, alguns exemplos de acidentes ocorridos no
de raios-x (SEARES; FERREIRA, 2011, on-line)2. Brasil e no mundo estão descritos no Quadro 1.
Fonte: adaptado de Koscianski e Soares (2007); Okuna (2013); Harada (2016, on-line)3.
UNIDADE 2 55
Calor Ruídos
Calor é um risco físico frequentemente presente Dentre os inúmeros riscos ambientais que os pro-
em ambientes como hospitais, sendo, em especial, fissionais da saúde estão submetidos, o agente físico
utilizado em operações de limpeza, desinfecção ruído, produzido no próprio ambiente hospitalar
e esterilização. Os trabalhadores do serviço de ou externamente, é responsável pelo comprome-
cozinha e copa também estão expostos a esse timento da saúde desses trabalhadores (PEREIRA
risco por meio de fornos, fogões, equipamentos et al., 2003; MIRANDA; STANCATO, 2008). Os
para frituras, banho-maria e caldeirões (ANVISA, níveis de ruído hospitalares encontram-se exces-
2003; OLIVEIRA; MUROFUSE, 2001). sivamente elevados em decorrência dos inúmeros
O calor é uma forma de energia que pode ser alarmes e equipamentos, além da conversação da
transmitida de um corpo para outro, por radia- própria equipe hospitalar (PEREIRA et al., 2003).
ção, condução ou convecção. A quantidade dessa Clínicas estéticas que trabalham com terapia
energia (recebida ou entregue) é determinada pela capilar é um outro local que a acústica excede
variação de temperatura do corpo que cedeu ou por causa de secadores de cabelo, atrapalhando e
recebeu calor (ANVISA, 2003). Dentro de uni- incomodando outros atendimentos simultâneos.
dades de saúde, as principais doenças que podem Diante disso, esse ambiente, que deveria ser
acometer os profissionais são: choque térmico, silencioso e tranquilo, torna-se ruidoso, transfor-
desidratação, cãibras e espasmos pelo calor (AL- mando-se em um grande fator de estresse e poden-
MEIDA et al., 2008). À medida em que ocorre a do gerar distúrbios fisiológicos e psicológicos tanto
sobrecarga térmica, o organismo dispara certos nos pacientes como nos funcioná-
mecanismos para manter a temperatura interna rios de uma unidade de saúde
constante, sendo os principais a vasodilatação pe- (PEREIRA et al., 2003).
riférica e a sudorese (SESI, 2007, on-line)4. E afinal, caro(a) aluno(a),
Vinculado à questão da temperatura, os traba- quem não guarda na me-
lhadores da área da saúde ainda podem conviver mória a clássica imagem de
com a exposição a extremos, o que desperta preo- um ambiente hospitalar,
cupação, tendo em vista o desarranjo climático e de uma enfermeira in-
ambiental que assola o país, favorecendo ondas de dicando para se fazer
calor que desidratam e provocam mal-estar ou a silêncio? (Figura 5).
inexistência de climatização artificial (SULZBA- O silêncio deve-
CHER; FONTANA, 2013). ria ser prioridade
A NR-15 determina que a exposição ao calor nos ambientes
deve ser avaliada por meio do Índice de Bulbo ligados à saúde,
Úmido Termômetro de Globo (IBUTG), usando porém o que se
termômetro de bulbo úmido natural, termômetro observa é exata-
de globo e termômetro de mercúrio comum como mente o contrário
aparelhos. As medições devem ser efetuadas no local (COSTA; LACERDA;
em que o trabalhador permanece e à altura da região MARQUES, 2013). Figura 5 - Enfermeira
do corpo mais exposta (BRASIL, NR 15, 2014). Os hospitais, por solicitando silêncio
56 Riscos Ambientais
exemplo, têm se transformado em locais rui-
dosos, devido a diferentes fatores, dentre eles, a
grande incorporação de tecnologias (OTENIO;
CREMER; CLARO, 2007). Nas unidades de te-
rapia intensiva (UTIs), são numerosas as fontes
geradoras de ruído, como aspiradores, monitores,
ventiladores mecânicos, computadores, impres-
soras, saídas de ar comprimido, além dos ruídos
provenientes do ar condicionado, sons de instru-
mentos de trabalho, concentração e trânsito de
pessoas, transporte de pacientes e reformas de
estruturas físicas (FILUS et al., 2014).
Segundo Gabas (2011), a perda auditiva ou
diminuição da acuidade auditiva é a consequência
à saúde mais imediata causada pela exposição
excessiva ao ruído. A exposição em excesso pode
acarretar ou piorar outros problemas de saúde,
tais como: aumento da pressão sanguínea, pro-
vocar ansiedade, perturbar a comunicação, pro-
vocar irritação, fadiga, diminuir o rendimento do
trabalho, acarretando, assim, impactos diretos na
qualidade de vida do trabalhador.
Com relação aos níveis de ruído, a Organização
Mundial da Saúde recomenda de 35 a 40 dB (OMS,
1999, on-line)5; enquanto que a Associação Brasi-
leira de Normas Técnicas (ABNT, 1987) normatiza
níveis aceitáveis entre 35 e 55 dB para diferentes
ambientes hospitalares. Também existe a NR 15
que considera o ruído em impacto aquele que apre-
senta picos de energia acústica de duração inferior
a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo; e
contínuo ou intermitente todo o ruído que não seja
ruído de impacto (BRASIL, NR 15, 2014).
A prevenção dos riscos associados aos ruídos
para os trabalhadores pode ser feita a partir da
adoção de medidas, como: a utilização de EPI’s,
nos casos em que os ruídos não podem ser con-
trolados, e redução do tempo de exposição dos
funcionários, em conformidade com a legislação
vigente.
UNIDADE 2 57
Riscos
Químicos
UNIDADE 2 59
se dá devido ao risco a que estão expostos durante Além dessas recomendações, os trabalhadores de-
o preparo, administração e descarte de agentes vem receber capacitação inicial e continuada, resul-
antineoplásicos, que podem ser absorvidos pelo tando em profissionais mais habilitados e capazes
organismo por meio das vias cutânea, respiratória, de reconhecer os riscos inerentes aos quimiote-
mucosas e digestiva (SILVA; REIS, 2010; MAIA; rápicos antineoplásicos (BRASIL, NR 32, 2005).
BRITO, 2011). Vale mencionar que, além da contaminação
E se esses profissionais estão tão susceptíveis dos trabalhadores, também pode ocorrer a con-
à contaminação e seus efeitos, como podemos taminação ambiental pelas substâncias QA’s. Es-
preveni-los? Para proteger o trabalhador durante tudos constataram a presença de partículas dos
os procedimentos envolvidos na atenção aos pa- quimioterápicos fluoracil e ciclofosfamida no ar,
cientes que utilizem QA’s, é considerada essencial teto e chão, além de depósitos encontrados nos
a adoção de certas medidas. Algumas recomenda- filtros das máscaras utilizadas pelos profissionais
ções são descritas a seguir (BRASIL, NR 32, 2005; que preparavam as drogas e nos filtros das câma-
BOLZAN et al., 2011): ras de fluxo laminar (CORREIA; ALBACH, L.;
• O preparo dos QA’s deve ser realizado em ALBACH, C., 2011).
ambiente restrito e de acesso exclusivo aos
profissionais envolvidos.
• A sala de preparo deve ser dotada de Ca- Gases ou Vapores Anestésicos
bine de Segurança Biológica Classe II B2.
• Na área de preparo, todos os trabalhadores Os gases anestésicos são substâncias frequente-
devem usar dois pares de luvas estéreis, de mente utilizadas nos centros cirúrgicos que podem
punho longo e sem talco. acarretar riscos para a saúde humana quando não
• As mãos devem ser lavadas rigorosamente manipulados corretamente. O sevoflurano, haloe-
antes e após o uso da luva. tano, isoflurano, metoxiflurano e o óxido nitroso
• Avental ou macacão utilizado deve ser lon- são conhecidos gases anestésicos. Os efeitos agudos
go e de uso restrito, preferencialmente des- da exposição a esses gases caracterizam-se por ton-
cartável, com baixa liberação de partículas, turas, alterações do humor, náuseas, fadiga e falta
baixa permeabilidade, frente fechada, com de coordenação dos movimentos (VIEIRA, 2009).
manga longa e punho elástico. Se for reuti- No bloco operatório existem múltiplas fontes
lizável, deve ser guardado separadamente, potenciais de fuga de gás anestésico para a atmos-
com lavagem exclusiva e troca a cada ma- fera, incluindo as válvulas de escape, conexões
nipulação. no circuito ventilatório, defeitos nas traqueias de
• Deve-se utilizar protetor respiratório tipo plástico, nos balões de insuflação e nos foles do
máscara facial, com filtro de carvão ativa- ventilador ou conector em Y. A técnica anestésica
do, o qual age como filtro químico para selecionada, o tipo de material utilizado e práticas
partículas de até 0,2 micra (μ) e óculos de inadequadas (tais como válvulas de controle de
proteção com laterais fechadas. fluxo de saída de gás dos vaporizadores abertas
• Tanto a área de preparo quanto a área de após a sua utilização ou derrame de líquidos anes-
administração deve conter lava-olhos e tésicos inalatórios) podem, também, contribuir
chuveiro, para o caso de exposição severa para a fuga de gases anestésicos para o ar ambiente
às substâncias de risco. (NORTON et al., 2015).
60 Riscos Ambientais
Segundo Guedes (2011), os riscos ocupacio- no caso dos gases oxidantes (BRASIL, NR 32, 2005).
nais para mulheres expostas a esse tipo de gás são Os riscos associados a esses gases são a ocorrência
o aborto espontâneo e de anormalidades congêni- de incêndio e explosão quando administrados de
tas no feto, câncer (cervical) e doenças hepáticas e forma incorreta.
renais; enquanto que nos homens, está associado
ao risco aumentado de hepatopatias e risco de
anomalias congênitas na prole. Alergia ao Látex
A monitorização ambiental é fundamental,
não só para avaliar as concentrações dos gases O látex não se trata propriamente de um agente
anestésicos, mas também para aferir a eficácia das químico, contudo, levando em consideração os
medidas de controle, identificar potenciais fontes compostos químicos utilizados na sua produção,
de fuga e adaptar a periodicidade da vigilância acaba por tornar-se um agente associado ao desen-
médica dos trabalhadores expostos de acordo volvimento de hipersensibilidades dos profissio-
com os resultados obtidos (OSHA, 2000). nais da saúde. Os casos de alergia ao látex têm sido
Dessa forma, todos os equipamentos utilizados cada vez mais relatados e as manifestações clínicas
para a administração dos gases ou vapores anesté- variam de dermatite de contato (a mais comum e
sicos devem ser submetidos à manutenção corre- que não é imunologicamente mediada) à reação
tiva e preventiva, e os locais em que são utilizados anafilática clássica (MOTA; TURRINI, 2012).
devem ter sistema de ventilação e exaustão, com o
objetivo de manter a concentração ambiental sob
controle, conforme previsto na legislação vigente
(BRASIL, NR 32, 2005).
Gases Medicinais
UNIDADE 2 61
Riscos
Biológicos
62 Riscos Ambientais
o que causa um elevado grau de riscos para os profissionais
(NISHIDE; BENATTI, 2004). Diante do risco biológico, as in-
fecções mais preocupantes são aquelas causadas pelos vírus da
AIDS e das hepatites B e C (NEVES et al., 2011).
A exposição ocupacional a esses agentes pode-se distinguir em
duas categorias (BRASIL, 2008):
• Exposição com intenção deliberada: a atividade laboral im-
plica na utilização ou manipulação do agente biológico, que
constitui o objeto principal do trabalho. Ex.: atividades de
pesquisa realizadas em laboratórios de diagnóstico micro-
biológico, podólogos, terapeutas, médicos e atividades rela-
cionadas à biotecnologia (produção de enzimas, antibióticos
e vacinas).
• Exposição não deliberada: decorre da atividade laboral sem
que esta implique na manipulação direta deliberada do agen-
te biológico como objeto principal do trabalho. Ex.: serviços
de saúde.
Risco de Profilaxia ou
Classe Risco
propagação tratamento
de risco individual
à coletividade eficaz
1 Baixo Baixo -
2 Moderado Baixo Existem
Nem sempre
3 Elevado Moderado
existem
Atualmente não
4 Elevado Elevado
existem
UNIDADE 2 63
Condutas após Exposição aos Agentes Biológicos
Ciente de todos os riscos, caro(a) aluno(a), em caso de um acidente no ambiente de trabalho, quais pre-
cauções devemos tomar? O Quadro 3 apresenta algumas medidas apropriadas após a exposição biológica.
Conduta
Em caso de lesões com objetos perfurocortantes, deve-se lavar logo após o acidente
Cuidados
com água e sabão ou produto antisséptico. A utilização de soluções irritantes (éter,
locais
glutaraldeído e hipoclorito de sódio) é contraindicada.
Atendimento Atendimento do profissional em serviço especializado, para que seja determinado o
clínico risco de infecção e, consequentemente, definida a conduta profilática a ser seguida.
No ato do acidente, realizar a notificação junto ao responsável do setor ou órgão, que
informará o SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) para avaliar o acidente e
seguir os procedimentos de conduta imediatamente, estendendo-se no prazo máximo
Notificação
de 72 horas. O departamento pessoal deve enviar a notificação a CAT (Comunicação de
Acidente de Trabalho), preenchida pelo médico do trabalho que atendeu o acidentado,
com a finalidade de documentar o fato para fins legais.
Avaliação do O acidente será avaliado pelo setor responsável, levando em conta o material biológico
acidente envolvido, tipo de acidente e situação sorológica do paciente.
64 Riscos Ambientais
Já as Precauções Baseadas na Transmissão são -se sabão/detergente, seguida de enxágue abundante
elaboradas de acordo com o mecanismo de trans- em água corrente. O uso de luvas não dispensa a
missão das patologias e designadas para pacientes lavagem das mãos antes e após contatos que envol-
suspeitos, infectados ou colonizados por patóge- vam mucosas, sangue ou outros fluídos corpóreos.
nos transmissíveis e de importância epidemioló- A decisão para a lavagem das mãos com uso
gica baseada em três vias principais de transmis- de antisséptico deve considerar o tipo de contato,
são: por contato, aérea por gotículas e aérea por grau de contaminação, condições do paciente e o
aerossóis (LACERDA et al., 2014). procedimento a ser realizado. O uso de antissépti-
co é recomendado em realização de procedimen-
tos invasivos, prestação de cuidados a pacientes
Prevenção dos críticos, contato direto com feridas ou dispositivos
Riscos Biológicos invasivos. Com base nisso, devem ser empregadas
medidas e recursos, a fim de incorporar a prática
Para prevenir a transmissão de patógenos no am- da lavagem das mãos em todos os níveis da assis-
biente de trabalho, o uso de EPI’s é a ferramenta tência hospitalar (BRASIL, 2.616/1998).
fundamental para a prevenção de acidentes, con- A higienização das mãos geralmente é feita
tudo, a resistência de profissionais em utilizá-los com antissépticos, produtos que têm a função
e o seu uso incorreto são as principais barreiras de diminuir a quantidade de microrganismos
enfrentadas (NEVES et al., 2011). transitórios e residentes da pele (PAZ; KAISER,
Vamos conhecer algumas medidas eficazes 2011). Recomenda-se que sejam agradáveis de
para prevenir a contaminação por agentes bioló- utilizar, suaves e, ainda, custo efetivos. Não devem
gicos e proteger os trabalhadores da área da saúde. ser tóxicos, alergênicos ou irritantes (KAWAGOE,
2009). O Quadro 4 descreve alguns antissépticos
comumente usados no procedimento.
Higienização das Mãos
UNIDADE 2 65
Quadro 4 - Antissépticos utilizados na higienização das mãos
Além dos antissépticos, também são utilizados nos hospitais sabonetes comuns sem ação antimi-
crobiana, permitindo a remoção da sujeira, de substâncias orgânicas e da microbiota transitória
das mãos pela ação mecânica (KAWAGOE, 2009).
Utilização de Luvas
O uso de luvas é recomendado quando houver Muitas vezes, tem sido constatado que o uso de
risco de contato com sangue, secreções ou mem- luvas é um dos fatores que faz com que o profissio-
branas mucosas e tem por finalidade proteger nal de saúde não realize a higienização das mãos.
o paciente e o profissional. As luvas devem ser No entanto, a perda de integridade, a existência
calçadas antes do contato com o paciente, retira- de micro furos não perceptíveis ou a utilização de
das logo após o uso e higienizando as mãos em técnica incorreta na remoção das luvas possibili-
seguida (LACERDA et al., 2014). tam a contaminação das mãos dos profissionais
(BRASIL, 2008).
66 Riscos Ambientais
Figura 6 - Modelo de capote utilizado pelos profissionais da área da saúde
UNIDADE 2 67
Imunização Efetiva dos Trabalhadores
68 Riscos Ambientais
Riscos
Ergonômicos
UNIDADE 2 69
No Brasil, a Norma Regulamentadora n° 17 é o tivo de profissionais inferior ao desejável e com
dispositivo que regulamenta as questões pertinen- equipamentos inadequados, o que aumenta o ris-
tes à ergonomia, além de estabelecer parâmetros co de desenvolver problemas osteomusculares e
para a adaptação das condições de trabalho às ca- agressões à coluna vertebral (PASA et al., 2015).
racterísticas psicofisiológicas dos trabalhadores,
propiciando o máximo de conforto e segurança,
visando um desempenho eficiente (BRASIL, NR Sobrecarga de Trabalho
17, 1990). A ausência de adaptação no trabalho
tem como consequência a sobrecarga nas estrutu- A sobrecarga no ambiente de trabalho prejudi-
ras físicas do corpo, afetando a integridade física ca as estruturas músculo esqueléticas, origina
ou mental do trabalhador, causando-lhe descon- problemas, tais como fadiga, lombalgia, doenças
forto e/ou doença (SOUZA et al., 2012). osteomusculares, como LER (Lesão por Esforço
Nesse contexto, ações simples podem ajudar a Repetitivo) e DORT (Distúrbios Osteomuscular
reduzir o estresse físico do trabalhador e eliminar Relacionado ao Trabalho) (SOUZA et al., 2012).
futuros problemas de distúrbios musculoesque- As LER/DORT também são conhecidas como
léticos, (OSHA, 2000). A seguir, vamos conhecer doenças da modernidade, estão associadas com
alguns riscos ergonômicos comumente presentes adoecimentos no trabalho. Correspondem às
na área hospitalar. atividades que exigem movimentos repetitivos,
posturas prolongadas, trabalho muscular estático,
monotonia, sobrecarga mental, dentre outros fa-
Postura Inadequada no tores (SOUZA et al., 2012). No Brasil, começou a
Transporte de Pacientes adquirir expressão em número e relevância social a
partir da década de 80, tornando-se um grave pro-
Dentre os diversos riscos ergonômicos a que os blema de saúde pública e social em função da sua
trabalhadores da área da saúde estão expostos, as magnitude e abrangência (ALENCAR; OTA, 2011).
queixas relacionadas ao aparelho osteomuscular Os fatores que favorecem a ocorrência de LER/
representam uma das maiores causas de sofrimen- DORT são múltiplos, constituindo um conjunto
to dessa classe trabalhadora, devido ao esforço fí- complexo, isolados ou agrupados, mas interliga-
sico exigido desses profissionais durante a movi- dos, que exercem seu efeito simultaneamente na
mentação dos pacientes, o que ocasiona lombalgias origem da doença, tendo como sintomas a dor
que interferem na eficiência da força e capacidade localizada, irradiada ou generalizada, desconforto,
do trabalho (MONTEIRO; ALEXANDRE, 2009). fadiga e sensação de peso, formigamento, sensação
Também deve-se atentar para os fatores de de diminuição de força, edema e enrijecimento
risco que interferem na saúde em relação às con- articular. E, apesar de inicialmente se apresenta-
dições ergonômicas inadequadas de mobiliários, rem de forma discreta, com o decorrer do tempo,
posto de trabalho e equipamentos utilizados para podem tornar-se frequentes durante o trabalho,
essas atividades. Além disso, muitas vezes o trans- inclusive incidindo nas atividades extra laborati-
porte de pacientes é realizado por um quantita- vas do trabalhador (BRASIL, 2012).
70 Riscos Ambientais
Ainda, a sobrecarga de trabalho dos profis- Prevenção dos
sionais da área da saúde está associada a fatores, Riscos Ergonômicos
como: número insuficiente de funcionários e pos-
tura inadequada durante a realização de algum E como nos demais riscos já estudados, os ris-
procedimento, gerando acúmulo de funções; ina- cos ergonômicos têm como serem prevenidos?
dequação dos recursos humanos e materiais, que A resposta é sim! Mediante à prática da ginástica
exige do trabalhador uma energia muito maior laboral (GL), conhecida popularmente como gi-
para desenvolver as suas atividades; e, por fim, o nástica na empresa, ela pode diminuir os danos
crescente número de pacientes nas instituições, na saúde do trabalhador causados pelos riscos
em especial, as públicas. Vale ressaltar que os pro- ergonômicos.
fissionais também adotam um ritmo excessivo de A ginástica laboral é uma atividade física rea-
trabalho em função da insatisfação salarial e da lizada durante a jornada de trabalho de forma
necessidade de contribuir com a renda familiar coletiva e voluntária pelos funcionários, com
(OLIVEIRA et al., 2014). exercícios de compensação aos movimentos re-
petitivos à ausência de movimentos, ou a posturas
desconfortáveis assumidas durante o período de
Ambiente de Trabalho trabalho. Os objetivos da GL são: a redução dos
efeitos negativos do LER/DORT, fadiga, estresse e
O ambiente de trabalho constitui o local onde to- alívio das tensões diárias que podem acarretar aci-
dos devem se relacionar, em prol dos cuidados dos dentes de trabalho e baixa produtividade (GON-
pacientes. Para que isto se torne seguro e compatí- DIM et al., 2009; FREITAS-SWERTS; ROBAZZI,
vel à assistência prestada, é de suma importância 2011; ANDRADE et al., 2015).
que os componentes do setor de trabalho estejam Segundo a OSHA (2000), outras medidas tam-
de acordo com o processo de trabalho realizado bém podem ser adotadas para prevenir os traba-
(OLIVEIRA et al., 2014). lhadores dos riscos ergonômicos, como:
As condições de risco de natureza ergonô- • Realizar treinamentos com pessoal espe-
mica envolvem mobiliário, postura, adequação cializado, permitindo que os trabalhado-
dos aparelhos, dimensões, equipamentos, balcão, res entendam melhor sobre a ergonomia e
conforto ambiental, posto, organização e processo seus elementos, além de auxiliar na iden-
de trabalho, desgaste humano, trabalho estático e tificação dos riscos provenientes da má
dinâmico, cargas suportáveis, fadiga, entre outros. ergonomia.
Tudo isso esta inserido no ambiente profissional • Identificar os riscos ergonômicos antes
(SOUZA et al., 2012). que eles desenvolvam doenças ocupa-
Assim, em um ambiente de trabalho onde al- cionais.
guns dos fatores apresentados não estão em con- • Procurar fornecer equipamentos de traba-
cordância, este se torna desgastante, metódico lho que ofereçam condições ergonômicas,
e exaustivo, contribuindo para o surgimento de com materiais mais leves e com as condi-
riscos ocupacionais (OLIVEIRA et al., 2014). ções mínimas de ergonomia (design).
UNIDADE 2 71
Riscos
Psicossociais
“
“
[...] os riscos psicossociais consistem, por
um lado, na interação entre o trabalho, seu
ambiente, a satisfação no trabalho e as con-
dições de sua organização; e por outro, nas
capacidades do trabalhador, suas necessida-
des, sua cultura e sua situação pessoal fora
do trabalho, o que, afinal, através de percep-
ções e experiências, pode influir na saúde e
no rendimento do trabalhador (OIT, 1984).
72 Riscos Ambientais
podem aumentar a probabilidade de o indivíduo Quadro 5 - Fases e comportamento dos profissionais aco-
desenvolver problemas de comportamento (AN- metidos pelo estresse
UNIDADE 2 73
Quadro 6 - Sintomas e características da síndrome de Burnout
Frente a situações consideradas estressantes,
o indivíduo irá utilizar mecanismos psicoló- Sintomas Características
gicos para reduzir o impacto dos estressores e, Fadiga constante e progressiva,
assim, retornar ao equilíbrio. Tais mecanismos distúrbios do sono, dores muscu-
lares e osteomusculares, cefa-
ou estratégias são, na realidade, ações cognitivas
leias e enxaquecas, perturbações
elaboradas por ele por meio da avaliação da si- Físicos
gastrointestinais, transtornos
tuação, do ambiente, de experiências anteriores cardiovasculares, distúrbios do
bem-sucedidas e da maturidade de seu apare- sistema respiratório, distúrbios
lho psíquico e são denominadas estratégias de sexuais e alterações menstruais.
74 Riscos Ambientais
Prevenção dos Riscos Psicossociais
De maneira geral, algumas medidas simples po- tencialmente perigoso em função dos riscos apre-
dem contribuir na prevenção dos riscos psicos- sentados, logo, a conscientização e a orientação
sociais, como (SILVA, 2000): dos colaboradores pelas diferentes ferramentas
• Evitar monotonia no ambiente de trabalho. disponíveis em um ambiente hospitalar se fazem
• Oferecer suporte social às pessoas. fundamentais.
• Melhorar as condições sociais e físicas de Em função da necessidade de atenção especial
trabalho. aos colaboradores de saúde, algumas normas regu-
• Investir no aperfeiçoamento pessoal e pro- lamentadoras foram desenvolvidas, visando orien-
fissional dos trabalhadores. tar as organizações acerca dos riscos inerentes às
• Buscar soluções para os problemas em vez atividades, bem como alertar sobre as obrigações
de focar nas emoções negativas. para com os profissionais desse segmento. Dentre
• Utilizar técnicas de relaxamento, ter uma elas, destacam-se as NR 5, 6, 7, 17 e, especialmente,
boa alimentação e praticar atividade física. a 32, que versa sobre os cuidados, a atenção e a im-
plementação das medidas de proteção em relação
Por fim, caro(a) aluno(a), como vimos, as conse- aos profissionais em saúde.
quências associadas aos riscos ambientais, aos quais A atuação de comissões internas, como no caso
estão expostos os colaboradores da área de saúde, da CIPA, faz-se relevante, sobretudo, pela orienta-
são diversas. A legislação laboral extremamente ção referentes aos riscos das atividades e, em es-
exigente faz com que o conhecimento acerca dos pecial, pelas orientações referentes a medidas de
riscos e suas consequências sejam necessários, vi- prevenção.
sando, sobretudo, a sua minimização. Esperamos, Como exposto, os riscos não são exclusivida-
com esta unidade, contribuir um pouco em sua de dos colaboradores de atendimento direto, mas
trajetória acadêmica com informações relevantes sim de todo o quadro de colaboradores presentes
e que possam ser aplicadas em sua futura rotina! em um ambiente hospitalar. Riscos ergonômicos
Como vimos ao longo desta unidade, cada ativi- também irão existir neste ambiente, assim como
dade, quando realizada de forma isolada, apresenta em qualquer outro ambiente organizacional, entre-
riscos inerentes à atividade, ao passo que a asso- tanto, é no ambiente hospitalar que os riscos físicos,
ciação de atividades realizadas pelos profissionais químicos, biológicos e psicossociais se intensificam;
em saúde aumenta consideravelmente a chance do logo, a compreensão deles se faz imprescindível
colaborador ser acometido por alguma consequên- para a atuação dos profissionais desse segmento.
cia oriunda dos riscos laborais. Caro(a) aluno(a), esperamos que as informa-
A amplitude de atividades realizadas em am- ções abordadas nesta unidade possam ser perti-
biente hospitalar e a complexidade das relações nentes e relevantes para sua jornada acadêmica e
atividade-colaborador tornam esse ambiente po- futura jornada profissional.
UNIDADE 2 75
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
76
Atendem os critérios somente o expresso em:
a) II e III.
b) II e V.
c) III e V.
d) I, II e IV.
e) Em nenhuma das assertiva, pois nenhuma delas apresenta fatores associados
aos riscos ergonômicos.
77
4. Os riscos biológicos para os profissionais da saúde se fazem relevantes, pois
os ambientes hospitalares representam alto grau de risco para os indivíduos
ali presentes. Neste entendimento e em relação aos riscos biológicos, avalie as
assertivas classificando-as em Verdadeira (V) ou Falsa (F):
(( ) Atividade com intenção deliberadas referem-se a atividades laborais voltadas à
utilização ou manipulação do agente biológico, que constitui o objeto principal
do trabalho, como exemplo os laboratórios de pesquisa microbiológicas.
(( ) Para prevenir a transmissão de patógenos no ambiente de trabalho, o uso de
EPI’s torna-se uma ferramenta fundamental.
(( ) Os hospitais são considerados insalubres por receber pacientes com diversas
doenças infectocontagiosas e agrupá-los em um mesmo local.
(( ) As exposições aos riscos biológicos não estão associadas a lesões provocadas
por instrumentos perfurantes e/ou cortantes, como agulhas, bisturi e vidrarias.
(( ) Consideram-se riscos biológicos as condições de exposição ocupacional de
trabalhadores a agentes biológicos, em que estes entram em contato com
microrganismos modificados ou não, culturas de células e parasitas.
A sequência correta é:
a) V, F, F, F e V.
b) V, F, V, F e F.
c) V, F, V, V e V.
d) F, F, F, F e F.
e) V, V, V, F e V.
78
LIVRO
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Dra. Michele Putti Paludo
Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Especificidades em
Rotina Laboratorial
PLANO DE ESTUDOS
Biossegurança e os organismos
Simbologia aplicada geneticamente modificados
(OGMs)
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer os diferentes níveis de biossegurança em labo- • Conceituar mapas de riscos voltados aos ambientes hos-
ratórios de serviços de saúde. pitalares.
• Compreender as especificidades da simbologia aplicada • Explicar organismos geneticamente modificados e conhe-
em laboratórios de serviços de saúde. cer sua aplicações em serviços de saúde.
Níveis de
Biossegurança
UNIDADE 3 91
• O vestuário de proteção deverá apresentar E não esqueça, para os laboratórios NB-1 e todos
mangas compridas ajustadas nos punhos e os demais níveis, os Procedimentos Operacio-
não deve ser usado fora da área laborato- nais Padrão (POP’s) devem sempre ser adota-
rial, visando evitar contaminações externas dos. Se você não lembra quais são esses proce-
à área laboratorial. dimentos, confira as informações disponíveis
• É obrigatório o uso de calçados fechados na Unidade 1.
que possam proteger os pés contra aciden- Observa-se então, caro(a) aluno(a), que os
tes envolvendo substâncias que apresentem laboratórios NB-1 não exigem proteção tão
riscos à integridade física dos profissionais “rigorosa”, uma vez que os agentes biológicos
que as manuseiem. não oferecem grandes riscos à saúde dos ma-
• Óculos de segurança e protetores faciais nipuladores. Contudo, a preocupação com a
devem ser usados sempre que os procedi- segurança é fundamental em todos os níveis
mentos operacionais padrão os exigirem/ de biossegurança, bem como nas práticas la-
recomendarem. borais cotidianas dos profissionais em saúde.
• O laboratório deverá possuir dispositivo de Desta forma, a fim de auxiliar na compreensão
emergência para lavagem dos olhos, além deste conteúdo, o Quadro 1 apresenta algumas
de chuveiros de emergência localizados no barreiras primárias e secundárias adotadas nos
laboratório ou em local de fácil acesso. laboratórios NB-1.
Quadro 1 - Barreiras primárias (equipamentos de segurança) e barreiras secundárias (instalações laboratoriais) dos la-
boratórios NB-1
É o nível exigido para o trabalho com agentes bio- relacionados com acidentes percutâneos, ou que
lógicos da classe de risco 2, isto é, agentes capazes possuam capacidade de atravessar a pele, as ex-
de provocarem infecções no homem ou nos ani- posições da membrana ou com a ingestão de ma-
mais, e o potencial de propagação na comunidade teriais infecciosos. Portanto, deve-se tomar um
e de disseminação no meio ambiente é limitado, extremo cuidado com agulhas contaminadas ou
existindo medidas terapêuticas e profiláticas efi- com instrumentos cortantes ou perfurocortan-
cazes (BRASIL, 2006b). tes. Embora os organismos rotineiramente ma-
O NB-2 é aplicado, por exemplo, a laboratórios nipulados em um laboratório NB-2 não sejam
de análises clínicas, de diagnóstico e laboratórios- transmitidos por aerossóis, os procedimentos
-escola, no qual as práticas de ensino ou práticas envolvendo um alto potencial para a produção
laborais envolvem sangue humano, líquidos corpo- de salpicos ou aerossóis que possam aumentar o
rais, tecidos ou células humanas primárias, em que risco de exposição desses funcionários devem ser
a presença do agente infeccioso pode ser desconhe- conduzidos com um equipamento de contenção
cida. Com boas técnicas de microbiologia, esses primária (BRASIL, 2006a).
agentes podem ser usados de maneira segura em Diferentemente dos laboratórios NB-1, os la-
atividades conduzidas sobre uma bancada aberta, boratórios NB-2 apresentam equipamentos de
uma vez que o potencial para a produção de borri- contenção específicos, como a cabine de seguran-
fos e aerossóis é baixo. O vírus da hepatite B, o HIV, ça biológica (CSB) e autoclave (BRASIL, 2006c).
a salmonela e o Toxoplasma spp. são exemplos A CSB é utilizada em todos os procedimentos
de microrganismos designados para esse nível de que envolvam culturas de tecidos infectados ou de
contenção (BRASIL, 2006a; BRUNO, 2014). ovos embrionados (de parasitas), bem como em
Os perigos primários em relação aos colabo- processos em que ocorra a formação de aerossóis.
radores que trabalham com esses agentes estão As classes de CSB’s usadas são a I e II (Figura 1).
UNIDADE 3 93
A CSB classe I oferece proteção ao manipulador
e ao meio ambiente, mas não protege o produ-
to a ser manipulado. É semelhante à exaustão
de uma capela química, porém possui um filtro
High Efficiency Particulated Air (HEPA) para
a proteção do meio ambiente e um fluxo de ar
interior com velocidade mínima de 75 pés li-
neares/minuto.
Já a CSB classe II é projetada com um fluxo
de ar interior com velocidade de 75 a 100 pés
lineares/minuto para proteger os profissionais
que operam esses equipamentos; um fluxo de ar
Figura 2 - Modelo de autoclave usada nos laboratórios NB-2
laminar vertical para proteger o produto; e um
fluxo de saída de ar de exaustão com um siste- Ainda, os profissionais que atuam nos laborató-
ma de filtração, para proteger o meio ambiente rios NB-2 devem ter um treinamento específico
(UEKI et al., 2008). no manejo de agentes patogênicos, sendo super-
Já a autoclave (Figura 2) deve estar disponível visionados por analistas competentes. O acesso ao
no interior ou em local próximo ao laboratório, laboratório deverá ser limitado durante os pro-
dentro da edificação, de modo a permitir a des- cedimentos operacionais e o espaço destinado
contaminação de todos os materiais e resíduos ao laboratório deve ser separado da área pública
gerados nas operações e processos laboratoriais, (BRASIL, 2006a). O Quadro 2 contém as princi-
evitando, consequentemente, a contaminação do pais barreiras primárias e secundárias adotadas
meio ambiente (BRASIL, 2006c). nos laboratórios NB-2.
Quadro 2 - Barreiras primárias (equipamentos de segurança) e barreiras secundárias (instalações laboratoriais) dos
laboratórios NB-2
O NB-3 é aplicado aos laboratórios que desenvol- O NB-3 é aplicável para laboratórios clínicos,
vem atividades com agentes biológicos da classe de diagnóstico, ensino e pesquisa ou de produção,
de risco 3 (BRASIL, 2006c). Esses agentes corres- onde o trabalho com agentes biológicos possa
pondem a microrganismos, como o Clostridium causar doenças sérias ou potencialmente fatais,
botulinum (causador do botulismo) e o Bacillus como resultado de exposição por inalação. A
anthracis (causa da doença carbúnculo), que equipe laboratorial deverá possuir treinamento
oferecem alto risco individual, risco moderado à específico no manejo de agentes patogênicos e po-
comunidade e que possuem capacidade de trans- tencialmente letais, devendo ser supervisionados
missão por via respiratória, causando patologias por analistas que possuam experiência com esses
humanas, potencialmente letais, para as quais exis- agentes (BRASIL, 2006a). As barreiras primárias
tem usualmente medidas de tratamento e/ou de e secundárias adotadas nesses laboratórios estão
prevenção (BRASIL, 2006b). descritas no Quadro 3.
Quadro 3 - Barreiras primárias (equipamentos de segurança) e barreiras secundárias (instalações laboratoriais) dos la-
boratórios NB-3
Todos os procedimentos, técnicos ou administrativos, devem estar descritos, ser de fácil acesso e devem
ser de conhecimento dos técnicos envolvidos em sua execução. Estes devem previamente demonstrar
ter o domínio dos procedimentos técnicos para a execução das atividades laboratoriais.
UNIDADE 3 95
Em relação as CSBs utilizadas nos laboratórios Acidentes ou incidentes que resultem em expo-
de nível de biossegurança 3, estas devem pertencer sições a agentes biológicos patogênicos nos labora-
à classe II (descrita anteriormente no NB-2) ou III, tórios NB-3 deverão ser imediatamente relatados
apresentada na Figura 3. A CSB classe III é total- ao profissional responsável. Nesses casos, devem ser
mente fechada e ventilada, adequada para o trabalho tomadas todas as medidas necessárias para mitigar
com agentes perigosos que requerem a contenção e/ou remediar a situação, como procedimentos de
de um nível de biossegurança 4. Essa CBS é opera- avaliação médica, vigilância e tratamento, devendo
da com pressão negativa, e o trabalho é realizado ser mantidos os registros por escrito desses episó-
por meio de braços com luvas de borracha. Todo o dios e das providências adotadas (BRASIL, 2006c).
sistema é controlado por filtros HEPA e o material
utilizado é seguido de esterilização antes de ser des-
cartado para o ambiente (UEKI et al., 2008).
Figura 3 - Cabine de segurança biológica classe III usada nos laboratórios NB-3
Os laboratórios NB-4 são conhecidos como la- • Os laboratórios somente devem funcionar
boratórios de máxima segurança que trabalham com autorização e fiscalização das respec-
com agentes biológicos da classe de risco 4 ou com tivas autoridades sanitárias, devido à mani-
potencial patogênico desconhecido, não existindo pulação de agentes patogênicos perigosos.
para esses agentes vacina ou terapia disponível • Sistema de autoclave de dupla porta, câma-
(BRASIL, 2006c). Nesses laboratórios, os princi- ra de fumigação ou sistema de ventilação
pais causadores de doenças aos homens e animais com antecâmara pressurizada para o fluxo
são os vírus, como o Ebola (BRASIL, 2006b). de materiais para o interior do laboratório.
As instalações e procedimentos exigidos para • Nenhum material pode ser removido do
o NB-4 devem atender as especificações já estabe- laboratório a menos que tenha sido este-
lecidas para os laboratórios NB-1, NB-2 e NB-3, rilizado, exceto os agentes biológicos que
porém acrescidas de: necessariamente tenham de ser retirados
• O laboratório deve estar localizado em na forma viável.
prédio separado ou em área claramente • As pessoas autorizadas devem cumprir
demarcada e isolada das demais instala- com rigor as instruções e os procedimentos
ções da instituição e dispor de vigilância para a entrada e a saída do laboratório, de-
24 horas por dia. vendo existir um registro de entrada e saída
• O laboratório deve possuir câmaras de entra- de pessoal, com data, horário e assinaturas.
da e saída de pessoal, separadas por chuveiro. • Deve existir um plano de contingência e de
• As manipulações com organismos gene- emergência com descrição clara dos pro-
ticamente modificados (OGM) de classe cedimentos necessários em tais situações.
de risco 4 devem ser realizadas em cabine • Os filtros Hepa e os pré-filtros das CSBs e
de segurança biológica Classe II ou III, em dos sistemas de ar devem ser removidos e
associação com roupas de proteção pessoal acondicionados em recipientes hermetica-
com pressão positiva, ventiladas por siste- mente fechados, para subsequente descon-
ma de suporte de vida. taminação e destruição adequadas.
Outras informações acerca desses procedimentos que são comumente adotados nos laboratórios
de nível de biossegurança 4, e também para os NB-1, NB-2 e NB-3, podem ser encontradas no
material desenvolvido pelo Ministério da Saúde, intitulado: Diretrizes Gerais para o Trabalho em
Contenção de Agentes Biológicos. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/
contencaocomagentesbiologicos.pdf>.
UNIDADE 3 97
Simbologia
Aplicada
VERMELHA ALARANJADA
Cor de segurança utilizada para símbolos Usada em partes móveis e perigosas de
de proibição e identificação de equipa- máquinas e equipamentos.
mentos de combate a incêndios e alarme. Exemplos: Canalizações contendo ácidos,
Exemplos: Hidrantes, bombas de incêndio, entre outros.
extintores, entre outros.
AMARELA AZUL
Usada para identificar avisos de Usada para determinar o uso de EPI’s.
advertência. Exemplos: Canalizações de ar comprimi-
Exemplos: Corrimões, parapeitos, partes do, obrigatoriedade do uso de EPI’s, entre
baixas de escadas portáteis, entre outros. outros.
PÚRPURA BRANCA
Usada para indicar os perigos provenientes Usada para marcar a passagem de
das radiações eletromagnéticas pene- pedestres.
trantes de partículas nucleares. Exemplos: Passarelas, corredores de
Exemplos: Locais onde se manipulam circulação, entre outras.
materiais radioativos, locais onde tenham
sido enterrados materiais e equipamen-
tos contaminados, entre outros. CINZA
Usada para identificar canalizações em
VERDE vácuo.
Cor de segurança usada para símbolos de Exemplos: Canalizações em vácuo.
orientação e socorro.
Exemplos: Chuveiros de segurança, caixas
de equipamentos de socorro de urgência, PRETA
caixas contendo máscaras de gases,
entre outros. Cor de segurança usada para símbolos de
alerta e sinais de perigo.
Exemplos: Canalizações de óleo lubrifi-
Infográfico 1 - Cores de sinalização, aplicação e exemplos cante, asfalto e óleo combustível.
Fonte: adaptado de Brasil (2011).
UNIDADE 3 99
Além das cores de segurança, existem as cores de Principais Sinalizações
contraste – branca ou preta – que são utilizadas Utilizadas na Área de Saúde
para melhorar a visibilidade da sinalização. Ain-
da associada às cores, as formas geométricas das A área da saúde, assim como os demais segmentos
placas também são usadas e podem ser (NORMA que envolvem atividades científicas ou de atendi-
TÉCNICA 20/2014): mento que apresentem possível risco aos profis-
• Circulares: utilizadas para implantar sím- sionais envolvidos, deve contar com ferramentas
bolos de proibição e ação de comando. efetivas que, associadas a medidas de prevenção,
• Triangulares: utilizadas para implantar possam contribuir para o desenvolvimento das
símbolos de alerta. atividades laborais de forma segura.
• Retangulares ou quadradas: utilizadas para Cabe destacar que uma das principais funções
implantar símbolos de orientação, socorro, das diferentes sinalizações consiste em alertar a
emergência, identificação de equipamen- população presente acerca dos riscos, obrigações
tos utilizados no combate a incêndio, alar- e medidas de segurança que devem ser adotadas.
me e mensagens escritas. Ainda, as sinalizações no contexto da saúde
têm por finalidade contribuir de forma sistêmica
Cabe destacar que existem outras formas de sina- para uma cadeia de serviços, que se iniciam em
lização universais que se complementam entre si e seu manuseio propriamente dito e estão relacio-
compreendem: os sinais acústicos, a comunicação nados à rotina laboral e são finalizados no descar-
verbal e os sinais gestuais (FATOR SEGURANÇA te adequado do material manipulado. Vejamos,
Ltda, 2002). na sequência, mais detalhes sobre os diferentes
Agora que já conhecemos as cores e as formas tipos de sinais.
geométricas utilizadas na sinalização de seguran-
ça, podemos estudar sobre os principais símbolos/
sinais encontrados em clínicas, hospitais e unida-
des básicas de saúde.
Todo local que houver a probabilidade Qualquer local que houver a presença
da exposição ocupacional a agentes de materiais radioativos.
biológicos.
Qualquer local que houver a presença Qualquer local que houver a presença
de materiais altamente inflamáveis. de materiais corrosivos.
Qualquer local que houver instalações Qualquer local que não houver
elétricas que oferecem risco elétrico. símbolo específico de alerta, devendo
sempre estar acompanhado de
mensagem escrita específica.
São sinais frequentemente encontrados em ambientes hospitalares e têm como objetivo proibir ou coibir
ações capazes de oferecer risco aos profissionais e pacientes, como o início de um incêndio (NORMA
TÉCNICA 20/2014). A sinalização de proibição deve apresentar (ABNT, 2004; NORMA TÉCNICA
20/2014), conforme Infográfico 3:
• Forma: circular.
• Cor de contraste: branca.
• Barra diametral e faixa circular (cor de segurança): vermelha.
• Cor do símbolo: preta.
• Margem (opcional): branca.
Todo local onde fumar pode aumentar Todo local onde a utilização de chama
o risco de incêndio. pode aumentar o risco de incêndio.
Proibida a entrada
de pessoas
não autorizadas
Qualquer local que não permite a
entrada de pessoas que não façam
parte da equipe.
Proteção Proteção
obrigatória obrigatória
de olhos dos ouvidos
Qualquer local que pode ocorrer Qualquer local que ofereça ruídos
impactos, respingos de sangue ou prolongados e nocivos.
outras secreções e formação de
aerossóis.
Proteção Proteção
obrigatória obrigatória
das vias das mãos
respiratórias
Qualquer local que houver risco de Todo local que houver manuseio com
inalação de aerossóis ou produtos material contaminado.
químicos.
Proteção Proteção
obrigatória obrigatória
dos pés do rosto
Todo local que houver respingos e Qualquer local que possa oferecer
derramamento de material infectante. impactos, substâncias nocivas e
radiações.
Além dos sinais já relatados, estes sinais também são frequentemente encontrados em hospitais, clínicas
e unidades básicas de saúde. O Infográfico 5 apresenta alguns desses sinais.
Saída de Escada de
emergência emergência
Todo local que indique saída de Todo local que indique o sentido de
emergência com ou sem complementação fuga no interior da escada.
do pictograma fotoluminescente (seta ou
imagem, ou ambos).
Primeiros Maca de
socorros emergência
Todo local em que medidas específicas Todo local em que medidas específicas
possam ser tomadas antes da chegada possam ser tomadas antes da chegada
do médico. do médico.
Chuveiro de Lava-olho de
emergência emergência
Qualquer local que pode ocorrer Qualquer local que pode ocorrer
impactos, respingos de sangue ou impactos, respingos de sangue ou
outras secreções e formação de outras secreções e formação de
aerossóis aerossóis.
Infográfico 5 - Principais
104 sinais
Especificidades emde orientação
Rotina e salvamento utilizados na área da saúde
Laboratorial
Fonte: adaptado de Fernandes (2011); ABNT (2004); Norma Técnica 20/2014.
Sinais de Controle a Incêndio
Os sinais pertencentes a esta categoria têm como objetivo indicar a localização e os tipos de equi-
pamentos de combate a incêndios e alarme disponíveis no local (NORMA TÉCNICA 20/2014). O
Infográfico 6 mostra os principais sinais encontrados na área da saúde.
As placas indicativas devem ser conforme indicadas a seguir (ABNT, 2004):
• Forma: quadrada ou retangular.
• Cor de fundo (cor de segurança): vermelha.
• Cor do símbolo (cor de contraste): fotoluminescente.
• Margem (opcional): fotoluminescente.
Telefone ou
Extintor de
interfone
incêndio
de emergência
Abrigo de
Mangotinho mangueira
e hidrante
Todo local que indique a localização Todo local que indique o abrigo da
do mangotinho. mangueira de incêndio com ou sem
hidrante no seu interior.
UNIDADE 3 105
Mapa de
Riscos
UNIDADE 3 107
Na elaboração do MRs, algumas etapas devem ser seguidas como previsto na Norma Regula-
mentadora n° 9 (BRASIL, NR 9, 1994). O Infográfico 7 apresenta as referidas etapas de elaboração.
Etapa
Conhecer o processo de trabalho no local analisado.
Descrição
•• Conhecimento dos trabalhadores em relação a número, sexo, idade e treinamento profissional
e de segurança e saúde.
•• Conhecimento dos instrumentos e materiais de trabalho utilizados.
•• Conhecimento do ambiente de trabalho e das atividades exercidas.
Etapa
Identificar os riscos existentes no local analisado.
Descrição
•• Associada à identificação dos riscos ambientais.
Etapa
Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia.
Descrição
•• Refere-se às medidas de proteção coletiva; medidas de organização do trabalho; medidas de
proteção individual e medidas de higiene e conforto.
Etapa
Identificar os indicadores de saúde.
Descrição
•• Associado a queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos
riscos.
•• Acidentes de trabalho ocorridos.
•• Doenças que acometem os profissionais.
Etapa
Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local.
Descrição
•• Verificar os estudos anteriores.
Etapa
Elaborar o MRs em relação ao layout da empresa.
Descrição
•• Realizado por meio das cores representativas dos riscos e dos tamanhos dos círculos.
Além do tamanho dos círculos e as cores representativas dos riscos, o MRs ainda deve indicar o número
de trabalhadores expostos e a especificação dos agentes de risco (PAVAN; SAVI, 2012). O Quadro 5
apresenta um exemplo de risco biológico expressando a gravidade dele. A partir deste modelo, essa
forma de expressão pode ser adotada para todos riscos (físico, químico, ergonômico e de acidente).
Fonte: os autores.
No centro cirúrgico de um hospital, um risco bio- a médio. Na ocorrência de cortes com materiais
lógico pequeno e médio pode ser considerado o perfurocortantes (risco de acidente), a gravidade
contato com microrganismos patogênicos, doen- é pequena à média.
ças infectocontagiosas, materiais e lixo contami- E, por fim, os riscos físicos, como as radiações
nados. Nos riscos ergonômicos, como trabalhar ionizantes, considera-se grau pequeno. Lembre-
em pé, a postura inadequada e esforços físicos -se que a gravidade está diretamente associada à
durante o atendimento dos pacientes, a gravida- prevenção, isto é, menor será o grau de exposição
de é pequena, enquanto que na manipulação de do trabalhador ao risco quanto mais difundido for
detergentes, desinfetantes e medicamentos (risco o uso de equipamentos de proteção individual e
químico), o grau de risco pode variar de pequeno coletiva (PAVAN; SAVI, 2012).
UNIDADE 3 109
Biossegurança e os
Organismos Geneticamente
Modificados (OGMS)
Definição de OGMs
UNIDADE 3 111
Relacionado aos OGMs, ainda, é importante des- • Permite a clonagem e a produção de me-
tacar o Protocolo de Cartagena sobre Biossegu- dicamentos por meio da técnica de DNA
rança, que foi o primeiro acordo firmado no âm- recombinante.
bito da Convenção sobre Diversidade Biológica
(CBD). Visa assegurar um nível adequado de pro-
teção no campo da transferência, da manipulação Riscos dos OGMs
e do uso seguro dos organismos geneticamente
modificados resultantes da biotecnologia moder- A inserção de novas construções no genoma de
na que possam ter efeitos adversos na conserva- um organismo supõe a melhora das propriedades
ção e no uso sustentável da diversidade biológica, úteis ao ser humano e a redução nos custos da
levando em conta os riscos para a saúde humana. produção. Contudo, alguns riscos acerca da tec-
Atualmente, o Protocolo conta com 143 países, nologia são relatados a seguir (MACEDO, 2014):
entre eles o Brasil, que se reúnem periodicamen- • A diminuição ou perda da biodiversidade,
te para discutir sobre questões vinculadas aos pois as plantas que não sofreram modifi-
OGMs, (COSTA; MARIN, 2011). cação genética podem ser eliminadas pelo
processo de seleção natural, uma vez que
as transgênicas possuem maior resistência
Benefícios dos OGMs às pragas e pesticidas.
• O aumento da resistência humana a an-
Relatar os riscos ou benefícios dos OGMs é um tibióticos a partir do consumo em longo
pouco difícil, tendo em vista que a própria ciên- prazo de alimentos transgênicos, ou da
cia ainda se vê incerta quanto aos reais efeitos. ingestão de animais que consumiram ali-
Contudo, de maneira objetiva, vamos apontar os mentos transgênicos.
principais benefícios descritos na literatura como • Aumento das alergias devido à produção
(MUÑOZ, 2001): de proteínas sintetizadas pelos novos genes
• Aumento da vida de prateleira (shelf-life) transgênicos.
de produtos como frutas e vegetais que se • Aparecimento de novas doenças devido
degradam facilmente. a maior resistência a antibióticos dos mi-
• Aumento da resistência das colheitas e a crorganismos provenientes dos OGMs.
consequente redução do uso de produtos • Perigo à saúde pública, uma vez que o ex-
químicos. cesso de produtos químicos não tem ape-
• Maior resistência a insetos e a certos vírus, nas um impacto negativo no ambiente, mas
diminuindo a possibilidade de as plantas também um risco para a saúde pública.
contraírem as doenças por eles causadas. • Insegurança na utilização dos OGMs, pois
• Aumento do nível de produção e o seu os estudos feitos são de curta duração e
rendimento. superficiais, não sendo possível avaliar
• Redução de custo e aumento de competi- com segurança os danos provocados pela
tividade brasileira no agronegócio interno inserção dos transgênicos no ambiente.
e externo. • Falta de informação da população acerca
• Redução do uso de fertilizantes. dos OGMs.
UNIDADE 3 113
substituição das células perdidas por uma enfer- Conforme exposto, a simbologia aplicada à
midade ou substituir células que não funcionam biossegurança dos serviços de saúde consiste em
adequadamente devido a um defeito genético ou uma das mais fundamentais ferramentas ou me-
vascular, e curar enfermidades dos sistemas hema- canismo de alerta, seja mediante à sinalização de
tológico (leucemias, linfomas), nervoso (acidente aviso, proibição, obrigação ou orientação. Tais fer-
vascular cerebral, esclerose múltipla, traumatismo) ramentas de sinalização possuem por finalidade
e cardiovascular (infarto do miocárdio, insuficiên- alertar os indivíduos que estejam transitando em
cia cardíaca) (OKAMOTO; HOLTHAUSEN, 2004). um ambiente hospitalar, bem como os profissio-
Sendo assim, caro(a) aluno(a), conforme expos- nais desse segmento acerca dos riscos presentes
to, existe uma grande discussão e também grande e das obrigações e medidas de segurança que de-
problematização acerca da manipulação gênica no verão ser adotadas.
que tange aos transgênicos, sendo necessário man- Tais sinalizações deverão estar em acordo com
ter-se antenado nos avanços da ciência acerca dessa as informações sobre os riscos expostos no mapa
temática relevante, pertinente e atual. Esperamos de risco, que configura-se como uma ferramenta
que nossa humilde contribuição possa auxiliá-lo(a) essencial e relevante para um bom funcionamento
em sua trajetória acadêmica e profissional! de um ambiente laboratorial/hospitalar/clínico.
Como vimos ao longo desta unidade, caro(a) E, por fim, foi possível conhecer um pouco
aluno(a), os riscos serão de grande relevância em mais sobre a legislação específica que discorre
diversos segmentos dos serviços em saúde, in- sobre a utilização dos organismos geneticamente
fluenciando, também, em como eles são classifica- modificados. Tais informações nos direcionam
dos e, ainda, nos níveis de biossegurança exigidos a uma discussão acerca do avanço que eles re-
em determinados locais de trabalho. presentam à humanidade e dos riscos que sua
Os riscos apresentados, ou o tipo de organismo utilização incorreta pode apresentar para o meio
ali manipulado, influencia no nível de contenção ambiente que já possui dinâmicas populacionais
e nas medidas que deverão ser adotadas em la- estabelecidas.
boratórios NB-1, 2, 3 ou 4, sendo estas descritas Nesse sentido, esperamos que nossa singela
ao longo desta unidade, bem como as medidas contribuição acerca das temáticas abordadas nesta
de proteção a serem adotadas nesses diferentes unidade possam ser pertinentes e relevantes para
níveis de biossegurança. sua jornada acadêmica e profissional. Abraços.
115
3. Durante a elaboração de Mapas de risco, os riscos presentes nas áreas analisadas
são representados de diferentes formas e podem ser classificados e facilmente
reconhecidos em função de sua caracteristicas. Com base nessa informação e
no conteúdo apresentado ao longo da unidade, analise os dois riscos indicados
e, com base em sua descrição, assinale a alternativa correspondente.
I) Círculo com 1 centímetro de diâmetro de coloração verde.
II) Círculo com 2 centímetro de diâmetro de coloração vermelha.
Os riscos descritos correspondem a:
a) Risco ergonômico grande e II - Risco biológico pequeno.
b) Risco físico pequeno e II - Risco químico médio.
c) Risco químico grande e II - Risco físico pequeno.
d) Risco ergonômico grande e II - Risco químico médio.
e) Risco químico pequeno e II - Risco físico grande.
116
5. Na elaboração de Mapas de risco (MRs), algumas etapas devem ser seguidas
como previsto na Norma Regulamentadora n° 9. Tal ação se faz necessária
para evitar as possíveis falhas ao longo desse processo. Nesse sentido, avalie
as assertivas e assinale a alternativa que apresenta a correta ordem das etapas
a serem seguidas na elaboração de um MRs.
I) Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia.
II) Elaborar o MRs em relação ao layout da empresa.
III) Conhecer o processo de trabalho no local analisado.
IV) Identificar os riscos existentes no local analisado.
V) Identificar os indicadores de saúde.
VI) Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local.
A ordem correta das ações é:
a) III, I, IV, II, V e VI.
b) II, III, I, VI, V e IV.
c) I, II, II, IV, V e VI.
d) II, III, IV, I, V e VI.
e) III, IV, I, V, VI e II.
117
LIVRO
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1. E.
2. D.
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5. E.
122
123
124
Dra. Michele Putti Paludo
Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Doenças, Prevenção e
Medidas de Contenção:
da Higiene ao Isolamento
PLANO DE ESTUDOS
Barreiras de controle
Doenças infectocontagiosas e isolamento
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 4 127
Os fatores que podem causar doenças nos seres humanos são biológicos, físicos e químicos, bem como
de outros tipos, tais como estresse, que podem ser mais difíceis de classificar. O Quadro 1 aponta alguns
fatores que podem estar associados ao aumento do risco de doenças.
Quadro 1 - Fatores que podem estar associados ao aumento do risco de doenças em humanos
Características
Tipos de agentes Fatores ambientais
do hospedeiro
Idade Biológicos (bactérias e vírus) Temperatura
Sexo Químicos (veneno, álcool, Umidade
Raça fumo) Radiação
Costumes Físicos (trauma, radiação, Água
Antecedentes familiares fogo) Poluição ambiental
Estado imunológico Nutricionais (deficiência e/ou Ruído
Perfil genético excesso de nutrientes)
Hospedeiro é a pessoa ou animal que proporciona um local adequado para que um agente infeccioso
cresça e se multiplique em condições naturais.
UNIDADE 4 129
Quadro 3 - Principais mecanismos de transmissão direta e indireta dos agentes de doenças infecciosas
A transmissão indireta pode ocorrer por meio Além dos termos já definidos para as doenças in-
de um veículo comum, como na contaminação fecciosas, existem outros três que também necessi-
atmosférica ou fonte de abastecimento de água, tam ser conceituados, compreendendo: endemia,
ou por um vetor, como um mosquito (Quadro 3) epidemia e pandemia.
(GORDIS, 2009). • Endemia: é a propagação de doenças in-
Destaca-se que os vetores são insetos ou fecciosas quando uma área geográfica ou
animais que carregam o agente infeccioso de grupo populacional apresenta padrão de
pessoa para pessoa, en- ocorrência relativamente estável, com ele-
quanto que os veículos vada incidência ou prevalência. Doenças
são objetos ou elementos endêmicas, como a dengue, estão limitadas
contaminados, tais como especialmente pelas condições climáticas,
roupas, talheres, água, uma vez que o mosquito é o vetor e não
entre outros (BONI- consegue sobreviver ou se reproduzir em
TA; BEAGLEHOLE; regiões muito frias e secas (BONITA; BEA-
KJELLSTROM, 2011). GLEHOLE; KJELLSTROM, 2011).
UNIDADE 4 131
Doenças
Infectocontagiosas
Na sequência, serão apresentadas algumas das principais doenças infecciosas causadas por vírus que
podem comprometer a saúde populacional.
AIDS
UNIDADE 4 133
Dengue
A dengue é uma enfermidade viral aguda que se mento dos casos febris para identificação precoce
caracteriza por início súbito com febre alta, que dos sinais de agravamento e de choque. No caso
dura de 3 a 5 dias, dor de cabeça intensa, alterações do tratamento da dengue clássica, é indicado evi-
gastrointestinais, dor muscular, entre outros sin- tar o uso de ácido acetilsalicílico e oferecer boa
tomas. A infecção é causada por quatro sorotipos hidratação oral ao paciente, enquanto que nos
(DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4) e produz imu- casos mais severos de dengue hemorrágica, as
nidade sorotipo-específica (FAÇANHA, 2013). medidas de manutenção da vida são essenciais,
Ressalta-se que, no Brasil, os primeiros casos re- principalmente a hidratação venosa com soro
latados estavam associados aos sorotipos DEN1 fisiológico (FAÇANHA, 2013).
e DEN4 (CHIARELLA, 2016). A principal medida de prevenção da dengue
O vírus da dengue é transmitido pela pica- consiste no combate ao vetor, que é feito mediante:
da de fêmeas do mosquito Aedes aegypti e tem • Educação da população para eliminação
como reservatório o conjunto humano-mosquito. de possíveis reservatórios de água limpa,
O período de incubação da doença é de 3 a 6 dias, que servem como criadouros para o mos-
podendo estender-se até 15 dias. A manifestação quito e não têm utilidade.
clínica da infecção é contínua, variando desde • Aplicação de larvicida em depósitos de
infecção assintomática, passando por quadros de água que possam servir de locais para a
infecção viral inespecífica e dengue clássica até proliferação do vetor.
dengue hemorrágica e choque. A dengue hemor- • Aplicação de medidas individuais, como
rágica está relacionada com fenômenos imuno- uso de repelentes, mosquiteiros e roupas
lógicos, sendo mais frequente em áreas onde há que protejam da picada do mosquito.
a circulação de vários sorotipos do vírus e em • A notificação imediata de casos suspeitos.
pessoas que têm infecções subsequentes por so-
rotipos diferentes. Contudo, é possível que haja Além do combate ao vetor, também já está sendo
cepas mais patogênicas e pessoas geneticamente comercializada a vacina contra a dengue. A pri-
mais suscetíveis (FAÇANHA, 2013). meira vacina licenciada e registrada pela Agência
O diagnóstico da dengue é feito, muitas vezes, Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi
pela observação das manifestações clínicas. Es- desenvolvida pela empresa francesa Sanofi Pas-
tas são muito importantes na definição do diag- teur. A vacina mostrou eficácia geral de 65% em
nóstico diferencial entre os quadros de “febre da estudo realizado em população acima de nove
dengue” e dengue hemorrágica (CHIARELLA, anos. A imunização preconizada para essa vacina
2016). Um método frequentemente utilizado na requer administração de três doses com intervalos
determinação do diagnóstico é o ELISA. de seis meses em pessoas acima de nove anos,
O tratamento da dengue baseia-se em medidas preferencialmente com exposição prévia à dengue
gerais de suporte ao paciente, com acompanha- (CHIARELLA, 2016).
A febre amarela é uma doença febril aguda, de Para essa doença ainda não existe um trata-
curta duração (no máximo 12 dias) e gravidade mento antiviral específico. É apenas sintomático,
variável, causada por um arbovírus do gênero com cuidadosa assistência ao paciente que, sob
Flavivirus. É endêmica nas regiões tropicais e das hospitalização, deve permanecer em repouso, com
Américas e da África. reposição de líquidos e das perdas sanguíneas,
Epidemiologicamente, a doença pode apresen- quando indicada. Os quadros clássicos e/ou ful-
tar-se sob duas formas distintas: Febre Amarela minantes exigem atendimento em Unidade de
Urbana (FAU) e Febre Amarela Silvestre (FAS), Terapia Intensiva, o que reduz as complicações e
diferenciando-se uma da outra pela localização a letalidade (BRASIL, 2008).
geográfica, espécie vetorial e tipo de hospedeiro A principal medida de controle consiste na
(BRASIL, 2008; FAÇANHA, 2013). imunização de todas as pessoas maiores de nove
A forma silvestre é transmitida, principalmente meses de idade que estejam expostas ao risco de
entre macacos, por mosquitos, e o ser humano é in- infecção, por residir, trabalhar ou viajar para
fectado quando entra nesse ecossistema. Já a forma áreas endêmicas. Ainda, a erradicação ou
urbana tem como vetor principal o Aedes aegypti e controle dos mosquitos Aedes aegypti é
a transmissão ocorre no ciclo homem infectado, pi- capaz de prevenir a febre amarela ur-
cada do mosquito e homem sadio (BRASIL, 2008). bana (FAÇANHA, 2013).
O diagnóstico é clínico, epidemiológico e labo-
ratorial, sendo as formas leves e modera-
das confundidas com outras viroses e,
por isso, são de difícil diagnóstico, neces-
sitando-se da história epi-
demiológica para a sua
identificação (BRASIL,
2008).
UNIDADE 4 135
Influenza
A hepatite C tem como agente infeccioso o vírus O sarampo é uma doença altamente contagiosa
RNA, sendo caracterizada por infecções assinto- causada pelo vírus RNA pertencente à família Pa-
máticas ou sintomática. Alguns sintomas relata- ramyxoviridae, que continua sendo causa impor-
dos são: mal-estar, febre, cefaléia, fadiga, anorexia, tante de morte em menores de 5 anos de idade em
entre outros. todo mundo (FAÇANHA, 2008). A evolução da
A transmissão ocorre, principalmente, por via doença apresenta três períodos distintos: período
parenteral. São consideradas populações de risco prodrômico ou catarral, período exantemático e
os indivíduos que receberam transfusão de san- período de convalescença ou descamação furfu-
gue e/ou hemoderivados antes de 1993, pessoas rácea (BRASIL, 2008).
que compartilham material para uso de drogas A transmissão pode ocorrer diretamente de
injetáveis e pessoas com tatuagem e piercings ou pessoa a pessoa, por meio das secreções nasofarín-
que apresentem outras formas de exposição per- geas, expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar
cutânea. (BRASIL, 2008).
A transmissão sexual pode ocorrer em pes- O diagnóstico pode ser clínico, epidemiológico
soas com múltiplos parceiros e com prática sexual e laboratorial, sendo este último o mais empre-
de risco acrescido (sem uso de preservativo). A gado. Em relação ao tratamento, este é realizado
transmissão perinatal é possível e ocorre, quase utilizando antitérmicos, hidratação oral e higiene
sempre, no momento do parto ou logo após. A adequada dos olhos, pele e vias aéreas superiores
transmissibilidade ocorre a partir de uma semana (BRASIL, 2008). A principal medida de controle
antes do aparecimento dos sintomas e mantém-se do sarampo é a vacinação, a qual baseia-se em
enquanto o paciente apresentar RNA-HCV rea- (BRASIL, 2008):
gente (BRASIL, 2008; FAÇANHA, 2013). • Uma dose da vacina tríplice viral aos 12
O diagnóstico é clínico-laboratorial e o trata- meses de idade;
mento consiste basicamente em repouso até que • Uma segunda dose da vacina entre 4 a 6
ocorra a normalização das aminotransferases e anos de idade.
restrição da ingestão de álcool por, no mínimo,
seis meses (BRASIL, 2008). Algumas medidas de
controle são:
• Triagem sorológica nos bancos de sangue,
descartando para transfusão bolsas prove-
nientes de pacientes suspeitos.
• Seleção de máquinas para pacientes por-
tadores do vírus e em uso de hemodiálise.
• Os profissionais de saúde devem seguir
rigorosamente as normas universais de
biossegurança.
UNIDADE 4 137
Doenças Infecciosas Causadas por Bactérias
Na sequência, serão apresentadas algumas das principais doenças infecciosas causadas por bactérias.
Tuberculose Hanseníase
A tuberculose pode ser considerada uma das A hanseníase, também chamada, anteriormente,
doenças infecciosas de maior impacto em saúde de lepra, é uma doença infectocontagiosa, crônica,
global. Estima-se que um terço da população mun- curável, causada pelo bacilo de Hansen. Esse baci-
dial se encontra infectado pelo Mycobacterium lo é capaz de infectar grande número de pessoas
tuberculosis, e que 9,6 milhões de casos da doença (alta infectividade), mas poucos adoecem (baixa
e 1,5 milhão de óbitos a ela relacionados ocorreram patogenicidade). Sua capacidade de invasão neu-
em 2014 (BRASIL, 2016). O Brasil situa-se entre ral é responsável pelo alto potencial incapacitante
os 22 países considerados prioritários para con- da Hanseníase (BRASIL, 2008).
trole da tuberculose pela Organização Mundial da Por ser uma doença de período de incubação
Saúde, por concentrarem 80% dos casos da doença muito longo, com sintomas e sinais clínicos de
em todo o mundo (SEGURADO; CASSENOTE; início insidioso, quando o diagnóstico é feito, a
LUNA, 2016). A doença atinge a todos os grupos doença já se encontra instalada há algum tempo.
etários, com maior predomínio nos indivíduos O diagnóstico e o tratamento precoce da doença
economicamente ativos (15 - 54 anos) e do sexo são as principais estratégias para o seu controle
masculino. (TEIXEIRA et al., 2013).
Após a inalação dos bacilos, que alcançam os O bacilo é eliminado pelas vias aéreas supe-
alvéolos, ocorre uma inflamação, afetando, assim, riores, que são também a sua principal porta de
os pulmões. A contaminação ocorre a partir da entrada (FAÇANHA, 2013). Desse modo, o con-
fala, tosse e espirro. tato prolongado ou intenso de indivíduos susce-
O tratamento da tuberculose deve ser feito em tíveis com pacientes bacilíferos não tratados é o
regime ambulatorial, sob supervisão, no serviço principal modo de transmissão (BRASIL, 2008).
de saúde mais próximo à residência do doente. A hanseníase é uma das doenças que o Mi-
A hospitalização é indicada apenas para os casos nistério da Saúde tem por meta eliminar como
graves ou naqueles em que a probabilidade de problema de saúde pública. As medidas de con-
abandono do tratamento é alta, em virtude das trole da doença baseiam-se em diagnóstico pre-
condições sociais do doente (BRASIL, 2008). coce e tratamento adequado dos casos, prevenção
A principal medida de prevenção recomendável das incapacidades físicas, vigilância dos contatos
é a aplicação da vacina BCG, a qual preconiza a faixa domiciliares e informação e educação para o pa-
etária de 0 a 4 anos de idade (BRASIL, 2008). O tra- ciente, os familiares e a comunidade, para redução
tamento com antibiótico e quimioterápico também da discriminação, manutenção e reinserção do
diminui o período de transmissibilidade, reduzindo paciente na sociedade e busca de diagnóstico e
a efetividade do doente como dispersor do bacilo. tratamento precoces (FAÇANHA, 2013).
A leptospirose é uma doença infecciosa febril agu- A suspeita de leptospirose pode ser confirma-
da, causada por bactérias do gênero Leptospira. da a partir de métodos laboratoriais específicos,
Do ponto de vista epidemiológico, os roedores sendo indicado o tratamento com drogas, como
são considerados os principais reservatórios de ampicilina, penicilina, tetraciclina, entre outras
leptospiras na natureza, tendo destaque o rato de (BRASIL, 2008).
esgoto (Rattus norvegicus). A infecção humana As medidas de controle dessa doença incluem
por leptospiras depende do contato direto da pele ações relativas ao:
ou mucosas com coleções de água nas quais se en- • Controle de roedores (antirratização e des-
contra urina de animais infectados. Em ambientes ratização).
urbanos, considera-se relevante, do ponto de vista • Melhoria das condições higiênico-sanitá-
epidemiológico, a exposição acidental que ocorre rias da população.
após contato com água ou lama, por ocasião da • Armazenamento apropriado de alimentos.
ocorrência de fortes chuvas ou enchentes. • Destino adequado do lixo.
Embora se acredite que a maioria dos casos • Cuidados com a higiene.
de infecção por leptospiras seja assintomática, ou • Remoção e destino adequado de resíduos
seja, não acompanhada de quaisquer sintomas, em alimentares humanos e animais.
outros indivíduos, sintomas inespecíficos podem • Manutenção de terrenos baldios murados
surgir após um período de incubação médio de e livres de mato e entulhos.
7 a 14 dias. Nessa situação, a leptospirose pode • Cuidado com as excretas de animais doen-
ser confundida com outras síndromes febris, tes.
como influenza, dengue, ou mesmo ser qualifi- • Assistência médica adequada.
cada como “virose” (SEGURADO; CASSENOTE; • Imunização de animais domésticos, entre
LUNA, 2016). outras.
UNIDADE 4 139
Esterilização, Limpeza
e Desinfecção
Esterilização
UNIDADE 4 141
A esterilização tem como base o binômio tempo versus tempera-
tura, podendo apresentar diferentes valores, conforme indicado
na Tabela 1.
Tabela 1 - Temperaturas e tempos de exposição utilizados na esterilização
Esterilização
Métodos Métodos
Métodos Físicos
Químicos Físico-químicos
Plasma de peróxido
Radiação
de hidrogênio
Métodos físicos
Calor
Calor Características
A temperatura obtida equivale ao ponto de ebulição da água, sendo produzido
Vapor saturado a partir da combinação da energia que aquece a água com níveis maiores que
sob pressão a pressão atmosférica, acelerando o aquecimento e alcançando temperaturas
adequadas para a esterilização.
Vapor saturado Contém somente água no estado gasoso, agregando tanta água quanto possível
seco temperatura e pressão.
Vale destacar que, ainda se tratando da esterilização por calor, existem outros processos, como: a esteri-
lização por gravidade, a esterilização por alto vácuo e a esterilização por vácuo pulsátil (BRASIL, 2001).
Radiação
UNIDADE 4 143
Métodos Químicos
Os métodos químicos utilizados para esterilização podem ser líquidos ou gasosos e se caracterizam
pelas interações entre compostos.
UNIDADE 4 145
Desinfecção
Métodos Físicos
Esse método faz uso de soluções desinfetantes que agem por contato e, desta forma, o artigo deve ser
colocado em recipiente contendo solução suficiente para que fique totalmente imerso. Após a desin-
fecção, os artigos devem ser enxaguados com água que atenda os padrões de potabilidade estabelecidos
por normas específicas (BRASIL, 2001). O Quadro 5 indica os principais desinfetantes utilizados na
desinfecção dos artigos hospitalares.
Quadro 5 - Desinfetantes e características no processo de desinfecção dos artigos
Métodos Físico-químicos
Os métodos físico-químicos atuam, como já descritos, na esterilização, utilizando, neste caso, os de-
sinfetantes adequados para o processo.
Neste contexto, caro(a) aluno(a), diante de tudo que aprendemos até o momento, uma ressalva
fundamental se faz necessária, isto é, não existe um método com 100% de eficácia e todos apresentarão
alguma limitação.
UNIDADE 4 147
Barreiras de Controle
e Isolamento
Quadro 6 - Alguns EPIs comumente utilizados pelos profissionais da área da saúde na precaução padrão
Barreiras de
Aplicação
contenção
Deve ser usado como barreira física, quando existir possibilidade de contaminar as
roupas ou a pele do profissional da saúde com material biológico. Deve-se despre-
Avental
zar o avental de proteção de contato imediatamente após uso, antes de sair do
quarto.
Fonte: adaptado de SCIH – HUM, (2014, on-line)1; Silva et al. (2016, on-line)2.
UNIDADE 4 149
Além das PP, existem também as precauções de contato, precauções respiratórias contra aerossóis e
precauções respiratórias contra gotículas, conforme mostrado no Quadro 7 (SILVA et al., 2016, on-line)2.
Diante deste contexto, observa-se que é essencial oferecer todo cuidado necessário para o paciente
“isolado”, mas sem esquecer de usar as precauções adequadas.
A instalação de isolamento fica sob a respon- de doença infecciosa, a equipe deve avaliar se a
sabilidade da equipe médica e de enfermagem doença é passível de isolamento e tomar as me-
da unidade, que deverão analisar a natureza da didas necessárias para prevenir sua transmissão
infecção e as condições do paciente. É de funda- o mais breve possível. E, assim, de acordo com a
mental importância que as medidas indicadas avaliação, o isolamento poderá ser, ainda, domici-
sejam observadas precocemente, e na suspeita liar ou hospitalar (SCIH – HUM, 2014, on-line)1.
Que barreiras técnicas devem ser As barreiras vão variar de acordo com o agente infeccioso,
utilizadas? modo de transmissão e condições do paciente.
Deste modo, com a tomada da decisão do isola- tar a data do início e do tempo previsto para o
mento, faz-se necessário a adoção de um quarto isolamento e assinar como responsável (SCIH
privativo localizado afastado do posto de enfer- – HUM, 2014, on-line)1.
magem, da sala de procedimentos, de locais onde Além do isolamento no quarto privativo, tam-
se realizam preparo de medicações e de áreas de bém há o isolamento coorte, no qual, em uma
grande circulação de pessoas. O quarto, ainda, enfermaria, ficam segregados um grupo de pa-
deve possuir: cientes que foram acometidos de doença infec-
• Banheiro privativo. ciosa causada pelo mesmo agente, durante um
• Porta com visor. surto ou epidemia. É importante observar se o
• Janelas teladas. microrganismo, isolado de todos os pacientes,
• Cabideiros de parede no lado externo (cor- apresenta seguramente o mesmo perfil de sus-
redor) e no interior do quarto. ceptibilidade aos antimicrobianos para evitar pro-
• Campainha com fácil acesso ao paciente. pagação de resistência ou superinfecção. O tempo
• Pia para lavagem das mãos e material para de isolamento varia de acordo com o período de
a higienização das mãos com preparações transmissibilidade de cada doença (SCIH–HUM,
alcoólicas. 2014, on-line)1. O hospital deverá definir uma
área específica para isolamento conforme critérios
Os quartos do isolamento devem sempre manter clínicos, restringindo ao máximo o número de
as portas fechadas e identificadas, afixando na acessos a essa área, com o objetivo de conseguir
parte externa uma folha de orientações especí- um maior controle da movimentação, evitando-se
ficas para o tipo de isolamento definido, ano- o tráfego indesejado e o cruzamento de pessoas.
UNIDADE 4 151
Doenças Infectocontagiosas Estado Emocional dos
que Exigem Isolamento dos Pacientes Sob Isolamento
Pacientes
O isolamento provoca um afastamento do pa-
As principais doenças infectocontagiosas que ciente em relação à continuidade da vida fora do
exigem isolamento dos pacientes estão descritas seu quarto, o que acaba refletindo diretamente
no Quadro 9. na sua saúde mental. As unidades de isolamento
geram um nível de estresse muito grande tanto
Quadro 9 - Doenças infectocontagiosas e o tipo de precau-
ção que deve ser adotada pelo profissional da saúde para os doentes como em seus acompanhan-
tes, que ficam isolados juntamente com eles. O
Material
Doença Precaução isolamento de crianças é ainda mais tortuoso,
infectante
pois além de ficarem tristes e deprimidas, elas
Secreção Respiratória e
Caxumba pedem para sair ou choram por querer brincar
respiratória Padrão
do lado de fora com as outras crianças que ca-
Secreção
Coqueluche Respiratória minham livremente pela enfermaria (CARDIM
respiratória
et al., 2008).
Secreção
Contato e Desta maneira, é fundamental que o profis-
Difteria das lesões e
Respiratória sional da saúde esteja atento aos seguintes aspec-
respiratória
Secreções
tos associados ao paciente (SCIH – HUM, 2014,
Herpes Aerossóis e on-line)1:
das lesões e
zoster Contato
respiratória • Permitir visitas e acompanhamento após
Meningite me- Secreção Respiratória e orientação (mesmo de forma limitada).
ningocócica respiratória Padrão • Conversar com o paciente, explicando
Secreção o porquê das medidas de isolamento e
Raiva Contato
respiratória buscar esclarecer suas dúvidas, visando
Secreção diminuir sua ansiedade e temores sem
Rubéola Respiratória
respiratória fundamento.
Secreção • Incentivar uma boa interação entre o pa-
Sarampo Aerossóis
respiratória ciente e a equipe multiprofissional.
Tuberculose • Verificar se o alarme ou campainha do
Aerossóis Aerossóis
pulmonar quarto está funcionando, para garantir a
Secreções rápida comunicação do paciente com a
Aerossóis e
Varicela das lesões e equipe de enfermagem.
contato
respiratórias
• Quando necessário, solicitar assistência
Fonte: SCIH – HUM (2014, on-line)1; SILVA et al. (2016, social e psicológica.
on-line)2.
UNIDADE 4 153
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
154
2. A vida se manifesta por meio da saúde e da doença, que são formas únicas,
experiências subjetivas e que não podem ser manifestadas integralmente por
meio de palavras. Portanto, a compreensão e discussão desses termos se fa-
zem fundamentais. Nesse sentido, avalie as assertivas apresentadas e assinale
a alternativa correta.
I) As doenças transmissíveis constituem importante causa de morte e ainda
afligem milhões de pessoas em numerosas regiões, especialmente nos países
em desenvolvimento.
II) Fatores de difícil classificação, como o estresse, não podem causar problemas
à saúde dos seres vivos.
III) Doença pode ser definida como qualquer perturbação ou anormalidade ob-
servada no funcionamento orgânico do indivíduo ou do seu comportamento.
IV) Dentre os fatores que podem causar doenças nos seres humanos encon-
tram-se os biológicos, físicos e químicos.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas I, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
155
4. Assim como na esterilização, a desinfecção dos artigos comuns aos ambientes
hospitalares pode ser feita por métodos físicos, químicos e físico-químicos. O
uso de diferentes técnicas de esterilização faz com que existam contratempos
com infecções e transmissão de doenças devido à falta de higiene. Nesse senti-
do, associe as colunas contendo os diferentes desinfetantes químicos com sua
correta classificação e assinale a alternativa correta.
A) Rápida ação bactericida, eliminando também o bacilo da tuberculose, os fungos
e os vírus, não agindo, porém, contra os esporos bacterianos.
B) Pode ser líquido ou gás; é comumente encontrado como formalina, apresenta
ação bactericida potente, fungicida, agindo também contra vírus, bacilos da
tuberculose e esporos bacterianos; cancerígeno.
C) Boa ação antimicrobiana dependendo da concentração de uso; pode ser líquido
ou pó; ação rápida; baixo custo.
I) Formaldeído.
II) Álcool Etílico.
III) Hipoclorito de Sódio.
Está correta apenas:
a) B - I, A - III e C - II.
b) B - III, C - I e A - II.
c) C - I, B - II e A - III.
d) B - I, A - II e C - III.
e) A - I, B - II e C - III.
156
LIVRO
157
BACKES, M. T. S.; ROSA, L. M.; FERNANDES, G. C. M.; BECKER, S. G.; MEIRELLES, B. H. S.; SANTOS, S. M.
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1. B.
2. D.
3. E.
4. D.
5. Detergentes enzimáticos: são detergentes que, em sua composição, apresentam amilases, proteases e
lipases, que promovem simultaneamente a dispersão, solubilização e emulsificação, removendo substâncias
orgânicas das superfícies dos artigos. São biodegradáveis, neutros, não oxidantes, com ação bacteriostática.
Detergentes não enzimáticos: detergente de baixa alcalinidade a base de tensoativo aniônico ou em asso-
ciação de tensoativos aniônicos e não iônicos.
161
162
163
164
Dra. Michele Putti Paludo
Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Gerenciamento e Descarte
de Resíduos Laboratoriais
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Aprender acerca do manuseio, controle e descarte espe- • Conhecer as diferentes normas da legislação em biosse-
cíficos de resíduos químicos e biológicos. gurança.
• Conceituar plano de gerenciamento de resíduos de ser-
viços de saúde.
Manuseio, Controle e
Descarte de Produtos
Químicos e seus Resíduos
UNIDADE 5 167
grega o esforço de várias agências internacionais, danos físicos à saúde humana e ao meio ambien-
coordenadas pela Organização das Nações Unidas te. O GHS oferece a primeira base globalmente
(ONU), para harmonizar a classificação de produ- uniformizada para avaliação das propriedades das
tos químicos perigosos e a comunicação de peri- substâncias e dos riscos associados (ABIQUIM,
gos para diferentes públicos alvo – organizações, 2005; SCHNEIDER; GAMBA; ALBERTINI, 2011).
trabalhadores e consumidores em geral. Dessa maneira, com base nos perigos ofereci-
A classificação é uma estratégia fundamental dos, os produtos químicos podem ser classificados
para priorizar as atividades de gestão dos riscos em: perigos físicos, perigos à saúde e perigos ao
relacionados a produtos químicos, permitindo meio ambiente. Vejamos, no Quadro 1, a descrição
identificar aqueles que têm o potencial de causar de cada um dos perigos mencionados.
Classificação Descrição
Explosivos
Gases inflamáveis
Aerossóis inflamáveis
Gases oxidantes
Gases sob pressão
Líquidos inflamáveis
Sólidos inflamáveis
Substâncias autorreativas
Perigos físicos
Líquidos pirofóricos
Sólidos pirofóricos
Substâncias autoaquecíveis
Substâncias que, em contato com a água, liberam gases inflamáveis
Líquidos oxidantes
Sólidos oxidantes
Peróxidos orgânicos
Corrosivo aos metais
Toxicidade aguda
Corrosão e irritação da pele
Danos e irritação séria nos olhos
Sensibilização respiratória ou dérmica
Perigos à saúde Mutagenicidade em células germinativas
Carcinogenicidade
Toxicidade à reprodução
Toxicidade sistêmica em órgão alvo – exposição única e múltipla
Perigoso por aspiração
Perigos ao meio ambiente Perigoso para o ambiente aquático (toxicidade crônica e aguda)
Os potenciais perigos que os produtos químicos cias que podem, assim, oferecer riscos de explo-
podem oferecer estão, muitas vezes, associados a são, incêndio, liberação de gases tóxicos e outros
medidas inadequadas de estocagem e manuseio danos. O ideal é sempre identificar os produtos,
nos laboratórios. Esses perigos sempre existirão, a fim de que seja possível um gerenciamento se-
mas podem ser amenizados ou eliminados a partir guro dos riscos às pessoas, ao meio ambiente e
do conhecimento das propriedades dos materiais ao patrimônio da empresa ou laboratório (CRQ,
(COSTALONGA; FINAZZI; GONÇALVES, 2010). [2018], on-line)1. O Quadro 2 apresenta alguns
Um fator fundamental que devemos observar exemplos de substâncias incompatíveis e que, por-
na estocagem dos produtos químicos é a existên- tanto, devem permanecer afastadas e separadas
cia de incompatibilidade entre algumas substân- umas das outras.
Substância Incompatibilidade
Acetona Ácido nítrico e sulfúrico concentrados
Amônia Mercúrio, fluoreto de hidrogênio, hipoclorito de cálcio, bromo e cloro
Líquidos inflamáveis Nitrato de amônio, ácido crômico, peróxido de sódio, ácido nítrico e os halogênios
Iodo Acetileno, amônia e hidrogênio
Mercúrio Acetileno e amônia
Ácido fluorídrico Amônia (aquosa ou anidra)
Anidrido acético, bismuto e suas ligas, álcoois, papel, madeira e outros mate-
Ácido perclórico
riais orgânicos
Álcool etílico ou metílico, ácido acético glacial, dissulfeto de carbono, glicerina,
Peróxido de sódio
etilenoglicol e acetato de etila
Dessa forma, devemos ter o máximo cuidado ao armazenarmos os reagentes no laboratório, prevenindo
a ocorrência de reações dos produtos entre si, as quais podem oferecer perigo. Sendo esses produtos
incompatíveis no armazenamento, você saberia como guardar esses materiais de forma segura? A seguir,
estão descritas algumas medidas que podem auxiliá-lo(a) nessa tarefa (CRQ, [2018], on-line)1.
• O estoque por compatibilidade.
• Separação dos reagentes ácidos e básicos em armários diferentes.
• Os reagentes sólidos devem ser separados dos líquidos, a fim de evitar um meio adequado para
reações, no caso de quebra dos frascos.
• Os reagentes voláteis, em especial solventes, devem ser guardados em armários com ventilação
e a prova de explosão.
• Os reagentes incompatíveis com água devem ficar longe de tubulações.
• Não é aconselhável armazenar os reagentes químicos em ordem alfabética.
UNIDADE 5 169
Manuseio e Controle dos Descarte dos Produtos
Produtos Químicos Químicos e seus Resíduos
O manuseio seguro de produtos químicos de- Os produtos químicos e seus resíduos, prove-
pende de um conjunto de ações voltadas à pre- nientes de laboratórios de pesquisa e extensão,
venção, minimização ou eliminação de perigos são considerados resíduos químicos e, portanto,
inerentes às atividades de pesquisa, produção, é de extrema importância que estes apresen-
ensino, desenvolvimento tecnológico e presta- tem um adequado descarte. De acordo com a
ção de serviços, visando à saúde do homem, dos Resolução CONAMA nº 358, resíduo químico
animais e à preservação do meio ambiente. Pro- é todo material ou substância com caracterís-
dutos químicos potencialmente perigosos podem tica de periculosidade, que quando não forem
ser encontrados por toda parte, não somente no submetidos a processo de reutilização ou reci-
ambiente de trabalho, mas também no domicílio clagem, podem apresentar risco à saúde pública
das pessoas e em locais frequentemente visitados, ou ao meio ambiente, dependendo de suas ca-
como o comércio, oficinas, entre outros. Portanto, racterísticas de inflamabilidade, corrosividade,
é indispensável todo o cuidado quando manu- reatividade e toxicidade.
seamos esses materiais (SCHNEIDER; GAMBA; Dessa forma, os resíduos gerados devem ser
ALBERTINI, 2011). Além disso, é fundamental acondicionados, rotulados e encaminhados para
o uso de equipamentos de proteção individual a área de armazenamento externo de resíduos
(EPI), como luvas, máscaras e óculos de proteção. químicos para serem descartados corretamente.
Os grupos de compostos que podem apresentar
risco à saúde pública ou ao meio ambiente são os
(BRASIL, 2005):
• Produtos hormonais e produtos antimi-
crobianos.
• Resíduos de saneantes, desinfetantes, resí-
duos contendo metais pesados.
• Reagentes para laboratório, inclusive os
recipientes contaminados por estes.
• Efluentes de processadores de imagem (re-
veladores e fixadores).
• Efluentes dos equipamentos automatiza-
dos utilizados em análises clínicas.
• Demais produtos considerados perigosos,
conforme classificação da NBR 10004 (tó-
xicos, corrosivos, inflamáveis e reativos)
(ABNT, 2004).
UNIDADE 5 171
Em relação ao descarte desses resíduos, o Quadro 3 apresenta algumas medidas e cuidados importantes
que devem ser adotados pelos responsáveis da geração dos resíduos.
Quadro 3 – Medidas e cuidados adotados no descarte dos resíduos químicos orgânicos perigosos
Fármacos Vencidos
UNIDADE 5 173
Manuseio, Controle e
Descarte de Produtos
Biológicos
Resíduos Medicinais
Envolve todos os resíduos continuamente gerados em diagnóstico, em tratamento ou na
imunização de seres humanos ou de animais, em pesquisa e na produção de testes biológicos.
Resíduos Patológicos
São os resíduos oriundos das carcaças de animais.
O manuseio dos produtos biológicos deve ser cional a microrganismos patogênicos veiculados
efetuado por pessoal treinado e devidamente pelo sangue vão além do comprometimento fí-
paramentado com os equipamentos de proteção sico a curto prazo e influenciam em outros as-
individual indicados no Infográfico 1. pectos da saúde. O acidente envolvendo material
Sabe-se que a falta de cuidado no manuseio e biológico potencialmente contaminado pode
nos demais procedimentos que envolvem os re- trazer repercussões psicossociais ao profissio-
síduos biológicos afetam muitos profissionais da nal acidentado, levando mudanças nas relações
área da saúde e podem acarretar graves proble- sociais, familiares e de trabalho (MAGALHÃES;
mas. As consequências de uma exposição ocupa- SANCHEZ, 2014).
UNIDADE 5 175
Equipamento Função e Características
Aproveitando o ensejo, vamos, neste momento, Cabe ressaltar que, na possibilidade de uti-
aprofundarmos em relação à necessidade de trata- lização da autoclave, esta deverá ser preferida
mento prévio dos resíduos biológico oriundos dos pela redução dos impactos ambientais. Em se-
serviços de saúde para o seu descarte. Os métodos guida, aos pré-tratamentos descritos, é necessá-
mais comuns aplicados são a autoclavagem e a ria a etapa de destinação dos resíduos livres de
desinfecção química (FONSECA, 2009). contaminação, e um procedimento amplamente
utilizado nos serviços de saúde é a incinera-
Autoclavagem ção. Este processo é indicado para os resíduos
que não podem ser reciclados, reutilizados ou
Na autoclavagem, a descontaminação se dá quan- dispostos em aterros sanitários. A partir desse
do o resíduo é exposto a altas temperaturas, me- pré-tratamento, é possível reduzir significativa-
diante contato com vapor de água, durante um mente, em volume e em peso, a matéria orgânica
período de tempo suficiente para destruir todos submetida ao processo.
os agentes patogênicos. Para esporos bacterianos, o Para que a incineração ocorra de maneira
processo requer uma temperatura mínima de 121 eficiente, é preciso controlar alguns parâmetros,
ºC durante 20 minutos, ou 5 minutos para tempe- como: conformação do equipamento, tempo de
raturas superiores a 134 ºC. A eficiência do proces- residência adequado, temperatura, turbulência,
so depende do tipo e do tamanho dos recipientes alimentação e oxigenação. Recomenda-se que
a serem esterilizados e, ainda, de sua distribuição os materiais submetidos à incineração sejam
no interior da autoclave (FONSECA, 2009). pré-tratados por processo adequado para mi-
nimizar risco de exposição. Os incineradores
Desinfecção Química modernos atuam com duas câmaras: na primei-
ra, a temperatura deve ser de, ao menos, 800 ºC;
A redução ou eliminação da carga microbiana na segunda de, ao menos, 1000 ºC.
por meio de desinfecção química é uma alter- Podem ser incinerados os resíduos biológi-
nativa à autoclavagem. Esse método é indicado cos do grupo A, curativos, chumaços, espéculos
para o tratamento de resíduos líquidos, como descartáveis, esparadrapo, algodão, gazes, dre-
sangue, urina e outros fluidos corpóreos. Dentre nos, escalpes, bolsas coletoras, material de sutura,
os agentes desinfetantes mais comuns estão: aldeí- luvas, todo e qualquer material que entrar em
dos, compostos a base de cloro, sais de amônio e contato com pacientes. É importante ressaltar
compostos fenólicos. A velocidade e a eficiência que cinzas e escórias obtidas com a incinera-
dependem do tipo e da quantidade de substância ção contêm metais pesados e, portanto, devem
empregada, do tempo e da extensão do contato ser caracterizadas segundo NBR 10004 (ABNT,
entre o desinfetante e o resíduo, da matéria or- 2004) e enviadas para aterro condizente com a
gânica presente no resíduo, da temperatura, da classe do material (FONSECA, 2009). O Quadro
umidade e do pH (FONSECA, 2009; CARTILHA 5 indica alguns resíduos biológicos e estabelece
FMUSP-HC, 2017, on-line)2. o pré-tratamento e a destinação final adequados.
UNIDADE 5 177
Quadro 5 – Resíduos biológicos, pré-tratamento e destinação adequada
Os resíduos biológicos devem ser acondicionados lógicos, vacinas de agentes vivos ou atenuados,
em sacos brancos, contendo o símbolo universal bolsas transfusionais contendo sangue, rejeitadas
de risco biológico (Figura 1) de tamanho compa- por contaminação, má conservação ou vencidas e
tível com a quantidade. Há um lacre próprio para sobras de amostras de laboratório contendo san-
o fechamento, sendo terminantemente proibido gue ou líquidos corpóreos são exemplos de mate-
esvaziar ou reaproveitar os sacos. A substituição riais biológicos que necessitam, obrigatoriamente,
do saco ocorrerá quando forem atingidos 2/3 de receber tratamento antes de deixar o local.
sua capacidade e pelo menos uma vez a cada 24 Enquanto que recipientes e materiais contami-
horas. Dessa forma, a coleta deve ser efetuada dia- nados provenientes da manipulação de amostras
riamente e em intervalos regulares, de forma a humanas, bolsas transfusionais vazias ou com vo-
atender à demanda e evitar acúmulo de resíduos lume residual, filtros de ar e gases aspirados de área
nos locais de produção (FONSECA, 2009; CAR- contaminada, membrana filtrante de equipamento
TILHA FMUSP-HC, 2017, on-line)2. de pesquisa e outros similares devem ser acondi-
Ainda, é de fundamental importância que cionados em sacos brancos, lacrados, identificados
todos os sacos de descarte estejam devidamente e armazenados em recipiente rígido até a coleta
identificados e preenchidos, contendo informa- (CARTILHA FMUSP-HC, 2017, on-line)2.
ções, como: nome do responsável ou nome do Dessa forma, os resíduos que não podem ser
Departamento e data do descarte do saco (CAR- tratados no estabelecimento gerador devem ser
TILHA FMUSP-HC, 2017, on-line)2. armazenados para serem, então, enviados para tra-
Culturas, estoques de microrganismos e instru- tamento ou destino final. Dependendo do porte do
mentais utilizados para transferência, inoculação gerador, pode haver necessidade de se ter um abri-
ou mistura destes, resíduos de manipulação ge- go interno e um externo, os quais devem atender
nética, resíduos de fabricação de produtos bio- uma série de especificações (FONSECA, 2009).
UNIDADE 5 179
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Devido a sua relevância, o PGRSS deve ser planejado e conhecido de toda a gestão laboratorial. Nesse
contexto, diversos modelos básicos, como os indicados na sequência, podem ser encontrados em
diversos sites de busca, com o intuito de auxiliar e exemplificar no preenchimento deste documento
tão relevante. Seguem alguns links contendo exemplos de PGRSS básicos:
<https://goo.gl/LgSR6d>.
<https://goo.gl/kf4Brn>.
Lembrando que as especificidades de segmento e as exigências municipais e estaduais devem
sempre ser respeitadas.
UNIDADE 5 181
Fontes Geradoras Classificação dos Resíduos
dos Serviços de Saúde (RSS)
Diferentes estabelecimentos de assistência à saúde
humana ou animal são responsáveis pela geração Os resíduos devem ser classificados em gru-
de resíduos sólidos, líquidos e semilíquidos, com pos e subgrupos para facilitar a execução da
maior ou menor potencial contaminante. Dentre atividade e dar o correto tratamento para cada
estes estão (BRASIL, 2006): grupo. A classificação dos RSS objetiva destacar
• ID da Serviços de assistência domiciliar e de a composição desses resíduos visando seu ma-
trabalhos de campo. nejo seguro, segundo suas características bio-
• Laboratórios analíticos de produtos para lógicas, físicas, químicas, o estado da matéria e
saúde. sua origem, e os riscos de transmitir doenças,
• Necrotérios, funerárias e serviços onde se provocar acidentes ocupacionais ou promo-
realizam atividades de embalsamento. ver danos ao meio ambiente (MOL; SANTOS;
• Serviços de medicina legal. NUNES, 2017).
• Drogarias e farmácias, inclusive, as de ma- Dessa forma, segundo a Resolução n° 306
nipulação. (BRASIL, 2004) e a Resolução CONAMA n°
• Estabelecimentos de ensino e pesquisa na 358 (BRASIL, 2005), os resíduos de serviço de
área de saúde. saúde são classificados em:
• Centros de controle de zoonoses.
• Distribuidores de produtos farmacêuticos,
importadores, distribuidores e produtores de
materiais e controles para diagnóstico in vitro.
• Unidades móveis de atendimento à saúde.
• Serviços de acupuntura. Grupo A
• Serviços de tatuagem, dentre outros similares.
Este grupo compreende resíduos que
Ressalta-se que os estabelecimentos de serviços possivelmente apresentam agentes bio-
de saúde mencionados anteriormente são os res- lógicos com concentração e virulência
ponsáveis pelo correto gerenciamento de todos elevada, elevando riscos de infecção.
os resíduos dos serviços de saúde (RSS) por eles Em função de seus vários tipos de mi-
gerados, cabendo aos órgãos públicos, dentro de crorganismos existentes, os resíduos do
suas competências, a gestão, regulamentação e grupo A podem ser subdivididos em
fiscalização (BRASIL, 2006). cinco subgrupos, sendo eles:
UNIDADE 5 183
Grupo B Tratamento e Disposição
Final dos RSS
Compreende resíduos com substâncias
químicas que apresentam possível risco Para a descontaminação dos resíduos infectan-
à saúde pública ou ao meio ambiente, tes, deve ser empregado tratamento prévio por
dependendo de algumas característi- meio da aplicação de processos térmicos, quí-
cas específicas, como: inflamabilidade, micos ou biológicos, de eficiência comprovada,
corrosividade, reatividade e toxicidade. visando reduzir ou eliminar o risco de contami-
nação, acidentes ocupacionais ou danos à saúde
pública e ao meio ambiente. Já o tratamento final
Grupo C pode ser efetuado por técnicas, como: vala sép-
tica, micro-ondas, pirólise, plasma térmico, au-
São todos os materiais remanescentes toclavagem, esterilização de gases e incineração.
de atividades que envolvam radionu- A escolha depende da adequação da técnica às
clídeos em quantidades superiores aos características quali-quantitativas do resíduo e
limites de eliminação especificados do seu fluxo nos ambientes externos e internos
nas normas da Comissão Nacional de do estabelecimento gerador (MOL; SANTOS;
Energia Nuclear (CNEN) para os quais NUNES, 2017).
a reutilização é imprópria, não prevista Dentre os resíduos com risco biológico ge-
ou não recomendada. rados em estabelecimento de saúde, o grupo A,
com destaque para os subgrupos A1, A2 e A5, é o
que apresenta potencial de contaminação eleva-
Grupo D do e, portanto, deve ser descontaminado no local
de geração, antes da destinação final, que pode
Trata-se dos resíduos que não represen- ser realizada em aterro sanitário devidamente
tam risco biológico, químico ou radio- licenciado para receber este tipo de resíduo.
lógico à saúde humana e ao meio am- Caso estejas com dúvida em relação aos trata-
biente, sendo equiparados aos resíduos mentos utilizados nos resíduos de serviço de saú-
domésticos ou domiciliares. de, retorne ao tópico anterior, nele explicamos
separadamente os métodos de autoclavagem e
desinfecção química, além da incineração.
Grupo E Em relação a disposição final dos RSS, as for-
mas atualmente utilizadas são: aterro sanitário,
São os materiais perfurocortantes (lâ- aterro de resíduos perigosos classe I (para re-
minas de barbear, agulhas, ampolas de síduos industriais), aterro controlado, lixão ou
vidro, bisturi etc.) e escarificantes. vazadouro e valas (BRASIL, 2006).
Aterro Sanitário Lixão ou Vazadouro
UNIDADE 5 185
Legislação em
Biossegurança
CNTBio
““
• Autorizar, cadastrar e acompanhar as ati-
CNTBio, composta de membros titulares e vidades de pesquisa com OGM ou deri-
suplentes, designados pelo Ministro de Es- vado de OGM, nos termos da legislação
tado da Ciência e Tecnologia é constituída em vigor.
por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de • Autorizar a importação de OGM e seus
reconhecida competência técnica, de no- derivados para atividade de pesquisa.
tória atuação e saber científico, com grau • Prestar apoio técnico consultivo e de as-
acadêmico de doutor e com destacada ativi- sessoramento ao Conselho Nacional de
dade profissional nas áreas de biosseguran- Biossegurança (CNBS), na formulação da
ça, biotecnologia, biologia, saúde humana e Política Nacional de Biossegurança (PNB)
animal ou meio ambiente [...]. de OGM e seus derivados.
• Emitir Certificado de Qualidade em Bios-
Segundo a Lei de Biossegurança, a CNTBio tem segurança – CQB para o desenvolvimento
como objetivos: de atividades com OGM e seus derivados
• Estabelecer normas para as pesquisas com em laboratório, instituição ou empresa e
OGM e derivados de OGM. enviar cópia do processo aos órgãos de
• Estabelecer normas às atividades e aos pro- registro e fiscalização.
jetos relacionados a OGM e seus derivados. • Emitir decisão técnica, caso a caso, sobre a
• Estabelecer, no âmbito de suas competên- biossegurança de OGM e seus derivados
cias, critérios de avaliação e monitoramen- no âmbito das atividades de pesquisa e de
to de risco de OGM e seus derivados. uso comercial de OGM e seus derivados,
• Proceder à análise da avaliação de risco, inclusive a classificação quanto ao grau
caso a caso, relativamente a atividades e de risco e nível de biossegurança exigido,
projetos que envolvam OGM e seus de- bem como medidas de segurança exigidas
rivados. e restrições ao uso.
• Estabelecer os mecanismos de funciona- • Definir o nível de biossegurança a ser apli-
mento das Comissões Internas de Biosse- cado ao OGM e seus usos, e os respectivos
gurança – CIBio, no âmbito de cada insti- procedimentos e medidas de segurança
tuição que se dedique ao ensino, à pesquisa quanto ao seu uso, conforme as normas
científica, ao desenvolvimento tecnológi- estabelecidas na regulamentação desta Lei,
co e à produção industrial que envolvam bem como quanto aos seus derivados.
OGM ou seus derivados. • Classificar os OGM segundo a classe de
• Estabelecer requisitos relativos à biossegu- risco, observados os critérios estabelecidos
rança para autorização de funcionamen- no regulamento desta Lei.
to de laboratório, instituição ou empresa • Acompanhar o desenvolvimento e o pro-
que desenvolverá atividades relacionadas gresso técnico-científico na biossegurança
a OGM e seus derivados. de OGM e seus derivados.
UNIDADE 5 187
• Emitir resoluções, de natureza normativa, Como podemos observar, são inúmeras as atribui-
sobre as matérias de sua competência. ções concedidas ao CNTBio, por meio da Lei de
• Apoiar tecnicamente os órgãos competen- Biossegurança, e deixa claro a grande preocupa-
tes no processo de prevenção e investigação ção em relação, principalmente, à biossegurança
de acidentes e de enfermidades, verificados dos OGM e seus derivados.
no curso dos projetos e das atividades com Caso empresas ou demais entidades não res-
técnicas de DNA/RNA recombinante. peitem as normas estabelecidas pela Lei citada e
• Apoiar tecnicamente os órgãos e entidades disposições legais pertinentes, os responsáveis pelos
de registro e fiscalização no exercício de danos ao meio ambiente e a terceiros responderão,
suas atividades relacionadas a OGM e seus solidariamente, por sua indenização ou reparação
derivados. integral, independentemente da existência de culpa.
• Divulgar no Diário Oficial da União, pre- As infrações administrativas serão punidas na
viamente à análise, os extratos dos plei- forma disposta no regulamento desta Lei, inde-
tos e, posteriormente, dos pareceres dos pendentemente das medidas cautelares de apreen-
processos que lhe forem submetidos, bem são de produtos, suspensão de venda de produto e
como dar ampla publicidade no Sistema embargos de atividades, com as seguintes sanções:
de Informações em Biossegurança – SIB • Advertência.
a sua agenda, processos em trâmite, rela- • Multa.
tórios anuais, atas das reuniões e demais • Apreensão de OGM e seus derivados.
informações sobre suas atividades, excluí- • Suspensão da venda de OGM e seus de-
das as informações sigilosas, de interesse rivados.
comercial, apontadas pelo proponente e • Embargo da atividade.
assim consideradas pela CTNBio. • Interdição parcial ou total do estabeleci-
• Identificar atividades e produtos decor- mento, atividade ou empreendimento.
rentes do uso de OGM e seus derivados • Suspensão de registro, licença ou autori-
potencialmente causadores de degradação zação.
do meio ambiente ou que possam causar • Cancelamento de registro, licença ou au-
riscos à saúde humana. torização.
• Reavaliar suas decisões técnicas por so- • Perda ou restrição de incentivo e benefício
licitação de seus membros ou por recur- fiscal concedidos pelo governo.
so dos órgãos e entidades de registro e • Perda ou suspensão da participação em li-
fiscalização, fundamentado em fatos ou nha de financiamento em estabelecimento
conhecimentos científicos novos, que se- oficial de crédito.
jam relevantes quanto à biossegurança do • Intervenção no estabelecimento.
OGM ou derivado, na forma desta Lei e • Proibição de contratar com a administra-
seu regulamento. ção pública, por período de até 5 (cinco)
• Propor a realização de pesquisas e estudos anos.
científicos no campo da biossegurança de
OGM e seus derivados. Vale salientar que todos os recursos arrecadados
• Apresentar proposta de regimento interno com base nas infrações cometidas serão destinados
ao Ministro da Ciência e Tecnologia. aos órgãos e entidades de registro e fiscalização.
Crime Pena
Utilização de embrião humano em desacordo com o previsto
Detenção de 1 a 3 meses e multa
pela Lei 11.105
Praticar engenharia genética em célula germinal humana,
Reclusão de 1 a 4 anos e multa
zigoto humano ou embrião humano
Realizar clonagem humana Reclusão de 2 a 5 anos e multa
Liberar ou descartar OGM no meio ambiente, em desacordo
com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e Reclusão de 1 a 4 meses e multa
entidades de registro e fiscalização
Utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnolo-
Reclusão de 2 a 5 anos e multa
gias genéticas de restrição do uso
Produzir, armazenar, transportar, comercializar, importar ou
exportar OGM ou seus derivados, sem autorização ou em
Reclusão de 1 a 2 anos e multa
desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos
órgãos e entidades de registro e fiscalização
O Ministro de Estado da Casa Civil, o Ministro da Justiça, o Ministro da Ciência e Tecnologia, o Mi-
nistro do Desenvolvimento Agrário, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministro da
Saúde, o Ministro do Meio Ambiente, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
o Ministro das Relações Exteriores, o Ministro da Defesa e o Secretário de Aquicultura e Pesca são os
constituintes do CNBS.
UNIDADE 5 189
Comissão Interna de
Biossegurança (CIBio)
UNIDADE 5 191
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
192
Está correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas II está correta.
d) Apenas I, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
193
WEB
194
ABIQUIM. Associação Brasileira da Indústria Química. Departamento de Assuntos Técnicos. O que é o GHS?
Sistema harmonizado globalmente para a classificação e rotulagem de produtos químicos. São Paulo: ABIQUIM/
DETEC, 2005. 69 p.
______. ABNT NBR 14725-2. Produtos químicos – informações sobre segurança, saúde e meio ambiente.
Parte 2: Classificação de perigo. 2009. 98 p.
BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Lei n° 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta
os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos
de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados,
cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
– CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de
1995, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no10.814,
de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2005. Disponível em:
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______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 306, de 7 de
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pdf/95eac678-d441-4033-a5ab-f0276d56aaa6>. Acesso em: 29 out. 2018.
______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de gerenciamento de resíduos
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______. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n° 358,
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dá outras providências. 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35805.pdf>.
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FONSECA, J. C. L. Manual para gerenciamento de resíduos perigosos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.
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MAGALHÃES, J.; SANCHEZ, M. C. O. O cuidado no manuseio do resíduo biológico por parte do profissional
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REFERÊNCIAS ON-LINE
196
1. B.
2. D.
4. Após o registro no local de geração, as peças anatômicas e o material visceral remanescente devem ser
acondicionados para transporte interno adequado, encaminhados para tratamento térmico por incineração
em condições compatíveis com o estabelecido na Resolução CONAMA nº 316/2002.
5. Estabelecer normas para as pesquisas com OGM e derivados de OGM; Estabelecer normas às atividades
e aos projetos relacionados a OGM e seus derivados; Estabelecer, no âmbito de suas competências, crité-
rios de avaliação e monitoramento de risco de OGM e seus derivados; Proceder à análise da avaliação de
risco, caso a caso, relativamente a atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados; Estabelecer
os mecanismos de funcionamento das Comissões Internas de Biossegurança – CIBio, no âmbito de cada
instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção
industrial que envolvam OGM ou seus derivados; Estabelecer requisitos relativos à biossegurança para
autorização de funcionamento de laboratório, instituição ou empresa que desenvolverá atividades rela-
cionadas a OGM e seus derivados; Relacionar-se com instituições voltadas para a biossegurança de OGM
e seus derivados, em âmbito nacional e internacional.
197
198
199
CONCLUSÃO