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Biossegurança

Dra. Michele Putti Paludo


Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Distância; PALUDO, Michele Putti; MATEUS, Gustavo Affonso. Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente
Biossegurança. Michele Putti Paludo; Gustavo Affonso Pisano da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Mateus.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2019.
200 p.
“Graduação - EAD”. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. Biossegurança. 2. Normas. 3. Cuidados. 4. EaD. I. Título.
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
ISBN 978-85-459-1727-4 Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Design
Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação
CDD - 22 ed. 574.87 e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho,
Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros,
Impresso por: Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey,
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Ribeiro Garcia, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi, Fotos Shutterstock.

Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos


Santos Moraes.
Designer Educacional Aguinaldo Jose Lorca
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Ventura Junior e Janaína de Souza Pontes.
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira.
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Editoração Bruna Stefane Martins Marconato
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 e Victor Augusto Thomazini.
Ilustração Marcelo Yukio Goto e Mateus Calmon.
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro
Naldei e Thiago Surmani.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
WILSON DE MATOS SILVA MEC como uma instituição de excelência, com
REITOR IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
WILLIAM DE MATOS SILVA dos celulares.
PRÓ-REITOR EXECUTIVO DE EAD As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
Janes Fidélis Tomelin
PRÓ-REITOR DE ENSINO EAD
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Kátia Coelho
DIRETORIA DE GRADUAÇÃO
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- E PÓS-GRADUAÇÃO
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita Leonardo Spaine
DIRETORIA DE PERMANÊNCIA
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas Débora Leite
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- DIRETORIA DE DESIGN EDUCACIONAL
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao nosso material didático inti-


tulado “Biossegurança”. A princípio, o título desta obra nos remete a uma
série de normas e cuidados especiais no manejo de seres vivos ou, ainda,
aos cuidados necessários para uma rotina laboral adequada. Entretanto, a
partir de uma análise aprofundada, será possível compreender o quanto
a biossegurança influencia as mais variadas áreas do conhecimento. Para
elucidar tal afirmação, esta obra foi dividida em 5 Unidades elaboradas
almejando contribuir para a construção do conhecimento acerca desta
temática de forma ampla e generalista.
A Unidade 1 tem por objetivo apresentar informações e conceitos acerca
da biossegurança com ênfase nas aplicações dos serviços de saúde. Serão
apresentadas as recomendações usuais para a realização de atividades se-
guras em ambientes laborais, também conhecidas como boas práticas em
biossegurança. Além disso, serão apresentados os equipamentos de proteção
individuais e coletivos comuns aos ambientes de trabalho dos profissionais
da saúde, bem como informações acerca da percepção e avaliação de riscos
presentes nestes ambientes.
A Unidade 2 é destinada aos riscos presentes nos ambientes em que ocor-
rem práticas comuns aos serviços de saúde, sendo eles os riscos físicos,
químicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais. De forma complemen-
tar, a Unidade 3 apresenta informações específicas da rotina laboratorial
fundamentais para a prática laboral segura e consciente, por exemplo, as
diferentes simbologias aplicadas e o mapa de risco.
E, por fim, as Unidade 4 e 5 apresentam as doenças comuns aos ambientes
laboratoriais, bem como suas respectivas medidas de prevenção e controle
e as medidas de gerenciamento e descarte de resíduos laboratoriais, clínicos
e hospitalares, respectivamente.
Assim, gostaríamos de reforçar o convite para, juntos, percorrermos este
material e para que seja possível multiplicar os conhecimentos acerca de
tantos assuntos abordados ao longo deste livro. Muito obrigado e bons
estudos!
CURRÍCULO DO PROFESSOR

Dra. Michele Putti Paludo


Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos da
Universidade Federal do Rio Grande (2016), Mestrado pelo mesmo programa (2012) e Gra-
duação em Bacharel em Química de Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas (2008).
Tem experiência na área de alimentos funcionais, principalmente em produtos a base de
okara e arroz, e Engenharia de Bioprocessos, com ênfase no cultivo de microalgas utilizan-
do coprodutos industriais, isolamento de microrganismos potencialmente produtores de
lipase, enzimas imobilizadas e síntese de ésteres de aroma frutal. Pós-doutorado na área de
tratamento de águas contaminadas com pesticidas a partir do desenvolvimento de novos
adsorventes derivados de grafeno (2017).
Currículo disponível em: <http://lattes.cnpq.br/7239624982564924>.

Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus


Mestrado em Biotecnologia Ambiental pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Espe-
cialização em Docência no Ensino Superior e Análise Ambiental pela mesma instituição e Gra-
duação em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). Experiência
nas áreas de Fitossanidade, com ênfase em fungos fitopatogênicos e Tratamentos Alternativos
de Água e Efluentes, em especial com os temas: processos de separação por membranas e
coagulantes naturais. Atualmente, é aluno do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia
Ambiental da Universidade Estadual de Maringá em nível de Doutorado.
Currículo disponível em: <http://lattes.cnpq.br/1379816809384173>.
Biossegurança
Aplicada aos
Serviços de Saúde

13

Riscos Ambientais

49
Especificidades em
Rotina Laboratorial

89

Doenças,
Prevenção e Medidas
de Contenção:
da Higiene ao
Isolamento

125

Gerenciamento
e Descarte de
Resíduos
Laboratoriais

165
65 Riscos Biológicos

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Dra. Michele Putti Paludo
Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus

Biossegurança Aplicada
aos Serviços de Saúde

PLANO DE ESTUDOS

Boas Práticas em Percepção e Avaliação


Biossegurança de Riscos em Serviços
de Saúde

Introdução à Equipamentos de
Biossegurança Proteção Individual
(EPI) e Coletiva (EPC)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conceituar Biossegurança e conhecer seus campos de • Conhecer os diferentes equipamentos de proteção indi-
atuação. vidual e coletivo.
• Compreender as boas práticas laboratoriais voltadas aos • Entender os principais programas relacionados à percep-
serviços em saúde. ção e avaliação de riscos em serviços de saúde.
Introdução à
Biossegurança

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Nes-


ta primeira unidade de nosso material didático
da disciplina de Biossegurança, iremos conhecer
um pouco sobre as diferentes áreas de atuação e
as competências da Biossegurança, sendo uma
delas voltada ao desenvolvimento de técnicas e
procedimentos inovadores, e a outra voltada à
segurança ambiental.
Mediante ao conteúdo apresentado, será pos-
sível inferir acerca da relevância desta disciplina
em cursos da área da saúde, especialmente no que
tange aos serviços de atendimento populacional
em saúde.
As práticas associadas à Biossegurança per-
meiam boas condutas em ambientes laboratoriais
voltadas à saúde, mediante às orientações e ins-
truções sobre uso e aplicação dos instrumentos
de proteção individual e coletiva, indispensáveis
para a realização das atividades relacionadas aos
serviços de saúde e que são fundamentais para
a garantia da saúde dos profissionais e do meio
ambiente laboral e natural.
Apresentaremos, também nesta unidade, in- avanço dos processos tecnológicos, bem como
formações sobre a avaliação dos possíveis riscos na proteção da saúde humana, animal e do meio
associados às atividades dos serviços de saúde, ambiente.
voltados ao bem estar laboral e ao controle de Além destes, segundo Alves e Pacheco (2015),
possíveis complicações atreladas a estas ativida- existem outros conceitos para a biossegurança
des, como é o caso das infecções hospitalares, que relacionados à prevenção de acidentes em am-
demandam atenção e cuidados especiais em seu bientes ocupacionais, o que inclui o conjunto de
controle e prevenção. medidas técnicas, administrativas, educacionais,
Avaliar os riscos inerentes às atividades se faz médicas e psicológicas.
necessário para orientar os padrões de segurida- Com esta aproximação de algumas definições,
de a serem adotados, além de estarem relacio- verifica-se que o objetivo principal da biossegu-
nados a classificações e aos níveis de segurança rança é orientar um ambiente de trabalho no qual
laboratoriais. se promova a contenção dos riscos de exposição
Por fim, nesta unidade de estudo, esperamos a agentes potencialmente nocivos ao trabalha-
apresentar informações básicas e essenciais para dor, ao paciente e ao meio ambiente. Os méto-
fomentar sua atuação como futuro profissional da dos utilizados para obtenção dessa contenção
saúde, de forma crítica e ampla, possibilitando o representam as bases da biossegurança e são ditos
desenvolvimento de procedimentos operacionais primários ou secundários.
adequados necessários para uma gestão eficaz. A contenção, ou barreira primária, visa a pro-
Antes de nos aventurarmos pelas áreas de ação teção do trabalhador e do ambiente de trabalho
da Biossegurança, é necessário definirmos esse contra a exposição a agentes infecciosos, podendo
campo do conhecimento em função dos inúmeros ser obtida por meio de práticas microbiológicas
conceitos apresentados na literatura, para tanto, a seguras e pelo uso adequado dos equipamentos
fim de melhor compreendermos, iremos conhecer de segurança. Estes evitam casos de contaminação
algumas definições de forma simples e objetiva, nos mais variados ambientes de trabalho, como
vamos lá? em laboratórios em situações de vacinas (hepatite
Inicialmente, biossegurança pode ser definida B por exemplo), hospitais, clínicas de podologia,
como o conjunto de procedimentos, ações, técni- clínicas odontológicas, salões de beleza, terapeutas
cas, metodologias, equipamentos e dispositivos capilares, clínicas de estética, clínicas médicas e
capazes de eliminar ou minimizar riscos inerentes outras, contribuindo na proteção pessoal.
às atividades de pesquisa, produção, ensino, de- As barreiras secundárias dizem respeito à
senvolvimento tecnológico e prestação de serviços construção ou reforma de laboratórios, clínicas,
que podem comprometer a saúde do homem, ani- hospitais e outros, quanto a sua localização e
mais, meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos instalações físicas, as quais são importantes para
desenvolvidos (TEIXEIRA; VALLE, 2010). proporcionar uma barreira de proteção para pes-
Uma outra definição, apresentada pela Comis- soas dentro e, principalmente, fora do ambiente
são Técnica Nacional de Biossegurança (CTN- de trabalho, bem como para o meio ambiente.
Bio, 2009, on-line)1, está associada à garantia no Os tipos de barreiras secundárias dependerão

UNIDADE 1 15
do risco de transmissão dos agentes específicos Em 1980, a Organização Mundial de Saúde
manipulados no local. conceituou a biossegurança como práticas de pre-
São alguns exemplos de barreiras secundárias: venção para o trabalho em laboratório com agen-
a localização distante do acesso público, a presen- tes patogênicos e, além disso, classificou os riscos
ça de sistemas de ventilação especializados em como biológicos, químicos, físicos, radioativos e
assegurar o fluxo de ar unidirecionado, sistemas ergonômicos. Na década seguinte, observou-se a
de tratamento de ar para a descontaminação ou inclusão de temas, tais como ética em pesquisa,
remoção do ar liberado e câmaras pressurizadas meio ambiente, animais e processos envolvendo
como entradas de laboratório (BRASIL, 2006a). tecnologia de DNA recombinante em programas de
Nas próximas unidades, veremos quais são e que biossegurança (COSTA, M. A.; COSTA, M. F., 2002).
riscos essas barreiras previnem. No Brasil, de acordo com Shatzmayr (2001),
a biossegurança só se consolidou como área es-
pecífica nas décadas de 70 e 80, em decorrência
Histórico em Biossegurança do grande número de relatos de graves infecções
ocorridas em laboratórios e também de uma
O conceito de biossegurança começou a ser mais maior preocupação em relação às consequências
fortemente construído no início de 1970, na Cali- que a manipulação experimental de animais, plan-
fórnia, após o surgimento da engenharia genética, tas e microrganismos poderia trazer ao homem e
por meio da transferência e expressão do gene ao meio ambiente.
da insulina para Escherichia coli. Essa primeira Em 1995, foi implementada a Comissão Téc-
experiência, em 1973, provocou forte reação da nica Nacional de Biossegurança (CTNBio), a fim
comunidade científica mundial, fato que culmi- de estabelecer normas às atividades que envolvam
nou na realização da Conferência de Asilomar, em construção, cultivo, manipulação, uso, transpor-
1974. Nessa conferência, foram tratadas questões te, armazenamento, comercialização, consumo,
acerca dos riscos das técnicas de engenharia gené- liberação e descarte relacionados a organismos
tica e sobre a segurança dos espaços laboratoriais geneticamente modificados (OGMs) em todo o
(ALBUQUERQUE, 2001). território brasileiro (SCHOLZE, 1999).
A partir da Conferência de Asilomar, origina- Tais normas, além de tratarem da minimiza-
ram-se as normas de biossegurança do National ção dos riscos em relação aos OGMs, envolvem
Institute of Health (NIH), dos EUA. Seu mérito, os organismos não geneticamente modificados e
portanto, foi o de alertar a comunidade científica, suas relações com a promoção de saúde no am-
principalmente quanto às questões de biossegu- biente de trabalho, no meio ambiente e na comu-
rança inerentes à tecnologia de DNA recombinan- nidade (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004).
te. Desde então, a maioria dos países centrais viu-se A CTNBio é composta por membros titulares e
diante da necessidade de estabelecer legislações e suplentes, que representam o conhecimento das
regulamentações para as atividades que envolves- áreas humana, animal, vegetal e ambiental, e está
sem a engenharia genética (ALMEIDA; VALLE, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia
1999; ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2000). (SCHOLZE, 1999).

16 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


Em 19 de fevereiro de 2002, foi criada a Comissão de Biossegu-
rança em Saúde (CBS) no âmbito do Ministério da Saúde. A CBS
trabalha com o objetivo de definir estratégias de atuação, avaliação e
acompanhamento das ações de biossegurança, procurando sempre
o melhor entendimento entre o Ministério da Saúde e as instituições
que lidam com o tema (BRASIL, 2006a).
Anos depois, em 2005, o governo brasileiro sancionou a Lei
de Biossegurança (Lei n° 11.105/2005), a qual trata dos estudos
científicos envolvendo células-tronco embrionárias e o plantio de
sementes transgênicas no país (BRASIL, 11.105/2005).
Entretanto, no Brasil, existem duas vertentes acerca da biossegu-
rança, sendo uma relacionada à legislação e a outra voltada à prática
propriamente dita. A legal está voltada à manipulação de OGMs e
de células tronco, regulamentada pela Lei n° 11.105/2005. Já a pra-
ticada relaciona-se aos riscos químicos, físicos, biológicos, ergonô-
micos e de acidentes encontrados nos ambientes laborais, amparada,
principalmente, pelas normas regulamentadoras do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), Resoluções da Agência Nacional de
Vigilância em Saúde (ANVISA) e do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), entre outras (COSTA, 2005).
Por fim, está pequena perspectiva histórica na variação das abor-
dagens em Biossegurança nos dá uma singela noção da amplitude
dessa área do conhecimento tão essencial a diversas outras áreas
relacionadas à saúde ambiental e da população.

Classificação dos Riscos


Associados à Biossegurança

Torna-se impossível discutir biossegurança sem a associarmos aos


riscos laborais, sobretudo, quando existem legislações que regula-
mentam práticas laborais específicas aos trabalhadores da área da
saúde. Devido a relevância do assunto, os riscos serão esgotados
em outra unidade; entretanto, uma discussão não exaustiva se faz
necessária devido à influência dos riscos nas classificações de ati-
vidades e também nas esferas de trabalho.
O risco denota incerteza em relação a um evento futuro, sendo
definido como a probabilidade de ocorrer um acidente causando

UNIDADE 1 17
algum tipo de dano, lesão ou enfermidade. Hirata e Filho (2002) classificam os riscos em: riscos de
acidentes, ergonômicos, físicos, químicos e biológicos. A seguir, você conhecerá brevemente cada um
dos riscos apresentados:

Riscos de acidentes

Os riscos de acidentes são aqueles relacionados a situações de perigo que possam afetar a in-
tegridade, o bem-estar físico e moral dos indivíduos nos laboratórios. São exemplos de riscos
de acidentes: uso de equipamentos sem proteção, armazenamento ou descartes impróprios de
substâncias químicas, instalações elétricas com fios expostos ou com sobrecarga, dentre outros
(SANGIONI et al., 2013).

Riscos ergonômicos

Correspondem a qualquer ocorrência que venha a interferir nas características psicofisiológicas


do indivíduo, podendo gerar desconforto ou afetando sua saúde. É o caso das lesões causadas
pelo esforço repetitivo (LER) e as doenças ortomusculares relacionadas com o trabalho (DORT)
(SANGIONI et al., 2013). Para evitá-los, é necessário um ajuste entre as condições de trabalho, sob
os aspectos de praticidade, conforto físico e psíquico, modernização de máquinas e equipamen-
tos, entre outras (PEREIRA et al., 2014).

Riscos físicos

Os riscos físicos correspondem às diversas formas de energia que os indivíduos estão expostos,
podendo ser originadas de equipamentos ou de outras fontes. São os ruídos, vibrações, tempe-
raturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e pontia-
gudos (SANGIONI et al., 2013).

Riscos químicos

São os riscos associados a todas substâncias, compostos ou produtos nas formas de gases, va-
pores, poeiras, fumaças, fumos, névoas ou neblinas, que possam penetrar no organismo pela via
respiratória ou pelo contato por meio da pele ou ingestão (SANGIONI et al., 2013).

Riscos biológicos

Esse risco abrange a manipulação dos agentes e materiais biológicos. São considerados agentes
biológicos: vírus, bactérias, fungos, parasitas, príons, OGMs, além das amostras biológicas prove-
nientes das plantas, dos animais e dos seres humanos (sangue, urina, fezes, tecidos, entre outras)
(SANGIONI et al., 2013).

18 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


Apesar de todos os riscos expostos se apresentarem relevantes, os
biológicos ganham destaque. Nesse sentido, os agentes biológicos
são divididos em classes de 1 a 4 e a classe de risco especial (BRASIL,
2006b).
a ) Classe de risco 1
Agentes biológicos que oferecem baixo risco individual e
para a coletividade, conhecidos por não causarem doenças
em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplos: Lactoba-
cillus sp., Bacillus.
b ) Classe de risco 2
Agentes biológicos de moderado risco individual e limita-
do risco para a comunidade, que provocam infecções no
homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na
comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado,
e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas
eficazes. Exemplo: Schistosoma mansoni (agente da esquis-
tossomose).
c ) Classe de risco 3
Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e
moderado risco para a comunidade, transmitidos por via
respiratória e que causam patologias humanas ou animais,
potencialmente letais, para as quais existem, usualmente,
medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam
risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente,
podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplo: Bacillus
anthracis (agente do Anthrax).
d ) Classe de risco 4
Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e para
a comunidade, com alto poder de transmissibilidade por via
respiratória ou de transmissão desconhecida. Podem causar
doenças graves ao ser humano, ainda não existem meios efi-
cazes para a sua profilaxia ou tratamento. Esta classe inclui,
principalmente, os vírus. Exemplo: Vírus Ebola.
e) Classe de risco especial
Agentes biológicos que oferecem alto risco de causar doença
animal grave e de disseminação no meio ambiente. Inclui
agentes biológicos de doença animal não existente no país
e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de
importância para o homem, podem gerar graves perdas eco-
nômicas e/ou na produção de alimentos. Exemplo: Vírus da
influenza A aviária.

UNIDADE 1 19
Assim, com base na avaliação dos riscos, há a determinação do caminho a ser seguido, rela-
cionados ao desenvolvimento de atividades laborais como forma de alcançar a prevenção, a
minimização ou a eliminação, evitando-se não somente os acidentes que possam ocorrer, mas
também a exposição dos profissionais de saúde aos agentes presentes no ambiente de trabalho,
além da disseminação de microrganismos patogênicos ou de agentes de risco que possam
impactar na saúde pública. A Figura 1 representa a complexidade das ações de biossegurança,
segundo Cardoso (2016):

Vigilância médica
Descontaminação
Equipamentos de
Risco de proteção
acidente Projeto e
Usuário
Serviço Risco ergonômico construção
Serviço
de saúde Risco físico de instalações
Ambiente
Risco químico Boas práticas
Risco biológico Qualidade de
serviços
Monitoramento
Segurança predial

Figura 1 - Complexidade das ações em Biossegurança


Fonte: adaptada de Cardoso (2016).

Níveis de Biossegurança

Os níveis de biossegurança ou de biocontenção Nível de biossegurança 1 (NB-1): é o nível


são designados em ordem crescente (NB-1 a NB- necessário ao trabalho que envolva agentes biológi-
4), de acordo com o grau de proteção proporcio- cos da classe de risco 1. Representa um nível básico
nado ao pessoal do laboratório, ao meio ambiente de contenção, que se fundamenta na aplicação das
e à comunidade. Práticas mais ou menos rígidas boas práticas laboratoriais (BPLs), na utilização de
poderão ser adotadas quando temos uma infor- equipamentos de proteção e na adequação das ins-
mação específica que possa sugerir a virulência, talações. O Bacillus subtilis e Naegleria gruberi são
patogenicidade, os padrões de resistência aos exemplos de micro-organismos que se enquadram
antibióticos e às vacinas e a disponibilidade de nesse nível (BRASIL, 2006a).
tratamento ou outros fatores significativamente Nível de biossegurança 2 (NB-2): é o nível
alterados (BRASIL, 2006a). exigido para o trabalho com agentes biológicos
Desta forma, para Penna et al. (2010), os la- da classe de risco 2. O acesso ao laboratório deve
boratórios são divididos respeitando os níveis de ser restrito a profissionais da área (professores e
biossegurança: técnicos) e aos acadêmicos que estejam desenvol-

20 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


vendo atividades de ensino, pesquisa e extensão, Nesse tipo de laboratório, o acesso dos profissionais
mediante a autorização do profissional respon- deve ser controlado por um sistema de segurança
sável. O vírus da hepatite B, o HIV, a salmonela e rigoroso. Os vírus, como os de Marburg ou da febre
o Toxoplasma spp. são exemplos de micro-orga- hemorrágica Criméia-Congo, são manipulados no
nismos designados para esse nível de contenção nível de biossegurança 4 (BRASIL, 2006a).
(BRASIL, 2006a).
É importante destacar que os laboratórios
de ensino de microbiologia vinculados às insti- Norma Regulamentadora
tuições de ensino superior equivalem aos níveis (NR) 32
NB-1 e NB-2. Nas atividades realizadas nestes
laboratórios, há a manipulação de microrganis- Para finalizarmos este tópico, é importante des-
mos e parasitas de baixo risco biológico, estando tacar uma importante norma de biossegurança
associadas, principalmente, ao desenvolvimento que trata da Segurança e Saúde no Trabalho em
das aulas práticas, das ações de extensão e de pes- Serviços de Saúde, a NR 32, criada pelo Ministé-
quisa (SANGIONI et al., 2013). rio do Trabalho e Emprego. O objetivo dessa NR
Nível de biossegurança 3 (NB-3): esse nível é agrupar o que já existe no país em termos de
é aplicável aos locais onde forem desenvolvidos legislação e favorecer os trabalhadores da saúde,
trabalhos com agentes biológicos da classe de ris- estabelecendo diretrizes para implementação de
co 3. O Mycobacterium tuberculosis, o vírus da medidas de proteção à saúde e segurança destes.
encefalite de St. Louis e a Coxiella burnetii são Essa norma trata, ainda, dos riscos biológicos,
exemplos de microrganismos determinados para químicos, das radiações ionizantes, dos resíduos,
esse nível (BRASIL, 2006a). das condições de limpeza e conservação e da
Nível de biossegurança 4 (NB-4): esse nível manutenção de máquinas e equipamentos em
é exigido às atividades que manipulem os agentes serviços que prestam assistência à saúde (BRA-
biológicos da classe de risco 4 e agentes especiais. SIL, 2005).

A Norma Regulamentadora (NR) 32 tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a
implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de
saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
Conheça a NR 32 na íntegra no site: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr32.htm>.

UNIDADE 1 21
Boas Práticas
em Biossegurança

A biossegurança envolve a análise dos riscos a que


os profissionais de saúde estão constantemente
expostos em suas atividades e ambientes de tra-
balho. A avaliação de tais riscos engloba vários
aspectos, sejam relacionados aos procedimentos
adotados, às chamadas boas práticas em labora-
tório, aos agentes biológicos manipulados, à in-
fraestrutura dos laboratórios ou informacionais,
como à qualificação das equipes (BRASIL, 2006c).
As boas práticas em biossegurança seguem as
mesmas premissas das boas práticas laboratoriais
(BPLs), que compreendem um conjunto de nor-
mas, procedimentos e atitudes de segurança, que
visam minimizar os acidentes que envolvam as
atividades desempenhadas pelos laboratoristas,
bem como incrementar a produtividade, assegu-
rar a melhoria da qualidade dos serviços desen-
volvidos e, ainda, auxiliar na manutenção de um
ambiente seguro. Sendo assim, os cuidados com
a biossegurança dos espaços de atendimento à
população, abrange as mesmas prudências utili-
zadas nos laboratórios.
Ressalta-se que a utilização das BPLs requer
a aplicação do bom senso e prudência dos pro-
fissionais ao desenvolver cada atividade (MAS-
TROENI, 2005; ARAÚJO et al. 2009; SANGIONI

22 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


et al., 2013). Portanto, a não utilização de forma de de esclarecer dúvidas e orientar a execução das
adequada das BPLs pode ocasionar riscos imi- ações e devem estar de acordo com as diretrizes e
nentes no âmbito laboratorial. normas da instituição, ser atualizados sempre que
As BPLs padrões nos laboratórios devem ser necessário e deverão ser seguidos por todos (médi-
conhecidas e aplicadas por todos os usuários cos, enfermeiros e auxiliares) de forma padronizada
(SANGIONI et al., 2013). Essas medidas, ainda, (GUERRERO; BECCARIA; TREVIZAN, 2011).
são constituídas por atividades organizacionais Mas como elaboramos um POP?
do ambiente de trabalho e por procedimentos A figura a seguir informa, de maneira geral,
básicos, como a utilização de Equipamentos de alguns passos importantes para a elaboração de
Proteção Individual (EPIs) e Equipamentos de um Procedimento Operacional Padrão.
Proteção Coletivos (EPCs), limpeza e higieniza-
Nome do POP
ção do ambiente laboratorial, dentre outras.
A seguir, vamos apresentar a importância de
Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e tam- Objetivo do POP
bém algumas práticas laboratoriais adotadas para
equipamentos, profissionais, materiais e ambiente Documentos de referência
(MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009; (manuais)

PENNA et al., 2010; SANGIONI et al., 2013).


Local de aplicação

Procedimentos Operacionais
Padrão (POP)
Sigla (se houver)

Descrição das etapas da tarefa e de seus executadores


Com o intuito de garantir a aplicação dos prin- e responsáveis
cípios das BPLs, um dos instrumentos utilizados
nos laboratórios são os Procedimentos Operacio-
Fluxograma
nais Padrão (POP). Segundo Molinaro, Caputo
e Amendoeira (2009), o POP pode ser definido
Local onde poderá ser encontrado e o nome
como um documento que expressa o planejamen- do responsável pela guarda e atualização
to do trabalho, a fim de padronizar e minimizar a
ocorrência de desvios na execução das atividades
Frequência de atualização
e, assim, garantir aos usuários serviços ou produ-
tos livres de variáveis indesejáveis, independen-
temente de quem as realize. Um Procedimento Forma que será gerado ( papel, eletrônico)

Operacional Padrão tem como meta garantir que


a qualidade seja a mesma em todas as etapas do Gestor (quem colaborou)
processo em qualquer momento.
O POP descreve cada passo crítico e sequencial
que deverá ser dado pelo operador para garantir o Responsável

resultado esperado da tarefa. Na área da saúde, os Figura 2 - Fluxograma para elaboração de um POP
POPs ficam contidos em manuais com a finalida- Fonte: Gourevitch e Morris (2008).

UNIDADE 1 23
Com base no fluxograma, nota-se que o POP deve a. Ser configurados regularmente e estar em
conter informações suficientes para que todos os locais apropriados, livre de interferências
colaboradores possam utilizá-lo como um guia, (corrente de ar, vibrações, umidade, inci-
assim como, em caso de dúvida, saibam onde bus- dência de luz solar e calor).
car mais informações ou a quem recorrer (GOU- b. Ser operados apenas por profissionais trei-
REVITCH; MORRIS, 2008). nados e capacitados.
Para Gourevitch e Morris (2008), o POP é um c. Estar em condições de utilização e seguir
instrumento destinado a quem executa a tarefa; este um plano rigoroso de validação, qualifica-
deve ser simples, completo e objetivo para que possa ção, calibração, esterilização e manutenção.
ser interpretado por todos os colaboradores. Quanto d. Possuir orientações em relação a sua utili-
a sua aplicação, representa a base para garantir a zação presentes nos procedimentos opera-
padronização de tarefas e assegurar aos usuários um cionais padrões (POP).
serviço ou produto livre de variações (não confor- e. Ser inspecionados regularmente e man-
midades) que poderão interferir na qualidade final. tidos em condições adequadas para ope-
Assim, os POPs são recursos tecnológicos im- ração por pessoas qualificadas para esse
portantes na prática de saúde e, como tal, devem trabalho, como profissionais treinados,
ser validados, uma vez que, dessa forma, adqui- vinculados a empresas do segmento.
rem credibilidade científica, a ponto de serem
eficazes no processo de mudança da prática as-
sistencial, bem como na melhoria do resultado do Boas Práticas Laboratoriais
desempenho dos profissionais. Os POPs ajudam e Clínicas Aplicadas a
a sintetizar a informação mediante uma estrutura Profissionais e Usuários
concisa e promovem a tradução do conhecimento
para melhorar a prática (GERAIX; CAMPOS, G. As Boas Práticas são de grande importância
CAMPOS, R. 2007; CUNHA; LEITE, 2008). para os colaboradores e usuários do local, uma
vez que elas prezam pela segurança e proteção
de todos. A seguir, estão descritas algumas me-
Boas Práticas Laboratoriais didas:
e Clínicas Aplicadas a a. É proibido a ingestão e/ou o preparo de ali-
Equipamentos mentos e bebidas, fumar, mascar chicletes
e manipular lentes de contato.
Os equipamentos de laboratório requerem condi- b. Evitar o uso de qualquer tipo de acessórios/
ções apropriadas para cumprirem sua funcionali- adornos durante as atividades laborato-
dade, além de contarem com a conduta ética dos riais.
profissionais que irão utilizá-los. Os itens a seguir c. Pipetar com a boca é expressamente proi-
descrevem boas práticas laboratoriais e orienta- bido e jamais se deve colocar na boca ob-
ções de utilização destinadas aos manuseio dos jetos de uso no laboratório (canetas, lápis,
equipamentos. Portanto, os equipamentos devem: borrachas, entre outros).

24 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


d. Observar os princípios básicos de higiene, m. Dependendo do local, evitar trabalhar so-
como manter as mãos limpas e unhas apa- zinho, como no caso dos laboratórios, e
radas; sempre lavar as mãos antes e após jornadas de trabalho prolongadas, como
vários procedimentos. Se não existirem em atendimentos em clínicas, em que o
pias no local, líquidos antissépticos devem excesso de atividade diária possa levar a
estar à disposição para limpeza das mãos. lesões por esforços repetitivos ou dores
e. Trajar roupas de proteção durante as ativi- osteoarticulares do trabalho.
dades laboratoriais, como: jalecos, aventais,
macacões, entre outros. Essas vestimentas
não devem ser usadas em outros ambientes Boas Práticas Laboratoriais
fora do laboratório ou clínica como: escri- e Clínicas Aplicadas a
tório, biblioteca, salas de estar e refeitórios. Materiais e Reagentes
f. Usar luvas de procedimentos somente nas
atividades laborais e evitar tocar em obje- A seguir, estão apresentadas medidas de Boas Prá-
tos de uso comum. ticas adotadas para materiais e reagentes:
g. Usar os equipamentos de proteção ade- a. Identificar todos os produtos químicos
quados durante o manuseio de produtos e frascos com soluções, medicamentos,
químicos. princípios ativos, ácidos, cosméticos, cos-
h. Utilizar calçados fechados, confortáveis e mecêuticos e reagentes, os quais devem
antiderrapante. conter a indicação do produto, condições
i. Manter os artigos de uso pessoal fora das de armazenamento, prazo de validade e
áreas destinadas às atividades laboratoriais. toxidade do produto.
j. Manusear, transportar e armazenar mate- b. Acondicionar os resíduos biológicos e
riais (biológicos, químicos e vidrarias) de químicos em recipientes adequados, e que
forma segura para evitar qualquer tipo de apresentem condições seguras para enca-
acidente. O manuseio de produtos quími- minhá-los ao serviço de descarte.
cos voláteis, metais, ácidos e bases fortes, c. Armazenar adequadamente matérias-pri-
entre outros, necessita ser realizado em ca- mas, padrões, reagentes e demais insumos,
pela de segurança química. As substâncias avaliando-se o grau de risco, compatibili-
inflamáveis precisam ser manipuladas com dades, incompatibilidades, bem como as
extremo cuidado, evitando-se proximida- condições ideais de luz, umidade e tem-
de de equipamentos e fontes geradoras de peratura de armazenamento.
calor. d. O descarte dos materiais cortantes deve ser
k. Acidentes ocorridos devem ser documen- realizado em recipientes de paredes rígidas,
tados e avaliados para correções e preven- com tampa e devidamente identificado.
ções. e. No descarte, as agulhas usadas não devem
l. Os trabalhadores devem ser devidamente ser dobradas, quebradas, reutilizadas, reca-
treinados e informados. peadas, removidas das seringas ou mani-

UNIDADE 1 25
puladas antes de desprezadas. Seu descarte zadas regularmente antes e imediatamente
deve ser feito em recipiente adequado a após o término das atividades laboratoriais.
material perfurocortante (como caixas de Em caso de derramamentos, dependendo
papelão específicas para coletar material do tipo e quantidade de material biológi-
perfurocortante descartável provenientes co disseminado, pode-se empregar para a
das ações de atenção à saúde - descarpark). descontaminação do local álcool 70% ou
f. Assegurar que os resíduos biológicos sejam solução de hipoclorito de sódio a 10%.
descontaminados antes de serem descar- e. O descarte de resíduos deve ser feito de
tados. maneira que não comprometa a saúde dos
profissionais e do meio ambiente.
Vale destacar que, além de todas essas medidas, f. Todo laboratório deve ser sinalizado de
a Associação Brasileira de Normas Técnicas forma a facilitar a orientação dos usuários
(ABNT) parametrizou símbolos de segurança nos e advertir quanto aos potenciais riscos
rótulos, a fim de lembrar aos usuários o risco do presentes no local. A utilização correta e
manuseio inadequado ou a exposição a um pro- o respeito à sinalização de segurança são
duto, representando nos pictogramas os primeiros entendidos como barreiras primárias das
sintomas com o contato da substância (MOLINA- medidas de contenção.
RO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). g. Instituir um programa de controle de roe-
dores e vetores nos laboratórios.
h. Disponibilizar kits de primeiros socorros
Boas Práticas Laboratoriais e promover a capacitação dos usuários em
Aplicadas ao Ambiente segurança e emergência nos laboratórios.
Laboratorial
Segundo Molinaro, Caputo e Amendoeira (2009),
Algumas BPLs aplicadas ao ambiente laboratorial o Ministério da Saúde recomenda que o símbolo
estão descritas a seguir: de risco biológico seja disposto na entrada do la-
a. Restringir o acesso de pessoas ao laborató- boratório, informando também o microrganismo
rio, isto é, somente os indivíduos autoriza- manipulado, a classe de risco, o nome do pesqui-
dos pelos coordenadores e professores po- sador responsável e o telefone de contato. Além
dem ingressar nos ambientes laboratoriais. disso, deve conter a frase: “Proibida a entrada de
b. Visitas de crianças no laboratório é desa- pessoas não autorizadas”.
conselhável. Diante do que foi exposto, observa-se que a
c. Não é recomendado que haja plantas no adoção das Boas Práticas Laboratoriais assume
interior do laboratório. uma importância primordial para a melhoria da
d. Garantir que a limpeza dos laboratórios qualidade do ambiente de trabalho, asseguran-
(bancadas, pisos, equipamentos, instru- do a proteção tanto dos profissionais quanto dos
mentos e demais superfícies) sejam reali- usuários do serviço.

26 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


Equipamentos de
Proteção Individual (EPI)
e Coletiva (EPC)

Como vimos no item anterior, alguns equipamen-


tos são necessários para a realização das BPL, sen-
do eles os equipamentos de proteção individual e
coletiva. Os equipamentos de proteção são barrei-
ras primárias que visam a proteger o profissional
(individual) e o ambiente (coletivo).
A Norma Regulamentadora n° 6, do Ministério
do Trabalho e Emprego, estabelece que o emprega-
dor é obrigado a fornecer ao trabalhador equipa-
mentos de proteção individual (EPI), orientando e
treinando sobre o uso adequado, guarda e conser-
vação, realizando periodicamente a higienização e
a manutenção, substituindo imediatamente sem-
pre que danificado e extraviado (MOLINARO;
CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009).
Os trabalhadores da área da saúde que atuam
em hospitais, clínicas e laboratórios são considera-
dos como categoria profissional de alto risco, pois
estão frequentemente expostos aos riscos bioló-
gicos, em especial, quando manuseiam fluídos
corpóreos e sangue (NISHIDE; BENATTI, 2004).

UNIDADE 1 27
Assim, é fundamental que o profissional da Equipamentos de Proteção
saúde utilize os equipamentos de forma correta, Individual (EPIs)
pois, descartáveis ou não, deverão estar à dispo-
sição e em número suficiente nos postos de tra- Os EPIs são todos os dispositivos de uso indivi-
balho, de forma que seja garantido seu imediato dual destinados a proteger a saúde e a integridade
fornecimento ou reposição (SKRABA; NICKEL; física do trabalhador (MOLINARO; CAPUTO;
WOTKOSKI, 2006). AMENDOEIRA, 2009). Segundo Alves e Pache-
Destaca-se, ainda, que tais medidas de prote- co (2015), os EPIs que devem estar disponíveis,
ção tornaram-se alvo de preocupações a partir obrigatoriamente, para todos os profissionais que
da epidemia da Síndrome da Imunodeficiência trabalham em ambientes de saúde são: jalecos,
Humana (AIDS), com a ocorrência do primeiro luvas, máscaras, óculos, protetores faciais e cal-
caso comprovado de contaminação em um hospi- çados fechados.
tal na Inglaterra (TEIXEIRA; VALLE, 2010). Fatos Desta forma, todos esses EPIs são utilizados
como este nos permitem ressaltar a importância para prevenir o usuário de adquirir doenças em
da biossegurança aplicada à área da saúde. virtude do contato profissional-paciente e contra
riscos de acidentes de trabalho, visando à conser-
vação da sua própria saúde.
Sendo assim, o uso dos EPIs de forma combi-
nada, ou não, objetiva minimizar a disseminação
Os equipamentos de proteção não devem ser de microrganismos e proteger áreas do corpo
inseridos de forma autoritária na rotina de expostas à material infectante, especialmente
trabalho. É fundamental que os colaboradores sangue, líquidos corporais, secreções e excretas.
e profissionais da saúde receba capacitação para A seguir, vamos conhecer mais detalhadamente
utilizá-los e tenha um prazo para se adaptar; cada um desses equipamentos:
caso contrário, ao invés de proteger, esses a. Jalecos: são de uso obrigatório para todos
equipamentos poderão tornar-se elementos que trabalham nos ambientes laboratoriais
geradores de acidentes. Devemos, também, em que ocorra a manipulação de micror-
levar em consideração o conforto proporcionado ganismos patogênicos, manejo de animais,
pelos equipamentos e a qualidade do produto e, lavagem de material, esterilização e ma-
ainda, exigir, junto ao Ministério do Trabalho, o nipulação de produtos químicos. O uso
Certificado de Aprovação (CA) (TEIXEIRA; VALLE, deve ser restrito aos laboratórios, evitando
2010). a contaminação do ambiente exterior. O
tecido do jaleco deve, de preferência, ser
de fibras naturais (100% algodão), uma vez
Portanto, caro(a) aluno(a), a utilização desses que as fibras sintéticas se inflamam com
equipamentos é de extrema importância, sobre- facilidade. Mangas compridas, cobrindo
tudo em serviços de saúde. E, muitas vezes, eles se os braços, o dorso, as costas e a parte su-
fazem presentes em nosso cotidiano, mesmo sem perior das pernas são ideais (MOLINARO;
percebermos. Você sabe quais são os EPIs e EPCs CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009; TEI-
utilizados na área da saúde? XEIRA; VALLE, 2010).

28 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


b. Luvas: devem ser utilizadas em todos os O Quadro 1 indica os principais materiais de
procedimentos, desde a coleta, transporte, composição das luvas utilizadas na área labora-
manipulação até o descarte das amostras, torial e da saúde. Além destes, outros materiais
uma vez que previnem a contaminação das também podem ser utilizados, como as luvas
mãos do trabalhador ao manipular, por sintéticas produzidas em nitrilo e neoprene, cuja
exemplo, material biológico potencialmen- matéria-prima não é látex (CANUTO; COSTA;
te patogênico e produtos químicos (MOLI- SILVA, 2007).
NARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). Lembre-se que o uso de luvas não substitui a
Além disso, as luvas são indicadas sempre necessidade da lavagem das mãos, uma vez que
que houver possibilidade de contato com elas podem conter pequenos orifícios inaparentes
sangue, secreções e excreções, com mucosa ou danificar-se durante o uso, podendo contami-
ou pele não íntegra (GOMES, 2003). nar as mãos quando removidas.

Quadro 1 - Tipos de luvas usadas na área laboratorial e da saúde

Tipo Indicação de uso

São luvas de borracha natural, usualmente disponíveis em laboratórios e


Luva de látex
áreas da saúde.

São luvas feitas de material sintético e são mais resistentes a materiais


Luva de vinil
perfurocortantes.

Luva de borracha São luvas antiderrapantes usadas para a manipulação de resíduos ou lava-
grossa gem de materiais ou procedimentos de limpeza em geral.

Feitas de materiais apropriados para proteção, servem para manipulação


Luvas resistentes à
de materiais submetidos a aquecimento ou congelamento, como proce-
temperatura (altas e
dimentos que utilizam estufas para secagem de materiais, banho-maria,
baixas)
câmaras frias, freezer para conservação de amostras, além de outros.

Fonte: Brasil (1999).

c. Máscaras: protegem os trabalhadores do contato com material contaminado, como aerossóis ou


produtos químicos. Pode apresentar filtros mecânicos, que protegem contra partículas suspensas no
ar, ou filtros químicos, que se destinam à proteção contra gases e vapores orgânicos (MOLINARO;
CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009).
d. Óculos: têm a função de proteger os olhos contra impactos, respingos e aerossóis. É importante
que sejam de qualidade comprovada, a fim de proporcionar ao usuário visão transparente, sem
distorções e opacidade (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009).
e. Protetores faciais: oferecem uma proteção à face do trabalhador contra risco de impactos (par-
tículas sólidas, quentes ou frias), de substâncias nocivas (poeiras, líquidos e vapores), como
também das radiações (raios infravermelho e, ultravioleta etc.) (MOLINARO; CAPUTO;
AMENDOEIRA, 2009). De modo geral, são feitos do mesmo material dos óculos, devendo
ser ajustáveis à cabeça e cobrir todo o rosto (SKRABA; NICKEL; WOTKOSKI, 2006). Tanto
os protetores faciais como os óculos são equipamentos reutilizáveis e devem ser desinfetados.

UNIDADE 1 29
f. Calçados fechados: são destinados à pro- Além dos EPIs descritos, há também os protetores
teção dos pés contra umidade, respingos, auditivos, para trabalhos muito demorados com
derramamentos de materiais infectantes equipamentos considerados prejudiciais ou noci-
e impactos de objetos diversos. Não é vos em longa exposição (MOLINARO; CAPUTO;
permitido o uso de tamancos, sandálias AMENDOEIRA, 2009).
e chinelos em laboratórios (MOLINARO; Desta forma, para auxiliar na fixação dos prin-
CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). cipais EPIs, o Quadro 2 descreve sobre os riscos
evitados e as características de proteção ofereci-
das por cada um deles.
Quadro 2 - Equipamentos de proteção individual, risco evitado e características de proteção

EPI Risco evitado Características de proteção


Jalecos e aventais Contaminação do Cobrem o vestuário, no caso dos jalecos e, depen-
de plástico vestuário dendo do material, podem ser impermeáveis
Calçados Impactos e salpicos Fechados
Óculos de
Impactos Lentes resistentes a impactos; e proteções laterais
segurança
Viseira de Proteção total da face e fácil de tirar em caso de
Impactos e salpicos
proteção facial acidente

Existência de diferentes modelos: descartáveis,


Aparelhos e
completa ou meia máscara purificadora de ar, de
máscaras de Inalação de aerossóis
capuz com ar filtrado à pressão e com abasteci-
respiração
mento de ar
Contato direto com mi- Em látex, vinilo ou nitrilo microbiologicamente apro-
Luvas
crorganismos e cortes vados e descartáveis
Fonte: adaptado de Penna et al. (2010).

Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC)

Os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) química, ou para situações emergenciais, como


são utilizados para minimizar a exposição dos os extintores de incêndio, chuveiro e lava-olhos,
trabalhadores aos riscos e, em caso de acidentes, que devem estar instalados em locais de fácil aces-
reduzir suas consequências (TEIXEIRA; VALLE, so e bem sinalizados (MOLINARO; CAPUTO;
2010). Podem ser de uso rotineiro, como as cabi- AMENDOEIRA, 2009).
nes de segurança biológica e capelas de exaustão A seguir, vamos conhecer alguns EPC usados
na área laboratorial e da saúde:

30 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


Cabines de Segurança Biológica (CSB): a irritantes, porém muito usado em laboratórios
Cabine de Segurança Biológica (CSB) ou Capela clínicos para descontaminação (BRASIL, 2004).
de Fluxo Laminar é um equipamento utilizado Extintores de incêndio: usados para eliminar
para proteger o profissional e o ambiente labora- ou controlar o fogo de um local ou objeto, devem
torial de partículas ou contaminantes que podem apresentar-se em número, tipo e distribuição ade-
se espalhar durante a manipulação (GARCIA; quados; sua manutenção e/ou reposição devem
ZANETTI-RAMOS, 2004). É importante que ser periódicas, bem como o pessoal do laboratório
as cabines sejam submetidas periodicamente à deve ser treinado para a sua utilização (SANGIO-
manutenção e a trocas dos filtros e, ainda, o la- NI et al., 2013).
boratório deve possuir relatório da manutenção, Chuveiro de emergência e lava-olhos: são
mantido à disposição da fiscalização do traba- equipamento utilizados em casos de acidentes em
lho (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, que haja projeção de sangue, substâncias químicas
2009). Existem três tipos de CBSs (BRASIL, 2004): ou outro material biológico sobre o profissional
a. Classe I - esse tipo de cabine protege o ma- (BRASIL, 2004). Chuveiro e lava-olhos devem es-
nipulador e o ambiente, porém não evita a tar presentes em todos os laboratórios em perfeito
contaminação do material que está sendo estado de funcionamento e higienizados. A água
manipulado. para os lava-olhos deve ser preferencialmente fil-
b. Classe II - a CSB classe II protege o ma- trada (SANGIONI et al., 2013).
nipulador, o ambiente e o material. Esse Kit de primeiros socorros: nos laborató-
equipamento é utilizado nos laboratórios rios deve constar também kit de primeiros
clínicos, em especial, para procedimentos socorros, tendo os materiais comumente
microbiológicos e laboratórios de saúde preconizados no socorro imediato
pública. de pequenos ferimentos e de-
c. Classe III - essa cabine é completamente sinfecção, no caso de aciden-
fechada, o que impede a troca de ar com o tes com material biológico
ambiente e funciona com pressão negativa, (GARCIA; ZANETTI-RA-
oferecendo total segurança ao manipula- MOS, 2004; SANGIONI et
dor, ambiente e material; os recipientes e al., 2013).
o material a serem manipulados entram e Além disso, o número dos
saem por meio de câmaras de desinfecção. telefones do corpo de bom-
beiros e dos responsáveis pela
Cabine de Exaustão Química: as capelas de segurança das chefias dos labo-
exaustão química são equipamentos que prote- ratórios deve estar em local de
gem os profissionais na manipulação de subs- fácil acesso e à vista de todos
tâncias químicas que liberam vapores tóxicos e (ALVES; PACHECO, 2015).

UNIDADE 1 31
Percepção e Avaliação
de Riscos em Serviços
de Saúde

Já aprendemos sobre os principais conceitos


e termos utilizados em biossegurança, as Boas
Práticas Laboratoriais (BPLs) e os Equipamentos
de Proteção Individual (EPIs) e Coletiva (EPCs).
Agora, vamos conhecer alguns programas res-
ponsáveis por proteger e prevenir os profissionais
da incidência de acidentes e problemas de saúde
provenientes do trabalho?

Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH)

A Comissão de controle de infecção hospitalar


(CCIH) apresenta grande relevância em ambiente
hospitalar, sendo de extrema importância não só
para os colaboradores relacionados a esse seg-
mento, mas também a todos profissionais da saú-
de, uma vez que é necessário um conhecimento
básico sobre suas funções desempenhadas por
esta comissão para uma boa formação. Para tanto,
iremos apresentar breve histórico sobre a CCIH,
informações relacionadas a sua composição e so-
bre seus membros.

32 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


Um Breve Histórico Sobre as CCIH

No Brasil, a demanda pelo controle e prevenção Infecções Hospitalares, adaptadas e voltadas para
das Infecções Relacionadas à Assistência Social a realidade nacional. Outra iniciativa que merece
(IRAS), inicialmente denominada Infecção Hos- ser destacada foi a realização do primeiro Curso
pitalar (IH), deu-se em meados dos anos 70 do de Introdução de Controle de Infecção Hospitalar
século XX, por recomendação do Ministério da para treinamento de profissionais de nível supe-
Previdência e Assistência Social (MPAS), a partir rior (ANVISA, 2004).
de profissionais que já estudavam e lidavam com Em 1987, foi constituída, em nível nacional,
esse tipo de ocorrência no país, e que haviam cria- uma comissão de controle de infecções hospita-
do as primeiras Comissões de Controle e Preven- lares (IH), com representações de vários estados.
ção de Infecções Hospitalares (CCIH) nos locais Em 6 de abril de 1988, a Portaria n° 232 criou o
em que trabalhavam (BRASIL, 1998). Programa Nacional de Controle de IH (PNCIH)
Essa demanda era, em grande medida, decor- que, em 1990, transformou-se em Divisão Nacio-
rente da mudança da política de saúde no período nal de Controle de Infecção Hospitalar por meio
da ditadura militar, em que a assistência curativa da Portaria n° 666, de 17 de maio de 1990. Em
passou a ser dominante, com a proliferação de 1989, em São Paulo, ocorreu o 1º Congresso Bra-
hospitais (LACERDA; JOUCLAS; EGRY, 1996). sileiro sobre Infecção Hospitalar, realizado pela
A década de 80 foi o marco no controle das Associação Paulista de Estudos e Controle de In-
infecções hospitalares no Brasil, quando o Minis- fecção Hospitalar, com cerca de mil participantes
tério da Saúde criou um grupo de trabalho inte- e vários convidados estrangeiros (ANVISA, 2004).
grado tanto por seus representantes quanto pelos Em 1992, a Portaria n° 930 foi substituída pela
Ministérios da Educação e da Previdência Social. de n° 196, do Ministério da Saúde, recomendan-
Esse grupo elaborou um documento normativo, do que os programas específicos de controle e
que gerou a Portaria n° 196, de 24 de junho de prevenção de Infecção Relacionada à Assistência
1983, determinando a todos hospitais brasileiros à Saúde (PCIRAS) realizassem vigilância ativa
a constituição de uma Comissão de Controle de dessas infecções (ANVISA, 2004). Contudo, foi
Infecção Hospitalar (ANVISA, 2004; OLIVEIRA; apenas em 1997 que o MS tornou obrigatória a
SILVA; LACERDA, 2016). existência de um programa de controle e pre-
Contudo, somente a partir de 1985, com a re- venção dessas infecções nos hospitais, pela Lei
percussão da morte do ex-presidente Tancredo n° 9.431 (BRASIL, 9.431/1997).
Neves, em consequência de infecção hospitalar, A última portaria publicada pelo Ministério da
essa questão assumiu uma dimensão maior, sen- Saúde foi a de n° 2.616, de 12 de maio de 1998, que
sibilizando a população e, principalmente, os pro- rege o controle de infecção hospitalar e mantém
fissionais da área de saúde. Resultou dessa preo- a obrigatoriedade de um Programa de Controle
cupação a realização do “Curso de Introdução ao de Infecções Hospitalares (PCIH) em todos os
Controle de Infecção Hospitalar”, ministrado em hospitais do país, demandando, em sua estrutura,
todo o País. a organização de uma Comissão de Controle de
No mesmo ano, foi publicado o “Manual de Infecção Hospitalar (CCIH) e um Serviço de Con-
Controle de Infecção Hospitalar”, objetivando trole de Infecção Hospitalar (SCIH) (ANVISA,
preconizar medidas de prevenção e controle das 2004; SILVA; LACERDA, 2011).

UNIDADE 1 33
Vale ressaltar que a referida Portaria também combater à infecção hospitalar, beneficiando toda
define as características desejáveis de formação a comunidade assistida, como também de prote-
dos profissionais e parâmetros para determinação ger o hospital e o corpo clínico. Ainda, em uma
do número dos membros executores da CCIH, Unidade de Saúde, a CCIH é um apoio a todos
com base no número de leitos e tipos de unidade os profissionais que atuam diretamente com os
que se compõe o hospital, além de outros aspectos pacientes, a fim de prevenir e controlar as infec-
(ANVISA, 2004). ções hospitalares e suas prováveis consequências
Atualmente, as diretrizes gerais para o Con- (ROCHA; ALVES; BRASILEIRO, 2010).
trole das Infecções em Serviços de Saúde são Conforme a legislação vigente, a CCIH deve
delineadas pela Agência Nacional de Vigilância ser constituída de membros executores e con-
Sanitária, que foi criada em 26 de janeiro de 1999 sultores, que possuem atividades diferenciadas,
(ANVISA, 2004). porém, complementares nas ações da Comissão.
Em 2004, a ANVISA instituiu o Sistema de In- Vejamos a seguir:
formações para Controle de Infecção em Serviços • Membros consultores: são representados
de Saúde (SINAIS). E, em 2012, criou a Comissão pelos serviços médicos, enfermagem, far-
Nacional de Prevenção e Controle de Infecção Re- mácia e de microbiologia.
lacionada à Assistência à Saúde (CNIRAS), com • Membros executores: estão relacionados
a finalidade de assessorar a Diretoria Colegiada ao Serviço de Controle de Infecção Hospi-
da ANVISA na elaboração de diretrizes, normas talar (SCIH) e formados por, no mínimo,
e medidas para prevenção e controle de Infec- 2 técnicos da área da saúde ou de nível su-
ções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) perior para cada 200 leitos ou fração deste
(BRASIL, 2012). número, com carga horária diária mínima
Neste sentido, a CCIH é responsável pela de 6 horas para o enfermeiro e 4 horas para
normatização das diretrizes para a prevenção e os demais profissionais (BRASIL, 1998).
controle de exposição a doenças infectoconta-
giosas e a materiais orgânicos, a implementação Portanto, segundo Horr et al. (1978), serão fun-
do programa de imunização e planejamento e ções da CCIH:
controle de epidemias entre os trabalhadores da • Controle do ambiente: elaborar, con-
saúde (SCHEIDT; ROSA; LIMA, 2006). trolar e atualizar normas e procedimen-
tos referentes à limpeza e desinfecção dos
ambientes, estabelecendo a frequência e
Membros da CCIH tipo de desinfetante empregado, dando
ênfase especial às áreas críticas: centros
Como já descrito anteriormente, a CCIH é o órgão cirúrgico, obstétrico, berçário, sala de recu-
que presta assessoria ao Programa de Controle de peração pós anestésica, unidade de terapia
Infecções Hospitalares (PCIH), e é composta por intensiva, pediatria, isolamento, serviço de
profissionais da área da saúde com nível supe- Nutrição e Dietética, bem como elaborar
rior e formalmente designados, (BRASIL, 1998). programas de treinamento e atualização
A CCIH tem o objetivo não somente de prevenir e sobre limpeza e desinfecção de ambiente.

34 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


• Controle do pessoal: supervisionar o • Reuniões periódicas: para que os objeti-
preparo do campo operatório em pacien- vos da C.C.I.H. sejam atingidos, é impres-
tes cirúrgicos, elaborar, supervisionar e cindível a participação de representantes
atualizar rotinas referentes às técnicas de médicos, enfermeiros, chefes de serviço nas
assepsia: degermação, desinfecção, sani- reuniões, principalmente quando novas
ficação, desinfestação, higiene, limpeza, medidas deverão ser implantadas.
esterilização, escovação das mãos, uso de
aventais, máscaras, pró-pés, manipulação
de medicamentos, eliminação do material O Sistema Nacional de
de curativos, de dejetos hospitalares em Informação para Controle
geral, bem como supervisionar a limpe- de Infecções em Serviços
za, desinfecção e esterilização de todo o de Saúde (Sinais)
equipamento e material hospitalar, como:
máscaras, nebulizadores, bolsas de água O Sistema Nacional de Informação para Controle
quente e gelo, aspiradores, frascos de dre- de Infecções em Serviços de Saúde (SINAIS) é
nagem, respiradores artificiais, seringas, uma iniciativa da Agência Nacional de Vigilân-
agulhas, material cirúrgico, aparelhos de cia Sanitária (ANVISA), que tem o objetivo de
anestesia, cateteres e sondas. oferecer, aos profissionais da saúde e hospitais
• Controle de produtos químicos: sele- brasileiros, um instrumento para aprimoramento
cionar os produtos químicos e agentes de das ações de prevenção e controle das infecções
limpeza, controle da sua aquisição e em- relacionadas à assistência à saúde, complemen-
prego de testes periódicos. tando e favorecendo o cumprimento estabelecido
• Elaboração de normas e rotinas: desen- pelas CCHI (ANVISA, 2017, on-line)2.
volver normas da organização da C.C.I.H, Essa ferramenta pretende consolidar o sistema
normas referentes ao Pessoal, normas re- de monitoramento da qualidade da assistência
ferentes ao orçamento, normas referentes dos serviços em todos os segmentos da área da
ao relacionamento interno e externo de saúde no Brasil. O Sistema permite a entrada de
comissão e normas técnicas relacionadas dados e emissão de relatórios em uma rotina de
às características e classificação das in- trabalho que acompanha as atividades já desen-
fecções. volvidas pelas CCIH do país. A responsabilidade
• Investigação epidemiológica: realizar pelos dados inseridos no SINAIS, assim como
levantamento e análise de um conjunto de pelo envio mensal, é do diretor do hospital, que
indicadores: taxa de incidência e de pre- pode delegar essas funções à equipe da CCIH ou
valência de infecções hospitalares, taxa de a qualquer outro membro da instituição de saúde.
infecção em cirurgias não contaminadas, Ao se cadastrar no Sistema, a instituição estará
taxa de infecção em cirurgias potencial- automaticamente concordando com essas condi-
mente contaminadas, taxa de letalidade ções. Além de indicadores de infecções relacio-
por infecções hospitalares, taxa de infecção nadas à assistência, o SINAIS também permite
por microrganismo específico, coeficien- acompanhamento da tendência de resistência de
tes de sensibilidade aos antimicrobianos, microrganismos aos antimicrobianos e identifica-
indice de consumo de antimicrobianos. ção de surtos (ANVISA, 2017, on-line)2.

UNIDADE 1 35
Dessa forma, o uso do programa é gratuito e • A tecnovigilância, para identificação, aná-
a sua implantação pelos hospitais do país é uma lise, prevenção e notificação de eventos
ação de grande importância para o efetivo con- adversos relacionados ao uso de equipa-
trole de infecções hospitalares, possibilitando a mentos, artigos médicos e kits laborato-
consolidação do sistema de vigilância da quali- riais durante a prática clínica (incluindo os
dade dos Serviços de Saúde no Brasil. setores de inventário, compras e gestão de
insumos hospitalares, central de materiais
e esterilização, enfermagem, engenharia
Comissão de Gerenciamento clínica e de manutenção).
de Risco Hospitalar • Os saneantes, com ações voltadas à aná-
lise e prevenção dos efeitos indesejáveis
O gerenciamento de risco hospitalar é um pro- advindos do uso de saneantes no âmbito
cesso complexo que associa várias áreas do co- hospitalar (desde compras até dispensado-
nhecimento e consiste na aplicação sistêmica e res, mesmo se terceirizados).
contínua de políticas, procedimentos, condutas e • A comissão de Controle de Infecção Hos-
recursos na avaliação de riscos e eventos adversos pitalar (CCIH) para identificação, análise
que afetam a segurança do paciente, do profissio- e prevenção de surtos e infecções hospi-
nal e do meio ambiente. talares, controle e uso racional de antimi-
Também, é no sentido de minimizar os ris- crobianos em serviços de saúde (além da
cos que se faz necessário conhecer e controlá-los. CCIH, envolvendo também a comissão
Além das consequências sociais, econômicas e de ensino, saúde e segurança no trabalho,
materiais a ele relacionadas, a perda da vida hu- prevenção de acidentes e todos os profis-
mana é a mais grave que pode ocorrer (CAPU- sionais assistenciais).
CHO; BRANQUINHO; REIS, 2010, on-line)3. • E, por fim, parcerias com as áreas de Mo-
As ações da gerência de risco, segundo a AN- nitoração de Propaganda e Inspeção de
VISA (2010), incluem: Medicamentos e Produtos para a Saúde.
• A farmacovigilância, com atividades para
detecção, avaliação, prevenção e notifica- Como o risco está presente em muitas ações e
ção dos efeitos adversos ou qualquer pro- procedimentos que envolvem os pacientes den-
blema relacionado a medicamentos (in- tro do hospital, as instituições de saúde criaram
cluindo os setores de farmácia hospitalar estruturas organizacionais, obrigatórias, ou não,
e comissão farmacotécnica). por lei, para lidar com ele. Entre essas estruturas,
• A hemovigilância, para identificação, aná- pode-se citar: a Comissão de Controle de Infec-
lise, prevenção e notificação dos efeitos ção Hospitalar, a Comissão de Óbito Hospitalar, a
indesejáveis imediatos e tardios advindos Comissão de Prontuários Médicos e a Comissão
do uso de sangue e seus componentes (en- de Farmácia e Terapêutica (SILVA, 2009).
volvendo os setores de banco de sangue, O Quadro 3 apresenta os objetivos de cada
laboratórios, médicos e enfermagem que comissão citada.
os administram).

36 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


Quadro 3 - Comissão associadas ao gerenciamento de riscos hospitalares

COMISSÃO OBJETIVOS

Prevenir e combater à infecção hospitalar, beneficiando toda a comuni-


Comissão de Controle de
dade assistida, como também de proteger o hospital e o corpo clínico
Infecção Hospitalar
(ROCHA; ALVES; BRASILEIRO, 2010).

Comissão de Óbito Investigar as mortes no hospital, contribuindo no monitoramento da


Hospitalar qualidade da assistência (GUIMARÃES et al., 2011).

Observar os itens que deverão constar obrigatoriamente do prontuário


confeccionado em qualquer suporte, eletrônico ou papel, e assegurar a
Comissão de Prontuários
responsabilidade do preenchimento, guarda e manuseio dos prontuá-
Médicos
rios, que cabem ao médico assistente, à chefia da equipe, à chefia da
Clínica e à Direção técnica da unidade (OSELKA, 2002).

Possibilitar que os pacientes recebam o melhor e mais custo-efetivo


tratamento, por meio do acesso ao medicamento e do seu uso ade-
quado; oferecer avaliação, educação e consultoria aos profissionais
da instituição sobre todas as questões relacionadas ao uso de medi-
Comissão de Farmácia
camentos; selecionar os fármacos; desenvolver e manter atualizado o
e Terapêutica
formulário terapêutico; definir estudos de utilização de medicamentos
para elaborar recomendações sobre o uso racional dos fármacos; e
assessorar o serviço de farmácia na implementação do serviço de dis-
tribuição de medicamentos (MARQUES; ZUCCHI, 2006).

Fonte: adaptado de Guimarães et al. (2011); Marques e Zucchi (2006); Oselka (2002) e Rocha, Alves e Brasileiro (2010).

Dentro do processo de gerenciamento de riscos, dos riscos nas instituições de saúde começa com
ainda há a avaliação de riscos, etapa que determi- um olhar para os processos e os dados relatados,
na o valor quantitativo ou qualitativo dos riscos, com a finalidade de encontrar os problemas que
associados a uma situação concreta e a uma amea- podem causar erros.
ça reconhecida. Nas instituições de saúde, deve Por fim, caro(a) aluno(a), as informações pre-
ser realizada, por exemplo, a avaliação dos riscos sentes nesta unidade representam uma aborda-
de infecção, sua probabilidade de ocorrência e a gem inicial sobre Biossegurança e suas aplica-
aplicação de medidas de controle adequadas. ções em saúde; entretanto, é válido ressaltar que
Avaliar as situações de risco e produzir uma com o advento da ciência e das normatizações
lógica para a realização do procedimento correto trabalhistas específicas, alterações constantes nos
pode ajudar a justificar o tempo e o custo para a conceitos podem ser observadas. Portanto, cabe a
implementação de uma ação específica, minimi- você, futuro profissional deste segmento, manter-
zando todos os erros que podem levar a infec- -se atualizado e atento às alterações futuras. Assim
ções hospitalares. Para Silva (2009), a avaliação sendo, vamos adiante?

UNIDADE 1 37
Nesta unidade, aprendemos acerca da Bios- os profissionais de áreas relacionadas à presta-
segurança por meio de uma breve perspectiva ção de serviços em saúde. Foi possível obser-
histórica sobre o desenvolvimento de legislações var, também, que as boas práticas laboratoriais
específicas que regulamentam e explicitam a ne- permeiam condutas profissionais e éticas em
cessidade de disseminação de práticas relacio- ambiente de trabalho variados, como clínicas
nadas à biossegurança em seus dois âmbitos: o de várias especialidades, direcionando-os ao
relacionado à proteção laboral e ambiental dos cumprimento dos procedimentos operacionais
prestadores de serviço relacionados a saúde, e no padrão, que objetiva minimizar erros relaciona-
tocante ao desenvolvimento tecnológico favorável dos aos procedimentos realizados e disseminar
ao atendimento das necessidades antrópicas. entre os colaboradores envolvidos informações
Foi possível compreender como a complexi- laborais pertinentes.
dade das operações realizadas em laboratórios de Por fim, apresentamos alguns programas res-
serviços de saúde influenciam nos procedimentos ponsáveis pela avaliação e prevenção dos riscos
que neles devem ser realizados e adotados; como associados aos serviços de saúde, como a comis-
exemplo, podemos citar as classes de risco bioló- são de controle de infecção hospitalar (CCIH)
gico e os níveis de biossegurança. Conhecemos os extremamente relevante no controle estratégico
diferentes equipamentos de proteção individual e e na contenção de infecções hospitalares, den-
coletiva, bem como algumas informações padrão tre outras inúmeras funções exercida por esta e
acerca deles, como composição e indicações de uso. outros programas. Esperamos, dessa forma, ter
O conhecimento e utilização desses equi- auxiliado em sua compreensão acerca dos temas
pamentos, bem como das boas práticas labo- apresentados, que serão extremamente relevantes
ratoriais e clínicas, faz-se indispensável para em sua vida acadêmica e profissional.

38 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A padronização e a disposição de informações pertinentes para os colaboradores


em ambiente de trabalho se faz fundamental, sobretudo, quando diferentes
colaboradores executam suas funções em um mesmo local de trabalho. Em
ambiente hospitalar, tal fato não poderia ser diferente, especialmente quando
diferentes procedimentos ali realizados ocorrem em diferentes turnos e são
realizados por inúmeros colaboradores. Neste sentido, faz-se viável e impres-
cindível o desenvolvimento de procedimentos operacionais padrão (POP). Ba-
seados no conteúdo exposto ao longo desta unidade, conceitue procedimento
operacional padrão (POP).

2. Conforme exposto ao longo desta unidade, a Comissão de Controle de Infecção


Hospitalar (CCIH) desempenha papel fundamental e de extrema relevância em
ambiente hospitalar. Em relação à importância dessa comissão, faz-se neces-
sário que todos os colaboradores possuam um conhecimento básicos sobre as
atividades desempenhadas pela CCIH. Nesse sentido, discorra sobre a CCIH,
apresentando informações relacionadas as suas atribuições e a sua composição.

3. A proteção laboral dos trabalhadores que prestam serviços voltados à saúde é


uma das preocupações no que tange a biossegurança. A efetivação dessa se-
guridade pode ser efetiva mediante à utilização de equipamentos específicos,
denominados equipamentos de proteção individual. Nesse sentido, leia aten-
tamente as assertivas a seguir:
I) Chuveiro de emergência e lava-olhos.
II) Jalecos.
III) Cabine de proteção biológica.
IV) Luvas.

39
Assinale a alternativa que contempla exemplos de equipamentos de proteção
individual.
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e IV.
c) Apenas I.
d) Apenas II, III e IV.
e) Apenas I, II e III.

4. Os riscos em um ambiente de trabalho podem ser considerados quaisquer alte-


rações nas condições de homeostasia previamente estabelecidos para a prática
laboral e podem estar associados a consequências da realização de atividades
específicas presentes em ambientes hospitalares. Em relação à classificação
dos riscos em biossegurança, analise as assertivas e assinale com Verdadeiro
(V) ou Falso (F):
(( ) Riscos físicos estão associados às substâncias, compostos ou produtos nas
formas de gases, vapores, poeiras e fumaças.
(( ) Riscos biológicos abrangem a manipulação dos agentes e materiais biológicos,
como vírus, bactérias, fungos e parasitas.
(( ) Riscos ergonômicos são relacionados a ruídos, vibrações, temperaturas ex-
tremas, radiações ionizantes e não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes
e pontiagudos.
(( ) Riscos químicos são atrelados aos riscos de acidentes ou sinistros envolvendo
o manuseio de substâncias químicas, gases e vapores.
(( ) Riscos ergonômicos são aqueles associados ao manuseio de microrganismos
ou outros seres vivos de interesse biológico.

5. O termo biossegurança apresenta uma amplitude de significados e aplicações


muito diversa. Vimos, ao longo desta unidade, que a Biossegurança não rela-
ciona-se com a seguridade de seres vivos, e sim está diretamente relacionada
a vertentes laborais e de melhoria da qualidade de vida da população. Nesse
entendimento, conceitue com suas palavras Biossegurança, explicitando acerca
de suas aplicações e diferentes áreas de atuação.

40
LIVRO

Biossegurança e qualidade dos serviços de saúde


Autor: Telma Abdalla de Oliveira Cardoso
Editora: Intersaberes
Sinopse: conhecer e compreender o complexo ramo da biossegurança é um
grande desafio que deve ser encarado com seriedade, especialmente se você
é um profissional da saúde atuante em situações que, direta ou indiretamen-
te, em maior ou menor grau, oferecem riscos à saúde. Assim, nesta obra, são
abordados os principais aspectos relacionados à proteção do trabalhador e à
qualidade na gestão dos serviços de saúde.

FILME

Contágio
Ano: 2011
Sinopse: contágio segue o rápido progresso de um vírus letal, transmissível
pelo ar, que mata em poucos dias. Como a epidemia se espalha rapidamente,
a comunidade médica mundial inicia uma corrida para encontrar a cura e con-
trolar o pânico que se espalha mais rápido do que o próprio vírus. Ao mesmo
tempo, pessoas comuns lutam para sobreviver em uma sociedade que está
desmoronando.

WEB

Conforme indicado no tópico acerca da CCIH, o sistema Nacional de Informação


para o Controle de Infecções em Serviços de Saúde (SINAIS) é uma ferramenta
primordial para rotina de trabalho em ambiente hospitalar. Para facilitar sua
utilização, a ANVISA disponibilizou um manual no endereço eletrônico, confira!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

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organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança
– CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacio-
nal de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-9,
de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá
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45
1. Procedimentos Operacionais Padrão (POP) são documentos destinados à padronização dos procedimentos
e/ou atividades que objetivam a minimização de erros e riscos operacionais. Um POP descreve todos os
passos necessários para a realização das atividades de um técnico/analista/profissional da saúde e visa,
ainda, orientar os colaboradores acerca das diretrizes institucionais.

2. A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar tem por função a elaboração de normas para controle e
prevenção de infecções em ambiente hospitalar, bem como uma série de atribuições relacionadas ao con-
trole do ambiente, controle e capacitação de profissionais, controle de produtos químicos, levantamento
e monitoramento de infecções institucionais, dentre outras.

3. B.

4. F, V, F, V e F.

5. Biossegurança pode ser definida como o conjunto de procedimentos, técnicas e condutas capazes de
eliminar ou minimizar riscos inerentes relacionados às atividades de pesquisa, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, possivelmente prejudiciais à saúde do homem e do meio ambiente.

46
47
48
Dra. Michele Putti Paludo
Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus

Riscos Ambientais

PLANO DE ESTUDOS

Riscos Químicos Riscos Ergonômicos

Riscos Físicos Riscos Biológicos Riscos Psicossociais

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer os principais riscos físicos envolvidos nas ativi- • Informar sobre os principais riscos ergonômicos envolvi-
dades laborais dos trabalhadores em saúde. dos nas atividades laborais dos trabalhadores em saúde.
• Apresentar os principais riscos químicos envolvidos nas • Entender os principais riscos psicossociais envolvidos nas
atividades laborais dos trabalhadores em saúde. atividades laborais dos trabalhadores em saúde.
• Compreender os principais riscos biológicos envolvidos
nas atividades laborais dos trabalhadores em saúde.
Riscos
Físicos

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a nossa


segunda unidade do material didático da disci-
plina de Biossegurança! Esta unidade tem por
finalidade explorar a fundo os principais riscos,
sejam eles: físicos, químicos, biológicos, ergonô-
micos e psicossociais, aos quais estão expostos os
colaboradores da área da saúde. Além das con-
sequências para a saúde dos colaboradores de
atendimento direto e indireto, exercidas por cada
um dos riscos apresentados.
Discutir riscos, sejam eles de qualquer natu-
reza, faz-se necessário no contexto hospitalar, em
função do atendimento prestado e também pela
complexidade de relações laborais que acontecem
nesse ambiente. A demanda específica e emergen-
cial que ocorre nesse ambiente expõem os cola-
boradores a diversos riscos durante a realização
de suas atividades, o que ressalta a necessidade
de conscientizá-los e orientá-los, buscando mi-
nimizar a incidência de sinistros e da exposição
aos riscos inerentes à atividade.
Vale destacar que a saúde do profissional em
saúde também deve receber atenção e deve ser
monitorada, especialmente no que tange à saúde
psicossocial. Para tanto, os hospitais enquanto or-
ganizações devem possuir um olhar diferenciado Em relação à CIPA em ambientes hospitalares,
para seus colaboradores, utilizando de inúmeras conforme informações disponíveis no endereço
ferramentas voltadas ao acompanhamento da disponibilizadas pelo hospital Nardini ([2017],
saúde do seu quadro de colaboradores. on-line)1, ela deverá estabelecer medidas como:
Além disso, iremos abordar as legislações e • Sugerir medidas de prevenção de acidentes
diretrizes específicas que permeiam e orientam julgadas necessárias, por iniciativa própria
na realização das práticas laborais em saúde. Tal ou sugestões de outros empregados, enca-
especificidade se faz necessária em função das minhando-os ao empregador.
peculiaridades do ambiente hospitalar. Logo, aten- • Promover a divulgação e zelar pela ob-
der as especificidades previstas pela NR 32, por servância das normas de segurança e me-
exemplo, fazem-se de suma importância para a dicina do trabalho ou de regulamentos
prática laboral. e instrumentos de serviço emitidos pelo
Nesse sentido, ao fim desta unidade de estudo, empregador.
esperamos contribuir com informações acerca • Promover, anualmente, a Semana Interna
dos riscos existentes em um ambiente hospitalar, de Prevenção de Acidentes de Trabalho -
tornando você, futuro profissional da saúde, ciente SIPAT.
e apto para a realização de suas atividades. • Registrar, em livro próprio (previamente
Os ambientes hospitalares concentram inú- autenticado pelo órgão regional do MTb),
meros agentes e/ou fatores de risco, alguns deles as atas das reuniões da CIPA e enviar, men-
ocultos ou desconhecidos, mas que podem cau- salmente ao empregador, cópias destas.
sar danos à saúde do trabalhador. Observam-se • Preencher um documento obrigatório de-
deficientes medidas acerca da gestão de riscos nominado Anexo I (Controle de Acidentes
ocupacionais e, diante da magnitude dos proble- de Trabalho Trimestral), mantê-lo arquiva-
mas consequentes da falta de biossegurança, a do, de maneira a permitir acesso a qualquer
exposição aos agentes de risco é uma realidade. momento, sendo de livre escolha o método
Assim, dando continuidade a nossa discussão, de arquivamento.
vamos conhecer mais detalhadamente cada um • Enviar trimestralmente cópia do Anexo I
dos riscos já citados na Unidade 1. ao empregador.
Antes de iniciarmos nosso estudo, vale ressaltar
que, além da NR 32, já vista anteriormente, tam- Especificidades:
bém existem outras importantes normativas que • Desde 11/08/88, compete ainda à CIPA,
preconizam a segurança do trabalhador, como: no âmbito de empresas onde se acha or-
• NR 5: estabelece a necessidade de as em- ganizada, a promoção de campanhas de
presas possuírem uma Comissão Interna prevenção contra Síndrome de Imuno-
de Prevenção de Acidentes (CIPA). deficiência Adquirida - AIDS/SIDA, na
• NR 6: regulamenta o uso de equipamentos forma estabelecida pela Portaria MTb nº
de proteção individual (EPI’s). 3.195/88. A Campanha Interna de Preven-
• NR 7: prevê a implantação do Programa de ção da AIDS (CIPAS) tem por finalidade
Controle Médico de Saúde Ocupacional divulgar conhecimentos e estimular, no
(PCMSO) para determinadas empresas, interior das empresas e em todos os locais
de acordo com grau de risco. de trabalho, a adoção de medidas preven-

UNIDADE 2 51
tivas contra a AIDS, passando a integrar Radiações
a Campanha Nacional de Prevenção de
Acidentes (CANPAT). Radiação é a energia que se propaga a partir de
• Caberá, ainda, à CIPA, no âmbito de em- uma fonte emissora por meio de qualquer meio,
presa em que se acha organizada, promo- podendo ser classificada como energia em trânsi-
ver campanhas educativas, demonstrando to. Todos nós estamos expostos à radiação natural
os efeitos nocivos do FUMO, caso tenha a e à radiação artificial, principalmente em exames
empresa aderido às medidas recomenda- radiológicos médicos, odontológicos e equipa-
das na Portaria Interministerial (MTb/MS) mentos eletrofototerapêuticos usados na estética,
nº 3257 de 22/05/88. fisioterapia e podologia. Assim, qualquer tipo de
radiação interage com corpos, inclusive o huma-
Agora, já contextualizado em relação às norma- no, depositando neles energia (OKUNO, 2013).
tivas que atuam sobre todos os riscos que serão Os efeitos da radiação dependem de vários
expostos nesta unidade, vamos prosseguir com o fatores, como: dose total, tipo de radiação, ida-
nosso estudo sobre os riscos ambientais a que es- de do indivíduo, estágio de divisão celular, parte
tão expostos os profissionais da saúde, abordando, do corpo exposto, estado geral da saúde, volume
inicialmente, os riscos físicos. de tecido exposto e intervalo de tempo em que
Os riscos físicos correspondem às diversas for- a dose é recebida (BOSCHI et al., 2004). Desse
mas de energia, as quais os indivíduos estão ex- modo, o efeito que a radiação produz na matéria
postos, podendo ser originadas de equipamentos com a qual interage permite classificá-la em não
ou de outras fontes (SANGIONI et al., 2013). O ionizante e ionizante (OKUNO, 2013).
trabalhador da área da saúde convive com muitos
agentes de desconforto, como a exposição à tem-
peratura extrema, ruídos tecnológicos presentes Radiação não Ionizante
no cotidiano, vibrações, radiações ionizantes e
não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e A radiação não ionizante (RNI) refere-se a qualquer
pontiagudos, os quais geram incômodo e estres- tipo de radiação eletromagnética que não possui
se ao trabalhador (OLIVEIRA; LISBOA, 2009; energia suficiente para ionizar átomos ou moléculas
SANGIONI et al., 2013). diretamente (Figura 1) (FLORES-MCLAUGHLIN;
Acredita-se que os agentes físicos capazes de RUNNELLS; GAZA, 2017). Os exemplos mais co-
prejudicar a saúde do trabalhador passem des- nhecidos são: luz visível, infravermelho, laser, mi-
percebidos pela equipe, fazendo com que ela se cro-ondas, radiofrequência e ultravioleta. Segundo
habitue a conviver com eles na sua rotina de tra- Havas (2017), as RNI, ou radiações não ionizantes,
balho, desconsiderando danos e subnotificando são prejudiciais à saúde humana, devido ao aumen-
acidentes com esses agentes (SULZBACHER; to dos radicais livres, provocando danos oxidativos
FONTANA, 2013). Vamos conhecer, agora, os às células, o que pode estar associado à ocorrência
principais riscos físicos associados à área da saúde. de doenças como o câncer.

52 Riscos Ambientais
Radiações Ionizantes

A radiação ionizante (RI) é aquela que tem ener- A exposição da radiação ionizante pode indu-
gia suficiente para ionizar átomos, isto é, os fó- zir a efeitos biológicos em órgãos ou tecidos pela
tons perdem toda ou quase toda energia numa produção de íons e disposição da energia, que
única interação com átomos, ejetando elétron podem danificar moléculas importantes, como
deles que, por sua vez, saem ionizando átomos o DNA. Nessas situações ocorre a produção de
até pararem. São exemplos de RI os raios X e radicais livres, que são moléculas quimicamente
gama (OKUNO, 2013). Os profissionais que tra- reativas com elétrons desemparelhados, produ-
balham com diagnósticos de raios-x, medicina zidos pela interação da radiação ionizante com
nuclear, radioterapia e odontologia são os mais os tecidos, acarretando diversos danos à saúde
afetados pelas RI (Figura 2) (SEARES; FERREI- (DIMENSTEIN; HORNOS, 2013).
RA, 2011, on-line)2. E você sabe como podemos controlar as ra-
diações ionizantes em ambientes hospitalares?
Teoricamente, não há material nem forma de
blindar todas as radiações, e esse fato eviden-
cia a necessidade de proteção radiológica. A
proteção se fundamenta em três princípios co-
nhecidos:
• A justificativa: onde houver atividade com
exposição à radiação ionizante, deve-se
justificá-la, levando-se em conta os bene-
fícios advindos.
• A otimização da proteção está ligada à
Figura 1 - Símbolo para a radiação não ionizante
filosofia ALARA (as low as reasonably
achievable), que em uma tradução livre
significa “tão baixo quanto razoavelmente
exequível”, o que implica sempre em dimi-
nuir a dose de exposição à radiação, tanto
do paciente quanto do indivíduo ocupa-
cionalmente exposto.
• A limitação da dose, as quais não devem
ser superiores aos limites estabelecidos
pelas normas de radioproteção de cada
país (SEARES, FERREIRA, 2011, on-line2;
SOARES; PEREIRA; FLÔR, 2011; OKU-
Figura 2 - Trifólio - símbolo para a radiação ionizante NO, 2013).

UNIDADE 2 53


Cada país tem um órgão que faz adequações nas [...] os limites de dose ocupacional são valores
normas internacionais e as adota para regulamen- de dose efetiva ou equivalente, estabelecidos
tar o uso das radiações. No Brasil, as diretrizes pela exposição ocupacional, cujas magnitu-
básicas referentes à proteção radiológica estão des não devem ser excedidas, nem conside-
apoiadas na Comissão Nacional de Energia Nu- radas como fronteiras entre o “seguro” e o
clear (CNEN) e os procedimentos, critérios cien- “perigoso”. A finalidade dos Limites de Doses
tíficos e metodológicos detalhados na Posição Ocupacionais é garantir um nível adequado
Regulatória 3.01/008:2011 (SEARES, FERREIRA, de proteção individual para cada IOE (Indi-
2011, on-line2; OKUNO, 2013). víduo Ocupacionalmente Exposto), que deve
Conforme dados da CNEN (2014, p. 13), em ser estabelecido como condição limitante do
sua norma CNEN-NN-3.01: processo de otimização da proteção radio-
lógica, um valor de restrição de dose efetiva,
levando em consideração as incertezas a ela
associadas, relativo a qualquer fonte ou insta-
lação sob o controle regulatório. A recomen-
dação para a exposição ocupacional é um
limite de dose efetiva de 20 mSv (milisieverts)
por ano, medidos sobre cinco anos (100 mSv
em cinco anos), não podendo exceder a 50
mSv em um único ano qualquer.

Figura 3 - Dosímetro, equipamento indispensável aos


profissionais da saúde ocupacionalmente expostos

54 Riscos Ambientais
Como medida preventiva, utiliza-se da blinda-
gem, que está associada à proteção individual dos
colaboradores, dos pacientes e da área de traba-
lho. Na blindagem individual, os profissionais são
obrigados a usar os EPIs, como: protetor de tireói-
de, dosímetro (Figura 3), luvas, óculos e avental
de chumbo (Figura 4).
Os aventais são constituídos de lâminas de
chumbo, com espessura de 0,25 mm a 0,5 mm
e podem pesar até 7,0 kg (SEARES; FERREIRA,
2011, on-line2; SOARES; PEREIRA; FLÔR, 2011).
A proteção dos pacientes compreende aven-
tal, protetor de gônadas, blindagem de escroto e
ovário. Nas gônadas encontram-se células ger-
minativas com alta divisão celular e alta radio
sensibilidade, por isso há grande preocupação de
proteger esta glândula contra a radiação ionizante
(SOARES; PEREIRA; FLÔR, 2011). Por fim, as sa-
las de radiação devem ser blindadas com chumbo
ou equivalente em barita.
Pisos e tetos em concreto podem ser conside- Figura 4 - Avental de chumbo utilizado pelos profissionais
rados como blindagens, dependendo da espes- da saúde
sura da laje, tipo de concreto utilizado (vazado
ou não), distância da fonte, geometria do feixe e Para elucidar a importância da proteção radioló-
fator de ocupação das áreas acima e abaixo da sala gica, alguns exemplos de acidentes ocorridos no
de raios-x (SEARES; FERREIRA, 2011, on-line)2. Brasil e no mundo estão descritos no Quadro 1.

Quadro 1 - Acidentes radiológicos hospitalares ocorridos no Brasil e no mundo

ANO LOCAL CAUSA CONSEQUÊNCIA

Máquina de radiografia Therac-25


Canadá provocou envenenamento por ex- Morte de três pessoas en-
1985
e Estados Unidos cesso de radiação, devido a falha tre 1985 e 1987.
operacional.
Contaminação por uma fonte de
Césio-137 de um equipamento de 60 mortes e 6000 pessoas
1987 Brasil (Goiânia)
radioterapia do Instituto Goiano de atingidas pela radiação.
Radioterapia.
Menina de 7 anos sofre queimadu-
Brasil ras graves durante sessões de ra-
2011 Morte da vítima
(Rio de Janeiro) dioterapia, provavelmente causadas
por erro na dosagem.

Fonte: adaptado de Koscianski e Soares (2007); Okuna (2013); Harada (2016, on-line)3.

UNIDADE 2 55
Calor Ruídos

Calor é um risco físico frequentemente presente Dentre os inúmeros riscos ambientais que os pro-
em ambientes como hospitais, sendo, em especial, fissionais da saúde estão submetidos, o agente físico
utilizado em operações de limpeza, desinfecção ruído, produzido no próprio ambiente hospitalar
e esterilização. Os trabalhadores do serviço de ou externamente, é responsável pelo comprome-
cozinha e copa também estão expostos a esse timento da saúde desses trabalhadores (PEREIRA
risco por meio de fornos, fogões, equipamentos et al., 2003; MIRANDA; STANCATO, 2008). Os
para frituras, banho-maria e caldeirões (ANVISA, níveis de ruído hospitalares encontram-se exces-
2003; OLIVEIRA; MUROFUSE, 2001). sivamente elevados em decorrência dos inúmeros
O calor é uma forma de energia que pode ser alarmes e equipamentos, além da conversação da
transmitida de um corpo para outro, por radia- própria equipe hospitalar (PEREIRA et al., 2003).
ção, condução ou convecção. A quantidade dessa Clínicas estéticas que trabalham com terapia
energia (recebida ou entregue) é determinada pela capilar é um outro local que a acústica excede
variação de temperatura do corpo que cedeu ou por causa de secadores de cabelo, atrapalhando e
recebeu calor (ANVISA, 2003). Dentro de uni- incomodando outros atendimentos simultâneos.
dades de saúde, as principais doenças que podem Diante disso, esse ambiente, que deveria ser
acometer os profissionais são: choque térmico, silencioso e tranquilo, torna-se ruidoso, transfor-
desidratação, cãibras e espasmos pelo calor (AL- mando-se em um grande fator de estresse e poden-
MEIDA et al., 2008). À medida em que ocorre a do gerar distúrbios fisiológicos e psicológicos tanto
sobrecarga térmica, o organismo dispara certos nos pacientes como nos funcioná-
mecanismos para manter a temperatura interna rios de uma unidade de saúde
constante, sendo os principais a vasodilatação pe- (PEREIRA et al., 2003).
riférica e a sudorese (SESI, 2007, on-line)4. E afinal, caro(a) aluno(a),
Vinculado à questão da temperatura, os traba- quem não guarda na me-
lhadores da área da saúde ainda podem conviver mória a clássica imagem de
com a exposição a extremos, o que desperta preo- um ambiente hospitalar,
cupação, tendo em vista o desarranjo climático e de uma enfermeira in-
ambiental que assola o país, favorecendo ondas de dicando para se fazer
calor que desidratam e provocam mal-estar ou a silêncio? (Figura 5).
inexistência de climatização artificial (SULZBA- O silêncio deve-
CHER; FONTANA, 2013). ria ser prioridade
A NR-15 determina que a exposição ao calor nos ambientes
deve ser avaliada por meio do Índice de Bulbo ligados à saúde,
Úmido Termômetro de Globo (IBUTG), usando porém o que se
termômetro de bulbo úmido natural, termômetro observa é exata-
de globo e termômetro de mercúrio comum como mente o contrário
aparelhos. As medições devem ser efetuadas no local (COSTA; LACERDA;
em que o trabalhador permanece e à altura da região MARQUES, 2013). Figura 5 - Enfermeira
do corpo mais exposta (BRASIL, NR 15, 2014). Os hospitais, por solicitando silêncio

56 Riscos Ambientais
exemplo, têm se transformado em locais rui-
dosos, devido a diferentes fatores, dentre eles, a
grande incorporação de tecnologias (OTENIO;
CREMER; CLARO, 2007). Nas unidades de te-
rapia intensiva (UTIs), são numerosas as fontes
geradoras de ruído, como aspiradores, monitores,
ventiladores mecânicos, computadores, impres-
soras, saídas de ar comprimido, além dos ruídos
provenientes do ar condicionado, sons de instru-
mentos de trabalho, concentração e trânsito de
pessoas, transporte de pacientes e reformas de
estruturas físicas (FILUS et al., 2014).
Segundo Gabas (2011), a perda auditiva ou
diminuição da acuidade auditiva é a consequência
à saúde mais imediata causada pela exposição
excessiva ao ruído. A exposição em excesso pode
acarretar ou piorar outros problemas de saúde,
tais como: aumento da pressão sanguínea, pro-
vocar ansiedade, perturbar a comunicação, pro-
vocar irritação, fadiga, diminuir o rendimento do
trabalho, acarretando, assim, impactos diretos na
qualidade de vida do trabalhador.
Com relação aos níveis de ruído, a Organização
Mundial da Saúde recomenda de 35 a 40 dB (OMS,
1999, on-line)5; enquanto que a Associação Brasi-
leira de Normas Técnicas (ABNT, 1987) normatiza
níveis aceitáveis entre 35 e 55 dB para diferentes
ambientes hospitalares. Também existe a NR 15
que considera o ruído em impacto aquele que apre-
senta picos de energia acústica de duração inferior
a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo; e
contínuo ou intermitente todo o ruído que não seja
ruído de impacto (BRASIL, NR 15, 2014).
A prevenção dos riscos associados aos ruídos
para os trabalhadores pode ser feita a partir da
adoção de medidas, como: a utilização de EPI’s,
nos casos em que os ruídos não podem ser con-
trolados, e redução do tempo de exposição dos
funcionários, em conformidade com a legislação
vigente.

UNIDADE 2 57
Riscos
Químicos

Segundo a NR 32, consideram-se riscos químicos


substâncias, compostos ou produtos que possam
penetrar no organismo pelas vias respiratórias,
nas formas de poeira, fumo, névoa, neblina, gás
ou vapor, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou ser absorvidos
pelo organismo por meio da pele ou ingestão. Tal
norma estabelece (BRASIL, NR 32, 2005) as se-
guintes diretrizes:
• Manutenção da rotulagem do fabricante na
embalagem original dos produtos quími-
cos utilizados em serviços de saúde.
• Identificação legível contendo o nome do
produto, composição química, concentra-
ção, data de envase e de validade e nome
do responsável, de todo produto químico
manipulado ou fracionado.
• A proibição da reutilização das embalagens
de produtos químicos.
• O Programa de Prevenção de Riscos Am-
bientais deve apresentar o inventário de
todos os produtos químicos, inclusive in-
termediários e resíduos, com indicação
daqueles que impliquem em riscos à se-
gurança e saúde do trabalhador.
Além da NR 32, há outras medidas que visam a cada na atualização de saberes acerca dos riscos
prevenção e controle dos riscos químicos, como: ocupacionais dessa natureza (SULZBACHER;
NR 07 - Programa de Controle Médico de Saúde FONTANA, 2013).
Ocupacional; NR 09 - Programa de Prevenção de Sulzbacher e Fontana (2013) destacam que os
Riscos Ambientais; NR 15 - Atividades e Opera- agentes químicos estão presentes no trabalho da
ções Insalubres; NR 26 - Sinalização de Segurança; enfermagem e são manuseados cotidianamente
e Portaria Interministerial MS/MTE n° 482 de durante a assistência ao paciente, na organização
16/04/1999 (CARVALHO; MAGALHÃES, 2013). da área de trabalho ou na desinfecção e esterili-
Trabalhadores da área da saúde, como en- zação de materiais. A seguir, são descritos alguns
fermeiros, médicos, técnicos e auxiliares, estão dos riscos químicos que os trabalhadores da saúde
expostos aos diversos agentes/fatores de riscos podem encontrar no ambiente de trabalho.
ambientais, como os riscos químicos gerados
pelo manuseio de uma variedade de substâncias
químicas e também pela administração de me- Substâncias Quimioterápicas
dicamentos que podem provocar desde simples Antineoplásicos (QA’s)
alergias até graves neoplasias (XELEGATI; RO-
BAZZI, 2003). Estas substâncias são compostos químicos, tam-
Circunstâncias favorecedoras desse tipo de ex- bém chamadas de drogas, utilizadas no tratamen-
posição são o uso prolongado de luvas de látex, o to de câncer, as quais podem promover o aumento
manuseio de detergentes e solventes, a manipula- da sobrevida dos portadores da doença, mesmo
ção de drogas antineoplásicas e antibióticos, a ina- no caso de tumores muito avançados (SIEGEL et
lação de gases anestésicos, a exposição aos vapores al., 2012). No entanto, tais substâncias oferecem
de formaldeído e glutaraldeído e aos vapores dos potenciais efeitos indesejáveis. No caso dos traba-
gases esterilizantes, entre outros (XELEGATI et lhadores que manipulam esses fármacos, durante
al., 2006). o preparo, administração e descarte (da droga ou
Nem sempre a exposição resulta em efeitos material contaminado, inclusive perfurocortan-
prejudiciais à saúde, os quais irão depender de tes), são significativos os riscos aos quais estão
fatores, tais como: tipo e concentração do agen- expostos (MAIA; BRITO, 2011).
te químico, frequência e duração da exposição, Os profissionais que manipulam QA’s desta-
práticas e hábitos laborais e suscetibilidade indi- cam-se por casos de aparecimento de tumores se-
vidual. Prevenir é uma das formas de se evitar os cundários e de maiores chances de ocorrência de
problemas de saúde ocupacional que podem ser câncer, mutagenicidade, alterações genéticas e no
desencadeados por essa exposição; porém, para ciclo menstrual, aborto e malformações congênitas.
a efetividade dessa prevenção, é necessário que Além disso, esses trabalhadores podem apresentar
os trabalhadores tenham conhecimento sobre alguns tipos de efeitos colaterais que são: vertigens,
os riscos propiciados pelas substâncias químicas infertilidade, cefaléia, hiperpigmentação cutânea,
(XELEGATI et al., 2006). tonturas e vômitos que vão depender do grau e do
Apesar disso, estudo recente demonstra que os tempo de exposição a esses medicamentos.
riscos físicos e químicos ainda são negligenciados Muitas vezes, esses efeitos podem ser compa-
pelos profissionais, reforçando a necessidade da rados a aqueles apresentados pelos próprios pa-
atenção à educação permanente em saúde, fo- cientes em tratamento com essas substâncias. Isso

UNIDADE 2 59
se dá devido ao risco a que estão expostos durante Além dessas recomendações, os trabalhadores de-
o preparo, administração e descarte de agentes vem receber capacitação inicial e continuada, resul-
antineoplásicos, que podem ser absorvidos pelo tando em profissionais mais habilitados e capazes
organismo por meio das vias cutânea, respiratória, de reconhecer os riscos inerentes aos quimiote-
mucosas e digestiva (SILVA; REIS, 2010; MAIA; rápicos antineoplásicos (BRASIL, NR 32, 2005).
BRITO, 2011). Vale mencionar que, além da contaminação
E se esses profissionais estão tão susceptíveis dos trabalhadores, também pode ocorrer a con-
à contaminação e seus efeitos, como podemos taminação ambiental pelas substâncias QA’s. Es-
preveni-los? Para proteger o trabalhador durante tudos constataram a presença de partículas dos
os procedimentos envolvidos na atenção aos pa- quimioterápicos fluoracil e ciclofosfamida no ar,
cientes que utilizem QA’s, é considerada essencial teto e chão, além de depósitos encontrados nos
a adoção de certas medidas. Algumas recomenda- filtros das máscaras utilizadas pelos profissionais
ções são descritas a seguir (BRASIL, NR 32, 2005; que preparavam as drogas e nos filtros das câma-
BOLZAN et al., 2011): ras de fluxo laminar (CORREIA; ALBACH, L.;
• O preparo dos QA’s deve ser realizado em ALBACH, C., 2011).
ambiente restrito e de acesso exclusivo aos
profissionais envolvidos.
• A sala de preparo deve ser dotada de Ca- Gases ou Vapores Anestésicos
bine de Segurança Biológica Classe II B2.
• Na área de preparo, todos os trabalhadores Os gases anestésicos são substâncias frequente-
devem usar dois pares de luvas estéreis, de mente utilizadas nos centros cirúrgicos que podem
punho longo e sem talco. acarretar riscos para a saúde humana quando não
• As mãos devem ser lavadas rigorosamente manipulados corretamente. O sevoflurano, haloe-
antes e após o uso da luva. tano, isoflurano, metoxiflurano e o óxido nitroso
• Avental ou macacão utilizado deve ser lon- são conhecidos gases anestésicos. Os efeitos agudos
go e de uso restrito, preferencialmente des- da exposição a esses gases caracterizam-se por ton-
cartável, com baixa liberação de partículas, turas, alterações do humor, náuseas, fadiga e falta
baixa permeabilidade, frente fechada, com de coordenação dos movimentos (VIEIRA, 2009).
manga longa e punho elástico. Se for reuti- No bloco operatório existem múltiplas fontes
lizável, deve ser guardado separadamente, potenciais de fuga de gás anestésico para a atmos-
com lavagem exclusiva e troca a cada ma- fera, incluindo as válvulas de escape, conexões
nipulação. no circuito ventilatório, defeitos nas traqueias de
• Deve-se utilizar protetor respiratório tipo plástico, nos balões de insuflação e nos foles do
máscara facial, com filtro de carvão ativa- ventilador ou conector em Y. A técnica anestésica
do, o qual age como filtro químico para selecionada, o tipo de material utilizado e práticas
partículas de até 0,2 micra (μ) e óculos de inadequadas (tais como válvulas de controle de
proteção com laterais fechadas. fluxo de saída de gás dos vaporizadores abertas
• Tanto a área de preparo quanto a área de após a sua utilização ou derrame de líquidos anes-
administração deve conter lava-olhos e tésicos inalatórios) podem, também, contribuir
chuveiro, para o caso de exposição severa para a fuga de gases anestésicos para o ar ambiente
às substâncias de risco. (NORTON et al., 2015).

60 Riscos Ambientais
Segundo Guedes (2011), os riscos ocupacio- no caso dos gases oxidantes (BRASIL, NR 32, 2005).
nais para mulheres expostas a esse tipo de gás são Os riscos associados a esses gases são a ocorrência
o aborto espontâneo e de anormalidades congêni- de incêndio e explosão quando administrados de
tas no feto, câncer (cervical) e doenças hepáticas e forma incorreta.
renais; enquanto que nos homens, está associado
ao risco aumentado de hepatopatias e risco de
anomalias congênitas na prole. Alergia ao Látex
A monitorização ambiental é fundamental,
não só para avaliar as concentrações dos gases O látex não se trata propriamente de um agente
anestésicos, mas também para aferir a eficácia das químico, contudo, levando em consideração os
medidas de controle, identificar potenciais fontes compostos químicos utilizados na sua produção,
de fuga e adaptar a periodicidade da vigilância acaba por tornar-se um agente associado ao desen-
médica dos trabalhadores expostos de acordo volvimento de hipersensibilidades dos profissio-
com os resultados obtidos (OSHA, 2000). nais da saúde. Os casos de alergia ao látex têm sido
Dessa forma, todos os equipamentos utilizados cada vez mais relatados e as manifestações clínicas
para a administração dos gases ou vapores anesté- variam de dermatite de contato (a mais comum e
sicos devem ser submetidos à manutenção corre- que não é imunologicamente mediada) à reação
tiva e preventiva, e os locais em que são utilizados anafilática clássica (MOTA; TURRINI, 2012).
devem ter sistema de ventilação e exaustão, com o
objetivo de manter a concentração ambiental sob
controle, conforme previsto na legislação vigente
(BRASIL, NR 32, 2005).

Gases Medicinais

Os gases medicinais são medicamentos na for-


ma de gás, gás liquefeito ou líquido criogênico
isolados ou associados entre si e administrados
para fins de diagnóstico médico, tratamento ou
prevenção de doenças e para restauração, corre-
ção ou modificação de funções fisiológicas. São
amplamente utilizados em hospitais, clínicas ou
outros locais de interesse à saúde, bem como em
tratamentos domiciliares de pacientes. Oxigênio,
óxido nitroso e dióxido de carbono medicinal são
exemplos (ANVISA, 2008).
Somente trabalhadores capacitados ou autori-
zados devem manusear os cilindros de gás, pois o
contato com óleos, graxas e substâncias combustíveis
podem trazer sérios riscos à saúde, principalmente

UNIDADE 2 61
Riscos
Biológicos

Consideram-se riscos biológicos as condições de


exposição ocupacional de trabalhadores a agentes
biológicos, onde estes entram em contato com
microrganismos modificados ou não, culturas de
células e parasitas. O contato pode ocorrer por
meio do ar, por contato, veículo comum e vetor.
Esses agentes são capazes de provocar danos à
saúde humana, podendo causar infecções, efeitos
tóxicos, alergênicos, doenças autoimunes e a for-
mação de neoplasias e malformações (BRASIL,
NR 32, 2005; BRASIL, 2008).
As maiores exposições a esse risco estão as-
sociadas a lesões provocadas por instrumentos
perfurantes e/ou cortantes, como agulhas, bisturi
e vidrarias (exposições percutâneas); respingos
de material contaminado nos olhos, nariz, boca e
genitália (exposições em mucosas); e pelo contato
direto com feridas abertas e pele com dermatite
(exposição em pele não íntegra) (BRASIL, 2006a;
OLIVEIRA; LAGE; AVELAR, 2011).
Os hospitais são considerados insalubres por
receber pacientes com diversas doenças infecto-
contagiosas e agrupá-los em um mesmo local,

62 Riscos Ambientais
o que causa um elevado grau de riscos para os profissionais
(NISHIDE; BENATTI, 2004). Diante do risco biológico, as in-
fecções mais preocupantes são aquelas causadas pelos vírus da
AIDS e das hepatites B e C (NEVES et al., 2011).
A exposição ocupacional a esses agentes pode-se distinguir em
duas categorias (BRASIL, 2008):
• Exposição com intenção deliberada: a atividade laboral im-
plica na utilização ou manipulação do agente biológico, que
constitui o objeto principal do trabalho. Ex.: atividades de
pesquisa realizadas em laboratórios de diagnóstico micro-
biológico, podólogos, terapeutas, médicos e atividades rela-
cionadas à biotecnologia (produção de enzimas, antibióticos
e vacinas).
• Exposição não deliberada: decorre da atividade laboral sem
que esta implique na manipulação direta deliberada do agen-
te biológico como objeto principal do trabalho. Ex.: serviços
de saúde.

Cabe relembrar que os riscos biológicos são divididos em 4 classes,


como já visto na Unidade 1. Estas consideram o risco que repre-
sentam para a saúde do trabalhador, sua capacidade de propagação
para a coletividade e a existência ou não de profilaxia e tratamento,
conforme expresso no Quadro 2. Em função desses e outros fatores
específicos, as classificações existentes nos vários países apresentam
algumas variações, embora coincidam em relação à grande maioria
dos agentes (BRASIL, 2006b; BRASIL, 2008).

Quadro 2 - Características das 4 classes de riscos

Risco de Profilaxia ou
Classe Risco
propagação tratamento
de risco individual
à coletividade eficaz
1 Baixo Baixo -
2 Moderado Baixo Existem
Nem sempre
3 Elevado Moderado
existem
Atualmente não
4 Elevado Elevado
existem

Fonte: Brasil (2008).

UNIDADE 2 63
Condutas após Exposição aos Agentes Biológicos

Ciente de todos os riscos, caro(a) aluno(a), em caso de um acidente no ambiente de trabalho, quais pre-
cauções devemos tomar? O Quadro 3 apresenta algumas medidas apropriadas após a exposição biológica.

Quadro 3 - Condutas adotadas após o contágio com material biológico

Conduta
Em caso de lesões com objetos perfurocortantes, deve-se lavar logo após o acidente
Cuidados
com água e sabão ou produto antisséptico. A utilização de soluções irritantes (éter,
locais
glutaraldeído e hipoclorito de sódio) é contraindicada.
Atendimento Atendimento do profissional em serviço especializado, para que seja determinado o
clínico risco de infecção e, consequentemente, definida a conduta profilática a ser seguida.
No ato do acidente, realizar a notificação junto ao responsável do setor ou órgão, que
informará o SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) para avaliar o acidente e
seguir os procedimentos de conduta imediatamente, estendendo-se no prazo máximo
Notificação
de 72 horas. O departamento pessoal deve enviar a notificação a CAT (Comunicação de
Acidente de Trabalho), preenchida pelo médico do trabalho que atendeu o acidentado,
com a finalidade de documentar o fato para fins legais.
Avaliação do O acidente será avaliado pelo setor responsável, levando em conta o material biológico
acidente envolvido, tipo de acidente e situação sorológica do paciente.

Fonte: adaptado de Machado, Moura e Conti (2013).

Ressalta-se que, para os profissionais da saúde que


sofreram algum acidente com material contami-
nado pelos vírus HIV, HBV (hepatite B) e HCV
(hepatite C), existem recomendações e procedi- As Precauções Padrão são um conjunto de
mentos específicos do Ministério da Saúde relacio- medidas utilizadas para diminuir os riscos de
nados à profilaxia pós-exposição (BRASIL, 2008). transmissão de microrganismos nos hospitais
Diante de tal situação, faz-se necessário adotar e constituem-se basicamente em lavagem
medidas preventivas, a fim de reduzir o risco de das mãos; uso de Equipamento de Proteção
infecções provocadas pelo contato e exposição dos Individual (EPI), como luvas, máscara, protetor
profissionais a materiais biológicos. A adoção de de olhos, protetor de face e avental; manejo e
tais medidas incluem as Precauções Padrão (PP) e descarte corretos de materiais perfurocortantes
as Precauções Baseadas na Transmissão (PBT), as e resíduos e imunização dos profissionais.
quais contribuem para a minimização da incidên- Fonte: Brasil (2.616/1998) e Lacerda et al. (2014).
cia de infecções, reduzindo gastos com possíveis
complicações decorrentes das infecções adquiridas
no âmbito hospitalar (LACERDA et al., 2014).

64 Riscos Ambientais
Já as Precauções Baseadas na Transmissão são -se sabão/detergente, seguida de enxágue abundante
elaboradas de acordo com o mecanismo de trans- em água corrente. O uso de luvas não dispensa a
missão das patologias e designadas para pacientes lavagem das mãos antes e após contatos que envol-
suspeitos, infectados ou colonizados por patóge- vam mucosas, sangue ou outros fluídos corpóreos.
nos transmissíveis e de importância epidemioló- A decisão para a lavagem das mãos com uso
gica baseada em três vias principais de transmis- de antisséptico deve considerar o tipo de contato,
são: por contato, aérea por gotículas e aérea por grau de contaminação, condições do paciente e o
aerossóis (LACERDA et al., 2014). procedimento a ser realizado. O uso de antissépti-
co é recomendado em realização de procedimen-
tos invasivos, prestação de cuidados a pacientes
Prevenção dos críticos, contato direto com feridas ou dispositivos
Riscos Biológicos invasivos. Com base nisso, devem ser empregadas
medidas e recursos, a fim de incorporar a prática
Para prevenir a transmissão de patógenos no am- da lavagem das mãos em todos os níveis da assis-
biente de trabalho, o uso de EPI’s é a ferramenta tência hospitalar (BRASIL, 2.616/1998).
fundamental para a prevenção de acidentes, con- A higienização das mãos geralmente é feita
tudo, a resistência de profissionais em utilizá-los com antissépticos, produtos que têm a função
e o seu uso incorreto são as principais barreiras de diminuir a quantidade de microrganismos
enfrentadas (NEVES et al., 2011). transitórios e residentes da pele (PAZ; KAISER,
Vamos conhecer algumas medidas eficazes 2011). Recomenda-se que sejam agradáveis de
para prevenir a contaminação por agentes bioló- utilizar, suaves e, ainda, custo efetivos. Não devem
gicos e proteger os trabalhadores da área da saúde. ser tóxicos, alergênicos ou irritantes (KAWAGOE,
2009). O Quadro 4 descreve alguns antissépticos
comumente usados no procedimento.
Higienização das Mãos

A higienização das mãos é considerada uma das


principais medidas na redução do risco de trans-
missão de agentes biológicos, uma vez que repre-
sentam a mais importante fonte de transmissão
de agentes microbianos na assistência ao paciente
(BRASIL, 2008).
O procedimento é recomendado antes e depois
de ministrar medicamentos por via oral e preparar
a nebulização, realizar trabalhos hospitalares, atos
e funções fisiológicas ou pessoais, coletar espéci-
mes, aplicar medicamentos injetáveis e na troca
de roupa dos pacientes (MARTINEZ; CAMPOS;
NOGUEIRA, 2009).
A lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa
de toda a superfície das mãos e punhos, utilizando- Riscos Biológicos

UNIDADE 2 65
Quadro 4 - Antissépticos utilizados na higienização das mãos

Antisséptico Ação antimicrobiana


O modo de ação predominante dos álcoois consiste na desnaturação e
Álcool
coagulação das proteínas.
A atividade antimicrobiana da clorexidina provavelmente é atribuída à
ligação e subsequente ruptura da membrana citoplasmática, resultando
em precipitação ou coagulação de proteínas e ácidos nucléicos. A ativi-
Clorexidina dade antimicrobiana imediata ocorre mais lentamente que a dos álcoois,
sendo considerada de nível intermediário; seu efeito residual, porém, pela
forte afinidade com os tecidos, torna-o o melhor entre os antissépticos
disponíveis.
A atividade antimicrobiana ocorre devido à penetração do iodo na parede
celular, ocorrendo a inativação das células pela formação de complexos
Iodóforos PVPI com aminoácidos e ácidos graxos insaturados, prejudicando a síntese pro-
(Polivinilpirrolidona téica e alterando as membranas celulares. O iodóforo tem atividade ampla
iodo) contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, bacilo da tuberculose,
fungos e vírus (exceto enterovírus), possuindo também alguma atividade
contra esporos.
A ação antimicrobiana do triclosan ocorre por sua difusão na parede bac-
Triclosan teriana, inibindo a síntese da membrana citoplasmática, ácido ribonucléico,
lipídios e proteínas, resultando na inibição ou morte bacteriana.

Fonte: Kawagoe ( 2009).

Além dos antissépticos, também são utilizados nos hospitais sabonetes comuns sem ação antimi-
crobiana, permitindo a remoção da sujeira, de substâncias orgânicas e da microbiota transitória
das mãos pela ação mecânica (KAWAGOE, 2009).

Utilização de Luvas

O uso de luvas é recomendado quando houver Muitas vezes, tem sido constatado que o uso de
risco de contato com sangue, secreções ou mem- luvas é um dos fatores que faz com que o profissio-
branas mucosas e tem por finalidade proteger nal de saúde não realize a higienização das mãos.
o paciente e o profissional. As luvas devem ser No entanto, a perda de integridade, a existência
calçadas antes do contato com o paciente, retira- de micro furos não perceptíveis ou a utilização de
das logo após o uso e higienizando as mãos em técnica incorreta na remoção das luvas possibili-
seguida (LACERDA et al., 2014). tam a contaminação das mãos dos profissionais
(BRASIL, 2008).

66 Riscos Ambientais
Figura 6 - Modelo de capote utilizado pelos profissionais da área da saúde

Utilização de Avental Utilização de Máscaras


ou Jaleco
A máscara visa proteger a saúde do trabalhador
O uso do jaleco, apresentado na Unidade 1, como da inalação de gotículas transmitidas à curta
EPI para o profissional da saúde, é considerado um distância e pela projeção de sangue ou outros
importante fator para diminuir a chance de aciden- fluidos corpóreos que possam atingir suas vias
te ocupacional, assim como a adoção de medidas respiratórias. Estas devem cobrir a boca e o na-
assépticas e a criação de normas, condutas e proce- riz dos usuários. A máscara do tipo respirador
dimentos (MACHADO; MOURA; CONTI, 2013). N95 é utilizada em casos de precauções por ae-
Os aventais são divididos em dois tipos: os de rossóis e deve ser colocada antes de entrar no
uso diário ou jalecos e aventais para uso em pro- quarto de pacientes acometidos por tuberculose
cedimentos invasivos ou capote. Ambos devem pulmonar, sarampo e varicela, por exemplo, e
ser de mangas compridas e sempre mantidos fe- retirada após a saída do local. A máscara N95
chados. O jaleco é de uso rotineiro, enquanto o pode ser reutilizada pelo mesmo profissional
capote deve ser utilizado em situações com grande desde que se mantenha íntegra, seca e limpa
exposição a sangue e microrganismos multirre- (LACERDA et al., 2014).
sistentes (LACERDA et al., 2014).
O trabalhador do serviço de saúde, bem como
daqueles que exercem atividades de promoção e Óculos de Proteção
assistência à saúde, deverá retirar as vestimen- e Protetor Facial
tas de trabalho ao final da jornada de trabalho
ou quando for usufruir de intervalo para des- O uso de protetor ocular e do protetor facial são
canso ou alimentação fora das instalações ou, imprescindíveis em todo atendimento que possa
ainda, para realizar outra atividade fora dessas produzir respingo de sangue em maior quanti-
instalações, não relacionada à atividade laboral dade em momentos previsíveis (LACERDA et
(BRASIL, 2008). al., 2014).

UNIDADE 2 67
Imunização Efetiva dos Trabalhadores

A NR 32 fixa claramente a obrigatoriedade de o


empregador disponibilizar todas as vacinas regis-
tradas no país que possam, segundo critérios de
exposição a riscos, estar indicadas para o traba- Conforme apresentado nesta unidade, os serviços
lhador e estabelecidas no Programa de Controle de saúde contam com uma norma específica que
Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Essa regulamenta a segurança e a saúde do trabalhador
norma também estabelece que a vacinação desses deste segmento, a NR 32. Nesse sentido, consultar
profissionais deverá ser gratuita. regularmente a norma se faz de extrema relevância,
As vacinas recomendadas a todos os profis- pois ela elucida aplicações e especificidades
sionais que trabalham em instituições geradoras laborais com as quais os profissionais da saúde
de saúde, sejam em caráter assistencial ou admi- irão se deparar. Consulte a obra na íntegra,
nistrativo são: vacina contra a hepatite B, vacina disponível em: <https://www20.anvisa.gov.br/
contra tétano/difteria, tríplice viral (sarampo, segurancadopaciente/index.php/legislacao/item/
caxumba e rubéola) e influenza (BRASIL, NR portaria-n-485-de-11-de-novembro-de-2005>.
32, 2005).

68 Riscos Ambientais
Riscos
Ergonômicos

A ergonomia, em termos genéricos, trata jus-


tamente da relação entre o homem e seus am-
bientes de trabalho, tendo três objetivos básicos:
possibilitar o conforto ao indivíduo, prevenção
de acidentes, bem como ajudar a evitar o apare-
cimento de patologias específicas para determi-
nado tipo de trabalho (MARINHO; ALMEIDA;
ANDRADE, 2015).
Esforços físicos intensos, levantamento de
peso, trabalho em turnos, posturas inadequadas,
repetitividade, monotonia, controle rígido de
produtividade, imposição de ritmos excessivos e
jornada de trabalho prolongada são considerados
riscos ergonômicos (SOUZA et al., 2012).
A permanência de tais riscos acaba gerando
diversos prejuízos para as organizações envolvi-
das, como: absenteísmo e perda de produtividade,
gastos com afastamentos, indenização pelo dano
físico, contingente de trabalhadores com restrição,
deterioração nas relações humanas e a pressão do
fenômeno LER/DORT sobre a empresa (KASSA-
DA, LOPES; KASSADA, 2011).

UNIDADE 2 69
No Brasil, a Norma Regulamentadora n° 17 é o tivo de profissionais inferior ao desejável e com
dispositivo que regulamenta as questões pertinen- equipamentos inadequados, o que aumenta o ris-
tes à ergonomia, além de estabelecer parâmetros co de desenvolver problemas osteomusculares e
para a adaptação das condições de trabalho às ca- agressões à coluna vertebral (PASA et al., 2015).
racterísticas psicofisiológicas dos trabalhadores,
propiciando o máximo de conforto e segurança,
visando um desempenho eficiente (BRASIL, NR Sobrecarga de Trabalho
17, 1990). A ausência de adaptação no trabalho
tem como consequência a sobrecarga nas estrutu- A sobrecarga no ambiente de trabalho prejudi-
ras físicas do corpo, afetando a integridade física ca as estruturas músculo esqueléticas, origina
ou mental do trabalhador, causando-lhe descon- problemas, tais como fadiga, lombalgia, doenças
forto e/ou doença (SOUZA et al., 2012). osteomusculares, como LER (Lesão por Esforço
Nesse contexto, ações simples podem ajudar a Repetitivo) e DORT (Distúrbios Osteomuscular
reduzir o estresse físico do trabalhador e eliminar Relacionado ao Trabalho) (SOUZA et al., 2012).
futuros problemas de distúrbios musculoesque- As LER/DORT também são conhecidas como
léticos, (OSHA, 2000). A seguir, vamos conhecer doenças da modernidade, estão associadas com
alguns riscos ergonômicos comumente presentes adoecimentos no trabalho. Correspondem às
na área hospitalar. atividades que exigem movimentos repetitivos,
posturas prolongadas, trabalho muscular estático,
monotonia, sobrecarga mental, dentre outros fa-
Postura Inadequada no tores (SOUZA et al., 2012). No Brasil, começou a
Transporte de Pacientes adquirir expressão em número e relevância social a
partir da década de 80, tornando-se um grave pro-
Dentre os diversos riscos ergonômicos a que os blema de saúde pública e social em função da sua
trabalhadores da área da saúde estão expostos, as magnitude e abrangência (ALENCAR; OTA, 2011).
queixas relacionadas ao aparelho osteomuscular Os fatores que favorecem a ocorrência de LER/
representam uma das maiores causas de sofrimen- DORT são múltiplos, constituindo um conjunto
to dessa classe trabalhadora, devido ao esforço fí- complexo, isolados ou agrupados, mas interliga-
sico exigido desses profissionais durante a movi- dos, que exercem seu efeito simultaneamente na
mentação dos pacientes, o que ocasiona lombalgias origem da doença, tendo como sintomas a dor
que interferem na eficiência da força e capacidade localizada, irradiada ou generalizada, desconforto,
do trabalho (MONTEIRO; ALEXANDRE, 2009). fadiga e sensação de peso, formigamento, sensação
Também deve-se atentar para os fatores de de diminuição de força, edema e enrijecimento
risco que interferem na saúde em relação às con- articular. E, apesar de inicialmente se apresenta-
dições ergonômicas inadequadas de mobiliários, rem de forma discreta, com o decorrer do tempo,
posto de trabalho e equipamentos utilizados para podem tornar-se frequentes durante o trabalho,
essas atividades. Além disso, muitas vezes o trans- inclusive incidindo nas atividades extra laborati-
porte de pacientes é realizado por um quantita- vas do trabalhador (BRASIL, 2012).

70 Riscos Ambientais
Ainda, a sobrecarga de trabalho dos profis- Prevenção dos
sionais da área da saúde está associada a fatores, Riscos Ergonômicos
como: número insuficiente de funcionários e pos-
tura inadequada durante a realização de algum E como nos demais riscos já estudados, os ris-
procedimento, gerando acúmulo de funções; ina- cos ergonômicos têm como serem prevenidos?
dequação dos recursos humanos e materiais, que A resposta é sim! Mediante à prática da ginástica
exige do trabalhador uma energia muito maior laboral (GL), conhecida popularmente como gi-
para desenvolver as suas atividades; e, por fim, o nástica na empresa, ela pode diminuir os danos
crescente número de pacientes nas instituições, na saúde do trabalhador causados pelos riscos
em especial, as públicas. Vale ressaltar que os pro- ergonômicos.
fissionais também adotam um ritmo excessivo de A ginástica laboral é uma atividade física rea-
trabalho em função da insatisfação salarial e da lizada durante a jornada de trabalho de forma
necessidade de contribuir com a renda familiar coletiva e voluntária pelos funcionários, com
(OLIVEIRA et al., 2014). exercícios de compensação aos movimentos re-
petitivos à ausência de movimentos, ou a posturas
desconfortáveis assumidas durante o período de
Ambiente de Trabalho trabalho. Os objetivos da GL são: a redução dos
efeitos negativos do LER/DORT, fadiga, estresse e
O ambiente de trabalho constitui o local onde to- alívio das tensões diárias que podem acarretar aci-
dos devem se relacionar, em prol dos cuidados dos dentes de trabalho e baixa produtividade (GON-
pacientes. Para que isto se torne seguro e compatí- DIM et al., 2009; FREITAS-SWERTS; ROBAZZI,
vel à assistência prestada, é de suma importância 2011; ANDRADE et al., 2015).
que os componentes do setor de trabalho estejam Segundo a OSHA (2000), outras medidas tam-
de acordo com o processo de trabalho realizado bém podem ser adotadas para prevenir os traba-
(OLIVEIRA et al., 2014). lhadores dos riscos ergonômicos, como:
As condições de risco de natureza ergonô- • Realizar treinamentos com pessoal espe-
mica envolvem mobiliário, postura, adequação cializado, permitindo que os trabalhado-
dos aparelhos, dimensões, equipamentos, balcão, res entendam melhor sobre a ergonomia e
conforto ambiental, posto, organização e processo seus elementos, além de auxiliar na iden-
de trabalho, desgaste humano, trabalho estático e tificação dos riscos provenientes da má
dinâmico, cargas suportáveis, fadiga, entre outros. ergonomia.
Tudo isso esta inserido no ambiente profissional • Identificar os riscos ergonômicos antes
(SOUZA et al., 2012). que eles desenvolvam doenças ocupa-
Assim, em um ambiente de trabalho onde al- cionais.
guns dos fatores apresentados não estão em con- • Procurar fornecer equipamentos de traba-
cordância, este se torna desgastante, metódico lho que ofereçam condições ergonômicas,
e exaustivo, contribuindo para o surgimento de com materiais mais leves e com as condi-
riscos ocupacionais (OLIVEIRA et al., 2014). ções mínimas de ergonomia (design).

UNIDADE 2 71
Riscos
Psicossociais

Os riscos psicossociais apresentam diversas de-


finições, contudo, um conceito de fácil entendi-
mento e aceito internacionalmente é:



[...] os riscos psicossociais consistem, por
um lado, na interação entre o trabalho, seu
ambiente, a satisfação no trabalho e as con-
dições de sua organização; e por outro, nas
capacidades do trabalhador, suas necessida-
des, sua cultura e sua situação pessoal fora
do trabalho, o que, afinal, através de percep-
ções e experiências, pode influir na saúde e
no rendimento do trabalhador (OIT, 1984).

Os trabalhadores da área da saúde encontram-


-se expostos diariamente aos riscos psicosso-
ciais, consumindo sua força de trabalho e de-
sencadeando estresse ocupacional. Tal fato é
evidenciado devido aos processos de trabalho
inadequados e condições de trabalho precárias,
principalmente no ambiente hospitalar, que in-
terferem diretamente nas capacidades vitais do
trabalhador, causam tensão, fadiga, desmotiva-
ção e comprometem a saúde do grupo, e ainda,

72 Riscos Ambientais
podem aumentar a probabilidade de o indivíduo Quadro 5 - Fases e comportamento dos profissionais aco-
desenvolver problemas de comportamento (AN- metidos pelo estresse

DRADE; CARDOSO, 2012; OLIVEIRA, COSTA; Fases Comportamento


GUIMARÃES, 2012). Fase positiva, na qual o indivíduo
Na inter-relação saúde mental e trabalho há está mais atento, produtivo e
Alerta
de se considerar a vertente estresse e trabalho, motivado; fase de orientação e
que apresenta um alto grau de complexidade. No identificação do perigo.
âmbito dessa vertente, observa-se a preocupação Período de adaptação do indi-
com a determinação dos fatores potencialmente víduo à nova situação; fase de
alerta prolongado, em que existe
estressantes em uma situação de trabalho. A si- maior vulnerabilidade aos agen-
tuação saudável seria a que permitisse o desen- tes de risco; oscila entre equilí-
Resistência
volvimento do indivíduo, alternando exigências brio e desequilíbrio emocional
e períodos de repouso com o controle do traba- com predisposição a desenvol-
ver doenças físicas, como gastri-
lhador sobre o processo de trabalho (OLIVEIRA;
te, hipertensão arterial, diabetes,
COSTA; GUIMARÃES, 2012). A seguir, vamos dentre outras.
conhecer os riscos psicossociais que frequente- O organismo não consegue
mente atingem os trabalhadores da saúde, o es- resistir às tensões e algumas
Quase
tresse e a síndrome de Burnout. doenças começam a aparecer,
exaustão
já que a resistência não está tão
eficaz.

Estresse Há uma quebra total da resis-


tência e o indivíduo apresenta
sintomas semelhantes à fase de
O estresse tem recebido grande atenção, não alerta, mas com maior magni-
Exaustão
somente de pesquisadores, como também de tude, o que proporciona uma
instituições, devido ao crescente contingente de grande exaustão psicológica em
forma de depressão e exaustão
trabalhadores expostos a ele. Estudar o estresse
física.
dos profissionais da saúde no ambiente hospitalar
permite uma melhor compreensão de suas causas, Fonte: adaptado de Andrade e Cardoso (2012) e Borine et
al. (2012).
o que contribui para elucidar questões cotidianas
relacionadas à saúde mental desses profissionais
(GUIDO et al., 2011).
O estresse é um processo caracterizado por
um conjunto de reações fisiológicas, psíquicas e,
até mesmo, comportamentais de adaptação que
o organismo emite quando é exposto a qualquer A conscientização sobre os riscos aos quais estão
estímulo, ou seja, uma forma de restabelecer o expostos os diversos “atores” de um ambiente
equilíbrio. É uma reação de defesa e adaptação hospitalar é dever de todo estudioso e profissional
frente a um agente estressor (LIPP; ROCHA, ligado à saúde, portanto, conscientize-se e
2008). Apresenta quatro fases, conforme indica- conscientize!
das no Quadro 5.

UNIDADE 2 73
Quadro 6 - Sintomas e características da síndrome de Burnout
Frente a situações consideradas estressantes,
o indivíduo irá utilizar mecanismos psicoló- Sintomas Características
gicos para reduzir o impacto dos estressores e, Fadiga constante e progressiva,
assim, retornar ao equilíbrio. Tais mecanismos distúrbios do sono, dores muscu-
lares e osteomusculares, cefa-
ou estratégias são, na realidade, ações cognitivas
leias e enxaquecas, perturbações
elaboradas por ele por meio da avaliação da si- Físicos
gastrointestinais, transtornos
tuação, do ambiente, de experiências anteriores cardiovasculares, distúrbios do
bem-sucedidas e da maturidade de seu apare- sistema respiratório, distúrbios
lho psíquico e são denominadas estratégias de sexuais e alterações menstruais.

coping ou estratégias de enfrentamento. Neste Negligência ou excesso de


escrúpulos, irritabilidade, agressi-
sentido, quando o estresse relacionado ao tra-
Compor- vidade, incapacidade de relaxar,
balho ultrapassa os níveis adaptativos e torna-se tamentais dificuldade na aceitação de
crônico, pode-se desencadear a Síndrome de mudanças, perda de iniciativa e
Burnout (ANDRADE; CARDOSO, 2012; ZA- suicídio.
NATTA; LUCCA, 2015). Falta de atenção e concentração,
alteração de memória, sentimen-
Psíquicos tos de alienação, impaciência,
sentimento de insuficiência e
Síndrome de Burnout (SB) baixa autoestima.
Tendências ao isolamento, senti-
A SB tem sido reconhecida como uma condição mento de impotência, perda de
Defensivos
experimentada por profissionais que desempe- interesse pelo trabalho, ironia e
nham atividades nas quais está envolvido alto cinismo.
grau de contato com outras pessoas, entre os quais Fonte: adaptado de Duarte (2012).
os profissionais da saúde, cuja tarefa envolve uma
atenção intensa e prolongada a pessoas que estão A SB compromete a qualidade do trabalho exe-
em situação de necessidade ou dependência. O cutado e pode contribuir para o aumento de
quadro clínico é variado e pode incluir sintomas acidentes ocupacionais e erros, conflitos, falta
psicossomáticos, psicológicos e comportamentais, de humanização no atendimento e insatisfação
e produzir consequências negativas nos níveis in- dos pacientes. Além disso, os profissionais com a
dividual, profissional, familiar e social (ZANAT- síndrome evitam o contato direto com as pessoas-
TA; LUCCA, 2015). O Quadro 6 apresenta alguns -alvo de sua assistência, podendo desenvolver des-
dos principais sintomas relatados. personalização (GRAZZIANO; BIANCHI, 2010).

74 Riscos Ambientais
Prevenção dos Riscos Psicossociais

De maneira geral, algumas medidas simples po- tencialmente perigoso em função dos riscos apre-
dem contribuir na prevenção dos riscos psicos- sentados, logo, a conscientização e a orientação
sociais, como (SILVA, 2000): dos colaboradores pelas diferentes ferramentas
• Evitar monotonia no ambiente de trabalho. disponíveis em um ambiente hospitalar se fazem
• Oferecer suporte social às pessoas. fundamentais.
• Melhorar as condições sociais e físicas de Em função da necessidade de atenção especial
trabalho. aos colaboradores de saúde, algumas normas regu-
• Investir no aperfeiçoamento pessoal e pro- lamentadoras foram desenvolvidas, visando orien-
fissional dos trabalhadores. tar as organizações acerca dos riscos inerentes às
• Buscar soluções para os problemas em vez atividades, bem como alertar sobre as obrigações
de focar nas emoções negativas. para com os profissionais desse segmento. Dentre
• Utilizar técnicas de relaxamento, ter uma elas, destacam-se as NR 5, 6, 7, 17 e, especialmente,
boa alimentação e praticar atividade física. a 32, que versa sobre os cuidados, a atenção e a im-
plementação das medidas de proteção em relação
Por fim, caro(a) aluno(a), como vimos, as conse- aos profissionais em saúde.
quências associadas aos riscos ambientais, aos quais A atuação de comissões internas, como no caso
estão expostos os colaboradores da área de saúde, da CIPA, faz-se relevante, sobretudo, pela orienta-
são diversas. A legislação laboral extremamente ção referentes aos riscos das atividades e, em es-
exigente faz com que o conhecimento acerca dos pecial, pelas orientações referentes a medidas de
riscos e suas consequências sejam necessários, vi- prevenção.
sando, sobretudo, a sua minimização. Esperamos, Como exposto, os riscos não são exclusivida-
com esta unidade, contribuir um pouco em sua de dos colaboradores de atendimento direto, mas
trajetória acadêmica com informações relevantes sim de todo o quadro de colaboradores presentes
e que possam ser aplicadas em sua futura rotina! em um ambiente hospitalar. Riscos ergonômicos
Como vimos ao longo desta unidade, cada ativi- também irão existir neste ambiente, assim como
dade, quando realizada de forma isolada, apresenta em qualquer outro ambiente organizacional, entre-
riscos inerentes à atividade, ao passo que a asso- tanto, é no ambiente hospitalar que os riscos físicos,
ciação de atividades realizadas pelos profissionais químicos, biológicos e psicossociais se intensificam;
em saúde aumenta consideravelmente a chance do logo, a compreensão deles se faz imprescindível
colaborador ser acometido por alguma consequên- para a atuação dos profissionais desse segmento.
cia oriunda dos riscos laborais. Caro(a) aluno(a), esperamos que as informa-
A amplitude de atividades realizadas em am- ções abordadas nesta unidade possam ser perti-
biente hospitalar e a complexidade das relações nentes e relevantes para sua jornada acadêmica e
atividade-colaborador tornam esse ambiente po- futura jornada profissional.

UNIDADE 2 75
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A higienização no que tange aos atendimentos em saúde caracteriza-se como


uma ação de suma importância em função da capacidade de evitar proliferações
ou veiculações de agentes indesejáveis. Neste sentido e em relação a higienização
das mãos, assinale a alternativa correta.
a) A higienização das mãos não são necessárias em todas as áreas da assistência
hospitalar.
b) A higienização das mãos tem por finalidade apenas tornar o atendimento ao
paciente mais agradável.
c) A lavagem deve ser realizada somente com o enxágue em água corrente.
d) O uso das luvas dispensa a higienização das mãos.
e) A higienização das mãos geralmente é feita com antissépticos, produtos que
têm a função de diminuir a quantidade de microrganismos transitórios e resi-
dentes da pele.

2. A ergonomia versa sobre a relação entre o homem e seus ambientes de trabalho,


tendo três objetivos básicos: possibilitar o conforto ao indivíduo, prevenção de aci-
dentes, bem como ajudar a evitar o aparecimento de patologias específicas para
determinado tipo de trabalho. Tal área do conhecimento aplica-se, também, em
ambientes hospitalares. Em relação aos riscos ergonômicos, analise as assertivas
e assinale as alternativa que contêm fatores de riscos associados à ergonomia.
I) Sobrecarga de trabalho.
II) Esforços repetitivos.
III) Exposição e manuseio de microrganismos.
IV) Postura inadequada em relação ao transporte de pacientes.
V) Manuseio de reagentes químicos.

76
Atendem os critérios somente o expresso em:
a) II e III.
b) II e V.
c) III e V.
d) I, II e IV.
e) Em nenhuma das assertiva, pois nenhuma delas apresenta fatores associados
aos riscos ergonômicos.

3. Acredita-se que os agentes físicos capazes de prejudicar a saúde do trabalhador


não sejam percebidos pelos colaboradores, fazendo com que se habituem a
conviver com eles em sua rotina laboral, desconsiderando danos relacionados
a esses agentes. Neste contexto, analise as assertivas e assinale a alternativa
que contém informações corretas em relação aos riscos físicos.
I) O calor é uma forma de energia que pode ser transmitida de um corpo para
outro, por radiação, condução ou convecção.
II) No Brasil, as diretrizes básicas referentes à proteção radiológica estão apoia-
das na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
III) O agente físico ruído, produzido interna ou externamente, é responsável pelo
comprometimento da saúde desses trabalhadores.
IV) Apesar dos ruídos estarem presentes no ambientes hospitalares, eles não
são observados em unidades de terapia intensivas.
V) Calor é um risco físico frequentemente presente nos ambientes hospitala-
res, sendo, em especial, utilizado em operações de limpeza, desinfecção e
esterilização.
Atendem os critérios somente o expresso em:
a) I e IV.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, II, III e V.
e) Todas as assertivas estão corretas.

77
4. Os riscos biológicos para os profissionais da saúde se fazem relevantes, pois
os ambientes hospitalares representam alto grau de risco para os indivíduos
ali presentes. Neste entendimento e em relação aos riscos biológicos, avalie as
assertivas classificando-as em Verdadeira (V) ou Falsa (F):
(( ) Atividade com intenção deliberadas referem-se a atividades laborais voltadas à
utilização ou manipulação do agente biológico, que constitui o objeto principal
do trabalho, como exemplo os laboratórios de pesquisa microbiológicas.
(( ) Para prevenir a transmissão de patógenos no ambiente de trabalho, o uso de
EPI’s torna-se uma ferramenta fundamental.
(( ) Os hospitais são considerados insalubres por receber pacientes com diversas
doenças infectocontagiosas e agrupá-los em um mesmo local.
(( ) As exposições aos riscos biológicos não estão associadas a lesões provocadas
por instrumentos perfurantes e/ou cortantes, como agulhas, bisturi e vidrarias.
(( ) Consideram-se riscos biológicos as condições de exposição ocupacional de
trabalhadores a agentes biológicos, em que estes entram em contato com
microrganismos modificados ou não, culturas de células e parasitas.

A sequência correta é:
a) V, F, F, F e V.
b) V, F, V, F e F.
c) V, F, V, V e V.
d) F, F, F, F e F.
e) V, V, V, F e V.

5. Dentre os riscos presentes em um ambiente hospitalar, os riscos psicossociais,


especialmente para os colaboradores, merecem atenção especial, devido às
potencialidades acerca desse risco envolvendo os profissionais de saúde. Con-
siderando a relevância desse risco em ambiente hospitalar, discorra sobre os
fatores atrelados a esse risco em ambiente hospitalar.

78
LIVRO

Segurança em Laboratórios Químicos e Biotecnológicos


Autor: Mara Zeni Andrade
Editora: Educs
Sinopse: o risco de acidentes é maior quando nos acostumamos a conviver com
o perigo e passamos a ignorá-lo. A segurança em qualquer local está apoiada
em cada um: você é responsável por si e por todos.

79
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5

85
1. E.

2. D.

3. D.

4. E.

5. As especificidades do atendimento em saúde submetem os colaboradores envolvidos a uma série de riscos


psicossociais que agravam-se em função do tipo de serviço prestado, da área de atendimento, da rotina
de trabalho e está diretamente associado às ações preventivas realizadas pelos hospitais.

86
87
88
Dra. Michele Putti Paludo
Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus

Especificidades em
Rotina Laboratorial

PLANO DE ESTUDOS

Biossegurança e os organismos
Simbologia aplicada geneticamente modificados
(OGMs)

Níveis de biossegurança Mapa de Risco

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer os diferentes níveis de biossegurança em labo- • Conceituar mapas de riscos voltados aos ambientes hos-
ratórios de serviços de saúde. pitalares.
• Compreender as especificidades da simbologia aplicada • Explicar organismos geneticamente modificados e conhe-
em laboratórios de serviços de saúde. cer sua aplicações em serviços de saúde.
Níveis de
Biossegurança

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a tercei-


ra Unidade do material didático da disciplina de
Biossegurança! Esta unidade irá guiá-lo a uma
discussão aprofundada acerca dos níveis de bios-
segurança existentes nos laboratórios de serviços
de saúde e espaços de trabalho ligados à área, ago-
ra que os conceitos básicos já foram apresentados
em unidades anteriores.
Além disso, iremos discorrer sobre a simbolo-
gia específica aplicada em ambientes hospitalares
e também em ambientes voltados à prestação de
serviços em saúde como um todo, possibilitando
uma futura atuação profissional de forma efe-
tiva e, sobretudo, consciente acerca dos riscos
presentes nas rotinas laborais destes ambientes.
Iremos, ainda, conhecer as diferentes formas de
sinalizar os riscos inerentes ao ambiente hospi-
talar, bem como sua aplicação em ferramentas
de informação e conscientização, por exemplo os
mapas de risco, que desempenham uma função
essencial em qualquer ambiente laboratorial que
apresente riscos.
A simbologia pode, ainda, ser classificada de
acordo com os tipos de sinais aplicados, sendo
estes necessários para o desempenho e realiza- possa sugerir a virulência, patogenicidade, os pa-
ção das rotinas laborais. Tais sinalizações deverão, drões de resistência aos antibióticos e às vacinas
também, estar corretamente representadas nos e a disponibilidade de tratamento ou outros fato-
mapas de risco. res significativamente alterados (BRASIL, 2006a;
Ainda nesta unidade, serão apresentados BRUNO, 2014).
os organismos geneticamente modificados A seguir, vamos aprender especificamente
(OGMs), bem como suas aplicações na área sobre os quatro níveis de biossegurança labora-
da saúde. Veremos que, apesar dos OGMs re- toriais.
presentarem um avanço significativo para a
humanidade em termos de avanços científicos
e de engenharia genética, sua utilização deve Nível de Biossegurança 1
sempre ser devidamente planejada e executada, (NB-1)
visando reduzir ou eliminar possíveis dispersões
ambientais. O nível de biossegurança 1 representa nível básico
Portanto, ao fim desta unidade de estudo, es- de contenção que se baseia nas práticas padrão
peramos que você obtenha uma breve perspectiva de microbiologia, sem uma indicação de barrei-
sobre as temáticas supracitadas e que possa, de ras primárias ou secundárias, com exceção de
fato, reconhecer e identificar as peculiaridades uma pia para a higienização das mãos (BRASIL,
da rotina laboratorial. 2006a). Apresenta baixo risco individual e coletivo
Os níveis de biossegurança já foram apresen- e envolve os agentes biológicos da classe de risco 1
tados na Unidade 1, e existindo qualquer dúvida (BRASIL, 2006b; TEIXEIRA, VALLE, 2010). Res-
você pode recorrer a ela. Neste momento, iremos salta-se que os agentes desse nível são os micror-
estudar mais detalhadamente cada nível. ganismos conhecidos por não causarem doenças
Os laboratórios apresentam basicamente qua- em pessoas ou animais, como Lactobacillus sp. e
tro níveis de biossegurança, classificados de acor- Bacillus (BRASIL, 2006b).
do com os agentes de risco. Os laboratórios que Em termos de infraestrutura, os laboratórios
trabalham com agentes de risco 1 a 4 precisam NB-1 não necessitam estar separados das demais
aplicar normas para o trabalho em contenção, dependências do edifício e os trabalhos são con-
cujo o nível é determinado pela maior classe de duzidos, normalmente, em bancadas (BRUNO,
risco presente. Por exemplo, para um laboratório 2014). Na sequência, com base nas recomenda-
em que são manipulados agentes das classes de ções do Ministério da Saúde (BRASIL, 2006c), se-
risco 1 e 2, deverá ser adotado o nível de conten- rão apresentadas algumas medidas de contenção
ção 2, (BRASIL, 2006a; BRUNO, 2014). adotadas nesses laboratórios:
Deste modo, uma estrutura laboratorial ade- • Os equipamentos especiais de contenção,
quada é aquela que está de acordo com o funcio- tais como as Cabines de Segurança Bioló-
namento do laboratório ou clínica e com nível de gica (CSB’s), não são exigidos para mani-
biossegurança recomendado para os agentes ma- pulações de agentes biológicos da classe
nipulados no local, atuando também como uma de risco 1.
barreira de contenção secundária. Práticas mais • Os EPIs, tais como luvas e vestuário de
(ou menos) rígidas poderão ser adotadas quando proteção (avental, uniforme ou jaleco) são
temos uma informação específica disponível que requeridos durante o trabalho.

UNIDADE 3 91
• O vestuário de proteção deverá apresentar E não esqueça, para os laboratórios NB-1 e todos
mangas compridas ajustadas nos punhos e os demais níveis, os Procedimentos Operacio-
não deve ser usado fora da área laborato- nais Padrão (POP’s) devem sempre ser adota-
rial, visando evitar contaminações externas dos. Se você não lembra quais são esses proce-
à área laboratorial. dimentos, confira as informações disponíveis
• É obrigatório o uso de calçados fechados na Unidade 1.
que possam proteger os pés contra aciden- Observa-se então, caro(a) aluno(a), que os
tes envolvendo substâncias que apresentem laboratórios NB-1 não exigem proteção tão
riscos à integridade física dos profissionais “rigorosa”, uma vez que os agentes biológicos
que as manuseiem. não oferecem grandes riscos à saúde dos ma-
• Óculos de segurança e protetores faciais nipuladores. Contudo, a preocupação com a
devem ser usados sempre que os procedi- segurança é fundamental em todos os níveis
mentos operacionais padrão os exigirem/ de biossegurança, bem como nas práticas la-
recomendarem. borais cotidianas dos profissionais em saúde.
• O laboratório deverá possuir dispositivo de Desta forma, a fim de auxiliar na compreensão
emergência para lavagem dos olhos, além deste conteúdo, o Quadro 1 apresenta algumas
de chuveiros de emergência localizados no barreiras primárias e secundárias adotadas nos
laboratório ou em local de fácil acesso. laboratórios NB-1.

Quadro 1 - Barreiras primárias (equipamentos de segurança) e barreiras secundárias (instalações laboratoriais) dos la-
boratórios NB-1

Barreiras primárias Barreiras secundárias


Cada laboratório deverá conter uma pia para
Uso de jalecos, aventais ou uniformes pró- lavagem das mãos.
prios, para evitar contaminação ou sujeira de
suas roupas normais. O laboratório deve ser projetado de modo a
permitir fácil limpeza.
É recomendável que a superfície das banca-
das seja impermeável à água e resistente ao
Uso de luvas para os casos de rachaduras ou calor moderado e aos solventes orgânicos,
ferimentos na pele das mãos. ácidos, álcalis e químicos usados para a des-
contaminação da superfície de trabalho e do
equipamento.
Os móveis do laboratório deverão ser capazes
Uso de óculos de proteção em procedimentos de suportar cargas e usos previstos.
que produzam borrifos de microrganismos ou Se o laboratório possuir janelas que se abram
de materiais perigosos. para o exterior, estas deverão conter telas de
proteção contra insetos.

Fonte: Brasil (2006a).

92 Especificidades em Rotina Laboratorial


Nível de Biossegurança 2 (NB-2)

É o nível exigido para o trabalho com agentes bio- relacionados com acidentes percutâneos, ou que
lógicos da classe de risco 2, isto é, agentes capazes possuam capacidade de atravessar a pele, as ex-
de provocarem infecções no homem ou nos ani- posições da membrana ou com a ingestão de ma-
mais, e o potencial de propagação na comunidade teriais infecciosos. Portanto, deve-se tomar um
e de disseminação no meio ambiente é limitado, extremo cuidado com agulhas contaminadas ou
existindo medidas terapêuticas e profiláticas efi- com instrumentos cortantes ou perfurocortan-
cazes (BRASIL, 2006b). tes. Embora os organismos rotineiramente ma-
O NB-2 é aplicado, por exemplo, a laboratórios nipulados em um laboratório NB-2 não sejam
de análises clínicas, de diagnóstico e laboratórios- transmitidos por aerossóis, os procedimentos
-escola, no qual as práticas de ensino ou práticas envolvendo um alto potencial para a produção
laborais envolvem sangue humano, líquidos corpo- de salpicos ou aerossóis que possam aumentar o
rais, tecidos ou células humanas primárias, em que risco de exposição desses funcionários devem ser
a presença do agente infeccioso pode ser desconhe- conduzidos com um equipamento de contenção
cida. Com boas técnicas de microbiologia, esses primária (BRASIL, 2006a).
agentes podem ser usados de maneira segura em Diferentemente dos laboratórios NB-1, os la-
atividades conduzidas sobre uma bancada aberta, boratórios NB-2 apresentam equipamentos de
uma vez que o potencial para a produção de borri- contenção específicos, como a cabine de seguran-
fos e aerossóis é baixo. O vírus da hepatite B, o HIV, ça biológica (CSB) e autoclave (BRASIL, 2006c).
a salmonela e o Toxoplasma spp. são exemplos A CSB é utilizada em todos os procedimentos
de microrganismos designados para esse nível de que envolvam culturas de tecidos infectados ou de
contenção (BRASIL, 2006a; BRUNO, 2014). ovos embrionados (de parasitas), bem como em
Os perigos primários em relação aos colabo- processos em que ocorra a formação de aerossóis.
radores que trabalham com esses agentes estão As classes de CSB’s usadas são a I e II (Figura 1).

CSB classe I CSB classe II

Figura 1 - Cabine de segurança biológica classe I e II usadas nos laboratórios NB-2

UNIDADE 3 93
A CSB classe I oferece proteção ao manipulador
e ao meio ambiente, mas não protege o produ-
to a ser manipulado. É semelhante à exaustão
de uma capela química, porém possui um filtro
High Efficiency Particulated Air (HEPA) para
a proteção do meio ambiente e um fluxo de ar
interior com velocidade mínima de 75 pés li-
neares/minuto.
Já a CSB classe II é projetada com um fluxo
de ar interior com velocidade de 75 a 100 pés
lineares/minuto para proteger os profissionais
que operam esses equipamentos; um fluxo de ar
Figura 2 - Modelo de autoclave usada nos laboratórios NB-2
laminar vertical para proteger o produto; e um
fluxo de saída de ar de exaustão com um siste- Ainda, os profissionais que atuam nos laborató-
ma de filtração, para proteger o meio ambiente rios NB-2 devem ter um treinamento específico
(UEKI et al., 2008). no manejo de agentes patogênicos, sendo super-
Já a autoclave (Figura 2) deve estar disponível visionados por analistas competentes. O acesso ao
no interior ou em local próximo ao laboratório, laboratório deverá ser limitado durante os pro-
dentro da edificação, de modo a permitir a des- cedimentos operacionais e o espaço destinado
contaminação de todos os materiais e resíduos ao laboratório deve ser separado da área pública
gerados nas operações e processos laboratoriais, (BRASIL, 2006a). O Quadro 2 contém as princi-
evitando, consequentemente, a contaminação do pais barreiras primárias e secundárias adotadas
meio ambiente (BRASIL, 2006c). nos laboratórios NB-2.

Quadro 2 - Barreiras primárias (equipamentos de segurança) e barreiras secundárias (instalações laboratoriais) dos
laboratórios NB-2

Barreiras primárias Barreiras secundárias


Uso de máscaras de proteção, protetor facial,
óculos de proteção ou outra proteção para É exigido um sistema de portas com tranca.
respingos.
Uso de jalecos, gorros ou uniformes de prote-
ção. Ao sair do laboratório, a roupa protetora Lavatórios com torneiras de acionamento sem
deve ser retirada e encaminhada para a lavan- uso das mãos.
deria da instituição.
Uso de luvas quando houver um contato Sistema central de ventilação e com janelas
direto com materiais e superfícies ou equipa- vedadas.
mentos contaminados. As mãos deverão ser
lavadas após a remoção das luvas. Antecâmara.

Uso de CBS’s classe I ou II. Sistema de geração de emergência elétrica.

Fonte: adaptado de Brasil (2006a); Molinaro, Caputo e Amendoeira (2009).

94 Especificidades em Rotina Laboratorial


Nível de Biossegurança 3 (NB-3)

O NB-3 é aplicado aos laboratórios que desenvol- O NB-3 é aplicável para laboratórios clínicos,
vem atividades com agentes biológicos da classe de diagnóstico, ensino e pesquisa ou de produção,
de risco 3 (BRASIL, 2006c). Esses agentes corres- onde o trabalho com agentes biológicos possa
pondem a microrganismos, como o Clostridium causar doenças sérias ou potencialmente fatais,
botulinum (causador do botulismo) e o Bacillus como resultado de exposição por inalação. A
anthracis (causa da doença carbúnculo), que equipe laboratorial deverá possuir treinamento
oferecem alto risco individual, risco moderado à específico no manejo de agentes patogênicos e po-
comunidade e que possuem capacidade de trans- tencialmente letais, devendo ser supervisionados
missão por via respiratória, causando patologias por analistas que possuam experiência com esses
humanas, potencialmente letais, para as quais exis- agentes (BRASIL, 2006a). As barreiras primárias
tem usualmente medidas de tratamento e/ou de e secundárias adotadas nesses laboratórios estão
prevenção (BRASIL, 2006b). descritas no Quadro 3.

Quadro 3 - Barreiras primárias (equipamentos de segurança) e barreiras secundárias (instalações laboratoriais) dos la-
boratórios NB-3

Barreiras primárias Barreiras secundárias


O laboratório deve ter acesso restrito e estar
Uso de jalecos com uma frente inteira, maca- separado das áreas de trânsito do prédio.
cão ou uniforme de limpeza. Uma sala para a troca de roupas deverá ser
incluída no laboratório.
Uso luvas ao manusear materiais e equipa- Lavatórios com torneiras de acionamento sem
mentos contaminados. uso das mãos.
Sistema central de ventilação contendo filtros
Todas as manipulações de materiais infec- HEPA. As janelas devem ser lacradas.
ciosos devem ser conduzidas em uma CBS’s Os laboratórios devem apresentar equipamen-
classe II ou III. tos para a descontaminação do material (auto-
clave, desinfecção química ou incineração).
Uso de protetor facial e respirador, quando Um lava-olhos deve estar disponível no labo-
necessário. ratório.

Fonte: Brasil (2006a).

Todos os procedimentos, técnicos ou administrativos, devem estar descritos, ser de fácil acesso e devem
ser de conhecimento dos técnicos envolvidos em sua execução. Estes devem previamente demonstrar
ter o domínio dos procedimentos técnicos para a execução das atividades laboratoriais.

UNIDADE 3 95
Em relação as CSBs utilizadas nos laboratórios Acidentes ou incidentes que resultem em expo-
de nível de biossegurança 3, estas devem pertencer sições a agentes biológicos patogênicos nos labora-
à classe II (descrita anteriormente no NB-2) ou III, tórios NB-3 deverão ser imediatamente relatados
apresentada na Figura 3. A CSB classe III é total- ao profissional responsável. Nesses casos, devem ser
mente fechada e ventilada, adequada para o trabalho tomadas todas as medidas necessárias para mitigar
com agentes perigosos que requerem a contenção e/ou remediar a situação, como procedimentos de
de um nível de biossegurança 4. Essa CBS é opera- avaliação médica, vigilância e tratamento, devendo
da com pressão negativa, e o trabalho é realizado ser mantidos os registros por escrito desses episó-
por meio de braços com luvas de borracha. Todo o dios e das providências adotadas (BRASIL, 2006c).
sistema é controlado por filtros HEPA e o material
utilizado é seguido de esterilização antes de ser des-
cartado para o ambiente (UEKI et al., 2008).

Figura 3 - Cabine de segurança biológica classe III usada nos laboratórios NB-3

96 Especificidades em Rotina Laboratorial


Nível de Biossegurança 4 (NB-4)

Os laboratórios NB-4 são conhecidos como la- • Os laboratórios somente devem funcionar
boratórios de máxima segurança que trabalham com autorização e fiscalização das respec-
com agentes biológicos da classe de risco 4 ou com tivas autoridades sanitárias, devido à mani-
potencial patogênico desconhecido, não existindo pulação de agentes patogênicos perigosos.
para esses agentes vacina ou terapia disponível • Sistema de autoclave de dupla porta, câma-
(BRASIL, 2006c). Nesses laboratórios, os princi- ra de fumigação ou sistema de ventilação
pais causadores de doenças aos homens e animais com antecâmara pressurizada para o fluxo
são os vírus, como o Ebola (BRASIL, 2006b). de materiais para o interior do laboratório.
As instalações e procedimentos exigidos para • Nenhum material pode ser removido do
o NB-4 devem atender as especificações já estabe- laboratório a menos que tenha sido este-
lecidas para os laboratórios NB-1, NB-2 e NB-3, rilizado, exceto os agentes biológicos que
porém acrescidas de: necessariamente tenham de ser retirados
• O laboratório deve estar localizado em na forma viável.
prédio separado ou em área claramente • As pessoas autorizadas devem cumprir
demarcada e isolada das demais instala- com rigor as instruções e os procedimentos
ções da instituição e dispor de vigilância para a entrada e a saída do laboratório, de-
24 horas por dia. vendo existir um registro de entrada e saída
• O laboratório deve possuir câmaras de entra- de pessoal, com data, horário e assinaturas.
da e saída de pessoal, separadas por chuveiro. • Deve existir um plano de contingência e de
• As manipulações com organismos gene- emergência com descrição clara dos pro-
ticamente modificados (OGM) de classe cedimentos necessários em tais situações.
de risco 4 devem ser realizadas em cabine • Os filtros Hepa e os pré-filtros das CSBs e
de segurança biológica Classe II ou III, em dos sistemas de ar devem ser removidos e
associação com roupas de proteção pessoal acondicionados em recipientes hermetica-
com pressão positiva, ventiladas por siste- mente fechados, para subsequente descon-
ma de suporte de vida. taminação e destruição adequadas.

Outras informações acerca desses procedimentos que são comumente adotados nos laboratórios
de nível de biossegurança 4, e também para os NB-1, NB-2 e NB-3, podem ser encontradas no
material desenvolvido pelo Ministério da Saúde, intitulado: Diretrizes Gerais para o Trabalho em
Contenção de Agentes Biológicos. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/
contencaocomagentesbiologicos.pdf>.

UNIDADE 3 97
Simbologia
Aplicada

A utilização de símbolos ou sinais na área da


saúde é um tipo de comunicação não verbal de
extrema relevância que visa chamar a atenção e
comunicar a existência de uma fonte de risco ou
de perigo. Para sinalizar com objetividade, efi-
cácia e clareza, são utilizados recursos auxiliares
de fundamental importância, como pictogramas
(sinal ou símbolo) e as cores. Os pictogramas obe-
decem ao sistema internacional padronizado de
pictogramas, aceitos e adotados no mundo inteiro,
para comunicar perigos e ações sem o uso das pa-
lavras, facilitando a compreensão e memorização
(PAIVA, 2013, on-line)1.
Os sinais são comumente divididos em: sinais
de aviso, sinais de proibição, sinais de obrigação,
sinais de orientação e salvamento e sinais de con-
trole a incêndio.

98 Especificidades em Rotina Laboratorial


Norma Regulamentadora n° 26

A Norma Regulamentadora nº 26 (NR-26) é a técnicas. A utilização de cores não dispensa o em-


responsável pela sinalização de segurança, tendo prego de outras formas de prevenção de acidentes.
como objetivo a fixação das cores que devem ser Além disso, o uso de cores deve ser o mais reduzido
usadas nos locais de trabalho para a prevenção de possível, a fim de não ocasionar distração, confusão
acidentes. As cores utilizadas nos locais de traba- e fadiga ao trabalhador (BRASIL, NR 26, 2011).
lho para identificar os equipamentos de segurança, E quais são as cores utilizadas para sinalizar
delimitar áreas, identificar tubulações empregadas os riscos de acidentes no ambiente de trabalho?
para a condução de líquidos e gases e advertir con- Vejamos, no Infográfico 1, quais são essas cores e
tra riscos devem atender ao disposto nas normas seus locais de aplicação de acordo com a NR 26.

VERMELHA ALARANJADA
Cor de segurança utilizada para símbolos Usada em partes móveis e perigosas de
de proibição e identificação de equipa- máquinas e equipamentos.
mentos de combate a incêndios e alarme. Exemplos: Canalizações contendo ácidos,
Exemplos: Hidrantes, bombas de incêndio, entre outros.
extintores, entre outros.

AMARELA AZUL
Usada para identificar avisos de Usada para determinar o uso de EPI’s.
advertência. Exemplos: Canalizações de ar comprimi-
Exemplos: Corrimões, parapeitos, partes do, obrigatoriedade do uso de EPI’s, entre
baixas de escadas portáteis, entre outros. outros.

PÚRPURA BRANCA
Usada para indicar os perigos provenientes Usada para marcar a passagem de
das radiações eletromagnéticas pene- pedestres.
trantes de partículas nucleares. Exemplos: Passarelas, corredores de
Exemplos: Locais onde se manipulam circulação, entre outras.
materiais radioativos, locais onde tenham
sido enterrados materiais e equipamen-
tos contaminados, entre outros. CINZA
Usada para identificar canalizações em
VERDE vácuo.
Cor de segurança usada para símbolos de Exemplos: Canalizações em vácuo.
orientação e socorro.
Exemplos: Chuveiros de segurança, caixas
de equipamentos de socorro de urgência, PRETA
caixas contendo máscaras de gases,
entre outros. Cor de segurança usada para símbolos de
alerta e sinais de perigo.
Exemplos: Canalizações de óleo lubrifi-
Infográfico 1 - Cores de sinalização, aplicação e exemplos cante, asfalto e óleo combustível.
Fonte: adaptado de Brasil (2011).

UNIDADE 3 99
Além das cores de segurança, existem as cores de Principais Sinalizações
contraste – branca ou preta – que são utilizadas Utilizadas na Área de Saúde
para melhorar a visibilidade da sinalização. Ain-
da associada às cores, as formas geométricas das A área da saúde, assim como os demais segmentos
placas também são usadas e podem ser (NORMA que envolvem atividades científicas ou de atendi-
TÉCNICA 20/2014): mento que apresentem possível risco aos profis-
• Circulares: utilizadas para implantar sím- sionais envolvidos, deve contar com ferramentas
bolos de proibição e ação de comando. efetivas que, associadas a medidas de prevenção,
• Triangulares: utilizadas para implantar possam contribuir para o desenvolvimento das
símbolos de alerta. atividades laborais de forma segura.
• Retangulares ou quadradas: utilizadas para Cabe destacar que uma das principais funções
implantar símbolos de orientação, socorro, das diferentes sinalizações consiste em alertar a
emergência, identificação de equipamen- população presente acerca dos riscos, obrigações
tos utilizados no combate a incêndio, alar- e medidas de segurança que devem ser adotadas.
me e mensagens escritas. Ainda, as sinalizações no contexto da saúde
têm por finalidade contribuir de forma sistêmica
Cabe destacar que existem outras formas de sina- para uma cadeia de serviços, que se iniciam em
lização universais que se complementam entre si e seu manuseio propriamente dito e estão relacio-
compreendem: os sinais acústicos, a comunicação nados à rotina laboral e são finalizados no descar-
verbal e os sinais gestuais (FATOR SEGURANÇA te adequado do material manipulado. Vejamos,
Ltda, 2002). na sequência, mais detalhes sobre os diferentes
Agora que já conhecemos as cores e as formas tipos de sinais.
geométricas utilizadas na sinalização de seguran-
ça, podemos estudar sobre os principais símbolos/
sinais encontrados em clínicas, hospitais e unida-
des básicas de saúde.

100 Especificidades em Rotina Laboratorial


Sinais de Aviso

Os sinais de aviso visam advertir para uma situa- • Forma: triangular.


ção, objeto ou ação susceptível que pode originar • Cor do fundo: amarela.
dano ou lesão pessoal. Podem alertar para poten- • Moldura: preta.
cial risco de incêndio, explosão, choques elétri- • Cor do símbolo (cor de segurança): preta.
cos, contaminação por produtos perigosos, entre • Margem (opcional): amarelo.
outros.
Neste tipo de sinalização, as placas indicati- Dentre os inúmeros sinais de aviso existentes, os
vas devem apresentar as seguintes características mais usados em hospitais, clínicas e unidades bá-
(ABNT, 2004; NORMA TÉCNICA 20/2014): sicas de saúde estão apresentados no Infográfico 2.

Risco biológico Risco de radiação

Todo local que houver a probabilidade Qualquer local que houver a presença
da exposição ocupacional a agentes de materiais radioativos.
biológicos.

Risco de incêndio Risco de corrosão

Qualquer local que houver a presença Qualquer local que houver a presença
de materiais altamente inflamáveis. de materiais corrosivos.

Risco de choque Alerta geral


elétrico

Qualquer local que houver instalações Qualquer local que não houver
elétricas que oferecem risco elétrico. símbolo específico de alerta, devendo
sempre estar acompanhado de
mensagem escrita específica.

Infográfico 2 - Principais sinais de aviso utilizados na área da saúde


Fonte: adaptado de ABNT (2004); Norma técnica 20/2014.
UNIDADE 3 101
Sinais de Proibição

São sinais frequentemente encontrados em ambientes hospitalares e têm como objetivo proibir ou coibir
ações capazes de oferecer risco aos profissionais e pacientes, como o início de um incêndio (NORMA
TÉCNICA 20/2014). A sinalização de proibição deve apresentar (ABNT, 2004; NORMA TÉCNICA
20/2014), conforme Infográfico 3:
• Forma: circular.
• Cor de contraste: branca.
• Barra diametral e faixa circular (cor de segurança): vermelha.
• Cor do símbolo: preta.
• Margem (opcional): branca.

Proibido fumar Proibido produzir


chama

Todo local onde fumar pode aumentar Todo local onde a utilização de chama
o risco de incêndio. pode aumentar o risco de incêndio.

Proibido utilizar Proibido utilizar


água para elevador em caso
apagar o fogo de incêndio
Qualquer local onde o uso de água seja No local de acesso aos elevadores
impróprio para extinguir o fogo. comuns. Em alguns casos pode ser
complementada pela mensagem “em
caso de incêndio não use os elevadores”.

Proibida a entrada
de pessoas
não autorizadas
Qualquer local que não permite a
entrada de pessoas que não façam
parte da equipe.

Infográfico 3 - Principais sinais de proibição utilizados na área da saúde


Fonte: adaptado Especificidades
102 de ABNT (2004); Norma
em Rotina técnica 20/2014.
Laboratorial
Sinais de Obrigação

Os sinais incluídos nesta categoria impõem um determinado comportamento, estando diretamente


associados, na área da saúde, ao uso obrigatório dos equipamentos de proteção individual. O Infográfico
4 apresenta alguns sinais de obrigação.
Os sinais de obrigação devem cumprir com as seguintes características (FATOR DE SEGURANÇA
Ltda, 2002; FERNANDES, 2011):
• Forma: circular.
• Cor do fundo: azul.
• Cor de contraste: branca.
• Cor do símbolo: branca.

Proteção Proteção
obrigatória obrigatória
de olhos dos ouvidos

Qualquer local que pode ocorrer Qualquer local que ofereça ruídos
impactos, respingos de sangue ou prolongados e nocivos.
outras secreções e formação de
aerossóis.

Proteção Proteção
obrigatória obrigatória
das vias das mãos
respiratórias
Qualquer local que houver risco de Todo local que houver manuseio com
inalação de aerossóis ou produtos material contaminado.
químicos.

Proteção Proteção
obrigatória obrigatória
dos pés do rosto

Todo local que houver respingos e Qualquer local que possa oferecer
derramamento de material infectante. impactos, substâncias nocivas e
radiações.

Infográfico 4 - Principais sinais de obrigação utilizados na área da saúde


Fonte: adaptado de Fernandes (2011). UNIDADE 3 103
Sinais de orientação e Salvamento

A sinalização de orientação e salvamento visa, em caso de perigo, indicar as saídas de emergência,


o caminho para o posto de socorro ou local em que existem dispositivos de salvamento. As placas
indicativas devem possuir as seguintes características (ABNT, 2004; NORMA TÉCNICA 20/2014):
• Forma: quadrada ou retangular.
• Cor do fundo (cor de segurança): verde.
• Cor do símbolo (cor de contraste): fotoluminescente.
• Margem (opcional): fotoluminescente.

Além dos sinais já relatados, estes sinais também são frequentemente encontrados em hospitais, clínicas
e unidades básicas de saúde. O Infográfico 5 apresenta alguns desses sinais.

Saída de Escada de
emergência emergência

Todo local que indique saída de Todo local que indique o sentido de
emergência com ou sem complementação fuga no interior da escada.
do pictograma fotoluminescente (seta ou
imagem, ou ambos).

Primeiros Maca de
socorros emergência

Todo local em que medidas específicas Todo local em que medidas específicas
possam ser tomadas antes da chegada possam ser tomadas antes da chegada
do médico. do médico.

Chuveiro de Lava-olho de
emergência emergência

Qualquer local que pode ocorrer Qualquer local que pode ocorrer
impactos, respingos de sangue ou impactos, respingos de sangue ou
outras secreções e formação de outras secreções e formação de
aerossóis aerossóis.

Infográfico 5 - Principais
104 sinais
Especificidades emde orientação
Rotina e salvamento utilizados na área da saúde
Laboratorial
Fonte: adaptado de Fernandes (2011); ABNT (2004); Norma Técnica 20/2014.
Sinais de Controle a Incêndio

Os sinais pertencentes a esta categoria têm como objetivo indicar a localização e os tipos de equi-
pamentos de combate a incêndios e alarme disponíveis no local (NORMA TÉCNICA 20/2014). O
Infográfico 6 mostra os principais sinais encontrados na área da saúde.
As placas indicativas devem ser conforme indicadas a seguir (ABNT, 2004):
• Forma: quadrada ou retangular.
• Cor de fundo (cor de segurança): vermelha.
• Cor do símbolo (cor de contraste): fotoluminescente.
• Margem (opcional): fotoluminescente.

Telefone ou
Extintor de
interfone
incêndio
de emergência

Qualquer local que indique a Todo local que indique a posição do


localização de extintores de incêndio. interfone para comunicação de
situações de emergência com uma
central.

Abrigo de
Mangotinho mangueira
e hidrante

Todo local que indique a localização Todo local que indique o abrigo da
do mangotinho. mangueira de incêndio com ou sem
hidrante no seu interior.

Infográfico 6 - Principais sinais de combate a incêndio utilizados na área da saúde


Fonte: adaptado de ABNT (2004); Norma técnica 20/2014.

UNIDADE 3 105
Mapa de
Riscos

Caro(a) aluno(a), agora que aprendemos um


pouco mais sobre os riscos em ambientes que
trabalham com a saúde e como reconhecer os
sinais relacionados a eles, você saberia respon-
der o que vem a ser um MRs? Caso a resposta
seja não, fique tranquilo, na sequência iremos
elucidar esse assunto.
O MRs surgiu em 1967, na Itália, a partir de
uma vasta pesquisa sobre os diversos problemas
enfrentados pelos trabalhadores. No Brasil, o
MRs foi incorporado à Norma Regulamentadora
n° 5, a partir do ano de 1980, e sua elaboração
passou a ser obrigatória a todas empresas que
tivessem uma Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes (CIPA), de acordo com a NR-9
(HÖKERBERG et al., 2006; PAVAN; SAVI, 2012).
O mapa de riscos é uma técnica empregada
para coletar o maior número possível de infor-
mações sobre os riscos existentes no ambiente de
trabalho. O MRs permite fazer um diagnóstico
da situação de segurança e saúde do trabalho
nas empresas com a finalidade de estabelecer
medidas preventivas. Além disso, possibilita a

106 Especificidades em Rotina Laboratorial


troca e a divulgação de informação entre os tra- Elaboração de um MRs
balhadores, estimulando sua participação nas
atividades de prevenção (BRASIL, NR 9, 1994; Segundo Hökerberg et al. (2006), a elaboração
BENATTI; NISHIDE, 2000). do mapa de riscos no hospital é motivada por
Nesse momento, você pode estar se questio- três fatores:
nando, e quem pode elaborar um MRs? 1. Base legal para uso do MRs como método
A elaboração é feita por um profissional ca- para a identificação dos riscos.
pacitado, por exemplo, um técnico em segurança 2. Aparente simplicidade do método.
do trabalho, um engenheiro de segurança no 3. Possibilidade de envolvimento ativo dos
trabalho ou, ainda, um profissional qualifica- trabalhadores.
do responsável pelo local avaliado (PINTO et
al., 2013). Esses profissionais aplicam métodos Na elaboração do MRs, são utilizadas cores con-
científicos cada vez mais sofisticados ou podem, forme a classificação dos riscos ambientais, e a
ainda, basear-se em instrumentos predefinidos gravidade do risco é representada pelo tamanho
por comissões de biossegurança ou de qualidade, dos círculos. A representação gráfica dos riscos
para identificar e mensurar os riscos (HÖKER- deve ser de forma clara, permitindo a rápida iden-
BERG et al., 2006). tificação de cada tipo de risco existente em cada
O MRs deve ser moldado, inicialmente, ob- setor (PAVAN; SAVI, 2012). O Quadro 4 apresen-
servando os riscos que o profissional está sujeito ta o risco e a cor representativa de cada um dos
durante o exercício de suas atividades laborais, riscos a que os trabalhadores estão expostos no
atividades estas que podem afetar o bem-estar ambiente de trabalho.
físico e psíquico do indivíduo (PINTO et al., Lembrando que se durante o estudo houver
2013). Algumas vantagens associadas à elabo- alguma dúvida em relação aos riscos, retorne à
ração de um MRs estão listadas a seguir: Unidade 2, nela aprendemos e discutimos a clas-
• Identificação prévia dos riscos existentes sificação desses riscos individualmente.
nos locais de trabalho, os quais os traba- Quadro 4 - Riscos ambientais e sua representação por cores
lhadores poderão estar expostos.
• Conscientização quanto ao uso adequado Cor Grupo Risco

das medidas e dos equipamentos de pro- Risco


Verde 1
teção coletiva e individual. físico

• Redução de gastos com acidentes e doen- Risco


Vermelha 2
químico
ças, medicação, indenização, substituição
de trabalhadores e danos patrimoniais. Risco
Marrom 3
biológico
• Facilitação da gestão de saúde e segurança
no trabalho com o aumento da segurança Risco
Amarela 4
ergonômico
interna e externa.
• Melhoria do clima organizacional, maior Risco
Azul 5
acidente
produtividade, competitividade e lucrati-
vidade (PAVAN; SAVI, 2012). Fonte: Brasil (NR 9, 1994).

UNIDADE 3 107
Na elaboração do MRs, algumas etapas devem ser seguidas como previsto na Norma Regula-
mentadora n° 9 (BRASIL, NR 9, 1994). O Infográfico 7 apresenta as referidas etapas de elaboração.

Etapa
Conhecer o processo de trabalho no local analisado.

Descrição
•• Conhecimento dos trabalhadores em relação a número, sexo, idade e treinamento profissional
e de segurança e saúde.
•• Conhecimento dos instrumentos e materiais de trabalho utilizados.
•• Conhecimento do ambiente de trabalho e das atividades exercidas.

Etapa
Identificar os riscos existentes no local analisado.

Descrição
•• Associada à identificação dos riscos ambientais.

Etapa
Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia.

Descrição
•• Refere-se às medidas de proteção coletiva; medidas de organização do trabalho; medidas de
proteção individual e medidas de higiene e conforto.

Etapa
Identificar os indicadores de saúde.

Descrição
•• Associado a queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos
riscos.
•• Acidentes de trabalho ocorridos.
•• Doenças que acometem os profissionais.

Etapa
Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local.

Descrição
•• Verificar os estudos anteriores.

Etapa
Elaborar o MRs em relação ao layout da empresa.

Descrição
•• Realizado por meio das cores representativas dos riscos e dos tamanhos dos círculos.

Infográfico 7 - Etapas para elaboração do MRs


Fonte: adaptado de Brasil (NR 9, 1994).

108 Especificidades em Rotina Laboratorial


Como mencionado anteriormente, a gravidade do risco é simbolizada pelo tamanho do círculo, que
pode ser pequeno, médio ou grande (PAVAN; SAVI, 2012). Assim:
• Círculos pequenos: risco pequeno por sua essência ou por ser um risco médio já protegido.
• Círculos médios: risco que gera relativo incômodo, mas que pode ser controlado.
• Círculos grandes: risco que pode matar, mutilar ou gerar doenças e que não dispõe de meca-
nismo para a redução, neutralização ou controle.

Além do tamanho dos círculos e as cores representativas dos riscos, o MRs ainda deve indicar o número
de trabalhadores expostos e a especificação dos agentes de risco (PAVAN; SAVI, 2012). O Quadro 5
apresenta um exemplo de risco biológico expressando a gravidade dele. A partir deste modelo, essa
forma de expressão pode ser adotada para todos riscos (físico, químico, ergonômico e de acidente).

Quadro 5 - Exemplo de gravidade do risco biológico na forma de círculos

Risco pequeno Risco médio Risco grande

1 cm de diâmetro 2 cm de diâmetro 4 cm de diâmetro

Fonte: os autores.

No centro cirúrgico de um hospital, um risco bio- a médio. Na ocorrência de cortes com materiais
lógico pequeno e médio pode ser considerado o perfurocortantes (risco de acidente), a gravidade
contato com microrganismos patogênicos, doen- é pequena à média.
ças infectocontagiosas, materiais e lixo contami- E, por fim, os riscos físicos, como as radiações
nados. Nos riscos ergonômicos, como trabalhar ionizantes, considera-se grau pequeno. Lembre-
em pé, a postura inadequada e esforços físicos -se que a gravidade está diretamente associada à
durante o atendimento dos pacientes, a gravida- prevenção, isto é, menor será o grau de exposição
de é pequena, enquanto que na manipulação de do trabalhador ao risco quanto mais difundido for
detergentes, desinfetantes e medicamentos (risco o uso de equipamentos de proteção individual e
químico), o grau de risco pode variar de pequeno coletiva (PAVAN; SAVI, 2012).

UNIDADE 3 109
Biossegurança e os
Organismos Geneticamente
Modificados (OGMS)

Desde a sua criação, o cultivo de organismos


geneticamente modificados (OGMs) provocou
controvérsias, existindo muitos relatos alertando
contra os potenciais efeitos negativos e outros en-
focando nos benefícios dessa tecnologia. Con-
tudo, o que realmente são os OGMs e quais são
seus riscos para a saúde humana, dos animais e do
meio ambiente? A partir desses questionamentos,
vamos conhecer os verdadeiros riscos e benefícios
que a exposição aos OGMs podem nos oferecer.

Definição de OGMs

Os organismos geneticamente modificados são


aqueles cujo material genético foi alterado, a fim
de conter uma ou mais características codificadas
pelo gene ou pelos genes introduzidos, modifica-
dos a partir da Engenharia Genética (COSTA et
al., 2011; MALLAH; OBEID; SLEYMANE, 2011).
Desde meados dos anos de 1990, a produção de
OGMs está em contínuo crescimento, com cultivo
especialmente de milho, soja, canola e algodão.

110 Especificidades em Rotina Laboratorial


A soja e o milho geneticamente modificados são Lei de Biossegurança
os OGMs mais extensivamente cultivados, ten- n° 11.105/2005 e Protocolo
do como principais características introduzidas de Cartagena
a tolerância ao herbicida e a resistência a insetos
(SHEHATA, 2005). No Brasil, é a Lei de Biossegurança n° 11.105/2005
As estatísticas mostraram um aumento de 100 que estabelece normas de segurança e mecanis-
vezes entre 1996 e 2013, em que a área global ex- mos de fiscalização de atividades que envolvam
cedeu 175 milhões de hectares. A fim de proteger OGMs e seus derivados. A lei criou o Conselho
os direitos do consumidor e garantir a segurança Nacional de Biossegurança (CNBS) e reestruturou
alimentar e ambiental, 63 países do mundo esta- a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
beleceram suas políticas regulatórias específicas (CTNBio). Ainda, as principais preocupações são
para controlar as autorizações e rotulagem de em relação à saúde humana e animal e também
OGMs (CLIVE, 2014; COSTA et al., 2011). em relação ao meio ambiente, como se dará essa
Também, nas duas últimas décadas, organiza- fiscalização e se os órgãos destinados para tal se-
ções governamentais e intergovernamentais têm rão eficientes o suficiente para garantir esse fim
planejado estratégias e protocolos para o estudo (BRASIL, 11.105/2005).
da segurança de cultivos geneticamente modifi- A referida lei também prescreve a necessidade
cados. O maior problema na análise de risco de de informar no rótulo dos produtos a existência
OGMs é que seus efeitos não podem ser previstos de OGMs, com a finalidade de não ferir os direi-
na sua totalidade. tos dos consumidores e a oportunidade de livre
É válido destacar que países como os Esta- escolha no consumo dos transgênicos. Desta for-
dos Unidos são favoráveis a essa tecnologia; ma, os produtos tanto para o consumo humano
enquanto que na Europa, os OGMs apresen- quanto animal devem, obrigatoriamente, vir rotu-
tam uma imagem negativa, refletindo na acei- lados com o símbolo específico dos transgênicos,
tação dos produtos. Por exemplo, apenas 16% definido como padrão para não haver qualquer
dos franceses consideram que os OGMs são distorção sobre o assunto (Figura 4).
seguros para eles e sua família, contra os 33%
no Reino Unido. Os comportamentos descritos
estão diretamente relacionados às diferenças na
cobertura da mídia de OGMs entre a Europa
e os Estados Unidos, uma vez que os meios de
comunicação europeus focam muito mais nos
potenciais riscos dos OGMs do que os demais
países (BARDIN et al., 2017).
A insulina produzida desde o começo da déca-
da de 80, bananas com grande porcentagem de vi-
tamina A, tomate longa-vida com maior resistência
depois da colheita e batata com menor absorção
de óleo durante o processo de fritura são exemplos
positivos de OGMs (COSTA et al., 2011). Figura 4 - Símbolo de produtos transgênicos

UNIDADE 3 111
Relacionado aos OGMs, ainda, é importante des- • Permite a clonagem e a produção de me-
tacar o Protocolo de Cartagena sobre Biossegu- dicamentos por meio da técnica de DNA
rança, que foi o primeiro acordo firmado no âm- recombinante.
bito da Convenção sobre Diversidade Biológica
(CBD). Visa assegurar um nível adequado de pro-
teção no campo da transferência, da manipulação Riscos dos OGMs
e do uso seguro dos organismos geneticamente
modificados resultantes da biotecnologia moder- A inserção de novas construções no genoma de
na que possam ter efeitos adversos na conserva- um organismo supõe a melhora das propriedades
ção e no uso sustentável da diversidade biológica, úteis ao ser humano e a redução nos custos da
levando em conta os riscos para a saúde humana. produção. Contudo, alguns riscos acerca da tec-
Atualmente, o Protocolo conta com 143 países, nologia são relatados a seguir (MACEDO, 2014):
entre eles o Brasil, que se reúnem periodicamen- • A diminuição ou perda da biodiversidade,
te para discutir sobre questões vinculadas aos pois as plantas que não sofreram modifi-
OGMs, (COSTA; MARIN, 2011). cação genética podem ser eliminadas pelo
processo de seleção natural, uma vez que
as transgênicas possuem maior resistência
Benefícios dos OGMs às pragas e pesticidas.
• O aumento da resistência humana a an-
Relatar os riscos ou benefícios dos OGMs é um tibióticos a partir do consumo em longo
pouco difícil, tendo em vista que a própria ciên- prazo de alimentos transgênicos, ou da
cia ainda se vê incerta quanto aos reais efeitos. ingestão de animais que consumiram ali-
Contudo, de maneira objetiva, vamos apontar os mentos transgênicos.
principais benefícios descritos na literatura como • Aumento das alergias devido à produção
(MUÑOZ, 2001): de proteínas sintetizadas pelos novos genes
• Aumento da vida de prateleira (shelf-life) transgênicos.
de produtos como frutas e vegetais que se • Aparecimento de novas doenças devido
degradam facilmente. a maior resistência a antibióticos dos mi-
• Aumento da resistência das colheitas e a crorganismos provenientes dos OGMs.
consequente redução do uso de produtos • Perigo à saúde pública, uma vez que o ex-
químicos. cesso de produtos químicos não tem ape-
• Maior resistência a insetos e a certos vírus, nas um impacto negativo no ambiente, mas
diminuindo a possibilidade de as plantas também um risco para a saúde pública.
contraírem as doenças por eles causadas. • Insegurança na utilização dos OGMs, pois
• Aumento do nível de produção e o seu os estudos feitos são de curta duração e
rendimento. superficiais, não sendo possível avaliar
• Redução de custo e aumento de competi- com segurança os danos provocados pela
tividade brasileira no agronegócio interno inserção dos transgênicos no ambiente.
e externo. • Falta de informação da população acerca
• Redução do uso de fertilizantes. dos OGMs.

112 Especificidades em Rotina Laboratorial


Mundial da Saúde, ANVISA e associações de
controladores de infecções hospitalares, além da
O cultivo de OGMs, em larga escala, poderá, indústria farmacêutica, que se preocupam com o
eventualmente, ocasionar a disseminação tratamento das doenças causadas por esses mi-
destes no meio ambiente, causando diminuição crorganismos (PAIVA, 2013, on-line)1.
da biodiversidade e alteração das dinâmicas Justificada a grande preocupação com a emer-
populacionais. gência da resistência bacteriana, considera-se que
algumas intervenções podem contribuir para o
controle da disseminação como (PASKOVATY
et al., 2005; OLIVEIRA; SILVA, 2008):
OMGs na Área da Saúde • Informação dos profissionais de saúde.
• Detecção de pacientes sob risco.
A grande quantidade de OGMs que vem sendo • Implementação de isolamento por contato
aprovada no mundo nos últimos anos e a suspeita para pacientes colonizados/infectados.
de que os eles não sejam seguros para o consumo • Uso de Equipamentos de Proteção Indi-
e saúde levaram esses organismos ao centro das vidual (EPI).
atenções públicas. No âmbito da saúde, a grande • Higienização das mãos, desinfecção de
preocupação está focada nos microrganismos re- superfícies e controle do uso de antimi-
sistentes aos antibióticos, em especial as bactérias. crobianos.
Os microrganismos resistentes são aqueles co- • Manutenção de um banco de dados com a
nhecidos pela resistência a uma ou mais classes identificação de todos os pacientes coloni-
de antimicrobianos (OLIVEIRA; SILVA, 2008). A zados/infectados.
elevada atividade metabólica e reprodutiva bacte- • Reformulação das políticas públicas.
riana associada a mecanismos de troca de material
genético pode favorecer para que os microrganis- Também cabe destacar que os OGMs, na área da
mos desenvolvam, ao longo do tempo, formas de saúde, apresentam efeitos benéficos, como na pes-
resistência intrínsecas à estrutura física celular, quisa e produção de células-tronco embrionárias,
relacionadas a eventos mutacionais e mesmo à para fins científicos e terapêuticos. A utilização
transferência de genes de resistência aos antimi- em terapia de células-tronco embrionárias huma-
crobianos a outras bactérias (CLOETE, 2003). nas deve ser realizada em conformidade com as
As infecções causadas por esses microrganis- diretrizes do Ministério da Saúde para a avaliação
mos apresentam maior preocupação devido ao de novas tecnologias. Também é a Lei de Biosse-
reduzido arsenal terapêutico disponível para tra- gurança n° 11.105, de 24 de março de 2005 que
tamento (ALANIS, 2005). As bactérias Pseudomo- oferece suporte para tal tecnologia.
nas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Klebsiella As células-tronco embrionárias são células de
pneumoniae, Enterobacter sp., Acinetobacter sp. embriões humanos produzidas por fertilização in
e Enterococcus faecalis são as mais relatadas no vitro que apresentam a capacidade de se transfor-
ambiente hospitalar, pois vêm desenvolvendo um marem em células de qualquer tecido de um or-
alto poder de resistência aos fármacos de última ganismo. Dentre suas potenciais aplicações estão:
geração e ganham importância na Organização restaurar a função de um órgão ou tecido com a

UNIDADE 3 113
substituição das células perdidas por uma enfer- Conforme exposto, a simbologia aplicada à
midade ou substituir células que não funcionam biossegurança dos serviços de saúde consiste em
adequadamente devido a um defeito genético ou uma das mais fundamentais ferramentas ou me-
vascular, e curar enfermidades dos sistemas hema- canismo de alerta, seja mediante à sinalização de
tológico (leucemias, linfomas), nervoso (acidente aviso, proibição, obrigação ou orientação. Tais fer-
vascular cerebral, esclerose múltipla, traumatismo) ramentas de sinalização possuem por finalidade
e cardiovascular (infarto do miocárdio, insuficiên- alertar os indivíduos que estejam transitando em
cia cardíaca) (OKAMOTO; HOLTHAUSEN, 2004). um ambiente hospitalar, bem como os profissio-
Sendo assim, caro(a) aluno(a), conforme expos- nais desse segmento acerca dos riscos presentes
to, existe uma grande discussão e também grande e das obrigações e medidas de segurança que de-
problematização acerca da manipulação gênica no verão ser adotadas.
que tange aos transgênicos, sendo necessário man- Tais sinalizações deverão estar em acordo com
ter-se antenado nos avanços da ciência acerca dessa as informações sobre os riscos expostos no mapa
temática relevante, pertinente e atual. Esperamos de risco, que configura-se como uma ferramenta
que nossa humilde contribuição possa auxiliá-lo(a) essencial e relevante para um bom funcionamento
em sua trajetória acadêmica e profissional! de um ambiente laboratorial/hospitalar/clínico.
Como vimos ao longo desta unidade, caro(a) E, por fim, foi possível conhecer um pouco
aluno(a), os riscos serão de grande relevância em mais sobre a legislação específica que discorre
diversos segmentos dos serviços em saúde, in- sobre a utilização dos organismos geneticamente
fluenciando, também, em como eles são classifica- modificados. Tais informações nos direcionam
dos e, ainda, nos níveis de biossegurança exigidos a uma discussão acerca do avanço que eles re-
em determinados locais de trabalho. presentam à humanidade e dos riscos que sua
Os riscos apresentados, ou o tipo de organismo utilização incorreta pode apresentar para o meio
ali manipulado, influencia no nível de contenção ambiente que já possui dinâmicas populacionais
e nas medidas que deverão ser adotadas em la- estabelecidas.
boratórios NB-1, 2, 3 ou 4, sendo estas descritas Nesse sentido, esperamos que nossa singela
ao longo desta unidade, bem como as medidas contribuição acerca das temáticas abordadas nesta
de proteção a serem adotadas nesses diferentes unidade possam ser pertinentes e relevantes para
níveis de biossegurança. sua jornada acadêmica e profissional. Abraços.

114 Especificidades em Rotina Laboratorial


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Desde a sua criação, o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGMs)


provocou controvérsias, resultando em posicionamentos contrários a sua utili-
zação, cujo os principais argumentos eram sobre os potenciais efeitos negativos
em relação à utilização dessa tecnologia. Em relação a essa temática, assinale
a alternativa que contém a correta definição de OGMs.
a) Correspondem a indivíduos híbridos, resultantes da reprodução sexuada de
duas espécies diferentes.
b) Trata-se de organismos que não apresentam modificações em suas estruturas
gênicas e que não são utilizados em segmentos como o da saúde.
c) Organismos que tiveram genes introduzidos em seu genoma, mediante esforços
da engenharia genética, mas que não apresentam características codificadas
pelos genes introduzidos.
d) Organismos fisicamente modificados, cujo material genético não sofre alteração.
e) Os organismos geneticamente modificados são aqueles cujo material genético
foi alterado, a fim de conter uma ou mais características codificadas pelo gene
ou pelos genes introduzidos, modificados a partir da engenharia genética.

2. Dentre as sinalizações encontradas na área da saúde, destacam-se sinais de


obrigação, que impõem um determinado comportamento, estando diretamente
associados ao uso obrigatório dos equipamentos de proteção individual. Em
relação aos sinais de obrigação, assinale a alternativa que contém sua correta
caracterização.
a) Forma circular, cor do fundo amarela e cor do símbolo branca.
b) Forma retangular, cor do fundo branca e cor do símbolo azul.
c) Forma circular, cor do fundo amarela e cor do símbolo vermelha.
d) Forma circular, cor do fundo azul e cor do símbolo branca.
e) Forma retangular, cor alaranjada e cor do símbolo azul.

115
3. Durante a elaboração de Mapas de risco, os riscos presentes nas áreas analisadas
são representados de diferentes formas e podem ser classificados e facilmente
reconhecidos em função de sua caracteristicas. Com base nessa informação e
no conteúdo apresentado ao longo da unidade, analise os dois riscos indicados
e, com base em sua descrição, assinale a alternativa correspondente.
I) Círculo com 1 centímetro de diâmetro de coloração verde.
II) Círculo com 2 centímetro de diâmetro de coloração vermelha.
Os riscos descritos correspondem a:
a) Risco ergonômico grande e II - Risco biológico pequeno.
b) Risco físico pequeno e II - Risco químico médio.
c) Risco químico grande e II - Risco físico pequeno.
d) Risco ergonômico grande e II - Risco químico médio.
e) Risco químico pequeno e II - Risco físico grande.

4. Avalie as assertivas e assinale a alternativa que contemple somente exemplos


de barreiras secundárias dos laboratórios NB-3.
I) O laboratório deve ter acesso restrito e estar separado das áreas de trânsito
do prédio.
II) Uso de luvas ao manusear materiais e equipamentos contaminados.
III) Todas as manipulações de materiais infecciosos devem ser conduzidas em
uma CBS’s classe II ou III.
IV) Lavatórios com torneiras de acionamento sem uso das mãos.
Está correta apenas:
a) Somente I e II contêm exemplos de barreiras secundárias de laboratórios NB-3.
b) Somente I e III contêm exemplos de barreiras secundárias de laboratórios NB-3.
c) Somente I e IV contêm exemplos de barreiras secundárias de laboratórios NB-3.
d) Somente II e III contêm exemplos de barreiras secundárias de laboratórios NB-3.
e) Somente III e IV contêm exemplos de barreiras secundárias de laboratórios
NB-3.

116
5. Na elaboração de Mapas de risco (MRs), algumas etapas devem ser seguidas
como previsto na Norma Regulamentadora n° 9. Tal ação se faz necessária
para evitar as possíveis falhas ao longo desse processo. Nesse sentido, avalie
as assertivas e assinale a alternativa que apresenta a correta ordem das etapas
a serem seguidas na elaboração de um MRs.
I) Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia.
II) Elaborar o MRs em relação ao layout da empresa.
III) Conhecer o processo de trabalho no local analisado.
IV) Identificar os riscos existentes no local analisado.
V) Identificar os indicadores de saúde.
VI) Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local.
A ordem correta das ações é:
a) III, I, IV, II, V e VI.
b) II, III, I, VI, V e IV.
c) I, II, II, IV, V e VI.
d) II, III, IV, I, V e VI.
e) III, IV, I, V, VI e II.

117
LIVRO

Biossegurança - Ações Fundamentais Para Promoção da Saúde


Autor: Paulo Roberto Barsano; Rildo Pereira Barbosa; Emanoela Soares Gon-
çalves; Suerlane Pereira da Silva
Editora: Sextante
Sinopse: a obra traz temas em Biossegurança, como: conceitos históricos, sua
relação com a sociedade, cidadania, saúde e ética profissional e sua aplicação em
enfermagem, atividades odontológicas e procedimentos cirúrgicos. Apresenta
o ambiente laboratorial e seus perigos e riscos, controle de microrganismos,
equipamentos de proteção coletiva e individual (EPC e EPI), e acidentes em
laboratório.
Explica procedimentos de lavagem e higienização das mãos, limpeza, desinfecção
e esterilização de produtos e superfícies, medidas de prevenção e controle de
infecção em ambientes de saúde, vigilância epidemiológica e sanitária. O conteú-
do pode ser aplicado para os cursos técnicos em Agente Comunitário de Saúde,
Análises Clínicas, Análises Químicas, Biotecnologia, Citopatologia, Cuidados de
Idosos, Enfermagem, Estética, Farmácia, Gerência em Saúde, Hemoterapia,
Imobilização Ortopédica, Massoterapia, Necropsia, Nutrição e Dietética, Óptica,
Radiologia, Saúde Bucal, Vigilância em Saúde, entre outros.

118
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organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança
– CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacio-
nal de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-9,
de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá
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121
1. E.

2. D.

3. B.

4. C.

5. E.

122
123
124
Dra. Michele Putti Paludo
Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus

Doenças, Prevenção e
Medidas de Contenção:
da Higiene ao Isolamento

PLANO DE ESTUDOS

Barreiras de controle
Doenças infectocontagiosas e isolamento

Transmissão de doenças Esterilização, limpeza


e desinfecção

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender como ocorre a transmissão de doenças. • Conceituar esterilização, limpeza e desinfecção.


• Conhecer as principais doenças infectocontagiosas. • Entender as barreiras de controle enquanto mecanismos
de isolamento.
Transmissão
de Doenças

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a quarta


Unidade do nosso material didático, intitulada
Doenças, prevenção e medidas de contenção: da
higiene ao isolamento. Esta unidade compreen-
de assuntos de extrema relevância dentro desta
disciplina, uma vez que nela serão abordadas
temáticas, como: mecanismos de transmissão
de doenças; doenças infectocontagiosas; este-
rilização, limpeza e desinfecção; e barreiras de
contenção e isolamento.
As temáticas supracitadas destacam-se dentro
da rotina laboral de trabalho ligado à saúde, como
os hospitais.. Neste tipo de ambiente, comumente
são atendidos pacientes com a mais vasta gama
de doenças ou enfermidades, portanto, discutir
e compreender acerca da relevância da higiene
em ambientes hospitalares se faz imprescindí-
vel. A higienização e esterilização de aparatos e
ambientes irão influenciar no tratamento e re-
cuperação de indivíduos acometidos; portanto,
conhecer as diferentes técnicas de higienização
se faz imprescindível.
Ainda nesta unidade, serão apresentadas in- As doenças transmissíveis constituem impor-
formações acerca da transmissão de doenças, tante causa de morte e, ainda, afligem milhões de
em especial das doenças infectocontagiosas, que pessoas em numerosas regiões, especialmente nos
são importantes em função do risco em poten- países em desenvolvimento. Segundo a Organiza-
cial que elas oferecem aos profissionais da área ção Mundial da Saúde (OMS), doença pode ser
da saúde, bem como aos demais “personagens” definida como qualquer perturbação ou anor-
presentes em ambientes hospitalares. Além dis- malidade observada no funcionamento orgânico
so, iremos também conceituar e discutir sobre a do indivíduo ou do seu comportamento, quer no
aplicação/execução das barreiras de contenção aspecto intelectual, quer do ponto de vista moral
e isolamento, que estão intrinsecamente relacio- e social, de tal forma que lhe afete notavelmente
nadas às doenças infectocontagiosas e a preven- o estado de bem-estar geral sugestivo de saúde
ção para a saúde coletiva, seja dos personagens (ROUQUAYROL; VERAS; TÁVORA, 2013).
presentes nestes ambientes ou dos profissionais A história natural da doença mostra que de um
desse segmento. estado inicial de saúde passa-se a uma situação
Sendo assim, convidamos você, caro(a) alu- interativa, na qual o organismo sadio se encontra
no(a), a conhecer um pouco mais acerca das te- em presença de agentes patogênicos ou de fatores
máticas supracitadas que, sem sombra de dúvidas, de risco que virão a perturbar sua normalidade
são de indispensável conhecimento na rotina dos ou contribuir para tanto. Às primeiras inter-re-
profissionais atuantes em ambientes hospitalares. lações sucedem as primeiras perturbações leves,
Antes de iniciarmos nossa discussão em rela- mas perfeitamente detectáveis, caso se busque por
ção à transmissão de doenças, deixaremos uma elas. O estágio inicial é seguido de outros até o
pergunta bem objetiva para você: o que é doença? estado avançado da doença. Nessa etapa, ocor-
rem alterações irreversíveis, podendo evoluir para
invalidez total ou parcial, ou para a morte (ROU-
Conceito e Classificação de QUAYROL; VERAS; TÁVORA, 2013).
Doença

A vida se manifesta por meio da saúde e da doen-


ça, que são formas únicas, experiências subjetivas
e que não podem ser manifestadas integralmente O termo homeostase, ou homeostasia, pode ser
por meio de palavras. No entanto, a pessoa doente comumente encontrado em qualquer discussão
utiliza palavras para expressar a sua doença, e os que se faça sobre saúde. Tal termo corresponde
profissionais da saúde, por sua vez, também fazem a uma condição fisiológica referente à tendên-
uso de palavras para significar as queixas dos pa- cia dos sistemas dos seres vivos de buscarem o
cientes. Dessa maneira, surge tensão entre a sub- equilíbrio quase constante; logo, esse conceito,
jetividade da doença e a objetividade dos signifi- em termos de saúde, faz menção a busca pela
cados atribuídos pelos profissionais às queixas do melhor condição dos sistemas para a promoção
paciente e que o levam a propor intervenções para da vida.
lidar com essa situação (BACKES et al., 2009).

UNIDADE 4 127
Os fatores que podem causar doenças nos seres humanos são biológicos, físicos e químicos, bem como
de outros tipos, tais como estresse, que podem ser mais difíceis de classificar. O Quadro 1 aponta alguns
fatores que podem estar associados ao aumento do risco de doenças.

Quadro 1 - Fatores que podem estar associados ao aumento do risco de doenças em humanos

Características
Tipos de agentes Fatores ambientais
do hospedeiro
Idade Biológicos (bactérias e vírus) Temperatura
Sexo Químicos (veneno, álcool, Umidade
Raça fumo) Radiação
Costumes Físicos (trauma, radiação, Água
Antecedentes familiares fogo) Poluição ambiental
Estado imunológico Nutricionais (deficiência e/ou Ruído
Perfil genético excesso de nutrientes)

Fonte: Gordis (2009).

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, • Doenças não infecciosas ou não transmis-


1983) classifica as doenças em duas categorias síveis: são todas aquelas doenças que não
distintas: as doenças infecciosas e as não infec- resultam de infecção.
ciosas. • Quanto à duração, as doenças podem ser
• Doenças infecciosas ou transmissíveis: crônicas e agudas.
são as doenças causadas por um agente • Crônicas: também chamadas de doenças
infeccioso específico, ou seus produtos persistentes, são aquelas que se desenrolam
tóxicos, que se manifesta pela transmissão a longo prazo, podendo persistir por anos, ou
desse agente ou de seus produtos, de uma mesmo durante toda a vida (GORDIS, 2009).
pessoa ou animal infectados ou de um • Agudas: são as doenças de curta duração
hospedeiro. (ROUQUAYROL; VERAS; TÁVORA, 2013).

Hospedeiro é a pessoa ou animal que proporciona um local adequado para que um agente infeccioso
cresça e se multiplique em condições naturais.

128 Doenças, Prevenção e Medidas de Contenção: da Higiene ao Isolamento


Neste sentido, usando-se os dois critérios classi- Transmissão de Doenças
ficatórios, quatro são as categorias fundamentais
de doenças, de acordo com o Quadro 2. Destas, as A transmissão de doenças compreende o pro-
infecciosas agudas e as não infecciosas crônicas cesso pelo qual o agente infeccioso, oriundo de
incluem o maior número dentre as doenças conhe- um indivíduo infectado, pessoa ou animal, com
cidas (ROUQUAYROL; VERAS; TÁVORA, 2013). passagem ou não por intermediários vivos ou
por qualquer objeto ou material inanimado, tem
Quadro 2 - Categorias fundamentais de doenças
acesso ao meio interno de um novo hospedeiro
Duração (ROUQUAYROL; VERAS; TÁVORA, 2013). O
Etiologia
Agudas Crônicas modo de transmissão das doenças infecciosas
pode ser direta e indireta.
Tétano, raiva, Tuberculose,
Infecciosas sarampo, doença de
gripe, dengue. Chagas, AIDS.
Diabetes, Transmissão Direta
Envenenamento
Não doença
por picada de
infecciosa coronariana, Na transmissão direta, o contágio da doença
cobra.
cirrose.
ocorre de uma pessoa para a outra por meio
Fonte: Rouquayrol, Veras e Távora (2013). de contato direto (GORDIS, 2009). Destaca-se
que essa via de transmissão assume dois modos
Além das doenças infecciosas e não infecciosas, distintos, podendo ser por meio da transmissão
existem outras classificações, como as (ROU- direta imediata e da transmissão direta mediata
QUAYROL; VERAS; TÁVORA, 2013): (ROUQUAYROL; VERAS; TÁVORA, 2013). As
• Doenças quarentenáveis: são aquelas que doenças cujos agentes causais são transmitidos
podem levar à restrição de atividades du- por contato imediato ou por contato mediato são
rante um período máximo de incubação, denominadas doenças contagiosas.
a fim de evitar a propagação da doença. Ainda, esta pode ser pelo contato direto pelo
São exemplos: peste pneumônica, cólera beijo, toque, relação sexual e pela disseminação
e febre amarela. de gotículas ao tossir ou respirar (BONITA; BEA-
• Doenças de isolamento: são doenças que GLEHOLE; KJELLSTROM, 2011).
exigem segregação dos indivíduos doentes A transmissão direta também pode ser pela
durante o período de transmissibilidade da forma horizontal – por meio das vias respiratórias,
doença, em lugar e condições que evitem digestiva – e vertical, quando o agente infeccioso é
a transmissão direta ou indireta de agente transmitido para o feto pela placenta. O Quadro 3
infeccioso a pessoas ou animais. São exem- apresenta os principais mecanismos de transmis-
plos: febre tifoide, meningite e tuberculose. são dos agentes das doenças infecciosas.

UNIDADE 4 129
Quadro 3 - Principais mecanismos de transmissão direta e indireta dos agentes de doenças infecciosas

Modo Forma Via Veículo Meio Exemplos


Gotículas Sarampo, coqueluche,
Direto Horizontal Respiratória Ar
de flugge rubéola e gripe
Febre-tifoide, poliomielite
Direto Horizontal Digestiva Fezes Oral-fecal
e hepatite A
Secreções Pele e
Direto Vertical Sexual Sífilis, HPV e AIDS
sexuais mucosas
Direto Vertical Pele Pele Pele íntegra Escabiose
Sangue Rubéola, toxoplasmose
Direto Vertical Intrauterina Placenta
materno e hepatite B
Sangue e Hepatite B, AIDS
Indireto - Sanguínea Fômites
secreções e doença de Chagas
Água e
Indireto - Digestiva Alimentar Cólera, febre e hepatite A
alimentos
Solo, Penetração Ancilostomíase e
Indireto - Pele
água de saliva esquistossomose mansônica
Saliva,
Picada de Dengue, peste,
Indireto - Vetor fezes do
artrópode febre amarela, malária
vetor

Fonte: Teixeira et al. (2013).

Transmissão Indireta Endemia, Epidemia e Pandemia

A transmissão indireta pode ocorrer por meio Além dos termos já definidos para as doenças in-
de um veículo comum, como na contaminação fecciosas, existem outros três que também necessi-
atmosférica ou fonte de abastecimento de água, tam ser conceituados, compreendendo: endemia,
ou por um vetor, como um mosquito (Quadro 3) epidemia e pandemia.
(GORDIS, 2009). • Endemia: é a propagação de doenças in-
Destaca-se que os vetores são insetos ou fecciosas quando uma área geográfica ou
animais que carregam o agente infeccioso de grupo populacional apresenta padrão de
pessoa para pessoa, en- ocorrência relativamente estável, com ele-
quanto que os veículos vada incidência ou prevalência. Doenças
são objetos ou elementos endêmicas, como a dengue, estão limitadas
contaminados, tais como especialmente pelas condições climáticas,
roupas, talheres, água, uma vez que o mosquito é o vetor e não
entre outros (BONI- consegue sobreviver ou se reproduzir em
TA; BEAGLEHOLE; regiões muito frias e secas (BONITA; BEA-
KJELLSTROM, 2011). GLEHOLE; KJELLSTROM, 2011).

130 Doenças, Prevenção e Medidas de Contenção: da Higiene ao Isolamento


• Epidemia: é definida como a ocorrência Saúde Pública
em uma região ou comunidade, de um
grupo de doenças de natureza similar, ex- A saúde pública pode ser definida como uma prática
cedendo claramente a expectativa normal social que visa intervir nos problemas de saúde, pre-
do que seria esperado (GORDIS, 2009). venindo a população contra doenças, prolongando
• Pandemia: ocorre quando a epidemia alcan- a vida e promovendo melhorias na saúde física e
ça dimensões mundiais (GORDIS, 2009). mental dos cidadãos. As doenças crônicas não in-
fecciosas constituem o maior problema global de
saúde e estão relacionadas com o elevado número
Prevenção de Doenças de mortes prematuras, perda de qualidade de vida,
alto grau de limitação e incapacidade, além dos im-
As ações preventivas são intervenções que visam pactos econômicos para as famílias, comunidades
evitar o aparecimento de doenças específicas, e a sociedade em geral (MALTA; MOURA; SILVA
reduzindo a sua incidência e prevalência. Seu JÚNIOR, 2013).
objetivo é controlar a transmissão de doenças e Diabetes, câncer, doenças do sistema respiratório
a redução do risco das doenças; os projetos de e circulatório são as doenças que mais provocam
prevenção e educação em saúde estão voltados óbitos, uma vez que atingem indivíduos de todas
para a divulgação das informações científicas e as classes e de maneira mais intensa aqueles per-
de recomendações normativas que envolvem mu- tencentes a grupos vulneráveis, como os idosos e os
danças de hábitos (BACKES et al., 2009). de baixa escolaridade e renda (MALTA; MOURA;
A prevenção é dividida em três fases: SILVA JÚNIOR, 2013).
a) Prevenção primária: corresponde à eta- O Brasil marcha a passos largos para um sistema
pa de prevenção, evitando que o proces- tríplice de saúde. Para os mais pobres e provavelmente
so de doença se estabeleça, por meio da mais doentes, há um sistema único de saúde (SUS).
eliminação de suas causas ou aumentan- Para a classe média, vamos encontrar os planos de
do a resistência do organismo a elas. O saúde e as seguradoras, ambos com fins lucrativos.
conceito de promoção da saúde aparece Para os ricos, o atendimento “particular”. Nesse sistema
como um dos níveis da prevenção primá- de saúde fragmentado e injusto, o racionamento do
ria, definido como esforços voltados ao atendimento se faz a partir do poder aquisitivo do ci-
desenvolvimento de uma saúde ótima. A dadão. Será que é isso que a população brasileira quer?
vacinação (imunização) é um exemplo de O SUS tem mais de 20 anos de existência e, apesar
prevenção primária. dos avanços alcançados, o SUS real está muito longe
b) Prevenção secundária: fase que interrom- do SUS constitucional. Existe uma grande distância
pe a doença antes que ela se torne sintomá- entre a proposta do movimento sanitário e a prática
tica. É composta de dois níveis: o primeiro, social do sistema público de saúde vigente. O SUS
diagnóstico e tratamento precoce; enquan- foi se concretizando como espaço reservado aos que
to que o segundo, limitação da invalidez. não têm acesso aos subsistemas privados, como parte
c) Prevenção terciária: nesta fase ocorrem de um sistema segmentado. A proposição do SUS,
as ações de reabilitação do indivíduo. Ex.: inscrita na Constituição de 1988, de um sistema pú-
fisioterapia, intervenção cirúrgica, entre blico universal, infelizmente ainda não se efetivou
outras. (DOLABELLA; KATAGIRI; BARBOSA, 2011).

UNIDADE 4 131
Doenças
Infectocontagiosas

As doenças infectocontagiosas são aquelas causa-


das pela transmissão de um agente patogênico es-
pecífico para um hospedeiro suscetível, podendo
ser transmitidas pelo toque, contato direto entre
os seres humanos, sem a necessidade de um vetor
ou veículo interveniente (BONITA; BEAGLEHO-
LE; KJELLSTROM, 2011).
Cabe destacar que, muitas vezes, o termo
doença transmissível é usado como sinônimo
de doença infecciosa; no entanto, nem sempre
esta última é transmissível. Por exemplo, o téta-
no é uma doença causada por um agente infec-
cioso, porém não é transmitida do doente para
outra pessoa, não sendo, portanto, transmissível.
Toda doença infecciosa, cujo agente é transmi-
tido por contato direto, ou seja, de um indiví-
duo para outro, a exemplo da gripe, sarampo
e gonorreia, é chamada de doença contagiosa
(TEIXEIRA et al., 2013).
As doenças infectocontagiosas são uma amea-
ça à saúde dos sujeitos e são capazes de compro-
meter a segurança das populações. Desse modo,
os tópicos a seguir apresentarão as principais
doenças que acometem a saúde pública.
Doenças Infecciosas Causadas por Vírus

Na sequência, serão apresentadas algumas das principais doenças infecciosas causadas por vírus que
podem comprometer a saúde populacional.

AIDS

A epidemia da síndrome da imunodeficiência ad- material genético (biologia molecular) ou que


quirida (AIDS) é uma doença emergente que tem isolem o vírus (cultura) (BRASIL, 2008).
como agente causal o vírus da imunodeficiência O tratamento da AIDS é realizado a partir de
humana (HIV). Em quase trinta anos de existência, várias drogas antirretrovirais em uso combinado, o
caracterizou-se como importante problema de saú- chamado “coquetel”. Com isso, a progressão da doen-
de pública em praticamente todos os continentes e ça tem sido controlada e evidenciada pela redução
países do mundo (DOURADO; BASTOS, 2013). da incidência de complicações e aumento da sobre-
A sua evolução é marcada por uma conside- vida dos pacientes que têm acesso a ela (BRASIL,
rável destruição de linfócitos T CD4+ e pode ser 2008; ROUQUAYROL; VERAS; TÁVORA, 2013).
dividida em três fases: infecção aguda, infecção as- As medidas de controle adotadas para a pre-
sintomática e doença sintomática (BRASIL, 2008). venção da doença consistem na:
A transmissão da doença ocorre sexualmente, via • Prevenção da transmissão sexual, a par-
sanguínea (via parenteral e da mãe para o filho, tir de informação e educação, visando a
no curso da gravidez, durante ou após o parto) prática do sexo seguro, pelo uso de pre-
e pelo leite materno. O indivíduo infectado pelo servativos.
vírus pode transmiti-lo • Prevenção da transmissão de sangue e uti-
em todas as fases da lização de hemoderivados.
infecção (BRASIL, • Cuidado com injeções e instrumentos
2008). perfurocortantes que, quando não são
O diagnósti- descartáveis, devem ser meticulosamente
co é realizado a limpos para, depois, serem desinfetados e
partir da detec- esterilizados.
ção laboratorial • Prevenção na transmissão vertical, na qual
do HIV, usan- a transmissão do vírus ocorre durante a
do técnicas que gestação (BRASIL, 2008).
pesquisam an-
ticorpos, an-
tígenos,

UNIDADE 4 133
Dengue

A dengue é uma enfermidade viral aguda que se mento dos casos febris para identificação precoce
caracteriza por início súbito com febre alta, que dos sinais de agravamento e de choque. No caso
dura de 3 a 5 dias, dor de cabeça intensa, alterações do tratamento da dengue clássica, é indicado evi-
gastrointestinais, dor muscular, entre outros sin- tar o uso de ácido acetilsalicílico e oferecer boa
tomas. A infecção é causada por quatro sorotipos hidratação oral ao paciente, enquanto que nos
(DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4) e produz imu- casos mais severos de dengue hemorrágica, as
nidade sorotipo-específica (FAÇANHA, 2013). medidas de manutenção da vida são essenciais,
Ressalta-se que, no Brasil, os primeiros casos re- principalmente a hidratação venosa com soro
latados estavam associados aos sorotipos DEN1 fisiológico (FAÇANHA, 2013).
e DEN4 (CHIARELLA, 2016). A principal medida de prevenção da dengue
O vírus da dengue é transmitido pela pica- consiste no combate ao vetor, que é feito mediante:
da de fêmeas do mosquito Aedes aegypti e tem • Educação da população para eliminação
como reservatório o conjunto humano-mosquito. de possíveis reservatórios de água limpa,
O período de incubação da doença é de 3 a 6 dias, que servem como criadouros para o mos-
podendo estender-se até 15 dias. A manifestação quito e não têm utilidade.
clínica da infecção é contínua, variando desde • Aplicação de larvicida em depósitos de
infecção assintomática, passando por quadros de água que possam servir de locais para a
infecção viral inespecífica e dengue clássica até proliferação do vetor.
dengue hemorrágica e choque. A dengue hemor- • Aplicação de medidas individuais, como
rágica está relacionada com fenômenos imuno- uso de repelentes, mosquiteiros e roupas
lógicos, sendo mais frequente em áreas onde há que protejam da picada do mosquito.
a circulação de vários sorotipos do vírus e em • A notificação imediata de casos suspeitos.
pessoas que têm infecções subsequentes por so-
rotipos diferentes. Contudo, é possível que haja Além do combate ao vetor, também já está sendo
cepas mais patogênicas e pessoas geneticamente comercializada a vacina contra a dengue. A pri-
mais suscetíveis (FAÇANHA, 2013). meira vacina licenciada e registrada pela Agência
O diagnóstico da dengue é feito, muitas vezes, Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi
pela observação das manifestações clínicas. Es- desenvolvida pela empresa francesa Sanofi Pas-
tas são muito importantes na definição do diag- teur. A vacina mostrou eficácia geral de 65% em
nóstico diferencial entre os quadros de “febre da estudo realizado em população acima de nove
dengue” e dengue hemorrágica (CHIARELLA, anos. A imunização preconizada para essa vacina
2016). Um método frequentemente utilizado na requer administração de três doses com intervalos
determinação do diagnóstico é o ELISA. de seis meses em pessoas acima de nove anos,
O tratamento da dengue baseia-se em medidas preferencialmente com exposição prévia à dengue
gerais de suporte ao paciente, com acompanha- (CHIARELLA, 2016).

134 Doenças, Prevenção e Medidas de Contenção: da Higiene ao Isolamento


Febre Amarela

A febre amarela é uma doença febril aguda, de Para essa doença ainda não existe um trata-
curta duração (no máximo 12 dias) e gravidade mento antiviral específico. É apenas sintomático,
variável, causada por um arbovírus do gênero com cuidadosa assistência ao paciente que, sob
Flavivirus. É endêmica nas regiões tropicais e das hospitalização, deve permanecer em repouso, com
Américas e da África. reposição de líquidos e das perdas sanguíneas,
Epidemiologicamente, a doença pode apresen- quando indicada. Os quadros clássicos e/ou ful-
tar-se sob duas formas distintas: Febre Amarela minantes exigem atendimento em Unidade de
Urbana (FAU) e Febre Amarela Silvestre (FAS), Terapia Intensiva, o que reduz as complicações e
diferenciando-se uma da outra pela localização a letalidade (BRASIL, 2008).
geográfica, espécie vetorial e tipo de hospedeiro A principal medida de controle consiste na
(BRASIL, 2008; FAÇANHA, 2013). imunização de todas as pessoas maiores de nove
A forma silvestre é transmitida, principalmente meses de idade que estejam expostas ao risco de
entre macacos, por mosquitos, e o ser humano é in- infecção, por residir, trabalhar ou viajar para
fectado quando entra nesse ecossistema. Já a forma áreas endêmicas. Ainda, a erradicação ou
urbana tem como vetor principal o Aedes aegypti e controle dos mosquitos Aedes aegypti é
a transmissão ocorre no ciclo homem infectado, pi- capaz de prevenir a febre amarela ur-
cada do mosquito e homem sadio (BRASIL, 2008). bana (FAÇANHA, 2013).
O diagnóstico é clínico, epidemiológico e labo-
ratorial, sendo as formas leves e modera-
das confundidas com outras viroses e,
por isso, são de difícil diagnóstico, neces-
sitando-se da história epi-
demiológica para a sua
identificação (BRASIL,
2008).

UNIDADE 4 135
Influenza

Influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do


trato respiratório, com distribuição global e eleva-
da transmissibilidade. É caracterizada por febre,
dor muscular, prostração, coriza, dor de garganta
e tosse. Em geral, tem duração autolimitada em 7
dias. Sua importância está associada à velocidade
com que se propaga, acarretando uma grande mor-
bidade, com elevadas taxas de hospitalização de
idosos e pacientes portadores de doenças crônicas
(BRASIL, 2008; FAÇANHA, 2013). A doença pode
comportar-se como pandemia, epidemia ou surtos
localizados, dependendo das diferenças antigênicas
entre as novas cepas que surgem frequentemen-
te. Quanto maiores as diferenças que a nova cepa
apresenta, maior a probabilidade de vir a ser res-
ponsável por uma pandemia (FAÇANHA, 2013).
O modo mais comum é a transmissão direta
(pessoa a pessoa), por meio de gotículas expe-
lidas pelo indivíduo infectado ao falar, tossir e
espirrar. O modo indireto também ocorre por
meio do contato com as secreções do doente.
Nesse caso, as mãos são o principal veículo, ao
propiciarem a introdução de partículas virais
diretamente nas mucosas oral, nasal e ocular
(BRASIL, 2008).
O tratamento da Influenza é feito a partir de
repouso e hidratação adequada. Medicações an-
titérmicas podem ser utilizadas (BRASIL, 2008).
A prevenção baseia-se na educação da população,
para que se evite tossir e espirrar sem proteção, e
na imunização, principalmente de pessoas mais
idosas (FAÇANHA, 2008).

136 Doenças, Prevenção e Medidas de Contenção: da Higiene ao Isolamento


Hepatite C Sarampo

A hepatite C tem como agente infeccioso o vírus O sarampo é uma doença altamente contagiosa
RNA, sendo caracterizada por infecções assinto- causada pelo vírus RNA pertencente à família Pa-
máticas ou sintomática. Alguns sintomas relata- ramyxoviridae, que continua sendo causa impor-
dos são: mal-estar, febre, cefaléia, fadiga, anorexia, tante de morte em menores de 5 anos de idade em
entre outros. todo mundo (FAÇANHA, 2008). A evolução da
A transmissão ocorre, principalmente, por via doença apresenta três períodos distintos: período
parenteral. São consideradas populações de risco prodrômico ou catarral, período exantemático e
os indivíduos que receberam transfusão de san- período de convalescença ou descamação furfu-
gue e/ou hemoderivados antes de 1993, pessoas rácea (BRASIL, 2008).
que compartilham material para uso de drogas A transmissão pode ocorrer diretamente de
injetáveis e pessoas com tatuagem e piercings ou pessoa a pessoa, por meio das secreções nasofarín-
que apresentem outras formas de exposição per- geas, expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar
cutânea. (BRASIL, 2008).
A transmissão sexual pode ocorrer em pes- O diagnóstico pode ser clínico, epidemiológico
soas com múltiplos parceiros e com prática sexual e laboratorial, sendo este último o mais empre-
de risco acrescido (sem uso de preservativo). A gado. Em relação ao tratamento, este é realizado
transmissão perinatal é possível e ocorre, quase utilizando antitérmicos, hidratação oral e higiene
sempre, no momento do parto ou logo após. A adequada dos olhos, pele e vias aéreas superiores
transmissibilidade ocorre a partir de uma semana (BRASIL, 2008). A principal medida de controle
antes do aparecimento dos sintomas e mantém-se do sarampo é a vacinação, a qual baseia-se em
enquanto o paciente apresentar RNA-HCV rea- (BRASIL, 2008):
gente (BRASIL, 2008; FAÇANHA, 2013). • Uma dose da vacina tríplice viral aos 12
O diagnóstico é clínico-laboratorial e o trata- meses de idade;
mento consiste basicamente em repouso até que • Uma segunda dose da vacina entre 4 a 6
ocorra a normalização das aminotransferases e anos de idade.
restrição da ingestão de álcool por, no mínimo,
seis meses (BRASIL, 2008). Algumas medidas de
controle são:
• Triagem sorológica nos bancos de sangue,
descartando para transfusão bolsas prove-
nientes de pacientes suspeitos.
• Seleção de máquinas para pacientes por-
tadores do vírus e em uso de hemodiálise.
• Os profissionais de saúde devem seguir
rigorosamente as normas universais de
biossegurança.

UNIDADE 4 137
Doenças Infecciosas Causadas por Bactérias

Na sequência, serão apresentadas algumas das principais doenças infecciosas causadas por bactérias.

Tuberculose Hanseníase

A tuberculose pode ser considerada uma das A hanseníase, também chamada, anteriormente,
doenças infecciosas de maior impacto em saúde de lepra, é uma doença infectocontagiosa, crônica,
global. Estima-se que um terço da população mun- curável, causada pelo bacilo de Hansen. Esse baci-
dial se encontra infectado pelo Mycobacterium lo é capaz de infectar grande número de pessoas
tuberculosis, e que 9,6 milhões de casos da doença (alta infectividade), mas poucos adoecem (baixa
e 1,5 milhão de óbitos a ela relacionados ocorreram patogenicidade). Sua capacidade de invasão neu-
em 2014 (BRASIL, 2016). O Brasil situa-se entre ral é responsável pelo alto potencial incapacitante
os 22 países considerados prioritários para con- da Hanseníase (BRASIL, 2008).
trole da tuberculose pela Organização Mundial da Por ser uma doença de período de incubação
Saúde, por concentrarem 80% dos casos da doença muito longo, com sintomas e sinais clínicos de
em todo o mundo (SEGURADO; CASSENOTE; início insidioso, quando o diagnóstico é feito, a
LUNA, 2016). A doença atinge a todos os grupos doença já se encontra instalada há algum tempo.
etários, com maior predomínio nos indivíduos O diagnóstico e o tratamento precoce da doença
economicamente ativos (15 - 54 anos) e do sexo são as principais estratégias para o seu controle
masculino. (TEIXEIRA et al., 2013).
Após a inalação dos bacilos, que alcançam os O bacilo é eliminado pelas vias aéreas supe-
alvéolos, ocorre uma inflamação, afetando, assim, riores, que são também a sua principal porta de
os pulmões. A contaminação ocorre a partir da entrada (FAÇANHA, 2013). Desse modo, o con-
fala, tosse e espirro. tato prolongado ou intenso de indivíduos susce-
O tratamento da tuberculose deve ser feito em tíveis com pacientes bacilíferos não tratados é o
regime ambulatorial, sob supervisão, no serviço principal modo de transmissão (BRASIL, 2008).
de saúde mais próximo à residência do doente. A hanseníase é uma das doenças que o Mi-
A hospitalização é indicada apenas para os casos nistério da Saúde tem por meta eliminar como
graves ou naqueles em que a probabilidade de problema de saúde pública. As medidas de con-
abandono do tratamento é alta, em virtude das trole da doença baseiam-se em diagnóstico pre-
condições sociais do doente (BRASIL, 2008). coce e tratamento adequado dos casos, prevenção
A principal medida de prevenção recomendável das incapacidades físicas, vigilância dos contatos
é a aplicação da vacina BCG, a qual preconiza a faixa domiciliares e informação e educação para o pa-
etária de 0 a 4 anos de idade (BRASIL, 2008). O tra- ciente, os familiares e a comunidade, para redução
tamento com antibiótico e quimioterápico também da discriminação, manutenção e reinserção do
diminui o período de transmissibilidade, reduzindo paciente na sociedade e busca de diagnóstico e
a efetividade do doente como dispersor do bacilo. tratamento precoces (FAÇANHA, 2013).

138 Doenças, Prevenção e Medidas de Contenção: da Higiene ao Isolamento


Leptospirose

A leptospirose é uma doença infecciosa febril agu- A suspeita de leptospirose pode ser confirma-
da, causada por bactérias do gênero Leptospira. da a partir de métodos laboratoriais específicos,
Do ponto de vista epidemiológico, os roedores sendo indicado o tratamento com drogas, como
são considerados os principais reservatórios de ampicilina, penicilina, tetraciclina, entre outras
leptospiras na natureza, tendo destaque o rato de (BRASIL, 2008).
esgoto (Rattus norvegicus). A infecção humana As medidas de controle dessa doença incluem
por leptospiras depende do contato direto da pele ações relativas ao:
ou mucosas com coleções de água nas quais se en- • Controle de roedores (antirratização e des-
contra urina de animais infectados. Em ambientes ratização).
urbanos, considera-se relevante, do ponto de vista • Melhoria das condições higiênico-sanitá-
epidemiológico, a exposição acidental que ocorre rias da população.
após contato com água ou lama, por ocasião da • Armazenamento apropriado de alimentos.
ocorrência de fortes chuvas ou enchentes. • Destino adequado do lixo.
Embora se acredite que a maioria dos casos • Cuidados com a higiene.
de infecção por leptospiras seja assintomática, ou • Remoção e destino adequado de resíduos
seja, não acompanhada de quaisquer sintomas, em alimentares humanos e animais.
outros indivíduos, sintomas inespecíficos podem • Manutenção de terrenos baldios murados
surgir após um período de incubação médio de e livres de mato e entulhos.
7 a 14 dias. Nessa situação, a leptospirose pode • Cuidado com as excretas de animais doen-
ser confundida com outras síndromes febris, tes.
como influenza, dengue, ou mesmo ser qualifi- • Assistência médica adequada.
cada como “virose” (SEGURADO; CASSENOTE; • Imunização de animais domésticos, entre
LUNA, 2016). outras.

UNIDADE 4 139
Esterilização, Limpeza
e Desinfecção

Caro(a) aluno(a), estamos chegando quase ao fim


de mais uma importante unidade e, neste senti-
do, vamos aprender sobre os principais procedi-
mentos utilizados no controle da transmissão das
principais doenças infectocontagiosas estudadas
anteriormente. Vamos lá?
Contudo, antes de iniciarmos nossa discus-
são, é pertinente destacar três conceitos funda-
mentais que influenciam na escolha do melhor
procedimento a ser adotado na esterilização e
desinfecção dos artigos hospitalares. Os artigos
são classificados, segundo Rodrigues et al., (2009),
de acordo com os riscos potenciais de transmissão
de infecção para os pacientes e para definição dos
processos a que serão submetidos após seu uso:
a) Artigos críticos: são utilizados em proce-
dimentos invasivos com penetração em
pele e mucosas, tecidos e sistema vascular,
incluindo, também, todos os artigos ou
produtos a eles conectados. Esses artigos,
após limpeza, devem ser submetidos à es-
terilização. Ex.: tecido para procedimen-
tos cirúrgicos, aparelhos endoscópicos e
artroscópicos, tubos, látex, acrílico, entre
outros artigos.
b) Artigos semicríticos: entram em contato O CME é uma área de apoio técnico destinada
com a pele não íntegra ou com mucosas ao processamento de artigos odonto-médico-hos-
íntegras. Esses artigos, após limpeza, devem pitalares, incluindo, nesse processo, a limpeza, o
ser submetidos à desinfecção de alto nível preparo, a esterilização, a guarda e distribuição
ou esterilização. Ex.: inaladores, máscaras dos materiais as demais áreas hospitalares. Ainda,
de nebulização, espéculos vaginais, entre o CME é classificado em duas categorias, segundo
outros artigos. o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012):
c) Artigos não críticos: entram em conta- a) CME Classe I: é aquele que realiza o proces-
to com a pele íntegra e também aqueles samento de produtos para a saúde não críti-
que não entram em contato direto com o cos, semicríticos e críticos de conformação
paciente. Esses artigos requerem limpeza não complexa, passíveis de processamento.
após seu uso e, dependendo do que desti- b) CME Classe II: é aquele que realiza o
na seu último uso, devem ser submetidos à processamento de produtos para a saú-
desinfecção de baixo ou médio nível. Ex.: de não críticos, semicríticos e críticos de
termômetros, comadres, bacias, cubas, en- conformação complexa e não complexa,
tre outros artigos. passíveis de processamento.

Esterilização

A esterilização é o processo pelo qual os micror-


ganismos são destruídos a tal ponto que não se
possa detectá-los no meio padrão de culturas
em que previamente os agentes haviam prolife-
rado. Um artigo é considerado estéril quando a
probabilidade de sobrevivência dos microrganis-
mos contaminantes é menor do que 1:1000.000
(GRAZIANO; SILVA; BIANCHI, 2000).
Antes da esterilização, os materiais devem
passar pela etapa de pré-limpeza, imergindo-
-os em água potável morna, com detergente,
mantendo a solução em contato com o material
por, no mínimo, três minutos, ou conforme a
orientação do fabricante. Após, deve-se friccio-
nar a superfície externa de cada artigo com uma
esponja e escova, até a eliminação da sujidade
visível. Em seguida, enxaguar com água potá-
vel sob pressão e enviar os artigos ao Centro de
Materiais e Esterilização (CME) (OURIQUES;
MACHADO, 2013).

UNIDADE 4 141
A esterilização tem como base o binômio tempo versus tempera-
tura, podendo apresentar diferentes valores, conforme indicado
na Tabela 1.
Tabela 1 - Temperaturas e tempos de exposição utilizados na esterilização

Temperatura (°C) Tempo (min)


121 - 123 15 - 30
132 -135 10 - 25

Fonte: Brasil (2001).

A escolha do método de esterilização dependerá do artigo a ser


esterilizado, compreendendo os métodos físicos, químicos e físi-
co-químicos (BRASIL, 2001). A Figura 1 apresenta os métodos de
esterilização existentes.

Esterilização

Métodos Métodos
Métodos Físicos
Químicos Físico-químicos

Agentes esterelizantes Vapor a baixa


Calor temperatura com
líquidos e sólidos
formaldeído

Plasma de peróxido
Radiação
de hidrogênio

Figura 1 - Métodos físicos, químicos e físico-químicos utilizados na esterilização


de artigos hospitalares
Fonte: os autores.

Métodos físicos

Os métodos físicos são aqueles que utilizam o calor em diferentes


formas e alguns tipos de radiações para esterilizar os artigos.

Calor

Neste procedimento, o mecanismo de esterilização ocorre a partir da


coagulação das proteínas (BRASIL, 2001; VAN DOORNMALEN;
KOPINGA, 2008).

142 Doenças, Prevenção e Medidas de Contenção: da Higiene ao Isolamento


Nos CME, a autoclave é o principal equipamento utilizado aplicando vapor saturado sob pressão.
No Quadro 4, estão descritas algumas das formas de calor que podem ser utilizadas na esterilização.
Quadro 4 - Diferentes formas de calor utilizadas no processo de esterilização dos artigos e demais instrumentos

Calor Características
A temperatura obtida equivale ao ponto de ebulição da água, sendo produzido
Vapor saturado a partir da combinação da energia que aquece a água com níveis maiores que
sob pressão a pressão atmosférica, acelerando o aquecimento e alcançando temperaturas
adequadas para a esterilização.

Vapor saturado Contém somente água no estado gasoso, agregando tanta água quanto possível
seco temperatura e pressão.

É normalmente formado quando a água da caldeira é carregada pelo vapor satu-


Vapor saturado
rado ao ser injetado na câmara da autoclave, resultando em um excesso de água
úmido
que poderá comprometer a secagem da carga em processo.
Formado a partir do vapor saturado, o qual é submetido a temperaturas mais
Vapor saturado
elevadas. O vapor torna-se deficiente em umidade e, consequentemente, com
superaquecido
maior dificuldade de penetração.
O calor é irradiado das paredes laterais e da base do equipamento. Este processo
Calor seco
requer longo tempo de exposição para que se atinjam altas temperaturas nos arti-
(estufas)
gos e possa ocorrer a morte microbiana pelo processo de oxidação das células.

Fonte: Brasil (2001).

Vale destacar que, ainda se tratando da esterilização por calor, existem outros processos, como: a esteri-
lização por gravidade, a esterilização por alto vácuo e a esterilização por vácuo pulsátil (BRASIL, 2001).

Radiação

A radiação atua modificando o DNA das células,


provocando lesões estruturais, o que acarreta alte-
rações funcionais graves por difusão dos radicais
livres na célula microbiana. A radiação gama é a
mais utilizada (BRASIL, 2001).
Este tipo de esterilização é utilizada nos casos
que requerem uma esterilização “a frio”, poden-
do ser empregada em materiais sólidos e fluidos.
Além disso, apresenta a vantagem de permitir que
os produtos sejam esterilizados na própria emba-
lagem final e a penetração da radiação assegura a
esterilização de todo o volume (COUTO, 2012).

UNIDADE 4 143
Métodos Químicos

Os métodos químicos utilizados para esterilização podem ser líquidos ou gasosos e se caracterizam
pelas interações entre compostos.

Agentes Esterilizantes Líquidos Agentes Esterilizantes Gasosos

Os agentes esterilizantes líquidos compreendem: Os agentes esterilizantes gasosos são:


• Glutaraldeído: apresenta ação contra to- • Óxido de etileno (EtO): é um gás inco-
dos os microrganismos, incluindo os espo- lor, altamente explosivo e reativo, comple-
ros. Sua atuação ocorre a partir de reações tamente solúvel em água e com grande
químicas de alquilação, alterando o DNA, eficácia na destruição de microrganismos
RNA e a síntese proteica dos microrganis- formadores de esporos. O EtO penetra em
mos. A sua eficácia depende do tempo de papel, tecido e em alguns filmes plásticos,
exposição e condições do artigo, que deverá contudo, o fato de ser altamente tóxico e
estar limpo e seco, facilitando a penetração cancerígeno exige cuidados extras. A este-
do glutaraldeído (BRASIL, 2001). rilização com esse composto é executada
• Formaldeído: apresenta mecanismo de na faixa de temperatura de 40°C a 60°C
ação semelhante ao glutaraldeído. É pouco (COUTO, 2012).
reativo a temperaturas menores que 20°C, • Plasma de peróxido de hidrogênio: essa
apresenta baixo poder de penetração, dis- outra tecnologia de esterilização também
tribuição não uniforme e alta toxicidade, opera à baixa temperatura (entre 45 °C a
características estas que acabam restrin- 55 °C). Assim como o óxido de etileno, esse
gindo seu emprego nos processos de de- método encontra grande aplicação em ins-
sinfecção e esterilização (BRASIL, 2001). trumentos e dispositivos médico hospita-
• Ácido peracético: atua promovendo a lares. As suas propriedades oxidantes são
desnaturação de proteínas e alterando a capazes de destruir uma ampla gama de
permeabilidade da parede celular dos mi- patógenos e apresenta como vantagem a
crorganismos. Possui como vantagem a rapidez no processo, já que a liberação do
permanência da atividade bactericida na produto ocorre num intervalo de 30 mi-
presença de matéria orgânica e não for- nutos a 1 hora (COUTO, 2012).
ma resíduos tóxicos, enquanto que a des-
vantagem é a instabilidade e ser corrosivo
(BRASIL, 2001).

144 Doenças, Prevenção e Medidas de Contenção: da Higiene ao Isolamento


Métodos Físico-químicos Ainda, compreende uma importante etapa
que deve sempre ser realizada antes dos procedi-
Os métodos físico-químicos consistem na asso- mentos de desinfecção e esterilização dos artigos.
ciação de dois métodos que, de modo geral, são Preferencialmente, a limpeza deve ser realizada
realizados à baixa temperatura. É aplicado em ma- por equipamentos que utilizem processos físicos,
teriais termo sensíveis ou sensíveis à umidade. como lavadoras termo desinfetadoras, as quais
Podem ser por vapor à baixa temperatura com promovem a limpeza e descontaminação simul-
formaldeído ou por plasma de peróxido de hi- tâneas (BRASIL, 2001).
drogênio (BRASIL, 2001): Como já mencionado anteriormente, a limpe-
• Vapor à baixa temperatura com formal- za inadequada afeta a esterilização, pois a sujeira
deído: a esterilização ocorre por meio da e a gordura atuam como fatores de proteção dos
combinação de vapor saturado com for- microrganismos, agindo como barreira e impe-
maldeído e temperatura. É tóxico, carcino- dindo o contato dos esterilizantes químicos, físi-
gênico; porém, comparando com o óxido de cos e físico-químicos (BRASIL, 2001).
etileno, representa menor risco aos opera- Os detergentes são os produtos destinados à
dores (PADOVESE; DEL MONTE, 2003). limpeza de artigos e superfícies por meio da dimi-
• Plasma de peróxido de hidrogênio: sua nuição da tensão superficial, sendo recomendável
ação baseia-se na degradação do próprio utilizar (BRASIL, 2001):
peróxido, que forma radicais livres respon- • Detergentes enzimáticos: são detergentes
sáveis pela eliminação dos microrganis- que, em sua composição, apresentam ami-
mos. Não é tóxico devido a sua decom- lases, proteases e lipases, que promovem
posição que gera água e oxigênio, rápida simultaneamente a dispersão, solubilização
esterilização, porém não é recomendado e emulsificação, removendo substâncias
para todos os termossensíveis e exige em- orgânicas das superfícies dos artigos. São
balagem específica (BRASIL, 2001). biodegradáveis, neutros, não oxidantes,
com ação bacteriostática.
• Detergentes não enzimáticos: detergente
Limpeza de baixa alcalinidade a base de tensoativo
aniônico ou em associação de tensoativos
A limpeza consiste na remoção de sujidades orgâ- aniônicos e não iônicos.
nicas e inorgânicas, redução da carga microbiana • Após a etapa da limpeza, é necessário
presente nos produtos para saúde, utilizando água, que os artigos sejam secos, uma vez que
detergentes, produtos e acessórios de limpeza, por a umidade pode interferir no processo de
meio de ação mecânica (manual ou automati- esterilização e desinfecção. Para tal etapa,
zada), atuando em superfícies internas (lúmen) pode-se utilizar: estufas, secadoras de ar
e externas, de forma a tornar o produto seguro quente ou frio, pano limpo e absorvente
para manuseio e preparado para desinfecção ou (BRASIL, 2001).
esterilização (BRASIL, 2012).

UNIDADE 4 145
Desinfecção

A desinfecção consiste na eliminação de micror-


ganismos na forma vegetativa, presentes nos arti-
gos e objetos inanimados mediante a aplicação de
agentes físicos ou químicos. Esse processo pode
ser dividido em três níveis (RODRIGUES et al.,
2009; BRASIL, 2012):

• Desinfecção de alto nível: processo físico


ou químico que destrói a maioria dos mi-
crorganismos de artigos semicríticos, in-
clusive micobactérias e fungos, exceto um
número elevado de esporos bacterianos.
• Desinfecção de nível intermediário: pro-
cesso físico ou químico que destrói micror-
ganismos patogênicos na forma vegetativa,
micobactérias, a maioria dos vírus e dos
fungos, de objetos inanimados e superfí-
cies.
• Desinfecção de baixo nível: elimina todas
as bactérias na forma vegetativa e alguns
fungos. Não tem ação contra esporos e ví-
rus.

Relembrando que, de acordo com esses níveis, os


artigos críticos devem ser esterilizados, os semi-
críticos devem passar pelo processo de desinfec-
ção de alto nível ou esterilização e, por fim, os não
críticos, por uma desinfecção de baixo ou médio
nível (RODRIGUES et al., 2009). Assim como na
esterilização, a desinfecção dos artigos pode ser
feita por métodos físicos, químicos e físico-quí-
micos (BRASIL, 2001).

Métodos Físicos

Os métodos físicos consistem na imersão dos ar-


tigos em água a 100 °C por 30 min.
Métodos Químicos

Esse método faz uso de soluções desinfetantes que agem por contato e, desta forma, o artigo deve ser
colocado em recipiente contendo solução suficiente para que fique totalmente imerso. Após a desin-
fecção, os artigos devem ser enxaguados com água que atenda os padrões de potabilidade estabelecidos
por normas específicas (BRASIL, 2001). O Quadro 5 indica os principais desinfetantes utilizados na
desinfecção dos artigos hospitalares.
Quadro 5 - Desinfetantes e características no processo de desinfecção dos artigos

Classificação Desinfetante Características Exemplos


Pode ser líquido ou gás; é comumente
encontrado como formalina, apresen-
ta ação bactericida potente, fungicida, Desinfecção de artigos
Aldeídos Formaldeído
agindo também contra vírus, bacilos semicríticos
da tuberculose e esporos bacterianos;
cancerígeno.
Boa ação antimicrobiana dependendo
Desinfecção de artigos
da concentração de uso; ativo em pre-
Glutaraldeído semicríticos sensíveis
sença de matéria orgânica; não corrosi-
ao calor.
vo; requer enxague abundante.
Desinfecção de artigos
Tem ação seletiva para vírus; é mais
Álcool isopro- não críticos e semicrí-
Álcoois tóxico que o álcool etílico; menor ação
pílico ticos e desinfecção de
antimicrobiana que o álcool etílico.
superfícies ambientais.
Rápida ação bactericida, eliminando Desinfecção de artigos
Álcool também o bacilo da tuberculose, os não críticos e semicrí-
etílico fungos e os vírus, não agindo, porém, ticos e desinfecção de
contra os esporos bacterianos. superfícies ambientais.
Boa ação antimicrobiana dependendo
Composto Hipoclorito Desinfecção de utensí-
da concentração de uso; pode ser líqui-
clorados de sódio lios em geral.
do ou pó; ação rápida; baixo custo.
Rápida atividade antimicrobiana; ativo em
Ácido Desinfecção de artigos
Ácidos presença de matéria orgânica; não deixa
peracético semicríticos.
resíduos no material; corrosivo.

Fonte: adaptado de Brasil (2001) e Rui et al. (2011).

Métodos Físico-químicos

Os métodos físico-químicos atuam, como já descritos, na esterilização, utilizando, neste caso, os de-
sinfetantes adequados para o processo.
Neste contexto, caro(a) aluno(a), diante de tudo que aprendemos até o momento, uma ressalva
fundamental se faz necessária, isto é, não existe um método com 100% de eficácia e todos apresentarão
alguma limitação.

UNIDADE 4 147
Barreiras de Controle
e Isolamento

O ambiente hospitalar oferece agentes infecciosos


variados e muito resistentes. Os doentes interna-
dos têm um maior risco de adquirirem infecções
devido à própria natureza hospitalar, pois estão
expostos a microrganismos que, no seu dia a dia,
não entrariam em contato (NOGUEIRA et al.,
2009). Nesse cenário, desponta a biossegurança
com o intuito de empregar precauções como for-
ma de minimizar os riscos de contaminação cru-
zada entre os pacientes, profissionais e visitantes.
As ações estão relacionadas com a implemen-
tação de políticas, no que diz respeito aos riscos
biológicos, principalmente quanto aos acidentes
com materiais biológicos e as medidas de con-
tenção biológica por meio das precauções e iso-
lamentos, priorizando e estabelecendo políticas
que irão minimizar os riscos de transmissão de
infecção entre os trabalhadores da saúde e os pa-
cientes (SCHEIDT; ROSA; LIMA, 2006).
Como visto, o isolamento é uma das maneiras com o objetivo de reduzir os riscos de trans-
de prevenir a transmissão das doenças infecto- missão de agentes infecciosos, principalmen-
contagiosas, criando uma barreira física entre o te veiculados por sangue e fluidos corpóreos
paciente e o mundo externo. Além disso, o isola- (líquor, líquido pleural, peritoneal, pericárdico,
mento oferece a assistência adequada ao paciente, sinovial, amniótico, secreções e excreções res-
aumenta a segurança e a confiança no trabalho piratórias, do trato digestivo e geniturinário)
e diminui a possibilidade de ocorrência de um ou presentes em lesões de pele, mucosas, restos
surto entre as pessoas que assistem diretamente de tecidos ou de órgãos (SCIH – HUM, 2014,
ao paciente, familiares e a comunidade (SCIH on-line)1. Os equipamentos de proteção indivi-
– HUM, 2014, on-line)1. Além do isolamento, dual (EPIs), equipamentos de proteção coletiva
barreiras de contenção também são eficazes na (EPCs), os procedimentos de higienização cor-
prevenção de tais doenças. reta das mãos e imunização dos trabalhadores
As barreiras de contenção estão relacionadas constituem alguns exemplos das precauções
às precauções padrão (PP), as quais consistem padrões amplamente aplicadas na prevenção
em atitudes que devem ser tomadas por todo da transmissão de doenças infectocontagiosas
trabalhador da saúde frente a qualquer paciente, (Quadro 6).

Quadro 6 - Alguns EPIs comumente utilizados pelos profissionais da área da saúde na precaução padrão

Barreiras de
Aplicação
contenção

Sempre utilizar no contato com sangue e líquidos corporais, secreções e excre-


Luvas ções, membranas mucosas, pele lesada, artigos ou superfícies sujas com material
biológico.

Deve ser usado como barreira física, quando existir possibilidade de contaminar as
roupas ou a pele do profissional da saúde com material biológico. Deve-se despre-
Avental
zar o avental de proteção de contato imediatamente após uso, antes de sair do
quarto.

As máscaras devem cobrir a boca e o nariz, protegendo o trabalhador de saúde de


Máscara
infecções por inalação de gotículas transmitidas à curta distância e pela projeção
cirúrgica
de sangue ou outros fluidos corpóreos que possam atingir suas vias respiratórias.

Sempre devem ser usados durante a realização de procedimentos no paciente ou


Óculos de
manuseio de artigos ou materiais contaminados em que houver a possibilidade da
proteção
ocorrência de respingos de material biológico sobre as mucosas do olho.

Fonte: adaptado de SCIH – HUM, (2014, on-line)1; Silva et al. (2016, on-line)2.

UNIDADE 4 149
Além das PP, existem também as precauções de contato, precauções respiratórias contra aerossóis e
precauções respiratórias contra gotículas, conforme mostrado no Quadro 7 (SILVA et al., 2016, on-line)2.

Quadro 7 - Precauções: definições e ações a serem adotadas

Precauções Definições Ações


Uso de luvas.
São medidas aplicadas para a prevenção Avental de manga longa.
da transmissão de agentes infecciosos Artigos e equipamentos devem ser ex-
De contato
por meio de contato direto ou indireto clusivos de cada paciente.
com o paciente ou ambiente. Evitar ao máximo o transporte do pa-
ciente.
São medidas instituídas para prevenir
Obrigatório o uso de máscaras com
a transmissão de agentes infecciosos
capacidade de filtrar partículas menores
por meio da disseminação de pequenas
do que 3 µm.
Aerossóis partículas que ficam suspensas no ar,
O transporte do paciente deve ser
podendo ser amplamente dispersas por
evitado, mas quando necessário usar
correntes aéreas e inaladas pelos indiví-
máscara cirúrgica.
duos suscetíveis.
Obrigatório uso de máscara comum,
durante o período de transmissibilidade
São medidas empregadas para prevenir da doença, para todas as pessoas que
Gotículas a transmissão dos agentes infecciosos entrarem no quarto.
gerados durante a fala, espirro e tosse. O transporte do paciente deve ser
evitado, mas quando necessário usar
máscara cirúrgica.

Fonte: adaptado de Silva et al., (2016, on-line)2.

Diante deste contexto, observa-se que é essencial oferecer todo cuidado necessário para o paciente
“isolado”, mas sem esquecer de usar as precauções adequadas.

Quando Devemos Realizar o Isolamento do Paciente?

A instalação de isolamento fica sob a respon- de doença infecciosa, a equipe deve avaliar se a
sabilidade da equipe médica e de enfermagem doença é passível de isolamento e tomar as me-
da unidade, que deverão analisar a natureza da didas necessárias para prevenir sua transmissão
infecção e as condições do paciente. É de funda- o mais breve possível. E, assim, de acordo com a
mental importância que as medidas indicadas avaliação, o isolamento poderá ser, ainda, domici-
sejam observadas precocemente, e na suspeita liar ou hospitalar (SCIH – HUM, 2014, on-line)1.

150 Doenças, Prevenção e Medidas de Contenção: da Higiene ao Isolamento


Antes da tomada da decisão do isolamento do paciente infectado, algumas perguntas devem ser
feitas, conforme indicado no Quadro 8.

Quadro 8 - Parâmetros para a instalação do isolamento de pacientes

Tomada da decisão Ação

Sim, se o diagnóstico suspeito ou comprovado de doença


Existe a necessidade do isolamento?
infectocontagiosa por microrganismo multirresistente.

O paciente deve permanecer no isolamento até que o perío-


Por quanto tempo deve durar o
do de transmissibilidade do agente da infecção tenha sido
isolamento?
concluído.

Que barreiras técnicas devem ser As barreiras vão variar de acordo com o agente infeccioso,
utilizadas? modo de transmissão e condições do paciente.

Fonte: adaptado de SCIH – HUM, (2014, on-line)1.

Deste modo, com a tomada da decisão do isola- tar a data do início e do tempo previsto para o
mento, faz-se necessário a adoção de um quarto isolamento e assinar como responsável (SCIH
privativo localizado afastado do posto de enfer- – HUM, 2014, on-line)1.
magem, da sala de procedimentos, de locais onde Além do isolamento no quarto privativo, tam-
se realizam preparo de medicações e de áreas de bém há o isolamento coorte, no qual, em uma
grande circulação de pessoas. O quarto, ainda, enfermaria, ficam segregados um grupo de pa-
deve possuir: cientes que foram acometidos de doença infec-
• Banheiro privativo. ciosa causada pelo mesmo agente, durante um
• Porta com visor. surto ou epidemia. É importante observar se o
• Janelas teladas. microrganismo, isolado de todos os pacientes,
• Cabideiros de parede no lado externo (cor- apresenta seguramente o mesmo perfil de sus-
redor) e no interior do quarto. ceptibilidade aos antimicrobianos para evitar pro-
• Campainha com fácil acesso ao paciente. pagação de resistência ou superinfecção. O tempo
• Pia para lavagem das mãos e material para de isolamento varia de acordo com o período de
a higienização das mãos com preparações transmissibilidade de cada doença (SCIH–HUM,
alcoólicas. 2014, on-line)1. O hospital deverá definir uma
área específica para isolamento conforme critérios
Os quartos do isolamento devem sempre manter clínicos, restringindo ao máximo o número de
as portas fechadas e identificadas, afixando na acessos a essa área, com o objetivo de conseguir
parte externa uma folha de orientações especí- um maior controle da movimentação, evitando-se
ficas para o tipo de isolamento definido, ano- o tráfego indesejado e o cruzamento de pessoas.

UNIDADE 4 151
Doenças Infectocontagiosas Estado Emocional dos
que Exigem Isolamento dos Pacientes Sob Isolamento
Pacientes
O isolamento provoca um afastamento do pa-
As principais doenças infectocontagiosas que ciente em relação à continuidade da vida fora do
exigem isolamento dos pacientes estão descritas seu quarto, o que acaba refletindo diretamente
no Quadro 9. na sua saúde mental. As unidades de isolamento
geram um nível de estresse muito grande tanto
Quadro 9 - Doenças infectocontagiosas e o tipo de precau-
ção que deve ser adotada pelo profissional da saúde para os doentes como em seus acompanhan-
tes, que ficam isolados juntamente com eles. O
Material
Doença Precaução isolamento de crianças é ainda mais tortuoso,
infectante
pois além de ficarem tristes e deprimidas, elas
Secreção Respiratória e
Caxumba pedem para sair ou choram por querer brincar
respiratória Padrão
do lado de fora com as outras crianças que ca-
Secreção
Coqueluche Respiratória minham livremente pela enfermaria (CARDIM
respiratória
et al., 2008).
Secreção
Contato e Desta maneira, é fundamental que o profis-
Difteria das lesões e
Respiratória sional da saúde esteja atento aos seguintes aspec-
respiratória
Secreções
tos associados ao paciente (SCIH – HUM, 2014,
Herpes Aerossóis e on-line)1:
das lesões e
zoster Contato
respiratória • Permitir visitas e acompanhamento após
Meningite me- Secreção Respiratória e orientação (mesmo de forma limitada).
ningocócica respiratória Padrão • Conversar com o paciente, explicando
Secreção o porquê das medidas de isolamento e
Raiva Contato
respiratória buscar esclarecer suas dúvidas, visando
Secreção diminuir sua ansiedade e temores sem
Rubéola Respiratória
respiratória fundamento.
Secreção • Incentivar uma boa interação entre o pa-
Sarampo Aerossóis
respiratória ciente e a equipe multiprofissional.
Tuberculose • Verificar se o alarme ou campainha do
Aerossóis Aerossóis
pulmonar quarto está funcionando, para garantir a
Secreções rápida comunicação do paciente com a
Aerossóis e
Varicela das lesões e equipe de enfermagem.
contato
respiratórias
• Quando necessário, solicitar assistência
Fonte: SCIH – HUM (2014, on-line)1; SILVA et al. (2016, social e psicológica.
on-line)2.

152 Doenças, Prevenção e Medidas de Contenção: da Higiene ao Isolamento


doenças infectocontagiosas, que poderão resultar
em medidas de contenção, como o isolamento.
A esse passo, a integração dessas temáticas e a
Em 2017, foram registrados o maior número de compreensão de todas elas de forma globalizada
casos de dengue, zika e febre amarela; tal fato e multidisciplinar começa a tomar forma.
indica um retrocesso em termos de saúde pública As especificidades dos ambientes hospitalares
e uma possível sobrecarga no atendimento do se tornam claras quando diferentes profissionais
sistema público. irão atuar exercendo diferentes funções voltadas
à manutenção da qualidade de vida e a busca pela
reversão dos diferentes quadros de diferentes pa-
cientes.
Vale destacar que as temáticas apresentadas até Entretanto, a sinergia dessa prática laboral
o momento explicitam a integração das infor- depende de medidas de higiene e esterilização
mações apresentadas nas unidades anteriores, adotadas por todos esses colaboradores, ressaltan-
com ênfase nas medidas preventivas individuais do a necessidade de compreensão acerca dessas
e coletivas voltadas à higiene e proteção não só práticas tão relevantes em termos de atendimento
dos colaboradores, mas também da população em saúde, uma vez que este terá sua efetividade
presente nesses ambientes como um todo. comprometida caso as medidas básicas não sejam
Conforme expresso ao longo da unidade, foi contempladas.
possível compreender a dinâmica dos temas abor- Outro tema que deve ser salientado gira em
dados, especialmente no que tange a transmissão torno das doenças infectocontagiosas, que tem
de doenças, doenças infectocontagiosas e as bar- ganhado grande relevância em termos de atendi-
reiras de contenção e isolamento. Tais temáticas mento em saúde e saúde pública, especialmente
caminham em conformidade, uma vez que pos- devido às diferentes vias de transmissão que se
síveis medidas de contenção deverão ser tomadas agravam quando associadas a condições socioe-
casos as medidas de higiene não sejam eficientes. conômicas precárias comuns aos países em de-
Ainda, em face do conteúdo apresentado, tor- senvolvimento.
na-se possível estabelecer relações diretas acerca Por fim, esperamos que o conteúdo aqui apre-
da higiene, das medidas preventivas individuais sentado possa ter contribuído com informações
e coletivas apresentadas nas unidades anterio- relevantes no que tange a futura prática na sua
res, com problemáticas voltadas à transmissão de área de formação.

UNIDADE 4 153
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. As ações preventivas são intervenções que visam evitar o aparecimento de


doenças específicas, reduzindo a sua incidência e prevalência. Seu objetivo
é controlar a transmissão de doenças e a redução do risco das doenças, e os
projetos de prevenção e educação em saúde estão voltados para a divulgação
das informações científicas e de recomendações normativas que envolvem mu-
danças de hábitos. Em relação as três etapas de prevenção, leia as assertivas e
assinale a alternativa correta.
I) A prevenção terciária é a fase que interrompe a doença antes que ela se torne
sintomática. É composta de dois níveis: o primeiro, diagnóstico e tratamento
precoce, enquanto que o segundo, limitação da invalidez.
II) A prevenção primária corresponde à etapa de prevenção que poderá evitar
que o processo de doença se estabeleça pela eliminação de suas causas ou
aumentando a resistência do organismo a elas.
III) A prevenção secundária ocorre com as ações de reabilitação do indivíduo.
Ex.: fisioterapia e intervenção cirúrgica.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I está correta.
b) Apenas II está correta.
c) Apenas III está correta.
d) Apenas I e II estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

154
2. A vida se manifesta por meio da saúde e da doença, que são formas únicas,
experiências subjetivas e que não podem ser manifestadas integralmente por
meio de palavras. Portanto, a compreensão e discussão desses termos se fa-
zem fundamentais. Nesse sentido, avalie as assertivas apresentadas e assinale
a alternativa correta.
I) As doenças transmissíveis constituem importante causa de morte e ainda
afligem milhões de pessoas em numerosas regiões, especialmente nos países
em desenvolvimento.
II) Fatores de difícil classificação, como o estresse, não podem causar problemas
à saúde dos seres vivos.
III) Doença pode ser definida como qualquer perturbação ou anormalidade ob-
servada no funcionamento orgânico do indivíduo ou do seu comportamento.
IV) Dentre os fatores que podem causar doenças nos seres humanos encon-
tram-se os biológicos, físicos e químicos.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas I, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

3. O isolamento de um paciente fica sob responsabilidade da equipe médica e de


enfermagem da unidade em questão, que deverão analisar a natureza da infec-
ção e as condições do paciente, estabelecendo, assim, se o isolamento deverá
ser domiciliar ou hospitalar. Em relação ao isolamento hospitalar, assinale a
alternativa que contém apenas seus requisitos.
a) Ambiente aberto e compartilhado com outros pacientes e pias para higieni-
zação.
b) Janelas teladas, banheiro comunitário e pias para a higienização.
c) Ambiente aberto e com ampla circulação, portas sem isolamento e banheiros
comunitários.
d) Banheiro privativo, ambiente aberto e com ampla circulação de terceiros.
e) Pias para higienização, janelas teladas e banheiro privativo.

155
4. Assim como na esterilização, a desinfecção dos artigos comuns aos ambientes
hospitalares pode ser feita por métodos físicos, químicos e físico-químicos. O
uso de diferentes técnicas de esterilização faz com que existam contratempos
com infecções e transmissão de doenças devido à falta de higiene. Nesse senti-
do, associe as colunas contendo os diferentes desinfetantes químicos com sua
correta classificação e assinale a alternativa correta.
A) Rápida ação bactericida, eliminando também o bacilo da tuberculose, os fungos
e os vírus, não agindo, porém, contra os esporos bacterianos.
B) Pode ser líquido ou gás; é comumente encontrado como formalina, apresenta
ação bactericida potente, fungicida, agindo também contra vírus, bacilos da
tuberculose e esporos bacterianos; cancerígeno.
C) Boa ação antimicrobiana dependendo da concentração de uso; pode ser líquido
ou pó; ação rápida; baixo custo.
I) Formaldeído.
II) Álcool Etílico.
III) Hipoclorito de Sódio.
Está correta apenas:
a) B - I, A - III e C - II.
b) B - III, C - I e A - II.
c) C - I, B - II e A - III.
d) B - I, A - II e C - III.
e) A - I, B - II e C - III.

5. A limpeza consiste na remoção de sujidades orgânicas e inorgânicas, redução da


carga microbiana presente nos produtos para saúde, utilizando água, detergen-
tes, produtos e acessórios de limpeza, por meio de ação mecânica (manual ou
automatizada), atuando em superfícies internas (lúmen) e externas, de forma a
tornar o produto seguro para manuseio e preparado para desinfecção ou este-
rilização. A limpeza ou higienização pode, ainda, ser realizada por detergentes
enzimáticos e não enzimáticos, que são comumente encontrados em ambientes
laboratoriais voltados aos serviços em saúde. Nesse sentido, diferencie deter-
gentes enzimáticos e não enzimáticos.

156
LIVRO

Fisiopatologia da Doença: Uma Introdução à Medicina Clínica


Autor: Gary D. Hammer, Stephen J. Mcphee
Editora: Grupo A Educação
Sinopse: totalmente colorida, a 7ª edição de Fisiopatologia da Doença é uma
excelente introdução à medicina clínica, ao revisar as bases fisiopatológicas das
doenças mais encontradas na prática médica. Os autores, todos especialistas em
suas respectivas áreas, apresentam a estrutura e o funcionamento normal de
cada sistema de órgãos, bem como os mecanismos que causam diversas doenças
relacionadas. EsTa combinação única entre conceitos fisiológicos e patológicos
permite a compreensão dos sinais e sintomas considerando sua origem, o que
proporciona um aprendizado mais completo das doenças e seus tratamentos.

157
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160
1. B.

2. D.

3. E.

4. D.

5. Detergentes enzimáticos: são detergentes que, em sua composição, apresentam amilases, proteases e
lipases, que promovem simultaneamente a dispersão, solubilização e emulsificação, removendo substâncias
orgânicas das superfícies dos artigos. São biodegradáveis, neutros, não oxidantes, com ação bacteriostática.

Detergentes não enzimáticos: detergente de baixa alcalinidade a base de tensoativo aniônico ou em asso-
ciação de tensoativos aniônicos e não iônicos.

161
162
163
164
Dra. Michele Putti Paludo
Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus

Gerenciamento e Descarte
de Resíduos Laboratoriais

PLANO DE ESTUDOS

Manuseio, controle e descarte Legislação em


de produtos biológicos biossegurança

Manuseio, controle e descarte Plano de gerenciamento


de produtos químicos e seus de resíduos de serviços
resíduos de saúde - PGRSS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Aprender acerca do manuseio, controle e descarte espe- • Conhecer as diferentes normas da legislação em biosse-
cíficos de resíduos químicos e biológicos. gurança.
• Conceituar plano de gerenciamento de resíduos de ser-
viços de saúde.
Manuseio, Controle e
Descarte de Produtos
Químicos e seus Resíduos

Olá, caro(a) aluno(a), por fim, chegamos a Uni-


dade 5 deste material didático. Esta unidade tem
por finalidade apresentar informações acerca do
manejo e descarte dos resíduos laboratoriais e
clínicos provenientes dos serviços e atendimen-
tos em saúde. Conhecer o manejo adequados de
produtos químicos e biológicos facilita o descarte
dos resíduos gerados e que são específicos à área
da saúde.
Os resíduos dos diferentes serviços de saúde
devem ser devidamente descartados seguindo um
conjunto de normas específicas desenvolvidas
com o intuito de evitar possíveis contaminações
ao longo de seu descarte ou destinação final. A
classificação dos resíduos gerados nos diferentes
processos comuns a ambientes laboratoriais tam-
bém se faz relevante, sobretudo quando inúmeros
serviços são gerados em fluxo constante, gerando
uma preocupação com a higiene laboratorial.
Neste contexto, surgiram as normas estrutu-
rantes do plano de gerenciamento de resíduos de
serviços de saúde (PGRSS), responsáveis por um
direcionamento específico e amplo acerca de toda
e qualquer ação que venha a ser desenvolvida e
que contemplem os resíduos sólidos desse seg- a qualidade das análises, mas também com a gestão
mento. Portanto, a correta elaboração do PGRSS dos resíduos. Essa visão passa pela identificação,
torna-se imprescindível em termos de biossegu- tratamento e encaminhamento destes, de forma a
rança para realização de serviços em saúde. diminuir os possíveis impactos ao meio ambiente
Ainda nesta unidade, serão apresentadas al- (MARINHO; BOZELLI; ESTEVES, 2011).
gumas legislações pertinentes em biossegurança, A partir de agora, caro(a) aluno(a), vamos co-
enfatizando a ação à comissão técnica nacional nhecer quais são os principais resíduos químicos
de biossegurança regulamentada pela Lei de Bios- e como devemos proceder em relação a sua esto-
segurança, considerada um marco nacional rela- cagem, manuseio e descarte.
cionado à regulamentação do uso de organismos
geneticamente modificados.
Por fim, esperamos que esta unidade possa Produtos Químicos
contribuir, ainda que de forma não exaustiva, com e sua Classificação
noções básicas acerca das temáticas supracitadas
que são de grande relevância no segmento de Os produtos químicos são definidos como subs-
atendimento em saúde. tâncias químicas, seja só, em mistura ou em pre-
A complexidade dos processos de gerencia- paração, fabricadas ou obtidas da natureza (PNU-
mento de resíduos químicos tem aumentado com MA, 2009). Não esqueça, caro(a) aluno(a), que
o passar dos anos, devido ao aumento do conheci- na classificação de riscos, esses produtos estão
mento sobre os efeitos deletérios desses compos- agrupados nos riscos químicos, isto é, substâncias
tos sobre o meio ambiente e sobre a saúde humana químicas na forma líquida, sólida ou gasosa, que
e, também, devido à introdução de legislação mais podem ser absorvidas pelo organismo humano
restritiva a respeito desse assunto (SCHNEIDER; por meio das vias respiratórias, cutânea ou pela
GAMBA; ALBERTINI, 2011). ingestão, produzindo reações tóxicas e danos à
O princípio básico do gerenciamento de resí- saúde. Assim, sob condições adequadas de manu-
duos químicos em laboratórios não especializados seio, os riscos oferecidos pelos produtos químicos
no assunto se resume à adequação de resíduos podem ser controlados, minimizados, mas não
para descarte no lixo sólido comum ou na rede desprezados ou ignorados.
de esgotos por procedimentos simples, como a Desde 2011, a legislação brasileira exige que o
neutralização de ácidos e bases ou a remoção de produto químico utilizado no local de trabalho
corantes de soluções por adsorção em resinas ou deva ser classificado quanto aos perigos para a
em carvão ativado, e coleta segregada de resíduos segurança e a saúde dos trabalhadores, de acor-
de maneira que possam ser encaminhados cada do com os critérios estabelecidos pelo Sistema
um para tratamento especializado específico Globalmente Harmonizado de Classificação e
(SCHNEIDER; GAMBA; ALBERTINI, 2011). Rotulagem de Produtos Químicos (GHS), con-
Desse modo, a implementação de um progra- forme a Norma ABNT - NBR 14725 (ABNT, 2009;
ma de gerenciamento de resíduos passa por uma WALLAU; SANTOS, 2013).
tomada de consciência acerca da necessidade de O GHS engloba todos os produtos químicos
adotar novos hábitos, no sentido de atender não perigosos, não existindo isenções completas no
só a legislação vigente, mas principalmente a uma âmbito do GHS para um tipo particular de subs-
nova mentalidade que se preocupe não apenas com tância ou de produto químico. O Sistema con-

UNIDADE 5 167
grega o esforço de várias agências internacionais, danos físicos à saúde humana e ao meio ambien-
coordenadas pela Organização das Nações Unidas te. O GHS oferece a primeira base globalmente
(ONU), para harmonizar a classificação de produ- uniformizada para avaliação das propriedades das
tos químicos perigosos e a comunicação de peri- substâncias e dos riscos associados (ABIQUIM,
gos para diferentes públicos alvo – organizações, 2005; SCHNEIDER; GAMBA; ALBERTINI, 2011).
trabalhadores e consumidores em geral. Dessa maneira, com base nos perigos ofereci-
A classificação é uma estratégia fundamental dos, os produtos químicos podem ser classificados
para priorizar as atividades de gestão dos riscos em: perigos físicos, perigos à saúde e perigos ao
relacionados a produtos químicos, permitindo meio ambiente. Vejamos, no Quadro 1, a descrição
identificar aqueles que têm o potencial de causar de cada um dos perigos mencionados.

Quadro 1 – Classificação dos produtos químicos segundo o GHS

Classificação Descrição
Explosivos
Gases inflamáveis
Aerossóis inflamáveis
Gases oxidantes
Gases sob pressão
Líquidos inflamáveis
Sólidos inflamáveis
Substâncias autorreativas
Perigos físicos
Líquidos pirofóricos
Sólidos pirofóricos
Substâncias autoaquecíveis
Substâncias que, em contato com a água, liberam gases inflamáveis
Líquidos oxidantes
Sólidos oxidantes
Peróxidos orgânicos
Corrosivo aos metais
Toxicidade aguda
Corrosão e irritação da pele
Danos e irritação séria nos olhos
Sensibilização respiratória ou dérmica
Perigos à saúde Mutagenicidade em células germinativas
Carcinogenicidade
Toxicidade à reprodução
Toxicidade sistêmica em órgão alvo – exposição única e múltipla
Perigoso por aspiração
Perigos ao meio ambiente Perigoso para o ambiente aquático (toxicidade crônica e aguda)

Fonte: Abiquim (2005).

168 Gerenciamento e Descarte de Resíduos Laboratoriais


Estocagem dos Produtos Químicos

Os potenciais perigos que os produtos químicos cias que podem, assim, oferecer riscos de explo-
podem oferecer estão, muitas vezes, associados a são, incêndio, liberação de gases tóxicos e outros
medidas inadequadas de estocagem e manuseio danos. O ideal é sempre identificar os produtos,
nos laboratórios. Esses perigos sempre existirão, a fim de que seja possível um gerenciamento se-
mas podem ser amenizados ou eliminados a partir guro dos riscos às pessoas, ao meio ambiente e
do conhecimento das propriedades dos materiais ao patrimônio da empresa ou laboratório (CRQ,
(COSTALONGA; FINAZZI; GONÇALVES, 2010). [2018], on-line)1. O Quadro 2 apresenta alguns
Um fator fundamental que devemos observar exemplos de substâncias incompatíveis e que, por-
na estocagem dos produtos químicos é a existên- tanto, devem permanecer afastadas e separadas
cia de incompatibilidade entre algumas substân- umas das outras.

Quadro 2 – Substâncias incompatíveis no armazenamento

Substância Incompatibilidade
Acetona Ácido nítrico e sulfúrico concentrados
Amônia Mercúrio, fluoreto de hidrogênio, hipoclorito de cálcio, bromo e cloro
Líquidos inflamáveis Nitrato de amônio, ácido crômico, peróxido de sódio, ácido nítrico e os halogênios
Iodo Acetileno, amônia e hidrogênio
Mercúrio Acetileno e amônia
Ácido fluorídrico Amônia (aquosa ou anidra)
Anidrido acético, bismuto e suas ligas, álcoois, papel, madeira e outros mate-
Ácido perclórico
riais orgânicos
Álcool etílico ou metílico, ácido acético glacial, dissulfeto de carbono, glicerina,
Peróxido de sódio
etilenoglicol e acetato de etila

Fonte: Fonseca (2009); Costalonga, Finazzi e Gonçalves (2010).

Dessa forma, devemos ter o máximo cuidado ao armazenarmos os reagentes no laboratório, prevenindo
a ocorrência de reações dos produtos entre si, as quais podem oferecer perigo. Sendo esses produtos
incompatíveis no armazenamento, você saberia como guardar esses materiais de forma segura? A seguir,
estão descritas algumas medidas que podem auxiliá-lo(a) nessa tarefa (CRQ, [2018], on-line)1.
• O estoque por compatibilidade.
• Separação dos reagentes ácidos e básicos em armários diferentes.
• Os reagentes sólidos devem ser separados dos líquidos, a fim de evitar um meio adequado para
reações, no caso de quebra dos frascos.
• Os reagentes voláteis, em especial solventes, devem ser guardados em armários com ventilação
e a prova de explosão.
• Os reagentes incompatíveis com água devem ficar longe de tubulações.
• Não é aconselhável armazenar os reagentes químicos em ordem alfabética.

UNIDADE 5 169
Manuseio e Controle dos Descarte dos Produtos
Produtos Químicos Químicos e seus Resíduos

O manuseio seguro de produtos químicos de- Os produtos químicos e seus resíduos, prove-
pende de um conjunto de ações voltadas à pre- nientes de laboratórios de pesquisa e extensão,
venção, minimização ou eliminação de perigos são considerados resíduos químicos e, portanto,
inerentes às atividades de pesquisa, produção, é de extrema importância que estes apresen-
ensino, desenvolvimento tecnológico e presta- tem um adequado descarte. De acordo com a
ção de serviços, visando à saúde do homem, dos Resolução CONAMA nº 358, resíduo químico
animais e à preservação do meio ambiente. Pro- é todo material ou substância com caracterís-
dutos químicos potencialmente perigosos podem tica de periculosidade, que quando não forem
ser encontrados por toda parte, não somente no submetidos a processo de reutilização ou reci-
ambiente de trabalho, mas também no domicílio clagem, podem apresentar risco à saúde pública
das pessoas e em locais frequentemente visitados, ou ao meio ambiente, dependendo de suas ca-
como o comércio, oficinas, entre outros. Portanto, racterísticas de inflamabilidade, corrosividade,
é indispensável todo o cuidado quando manu- reatividade e toxicidade.
seamos esses materiais (SCHNEIDER; GAMBA; Dessa forma, os resíduos gerados devem ser
ALBERTINI, 2011). Além disso, é fundamental acondicionados, rotulados e encaminhados para
o uso de equipamentos de proteção individual a área de armazenamento externo de resíduos
(EPI), como luvas, máscaras e óculos de proteção. químicos para serem descartados corretamente.
Os grupos de compostos que podem apresentar
risco à saúde pública ou ao meio ambiente são os
(BRASIL, 2005):
• Produtos hormonais e produtos antimi-
crobianos.
• Resíduos de saneantes, desinfetantes, resí-
duos contendo metais pesados.
• Reagentes para laboratório, inclusive os
recipientes contaminados por estes.
• Efluentes de processadores de imagem (re-
veladores e fixadores).
• Efluentes dos equipamentos automatiza-
dos utilizados em análises clínicas.
• Demais produtos considerados perigosos,
conforme classificação da NBR 10004 (tó-
xicos, corrosivos, inflamáveis e reativos)
(ABNT, 2004).

170 Gerenciamento e Descarte de Resíduos Laboratoriais


A periculosidade dos produtos químicos é avaliada pelo risco que esses compostos representam
à saúde ou ao meio ambiente, levando em consideração as concentrações de uso. De modo geral,
nos rótulos dos produtos químicos existem símbolos impressos que dão ideia da periculosidade do
produto. Informações sobre as características de cada produto podem ser encontradas nas Fichas
de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) no site dos fabricantes (CARTILHA
FMUSP-HC, 2017, on-line)2.
Os resíduos dos produtos químicos perigosos podem ser separados em duas categorias, isto é, os
orgânicos e os inorgânicos.

Resíduos Químicos Orgânicos

Em ambientes laboratoriais ou de serviços de saú- • Pesticidas (organoclorados, organofosfo-


de, o manuseio de produtos químicos de origem rados etc).
orgânica é frequente, sobretudo no preparo de
soluções e reagentes que possam ser necessários Para acondicionar os resíduos orgânicos perigo-
na rotina laboral desse tipo de ambiente. A utili- sos, e também os inorgânicos, são comuns práticas
zação desses reagentes ou a confecção de novas como (FONSECA, 2009):
soluções podem resultar em composto indesejá- • Cada tipo de resíduo deve ser acondicio-
veis que devem ser acondicionados e descartados nado em um frasco devidamente rotu-
corretamente. Os resíduos químicos orgânicos lado.
compreendem (FONSECA, 2009): • Usar frascos de vidro ou polietileno, des-
• Solventes orgânicos não halogenados. de que não haja incompatibilidade com o
• Solventes orgânicos com mais que 5% de resíduo a ser armazenado.
água. • Não misturar substâncias ou produtos in-
• Solventes orgânicos com menos que 5% compatíveis no mesmo recipiente.
de água. • Não colocar produtos químicos corrosivos
• Soluções de material orgânico biodegra- ou reativos em recipientes metálicos.
dável. • Utilizar frascos de reagentes, desde que
• Soluções aquosas contendo substâncias o rótulo seja completamente retirado e o
orgânicas. frasco seja lavado com água (deve se proce-
• Soluções de corantes. der à lavagem tríplice com o menor volume
• Soluções de substâncias carcinogênicas, de água possível, e a água de lavagem dos
mutagênicas, teratogênicas ou que apre- frascos deve ser considerada resíduo da
sente toxicidade conhecida. substância contida nele).

UNIDADE 5 171
Em relação ao descarte desses resíduos, o Quadro 3 apresenta algumas medidas e cuidados importantes
que devem ser adotados pelos responsáveis da geração dos resíduos.

Quadro 3 – Medidas e cuidados adotados no descarte dos resíduos químicos orgânicos perigosos

Resíduos químicos orgânicos Medidas adequadas para o descarte


Resíduos orgânicos e suas soluções aquosas Coletar em frascos devidamente rotulados e
tóxicas que destaque essas informações
Diluir com água, neutralizar com ácidos diluídos
Resíduos orgânicos ácidos e suas soluções
e descartar na rede coletora de esgoto em água
aquosas que não apresente toxicidade
corrente
Diluir com água, neutralizar com ácidos diluídos
Resíduos orgânicos básicos e suas soluções
e descartar na rede coletora de esgoto em água
aquosas que não apresente toxicidade
corrente
Resíduos orgânicos neutros e suas soluções Diluir com água e descartar na rede coletora de
aquosas que não apresentem toxicidade esgoto em água corrente
Resíduos orgânicos sólidos insolúveis em água Armazenar em frascos etiquetados e para pos-
com risco de contaminação ao meio ambiente terior recolhimento
Resíduos orgânicos sólidos insolúveis em água
Filtrar e descartar em lixo comum
sem risco de contaminação ao meio ambiente
Armazenar em frascos etiquetados para poste-
Solventes halogenados puros ou em mistura
rior incineração
Solventes isentos de halogenados, puros ou em
Coletar em frascos etiquetados, para posterior
mistura tanto os com mais ou menos que 5% de
incineração
água
Solventes isentos de toxicidade, puros ou em Coletar em frascos etiquetados, para posterior
solução aquosa, utilizados em grande volume incineração
Solventes que formam peróxidos e suas misturas Armazenar pelo menor tempo possível

Fonte: Fonseca (2009).

Resíduos Químicos Inorgânicos

Os resíduos químicos inorgânicos correspondem


(FONSECA, 2009):
• Soluções aquosas de metais pesados;
• Ácidos e/ou soluções ácidas.
• Bases e/ou soluções básicas.
• Sulfetos.
• Cianetos.
• Mercúrio metálico.
• Sais de prata.
• Metais pesados.

172 Gerenciamento e Descarte de Resíduos Laboratoriais


O descarte desses materiais exige tanto cuidado quanto o descarte dos resíduos orgânicos perigosos.
Veja, no Quadro 4, algumas medidas empregadas para o descarte correto destes materiais.

Quadro 4 – Medidas para o descarte dos resíduos químicos inorgânicos perigosos

Resíduos químicos inorgânicos Medidas adequadas para o descarte


Resíduos inorgânicos ácidos e suas solu- Diluir com água, neutralizar com bases diluídas e des-
ções aquosas cartar na rede coletora de esgoto em água corrente
Resíduos inorgânicos básicos e suas Diluir com água, neutralizar com ácidos diluídos e des-
soluções aquosas cartar na rede coletora de esgoto em água corrente
Resíduos inorgânicos neutros e suas Diluir com água e descartar na rede coletora de esgoto
soluções aquosas em água corrente
Resíduos inorgânicos insolúveis em água Armazenar em frascos etiquetados para posterior reco-
com risco de contaminação ambiental lhimento
Resíduos inorgânicos insolúveis em água
Coletar em saco plástico e descartar como lixo comum
sem risco de contaminação ambiental
Devem ser armazenados em bombonas após terem
Soluções contendo metal pesado sido precipitados na forma de hidróxido por solução de
cal ou hidróxido de sódio comercial

Fonte: Fonseca (2009).

Fármacos Vencidos

Os fármacos vencidos ou o resíduo de seus produtos


são considerados de risco potencial à saúde pública
e ao meio ambiente, portanto, o seu descarte deverá
seguir as orientações de segregação e acondiciona-
mento de resíduos químicos. Os demais medica- Devolver remédios vencidos às farmácias é uma
mentos, uma vez descaracterizados (retirados da das melhores formas de descartar tais resíduos.
embalagem e triturados ou dissolvidos), podem Porém, infelizmente, a população em geral não
ser descartados como resíduos comuns na rede de realiza tal prática.
esgoto (CARTILHA FMUSP-HC, 2017, on-line)2.

UNIDADE 5 173
Manuseio, Controle e
Descarte de Produtos
Biológicos

Os produtos e resíduos biológicos são comuns


aos ambientes laboratoriais, clínicas e hospitala-
res em suas mais variadas formas. Sendo assim,
informações sobre o manuseio desse tipo de ma-
terial tornam-se relevantes, sobretudo quando o
descarte desses produtos requerem atenção e pro-
cedimentos específicos, visando a manutenção da
saúde coletiva. Nesse contexto, serão apresentadas
informações gerais acerca do manuseio, controle
e descarte de produtos biológicos.

Aspectos Gerais dos Produtos


e Resíduos Biológicos

Os resíduos biológicos podem ser definidos como


resíduos com a possível presença de agentes bio-
lógicos que, por suas características de maior
virulência ou concentração, possam apresentar
risco de infecção (BRASIL, 2005). Para fornecer
um ambiente de trabalho seguro, todos os agentes
infecciosos devem ser manipulados de acordo
com o Nível de Biossegurança (NB) a que estão
relacionados, dependendo da virulência, patogenicidade, estabilidade, rota da propagação, comu-
nicabilidade, quantidade e disponibilidade de vacinas ou de tratamento. O NB aplicável define não
somente os procedimentos gerais de manipulação, mas também o tratamento dos resíduos biológicos
(FONSECA, 2009).
Essa classe de resíduos pode ser incorporada em três categorias (FONSECA, 2009):

Resíduos Medicinais
Envolve todos os resíduos continuamente gerados em diagnóstico, em tratamento ou na
imunização de seres humanos ou de animais, em pesquisa e na produção de testes biológicos.

Resíduos de Laboratórios Biológicos ou que


Trabalhem com Substâncias Controladas
São os resíduos cujas pesquisas envolvem moléculas de DNA recombinante ou outras ativi-
dades reguladas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

Resíduos Patológicos
São os resíduos oriundos das carcaças de animais.

Manuseio e Controle dos Produtos e Resíduos Biológicos

O manuseio dos produtos biológicos deve ser cional a microrganismos patogênicos veiculados
efetuado por pessoal treinado e devidamente pelo sangue vão além do comprometimento fí-
paramentado com os equipamentos de proteção sico a curto prazo e influenciam em outros as-
individual indicados no Infográfico 1. pectos da saúde. O acidente envolvendo material
Sabe-se que a falta de cuidado no manuseio e biológico potencialmente contaminado pode
nos demais procedimentos que envolvem os re- trazer repercussões psicossociais ao profissio-
síduos biológicos afetam muitos profissionais da nal acidentado, levando mudanças nas relações
área da saúde e podem acarretar graves proble- sociais, familiares e de trabalho (MAGALHÃES;
mas. As consequências de uma exposição ocupa- SANCHEZ, 2014).

UNIDADE 5 175
Equipamento Função e Características

Proteger os cabelos - deve ser de cor branca.

Proteger os olhos - lente panorâmica, incolor e de plástico re-


sistente, com armação em plástico flexível, proteção lateral e
válvulas para ventilação.

Para impedir a inalação de partículas e aerossóis, do tipo se-


mifacial.

Proteger o corpo - calça comprida e camisa de manga, material


resistente e cor clara.

Material impermeável, resistente, tipo PVC, antiderrapante e


de cano longo.

Material impermeável, resistente, tipo PVC, de solado antider-


rapante e cor clara.

Infográfico 1 – EPI utilizados no manuseio de produtos e resíduos biológicos


Fonte: adaptado de Fonseca (2009).

176 Gerenciamento e Descarte de Resíduos Laboratoriais


Pré-Tratamento dos Resíduos Biológicos em Serviços de Saúde

Aproveitando o ensejo, vamos, neste momento, Cabe ressaltar que, na possibilidade de uti-
aprofundarmos em relação à necessidade de trata- lização da autoclave, esta deverá ser preferida
mento prévio dos resíduos biológico oriundos dos pela redução dos impactos ambientais. Em se-
serviços de saúde para o seu descarte. Os métodos guida, aos pré-tratamentos descritos, é necessá-
mais comuns aplicados são a autoclavagem e a ria a etapa de destinação dos resíduos livres de
desinfecção química (FONSECA, 2009). contaminação, e um procedimento amplamente
utilizado nos serviços de saúde é a incinera-
Autoclavagem ção. Este processo é indicado para os resíduos
que não podem ser reciclados, reutilizados ou
Na autoclavagem, a descontaminação se dá quan- dispostos em aterros sanitários. A partir desse
do o resíduo é exposto a altas temperaturas, me- pré-tratamento, é possível reduzir significativa-
diante contato com vapor de água, durante um mente, em volume e em peso, a matéria orgânica
período de tempo suficiente para destruir todos submetida ao processo.
os agentes patogênicos. Para esporos bacterianos, o Para que a incineração ocorra de maneira
processo requer uma temperatura mínima de 121 eficiente, é preciso controlar alguns parâmetros,
ºC durante 20 minutos, ou 5 minutos para tempe- como: conformação do equipamento, tempo de
raturas superiores a 134 ºC. A eficiência do proces- residência adequado, temperatura, turbulência,
so depende do tipo e do tamanho dos recipientes alimentação e oxigenação. Recomenda-se que
a serem esterilizados e, ainda, de sua distribuição os materiais submetidos à incineração sejam
no interior da autoclave (FONSECA, 2009). pré-tratados por processo adequado para mi-
nimizar risco de exposição. Os incineradores
Desinfecção Química modernos atuam com duas câmaras: na primei-
ra, a temperatura deve ser de, ao menos, 800 ºC;
A redução ou eliminação da carga microbiana na segunda de, ao menos, 1000 ºC.
por meio de desinfecção química é uma alter- Podem ser incinerados os resíduos biológi-
nativa à autoclavagem. Esse método é indicado cos do grupo A, curativos, chumaços, espéculos
para o tratamento de resíduos líquidos, como descartáveis, esparadrapo, algodão, gazes, dre-
sangue, urina e outros fluidos corpóreos. Dentre nos, escalpes, bolsas coletoras, material de sutura,
os agentes desinfetantes mais comuns estão: aldeí- luvas, todo e qualquer material que entrar em
dos, compostos a base de cloro, sais de amônio e contato com pacientes. É importante ressaltar
compostos fenólicos. A velocidade e a eficiência que cinzas e escórias obtidas com a incinera-
dependem do tipo e da quantidade de substância ção contêm metais pesados e, portanto, devem
empregada, do tempo e da extensão do contato ser caracterizadas segundo NBR 10004 (ABNT,
entre o desinfetante e o resíduo, da matéria or- 2004) e enviadas para aterro condizente com a
gânica presente no resíduo, da temperatura, da classe do material (FONSECA, 2009). O Quadro
umidade e do pH (FONSECA, 2009; CARTILHA 5 indica alguns resíduos biológicos e estabelece
FMUSP-HC, 2017, on-line)2. o pré-tratamento e a destinação final adequados.

UNIDADE 5 177
Quadro 5 – Resíduos biológicos, pré-tratamento e destinação adequada

Resíduo biológico Pré-tratamento Destino


Cultura e estoque de agentes infectantes Autoclavagem Incineração
Resíduos líquidos de humanos (sangue ou Pode ser
outros fluidos corpóreos contaminados Autoclavagem ou desinfecção química lançado na
com sangue; e demais fluidos corpóreos) rede de esgoto
Animais (carcaças inteiras e peças con- Incineração ou
Autoclavagem
taminadas ou não) vala asséptica
Material perfurocortante contaminado
Autoclavagem Incineração
ou não com agente infectante
Após o registro no local de geração, devem ser
Peças anatômicas (membros) de encaminhados para tratamento térmico por inci-
humanos neração em condições compatíveis com o esta-
belecido na Resolução CONAMA nº. 316/2002.

Fonte: Fonseca (2009).

Descarte dos Produtos e Resíduos Biológicos

Os resíduos biológicos devem ser acondicionados lógicos, vacinas de agentes vivos ou atenuados,
em sacos brancos, contendo o símbolo universal bolsas transfusionais contendo sangue, rejeitadas
de risco biológico (Figura 1) de tamanho compa- por contaminação, má conservação ou vencidas e
tível com a quantidade. Há um lacre próprio para sobras de amostras de laboratório contendo san-
o fechamento, sendo terminantemente proibido gue ou líquidos corpóreos são exemplos de mate-
esvaziar ou reaproveitar os sacos. A substituição riais biológicos que necessitam, obrigatoriamente,
do saco ocorrerá quando forem atingidos 2/3 de receber tratamento antes de deixar o local.
sua capacidade e pelo menos uma vez a cada 24 Enquanto que recipientes e materiais contami-
horas. Dessa forma, a coleta deve ser efetuada dia- nados provenientes da manipulação de amostras
riamente e em intervalos regulares, de forma a humanas, bolsas transfusionais vazias ou com vo-
atender à demanda e evitar acúmulo de resíduos lume residual, filtros de ar e gases aspirados de área
nos locais de produção (FONSECA, 2009; CAR- contaminada, membrana filtrante de equipamento
TILHA FMUSP-HC, 2017, on-line)2. de pesquisa e outros similares devem ser acondi-
Ainda, é de fundamental importância que cionados em sacos brancos, lacrados, identificados
todos os sacos de descarte estejam devidamente e armazenados em recipiente rígido até a coleta
identificados e preenchidos, contendo informa- (CARTILHA FMUSP-HC, 2017, on-line)2.
ções, como: nome do responsável ou nome do Dessa forma, os resíduos que não podem ser
Departamento e data do descarte do saco (CAR- tratados no estabelecimento gerador devem ser
TILHA FMUSP-HC, 2017, on-line)2. armazenados para serem, então, enviados para tra-
Culturas, estoques de microrganismos e instru- tamento ou destino final. Dependendo do porte do
mentais utilizados para transferência, inoculação gerador, pode haver necessidade de se ter um abri-
ou mistura destes, resíduos de manipulação ge- go interno e um externo, os quais devem atender
nética, resíduos de fabricação de produtos bio- uma série de especificações (FONSECA, 2009).

178 Gerenciamento e Descarte de Resíduos Laboratoriais


Plano de Gerenciamento
de Resíduos de Serviços
de Saúde - PGRSS

Os resíduos de serviços de saúde são parte im-


portante do total de resíduos sólidos urbanos, não
necessariamente pela quantidade gerada (cerca de
1% a 3% do total), mas pelo potencial de risco que
representam à saúde pública e ao meio ambiente
(BRASIL, 2006).
Neste contexto, o Plano de Gerenciamento dos
Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é o docu-
mento que aponta e descreve as ações relativas ao
manejo dos resíduos sólidos, considerando suas
inúmeras características e riscos, ações de prote-
ção à saúde e ao meio ambiente e os princípios
da biossegurança de empregar medidas técnicas
administrativas e normativas para prevenir aci-
dentes (BRASIL, 2006). A Figura 2 apresenta as
etapas envolvidas para a implantação do PGRSS
nos serviços de saúde.

UNIDADE 5 179
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Figura 2 - Etapas para a implantação do PGRSS


Fonte: os autores.

• Manejo: compreende todas as ações de geren- • Transporte interno: consiste no traslado


ciar os resíduos em seus aspectos intra e extra dos resíduos dos pontos de geração até o
estabelecimento, desde a geração até a dispo- local destinado ao armazenamento tem-
sição final, incluindo as etapas subsequentes. porário ou armazenamento externo, com
• Segregação: consiste na separação dos resí- a finalidade de apresentação para a coleta.
duos no momento e local de sua geração, de • Armazenamento: trata da guarda tempo-
acordo com as características físicas, quími- rária dos recipientes contendo os resíduos
cas, biológicas, o seu estado físico e os riscos já acondicionados, em local próximo aos
envolvidos. pontos de geração, visando agilizar a co-
• Acondicionamento: compreende o ato de leta dentro do estabelecimento e otimizar
embalar os resíduos segregados, em sacos ou o deslocamento entre os pontos geradores
recipientes que evitem vazamentos e resis- e o ponto destinado à apresentação para
tam à ruptura. A capacidade dos recipientes coleta externa.
de acondicionamento deve ser compatível • Tratamento: compreende a aplicação de
com a geração diária de cada tipo de resíduo. método, técnica ou processo que modifi-
• Identificação: consiste no conjunto de me- que as características dos riscos inerentes
didas que permite o reconhecimento dos aos resíduos, reduzindo ou eliminando o
resíduos contidos nos sacos e recipientes, risco de contaminação, de acidentes ocu-
fornecendo informações em relação ao cor- pacionais ou de dano ao meio ambiente. O
reto manejo dos resíduos de serviço de saú- tratamento pode ser aplicado no próprio
de. Conforme o risco oferecido pelo agente estabelecimento gerador ou em outro es-
infeccioso, os sacos plásticos poderão ser tabelecimento, observadas, nestes casos, as
brancos (utilizado no descarte da maioria condições de segurança para o transporte
dos resíduos biológicos) ou vermelhos (para entre o estabelecimento gerador e o local
príons e agentes da classe de risco 4). do tratamento.

180 Gerenciamento e Descarte de Resíduos Laboratoriais


• Armazenamento externo: trata-se da os Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina
guarda dos recipientes de resíduos até a no Trabalho - SESMT, onde houver obrigatorie-
realização da etapa de coleta externa, em dade de existência desses serviços, por meio de seus
ambiente exclusivo com acesso facilitado responsáveis, abrangendo toda a comunidade do
para os veículos coletores. estabelecimento, estando de acordo com as legis-
• Coleta: compreende a remoção dos resí- lações de saúde, ambiental e de energia nuclear
duos do abrigo até a unidade de tratamento vigentes (BRASIL, 2006).
ou disposição final, utilizando-se técnicas Desse modo, antes de implementar o PGRSS,
que garantam a preservação das condições é recomendável que os responsáveis pelo laborató-
de acondicionamento e a integridade dos rio estudem por um período de dois a três meses os
trabalhadores, da população e do meio diferentes tipos de resíduos gerados nas atividades
ambiente, devendo estar de acordo com as realizadas, a fim de verificar o percentual de cada
orientações dos órgãos de limpeza urbana. um dos tipos de resíduos e atender às orientações e
• Disposição final: trata-se da disposição regulamentações estaduais, municipais ou federais.
dos resíduos no solo, previamente prepara- Também, ao implantar o PGRSS, é necessário saber
do para recebê-los, obedecendo a critérios algumas características da cidade, do aterro sanitá-
técnicos de construção e operação e licen- rio, do tratamento de água e esgoto, das empresas
ciamento ambiental (BRASIL, 2004). especializadas em transporte de resíduos e de abrigo
A elaboração, implantação e desenvolvimento do de lixo, essas são algumas das recomendações da
PGRSS deve envolver os setores de higienização Sociedade brasileira de patologia clínica e medi-
e limpeza, a Comissão de Controle de Infecção cina laboratorial para a coleta de sangue venoso
Hospitalar - CCIH ou Comissões de Biossegurança e (COSTALONGA; FINAZZI; GONÇALVES, 2010).

Devido a sua relevância, o PGRSS deve ser planejado e conhecido de toda a gestão laboratorial. Nesse
contexto, diversos modelos básicos, como os indicados na sequência, podem ser encontrados em
diversos sites de busca, com o intuito de auxiliar e exemplificar no preenchimento deste documento
tão relevante. Seguem alguns links contendo exemplos de PGRSS básicos:
<https://goo.gl/LgSR6d>.
<https://goo.gl/kf4Brn>.
Lembrando que as especificidades de segmento e as exigências municipais e estaduais devem
sempre ser respeitadas.

UNIDADE 5 181
Fontes Geradoras Classificação dos Resíduos
dos Serviços de Saúde (RSS)
Diferentes estabelecimentos de assistência à saúde
humana ou animal são responsáveis pela geração Os resíduos devem ser classificados em gru-
de resíduos sólidos, líquidos e semilíquidos, com pos e subgrupos para facilitar a execução da
maior ou menor potencial contaminante. Dentre atividade e dar o correto tratamento para cada
estes estão (BRASIL, 2006): grupo. A classificação dos RSS objetiva destacar
• ID da Serviços de assistência domiciliar e de a composição desses resíduos visando seu ma-
trabalhos de campo. nejo seguro, segundo suas características bio-
• Laboratórios analíticos de produtos para lógicas, físicas, químicas, o estado da matéria e
saúde. sua origem, e os riscos de transmitir doenças,
• Necrotérios, funerárias e serviços onde se provocar acidentes ocupacionais ou promo-
realizam atividades de embalsamento. ver danos ao meio ambiente (MOL; SANTOS;
• Serviços de medicina legal. NUNES, 2017).
• Drogarias e farmácias, inclusive, as de ma- Dessa forma, segundo a Resolução n° 306
nipulação. (BRASIL, 2004) e a Resolução CONAMA n°
• Estabelecimentos de ensino e pesquisa na 358 (BRASIL, 2005), os resíduos de serviço de
área de saúde. saúde são classificados em:
• Centros de controle de zoonoses.
• Distribuidores de produtos farmacêuticos,
importadores, distribuidores e produtores de
materiais e controles para diagnóstico in vitro.
• Unidades móveis de atendimento à saúde.
• Serviços de acupuntura. Grupo A
• Serviços de tatuagem, dentre outros similares.
Este grupo compreende resíduos que
Ressalta-se que os estabelecimentos de serviços possivelmente apresentam agentes bio-
de saúde mencionados anteriormente são os res- lógicos com concentração e virulência
ponsáveis pelo correto gerenciamento de todos elevada, elevando riscos de infecção.
os resíduos dos serviços de saúde (RSS) por eles Em função de seus vários tipos de mi-
gerados, cabendo aos órgãos públicos, dentro de crorganismos existentes, os resíduos do
suas competências, a gestão, regulamentação e grupo A podem ser subdivididos em
fiscalização (BRASIL, 2006). cinco subgrupos, sendo eles:

182 Gerenciamento e Descarte de Resíduos Laboratoriais


A1 A3
Pertencem a este grupo: Este grupo abrange os membros ou peças ana-
• Estoques de microrganismos e culturas. tômicas humanas; produto de fecundação sem
• Resíduos utilizados na fabricação de pro- sinais vitais, com estrutura inferior a 25 centí-
dutos biológicos, exceto os hemoderivados. metros, peso inferior a 500 gramas ou de idade
• Descarte de vacinas contendo microrga- gestacional inferior a 20 semanas, que não tenham
nismos vivos ou atenuados. valor científico ou legal e que não tenha sido re-
• Meios de cultura e aparato utilizado na quisitado pelos pacientes ou familiares.
transferência, inoculação ou mistura de
culturas. A4
• Resíduos de laboratórios resultantes de Compreendem ao subgrupo A4:
manipulação genética. • Material de punção arterial, endovenosas
• Resíduos remanescentes do atendimen- e aparato utilizado em diálise, quando uti-
to à saúde de indivíduos ou animais, com lizados.
possível ou efetiva contaminação biológica • Filtros de ar e gases succionados de área
por agentes classe de risco 4, microrganis- contaminada.
mos com amplo risco de contaminação • Aparatos de filtração, como, por exemplo,
ou potencial epidêmico e de mecanismo as membranas e equipamentos filtrantes
de transmissão desconhecido. médico-hospitalar e utilizados em pesqui-
• Hemocomponentes, como bolsas transfu- sas, entre outros similares.
sionais rejeitadas devido à validade expi- • Amostra residuais e recipientes contendo
rada, à contaminação ou pela má conser- urina, fezes e outras secreções oriundas
vação, ou com prazo de validade vencido. de pacientes que não contenham e nem
• Amostras laboratoriais e aparatos utiliza- apresentem suspeitas de conter agentes
dos no atendimento e assistência à saúde, da Classe de Risco 4, e que não apresen-
contendo sangue ou líquidos corpóreos tem relevância epidemiológica ou risco de
residuais ou em forma livre; recipientes e disseminação, ou microrganismos relacio-
materiais resultantes do processo de assis- nados a doenças emergentes epidemiologi-
tência à saúde, contendo sangue ou líqui- camente importantes, cujo mecanismo de
dos corpóreos na forma livre. transmissão seja desconhecido ou, ainda,
material biológico com suspeita ou possí-
A2 vel contaminação por príons.
Compreendem as vísceras, membros, peças ana-
tômicas e outros resíduos oriundos de animais A5
utilizados em processos de experimentação de São os órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais
inoculação microbiológica, assim como os cadá- perfurocortantes ou escarificantes e demais mate-
veres de animais com suspeita de contaminação riais resultantes da atenção à saúde de indivíduos
por microrganismos de importância epidemio- ou animais, com suspeita ou certeza de contami-
lógica de potencial disseminação utilizados ou nação com príons.
não em estudos e pesquisas ou que apresentarem
contaminação confirmada por diagnóstico.

UNIDADE 5 183
Grupo B Tratamento e Disposição
Final dos RSS
Compreende resíduos com substâncias
químicas que apresentam possível risco Para a descontaminação dos resíduos infectan-
à saúde pública ou ao meio ambiente, tes, deve ser empregado tratamento prévio por
dependendo de algumas característi- meio da aplicação de processos térmicos, quí-
cas específicas, como: inflamabilidade, micos ou biológicos, de eficiência comprovada,
corrosividade, reatividade e toxicidade. visando reduzir ou eliminar o risco de contami-
nação, acidentes ocupacionais ou danos à saúde
pública e ao meio ambiente. Já o tratamento final
Grupo C pode ser efetuado por técnicas, como: vala sép-
tica, micro-ondas, pirólise, plasma térmico, au-
São todos os materiais remanescentes toclavagem, esterilização de gases e incineração.
de atividades que envolvam radionu- A escolha depende da adequação da técnica às
clídeos em quantidades superiores aos características quali-quantitativas do resíduo e
limites de eliminação especificados do seu fluxo nos ambientes externos e internos
nas normas da Comissão Nacional de do estabelecimento gerador (MOL; SANTOS;
Energia Nuclear (CNEN) para os quais NUNES, 2017).
a reutilização é imprópria, não prevista Dentre os resíduos com risco biológico ge-
ou não recomendada. rados em estabelecimento de saúde, o grupo A,
com destaque para os subgrupos A1, A2 e A5, é o
que apresenta potencial de contaminação eleva-
Grupo D do e, portanto, deve ser descontaminado no local
de geração, antes da destinação final, que pode
Trata-se dos resíduos que não represen- ser realizada em aterro sanitário devidamente
tam risco biológico, químico ou radio- licenciado para receber este tipo de resíduo.
lógico à saúde humana e ao meio am- Caso estejas com dúvida em relação aos trata-
biente, sendo equiparados aos resíduos mentos utilizados nos resíduos de serviço de saú-
domésticos ou domiciliares. de, retorne ao tópico anterior, nele explicamos
separadamente os métodos de autoclavagem e
desinfecção química, além da incineração.
Grupo E Em relação a disposição final dos RSS, as for-
mas atualmente utilizadas são: aterro sanitário,
São os materiais perfurocortantes (lâ- aterro de resíduos perigosos classe I (para re-
minas de barbear, agulhas, ampolas de síduos industriais), aterro controlado, lixão ou
vidro, bisturi etc.) e escarificantes. vazadouro e valas (BRASIL, 2006).
Aterro Sanitário Lixão ou Vazadouro

É um processo utilizado para a disposição de resí- Este é considerado um método inadequado de


duos sólidos no solo de forma segura e controlada, disposição de resíduos sólidos e se caracteriza
garantindo a preservação ambiental e a saúde pú- pela simples descarga de resíduos sobre o solo,
blica. O sistema está fundamentado em critérios sem medidas de proteção ao meio ambiente e à
de engenharia e normas operacionais específicas. saúde. É altamente prejudicial à saúde e ao meio
O principal objetivo do aterro sanitário é dis- ambiente, devido ao aparecimento de vetores in-
por os resíduos no solo de forma segura e con- desejáveis, mau cheiro, contaminação das águas
trolada, garantindo a preservação ambiental e superficiais e subterrâneas, presença de catado-
a saúde. res, risco de explosões, devido à geração de gases
(CH4) oriundos da degradação do lixo. A Figura
3 ilustra a situação caótica de um lixão.
Aterro de Resíduos Perigosos -
Classe I - Aterro Industrial
Valas Sépticas
Técnica de disposição final de resíduos químicos
no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pú- Esta técnica, com a impermeabilização do solo
blica, minimizando os impactos ambientais e uti- de acordo com a norma da ABNT, é chamada de
lizando procedimentos específicos de engenharia Célula Especial de RSS e é empregada em peque-
para o confinamento destes. nos municípios. Consiste no preenchimento de
valas escavadas impermeabilizadas, com largura e
profundidade proporcionais à quantidade de lixo
Aterro Controlado a ser aterrada. A terra é retirada com retroescava-
deira ou trator que deve ficar próxima às valas e,
Neste sistema, os resíduos são descarregados no posteriormente, ser usada na cobertura diária dos
solo, com recobrimento de camada de material resíduos. Os veículos de coleta depositam os resí-
inerte, diariamente. Essa forma não evita os pro- duos sem compactação diretamente no interior
blemas de poluição, pois é carente de sistemas de da vala e, no final do dia, é efetuada sua cobertura
drenagem, tratamento de líquidos, gases, imper- com terra, podendo ser feita manualmente ou por
meabilização etc. meio de máquina.

UNIDADE 5 185
Legislação em
Biossegurança

Caro(a) aluno(a), depois de uma longa caminhada,


na qual adquirimos importantes conhecimentos,
estamos chegando ao fim deste estudo, e vamos
encerrá-lo com um assunto de extrema valia, as
Leis em Biossegurança, com ênfase na Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio).

CNTBio

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança


(CTNBio) é uma instância colegiada multidisci-
plinar, integrante do Ministério da Ciência e Tec-
nologia, com a finalidade de prestar apoio técnico
consultivo e de assessoramento ao Governo Fede-
ral na formulação, atualização e implementação da
Política Nacional de Biossegurança relativa aos Or-
ganismos Geneticamente Modificados, bem como
no estabelecimento de normas técnicas de segu-
rança e pareceres técnicos conclusivos referentes à
proteção da saúde humana, dos organismos vivos e
do meio ambiente, para atividades que envolvam a
construção, experimentação, cultivo, manipulação,
transporte, comercialização, consumo, armazena-
mento, liberação e descarte de Organismos Geneti-
camente Modificados e derivados (CNTBio, 2017).
O funcionamento da CTNBio é definido pela • Relacionar-se com instituições voltadas
Lei de Biossegurança (Lei 11.105), regulamentada para a biossegurança de OGM e seus deri-
em 2005, segundo a qual a (BRASIL, 2005): vados, em âmbito nacional e internacional.

““
• Autorizar, cadastrar e acompanhar as ati-
CNTBio, composta de membros titulares e vidades de pesquisa com OGM ou deri-
suplentes, designados pelo Ministro de Es- vado de OGM, nos termos da legislação
tado da Ciência e Tecnologia é constituída em vigor.
por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de • Autorizar a importação de OGM e seus
reconhecida competência técnica, de no- derivados para atividade de pesquisa.
tória atuação e saber científico, com grau • Prestar apoio técnico consultivo e de as-
acadêmico de doutor e com destacada ativi- sessoramento ao Conselho Nacional de
dade profissional nas áreas de biosseguran- Biossegurança (CNBS), na formulação da
ça, biotecnologia, biologia, saúde humana e Política Nacional de Biossegurança (PNB)
animal ou meio ambiente [...]. de OGM e seus derivados.
• Emitir Certificado de Qualidade em Bios-
Segundo a Lei de Biossegurança, a CNTBio tem segurança – CQB para o desenvolvimento
como objetivos: de atividades com OGM e seus derivados
• Estabelecer normas para as pesquisas com em laboratório, instituição ou empresa e
OGM e derivados de OGM. enviar cópia do processo aos órgãos de
• Estabelecer normas às atividades e aos pro- registro e fiscalização.
jetos relacionados a OGM e seus derivados. • Emitir decisão técnica, caso a caso, sobre a
• Estabelecer, no âmbito de suas competên- biossegurança de OGM e seus derivados
cias, critérios de avaliação e monitoramen- no âmbito das atividades de pesquisa e de
to de risco de OGM e seus derivados. uso comercial de OGM e seus derivados,
• Proceder à análise da avaliação de risco, inclusive a classificação quanto ao grau
caso a caso, relativamente a atividades e de risco e nível de biossegurança exigido,
projetos que envolvam OGM e seus de- bem como medidas de segurança exigidas
rivados. e restrições ao uso.
• Estabelecer os mecanismos de funciona- • Definir o nível de biossegurança a ser apli-
mento das Comissões Internas de Biosse- cado ao OGM e seus usos, e os respectivos
gurança – CIBio, no âmbito de cada insti- procedimentos e medidas de segurança
tuição que se dedique ao ensino, à pesquisa quanto ao seu uso, conforme as normas
científica, ao desenvolvimento tecnológi- estabelecidas na regulamentação desta Lei,
co e à produção industrial que envolvam bem como quanto aos seus derivados.
OGM ou seus derivados. • Classificar os OGM segundo a classe de
• Estabelecer requisitos relativos à biossegu- risco, observados os critérios estabelecidos
rança para autorização de funcionamen- no regulamento desta Lei.
to de laboratório, instituição ou empresa • Acompanhar o desenvolvimento e o pro-
que desenvolverá atividades relacionadas gresso técnico-científico na biossegurança
a OGM e seus derivados. de OGM e seus derivados.

UNIDADE 5 187
• Emitir resoluções, de natureza normativa, Como podemos observar, são inúmeras as atribui-
sobre as matérias de sua competência. ções concedidas ao CNTBio, por meio da Lei de
• Apoiar tecnicamente os órgãos competen- Biossegurança, e deixa claro a grande preocupa-
tes no processo de prevenção e investigação ção em relação, principalmente, à biossegurança
de acidentes e de enfermidades, verificados dos OGM e seus derivados.
no curso dos projetos e das atividades com Caso empresas ou demais entidades não res-
técnicas de DNA/RNA recombinante. peitem as normas estabelecidas pela Lei citada e
• Apoiar tecnicamente os órgãos e entidades disposições legais pertinentes, os responsáveis pelos
de registro e fiscalização no exercício de danos ao meio ambiente e a terceiros responderão,
suas atividades relacionadas a OGM e seus solidariamente, por sua indenização ou reparação
derivados. integral, independentemente da existência de culpa.
• Divulgar no Diário Oficial da União, pre- As infrações administrativas serão punidas na
viamente à análise, os extratos dos plei- forma disposta no regulamento desta Lei, inde-
tos e, posteriormente, dos pareceres dos pendentemente das medidas cautelares de apreen-
processos que lhe forem submetidos, bem são de produtos, suspensão de venda de produto e
como dar ampla publicidade no Sistema embargos de atividades, com as seguintes sanções:
de Informações em Biossegurança – SIB • Advertência.
a sua agenda, processos em trâmite, rela- • Multa.
tórios anuais, atas das reuniões e demais • Apreensão de OGM e seus derivados.
informações sobre suas atividades, excluí- • Suspensão da venda de OGM e seus de-
das as informações sigilosas, de interesse rivados.
comercial, apontadas pelo proponente e • Embargo da atividade.
assim consideradas pela CTNBio. • Interdição parcial ou total do estabeleci-
• Identificar atividades e produtos decor- mento, atividade ou empreendimento.
rentes do uso de OGM e seus derivados • Suspensão de registro, licença ou autori-
potencialmente causadores de degradação zação.
do meio ambiente ou que possam causar • Cancelamento de registro, licença ou au-
riscos à saúde humana. torização.
• Reavaliar suas decisões técnicas por so- • Perda ou restrição de incentivo e benefício
licitação de seus membros ou por recur- fiscal concedidos pelo governo.
so dos órgãos e entidades de registro e • Perda ou suspensão da participação em li-
fiscalização, fundamentado em fatos ou nha de financiamento em estabelecimento
conhecimentos científicos novos, que se- oficial de crédito.
jam relevantes quanto à biossegurança do • Intervenção no estabelecimento.
OGM ou derivado, na forma desta Lei e • Proibição de contratar com a administra-
seu regulamento. ção pública, por período de até 5 (cinco)
• Propor a realização de pesquisas e estudos anos.
científicos no campo da biossegurança de
OGM e seus derivados. Vale salientar que todos os recursos arrecadados
• Apresentar proposta de regimento interno com base nas infrações cometidas serão destinados
ao Ministro da Ciência e Tecnologia. aos órgãos e entidades de registro e fiscalização.

188 Gerenciamento e Descarte de Resíduos Laboratoriais


Mesmo com todas as sanções descritas anteriormente, muitas vezes, a infração pode constituir-se
de um crime ou contravenção e, portanto, penas devem ser aplicadas pela autoridade fiscalizadora. O
Quadro 6 apresenta os crimes e suas respectivas penalidades, segundo a Lei de Biossegurança.

Quadro 6 – Crimes e penalidades adotadas pelos agentes fiscalizadores da CNTBio

Crime Pena
Utilização de embrião humano em desacordo com o previsto
Detenção de 1 a 3 meses e multa
pela Lei 11.105
Praticar engenharia genética em célula germinal humana,
Reclusão de 1 a 4 anos e multa
zigoto humano ou embrião humano
Realizar clonagem humana Reclusão de 2 a 5 anos e multa
Liberar ou descartar OGM no meio ambiente, em desacordo
com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e Reclusão de 1 a 4 meses e multa
entidades de registro e fiscalização
Utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnolo-
Reclusão de 2 a 5 anos e multa
gias genéticas de restrição do uso
Produzir, armazenar, transportar, comercializar, importar ou
exportar OGM ou seus derivados, sem autorização ou em
Reclusão de 1 a 2 anos e multa
desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos
órgãos e entidades de registro e fiscalização

Fonte: adaptado de Brasil (2005).

Conselho Nacional de Biossegurança - CNBS

É um órgão de assessoramento superior da Presidência da República, criado por meio da Lei de


Biossegurança e constituído de 11 Ministros de Estado, tendo como objetivo principal formular e
implementar a Política Nacional de Biossegurança - PNB.
Além disso, compete a este órgão:
• Fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com
competências sobre a matéria.
• Analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e oportunidade socioe-
conômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus
derivados.

O Ministro de Estado da Casa Civil, o Ministro da Justiça, o Ministro da Ciência e Tecnologia, o Mi-
nistro do Desenvolvimento Agrário, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministro da
Saúde, o Ministro do Meio Ambiente, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
o Ministro das Relações Exteriores, o Ministro da Defesa e o Secretário de Aquicultura e Pesca são os
constituintes do CNBS.

UNIDADE 5 189
Comissão Interna de
Biossegurança (CIBio)

A CIBio compreende ao órgão criado por toda


a instituição que utilize técnicas e métodos de
engenharia genética ou que realize pesquisas com
OGM e seus derivados. Dentre as suas compe-
tências estão:
• Manter informados os trabalhadores e
demais membros da coletividade, quando
suscetíveis de serem afetados pela ativi-
dade, sobre as questões relacionadas com
a saúde e a segurança, bem como sobre os
procedimentos em caso de acidentes.
• Estabelecer programas preventivos e de
inspeção para garantir o funcionamento
das instalações sob sua responsabilidade,
dentro dos padrões e normas de biosse-
gurança, definidos pela CTNBio na regu-
lamentação desta Lei.
• Encaminhar à CTNBio os documentos
cuja relação será estabelecida na regula-
mentação desta Lei, para efeito de análise,
registro ou autorização do órgão compe-
tente, quando couber.
• Manter registro do acompanhamento in-
dividual de cada atividade ou projeto em
desenvolvimento que envolvam OGM ou
seus derivados.
• Notificar à CTNBio, aos órgãos e entidades
de registro e fiscalização e às entidades de
trabalhadores o resultado de avaliações de
risco a que estão submetidas as pessoas
expostas, bem como qualquer acidente ou
incidente que possa provocar a dissemina-
ção de agente biológico.
• Investigar a ocorrência de acidentes e as
enfermidades possivelmente relacionados
à OGM e seus derivados e notificar suas
conclusões e providências à CTNBio.
Sistema de Informação em Ainda em relação aos resíduos laboratoriais,
Biossegurança (SIBio) clínicos e hospitalares, conhecemos e discutimos
acerca da importância da elaboração adequada de
Trata-se do Sistema destinado à gestão das in- um Plano de gerenciamento de resíduos de servi-
formações decorrentes das atividades de análise, ços de saúde (PGRSS), documento fundamental
autorização, registro, monitoramento e acompa- para a concessão de licenciamentos e regulari-
nhamento das atividades que envolvam OGM zação junto aos órgãos de vigilância competen-
e seus derivados. Desse modo, os órgãos e en- tes. Tal documento descreve detalhadamente a
tidades devem alimentar o Sistema com infor- destinação e manejo acerca dos resíduos gerados
mações relativas às atividades de que trata essa em ambientes voltados ao atendimento em saúde.
Lei, processada no âmbito de sua competência. Após estas discussões iniciais ainda voltadas à
Nesse sentido, caro(a) aluno(a), torna-se im- rotina laboratorial e aos atendimentos de normas
prescindível conhecer as legislações específicas, específicas, informações sobre legislações rela-
os sistemas de informações e as especificidades cionadas à biossegurança e, em especial, a mani-
relacionadas aos OGMs, uma vez que a rela- pulação de microrganismos geneticamente mo-
ção de práticas utilizando a manipulação gênica dificados (OGMs) foram apresentadas as ações
ou ferramentas de engenharia genética sem a da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
devida autorização ou registro junto às insti- (CNTBio) e do Conselho Nacional de Biossegu-
tuições responsáveis pode resultar em sérias rança (CNBs) que, por meio da lei de biossegu-
consequências! rança, podem regulamentar, fiscalizar e punir o
Nesta última unidade, podemos conhecer um desenvolvimento e a manipulação de produtos
pouco sobre os tratamentos e destinação dos re- geneticamente modificados que não atendam os
síduos gerados na área da saúde que apresentam critérios de qualidade estipulados.
características específicas e que são reflexo do Por fim, caro(a) aluno(a), esperamos ter contri-
tipo de atendimento ou serviço prestado. Pode- buído com informações relevantes e pertinentes
mos conhecer algumas das práticas mais comuns em relação a esta grande área do conhecimento
voltadas ao tratamento desses resíduos da área multidisciplinar e tão necessária denominada
da saúde, bem como as legislações e recomen- biossegurança. Esperamos que sua jornada aca-
dações voltadas ao transporte interno, logística dêmica seja repleta de conquistas e realizações.
e disposição final desse material. Um grande abraço!

UNIDADE 5 191
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. O Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos


Químicos (GHS) congrega o esforço de várias agências internacionais, coordena-
das pela Organização das Nações Unidas (ONU), para harmonizar a classificação
de produtos químicos perigosos e a comunicação de perigos para diferentes
públicos alvo, como organizações, trabalhadores e consumidores em geral. Em
relação ao exposto, assinale a alternativa que não corresponde a perigos físicos
segundo o GHS.
a) Peróxidos orgânicos.
b) Células germinativas.
c) Gases inflamáveis.
d) Gases oxidantes.
e) Líquidos inflamáveis.

2. Conforme exposto ao longo desta unidade de nosso material didático, a Comis-


são Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio) possui inúmeras atribuições
concedidas pela Lei de Biossegurança, dentre as quais figura a fiscalização de
produtos oriundos de organismos geneticamente modificados (OGMs) que
requerem uma série de medidas especiais e cuidados adequados para seu
manuseio e utilização. Com base no exposto, analise as assertivas e assinale
a alternativa que corresponde as medidas que podem ser aplicadas aos esta-
belecimentos ou instituições que não atendem as normas específicas para o
trabalho com OGMs.
I) Perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedidos pelo governo.
II) Interdição exclusivamente parcial da instituição ou estabelecimento.
III) Multas e Advertências.
IV) Embargo da atividade.

192
Está correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas II está correta.
d) Apenas I, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

3. Diferentes estabelecimentos de assistência à saúde humana ou animal são


responsáveis pela geração de resíduos sólidos, líquidos e semilíquidos, sendo
esses estabelecimentos responsáveis pela coleta, tratamento e destinação final
desses resíduos gerados. Nesse sentido, assinale (V) para verdadeiro e (F) para
falso nos estabelecimento listados que possuem potencial de geração de resí-
duos perigosos ou contaminantes em saúde.
Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
(( ) Laboratórios analíticos.
(( ) Serviços de medicina legal.
(( ) Unidades móveis de atendimento à saúde.
(( ) Distribuidores de serviços farmacêuticos.
(( ) Bares e restaurantes.

4. Os serviços de atendimento em saúde, especialmente os voltados à prática da


medicina legal, são responsáveis pela geração de resíduos específicos em fun-
ção do tipo de atendimento/serviço prestado, por exemplo, pelas anatômicas
(membros) e vísceras oriundas de procedimentos cirúrgicos. Nesse sentido,
discorra brevemente acerca dos procedimentos que devem ser realizados para
o correto descarte/destinação dessas peças anatômicas.

5. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) é uma instância cole-


giada multidisciplinar, integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia com a
finalidade de prestar apoio técnico consultivo e de assessoramento ao Governo
Federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de
Biossegurança relativa aos Organismos Geneticamente Modificados. Neste
entendimento, cite alguns dos principais objetivos da CNTBio fomentados pela
Lei de Biossegurança.

193
WEB

O presente manual disponibilizado pela Universidade Estadual Paulista “Júlio


de Mesquita Filho” (Unesp) tem por objetivo orientar quanto à correta carac-
terização, passivação e disposição final de resíduos gerados em ambientes
laboratoriais.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

194
ABIQUIM. Associação Brasileira da Indústria Química. Departamento de Assuntos Técnicos. O que é o GHS?
Sistema harmonizado globalmente para a classificação e rotulagem de produtos químicos. São Paulo: ABIQUIM/
DETEC, 2005. 69 p.

ABNT. ABNT NBR 10004. Resíduos sólidos – Classificação. ABNT, 2004.

______. ABNT NBR 14725-2. Produtos químicos – informações sobre segurança, saúde e meio ambiente.
Parte 2: Classificação de perigo. 2009. 98 p.

BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Lei n° 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta
os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos
de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados,
cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
– CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de
1995, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no10.814,
de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2005. Disponível em:
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3

196
1. B.

2. D.

3. (V) Laboratórios analíticos.

(V) Serviços de medicina legal.

(V) Unidades móveis de atendimento à saúde.

(V) Distribuidores de serviços farmacêuticos.

(F) Bares e restaurantes.

4. Após o registro no local de geração, as peças anatômicas e o material visceral remanescente devem ser
acondicionados para transporte interno adequado, encaminhados para tratamento térmico por incineração
em condições compatíveis com o estabelecido na Resolução CONAMA nº 316/2002.

5. Estabelecer normas para as pesquisas com OGM e derivados de OGM; Estabelecer normas às atividades
e aos projetos relacionados a OGM e seus derivados; Estabelecer, no âmbito de suas competências, crité-
rios de avaliação e monitoramento de risco de OGM e seus derivados; Proceder à análise da avaliação de
risco, caso a caso, relativamente a atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados; Estabelecer
os mecanismos de funcionamento das Comissões Internas de Biossegurança – CIBio, no âmbito de cada
instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção
industrial que envolvam OGM ou seus derivados; Estabelecer requisitos relativos à biossegurança para
autorização de funcionamento de laboratório, instituição ou empresa que desenvolverá atividades rela-
cionadas a OGM e seus derivados; Relacionar-se com instituições voltadas para a biossegurança de OGM
e seus derivados, em âmbito nacional e internacional.

197
198
199
CONCLUSÃO

Prezado(a) aluno(a), a produção do livro “Biossegurança” caracteriza-se como


uma humilde contribuição literária acerca desta temática desenvolvida visan-
do subsidiar seus estudos e sua futura prática profissional. Por meio desta obra,
muitos dos conceitos básicos, usuais e comuns aos ambientes laboratoriais e,
em especial, ao ambiente hospitalar foram apresentados, porém sendo sempre
permeados por um enfoque generalista e multidisciplinar.
Esperamos ter contribuído com a construção de seu conhecimento acerca das
ações envolvidas nos princípios da biossegurança e apresentado perspectivas
e assuntos relevantes e, até então, não explorados em sua formação acadêmica.
Torcemos, ainda, para que você possa ter alcançado os objetivos desta dis-
ciplina que estão voltados ao desenvolvimento da sensibilidade e percepção
dos processos que ocorrem em ambientes laboratoriais e hospitalares voltado
aos serviços em saúde, que muito em breve farão parte de sua rotina laboral.
Assim, se você conseguiu compreender a relevância e a necessidade das nor-
mas de seguridade relacionadas à biossegurança, em especial em ambientes
hospitalares, teremos cumprido nossa missão de auxiliá-lo(a) em sua jornada
acadêmica e futuras realizações profissionais.
Esperamos que sua busca por conhecimento não acabe por aqui e, tampouco,
se encerre após sua formação acadêmica. Ressaltamos que a busca por conhe-
cimento e atualização são fundamentais para seu constante desenvolvimento
profissional, sobretudo quando processos, legislações e procedimentos são
constantemente atualizados visando práticas seguras e cada vez mais efetivas.
Acreditamos que a partir da leitura deste material, você esteja preparado para
lidar com as mais diversas situações e desafios que lhe aguardam ao longo
de sua carreira. Desejamos sucesso em sua jornada acadêmica e profissional.
Até uma próxima oportunidade e um grande abraço!

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